antropologia, histótia e sociologia da religião
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ANTROPOLOGIA, HISTÓRIA E SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO
WERKSON DA SILVA AZEREDO 1
WERKSON DA SILVA AZEREDO2
Curso Pós-GraduaçãoEspecialização em Ciências da Religião
FANAN – Faculdade de NanuqueRESUMO
Este trabalho tem o objetivo de fazer analise da relação do homem com o sagrado,
mostrando como o fenômeno religioso mostra-se fortemente relacionada ao homem,
“Não existe nenhuma raça ou tribo de que haja registro que não tenha tido algum tipo
de religião ” Passa-se em seguida a tratar o tema história da religião, percebendo que
a história das religiões mais influentes em alguns momentos confunde-se com a
história da humanidade, o papel da religião é marcante em diversos momentos
históricos seja no Império Romano, Na idade Média (com a atuação da Igreja Católica
Apostólica Romana), No período Moderno e a Reforma Protestante também figura em
momentos Trágicos como a Inquisição. No campo social passa-se a perceber os
grupos que compõem a religiosidade brasileira e toda a sua dinamicidade que
apresenta de acordo com os últimos censos demográficos (IBGE). Assim, seja através
da compreensão antropológica, histórica ou sociológica da religião, perceberemos sua
influência e presença marcante na vivência humana.
1. INTRODUÇÃO
De acordo com C. P. Tiele (1830-1902) assim se define a religião “Religião
significa a relação entre o homem e o poder sobre humano no qual ele acredita
ou do qual se sente dependente. Essa relação se expressa em emoções
especiais (confiança, medo), conceitos (crença) e ações (culto e ética) ”, ou
ainda como diz Kottak “A religião pode ser entendida como o sistema de
crenças e ou rituais ligados com seres, poderes e forças sobrenaturais”, logo
esse poder “sobre humano” para o qual o homem irá recorrer será fator
relevante para compreende-lo, “Para entender a condição humana nos seus
aspectos mais profundos e misteriosos, nós certamente devemos levar em
conta a religião. ” Desde o período conhecido como paleolítico encontramos
manifestações religiosas “As formas mais numerosas, evidentes e explicitas de
culto religioso feito pelo homem e mulher do Paleolítico até o momento é
datado por volta de 35.000 ac. Foram elas, as grutas/santuários com suas
pinturas e as inúmeras estatuetas femininas” ao longo do tempo essas
elementares expressões religiosas aperfeiçoam-se e chegamos a que temos
hoje com as religiões mundiais, com suas histórias especificas, contudo
existem as que exercem maior influência como a Religião Cristã; com mais de
2 Bilhões de seguidores entre Católicos, protestantes e Ortodoxos, porém
inúmeros são os cultos e expressões do sagrado pelo mundo, possuindo
fatores comuns e outros diversos, neste aspecto de diversidade esta reflexão é
valiosa para a busca de maior respeito e tolerância. Assim passa-se a analisar
o fenômeno religioso não de maneira perjorativa nem validando ou invalidado
qualquer prática ou manifestação do sagrado, mas sobre o olhar cientifico
verifica-se o fenômeno religioso como manifestação antropológica que emana
da essência humana.
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Aluno do Curso de Pós Graduação- Especialização em Ciências da Religião - Lato – Sensu- Faculdade Vale do Cricaré.
2 Graduado em Teologia.
2. Antropologia da Religião
Já na Grécia no período áureo da Filosofia Sócrates com sua frase “conhece-te
a ti mesmo” e sua concepção de que antes de conhecer o que está a sua volta
o homem deve buscar o alto conhecimento tem-se, um período antropológico,
porém surgem algumas perguntas, O que é antropologia? E o que vem a ser
Antropologia da Religião? Neste primeiro momento nos atenderemos a
responder essas perguntas e analisar como as manifestações do sagrado
apresentam-se de forma intensa na essência humana. “A Antropologia é o”
estudo do ser humano” ou, mais especificamente, “a ciência da cultura
humana”, ou, como Kroeber a define, é “a ciência dos grupos humanos, seu
comportamento e sua produção (BURNS, B.; AZEREVEDO, D.; CARMINATI,
Paulo. B. F. 1995, p.18).
Ou ainda como afirma Nunes (apud, 2007) a Antropologia é assim definida:
Antropologia (do grego ἄνθρωπος, transl. anthropos, "homem", e
λόγος, logos, "razão"/"pensamento"/"discurso"/"estudo") é
a ciência que tem como objeto o estudo sobre o homem e
a humanidade de maneira totalizante, ou seja, abrangendo todas as
suas dimensões.
Sabendo o conceito de Antropologia e sua a finalidade, que consiste em
estudar o homem ou os grupos humanos sua cultura, comportamentos e
produções, devemos buscar um melhor entendimento sobre o que seria a
antropologia da religião e seu objeto de estudo. Porém, antes faremos uma
análise no termo religião para então unirmos ambos os conceitos, neste estudo
não consideraremos todo uma formulação histórica de teóricos sobre o termo
religião [homens como: Cícero, Macróbio, Lactâncio, Agostinho e Tomas de
Aquino se debruçaram sobre a etimologia da palavra religião significando-a,
contudo a visão Tomista - que não preocupado com questões etimológicas e
seus significados, tem uma visão mais ampla “O importante, na opinião dele, é
entender que ela implica uma relação com Deus” (OLIVEIRA) - é que
prevalece sobre as demais, vale ressaltar que o entendimento de religião para
a cristianismo é um e que dentro de outras religiões pode ser diferente como
acontecia entre os aborígenes da Austrália “de uma visão da vida, uma atitude
perante a vida e uma norma para o bem viver” (KÜNG, 2004, p. 16, apud,
OLIVEIRA).]
Se por religiosidade entendemos a experiência com o transcendente seja ela
de forma individual ou em grupos, temos os seguintes conceitos para Religião:
“A religião pode ser entendida como o sistema de crenças e ou rituais ligados
com seres, poderes e forças sobrenaturais” (Kottak, 1997);
Segundo C. P. Tiele (1830-1902) “Religião significa a relação entre o homem e
o poder sobre humano no qual ele acredita ou do qual se sente dependente.
Essa relação se expressa em emoções especiais (confiança, medo), conceitos
(crença) e ações (culto e ética) ”;
“A religião é a convicção de que existem, poderes transcendentes, pessoais ou
impessoais, que atuam no mundo, e se expressa por insight, pensamento,
sentimento, intenção e ação. ” Helmuth von Glasenapp (1891-1963);
A religião, por sua vez, é a institucionalização da experiência religiosa
e da religiosidade, a padronização do caminho para a relação com o
Transcendente, feito por um grupo social ou cultural. A religião se
caracteriza por uma estrutura simbólica bem definida, através da qual
ela procura dar unidade e coesão à existência humana. Quase
sempre toda religião, enquanto sistema e enquanto instituição, afirma
ter uma origem sobrenatural, pretende ser a única verdadeira, se
alicerça na crença em um ente superior e transcendente. Seu
enfoque é sempre a divindade (SHIAVO. p. 67-77, apud, OLIVEIRA).
Dessa maneira (seja diretamente ligada ao sobrenatural ou politizada a religião
faz referência a uma relação metafisica), ao nos deparamos com a antropologia
da Religião estamos diante de grande desafio, visto que a expressão do
sagrado ao que tudo indica é e faz parte da essência humana de tal modo que
no mundo das diversas culturas registradas não há aquela que não possua seu
sistema religioso: “Não existe nenhuma raça ou tribo de que haja registro que
não tenha tido algum tipo de religião. ” (Gaarder J.; Hellern V.; Notaker H. 2001,
p.8).
Logo, por meio de tão vasto trabalho religioso produzido pelo homem a
antropologia da religião buscar conhecer e compreender o homem através da
expressão do sagrado, passa-se a analisar o fenômeno religioso não de
maneira pejorativa nem validando ou invalidado qualquer prática ou
manifestação do sagrado, mas sobre o olhar cientifico verifica-se o fenômeno
religioso como manifestação antropológica que emana da essência humana.
Assim, desconsiderar a religião na compreensão do homem é privar-se uma
análise mais profunda:
Para entender a condição humana nos seus aspectos mais profundos
e misteriosos, nós certamente devemos levar em conta a religião.
Esta ajuda a formar estruturas imaginativas e elementares sobre
como nos orientamos ou deveríamos nos orientar no cosmos. A
religião dá forma e ensaia no ritual nossos mais importantes laços,
uns com os outros e com a natureza, e provê a lógica tanto ao porque
destes laços serem importantes como ao o que significa estar
comprometido com eles” (NEVILLE; WILDMAN, apud, OLIVEIRA).
Até o presente momento vimos uma análise do termo antropologia e religião e
como a relação de ambos os conceitos nos conduz dentro da antropologia da
religião pela busca de compreender os sentidos que a experiência religiosa nos
remete e como ela está na matriz humana de forma ontológica dando sentido
as práticas da vida. “Antropologia da Religião é uma antropologia da
transcendência, no sentido que produz significados para além daquilo que se
dá no cotidiano. ” Dessa forma, através da Antropologia da Religião entraremos
em contato com questões transcendentes e existências que impulsionaram o
homem à busca pelo sobrenatural.
“O que se quer com a Antropologia da Religião não é tanto conhecer
as causas e dar explicações para o fenômeno religioso, mas estudar
e conhecer o sentido que a experiência religiosa confere às ações e
situações do cotidiano. ” (OLIVEIRA).
O estudo da religião que tem por base a antropologia revela que mesmo o
ponto religioso sendo fator inato do homem é múltiplo, há variedade de
posicionamentos (sociais, políticos etc.) quanto a religião, como ocorre no
hinduísmos em que a visão da história é cíclica, elemento comum para as
tradições orientais o que não ocorre na religião cristã, além disso a religião
desempenhou e desempenha papel crucial na história da humanidade, o ser
humano parece, naturalmente pré-disposto ao transcendente “Não existe
nenhuma raça ou tribo de que haja registro que não tenha tido algum tipo de
religião. ” (Gaarder J.; Hellern V.; Notaker H. 2001, p.8), este conhecimento
pode será útil na construção de um contexto de tolerância, uma vez que os
diferentes povos, com seus diferentes costumes e tradições construíram vários
sistemas religiosos que produziu mundo a fora um vasto número de
expressões do sagrado, quantos conflitos há nos anais da história em virtude
da intolerância e mesmo atualmente não é estranho ouvirmos sobre conflitos
nos quais o fator religião esteja envolvido:
Ouvimos falar de católicos e protestantes em conflito na Irlanda do
Norte, cristãos contra muçulmanos nos Bálcãs, atrito entre
muçulmanos e hinduístas na Índia, guerra entre hinduístas e budistas
no Sri Lanka. (Gaarder J.; Hellern V.; Notaker H. 2001, p.13).
Cabe a reflexão sobre a diversidade antropológica religiosa que nós
produzimos e que essa seja fonte de gozo e de contemplação e não de guerras
e disputas. A antropologia da religião tem por finalidade aprofundar o
conhecimento sobre o homem por meio do seu objeto “a religião” levando em
consideração o fato de que o transcendente faz parte da história e condição
humana, tendo dois objetivos básicos:
1. A Antropologia da Religião tem como objetivo, através da definição do
seu próprio objeto e da utilização de metodologias legítimas, analisar o
fenômeno religioso como fato humano. (OLIVEIRA)
2. Busca compreender como o ser humano foi e continua sendo visto por ele mesmo e por uma das suas mais significativas e originais manifestações, a religião. (OLIVEIRA)
3. HISTÓRIA DA RELIGIÃO
Vimos a relação do homem e a religião como uma condição existencial e neste
momento, mesmo no estudo da História da Religião, veremos, também, uma
relação antropologia, visto que ante a incapacidade de dominação do natural o
homem pré-histórico volta-se ao sobrenatural, como acontecia nos cultos de
fertilidade, a exemplo disso temos o culto a deusa:
A principal divindade é a deusa, apresentada sob três aspectos:
mulher jovem, mãe dando à luz um filho (ou um touro), e velha
(acompanhadas as vezes de uma ave de rapina). A divindade
masculina aparece sob a forma de um rapaz adolescente – o filho ou
o amante da deusa – e de um adulto barbudo, ocasionalmente
montado sobre um animal sagrado, o touro. (ELIADE, 2010, p.55).
Partimos para uma análise de como se desenvolveu as manifestações do
sagrado na história humana, não pretende-se neste presente estudo fazer uma
exposição mais aprofundada do tema, falaremos primeiramente dos primeiros
registros encontrados ainda na pré-história a cerca de 35.000 a 40.000 anos,
em seguida, por meio de uma breve exposição, apresentaremos as quatro das
maiores religiões no contexto mundial (Cristianismo, Islamismo, Hinduísmo,
Budismo) entende-se aqui por maiores: quantitativamente e as que mais
influenciam as sociedades, em momento algum iremos tratar qualitativamente,
pois em cada contexto, sob diferentes influências o homem produziu variadas
formas de religião, havendo assim, riquezas em cada uma delas. O sagrado
como apresentado Rudolf Otto tem uma força atrativa sobre homem ao que ele
chama de “misterium tremendum et fascinosum” algo que fascina, atrai, logo
possui uma diferenciação de tudo o mais. Mircea Eliade amplia o
entendimento na sua obra “O sagrado e o profano” fazendo uma distinção entre
os termos (sagrado e profano) na qual profano e tudo o que não é sagrado
“aquilo que está em frente ou do lado de fora do templo” e para ele é assim que
o homem obtém conhecimento sobre o sagrado, pela sua manifestação que é
diferente do profano. Desta forma, maravilhado, inclinado por algo engendrado
no seu íntimo é que irão surgir a religiosidade humana. (Gaarder J.; Hellern V.;
Notaker H. 2000)
As primeiras concepções sobre o início das manifestações religiosas fazem
referência ao Animismo crença segunda a qual o homem passa a ver as coisas
ao seu redor como vivas, possuidoras de espíritos:
Já houve muitas tentativas de explicar como surgiram as religiões.
Uma das explicações é que o homem logo começou a ver as coisas a
seu redor como animadas. Ele acreditava que os animais, as plantas,
os rios, as montanhas, o sol, a lua e as estrelas continham espíritos,
os quais era fundamental apaziguar. O antropólogo E. B. Tylor (1832-
1917) batizou essa crença de animismo. (Gaarder J.; Hellern V.;
Notaker H. 2001, p.13).
Porém, a referência mais antiga a pratica religiosa do homem pré-histórico se
refere ao sepultamento ficando evidente a preocupação do homem com o pós-
morte:
O indicio mais antigo de prática relacionada à religião do homem e
mulher pré-histórico, é o sepultamento. Que está intimamente ligada,
as fontes mais antigas e numerosas da pré-história, que são as
ossadas. [...] o ocre vermelho salpicado em cadáveres, é
universalmente encontrado, podendo ser substituto ritual do sangue,
símbolo da vida. A posição que o corpo é encontrado, também é
coberta de significado. Ele é virado para o leste, marcando a intenção
de tornar o destino da alma solidário com o curso do Sol, portanto a
esperança de um renascimento. E também é posto em forma fetal,
tendo a terra, no caso a cova, o simbolismo do útero. (BEZERRA)
Mas é nas cavernas e grutas/cavernas que encontramos o maior número de
registros de práticas relacionadas à religião do homem do período Paleolítico:
As formas mais numerosas, evidentes e explicitas de culto religioso
feito pelo homem e mulher do Paleolítico até o momento é datado por
volta de 35.000 ac. Foram elas, as grutas/santuários com suas
pinturas e as inúmeras estatuetas femininas. Como as pinturas se
encontram muito longe da entrada da gruta, sendo muito delas
inabitáveis, com dificuldades de acesso, os pesquisadores concluíram
que elas são uma espécie de santuário. As estatuetas femininas
representam o “culto da fertilidade” praticado por esses humanos.
Esculpidas em pedra, osso ou marfim, possuem nádegas, seios e
barrigas volumosas, além de terem a vulva sempre à mostra.
Representam a “Grande Mãe” a “Deusa” (BEZERRA).
3.1 RELIGIÕES
3.1.1 CRISTIANISMO.
O Cristianismo é a religião que mais tem influenciado a cultura ocidental, tem
em Jesus Cristo o seu representante e na Bíblia sagrada o seu livro máximo,
nela, mais especificamente nos relatos dos Evangelhos podemos acompanhar
o nascimento, ministério e morte de Cristo, no livro dos atos dos apóstolos,
vemos como a igreja nascente, já perseguida, inicia a propagação do
querygma (evangelho) acreditando que a parousia (manifestação) estava
próxima.
Jesus de Nazaré nasceu antes da morte de Herodes, o Grande,
talvez no ano romano de 749. Quando o calendário actual foi
introduzido, acreditava-se que Jesus tinha nascido em 754, existindo
portanto, uma discrepância de pelo menos cinco anos (COSTA).
Apesar de ser judeu nascido em Belém da Galileia Jesus não se enquadra nos
ensinamentos dos Fariseus e saduceus e em vários momentos entra em
conflito direto esses:
Os fariseus e alguns dos mestres da lei, vindos de Jerusalém,
reuniram-se a Jesus e viram alguns dos seus discípulos comerem
com as mãos "impuras", isto é, por lavar. ...Então os fariseus e os
mestres da lei perguntaram a Jesus: "Por que os seus discípulos não
vivem de acordo com a tradição dos líderes religiosos, em vez de
comerem o alimento com as mãos ‘impuras’? " Ele respondeu: "Bem
profetizou Isaías acerca de vocês, hipócritas; como está escrito: ‘Este
povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.
Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras
ensinadas por homens’. Vocês negligenciam os mandamentos de
Deus e se apegam às tradições dos homens". E disse-lhes: "Vocês
estão sempre encontrando uma boa maneira para pôr de lado os
mandamentos de Deus, a fim de obedecer às suas tradições! Pois
Moisés disse: ‘Honra teu pai e tua mãe’, e ‘quem amaldiçoar seu pai
ou sua mãe terá que ser executado’. Mas vocês afirmam que se
alguém disser a seu pai ou a sua mãe: ‘Qualquer ajuda que vocês
poderiam receber de mim é Corbã’, isto é, uma oferta dedicada a
Deus, vocês o desobrigam de qualquer dever para com seu pai ou
sua mãe. Assim vocês anulam a palavra de Deus, por meio da
tradição que vocês mesmos transmitiram. E fazem muitas coisas
como essa". Marcos 7:1-13
Além de possuírem Torá tinham um elaborado conjunto de regras e rituais
(usos e costumes dos mais diversos que se aplicavam até a maneira correta de
lavar as mãos):
Jesus era judeu e, durante o seu crescimento, o Reino Judeu estava
sob o comando directo de um oficial do Império Romano. Jesus
tornou-se um profeta itinerante, baseando as suas convicções nas
escrituras judaicas. Mas cedo se tornou evidente que ele estava a
formular uma doutrina independente, uma vez que diria
frequentemente coisas como: « Aprenderam o que foi dito aos
vossos antepassados ( ...) mas eu digo-vos isto ... ». De acordo com
os últimos cálculos, no ano 29 ou 30, Jesus foi acusado de blasfémia
por um tribunal religioso judeu. O oficial romano Pôncio Pilatos,
actuou de acordo com um apelo dos ansiãos judeus, e condenou
Jesus à morte, executando-o por crucificação. Contudo, Pilatos,
condenou-o por rebelião contra o estado romano (COSTA).
Após sua morte sua mensagem de amor, continua a ser divulgada por
intermédio dos apóstolos, tal mensagem, rompe não só com a lei judaica mas
com tudo um contexto histórico, se a lei de talião dizia: olho por olho, dente por
dente, jesus dizia: "Vocês ouviram o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por
dente’. Mas eu lhes digo: Não resistam ao perverso. Se alguém o ferir na face
direita, ofereça-lhe também a outra. Mateus 5:38-40. Saulo de tarso, mais
conhecido como o apostolo Paulo torna-se relevante na divulgação da nova fé
e alguns pesquisadores acreditam ser ele quem de fato entende a mensagem
cristã como mundial (para ele o cristianismo não devia permanecer como uma
seita dentro do judaísmo), contudo após o martírio de estevão e a diáspora no
seio cristão vemos como alguns homens (ex.: Felipe, Atos 8.5) já haviam
expandido a mensagem entre os gentios. O cristianismo passará por várias
ondas de perseguição até torna-se a religião oficial do império romano em 380
d.C. sobe governo do Imperador Teodósio.
3.1.2 ISLAMISMO
O Islamismo tem Maomé (Muhammad) como seu fundador, sua influência foi
tão forte que durante muito tempo o Islamismo ficou conhecido como
Maometismo, a palavra islamismo de origem árabe (islam) significa submissão
e basicamente isso que consiste o Islamismo o adepto deve submeter-se
totalmente a Deus para assim torna-se um Muslin (mulçumano), palavra cujo
significado tem a mesma raiz que islam. O Islam tem no alcorão seu livro
sagrado.
Suas origens remotam ao ano de 622 d.C. Maomé era membro de uma
importante família da península Arábica, costumava anualmente retirar-se para
as montanhas de Meca para meditar, num destes retiros teve uma revelação
na qual o anjo Gabriel apareceu-lhe com um pergaminho:
O Anjo Gabriel apareceu-lhe de repente com um pergaminho e
mandou-o ler, tendo Maomé respondido que não sabia. Disse-lhe o
Anjo: « Recita, em nome do teu Senhor criador, que criou o homem a
partir de coágulos de sangue. Recita! O teu Senhor é O Mais
Generoso, aquele que da escrita ensinou ao homem o que este não
sabia. » (COSTA)
Após essa revelação Maomé começa sua pregação sendo ele o mensageiro
divino, mas acaba sendo visto como um oportunista e é perseguido,
certamente sua pregação seria impopular, visto que ele dizia existir apenas um
Deus (Alá) criador e que todos os ídolos árabes existentes na Caaba deveriam
ser destruídos. Meca ternara-se não só um centro Comercial como religioso na
Caaba (casa de Deus) estavam presentes as estatuas dos Ídolos árabes e a
pedra Negra a qual é venerada, pois na cultura árabe (provavelmente um
meteorito) é considera uma pedra sagrada trazida por um anjo, com isso sua
mensagem desestruturava todo um sistema religioso de peregrinação e
comercial com a venda de ídolos, logo tem que fugir de Meca e vai para Yathrib
(Medina) este evento ficou conhecido como Hégira – evento que também
marca o início do calendário árabe - pregando a guerra santa (gihá) Maomé
consegue apoio dos comerciantes locais e retorna para Meca com um exército
e por volta de 630 d.C. conquistam Meca e destroem os Ídolos da Caaba. O
islamismo expandiu-se por grandes faixas da Ásia e da África tendo alcançado
no período medieval a denominação de Império Árabe. Hoje milhões de
pessoas no mundo o praticam sendo a segunda maior religião do mundo
perdendo apenas para o Cristianismo
Como religião, o Islamismo não se envolve unicamente na esfera
espiritual, mas em todos os aspectos da vida humana e social. As
questões religiosas desempenham uma função menos vital que no
Cristianismo e a interpretação da lei tem ocupado um lugar mais
importante na história do Islamismo. Em grande parte dos países
islâmicos, os mais versados em matéria legal, são os que actuam
como chefes religiosos. Não existe uma classe sacerdotal organizada.
Não existe no Islamismo qualquer interdição relativamente ao gozo da
vida na terra, mas será de se ter presente, constantemente, que esta
é simplesmente uma preparação para a vida que terá início depois do
julgamento divino. No Islamismo, o homem não pode merecer nada
da parte de Deus, nem pode invocar o direito a coisa nenhuma. A
salvação e a fé fluem por graça divina, e são coisas a que os seres
humanos apenas podem aspirar. (GAARDER J.; HELLERN V.;
NOTAKER H. 2000).
3.1.3 BUDISMO
Siddhartha Gautama ou Sidarta Gautama considerado o fundador do budismo
viveu entre 560 a.c a 480 a.c. no Nordeste da Índia, filho de um rajá indiano
muito prospero. Entraremos na história de Sidarta Gautama e como abandona
toda uma vida de luxo e torna um asceta.
Segundo alguns relatos havia uma profecia sobre a vida de Sidarta Gautama
no qual sua vida tomaria caminhos distintos ou tornar-se-ia um grande
governante ou o caminho ascético seria sua vida, fato que aconteceria se
Sidarta entrasse em contato com o sofrimento humano, seu pai deseja ver o
filho com um governante e logo tratou de evitar qualquer contato dele com o
meio externo, assim o cercou de luxo e muitos prazeres sexuais, casa-se com
sua prima que irá gerar um filho e além de sua esposa matinha um harém com
muitas dançarinas.
Contrariando as ordens que seu pai lhe dera Sidarta sai da proteção da
muralha e entra em contato com o mundo vendo pela primeira um velho, um
cadáver em decomposição e um asceta que transparecia felicidade, percebe
que sua vida no palácio não passava de uma ilusão e se pergunta: “haverá
alguma coisa que transcenda a velhice, a doença e a morte? ” fora isso o que
seu pai temia acontece ele sente muito sensibilizado pelas necessidades
humanas e comissionado a livrar a humanidade do sofrimento. Neste momento
Sidarta aos 29 anos resolve renunciar a sua vida de príncipe e resolver partir
sem avisar a ninguém e passa a viver como andarilho.
Os relatos nos contam que o ascetismo de Sidarta alcançou um nível tão
extremo que ele passa a viver com apenas um grão de arroz por dia, seguiu
tão dura disciplina, pois acreditava assim vencer o sofrimento, porém mesmo
com o auxílio da ioga conseguiu. Então partir para a meditação e após 6 anos
de vida ascética alcança a iluminação (Buda) quando estava debaixo de uma
figueira em meditação sentado às margens do Ganges. Agora como buda
chega à seguinte conclusão todo sofrimento e causado pelo desejo. E por meio
do desapego é que pode-se livrar-se de outras encarnações, Sidarta segue
ainda os seguintes passos:
Durante sete dias e sete noites o Buda ficou sentado debaixo de sua
árvore da iluminação. Ganhou dessa forma a compreensão de uma
realidade que não é transitória, uma realidade absoluta acima do
tempo e do espaço. No budismo isso se chama nirvana. Ao dominar
seu desejo de viver, que antes o atava à existência, o Buda parou de
produzir carma e, portanto, não estava mais sujeito à lei do
renascimento. Conseguira alcançar a salvação para si mesmo, e o
caminho estava aberto pata abandonar o mundo e entrar no nirvana
final. (GAARDER J.; HELLERN V.; NOTAKER H. 2000).
Porém, neste momento já no nirvana é interpelado pelo deus brahma para que
divulgasse seus ensinamentos aos homens e o mesmo sentimento de
compaixão que o impulsionou a iniciar sua jornada o levará a ser aquele que
abriria os portões da eternidade para os que dessem crédito aos seus
ensinamentos. Seu primeiro sermão e proferido em Benares vários monges
passam a segui-lo e passam a vagar por mais de 40 anos pelo nordeste da
índia. Sua vida termina assim:
Quando Buda tinha por volta de oitenta anos, de repente adoeceu e
decidiu se despedir dos discípulos. Antes de morrer, voltou-se para o
triste rebanho dos discípulos a seu redor e disse: "Talvez alguns de
vós estejam pensando: 'As palavras do mestre pertencem ao
passado, não temos mais mestre'. Mas não é assim que deveis ver as
coisas. O darma (instrução) que vos dei deve ser o vosso mestre
depois que eu partir". (GAARDER J.; HELLERN V.; NOTAKER H.
2000).
Suas doutrinas resumiam-se em cinco pontos:
1 – Não causar dano a qualquer criatura viva
2 – Não se apoderar daquilo que não é dado (não roubar)
3 – Não ter um comportamento irresponsável no que se refere aos prazeres sensuais
4 – Não mentir
5– Não fazer ingestão de álcool ou drogas
3.1.4 HINDUÍSMOS
Um dos diferenciais do hinduísmo para outras religiões é que não há um
fundador nem um sistema doutrinário fixo, tão pouco uma organização
hierárquica. O centro das práticas da religião hindu é a índia porém está
pulverizado em outras regiões como: Nepal, Bangladesh e Sri Lanka,
aproximadamente 80% da população da índia e adepta ao hinduísmo ao
interessante que deve ser dito é que a índia configura-se como estado secular
não religioso e sua constituição garante direitos iguais de culto a todas as
religiões e proíbe qualquer tipo de discriminação com base na religião, raça,
casta ou sexo.
Suas raízes remotam de 200 a.c a 1500 a.c momento em que os arianos
começam a dominar o vale do indo, muito deste conhecimento e adquirido
pelos hinos védicos que eram recitados durante sacrifícios. A palavra Hindu
significa Indiano de mesma raiz do rio Indo. Uma breve definição: “ [...] é o
nome das várias formas de religião que se desenvolveram na Índia depois que
os indo-europeus abriram caminho para a Índia do Norte, de 3 a 4 mil anos
atrás. ” O que vemos no Hinduísmo moderno é que há uma variedade de ideias
e formas de cultos com há no hinduísmo uma dinamicidade vasta, contudo um
elemento comum seria o sistema de castas, as vacas e o carma. A divisão
social em
Classes na Índia sempre foi bem rígida basicamente existem os sacerdotes,
guerreiros, agricultores, comerciantes, artesões e servos, mas este quadro
alterou-se ao longo do tempo: “Porém, à medida que a sociedade indiana se
desenvolveu, as pessoas foram sendo divididas em novas castas. No início do
século XX havia em torno de 3 mil castas. ” A vaca é um animal considerado
sagrado na Índia e quando retornamos a matriz veda do Hinduísmo há vários
hinos à vaca é exaltada pela sua capacidade de suprir tudo que é necessário
ao homem, contudo com tornou-se um símbolo de vida não é permitido matá-
la. Outro aspecto interessante dentro do Hinduísmo é a concepção que tem
sobre a alma que pode ser resumido em uma frase "Ela não envelhece quando
você envelhece, ela não morre quando você morre." Tem noção de uma alma
imortal que após a morte renasce em um ser vivente tem-se uma concepção
cíclica da vida o que pode definir o destino de alma é o Karma palavra que
significa “ato” mais para o hinduísta significa mais como: pensamentos e
palavras. Muitas são as crenças e formas de culto dentro do Hinduísmo sendo
difícil ou não havendo meios de padronização, logo uma das mais antigas
religiões existentes a religião Hindu é caracteriza pela alta dinamicidade e
capacidade de agregar novas formas de culto. Vejamos no gráfico abaixo
como se configura atualmente as referidas religiões no mundo:
4. SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO
Neste momento vamos analisar a relação da religião e a sociedade, além de
uma relação com sociedade brasileira, já trabalhamos a religião e o estudo do
homem analisamos como se desenvolveu algumas das principais religiões
mundiais ou aquelas que tem um maior número de aptos pelo mundo.
Iniciaremos com uma breve definição da sociologia da religião antes de
adentrarmos a relação da religião e a sociedade como também a sociedade
brasileira (uma relação que desde o período colonial já se fazia presente).
Diz que a sociologia da religião estuda a inter-relação da religião com
a sociedade, e as formas de interação que ocorrem de uma com a
outra, e dá como básica para a sociologia da religião a hipótese de
que “os impulsos, as idéias e as instituições religiosas influenciam as
formas sociais e, por sua vez, são por elas influenciados, além de
receberem o influxo da organização social e da estratificação.
(WACH, 1990, Apud, MOURA)
O papel do Sociólogo da religião pode ser definido segundo NOTTINGHAM
como: “ o sociólogo da religião ocupa-se dela “como um aspecto do
comportamento de grupo e estuda os papéis que a religião tem desempenhado
através dos tempos. ” A sociologia da religião vai buscar explicar as relações
que religião e sociedade mantêm, pois indivíduos ou grupos sociais por meio
de suas crenças irão influenciar e ser influenciados. A sociologia nasce como
um tentativa de explicar as transformações que ocorrem na Europa no período
entre o sec. XVII a XX, ao longo deste período a religião será abordada sobe
diferentes perspectivas, num primeiro momento os teóricos verão a religião em
oposição com a sociedade moderna europeia, essa oposição é bem expressiva
e pejorativa, uma vez que em alguns casos será vista como uma maneira
retrógada ou arcaica se comparada com a modernidade, e neste contexto que
é prevista sua extinção em virtude do processo de industrialização,
disseminação do conhecimento etc., levando-a a secularização, Max Weber
tem um posicionamento interessante sobre o protestantismo: “O próprio
Protestantismo – forma moderna de Cristianismo – foi concebido pelo sociólogo
Max Weber como uma força antirreligiosa, aliada da modernização e, ele
também, fadado ao desaparecimento.” (ZABATIEIRO, 2013), assim a visão que
a sociologia tem sobre a religião não permaneceu estática ao longo da história,
as concepções atuais já a veem com outro olhar - menos preconceituoso -,
visto que as primeiras projeções sobre a religião falharam. Zabatiero fala sobre
a evolução do posicionamento da sociologia antes a religião:
[...] os primeiros grandes sociólogos descreveram a Modernidade,
em grande medida, em contraste com a religião [...] Em vários
escritos sociológicos clássicos, religião e modernidade são descritos
como duas formas antagônicas de organizar a vida social – a religião
descrita como uma forma arcaica, tradicional e dogmática, a
modernidade descrita como uma forma nova, científica, progressista.
Escritos sociológicos da segunda metade do século XX oferecem,
porém, um caminho alternativo para entender as relações entre
religião e modernidade. Embora continuem constatando as diferenças
entre essas duas formas de entender a realidade e organizar a vida
social, há muito menos otimismo em relação ao sucesso do modo
moderno de viver e menos preconceito em relação ao modo religioso
de viver. Há claros sinais de que as mais recentes descrições
sociológicas da religião não apresentam mais a religião e a
modernidade como modos antagônicos, mas, sim, como diferentes
descrições da realidade e da vida social – ambas com valores e
limites, ambas historicamente situadas, ambas em constante
mutação.
A transição entre o período feudal e a modernidade é uma fase de profundas
mudanças para a sociedade europeia (tomará amplitude mundial), no campo
econômico há a implementação do sistema capitalista, no social a uma maior
abertura para a participação política, inicia-se o processo de formação das
monarquias nacionais, além disso a religião começa a perder espaço na
explicação do mundo, as ciências entram em cena, uma nova moralidade
forma-se na qual há maior abertura para o refletir, surge uma moralidade
dessacralizada. O inquestionável para o período medieval torna-se
questionável na modernidade:
Marx e Engels, no Manifesto Comunista, conseguiram descrever a
característica fundamental da Modernidade de modo brilhante em
uma única frase: “tudo o que é sólido desmancha no ar”. Nesta frase
“tudo o que é sólido” se refere às crenças e tradições do mundo
europeu pré-moderno, que acreditava na solidez, na durabilidade das
estruturas sociais, políticas e culturais. Acreditava-se nessa
durabilidade por que se pensava que essas estruturas eram criação
de Deus. “Desmancha no ar” por que as sociedades modernas não
mais acreditam no papel de Deus como criador e organizador da vida
em sociedade. Toda a vida social, então, passa a ser vista como fruto
da ação humana e as ações humanas só duram por um determinado
período de tempo – logo, “desmancham no ar” (ZABATIERO, 2013).
E neste contexto de contestação das estruturas vigentes na idade média que a
sociologia descreve a religião, não seria estranho um posicionamento
altamente resistente, é preciso ressaltar que por religião entende-se neste
primeiro momento a Igreja Católica Romana, logo é a cristandade que está
sendo questionada. Esta era a única expressão religiosa verdadeira no
continente europeu e qualquer outra expressão do sagrado tratava-se de
heresia, em sua ortodoxia, a cristandade será vista como opositora da novas
ideias e inibidora da implementação da filosofia moderna, pois essas em muito
eram contrarias aos valores impostos. É preciso compreender que os primeiros
contatos entre religião sociedade são conflitivos e deixaram marcas presentes
até hoje. Nesse momento a extinção a religião foi decretada pela sociologia,
para ela haveria algumas alternativas:
A única esperança de sobrevivência da religião seria a sua
transformação radical em uma religião secular, irreligiosa, totalmente
racional e moderna (e.g. a “religião racional” de Kant, ou a “religião
positiva” de Comte). (ZABATIERO, 2013).
4.1 OPINIÕES
Segundo Karl Marx “a religião é o ópio do povo” sendo vista como um alienador
que inibe o progresso, uma vez que o povo passa a projetar em seus deuses o
que deseja viver aqui em sociedade. Isso conduz a um processo de aceitação
da ordem vigente que não pode ser alterado. Outro teórico que refletiu sobre a
religião é Durkheim sua abordagem é feita sobre sociedades pequenas vendo
nestas a preocupação com o sagrado e o profano:
“o sagrado e o profano foram sempre e por toda a parte concebidos
pelo espírito humano como gêneros separados, como dois mundos
entre os quais nada há em comum (…) uma vez que a noção de
sagrado é no pensamento dos homens, sempre e por toda a parte
separada da noção do profano (…) mas o aspecto característico do
fenômeno religioso é o fato de que ele pressupõe uma divisão e
bipartida do universo conhecido e conhecível em dois gêneros que
compreendem tudo o que existe, mas que se excluem radicalmente.
As coisas sagradas são aquelas que os interditos protegem e isolam;
as coisas profanas, aquelas às quais esses interditos se aplicam e
que devem permanecer à distancia das primeiras.” (Durkheim, 1990,
apud, MOURA).
Uma última e rápida análise, Weber oferece também sua contribuição a
sociologia sobre o tema religião:
Para Weber, as concepções religiosas eram cruciais e originárias das
sociedades humanas, pois o homem, como tal, sempre esteve à
procura de sentido e de significado para a sua existência; não
simplesmente de ajustamento emocional, mas de segurança cognitiva
ao enfrentar problemas de sofrimento e morte (Ó Dea, 1969).
Procura-se na religião signos de transcendência e de esperança.
(MOURA)
Vemos como ele faz uma relação da religião com temas existenciais humanos
a busca por respostas orientadoras que vez após outro são levantadas pela
mente humana, de onde viemos? Para onde vamos? Assim assume segundo
ele a força para levar o homem a ação que acarreta mudanças sociais. A
exemplo disso seria o protestantismo uma manifestação da ação humana
frente uma nova realidade social, a modernidade.
4.2 RELIGIÃO E SOCIEDADE BRASILEIRA
Falar de religião e sociedade brasileira e falar de uma relação intensa que fez-
se desde o período colonial com a pratica do padroado que contribuiu para a
propagação da fé católica em solo colonial, em seguida vemos a integração
dos negros vindos da África para o brasil, mesmo sobe forte pressão não há
uma conversão autentica mas um sincretismo religioso, os santos católicos são
meros representantes das divindades das religiões afrodescendentes e não
podemos esquecer da religião indígena, que com as demais constituintes da
matriz religiosa brasileira irão forma uma religião tipicamente nacional, a
Umbanda. O os gráficos, a seguir, revelam como apresenta-se atualmente o
campo religioso brasileiro a as últimas mudanças ocorridas de 2000 até 2010
de acordo com o IBGE:
Vemos como a Igreja Católica continua perdendo parte de seus membros para
outros grupos em especial para os evangélicos um outro ponto que merece
destaque é que tem aumentado o número de pessoas que se declaram sem
religião, Zabatiero destaca quatro pontos que esclarecem como apresenta-se o
campo religioso brasileiro:
1. DINAMICIDADE
Enquanto alguns grupos perdem espaço gradativamente outros crescem de
maneira vertiginosa a exemplo temos a Universal do Reino de Deus que de
1991 a 2000 experimentou um crescimento de aproximadamente 718%, há um
transito intenso, porém há a manutenção da maioria de cristão quase 90% da
população brasileira.
2. MIDIATIZAÇÃO
Outro dado a se ressaltar no campo religioso brasileiro atual é a intensa
midiatização do discurso religioso, tanto na TV aberta – mais usada pelos neo-
pentecostais – quanto na TV a cabo – mais usada pela ICAR. * Através da
mídia, a conflitividade do campo se destaca, com intensa busca de novos fiéis
e, especialmente, novos contribuintes/investidores.
3. MUNDANIZAÇÃO
“O processo mediante o qual as pessoas, mediante o recurso a fatores
transcendentais, buscam respostas a questões intra-mundanas”.
4. MERCADORIZAÇÃO O processo mediante o qual as crenças e práticas religiosas são
ressignificadas como bens ou produtos a serem consumidos
individualisticamente.
REFERÊNCIAS
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3º Ed., São Paulo, Vida Nova. 1996, p.18.
Nunes, Rossano Carvalho. Anthopology, Instituto Grupo Veritas de
Pesquisa em História e Antropologia. 2007.
OLIVEIRA. José L. M. Antropologia da Religião, Universidade Católica De
Brasília - Centro de Reflexão sobre Ética e Antropologia da Religião.
KOTTAK, C. Ph. Antropología Cultural. Espejo para la humanidad. Madrid: McGraw Hill, 1997. p. 81-95.
GAARDER J.; HELLERN V.; NOTAKER H. O Livro das Religiões, 7ª impressão. São Paulo, Companhia das Letras, 2000, p. 8, 13.
ELIADE, Mircea. História das crenças e das idéias religiosas, volume I: da idade da pedra aos mistérios de Elêusis. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2010.
BEZERRA, K. Historia Geral das Religiões. Unicamp.
COSTA, J. F. Breve História Das Religiões, Recolha da obra de Jostein Gaarder
MOURA, J. Introdução a Sociologia da Religião – Curso de sociologia da Religião.
NOTTINGHAM . Religion and Society, New York, 1954, p. 1
ZABATIERO, Júlio Paulo Tavares. Religião em Sociedades Modernas,
Faculdade Unida, Vitória – ES. 2013, p. 6.
ZABATIERO, Júlio Paulo Tavares. Campo Religioso brasileiro, Faculdade
Unida, Vitória – ES. 2013.
http://www.unicap.br/observatorio2/wp-content/uploads/2011/10/HISTORIA-GERAL-DAS-RELIGIOES-karina-Bezerra.pdf. Acesso em 02 de Junho de 2014
https://www.bibliaonline.com.br/nvi/mt/5. Acesso em 05 de Junho de 2014
https://www.bibliaonline.com.br/nvi/mc/7. Acesso em 05 de Junho de 2014