“balbÚrdia” e colonizaÇÃo: desmanche da educaÇÃo...
TRANSCRIPT
“BALBÚRDIA” E COLONIZAÇÃO: DESMANCHE DA EDUCAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL E SUAS RESSONÂNCIAS NO ENSINO DAS ARTES NA UNILA
“MESSINESS” AND COLONIZATION: DISMOUNTING OF PUBLIC EDUCATION IN BRAZIL AND ITS RESONANCES ON ART EDUCATION AT UNILA
Gabriela Canale Miola / UNILA
RESUMO O objetivo desse artigo é apresentar um breve panorama do atual projeto de desmanche da Educação no Brasil refletindo-o como parte de um extenso processo de colonização. Em seguida são apontadas práticas decolonias de Ensino como estratégia de resistência nesse contexto. Para tanto, apresentam-se perspectivas e práticas de ensino das Artes Visuais em andamento no curso de Letras – Artes e Mediação Cultural, na Universidade Federal da Integração Latino-Americana(UNILA) dentro de um projeto de universidade bilíngue e intercultural na fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai.
PALAVRAS-CHAVE Artes Visuais; decolonialização; UNILA; Arte-educação; Educação. ABSTRACT The aim of this article is to present a brief overview of the current project of dismounting of the Education in Brazil, reflecting it as a part of an extensive process of colonization. Then, some decolonial practices of Education are reflected as a strategy of resistance in this context. Therefore are presented practices and perspectives of Education on the Visual Arts field developed in Letras – Artes e Mediação Cultural graduation of Universidade Federal da Integração Latino-americana (UNILA) within a bilingual and intercultural university on the border of Brazil, Argentina and Paraguay. KEYWORDS Visual Arts; decolonization, UNILA; Art-education; Education
MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.
1323
Uma forma básica de negar a realidade é não aceitar argumentos racionais. O sujeito delirante continua atuando, trabalhando, vivendo, até mesmo normalmente, mas é incapaz de aceitar argumentos relacionados que possam estar ligados à vida real. Tudo aquilo que lhe pareça real demais deve desaparecer. E o que é o real nesse caso? A presença do outro em todas as suas formas. Política, por exemplo, é um tema que chama ao real. Ela traz o outro à presença por isso deve desaparecer. Tudo que ocultar o real, e essa existência do outro, será bem-vindo. Toda ideologia capaz de cumprir esse papel será desejada. E para que não seja percebida como uma cortina será bem-vinda, também, a atitude fanática por meio da qual se diz que ideologia é o que eu não penso. Ideologia se torna, portanto, o que os outros pensam e fazem. (TIBURI, 2019, p. 34)
Para pensar e exercer o Ensino das Artes hoje no Brasil é incontornável lidar com as
os ataques à Educação que estão em curso. Entre eles estão modificações nas leis,
a retirada de obrigatoriedade da disciplina de Artes, crescentes reduções de verbas
destinadas à educação e à pesquisa. Para entender essas medidas se faz necessária
uma mirada abrangente que permita observar o processo de larga duração a qual
integram.
Os ataques à educação no Brasil nos últimos anos não são uma crise, mas um índice
de um largo projeto de invisibilização e dominação para incluir a maior parte da
população no lado de lá do regime abissal (SANTOS, 2007), aquela sem direitos
fundamentais sistematicamente posta às margens sociais, culturais, políticas,
econômicas e históricas.
Trata-se da face contemporânea da empresa multissecular colonialista de
apagamentos e dominações. A colonização, sustentáculo da modernidade, dissemina
a ideia de eficiência e desenvolvimento. Borram-se nela os sujeitos, espaços e tempos
que sustentam a modernidade em nome do progresso. Progresso e Educação para
quem? Para quê?
Utilizo a palavra desmanche porque nela estão contidas tanto as ideias de
desestruturação como de reestruturação. O desmanche visa destruir o giro decolonial
(MALDONADO-TORRES, 2007) voltado à cidadania e a autonomia iniciado,
MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.
1324
sobretudo, pelas Pedagogias propostas por Paulo Freire, para, então, estruturar uma
Educação tecnicista, voltada ao mercado e por ele regulada.
O projeto de desmanche está organizado em três frentes fundamentais: o corte de
verbas, que incluem o congelamento do teto, a extinção de bolsas de pesquisa e o
recente “contingenciamento” de 30% das verbas das instituições federais de ensino;
extinção da obrigatoriedade de disciplinas; combate de conteúdos em nome de uma
pretensa neutralidade ideológica que visa, em última instância, esconder a imposição
de uma ideologia de dominação cultural, política e econômica.
A despeito do destaque dado à Educação no período eleitoral, o tripé desse projeto
de desmanche se finca a passos largos. Trata-se de uma das colonizações mais
sintomática do século XXI, aquela que quer sinalizar o espaço da Educação como
base para o desenvolvimentismo e o mercado, solapando lugares de fala, diferenças
e contextuais locais.
A palavra Educação é praticamente onipresente nos discursos de campanha eleitoral.
Parece senso comum a necessidade de valorizar o ensino. O contexto que se delineia
nos últimos três anos no Brasil assinala a distância entre discurso eleitoral e prática
de Políticas Públicas consistentes e dialógicas nesse campo.
Retomo Paulo Freire, para abordar esse distanciamento entre discurso eleitoral e
prática na gestão. “Uma coisa é o discurso do candidato, outra coisa é a prática do
político eleito. Depois de eleitos os políticos não têm nada a ver com o discurso do
candidato” (FREIRE, 2016, p.31).
No Plano de Governo do presidente eleito em 2018, Jair Bolsonaro, intitulado “Brasil
acima de Tudo, Deus acima de Todos”, a palavra “educação” é citada 20 vezes. Uma
das principais propostas é a alteração de conteúdos e métodos e o alinhamento
ideológico inscrito no slogan religioso da campanha: “Conteúdo e método de ensino
precisam ser mudados. Mais matemática, ciências e português, SEM DOUTRINAÇÃO
MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.
1325
E SEXUALIZAÇÃO PRECOCE” (BOLSONARO, 2018). Foram mantidas a caixa alta
e a coloração vermelha tal qual o programa do então candidato.
O programa de governo de Bolsonaro segue criticando as propostas de um dos
pesquisadores mais referenciados no planeta na área do ensino: “Além de mudar o
método de gestão, na Educação também precisamos revisar e modernizar o
conteúdo. Isso inclui a alfabetização, expurgando a ideologia de Paulo Freire,
mudando a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)” (idem). O ataque a Paulo Freire
é sintomático de um projeto político articulado e planejado dentro das premissas
neoliberais e privatistas, voltado para a geração de lucro e produção de trabalhadores
sem direitos mínimos ou mesmo consciência da dominação a que são submetidos –
elaborando a dissimulação e invisibilização dos lugares de fala.
O que hoje nomeamos como lugar de fala (RIBEIRO, 2017) já se elaborava em Paulo
Freire. O educador propunha a articulação do educar às questões do cotidiano e a
emancipação dos sujeitos, inclusive a emancipação política. Proposições, estas, não
só de Paulo Freire, mas de muitas e muitos educadores nomeados e ainda por serem
estudados.
As ideias de Paulo Freire deslocam o monopólio do saber, são, em última análise, o
que se tem pesquisado na academia, ampliado por orientações geopolíticas, de raça,
gênero a que se tem denominado descolonialidade/decolonialidade.
Walter Mignolo assinala o alcance social e temporal da colonialidade. Inscrita nos
regimes de verdade, se alastra desde o renascimento até a onipresença da
globalização. “Não há modernidade sem colonialidade” (MIGNOLO, 2017, p.94).
Do mundo policêntrico e não capitalista ao projeto de expansão globalizada, na base
dessa “modernidade” estão as tramas desumanas e anti-ecológicas que as urdiram.
As mesmas que pretendem invisibilizar no projeto de desmanche da Educação no
Brasil: a escravidão e seus rastros, os espistemicídios, as questões de gênero, as
identidades subalternizadas, a homogeneização dos corpos, a sobreposição do
MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.
1326
extrativismo à conexão com a pacha mama, o patriarcado, a sobreposição da razão
científica sobre os outros saberes, a textolatria e o uso da fé como estratégia de
colonização.
Do século XV ao século XXI as resistências seguem. Boaventura de Souza Santos
assinala que até a II Guerra Mundial 85% do planeta havia sido, ou ainda era, colônia.
(SANTOS, 2007). O empreendimento colonialista, tão bem sucedido, esteve e
permanece no Ensino. Ressoa nos apagamentos e culturas, cosmovisões e,
sobretudo, na elaboração de epistemologia moderna ocidental que orienta boa parte
da produção científica. Esta, inclusive, atrelada ao produtivíssimo acelerado
neoliberal.
No campo das Artes Visuais a colonialidade têm muitas faces: a pintura europeia como
paradigma, o parâmetro das “grandes civilizações” não africanas ou americanas como
berços da arte, a definição de arte dissociada das cosmovisões não-europeias, a
importação não crítica de referências bibliográficas, a observação da arte africana e
indígena com exotismo, o apagamento das cosmovisões dos povos originários, a
implementação de uma referência universalista de linha do tempo de História da Arte
que repete o processo de apagamento do discurso da modernidade.
O projeto de desmanche da Educação pública de qualidade teve na Emenda
Constitucional 95, de dezembro de 206, a consolidação de um de seus eixos. Ela criou
um teto para os gastos públicos por vinte anos. Ou seja, os investimentos na área da
educação não atenderão, entre outras demandas, o aumento constante nos últimos
20 anos de ingresso de estudantes no ensino, como aponta André Salata:
No que diz respeito aos jovens com Ensino Médio completo, a tendência é de claro e acentuado crescimento absoluto – saindo de 3,6 milhões, em 1995, para mais de 12 milhões em 2015 – e percentual – de 20% a quase 60% no período analisado. Em relação aos jovens no Ensino Superior, o quadro é um pouco diferente. Em termos absolutos verificamos uma tendência acentuada de crescimento no período, já que o número de jovens cursando o Ensino Superior (ou com Ensino Superior completo) salta de 1,3 milhões, em 1995, para 5,1 milhões em 2015. (SALATA, 2018)
MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.
1327
Em 2017 foi sancionada pelo então presidente Michel Temer, a Medida Provisória nº
746 que institui alterações profundas no ensino. A medida revogou o artigo segundo
da lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996 que definia “o ensino da arte, especialmente
suas expressões regionais” para “promover o desenvolvimento cultural dos alunos”,
como componentes curriculares obrigatórios da educação infantil e do ensino
fundamental. Revogou, também, a lei 11.684, de 2008, que determina o ensino
obrigatório em todas as séries do ensino médio a Filosofia e a Sociologia. Revogou,
ainda, a Lei nº 11.161, de 5 de agosto de 2005, que dispunha sobre o ensino da língua
espanhola, tornando o Inglês como segunda língua obrigatória. Essa medida ignora
os mais de 15 mil quilômetros de fronteira entre Brasil e países da América Latina em
que se fala Espanhol e outras centenas de línguas de povos originários. Para além da
questão geográfica de fronteira, a medida assinala o alinhamento das relações
internacionais do país cujo eixo deixa de priorizar o Mercosul e as relações culturais
latino-americanas.
A prática de desmanche atua também no campo da pesquisa. Desde o início de 2019
foi anunciado o corte de mais de 6 mil bolsas de pesquisa, quase 7% do total de
bolsas. O valor total do “contingenciamento” de verbas do Ministério da Educação em
2019 passa de R$ 5,8 bilhões, atingindo ensino básico, universidades e instituto
federais.
Ainda sobre o campo direto de interesse do Ensino das Artes, acrescenta-se a
extinção do Ministério da Cultura que incluía programas de produção, reflexão e
circulação no campo das Artes. Muitas das áreas de interesse da Cultura foram
rearticulados para o recém criado Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos
Humanos, coordenado pela advogada e pastora evangélica Damares Alves, que
falaciosamente se apresentara como mestre em Educação.
Nas universidades em implantação, como a UNILA e a Universidade da Integração
internacional da Lusofonia Afro-brasileira (UNILAB), as restrições orçamentárias são
mais graves já que parte do projeto básico previsto está ameaçado antes mesmo de
MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.
1328
ser concluído. Nelas, assim como as demais da rede pública, a maioria dos estudantes
vem de famílias em que nem o pai, nem a mãe, ou quem os criou, teve acesso ao
Ensino superior.
Em maio de 2019 houve o “contingenciamento” de 30% do orçamento para custeio e
investimento nas instituições federais de ensino. Em declaração na audiência na
Comissão de Educação no Senado, o ministro da Educação, Abraham Weintraub,
afirmou que a medida pode ser revogada caso a Reforma da Previdência que tramita
no congresso seja aprovada. Longe de assegurar o direito pleno ao conhecimento
voltado à cidadania, a Educação se tornou moeda de barganha.
Em entrevista o referido ministro afirmou que o bloqueio, se devia à “balbúrdia”
praticada nas universidades: “as universidades que, em vez de procurar melhorar o
desempenho acadêmico, estiverem fazendo balbúrdia, terão verbas reduzidas”
(WEINTRAUB, 2019). Pela referida declaração e pela conduta desde que assumiu a
pasta, o Ministério Público Federal ajuizou por danos morais coletivos aos estudantes
e professores uma ação civil pública contra o ministro da Educação e a União.
De etimologia grega, a palavra “Balbúrdia”, quer dizer gago, ou estrangeiro, se refere
àquele que fala uma língua que não conhecemos (WUNKER, 2019). A etimologia da
palavra e o campo semântico a que pertence alertam ao ataque discursivo, além de
material, aos espaços públicos de Ensino. Trata-se da inaptidão à alteridade de que
trata Marcia Tiburi, nesse caso, estruturada do ponto de vista político para se instaurar
no campo da subjetividade dos sujeitos em formação.
As mudanças no campo do ensino são inerentes, o que cabe discutir é o tipo de
mudanças em curso e a que projeto estão submetidas. Paulo Freire apontava a
importância da mudança constante nos processos de ensino e indicava como as
transformações deveriam ser foco dos educadores: “a principal responsabilidade, para
os educadores é de mudar a educação. As pessoas responsáveis pela educação
deveriam estar inteiramente molhadas pelas águas culturais do momento e do espaço
onde atuam (FREIRE, 2016, p.27). Nessa observação de Paulo Freire é relevante
MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.
1329
assinalar o descompasso das alterações na Educação e a ausência de diálogo com
os educadores.
Nesse contexto as perguntas se agudizam: Qual o papel do ensino das Artes nesse
contexto? Como ensinar Artes a partir de uma perspectiva decolonial? Como resistir
nesse contexto ensinando e aprendendo Artes no plural – de forma a tirar do campo
do exotismo e do excêntrico a maior parte da produção artística e cultural?
Assumir o próprio lugar de fala, percebendo o que se leva e o que se abandona no
processo de Ensino, pode ser um início de esboço de resposta. Aí pode-se começar
a perceber o quanto de colonialidade e de colonizador há no próprio educador. No
campo do Ensino das Artes, perceber se as referências estão centradas unicamente
nos parâmetros modernos europeus, nas produções do circuito de Bienais, Feiras,
galerias. Evidentemente não se trata de descartar esse escopo, mas observá-lo em
seus contextos e, consequentemente, alargar a compreensão de arte e ensino para
artistas, pensadores e práticas até então fora de cena. Assim se possibilita elaborar
processos afirmativos de reparação dos apagamentos colonialistas.
Esse giro não é a operação simples. É uma travessia mais funda. Trata-se de
questionar os regimes de autoridade e delinear práticas e críticas epistemológicas.
Com a dupla finalidade de compartilhar uma proposta decolonial no Ensino das Artes
e, também, como alerta de que práticas em curso poderão ser comprometidas pelo
projeto de desmanche da Educação no Brasil apresento reflexões e práticas de Ensino
das Artes Visuais em andamento na área de Artes Visuais e suas transversalidades
na Universidade Federal da Integração Latino Americana (UNILA)
Localizada em Foz do Iguaçu - fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina, a UNILA
possui um projeto bilíngue, interdisciplinar e latino-americanista. Recebe estudantes
de todas as regiões da América Latina em seus 29 cursos de graduação, 6
especializações, 12 mestrados e 2 programas de doutoramento. Criada pela criada
pela Lei nº 12.189/2010, no governo Lula, durante a gestão de Fernando Haddad, a
UNILA tem como missão formar recursos humanos aptos a contribuir com a integração
MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.
1330
latino-americana, com o desenvolvimento regional e com o intercâmbio cultural,
científico e educacional da América Latina, especialmente no Mercado Comum do Sul.
Em 2019 foram recebidos estudantes com visto humanitário, refugiados e o primeiro
grupo de indígenas aldeados. Além dos latino-americanos, a UNILA recebe
estudantes de Angola, Barbados, Benin, Congo, Gana, Haiti, Costa do Marfim,
Paquistão, República Democrática do Congo, Rússia, Senegal e Síria.
O contexto da criação da UNILA, sua localização, o projeto interdisciplinar e a
variedade de origens de servidores e discentes produz a urgência de se pensar as
práticas de Ensino decoloniais.
Atuo sobretudo no curso “Letras – Artes e Mediação Cultural” (LAMC), proposta que
possui apenas 5 anos com características únicas e ousadas, trata-se “um curso que
jamais existiu na América Latina e de uma universidade também inédita, com vocação
internacional e integradora dos povos” (LESSA, 2019, p. 55). LAMC é composta por
disciplinas de Letras, Artes, Comunicação com intersecções com História,
Antropologia, Audiovisual, Sociologia “na abordagem de teorias que abarcam a
confluência das linguagens verbal, corporal, sonora, visual e plástica”. (UNILA, 2013,
p.5). O curso foi criado a partir de debates
sobre a necessidade de promover a interculturalidade, sabendo que estávamos diante da construção de uma das facetas de um conceito polissêmico devido, sobretudo, ao lugar a partir do qual era enunciado. Sabíamos que teríamos que estabelecer uma relação com este, a partir de uma prática descolonizadora do próprio sujeito – refletindo, dialogando e trazendo para a academia vozes subalternizadas, inferiorizadas e desumanizadas pelo colonialismo. (LESSA, 2019, p.50).
MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.
1331
Figuras 1. Slam de Teodora Régia sobre a questão transgênero na disciplina Genealogia das Artes,
Foz do Iguaçu, 2018. Acervo da autora.
O foco principal é articular saberes e fazeres para desenvolver propostas de Mediação
Cultural consistentes e críticas.
iniciamos uma trajetória – inacabada – em busca da construção de um conceito de mediação cultural no contexto latino-americano. Estávamos cientes de que o conceito complexo, em processo de elaboração e ainda não consolidado, resultava das demandas ocasionadas pelos fluxos migratórios e toda gama de deslocamentos culturais que, de forma intensa e progressiva, vem colocando sujeitos em contato (...) O curso de LAMC se constrói na medida em que tenta oferecer às sociedades latino-americanas profissionais capazes de potencializar diálogos e traduções interculturais a partir de uma reflexão e elaboração sensíveis às idiossincrasias históricas, estéticas, políticas e sociais da região marcadas pelos processos de pós-colonialismo e globalização. É a partir da descrição da formação do curso que emergem as bases para a construção do conceito de mediação cultural no contexto latino-americano. (LESSA, p.52-53).
Nos dois primeiros anos os estudantes cursam, assim como todos os graduandos da
universidade, o Ciclo Comum que inclui disciplinas de Fundamentos da América
Latina sobre temas amplos – da colonização do século XV à televisão no XXI. A
proposta é falar desse espaço geográfico desde uma perspectiva decolonial. Portanto
MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.
1332
não se trata apenas de mudar o foco do espaço analisado, mas a epistemologia com
que se compreende esse lugar diverso e uno. Todos os ingressantes na UNILA
cursam também uma segunda língua. Os brasileiros (que são maioria) cursam
Espanhol e os hispanohablantes cursam Português. São ofertadas como optativas ou
extensão Quechua, Aymara, Alemão, Inglês, Francês, entre outras.
Figura 2. Produção de Eva Bigadein em processos de criação colaborativa intermidiática e bilíngue.
Foz do Iguaçu, 2015. Acervo da autora.
Um dos grandes desafios tem sido propor práticas e reflexões de ensino de forma
decolonial para grupos com repertorio tão distinto, advindos de mais de vinte países
e culturas diversas, muitas delas não articuladas com os estados nacionais mas com
determinados grupos originários. Uso a palavra repertório não apenas para descrever
o conjunto de obras de Artes a que elas e eles tiveram acesso, mas também às
experiências subjetivas, à ideia de ensino, aos campos de interesse, aos valores, às
relações que estabelecem com as tensões vividas no nosso continente.
MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.
1333
Há certamente um contexto que une as e os estudantes. A história de colonização, os
rastros do genocídio indígenas e dos povos africanos sequestrados e trazidos para
cá. Há a concentração de poder nas suas mais variadas escalas – do poder midiático
ao poder da política institucional – comuns a toda América Latina.
Fomentar o giro decolonial na universidade é enfrentar também os desafios das
estruturas de ensino cristalizadas em que há a separação por disciplina (mesmo que
ela se pretenda interdisciplinar), carga horária fixa, sala de aula padronizada, nota,
chamada. Além da escala hierárquica de cargos e títulos. É complexo perceber como
um professor doutor se relaciona com saberes que na sua formação possivelmente
foram desqualificados por serem de uma classe social ou contexto segregados.
Parto das ideias de Paulo Freire e da proposta triangular de Ana Mae Barbosa. A esta
última acrescento um outro eixo, em uma proposta “quadrangular”. Nela incluo, além
do fazer arte, ver arte e contextualizar arte, perceber e praticar a circulação das obra
e saberes. Pensa-se a circulação tanto no momento em que analisamos produções
existentes e também nas práticas criativas.
Essa camada possibilita aprofundar os contextos em que as obras foram criadas e de
que forma elas são vistas ao longo do tempo. Além disso, durante as atividades de
criação, ao pensar na circulação do que criam, os estudantes pensam nos
mecanismos de circulação da imagem e do imaginário contemporâneos, percebendo
os objetos e produtores das Artes como partes de um contexto móvel, em rede, cujos
elementos incluem desde o mercado da arte, o mecenato até as práticas expositivas
museológicas e outras, de uma espécie de Geopoética subalterna, formando estéticas
em trânsito organizadas em comunidades experimentais (LADDAGA, 2012).
MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.
1334
Figura 3. Criação de Pedro Vazquez para a “I Mostra de Letras – Artes e Mediação Cultural” que
culminou com sua pesquisa de conclusão de curso sobre Arte Urbana. Foz do Iguaçu, 2015. Acervo da autora.
Busca-se uma aproximação crítica dos cânones e a incorporação de novas
cosmologias. Propõe-se um afastamento da Arte como um grande processo linear e
evolutivo em que alguns artistas são vistos como gênios. A leitura das obras e suas
contextualizações são articuladas para evidenciar os agenciamentos que produzem
observando técnicas, estéticas e éticas. Nesse sentido “Se reconoce que la
representación ocurre a través de una serie de negociaciones que se dan en diferentes
dimensiones expresando las diferencia y el pluralismo propios de la identidade” (RUIZ,
2020, p.53).
MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.
1335
Figura 4. Registros da disciplina Tópicos Monográficos em Artes Visuais. Foz do Iguaçu, 2015.
Acervo da autora.
Transitamos criticamente, também, pelo que se convencionou chamar de artesanto e
arte naif e popular, observando a desqualificação das práticas de grupos que não se
enquadram no padrão de “civilidade”, de belo ou do refinamento.
Nos últimos anos tenho buscado incluir exemplos de criações dos povos originários e
de artistas que problematizam as questões africanas e afro-brasileiras, muito
orientada pelas leis 10.639/03 e Lei 11.645/08 que regulamentam a obrigatoriedade
do ensino da História e da Cultura desses grandes e diversos grupos (MIOLA e
CORREA, 2017).
MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.
1336
Figura 5. Registros de atividade e obra criada pela estudante Juliana Zacarias. Foz do Iguaçu, 2015.
Busca-se pensar a ideia de Genealogia das Artes como algo vivo, em que cada
estudante pode e deve elaborar sua própria genealogia. Inclusive fazendo parte do
campo da criação em que pode desenvolver suas percepções, imaginações,
apreender realidades. Por meio das artes os estudantes são convidados a
desenvolver a capacidade crítica, permitindo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada. “Relembrando Fanon”, eu diria que a arte capacita um homem ou uma mulher a não ser um estranho em seu meio ambiente nem estrangeiro em seu próprio país. Ela supera o estado de despersonalização, inserindo o indivíduo no lugar ao qual pertence. (BARBOSA, 2015)
MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.
1337
Figuras 6. Registro da montagem da “I Mostra de Arte Contemporânea da Tríplice Fronteira” dos
alunos das disciplinas Estéticas Contemporâneas e Genealogia das Artes, 2018. Acervo da autora.
Nesse sentido desenvolvemos exercícios de criação artísticas como gesto político que
faz com que o estudante se perceba como autor no mundo da arte. Ele convive de
forma crítica e criativa com a historiografia da arte, inscrevendo seu trabalho entre as
produções que conhece. Dessa forma a Genealogia passa por perceber-se como
parte viva dessa construção. Quando digo viva, penso no exercício de criação também
como pesquisa na qual se articulam, de forma investigativa, todo o repertório a que
tiveram acesso e incluem sobre ele uma inscrição material e crítica que irá circular no
mundo. e que cada um pode contribuir e elaborar sua própria genealogia ativamente
em que cada criação revisita todas as outras, instaurando sincronicamente um campo
novo, diacronicamente.
MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.
1338
Figura 7. Descrição e videoinstalção da estudante Talita Augusta. Foz do Iguaçu, 2015.
Acervo da autora.
São múltiplas as linguagens utilizadas pelos estudantes. Incluem desenho, pintura,
colagem, fotografia, stencil, performance, slam, escultura, land art, instalação, vídeo,
videoinstalação, grafite, entre outras. Os trabalhos de pesquisa criativa dialogam tanto
com os cânones tradicionais quanto com as Estéticas Contemporâneas.
MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.
1339
Figura 1. Série de colagens de Felípe Espínola exposta na “I Mostra de Letras – Artes e Mediação Cultural”. Foz do Iguaçu, 2015. Acervo da autora.
Os desafios são muitos. Eles são, também, potência de mediações e resistências a
serem criadas, refletidas e compartilhadas. Desafios urgentes que ressoam
dominações de larga duração. Quiçá a arte siga sensibilizando e a Educação deixe os
discursos eleitorais e se torne o locus coletivo capaz de organizar o grande giro
decolonial.
Referências
BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. São Paulo: Perspectiva, 1991.
________________. Arte, Educação e Cultura. Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/mre000079.pdf. Acessado em 12.05.2015. __________. Tópicos Utópicos. Belo Horizonte: C/Arte, 1998a. __________. (Org.). A compreensão e o prazer da arte. São Paulo: SESC Vila Mariana, 1998b. __________.Arte-Educação no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 2002b. 264 __________.(org.). Arte/Educação contemporânea: consonâncias internacionais. São Paulo: Cortez, 2005.
MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.
1340
BOLSONARO, Jair. Brasil Acima de Tudo, Deus Acima de Todos. Propostas de governo dos candidatos ao cargo de Presidente da República. http://www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-2018/propostas-de-candidatos. Acessado em 20.11.2018.
BOLLOUSIER, Anna. Sem diploma, Damares já se apresentou como mestre em educação e direito. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/01/sem-diploma-damares-ja-se-apresentou-como-mestre-em-educacao-e-direito.shtml Acessado em 01.06.2019
CANCLINI, Néstor García. Culturas híbridas. Estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: Edusp, 2006. Estudantes da Unila denunciam nova ação da PM. Matéria disponível em http://www.vermelho.org.br/noticia/185522-1. Acessado em 24.02.2018.
DECRETO Nº 9.782, DE 3 DE MAIO DE 2019 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D9782.htm. Acessado em 10.05.2019. WEINTRAUB In DUNKER, Christian. A Balbúrdia de Weintraub. https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2019/05/a-balburdia-de-weintraub.shtml. Acessado em 15.05.2019
DUSSEL, Enrique: Decolonialidad y Educación. Disponível em
https://www.youtube.com/watch?v=ORjJRc1BWjs. Acessado em 20.05.2019.
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 95, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2016. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc95.htm Acessado em 18.12.2017. Acessado em 20.05.2019
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008. Gestão Bolsonaro faz corte generalizado em bolsas de pesquisa no país. Folha de São Paulo. Disponível em < https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2019/05/gestao-bolsonaro-faz-corte-generalizado-em-bolsas-de-pesquisa-pelo-pais.shtml>. Acessado em 08.05.2019.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Solidariedade. Rio de Janeiro | São Paulo: Paz e Terra, 2016. ____________. Pedagogia do oprimido. Prefácio de Ernani Maria Fiori. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974. ____________. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.
____________. Cartas a Guiné-Bissau : registros de uma experiência em processo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977; 5 a . edição. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
____________.Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do oprimido. Notas de Ana Maria Araújo Freire. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992 ____________.Pedagogía de la autonomía. Prefacio de Edna Castro de Oliveira. Traducción de Guillermo Palacios. Buenos Aires: Siglo XXI, 2003.
MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.
1341
____________.Pedagogia da indignação: Cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Editora Unesp, 2000.
GÓES, Virginia Santiago dos Santos. Colonialidade do saber e a dinâmica universitária lationoamericana: Reflexões desde e com o Eixo de Fundamentos da América latina da UNILA. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de pós-graduação em Integração Latino-americana, 2018. LEI Nº 12.189, DE 12 DE JANEIRO DE 2010 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/L12189.htm
LESSA, Giane. Desafios da criação do curso de Letras, Artes e Mediação Cultural na Universidade Federal da Integração Latino-americana. In CUNHA, Silvia. Livro de atas do II Congresso Internacional de Mediação Social: a Europa como espaço de diálogo intercultural e de mediação. Braga: CECS - Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade Universidade do Minho, 2019. P.46-68. Disponível em <revistacomsoc.pt/index.php/cecs_ebooks/article/download/3013/2918> Acessado em 30.05.2019.
Letras – Artes e Mediação Cultural | UNILA https://www.youtube.com/watch?v=iSouK_b04hQ Acessado em: 22.02.2018. MIGNOLO, Walter. COLONIALIDADE: O LADO MAIS ESCURO DA MODERNIDADE. Rev. bras. Ci. Soc. [online]. 2017, vol.32, n.94, e329402. MIGNOLO, Walter. The Darker Side of the Renaissance: Literacy, Territoriality, and Colonization. University of Michigan Press, 2003.
MIGNOLO, Walter. Postoccidentalismo: el argumento desde America Latina. In: CASTROGOMEZ, Santiago & MENDIETA, Eduardo (coords.). Teorías sin disciplina: latinoamericanismo, poscolonialidad y globalización en debate. México: Miguel Angel Porrua, 1998. ______________. Histórias locais/projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Trad. Solange Ribeiro de Oliveira. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003. ______________. Os esplendores e as misérias da ciência: colonialidade, geopolítica do conhecimento e pluri-versalidade epistêmica. Em: SANTOS, Boaventura de Sousa (Org.). Conhecimento prudente para uma vida decente: um discurso sobre as ciências revisitado. São Paulo: Cortez, 2004. p. 667-710 ______________. Histórias locais. Projetos globais. Colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. BH: UFMG, 2003. MIOLA, Gabriela Canale (org.). Catálogo I Mostra de Letras Artes e mediação Cultural, 2015. Disponível em https://issuu.com/gabrielacanale/docs/catalogo_revisado Acessado em 24.02.2019. MIOLA, Gabriela Canale; CORREA, Lucas Juliano. Políticas e Poéticas Afirmativas: criação e ensino de Arte na Chave da Cultura Afro-brasileira. Campinas: ANPAP, PUC -CAMPINAS,, 2017. v. 1. disponível em
MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.
1342
http://anpap.org.br/anais/2017/PDF/EAV/26encontro______CORREA_Lucas_Juliano_Pereira_ _MIOLA_Gabriela_Canale.pdf Acessado em: 12.06.2018. Projeto Pedagógico da UNILA https://portal.unila.edu.br/institucional/projeto-pedagogico. Acessado em 10.03.2018. Laboratório Geopoéticas Subalternas. UNTREF. Disponível em < https://geopoeticassubalternas.wordpress.com/investigacion/biointeractividad-y-territorio/>. Acessado em 31.05.2019
LADDAGA, Reinaldo. Estética da emergência: a formação de outra cultura das artes. São Paulo: Martins Fontes, 2012.
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em https://www.iffarroupilha.edu.br/regulamentos-e-legisla%C3%A7%C3%B5es/portarias-e-legisla%C3%A7%C3%B5es/item/1401-lei-n%C2%BA-9-394,-de-20-de-dezembro-de-1996-estabelece-as-diretrizes-e-bases-da-educa%C3%A7%C3%A3o-nacional
Lei 11.684 de 2 de junho de 2008. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11684.htm
MALDONADO-TORRES, Nelson (2007). "Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto", em CASTRO-GÓMEZ, Santiago & GROSFOGUEL, Ramon (coords.) El giro decolonial: reflexiones para uma diversidad epistêmica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos, Pontificia Universidad Javeriana, Instituto Pensar.
MEDIDA PROVISÓRIA Nº 746, DE 22 DE SETEMBRO DE 2016. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Mpv/mpv746.htm. Acessado em 01.03.2019.
MEDIDA PROVISÓRIA Nº 870, DE 1º DE JANEIRO DE 2019 - Estabelece a organização básica dos órgãos da Presidência da República e dos Ministérios. . Acessado em 01.03.2019. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Mpv/mpv870.htm Acessado em 10.05.2019
OLIVEIRA, Elida. 'Não há corte, há contingenciamento', diz ministro sobre orçamento das universidades federais. Site Globo. https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/05/07/nao-ha-corte-ha-contingenciamento-diz-ministro-da-educacao-sobre-orcamento-das-universidades-federais.ghtml Acessado em 07.05.2019
ORTEGA, Pepita. Procuradoria entra com ação de R$ 5 mi contra Weintraub por ‘balbúrdia’. Estado de São Paulo. https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/procuradoria-entra-com-acao-de-r-5-mi-contra-weintraub-por-balburdia/ Acessado em 30.05.2019
QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder, cultura y conocimiento en América Latina (Análisis). En: Ecuador Debate. Descentralización: entre lo global y lo local. Quito: CAAP, no. 44, agosto 1998. p. 227-238
MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.
1343
QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder, globalización y democracia. Tendencias básicas de nuestra época, Caracas, Instituto de Altos Estudios Internacionales Pedro Gual, 2000, pp. 21-65. QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do Poder, Eurocentrismo e América Latina. Em: LANDER, Edgardo (org). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Colección Sur Sur. Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina: CLACSO, 2005a. p. 107-129 RIBEIRO, Darcy. As Américas e a civilização. Processo de formação e causas do desenvolvimento desigual dos povos americanos. São Paulo: Cia das Letras, 2007. _____________. A América Latina Existe? Brasília: Editora UNB, 2010. SANTOS, Boaventura de Sousa. Una epistemología del sur. México, Siglo XXI: CLACSO, 2009. RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento, 2017.
RUIZ, María Ximena Betancourt. La imagen visual de la identidad, entre resistencias y representaciones Hegemónicas In Giros Visuales - Cuadernos del Centro de Estudios en Diseño y Comunicación. Buenos Aires, 2020, p.51-74. Disponível em https://www.academia.edu/37142646/Giros_visuales Acessado em 30.05.2019.
RODRIGUES, Mateus. Portal G1. MEC mantém bloqueio de R$ 5,8 bilhões após revisão orçamentária. Disponível em https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/05/23/mec-mantem-bloqueio-de-r-58-bilhoes-apos-revisao-orcamentaria.ghtml>. Acessado em 23,05.2019.
SALATA, André. Ensino Superior no Brasil das últimas décadas Redução nas desigualdades de acesso? empo soc. [online]. 2018, vol.30, n.2, pp.219-253. ISSN 0103-2070. http://dx.doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2018.125482.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Descolonizar el saber, reinventar el poder. Montevideo, Uruguay: Ediciones Trilce, 2010. SANTOS, Boaventura de Sousa. Para além do Pensamento Abissal: Das linhas globais a uma ecologia de saberes. Revista Crítica de Ciências Sociais [Online], 78 | 2007. Colocado online no dia 01 Outubro 2012, criado a 30 Setembro 2016. Disponível em: http://rccs.revues.org/753. Acesso em 25 abr 2017. TIBURI, Marcia. O Delírio do Poder – Psicopoder e Loucura Coletiva na Era da Desinformação. Rio de Janeiro: Record, 2019.
UNILA (2013). Projeto pedagógico do curso de graduação em Letras – Artes e Mediação Cultural. Foz do Iguaçu: UNILA. Retirado de http://tinyurl.com/ y2puoth2
UNILA recebe primeira turma de indígenas aldeados, refugiados e portadores de visto humanitário. Disponível em https://portal.unila.edu.br/noticias/indigenas-aldeados-refugiados-e-portadores-de-visto-humanitario-realizam-matricula Acessado em 21.02.2019
MIOLA, Gabriela Canale. “Balbúrdia” e colonização: desmanche da educação pública no Brasil e suas ressonâncias no ensino das artes na UNILA, In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 28, Origens, 2019, Cidade de Goiás. Anais [...] Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019. p. 1322-1344.
1344
V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) Graduandos (as) das IFES. Disponível em http://www.andifes.org.br/wp-content/uploads/2019/05/V-Pesquisa-do-Perfil-Socioecon%C3%B4mico-dos-Estudantes-de-Gradua%C3%A7%C3%A3o-das-Universidades-Federais-1.pdf Acessado em 24.05.2019.
WALSH, Catherine. Pedagogías decoloniales caminando y preguntando. Notas a Paulo Freire desde Abya Yala. Revista Entramados - Educación Y Sociedad, Año 1, número 1, 2014. p. 17- 31.
Gabriela Canale Miola
Docente de Artes Visuais no Instituto Latino-Americano de Arte, Cultura e História (ILAACH) na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). É membro do Núcleo de Arte e Tecnologia latino-americano. Coordena o projeto de pesquisa “Arte e Natureza: Poéticas e Pedagogias da Mãe Terra”. Como artista densenvolve trabalhos multimídia investigando conexões entre literatura, fotografia, instalação e audiovisual. Contato: [email protected], [email protected].