apontamentos sobre a atividade docente na ead – o tutor como mediador de aprendizagens
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Trabalho apresentado no X Congresso Internacional de Tecnologia na Educação. Senac/PE, 2012. ISSN 1984-6355TRANSCRIPT
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APONTAMENTOS SOBRE A ATIVIDADE DOCENTE NA EAD – O TUTOR COMO MEDIADOR DE
APRENDIZAGENS
Elaine dos Reis Soeira - [email protected]
Resumo:
Desde o início da década, o Brasil vem investindo em ações para regular a oferta de educação a distância via
internet no país, com o propósito de garantir condições mínimas de funcionamento dos cursos nas instituições
credenciadas. No que tange a qualidade dos cursos, podem ser enumerados diversos fatores que podem
influenciar neste processo, dentre os quais se podem destacar o marco explicativo que orienta decisões de cunho
pedagógico e administrativo. No âmbito das questões pedagógicas, para a pesquisa “Mediação da aprendizagem
colaborativa na EaD – um estudo a partir da percepção dos tutores a distância” interessa saber sobre a atividade
docentes dos tutores a distância. Assim, este artigo apresenta um conjunto de abordagens acerca da atuação dos
tutores nos cursos a distância, especialmente no que tange ao papel da mediação realizada por eles. O Estudo
baseia-se nas contribuições de Silva (2003, 2008), Behrens (2008), Oliveira et al (2008), Masetto (2008), Seoane
Pardo e Garcia Peñalvo (2007), Bernal (2008), Quiroz (2011) e Arredondo et al (2009), visto que estes autores
compartilham abordagens convergentes sobre o tema em estudo. Não se pretende esgotar a problemática da
mediação tutorial, mas aclarar ideias e pontos de vistas que possam contribuir com o delineamento de diretrizes
orientadoras de uma metodologia para a educação a distância, seja na modalidade semipresencial ou e-Learning.
Palavras-chave: Educação a distância; Mediação pedagógica, Tutoria.
Abstract:
Since the beginning of the decade, Brazil has been investing in stocks to regulate the provision of distance
education via the Internet in the country, in order to guarantee minimum conditions of operation of the courses at
accredited institutions. Regarding the quality of the courses may be listed several factors that can influence this
process, among which we can highlight the March explaining that guides decisions of pedagogical and
administrative. Within the pedagogical issues for research “Mediation of collaborative learning in distance
education - a study from the perception of distance tutors” interests to know about the activity of teaching
distance tutors. Thus, this article presents a set of approaches to the role of tutors in distance education,
especially regarding the role of mediation conducted by them. The study is based on contributions from Silva
(2003, 2008), Behrens (2008), Oliveira et al (2008), Masetto (2008), Seoane Pardo and Garcia Peñalvo (2007),
Bernal (2008), Aretio (2003) , Quiroz (2011) and Arredondo et al (2009), as these authors share convergent
approaches on the topic under study. It is not intended to exhaust the issue of mediation tutorial, but to clarify
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ideas and viewpoints that may contribute to the design of directives of a methodology for distance education,
either in form or blended e-Learning.
Keywords: Distance learning, teaching Mediation, Mentoring.
Introdução
A evolução das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) aliadas à popularização da Internet
transformou o cenário sócio-técnico contemporâneo, promovendo novas formas de construir, organizar,
distribuir e gerenciar conhecimento, por meio da interação com aparatos tecnológicos. Na esfera educacional,
estas transformações influenciaram o surgimento de diferentes gerações da educação a distância (EaD),
culminando na educação a distância via Internet e no e-Learning.
Moore e Kearsley (2010) sintetizam as fases da EaD tomando as tecnologias de comunicação empregadas
em seu funcionamento. Desse modo, a história da EaD pode ser subdividida em cinco gerações assim definidas:
1. A primeira geração de estudo por correspondência/ em casa/ independente
proporcionou o fundamento para a educação individualizada a distância.
2. A segunda geração, de transmissão por rádio e televisão, teve pouca ou nenhuma
interação entre professores com alunos, exceto quando relacionada a um curso por
correspondência; porém, agregou as dimensões oral e visual à apresentação de
informações aos alunos a distância.
3. A terceira geração – as universidades abertas – surgiu de experiências norte-
americanas que integrava áudio/vídeo e correspondência com a orientação face a face,
usando equipes de cursos e um método prático para a criação e veiculação de instrução
em uma abordagem sistêmica.
4. A quarta geração utilizou a teleconferência por áudio, vídeo e computador,
proporcionando a primeira interação em tempo real de alunos com alunos e instrutores a
distância. O método era apreciado especialmente para treinamento corporativo.
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5. A quinta geração, a de classes virtuais on-line com base na internet, tem resultado em
enorme interesse e atividade em escala mundial pela educação a distância, com métodos
construtivistas de aprendizado em colaboração, e na convergência entre texto, áudio e
vídeo em uma única plataforma de comunicação.” (p. 47-48).
O surgimento da quinta geração fomentou a criação dos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) que
servem de apoio ao ensino e através dos quais os materiais didáticos, elaborados em diversas modalidades de
linguagem, são disponibilizados para os estudantes. Além disso, estes ambientes possuem ferramentas para
comunicação e interação, síncrona e assíncrona, dos estudantes entre si e com os tutores e professores.
Os cursos a distância, na modalidade semipresencial ou e-Learning, também demandaram o surgimento
dos tutores a distância, responsáveis pela orientação dos estudantes no desenvolvimento das atividades. Este
tutor precisa ter conhecimento técnico acerca dos conteúdos do curso, bem como, deve assumir uma postura de
mediador, orientador e colaborador do processo de ensino-aprendizagem. Visto que nem todos os estudantes
conseguem fazer uso da sua autonomia para prosseguir nos estudos, necessitando de redirecionamentos na
tentativa de que possam aprender com eficácia, reduzindo o número de desistências e reprovações.
Pensar sobre a atuação dos tutores nos cursos a distância, traz à tona uma discussão sobre os aspectos
metodológicos. Neste ponto, conforme Seoane Pardo e Garcia Peñalvo (2007) são enfáticos ao afirmarem que os
cursos oferecidos nesta modalidade “se desarrollan sin un método definido ni una estrategia adecuada” (p. 9).
Além disso, chamam atenção para o fato de que o modelo construtivista de ensino-aprendizagem, compreendido
como um marco explicativo, não pode ser confundido com um método, pois não o é. Esta confusão é muito
comum e, com frequência, torna-se bastante explícita quando o processo de planejamento e implementação dos
cursos prioriza mais um modelo comunicativo baseado na transmissão do que na construção.
Desde o ponto de Silva (2008) os estudos mostram a "obsolescência da sala de aula pedagogia centrada
de transmissão", cujo principal causa pode ser atribuída às práticas dos professores - com foco na repetição e
falta de interação - e as diversas fontes de acesso ao conhecimento além dos muros das escolas.
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Concordando com Silva (2003 e 2008), Behrens (2008) afirma que "o desafio colocado aos professores é
mudar o eixo de ensinar a escolher caminhos que levam ao aprendizado. Na verdade, é essencial que professores
e alunos estão em constante processo de aprender a aprender." (p. 73).
Diante do exposto, pretende-se apresentar contribuições de pesquisadores que apontam a necessidade do
tutor a distância atuar como um mediador do processo ensino-aprendizagem. Para organizar as argumentações a
serem apresentadas, este artigo foi dividido em quatro partes: a primeira tratará do conceito de mediação
pedagógica; a segunda parte apresentará as competências necessárias aos tutores a distância, com ênfase nas que
se relacionam diretamente com a mediação pedagógica; a terceira trará uma breve descrição da metodologia; por
fim, serão são apresentadas algumas considerações preliminares acerca do objeto de estudo, tendo em vista que a
pesquisa da qual foi feito este recorte, ainda não está concluída.
Referencial teórico
Conceituando mediação pedagógica
Antes de iniciar as reflexões sobre a mediação pedagógica, é importante situar desde qual perspectiva
teórica o conceito de mediação está sendo compreendido. Isto se faz necessário para que sejam diferenciados os
dois tipos de mediação presentes na educação a distância com suporte da Internet: a mediação pedagógica e a
mediação tecnológica1. Para efeitos deste estudo, é relevante o conceito de mediação pedagógica.
Para pensar o conceito de mediação, recorreu-se a dois representantes da vertente sociointeracionista,
Feuerstein e Vigotski.
Conforme Zanatta Da Ros (2002, p. 20) a mediação na ótica de Feuerstein
1 Preti (1996) utiliza a expressão prática mediatizada para falar sobre a mediação realizada com os recursos da tecnologia, ou do que se
poderia chamar de mediação tecnológica. Em relação à atuação docente, este autor utiliza a expressão mediação pedagógica.
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[...] é uma experiência intrapessoal, produzida por relações interpessoais. É uma
experiência, não uma confrontação de conhecimentos, por transmissão... O que medeia o
indivíduo é o fato de que ele, enquanto sujeito, interage com o outro, que é sujeito
também. Há uma reciprocidade entre os dois sujeitos, um encontro.
Para Vigotski, conforme os estudos de Oliveira (1993), a interação mediada ou mediação, significa a
intervenção intencional de um elemento intermediário numa relação, para garantir a produção de sentidos e,
consequentemente, a aprendizagem.
Com significativas produções relacionadas à temática da mediação pedagógica, Gutierrez e Pietro (1994)
afirmam que
é de fundamental importância diferenciar com clareza um modelo pedagógico, cujo
sentido é educar, de um modelo temático, cujo propósito é ensinar. Este último dá ênfase
aos conteúdos como chave de todo processo; trata-se de passar informação, de verificar
assimilação da mesma e de avaliar a retenção por parte do estudante. Há sistemas
educativos organizados dessa maneira e docentes que apenas concebem a educação como
transmissão de conhecimentos. (p. 61)
No intuito de superar o paradigma tradicional, Gutierrez e Pietro (1994) seguem enfatizando que “[...] a
mediação pedagógica ocupa um lugar privilegiado em qualquer sistema de ensino-aprendizagem. [...] o docente
é quem deveria atuar como mediador pedagógico entre a informação a oferecer e a aprendizagem por parte dos
estudantes”. (p. 61)
Além disso, esses autores ainda afirmam que
A mediação pedagógica parte de uma concepção radicalmente oposta aos sistemas de
instrução baseados na primazia do ensino como mera transferência de informação.
Entendemos por mediação pedagógica o tratamento de conteúdos e das formas de
expressão dos diferentes temas, a fim de tornar possível o ato educativo dentro do
horizonte de uma educação concebida como participação, criatividade, expressividade e
relacionalidade. (p. 62)
Também é possível encontrar outra definição para mediação pedagógica, conforme Masetto (2008), a
qual é entendida como
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[...] a atitude, o comportamento do professor que se coloca como um facilitador,
incentivador ou motivador da aprendizagem, que se apresenta com a disposição de ser
uma ponte entre o aprendiz e sua aprendizagem – não uma ponte estática, mas uma ponte
“rolante”, que ativamente colabora para que o aprendiz chegue aos seus objetivos. [...] (p.
145)
Ao discutir sobre mediação pedagógica, outro ponto relevante é a dialogicidade do processo, pois, sendo
a mediação entendida como processo de interação, essencialmente humano, que leva à construção do
conhecimento não pode prescindir do diálogo para acontecer. Desse modo, Freire e Shor (2008) são convidados
a contribuir com tal discussão. Para eles
[...] o diálogo deve ser entendido como algo que faz parte da própria natureza histórica
dos seres humanos. É parte do nosso progresso histórico do caminho para nos tornarmos
humanos. [...] o diálogo é uma espécie de postura necessária, na medida em que os seres
humanos se transformam cada vez mais em seres comunicativos. O diálogo é o momento
em que os humanos se encontram para refletir sobre sua realidade tal como a fazem e re-
fazem. Outra coisa: na medida em que somos seres comunicativos, que nos comunicamos
uns com os outros enquanto nos tornamos mais capazes de transformar nossa realidade,
somos capazes de saber que sabemos, que é algo mais do que só saber. (p. 122)
Quando se pensa na mediação pedagógica e nas suas implicações, surge um grande questionamento
acerca dos tutores a distância, a quem se delega a responsabilidade pela mediação dos estudantes. Estes
profissionais estão preparados para o desempenho desta função? Suas formações e experiências anteriores – em
especial oriundas do ensino presencial – são suficientes para que as habilidades já construídas possam ser
transpostas para o ensino a distância?
Buscar respostas a estas questões remete à definição de um conjunto de competências e práticas que
caracterizam a mediação pedagógica, ao mesmo tempo em que põe em cheque a formação recebida por estes
profissionais ou a falta desta.
Tutoria e mediação pedagógica – novos desafios, novas competências
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As discussões sobre a relevância da ação dos tutores têm se tornado mais comum à medida que o ensino a
distância vem reunindo um número de estudantes tão grande quanto o ensino presencial. A urgência em pensar
sobre a atividade desenvolvida por estes profissionais torna-se ainda mais necessária quando se pensa no fato de
que estes profissionais são o principal vínculo dos estudantes com a instituição e a reverberação das suas ações
pode ser decisiva para o sucesso e permanência dos estudantes no curso. (Oliveira et al, 2008)
De acordo com Oliveira et al (2008), a partir dos estudos de Giannasi et al, pode se dizer que
[...] a tutoria é uma das tarefas mais complexas da prática docente nessa modalidade de
ensino, exigindo diferentes competências para o desempenho das funções de tutor, tais
como: competências técnicas, pedagógicas, comunicacionais, de iniciativa e criatividade,
gerenciais, sociais, profissionais, entre outras. (p. 184)
Bernal (2008), Arredondo et al (2009) e Quiroz (2011) compartilham de concepções semelhantes. Para
eles, a atividade docente desempenhada pelos tutores também se organiza e diferentes conjuntos de ações, que
vão desde os aspectos técnicos até os pedagógicos e à interação social, nos diferentes momentos dos cursos.
Quiroz (2011, p. 121) embasado em Barberá et al (2001) apresenta uma sistematização das “[...] tareas
Del tutor, como moderador em el desarrollo de la discusión online, em três etapas: planificación, intervención
em el desarrollo y cierre. [...]”. É importante ressaltar que todas estas etapas são interdependentes e que o tutor
deverá mediar as situações que ocorrerem, buscando as melhores estratégias de aprendizagem para construção do
conhecimento.
Complementando a afirmação acima, Oliveira et al (2008) explica que
a função da tutoria é um dos principais fatores que determinam a qualidade da formação
num ambiente virtual de aprendizagem. O papel de orientador e guia por parte do tutor
assume um maior protagonismo na educação on-line e se faz necessário uma formação
especifica neste campo. Para isso, o tutor precisa: assegurar a participação dos alunos e
criar, cuidar e prover a existência de comunidades virtuais de aprendizagem que podem
se constituir em um lócus de diferentes aprendizagens, respeitando os diversos modelos
de aprendizagem dos aprendentes. (p. 184)
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Concordando com diversos pesquisadores das práticas pedagógicas no ensino a distância, Oliveira et al
(2008) menciona o tutor como um agente essencial no âmbito da educação a distância, uma vez que ele vai
mediar as ações pedagógicas de interação entre professores, alunos, conteúdos e
ambientes. Sua atuação estará a serviço da facilitação do processo de ensino-
aprendizagem, visando a concretização dos princípios de autonomia e aprendizagem,
contribuindo para a criação, nos ambientes online, de espaços colaborativos de
aprendizagem. Independente dos recursos tecnológicos que utilize, é essencial que possa
proporcionar aos alunos, a interação e integração com a proposta pedagógica do curso.
(185)
Masetto (2008) contribui com o debate sobre a mediação pedagógica no contexto da EaD, afirmando que,
conforme Perez e Castillo (1999), “a mediação pedagógica busca abrir um caminho a novas relações do
estudante: com materiais, com o próprio contexto, com outros textos, com seus companheiros de aprendizagem,
incluindo o professor, consigo mesmo e com o futuro”. (MASETTO, 2008, p. 145).
Corroborando os pressupostos apresentados acima, Silva (2008) defende a importância da mediação
porque
A aprendizagem não se dá a partir da récita do professor. Isto requer, portanto,
modificação radical em sua autoria em sala de aula presencial e online. O professor não
se posiciona como o detentor do monopólio do saber, mas como aquele que dispõe teias,
cria possibilidades de envolvimento, oferece ocasião de engendramento, de
agenciamentos e estimula a intervenção dos aprendizes dos aprendizes como co-autores
da aprendizagem. O tratamento dessa postura comunicacional tem no conceito de
interatividade uma agenda comunicacional alternativa à Pedagogia da transmissão. (p.
83)
Silva (2008) complementa sua argumentação afirmando que “na sala de aula interativa, a aprendizagem
se faz com a dialógica que associa emissão e recepção como pólos antagônicos e complementares na co-criação
da comunicação e da aprendizagem.” (p. 84)
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A partir das contribuições de Silva (2008) acerca do professor frente às demandas da cibercultura,
entende-se que as mudanças na prática pedagógica não estão restritas ao sistema presencial de ensino, podendo
ser transpostas para a educação a distância.
Para Mauri et al (2010)
[...] Tutorial atividade é concebida como mediadora da atividade do aluno. Esta
mediação, o professor realiza a depender das TIC é percebida como a capacidade do
professor para prestar ajuda, e entre suas principais características é o grau de
ajustamento desse auxílio à atividade construtiva do aluno, que se destaca nas trocas
mútuas entre o professor e o aluno. (p. 125)
Frente ao exposto, suspeita-se que grande parte dos referenciais utilizados pelos tutores para construírem
sua prática docente, para os cursos via Internet, são oriundos das suas experiências acadêmicas e profissionais,
ainda que estas tenham ocorrido, prioritariamente ou exclusivamente no ensino presencial. Talvez seja este um
dos maiores desafios dos tutores à distância, já que nem todos têm acesso à cursos de formação, que deem conta
da construção das bases de uma metodologia adequada para os cursos a distância, principalmente os que contam
com a mediação tecnológica.
Metodologia
As reflexões e aportes teóricos apresentados neste artigo são fruto de uma pesquisa bibliográfica, que
teve o intuito de encontrar estudos e pesquisas que denotem a preocupação em refletir sobre o papel do tutor na
educação a distância, com ênfase na competência da mediação.
O estudo não se encontra completo e, como anteriormente, faz compõe uma pesquisa mais ampla que
investiga a percepção de tutores a distância sobre a mediação da aprendizagem colaborativa.
Considerações finais
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Este trabalho não tem o objetivo de apontar uma série de atribuições que o tutor a distância precisa
desempenhar, tampouco colocar sob sua responsabilidade todo o sucesso ou fracasso do ensino a distância. Por
outro lado, não se pode negar que, à medida que a EaD expande-se, novas práticas vão surgindo, com vistas à
otimização dos resultados. Além disso, há preocupações em relação ao desenvolvimento da autonomia dos
estudantes, lançando luzes sobre a figura do tutor, principal ligação entre os estudantes, o ambiente virtual e a
instituição.
Deparar-se com a necessidade de pôr em prática todas essas competências inerentes ao mediador, torna-
se um desafio conjunto, tanto para os tutores quanto para os conteudistas e designers.
Isto porque, se os conteudistas e designers não levarem em consideração os pré-requisitos para que a
mediação possa ocorrer no ambiente, tais como: adequação das atividades propostas, formas de apresentação dos
materiais didáticos, recursos disponíveis, será mais difícil para os tutores concretizarem a contento os objetivos
esperados. Do mesmo modo, de nada adiantará um material didático bem elaborado e um ambiente virtual
repleto de ferramentas interativas, se o tutor não estiver preparado para aproveitar este potencial. Assim, o
trabalho coletivo e interativo precisa começar dentro da própria estrutura organizacional da educação a distância.
Em resumo, as observações feitas sobre a importância dos tutores na mediação do ensino-aprendizagem
ressaltam a necessidade de repensar toda a estrutura da educação a distância, de modo que todos os profissionais
envolvidos, de fato, trabalhando sob o enfoque interacionista, favorecendo o diálogo, interatividade e construção
colaborativa do conhecimento, a realidade ainda tão procurados nas experiências brasileiras.
Por fim, pretende-se criar um espaço para discutir não apenas a prática dos tutores a distância, mas
também, a sua formação e a sua identidade, questões que muitas vezes não são priorizadas.
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