aplicaÇÃo de um modelo didÁtico de referÊncia para o ... · desenvolvimento de um produto...
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APLICAÇÃO DE UM MODELO
DIDÁTICO DE REFERÊNCIA PARA O
PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO
DE PRODUTO
Alvaro Dutra Dias de Souza (UFV)
Luana Cassia Pinto (UFV)
paula vanessa silva freitas (UFV)
RAFAELA CAMPOS DA SILVA (UFV)
Adriana Ferreira de Faria (UFV)
Este trabalho tem por objetivo relatar as atividades realizadas para o
desenvolvimento de um produto inovador, útil, técnico e
economicamente viável, de baixa complexidade e que atenda às
expectativas do mercado, de acordo com um modelo diddático de
referência para o processo de desenvolvimento de produto (PDP). O
produto idealizado foi um “organizador para notebook”, a ser
acoplado na parte traseira da tela do notebook. O modelo adotado
envolveu as seguintes fases: geração do conceito, planejamento do
projeto, projeto preliminar/detalhado e preparação da produção. Por
meio da experiência didática descrita no trabalho, verificou-se a
importância de cada etapa envolvida no processo,no gerenciamento do
mesmo e na identificação apropriada das necessidades dos clientes e
sua tradução em aspectos técnicos, a fim de contribuir para a melhoria
do desempenho do produto, aumentando, portanto, sua probabilidade
de sucesso no mercado.
Palavras-chaves: Processo de desenvolvimento de produto, Projeto de
produto, Gestão de desenvolvimento de produto
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
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1. Introdução
Com o advento da globalização, e, consequentemente, a acirrada competição de mercados, as
empresas buscam fatores que as diferenciem das demais. A procura incessante pela redução
de custos e das margens de lucro, a fim de se obter impacto em custos, não são mais
componentes de diferenciação, pois não são vantagens sustentáveis ao longo do tempo. O
desenvolvimento de produtos se tornou, junto com a possibilidade de integração desse
processo por meio de tecnologia de informação, o foco da competição global. A ordem passou
a ser desenvolver mais rápido, mais eficientemente e mais efetivamente (MONTEIRO &
BARATA, 2003).
Acompanhando as mudanças no estilo de comportamento social, no exterior e no Brasil, as
necessidades e preferências dos consumidores foram se modificando e a indústria sente a
necessidade de se adaptar a essas mudanças (CHIOCHETTA, 2008). É possível observar que
as empresas estão criando melhores condições para o desenvolvimento de novos produtos,
não mais como uma opção de estratégica, mas sim como uma necessidade de sobrevivência
em ambientes cada vez mais competitivos (SANTOS, 1993 apud MONTEIRO & BARATA,
2003).
Diante de todos esses fatores, ferramentas e métodos relacionados à Gestão do
Desenvolvimento de Produtos (GDP) têm sido cada vez mais procurados e valorizados pelas
organizações. Um simples erro no desenvolvimento de produto representa não só significativa
perda financeira, mas também perda de espaço em um mercado altamente competitivo.
O presente trabalho tem como objetivo relatar as atividades acadêmicas realizadas na
disciplina Projeto de Produto, oferecida pelo curso de Engenharia de Produção para o
desenvolvimento de um produto de baixa complexidade tecnológica. A partir de um
brainstorm realizado entre os membros da equipe, foi idealizado um organizador de objetos
pessoais para ser acoplado ao notebook, de modo a facilitar o acesso a esses objetos enquanto
se utiliza o aparelho. Por meio da experiência didática descrita no trabalho, verificou-se a
importância de cada etapa envolvida no processo, no gerenciamento do mesmo e na
identificação apropriada das necessidades dos clientes e sua tradução em aspectos técnicos.
2. Referencial teórico
Desenvolver novos produtos é um desafio constante. No mundo em transformação, a empresa
que não se antecipar às necessidades de seus clientes, com bens e serviços inovadores, estará
condenada ao desaparecimento (MARTINS & LAUGENI, 1998 apud BORNIA &
LORANDI, 2008). A Gestão de Desenvolvimento de Produtos (GDP) deve, portanto, estar
diretamente relacionada à estratégia da organização, de modo a identificar as expectativas do
mercado e transformá-las em produtos que agreguem valor ao consumidor.
A GDP refere-se ao conjunto de processos, tarefas e atividades de planejamento, organização,
decisão e ações envolvidas para que o sistema considerado alcance os resultados de sucesso
esperado (CHENG & MELO FILHO, 2007). Desenvolver produtos é um conjunto de
atividades em que se busca, a partir das necessidades do mercado e de suas possibilidades e
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restrições tecnológicas, considerando as estratégias competitivas e as de produtos, chegar às
especificações de um projeto de um produto e de seu processo produtivo, a fim de que a
manufatura seja capaz de produzi-lo. O Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP)
também possui atividades que estão relacionadas ao acompanhamento do produto após seu
lançamento para que eventuais mudanças possam ser realizadas no projeto do produto quando
necessárias (ROZENFELD et al., 2006).
A Figura 1 representa o modelo de referência proposto por Rozenfeld et al. (2006). De acordo
com esse modelo, o PDP é divido em três macrofases: Pré-desenvolvimento,
Desenvolvimento e Pós-desenvolvimento. Cada uma dessas macrofases se subdivide em fases
mais detalhadas que especificam atividades do processo. Entre essas fases é realizado o
processo de gate, que se refere à revisão e aprovação formal dos resultados da fase concluída
antes que se possa prosseguir para uma nova fase.
Figura 1 - Modelo de referência do processo de desenvolvimento de
produtos. Fonte: Rozenfeld et al. (2006)
Conforme a Figura 1, o modelo se inicia no pré-desenvolvimento, etapa que engloba a fase de
planejamento estratégico dos produtos e o planejamento do projeto. O planejamento de
produtos deve ser feito de modo a definir um portfólio de produtos que condizem com a
estratégia da empresa. Uma vez que a capacidade da empresa é finita, nesta fase deve-se ainda
definir quais produtos do portfólio serão priorizados para só então escolher um produto para a
execução do projeto. Em seguida, no planejamento do projeto, o escopo do projeto é definido,
levando em conta a viabilidade econômica, a capacidade da organização em executar o
projeto e ainda a escolha dos indicadores necessários e relevantes para o acompanhamento do
projeto (SALES & NAVEIRO, 2010).
Na macrofase de desenvolvimento, além da concepção do produto propriamente dita, são
também definidos e dimensionados os processos de fabricação e de montagem relacionados.
Estão inclusas nessa macrofase as fases de:
a) projeto informacional – arrolamento das informações necessárias sobre o projeto
(requisitos de clientes e do produto principalmente) e interpretação dessas
informações de forma a definir as especificações do projeto;
b) projeto conceitual – descrição da função global do produto, incluindo o seu arranjo
esquemático (materiais e componentes, layout, geometria e estética do produto);
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c) projeto detalhado – envolve o detalhamento de sistemas e componentes, o
desenvolvimento de fornecedores e a documentação dos processos e do produto
(SALES & NAVEIRO, 2010). Envolve também o planejamento do processo de
fabricação e montagem, o planejamento do fim de vida do produto, e por fim a
homologação do produto e a aprovação do projeto para desenvolvimento;
d) preparação da produção – envolve o recebimento e instalação dos recursos, a
produção do lote piloto, homologação do processo, otimização da produção e
certificação do produto, treinamento dos funcionários e o planejamento do
Marketing (KECHINSKI et al., 2010);
e) lançamento do produto – compreende a estruturação das atividades de marketing,
vendas, e distribuição do produto além dos processos de atendimento ao cliente e
assistência técnica. O produto então estará pronto para ser lançado no mercado.
Ao final de cada fase da etapa de desenvolvimento, são feitas avaliações nas quais a
conclusão de uma fase busca fornecer informações necessárias para um momento formal de
tomada de decisão (gate), que funciona como autorização para prosseguir para a próxima
etapa. Em cada gate é avaliada a evolução do projeto, se os resultados estão dentro dos
esperados, se as atividades foram cumpridas, se ocorreram mudanças no mercado
relacionadas ao produto, qual o valor do projeto frente aos demais projetos de produto da
empresa e, finalmente, se realmente vale a pena dar prosseguimento ao projeto (SALES &
CANCIGLIERI JUNIOR, 2011). Ao submeter o projeto a uma tomada de decisão ao final de
cada estágio, podem-se evitar gastos desnecessários com a condução de projetos que não são
mais relevantes ou até mesmo com futuras correções que poderiam ser realizadas
anteriormente.
A última macrofase, o pós-desenvolvimento, envolve a retirada sistemática do produto do
mercado e a avaliação e compreensão de todo o ciclo de vida do produto. Essa macrofase é
composta basicamente pelas fases de acompanhamento do produto no mercado e a
descontinuidade deste. O principal objetivo do pós-desenvolvimento é garantir o
acompanhamento do desempenho do produto na produção e no mercado, identificando
necessidades ou oportunidades de melhorias e garantindo que a descontinuidade cause o
menor impacto possível aos consumidores (NEVES et al., 2011).
No âmbito da GDP, existem ferramentas e métodos, seja para o planejamento estratégico e/ou
operacional que auxiliam no desenvolvimento de produtos mais eficientes do ponto de vista
de mercado. Entre esses métodos está o Desdobramento da Função Qualidade (QFD).
O QFD (Quality Function Deployment) pode ser conceituado como uma forma de comunicar
sistematicamente informações relacionadas com a qualidade e de explicitar ordenadamente
trabalho relacionado com a obtenção da qualidade. Esta ferramenta tem o objetivo de alcançar
o enfoque da garantia da qualidade durante o desenvolvimento de produto. O método é
aplicado tanto para o desenvolvimento de novos produtos, quanto para a remodelagem ou
melhoria de produtos existentes. Sua implantação objetiva, dentre outras finalidades, auxiliar
no processo de desenvolvimento do novo produto, buscando, traduzir e transmitir as
necessidades e desejos do cliente, e dar aporte ao processo de garantia da qualidade (CHENG
& FILHO, 2007).
Para a elaboração da matriz da qualidade do QFD, Cheng & Melo Filho (2007) propuseram a
seguinte metodologia:
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Elaboração da Tabela da Qualidade Exigida: Engloba a representação organizada e
detalhada das verdadeiras exigências dos clientes, segundo a linguagem do grupo
de desenvolvimento, obtidas de diversas fontes de informação;
Elaboração da Tabela de Qualidade Planejada: Permeia o planejamento da melhoria
de desempenho do novo produto de acordo com as exigências dos clientes,
considerando a avaliação dos clientes com relação ao grau de importância a cada
item da qualidade exigida, a avaliação de desempenho do protótipo do produto e a
comparação com produtos substitutos ou similares;
- Elaboração da Tabela das Características da Qualidade: Essa tabela é elaborada
por meio do processo de extração das qualidades exigidas, com o auxílio da equipe
técnica do projeto. Devem-se listar todas as características técnicas que podem
interferir nas qualidades desejadas e organizá-las na tabela;
Elaboração da Tabela de Qualidade Projetada: Esse processo deve ser realizado
após a correlação entre as tabelas de qualidades exigidas e a tabela de
características da qualidade.
3. Modelo didático de referência para o processo de desenvolvimento de produto
Nesse trabalho, utilizou-se o modelo para o desenvolvimento do produto proposto para a
disciplina Projeto de Produto. O modelo didático de referência foi estruturado na macrofase
de Pré- Desenvolvimento, subdividida nas fases de Geração do Conceito e Planejamento do
Projeto, e na macrofase de Desenvolvimento, subdividida nas fases de Projeto
Preliminar/Detalhado, Desdobramento da Função Qualidade (QFD) e Preparação da
Produção. Nos tópicos a seguir serão descritos os trabalhos desenvolvidos em cada uma
dessas fases.
3.1. Geração do conceito (1ª Fase)
O objetivo dessa fase é o desenvolvimento da concepção do produto, com vistas a solucionar
determinado problema, além da análise inicial de viabilidade técnico-econômica do mesmo.
3.1.1. Geração de ideias
A primeira etapa da fase geração do conceito compreende a geração de ideias. Nessa etapa os
membros da equipe procuraram idealizar um produto que fosse inovador, útil, técnico e
economicamente viável e de baixa complexidade, de forma que fosse possível a confecção do
seu protótipo. Após várias ideias descartadas, foi decidido que esse produto seria o
“organizador para notebook”, que consiste em um organizador dotado de bolsos, para ser
acoplado na parte traseira da tela no notebook, permitindo a acomodação de diversos objetos
pessoais (como canetas, pen-drives, HD externo, blocos de anotações, papéis, dentre outros) e
que ainda contém um suporte para folhas, que facilita a digitação de textos.
O produto foi pensado como uma solução viável para as pessoas, principalmente estudantes,
que utilizam o notebook em locais de pouco espaço, como carteira escolar, cama ou sofá, de
forma que o alcance aos objetos possa ser facilitado e o local se mantenha organizado. Nessa
fase, foram avaliados os seguintes itens referentes ao produto idealizado:
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Utilidade: o produto tem como objetivo armazenar objetos para facilitar a sua
acessibilidade, permitindo melhor alcance a estes, principalmente em locais pouco
espaçosos e de locomoção limitada.
Funcionalidades: Além de acomodar objetos de uso corriqueiro de forma
organizada e compacta, outra função do organizador é o suporte para folhas,
possibilitando a leitura de textos ao mesmo tempo em que se utiliza o notebook.
Nível de complexidade: o produto apresenta baixo nível de complexidade, pois a
sua confecção não requer processos complexos de fabricação e os materiais
utilizados são facilmente encontrados.
Principal caráter de inovação: organização e praticidade de acesso aos objetos,
principalmente em locais que possuem dimensões limitadas (carteira escolar,
mesinhas, colo, ônibus, avião, etc.), além de um suporte para leitura para uso em
notebook, sem que seja necessária uma mesa.
Tipo de processo produtivo: discreto, com operações de corte e costura.
Fornecedores: tecidos, aviamentos em geral, papel paraná e suporte para folhas.
Embalagem: plástica, com fechamento em aba de papelão.
Processo de distribuição: inicialmente o produto poderia ser vendido diretamente
para as lojas especializadas em acessórios para notebooks e informática em geral.
Estimativa de preço: R$ 30,00 (baseado nos preços de acessórios para notebook e
no preço total dos materiais).
3.1.2. Avaliações iniciais de viabilidade Nessa etapa foi realizada uma avaliação técnica e econômica inicial do “organizador
para notebook”, abrangendo o potencial de mercado do produto e suas características, a
especificação das oportunidades, a análise dos produtos concorrentes e os aspectos de
proteção intelectual.
Público alvo: usuários de notebook, principalmente estudantes das classes A, B e C.
Aspectos críticos determinantes do sucesso ou fracasso do novo produto: preço,
canais de venda e estratégias de divulgação.
Aspectos que geram incertezas em relação ao mercado consumidor: lançamento de
um produto novo, ainda desconhecido pelos usuários de notebook; posicionamento
do produto frente aos concorrentes; precificação adequada; adequação do design às
diferentes necessidades dos consumidores (quantidade e tamanho dos bolsos, cores,
etc.)
Necessidades pressupostas dos consumidores: organização e praticidade de acesso
a objetos ao se utilizar o notebook; organização eficiente de objetos em espaços
limitados, como carteiras escolares; facilidade de leitura de textos durante a
digitação simultânea.
Benefício básico do produto para o consumidor: armazenar materiais de trabalho.
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Benefícios secundários: Praticidade e facilidade de acesso a materiais de trabalho,
possibilitando maior conforto do usuário de notebook; melhor organização dos
objetos e maior facilidade na digitação e consulta a dados impressos ou manuscritos
(por meio do suporte de folhas).
Concorrentes: Não existem produtos concorrentes diretos para o produto, conforme
pesquisa realizada na internet. Existem, entretanto, concorrentes indiretos, com
funções similares à do produto, capazes de suprirem as mesmas necessidades dos
clientes, de forma que esses concorrentes indiretos podem ser considerados
produtos substitutos. Exemplos de tais produtos substitutos estão apresentados na
Tabela 1.
Proteção intelectual: Apesar de terem sido encontradas muitas patentes
relacionadas a organizadores no banco de patentes do Instituto Nacional de
Proteção Intelectual (INPI), não foi encontrada nenhuma que fornecesse um
produto específico para ser utilizado acoplado ao notebook.
Produtos
substitutos
Faixa de preço
(R$)
Características principais
do produto
Diferenciais
competitivos
Desvantagens em relação ao
produto proposto
Pastas ou
mochilas30,00 a 200,00
Possuem compartimentos
internos com bolsos e
local para guardar o
notebook.
Permitem o
transporte do
computador.
Não possui a praticidade de
acesso fácil aos objetos de
uso corriqueiro.
Mesa
suporte40,00 a 150,00
Possui suporte para
notebook e pés de apoio
podendo ser util izada,
por exemplo, em cima da
cama.
Permite maior
conforto na
util ização do
notebook e possui
cooler .
Não supre a necessidade de
organização e facil idade;
não é util izada em carteiras
escolares; falta de
praticidade no seu
transporte.
Porta-objeto 15,00 a 50,00
Possuir reservatórios de
diferentes tamanhos e
formato para
armazenagem de objetos.
Preço mais baixo;
diferentes formatos
para cada
necessidade; pode
ser transportado
facilmente.
Não possui acesso fácil;
não é possível de ser
util izado em locais de
pouco espaço.
Tabela 1 - Produtos substitutos do “organizador para notebook”
3.2. Planejamento do projeto (2ª Fase)
A segunda fase do desenvolvimento do “organizador para notebook” compreende o
Planejamento do Projeto, que permeia a elaboração da declaração do escopo do projeto, cujo
objetivo é orientar o desenvolvimento do produto, contendo as seguintes informações:
objetivos do projeto, descrição do escopo do produto, entregas do projeto, requisitos do
projeto, fronteiras do projeto, critérios de aceitação do produto, restrições do projeto,
organização inicial do projeto, riscos inicialmente definidos, cronograma de macros,
estimativas de custos, especificações do projeto e requisitos para aprovação do projeto.
3.3. Projeto de produto (3ª Fase)
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3.3.1. Projeto preliminar/detalhado
Normalmente, nos modelos tradicionais de PDP esta fase é dividida em duas etapas, Projeto
Preliminar e Projeto Detalhado, com um gate entre elas. Porém, haja vista que o produto
proposto é de baixa complexidade tecnológica, do tipo modelo de utilidade, as duas etapas
foram realizadas conjuntamente. Na fase do Projeto Preliminar/Detalhado foram definidos a
forma do produto idealizado, o dimensionamento dos componentes e os materiais necessários
para sua fabricação, bem como os desenhos esquemáticos, conforme apresentado na Figura 2.
O dimensionamento dos componentes foi realizado para um organizador adaptável a um
notebook de 14”. Foram projetados bolsos específicos para pen-drives e canetas ou lápis, além
de outros bolsos que permitem armazenar objetos diversos, como HD externo, folhas, blocos
de anotação, celulares, carregadores, dentre outros.
Essa fase também envolveu a confecção do protótipo do “organizador para notebook”,
realizada de acordo com o dimensionamento executado anteriormente, utilizando os mesmos
materiais que serão empregados para a confecção do produto, exceto o suporte para papel, que
para o produto será comprado pronto. Na Figura 3 estão expostas fotografias do protótipo.
O protótipo apresentou um resultado satisfatório quanto às funcionalidades esperadas e ao
dimensionamento dos componentes, porém, verificou-se que, para o produto, seria necessária
uma melhor qualidade de acabamento.
Figura 2 – Desenhos do arranjo preliminar do conjunto, incluindo a
representação em 3D e a vista frontal do produto, elaborados no software
SolidWorks
Figura 3 – Protótipo do “organizador para notebook”
3.3.2. Método Desdobramento da Função Qualidade (QFD)
Nessa etapa foi aplicado o método QFD, por meio da elaboração da matriz da qualidade.
Inicialmente, elaborou-se um questionário, que foi aplicado, juntamente com a apresentação
do protótipo, a dez estudantes da Universidade, portadores de notebooks. Dessa maneira,
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foram identificadas as qualidades exigidas pelo cliente, possibilitando a confecção da Tabela
de Qualidade Exigida.
A Tabela de Qualidade Planejada foi construída identificando o grau de importância atribuído
a cada item da qualidade exigida e da avaliação de desempenho do produto frente aos
concorrentes (produtos substitutos), obtidos através dos questionários realizados, como
também por meio da definição do plano de qualidade definido pela equipe. Através do
processo de extração das qualidades exigidas, foi elaborada a Tabela das Características da
Qualidade, com as características técnicas do produto que possuem relação com a qualidade
exigida. Na sequencia foram realizadas as correlações entre as qualidades exigidas e as
características da qualidade.
Para a Tabela de Qualidade Projetada, foi feita a conversão do peso relativo dos itens da
qualidade planejada para os itens de característica da qualidade, considerando as notas
referentes às correlações. Essa tabela também apresenta os valores apresentados pelo produto
para cada característica da qualidade e as metas de desempenho traçadas de acordo com as
prioridades determinadas.
A Tabela 2 apresenta os pesos relativos e acumulados para a construção dos gráficos de pareto
(Figura 4) das Qualidades Exigidas versus Qualidade Planejada e das Características da
Qualidade versus Qualidade Projetada. Os itens situados acima da linha vermelha das tabelas
são os que possuem maior relevância, de acordo com o cliente, e portanto devem ser
priorizados no projeto do produto.
Peso
relativo
Freq.
acum.
Peso
relativo
Freq.
acum.
1.1.1. Não atrapalhar a visão da tela 12,38% 12,38% 5.3.1. Encaixe de silicone no notebook adequado 15,57% 15,57%
1.2.1. Facilitar a leitura de folhas 10,37% 22,75% 5.1.1. Altura dos bolsos 9,14% 24,71%
3.1.2. Ter estabilidade (não ficar bambo na tela) 9,40% 32,16% 5.1.2. Largura dos bolsos 9,14% 33,85%
3.2.3. Garantir prático acesso aos objetos 8,70% 40,86% 5.1.3. Volume dos bolsos 8,84% 42,69%
3.2.1. Acomodar facilmente os objetos nos bolsos 7,70% 48,55% 4.1.1. Largura 6,81% 49,51%
3.1.1. Ter boa adaptação ao tamanho da tela 7,35% 55,90% 4.1.2. Altura 6,81% 56,32%
3.2.2. Ter facilidade de armazenamento 7,14% 63,04% 4.4. Rigidez 6,05% 62,37%
3.1.3. Adequar o tamanho dos compartimentos
aos objetos mais usuais6,96% 70,00% 5.2.1. Comprimento do suporte de folhas 5,26% 67,63%
1.1.2. Não atrapalhar no fechamento do notebook 6,69% 76,69% 4.5. Peso 5,17% 72,80%
2.2.2. Ter bom acabamento 6,08% 82,77%
2.2.1. Ter boa apresentação 5,26% 88,03% 5.2.2. Carga suportada pelo suporte de folhas 4,87% 82,80%
2.1.2. Não desgastar os componentes rapidamente 4,46% 92,49% 6.1.1. Tecido utilizado no revestimento da base 4,79% 87,59%
3.1.4. Ser leve 4,03% 96,52% 4.3.1. Qualidade dos componentes 3,69% 91,28%
2.1.1. Ter boa rigidez (não ser muito flexível) 3,48% 100,00% 4.1.3. Espessura 3,67% 94,95%
4.2.1. Volume 2,98% 97,93%
6.2. Cor 2,07% 100,00%
TOTAL 100%
100%
QU
AL
IDA
DE
S E
XIG
IDA
S X
QU
AL
IDA
DE
PL
AN
EJ
AD
A
Qualidades Exigidas
Qualidade Planejada
CA
RA
CT
ER
ÍST
ICA
S D
A Q
UA
LID
AD
E X
QU
AL
IDA
DE
PR
OJ
ET
AD
A
Características da Qualidade
Qualidade Projetada
6.1.2. Tecido utilizado nos bolsos 5,13% 77,93%
TOTAL
Tabela 2 – Dados para a construção dos gráficos de pareto da Figura 4
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Figura 4 – Gráficos de pareto das Qualidades Exigidas e das
Características da Qualidade
Através da combinação de todos os fatores descritos anteriormente, foi possível a elaboração
da Matriz do Desdobramento da Qualidade (Figura 5). Após analisadas as correlações e
atribuídos os pesos para as características da qualidade planejada, observou-se que as
qualidades exigidas que devem receber maior atenção no projeto do produto são aquelas que
obtiveram maior peso relativo. São elas: “não atrapalhar a visão da tela”, “facilitar a leitura de
folhas”, “ter estabilidade” e “garantir prático acesso aos objetos”.
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Figura 5 – Matriz da qualidade do “organizador para notebook”
3.4. Preparação da produção (4ª Fase)
Essa fase apresenta a definição dos custos e do planejamento do processo produtivo. O
objetivo dessa etapa é desenvolver e finalizar todas as especificações referentes ao produto, a
fim de as mesmas que sejam encaminhadas à produção.
3.4.1. Definição dos custos e do processo produtivo
Essa etapa tem como objetivo analisar novamente a viabilidade técnica e econômica do
produto, após o detalhamento do projeto. Para isso, foram identificados os custos de todos os
componentes do produto, assim como foi definido seu processo produtivo.
A quantificação dos custos dos componentes foi executada a partir de pesquisa realizada no
mercado e via internet, enquanto a determinação das quantidades dos materiais necessários
para a fabricação do produto foi baseada nos dimensionamentos feitos no Projeto do Produto
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e na quantidade dos materiais utilizados para confecção do protótipo. Os custos relacionados
com energia, mão-de-obra e outros insumos não foram considerados, pois não eram de
abrangência da disciplina. A Tabela 3 apresenta a descrição dos custos de todos os materiais.
Peça componente Material Unidade Medida Preço unitário (R$) Qtd. Preço total (R$) % do custo total
Base Papel paraná metro 4,5 0,3 1,35 8%
Revestimento e bolsos Tecido de brim m2 15 0,3 4,5 28%
Fecho Zíper pacote c/ 50 35 0,06 2,1 13%
Acabamento Viés rolo de 50m 19,6 0,04 0,78 5%
Suporte de acoplamento ao notebook Silicone rolo de 50m 35 0,004 0,14 1%
Suporte para papel Suporte pronto unidade 6 1 6 37%
Costura Linha Carretel(4570 m) 5 0,2 1 6%
Fixação do suporte Velcro metro 2,5 0,1 0,25 2%
16,12 100%TOTAL Tabela 3 – Definição dos custos de materiais
A definição do processo produtivo se deu por meio da idealização de um arranjo físico para a
fabricação do produto (Figura 6), apresentando o fluxo de materiais que ocorrerá neste layout.
Figura 6 – Representação do arranjo físico do processo
de produção
A Tabela 4 apresenta o fluxo do processo produtivo, indicando, para cada operação, o
equipamento necessário e a mão de obra a ser utilizada.
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Posto de trabalho Processo Equipamento Mão-de-obra
1 Estoque de MP Racks Auxiliar
2 Preparação do tecido para o corte Mesa de corte Auxiliar
3 Corte do tecido Máquina de corte com programação Cortadeira profissional
. Corte do papel paraná Bancada e máquina de corte
. Preparação dos fechos Bancada e tesoura
. Preparação do viés Máquina de costura
. Preparação do silicone Bancada e tesuora
. Fechos Máquina de costura - A
. Bolsos e velcro Máquina de costura - B
. Revestimento Máquina de costura - C
6 Acoplamento do suporte Bancada Costureira profissional
7 Inspeção Bancada Técnico em inspeção
8 Embalagem Bancada Auxiliar
9 Expedição Carrinhos Auxiliar
10 Estoque de produtos acabados Prateleira Auxiliar
4
Preparação dos materiais
Auxiliar
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Costura
Costureira profissional
Tabela 4 – Fluxo do processo produtivo
O processo inicia com a preparação do tecido para o corte, que é obtido no estoque de matéria
prima. Em seguida, ocorre a preparação dos fechos, dos viés e do silicone e o corte do papel
paraná, que são encaminhados, juntamente com o tecido cortado, para a costura. Na estação
costura, são costurados os bolsos, os fechos, os velcros e é feito o revestimento da base com
papel paraná. Após essa etapa, ocorre o acoplamento do suporte de papel e a inspeção do
produto. Caso o produto esteja conforme, segue para a embalagem, expedição e é armazenado
no estoque de produtos acabados.
4. Conclusão
A experiência didática da aplicação de um modelo de referência para o processo de
desenvolvimento do “organizador para notebook” se deu de maneira eficiente e satisfatória,
verificando-se a grande importância de cada etapa envolvida no processo. Apesar da
simplicidade do produto proposto, foi possível constatar as competências e habilidades
necessárias ao engenheiro de produção para gerenciar o processo de desenvolvimento de
produtos.
Adicionalmente, o uso do método QFD orientou o desenvolvimento do produto para o
atendimento às necessidades dos clientes, contribuindo para a melhoria do desempenho do
produto e, aumentando, portanto, sua probabilidade de sucesso no mercado. O protótipo
confeccionado atendeu às exigências mais relevantes dos clientes, entretanto, conclui-se que
deveria ser realizado um estudo com o objetivo de aumentar o tamanho dos bolsos, bem como
adaptá-los melhor à acomodação dos diversos objetos. Durante a realização das entrevistas,
percebeu-se também o grande interesse que os entrevistados demonstraram pelo produto.
De acordo com os critérios analisados, o produto apresentou-se viável. Porém, para
transformar a ideia proposta em um negócio seria necessária a elaboração de um estudo ainda
mais detalhado de viabilidade técnica, comercial e econômica, contendo uma pesquisa de
mercado mais aprofundada, além da consideração de aspectos importantes à viabilidade do
negócio como os investimentos necessários e as devidas análises financeiras.
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
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