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RELATÓRIO DE TRABALHO BIÊNIO 2012-2014 Coordenador: Profa. Dra. REGINA SOUZA GOMES UFRJ Vice-Coordenador: Profa. Dra. SILVIA MARIA DE SOUSA UFF Este relatório de atividades do Grupo de Trabalho de Semiótica da Anpoll abrange o período de 13/07/2012 a 11/06/2014. Baseia-se nas decisões tomadas no XXVII Enapoll, que ocorreu em Niterói, de 10 a 13 de julho de 2012, considerando também o Plano de Trabalho proposto pela coordenação do biênio. Na ocasião da Assembleia do GT no XXVII Enanpoll, depois da discussão em torno de propostas de tema para o biênio seguinte, decidiu-se por Semiótica: projetos e perspectivas como um tema que contemplava a necessidade de refletir sobre os rumos da semiótica no Brasil e na integração de projetos desenvolvidos na área, em termos de um diálogo produtivo entre os pesquisadores e grupos de pesquisa. Na ocasião da Assembleia do GT no XXVII Enanpoll, depois da discussão em torno de propostas para o biênio seguinte, os participantes elegeram como tema para nortear o trabalho no próximo biênio: Semiótica: projetos e perspectivas. Tal escolha considerou a abrangência do tema que contemplava a necessidade de refletir sobre os rumos da Semiótica no Brasil e promover a integração de projetos desenvolvidos na área. Considerou-se, ainda, que o tema escolhido favoreceria o diálogo produtivo entre os pesquisadores e grupos de pesquisa. ANPOLL GT de SEMIÓTICA

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RELATÓRIO DE TRABALHO

BIÊNIO 2012-2014

Coordenador: Profa. Dra. REGINA SOUZA GOMES – UFRJ Vice-Coordenador: Profa. Dra. SILVIA MARIA DE SOUSA – UFF

Este relatório de atividades do Grupo de Trabalho de Semiótica da Anpoll abrange

o período de 13/07/2012 a 11/06/2014. Baseia-se nas decisões tomadas no XXVII

Enapoll, que ocorreu em Niterói, de 10 a 13 de julho de 2012, considerando também o

Plano de Trabalho proposto pela coordenação do biênio.

Na ocasião da Assembleia do GT no XXVII Enanpoll, depois da discussão em

torno de propostas de tema para o biênio seguinte, decidiu-se por Semiótica: projetos e

perspectivas como um tema que contemplava a necessidade de refletir sobre os rumos da

semiótica no Brasil e na integração de projetos desenvolvidos na área, em termos de um

diálogo produtivo entre os pesquisadores e grupos de pesquisa.

Na ocasião da Assembleia do GT no XXVII Enanpoll, depois da discussão em

torno de propostas para o biênio seguinte, os participantes elegeram como tema para

nortear o trabalho no próximo biênio: Semiótica: projetos e perspectivas. Tal escolha

considerou a abrangência do tema que contemplava a necessidade de refletir sobre os

rumos da Semiótica no Brasil e promover a integração de projetos desenvolvidos na área.

Considerou-se, ainda, que o tema escolhido favoreceria o diálogo produtivo entre os

pesquisadores e grupos de pesquisa.

ANPOLL

GT de SEMIÓTICA

Durante a gestão, a coordenação do GT pôs em prática várias ações previstas no

Plano de Trabalho. Dentre as ações desenvolvidas nesse biênio estão:

a) atualização dos dados dos participantes do grupo, incluindo projetos de

pesquisa desenvolvidos, orientações, grupos de pesquisa, entre outros;

b) criação de um site próprio (https://sites.google.com/site/gtdesemiotica/home),

em que constam informações sobre os membros do grupo, projetos, grupos de

pesquisa, orientações em andamento, teses e dissertações defendidas,

publicações, eventos na área, etc. A concentração dessas informações permitiu

verificar a abrangência dos trabalhos de pesquisadores vinculados ao GT da

Anpoll, o acesso aos grupos de pesquisa e aos trabalhos desenvolvidos no

âmbito das pós-graduações em Letras na área, assim como divulgar as

produções dos seus membros. Constataram-se a existência de mais de 100

teses e dissertações em andamento sob a orientação dos membros do GT; a

existência de vários grupos de pesquisa distribuídos nas instituições de pós-

graduação filiados à Anpoll em diversas regiões do país; a produtividade do

GT, manifestada pela publicação de livros, capítulos de livros e artigos em

periódicos na área; a manutenção regular de atividades constantes e dinâmicas

de diversos grupos de pesquisa;

c) criação de um e-mail do GT de Semiótica para comunicação entre os

participantes e seus orientandos;

d) divulgação do GT de semiótica e ampliação do número de participantes,

acolhendo outros pesquisadores da área e pós-doutorandos;

e) incentivo à participação dos membros do GT em eventos na área, nacionais e

internacionais, abrindo novos espaços de encontro, discussão e de

desenvolvimento da pesquisa em semiótica no Brasil, notadamente os eventos

promovidos pela ALFAL, por meio de projeto próprio, coordenado pelas

professoras doutoras Diana Luz Pessoa de Barros (USP/UPM) e Lucia

Teixeira (UFF) no Congresso ocorrido na UFPB, João Pessoa, em julho de

2014; pela ABRALIN, em grupo temático específico, na UFRN, Natal, em

janeiro de 2014; pelo próprio GT de Semiótica da Anpoll, o Encontro

Intermediário do GT de Semiótica, na UFRJ, Rio de Janeiro, em agosto de

2013, entre outros;

f) incentivo ao início das conversações para um projeto de publicação de mais

obras de divulgação da semiótica, incluindo seus desenvolvimentos teóricos

mais atuais;

g) promoção do Encontro Intermediário do GT de Semiótica da UFRJ, que

ocorreu nos dias 29 e 30 de agosto de 2013, na Faculdade de Letras, UFRJ,

com o apoio da FAPERJ e do Programa de Pós-Graduação em Letras (Letras

Vernáculas). O Encontro Intermediário do GT teve, como objetivos

principais, a divulgação e o debate das pesquisas em Semiótica realizadas no

âmbito dos Programas de Pós-Graduação em Letras e Linguística articuladas

ao tema escolhido pelo GT (Semiótica: projetos e perspectivas), e o incentivo

à troca de conhecimentos e à integração dos trabalhos em projetos comuns,

baseados nos objetos de estudo ou nos problemas teóricos convergentes.

Buscou-se também debater o encaminhamento das atividades previstas no

plano de trabalho elaborado para o biênio. Entre as atividades, destacou-se a

proposição do engajamento dos pesquisadores em projetos comuns (como a

inscrição de um projeto coletivo na ALFAL). No evento, estiveram presentes

mais de 35 pesquisadores e pós-graduandos de diversas instituições

brasileiras, de diferentes regiões do país (UFRJ, UFF, USP, UNESP, UFT,

UFC, UNIFRAN, UFGD, UFSCAR), apresentando comunicações em mesas

coordenadas, além dos quase 30 ouvintes. Houve também duas conferências

– a do Prof. Dr. José Luiz Fiorin e a da Profa. Dra. Lucia Teixeira, importantes

semioticistas brasileiros – e mesas-redondas com docentes de diferentes

regiões do país. Os debates se mostraram bastante profícuos, permitindo maior

integração entre os pesquisadores e suas pesquisas. Os resumos foram

publicados (GOMES, R. S.; SOUSA, S. M. (Orgs.). Caderno de Resumos do

Encontro Intermediário do GT de Semiótica: projetos e perspectivas. 1. ed.

Rio de Janeiro: Letras/UFRJ, 2013). Os dados do evento (programação,

resumos, etc.) podem ser acessados pelo link:

https://sites.google.com/site/gtdesemiotica/encontro-intermediario-do-gt-de-

semiotica;

h) organização das atividades do XXVIII Enanpoll, na UFSC, Florianópolis, de

9 a 11 de junho de 2014 (programação e resumos em anexo). Foram

apresentados 18 trabalhos de docentes filiados ao GT, vinculados às

instituições UFRJ, UFF, USP, UNESP, UFC, UFSCar, UEL, UNIFRAN,

UFMS, UPM. Cumprindo decisão da Assembleia do GT de Semiótica no

XXVII Enanpoll em 2012, foi realizada uma dinâmica que favoreceu: (a)

apresentação pelos pesquisadores do GT das pesquisas desenvolvidas no

âmbito dos programas de pós-graduação em Letras e Linguística; (b) discussão

de políticas de desenvolvimento, fortalecimento e aprofundamento da

pesquisa em semiótica no Brasil; (c) estabelecimento de uma agenda de

trabalho e projetos conjuntos para o próximo biênio.

Por fim, em Assembleia do XXVIII Enanpoll, elegeu-se o coordenador e vice-

coordenador para o biênio 2014-2016 – as Profas. Dras. Renata Ciampone Mancini (UFF)

e Regina Souza Gomes (UFRJ), respectivamente – e decidiu-se pelo tema Questões do

plano da expressão como norteador das pesquisas dos docentes no próximo biênio.

_________________________

REGINA SOUZA GOMES

Coordenadora

____________________________

SILVIA MARIA DE SOUSA

Vice-Coordenadora

ANEXO 1: MEMBROS DO GT DE SEMIÓTICA (ATÉ 11/06/2014)

1. Ana Cristina Fricke Matte (UFMG): [email protected]

2. Antonio Vicente Seraphim Pietroforte (USP): [email protected]

3. Arnaldo Cortina (UNESP): [email protected]

4. Débora Cristina Ferreira Garcia (UFSCar): [email protected]

5. Diana Luz Pessoa de Barros (USP/UPM): [email protected]

6. Edna Fernandes dos Santos Nascimento (UNESP): [email protected]

7. Elizabeth Harkôt-de-La-Taille (USP): [email protected]

8. Fernando Moreno da Silva (UNESP): [email protected]

9. Geraldo Vicente Martins (UFMS): [email protected]

10. Glaucia Muniz Proença Lara (UFMG): [email protected]

11. Ivã Carlos Lopes (USP): [email protected]

12. Jean Cristtus Portela (UNESP): [email protected]

13. José Américo Bezerra Saraiva (UFC): [email protected]

14. Loredana Limoli (UEL): [email protected]

15. Lucia Teixeira (UFF): [email protected]

16. Luiza Helena Oliveira da Silva (UFT): [email protected]

17. Maria de Lourdes Ortiz Gandini Baldan (UNESP): [email protected]

18. Maria Luceli Faria Batistote (UFMS): [email protected]

19. Mariana Luz Pessoa de Barros (USP): [email protected]

20. Matheus Nogueira Schwartzmann (UNIFRAN): [email protected]

21. Mônica Baltazar Diniz Signori (UFSCAR): [email protected]

22. Naiá Sadi Câmara (UNIFRAN/UNI-FACEF): [email protected]

23. Norma Discini (USP): [email protected]

24. Renata Ciampone Mancini (UFF): [email protected]

25. Regina Souza Gomes (UFRJ): [email protected]

26. Ricardo Lopes Leite (UFC): [email protected]

27. Rita de Cassia Pacheco Limberti (UFGD): [email protected]

28. Silvia Maria de Sousa (UFF): [email protected]

29. Sueli Maria Ramos da Silva (UNICOR): [email protected]

30. Vera Lucia Rodella Abriata (UNIFRAN): [email protected]

31. Waldir Beividas (USP): [email protected]

ANEXO 2: PROGRAMAÇÃO DO XXVIII ENANPOLL – GT DE SEMIÓTICA

XXIX ENANPOLL

09 a 11 de Junho de 2014 Universidade Federal de Santa Catarina Campus Universitario Reitor Joao

David Ferreira Lima Centro de Cultura e Eventos

GT DE SEMIÓTICA - PROGRAMAÇÃO

DIA 09/06, de 14h a 16h30

14h a 14h10 - Abertura

Mesa-redonda 1: Textos artísticos

14h a 14h20 - A textualização literária: uma construção enunciativa

Maria de Lourdes Ortiz Gandini Baldan (UNESP)

14h20 a 14h40 - Poesia, imagem, sentido: tensões e intenções no espetáculo “Crianceiras”

Maria Luceli Faria Batistote (UFMS); Geraldo Vicente Martins (UFMS)

14h40 a 15h - O ethos de Camilo Castelo Branco nos folhetins do Correio Paulistano

Débora Cristina Ferreira Garcia (UFSCar)

15h a 15h20 - Do inteligível ao sensível. Uma análise de “Um conto obscuro” de Sérgio Sant’Anna:

Vera Lucia Rodella Abriata (UNIFRAN)

15h20 a 15h40 - Aspectualização actancial e poesia publicada na internet

Regina Souza Gomes (UFRJ)

15h40 a 16h - Arranjando a semiótica da canção

Ricardo Lopes Leite (UFC)

16h a 16h30 - Debates

DIA 10/06, de 8h a 10h30 Mesa-redonda 2: Textos sincréticos

8h a 8h20 - As webséries e a criação de conteúdos originais na Internet

Silvia Maria de Sousa (UFF)

8h20 a 8h40 - Semiótica da história em quadrinhos: teoria e história

Jean Cristtus Portela (UNESP)

8h40 a 9h - Do inteligível ao sensível. Uma análise da narrativa seriada televisiva " Amores Roubados":

Naiá Sadi Câmara (UNIFRAN/UNI-FACEF)

9h a 9h20 - Suspense e interação na telenovela

Loredana Limoli (UEL)

9h20 a 9h40 - Imagens de um país: um estudo semiótico da configuração espacial no cinema brasileiro

Mônica Baltazar Diniz Signori (UFSCar)

9h40 a 10h - Um balanço do projeto temático em torno de traduções intersemióticas

Renata Ciampone Mancini (UFF)

10h a 10h30 - Debates

DIA 10/06, de 14h a 16h Mesa-redonda 3: Do texto às práticas

14h a 14h20 - Memória, ciência e educação: um estudo discursivo dos memoriais acadêmicos

Mariana Luz Pessoa de Barros (USP)

14h20 a 14h40 - Por uma semiótica sensível aos contextos

Ivã Carlos Lopes (USP)

14h40 a 15h - Práticas semióticas: mediações do corpo e das linguagens

Lucia Teixeira (UFF)

15h a 15h20 - Lógicas doxal e paradoxal: dedução, indução, abdução e concessão

José Américo Bezerra Saraiva (UFC)

15h20 a 15h40 - Intolerância, Gramática e Conversação: investigações semióticas

Diana Luz Pessoa de Barros (USP/UPM)

15h40 a 16h10 - Debates

DIA 11/06, de 8h a 10h – Assembleia do GT Relatório do biênio 2012-2014 Discussão sobre o GT Tema para o próximo biênio Eleição da nova coordenação Desenvolvimentos de parcerias e projetos

ANEXO 3 – RESUMOS DO XXVIII ENANPOLL – GT DE SEMIÓTICA

XXIX ENANPOLL

09 a 11 de Junho de 2014 Universidade Federal de Santa Catarina / Campus Universitario Reitor

Joao David Ferreira Lima / Centro de Cultura e Eventos

GT DE SEMIÓTICA – RESUMOS

A TEXTUALIZAÇÃO LITERÁRIA: UMA CONSTRUÇÃO ENUNCIATIVA

Maria de Lourdes Ortiz Gandini Baldan (UNESP) A semiótica de linha francesa tem se dedicado ao estudo da textualização, abordando diversos tipos de texto, na peculiaridade que define a organização própria de cada gênero ou forma textual. Este trabalho aborda o texto literário, nos gêneros que têm sido mais frequentes na contemporaneidade literária brasileira, [...] Obs.: Por algum motivo, o resumo aparece incompleto. Palavra(s) chaves(s): textualização, literatura

POESIA, IMAGEM, SENTIDO: TENSÕES E INTENÇÕES NO ESPETÁCULO “CRIANCEIRAS”

Maria Luceli Faria Batistote (UFMS) e Geraldo Vicente Martins (UFMS) Ao se constituir como projeto científico, a semiótica assume a imperfectividade como marca de seu fazer e, ao mesmo tempo, reitera uma necessidade teórica de estar aberta à contemplação dos novos objetos discursivos colocados em seu caminho. Nesse particular, com o desenvolvimento das tecnologias de informação registrado nos últimos anos, merece destaque a entrada em cena das mídias eletrônicas, as quais, para além das singularidades que as marcam, permitem a retomada de outros textos para acrescentar-lhes novos sentidos, sejam esses complementares ou não, a partir da conjunção de linguagens efetivadas. Considerando tais pontos, este trabalho propõe-se a analisar, da perspectiva tensiva, como os sentidos são construídos no vídeo “O menino e o rio”, extraído do espetáculo “Crianceiras”, no qual o cantor e compositor Márcio de Camillo revê a poesia de Manoel de Barros. Palavra(s) chaves(s): Poesia, Tensividade.

O ETHOS DE CAMILO CASTELO BRANCO NOS FOLHETINS DO CORREIO PAULISTANO

Débora Cristina Ferreira Garcia (pós-doutoranda, UFSCar) Nossa apresentação tem como objetivo determinar as principais características do ethos do enunciador Camilo Castelo Branco por meio da análise das obras publicadas na seção folhetim do Correio Paulistano nas décadas de 1860 e 1870, período em que o autor português se destaca entre os demais. Nossa investigação se fundamenta na semiótica greimasiana, principalmente em suas reflexões a respeito da enunciação e do ethos do enunciador. Vale ressaltar que durante muito tempo a semiótica reluta em inserir as questões enunciativas em seus postulados, temendo que os métodos laboriosamente construídos cedessem lugar aos estudos ontológicos, psicológicos ou sociológicos de que essa teoria tentou se afastar. A difusão das abordagens enunciativas, principalmente na década de 70, exige dos semioticistas a delimitação de um estatuto adequado a essa instância dentro de uma epistemologia voltada até então ao estudo restrito dos elementos linguísticos circunscritos ao enunciado. Seguindo o postulado de Benveniste de que o sujeito só “existe na e pela linguagem", pode-se dizer que só há discurso, porque existe um sujeito que o produziu e, ao mesmo tempo, afirmar que o sujeito só existe, na medida em que ele só pode ser definido a partir discursos que lhe são atribuídos. Mas como delinear o perfil do autor ou do leitor se eles são visto como instância pressupostas pelo enunciado? Revisitando a retórica clássica, a semiótica abre novos horizontes de pesquisa, possibilitando a apreensão do perfil do sujeito enunciador e de seu correlato,

o enunciatário, que correspondem às figuras discursivas do autor e do leitor respectivamente. Advertimos que esses sujeitos não são seres reais, mas correspondem a imagens de autor e de leitor construídas discursivamente. O estudo do ethos do enunciador, que nos interessa particularmente nessa apresentação, é entendido de forma bastante próxima a que era utilizada por Aristóteles, como a imagem ou o caráter que o discurso constrói de seu enunciador para conseguir a adesão de seus ouvintes. Essa imagem do enunciador é construída discursivamente por meio das recorrências nas escolhas linguísticas, temáticas e figurativas. O levantamento das escolhas feitas no processo de criação e de editoração dos textos de Camilo Castelo Branco impressos nos rodapés do jornal paulistano permite-nos descrever traços precisos desse autor como também dos possíveis leitores para os quais ele se dirige. Palavra(s) chaves(s): ethos, semiótica

DO INTELIGÍVEL AO SENSÍVEL. UMA ANÁLISE DE “UM CONTO OBSCURO” DE SÉRGIO SANT’ANNA

Vera Lucia Rodella Abriata (UNIFRAN) Esta comunicação situa-se no âmbito do projeto de pesquisa “Do inteligível ao sensível. Uma abordagem semiótica de textos brasileiros contemporâneos”, que tem como fundamentação teórica os pressupostos da Semiótica francesa e, por objetos de análise, textos brasileiros contemporâneos de diferentes linguagens, subdividindo-se em duas etapas. A primeira analisa os textos em suas dimensões pragmática, cognitiva e passional. Essas dimensões constroem a figura do ator, individualizando o actante sujeito do nível narrativo, diferenciando-o dos outros que compõem a cena enunciativa, dando-lhe um corpo próprio que cria um simulacro do mundo natural. A constatação de uma identidade de comportamento de cada um desses sujeitos e de uma regularidade de procedimentos permite-nos identificar um ethos, que, convertido em um dispositivo, exprime uma atitude, configurando-se um estilo que pode ser reconhecido como uma forma de vida, ou seja, um comportamento esquematizável, que se pode conceber como uma “ideologia”, um “estilo” que garante a “homogeneidade” e a “inteligibilidade” de determinada identidade instaurada no texto. De acordo com Jacques Fontanille, por outro lado, deve-se lembrar que, como fundamento de toda forma de vida encontra-se um estado de alma. Nesse sentido, interessa-nos apreender os papéis actanciais, temáticos e patêmicos dos atores concretizados nos textos, analisando a sua configuração em nível de enunciado e de nunciação. A segunda etapa da pesquisa tem por finalidade observar o modo como as noções de fato, rotina, acontecimento e estesia se configuram nos textos, relacionando-se, dessa perspectiva, à semiótica tensiva. Deve-se lembrar aqui que, segundo Claude Zilberberg, em “Centralidade do Acontecimento”, objetos que penetram o campo de presença do sujeito de forma súbita constituem um acontecimento que se opõe à noção de rotina, relacionada ao exercício. Temos, pois, por objetivo, nessa etapa, examinar a irrupção do acontecimento que afeta o estado dos sujeitos que se manifestam nos textos constituintes de nosso corpus, por meio da análise das dimensões tensivas da irrupção do acontecimento em termos de andamento e de tonicidade, assim como as relacionadas à temporalidade e à espacialidade. O projeto pretende também examinar a relação entre fato, rotina e acontecimento, associando tais noções à noção de estesia, proposta por Greimas em Da imperfeição, num dos sentidos que o semioticista lituano lhe atribui, “um evento extraordinário, enquadrado pela cotidianeidade”. Parte-se, pois, de uma semiótica do agir, associada ao inteligível, para uma semiótica do sofrer os estados de alma e os acontecimentos, associados ao sensível, pressupostos teóricos a serem aplicados nos textos. Nesta comunicação analisa-se o texto brasileiro “Um conto obscuro”, de Sergio Sant’Anna, com o objetivo de apreender as relações entre o ator da enunciação e os atores do enunciado e o seu caráter estésico, na medida em queo texto de Sant?Anna se configura também como relato de uma experiência estética e como esboço de uma teoria da literatura. Palavra(s) chaves(s): estesia, enunciado

ASPECTUALIZAÇÃO ACTANCIAL E POESIA PUBLICADA NA INTERNET

Regina Souza Gomes (UFRJ) Este trabalho apresenta parte dos resultados do projeto de pesquisa “Aspectualização em sites de poesia”, desenvolvido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da UFRJ. Tem como objetivo analisar a aspectualização em poemas veiculados em sites de poesia, à luz da semiótica de linha francesa. O corpus é composto especialmente por poemas que utilizam os recursos disponibilizados pela mídia digital (empregando imagem, animação, melodia etc.). Para esta comunicação, enfatizaremos a aspectualização actancial, observando a multiplicidade de papéis narrativos relativos às diversas linguagens de manifestação dos textos. O sincretismo de linguagens, a intertextualidade e o efeito de polifonia são particularmente relevantes no modo de construção da autoria nos poemas em questão. Palavra(s) chaves(s): semiótica, poemas digitais

ARRANJANDO A SEMIÓTICA DA CANÇÃO

Ricardo Lopes Leite (UFC) Esta comunicação tem como objetivo mostrar que, não raras vezes, o arranjo está a serviço do “núcleo nevrálgico” da canção, isto é, da articulação entre melodia e letra. Sabemos que aqueles que lidam com o estudo da canção costumam inverter essa ordem de prioridade. Com base nos postulados da Semiótica da

Canção, formulada por Luis Tatit, analisaremos trechos de canções da Música Popular Brasileira para mostrar que, na maior parte das vezes, as decisões do arranjador estão na dependência direta do que ele identifica no conteúdo verbal, já articulado com um mínimo de informação melódica. Palavra(s) chaves(s): Arranjo, canção

AS WEBSÉRIES E A CRIAÇÃO DE CONTEÚDOS ORIGINAIS NA INTERNET

Silvia Maria de Sousa (UFF) Este trabalho dá continuidade à pesquisa sobre as relações estabelecidas entre TV e Internet, desenvolvida no âmbito do SEDI (Grupo de Pesquisa em Semiótica e Discurso) e vinculadas ao projeto Linguagens na Cibercultura. Busca-se descrever, a partir da perspectiva da semiótica discursiva, a denominada “experiência transmídia”. Para isso, o trabalho analisa as webséries criadas e transmitidas pelo portal GShow (http://gshow.globo.com/). O portal mescla conteúdos desenvolvidos e transmitidos pela TV Globo e conteúdos originalmente desenvolvidos para a Web. O intuito dessa pesquisa é analisar as estratégias de textualização dos chamados conteúdos originais da Internet, a partir dos conceitos de regimes de interação, modos de presença e enunciação. Palavra(s) chaves(s): cibercultura, interação

SEMIÓTICA DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS: TEORIA E HISTÓRIA

Jean Cristtus Portela (UNESP) Esta pesquisa tem como objetivo inventariar e analisar metodologias de análise semiótica aplicadas ao estudo da história em quadrinhos (HQ), com a finalidade de estabelecer o estado de arte desses estudos no âmbito da semiótica contemporânea. A primeira etapa da pesquisa consiste no inventário e na descrição de análises de HQ que explicitamente empregam conceitos da semiótica geral, esta compreendida como uma tradição que abarca os estudos semiológicos e semióticos da escola francesa, os estudos semióticos da escola americana e os estudos da tradição russa. A descrição proposta nessa primeira etapa de caráter mais geral consiste na redação de sinópticos descritivos contendo: informações bibliográficas, HQ e/ou tema analisados e viés metodológico. A segunda e última etapa da pesquisa centra-se na análise propriamente dita dos estudos sobre HQ na tradição semiótica francesa, que, em sua vertente semiológica, desde os anos 1960, e em sua vertente da semiótica discursiva francesa, desde os anos 1980, vem contemplando a HQ como objeto de estudo. Nossa hipótese é de que esta pesquisa pode fornecer informações relevantes para a compreensão e para a reformulação dos modelos de análise semiótica utilizados atualmente para a HQ e para as demais semióticas-objeto verbovisuais, além de revelar, em um domínio circunscrito, como se deu a evolução dos conceitos fundadores da semiótica discursiva em sua vertente plástica. Palavra(s) chaves(s): Modelos de análise, História em quadrinhos

DO INTELIGÍVEL AO SENSÍVEL. UMA ANÁLISE DA NARRATIVA SERIADA TELEVISIVA " AMORES ROUBADOS"

Naiá Sadi Câmara (UNIFRAN) Esta comunicação situa-se no âmbito do projeto de pesquisa "Do inteligível ao sensível. Uma abordagem semiótica de textos brasileiros contemporâneos" que tem como fundamentação teórica os pressupostos da Semiótica francesa e, por objetos de análise textos brasileiros contemporâneos de diferentes linguagens, subdividindo-se metodologicamente em duas etapas. A primeira analisa os textos em suas dimensões pragmática, cognitiva e passional que têm respectivamente como modalizadores o fazer, o saber e o sentir. Essas dimensões constroem a figura do ator, individualizando o actante sujeito do nível narrativo, diferenciando-o dos outros que compõem a cena enunciativa, dando-lhe um corpo próprio que cria um simulacro do mundo natural. A constatação de uma identidade de comportamento de cada um desses sujeitos e de uma regularidade de procedimentos permite-nos identificar um ethos, que, convertido em um dispositivo, exprime uma atitude, configurando-se um estilo que pode ser reconhecido como uma forma de vida, ou seja, um comportamento esquematizavel que se pode conceber como uma \" ideologia\", um estilo que garante a homogeneidade - e a inteligibilidade de determinada identidade instaurada no texto. De acordo com Jacques Fontanille, por outro lado, deve-se lembrar que, como fundamento de toda forma de vida encontra-se um estado de alma. Nesse sentido, interessa-nos apreender os papéis actanciais, temáticos e patêmicos dos atores concretizados nos textos, analisando a sua configuração em nível do enunciado assim como as relações que se estabelecem entre instância da enunciação e do discurso enunciado. A segunda etaps da pesquisa tem por finalidade observar o modo como as noções de fato, rotina e acontecimento se configura nos textos, relacionando-se, dessa perspectiva, à semiótica tensiva. Deve-se lembrar aqui que, segundo Claude Zilberberg, em "Centralidade do Acontecimento", os objetos que penetram o campo de presença do sujeito de forma súbita constituem um acontecimento que se opõe à noção de rotina, relacionada ao exercício. Temos, pois, por objetivo, nesta etapa, examinar a irrupção do acontecimento em termos de andamento e tonicidade, assim como as relacionadas à tempiralidade e à espacialidade. O projeto pretende também examinar a relação entre fato, rotina e acontecimento associando tais noções à noção de estesia, proposta por Greimas em "Da imperfeição", definida pelo semioticista lituano como um evento extraordinário, enquadrado pela cotidianeidade. Parte-se, pois, de uma

semiótica do agir, associada ao inteligível, para uma semiótica do sofrer, os estados de alma e os acontecimentos, associados aso sensível, pressupostos teóricos aplicados nos textos. Nesta comunicação analisa-se a narrativa seriada televisiva " Amores roubados", com o objetivo de apreender as relações entre o ator da enunciação e os atores do enunciado e seu caráter estésico já que, como afirma Fechine, a televisão utiliza de forma cada vez mais frequente a dimensão sensível do sentido a fim de promover o engajamento. Palavra(s) chaves(s): sensível, formas de vida

SUSPENSE E INTERAÇÃO NA TELENOVELA

Loredana Limoli (UEL) A partir do estudo da telenovela Avenida Brasil, exibida pela Rede Globo de Televisão em 2012 e sob o viés da semiótica greimasiana, procedemos a uma reflexão sobre as duas facetas sob as quais a noção de texto apresenta-se ao analista: a significação e a comunicação. Enquanto produto textual, esse "todo de sentido” em que se constitui a telenovela pode ser analisado como a amálgama de uma história encenada diante de câmeras, ou seja, um texto associado ao gênero teledramatúrgico e a própria situação de recepção desse texto, que inclui as mais diversas formas de atuação do enunciatário-receptor, tais como a crítica, o merchandising, os bate-papos de internet, entre outras. Enquanto objeto de significação, a novela é um texto sincrético, que recorre a diversas linguagens de manifestação. Sob o ponto de vista da semiótica greimasiana, e tal como acontece em qualquer sincretismo, embora se utilize de várias linguagens de manifestação, a novela resulta de uma textualização única. Ressalva-se, no entanto, que estamos diante de uma enunciação bastante complexa, já que intervêm, na constituição do texto televisivo, múltiplos atores: os atores semióticos ("personagens"), os atores-artistas, os patrocinadores, a emissora de TV e, por que não dizer, o próprio público telespectador, que age diretamente na construção da trama. Muitas linguagens e muitos enunciadores formam, no entanto, um texto único, analisável em seu plano de conteúdo e seu plano de expressão. Como simples narrativa ou história contada, na condição de significação interna, o texto teledramatúrgico pode ser examinado à luz do conceito de percurso gerativo do sentido, onde se destacam as relações de junção entre os actantes e os demais elementos estruturadores que constituem o cerne de sua narratividade. Mas, sem deixar de ser um texto autônomo, de certa forma fechado enquanto narrativa em que se distingue um começo, meio e fim, a novela pode ser vista, também, em seu aspecto de interação, tão ou mais importante que a simples história contada na tela, na qual, com certa facilidade, podemos distinguir uma sucessão de programas narrativos que se hierarquizam e se ramificam ao longo do tempo. Sob esse aspecto, o suspense é um dos elementos que nos permite observar com maior clareza a telenovela como uma das configurações móveis de que fala Landowski (2004), nas quais os efeitos de sentido se dão na presença dos actantes da enunciação, como resultado de um ajustamento entre as partes implicadas. Palavra(s) chaves(s): Suspense, Telenovela

IMAGENS DE UM PAÍS: UM ESTUDO SEMIÓTICO DA CONFIGURAÇÃO ESPACIAL NO CINEMA BRASILEIRO

Mônica Baltazar Diniz Signori (UFSCar) O projeto “Imagens de um país: um estudo semiótico da configuração espacial no cinema brasileiro” tem como objeto de estudo os trabalhos que, desde 2001, foram selecionados pelo Brasil para concorrerem a uma vaga na disputa ao OSCAR de melhor filme estrangeiro. Considerando que essa seleção visa não apenas mostrar para o mundo a qualidade da produção cinematográfica brasileira, mas também uma imagem do próprio país, objetivamos verificar em que medida e de que maneira a figuratividade desses filmes é reveladora de uma identidade nacional. Resultados parciais obtidos com a análise de Cidade de Deus, Olga, Dois Filhos de Francisco, Salve Geral, Tropa de Elite 2 e O Palhaço indicam a pertinência de se abordar um possível diálogo entre as narrativas fílmicas construído por meio de operações de triagem e de mistura que se fazem representar, em especial, pela configuração espacial que, nos estudos até o momento desenvolvidos, é marcada pelo processo de urbanização da sociedade brasileira, explícito em Dois Filhos de Francisco. Como categoria enunciativa, o espaço tem sido explorado ao longo da pesquisa em relação ao tempo e aos sujeitos que, ao se deslocarem para as cidades, promovem uma operação de mistura que descaracteriza a triagem que até então sustentava a clareza de uma oposição entre campo e cidade. Compostos os grandes aglomerados urbanos “em contraste com os vazios demográficos rurais”, a tensão da concentração faz intervir a triagem que se manifesta na forma da depuração que segrega, evidenciando uma nova oposição, agora entre a pobreza e a riqueza, oficialmente mantida: “a rapaziada do governo não brincava: não tem onde morar, manda pra Cidade de Deus. Lá não tinha luz não tinha asfalto não tinha ônibus. Mas pro governo e os ricos não importava o nosso problema: a Cidade de Deus fica muito longe do cartão postal do Rio de Janeiro” (Cidade de Deus, capítulo 4). O que se expressa verbalmente em Cidade de Deus pode ser visualizado em Salve Geral, pela representação de uma espécie de despejo das famílias empobrecidas promovido pelo estado brasileiro, refém, por sua vez, dos interesses pessoais, em muito distanciado do bem-comum pelo qual deveria zelar: mais uma face da triagem, expressa de maneira extrema em Olga, com o aniquilamento de toda força voltada ao coletivo. Tanta ênfase na triagem não poderia se manter sem a necessária expressão da mistura, que então se manifesta na forma da banalização da moralidade e da ética, como em Tropa de Elite 2, que figurativiza a corrupção inerente ao sistema político

brasileiro, desconfigurando as delimitações entre o bem e o mal. Desamparado, segregado, expulso para as margens, resta ao sujeito de nosso cinema nacional trilhar os caminhos empoeirados das beiradas, sem identidade e sem alvará, no grande circo mambembe Esperança, à espera de algum mágico acontecimento que possa se interpor à rotina que se renova a cada geração que se reveza na ocupação de papeis pré-determinados pelo histórico jogo brasileiro entre a concentração de valores e a segregação de pessoas. Palavra(s) chaves(s): expressão e conteúdo, brasilidade

UM BALANÇO DO PROJETO TEMÁTICO EM TORNO DE TRADUÇÕES INTERSEMIÓTICAS

Renata Ciampone Mancini (UFF) Propomos aqui um balanço das pesquisas feitas no âmbito do projeto desenvolvido no SeDi/LabS em torno da temática das traduções intersemióticas. Tomando os novos modos de circulação de obras literárias facultados pelas avanços tecnológicos como elemento de organização de um corpus diversificado de obras literárias adaptadas/ traspostas para o Cinema, HQs e Videogames, este trabalho propõe algumas reflexões formais sobre as questões subjacentes a este fazer, entendido aqui como um exercício de tradução intersemiótica. Isto porque o embasamento semiótico que perpassa as discussões aqui apresentadas está pautado no entendimento de que em qualquer texto há um projeto enunciativo original, um conjunto de estratégias para criar efeitos de sentido de que se vale o enunciador para estabelecer um diálogo com seu leitor/espectador. No caso de uma tradução intersemiótica, esses efeitos originais devem ser recriados sob as novas coerções da linguagem de destino. Em linha com noções consagradas de teóricos da tradução basilares, como O. Paes, para quem o ideal da tradução poética consiste em ?produzir com meios diferentes efeitos análogos? ou W. Benjamin que aponta que a ?tradução é o primeiro lugar da forma?, propomos alguns parâmetros de análise para as traduções entre as linguagens aqui analisadas (linguagens literária, do cinema, dos videogames e dos quadrinhos), a partir do cotejo e exemplificação de soluções encontradas pelos enunciadores das obras adaptadas/transpostas para a manutenção (ou não) dos efeitos originais. Assim, elencamos: 1) parâmetros discursivos: manutenção ou não das linhas temático-figurativas (caracterização semântica dos personagens e do espaço e tempo), assim como estabelecimento do jogo de vozes e manutenção ou subversão de hierarquias temporais; 2) parâmetros narrativos: as tensões e transformações propostas e a manutenção ou subversão das hierarquias entre programas narrativos; 3) parâmetros sensoriais: o ritmo de leitura, a construção ou subversão das saliências perceptivas, a gestão da surpresa e do conforto. As obras tomadas para análise das questões formais acima descritas são variadas e compõem os projetos individuais dos pesquisadores do SeDi/LabS. Palavra(s) chaves(s): Traduções intersemióticas, Estratégias enunciativas

MEMÓRIA, CIÊNCIA E EDUCAÇÃO: UM ESTUDO DISCURSIVO DOS MEMORIAIS ACADÊMICOS

Mariana Luz Pessoa de Barros (pós-doutoranda, USP) Em nosso projeto de pós-doutorado, propomos a realização de uma análise semiótica de textos do gênero memorial acadêmico, produzidos em diversas áreas do conhecimento, na Universidade de São Paulo, dos anos 70 até os dias atuais. Nossos objetivos centrais são, a partir do exame das configurações discursivas, recuperar as concepções de ciência, de educação e de universidade expostas nos memoriais, tratadas não apenas de forma individual, em cada memorial, mas também de modo comparativo (entre textos de áreas diferentes e de épocas diferentes). Qual concepção de ciência pode ser extraída dos memoriais dos anos 70, por exemplo? Ela seria a mesma dos memoriais produzidos nos dias atuais? O mesmo tipo de indagação pode ser feito com relação a textos de áreas diversas, escritos numa mesma época. Outro grande objetivo, que possui relação de interdependência com o anterior, consiste na depreensão do éthos, o ator da enunciação dos memoriais, buscando semelhanças e diferenças entre as áreas, num recorte sincrônico, bem como semelhanças e diferenças entre os textos produzidos em diferentes épocas, num recorte diacrônico. Salientamos que, ao examinar o éthos, não deixaremos de lado o estudo das paixões. Esses objetivos contribuirão para a compreensão dos modos de se fazer ciência e de atuar no meio acadêmico nas diferentes áreas estudadas, assim como nas diferentes décadas recobertas pelo corpus. Com isso, dialogaremos também com o campo da história da ciência e da educação, em particular. Além disso, serão discutidas, no âmbito na teoria semiótica, noções como a de gênero e a de ator da enunciação, que parecem propiciar ao analista a passagem do estudo do texto ao da cultura. Palavra(s) chaves(s): Memorial acadêmico, Ciência e educação

POR UMA SEMIÓTICA SENSÍVEL AOS CONTEXTOS

Ivã Carlos Lopes (USP) Falando rapidamente e sem poder desdobrar aqui a discussão que isso requer, a semiótica oscila entre dois grandes tipos de fundamentações: (a) uma fundamentação na razão; (b) uma fundamentação na cultura. Quando fundamentada naquela, a tendência da semiótica é a de ir desdobrando dedutivamente as consequências de suas premissas básicas, numa trajetória dos pressupostos em direção aos pressuponentes e, destes, aos discursos concretos nos quais se efetuará o teste de tais modelos. A segunda fundamentação, ao contrário, toma por ponto de partida não a unidade dos grandes conceitos, mas antes a observação da variedade das culturas historicamente atestadas e registradas em textos de todas as esferas discursivas e de todos os gêneros. Procedendo a partir do primeiro método, o semioticista

inclina-se para a rigorosa edificação de um todo teórico-metodológico pautado, antes de mais nada, pela coerência interna, umas partes derivando das outras. Se, por outro lado, ele se apoiar na pluralidade das formas manifestantes constatadas na história a fim de ir aos poucos depreendendo suas invariantes, é comum que ele tenha um olhar mais atento às diferenças caracterizadoras deste ou daquele corpus mais específico de textos. Uma perspectiva, a primeira, tende a ser mais abstrata e "limpa"; a segunda, mais figurativa e "impura". Queremos propor, em nossa comunicação, uma breve reflexão sobre esses modos de construção teórica, mas, ao mesmo tempo, pensando também - e sobretudo - na necessidade de tomada em consideração, pelos semioticistas, do âmbito prático de sua ação profissional. É preciso levar em conta o contexto prático da ação dos pesquisadores, e não apenas as ideias que estes professam. O tabuleiro internacional está em plena mudança. Tinha-se, décadas atrás, um quadro caracterizado por centros produtores/exportadores de teorias e "zonas de influência" periféricas, entre as quais a América Latina e, dentro dela, o Brasil. Os ventos gelados que sopraram desde a década de 1980 - desafeição pelas Humanidades, desconfiança das grandes teorias universalistas, reivindicações particularistas e identitárias, emergência de uma tecno-ciência triunfante, conservadorismo neoliberal hegemônico, declínio espetacular da influência francesa, pragmatismo generalizado, etc. - golpearam duramente a semiótica, na medida em que fazia parte de um projeto "modernista" subitamente disforizado e encarado com desconfiança. Hoje, tudo aponta, aparentemente, para a constituição de um panorama multipolar, em que a importância relativa dos centros emissores tradicionais talvez venha a ceder algum espaço à inserção dos ditos "emergentes". São questões eminentemente práticas que, a nosso ver, demandam atenção redobrada nos dias atuais. Palavra(s) chaves(s): semiótica, prática da pesquisa e do ensino

PRÁTICAS SEMIÓTICAS: MEDIAÇÕES DO CORPO E DAS LINGUAGENS

Lucia Teixeira (UFF) A comunicação apresenta os primeiros resultados de projeto de pesquisa que examina práticas semióticas emergentes, particularmente aquelas que envolvem os meios digitais, para definir as estratégias enunciativas que põem em relação diferentes linguagens. Para isso, analisa o papel do suporte e a correspondente mediação do corpo na produção de sentido, já que o corpo se afirma ativamente como interface sensorial entre as linguagens e os suportes. O corpus de análise é constituído de diferentes práticas culturais e procedimentos midiáticos, que oferecem amostragem representativa dos modos de representação e das formas de interação contemporâneos. Analisa-se tanto o percurso de visitação de um museu on-line quanto o mecanismo da intermidialidade que põe em relação o jornal impresso e o digital, tanto a vulgarização estética e divulgação científica representadas nas galerias de arte on-line e museus interativos, quanto as transformações dos gêneros da esfera jornalística que circulam nas mídias tradicionais e nas emergentes. Mais importantes que os objetos, neste projeto, são as possibilidades teóricas e metodológicas de oferecer uma base semiótica de análise de novas práticas discursivas e suas complexas estratégias argumentativas. Palavra(s) chaves(s): corpo, práticas semióticas

LÓGICAS DOXAL E PARADOXAL: DEDUÇÃO, INDUÇÃO, ABDUÇÃO E CONCESSÃO

José Américo Bezerra Saraiva (UFC) Nesta comunicação, gostaríamos de insistir no propósito de identificar pontos de contato entre as semióticas de inspiração peirceana e saussureana, sem deixar, é claro, de reconhecer as diferenças teóricas que as separam. Pretendemos mostrar, por exemplo, os elos entre as modalidades aléticas de Greimas (dever-ser e poder-ser), as estruturas lógicas dos silogismos de Peirce (dedução, indução e abdução) e os modos semióticos de Zilberberg, particularmente, o de junção (implicação e concessão), para, enfim, dispor as convergências assinaladas num esquema tensivo em que o eixo da intensidade corresponde à concessão (lógica paradoxal) e o eixo da extensidade, à implicação (lógica doxal). Cremos que o esquema proposto apresenta a vantagem de mostrar as correspondências e as correlações possíveis entre as referidas categorias (greimasianas, peirceanas e zilberbergueanas) numa gradação tensiva a partir da qual seria legítimo postular três tipos de implicação ao lado de três tipos de concessão: dedutiva, indutiva e abdutiva. Palavra(s) chaves(s): estrutura silogística, modos semióticos

INTOLERÂNCIA, GRAMÁTICA E CONVERSAÇÃO: INVESTIGAÇÕES SEMIÓTICAS

Diana Luz Pessoa de Barros (USP/UPM) Nesta apresentação sobre as pesquisas em desenvolvimento no âmbito dos programas de pós-graduação, vamos tratar, a partir de três projetos, de questões teóricas e metodológicas da semiótica narrativa e discursiva francesa para o exame de discursos sociais. Os projetos em desenvolvimento são: - Estudos de língua falada. O objetivo principal desse projeto é refletir, na perspectiva da semiótica discursiva francesa, sobre as modalidades falada e escrita da língua, e apontar, com esses estudos, alguns caminhos para o ensino. Quatro questões principais são examinadas: a da distinção entre fala e escrita e do simulacro imaginário construído sobre as diferenças entre as duas modalidades de língua; a dos efeitos de sentido de oralidade nos discursos, de sua dupla valorização e dos procedimentos linguístico-discursivos empregados na construção dos efeitos; a da relação entre os usos e efeitos da língua falada e os diferentes gêneros discursivos; a da necessidade de pensar fala, escrita e gênero discursivo no bojo de uma teoria do

discurso. - Conceitos e imagens da norma nas gramáticas do português, do século XVI à atualidade. Essa pesquisa tem os objetivos de estabelecer a diversidade de conceitos e de imagens da norma no português do século XVI à atualidade, de estabelecer a organização discursiva das gramáticas e os diferentes conceitos e imagens de norma e de língua construídos; de verificar se os discursos da norma são diferentes nas gramáticas portuguesas e brasileiras e nos diferentes momentos, e indicar, assim, alguns dos caminhos percorridos, do século XVI até hoje, para a constituição da “língua nacional” no Brasil. - Preconceito e intolerância em relação à linguagem. No âmbito desse projeto coletivo, desenvolvemos a pesquisa individual sobre os discursos intolerantes, com os objetivos de mostrar como se constroem os discursos intolerantes (racista, fascista, purista, sexista, etc.), quais os procedimentos linguísticos e discursivos usados nessa construção e em que quadro de valores esses discursos se inserem; de mostrar como discursos de diferentes tipos, modalidades e gêneros podem ser considerados discursos intolerantes (discursos políticos, gramaticais, na internet, etc.); de aprimorar uma proposta teórica e metodológica, no âmbito dos estudos da linguagem, para exame dos discursos intolerantes, sem deixar de considerar a necessidade de estudos multidisciplinares; de contribuir, na perspectiva dos estudos da linguagem, com os estudos sobre a intolerância nos diferentes campos do conhecimento (história, sociologia, psicologia, etc.). Ressaltaremos algumas das questões teóricas e metodológicas desenvolvidas nesses projetos: proposta metodológica para exame dos discursos temáticos, de figuração esparsa, a partir, sobretudo, dos estudos semióticos da enunciação; proposta para o estudo semiótico da diacronia, pela consideração das transformações narrativas dos estados sincrônicos, mostrando, com isso, que para bem examinar e compreender as mudanças diacrônicas dos discursos, é preciso uma teoria do discurso, tal como a semiótica, que pode dar conta dos sentidos em sincronia e de suas transformações no tempo; proposta de análise da conversação, com as distinções semióticas entre fala e escrita, os efeitos de oralidade e os regimes de interação conversacionais. Palavra(s) chaves(s): Discursos intolerantes, gramaticais e conversacionais, Teoria e método semióticos.