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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE VETERINÁRIA DEPARTAMENTO DE MEDICINA ANIMAL VET01327 - MEDICINA DE ANIMAIS SILVESTRES E DE CATIVEIRO M E D I C I N A D E ANIMAIS SILVESTRES

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Page 1: APOSTILA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULFACULDADE DE VETERINÁRIA

DEPARTAMENTO DE MEDICINA ANIMALVET01327 - MEDICINA DE ANIMAIS SILVESTRES E DE CATIVEIRO

M E D I C I N A D E

ANIMAIS

SILVESTRES

Prof. Ivan P. D. Gonçalves

Page 2: APOSTILA

SUMÁRIO

CONTENÇÃO FÍSICA E QUÍMICA 03

“STRESS” 08

RECINTOS PARA ANIMAIS SILVESTRES 12

MEDICINA DE RÉPTEIS 15

MEDICINA DE AVES 21

MAMÍFEROS 28

MEDICINA DE MARSUPIAIS 30

MEDICINA DE EDENTATA 35

MEDICINA DE PRIMATAS 40

MEDICINA DE LAGOMORFOS 46

MEDICINA DE ROEDORES 51

MEDICINA DE CARNÍVOROS 55

CINOMOSE EM FELÍDEOS 62

MEDICINA DE CETÁCEOS 64

MEDICINA DE PINÍPEDES 70

MEDICINA DE ELEFANTES 75

MEDICINA DE PERISSODÁCTILOS 79

MEDICINA DE ARTIODÁCTILOS 84

BIBLIOGRAFIA 91

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CONTENÇÃO FÍSICA E QUÍMICA

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CONTENÇÃO FÍSICA E QUÍMICA

1. CONTENÇÃO:

Redução da mobilidade de um animal através de meios físicos e/ou químicos, com o objetivo de captura, exame clínico, coleta de material biológico ou execução de tratamento médico.

2. CONTENÇÃO FÍSICA:

Restrição dos movimentos de um animal através de meios físicos/mecânicos. Contenção rápida e de baixo custo. Segurança para o animal e operador. Evitar contenção em condições adversas (T>30 °C, UR>70%). Espécies diurnas: melhor resposta em ambiente escuro. Voz: veículo de emoções.

3. CONTENÇÃO FÍSICA:

Distância de fuga: Distância que é permitida a aproximação de uma ameaça antes que ocorra fuga ou ataque. Manter uma relação de dominância psicológica. A sociabilização facilita a contenção.

4. MÉTODOS DE CONTENÇÃO FÍSICA:

4.1. Contenção manual:

Pequenos animais.Luvas de couro.

4.2. Barreiras visuais:

ToalhasEscudos

Lona plástica4.3.Extensão dos braços do operador:

Cordas e laçosRedesHastes (ganchos/cordas)

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5. CONTENÇÃO QUÍMICA:

Restrição dos movimentos de um animal através da administraçãode uma fármaco.

Fármaco ideal:

Alto índice terapêutico: dose letal/dose efetivaIrritação tecidual mínimaCurto período de induçãoAntagonista disponívelSolução estável à temperatura ambientalDose reduzida.

5.1. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO:

5.1.1. Intramuscular:

Via mais utilizada.Absorção rápida.Volume limitado.

5.1.2. Endovenosa:

Administração de antagonista.

5.1.3. Oral:

Absorção irregular.Longo período de indução.Fármaco destruído no estômago.

6. MÉTODOS E EQUIPAMENTO:

6.1. Administração oral:

Fármaco no alimento.Iscas.

6.2. Administração intramuscular:

Seringa (agulha calibrosa).Seringa com haste.Dardos para injeção à distância.

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7. PROJETORES DE DARDOS:

Longo alcance: 35 m Extra longo alcance: 80 m Curto alcance: 15 m BestaZarabatana: Construção simples

Baixo custoAlcance de até 15 m.

8. FÁRMACOS:

8.1. Cloridrato de Etorfina:

Potente analgesia.Produz: depressão respiratória, depressão do reflexo da tosse, hipertensão,

taquicardia.Antagonistas: diprenorfina, naloxona

8.2. Fentanil e Droperidol:

Fentanil: derivado morfínico; analgesia 180x mais potente do que a morfina.Droperidol: Tranqüilizante; reduz resposta aos estímulos ambientais.Combinação: sedativo, analgésico e anestésico para procedimentos curtos.Antagonista: Naloxona.

8.3. Acetilpromazina:

Deprime o SNC; reduz atividade espontânea.Miorrelaxante.Propriedades anti-emética e hipotensiva.Produz hipotermia.Pode ser combinado à Etorfina e Quetamina.

8.4. Cloridrato de Quetamina:

Anestésico dissociativo.Não é miorrelaxante.Produz analgesia.Produz sialorréia, nistagmo e alucinações.Atravessa a barreira placentária.Antagonista: ioimbina.

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8.5. Cloridrato de Xilazina:

Sedativo, miorrelaxante e analgésico não narcótico.Deprime o SNC.Estímulos durante a sedação podem reverter este estado.Antagonista: Doxapram

8.6. Tiletamina e Zolazepam:

Tiletamina: anestésico dissociativo.Zolazepam: tranqüilizante; elimina os efeitos adversos da Tiletamina (convulsões).A associação produz imobilização química e anestesia.Antagonista: Naloxona.

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“STRESS”

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“STRESS”

1. DEFINIÇÕES:

“Stress” é uma resposta acumulativa, resultante da interação de um animal com seu ambiente, através de receptores (SELYE, 1973).

“Stress” é o processo pelo qual os fatores ambientais superam os sistemas de regulação do indivíduo e perturbam o seu estado de adaptação (BROOM, 1988).

2. FATORES ESTRESSANTES:

2.1. SOMÁTICOS:

SonorosVisuaisOlfativosTácteisCalor / FrioPressão

2.2. PSICOLÓGICOS:

ApreensãoMedoAnsiedadeFrustração

2. . COMPORTAMENTAIS:

Ambiente estranhoSuperpopulaçãoTranstornos territoriais / hierárquicosIsolamento socialAlterações cronobiológicas

2.4. OUTROS:

ToxinasDoenças infecciosasDoenças parasitáriasTraumatismosDeficiências nutricionaisContençãoConfinamento

3. RESPOSTAS MOTORAS VOLUNTÁRIAS

O estímulo é enviado ao neocórtex, processado e categorizado, enviado aos nervos motores periféricos, iniciando uma resposta motora:FugaPosturas defensivasVocalizaçãoAtaque.

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4. REAÇÃO DE EMERGÊNCIA:

Estímulo Medula adrenal Catecolaminas

Ação das catecolaminas:

Preparam o organismo para uma emergência Aumentam a freq. cardíaca e a força de contração do coração. Aumentam a glicemia. Aumentam a pressão arterial , com redistribuição do sangue para os músculos e para o

cérebro. Aumentam a freq. respiratória e a profundidade dos movimentos respiratórios. Promovem a contração esplênica.

5. SÍNDROME DA ADAPTAÇÃO GERAL:

Estímulo

Hipotálamo(Corticoliberina)

Hipófise (ACTH)

Corticosteróides

Adrenal (Cortical)

Mecanismo de ação dos corticosteróides:

a. Penetração nas células (Difusão através da membrana celular).b. Ligação ao receptor específico no citoplasma.c. Migração para o núcleo.d. Ligação a áreas específicas dos cromossomos.e. Ativação ou repressão de genes.f. Formação de novo ARN.g. Formação de novas proteínas.h. Ação na própria célula ou em outras células.

Efeitos da ação dos corticosteróides:

Aumentam a glicemia a partir de proteínas.Leucocitose com neutrofilia, linfopenia e eosinopenia.Receptores cerebrais para corticosteróides.

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6. DOENÇAS CAUSADAS PELO “STRESS”:

6.1. Miopatia de captura.

6.2. Úlceras gástricas.

6.3.Dilatação gástrica aguda.

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RECINTOS PARA ANIMAIS SILVESTRES

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RECINTOS PARA ANIMAIS SILVESTRES

1. HISTÓRICO:

Inscrições nas cavernas (100.000 anos A.C.) mostram o interesse do homem pelos animais. Índia, China e Japão: relatos mais antigos de coleções de animais. Egito (2900-2200 A.C.): um dos mais antigos zoológicos (macacos, hienas e antílopes. China (1000 A.C.): Jardim da Inteligência - mantinha animais nativos. Assíria e Babilônia: reis e nobres criavam animais silvestres. Grécia: grande sucesso no manejo de aves. Primeiros zoológicos a cobrar ingresso dos visitantes. Roma: arenas com espetáculos sangrentos de animais. Idade Média: “Menageries” - áreas de criação e estudo de animais silvestres. Renascença: as grandes expedições descobriram terras e animais novos. México: Astecas mantinham coleções de aves de rapina, felídeos e répteis. Zôo de Schönbrunn (1752): primeiro zoológico moderno em termos de arquitetura e paisagismo.

2. ZOOLÓGICOS DO BRASIL

Museu Emílio Goeldi (Belém do Pará). Zôo do Rio de Janeiro. Zôo de São Paulo. Zôo de Sapucaia do Sul

3. TIPOS DE RECINTOS

3.1. Gaiola: coberta com grades ou tela; tamanho variável.3.2. Potreiro: espaço restrito por cerca ou muro.3.3 Sistema “walk-in” ou “walk-through”: áreas grandes, cobertas por tela.3.4. Estilo Hagenbeck: estilo inaugurado por Carl Hagenbeck em Hamburgo (1907). Espaço restrito por fosso e estruturas de concreto (sem grades).3.5. Sistema Safari: animais “soltos”.3.6. Recinto Noturno: fotoperíodo invertido para manutenção de espécies noturnas.

4. OBSERVAÇÕES GERAIS:

O recinto deveria imitar o ambiente natural. Deve fornecer abrigo e sombra. Área de serviço. Área para prender os animais para limpeza do recinto (cambiamento). Tanque com água, quando necessário.

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5. SUBSTRATO

Grama: Difícil de limpar. Concreto: Muito artificial e abrasivo mas fornece uma higiene perfeita.

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MEDICINA DE RÉPTEIS

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MEDICINA DE RÉPTEIS

1. CLASSIFICAÇÃO:

Classe Reptilia

Ordem SquamataSubordem Ophidia (Serpentes) - 2500 sppSubordem Lacertilia (Lagartos) - 3750 sppSubordem Sphenodontia (Tuatara) - 1 spSubordem Amphisbaenia - 140 spp

Ordem Chelonia (Tartarugas) - 244 sppOrdem Crocodilia (Jacarés) - 28 spp

2. ANATOMIA E FISIOLOGIA:

Pele coberta por escamas córneas. Sofrem ecdise (muda da pele) periodicamente.A maioria das vértebras possui costelas.Não possuem diafragma funcional.Os crocodilianos possuem placas ósseas inseridas na parede muscular do corpo

denominadas de gastrália.Coração dividido em três câmaras: 2 aurículas e 1 ventrículo. Os crocodilianos

possuem um septo interventricular mas há mistura do sangue entre os ventrículos através do forame de Panizza. Os répteis possuem dois arcos aórticos.

Hemácias nucleadas.Sistema porta renal presente.Poiquilotérmicos: a temperatura corporal varia com a temperataura ambiental, o que

influencia toda a atividade metabólica destes animais.O órgão copulatório do macho denomina-se hemipênis (serve apenas ao sistema

reprodutor).

3. REPRODUÇÃO:

3.1. CROCODILIA:

Macho e fêmea produzem secreções odoríferas.Algumas espécies enterram os ovos; outras fazem ninhos com a vegetação. Os ovos

têm casca dura (o embrião mobiliza o cálcio da casca do ovo, uma vez que as reservas de cálcio da gema não são suficientes para sustentar o seu desenvolvimento).

Os machos possuem hemipênis simples.Todas as espécies são ovíparas. Período de incubação de 50 a 70 dias.

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3.2. CHELONIA:

Todas as espécies são ovíparas; os ovos têm casca dura.Os machos possuem hemipênis simples.

3.3. SQUAMATA:

A maioria das espécies é ovípara, mas há espécies vivíparas.Os ovos das serpentes são unidos por uma secreção e apresentam casca mole (a

gema é rica em cálcio). O período de incubação varia de 55 a 60 dias.Os machos possuem um par de hemipênis.

4. CONTENÇÃO FÍSICA:

Ganchos e cilindros para serpentes peçonhentas.Contenção manual.Laços para crocodilianos.

5. CONTENÇÃO QUÍMICA:

CO2 : não é recomendado porque pode causar a morte dos animais.Cloridrato de quetamina: 22,0 a 44,0 mg/kg (sedação)

66,0 a 88,0 mg/kg (anestesia)Zoletil: 4,0 a 5,0 mg/kg, im ou scAcetilpromazina: 0,1 a 0,5 mg/kg, im

6. PATOLOGIA:

6.1. ESTOMATITE ULCERATIVA

Etiologia: Aeromonas hydrophilaQuadro clínico/lesões: úlceras e necrose orais com exsudato caseoso; anorexia. Pode evoluir para pneumonia (por aspiração do pus) e septicemia.Diagnóstico: cultivo bacteriológico.Tratamento/controle: limpeza local; tratamento de suporte (alimentação forçada, fluidoterapia), antimicrobianoterapia (com base no teste de suscetibilidade a antimicrobianos “in vitro”).

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6.2. DOENÇA CUTÂNEA ULCERATIVA SEPTICÊMICA

Etiologia: Citrobacter freundiiQuadro clínico/lesões: prostração, paralisia flácida, hemorragias e úlceras cutâneas; perda das unhas e dos dedos.Diagnóstico: cultivo bacteriológico.Tratamento/controle: limpeza local; tratamento de suporte (alimentação forçada, fluidoterapia), antimicrobianoterapia (com base no teste de suscetibilidade a antimicrobianos “in vitro”).

6.3. SALMONELOSE

Etiologia: Salmonella sppQuadro clínico/lesões: geralmente subclínica; enterite, septicemia, focos necróticos no fígado.Diagnóstico: cultivo bacteriológico.Tratamento/controle: limpeza local; tratamento de suporte (alimentação forçada, fluidoterapia), antimicrobianoterapia (com base no teste de suscetibilidade a antimicrobianos “in vitro”).

6.4. TUBERCULOSE

Etiologia: Mycobacterium chelonei (quelônios), Mycobacterium thamnopheos (serpentes)Quadro clínico/lesões: granulomas cutâneos, nódulos em diversos órgãos, dermatite, emagrecimento progressivo.Diagnóstico: pesquisa de Bacilos Álcool-ácido Resistentes (BAAR).Tratamento/controle: não é recomendado.

6.5. VARÍOLA, “CAIMANPOX”

Etiologia: PoxvirusQuadro clínico/lesões: ocorre em crocodilianos; pápulas cutâneas.Diagnóstico: pesquisa de corpúsculos de inclusão nas lesões; isolamento do vírus.

6.6. ADENOVIROSE

Etiologia: AdenovirusQuadro clínico/lesões: enterite, atrofia das vilosidades intestinais; distúrbios do equilíbrio.Diagnóstico: pesquisa de corpúsculos de inclusão; isolamento do vírus.

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6.7. DOENÇA RESPIRATÓRIA VÍRICA

Etiologia: ParamyxovirusQuadro clínico/lesões: ocorre em serpentes; tremores da cabeça, diminuição do tônus muscular, pneumonia intersticial, distúrbios do equilíbrio, encefalite.Diagnóstico: isolamento do vírus.Tratamento/controle: higiene do ambiente (hipoclorito de sódio).

6.8. DOENÇA DAS MANCHAS CINZENTAS - “GRAY PATCH DISEASE”

Etiologia: HerpesvirusQuadro clínico/lesões: ocorre na tartaruga-marinha (Chelonia mydas) no período de 56 a 90 dias após a eclosão. Lesões epidérmicas papulares.Diagnóstico: pesquisa de corpúsculos de inclusão; isolamento do vírus.

6.9. AMEBÍASE

Etiologia: Entamoeba invadensQuadro clínico/lesões: anorexia, emagrecimento, muco e/ou sangue nas fezes.Diagnóstico: exame parasitológico de fezes.Tratamento/controle: metronidazole.

6.10. COCCIDIOSE

Etiologia: Eimeria spp, Isospora spp, Caryospora sppQuadro clínico/lesões: prostração, anorexia, regurgitação, diarréia sanguinolenta.Diagnóstico: exame parasitológico de fezes.Tratamento/controle: sulfonamidas.

6.11. HELMINTOSES

Etiologia: Ophidascaris spp, Hexametra spp.Quadro clínico/lesões: parasitam o estômago, esôfago e intestino; diarréia, obstrução intestinal, pneumonia. Hospedeiros intermediários: rãs e roedores.Diagnóstico: exame parasitológico de fezes.Tratamento/controle: mebendazole, fenbendazole, albendazole, pamoato de pirantel.

6.12. OSTEOPATIA METABÓLICA

Etiologia: deficiência de cálcio e/ou vitamina D; excesso de fósforo na dieta.Quadro clínico/lesões: inatividade, fraturas, deformidades ósseas (principalmente ossos longos, carapaça dos quelônios).Diagnóstico: anamnese, radiologia.Tratamento/controle: suplementação com cálcio e vitamina D3, correção da dieta.

7. MANEJO NUTRICIONAL:

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7.1. CHELONIA

Vegetais, minhocas, peixes, pequena quantidade de ração comercial para cães ou gatos; pétalas de flores (jabutis), água potável (os jabutis bebem gotas de orvalho depositadas sobre a vegetação - em cativeiro pode-se borrifar água sobre a vegetação do recinto com um “spray”).

Freqüência de alimentação: 2 a 3 vezes por semana.

7.2. CROCODILIA

Carne (bovina, peixes, aves).Freqüência de alimentação: 1 a 2 vezes por semana.

7.3. SERPENTES

Roedores, aves, rãs ou peixes, de acordo com a espécie de serpente.Freqüência de alimentação: 1 vez por semana.

7.4. LAGARTOS

Variável, de acordo com a espécie.Lagarto-teiú (Tupinambis teguixim): ovos, carne, pintos, camundongos, frutos.Iguana (Iguana iguana): vegetais diversos, pétalas de flores, ovos cozidos,

camundongos, frutos, pequena quantidade de ração comercial para cães.Freqüência de alimentação: 1 a 2 vezes por semana.

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MEDICINA DE AVES

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MEDICINA DE AVES

1. CLASSIFICAÇÃO:

Classe Aves29 ordens169 famílias8600 espécies

Ordem Sphenisciformes - pingüinsOrdem Struthioniformes - avestruzOrdem Rheiformes - emaOrdem Casuariiformes - casuarOrdem Podicipediformes - mergulhõesOrdem Pelecaniformes - pelicanosOrdem Ciconiifromes - cegonhasOrdem Apterygiformes - kiwiOrdem Tinamifoemes - macuco, codornaOrdem Gaviiformes - mergulhõesOrdem Fenicopteriformes - flamingoOrdem Anseriformes - cisnes, patosOrdem Falconiformes - gaviões, urubusOrdem Clumbiformes - pombosOrdem Psittaciformes - papagaiosOrdem Cuculiformes - anuOrdem Galliformes - pavão, faisãoOrdem Gruiformes - saracuraOrdem Charadriiformes - quero-queroOrdem Lariiformes - gaivotasOrdem Procelariiformes - albatrozOrdem Strigiformes - corujasOrdem Caprimulgiformes - bacurauOrdem Apodiformes - beija-flores, andorinhasOrdem Coliformes - cólioOrdem Trogoniformes - surucuáOrdem Coraciiformes - martim-pescadorOrdem Piciformes - pica-paus, tucanosOrdem Passeriformes - pardal, canário, bem-te-vi, sabiá, joão-de-barro.

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2. ANATOMIA

TEGUMENTO:

Pele coberta por penas.Glândulas sudoríparas ausentes.Uropígio (glândula na base da cauda para impermeabilizar a plumagem)

ESQUELETO:

ossos pneumáticos.côndilo occipital únicocrânio sem suturasalgumas vértebras são fundidas (sacrais)fusão do carpometacarpo, tibiotarso e tarsometatarso.

SISTEMA DIGESTIVO

dentes ausentesinglúvio geralmente presenteestômago dividido em 2 partes: proventrículo (estômago glandular)

ventrículo (estômago muscular)cloaca presente

SISTEMA UROGENITAL

rim dividido em 3 lobosbexiga urinária ausentetodas as espécies são ovíparastestículos internosapenas ovário e oviduto esquerdos são funcionaisfêmeas heterogaméticas (ZW), machos homogaméticos (ZZ)

SISTEMA CIRCULATÓRIO

arco aórtico dirigido para a direitaeritrócitos nucleadoslinfonodos ausentessistema porta renal presente

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SISTEMA RESPIRATÓRIO

epiglote ausentecordas vocais ausentes (o órgão fonador é a siringe)anéis traqueais completospulmões levemente extensíveisparabrônquios anastomosantessacos aéreos presentesdiafragma rudimentar (não é funcional)

OUVIDO

pavilhão auricular ausenteossículo auditivo único (columela)

3. CONTENÇÃO FÍSICA

diminuir a iluminação do ambienteutilizar movimentos firmestoalhas podem ser usadas para envolver o paciente (psitacídeos, p. ex.)

4. CONTENÇÃO QUÍMICA

resposta individual muito variávelcloridrato de quetamina: 20,0 a 40,0 mg/kg, im.tiletamina + zolazepam: 2,0 a 5,0 mg/kg, imquetamina + xilazina: 10,0 a 20,0 mg/kg de quetamina, 2,0 a 4,0 mg/kg de xilazina,

ambos por via intramuscular.

5. PATOLOGIA

5.1. SALMONELOSE

Etiologia: Salmonella sppQuadro clínico/lesões: morte súbita, enterite, abscessos (forma crônica).Diagnóstico: sorologia; cultivo bacteriológico.Tratamento/controle: antimicrobianoterapia, fluidoterapia.

5.2. TUBERCULOSE

Etiologia: Mycobacterium aviumQuadro clínico/lesões: emagrecimento, diarréia, nódulos caseosos no tubo digestivo.Diagnóstico: pesquisa de BAAR; tuberculinização.Tratamento/controle: não é recomendado.

5.3. PASTEURELOSE

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Etiologia: Pasteurella sppQuadro clínico/lesões: aerossaculite, pneumonia.Diagnóstico: cultivo bacteriológico.Tratamento/controle: antimicrobianoterapia.

5.4. BOTULISMO

Etiologia: Clostridium botulinumQuadro clínico/lesões: ocorre em anseriformes, gaivotas e falconiformes; paralisia flácida das pernas, asas e do pescoçoDiagnóstico: pesquisa da toxina no soro (eletroforese).Controle: remoção da matéria orgânica em decomposição do recinto.Tratamento/controle: antitoxina, lavagem gástrica, tratamento de suporte (alimentação forçada, fluidoterapia).

5.5. MICOPLASMOSE

Etiologia: Mycoplasma sppQuadro clínico/lesões: aerossaculite; artriteDiagnóstico: sorologia; cultivo bacteriológico.Tratamento/controle: antimicrobianoterapia (tilosina, norfloxacina).

5.6. CLAMIDIOSE

Etiologia: Chlamydia psittaciQuadro clínico/lesões: depressão, sinusite, aerossaculite, pneumonia.Diagnóstico: sorologia.Tratamento/controle: antimicrobianoterapia (tetraciclinas).

5.7. ENTERITE VÍRICA DOS ANSERIFORMES, “DUCK PLAGUE”

Etiologia: HerpesvirusQuadro clínico/lesões: morte súbita, diarréia, hemorragias, esofagite diftérica, depressão, fraqueza das asas, pernas e do pescoço.Diagnóstico: isolamento do vírus.

5.8. VARÍOLA AVIÁRIA

Etiologia: PoxvírusQuadro clínico/lesões: forma aguda: morte súbita. Forma crônica: nódulos na face e nas pernas. Forma diftérica: placas diftéricas no esôfago.Diagnóstico: pesquisa de corpúsculos de inclusão.

5.9. ASPERGILOSE

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Etiologia: Aspergillus fumigatusQuadro clínico/lesões: doença respiratória crônica (aerossaculite, pneumonia).Diagnóstico: lavagem traqueal, biópsia.Tratamento/controle: anfotericina B, cetoconazole.

5.10. CANDIDÍASE

Etiologia: Candida albicansQuadro clínico/lesões: emagrecimento, regurgitação; lesões diftéricas na mucosa do inglúvio.Diagnóstico: pesquisa da levedura nas lesões.Tratamento/controle: nistatina.

5.11. COCCIDIOSE

Etiologia: Eimeria sppQuadro clínico/lesões: emagrecimento, diarréia (às veszes com sangue).Diagnóstico: exame parasitológico de fezes.Tratamento/controle: sulfonamidas.

5.12. TRICOMONOSE

Etiologia: Trichomonas sppQuadro clínico/lesões: inapetência, emagrecimento, depressão, dispnéia, regurgitação, lesões diftéricas na orofaringe, no esôfago e inglúvio.Diagnóstico: pesquisa do agente nas lesões.Tratamento/controle: metronidazole.

5.13. MALÁRIA

Etiologia: Plasmodium sppQuadro clínico/lesões: ocorre em canários e pingüins. Depressão, anemia, edema palpebral.Diagnóstico: pesquisa do protozaário no sangue.Tratamento/controle: primaquina, mepacrina, cloroquina.

5.14. HEMOPROTEUS

Etiologia: Haemoproteus sppQuadro clínico/lesões: apatogênico em pombos.Diagnóstico: pesquisa do protozoário no sangue.

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5.15. ASCARIDIOSE

Etiologia: Ascaridia sppQuadro clínico/lesões: diarréia, emagrecimento, depressão.Diagnóstico: exame parasitológico de fezes.Tratamento/controle: mebendazole, pamoato de pirantel, oxfendazole.

5.16. AMIDOSTOMOSE

Etiologia: Amidostomum anserisQuadro clínico/lesões: ocorre em anseriformes; anorexia, emagrecimento.Diagnóstico: exame parasitológico de fezes.Tratamento/controle: mebendazole, pamoato de pirantel.

5.17. CAPILARIOSE

Etiologia: Capillaria sppQuadro clínico/lesões: anorexia, emagrecimento, diarréia, morte.Diagnóstico: exame parasitológico de fezes.Tratamento/controle: mebendazole, pamoato de pirantel.

5.18. SINGAMOSE

Etiologia: Syngamus tracheaQuadro clínico/lesões: emagrecimento, dispnéia, tosse, asfixia.Diagnóstico: exame parasitológico de fezes.Tratamento/controle: ivermectina.

5.19. SARNA

Etiologia: Knemidocoptes mutans (Galliformes); Knemidocoptes pilae (periquito); Knemidocoptes jamaiscensis (canário)Quadro clínico/lesões: hiperqueratose na pele ao redor dos olhos e do bico (periquito) e pernas (canário e Galliformes).Diagnóstico: exame parasitológico de pele.Tratamento/controle: benzoato de benzila (tópico), ivermectina (sistêmico).

6.20. OSTEOPATIA METABÓLICA

Etiologia: deficiência de cálcio e/o vitamina D; excesso de fósforo na dieta.Quadro clínico/lesões: inatividade, fraturas, deformidades ósseas, convulsões, retenção de ovos no oviduto.Diagnóstico: anamnese, radiologia.Tratamento/controle: suplementação com cálcio e vitamina D3, correção da dieta.

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MAMÍFEROS

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CLASSE MAMMALIA

Cerca de 4.000 espécies. Grande diversidade de formas e funções. Distribuem-se por todo o planeta:

EquadorTrópicosZonas temperadasPólos

Ocupam todos os ecossistemas: terra, ar e água.

Características gerais:

Cuidados com a prole.Relativa independência do ambiente.Homeotermia.Fecundação interna.Ligação estreita entre a mãe e os filhos.Presença de pêlos.Glândulas mamárias.

Classe Mammalia

Ordem Monotremata (Équidna, Ornitorrinco)Ordem Marsupialia (Gambá, canguru).Ordem Tubulidentata (Aardvark)Ordem Hiracoidea (Hirax)Ordem Insectivora (Musaranho)Ordem Dermoptera (Lêmur-voador)Ordem Pholidota (Pangolim)Ordem Edentata (Tatu, tamanduá, preguiça)Ordem Chiroptera (Morcegos)Ordem Primates (Macacos, homem)Ordem Lagomorpha (Coelhos, lebres)Ordem Rodentia (Esquilos, ratos, capivara)Ordem Cetacea (Baleias, golfinhos)Ordem Pinnipedia (Foca, lobo-marinho)Ordem Sirenia (Peixe-boi)Ordem Carnivora (Leão, tigre, onça)Ordem Proboscidea (Elefantes)Ordem Perissodactyla (Zebra, rinoceronte, anta)Ordem Artiodactyla (Cervo, girafa, antílopes).

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MEDICINA DE MARSUPIAIS

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MEDICINA DE MARSUPIAIS

1. CLASSIFICAÇÃO

Classe MammaliaOrdem Marsupialia (16 famílias, 262 espécies)

Família Didelphidae - gambásFamília Dasyuridae - diabo-da-tasmâniaFamília Phascolarctidae - coalaFamília Macropodidae - cangurus

2. ANATOMIA E FISIOLOGIA

todas as espécies possuem um par de ossos epipúbicospentadáctiloscérebro pequenomarsúpio (bolsa onde carregam os filhotes) ausente em algumas espéciesplacenta ausentea maioria das espécies apresenta canal de parto transitório, refazendo-se a cada

parto; os cangurus apresentam o canal de parto permanente após o primeiro nascimento.três dentes premolares e três ou mais molarestemperatural corporal: 33,0 a 37,0 ºC. Durante a primeira metade da vida no

marsúpio os filhotes sãp incapazes de manter a temperatura corporal.

Reprodução

ESPÉCIE CICLO ESTRAL (dias)

GESTAÇÃO (dias)

PERMANÊNCIA NO MARSÚPIO (dias)

Gambá(Didelphis albiventris)

23 a 38 13 60 a 70

Canguru-vermelho (Macropus rufus)

34 30 a 40 235

Diabo-tasmânia (Dasyurus spp)

31 105

3. CONTENÇÃO FÍSICA

redesluvas de couroarmadilhascontenção manual

31

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4. CONTENÇÃO QUÍMICA

cloridrato de quetamina: 15,0 a 30,0 mg/kg, imacetilpromazina: 0,3 a 0,4 mg/kg, imtiletamina + zolazepam: 5,0 mg/kg, imcloridrato de quetamina + cloridrato de xilazina: 10,0 mg/kg de quetamina

2,0 mg/kg de xilazina

5. PATOLOGIA

5.1. SALMONELOSE

Etiologia: Salmonella sppQuadro clínico/lesões: depressão, diarréia, septicemia.Diagnóstico: cultivo bacteriológico.Tratamento/controle: antimicrobianoterapia.

5.2. PASTEURELOSE

Etiologia: Pasteurella sppQuadro clínico/lesões: broncopneumonia, septicemia.Diagnóstico: cultivo bacteriológico.Tratamento/controle: antimicrobianoterapia.

5.3. TUBERCULOSE

Etiologia: Mycobacterium tuberculosisQuadro clínico/lesões: emagrecimento, nódulos nas vísceras e nos ossos.Diagnóstico: pesquisa de BAAR.Tratamento/controle: não é recomendado.

5.4. CLAMIDIOSE

Etiologia: Chlamydia psittaciQuadro clínico/lesões: conjuntivite, pneumonia.Diagnóstico: sorologia.Tratamento/controle: antimicrobianoterapia (tetraciclinas).

5.5. NECROBACILOSE, “LUMPY JAW”

Etiologia: Fusobacterium necrophorus; Actinomyces sppQuadro clínico/lesões: aumento de volume da mandíbula, osteólise; abscessos pulmonares, gástricos ou hepáticos.Diagnóstico: cultivo bacteriológico.Tratamento/controle: remoção cirúrgica do tecido comprometido; antimicrobianoterapia.5.6. CANDIDÍASE

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Etiologia: Candida albicansQuadro clínico/lesões: disfagia, desidratação, lesões diftéricas na boca e no esôfago.Diagnóstico: pesquisa do agente nas lesões.Tratamento/controle: nistatina.

5.7. VERMINOSE GÁSTRICA

Etiologia: Strongyloides spp, Gnathostoma spp, Spirocerca spp, Physaloptera (Turgida) turgidaQuadro clínico/lesões: anemia, diarréia, desidratação, emagrecimento.Diagnóstico:exame parasitológico de fezes.Tratamento/controle: mebendazole, pamoato de pirantel, disofenol.

5.8. VERMINOSE INTESTINAL

Etiologia: Oxyuris spp, Vianna spp, Strongyloides spp, Trichuris sppQuadro clínico/lesões: anemia, diarréia, desidratação, emagrecimento.Diagnóstico:exame parasitológico de fezes.Tratamento/controle: mebendazole, pamoato de pirantel, disofenol.

5.9. COCCIDIOSE

Etiologia: Eimeria spp, Isospora boughtoniiQuadro clínico/lesões: diarréia, anorexia.Diagnóstico:exame parasitológico de fezes.Tratamento/controle: sulfonamidas

5.10. DOENÇA DE CHAGAS

Etiologia: Trypanosoma cruziQuadro clínico/lesões: ocorre no gambá; geralmente não há sinais clínicos.Diagnóstico:pesquisa do protozoário no sangue.

6. RECINTOS

dimensões mínimas: comprimento = comprimento do animal x 8largura = comprimento do animal x 4altura: espécies terrestres: comprimento do animal x 4

espécies pequenas arborícolas: 1,2 mespécies grandes arborícolas: 1,8 m

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7. MANEJO NUTRICIONAL

Gambá (Didelphis albiventris): onívoro; aceita carne, frutas, ovos, ração comercial para cães ou gatos.Coala (Phascolarctos cinereus): alimenta-se quase exclusivamente de folhas de eucaliptos (espécies preferidas - Eucalyptus punctata, Eucalyptus viminalis, Eucalyptuscamadulensis, Eucalyptusterenticornis).Cangurus (Macropodidae): pasto verde, feno de alfafa, sementes, ração comercial para eqüinos ou coelhos (ou a mistura das duas).

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MEDICINA DE EDENTATA

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MEDICINA DE EDENTATA

1. CLASSIFICAÇÃO

Ordem EdentataFamília Bradypodidae (preguiças) 2 gênerosFamília Dasypodidae (tatus) 9 gênerosFamília Myrmecophagidae (tamanduás) 3 gêneros

2. ANATOMIA E FISIOLOGIA

Testículos intrabdominais.A fêmea possui uma cloaca (aberturas genital e urinária comuns).Unhas desenvolvidas (escavadores).Homeotermia imperfeita; a temperatura corporal varia de 32,0 a 35,0 °C.A preguiça-de-três-dedos (Bradypus spp) possui 9 vértebras cervicais; a preguiça-

de-dois-dedos (Choloepus spp) tem 6 vértebras cervicais.Os dentes, quando presentes, têm crescimento contínuo. Os tamanduás não

apresentam dentes.

2.1. REPRODUÇÃO

Preguiças: são poliéstricas; período de gestação de 120 a 200 dias.Tatus: período de gestação de 60 dias. O tatu-galinha (Dasypus novemcinctus) tem

um período de gestação prolongado (210 a 240 dias) pois apresenta implantação retardada do embrião. Apenas um folículo sofre ovulação, mas desenvolvem-se 4 fetos monozigóticos.

Tamanduás: período de gestação de 160 a 190 dias.

3. CONTENÇÃO FÍSICA

A contenção manual geralmente é satisfatória.As unhas podem produzir lesões graves no operador.Redes podem ser usadas para a captura.

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4. CONTENÇÃO QUÍMICA

Cloridrato de quetamina: tamanduás - 10,0 a 20,0 mg/kg, im.tatus - 24,0 mg/kg, im.preguiças - 5,0 a 10,0 mg/kg, im.

Tiletamina + zolazepam: 1,9 a 6,0 mg/kg, im.

Quetamina + diazepam: 10,0 a 20,0 mg/kg de quetamina0,1 mg/kg de diazepam (ambos por via im).

Quetamina + xilazina: 10,0 mg/kg de quetamina2,0 mg/kg de xilazina (ambos por via im).

5.PATOLOGIA

5.1. SALMONELOSE

Etiologia: Salmonella typhimurium, Salmonella senftenbergQuadro clínico/lesões: diarréia intensa, anorexia, desidratação.Diagnóstico: cultivo bacteriológico.Tratamento/controle: antimicrobianoterapia.

5.2. LEPTOSPIROSE

Etiologia: Leptospira canicola, Leptospira pomona, Leptospira louisianaQuadro clínico/lesões: não relatado.Diagnóstico: sorologia.Tratamento/controle: antimicrobianoterapia.

5.3. LEPRA

Etiologia: Mycobacterium lepraeQuadro clínico/lesões: ocorre nos tatus. Produz úlceras cutâneas e granulomas.Diagnóstico: pesquisa do agente nas lesões.

5.4. TRIPANOSSOMÍASE

Etiologia: Trypanosoma cruziQuadro clínico/lesões: sem sinais clínicos.Diagnóstico: pesquisa do protozoário no sangue.

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5.5. SARCOCISTÍASE

Etiologia: Sarcocystis sppQuadro clínico/lesões: achado necroscópico ocasional, sem sinais clínicos.

5.6. NEMATÓDEOS

Etiologia: Ascaris sppQuadro clínico/lesões: anemia, emagrecimento.Diagnóstico: exame parasitológico de fezes.Tratamento/controle: mebendazole.

5.7. CESTÓDEOS

Etiologia: Mathevotaenia surinamensisQuadro clínico/lesões: não relatado.Diagnóstico: exame parasitológico de fezes.Tratamento/controle: não relatado.

5.8. SARNA

Etiologia: Sarcoptes scabiei, Psoroptes sppQuadro clínico/lesões: dermatite pruriginosa, perda de pêlos.Diagnóstico: exame parasitológico de pele.

5.9. IMPACTAÇÃO INTESTINAL

Etiologia: ingestão de serragem, feno, espiga de milho, por exemplo.Quadro clínico/lesões: anorexia, depressão, abdome distendido, constipação.Diagnóstico: radiologia.Tratamento/controle: óleo mineral.

6. RECINTOS

6.1. Tamanduás:o recinto deve prevenir fuga por escavação.o tamanduá-mirim é arborícolatemperatura ambiental: 28,0 a 30,0 °C.umidade relativa do ar: 40 a 60 %.

6.2. Preguiças: são essencialmente arborícolas.territoriais: recomenda-se alojamento individual para evitar brigas.temperatura ambiental:28,0 a 30,0 °C.umidade relativa do ar: 40 a 60 %.

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6.3. Tatus: necessitam de substrato para escavar.deve-se fornecer refúgio e água para benho.dimensões mínimas: 1,0 m x 1,0 m x 0,66 m.temperatura ambiental mínima: 18,3 °C.

7. MANEJO NUTRICIONAL

7.1. Tamanduás: dieta líquida (sem dentes). Leite, ovos, carne, ração comercial para cães ou gatos. Suplemento de vitaminas e sais minerais.

7.2. Preguiças: folhas, frutos em pedaços, cenouras, sementes de leguminosas, ovos cozidos, ração coemercial para cães ou gatos; suplemento de vitamians e sais minerais. A preguiça-de-três-dedos (Bradypus tridactylus) especializou-se no consumo de folhas de embaúba (Cecropia spp).

7.3. Tatus: leite, ovos, carne, ração comercial para cães ou gatos.

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MEDICINA DE PRIMATAS

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MEDICINA DE PRIMATAS

1. CLASSIFICAÇÃO

Ordem PrimatesSubordem Prosimii - 51 espécies

Família Tupaiidae (tupaia)Família Lemuridae (lêmur)Família Indriidae (indri)Família Daubentonidae (aye-aye)Família Lorisidae (lóris)Família Tarsiidae (tarseiro)

Subordem AnthropoideaFamília Cebidae (bugio, mico-prego, macaco-aranha) - 37 espéciesFamília Callithricidae (sagüís) - 33 espéciesFamília Cercopithecidae (macaco-rhesus, babuínos, mandril) - 58

espéciesFamília Hylobatidae (gibão) - 7 espéciesFamília Pongidae (chimpanzé, gorilla, orangotango) - 4 espéciesFamília Hominidae (homem) - 1 espécie

2. ANATOMIA E FISIOLOGIA

Extremidades plantígradas pentadáctilas.Clavículas presentes.Olhos grandes situados no plano frontal da face (visão estereoscópica).Grupo PLATYRRHINI (primatas do Novo Mundo): septo nasal largo, narinas

afastadas e voltadas para os lados.Grupo CATARRHINI (primatas do Velho Mundo): septo nasal estreito, narinas

próximas e voltadas para baixo.Pênis livre (pendular); algumas espécies possuem báculo.Fêmeas com um par de glândulas mamárias peitorais.Expectativa de vida: espécies pequenas - 10 a 20 anos.

espécies grandes - 30 anos ou mais.Temperarura corporal: 37,2 a 40,2 °C (média: 38,8 °C).Freqüência cardíaca: espécies pequenas - 165 a 240 b.p.m.

espécies médias e grandes - 95 a 112 b.p.m.Freqüência respiratória: espécies pequenas - 20 a 50 ciclos/min.

espécies grandes - -12 a 20 ciclos/min.

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3. CONTENÇÃO FÍSICA

Contenção manual, toalhas (espécies pequenas).Redes, luvas de couro.Jaula de paredes deslizantes.

4. CONTENÇÃO QUÍMICA

Cloridrato de quetamina: 8,0 a 10,0 mg/kg, im (tranqüilização).15,0 a 30,0 mg/kg, im (anestesia).

Acetilpromazina: 0,5 a 1,0 mg/kg, im, sc, vo.Clorpromazina: 1,0 a 6,0 mg/kg, im, vo.Tiletamina + zolazepam: 2,0 a 6,0 mg/kg, im.Quetamina + xilazina:11,0 mg/kg de quetamina

0,5 mg/kg de xilazina (ambos por via im).

5. PATOLOGIA

5.1. ERISIPELOSEEtiologia: Erysipelothrix insidiosa.Quadro clínico/lesões: hipertermia, icterícia, mucosas hiperêmicas, infecções

respiratórias.Diagnóstico: cultivo bacteriológico.Tratamento/controle: antimicrobianoterapia (penicilina); soro hiperimune

específico (imunoprofilaxia passiva).

5.2. SALMONELOSEEtiologia: Salmonella spp.Quadro clínico/lesões: diarréia intensa, vômito, desidratação, hipertermia,

depressão, leucocitose com desvio à esquerda.Diagnóstico: cultivo bacteriológico (sangue e fezes).Tratamento/controle: antimicrobianoterapia.

5.3. TUBERCULOSEEtiologia: Mycobacterium tuberculosis.Quadro clínico/lesões: emagrecimento crônica, tosse, dispnéia, diarréia.Diagnóstico: tuberculinização; pesquisa de bacilos álcool-ácido resistentes no

conteúdo gástrico.Tratamento/controle: isoniazida.

5.4. LEPTOSPIROSEEtiologia: Leptospira canicola, Leptospira icteohaemorrhagiae, Leptospira ballum.Quadro clínico/lesões: icterícia, hemorragias nas mucosas, convulsões, aborto.Diagnóstico: sorologia.Tratamento/controle: antimicrobianoterapia.

5.5. INFECÇÃO POR HERPES SIMPLES

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Etiologia: Herpesvirus hominis.Quadro clínico/lesões: estomatite herpética no homem; encefalite em primatas

não-humanos.Diagnóstico: pesquisa de corpúsculos de inclusão; isolamento do vírus.

5.6. INFECÇÃO POR HERPES BEtiologia: Herpesvirus simiae.Quadro clínico/lesões: estoamtite herpética nos primatas não-humanos; encefalite

no homem.Diagnóstico: pesquisa de corpúsculos de inclusão; isolamento do vírus.

5.7. HEPATITE BEtiologia: vírus não classificado.Quadro clínico/lesões: icterícia, vômitos, diarréia, depressão. Chimpanzés podem

ser portadores assintomáticos.Diagnóstico: sorologia.Tratamento/controle: administração parenteral de gamaglobulina humana.

5.8. POLIOMIELITEEtiologia: Poliovirus.Quadro clínico/lesões: paralisia flácida dos membros.Diagnóstico: sorologiaTratamento/controle: vacina trivalente humana (oral), após seis meses de idade.

5.9. SARAMPOEtiologia: Paramyxovirus.Quadro clínico/lesões: hipertermia, eritema facial. pneumonia.Diagnóstico: sorologia; pesquisa de corpúsculos de inclusão; isolamento do vírus.Tratamento/controle: vacinação.

5.10. FEBRE AMARELAEtiologia: Flavivirus.Quadro clínico/lesões: hipertermia, icterícia, albuminúria, necrose hepática.Diagnóstico: sorologia.Tratamento/controle: febre amarela.

5.11. ANCILOSTOMOSEEtiologia: Ancylostoma duodenalis, Necator amaricanus.Quadro clínico/lesões: emagrecimento, anemia, diarréia sanguinolenta.Diagnóstico: exame parasitológico de fezes.Tratamento/controle: mebendazole, pamoato de pirantel.

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5.12. ASCARIDATOSEEtiologia: Ascaris lumbricoides.Quadro clínico/lesões: emagrecimento, anemia, diarréia, depressão.Diagnóstico: exame parasitológico de fezes.Tratamento/controle: idem ao anterior.

5.13. ESTRONGILOIDOSEEtiologia: Strongyloides stercoralis.Quadro clínico/lesões: anorexia, depressão, diarréia, dispnéia, tosse (migração das

larvas pelos pulmões)Diagnóstico: exame parasitológico de fezes.Tratamento/controle: idem ao anterior.

5.14. ESOFAGOSTOMOSEEtiologia: Oesophagostomum apiostomum.Quadro clínico/lesões: depressão, emagrecimento, diarréia, nódulos intestinais

(ceco e cólon).Diagnóstico: exame parasitológico de fezes.Tratamento/controle: idem ao anterior.

5.15. FILARIOSEEtiologia: Dipethalonema gracilis.Quadro clínico/lesões: geralmente não há sinais clínicos. Pode haver

hidroperitôneo.Diagnóstico: pesquisa de microfilárias no sangue; os parasito adultos localizam-se

na cavidade peritoneal.Tratamento/controle: dietilcarbamazina.

5.16. CESTÓDEOSEtiologia: Bertiella studeri, Oochoristica magatoma, Hymenolapis nana.Diagnóstico: exame parasitolígico de fezes.Tratamento/controle: praziquantel.

5.17. MALÁRIAEtiologia: Plasmodium spp.Quadro clínico/lesões: anorexia, dores musculares, hipertermia.Diagnóstico: pesquisa do protozoário no sangue.Tratamento/controle: quinino.

5.18. DISENTERIA AMEBIANAEtiologia: Entamoeba hystolitica.Quadro clínico/lesões: diartéia (às vezes com sangue), desidratação, depressão.Diagnóstico: pesquisa do protozoário nas fezes.Tratamento/controle: metronidazole.

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5.19. OSTEOPATIA METABÓLICAEtiologia: deficiência de cálcio e/ou de vitamian D; excesso de fósforo na dieta.Quadro clínico/lesões: imobilidade, deformidades ósseas, fraturas, aumento de

volume das artriculações.Diagnóstico: anamnese; radiologia.Tratamento/controle: suplementação com cálcio de vitamina D3; correção da

dieta.

6. RECINTOS

Dimensões mínimas:

Massa corporal Área mínima por indivíduo (m2) Altura mímima (cm)menos de 1 kg 0,15 50,8menos de 3 kg 0,28 76,2menos de 15 0,40 76,215 a 25 kg 0,74 91,4mais de 25 kg 2,32 213,4

Os primatas necessitam de um ambiente psicologicamente rico.

7. MANEJO NUTRICIONAL

Consumo diário: 4 % da massa corporal.Proteína bruta: 25 % (primatas neotropicais, filhotes e fêmeas gestantes)

15 % (primatas do velho mundo).Vitamina C deve ser fornecida com a dieta.Alimentação diversificada: frutos, folhas, sementes, ovos cozidos, carne cozida,

ração comercial para cães ou gatos, leite, suco de frutas.Pode-se oferecer também larvas de insetos (Tenebrio spp, por exemplo), insetos

adultos (grilos, gafanhotos, baratas) e peixes pequenos.

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MEDICINA DE LAGOMORFOS

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MEDICINA DE LAGOMORFOS

1. CLASSIFICAÇÃO

Ordem Lagomorpha (66 espécies)Família Ochotonidae

Gênero Ochotona (lebre-dos-vulcões)Família Leporidae

Gênero Lepus (lebre)Gênero Oryctolagus (coelho)Gênero Sylvilagus (tapiti)

2. ANATOMIA E FISIOLOGIA

Dois pares de dentes incisivos superiores (um par rudimentar); 1 par de incisivos inferiores. Dentes com crescimento contínuo. Apresentam diastema.

Orelhas proeminentes (em Ochotona spp orelhas pequenas e arredondadas).Lábio superior fendido.Estômago glandular simples. Ceco bastante desenvolvido.Coprofagia (ingerem fezes noturnas).Fêmeas poliéstricas contínuas; ovulação provocada geralmente pela cópula.Período de gestação: Lepus spp - 42 dias.

Oryctolagus spp e Sylvilagus spp - 30 a 32 dias.

Valores fisiológicos e reprodutivos para coelhos e lebres:

Coelho(Oryctolagus cuniculus)

Lebre(Lepus europeae)

Peso adulto (kg) 2 - 5 2,6 - 6,5Gestação (dias) 30 - 32 42Peso ao nascer (g) 30 -100 -Filhotes por parto 4 - 10 2 - 4Desmame (semanas) 4 - 8 7- 8Puberdade (meses) 6 - 8 -Temperatura corporal (°C) 37,2 - 39,4 -Freqüência respiratória (*) 32 - 60 -Freqüência cardíaca (**) 130 - 325 -

* movimentos respiratórios por minuto.** batimentos por minuto.

3. CONTENÇÃO FÍSICA

Segurar a base das orelhas e a pele do pescoço com uma mão, apoiando o peso do corpo sobre a outra mão posicionada entre as pernas do coelho.

“Hipnose” (reflexo de imobilidade).Caixas de contenção.

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4. CONTENÇÃO QUÍMICA

Acetilpromazina: 1,0 a 5,0 mg/kgDiazepam: 1,0 mg/kgQuetamina: 44,0 mg/kgQuetamina + xilazina: 35,0 mg/kg de quetamina e 5,0 mg/kg de xilazina.

5. PATOLOGIA

5.1. DERMATOFITOSEEtiologia: Microsporum spp, Trichophyton spp.Quadro clínico/lesões: dermatite com perda de pêlos.Diagnóstico: cultivo micológico.Tratamento/controle: griseofulvina, cetoconazole.

5.2. PASTEURELOSEEtiologia: Pasteurella multocidaQuadro clínico/lesões: espirros, tosse, coriza, pneumonia, conjuntivite,

gastrenterite, otite, abscessos em diversas regiões do corpo.Diagnóstico: cultivo bacteriológicoTratamento/controle: antimicrobianoterapia (penicilina, sulfonamidas,

sulfonamidas + trimetoprim).

5.3. SÍFILISEtiologia: Treponema cuniculiQuadro clínico/lesões: balanite (macho), vaginite (fêmea), infertilidade; doença

sexualmente transmissível.Diagnóstico: pesquisa da espiroqueta em câmara escura.Tratamento/controle: antimicrobianoterapia (penicilina).

5.4. ENTERITE MUCÓIDEEtiologia: Escherichia coli, Clostridium perfringens, Bacillus piliformis,

Salmonella typhimurium.Quadro clínico/lesões: ocorre em animais jovens; morte súbita, diarréia com muco,

desidratação, hipotermia.Diagnóstico: cultivo bacteriológico.Tratamento/controle: antimicrobianoterapia; tratamento de suporte (fluidoterapia,

aquecimento).

5.5. MIXOMATOSEEtiologia: Leporipoxvirus.Quadro clínico/lesões: edema da face, das orelhas e da região genital. Morte em 2

a 5 dias. Transmissão através de mosquitos.Diagnóstico: sinais clínicos; necropsia (edema gelatinoso subcutâneo).Tratamento/controle: combate aos mosquitos.

5.6. FIBROMATOSE

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Etiologia: Poxvirus.Quadro clínico/lesões: nódulos subcutâneos, com regressão espontânea após

alguns dias.

5.7. COCCIDIOSEEtiologia: Eimeria spp, Eimeria stidae (coccidiose hepática).Quadro clínico/lesões: emagrecimento, desidratação, diarréia (às vezes com

sangue). Coccidiose hepática: icterícia, hidroperitôneo.Diagnóstico: exame parasitológico de fezes.Tratamento/controle: sulfonamidas, nitrofurazona.

5.8. ESCABIOSEEtiologia: Sarcoptes scabiei.Quadro clínico/lesões: dermatite hiperqueratótica com perda de pêlo no focinho,

nas patas e na face externa das orelhas.Diagnóstico: exame parasitológico de pele.Tratamento/controle: amitraz (tópico), ivermectina (sistêmico).

5.9. OTITE PARASITÁRIAEtiologia: Psoroptes cuniculiQuadro clínico/lesões: otite crostosa.Diagnóstico: pesquisa do ácaro nas crostas.Tratamento/controle: amitraz, benzoato de benzila (tópico), ivermectina

(sistêmico).

5.10. HELMINTOSESEtiologia: Passalurus ambiguus (ceco), Graphidium strigosum (estômago).Quadro clínico/lesões: diarréia, emagrecimento, anemia.Diagnóstico: exame parasitológico de fezes.Tratamento/controle: mebendazole, pamoato de pirantel.

5.11. GIARDÍASEEtiologia: Giardia spp.Quadro clínico/lesões: diarréia, emagrecimento, alta mortalidade.Diagnóstico: exame parasitológico de fezes.Tratamento/controle: metronidazole.

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5.12. PODODERMATITEEtiologia: Staphylococcus spp.Quadro clínico/lesões: abscessos na face ventral dos pés devido à permanência

prolongada sobre sbstrato inadequado (gaiola com piso de arame, sujeira). Imobilidade, hipertermia, artrite.

Diagnóstico: cultivo bacteriológico.Tratamento/controle: limpeza das lesões,.antimicrobianoterapia (local e

sistêmica). Fornecer cama limpa e seca.

6. RECINTOS

Dimensões mínimas para gaiolas de coelhos (1 a 2 coelhos por gaiola): largura: 45,0 cm altura: 41,0 cm comprimento: 51 cm

O coelho doméstico adapta-se bem à gaiola. As espécies silvestres necessitam de áreas amplas com abrigos. Muitas espécies têm atividade noturna.

7. MANEJO NUTRICIONAL

Vegetais diversos: folhas, raízes, frutos e sementes.Ração comercial para coelhos com 16 a 18 % de proteína e 15 a 20 % de fibra.

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MEDICINA DE ROEDORES

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MEDICINA DE ROEDORES

1. CLASSIFICAÇÃO

Ordem Rodentia (3 subordens; 32 famílias; 1729 espécies)

Subordem Sciuromorpha (esquilos)Subordem Myomorpha (rato, camundongo, hamster)Subordem Hystrichomorpha (porco-espinnho, capivara, cobaia, chinchila)

2. ANATOMIA E FISIOLOGIA

Dentição: 1 par de dentes incisivos superiores e 1 par de incisivos inferiores. Os dentes têm crescimentos contínuo. Apresentam diastema.

Ceco bastante desenvolvido (câmara de fermentação).Pênis dirigido caudalmente; testículos inguinais ou intrabdominais.A maioria das espécies apresenta coprofagia.Alguns roedores são hibernantes (hamster, por exemplo).Reprodução: a Ordem dos Roedores apresenta uma fisiologia reprodutiva muito

variada. A Subordem Hystrichomorpha apresenta um período de gestação bastante longo (próximo ou superior a 100 dias) e produzem poucos filhotes por parto (1 a 4), que nascem bastante desenvovidos (olhos abertos, pelagem abundante). A Subordem Myiomorpha apresenta um período de gestação curto (15 a 80 dias), com vários filhotes pouco desenvolvidos (cegos e sem pêlos) por parto. Na Subordem Sciuromorpha o período de gestação varia de 30 a 45 dias e nascem 1 a 6 filhotes (cegos e sem pêlos) por parto.

Valores fisiológicos e reprodutivos para espécies selecionadas de roedores

Hamster(Mesocricetus

auratus)

Camundongo(Mus musculus)

Rato(Rattus rattus)

Gerbilo(Meriones spp)

Cobaia(Cavia porcellus)

Peso ao nascer (g)

2,0 1,5 5,5 3,0 100,0

Puberdade (dias)

28 - 31 (F)45 (M)

35 50 -60 21 -35 (F)70 - 84 (M)

20 -30 (F)70 (M)

Ciclo estral (dias)

4 4 4 4 16

Filhotes/parto 4 - 10 10 8 - 10 1 - 12 1 - 4Peso adulto (g) 120 (F)

108 (M)30 300 (F)

500 (M)75 (F)80 (M)

850 (F)1000 (M)

Longevidade (anos)

2 -3 3 - 3 1/2 3 4 4 - 5

Temperatura corporal (°C)

36,1 - 37,3 35,7 - 37,7 37,5 - 38,1 38,2 38,0 - 39,1

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3. CONTENÇÃO FÍSICA

Contenção manualLuvas de couro.Armadilhas com iscas (“ratoeiras”).

4. CONTENÇÃO QUÍMICA

camundongo hamster gerbilo cobaia chinchilaacepromazina (mg/kg) 0,75 0,5 - 1,0 0,5 - 1,0 0,1 - 0,5 0,5 -1,0diazepam (mg/kg) 5,0 5,0 5,0 2,5 1,0quetamina (mg/kg) 44,0 44,0 44,0 44,0 44,0quet.+xil.* (mg/kg) 80,0 + 16,0 80,0 + 16,0 50,0 + 10,0 44,0 + 5,0 35,0 + 5,0zoletil (mg/kg) 50,0 - 75,0 40,0 - 60,0 - 10,0 - 22,0 15,0

* cloridrato de quetamina associado ao cloridrato de xilazina

5. PATOLOGIA

5.1. LEPTOSPIROSEEtiologia: Leptospira spp.Quadro clínico/lesões: geralmente assintomática; há eliminação do agente pela

urina.Diagnóstico: sorologia; isolamento do agente.

5.2. DOENÇA DE TYZZEREtiologia: Bacillus piliformis.Quadro clínico/lesões: início súbito; disrréia, depressão, anorexia, desidratação;

colite e tiflite necróticas.Diagnóstico: cultivo bacteriológico.Tratamento/controle: antimicrobianoterapia (tetraciclinas).

5.3. PSEUDOTUBERCULOSEEtiologia: Yersinia pseudotuberculosis; Yersinia enterocolitica.Quadro clínico/lesões: anorexia, emagrecimento, diarréia; esplenomegalia,

hepatomegalia, nódulos amarelos no baço e nos rins.Diagnóstico: cultivo bacteriológico.Tratamento/controle: sulfonamidas, nitrofuranos.

5.4. ILEÍTE PROLIFERATIVAEtiologia: proliferação de bactérias Gram negativas após antimicrobianoterapia.Quadro clínico/lesões: diarréia, depressão, desidratação.Diagnóstico: cultivo bacteriológico.Tratamento/controle: fluidoterapia, lactobacilos, aquecimento.

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5.5. CORIOMENINGITE LINFOCITÁRIAEtiologia: Arenavirus.Quadro clínico/lesões: geralmente sem sinais clínicos; conjuntivite, edema

palpebral, convulsões.Diagnóstico: isolamento do vírus.

5.6. ECTROMÉLIA; VARÍOLA DOS CAMUNDONGOSEtiologia: Poxvirus.Quadro clínico/lesões: conjuntivite, lesões cutâneas papulares, gangrena das

extremidades. Forma superaguda: viremia e morte. Pode haver latência do vírus, com surgimento de casos esporádicos.

Diagnóstico: isolamento do vírus.

5.7. DERMATOFITOSEEtiologia: Microsporum spp, Trichophyton mentagrophytes.Quadro clínico/lesões: dermatite com perda de pêlos.Diagnóstico: cultivo micológico.Tratamento/controle: cetoconazole, griseofulvina.

5.8. HELMINTOSESEtiologia: Capillaria hepatica, Syphacia spp, Ostertagia spp, Heterakis spumosa,

Trichostrongylus spp.Diagnóstico: exame parasitológico de fezes.Tratamento/controle: mebendazole, pamoato de pirantel.

5.9. COCCIDIOSEEtiologia: Eimeria spp.Quadro clínico/lesões: diarréia, emagrecimento, desidratação.Diagnóstico: exame parasitológico de fezes.Tratamento/controle: sulfadiazina.

6. MANEJO NUTRICIONAL

Vegetais diversos: folhas, raízes e frutosSementes diversas (amendoim, milho, girassol, aveia, etc.)Ração peletizada para roedores.A cobaia (Cavia porcellus) não consegue sintetizar vitamina C em quantidade

suficiente para atender suas necessidades; portanto, deve-se fornecer esta vitamina na dieta (vegetais frescos).

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MEDICINA DE CARNÍVOROS

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MEDICINA DE CARNÍVOROS

1. CLASSIFICAÇÃO

Ordem CarnivoraFamília Felidae (leão, tigre, onça, puma, ...)Família Canidae (lobo, graxaim, raposa, coiote, chacal, ...)Família Mustelidae (lontra, ariranha, furão, zorrilho, “ferret”, ...)Família Procyonidae (guaxinim, coati, ...)Família Ursidae (ursos, panda-gigante)Família Hyaenidae (hienas)Família Viverridae (suricata, mangusto, ...)

2. ANATOMIA E FISIOLOGIA

Clavículas presentesDentes bastante diferenciados.Geralmente apresentam cinco dedos (o 1° é reduzido)Intestino curtoBáculo (osso peniano) bastante desenvolvido em várias espéciesGlândulas paranais desenvolvidas.Panda-gigante (Ailuropoda melanoleuca): é herbívoro; possui unhas parcialmente

retráteis. Sesamóide radial desenvolvido (pseudopolegar) para manusear o bambu. Possui uma bolsa escrotal para cada testículo.

Família Temperatura corporal

(°C)

Freqüência respiratória(mov. resp./min.)

Freqüência cardiaca(bat./min)

CanidaeFelidae 37,8 a 39,9 10 40 a 50Mustelidae 38,5 216 a 242ProcyonidaeUrsidae 37,5 a 38,3 15 a 30 60 a 90HyaenidaeViverridae

3. CONTENÇÃO FÍSICA

LaçosRedesJaula com parede deslizante

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4. CONTENÇÃO QUÍMICA

Doses de fármacos para a contenção química de carnívoros (mg/kg)

Famílias Quetamina Xilazina Quetamina/xilazina

Acetilpromazina

Tiletamina/zolazepam

Canidae 20,0 a 35,0 1,0 a 2,0 10,0/2,0 0,5 a 1,0Felidae 5,0 a 15,0 0,8 a 3,0 10,0/2,0 1,0 a 2,0 1,5 a 5,0Mustelidae 20,0 a 40,0 - 15,0/2,0 - 1,5 a 10,0Procyonidae 20,0 a 30,0 - 10,0/2,0 - 10,0Ursidae 5,0 a 9,0 2,0 a 4,5 4,0 a 10,0/2,0 - -Hyaenidae - - 10,0/2,0 - -

5. PATOLOGIA

5.1. CINOMOSEEtiologia: MorbilivirusQuadro clínico/lesões: anorexia, emagrecimento, diarréia, encefalomielite

desmielinizante, morte.Diagnóstico: pesquisa de corpúsculos de inclusão.Controle: vacinação (controverso).

5.2. PANLEUCOPENIA FELINAEtiologia: Parvovirus.Quadro clínico/lesões: vômitos, diarréia, desidratação, leucopenia, hipoplasia

cerebelar no feto.Diagnóstico: imunofluorescência; isolamento do vírus.Controle/tratamento: vacinação (fêmeas gestantes não devem ser vacinadas).

5.3. PARVOVIROSE CANINAEtiologia: Parvovirus.Quadro clínico/lesões: vômitos, diarréia, desidratação, anorexia.Diagnóstico: imunofluorescência, isolamento do vírus.Controle/tratamento: não há dados sobre a eficácia e segurança da vacinação em

carnívoros silvestres.

5.4. HEPATITE INFECCIOSAEtiologia: Adenovirus.Quadro clínico/lesões: icterícia, bilirrubinemia, ascite, diarréia, convulsões.Diagnóstico: pesquisa de corpúsculos de inclusão nos hepatócitos.Controle/tratamento: vacinção.

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5.5. RAIVAEtiologia: Rhabdovirus.Quadro clínico/lesões: encefalite, paralisias, morte.Diagnóstico: pesquisa dos corpúsculos de NEGRI; imunofluorescência.Controle/tratamento: vacinação (somente vacinas inativadas !!!!!!!)

5.6. RINOTRAQUEÍTE VÍRICA DOS FELINOSEtiologia: Herpesvirus.Quadro clínico/lesões: hipertermia, rinite, conjuntivite, depressão, abortos.Diagnóstico: pesquisa de corpúsculos de inclusão; imunofluorescência.Controle/tratamento: vacinação (proteção temporária).

5.7. TOXOPLASMOSEEtiologia: Toxoplasma gondii.Quadro clínico/lesões: hipertermia, anorexia, emagrecimento, dispnéia, tosse,

enterite, icterícia, convulsões, aborto.Diagnóstico: sorologia.Controle/tratamento: sulfadiazina associada à pirimetamina.

5.8. COCCIDIOSEEtiologia: Isospora spp.Quadro clínico/lesões: anemia, anorexia, diarréia, emagrecimento.Diagnóstico: exame parasitológico de fezes.Controle/tratamento: sulfadiazina.

5.9. BABESIOSEEtiologia: Babesia spp.Quadro clínico/lesões: anemia, icterícia, hipertermia, hemoglobinúria.Diagnóstico: pesquisa do protozoário no sangue.Controle/tratamento:

5.10. TOXOCARIOSEEtiologia: Toxocara spp.Quadro clínico/lesões: anorexia, diarréia, vômitos, emagrecimento.Diagnóstico: exame parasitológico de fezes.Controle/tratamento: mebendazole, pamoato de pirantel.

5.11. ANCILOSTOMOSEEtiologia: Ancylostoma spp.Quadro clínico/lesões: depressão, anemia, diarréia.Diagnóstico: exame parasitológico de fezes.Controle/tratamento: mebendazole, pamoato de pirantel.

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5.12. CESTÓDEOSEtiologia: Taenia spp, Echinococcus spp, Mesocestoides spp, Dipylidium caninum,

Dphyllobotrium spp.Quadro clínico/lesões: diarréia.Diagnóstico: exame parasitológico de fezes.Controle/tratamento: praziquantel

5.13. SARNAEtiologia: Sarcoptes scabiei, Demodex folliculorum, Notoedres spp, Otodectes

cynotis, Ursicoptes americanus.Quadro clínico/lesões: dermatite, rarefação pilosa, prurido.Diagnóstico: exame parasitológico de pele.Controle/tratamento: piretróides, amitraz, ivermectina.

6. RECINTOS

6.1. FelidaeDimensões mínimas por indivíduo:

espécies pequenas: 2,0m x 2,0m x 2,5mespécies médias: 4,0m x 2,0m x 2,5mespécies grandes: 8,0m x 4,0m x 4,0m

Substrato: grama ou concreto.Abrigo e sombra.Troncos para exercício.

6.2. CanidaeDimensãoes mínimas por indivíduo

Massa corporal (kg) Área descoberta (m2) Área coberta (m2)1,0 a 15,0 0,74 0,7415,0 a 30,0 1,12 1,12

mais de 30,0 2,23

Bosques cercados.Abrigos.

6.3. UrsidaeRecinto com várias níveis verticais.Barreiras visuais.Tanque com água.Refúgio.Troncos para exercício.

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6.4. ProcyonidaeDimensões mínimas: 1,0m x 2,0m x 2,0m /casal.

7. MANEJO NUTRICIONAL

7.1 Canidaedieta básica para cães domésticoscarcaças inteiras

7.2. Ursidaeo urso-polar (Thalarctos maritimus) alimenta-se basicamente de peixes; as outras

espécies são onívoras.O panda-gigante alimenta-se basicamente de brotos de bambu, mas aceita outros

vegetais, peixes e pequenos mamíferos, quando disponíveis.

7.3. Procyonidaeo guaxinim (Procyon spp) e o coati (Nasua spp) são onívoros; aceitam ração

comercial para cães, carne, peixes, vegetais e frutos.

7.4. Hyaenidaecarne, leite, ovos, farinha de osso, óleo de fígado.consumo diário: 4 % da massa corporal.

7.5. Felidaealimentam-se de roedores, coelhos, aves; aceitam, também, ração comercial para

felinos. São os carnívoros mais especializados no consumo de carne (e, portanto, os mais dependentes de carne).

Consumo diário:espécies pequenas: 4,0 a 8,0 % da massa corporal.espécies grandes: 1,5 a 3,0 % da massa corporal.jovens em crescimento: 15,0a 25,0 % da massa corporal.fêmeas gestantes: 20,0 a 30,0 % da massa corporal.

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Biologia de carnívoros silvestres

Espécies Massacorporal (kg)

Atividade Regime alimentar

Gestação(dias)

Filhotespor parto

Longevidade (anos)

Puberdade(anos)

Coati(Nasua spp)

6,0 a 11,0 diurna carnívorofrugívoro

74 2 a 6 10 a 14 -

Guaxinim(Procyon lotor)

5,0 a 15,0 noturna carnívorofrugívoroinsetívoro

64 1 a 7 - 1 (macho)2 (fêmea)

Guará(Chrysocyon brachyurus)

23,0 noturna carnívorofrugívoro

60 a 65 1 a 3 - -

Jaguatirica(Leopardus pardalis)

10,0 a 15,0 noturna carnívoro 2 a 3 12

Puma(Puma concolor)

35,0 a 90,0 diurna carnívoro 93 3 a 4 15 -

Leão(Panthera leo)

120,0 a 200,0 diurna/noturna carnívoro 100 2 a 4 20 3 a 4

Tigre(Panthera tigris)

120,0 a 220,0 diurna carnívoro 100 a 110 2 a 4 20 3 a 4

Onça(Panthera onca)

130,0 diurna/noturna carnívoro 93 a 110 1 a 4 - 2,5 a 3,0

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CINOMOSE EM FELÍDEOS

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CINOMOSE EM FELÍDEOS

1. ANTECEDENTES:

Canídeos, Procionídeos, Mustelídeos e Viverrídeos são suscetíveis à Cinomose, assim como o cateto. Morbilivírus em Pinípedes e Cetáceos. Gatos/porcos: soroconversão sem doença.

2. FELÍDEOS ENVOLVIDOS:

Tigre (Panthera tigris) Leão (Panthera leo) Leopardo (Panthera pardus) Onça (Panthera onca)

3. QUADRO CLÍNICO/LESÕES:

Padrão 1: alterações do SNC (17%) Padrão 2: quadro digestivo (83%) doença neurológica após o quadro digestivo (43%)

4. PATOLOGIA CLÍNICA: Linfopenia Neutrofilia

5. NECROPSIA: Hiperemia/consolidação pulmonar (85%) Hiperemia das meninges (54%)

6. HISTOPATOLOGIA: Polioencefalite, meningite, pneumonia. Corpúsculos de inclusão.

7. DISCUSSÃO:

Contato estreito entre felídeos e guaxinins (Procyon spp) aumenta o risco de exposição ao vírus. FIV e FeLV (imunodepressores) diminuem a resistência a outras infecções (apenas 1 leão foi positivo para FIV). Mutação do Morbilivírus Canino.

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MEDICINA DE CETÁCEOS

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MEDICINA DE CETÁCEOS

1. CLASSIFICAÇÃO

Ordem Cetacea (92 espécies)

Subordem OdontocetiFamília Platanistidae (botos de água doce)Família Monodontidae (beluga)Família Delphinidae (golfinhos, orca)Família ZiphidaeFamília Phiseteridae (cachalote)

Subordem MysticetiFamília Eschrictiidae (baleia-cinzenta)Família Balaenopteridae (baleia-jubarte)Família Balaenidae (baleia-franca)

2. ANATOMIA E FISIOLOGIA

corpo hidrodinâmicomembros anteriores transformados em nadadeirasorelhas ausentespele sem camda de queratina; tecido subcutâneo com grande quantidade de gordura

(isolamento térmico)os dentes, quando presentes (Odontoceti), não diferença de forma (cônicos).Mysticeti sem dentes: apresentam franjas de filtração (“baleen”).orifício respiratório situado no alto da cabeça.língua sem papilas gustativaso estômago dos golfinhos está dividido em 3 compartimentos:

1º: parede espessa com epitélio estratificado.2º: porção digestiva3°: porção secretora de muco

rins alongados e multilobadosrede venosa peri-arterial (termorregulação)adaptados ao mergulho; os cachalotes podem permanecer submersos (em apnéia,

portanto) por mais de 2 horas !!temperatura corporal: 35,0 a 37,0 °C.

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3. CONTENÇÃO FÍSICA

drenagem do tanque: induz imobilidadecorpo muito pesado pode levar à asfixia quando estão fora da água, devido ao

grande esforço para respirar.quando fora da água devem ser colocados sobre colchões de espuma, mantendo-se a

pele úmida e abrigada do sol.

4. CONTENÇÃO QUÍMICA

raramente é indicadacloridrato de clordizepóxido: 0,5 mg/kg. immeperidina: 0,25 mg/kg, imtrifluomeprazina: 0,25 mg/kg, imcloridrato de quetamina: 1,1 mg/kg, im

5. PATOLOGIA

5.1. ERISIPELOSEEtiologia: Erysipelothrix insidiosa, Erysipelothrix rhusiopathiaeQuadro clínico/lesões: anorexia, depressão, lesões cutâneas em forma de losango.Diagnóstico: cultivo bacteriológico.Controle/tratamento: antimicrobianoterapia (penicilina, ampicilina,

cloranfenicol).

5.2. PASTEURELOSEEtiologia: Pasteurella sppQuadro clínico/lesões: enterite hemorrágica, morte.Diagnóstico: cultivo bacteriológico.Controle/tratamento: antimicrobianoterapia (penicilina, cloranfenicol).

5.3. HEPATITEEtiologia: desconhecida. Suspeitas: intoxicações, deficiência de colina ou selênio,

vírus da Hepatite A (humana).Quadro clínico/lesões: anorexia, depressão, emagrecimento, icterícia, aumento da

atividade de ALT. Altas mortalidade (perto de 100 %) e transmissibilidade.

5.4. INFECÇÕES POR Pseudomonas sppEtiologia: Pseudomonas spp.Quadro clínico/lesões: broncopneumonia, dermatite, osteomielite, septicemia, alta

mortalidade.Diagnóstico: cultivo bacteriológico.Controle/tratamento: antimicrobianoterapia.

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5.5. NOCARDIOSEEtiologia: Nocardia paraguayensisQuadro clínico/lesões: úlceras orais, nódulos pulmonares.Diagnóstico: cultivo bacteriológico.Controle/tratamento: antimicrobianoterapia.

5.6. PARASITOSE DOS SEIOS AÉREOSEtiologia: Nasitrema spp (Trematoda).Quadro clínico/lesões: localiza-se nos seios aéreos (cabeça) e ouvidos. Necrose

cerebral; perda de audição.Diagnóstico: pesquisa dos ovos do parasito no orifício respiratório.Controle/tratamento: praziquantel.

5.7. PARASITOSE HEPÁTICAEtiologia: Campula spp (Trematoda).Quadro clínico/lesões: hepatite.

5.8. PARASITOSE GÁSTRICAEtiologia: Anisakis spp (Nematoda).Quadro clínico/lesões: úlceras gástricas.Diagnóstico: exame parasitológico de fezes; endoscopia.Controle/tratamento:

6. RECINTOS

tanques com água do mar (natural ou artificial); salinidade de 2,5 a 3,5 %.preferência para tanques circulares (facilita a higiene)filtros de areiadimensão horizontal mínima: 4x o comprimento do cetáceoprofundidade: 1,5x o comprimento do cetáceo.estas dimensões proporcionam espaço suficiente para 2 indivíduos.acompanhamento constante da qualidade da água.

Page 68: APOSTILA

7. MANEJO NUTRICIONAL

alimentação na Natureza: peixes, moluscos, crustáceos, ouriço-do-mar.alimentação oferecida em cativeiro: sardinha, arenque, cavala, lulas.os peixes mortos contêm elevada quantidade de tiaminase; assim, devem ser

suplementados com tiamina (25,0 a 35,0 mg/kg de peixe).consumo alimentar:

Consumo diário(% da massa corporal)

golfinhos em crescimento 9,0 a 15,0golfinhos adultos 4,0 a 9,0baleias jovens 5,0 a 9,0baleias adultas 2,0 a 5,0

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Fisiologia de cetáceos

Espécie Gestação(meses)

Lactação(meses)

Longevidade(anos)

Freqüênciarespiratória

(mov.resp./min)

Temperaturacorporal (°C)

Tempo desubmersão (min)

Golfinho(Tursiops truncatus)

12 a 13 18 25 2,2 37,0 6

Orca(Orcinus orca)

12 - 35 0,8 36,0 8 a 10

Baleia-piloto(Globicephala spp)

15 - 40 a 50 - - -

Beluga(Delphinapterus leucas)

14 a 15 24 30 a 50 - - -

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MEDICINA DE PINÍPEDES

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MEDICINA DE PINÍPEDES

1. CLASSIFICAÇÃO

Ordem Pinnipedia

Família Otariidae (leões-marinhos) - 6 gênerosFamília Phocidae (focas) - 13 gênerosFamília Odobenidae (morsa) - 1 gênero

2. ANATOMIA E FISIOLOGIA

pele coberta de pêlosgrande camada de gordura subcutâneaos 4 membros locomotores foram modificados para locomoção aquáticatubo digestivo semelhante ao dos carnívorosprincipais diferenças entre Otarídeos e Focídeos:

OTARIIDAE PHOCIDAEcorpo delgado corpo fusiformeorelhas proeminetes orelhas ausentespescoço longo pescoço curtocaminham sobre os 4 membros rastejamdentes decíduos mudam com 3 ou 4 meses de idade

dentes decíduos são perdidos logo após o nascimento

3. CONTENÇÃO FÍSICA

redesjaula de contenção para pinípedesbarreiras visuais

4. CONTENÇÃO QUÍMICA

cloridrato de quetamina: 4,5 a 11,0 mg/kg, imdiazepam: 0,1 a 0,2 mg/kg, imquetamina + diazepam: 5,0 mg/kg de quetamina e 0,1 mg/kg de diazepam.

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5. PATOLOGIA

5.1. LEPTOSPIROSEEtiologia: Leptospira pomonaQuadro clínico/lesões: depressão, anorexia, hipertermia, leucocitose, aumento dos

níveis de creatinina, nefrite intersticial, hemorragias e úlceras orais.Diagnóstico: sorologia.Controle/Tratamento: a vacinação pode ser efetiva mas não é realizada como

rotina.

5.2. PASTEURELOSEEtiologia: Pasteurella multocidaQuadro clínico/lesões: enterite hemorrágica, peritonite, dispnéia, hipertermia,

leucocitose,, alata mortalidade.Diagnóstico: cultivo bacteriológico.Controle/Tratamento: antimicrobianoterapia.

5.3. HEPATITE VÍRICAEtiologia: vírus não identificado.Quadro clínico/lesões: anorexia, depressão, edema das córneas, paresia,

convulsões, necrose hepática.Diagnóstico: pesquisa de partículas víricas nos hepatócitos.

5.4. MICOSES SISTÊMICASEtiologia: Histoplasma spp, Coccidioides spp, Blastomyces spp.Quadro clínico/lesões: doença respiratória, emagrecimento crônica.Diagnóstico: isolamento do agente.

5.5. VARÍOLA, “SEALPOX”Etiologia: PoxvirusQuadro clínico/lesões: lesões cutâneas hiperqueratóticas localizadas

principalmente na cabeça e no pescoço. Regressão espontânea das lesões se não houver doenças secundárias.

Diagnóstico: pesquisa de corpúsculos de inclusão nas lesões.Controle/tratamento: remoção cirúrgica das lesões; vacina autógena.

5.6. PARASITOLOGIA

5.6.1. Verminose pulmonar: Otostrongylus spp5.6.2. Verminose cardíaca: Dipetalonema spirocauda5.6.3. Verminose gástrica: Contracaecum osculatum, Anisakis spp.

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6. RECINTOS

tanques com água do mar (idem cetáceos) com área seca adicional.

7. MANEJO NUTRICIONAL

regras básicas para cetáceosconsumo alimentar diário:

indivíduos jovens: 8,0 a 15,0 % da massa corporalindivíduos adultos: 4,0 a 8,0 % da massa corporalelefante-marinho: 2,0 a 4,0 % da massa corporal

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Fisiologia de pinípedes

Espécie Gestação(meses)

Lactação(meses)

Longevidade(anos)

Freqüênciarespiratória

(mov.resp./min)

Temperaturacorporal (°C)

Tempo desubmersão (min)

Foca(Phoca vitulina)

12 1 40 45 3 a 4 37,0 a 38,0 10 a 20

leão-marinho(Zalophus californianus)

12 5 a 6 30 6 37,5 a 38,0 10 a 13

Elefante-marinho(Mirounga spp)

11 3 semanas 14 3 35,0 a 37,0 10 a 15

Morsa(Odobenus rosmarus)

12 18 30 - - -

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MEDICINA DE ELEFANTES

Page 76: APOSTILA

MEDICINA DE ELEFANTES

1. CLASSIFICAÇÃO:

Ordem ProboscideaFamília Elephantidae (2 espécies)

elefante-asiático (Elephas maximus) - 4 subespécieselefente-africano (Loxodonta africana) - 2 subespécies

2. ANATOMIA E FISIOLOGIA:

elefante-africano elefante-asiáticomacho fêmea macho fêmeamassa corporal

(kg)4100 - 5000 2300 - 4000 3700 - 4500 2300 - 3700

altura (m) 2,7 - 3,6 2,3 - 2,7 2,4 - 2,9 2,1 - 2,4

Pele: 1,9 a 3,2 cm de espessura.Sistema digestivo: estômago simples

vesícula biliar ausentefórmula dentária: 2 (I 1/0, C 0/0, P 3/3, M 3/3) = 26incisivos desenvolvidos (clomilhos = marfim). Possuem esmalte

apenas no início do desenvolvimento; mais tarde têm apenas dentina ao redor da polpa.molares fundidos (6 conjuntos trocados durante a vida).

testículos intrabdominaisglândulas temporais situadas entre o olho e a orelha (produzem secreção oleosa)freqüência cardíaca: 25 a 35 batimentos / minutofreqüência respiratória: 4 a 6 mov. resp. / minutotemperatura corporal: 36,0 a 37,0 °Cos elefantes apresentam uma pequena superfície corporal em relação ao volume corporal, o que leva a uma dificuldade para perder calor.período de gestação: 22 mesesciclo estral: 4 meses

3. CONTENÇÃO FÍSICA:

o treinamento dos elefantes é fundamental para o sucesso da contençãocorrentes nos pésganchosparede deslizante

4. CONTENÇÃO QUÍMICA:

sempre é um procedimento arriscadoacetilpromazina: 0,007 a 0,07 mg/kg, imxilazina: 0,08 mg/kg, im

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5. PATOLOGIA:

5.1. CARBÚNCULOEtiologia: Bacillus anthracisQuadro clínico/lesões: morte súbita; anorexia, hipertermia, cólica, mucosas

hemorrágicas, paralisias, diarréia sanguinolenta.Diagnóstico: cultivo bacteriológico (sangue).Controle/tratamento: antimicrobianoterapia (penicilina).

5.2. SALMONELOSEEtiologia: Salmonella sppQuadro clínico/lesões: diarréia profusa, anorexia, hipertermia.Diagnóstico: cultivo bacteriológicoControle/tratamento: antimicrobianoterapia; fluidoterapia (50 a 200 l de solução

eletrolitica por dia)

5.3. RUBERCULOSEEtiologia: Mycobacterium tuberculosisQuadro clínico/lesões: emagrecimento progressivo, secreção nasal.Diagnóstico: tuberculinizaçãoControle/tratamento: isoniazida.

5.4. VARÍOLA, “ELEPHANTPOX”Etiologia: PoxvirusQuadro clínico/lesões: lesões cutâneas papulares, hipertermia, conjuntivite, erosões

nas mucosas, pododermatite. Zoonose.Diagnóstico: pesquisa de corpúsculos de inclusão, isolamento do vírus.Controle/tratamento: isolamento dos animais doentes; tratamento de suporte,

vacinção.

5.5. FEBRE AFTOSAEtiologia: AphtovirusQuadro clínico/lesões: hipertermia, anorexia, salivação, estomatite (erosões na

mucosa oral), pododermatite ulcerativa.Diagnóstico: isolamento do vírus.

5.6. DOENÇAS PARASITÁRIASProtozoários: Babesia spp, Trypanosoma spp.Trematódeos: Fasciola spp, Protofasciola spp.Nematódeos: Mammomonogamus loxodontus (brônquios); Pharyngobolus spp

(estômago); Quilonia spp, Strongylus spp, Amira spp, Strongyloides spp (intestino).

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6. RECINTOS:

áreas amplas com abrigo, sombra e tanque com água para banho.toleram melhor o frio do que o calor.

7. MANEJO NUTRICIONAL:

em liberdade passam 18 horas/dia se alimentandoconsumo alimentar: aproximadamente 280 kg/diaalimentação oferecida em cativeiro (Zoológico Nacional de Washington):

45 kg de feno1,5 kg de aveia23 kg de alface23 kg de cenouras180 g de complemento vitamínico e mineral.

8. BIOLOGIA:

Elefante-asiático (Elephas maximus)Distribuição geográfica: Índia, Sri Lanka e Sumatra.“Habitat”: florestas e camposVive em grupos familiares compostos por 10 a 30 indivíduos com uma fêmea

dominante (matriarca).

Elefante-africano (Loxodonta africana)Distribuição geográfica: África, ao sul do Saara.“Habitat”: savanas e florestasVive em grupos familiares às vezes com mais de 100 indivíduos com uma fêmea

dominante (matriarca).

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MEDICINA DE PERISSODÁCTILOS

Page 80: APOSTILA

MEDICINA DE PERISSODÁCTILOS

1. CLASSIFICAÇÃO:

Ordem Perissodactyla (16 espécies)Família Equidae (zebras, cavalos)Família Tapiridae (antas)Família Rhinocerotidae (rinocerontes)

2. ANATOMIA E FISIOLOGIA:

III dedo mais desenvolvidoEquidae: possuem apenas o III dedo

monogástricos com ceco desenvolvidoTapiridae: focinho e lábio superior formam uma pequena tromba móvel

filhotes com manchas brancas na pelagemRhinocerotidae: membros locomotores curtos com 3 dedos

espécies africanas possuem 2 chifres; asiáticos com 1 chifreos chifres são formados por queratina, sem suporte ósseo;

apresentam crescimento contínuo.rinoceronte-negro: lábio superior cônico e móvelrinoceronte-branco: lábio superior largomonogástricos, com ceco e cólon desenvolvidos.

3. CONTENÇÃO FÍSICA:

laçosbarreiras visuaiscurraisa contenção física apresenta riscos devido ao grande porte dos animais.

4. CONTENÇÃO QUÍMICA:

Equidae: etorfina, 2,0 a 5,0 mg + acetilpromazina, 5,0 a 20,0 mgetorfina, 2,0 a 5,0 mg + xilazina, 25,0 a 100,0 mg

Anta: etorfina, 1,0 a 3,0 mg

Rinocerontes: etorfina, 2,0 a 4,0 mgxilazina, 0,3 a 0,7 mg/kgetorfina, 0,2 mg/kg + acetilpromazina, 2,0 mg/kg

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BIOLOGIA DE PERISSODÁCTILOS

ESPÉCIE DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA PESO (kg) LONGEVIDADE (anos)

Cavalo-de-przewalski (Equus przewalski)

Mongólia e China 225 a 240 27 a 32

zebra-de-grevy (Equus grevyi) Etiópia e Quênia 431 a 451 29 a 35zebra-de-buchell (Equus burchelli) África 366 a 375 22 a 28

anta (Tapirus terrestris) América do Sul 150 a 180 -Rinoceronte-branco (Diceros simus) África central 1500 a 2000 -

Rinoceronte-negro (Diceros bicornis) África 1000 a 1400 35 a 40

REPRODUÇÃO DE PERISSODÁCTILOS

ESPÉCIE GESTAÇÃO (dias) CICLO ESTRAL (dias) PESO AO NASCER (kg)

PUBERDADE (anos)

Zebra-de-grevy (Equus grevyi) 399 19 a 33 40 4 (macho)3 a 4 (fêmea)

cavalo-de-przewalski (Equus przewalski) 330 - - -anta (Tapirus terrestris) 390 a 400 - - -

Rinoceronte-branco (Diceros simus) 458 a 500 - 35 a 40 -Rinoceronte-negro (Diceros bicornis) 419 a 469 26 a 30 22 a 38,5 4 1/2

FÓRMULAS DENTÁRIAS DE PERISSODÁCTILOS

ESPÉCIES INCISIVOS CANINOS PRÉ-MOLARES MOLARES TOTALZebras 3/3 1/1 3 -4/3 3/3 40 - 42Anta 3/3 1/1 3 - 4/4 3/3 42 - 44

Rinocerontes 0/0 0/0 4/4 3/3 28

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5. PATOLOGIA:

5.1. CARBÚNCULOEtiologia: Bacillus anthracisQuadro clínico/lesões: septicemia, morte súbita, claudicação, ataxia, hemorragias.Diagnóstico: cultivo bacteriológico.Controle/Tratamento: antimicrobianoterapia (penicilina).

5.2. SALMONELOSEEtiologia: Salmonella sppQuadro clínico/lesões: anorexia, emagrecimento, diarréia, hipertermia,

desidratação.Diagnóstico: cultivo bacteriológico.Controle/Tratamento: antimicrobianoterapia; tratamento de suporte.

5.3. TÉTANOEtiologia: Clostridium tettaniQuadro clínico/lesões: ataxia, rigidez muscular, hipersensibilidade a estímulos

ambientais.Diagnóstico: pesquisa da toxina tetânica.Controle/Tratamento: antimicrobianoterapia (penicilina); antitoxina tetânica.

5.4. TUBERCULOSEEtiologia: Mycobacterium tuberculosisQuadro clínico/lesões: emagrecimento progressivo, depressão, dispnéia, tosse,

nódulos caseosos nos pulmões, baço e cavidade abdominal.Diagnóstico: tuberculinização; pesquisa de BAAR.Controle/Tratamento: o tratamento não é recomendado.

5.5. FEBRE AFTOSAEtiologia: AphtovirusQuadro clínico/lesões: ocorre nos Tapirídeos; hipertermia, anorexia, depressão,

claudicação, salivação, vesículas e úlceras orais e podais.Diagnóstico: inoculação do material suspeito no coxim plantar de cobaia; reação

positiva = vesículas em 1 a 7 dias.Controle/Tratamento: não relatado.

5.6. HELMINTOSESEtiologia:Equidae: Strongylus spp, Strongyloides spp, Parascaris spp, Oxyuris spp.Tapiridae: Strongyloides spp, capilarídeos, ascarídeos.Rhinocerotidae: Anoplocephala spp, Habronema spp, Oxyuris spp, Strongylus spp.Diagnóstico: exame parasitológico de fezes.Controle/Tratamento: mebendazole, pamoato de pirantel, fenbendazole.

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6. RECINTOS

áreas amplas com vegetação, sombra e abrigo.nem sempre toleram grupos em cativeiro.tanque com água para banho (antas e rinocerontes asiáticos).

7. MANEJO NUTRICIONAL

Equidae: feno, vegetais, e frutos frescos. Ração comercial para eüinos (12 a 12,5 % de proteína), sais minerais em bloco.

Tapiridae: 3,5 kg de alafafa1,0 a 1,5 kg de ração comercial para herbívoros5,0 a 12,0 kg de vegetais e frutos frescossais mineraisalguns indivíduos comem carne

Rhinocerotidae: fenopasto verderação comercial para eqüinosconsumo médio: 30,0 a 40,0 kg/dia

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MEDICINA DE ARTIODÁCTILOS

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MEDICINA DE ARTIODÁCTILOS

1. CLASSIFICAÇÃO:

Ordem Artiodactyla

Subordem SuiformesFamília Suidae (8 espécies)Família Tayassuidae (2 espécies)Família Hippopotamidae (2 espécies)

Subordem TylopodaFamília Camelidae (6 espécies)

Subordem RuminantiaFamília Bovidae (128 espécies)Família Cervidae (41 espécies)Família Tragulidae (4 espécies)Família Giraffidae (2 espécies)Família Antilocapridae (1 espécie)

2. ANATOMIA E FISIOLOGIA

III e IV dedos mais desenvolvidos, apoiando o peso do corpo

Camelidae: estômago dividido em 3 compartimentos; contrações gástricas irregulares.membros locomotores terminam em dois dedos que se apóiam emuma almofada plantar (Tylopoda).

Cervidae: na maioria das espécies apenas o macho possui galhadas; a única exceção é a rena ou caribu (Rangifer tarandus), onde as galhadas estão presentes em

ambos os sexos.

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ESPÉCIE DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA HABITAT PESO(kg)

GESTAÇÃO (dias)

javali (Sus scrofa) Europa, Ásia e África florestas 150 120cateto (Tayassu tajacu) Américas do Norte e do Sul campos com bosques 20 - 30 142 - 149hipopótamo (Hippopotamus amphibius) África (ao sul do Saara) rios e lagos 1300 -

2000240

dromedário (Camelus dromedarius) norte da África, Oriente Médio desertos 600 390camelo (Camelus bactrianus) Mongólia desertos 700 390lhama (Lama glama) América do Sul (Andes) montanhas (3800 a 5000

m)108 - 243 345

gamo (Dama dama) Europa florestas 50 - 60 230sambar (Cervus unicolor) Índia, Indonésia florestas 150 - 315 240cervo-vermelho (Cervus elaphus) norte da África, Europa, Ásia, América do

Norteflorestas 100 - 260 230 - 244

alce (Alces alces) Europa, América, Ásia florestas de coníferas e pântanos

560 240

rena (Rangifer tarandus) norte da Eurásia e América do Norte tundra 180 - 190 227 - 240girafa (Giraffa camelopardalis) África savana 1200 420 - 468búfalo-africano (Syncerus caffer) África (ao sul do Saara) florestas e savana 350 - 900 300 - 330iaque (Bos grunniens) Tibete montanhas (4000 a 6000

m)550 270

bisão-americano (Bison bison) América do Norte pradarias 1000 270 - 285bisão-europeu (Bison bonasus) Polônia florestas 800 - 1000 260 - 270órix (Orix beisa) África savana 200 242 - 256gnu (Connochaeets taurinus) África savana 260 250impala (Aepyceros melampus) África savana 80 190 - 200gazela-de-thomson (Gazella thomsonii) África savana 27 150 - 200

Distribuição geográfica, habitat, peso e período de gestação de espécies selecionadas de artiodáctilos.

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3. CONTENÇÃO FÍSICA

sempre será estressante e arriscadacontenção manual: pode ser empregada em pequenas espécies e filhotes; pode-se conter o paciente pelos chifres, com cuidado para não fraturá-los. A contenção pelas galhadas não é recomendada em cervídeos que estejam na fase de veludo, pois a pele que recobre estas estruturas apresenta irrigação sangüínea intensa.laços: podem provocar traumatismosarmadilhasbarreiras visuaisredes fixas ou atiradas sobre os animaiscurrais

4. CONTENÇÃO QUÍMICA

as doses variam amplamente com as espéciesa via intramuscular é a mais utilizada para injeção à distância (dardos)fármacos mais utilizados: etorfina (M-99)

cloridrato de xilazinacloridrato de quetaminaacetilpromazinatiletamina e zolazepam (associados)xilazina e quetamina (associados)

5. PATOLOGIA

5.1. TUBERCULOSEEtiologia: Mycobacterium tuberculosisQuadro clínico/lesões: emagrecimento progressivo, anorexia, hipertermia

moderada, tosse crônica, nódulos caseosos com localização diversa.Diagnóstico: tuberculinização.Controle/Tratamento: isoniazida, quando possivel.

5.2. FEBRE CATARRAL MALIGNAEtiologia: HerpesvirusQuadro clínico/lesões: hipertermia, conjuntivite, opacidade da córnea, encafalite,

infadenite, inflamação das porções superiores dos tratos respiratário e digestivo.Diagnóstico: histopatologia (vasculite e acúmulo de elementos celulares nas

camadas média e adventícia dos vasos sangüíneos).

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5.3. DOENÇA DAS MUCOSAS, “RINDERPEST”Etiologia: MyxovirusQuadro clínico/lesões: inflamação catarral da porção superior dos tratos

respiratório e digestivo, emegrecimento progressivo, depressão, opacidade da córnea, cegueira.

Diagnóstico: isolamento do vírus.

5.4. FEBRE AFTOSAEtiologia: AphtovirusQuadro clínico/lesões: hipertermia, anorexia, erosões e úlceras na cavidade oral e

nas patas.Diagnóstico: isolamento do vírus.

5.5. VARÍOLA DOS CAMELOS, “CAMELPOX”Etiologia: OrthopoxvirusQuadro clínico/lesões: ocorre no Camelídeos do velho mundo (camelo, Camelus

bactrianus e dromedário, Camelus cromedarius); pápulas cutâneas, geralmente ao redor dos lábios.

Diagnóstico: pesquisa dos corpúsculos de Bollinger.

5.6. DOENÇA HEMORRÁGICA DOS RUMINANTES SILVETRESEtiologia: ReovirusQuadro clínico/lesões: transmissão por insetos hematófagos; hipertermia,

depressão, dispnéia, cianose, edema do pescoço e da cabeça; morte.Diagnóstico: isolamento do vírus.Controle/Tratamento: combate aos vetores.

5.7. SARNAEtiologia: Sarcoptes scabiei; Chorioptes sppQuadro clínico/lesões: dermatite crostosa com perda de pêlos; é uma parasitose

importante nos camelídeos.Diagnóstico: exame parasitológico de pele.Controle/Tratamento: tópico - pouco efetivo

sistêmico - ivermectina

5.8. ENDOPARASITOSESEtiologia: os artiodáctilos silvestres são suscetíveis aos endoparasitos dos

ruminantes domésticos: Haemonchus spp, Ostertagia spp, Trichostrongylus spp, etc.Diagnóstico: exame parasitológico de pele.Controle/Tratamento:mebendazole, fanbendazole.

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6. RECINTOS:

áreas amplas com abrigos e sombra; grama ou concreto como substrato.estábulos com chão de concreto (antiderrapante), coberto com maravalha.adaptam-se bem à rotina e podem ser treinados (condicionados) para deslocamentos entre recintos e estábulos.Suidae e Tayassuidae preferem substratos que possam ser revirados com o focinho.o hipopótamo (Hippopotamus amphibius) passa a maior parte do tempo dentro d’água.

7. MANEJO NUTRICIONAL

dieta básica para ruminantes domésticosvegetais e frutos diversos. Sementes.

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