aplicaç˜ao de plc (power line communication) no elo de
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Paulo Andre dos Santos
Aplicacao de PLC (Power Line Communication) noelo de realimentacao do controle escalar V/F de um
motor de inducao com cabos longos
Santo Andre2014
Universidade Federal do ABCPos-Graduacao em Engenharia Eletrica
Paulo Andre dos Santos
Aplicacao de PLC (Power Line Communication) no elo de realimentacao docontrole escalar V/F de um motor de inducao com cabos longos
Dissertacao apresentada a Universidade Federal doABC como parte dos requisitos exigidos para a ob-tencao do tıtulo de Mestre em Engenharia Eletrica.
Orientador: Prof. Dr. Carlos Eduardo CapovillaCoorientador:Prof. Dr. Alfeu Joaozinho SguareziFilho
Santo Andre2014
ii
Este exemplar foi revisado e alterado em relação à versão original, de acordo com as observações levantadas pela banca no dia da defesa, sob responsabilidade única do autor e com a anuência de seu orientador. Santo André, ____de _______________ de 20___. Assinatura do autor: _____________________________________ Assinatura do orientador: _________________________________
Um misterio esse negocio de eletricidade. Nin-guem sabia como era. Caso e que funcionava.
Oswald de Andrade
iii
A minha esposa Katia, meu fi-lho Gustavo, meus pais La-zaro e Terezinha e minha so-gra Marlene.
iv
Resumo
A aplicacao de inversores de frequencia, para acionamentos de motores de inducao
trifasicos, e uma pratica bastante difundida nas industrias. Entretanto, em algumas
aplicacoes como em perfuracoes ou areas classificadas, o inversor de frequencia nao
pode estar fisicamente proximo ao motor sendo necessario a utilizacao de cabos
longos para ligar o inversor de frequencia ao motor de inducao.
Os mesmos motivos, que impedem a instalacao do inversor junto ao motor, podem
tornar dispendioso ou inviavel a utilizacao de cabo de dados para transmitir as
informacoes de velocidade do motor ao sistema de controle do inversor de frequencia.
Neste contexto, esse trabalho propoe um sistema de comunicacao, que utiliza como
canal o cabo de energia entre o motor e o inversor, para o envio dos dados de
velocidade do motor ao controle escalar V/f.
Os ruıdos gerados pelo inversor de frequencia e as impedancias distribuıdas ao longo
do cabo de alimentacao do motor, fazem deste canal um meio potencialmente hos-
til a transmissao de dados. As tecnicas de transmissao propostas neste trabalho
demonstram, por meio de simulacao, ser viavel o emprego deste canal no elo de
realimentacao do controle de velocidade do motor de inducao, mesmo sob tais con-
dicoes.
Palavras-chave: PLC, OFDM, QPSK, controle escalar V/f, acionamentos com cabos
longos, motor de inducao.
Abstract
The application of inverter drives for controlling of induction motors is a technique
widely used in the industries. However, in some applications, such as drilling or
hazardous areas, the inverter drive cannot be physically close to the motor, being
necessary to use long cables to connect the one to the induction motor.
By the same reasons, that prevent the installation of the inverter drive close to the
motor, can become expensive or impractical to use data cable to transmit the speed
information from the induction motor to the control system at inverter drive. In
this context, this work proposes a communication system that uses the power cable
between the motor and inverter drive as an information channel, sending the motor
speed data.
The noise generated by the inverter drive and the impedances distributed along the
power cable make this channel potentially a hostile environment for data transmis-
sion. The transmission techniques proposed in this dissertation demonstrate, by
simulations, to be feasible the use of this power channel in the feedback loop speed
control of the induction motor, even with these conditions.
Key-words: PLC, OFDM, QPSK, scalar V/f control, drives long cables, induction
motor.
vi
Agradecimentos
Primeiramente a Deus pela vida e pela oportunidade de realizacao deste curso.
De forma especial ao Prof. Dr. Carlos Eduardo Capovilla pela orientacao segura, amizade,
sugestoes e principalmente pela paciencia. Sem sua valiosa contribuicao nao teria conseguido
atingir estes resultados.
Ao Prof. Dr. Alfeu Joaozinho Sguarezi Filho pela coorientacao, sugestoes, amizade e paciencia.
Ao Prof. Dr. Ivan Roberto S. Casella pela colaboracao e empenho.
Especialmente a minha esposa Katia e meu filho Gustavo pela compreensao, apoio e companhei-
rismo dedicados a mim durante todo o processo de realizacao deste trabalho compreendendo
minha ausencia.
Aos meus Pais Lazaro e Terezinha e minhas queridas irmas Patricia e Andrea, pelos valores
ensinados, companheirismo e dedicacao.
A minha sogra Marlene que se desdobrou em suas atividades de modo a me proporcionar mais
tempo para a dedicacao deste trabalho.
Ao colegas do SENAI em especial ao Prof. Jose Ricardo da Silva que conseguiu garantir a
flexibilizacao de meu horario proporcionando condicoes para a realizacao deste trabalho.
E finalmente, a todos os professores e funcionarios da UFABC que forneceram o conhecimento
necessario para a conclusao desta dissertacao.
vii
Sumario
1 Introducao 1
2 Acionamento de Motores de Inducao 4
2.1 Motores de Inducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.1.1 Modelo do Motor de Inducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Controle do Inversor de Frequencia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2.1 O Controle Escalar V/f . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2.2 PWM Senoidal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.3 Modelagem do Cabo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.3.1 Calculo dos Parametros Eletricos dos Cabos . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.3.2 Influencia da Sobretensao no Sistema de Isolamento do Motor . . . . . . 14
2.4 Resultados de Simulacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.4.1 Configuracao ICM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.4.2 Configuracao ICTM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.4.3 Configuracao ITCTM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3 Transmissao de Dados via Power Line Communication 25
3.1 Codificador Convolucional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.1.1 Representacao Polinomial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.1.2 Representacao por Diagrama de Estados . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.1.3 Representacao por Diagrama de Arvore de Estados . . . . . . . . . . . . 29
3.1.4 Representacao por Diagrama de Trelica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.2 Decodificador Convolucional de Viterbi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.3 Interleaving . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.3.1 Entrelacador de Bloco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.4 QPSK . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.5 OFDM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.5.1 Introducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.5.2 Modulacao Multiportadora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.5.3 Intervalo de Guarda e Prefixo Cıclico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.6 Resultados de simulacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
viii
4 Utilizacao do PLC no Elo de Realimentacao do Controle Escalar 47
4.1 Acoplamento e Desacoplamento do Sinal de Velocidade . . . . . . . . . . . . . . 48
4.2 Simulacao sem ZFE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.3 Equalizador Linear Zero Forcing- ZFE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.4 Simulacao com ZFE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
5 Conclusoes e Trabalhos Futuros 56
Referencias 58
ix
Lista de Figuras
2.1 Circuito equivalente do motor de inducao em regime permanente. . . . . . . . . 5
2.2 Modelo final de acionamento com controle escalar V/f. . . . . . . . . . . . . . . 6
2.3 Razao tensao-frequencia em controle escalar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.4 Curvas de torque em funcao da velocidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.5 Estagios do bloco PWM senoidal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.6 Princıpio de chaveamento de um PWM trifasico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.7 Pulsos com modulacao PWM senoidal para uma fase. . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.8 Indutancias e capacitancias distribuıdas ao longo do cabo. . . . . . . . . . . . . 13
2.9 Velocidade de setpoint ajustada no controle escalar. . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.10 Modelo utilizado na configuracao ICM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.11 Sobretensao nos terminais do motor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.12 Tensao RMS na saıda do inversor e nos terminais do motor. . . . . . . . . . . . 17
2.13 Resposta do controle de velocidade na configuracao ICM. . . . . . . . . . . . . . 18
2.14 Corrente nas fases do motor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.15 Modelo utilizado na configuracao ICTM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.16 Tensao na saıda do inversor e nos terminais do motor. . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.17 Tensao RMS na saıda do inversor e nos terminais do motor. . . . . . . . . . . . 20
2.18 Resposta do controle de velocidade na configuracao ICTM. . . . . . . . . . . . . 20
2.19 Corrente nas fases do motor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.20 Modelo utilizado na configuracao ITCTM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.21 Tensao na saıda do inversor e nos terminais do motor. . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.22 Tensao RMS na saıda do inversor e nos terminais do motor. . . . . . . . . . . . 22
2.23 Resposta do controle de velocidade na configuracao ITCTM. . . . . . . . . . . . 23
2.24 Corrente em uma fase do motor na configuracao ITCTM. . . . . . . . . . . . . . 23
2.25 Corrente nas fases do motor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.26 Fluxo magnetico do motor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.1 Modelo do sistema de comunicacao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.2 CC com taxa de codificacao de 1/2 e K = 3. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.3 Diagrama de estados do CC da Figura 3.2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.4 Arvore de estados para o CC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.5 Diagrama de trelica correspondente ao CC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
x
3.6 Diagrama de trelica correspondente a mensagem m = 1101. . . . . . . . . . . . 31
3.7 Modulacoes MPSK. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.8 Pulso quadrado com amplitude A e tempo T. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.9 Constelacao para modulacao QPSK. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.10 Comparacao entre os sistemas FDM e OFDM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.11 Transmissor OFDM utilizando o metodo da Forca Bruta. . . . . . . . . . . . . . 38
3.12 Receptor OFDM utilizando o metodo da Forca Bruta. . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.13 Transmissor OFDM utilizando IFFT. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.14 Receptor OFDM utilizando FFT. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.15 Sımbolo OFDM com prefixo cıclico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.16 Sinal de velocidade transmitido. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.17 Sinal de velocidade recebido para Eb/No = 5dB. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.18 Sinal de velocidade recebido para Eb/No = 7dB. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.19 Sinal de velocidade recebido para Eb/No = 10dB. . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.20 Taxa de erro de bit do sistema de transmissao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.1 Modelo completo do sistema de controle proposto. . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.2 Filtro passa-alta tipo “T”. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4.3 Acoplamento e desacoplamento do sinal de velocidade. . . . . . . . . . . . . . . 49
4.4 Curva de impedancia do sistema de acoplamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.5 Sinal de velocidade recebido ωmRXcomparado com o transmitido ωmTX
sem ZFE. 50
4.6 Sinal de velocidade ωm comparado com o setpoint SP sem ZFE. . . . . . . . . . 51
4.7 Modelo do canal de comunicacao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.8 Modelo do equalizador ZFE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4.9 Modelo do sistema de comunicacao com ZFE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.10 Sinal de velocidade recebido ωmRXcomparado com o transmitido ωmTX
com ZFE. 53
4.11 Sinal de velocidade ωm comparado com o setpoint SP com ZFE. . . . . . . . . . 54
4.12 Corrente em uma fase do motor de inducao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
4.13 Comparacao da realimentacao direta com a realimentacao via PLC. . . . . . . . 55
xi
Lista de Tabelas
3.1 Construcao do diagrama de estados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.2 Mapeamento para modulacao QPSK. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
xii
Lista de Acronimos
AWGN Additive White Gaussian Noise - Ruıdo Branco Aditivo com DistribuicaoGaussiana
BER Bit Error Rate - Taxa de Erro de bitBPSK Binary Phase Shift Keying - Modulacao Bifase por Deslocamento de FaseCC Codificador ConvolucionalCP Cyclic Prefix - Prefixo CıclicoDFT Discrete Fourier Transform - Transformada Discreta de FourierDSP Digital Signal Processor - Processador Digital de SinaisFC Frequencia de CorteFDM Frequency Division Multiplexing - Multiplexador por Divisao de
FrequenciaFFT Fast Fourier Transform - Transformada Rapida de FourierICI Inter-Carrier Interference - Interferencia entre SubportadorasIDFT Inverse Discrete Fourier Transform - Inversa da Transformada Discreta
de FourierIFFT Inverse Fast Fourier Transform - Inversa da Transformada Rapida
de FourierIGBT Insulated Gate Bipolar Transistor - Transistor Bipolar de Porta IsoladaISI Intersymbol Interference - Interferencia IntersimbolicaLDPC Low Density Parity Check - Matriz de Paridade de Baixa DensidadeOFDM Orthogonal Frequency Division Multiplexing - Multiplexador por Divisao de
Divisao de Frequencia OrtogonalPI Proporcional e IntegralPLC Power Line Communication - Comunicacao via Linha de EnergiaPSK Phase Shift Keying - Modulacao por Deslocamento de FasePWM Pulse Width Modulation - Modulacao por Largura de PulsoQPSK Quadrature Phase Shift Keying - Modulacao em Quadratura
por Deslocamento de FaseRMS Root Mean Square - Valor EficazSP SetpointTRF TransformadorZFE Zero Forcing Equalizer - Equalizador de Forcamento a Zero
xiii
Capıtulo 1Introducao
Os inversores de frequencia sao os equipamentos mais empregados para o aciona-
mento de motores de inducao de baixa tensao nas aplicacoes industriais que requerem
variacao de velocidade. Isso ocorre por conta de inumeras vantagens deste tipo de
acionamento, que vem se tornando cada vez mais confiavel e de baixo custo devido
ao avanco tecnologico dos componentes envolvidos (Pires, 2006).
No entanto, em algumas aplicacoes a instalacao do inversor de frequencia fisica-
mente junto ao motor de inducao nao e viavel, como em areas classificadas ou locais
onde as condicoes de temperatura, pressao ou umidade sao desfavoraveis ao funci-
onamento dos circuitos eletronicos que constituem o inversor (Konate et al., 2010).
Como exemplo podemos citar mineracao em galerias, bombeamento de petroleo em
pocos submarinos ou estabelecimentos industriais que por facilidade de instalacao
e manutencao, o inversor de frequencia e colocado centenas de metros ate varios
quilometros do motor (Von Jouanne et al., 1996).
Para estas aplicacoes e comum a utilizacao de cabos longos ligando o inversor
de frequencia ao motor de inducao. A utilizacao de cabos longos, juntamente com
os pulsos gerados pelo inversor de frequencia, geram sobretensoes nos terminais do
motor. Estudos feitos por Persson (1992) sobre os efeitos das formas de ondas PWM
(Pulse Width Modulation) provenientes dos conversores de potencia acionados por
semicondutores IGBTs (Insulated Gate Bipolar Transistor), sobre o isolamento dos
motores, mostram que pulsos com tempo de subida muito pequeno, transmitido
atraves de longos cabos, originam picos de tensao que extrapolam os limites do
motor.
Estas sobretensoes devem ser minimizada, para que o motor de inducao nao
tenha sua vida util diminuıda e ainda para que o controle de velocidade do motor
tenha uma resposta satisfatoria (Vendrusculo e Pomilio, 2001). Uma solucao para
minimizar a sobretensao seria a utilizacao de transformadores. No entanto devido
a distancia, para limitar as perdas no cabo de alimentacao e reduzir o seu volume,
utiliza-se um transformador elevador e, para os casos em que o motor opera em
baixa tensao, um transformador abaixador e incluıdo ao sistema nas proximidades
do motor (Matias, 2004).
1
Capıtulo 1. Introducao 2
As mesmas condicoes que impedem a instalacao do inversor de frequencia pro-
ximo ao motor de inducao, pode tornar dispendioso o envio da informacao de veloci-
dade vindo do motor ao sistema de controle do inversor de frequencia. A transmissao
de velocidade do motor para a realimentacao do sistema de controle do inversor, nor-
malmente e efetuada via cabos de dados. A transmissao via cabo de dados, como o
par tracado ou cabo coaxial, dependendo da distancia ou das condicoes do ambiente,
pode se tornar excessivamente dispendiosa (Kosonen e Ahola, 2010).
Uma alternativa, proposta neste trabalho, e a utilizacao do propio cabo de ali-
mentacao como canal para a transmissao de velocidade do motor ao sistema de
controle do inversor de frequencia em um sistema conhecido como PLC (Power Line
Communication). O sistema PLC apresenta a vantagem de nao se utilizar cabea-
mento extras uma vez que os cabos de alimentacao ja estao instalados, alem disso,
a transmissao PLC e imune a estrutura fısica industrial como paredes, estruturas
metalicas e pisos.
A transmissao de dados via cabos de energia eletrica e estudado desde de 1920,
mas foi somente pelas recentes evolucoes tecnologicas que foi possıvel aumentar a
confiabilidade e a velocidade da comunicacao por meio das redes eletricas. A princi-
pal tecnica que possibilitou uma substancial melhoria no sistema PLC e a modulacao
multiportadora OFDM (Orthogonal Frequency Division Multiplexing), que por sua
vez se tornou possıvel gracas a evolucao da microeletronica, principalmente dos dis-
positivos DSPs (Digital Signal Processor) que possibilitaram a implementacao de
algorıtimos para as transformadas direta e inversa de Fourier.
Algumas caracterısticas do sistema OFDM justificam sua rapida disseminacao
nos ultimos anos. A principal delas e o aproveitamento eficiente do espectro de
frequencia, outra caracterıstica importante reside no fato de que, desde que a trans-
missao se de com prefixo cıclico CP (Cyclic Prefix ) suficiente, o sinal recebido em
cada subportadora possui boa imunidade contra a interferencia intersimbolica ISI
(Intersymbol Interference). Estas e outras caracterısticas fazem com que o sistema
OFDM seja adotado por importantes padroes de comunicacao digital (IEEE Draft
Standard for Information Technology - Telecommunications and Information Ex-
change Between Systems, 2011).
Nesse contexto, a proposta deste trabalho e verificar a viabilidade tecnica do
uso do PLC no elo de realimentacao do controle escalar V/f do motor de inducao
com cabos longos, ou seja, verificar se cabos longos que ligam o motor ao inversor de
frequencia sao viaveis como canal de transmissao de um sistema PLC que transmitira
o sinal de velocidade do motor ao controle escalar V/f que controla a velocidade deste
mesmo motor.
O modelo de sistema PLC utilizado neste trabalho difere-se das aplicacoes nor-
malmente encontradas na literatura, que o aplicam em redes de distribuicao ele-
trica de ultima milha ou em instalacoes eletricas residenciais e comerciais (Konate
et al., 2008).
A utilizacao do sistema PLC para a comunicacao de dados vindos de um motor de
Capıtulo 1. Introducao 3
inducao em ambiente industrial foi descrita em (Konate et al., 2008), que demonstra
a viabilidade tecnica do sistema, entretanto nao considera os efeitos da utilizacao de
cabos longos.
Esta dissertacao se divide em cinco capıtulos. O primeiro capıtulo introdutorio
e seguido do segundo capıtulo que trata do sistema de acionamento de um motor
de inducao trifasico com cabos longos por meio do controle escalar V/f. O terceiro
capıtulo aborda a tecnica de comunicacao PLC adaptada ao acionamento em ques-
tao, explicando seu principio de funcionamento e verificando sua eficiencia atraves
de um canal AWGN (Additive White Gaussian Noise). O quarto capıtulo, acopla
o sistema de comunicacao PLC, utilizando o cabo de alimentacao do motor como
canal para a transmissao dos dados de velocidade do motor, ao controle escalar V/f
do sistema de acionamento do motor de inducao trifasico. O quinto capıtulo traz o
fechamento da dissertacao, suas conclusoes e sugestoes de trabalhos futuros.
Capıtulo 2Acionamento de Motores de Inducao
O acionamento de motores de inducao trifasicos pode ser feito de diversas formas, seja
utilizando contatores, ou conversores estaticos. Neste trabalho sera abordado o acionamento
utilizando inversores de frequencia, com controle de velocidade escalar V/f e modulador PWM
senoidal. A ligacao entre o motor de inducao e o inversor de frequencia, sera feita utilizando
cabos longos. Esta forma de acionamento gera sobretensoes nos terminais do motor, principal-
mente pela utilizacao de cabos longos, que comprometem seu funcionamento e prejudicam o
controle de velocidade. Uma das formas de minimizar estes efeitos e utilizar transformadores
entre o inversor de frequencia e o motor (Vendrusculo e Pomilio, 2001), que sera abordado neste
trabalho.
Inicialmente sera estudado o modelo classico do motor de inducao. Na sequencia, sera
detalhado o princıpio de funcionamento do Inversor de frequencia, utilizando PWM senoidal
com controle de velocidade escalar V/f, que consiste em um controle do tipo PI (proporcio-
nal/integral) que varia a relacao tensao/frequencia aplicada ao estator do motor. Depois sera
abordada a modelagem dos cabos e por fim, os resultados de simulacao do sistema de aciona-
mento.
2.1 Motores de Inducao
Existem dois tipos construtivos de motores de inducao: motor de rotor bobinado e motor
de rotor em gaiola. O motor de inducao de rotor em gaiola possui um rotor constituıdo por
um nucleo de ferro no qual se encontram condutores ligados na periferia atraves de dois aneis
que os curto-circuitam. Este tipo de construcao, alem de possuir um baixo custo, tem alto
nıvel de robustez, confiabilidade e reduzido momento de inercia. Estas caracterısticas o tor-
naram amplamente utilizados na industria em acionamentos de velocidades constantes, e com
o desenvolvimento da eletronica de potencia, e cada vez mais utilizado em acionamentos com
velocidades ajustaveis por meio de inversores de frequencia (Marques, 2007).
4
Capıtulo 2. Acionamento de Motores de Inducao 5
2.1.1 Modelo do Motor de Inducao
O motor utilizado neste trabalho e um motor de inducao trifasico com potencia de 3,7 kW
(5HP) e tensao de 460V. Para o modelamento deste motor sera utilizado o circuito equivalente
monofasico mostrado na Figura 2.1 em regime permanente (Sen, 2013).
LR
LM
LSRS
IRR
SUS
Figura 2.1: Circuito equivalente do motor de inducao em regime permanente.
O circuito e composto por duas resistencias e tres indutancias, dadas por:
RS representa a resistencia do estator;
LS a indutancia de dispersao do estator;
LM a indutancia de magnetizacao;
LR a indutancia de dispersao do rotor;
RR a resistencia do rotor.
No circuito equivalente a resistencia do rotor aparece dividida pelo escorregamento S. O
escorregamento pode ser definido como:
S =ωS − pωm
ωS
(2.1)
Nos quais:
p e o numero de pares de polos;
ωS velocidade angular sıncrona;
ωm velocidade mecanica do motor.
A velocidade angular mecanica do motor de inducao para p pares de polos e dada por:
ωm =ωS
p(1− S) (2.2)
Pela Equacao 2.2 e possıvel verificar que o controle de velocidade do motor pode ser efetuado
atuando na frequencia de alimentacao do motor ωS, no numero de pares de polos p ou no
escorregamento S. Atuar na frequencia de alimentacao e o metodo mais eficiente, e pode ser
feito atraves de inversores de frequencia (Fitzgerald et al., 2006).
No motor de inducao existem duas regioes de atuacao: a regiao de fluxo constante e a regiao
de enfraquecimento de campo, como mostra a Figura 2.4 que apresenta um conjunto de curvas
de torque em funcao da velocidade.
Capıtulo 2. Acionamento de Motores de Inducao 6
2.2 Controle do Inversor de Frequencia
O desenvolvimento dos sistemas de velocidade ajustavel esta diretamente associado ao de-
senvolvimento da eletronica de potencia, da microeletronica e de novos materiais magneticos
(Pires, 2006). Os inversores de frequencia sao os equipamentos mais empregados para alimen-
tacao de motores de inducao de baixa tensao nas aplicacoes industriais que requerem variacao
de velocidade (Pires, 2006). Os inversores de frequencia comumente possuem dois metodos
de controle para variar a velocidade de um motor de inducao: o controle escalar e o controle
vetorial.
A Figura 2.2 mostra o modelo final do inversor de frequencia para o acionamento de motor
de inducao trifasico com controle escalar desenvolvido neste trabalho.
+- ++
UsDw
m
wm*
Controlador PI Limitador
Controle Escalar V/f
a
wt
Integrador
1/ssen( t-120°)w
sen( t)wsen( t+120°)w
PWMSENOIDAL
wm
Link DC
Tacogerador
CabosLongosMotor de
indução
M3~
TRF1TRF2
T
Figura 2.2: Modelo final de acionamento com controle escalar V/f.
Inicialmente a velocidade mecanica do motor ωm e comparada com o valor ajustado ω∗
m
atraves de um bloco subtrator. O erro gerado pela diferenca entre o setpoint (valor ajustado
ω∗
m) e a velocidade mecanica, e injetado em um bloco de controle PI que tem a funcao de corrigir
este erro de acordo com os ganhos Kp e Ki, gerando em sua saıda um sinal de escorregamento
ωsl que e proporcional a integral do erro no tempo, conforme mostra a Equacao 2.3:
ωsl = (Kp +Ki).(ω∗
m − ωm) (2.3)
Na saıda do bloco de controle PI, um limitador garante que o valor nao extrapole o valor
maximo. Apos o tratamento do erro feito pelo bloco PI e o limitador, soma-se o sinal ωsl a
velocidade mecanica do motor ωm, multiplicado pelo numero de polos, obtendo-se entao o valor
da velocidade sıncrona ωs, conforme a Equacao 2.4.
ωs = ωsl +Np.ωm (2.4)
Apos o somador, ja com o valor da velocidade sıncrona, esta ira gerar os parametros de
amplitude e de frequencia para o motor. O valor de amplitude e obtido atraves da multiplicacao
Capıtulo 2. Acionamento de Motores de Inducao 7
por uma constante “a” que e calculada pela resposta do valor do fluxo magnetico no entreferro
do motor φ que por sua vez, e proporcional a tensao no estator e inversamente proporcional a
frequencia, como mostra a Equacao 2.8 que sera vista adiante. O angulo do sinal de alimentacao
do motor e obtido pela integral do valor da velocidade sıncrona que e defasada em 0, 120 e 240
para se obter as tres fases do sistema trifasico. Estes dois parametros, amplitude e frequencia,
formam a tensao de referencia do modulador PWM conforme a Equacao 2.5.
u(t) = Umax.sen(ω.t± θ) (2.5)
Na qual θ pode ser 0, 120 e 240.
A utilizacao dos transformadores TRF1 e TRF2 se deve ao uso de cabos longos que geram
sobretensoes nos terminais do motor, e a utilizacao destes transformadores minimizam estes
efeitos (Vendrusculo e Pomilio, 1999).
A seguir sera abordado o funcionamento do modelo de acionamento proposto neste trabalho.
2.2.1 O Controle Escalar V/f
O controle eletronico da velocidade, desenvolvido para motores de inducao trifasicos, pos-
sui inumeras aplicacoes em sistemas industriais e comerciais. O controle escalar e amplamente
utilizado em motores de inducao trifasicos de rotor do tipo gaiola devido sua facilidade de im-
plementacao, confiabilidade e custo do sistema. Esse controle consiste na variacao da magnitude
e frequencia da tensao alternada aplicada ao estator (Sen, 2013).
Observando o modelo do motor de inducao em regime permanente da Figura 2.1, e despre-
zando a resistencia e a inducao de dispersao do estator temos que a corrente pode ser calculada
pela Equacao 2.6:
I =US
ω.LM
(2.6)
O fluxo magnetico e dado pela Equacao 2.7:
φ = LM .I (2.7)
Substituindo a Equacao 2.6 na Equacao 2.7, obtem-se a Equacao 2.8:
φ =US
ω(2.8)
A Figura 2.26 mostra a relacao entre tensao e frequencia explicita na Equacao 2.8:
Na Equacao 2.8 e possıvel observar que o fluxo pode ser mantido em um valor constante
variando-se a amplitude da tensao e a frequencia na mesma proporcao. Este e o princıpio
de funcionamento do controle escalar V/f, variar a velocidade do motor de inducao atraves
da frequencia e da tensao de forma a manter o fluxo constante, sem perda de torque. No
entanto, esta aproximacao nao se aplica em frequencias pequenas conforme observado na Figura
2.26, nestes casos e necessario um ajuste no valor de tensao, conhecida como ajuste de boost
(Fitzgerald et al., 2006).
Capıtulo 2. Acionamento de Motores de Inducao 8
Tensão (V)
região de torque constante
Ajuste Freq.(Hz)
fNOMINAL
UNOMINAL
Figura 2.3: Razao tensao-frequencia em controle escalar.
Para velocidades sıncronas inferiores a velocidade nominal a frequencia do inversor deve ser
reduzida abaixo de 60Hz e a magnitude da tensao tambem e reduzida de maneira proporcional
para manter o torque constante e evitar a elevacao do fluxo no entreferro, que poderia resultar
na saturacao do material ferromagnetico (Barbi, 2006). Como demostra a Equacao 2.8.
Ao variar a frequencia e a magnitude da tensao simultaneamente, obteremos uma famılia de
curvas de torque pela velocidade mecanica, conforme a Figura 2.4.
Torque
VelocidadeVelocidadenominal
maxRegião de fluxo constante
Região deEnfraquecimento de Campo
Figura 2.4: Curvas de torque em funcao da velocidade.
Na regiao de fluxo constante, podemos obter uma relevante economia de energia eletrica
em muitas aplicacoes, pois a potencia pode variar de zero watt, ate a potencia nominal. No
entanto, uma possıvel inconveniencia na reducao da velocidade e a reducao na refrigeracao de
motores com ventilador acoplado ao eixo, devendo a potencia desenvolvida ser reduzida nesses
casos para evitar um sobreaquecimento que poderia danificar permanentemente o isolamento
eletrico dos condutores.
Para velocidades sıncronas superiores a velocidade nominal, a frequencia do inversor deve
ser elevada acima de 60Hz. Entretanto, nao e possıvel elevar o valor da tensao aplicada e o fluxo
magnetico no entreferro necessariamente sera reduzido (Ong, 1997), na Figura 2.4 esta condicao
e demonstrada na area denominada como “regiao de enfraquecimento de campo” na qual ocorre
a diminuicao do torque.
Capıtulo 2. Acionamento de Motores de Inducao 9
2.2.2 PWM Senoidal
Com o advento da eletronica, no ultimo seculo, grandes descobertas permitiram ao ser hu-
mano um surpreendente domınio sobre a materia, estas descobertas influenciaram praticamente
todas as atividades humanas. No caso particular dos motores eletricos tres areas do conheci-
mento contribuıram bastante na evolucao do controle (Barbi, 2006):
• Semicondutores de potencia;
• Microeletronica (semicondutores de baixa potencia);
• Materiais magneticos.
Os inversores de frequencia sao atualmente os equipamentos mais empregados para a alimen-
tacao de motores de baixa tensao nas aplicacoes industriais que requerem variacao de velocidade.
Eles operam como uma interface entre a fonte de energia (rede) e o motor de inducao. Na Figura
2.2, o bloco de saıda do inversor de frequencia responsavel por produzir tensoes de amplitude e
frequencia variaveis a partir de fontes de tensao contınua e chamado de PWM senoidal. Este
bloco e composto por quatro estagios (Ong, 1997):
• Retificador;
• Filtro ou Link DC ;
• Transistores IGBT;
• Modulacao PWM.
A Figura 2.5 mostra os estagio que compoe o bloco PWM senoidal utilizado neste estudo.
Retificador Link DC
ModulaçãoPWM
Senoidal
IGBTs
DCAC DC AC
Rede 60Hz
Frequência eTensõesvariáveis
ControleEscalar V/f
Bloco PWM Senoidal
Figura 2.5: Estagios do bloco PWM senoidal.
Retificador
O primeiro bloco trata de um retificador, cuja a funcao e converter a tensao alternada da rede
eletrica, com frequencia fixa em 60 Hz, em uma tensao contınua. Existem algumas configuracoes
possıveis para se obter a retificacao, podendo se utilizar retificadores controlados por meio de
tiristores, ou nao controlados utilizando somente diodos retificadores. Os retificadores ainda se
subdividem em retificadores de onda completa ou de meia onda, sendo que estas configuracoes
dependera basicamente do tipo da rede eletrica (que pode ser monofasica ou trifasica), das
caracterısticas do motor a ser acionado e tambem do custo (Pressman e Billings, 2009).
Capıtulo 2. Acionamento de Motores de Inducao 10
Link DC
O segundo estagio trata do link DC, aqui representado por um capacitor, que tem a funcao
de estabilizar e regular a tensao retificada com armazenamento de energia por meio de um banco
de capacitores. O valor maximo de tensao contınua na saıda deste bloco e aproximadamente o
valor de pico da rede eletrica onde esta ligado o inversor, ou seja√2.URede (Rashid, 2003).
Transistores IGBT
O terceiro estagio e formado por uma ponte de transistores IGBTs, tambem chamada de
ponte de potencia ou ponte inversora, responsavel pela inversao da tensao contınua, proveniente
do link DC, em um sinal alternado com tensao e frequencia variaveis. A Figura 2.6 mostra o
esquema simplificado da ponte inversora formada por transistores IGBTs.
Vdc(Link DC)
TA TB TC
UC
UB
UA
T’A T’B T’C
Figura 2.6: Princıpio de chaveamento de um PWM trifasico.
O modulador PWM enviara sinais na forma de trem de pulsos para comando de chaveamento
dos transistores. Considerando que o motor de inducao opera por uma corrente alternada
senoidal, a combinacao adequada de chaveamento dos transistores levara a reproducao desta
corrente. Os diodos em paralelo com os elementos de comutacao sao chamados de “diodos de
livre passagem”que operam como protecao contra a circulacao de correntes reversas no momento
em que o dispositivo esta no estado desligado, direcionando a passagem das correntes atraves
dos diodos (Pressman e Billings, 2009).
Modulador PWM
A modulacao do tipo PWM consiste na geracao de um trem de pulsos de onda quadrada,
porem com largura do pulso variada, sendo que a tecnica de modulacao PWM senoidal e a
mais popular em aplicacoes industriais (Erickson e Maksimovic, 2010). A Figura 2.7 mostra o
princıpio de funcionamento empregado neste metodo para uma fase. Ja para tres basta realizar
o mesmo procedimento defasando em 120 cada fase uma da outra.
O processo de geracao dos pulsos de comutacao consiste na comparacao de uma portadora,
com forma de onda triangular Vs com um sinal modulante Vt de forma de onda senoidal e de
frequencia igual a que se pretende obter na saıda do inversor. Para os instantes em que o valor
do sinal modulante e maior que o da portadora, o elemento superior da ponte de potencia per-
manece acionado para o ramo correspondente. Para os instantes em que o sinal da portadora
Capıtulo 2. Acionamento de Motores de Inducao 11
vs
vT
V > VT S V > VS T
t
t
a)
b)
Vdc2
Vdc2
Figura 2.7: Pulsos com modulacao PWM senoidal para uma fase.
e maior que o sinal modulante, permanece acionado o elemento inferior da ponte de potencia
(Mohan et al., 2002), ou seja:
Se Vs > VT ; TA saturado e T ′
A em corte ⇒ V =V dc
2
Se Vs < VT ; TA em corte e T ′
A saturado ⇒ V = −V dc
2A Figura 2.7b mostra a forma de onda dos pulsos de comutacao para uma das fases de um
inversor trifasico, as demais fases sao defasadas em ±120.
Sendo fT e VT a frequencia e a amplitude da onda triangular portadora e fS e VS a frequencia
e a amplitude da onda de referencia do sinal modulante, define-se como razao de modulacao de
amplitude, ou ındice de modulacao “ma”, a relacao dada pela Equacao 2.9.
ma =VS
VT
(2.9)
Na qual VS e VT estao em valores de pico.
Este metodo tambem e conhecido como metodo de triangulacao, sub-harmonico ou sub-
oscilacao ou ainda metodo natural. Neste metodo, uma mesma portadora pode ser utilizada
para as tres fases de um inversor trifasico e a largura dos pulsos, bem como o intervalo entre eles,
sao modulados de forma senoidal. Desta forma a onda de tensao obtida na saıda do inversor
tem uma componente fundamental cuja frequencia e amplitude podem ser variadas por meio
da variacao de frequencia do sinal modulante. A analise de Fourier da forma de onda de tensao
obtida e relativamente complicada e pode ser representada pela Equacao 2.10 (Hart, 2010).
v(t) = ma.V dc
2.sen(ωst + φ) + FBessel (2.10)
Capıtulo 2. Acionamento de Motores de Inducao 12
Na qualma corresponde ao ındice de modulacao, ωs e a frequencia angular do sinal modulante
que corresponde a frequencia angular da componente fundamental na saıda do inversor, FBessel
representa os termos harmonicos e φ e um deslocamento de fase da tensao de saıda que depende
da posicao do sinal modulante em relacao a portadora.
Sob condicao ideal o ındice de modulacao pode variar de 0 a 1, de forma que se obtem uma
relacao linear entre o sinal modulante e a tensao de saıda do inversor. Para ma = 1 obtem-se o
maximo valor para a componente fundamental de saıda que e igual a 0,5Vdc, correspondendo a
78,5% da tensao fundamental maxima obtida na saıda de um inversor de onda quadrada. A onda
PWM na saıda do inversor contem harmonicas da portadora com bandas laterais relacionadas
com a frequencia angular do sinal modulante (Ribeiro et al., 1996), que podem ser determinadas
a partir da Equacao 2.11.
ω = MωT ±NωS (2.11)
Na qual ωT e a frequencia angular da portadora, ωS e a frequencia angular do sinal modu-
lante, M e N sao numeros inteiros sendo que M+N resulta em um numero ımpar.
Para 0 ≤ ma ≤ 1, que corresponde a regiao linear de modulacao, a componente de frequencia
fundamental da tensao de saıda varia linearmente com o fator de modulacao ma. Desta foram
o valor eficaz da componente de frequencia fundamental da tensao de linha na saıda do inversor
pode ser obtida por meio da Equacao 2.12 (Skibinski et al., 1997).
VL =
√3√2.ma.V dc = 0, 612.ma.V dc (2.12)
2.3 Modelagem do Cabo
Neste trabalho a ligacao entre o inversor de frequencia e o motor de inducao, e feita
utilizando-se cabos com comprimento de mil metros. De acordo com o NEMA Application
Guide for AC ASD Systems (Bezesky e Kreitzer, 2001), utilizando os modernos IGBTs os efei-
tos iniciais de sobretensao, ou overshoots, comecam aparecer a partir de aproximadamente tres
metros de cabo. Para comprimentos de cabo acima de cento e vinte metros, a tesao pode atingir
mais que dobro do valor da tensao da fonte, alem de o overshoot permanecer existindo por mais
tempo nessas situacoes. Esse comportamento varia em funcao do padrao de pulsos PWM, do
rise time e do proprio tipo de cabo (Vendrusculo, 2001).
Os fatores predominantes para a incidencia de picos de tensao nos terminais do motor ali-
mentado por inversor sao o rise time e o comprimento do cabo. O cabo pode ser considerado
uma linha de transmissao, ou seja, impedancias distribuıdas em secoes de indutancias e capaci-
tancias conectadas em serie e paralelo, conforme ilustra a Figura 2.8. A cada pulso, o inversor
entrega energia ao cabo carregando essas indutancias e capacitancias.
O sinal chega ao motor atraves do cabo e e parcialmente refletido, ocasionando sobretensao,
pois a impedancia de alta frequencia na entrada do motor e maior do que a impedancia do cabo.
Capıtulo 2. Acionamento de Motores de Inducao 13
Inversor
MotorU
L1
C1
L2
C2
L3
C3
Ln
Cn
Figura 2.8: Indutancias e capacitancias distribuıdas ao longo do cabo.
Comprimentos de cabo elevados geralmente aumentam o valor do overshoot nos terminais do
motor.
2.3.1 Calculo dos Parametros Eletricos dos Cabos
Os parametros eletricos de um cabo de alimentacao sao formados por resistencia, condutan-
cia, capacitancia e indutancia, que estao distribuıdas ao longo do cabo. Por este motivo, o cabo
apresenta varias frequencias de ressonancia que dependem do seu comprimento, dos parametros
eletricos alem de outros componentes ligados nas extremidades dos cabo. Uma tecnica para a
estimacao destes parametros e utilizar a frequencia natural de oscilacao do cabo (Vendrusculo
e Pomilio, 1999), conforme a demonstracao a seguir .
O primeiro parametro a ser determinado e a frequencia natural do cabo (f0), que pode ser
calculado de acordo com a Equacao 2.13 (Skibinski et al., 1997).
f0 =1
4.tp(2.13)
Na qual tp e o tempo de propagacao da onda. O segundo parametro a ser calculado e a
permissividade relativa do dieletrico (εr) dado pela Equacao 2.14:
εr = (c
4lcf0)2 (2.14)
Na qual c e a velocidade da luz no espaco. Desta forma, com o comprimento do cabo (lc)
e a frequencia f0, e possıvel determinar a permissividade relativa para calcular a capacitancia
por unidade de comprimento, de acordo com a Equacao 2.15:
C =εrε0π
cosh−1(d
2r)
(2.15)
d e a distancia entre dois condutores, r e o raio do condutor e ε0 e a permissividade no
espaco livre. A indutancia por unidade de comprimento do cabo e calculada a partir do valor
de capacitancia pela Equacao 2.16:
L =εrc2C
(2.16)
O calculo da condutancia e elaborado de acordo com a Equacao 2.17
G = σµ0(4lcf0)2C (2.17)
Capıtulo 2. Acionamento de Motores de Inducao 14
Na qual σ e a condutividade do material isolante do cabo e µ0 e a permeabilidade no espaco
livre.
2.3.2 Influencia da Sobretensao no Sistema de Isolamento do Motor
A evolucao dos semicondutores de potencia tem levado a criacao de chaves mais eficientes,
porem, mais rapidas. As elevadas frequencias de chaveamento das chaves eletronicas empre-
gadas nos inversores atuais, comumente transistores IGBTs, acarretam algumas consequencias
indesejaveis, tais como o aumento de emissao eletromagnetica e a provavel incidencia de picos
de tensao, bem como elevados valores de dV/dt (taxa de variacao da tensao no tempo ou rise
time), nos terminais dos motores alimentados por inversores.
Quando esses inversores sao utilizados em conjunto com um motor de inducao de gaiola, os
pulsos, combinados com as impedancias do cabo e do motor podem gerar, de maneira repetitiva,
sobretensoes nos terminais do motor. Esses trens de pulsos podem reduzir a vida do motor pela
degradacao do seu sistema de isolamento (Skibinski et al., 1997).
O cabo e o motor podem ser considerados um circuito ressonante excitado pelos pulsos
retangulares do inversor. Considera-se a resposta do circuito a essa excitacao de overshoot
quando a tensao media nos terminais do motor atinge 1,35, ou mais, do valor de tensao nominal
(V DC ≥ 1, 35V nom).
Os overshoots afetam especialmente o isolamento entre espiras dos enrolamentos de forma
randomica e seu valor e basicamente determinado pelos seguintes fatores:
• O tempo de subida, ou rise time, do pulso de tensao;
• Comprimento do cabo;
• O mınimo tempo entre pulsos;
• A frequencia de chaveamento;
• Uso de motores multiplos.
Capıtulo 2. Acionamento de Motores de Inducao 15
2.4 Resultados de Simulacao
A simulacao do sistema de acionamento foi executada pelo software SIMULINK/MATLAB,
tendo como base o modelo das Figura 2.2.
Para se verificar o comportamento do sistema do sistema de acionamento, foi criado um sinal
de velocidade hipotetico contendo rampas e velocidades negativas, que forcam o motor a uma
reversao no sentido de giro e exigem uma resposta rapida do controlador, sendo que este sinal
de velocidade e utilizado como setpoint no controlador PI do controle escalar V/f. A Figura 2.9
mostra o perfil de velocidade utilizado.
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5−200
−150
−100
−50
0
50
100
150
200
Tempo(s)
ωm
(ra
d/s)
Figura 2.9: Velocidade de setpoint ajustada no controle escalar.
As figuras que tratam das tensoes no motor foram demonstradas somente para uma fase com
o objetivo de torna-las mais claras e menos poluıdas. As demais fases tiveram o comportamento
identico apenas deslocadas em 120.
A frequencia da portadora do PWM senoidal e de 2kHz, cerca de trinta e tres vezes o valor
da frequencia fundamental, sendo o mınimo recomendado de vinte vezes o valor da fundamental
(Pressman e Billings, 2009). A tensao do link DC foi ajustada em 651V, referente ao valor de
tensao de pico da alimentacao do motor de inducao.
Esta simulacao foi dividida em tres partes com o intuito de melhor demostrar o efeito de
sobretensao nos terminais do motor e as solucoes propostas para corrigir estas sobretensoes, ate
se atingir o modelo final de acionamento mostrado na Figura 2.2.
A primeira parte chamada de ICM (Inversor - Cabo - Motor), consta de um sistema formado
pelo inversor de frequencia, o cabo e o motor sem a utilizacao de transformadores. Com intuito
de minimizar a sobretensao nos terminais do motor, a segunda parte da simulacao acrescenta um
transformador no final do cabo de transmissao, por isso e chamada de ICTM (Inversor - Cabo
- Transformador - Motor). Por ultimo foi acrescentado um segundo transformador na saıda do
inversor, chamado de ITCTM (Inversor - Transformador - Cabo - Transformador - Motor).
Os parametros de simulacao do motor e do cabo utilizados nestas simulacoes sao descritos a
seguir.
Capıtulo 2. Acionamento de Motores de Inducao 16
Motor
Para o modelamento do motor, foi utilizado o bloco Asynchronous Machine configurado
para um modelo de motor de inducao trifasico tipo gaiola de esquilo, com potencia de 3,7kVA
(5HP), tensao de 460V(RMS), 60Hz, 1750RPM, carga de 5 N.m, resistencia de estator de 1,115Ω,
indutancia de estator de 5,974µH, resistencia de rotor de 1,083Ω, indutancia do rotor de 5,974µH
e indutancia de magnetizacao de 203,7µH.
Cabo
Para o modelo do cabo foi utilizado o bloco Distributed Parameter Line, com as seguintes
caracterısticas: cabo tripolar de 4mm2 (3x4mm2), com comprimento de mil metros. Os para-
metros eletricos do cabo foram calculados de acordo com as Equacoes 2.13, 2.14, 2.15, 2.16 e
2.17. Para os calculos foram utilizados os seguintes valores de acordo com Hayt e Buck (2012):
tp=7,4627µs, ε0=8,842F/m, σ ≈ 10−9 e µ0=4π10−7H/m. Os valores obtidos foram:
Resistencia = 5Ω/km;
Indutancia = 536µH/km;
Capacitancia = 106nF/km.
2.4.1 Configuracao ICM
Utilizando a configuracao mais simplificada formada pelo inversor de frequencia, o cabo e
o motor sem a utilizacao de transformadores, conforme a Figura 2.10, esta parte da simulacao
visa mostrar os efeitos de sobretensao gerados pelas caracterısticas de transmissao utilizando
cabos longos e acionamento PWM.
+- ++
UsDw
m
wm*
Controlador PI Limitador
Controle Escalar V/f
a
wt
Integrador
1/ssen( t-120°)w
sen( t)wsen( t+120°)w
PWMSENOIDAL
wm
Link DC
Tacogerador
CabosLongosMotor de
indução
M3~
T
Figura 2.10: Modelo utilizado na configuracao ICM.
Capıtulo 2. Acionamento de Motores de Inducao 17
A Figura 2.11 mostra a sobretensao em uma das fases do motor comparada com a tensao
na saıda do inversor de frequencia.
1 1.01 1.02 1.03 1.04 1.05 1.06 1.07 1.08 1.09 1.1−3000
−2000
−1000
0
1000
2000
3000
Tempo(s)
Ten
são(
V)
Motor
Inversor
Figura 2.11: Sobretensao nos terminais do motor.
Como e possıvel observar, a tensao nos terminais do motor atingem picos superiores a 2,5kV,
sendo que a tensao de pico para as caracterısticas do motor utilizado e de 651VP . Para efeitos
de comparacao a tensao eficaz na saıda do inversor e nos terminais do motor e mostrada na
Figura 2.12.
1 1.01 1.02 1.03 1.04 1.05 1.06 1.07 1.08 1.09 1.1300
350
400
450
500
550
600
650
700
750
800
850
Tempo(s)
Ten
são
( V R
MS )
Motor
Inversor
Figura 2.12: Tensao RMS na saıda do inversor e nos terminais do motor.
Da mesma forma, e possıvel verificar a sobretensao em uma das fases do motor com tensoes
RMS atingindo valores superiores a 800VRMS, quando a tensao nominal seria de 460VRMS.
Capıtulo 2. Acionamento de Motores de Inducao 18
Estes valores de sobretensao, alem de danificarem o funcionamento do motor, tambem in-
terferem no controle de velocidade como mostra a Figura 2.13.
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5−200
−150
−100
−50
0
50
100
150
200
Tempo(s)
ωm
(ra
d/s)
Motor
Setpoint
Figura 2.13: Resposta do controle de velocidade na configuracao ICM.
Apesar da interferencia no controle, e possıvel observar que para determinados ajustes de
velocidade o controle consegue responder de forma adequada, como e o caso nos perıodos de
tempo entre 2s e 3s, no entanto, em outros instantes a velocidade sofre oscilacoes. A Figura
2.14, mostra a corrente nas fases do motor de inducao na velocidade maxima para a configuracao
ICM.
1 1.01 1.02 1.03 1.04 1.05 1.06 1.07 1.08 1.09 1.1−6
−4
−2
0
2
4
6
Tempo (s)
Cor
rent
e (A
)
Figura 2.14: Corrente nas fases do motor.
2.4.2 Configuracao ICTM
Uma solucao para minimizar a sobretensao seria a utilizacao de um transformador no final
do cabo de transmissao, na qual a tensao no secundario seria rebaixada de forma a compensar
os efeitos do cabo longo (Vendrusculo, 2001). A Figura 2.15 mostra esta solucao implementada.
O valor de tensao na saıda do transformador foi calculado atraves de uma relacao direta
tendo como base as formas de onda mostradas na Figura 2.11, no caso, a tensao nos terminais
do motor esta cerca de 3,1 vezes maior que o valor nominal, entao a relacao de transformacao
Capıtulo 2. Acionamento de Motores de Inducao 19
+- ++
UsDw
m
wm*
Controlador PI Limitador
Controle Escalar V/f
a
wt
Integrador
1/ssen( t-120°)w
sen( t)wsen( t+120°)w
PWMSENOIDAL
wm
Link DC
Tacogerador
CabosLongosMotor de
indução
M3~
TRF1
T
Figura 2.15: Modelo utilizado na configuracao ICTM.
foi de 3,1:1. A Figura 2.16 mostra o resultado da tensao nos terminais do motor comparada
com a tensao na saıda do inversor de frequencia.
1 1.01 1.02 1.03 1.04 1.05 1.06 1.07 1.08 1.09 1.1−800
−600
−400
−200
0
200
400
600
800
tempo (s)
Ten
são
(V)
Motor
Inversor
Figura 2.16: Tensao na saıda do inversor e nos terminais do motor.
E possıvel observar que em determinados instantes a tensao nos terminais do motor atingem
picos da ordem de 1,5kV, no entanto, a tensao eficaz ficou muito proxima da tensao nominal
do motor conforme mostra o grafico da Figura 2.17, que compara a tensao eficaz na saıda do
inversor de frequencia e nos terminais do motor.
Apesar dos efeitos de sobretensao terem seus efeitos minimizados com a utilizacao do trans-
formador, a utilizacao deste mesmo transformador ocasionou uma instabilidade na resposta do
motor perante o controle escalar V/f.
Capıtulo 2. Acionamento de Motores de Inducao 20
1 1.01 1.02 1.03 1.04 1.05 1.06 1.07 1.08 1.09 1.1300
320
340
360
380
400
420
440
460
480
500
Tempo (s)
Ten
sao
( V R
MS )
InversorMotor
Figura 2.17: Tensao RMS na saıda do inversor e nos terminais do motor.
A Figura 2.18 mostra a resposta do motor para o perfil de velocidade proposto, para as
mesmas condicoes de simulacao feitas na configuracao ICM.
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5−200
−150
−100
−50
0
50
100
150
200
tempo (s)
ωm
(ra
d/s
)
MotorSetpoint
Figura 2.18: Resposta do controle de velocidade na configuracao ICTM.
A Figura 2.18 demonstra que o controle ocorre para a maioria dos valores de setpoint ajus-
tados mas aparentemente existe uma instabilidade ocasionada que nao e possıvel ser eliminada
pelo ajusto dos parametros PI. A Figura 2.19, mostra a corrente nas fases do motor de inducao
na velocidade maxima para a configuracao ICTM.
Capıtulo 2. Acionamento de Motores de Inducao 21
1 1.01 1.02 1.03 1.04 1.05 1.06 1.07 1.08 1.09 1.1−8
−6
−4
−2
0
2
4
6
8
Tempo (s)
Cor
rent
e (A
)
Figura 2.19: Corrente nas fases do motor.
2.4.3 Configuracao ITCTM
Uma outra solucao possıvel para minimizar a sobretensao seria a utilizacao de dois trans-
formadores. Um transformador com a tensao de secundario aumentada, com relacao de 1:20,
depois do inversor de frequencia e antes do cabo, e um segundo transformador com a tensao de
secundario rebaixada, com relacao de 20:1, depois do cabo e antes do motor (Matias, 2004). A
Figura 2.20 mostra esta solucao implementada.
+- ++
UsDw
m
wm*
Controlador PI Limitador
Controle Escalar V/f
a
wt
Integrador
1/ssen( t-120°)w
sen( t)wsen( t+120°)w
PWMSENOIDAL
wm
Link DC
Tacogerador
CabosLongosMotor de
indução
M3~
TRF1TRF2
T
Figura 2.20: Modelo utilizado na configuracao ITCTM.
Com a utilizacao de dois transformadores, o problema de sobretensao foi sanado, como
mostra a Figura 2.21, que igualmente aos casos anteriores comparam a tensao na saıda do
inversor de frequencia coma tensao nos terminais do motor.
E possıvel notar pelo grafico, que a tensao no motor esta ligeiramente acima do valor de
tensao nominal, mas longe das tensoes de pico nocivas ao isolamento do motor como aquelas
atingidas nas configuracoes anteriores. Outro fato observado foi a forma de onda da tensao que
chega nos terminais do motor que tem o perfil praticamente senoidal, isso se deu pelo efeito
Capıtulo 2. Acionamento de Motores de Inducao 22
1 1.01 1.02 1.03 1.04 1.05 1.06 1.07 1.08 1.09 1.1−800−700−600−500−400−300−200−100
0100200300400500600700800
Tempo (s)
Ten
são
(V)
Inversor
Motor
Figura 2.21: Tensao na saıda do inversor e nos terminais do motor.
indutivo dos enrolamentos dos transformadores que acabaram atuando como um filtro passa-
baixa, bloqueando a frequencia de chaveamento da portadora e filtrando a tensao fundamental
do acionamento PWM.
Ainda como benefıcio desta configuracao, pode-se destacar a reducao da espessura do cabo de
transmissao e a consequente reducao de custo, uma vez que o aumento da tensao pelo primeiro
transformador implica na reducao de corrente que atravessa o cabo.
A Figura 2.22, mostra a comparacao da tensao eficaz na saıda do inversor e nos terminais
do motor para uma analise da tensao eficaz.
1 1.01 1.02 1.03 1.04 1.05 1.06 1.07 1.08 1.09 1.1300
350
400
450
500
550
600
Tempo (s)
Ten
são
( V R
MS )
InversorMotor
Figura 2.22: Tensao RMS na saıda do inversor e nos terminais do motor.
Na Figura 2.22 tambem e possıvel notar que a tensao eficaz no motor esta ligeiramente
acima do valor nominal, o que nao traz prejuızos ao controle de velocidade desenvolvido neste
trabalho. A Figura 2.23 mostra a resposta do motor para o perfil de velocidade proposto.
Capıtulo 2. Acionamento de Motores de Inducao 23
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5−200
−150
−100
−50
0
50
100
150
200
Tempo (s)
ωm
(ra
d/s)
MotorSetpoint
Figura 2.23: Resposta do controle de velocidade na configuracao ITCTM.
A Figura 2.24 mostra a corrente em uma das fases do motor de inducao para a velocidade
maxima.
1 1.01 1.02 1.03 1.04 1.05 1.06 1.07 1.08 1.09 1.1−6
−5
−4
−3
−2
−1
0
1
2
3
4
5
6
Tempo (s)
Cor
rent
e (A
)
Figura 2.24: Corrente em uma fase do motor na configuracao ITCTM.
Ao se comparar os graficos de resposta do controle escalar V/f das configuracoes ICM (Figura
2.13), ICTM (Figura 2.18) e ITCTM (Figura 2.23) fica claro que o sistema que melhor respondeu
ao valor de setpoint foi a configuracao ITCTM. Por este motivo a configuracao ITCTM sera
adotada neste trabalho, pois alem da resposta mais rapida, ficam as vantagens de se utilizar
cabos com espessura menor e uma onda praticamente senoidal nos terminais do motor.
Capıtulo 2. Acionamento de Motores de Inducao 24
A Figura 2.25, mostra a corrente nas fases do motor de inducao na velocidade maxima para
a configuracao ITCTM.
1 1.01 1.02 1.03 1.04 1.05 1.06 1.07 1.08 1.09 1.1−6
−4
−2
0
2
4
6
Tempo (s)
Cor
rent
e (A
)
Figura 2.25: Corrente nas fases do motor.
Um outro dado importante e o fluxo magnetico do motor. O princıpio de funcionamento
do controle escalar V/f e manter o fluxo magnetico em um valor constante, como visto no item
2.2.1, a Figura 2.26 mostra o fluxo magnetico do motor para o perfil de velocidade proposto que
e mostrado como referencia.
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5−2
−1.5
−1
−0.5
0
0.5
1
1.5
2
Tempo (s)
Flu
xo M
agné
tico
(Wb)
setpoint(rad/s) x100
FLUXO MAG.(Wb)
Figura 2.26: Fluxo magnetico do motor.
Como e possıvel verificar, o fluxo magnetico se mantem relativamente constante para as vari-
acoes de velocidade sofrendo pequenas oscilacoes nas mudancas de velocidade, que sao corrigidas
pelo controle PI. Excecao feita para as velocidades nulas, na qual o fluxo tende a zero.
Capıtulo 3Transmissao de Dados via Power LineCommunication
Introducao
No capıtulo anterior foi estudado o sistema de acionamento de um motor de inducao atraves
de cabos longos por meio de um inversor PWM senoidal, no qual o sinal de velocidade do motor
esta acoplado diretamente ao controlador PI. No entanto, a proposta desta dissertacao e utilizar
o proprio cabo de energia como canal para a transmissao do sinal de velocidade vindo do motor.
Para isso se faz necessario utilizar as tecnicas de transmissao de um sistema PLC adaptado a
um sistema de controle em malha fechada.
Em um sistema de transmissao PLC e comum se utilizar, como codigo corretor de erros, a ma-
triz de paridade de baixa densidade LDPC (Low Density Parity Check)(Zhang e Zhang, 2010).
No entanto, a utilizacao dos codigos LDPC propicia um atraso no sinal de aproximadamente
meio segundo (para uma matriz 32.000 x 64.800), o que torna inviavel sua utilizacao em sistema
de controle com realimentacao. A solucao proposta foi substituir o LDPC pelo CC (Codificador
Convolucional), que gera um atraso praticamente desprezıvel no sinal, para um codigo com-
pacto, sem apresentar perdas significativas na taxa de erro de bits, para o canal utilizado neste
trabalho. A Figura 3.1 mostra o esquema de comunicacao utilizado, sendo que o modelo do
canal inicialmente adotado para a implementacao do sistema sera um AWGN.
DAC
ADCCodificador
Convolucional
Decodificadorde Viterbi
Interleaver
Deinterleaver
ModuladorQPSK
DemoduladorQPSK
OFDM
OFDM
Canal
Velocidade
Velocidade
Figura 3.1: Modelo do sistema de comunicacao.
25
Capıtulo 3. Transmissao de Dados via Power Line Communication 26
Inicialmente o sinal de velocidade passa por um conversor analogico/digital, na sequencia
temos o CC, o interleaving, depois o sinal passa por um modulador QPSK (Quadrature Phase
Shift Keying) / OFDM (Orthogonal Frequency Division Multiplexing) formando o sistema trans-
missor.
O sistema receptor e formado pelo demodulador OFDM/QPSK, o deinterleaving, o deco-
dificador de Viterbi e o conversor digital/analogico. Cada bloco do sistema de transmissao
e recepcao sera detalhado de forma individual, e o comportamento do sistema completo sera
simulado utilizando um canal AWGN.
A utilizacao do canal AWGN se deve ao fato de que os modelos de canal PLC encontrados
na literatura, difere do modelo de canal PLC utilizado neste estudo. Os modelos comumente
utilizados se aplicam em redes de distribuicao eletrica de ultima milha ou em instalacoes eletricas
residenciais e comerciais (Konate et al., 2008).
3.1 Codificador Convolucional
O CC e destinado a correcao de erros em bits de uma sequencia de dados transmitidos de
forma digital. Na codificacao em blocos os dados sao tratados em base bloco a bloco, desta
forma o codificador deve armazenar um bloco inteiro antes de gerar a palavra-codigo associada
a este bloco. No entanto, em aplicacoes nas quais os dados chegam de forma serial, ou casos em
que nao existem memoria suficiente para armazenar estes dados em blocos, o uso do CC e uma
opcao (Decai et al., 2008).
O CC binario pode ser visto como uma maquina de estados finitos que consiste em um
registrador de deslocamento de K etapas com conexoes predefinidas de n somadores e um
multiplexador que serializa a saıda do somador. Uma sequencia de mensagens de L bits, produz
uma saıda codificada de n(L+M) bits. A taxa de codigo e dada pela Equacao 3.1.
r =L
n(L+M)bits/sımbolo (3.1)
Normalmente L >> M , entao a taxa de codigo pode ser simplificada pela Equacao 3.2.
r ≃1
nbits/sımbolo (3.2)
O comprimento de restricao de um codigo, em ingles constraint length, e definido como o
numero de deslocamentos ao longo dos quais um unico bit pode influir sobre a saıda do decodi-
ficador. Em um codificador que possui um registro de deslocamento de M etapas, a memoria do
codificador e igual a M bits de mensagem, e K = M +1 deslocamentos sao necessarios para que
um bit entre no registrador de deslocamento e saia. Desta forma, o comprimento de restricao
do codificador e K. A Figura 3.2 exibe um CC com comprimento de restricao igual a 2 (K = 2)
e taxa de codigo de 1/2.
A Figura 3.2 representa o codificador em sua forma pictorial. No entanto, as conexoes
dos operadores logicos podem ser expressas utilizando a forma vetorial pela especificacao de um
conjunto de n vetores conexao, um para cada somador. Cada vetor tem a dimensao K e descreve
as conexoes entre os estagios do registrador de deslocamento e os somadores. No exemplo da
Capıtulo 3. Transmissao de Dados via Power Line Communication 27
+
+
bit deentrada
m
saídaserial
c1
c2
Figura 3.2: CC com taxa de codificacao de 1/2 e K = 3.
Figura 3.2, um vetor de conexoes superior g1 e um vetor de conexoes inferior g2 descrevem as
conexoes da memoria com os dois operadores logicos (Sklar, 2001).
Um na i-esima posicao do vetor indica que o estagio correspondente do registrador de des-
locamento esta conectado ao somador representado pelo vetor e um zero em uma dada posicao
indica que aquela posicao nao e conectada ao somador. Para o codificador da Figura 3.2, pode-se
escrever os vetores conexao g1 e g2 para os dois somadores como:
g1 = 111
g2 = 101
3.1.1 Representacao Polinomial
Em muitas situacoes o CC e representado por n polinomios, sendo cada um a representacao
das conexoes de um dos n operadores logicos da maquina de estados com as posicoes do regis-
trador de deslocamento. Cada polinomio sera um de um grau K − 1 ou menor. Os coeficientes
de cada um dos termos do polinomio de ordem K − 1 serao 1 quando o termo corresponder
a uma posicao em que haja conexao entre a memoria e o operador logico, ou 0 quando nao
existir a conexao. De forma muito similar, a representacao por vetores de conexoes, podemos
adotar g1(D) como polinomio que representa as conexoes superiores e g2(D) como o polinomio
que representa as conexoes inferiores. Desta forma em termos de operador D (operador delay),
teremos:
g1(D) = 1 +D +D2
g2(D) = 1 +D2
Na qual o termo de menor ordem representa o estagio de entrada de dados do registrador
de deslocamento. A sequencia de saıda do codificador pode ser obtida por:
c(D) = m(D)g1(D) intercalado com m(D)g2(D)
Capıtulo 3. Transmissao de Dados via Power Line Communication 28
3.1.2 Representacao por Diagrama de Estados
Uma outra forma de representacao do CC bastante comum e o diagrama de estados (Haykin,
2013). Observando-se o codificador da Figura 3.2 e possıvel perceber que quando um novo bit
entra na primeira posicao do registrador de deslocamento em um instante de tempo t + 1 e o
bit da ultima posicao e descartado, apenas o bit que entrou e os dois bits das posicoes mais a
esquerda da memoria, no instante t, e que influem no valor assumido na saıda, assim como no
novo conteudo da memoria. Portanto pode-se dizer que a saıda do codificador e decorrente do
bit que entra mais os quatro possıveis estados definidos pelos dois primeiros bits do registrador
de deslocamento. O diagrama de estados do codificador apresentado na Figura 3.2 e ilustrado
na Figura 3.3, na qual o conteudo das caixas e o estado atual da maquina de estados. Neste
diagrama ha setas representando as possıveis transicoes entre os estados, junto a elas ha um
texto no formato B/c1c2 , na qual B e o bit que entrou e c1 e c+ 2 os bits resultantes na saıda
do codificador.
00
0110
11
1/11
1/10
1/01
1/00
0/11
0/10
0/01
0/00
a
b c
d
Figura 3.3: Diagrama de estados do CC da Figura 3.2
De acordo com a Figura 3.3, o estado 00 e representado por um cırculo do qual partem
duas transicoes. Uma transicao parte de um estado no tempo t e alcanca um estado no tempo
t + 1 e e representada por uma seta. Para que isso aconteca, e necessario que esteja presente
na entrada um bit B que provoca uma saıda c1c2 proximo a cada transicao. A partir do estado
00, pode-se permanecer nele se a entrada for 0 ou migrar para o estado 10 se a entrada for 1,
conforme mostrado na Tabela3.1.
Capıtulo 3. Transmissao de Dados via Power Line Communication 29
Entrada m Conteudo dos registradores Estado em t Estado em t+1 Saıda em t0 000 00 00 001 100 00 10 110 010 10 01 101 110 10 11 010 011 11 01 011 111 11 11 100 001 01 00 111 101 01 10 00
Tabela 3.1: Construcao do diagrama de estados
3.1.3 Representacao por Diagrama de Arvore de Estados
O diagrama de arvore acrescenta a dimensao de tempo ao diagrama de estado. Ao contrario
do diagrama de estado que nao permite representar a historia do tempo, no diagrama de arvore
a evolucao das mudancas de estado e a resultado na saıda e visıvel, conforme mostrado na Figura
3.4. No diagrama de arvore apresentado pela Figura 3.2, cada ramo vertical representa uma
entrada. Um ramo para cima representa uma entrada 0 ao passo que 1 especifica o ramo inferior.
As saıdas do codificador sao as palavras binarias colocadas sobre os ramos horizontais. Cada
derivacao da arvore, ou no, representa um estado. Assim, para a mensagem m = 1101, pode-se
verificar pelo trajeto representado pela linha mais espessa na Figura 3.4, que a sequencia de
estados correspondentes aos quatro bits da mensagem e 00, 10, 01, 10. As saıdas correspondentes
a esta trajetoria sao 11, 10, 10, 01. Note que cada no representa o instante de tempo em que um
estado e atingido. Por isso, este diagrama permite a obtencao de um historico de transicoes ao
longo do tempo.
3.1.4 Representacao por Diagrama de Trelica
O diagrama de arvore torna-se pouco pratico em funcao do grande numero de ramos do
diagrama, uma alternativa mais pratica ao diagrama de arvore e o diagrama de trelica (Haykin,
2013). No diagrama da Figura 3.4, e possıvel verificar que a arvore se torna repetitiva depois
dos tres primeiros ramos, isso se deve ao fato do comprimento de restricao ser igual a 3(K = 3).
Alem do terceiro ramo , os dois nos rotulados como a sao identicos, e o mesmo acontece com
todos os outros pares de nos que possuem os mesmos rotulos.
O diagrama de trelica focaliza apenas na representacao das possıveis transicoes entre os
possıveis estados do CC. Na Figura 3.5 ha o desenho de um diagrama de trelica correspondente
ao CC da Figura 3.2, em que cada linha de pontos representa um dos possıveis estados. Cada
coluna de pontos e o conjunto de todos os possıveis estados em diferentes instantes de tempo,
com as ligacoes representando as possıveis transicoes entre os estados.
Neste diagrama, os estados sao representados pelos nıveis horizontais e as entradas e saıdas
sao representadas pela mesma convencao utilizada no diagrama de estados, ou seja, m/c1c2, que
sao colocados sobre cada braco da trelica, que por sua vez, representa uma transicao.
A mensagem m = 1101 estabelece, no diagrama de trelica, a trajetoria mostrada na Figura 3.6 ,
Capıtulo 3. Transmissao de Dados via Power Line Communication 30
0
00
00
00
00
00
00
00
00
00
00
00
00
00
00
00
00
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
1
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11a
a
a
a
a
a
a
a
a
b
b
b
b
b
b
b
b
c
c
c
c
c
c
c
d
d
d
d
d
d
d
Figura 3.4: Arvore de estados para o CC.
resultando nas saıdas 11, 10, 10, 01. Note que para esvaziar os registradores do codificador, mais
dois zeros na entrada sao necessarios, resultando em uma saıda complementar igual a 01, 11.
Assim a sequencia de saıda completa para a mensagem m = 1101 torna-se 11, 10, 00, 01, 01, 11.
3.2 Decodificador Convolucional de Viterbi
Os CC devem a sua popularidade ao fato de que, em 1967, Andrew Viterbi apresentou um
algoritmo de decodificacao que causou grande impacto nas comunicacoes devido a sua genera-
lidade de aplicacao, eficiencia e relativa facilidade de realizacao (Rochol, 2012).
O algoritmo de Viterbi e um algoritmo de maxima verossimilhanca (Maximum Likelihood
Decoding), com baixa carga computacional em funcao da utilizacao da estrutura dos diagramas
de trelica dos CC. A vantagem da decodificacao de Viterbi e que a complexidade de um deco-
dificador nao e funcao do numero de sımbolos da sequencia codigo, mas funcao de uma medida
de similaridade ou distancia entre o sinal recebido em um tempo t e todos os bracos da trelica
que entram em cada estado no tempo t. Quando dois bracos entram no mesmo estado em um
tempo t, o que possuir melhor metrica ou maior semelhanca com o sinal recebido e escolhido.
Os percursos mantidos pelo algorıtimo se denominam percursos ativos ou sobreviventes.
Capıtulo 3. Transmissao de Dados via Power Line Communication 31
01
11
00
10
0/00 0/00 0/00 0/00 0/00 0/00
1/11 1/11 1/11 1/11 1/11 1/11
0\10 0\10 0\10 0\10 0\10
1\01 1\01 1\01 1\01 1\01
1\10 1\10 1\10 1\10
1\00 1\00 1\00 1\00
0\11 0\11 0\11 0\11
0\01 0\01 0\01 0\01
Figura 3.5: Diagrama de trelica correspondente ao CC.
01
11
00
10
1\11
1\00
0\10
1\01 0\01
0\11
Figura 3.6: Diagrama de trelica correspondente a mensagem m = 1101.
Existem, basicamente, duas distancias que podem ser utilizadas no algoritmo de Viterbi para
a medida de similaridade entre a sequencia recebida pelo decodificador e as sequencias possıveis
sobre a trelica: a distancia de Hamming, que e utilizada em um processo de decisao chamado
de hard decision, e a distancia Euclidiana, que e utilizado em um processo de decisao chamado
de soft decision.
3.3 Interleaving
O interleaving, ou entrelacador, tem o objetivo de evitar que os erros de rajadas, encontrados
no canal, chegue tambem em rajadas ao receptor, uma vez que a capacidade de correcao do
codigo e limitada a alguns bits por codigo. O interleaving “mistura” os sımbolos de codigo
atraves de uma funcao de permutacao aplicada a uma sequencia de bits (Li e Ayanoglu, 2013).
Capıtulo 3. Transmissao de Dados via Power Line Communication 32
3.3.1 Entrelacador de Bloco
O entrelacador de bloco, ou permutacao, e a maneira classica de entrelacar bits. Para en-
trelacar Nb, bits, deve ser definida urna matriz de entrelacamento com m linhas e n = Nb/m
colunas. O procedimento consiste em preencher as colunas de uma matriz com a sequencia co-
dificada. Depois da matriz estar completamente cheia os sımbolos sao entregues ao modulador
linha a linha e transmitidos pelo canal como ilustrado abaixo:
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
x0
x1
x2...
xnb−1
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
x0 xm · · · x(n−1)m
x1 xm+1 · · · x(n−1)m+1...
.... . .
...xm−1 x2m−1 · · · xmn−1
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
x0
xm
x2m...
xnb−1
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
∣
Procedendo dessa forma, se garante um espacamento de n bits entre os bits consecutivos do
codigo original. Note que, se o ındice do primeiro bit for k = 1, o ındice do bit entrelacado sera
k = m. Dessa forma podemos considerar que o parametro m, da matriz, refere-se a distancia
entre dois bits consecutivos no codigo entrelacado, e o parametro n a separacao mınima entre
dois bits consecutivos no codigo original.
A distancia entre dois bits consecutivos no codigo original, difere de n bits do codigo entre-
lacado somente nos casos em que os bits tenham ındices km − 1 e km, na qual k e qualquer
numero natural positivo menor que n. Nesta situacao a distancia entre os bits e Nb − n, no
codigo entrelacado.
Capıtulo 3. Transmissao de Dados via Power Line Communication 33
3.4 QPSK
O Chaveamento por Deslocamento de Fase em Quadratura, ou QPSK, e uma tecnica de
modulacao derivada do BPSK (Binary Phase Shift Keying), porem com o dobro da eficiencia
de largura de banda, pois dois bits sao transmitidos em um unico sımbolo de modulacao. As
modulacoes BPSK e QPSK, sao consideradas sinais do tipo M-arios, consideradas bidimensionais
por utilizarem dois sinais independentes (seno e cosseno)(Gallager, 2008). O sinal modulado na
forma polar pode ser descrito pela Equacao 3.3.
si(t) = Ac.ps(t).cos(2.π.fc.t +2.π.i
M) (3.3)
Na qual:
ps(t) e uma funcao pulso.
O termo 2.π.iM
representa a mudanca de fase em resposta a um bit recebido. A mudanca maxima
de fase e de 2π por perıodo.
O termo M representa o nıvel de quantizacao para gerar uma das variantes da modulacao PSK.
A variavel i e um numero de 1 a M assim, as fases possıveis sao expressas pela Equacao 3.4.
θi =2.π.i
M(3.4)
Na Equacao 3.3, M representa a ordem de modulacao sendo:
M = 2 equivale a modulacao BPSK;
M = 4 equivale a modulacao QPSK;
M = 8 equivale a modulacao 8PSK, e assim por diante.
Q Q Q
I I I
1
11
110
00
00
1010
0101
ÖES
ÖES
ÖES
ÖES
010011
111
100
101
110
Q
I
000
001
a) b) c) d)
Figura 3.7: Modulacoes MPSK.
Na Figura 3.7 os graficos representam as constelacoes para as modulacoes:
(a)BPSK; (b) e (c)QPSK; (d)8PSK.
Capıtulo 3. Transmissao de Dados via Power Line Communication 34
Para os casos de sinais modulados em PSK de banda base, pode-se utilizar um pulso quadrado
de amplitude A e duracao de tempo T , conforme a Figura 3.8.
A
am
pitude
tempo
T
Figura 3.8: Pulso quadrado com amplitude A e tempo T.
A potencia do sinal e igual a A2 considerando uma carga R = 1Ω. A energia e calculada
como sendo o produto da potencia do sinal e sua duracao, observe a Equacao 3.5.
E = 1 =A2.T
2(3.5)
Isolando a amplitude temos:
A =
√
2
T(3.6)
Substituindo na Equacao 3.3 obtem-se:
si(t) = Ac.
√
2
T.cos(2.π.fc.t+
2.π.i
M) i = 0, 1, . . . ,M (3.7)
Considerando a amplitude da portadoraAc =√Es, podemos obter a expressao de modulacao
de um sinal MPSK, conforme a Equacao 3.8.
si(t) =
√
2.Es
T.cos(2.π.fc.t+
2.π.i
M) i = 0, 1, . . . ,M (3.8)
O primeiro termo da Equacao 3.8 refere-se a magnitude do sinal, que e um valor constante.
O termo restante e uma funcao do angulo de fase do sinal. E possıvel expandir a Equacao 3.8
utilizando a identidade trigonometrica expressa na Equacao 3.9.
cos(A+B) = cos(A). cos(B)− sin(A). sin(B) (3.9)
Capıtulo 3. Transmissao de Dados via Power Line Communication 35
Observe a Equacao 3.10.
si(t) =
√
2.Es
T.[cos(2.π.fc.t). cos(
2.π.i
M)− sin(2.π.fc.t). sin(
2.π.i
M)] (3.10)
Considerando que as fases sao iniciadas em 45, teremos:
si(t) =
√
2.Es
T.[cos(2.π.fc.t). cos(
2.π.i
M+
π
4)− sin(2.π.fc.t). sin(
2.π.i
M+
π
4)] (3.11)
Podemos separar a Equacao 3.11 nos canais Q e I, escalonando os sinais e reescrevendo os
canais de acordo com as Equacoes 3.12 e 3.13.
I =
√
2.Es
T. cos(2.π.fc.t) (3.12)
Q =
√
2.Es
T. sin(2.π.fc.t) (3.13)
Pode-se observar que as Equacoes 3.12 e 3.13 sao ortogonais entre si.
Multiplicando-se o argumento de I e Q com o argumento da Equacao 3.11 e considerando
i = 0, 1, 2, 3 e M = 4, obtemos as Equacoes 3.14 e 3.15.
I =
√
2.Es
T. cos(2.π.fc.t).[cos(
π
4) ou cos(
3π
4) ou cos(
5π
4) ou cos(
7π
4)] (3.14)
Q =
√
2.Es
T. sin(2.π.fc.t).[sin(
π
4) ou sin(
3π
4) ou sin(
5π
4) ou sin(
7π
4)] (3.15)
As Equacoes 3.14 e 3.15, continuam ortogonais entre si, pois o segundo termo da equacao e
uma constante. Assim, podemos finalmente escrever a equacao de modulacao de acordo com a
Equacao 3.16, conhecida como forma em quadratura da equacao de modulacao.
si =
√
2.Es
T. cos(θ(t)). cos(2.π.fc.t)−
√
2.Es
T. sin(θ(t)). sin(2.π.fc.t) (3.16)
Alem da ortogonalidade, temos como amplitude para I o termo√
2.Es
T. cos(θ(t)) e amplitude
para Q o termo√
2.Es
T. sin(θ(t)). Estas amplitudes sao as projecoes do sinal de energia
√Es nos
Capıtulo 3. Transmissao de Dados via Power Line Communication 36
eixos x e y. Assim, um sinal modulado em fase pode ser entendido como um vetor com I e Q
sendo as componentes x e y.
Na modulacao QPSK, existem muitas formas de se mapear os bits para as fases possıveis,
no entanto, o melhor modo para combina-las e fazer com que cada fase adjacente signifique
apenas um bit de diferenca assim, quando se tem um erro de deteccao de fase, somente um bit
e decodificado de forma incorreta. Este tipo de combinacao e obtida com a codificacao Gray.
Na modulacao QPSK, cada dois bits representa um sımbolo totalizando-se um total de quatro
sımbolos. Na Equacao 3.11 se inicia o primeiro sımbolo com 45 e na sequencia troca-se a fase
para 90 cada vez que se troca de sımbolo. Considerando-se fc = 1 e√
2.Es
T=
√2 , temos o
primeiro sımbolo posicionado no primeiro quadrante com os valores de Q e I sendo +1, observe
a tabela 3.2 que demonstra o comportamento para os demais sımbolos:
Sımbolo Bits S(t) Fase() I Q
S1 00√
2.Es
T. cos(2.π.fc.t+
π4) 45 1 1
S2 01√
2.Es
T. cos(2.π.fc.t +
3π4) 135 -1 1
S3 11√
2.Es
T. cos(2.π.fc.t +
5π4) 225 -1 -1
S4 10√
2.Es
T. cos(2.π.fc.t +
7π4) 315 1 -1
Tabela 3.2: Mapeamento para modulacao QPSK.
Considerando a amplitude de I e Q como 1, pode-se representar a constelacao de uma
modulacao QPSK conforme a Figura 3.9, na qual o angulo de modulacao e 90(360/M).
Figura 3.9: Constelacao para modulacao QPSK.
Capıtulo 3. Transmissao de Dados via Power Line Communication 37
3.5 OFDM
3.5.1 Introducao
A OFDM, ou multiplexacao por divisao de frequencia ortogonal, e uma tecnica de modulacao
multiportadora, ou seja, os sinais sao transmitidos em subportadoras que admitem sobreposicao
tanto no tempo como na frequencia e a recuperacao dos sinais transmitidos em cada subporta-
dora e feita explorando sua ortogonalidade.
Algumas caracterısticas do sistema OFDM justificam sua rapida disseminacao nos ultimos
anos. A principal delas e o aproveitamento eficiente do espectro de frequencia, outra caracte-
rıstica importante reside no fato de que, desde que a transmissao se de com prefixo cıclico CP
suficiente, o sinal recebido em cada subportadora possui boa imunidade contra a interferencia
intersimbolica ISI. Estas e outras caracterısticas fazem com que o sistema OFDM seja ado-
tado por importantes padroes de comunicacao digital, como a TV digital (DVB-T, ISDB-T e
ISDB-Tb), redes locais de computadores sem fio (IEEE 802.11 a/g/n), sistema de radio difusao
digital DAB (Digital Audio Broadcast) e tambem sistemas de comunicacao utilizando a linha
de energia eletrica conhecida como PLC que sera objeto de estudo neste trabalho (IEEE Draft
Standard for Information Technology - Telecommunications and Information Exchange Between
Systems, 2011).
3.5.2 Modulacao Multiportadora
Em uma modulacao sequencial utilizando uma unica portadora, os dados sao enviados de
forma serial, ocupando toda a faixa de frequencia. Em um sistema de transmissao baseado na
modulacao multiportadora, os dados sao transmitidos simultaneamente em varias subportado-
ras, utilizando bandas de guarda para separar os espectros dos sinais de cada subportadora do
sinal de transmissao. Esta tecnica e conhecida como FDM (Frequency Division Multiplexing).
A tecnica de modulacao OFDM e uma evolucao ao sistema FDM descrito acima. Na tecnica
OFDM, os sımbolos tambem sao transmitidos de forma paralela atraves de subportadoras, no en-
tanto, existe uma sobreposicao espectral das subportadoras que sao distribuıdas ortogonalmente
entre si, reduzindo a interferencia inter sımbolo ISI (Inter Symbol Interference) (Proakis, 2001).
A Figura 3.10 mostra uma comparacao entre o sistema OFDM e o sistema FDM.
E possıvel verificar que a tecnica OFDM possibilita um uso mais eficiente e otimizado da
largura de banda alocada atraves da distribuicao dos dados por multiplos portadores com espa-
camento preciso.
E possıvel implementar a tecnica OFDM de duas formas: pelo metodo da forca bruta ou
Metodo da IFFT(Inverse Fast Fourier Transform)/FFT(Fast Fourier Transform) (Reimers,
1998).
Metodo da Forca Bruta
O princıpio de geracao de um sinal OFDM, utilizando o metodo da forca bruta, pode ser
divido em 3 partes, conforme a Figura 3.11.
Capıtulo 3. Transmissao de Dados via Power Line Communication 38
f1 f2 f3 f4
am
plit
ud
e
frequência
f1 f2 f3 f4 f5 f6 f7
am
plit
ud
e
frequência
banda disponívelbanda disponível
(a) Sistema FDM (b) Sistema OFDM
Figura 3.10: Comparacao entre os sistemas FDM e OFDM.
real
imcplx
COS( 2)w
SEN( 2)w
Serial/P
ara
lelo
S
real
imcplx
real
imcplx
COS( 1)w
i +jq1 1
q1
q2
qn
i1
i2
in
SEN( 1)w
COS( n)w
SEN( n)w
s(t)m(t) ModulaçãoQPSK
C = i +jqn n n
C1
i +jq2 2
C2
i +jqn n
Cn
Figura 3.11: Transmissor OFDM utilizando o metodo da Forca Bruta.
Na primeira fase os dados originais sao divididos em n feixes paralelos, atraves de um con-
versor serial paralelo.
Dependendo do tipo de modulacao utilizada, os sinais de entrada e saıda, podem ser sinais
complexos. Por exemplo, a modulacao QPSK, adotada neste trabalho, utiliza tanto o eixo real
quanto o imaginario para representar os sımbolos da constelacao porem, uma modulacao BPSK
utiliza somente o eixo real.
Na segunda parte, os varios feixes paralelos (N1, N2, N3 . . . Np) sao modulados em N porta-
doras ortogonais e complexas igualmente espacadas, representadas por ω1, ω2, ω3. . .ωn. A parte
real do sinal de transmissao sera modulada por cos(ωn), enquanto que a parte imaginaria por
sin(ωn).
Capıtulo 3. Transmissao de Dados via Power Line Communication 39
Na terceira parte, os N sinais sao somados gerando assim o sinal OFDM, que pode ser
descrito pela Equacao 3.17:
s(t) =
N−1∑
n=0
[in cos(ωnt) + qn sin(ωnt)] (3.17)
Na qual:
N =numero de portadoras
n =variavel de indexacao das portadoras.
A deteccao do sinal OFDM e realizado de forma inversa a descrita acima. Inicialmente
se utiliza filtros casados, chamados de correlatores, para a separacao das N portadoras. Os
correlatores utilizam a propriedade de ortogonalidade da portadoras do sinal enviado, para a
selecao da parte real, atraves do cos(ωn) do sinal, e da parte imaginaria, atraves do sin(ωn) do
sinal.
Como todas as portadoras sao ortogonais entre si, nao ha interferencias entre os N subcanais
recebidos, realizando a deteccao sem erros para um canal sem distorcao e sem ruıdo.
A analise pode ser observada com o exemplo de recepcao da componente i′1 demonstrada na
Equacao3.18, na qual r(t) e o sinal recebido pelo receptor OFDM:
i′1 =2
T
∫ T
0
r(t) cos(ω1t)dt (3.18)
O equacionamento e similar para as outras componentes do sinal r(t), uma vez que todas
as portadoras possuem um numero inteiro de ciclos no intervalo de T segundos. Por meio da
Figura 3.12, percebe-se que ha a necessidade de sincronismo entre as frequencias geradas na
transmissao e as geradas na recepcao. Desvios de frequencias entre os osciladores de trans-
missao e recepcao nao atendem a ortogonalidade das portadoras, prejudicando sensivelmente a
qualidade do sistema OFDM.
Os diversos osciladores do circuito de recepcao precisam estar em fase para evitar interferen-
cias entre as componentes reais e imaginarias, assim como no circuito de transmissao. Torna-se
necessario sincronizar o sımbolo OFDM para que os correlatores funcionem adequadamente.
Na sequencia estes sinais sao novamente agrupados formando o sinal complexo original, sao
aplicados a um conversor paralelo/serial e depois em um demodulador obtendo uma sequencia
de Bits. A Figura 3.12 mostra o diagrama em blocos do receptor OFDM.
A implementacao deste metodo pode se tornar impraticavel, dependendo do numero de por-
tadoras, pois nesta tecnica o numero de osciladores utilizados e igual ao numero de portadoras.
Alem disso, e necessario que todos os n osciladores complexos estejam em fase, ou seja, para um
numero elevado de portadoras, a dificuldade para obtencao do sincronismo entre os osciladores
aumenta gradativamente e a implementacao torna-se cada vez mais complexa, inviabilizando o
uso desta tecnica em muitas aplicacoes (Young, 2006).
Capıtulo 3. Transmissao de Dados via Power Line Communication 40
r(t)
cos( 1)w
sen( 1)w
ò0
dtt
ò0
dtt
cos( 2)w
sen( 2)w
ò0
dtt
ò0
dtt
cos( n)w
sen( n)w
ò0
dtt
ò0
dtt
C’ = i’ +jq’n n n
real
complexo
imaginárioq’1
i’1
i’ +jq’1 1
real
complexo
imaginárioq’2
i’2
i’ +jq’2 2
real
complexo
imaginárioq’n
i’n
i’ +jq’n n
Demod.QPSK
m(t)
C’1
C’2
C’n
Para
lelo
/Serial
Figura 3.12: Receptor OFDM utilizando o metodo da Forca Bruta.
Metodo da IFFT/FFT
Com o avanco da eletronica digital, em especial o processamento digital de sinais ou DSP,
surge uma nova tecnica para a implementacao da transmissao OFDM, na qual e possıvel dis-
cretizar o sinal no domınio do tempo.
Desta forma nao sera necessario a geracao de N portadoras de forma individual, como no
metodo da forca bruta, o que permite o uso de um numero maior de portadoras, sem com
isso aumentar a complexidade do sistema. No entanto, um numero maior de portadoras, au-
menta o esforco computacional, porem esta desvantagem tende a desaparecer devido aos avancos
tecnologicos que fornecem dispositivos cada vez mais velozes e robustos (Zhang e Zhang, 2010).
O princıpio basico de geracao de um sinal OFDM, utilizando a IFFT, pode ser dividido em
duas fases. A primeira fase e semelhante ao metodo da forca bruta, na qual o sinal original
e dividido em N feixes paralelos, atraves de um conversor serial/paralelo, que representam as
amplitudes das portadoras complexas ainda no domınio da frequencia. Portanto, considere
Cn a sequencia de sımbolos complexos que deseja-se transmitir usando o metodo de modulacao
OFDM, em que cada sımbolo complexo pode ser decomposto como Cn = in+jqn. A transmissao
de dados por modulacao OFDM utiliza blocos de N sımbolos de comprimento para modular N
portadoras com frequencias regularmente espacadas.
O sinal OFDM e uma soma de cossenoides e de senoides com amplitude modulada pelos
sımbolos in e qn, respectivamente, como apresentado na Equacao 3.17.
Desta forma, o sinal OFDM pode ser visto como sendo uma serie de Fourier de N elementos,
na qual as variaveis in e qn sao os coeficientes desta serie (Young, 2006).
Quando se utiliza o processamento digital de sinais DSP, o sinal a ser processado e adqui-
rido atraves de amostragem do sinal a ser transmitido. Desta forma a Equacao 3.17 pode ser
Capıtulo 3. Transmissao de Dados via Power Line Communication 41
analisada no domınio discreto, adotando uma taxa de amostragem expressa por:
fs =1
ts(3.19)
Na qual:
fs e a frequencia de amostragem e
ts e o tempo de amostragem.
Desta maneira a Equacao 3.17 pode ser reescrita da como:
s(t) =N−1∑
n=0
[in cos(ωntsm) + qn sin(ωntsm)] (3.20)
Com m = 0, 1, 2, ..., N − 1. Sendo ωn a frequencia angular digital da portadora amostrada.
Considerando o sinal OFDM em banda base, a frequencia da primeira portadora e nula e as
demais subportadoras sao expressas por: fn = nT; o intervalo de tempo (tm) no qual as amostras
do sinal OFDM sao obtidas, e dado por: tm = m.ts ; e o tempo de sımbolo OFDM e n vezes
maior que o tempo de sımbolo de entrada (ts), ou ainda: T = N.ts .
Adotando as consideracoes acima, a representacao do sinal OFDM amostrado em banda
basica, pode ser escrita como:
s(m) =
N−1∑
n=0
[in cos(ωntsm) + qN sin(ωntsm)]
=N−1∑
n=0
[in cos(2πfn.tsm) + qn sin(2πfn.tsm)]
=
N−1∑
n=0
[in cos(2π.n
T.tsm) + qn sin(2π.
n
T.tsm)]
=N−1∑
n=0
[in cos(2πntsNts
m) + qn sin(2πntsNts
m)]
s(m) =
N−1∑
n=0
Cnej 2πn
Nm com m = 0, 1, 2, ..., N − 1 (3.21)
Na qual, Cn e o sımbolo complexo transmitido na n-esima subportadora e m e a variavel
correspondente ao tempo discreto.
A forma normalmente empregada para definir a inversa da transformada discreta de Fourier
(ITDF) de N pontos e mostrada na Equacao 3.22.
y = ITDFY ⇔ y(n) =1
N.N−1∑
n=0
Ynej 2πn
N (3.22)
Capıtulo 3. Transmissao de Dados via Power Line Communication 42
A semelhanca das Equacoes 3.21 e 3.22, mostra que o sinal pode ser obtido pela ITDF, que
pode ser substituıda pelo algorıtimo IFFT, e que o resultado gera um sinal complexo, no qual a
informacao transmitida esta contida tanto na parte real como na imaginaria. Esta e a segunda
fase da tecnica transmissao OFDM, na qual utiliza-se uma IFFT afim de discretizar o sinal no
domınio do tempo (Reimers, 1998).
A Figura 3.13 mostra o diagrama em blocos de um transmissor OFDM utilizando IFFT:
real
imcplx
Serial/P
ara
lelo
IFFT
real
imcplx
real
imcplx
i +jq1 1
q1
q2
qn
i2
in
s(t)m(t) ModulaçãoQPSK
C = i +jqn n n
C1
i +jq2 2
C2
i +jqn n
Cn
Figura 3.13: Transmissor OFDM utilizando IFFT.
A recepcao do sinal OFDM utilizando o metodo da FFT, ocorre de maneira semelhante
porem invertida ao processo de transmissao. Inicialmente se realiza a transformada rapida de
Fourier, ou seja a FFT de ordem N do sinal em banda basica, obtendo-se entao N sinais, agora
no domınio da frequencia. Apos estes sinais sao aplicados a um conversor paralelo/serial e
finalmente entregues ao demodulador para que os bits sejam recuperados. A Figura 3.14 mostra
o diagrama em blocos de um receptor OFDM utilizando a FFT.
real
imcplx
Pa
rale
lo/S
eria
l
FFT
real
imcplx
real
imcplx
i +jq1 1
q1
q2
qn
i2
i1
in
s(t)
C1
i +jq2 2
C2
i +jqn n
Cn
C’ = i’ +jq’n n n Demod.QPSK
m(t)
Figura 3.14: Receptor OFDM utilizando FFT.
Capıtulo 3. Transmissao de Dados via Power Line Communication 43
3.5.3 Intervalo de Guarda e Prefixo Cıclico
Apesar do OFDM ser considerado um sistema robusto em relacao ao efeitos presentes no
canal de comunicacao, garantindo a ortogonalidade durante a geracao do sinal, esta ortogona-
lidade pode sofrer alteracoes devido a rotacoes de fase e atenuacoes impostas pelo canal em
cada subportadora. Se o receptor apresentar falhas no sincronismo temporal, podera surgir
interferencia intersimbolica ISI.
Para diminuir os efeitos da ISI, e inserido um intervalo de guarda em cada sımbolo OFDM
antes da transmissao do sinal e retirado na recepcao, antes do sinal sofrer a FFT. O tamanho do
intervalo deve ser maior que o maximo atraso do canal de comunicacao. Desta forma pode-se
garantir que um sımbolo do sinal recebido, nao interfira no sımbolo adjacente, eliminando a ISI.
Uma forma de se utilizar o intervalo de guarda e adicionar zeros no inıcio de cada sım-
bolo OFDM, tecnica conhecida como zero-padding (ZP). No entanto, canais dispersivos podem
provocar diferentes atrasos entre as subportadoras provocando interferencia entre elas. Estas
interferencias sao conhecidas como interferencia entre subportadoras - ICI (Inter-Carrier Inter-
ference). A ICI causa perda de ortogonalidade no sistema, pois no domınio temporal, a insercao
de um intervalo de guarda nulo cria uma descontinuidade que faz com que as subportadoras
com diferentes atrasos deixem de ser ortogonais (Morrison et al., 2001).
Uma outra forma de se utilizar o intervalo de guarda foi proposta em 1980 por Peled e Ruiz,
que introduziram a tecnica conhecida como prefixo cıclico (CP) no intervalo de guarda (Peled e
Ruiz, 1980). Esta tecnica consiste em inserir no inıcio de cada sımbolo OFDM, a parte final do
mesmo sımbolo em uma extensao cıclica estendida para o intervalo de guarda, como pode ser
visto na Figura 3.15
Tempo útil do símbolo OFDM (t )uI.G.
Duração total do símbolo OFDM (t )s
Figura 3.15: Sımbolo OFDM com prefixo cıclico
3.6 Resultados de simulacao
A simulacao do sistema de transmissao, foi realizada com o esquema apresentado na Figura
3.1. Para se verificar o comportamento do sistema como um todo, foi criado um sinal de
velocidade hipotetico contendo rampas e velocidades negativas, que forcam o motor a uma
reversao no sentido de giro e exigem uma resposta rapida do controlador. O sinal de velocidade
e utilizado como setpoint no controlador PI, conforme visto no Capıtulo 1.
Capıtulo 3. Transmissao de Dados via Power Line Communication 44
A Figura 3.16 mostra o perfil de velocidade utilizado no sistema de transmissao.
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5−200
−150
−100
−50
0
50
100
150
200
Tempo(s)
Wm
(rad
/s)
Figura 3.16: Sinal de velocidade transmitido.
De acordo com o esquema apresentado na Figura 3.1, o sinal de velocidade passa inicial-
mente por um conversor analogico/digital de 8 bits com um tempo de amostragem de 100µs.
Digitalizado, o sinal sofre na sequencia um processo de codificacao dado pelo CC com um frame
de 16 bits e pelo interleaving, que entrelaca o sinal em uma matriz 4x8.
Apos, o sinal passa por um modulador QPSK que modula o sinal em quadratura, gerando
um sinal complexo que e inserido em um sistema OFDM, na qual o frame gerado possui vinte
sımbolos OFDM, e transmitido em varias subportadoras, dando uma maior robustez ao sinal,
formando o sistema transmissor.
O sistema receptor tem o comportamento inverso. E formado pelo receptor OFDM, pelo
demodulador QPSK, pelo deinterleaving, pelo decodificador de Viterbi e finalmente entregue
ao conversor digital/analogico que reconstitui o sinal analogico. O comportamento do sistema
completo sera simulado utilizando um canal AWGN, conforme a Figura 3.1.
Na primeira parte das simulacoes foi estudado a resposta na saıda do sistema de comunicacao
para o sinal de velocidade proposto na Figura 3.16 variando a relacao sinal ruıdo do canal
AWGN para Eb/No = 5dB, Eb/No = 7dB e Eb/No = 10dB. A Figura 3.17, mostra o resultado
da simulacao feita com o valor de Eb/No de 5dB.
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5−400
−300
−200
−100
0
100
200
300
400
Tempo(s)
Wm
(rad
/s)
Figura 3.17: Sinal de velocidade recebido para Eb/No = 5dB.
Na simulacao com Eb/No = 5dB, a saıda do sistema de comunicacao apresentou um sinal
Capıtulo 3. Transmissao de Dados via Power Line Communication 45
com nıvel muito elevado de erro, como e possıvel observar pela Figura 3.17. Nestas condicoes a
taxa de erro de bit, ou BER (Bit Error Rate), foi de 0,922 (BER = 9, 22.10−1).
A Figura 3.18, mostra o resultado da simulacao feita com o valor de Eb/No de 7dB.
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5−400
−300
−200
−100
0
100
200
300
400
tempo(s)
Wm
(rad
/s)
Figura 3.18: Sinal de velocidade recebido para Eb/No = 7dB.
Na simulacao com Eb/No = 7dB, a saıda do sistema de comunicacao apresentou um sinal
com menor nıvel de erro, como e possıvel observar pela Figura 3.18. Nestas condicoes a taxa de
erro de bit foi de 0,0832 (BER = 8, 32.10−2).
Por ultimo, a Figura 3.19, mostra o resultado da simulacao feita com o valor de Eb/No de
10dB.
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5−200
−150
−100
−50
0
50
100
150
200
Tempo(s)
Wm
(rad
/s)
Figura 3.19: Sinal de velocidade recebido para Eb/No = 10dB.
Na simulacao com Eb/No = 10dB, a saıda do sistema de comunicacao apresentou um sinal
com erros praticamente nulos, como demonstra a Figura 3.19, na qual se observa apenas um
spike no sinal. Nestas condicoes a taxa de erro de bit foi de 0,0000825 (BER = 8, 25.10−5).
Capıtulo 3. Transmissao de Dados via Power Line Communication 46
Na segunda parte da simulacao foi estudado a taxa de erro de bit BER, variando a relacao
sinal/ruıdo do canal AWGN. Os resultados obtidos nesta segunda parte da simulacao estao
demonstrados na Figura 3.20.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
10−4
10−3
10−2
10−1
100
Eb/No(dB)
BE
R
Figura 3.20: Taxa de erro de bit do sistema de transmissao.
Analisando a Figura 3.19 juntamente com a Figura 3.20 e possıvel observar que em condi-
coes normais com Eb/No de 10dB (Azcue et al., 2012) o sistema para canais AWGN funciona
perfeitamente mostrando a robustez do sistema de comunicacao proposto.
No entanto, vale frisar que esta simulacao visa a verificacao do sistema de transmissao de
forma isolada, utilizando apenas como canal o ruıdo branco. No capıtulo 3 este sistema sera
inserido entre o motor e um inversor de frequencia atraves de cabos longos, quando sera possıvel
verificar entao o comportamento do sistema PLC com a adocao do sistema de acoplamento,
mais o modelo do canal de comunicacao, no cenario proposto.
Capıtulo 4Utilizacao do PLC no Elo de Realimentacao do
Controle Escalar
No Capitulo 2 foi abordado um sistema de acionamento de motores de inducao trifasico com
cabos longos utilizando um controle escalar V/f, com a velocidade do motor sendo acoplado
diretamente no controlador PI. No Capıtulo 3, foi estudado o sistema de transmissao de dados
via PLC como um sistema isolado, utilizando apenas um canal com ruıdo branco AWGN, sem
acoplamento, para verificar seu comportamento. Neste capıtulo, o sistema de transmissao foi
inserido no elo de realimentacao, do controlador escalar V/f, conforme mostrado na Figura 4.1
M
3~Rede
3~
TransmissorPLC
ReceptorPLC
Cabo1km
Conversor defrequência
Redeelétrica
Motor deindução
TRF1 TRF2
wmwm
Figura 4.1: Modelo completo do sistema de controle proposto.
O sinal de velocidade mecanica ωm, do motor de inducao e ligado ao sistema de transmis-
sao sendo condicionado para ser enviado via cabo de energia. Os sinais I e Q da modulacao
QPSK/OFDM sao enviados em fases diferentes, a componente real em uma fase e a componente
imaginaria em outra, conforme e detalhado na Figura 4.3.
O acoplamento do sinal na saıda do transmissor ao cabo de alimentacao do motor e feita por
meio de um filtro passa-alta. Apos atravessar o cabo o sinal e desacoplado, tambem por meio
de um filtro passa-alta, e entra no receptor no qual recebera o tratamento inverso do sistema de
transmissao PLC. O sinal e entregue ao controlador escalar V/f que deve controlar a velocidade
do motor de acordo com o valor de setpoint e do valor de velocidade vindo do motor.
Neste trabalho, a simulacao foi dividida em duas partes: a primeira sem a utilizacao do
equalizador linear, que tem a funcao de remover ou minimizar a interferencia intra-sımbolo, e a
segunda simulacao utilizando o equalizador linear.
47
Capıtulo 4. Utilizacao do PLC no Elo de Realimentacao do Controle Escalar 48
Na primeira simulacao sera apresentada de forma a justificar a utilizacao de equalizacao do
sistema PLC, que nao foi necessaria na simulacao do capıtulo tres devido as caracterısticas do
canal AWGN. Na sequencia, sera abordado o circuito de acoplamento e desacoplamento do sinal
de velocidade, o metodo de equalizacao linear Zero Forcing Equalizer (ZFE) que sera aplicado ao
sistema de transmissao, e por fim, serao mostrados os resultados da segunda parte da simulacao
utilizando o equalizador linear.
4.1 Acoplamento e Desacoplamento do Sinal de Veloci-
dade
O acoplamento e desacoplamento formam uma parte fundamental do sistema, pois deles
dependem a superposicao dos dados de velocidade na forma de onda da alimentacao do motor.
E necessario que o acoplamento permita a passagem do sinal a ser transmitido para o cabo e
que ao mesmo tempo evite que a tensao de alimentacao do motor, proveniente do acionamento
PWM, entre no circuito de transmissao ou recepcao, pois isso pode destruir o mesmo (Ahola
et al., 2003).
O sinal de velocidade vindo do motor de inducao e acoplado e desacoplado ao cabo de
alimentacao do motor por meio de um filtro passa-alta. O tipo de filtro escolhido interfere
diretamente na qualidade de transmissao do sinal, uma vez que um filtro inadequado pode
atenuar severamente o sinal de informacao de velocidade.
Neste trabalho sera utilizado o acoplamento direto em um filtro passa-alta, usando com-
ponentes discretos como indutores e capacitores. A vantagem do acoplamento direto e nao
necessitar de nenhum elemento de isolamento, eliminado do circuito componentes caros permi-
tindo um projeto mais economico. A desvantagem e o risco de choque eletrico uma vez que
o circuito de acoplamento e desacoplamento e ligado diretamente na linha de alimentacao por
meio de indutores e capacitores formando uma conexao galvanica (Barbante, 2009).
Para garantir que a tensao de alimentacao do motor nao interfira no sinal de informacao
de velocidade no momento do acoplamento e desacoplamento, a frequencia de corte deve ser
escolhida de forma que ofereca uma margem de seguranca em relacao as frequencias do sinal
PWM, tanto da fundamental de 60Hz como da frequencia da portadora de 2kHz, no entanto,
nao deve ser um valor muito elevado para nao atenuar o sinal a ser transmitido. Com base
nestes dados a frequencia de corte adotada foi de 5kHz, que mantem uma boa margem do
sinal proveniente do PWM ao mesmo tempo que se encontra abaixo do sinal de informacao
transmitido, que possui uma taxa de amostragem de 10kHz.
Para uma melhor atenuacao de baixas frequencias, sera utilizado um acoplamento direto
do tipo “T”, que consiste de dois capacitores ligados em serie com um indutor desviando as
frequencias baixas para o neutro (Prajapati et al., 2006). A Figura 4.2 mostra a configuracao
do filtro passa-alta utilizado.
Capıtulo 4. Utilizacao do PLC no Elo de Realimentacao do Controle Escalar 49
C1C2
L1
Figura 4.2: Filtro passa-alta tipo “T”.
Para o circuito da Figura 4.2, a frequencia de corte fc e calculada por:
fc =1
2.π.√L.C
(4.1)
Utilizando a Equacao 4.1 e adotando um indutor de 1mH (valor comercial), obtem-se um
capacitor de 1,01µF. Para adequar os componentes a valores comerciais sera adotado um capa-
citor de 1µF e um indutor de 1mH. Assim, a frequencia de corte recalculada com estes valores
sera de 5,033kHz, que esta compatıvel com as consideracoes feitas anteriormente sobre o valor
da frequencia de corte.
A Figura 4.3mostra o esquema de ligacao de acoplamento e desacoplamento utilizado. Sendo
dois circuitos de acoplamento e desacoplamento, um utilizado para o acoplamento do sinal I e
outro para o sinal Q da modulacao OFDM/QPSK. Assim, cada compomente (real e imaginaria)
sera acoplada em uma fase distinta de alimentacao do motor.
Cabo1km
ReceptorPLC
Conversor defrequência
TRF1
M
3~
TransmissorPLC
Motor deindução
TRF2
C1 C2
L1
C3
Acoplamento
C4
L2
C5
Desacoplamento
C6
L3
C7 C8
L4
wmwm
Q
Q
I
I
I
I
Figura 4.3: Acoplamento e desacoplamento do sinal de velocidade.
A Figura 4.4 mostra o grafico de impedancia em funcao da frequencia para o sistema de aco-
plamento apresentado na Figura 4.2, este conectado ao cabo de alimentacao do motor conforme
a Figura 4.3, na qual pode-se observar uma variacao praticamente plana da impedancia da fase
em relacao ao terra ate aproximadamente 10KHz.
Capıtulo 4. Utilizacao do PLC no Elo de Realimentacao do Controle Escalar 50
100
101
102
103
104
105
100
101
102
103
104
105
Impe
danc
e (o
hms)
Frequency (Hz)
Figura 4.4: Curva de impedancia do sistema de acoplamento.
4.2 Simulacao sem ZFE
Nesta primeira etapa da simulacao, o sistema de comunicacao via PLC que foi acoplado
ao sistema de acionamento e identico ao modelo apresentado no Capıtulo 3. No entanto, ao se
acrescentar o cabo como canal, interferencias adicionais (alem do ruıdo branco) foram acrescidas
e o sistema de comunicacao apresentou uma taxa de erro muito superior a simulacao feita
anteriormente. O aumento da taxa de erro era esperada, mas o valor atingido inviabiliza sua
utilizacao em um controle realimentado. A Figura 4.5 mostra o resultado do sinal recebido
(ωmRX) e o sinal transmitido pelo motor (ωmTX
).
Figura 4.5: Sinal de velocidade recebido ωmRXcomparado com o transmitido ωmTX
sem ZFE.
Como e possıvel notar o sinal recebido apresenta um nıvel alto de erro, nesta aplicacao a
taxa de erro de bit ficou em 0,5. A Figura 4.6, mostra o valor de setpoint (SP) e o valor de
velocidade do motor (ωm).
O controlador escalar nao consegue atuar de forma satisfatoria na velocidade do motor devido
ao sinal recebido apresentar grande taxa de erro de bit.
Capıtulo 4. Utilizacao do PLC no Elo de Realimentacao do Controle Escalar 51
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5−200
−150
−100
−50
0
50
100
150
200
Tempo(S)
ωm
(rad
/s)
ωm
SP
Figura 4.6: Sinal de velocidade ωm comparado com o setpoint SP sem ZFE.
4.3 Equalizador Linear Zero Forcing- ZFE
Na simulacao anterior o canal PLC apresentou uma taxa de erro de bit muita alta, o que
inviabilizou o controle de velocidade do motor. Para se compensar os efeitos do canal PLC
pode-se utilizar os equalizadores lineares. O processo de equalizacao linear e uma estrategia
interessante para estas situacoes na qual a transmissao e feita sobre um canal que sofre um
termo adicional de interferencia alem do ruıdo branco. A funcao do equalizador linear e remover
ou minimizar a interferencia intra-sımbolo trazendo a BER a nıveis aceitaveis. A Figura 4.7
mostra um modelo do canal de comunicacao:
TransmissorPLC
wm CANAL PLCH[k]
a[k]
Sx[k] y[k]
h[k]
EqualizadorZFEW[k]
a[k]
Figura 4.7: Modelo do canal de comunicacao.
A saıda do transmissor PLC gera um sinal de informacao a[k] que passara pelo canal PLC
formando o sinal x[k]. Na entrada do equalizador o sinal x[k] e afetado pelo ruıdo η[k], que e
um ruıdo branco AWGN , formando o novo sinal y[k]. O equalizador tem a funcao de regenerar
o sinal de sua entrada, para isso a funcao de transferencia do equalizador deve ser a inversa
da funcao de transferencia do canal para que a saıda a[k] seja a mais proxima possıvel do sinal
transmitido a[k]. O metodo de inverter a funcao de transferencia do canal W [k] para multiplicar
com o sinal vindo do canal y[k] de forma a forcar a zero os efeitos deste canal, e conhecido como
ZFE. O metodo e explicado a seguir.
A partir da Figura 4.7, e possıvel expressar sinal recebido y[k] como:
y[k] =
L∑
n=0
Hn[k]a[k − n] + η[k]
Capıtulo 4. Utilizacao do PLC no Elo de Realimentacao do Controle Escalar 52
= [H0[k] H1[k] · · · HL[k]]
a[k]a[k − 1]
...a[k − L]
+ η[k]
y[k] = HT [k]a[k] + η[k] (4.2)
Para que o equalizador consiga compensar os efeitos do canal temos que H [k] ∗ W [k] =
0, na qual “ * ” representa a operacao de convolucao. Para se calcular o valor de W [k] e
possıvel converter a operacao de convolucao entre H [k] e W [k] em um produto matricial (Ueng
et al., 2006) como:
H [k].W [k] = v
O valor de W[k], que sera denominada de WZF [k] na qual o ındice “ZF” indica a equalizacao
Zero Forcing, pode ser calculado por:
WZF = (H [k])−1.v (4.3)
No entanto, o sistema apresentado na Equacao 4.3 nao possui inversa, pois a matriz de
coeficientes do canal H[k] nao e uma matriz quadrada. Uma solucao possıvel para este sistema
seria a utilizacao do conceito de matriz pseudo-inversa de Moore-Penrose (Ueng et al., 2006).
Sua definicao e:
H+ = HH(HHH)−1
Desta forma o vetor de W[k] pode ser dado por:
WPINV [k] = H+v
O ZFE nao leva em consideracao o ruıdo η[k], que por se tratar de um ruido branco AWGN
pode ser anulado por outros metodos como o codificador convolucional e o interleaving como e
o caso deste trabalho. No entanto, esta caracterıstica pode levar a degradacao do desempenho
devido a amplificacao do ruıdo η[k] (Asif et al., 2012). A Figura 4.8 mostra o esquema adotado
neste trabalho.
PINV
X
y[k] = H[k] a[k]
a[k]
a[k]H[k] W[k]
Figura 4.8: Modelo do equalizador ZFE.
O primeiro bloco mostra a divisao do sinal recebido y[k] pelo sinal de informacao a[k], para
se obter uma estimativa do do canal PLC H [k]. O proximo bloco inverte o canal PLC formando
o vetor W [k] que e multiplicado pelo sinal recebido y[k] resultando no sinal de informacao a[k].
Capıtulo 4. Utilizacao do PLC no Elo de Realimentacao do Controle Escalar 53
4.4 Simulacao com ZFE
Na simulacao anterior o comportamento dinamico acrescido pelo uso do canal PLC, tornou
inviavel o controle do velocidade do motor. Uma solucao para estas situacoes, na qual o canal
adiciona interferencias, alem do ruıdo branco, e a utilizacao do equalizador linear ZFE como
visto no item anterior. A Figura 4.9 mostra o diagrama do novo modelo de comunicacao PLC,
agora acrescido do ZFE, na qual o canal e composto pelo ruido AWGN mais a dinamica do cabo
durante o acionamento da maquina.
DAC
ADCCodificador
Convolucional
Decodificadorde Viterbi
Interleaver
Deinterleaver
ModuladorQPSK
DemoduladorQPSK
OFDM
OFDM
EqualizadorLinearZFE
Canal
Velocidade
Velocidade
Figura 4.9: Modelo do sistema de comunicacao com ZFE.
O ajuste do ZFE, se deu pelo previo conhecimento do sinal transmitido o que facilitou o
modelamento dinamico do canal PLC, uma vez que se tornou possıvel a comparacao do sinal
recebido com o transmitido.
A Figura 4.10 mostra a resposta do sistema completo, comparando sinal recebido (ωmRX) e
o sinal transmitido pelo motor (ωmTX) com o ZFE.
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5−200
−150
−100
−50
0
50
100
150
200
Tempo(s)
ωm
(rad
/s)
ωmRX
ωmTX
Figura 4.10: Sinal de velocidade recebido ωmRXcomparado com o transmitido ωmTX
com ZFE.
O valor da BER nesta aplicacao ficou em torno de 0,031. A Figura 4.11 mostra o sinal
transmitido pelo motor (ωm) comparado com o valor de setpoint.
Como e possıvel se observar pela Figura 4.11, o motor de inducao trifasico, com a utilizacao
de cabos longos, respondeu adequadamente ao controle escalar V/f. Em outras palavras, mesmo
utilizando o sistema PLC no elo de realimentacao do controle escalar, a velocidade do motor
ficou dentro do perfil de velocidade ajustado no setpoint do controlador PI.
Capıtulo 4. Utilizacao do PLC no Elo de Realimentacao do Controle Escalar 54
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5−200
−150
−100
−50
0
50
100
150
200
Tempo(s)
ωm
(rad
/s)
ωm
SP
Figura 4.11: Sinal de velocidade ωm comparado com o setpoint SP com ZFE.
A Figura 4.12 mostra a corrente em uma das fases do motor de inducao para a velocidade
maxima, as demais fases foram omitidas pois tiveram o comportamento identico, apenas deslo-
cadas em 120. A figura mostra que nao existem ruıdos ou spikes, o que enfatiza o funcionamento
do sistema proposto.
1 1.01 1.02 1.03 1.04 1.05 1.06 1.07 1.08 1.09 1.1−6
−5
−4
−3
−2
−1
0
1
2
3
4
5
6
Tempo (s)
Cor
rent
e (A
)
Figura 4.12: Corrente em uma fase do motor de inducao.
Capıtulo 4. Utilizacao do PLC no Elo de Realimentacao do Controle Escalar 55
Para efeito de comparacao, a Figura 4.13 mostra a resposta do motor utilizando realimen-
tacao direta de velocidade no controlador com o sistema de realimentacao por meio de PLC
proposto neste estudo.
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
200
Tempo (s)
wm
(rad/s
)
PLCDireta
Figura 4.13: Comparacao da realimentacao direta com a realimentacao via PLC.
E possıvel observar que o motor apresentou praticamente a mesma resposta para os dois mo-
delos de realimentacao. Um pequeno atraso e notado na realimentacao via PLC principalmente
para uma excitacao em degrau, mas nada que comprometa o controle de velocidade.
Os pequenos atrasos observados na Figura 4.13 para o sistema de controle escalar utilizando
o PLC no elo de realimentacao, em comparacao com a realimentacao direta, ocorrem devido
ao processo de transmissao e recepcao que o sinal de velocidade sofre. No entanto, mesmo com
estes pequenos atrasos, o sistema apresenta uma boa resposta ao controle escalar V/f.
Examinado as respostas obtidas nas simulacoes, e possıvel verificar a viabilidade do sistema
PLC no elo de realimentacao do controle escalar V/f no acionamento de motores de inducao
trifasicos com cabos longos, observando as tecnicas adequadas de correcao de erros.
Capıtulo 5Conclusoes e Trabalhos Futuros
Este trabalho abordou a aplicacao de PLC no elo de realimentacao do controle escalar V/F
do motor de inducao com cabos longos. O objetivo era verificar se o cabos longos, utilizados
na ligacao entre o motor de inducao e o inversor de frequencia, poderiam ser utilizados como
canal de transmissao no qual seria enviado o sinal de velocidade do motor de inducao para a
realimentacao do controle escalar do inversor de frequencia.
No Capıtulo 2 foi desenvolvido um modelo de inversor de frequencia com controle escalar
V/f utilizando cabos longos para o acionamento do motor de inducao. A utilizacao de cabos
de comprimento na ordem de um quilometro, associado aos pulsos dos IGBTs na saıda do
inversor de frequencia promovem uma sobretensao nos terminais do motor, que causam sua
degradacao e interferem no controle de velocidade. Foram testadas tres simulacoes, com o
intuito de comparar os acionamento sem transformadores, com um transformador no final do
cabo de transmissao e com dois transformadores. O acionamento sem transformador serviu de
parametro para a comparacao das demais simulacoes. Utilizando um transformador no final
do cabo de transmissao, diminuindo a tensao no secundario, o problema de sobretensao foi
resolvido, no entanto, a resposta do controle de velocidade ficou instavel em algumas faixas do
setpoint. A melhor solucao foi a utilizacao de dois transformadores sendo um transformador
elevador de tensao na saıda do inversor e um transformador rebaixador de tensao nos terminais
o motor. Esta solucao, alem de diminuir a sobretensao, proporcionou uma resposta rapida ao
controle de velocidade do motor se demostrando, nas simulacoes, a melhor opcao de acionamento
com cabos longos alem de permitir a utilizacao de cabos de menor espessura que acarreta em
diminuicao de custo.
No Capıtulo 3, foi abordado um modelo de transmissao PLC. Para esta aplicacao classica-
mente se utiliza a modulacao QPSK juntamente com o OFDM, acrescidos de codigos corretores
de erros. A simulacao utilizando um canal com ruıdo AWGN se comportou de forma bastante
satisfatoria, mostrando robustez mesmo para uma severa relacao sinal/ruıdo.
No Capıtulo 4, o sistema de transmissao via PLC foi inserido no elo de realimentacao do
inversor de frequencia. Na primeira parte da simulacao, os resultados nao foram satisfatorios
devido a alta taxa de erro de bit, que inviabilizou seu uso. Nestas situacoes, onde existe um
canal que acrescenta um aumento da taxa de erro de bits, alem da proporcionada pelo ruıdo
branco AWGN, e comum se utilizar os equalizadores digitais que tem a funcao de atenuar ou
56
Capıtulo 5. Conclusoes e Trabalhos Futuros 57
eliminar os efeitos deste canais. Neste trabalho foi escolhido o equalizador zero forcing ZFE,
devido a sua baixa complexidade computacional e boa resposta. Conforme demonstrado na
segunda parte da simulacao, agora acrescido do ZFE no sistema de comunicacao, a resposta do
sistema foi satisfatoria, mostrando a robustez do sistema PLC em um meio bastante hostil a
essa forma de transmissao.
Diante das analises realizadas foi possıvel demostrar que em aplicacoes com cabos longos,
onde o inversor de frequencia nao se encontra fisicamente junto ao motor de inducao, a utilizacao
destes mesmos cabos como canal na transmissao dos dados de velocidade vindos do motor e
conduzidos ate o controlador de velocidade e uma solucao tecnicamente viavel, desde que se
utilize as tecnicas adequadas a correcao de erros e ruıdos proveniente deste canal.
Trabalhos Futuros
Como sugestao de trabalhos futuros, um item que pode ser melhor explorado seria o tipo
de acoplamento utilizado, como o acoplamento indutivo indicado em (Kosonen e Ahola, 2010),
juntamente com a implementacao pratica. A melhoria no sistema de acoplamento pode otimizar
os resultados. Neste caso um estudo mais aprofundado nos tipos disponıveis e o impacto na
resposta do sistema seria um diferencial a ser considerado.
A utilizacao de outras tecnicas de controle como o controle vetorial, substituindo o controle
escalar V/f e suas limitacoes, principalmente em baixas frequencias de acionamento, acarretaria
em respostas mais rapidas e exatas.
Neste trabalho foi utilizado o equalizador linear ZFE, no entanto outras tecnicas de equa-
lizacao como os equalizadores nao lineares podem apresentar melhor desempenho com outras
tecnicas de ajuste dinamico do modelamento do canal.
O estudo de um sistema wireless como alternativa ao sistema PLC poderia ser viavel em
varias aplicacoes, para tanto seria necessario um estudo das tecnicas de transmissao wireless
comparadas com o sistema PLC, identificando os pros e contras de cada sistema.
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