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Siderurgia Antonio Augusto Gorni | [email protected] 42 Industrial Heating - Jul a Set 2012 á pouco mais de trinta anos, após alguma indecisão, finalmente eu optava por seguir carreira na área me- talúrgica, deixando os plásticos em segundo plano. Foi então que descobri a hoje extinta revista Ma- terials Engineering. Na época ela reportava, edição após edição, a triunfal introdução dos materiais plásticos em apli- cações automotivas. E também registrava o fim dos dias de ouro da siderurgia norte-americana. Isso me alarmou – será que eu havia acabado de escolher uma carreira prestes a ser atropelada por uma revolução tecnológica? Na verdade eu já tinha sido atropelado por outra revolução tec- nológica e ainda não sabia. Alguns anos antes, em outra encruzilha- da vocacional, eu havia optado por me manter no curso de engenha- ria, iludido pelos últimos ecos do milagre brasileiro, em vez de me aventurar nas ciências da computação, uma área onde eu me sentia bem mais à vontade, mas que parecia então ser esotérica demais para um país em desenvolvimento. Contudo, isso é outra história... Passado tanto tempo e com tantas coisas radicalmente alte- radas, o fato é que a concepção básica do automóvel permanece sendo a mesma do tempo dos nossos bisavós e o aço continua a ser seu material principal. É claro que ocorreram algumas mudan- ças para que as coisas continuassem a ser as mesmas. A siderurgia respondeu adequadamente ao desafio dos novos materiais, criando aços avançados com alta resistência mecânica e perda mínima de conformabilidade, aproveitando os amplos recursos metalúrgicos proporcionados pela transformação austenítica. Além disso, a forte tradição no uso do aço resulta de uma vasta folha de bons serviços prestados ao setor ao longo de muitas décadas - e é complicado mexer em time que está ganhando. A introdução de plásticos nos veículos automotores foi rápida enquanto eles atendiam a funções não tão críticas, mas se estabilizou quando esse “filé mignon” aca- bou. A seleção de um novo material para aplicações mais sensíveis é complicada, ainda mais nos dias de hoje. Não basta apenas haver uma aparente adequação ao uso. É necessário também considerar o preço do novo material; seu desempenho a longo prazo; a “pegada” ambiental ao longo de sua síntese, processamento, vida útil e des- Seleção de Materiais: uma Competição Cada Vez mais Complexa? H Painel Isolamento Térmico 2012 Patrocinadores Realização/ Organização: Apoio: No dia 06 de novembro de 2012, em paralelo à FEIPLAR COMPOSITES & FEIPUR, no Expo Center Norte (Pavilhão Verde), em São Paulo, SP, acontecerá a sexta edição do Painel Isolamento Térmico. Este evento tem o objetivo de mostrar as novas tecnologias em poliuretano destinadas à indústria de isolamento térmico. Horário: 8h às 13h10 Evento Gratuito Inscreva-se pelo site Divulgação Oficial

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Page 1: Antonio Augusto Gorni | agorni@iron.com.br Seleção de ...COMPOSITES & FEIPUR, no Expo Center Norte (Pavilhão Verde), em São Paulo, SP, acontecerá a sexta edição do Painel Isolamento

Siderurgia

Antonio Augusto Gorni | [email protected]

42 Industrial Heating - Jul a Set 2012

á pouco mais de trinta anos, após alguma indecisão, finalmente eu optava por seguir carreira na área me-talúrgica, deixando os plásticos em segundo plano. Foi então que descobri a hoje extinta revista Ma-terials Engineering. Na época ela reportava, edição

após edição, a triunfal introdução dos materiais plásticos em apli-cações automotivas. E também registrava o fim dos dias de ouro da siderurgia norte-americana. Isso me alarmou – será que eu havia acabado de escolher uma carreira prestes a ser atropelada por uma revolução tecnológica?

Na verdade eu já tinha sido atropelado por outra revolução tec-nológica e ainda não sabia. Alguns anos antes, em outra encruzilha-da vocacional, eu havia optado por me manter no curso de engenha-ria, iludido pelos últimos ecos do milagre brasileiro, em vez de me aventurar nas ciências da computação, uma área onde eu me sentia bem mais à vontade, mas que parecia então ser esotérica demais para um país em desenvolvimento. Contudo, isso é outra história...

Passado tanto tempo e com tantas coisas radicalmente alte-

radas, o fato é que a concepção básica do automóvel permanece sendo a mesma do tempo dos nossos bisavós e o aço continua a ser seu material principal. É claro que ocorreram algumas mudan-ças para que as coisas continuassem a ser as mesmas. A siderurgia respondeu adequadamente ao desafio dos novos materiais, criando aços avançados com alta resistência mecânica e perda mínima de conformabilidade, aproveitando os amplos recursos metalúrgicos proporcionados pela transformação austenítica. Além disso, a forte tradição no uso do aço resulta de uma vasta folha de bons serviços prestados ao setor ao longo de muitas décadas - e é complicado mexer em time que está ganhando. A introdução de plásticos nos veículos automotores foi rápida enquanto eles atendiam a funções não tão críticas, mas se estabilizou quando esse “filé mignon” aca-bou. A seleção de um novo material para aplicações mais sensíveis é complicada, ainda mais nos dias de hoje. Não basta apenas haver uma aparente adequação ao uso. É necessário também considerar o preço do novo material; seu desempenho a longo prazo; a “pegada” ambiental ao longo de sua síntese, processamento, vida útil e des-

Seleção de Materiais: uma Competição Cada Vez mais Complexa?

H

Painel Isolamento Térmico 2012Painel Isolamento Térmico

Patrocinadores

Realização/Organização:

Apoio:

060606dedede

NOVNOVNOV

No dia 06 de novembro de 2012, em paralelo à FEIPLAR COMPOSITES & FEIPUR, no Expo Center Norte (Pavilhão Verde), em São Paulo, SP, acontecerá a sexta edição do Painel Isolamento Térmico.

Este evento tem o objetivo de mostrar as novas tecnologias em poliuretano destinadas à indústria de isolamento térmico.

Horário: 8h às 13h10

TérmicoEvento Gratuito

Inscreva-se

pelo site

Divulgação Ofi cial

Anuncio isolamento termico 2012_1-2.indd 1 7/20/12 5:21 PM

Page 2: Antonio Augusto Gorni | agorni@iron.com.br Seleção de ...COMPOSITES & FEIPUR, no Expo Center Norte (Pavilhão Verde), em São Paulo, SP, acontecerá a sexta edição do Painel Isolamento

Antonio Augusto Gorni | [email protected]

Siderurgia

Jul a Set 2012 - www.revistalH.com.br 43

Antonio Augusto GorniEngenheiro de Materiais pela Universidade Federal de

São Carlos (1981); Mestre em Engenharia Metalúrgica

pela Escola Politécnica da USP (1990); Doutor em

Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual

de Campinas (2001); Especialista em Laminação a

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nas áreas de laminação a quente, desenvolvimento

de produtos planos de aço, simulação matemática,

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carte; o número de fornecedores aptos a fornecê-lo na quantidade e qualidade desejadas; e a produtividade dos processos de manufa-tura específicos para cada material, entre outros fatores.

Mas esse aparente equilíbrio é instável. A qualquer momento pode surgir um fator de desestabilização. Em tempos de Rio+20, a pegada ambiental dos materiais tornou-se um argumento muito po-deroso junto à opinião pública. Há alguns meses, Julian Allwood, líder do projeto WellMet 2050 – Processamento de Materiais com Baixo Carbono, desenvolvido pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra, defendeu a diminuição da produção de aço a partir do minério de ferro. A justificativa para isso são as altas emissões de gás carbônico decorrente da redução do minério, já que o oxigênio nele presente se combina com o carbono oriundo do carvão para liberar o ferro metálico. Além disso, o carbono em excesso presente no ferro-gusa é eliminado através de oxidação para se obter o aço. Allwood também defendeu o uso ainda maior dos aços com alta re-sistência mecânica, já que eles permitem a redução na quantidade do material empregado na fabricação dos componentes sem com-prometer seu desempenho. Contudo, a viabilização comercial dessa estratégia é complicada, pois o acréscimo de custo associado a esses aços avançados ainda é maior do que a economia propiciada pelo seu uso. Curiosamente não foi feita menção à experiência bem-sucedida do Brasil no uso de carvão vegetal em altos-fornos, que apresenta maior sustentabilidade ambiental. O único problema aqui é evitar

o uso de carvão proveniente de matas nativas, prática que precisa ser rigorosamente erradicada. No futuro, é possível que processos aperfeiçoados de redução direta usando rejeitos vegetais - uma ideia pioneiramente proposta por Monteiro Lobato, já na década de 1930 - possam contribuir para resolver esse problema.

De toda forma, nenhum material escapa das críticas ambien-tais. Os plásticos têm sofrido mais a esse respeito, já que sua re-ciclagem não é favorecida pelo baixo custo do material virgem, as dificuldades de seu reprocessamento e a perda de qualidade do material reciclado. O alumínio, por sua vez, tem seu calcanhar de Aquiles na alta quantidade de energia elétrica que requer para ser produzido. Ainda é difícil determinar a equivalência quantitativa desses diferentes tipos de impacto ambiental para se poder avaliar os materiais de forma racional sob este ponto de vista. IH