apostila de enfermagem cirÚrgica 2010 (1)

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ENFERMAGEM Profª Glenda Agra ENFERMAGEM CIRÚRGICA

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ENFERMAGEM

Profª Glenda Agra

ENFERMAGEM

CIRÚRGICA

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Profª Glenda Agra

1.CLÍNIA CIRÚRGICA: É a unidade hospitalar organizada, segundo um conjunto de

requisitos que se torna apta a receber pacientes para tratamento cirúrgico em regime de

internamento.

2.OBJETIVOS: Proporcionar ambiente terapêutico adequado aos pacientes com

afecções clínicas diversificadas, em regime de internação. Manter elevado padrão da

assistência, mediante planejamento, execução e avaliação das atividades de

enfermagem.

3.DEPENDÊNCIAS: Enfermarias, expurgos, isolamentos, postos de enfermagem,

repousos médicos e de enfermeiros, rouparias, sala de chefia de enfermagem, sala de

curativos, sala de prescrição.

4.RELAÇÃO COM OUTROS SERVIÇOS: Almoxarifado, ambulatório, central de

hemoterapia, CME, centro cirúrgico, CTI, CCIH, demais unidades de internação,

divisão de enfermagem, farmácia, recepção e SAME.

5.POSIÇÃO ADMINISTRATIVA: O serviço de enfermagem da clínica está

diretamente subordinado à divisão de enfermagem.

6.PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DA CLÍNICA CIRÚRGICA: Enfermeiro-

gerente no horário da manhã.

Enfermeiros: horários: manhã, tarde, noite.

Auxiliares e Técnicos de enfermagem: horários: manhã, tarde, noite.

Auxiliares operacionais de serviços: horários: manhã, tarde, noite.

Auxiliares administrativos: horário comercial.

7.DIVISÃO DOS TURNOS DE TRABALHO:

1º TURNO: Manhã : 7:00 às 13:00h

2º TURNO: Tarde: 13:00 às 19:00h

3º TURNO: noite: 19:00 às 7:00h

NORMAS E ROTINAS DA CLÍNICA CIRÚRGICA

ROTINA DA MANHÃ

Enfermeiro Assistencial : Assistir ao paciente.

Enfermeiro Coordenador: Elabora as escalas e coordena o setor de enfermagem.

Enfermeiro Responsável-técnico: Responsável por todos os outros profissionais de

enfermagem, mediante o COREN.

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-Apresentar-se para receber o plantão;

-Confirmar a presença de funcionários escalados;

-Tomar conhecimento da escala das atribuições de tarefas e avisos;

-Refazer a escala de atribuições, SN

-Informar à Coordenação de enfermagem da unidade, as possíveis ausências e

ocorrências;

-Ler relatório geral para se inteirar das ocorrências;

-Verificar exames a serem encaminhados;

-Checar com os funcionários do horário, o encaminhamento de pacientes para o Centro

Cirúrgico feito às 6:30h;

-Verificar preparo de pacientes para exames;

-Supervisionar o preparo de pacientes para cirurgias “a seguir” (AS) e encaminhá-los ao

bloco cirúrgico, após solicitação.

-Registrar no prontuário do paciente, os exames e cirurgias realizadas, os preparos para

exames e cirurgias, exames e cirurgias não realizadas, alegando o motivo;

-Realizar processo de enfermagem;

-Receber paciente pós-cirurgia.

ROTINAS DA TARDE

-Todos acima, exceto realização de alguns exames.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM GERAL AO PACIENTE CIRÚRGICO

-Admissão ao paciente na unidade cirúrgica;

-Preparar o leito antecipadamente;

-Receber o paciente;

-Apresentar o paciente à equipe;

-Proceder de acordo com a rotina do serviço;

-Entrevistar o paciente e realizar exame físico;

-Preparar prontuário;

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-Verificar SSVV, peso e mensuração;

-Observar estado geral do paciente;

-Fazer anotações de enfermagem;

-Arrolar roupas e valores;

-Orientar o paciente;

-Comunicar o médico;

-Providenciar alimentação, medicação, etc.

PREPARO PSICOLÓGICO

-Visa reduzir as complicações intra e pós-operatórias;

-Estudo completo das condições fisiológicas e psicológicas;

-Avaliar tensão, ansiedade e nervosismo;

-Buscar meios que minimizem anseios;

-Solicitar o serviço de psicologia;

-Pacientes orientados recuperam-se mais rápido;

PREPARO FÍSICO

Inicial

-Melhor esclarecimento do diagnóstico;

-Adequar o estado geral do paciente à cirurgia;

-Inicia-se da admissão às 24h que antecede o pré-operatório imediato

A enfermagem

-Realiza exame físico;

-Investiga determinantes que poderão afetar negativamente a cirurgia. Ex: idade,

doenças.

-Providencia e prepara o paciente para exames laboratoriais e outros;

-Controla SSVV;

-Realiza controle hidroeletrolítico;

-Observa estado nutricional;

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-Orienta, estimula e administra medicamentos;

-Ensina exercícios respiratórios;

-Orienta quanto à higiene;

-Tabagistas orientados a não fumar ou reduzir o vício;

-Identifica e cuida das anormalidades que possam trazer complicações no pré-

operatório.

PERÍODOS OPERATÓRIOS

1.PRÉ-OPERATÓRIO MEDIATO OU TARDIO: Desde a admissão até o início do

período pré-operatório imediato.

2.PRÉ-OPERATÓRIO IMEDIATO: Primeiras 24h que antecede o ato cirúrgico.

3.TRANS-OPERATÓRIO: Momento da cirurgia.

4.PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO: São as primeiras 24h após o ato cirúrgico.

5.PÓS-OPERATÓRIO MEDIATO OU TARDIO: São as 24 h subseqüentes do

período pós-operatório, até a sua alta hospitalar.

A CIRURGIA

OBJETIVA:

- Remover as possíveis fontes de infecção;

-Preparar o paciente para a cirurgia;

-Pré-operatório imediato: Inicia-se 24h que antecede a cirurgia.

A ENFERMAGEM

-Verificar listas de aviso cirúrgico;

-Colhe sangue para tipagem sanguínea;

-Observa alterações na sintomatologia;

-Verifica SSVV;

-Promove banho corporal;

-Troca roupa de cama;

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-Avalia as condições gerais de higiene do paciente (retira esmalte, corta unhas);

-Realiza preparo intestinal;

-Orienta sobre o jejum (de acordo com a cirurgia = 8 a 12h).

NO DIA DA CIRURGIA

-Verifica se os preparos foram realizados;

-Verificar e manter o jejum;

-Retirar próteses;

-Comunicar anormalidades;

-Remover grampos, maquiagem;

-Vestir roupas limpas;

-Retirar jóias e adornos e notificar em livro;

-Solicitar esvaziamento da bexiga;

-Cateterismo deve se realizado no BC;

-Controlar SSVV;

-Administrar medicação pré-anestésica 45 minutos antes da cirurgia;

-Fazer anotações e checar;

-Revisar prontuário;

-Transportar o paciente ao BC na hora marcada e de forma confortável;

-Acompanhar o paciente até o recebimento do BC;

-Controvérsias: Tricotomia.

PREPARO ESPIRITUAL: Manter diálogo e questionar o paciente quanto à

necessidade de padre, pastor ou outro representante de Deus, conforme a religiosidade.

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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO

OBJETIVO:

-Proporcionar assistência qualificada;

-Vigilância contínua centralizada nas necessidades apresentadas;

-Detectar precocemente complicações pós-operatórias.

PRESCRIÇÕES DE ENFERMAGEM:

-Receber relatório contendo informações no intra-operatório;

-Admitir o paciente na unidade em livro de admissão;

-Evoluir o paciente;

-Avaliar o estado geral do paciente;

-Verificar SSVV;

-Atentar para infiltração ou obstrução da hidratação periférica;

-Avaliar o nível de consciência: Consciente, semi-consciente, inconsciente, narcose,

-Prevenir a detectar precocemente problemas respiratórios, que levam a hipoxemia

devido a obstrução hipofaríngeo;

-Observar posicionamento do tubo endotraqueal;

-Conectar em respirador mecânico SN;

-Auxiliar nos procedimentos de desmame e extubação;

-Verificar FR, presença de cianose e expansibilidade torácica;

-Instalar oxigênio sob cateter nasal;

-Aspirar secreções;

-Verificar FC, ritmo, perfusão periférica;

-Monitorizar o paciente;

-Realizar ECG;

-Observar posicionamento de drenos, sondas e infusões venosas;

-Conectar funcionamento dos drenos e caracterizá-los.

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Padrão de prescrições de enfermagem para o cuidado pós-operatório do paciente

durante a admissão na unidade clínica

1.Examinar a respiração e instalar oxigênio suplementar, se prescrito.

2.Monitorizar os sinais vitais e observar a pele quanto ao calor, umidade e coloração.

3.Avaliar o local da cirurgia e os sistemas de drenagem da ferida.

4.Avaliar o nível de consciência, a orientação e a capacidade para movimentar as extremidades.

5.Conectar todos os tubos de drenagem por gravidade ou por aspiração, se prescrito e,

monitorizar intensivamente os sistemas de drenagem.

6.Avaliar o nível e as características da dor ( localização e qualidade) e horário, tipo e via de

administração da última medicação analgésica.

7.Posicionar o paciente para promover o conforto, segurança e expansão pulmonar.

8.Avaliar as linhas endovenosas quanto à permeabilidade, assim como as infusões quanto à

freqüência correta de fluxo e tipo de solução.

9.Avaliar o débito urinário no sistema de drenagem fechada ou a necessidade do paciente de

urinar e distensão da bexiga.

10.Reforçar a necessidade de iniciar a respiração profunda e os exercícios para as pernas.

11.Posicionar ao alcance do paciente a campainha de chamada, a cuba-rim, as lascas de gelo ( se

permitido) e a comadre ou o papagaio.

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12. Proporcionar informação para o paciente e família.

Resumo de cuidado de enfermagem no período pós-operatório imediato

1.Avaliação e interpretação da freqüência respiratória, profundidade e qualidade.

2.Iniciar o oxigênio suplementar, os exercícios respiratórios ou o uso do espirômetro de

incentivo.

3.Avaliação e interpretação da freqüência cardíaca, da pressão arterial, da coloração e umidade

da pele.

4.Avaliação e interpretação da ingestão e excreção, os níveis de eletrólitos, hemoglobina e

hematócrito.

5.Avaliação e tratamento da incisão cirúrgica.

6.Iniciação dos exercícios de pernas e calçamento de meias antiembolismo ou o dispositivo de

compressão pneumática.

7.Avaliação do débito urinário e da capacidade de urinar voluntariamente.

8.Avaliação do estado mental.

9.Posicionamento quanto ao conforto, expansão pulmonar e prevenção da aspiração.

10.Avaliação e tratamento das náuseas e dos vômitos.

11.Iniciação dos líquidos orais ( a menos que contra-indicado pelo tipo de cirurgia).

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12.Avaliação e tratamento das necessidades psicossociais do paciente e da família.

13.Manutenção da segurança do paciente.

Necessidades de instruções ao paciente após a cirurgia

Todos os pacientes no pós-operatório precisam de informação e instrução nas seguintes áreas:

1.O procedimento cirúrgico que foi realizado e quaisquer alterações permanentes na estrutura

anatômica ou função.

2.Intervenções para adaptar quaisquer alterações permanentes na estrutura ou função.

3.Complicações potenciais, sinais e sintomas de complicações e medidas preventivas.

4.Regime terapêutico continuado, incluindo: medicação, dieta, atividade progressiva, incluindo

atividades a serem evitadas, terapias adjuntas, cuidado da ferida

5.Atividades de promoção da saúde sugeridas ( ex: cessação do tabagismo, gerenciamento do

estresse)

6.Recursos comunitários, encaminhamentos para o cuidado domiciliar.

7.Consultas de acompanhamento com cirurgião ou outros profissionais

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CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS

*De acordo com o atendimento

1.CIRURGIA DE EMERGÊNCIA: O paciente necessita de atenção imediata; o

distúrbio pode ser ameaçador à vida.

Indicação para a cirurgia: Sem demora.

Exemplos: Sangramento grave, obstrução vesical ou intestinal, fratura de crânio, feridas

por armas de fogo ou branca, queimaduras extensas.

2.CIRURGIA DE URGÊNCIA: O paciente precisa de atenção rápida.

Indicação para a cirurgia: Dentro de 24 a 30h.

Exemplos: Infecção aguda da vesícula, cálculos renais ou uretrais.

4.CIRURGIA ELETIVA: O paciente pode ser operado.

Indicação para a cirurgia: A não realização da cirurgia não é catastrófica.

Exemplos: Reparação de cicatrizes, hérnia simples, reparação vaginal.

*De acordo com o objetivo

- Cirurgias paleativas: Ex: Paracentese, colostomia

-Cirurgias radicais: Ex: Mastectomia total; apendicectomia

-Cirurgias reparadoras/reconstrutoras (plásticas): Ex: Blefaroplastia; ritidoplastia,

mamoplastia.

-Cirurgias para diagnóstico: Ex: Cateterismo cardíaco; biópsias

*Risco Cardiológico

-Cirurgias de Porte I (Pequena perda de líquidos, eletrólitos e sangue): Cirurgias

oftálmicas e otorrinolaringológicas

-Cirurgias de Porte II (Média perda de líquidos, eletrólitos e sangue):

Histerectomia, Prostatectomia.

-Cirurgias de Porte III (Grande perda de líquidos, eletrólitos e sangue):

Transplantes, cirurgias cardíacas, cirurgias neurológicas.

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*Duração do procedimento

-Cirurgias de Porte I (Até 2h): Cesariana, curetagem uterine, amigdalectomia

-Cirurgias de Porte II (De 2 a 4h):Histerectomia, colecistectomia

-Cirurgias de Porte III (De 4 a 6h):Revascularização cardíaca, crsniotomia

-Cirurgias de Porte IV (+ de 6h): Transplantes, gastroduodenopancreatectomia

*Potencial de contaminação

1.CIRURGIA LIMPA: São aquelas realizadas em tecidos estéreis ou passíveis de

descontaminação, na ausência do processo infeccioso e inflamatório local ou falhas

técnicas grosseiras; cirurgias eletivas atraumáticas com cicatrização de 1ª intenção e

sem drenagem. Cirurgias em que não ocorre penetração nos tratos digestivo, respiratório

e urinário.

Ex: Artroplastia do quadril, C.Cardíaca, Herniorrafia, Neurocirurgias, Procedimento

cirúrgico ortopédico, Anastomose portocava e esplenorrenal, Ortoplastia, Mastectomia,

Enxertos cutâneos, Ooforectomia.

2.CIRURGIA POTENCIALMENTE CONTAMINADA: São aquelas realizadas em

tecidos colonizados por flora microbiana pouco numerosa ou em tecido de difícil

descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório e com falhas

técnicas discretas no transoperatórios. Cirurgias limpas com drenagem. Quando ocorre

penetração nos tratos digestivos, respiratórios ou urinário sem contaminação

significativa.

Ex: Histerectomia abdominal, C. Intestino delgado (eletiva), C. das vias biliares sem

estase ou obstrução biliar, C. gástrica ou duodenal, Feridas traumáticas limpas (até 10h

após o trauma), Colecistectomia, C. Cardíacas prolongadas com circulação

extracorpórea.

3.CIRURGIA CONTAMINADA: São aquelas realizadas em tecidos traumatizados

recentemente e abertos, colonizados por flora bacteriana abundante, cuja

descontaminação é difícil ou impossível, bem como todas aquelas em que tenham

ocorrido falhas técnicas grosseiras, na ausência de supuração local. Presença de

inflamação aguda na incisão e cicatrização de 2ª intenção, grande contaminação a partir

do trato digestivo. Obstrução biliar ou urinária.

Ex: Cirurgia do cólon, Debridamento de queimados, C. bucal e dentária, Fraturas

expostas (10h após o ocorrido), C. da orofaringe, C. gástrica, Câncer, Úlcera gástrica e

C. por obstrução duodenal.

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4.CIRURGIA INFECTADA: São intervenções cirúrgicas realizadas em qualquer

tecido ou órgão, em presença do processo infeccioso(supuração local),Tecido necrótico,

Corpos estranhos e Feridas de origem suja.

Ex: C. do reto e ânus com exsudato, C. abdominal com presença de exsudato e conteúdo

de cólon, Nefrectomia com presença de infecção, Presença de vísceras perfuradas,

Colecistectomia por colecistite aguda com empiema.

TERMINOLOGIA ASSÉPTICA

Assepsia: são meios utilizados para não contaminar uma área isenta de

microorganismos.

Anti-sepsia: é a utilização de um produto anti-séptico numa área contaminada (tecido

humano).

Anti-séptico: é o produto químico utilizado para a realização da anti-sepsia.

Esterilização: é o procedimento utilizado para a completa destruição de todas as formas

de vida microbiana, inclusive a esporulada.

Desinfecção: é o processo de destruição de microorganismos patogênicos ou não, na

forma vegetativa (não esporulada) de artigos semi-críticos através de meios físicos e

químico.

Desinfectantes: são substâncias químicas capazes de destruir todas as formas

vegetativas de bactérias, fungos e vírus em artigos.

Germicidas: são produtos ou substâncias capazes de destruir indiscriminadamente ou

seletivamente microorganismos à temperatura ambiente.

Limpeza: é o fundamental para a remoção de matéria orgânica presente nos artigos.

Degermação: consiste na eliminação dos microorganismos patogênicos das mãos e dos

antebraços da equipe cirúrgica.

Sanificação: É o processo de destruição de microorganismos patogênicos ou não, em

áreas físicas consideradas limpas.

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TERMINOLOGIA CIRÚRGICA

A terminologia técnica utilizada pelos profissionais da área de Saúde é

constituída, em sua maior parte, de palavras formadas pela composição de elementos

gregos e latinos.

Formação de palavras

Conhecendo a disposição dos elementos e seu significado teremos a designação dos

diversos tipos de intervenções cirúrgicas.

Laringo + scopia = laringe + ato de ver, observar.

O primeiro elemento de composição da palavra se refere a um órgão, aparelho

ou parte do corpo humano, e o segundo elemento diz respeito à técnica ou procedimento

executado, a ação praticada ou patologia.

Vejamos alguns elementos de origem grego-latina comumente empregados em

enfermagem cirúrgica e seus respectivos significados.

1º ELEMENTO SIGNIFICADO 1º ELEMENTO SIGNIFICADO

Adeno Glândula Láparo Cavidade

abdomina

Angio Vaso Laringe Laringe

Artro Articulação Nefro Rim

Blefaro Pálpebra Neuro Nervo

Cisto Bexiga Oftalmo Olho

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Colecisto Vesícula Ooforo Ovário

Colo Cólon Orqui Testículo

Colpo Vagina Osteo Osso

Entero Intestino Oto Ouvido

Flebo Veia Procto Reto

Gastro Estômago Rino Nariz

Hepato Fígado Salpingo Trompa

Hístero Útero Traqueo Traquéia

Ooforo Ovário

2º ELEMENTO SIGNIFICADO

Ectomia Remoção total ou parcial

Pexia Fixação de um órgão

Plastia Reconstituição estética ou restauradora

de uma parte do corpo

Ráfia Sutura

Scopia Ato de ver, observar

Stomia Comunicação entre dois órgãos ocos ou

entre um órgãos e pele

Tomia Corte

Vejamos os principais nomes de procedimentos cirúrgicos em que o segundo elemento

da composição é ectomia (remoção).

PROCEDIMENTO PARA REMOÇÃO

DE

PROCEDIMENTO PARA REMOÇÃO

DE

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Apendicectomia Apêndice Mastectomia Mama

Cistectomia Bexiga Miomectomia Mioma

Colecistectomia Vesícula biliar Nefrectomia Rim

Colectomia Cólon Ooforectmia Ovário

Embolectomia Êmbolo Pancreatectomia Pâncreas

Esofagectomia Esôfago Pneumectomia Pulmão

Esplenectomia Baço Prostatectomia Próstata

Facectomia Cristalino Retossigmoidectomia Reto e sigmóide

Gastretomia Estômago Salpingectomia Trompa

Hemorroidectomia Hemorróidas

Laminectomia Excisão da lâmina

vertebral para expor

os componentes

neurais do canal

espinhal, ressecando

então, o tecido

doente ou

danificado.

Hepatetomia Parte do fígado

Histrectomia Útero

Lobectomia Lobo de um órgão

Apresentamos , a seguir, denominações de outras cirurgias, desta vez, terminadas em

pexia ( fixação):

PROCEDIMENTO PARA FIXAÇÃO DE

Cistopexia Bexiga

Histeropexia Útero

Nefropexia Rim

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Retinopexia Retina

Orquidopexia Testículo

Outros procedimentos cirúrgicos têm seus nomes terminados em plastia (reconstituição),

como mostramos a seguir:

PROCEDIMENTO PARA RECONSTITUIÇÃO DE

Blefaroplastia Pálpebra

Mamoplastia Mama

Piloroplastia Piloro

Queiloplastia Lábio

Rinoplastia Nariz

Ritidoplastia Face

Salpingoplastia Trompa

Há ainda, denominações de procedimentos onde o segundo elemento é ráfia ( sutura),

como demonstrado a seguir:

PROCEDIMENTO PARA SUTURA DE

Blefarorrafia Pálpebra

Colporrafia Vagina

Gastrorrafia Estômago

Herniorrafia Hérnia

Osteorrafia Osso

Palatorrafia Fenda palatina

Perineorrafia Períneo

Perinorrafia Tendão

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Vamos analisar outros nomes de procedimentos, desta vez, compostos com o elemento

scopia ( observação):

PROCEDIMENTO PARA OBSERVAÇÃO DE

Artroscopia Articulação

Broncoscopia Bronquios

Cistoscopia Bexiga

Colonoscopia Cólon

Colposcopia Vagina

Endoscopia Órgãos internos

Esofagoscopia Esôfago

Gastroscopia Estômago

Laringoscopia Laringe

Laparoscopia Cavidade abdominal

Retossigmoidoscopia Reto e sigmóide

Ureteroscopia Ureter

Uretroscopia Uretra

Ressaltamos ainda que nos procedimentos relacionados à observação interna dos órgãos

utilizam-se vários aparelhos como, por exemplo, o artroscópio, na artroscopia; o

broncoscópio, na broncoscopia, o laparoscópio, na laparoscopia, e o

retossigmoidoscópio, na retossigmoidoscopia.

Vejamos agora os principais nomes de cirurgias cujo segundo elemento de formação é

stomia ( comunicação entre dois órgão ocos ou entre um órgão e a pele).

PROCEDIMENTO ÓRGÃO EM COMUNICAÇÃO COM

A PELE

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Cistotomia Bexiga

Colostomia Cólon

Gastrostomia Estômago

Jejunostomia Jejuno

Traqueostomia Traquéia

Finalmente, as principais denominações de procedimentos cirúrgicos terminadas em

tomia (corte):

PROCEDIMENTO CORTE DA (O)

Episiotomia Vulva

Laparotomia Abdômen

Toracotomia Tórax

Traqueotomia Traquéia

Ureterotomia Ureter

Vasectomia Canal deferente

Existem, ainda, termos ou expressões médicas freqüentemente utilizadas em clínicas

cirúrgicas. Eis alguns deles:

Amputação Remoção de uma parte do corpo

Anastomose Conexão de dois órgãos tubulares,

geralmente por sutura

Artrodese Fixação cirúrgica de articulações

Biópsia Remoção de um tecido vivo para exame

Cauterização Destruição de tecido por meio de um

agente cáustico ou de calor, através do

bisturi elétrico, por exemplo.

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Cesariana Retirada do feto através de incisão na

parede abdominal e no útero

Circuncisão Ressecção da pele do prepúcio que cobre

a glande

Cistocele Hérnia da bexiga por defeito na

musculatura do períneo

Curetagem uterina Raspagem e remoção do conteúdo

uterino

Deiscência Separação de bordas previamente

suturadas de uma ferida

Dissecção Corte ou separação de tecidos do corpo

Divertículo Abertura no formato de bolsa em um

órgão com a forma de saco ou tubo

Enxerto Transplante de órgão ou tecido

Evisceração Saída de vísceras de sua cavidade

Exerese Extirpação cirúrgica

Fístula Passagem anormal que liga um órgão,

cavidade ou abscesso a uma superfície

interna ou externa do corpo.

Hérnia Saída total ou parcial de um órgão do

espaço que normalmente o contém.

Incisão Corte

Litíase Cálculo

Paracentese Denominação genérica de punção para

esvaziamento de cavidade.

Prolapso Saída de um órgão ou de parte dele para

fora do seu lugar, especialmente quando

este surge em um orifício natural.

Ptose Queda de um órgão

Ressecção Remoção cirúrgica de parte de um

órgão

Page 21: APOSTILA DE ENFERMAGEM CIRÚRGICA 2010 (1)

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Retocele Hérnia da parede do reto por defeito na

musculatura do períneo.

Toracocentese Punção cirúrgica na cavidade torácica

Varicocele Veias dilatadas no escroto

INFECÇÃO:

É a resposta inflamatória provocada pela invasão ou pela presença de microorganismos em

tecidos orgânicos.

INFECÇÃO AUTÓGENA X INFECÇÃO EXÓGENA

As infecções podem ser diferenciadas de acordo com a origem dos microorganismos que a

causam.

Infecções endógenas: são causadas pela microbiota do paciente.

Infecções exógenas: são aquelas que resultam da transmissão a partir de fontes externas ao

paciente.

Durante a hospitalização, o paciente gradativamente adquire a flora hospitalar. A maioria das

infecções hospitalares causada pela microbiota do paciente, a princípio originária da

comunidade, sofrendo portanto alteração em decorrência da hospitalização, ficando difícil

estabelecer sua origem, por isso foi criado o conceito de infecção autógena.

Infecção autógena: indica que a infecção foi derivada da flora do paciente, independente de

tê-la adquirido no ambiente hospitalar ou na comunidade.

INFECÇÃO PREVENÍVEL X INFECÇÃO NÃO-PREVENÍVEL

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Infecções preveníveis: são aquelas em que a alteração de algum evento relacionado pode

implicar na prevenção da infecção. Por exemplo: infecções cruzadas, transmitidas pelas

mãos dos funcionários, podem ser evitadas se for feita lavagem correta das mãos.

Infecções não- preveníveis: são aquelas que acontecem a respeito de todas as precauções

tomadas. Este é o caso das infecções em pacientes imunologicamente comprometidos,

originárias a partir de sua flora.

Geralmente, a identificação do evento desencadeador da infecção hospitalar é retrospectivo e

difícil de ser estabelecido, pois, como vimos anteriormente, a maioria das infecções hospitalares

tem uma etiologia multicausal e nem todas estas causas podem ser preveníveis. Epidemias,

especialmente as dde fonte comum, se forem precocemente identificadas, são potencialmente

preveníveis. Entretanto, devemos lembrar que, pelo próprio critério epidemiológico sua

identificação, estas infecções representam no máximo 5% do total.

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE INFECÇÃO HOSPITALAR

A portaria 2.616/98 do Ministério da Saúde, que regulamenta as ações do controle de infecções

hospitalares no território nacional, traz em seu anexo II conceitos e critérios para o diagnóstico

das infecções, classificando-as em comunitárias ou hospitalares.

INFECÇÃO COMUNITÁRIA

É a infecção constatada ou em incubação no ato de admissão do paciente, desde que não

relacionada com internação anterior no mesmo hospital. São também comunitárias:

1.As infecções associadas a complicações ou extensão da infecção já presente na admissão, a

menos que haja troca de microorganismos ou sinais ou sintomas fortemente sugestivos da

aquisição de nova infecção.

2.Infecção em recém-nascido, cuja aquisição por via transplacentária é conhecida ou foi

comprovoda e que tornou-se evidente logo após o nascimento ( por exemplo, herpes simples,

toxoplasmose, rubéola, citomegalovirose, sífilis e AIDS.). Adicionalmente, em relação à

Portaria 930/92, são também consideradas comunitárias todas as infecções de recém-nascidos

associadas com bolsa rota superior a 24 horas.

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INFECÇÃO HOSPITALAR

É qualquer tipo de infecção adquirida após a internação do paciente e que se manifesta durante a

internação ou mesmo após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou

procedimentos hospitalares.

Usam-se como critérios gerais:

1.Quando na mesma topografia em que foi diagnosticada infecção comunitária for isolado um

germe diferente, seguido do agravamento das condições clínicas do paciente, o caso deverá ser

considerado como hospitalar.

2.Quando se desconhecer o período de incubação do microoganismo e não houver evidência

clínica e/ou dado laboratorial de infecção no momento da admissão, considera-se infecção

hospitalar toda manifestação clínica de infecção que se apresentar 72 horas após a admissão.

Também são consideradas hospitalares aquelas infecções manifestadas antes de se completar 72

horas da internação, quando associadas a procedimentos invasivos diagnósticos e/ou

terapêuticos, realizados previamente.

3.As infecções no recém-nascido são hospitalares, com exceção das transmitidas de forma

transplacentária e aquelas associadas à bolsa rota superior a 24 horas.

A Portaria Ministerial 930/92 define princípios para o diagnóstico de infecções hospitalares: “ O

diagnóstico de infecções hospitalares deverá valorizar informações oriundas de evidência

clínica, derivada da observação direta do paciente ou da análise de seu prontuário; resultado de

exames de laboratório; ressaltando-se os exames microbológicos, a pesquisar de antígenos e

anticorpos, e métodos de visualização, e evidências de estudos com métodos de imagem;

endoscopia; biópsia e outros.” Estes princípios pressupõem a busca ativa de casos a partir de

pistas diagnósticas, algumas nem sempre de fácil acesso em nosso meio.

Para a uniformização de certos conceitos, definimos febre como temperatura axilar acima de

37,8º C, hipotermia com a queda desta temperatura abaixo de 33,5ºC, hipotensão como pressão

sistólica menor que 90mmHg em duas medidas tomadas com intervalo de uma hora. A

sorologia é considerada positiva se for encontrada imunoglobulina específica da classe IgM ou

um aumento de quatro vezes nos títulos de IgG específica.

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Nem todas as infecções diagnosticadas após a admissão do paciente são hospitalares. A Portaria

exclui as que estejam incubando no momento da internação. O período de incubação é sempre

expresso por um intervalo de tempo com um valor mínimo e um máximo. Sua duração depende

da correlação entre inóculo e virulência do microorganismo, e a resistência do hospedeiro. É

considerada hospitalar se o tempo de hospitalização do paciente superar a duração mínima do

período de incubação.Assim sendo, se identificarmos uma varicela no 17º dia de internação de

um paciente, ela será considerada hospitalar, pois seu período de incubação varia de 15 a 21

dias. Entretanto, após a alta do paciente, consideramos hospitalar se a infecção for detectada até

o valor máximo do período de incubação. Uma varicela detectada no 21º dia após a alta é

considerada hospitalar. Com estas condutas estaremos incluindo como infecção hospitalar todas

as possibilidades.

Para as infecções que não têm período de incubação conhecido, como é o caso das infecções

urinárias e pneumonias, consideramos no Brasil, como infecção hospitalar aquela que foi

diagnosticada após 72 horas de internação do paciente. Se o paciente for submetido a um

procedimento invasivo no hospital, na mesma topografia em que a infecção é suspeita, não há

necessidade de esperarmos as 72 horas para classificá-la como hospitalar. Exemplificando, as

infecções urinárias que se desenvolvem logo após cateterismo vesical. Após a alta do paciente,

as infecções são consideradas hospitalares se manifestadas até 72 horas. Quando for realizada

sondagem vesical, o prazo é ampliado para sete dias após a retirada do procedimento, e

consideram-se 30 dias após o ato cirúrgico, a não ser que tenha havido implante, sendo

estendido este prazo em até um ano. Para os demais procedimentos, particularmente a

ventilação mecânica e os cateteres vasculares, não há alteração do prazo de 72 horas, a não ser

que a infecção detectada esteja seguramente relacionada, por exemplo, a uma tromboflebite

séptica relacionada a um cateter vascular.

Uma questão freqüente para os controladores de infecção, são as IH identificadas em pacientes

transferidos de uma unidade para outra, dentro do próprio hospital. A dúvida consiste em definir

a unidade responsável pela infecção. Nas transferências sem procedimentos invasivos,

utilizamos o período de 72 horas para definir a unidade da infecção. A infecção será incluída na

nova unidade somente se o diagnóstico efetuado ocorrer após 72 horas da transferência, caso

contrário, a infecção será creditada à unidade anterior.Quando transferido com procedimento a

infecção é tabulada na unidade em que for diagnosticada, independente do tempo de

permanência do paciente, uma vez que as infecções estão, na sua grande maioria, relacionadas

ao cirúrgico.

Considerar 72 horas da transferência

Não sofreu procedimento de risco

Sofre procedimento de risco, mas é transferido sem este

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Considerar sete dias da retirada da sonda vesical e três dias para os demais procedimentos.

Considerar a infecção da unidade onde está o paciente.

Considerar a infecção da unidade onde está o paciente.

INFECÇÃO CRUZADA

É a infecção transmitida de paciente para paciente, geralmente por intermédio de

profissionais de saúde e que também é considerada infecção hospitalar.

Colonização: é o aumento de um ou mais tipo de microorganismo sem causar uma

reação.

Isolamento: Conjunto de medidas adotadas para fazer uma barreira que impeça a

disseminação de agentes infecciosos de um paciente para outro, para os visitantes e/ou

para o meio ambiente. Está indicado nas doenças transmissíveis, em situações definidas

e, apenas durante o período de transmissibilidade das doenças. Portanto, esta

recomendação sobre isolamentos deve se completar com o período de incubação e de

transmissão das doenças.

RECÉM-NASCIDO

A Portaria 930/92 coloca todas as infecções do recém-nascido como hospitalares,

excluindo apenas as transmitidas de forma transplacentária. Uma parturiente com bolsa

Sofre procedimento de risco e é transferido com este

Diagnóstico de infecção cirúrgica

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rota há 15 dias que, ao entrar no hospital, dá à luz um recém-nascido com sepse, de

acordo com a Portaria, esta infecção deve ser classificada como hospitalar.

As infecções identificadas no recém-nascido podem originar-se por via transplacentária

ou por contaminação ascendente após a ruptura da bolsa, durante sua passagem pelo

canal do parto ou após seu nascimento. As infecções transplacentárias já foram

definidas como comunitárias, e as que ocorrem após o nascimento são

indubitavelemente hospitalares. Evidentemente, se o parto for hospitalar, as infecções

originárias desta atividade devem ser consideradas nosocomiais.

A Portaria MS 2.616/98, que passou a regulamentar o controle de infecção hospitalar

em substituição à 930/92, pouco alterou em relação aos critérios diagnósticos gerais,

exceto para as infecções detectadas em recém-nascidos. Nestes pacientes ela continuou

excluindo as infecções transmitidas de forma transplacentária e,como novidade,

também excluiu aquelas associadas a mais de 24 horas de bolsa rota.

Os casos em que a parturiente dá entrada com bolsa íntegra, obviamente devem ser

considerados hospitalares. Então, como sistematização propomos que:

1.Todas as infecções transplacentárias sejam consideradas comunitárias;

2.Todas as demais infecções identificadas em recém-nascidos de mães admitidas com

bolsa íntegra sejam consideradas hospitalares. No caso de mães admitidas com bolsa

rota, estas infecções serão hospitalares se diagnosticadas após 72 horas de internação

materna.

Todas as infecções neonatais são consideradas hospitalares, exceto aquelas transmitidas

por via transplacentária, como as infecções congênitas, e as decorrentes da

contaminação comunitária intra-uterina, como por exemplo, a conseqüente da

carioamnionite materna por bolsa rota. Logo, são consideradas infecções hospitalares as

derivadas de contaminação durante a passagem do feto pelo canal do parto e aquelas

adquiridas após o nascimento.

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RISCO DE INFECÇÃO NO CLIENTE

Sabidamente, a infecção do sítio cirúrgico é uma das causas mais comuns de infecção

hospitalar na maioria dos hospitais. Já a infecção respiratória apresenta-se como uma

das complicações mais freqüentes dos clientes operados. Da mesma forma, a infecção

urinária hospitalar, uma vez que uma de suas principais causas é o cateterismo vesical,

procedimento bastante freqüente nos casos cirúrgicos.

DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA

Em casos suspeitos ou confirmados, das doenças relacionadas abaixo, é obrigatória a

notificação imediata ao Serviço de controle de Infecção Hospitalar (SCIH) e, na

impossibilidade deste, diretamente ao Serviço de Vigilância Epidemiológica da cidade

ou região (Distrito Sanitário).

Doença meningocócica e outras meningites, malária (em área não-endêmica), meningite

por H. influenzae, peste, febre amarela, difteria, tétano, sarampo, rubéola, toxi-infecção

alimentar, dengue, febre tifóide, hanseníase, hepatite B, leishmaniose visceral,

leptospirose, coqueluche, doença de Chagas (casos agudos) e paralisias flácidas tais

como poliomielite, síndrome de Guillain Barrè, mieleites.

Intoxicação de qualquer natureza – química, medicamentosa, exposição à radiação

ionizante, plantas, lagartas e animais peçonhentos (aranha, cobra e escorpião).

DSTs – sífilis, gonorréia, cancro mole, linfagranuloma venero, condiloma acuminado,

herpes genital, uretrites e vaginites não gonocóccicas, donovanose, AIDS.

DOENÇAS A SEREM ISOLADAS

Respiratório:

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O quarto de isolamento é obrigatório para: caxumba, coqueluche, estreptococo beta-

hemolítico (amigdalite, escarlatina, Síndrome de Fournier ou Fasciite necrosante),

herpes zoster, meningite por haemophilus, meningite meningocócica, pneumonia

estafilocócica, rubéola, sarampo, TB (escarro positivo).

ASPECTOS RELACIONADOS A TODOS PACIENTES CIRÚRGICOS

Especificidades da cirurgia

Além da classificação das cirurgias por potencial de contaminação, conforme dito,

também deve ser considerado os aspectos relacionados à duração e extensão do

procedimento cirúrgico, tipo de cirurgia, técnica cirúrgica, duração do procedimento.

A duração do procedimento cirúrgico pode aumentar o risco de infecção por vários

motivos: aumento de microoorganismos que podem contaminar a ferida;

aumento da destruição dos tecidos pelo tempo de manipulação;

aumento do período em que o tecido é privado de sistema de defesa devido à

irrigação sanguínea insuficiente;

maior tempo sob efeito de anestesia e de assistência ventilatória;

hipotermia por grande quantidade de infusões e exposição da incisão ao ambiente

frio da SO;

período em que o paciente está privado de seus mecanismos de defesa naturais.

Cirurgias com duração acima de duas horas apresentam incidência maior de

infecção da ferida cirúrgica de forma estatisticamente significante.

Teoricamente, a extensão da incisão também pode ser um fator de risco, uma vez que,

quanto maior a incisão, maior a porta de entrada para microorganismos.

A técnica cirúrgica é crucial. A cirurgia com manuseio excessivo, descolamento de

tecidos além do necessário (que levam a sangramento e transudações), com hemostasia

inadequada (permitindo a formação de seromas e hematomas) com sutura defeituosa e

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formação de áreas de isquemia ou necrose pode favorecer proliferação de bactérias. Os

seromas e hematomas são causas importantes de diminuição da resistência local,

pois agem como lagos, que isolam os agentes fagocitários. O uso de fios de sutura

inadequados desperta forte reação como corpo estranho, facilitando a ação dos

germes patogênicos. Cirurgias que necessitam de grande quantidade de irrigação e

quer não são adequadamente aspiradas ou drenadas aumentam o esforço do

organismo para absorver o excesso de secreção, assim como a possibilidade de

permanência de microorganimos na mesma ainda que não se possa negar o avanço nas

cirurgias com o uso de bisturi elétrico - inclusive como auxiliar no controle de

infecção pela diminuição do tempo operatório e melhor e mais rápida hemostasia. O seu

uso inadequado ou exagerado, aliado a outras situações pode apresentar condições

opostas: a presença de tecido isquêmico ou necrosado por uso de bisturi elétrico,

por pontos hemostáticos abrangendo áreas extensas ou por suturas muito apertadas, e

principalmente englobando muito tecido, fornece, com o tecido morto resultante, um

meio de cultura cujos agentes fagocitários não conseguem ali chegar.. Participando

diretamente de todos esses aspectos, destaque-se a habilidade técnica do cirurgião, no

sentido de minimizar os efeitos das situações mencionadas.

Anestesia e trauma anestésico-cirúrgico

A anestesia geral pode estimular: infecção pós-operatória, crescimento de tumores,

depressão da resposta alérgica, inibição da fagocitose, anafilaxia, rejeição de

órgãos transplantados. Outros mecanismos não-específicos são alterados pela

anestesia: diminuição de fluxo mucociliar, principalmente com administração de

atropina, altas concentrações de oxigênio e inalação prolongada de gases sem

umidificação. Assim, o fator mais importante na imunossupressão de clientes

submetidos a cirurgias não seria a técnica anestésica ou o tipo de droga escolhido e sim

o nível de bloqueio ao estresse cirúrgico. Mesmo que o medicamento anestésico

isoladamente não esteja comprovadamente relacionado à infecção pós-operatória, a

ação das drogas deprime o SNC, com alteração dos centros subcorticais

extrapiramidais, levando a um relaxamento e paralisia dos músculos respiratórios,

bloqueio dos reflexos com formação de muco e espasmos da laringe, brônquios e

importante alteração hemodinâmica. Os anestésicos também podem interferir na

transmissão do impulso nervoso para a musculatura lisa, intensificando a

depressão respiratória. Tal quadro interfere na ventilação normal do paciente, que

necessita de assistência respiratória através de procedimentos invasivos como

intubação, aspiração, ventilação controlada, portanto constituindo fatores de risco

de infecção respiratória. A pneumonia por aspiração é um achado freqüente.

Período de hospitalização pré-operatória

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Isso se explica pela possibilidade de o cliente se colonizar em seus vários sistemas com

uma flora bacteriana modificada, presente no pessoal e no ambiente hospitalar.

Degermação e preparo pré-operatório da pele

Não há como negar que as mãos e antebraços da equipe cirúrgica e a própria pele do

sítio cirúrgico do cliente constituem fontes das mais importantes de microorganismos de

flora endógena, sendo a mesma, de longe, a causadora da grande maioria das infecções

do sítio cirúrgico e cuja transmissão pode ocorrer, principalmente, pelo contato direto e

a manipulação continuada durante a intervenção cirúrgica.A degermação das mãos e

antebraços e anti-sepsia pré-operatória da pele são práticas bastante antigas do ritual

cirúrgico. Esses procedimentos devem garantir a rápida remoção ou a destruição de toda

a flora transitória da pele e parte da flora residente, conhecida por flora de

colonização.Atualmente, esses procedimentos também têm o objetivo de estabelecer

uma atividade residual que retarde a recolonização, visto que, no caso da degermação

das mãos da equipe cirúrgica, os microorganismos proliferam com maior intensidade

sob as luvas; além disso pode-se considerar comum as microperfurações das mesmas.

Paramentação cirúrgica

Semelhante ao item anterior, a paramentação busca proteger o paciente contra

contaminação da flora normal liberada pelo pessoal da SO e pelo paciente durante a

cirurgia.

Procedimentos invasivos

Tricotomia, cateterismo vesical, punções e cateterismos vasculares são procedimentos

invasivos a que o paciente pode ser submetido.

A tricotomia tem recebido especial atenção com relação ao risco de infecção no sítio

cirúrgico. Se justifica a remoção dos pêlos adjacentes ao local operatório para facilitar a

visualização e a técnica operatória, assim como para diminuir a contaminação da incisão

com microorganismos presentes nos pêlos. A remoção do pêlo não é o verdadeiro

problema, mas sim a possibilidade de ocorrer solução de continuidade da camada

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epidérmica, que é uma barreira natural de defesa contra a invasão de

microorganismos. Os tipos de alterações da integridade da pele variam desde a

inflamação folicular, reações alérgicas, microcortes até cortes visíveis sangrantes. Em

maior ou menor intensidade todos provocam aumento da permeabilidade da camada

epidérmica, propiciando, além da invasão de microorganismos, também a sua

permanência e reprodução, tendo como meio de cultura a exsudação produzida.

Uso de antibióticos

Uma das causas principais das infecções hospitalares atuais deve-se , justamente, ao uso

inadequado ou indiscriminado dos antibióticos.

CONTROLE DE INFECÇÕES HOSPITALARES

O programa de controle de Infecção Hospitalar começou a ser regulamentado em

1.983, com a Portaria MS nº196/83, que foi revogada e substituída pela Portaria MS nº

930/92. Atualmente, está em vigor a Portaria nº 2.616, de 12 de maio de 19998, que

revogou a Portaria nº930/92. em 1.997, foi publicada, no Diário Oficial da União, a

Lei nº 9.431/97, que em seu artigo 1º fala da obrigatoriedade dos hospitais em

manterem um Programa de Infecções Hospitalares (PCIH) e no artigo 2º preconiza a

criação de comissão de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH) para execução

deste controle, conforme veremos mais adiante.

O Sistema nacional de Informação para o Controle de Infecções em Serviços de saúde

(SINAIS), lançado em setembro de 2.004. É uma iniciativa da ANVISA, com o intuito de

oferecer aos hospitais brasileiros e gestores de saúde uma ferramenta para

aprimoramento das ações de prevenção e controle das infecções relacionadas à

assistência à saúde.

SINAIS: Permite a obtenção de indicadores que consideram os riscos relacionados ao

tempo de internação e de exposição a procedimentos invasivos e as características dos

pacientes e das unidades de internação, e contribuirá no combate à resistência

microbiana, possibilitando a análise do perfil de sensibilidade de todos os organismos e

o seu acompanhamento por tipo de ambiente ou unidade assistencial.

A Lei 9.431, de 6 de janeiro de 1.997, coloca em seu artigo 1º que os hospitais do país

são obrigados a manter Programa de controle de Infecções Hospitalares _ PICH,

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considerando programa de controle de infecções hospitalares, para os efeitos desta Lei,

o conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente com vistas à redução

máxima possível de incidência e da gravidade das infecções hospitalares.

De acordo com a legislação brasileira, todos os hospitais são obrigados a ter um

Programa de controle de Infecção. O controle de infecção hospitalar tem como base em

sua estrutura a Comissão de controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e um grupo

executivo, também chamado Serviço de controle Hospitalar (SCIH), sendo que a CCIH

valida e divulga as propostas e ações do SCIH. A CCIH deve ser composta de

profissionais representantes dos serviços que atuam direta ou indiretamente na

assistência ao paciente, na diretoria e do SCIH.A coleta de dados, também chamada

vigilância epidemiológica das infecções hospitalares, a interpretação das informações

coletadas, a vigilância sanitária e elaboração e execução do Programa de Controle de

Infecção Hospitalar, habitualmente são realizadas pela equipe do SCIH. Este grupo é

composto por enfermeiros e médicos, e, algumas instituições, por outras categorias

profissionais, alocadas especificamente para tais funções. Estes profissionais deverão ter

como condição obrigatória atualização científica, crítica e legal sobre assuntos

relacionados ao controle das infecções hospitalares, sendo um elo de ligação para os

demais trabalhadores, colaborando com programas de treinamento, transformando suas

informações em ações preventivas para toda a comunidade hospitalar.Oferece assessoria

em medidas de proteção antiinfecciosa, como: isolamento, métodos de esterilização,

soluções anti-sépticas e desinfetantes. Colabora com os demais serviços nas

padronizações de procedimentos invasivos e dos antimicrobianos, na aquisição de

artigos e insumos que podem estar relacionados às infecções hospitalares, em processos

de construções e reformas arquitetônicas. Detecta aumento de episódios, surtos ou

outros problemas e propõe soluções no que diz respeito às infecções hospitalares, em

todos os setores da organização, com o objetivo de manter sob controle as infecções. O

controle de infecção deve dar informações quanto à evolução da situação em questão, o

feedback ao setor envolvido, assegurando desta maneira sua aderência junto aos demais

serviços da instituição. Esta integração contribui para que bons resultados sejam

alcançados, justificando, sob o ponto de vista do controle de infecção hospitalar,

padronizações, mudanças de conduta e rotina, aquisição de recursos humanos, materiais

e equipamentos, reformas e outras medidas necessárias.

A vigilância sanitária que é representada na instituição pelo controle de infecção,

observa os bastidores do hospital, preocupando-se com as infecções de maneira

pró-ativa, ou seja, procurando corrigir as deficiências antes que a infecção ocorra.

Procedimentos invasivos realizados de forma incorreta, seja por problemas técnicos ou

por condições inadequadas, podem traduzir-se em infecção hospitalar. Os setores de

apoio, cuja assistência ao paciente é prestada indiretamente, apresentam igual

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importância na qualidade de seu atendimento, podendo estar inseridos no aparecimento

das infecções. Prevenir doenças originadas de aplicação incorreta das medidas de

precauções, devido à falta de recursos ou negligência do próprio profissional, também é

alvo de atuação da vigilância sanitária. Através de visitas, observa-se as atividades

relacionadas aos pacientes e aos próprios profissionais estão sendo realizadas e em que

condições estão ocorrendo, porém não substitui o papel da supervisão, que deve

continuamente exercer suas atividades de maneira integrada com o controle de infecção.

COMPETÊNCIAS DA CCIH

A CCIH do hospital deverá:

1.Elaborar, implementar, manter e avaliar programa de controle de infecção hospitalar,

adequado às características e necessidades da instituição, contemplando, no mínimo,

ações relativas à implantação de um Sistema de Vigilância Epidemiológica das

Infecções Hospitalares, adequação, implementação e supervisão das normas e rotinas

técnico-operacionais, visando à prevenção e controle das infecções hospitalares;

capacitação do quadro de funcionários e profissionais da instituição, no que diz respeito

à prevenção e controle das infecções hospitalares; uso racional de antimicrobianos,

germicidas e materiais médico-hospitalares;

2.Avaliar, periódica e sistematicamente, as informações providas pelo Sistema de

Vigilância Epidemiológica das infecções hospitalares e aprovar as medidas de controle

propostas pelos membros executores da CCIH;

3.Realizar investigação epidemiológica de casos e surtos, sempre que indicado, e

implantar imediatas de controle;

4.Elaborar e divulgar, regularmente, relatórios e comunicar, periodicamente, à

autoridade máxima de instituição e às chefias de todos os setores do hospital, a situação

do controle das infecções hospitalares, promovendo seu amplo debate na comunidade

hospitalar;

5.Elaborar, implementar e supervisionar a aplicação de normas e rotinas técnico-

operacionais, visando limitar a disseminação de agentes presentes nas infecções em

curso no hospital, por meio de medidas de precaução e de isolamento;

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6.Adequar, implementar e supervisionar a aplicação de normas e rotinas técnico-

operacionais, visando a prevenção e o tratamento das infecções hospitalares;

7.Definir, em cooperação com a Comissão de Farmácia e Terapêutica, política de

utilização de antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares para a

instituição;

8.Cooperar com o setor de treinamento ou responsabilizar-se pelo treinamento, com

vistas a obter capacitação adequada do quadro de funcionários e profissionais, no que

diz respeito ao controle das infecções hospitalares;

9.Elaborar regimento interno para a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar;

10.Cooperar com a ação do órgão de gestão do SUS, bem como fornecer, prontamente,

as informações epidemiológicas solicitadas pelas autoridades competentes;

11.Notificar, na ausência de um núcleo de epidemiologia, ao organismo de gestão do

SUS, os casos diagnosticados ou suspeitos de outras doenças sob vigilância

epidemiológica (notificação compulsória), atendidos em qualquer dos serviços ou

unidades do hospital, e atuar cooperativamente com os serviços de saúde coletiva;

12.Notificar ao Serviço de Vigilância Epidemiológica e Sanitária do organismo de

gestão do SUS, os casos e surtos diagnosticados ou suspeitos de infecções associados à

utilização de insumos e/ou produtos industrializados.

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SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA

UTILIZAÇÃO DOS DRENOS CIRÚRGICOS

Os drenos e as sondas constituem em valiosos auxiliares utilizados na prática cirúrgica

visando facilitar o escoamento de conteúdo cavitário, parietal ou visceral.

Os drenos são utilizados para remoção de acúmulos anormais no interior da cavidade ou

nos permeios da parede abdominal.

As sondas tem indicação para o escoamento de conteúdo intraluminar, seja do tubo

digestivo, seja do aparelho urinário. Acessoriamente, destina-se a administrar líquidos e

alimentos.

A drenagem tem várias funções, dentre elas podemos destacar:

Propiciar saída de secreções purulentas ou de conteúdo intestinal;

Remover qualquer líquido da cavidade peritoneal;

Evacuar líquidos intraluminares (urina, bile);

Descomprimir o tubo digestivo;

Orientar coleções e fístulas;

Ministrar líquidos e alimentos.

São reconhecidos dois tipos de drenagem:

Profilática: tem a finalidade de impedir o acúmulo de secreções;

Terapêutica: se destina a promover a saída de material acumulado.

Na parede abdominal podem ser utilizadas com o objetivo de drenar secreções

purulentas (abscessos) ou diminuir o espaço morto e eliminar restos de soro,

sangue, tecidos, devido a grandes descolamentos no subcutâneo ou pela colocação de

material protético empregado como reforço parietal.

A drenagem pode ser realizada por drenos e sondas:

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Drenos: são lâminas ou tubos de material sintético, com paredes flexíveis, largura

variável, usados na drenagem das grandes cavidades serosas (pleura, peritônio,

pericárdio) e do espaço intervisceral e tissular.

Sondas: são tubos de borracha, de plástico ou de derivados do petróleo, com calibre

variado, que apresentam paredes rígidas, porém maleável, podendo ter balonete, ser

radiopacas ou não, estando destinadas à luz do tubo digestivo e seus anexos, árvore

traqueobrônquica e sistema geniturinário.

PRINCÍPIOS DA COLOCAÇÃO DE DRENOS

Os drenos intraperitoneais não devem ser exteriorizados pela incisão para evitar

infecção e interferir na cicatrização;

O orifício de saída deve ser proporcional ao diâmetro do dreno para evitar compressão

ou evisceração;

O orifício de saída deve-se localizar em local de declive para facilitar a drenagem por

gravidade;

Deve ficar suficientemente afastado da cicatriz cirúrgica para não interferir com os

cuidados da FO;

Não lesar com demasia a parede na confecção do trajeto parietal;

Não deixar o dreno entrar em contigüidade com as linhas de sutura para evitar fístulas;

Sempre fixar o dreno no local de exteriorização.

TIPOS DE DRENAGEM

Existem 4 tipos de drenagem, conforme o mecanismo de ação:

Drenagem laminar;

Drenos de aspiração;

Drenos túbulo-laminares;

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Cateteres de drenagem.

Drenagem laminar: Dreno de Penrose. Pode-se colocar gaze ou qualquer outro

material sintético absorvente dentro do Penrose com a finalidade de aumentar a

drenagem. Seu mecanismo de ação é por meio da drenagem passiva, por capilaridade.

Tem a preferência nas cirurgias do aparelho digestivo com anastomeses.

Drenos de aspiração: Drenos de sucção fechada, tubulares, firmes, produzidos de

silicone ou cloridrato de polivinil. Dreno Portovac. São utilizados em cirurgias com

grande descolamento tecidual (hérnia incisional, retalhos miocutâneos, esvaziamentos

ganglionares) e quando há extensa ressecção com espaço morto local. Este tipo de

drenagem diminui o risco de contaminação a partir do dreno, porém, deve ser retirado

em 24 a 72 horas. Seu mecanismo de ação funciona por sucção, sendo uma drenagem

ativa.

Drenos túbulos-laminares: São formados por 2 ou 3 drenos tubulares de látex, silicone

ou teflon, com múltiplas perfurações, colocados dentro de um dreno de Penrose. Dreno

de Sump. Utilizado nos casos de pancreatite, abscessos ou quando se deseja lavar a

cavidade abdominal. O sistema funciona instilando solução fisiológica por um dos

tubos, ao mesmo tempo que se aspira sob baixa pressão por meio de outro. O terceiro

tubo é o respiro, que evita o colabamento do sistema de sucção. Os tubos são fixados ao

Penrose por meio de suturas individuais. O funcionamento é por capilaridade e por

drenagem ativa.

Cateteres de Drenagem (pigtailed): Drenos tubulares, finos, parede resistente e pouco

flexível, de plástico ou látex, utilizados por radiologistas, guiados por TC ou USG, para

realizar drenagens percutâneas de coleções ou cateterização de via biliar. Deve-se

periodicamente instilar soro para desobstruir o cateter, que é muito fino e, para

fluidificar a coleção, facilitando e acelerando o escoamento.

As sondas são tubos introduzidos no lúmen de vísceras ocas, sendo divididas conforme

o órgão em que será utilizada: sondas gastrintestinais, nasojejunais, nasobiliares,

gastrostomia, jejunostomias, cecostomias, retal, de Sengstaken-Blackmore, sondas

urinárias entre outras.

As sondas, além de drenar o conteúdo presente no lúmen das vísceras ocas, também

podem ser utilizadas para administrar líquidos, medicamentos e nutrientes,

descomprimir (sonda nasogástrica, sonda retal, sondas utilizadas para descomprimir

anastomoses) ou comprimir (sonda de Sengstaken-Blackmore e sonda de Foley na

prostatectomia).

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INDICAÇÕES GERAIS

Drenar secreções purulentas localizadas ou de conteúdo intestinal e remover

profilaticamente qualquer líquido da cavidade peritoneal ou do subcutâneo, como suco

bileopancreático ou seroma, antes que sua presença cause complicações.

O emprego de drenos é conveniente nas seguintes situações:

1.Abscessos localizados e com parede espessa;

2.Anastomoses entre o trato digestivo, quando há insegurança em relação ao

fechamento, desproporção entre as bocas anastomóticas, má vascularização e infecção

local.

3.Cirurgias em que há extensa área cruenta.

4.Cirurgias em que podem ter sido abertos pequenos ductos (vesícula biliar, pâncreas,

fígado) sem ser detectados;

5.Cirurgias e que há sutura de órgãos sem serosa e extrapiramidais;

6.Cirurgias de parede abdominal com grande descolamento de subcutâneo ou com

utilização de próteses.

INDICAÇÕES ESPECÍFICAS

Existem algumas cirurgias em que são acoplados sistemas de drenagem como rotina,

com a finalidade de descomprimir ou retirar secreções que coletam no leito cirúrgico.

Vias Biliares: Tubo em “T” de Kher: descomprimir o hepatocolédoco. O mesmo

deve ser elevado a partir do 4º dia para diminuir o escoamento biliar, fechado após o 7º

dia pós-operatório (após a realização da colancistectomia) e retirado após o 14º dia.

No caso de colecistectomia, a utilização de drenos é discutível (vários autores contra-

indicam a drenagem por apresentarem maior risco de infecção); caso seja utilizado,

colocas-se o Penrose ou dreno de aspiração Portovac tracionando-o no 1º dia e

retirando-o no 2º ou 3º dia pós-operatório.

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Pâncreas: Em cirurgias em que se manipula ou se resseca o pâncreas, há indicação de

drenagem devido ao suco pancreático que, por meio de suas enzimas proteolíticas, irrita

os tecidos vizinhos, podendo causar fístulas ou abscessos peripancreáticos. Os drenos de

escolha são de Sump e os de aspiração. No caso de abscesso pancreático, utiliza-se o

dreno de Sump com o objetivo de lavar e aspirar ao mesmo tempo, sendo retirado

quando a aspiração vier límpida. Nas pancreatectomias parciais, utilizam-se drenos de

aspiração, tracionando-o pós-operatório, caso não haja fístula. Deve-se realizar

drenagem sondagem nasogástrica e diminuir estímulo pancreático, até que o íleo

paralítico desapareça.

Baço: Após esplenectomia, normalmente se utilizam drenos visando prevenir o

acúmulo de secreções no espaço subfrênico, devido à área cruenta no leito esplênico,

pela dificuldade de hemostasia causando pequenos sangramentos, ou devido a pequenas

lesões em causa do pâncreas. Embora a drenagem aumente o risco de infecção,

colocam-se drenos de aspiração, retirando-o quando a aspiração diminui, de

preferência 2m 24 a 72horas.

Estômago: Os drenos são usados após gastrectomias quando a anastomose for difícil,

utilizando dreno de Penrose, retirando-o após o 4º dia. Deve-se sempre colocar

SNG ou SNE para descomprimir o lúmen e iniciar precocemente a alimentação. A

sonda deve ser retirada após o término do íleo paralítico, se for uma SNG. Se o intuito

for alimentação, retira-se após o paciente ter condições de via oral. Em caso de

fistulização, o dreno permanece por um período não inferior a 7 dias, tempo necessário

par acriar um trajeto ao redor do dreno e orientar a fístula.

Duodeno: Os drenos são necessários devido à alta mortalidade que as complicações,

como fístula e infecção local, que podem ocasionar. A utilização dos mesmos não

diminui a chance de fístula, porém, com um escoamento precoce e efetivo, podem-se

evitar cirurgias. O dreno de escolha é de Penrose, sendo tracionado após o 3º dia e

retirado após o 4º ou 5º dia pós-operatório, caso não haja complicação local.

Intestino: Normalmente não se utilizam drenos em anastomoses intestinais, exceção

feita para os casos de anastomoses com o reto ou canal anal, pela ausência da camada

serosa e por sua posição extraperitoneal, apresentando tecidos menos resistentes à

infecção. Nesses casos, emprega-se o dreno de Penrose, retirando-se após o 4º dia.

Em todas as cirurgias que envolvem anastomoses intestinais, utilizam-se SNGs ou

jejunostomias para descomprimir o lúmen gastrintestinal, enquanto houver íleo

paralítico.

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Apendicite: Nos casos de apendicite aguda em que não há abscesso localizado, a

drenagem não se faz necessária, mesmo que haja perfuração com coleção purulenta na

cavidade. Nesses casos, faz-se apenas a lavagem exaustiva da cavidade.

Nas situações em que há abscesso localizado, deve-se deixar um dreno junto à cavidade

abscedada, sendo de escolha o de Penrose, devendo permancer no local até não mais

sair secreção purulenta, tracionando-os 24 horas antes de retirá-los definitivamente.

Nesses casos, quando se quiser realizar lavagem da cavidade, pode-se utilizar os

drenos de Sump, para limpar a cavidade e aspirar seu conteúdo, simultaneamente.

Parede Abdominal: Quando existe um grande descolamento do tecido subcutâneo ou

quando se colocam próteses junto à musculatura, deve-se utilizar o dreno Portovac

para evitar que se acumulem coleções no subcutâneo. A mesma deve permanecer por 2

a 3 dias, até que o volume drenado em 24 horas seja inferior a 150 ml e retirado em

um só tempo, sem tração prévia.

Outros: A drenagem tubular tem espaço nas cirurgias da região cervical

(TIREOIDECTOMIAS, ESVAZIAMENTOS LINFONODAIS, CIRURGIAS

VASCULARES , nas cirurgias ORTOPÉDICAS que utilizam próteses e em qualquer

outra cirurgia que apresente um espaço morto ou que não possa haver compressão das

estruturas adjacentes. O tempo de drenagem pode variar conforme o volume

exteriorizado e o motivo pelo qual o dreno foi colocado. Nos casos de abscesso intra-

abdominal, os drenos de Sump estão indicados para lavar e aspirar continuamente o

abscesso, sendo retirados após desligar a lavagem por 24 horas e o líquido sair límpido.

Em cirurgias de grande porte e naquelas em que se manipulam as vias urinárias ou a

próstata, deve-se realizar sondagem vesical .

MANEJO DOS TUBOS

A colocação dos drenos na cavidade abdominal apresenta princípios básicos:

1. Devem ser colocados por contra-incisão para evitar infecção da ferida operatória e

diminuir o risco de deiscência;

2.São colocados lateralmente ao músculo reto abdominal, não muito pequenos para

facilitar a drenagem, porém evitando grandes aberturas para evitar hérnia incisional;

3.O trajeto confeccionado deve ser mais retilíneo o possível para facilitar a drenagem e

evitar coleções;

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4.Devem ser fixados à pele para evitar que o mesmo seja tracionado por descuido ou

que entre na cavidade abdominal;

5.O curativo deve ser realizado separadamente ao da incisão principal para dificultar a

contaminação da ferida operatória com as coleções drenadas.

SONDAS

Obedece alguns preceitos básicos:

1.Deve ser introduzida com anestésico local;

2.Se não houver balonete para fixação, fixa-se externamente com curativos ou pontos

para dificultar a migração da mesma;

3.SNG não devem ficar mais que 7 dias, devido às ulcerações que a mesma pode causar

na mucosa da orofaringe e do esôfago;

4.Se houver necessidade de troca, deve-se trocar por sondas nasojejunais, que são

menos traumáticas e podem ficar por várias semanas;

5.No caso de sondas urinárias, deve-se pensar em antimicrobianos quando utilizadas por

vários dias.

REMOÇÃO DOS DRENOS

Profiláticos: Remove-se tão logo haja evidências de que não há mais drenagem

significativa e que o dreno não é mais necessário.

Terapêuticos: São mantidos no local enquanto houver drenagem em quantidade

significativa. Retira-se de modo gradativo, alguns centímetros a cada dia, de tal maneira

a ocluir o trajeto da profundidade para a superfície.

COMPLICAÇÕES

Hérnia incisional

Obstrução por aderências

Necrose de tecidos vizinhos por compressão

Hematoma de parede

Perda do dreno na cavidade abdominal

Fístula por erosão da anastomose

SONDAS

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Erosões junto à mucosa por irritação ou isquemia

Aumento da produção de ácido pelo estômago

Fístulas

Perfuração durante a colocação

Infecção

Hemorragias pela erosão

DREDRENOS JACKSON PRATT

DRENOS JACKSON PRATT

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Dreno de Jackson Pratt

Drenos de Penrose

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Dreno de Black

Dreno de sucção

Sistema de drenagem mediastinal

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Sistema de drenagem de vias aéreas

Simulador

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Dreno de Kher

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Sonda de Malecot

Sonda Traqueal Comum de Nelaton

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Sonda Retal

Sonda de Sengstaken-Blackemore

Dreno de Penrose

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Sonda Nasoentérica

Sonda

Nasogá

strica

de

Levine

Sonda Vesical de Foley

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Sonda vesical de alívio de Nelaton

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Dreno de Black

Dreno de sucção (Portovacc)

FONTE: http://images.google.com.br/images

CURATIVOS

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Curativo é o tratamento utilizado para promover a cicatrização da ferida,

proporcionando um meio adequado para este processo. A escolha do curativo depende

do tipo de ferida.

Critérios:

Os critérios para o curativo ideal foram definidos por Turner, citado por Dealey,

conforme segue:

Manter alta umidade entre a ferida e o curativo acelerando a epitelização, diminuindo a

dor e aumentando o processo de destruição natural dos tecidos necrosados.

Remover o excesso de exsudação com o objetivo de evitar a maceração dos tecidos

próximos.

Permitir troca gasosa.

Fornecer isolamento térmico – a temperatura de 37º estimula o processo de cicatrização.

Ser impermeável às bactérias, agindo como barreira mecânica entre a ferida e o meio

ambiente.

Estar isento de partículas e substâncias tóxicas contaminadoras de feridas que podem

manter a inflamação e retardar a cicatrização.

Permitir sua retirada sem ocasionar lesão por aderência. O curativo aderido à ferida

deve ser retirado com umedecimento com Soro Fisiológico a 0,9%.

Observações:

Em feridas abertas não é recomendado o uso de curativo seco. Deve-se umidificá-lo

com Soro Fisiológico a 0,9% e s secar somente as bordas da ferida.

A troca de curativos pode baixar a temperatura da superfície em vários graus. Por isso,

não se deve limpá-la com solução fria nem deixá-las expostas por períodos prolongados.

Curativo encharcado ou vazando favorece o movimento das bactérias em ambas as

direções – ferida e meio ambiente – devendo ser trocado imediatamente.

Não se deve usar algodão ou gaze desfiada (aderência à ferida).

Notas:

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Exsudação: extravasamento de líquido da ferida, devido ao aumento da permeabilidade

capilar.

Maceração: amolecimento da pele, geralmente nas bordas da ferida, na maioria das

vezes pela umidade excessiva.

Classificações de curativos:

Aberto: é aquele no qual utiliza-se apenas o anti-séptico, mantendo a ferida exposta.

Ex: ferida cirúrgica limpa com 48 horas de evolução ou mais.

Oclusivo: curativo que após a limpeza da ferida e aplicação do medicamento é fechado

ou ocluído com gaze ou atadura.

Seco: fechado com gaze ou compressa umedecida com pomada ou soluções prescritas.

Compressivo: é aquele no qual é mantida compressão sobre a ferida para estancar

hemorragias, eviscerações etc.

Drenagens: Nos ferimentos com grande quantidade de exsudato coloca-se dreno (

Penrose, Kher), tubos, cateteres ou bolsas de colostomia.

O dreno Penrose é introduzido na cavidade da ferida para escoamento de secreções que

possam vir a infectá-lo ou para eliminar secreções purulentas.

O dreno Penrose é um tubo de látex mole e delicado, de vários diâmetros, colocado

através de um pequeno orifício ou na própria cicatriz operatória.

Quando há necessidade de lavar o local que está sendo drenado, o cirurgião coloca,

junto com o Penrose, um dreno tubular fino, geralmente, de polietileno, formando assim

um dreno misto.

Os drenos Penrose são usados em cirurgias gerais, com finalidade profilática e precisam

ser protegidos por curativos. Mas se for preciso medir o volume de secreção que sai

pelo dreno, pode-se substituir o curativo por bolsas coletoras, que variam de tamanho de

acordo com a quantidade de secreção eliminada.

O dreno Kher ou em T é utilizado nas operações que abrem a via biliar principal

(hepático/calédoco), com a finalidade de escoar a bile para fora, por um determinado

período.

O dreno fechado de pressão negativa é conectado a uma bolsa coletora sanfonada

elástica, por meio de um tubo. Quando a bolsa é comprimida para a retirada do ar do seu

interior, cria um vácuo capaz de provocar aspiração contínua. A secreção ou o sangue

são retirados da ferida, indo para o recipiente sanfonado por meio do tubo.

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Quando o recipiente estiver cheio, é necessário abrir a tampa de cima e esvazia-la. Para

restabelecer a pressão negativa, comprime-se o recipiente até o ar sair totalmente e

recoloca-se a tampa. Assim, a drenagem recomeçará.

O dreno fechado de pressão negativa é geralmente usado em operações ortopédicas,

neurocirúrgicas e outras onde haja sangramento residual.

O dreno de tórax é utilizado na cavidade torácica para restaurar a pressão negativa e

escoar secreções ou sangue.

Debridamento: é a retirada do tecido necrosado, sem vitalidade, utilizando cobertura

com ação debridante ou retirada mecânica com pinça, tesoura ou bisturi.

Processo de cicatrização:

No momento da incisão/injúria: formação de coágulo, estase, liberação de substâncias

vasoativas.

2 horas: formação de crosta.

6 horas: neutrófilos liberam enzimas que efetuam a quebra dos restos celulares e dos

agentes invasores.

12 horas: monócitos fagocitam bactérias e restos celulares.

24-48 horas: formação de ponte epitelial.

48 horas: fibroblastos : produzem colágeno para formação da cicatrização.

6 dias: a proliferação de fibroblastos atinge seu pico, repondo o tecido conjuntivo.

Formação do tecido de granulação ( forma precoce de tecido cicatricial).

2 semanas: realinhamento das fibras colágenas – aumento da resistência e redução da

espessura da cicatriz.

Semanas e meses: contração – a cicatriz altera a sua aparência.

Objetivos do curativo:

Proporcionar conforto ao paciente ( diminuição da dor) e promover a cicatrização.

Proteger a ferida para prevenir infecções.

Observar o aspecto da cicatriz cirúrgica.

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Manter a área limpa.

Regras para os curativos:

Curativos cirúrgicos limpos e secos não necessitam ser trocados nas primeiras 72 horas.

Curativos devem ser mantidos limpos nas primeiras 48/72 horas de pós-operatório ou

procedimento ou ainda a critério médico e/ou da instituição. Neste período ainda não

ocorreu a epitelização da ferida.

Curativos úmidos ( seja por secreções ou banho) devem ser trocados tantas vezes quanto

necessário, não ultrapassando o tempo de seis horas ( tempo provável de multiplicação

das bactérias).

Após a epitelização da ferida pode-se deixá-la descoberta se não houver chance de

contaminação pelas áreas vizinhas (colostomias, vômitos.secreções orais, secreções

traqueais).

Os acessos venosos, arteriais, drenos torácicos devem ser mantidos com curativos.

Nunca tocar diretamente em ferida aberta ou recente ( até 72 horas da cirurgia) ou

mantidas sob curativo.

Em paciente com dois ou mais curativos ( limpos e contaminados) realizar primeiro o(s)

limpo(s) e depois o(s) contaminado(s), cada qual com seu material de curativo estéril.

Cuidado ao retirar o curativo sujo para não arrancar os drenos, cateteres que geralmente

ficam aderidos ao curativo.

Durante o curativo, inspecionar sempre sinais de infecção ( hiperemia, edema, dor,

secreção) na ferida cirúrgica, locais de punção, áreas de drenos.

Se houver suspeita de infecção, colher amostra de secreção e envia-la à bacteriologia

para cultura e antibiograma conforme protocolo de Coleta de Material para Cultura.

Informar ao médico e anotar no prontuário.

A data da troca do curativo e o nome de quem o realizou devem ser anotados no

curativo e no prontuário.

Nos curativos de cateteres fixar também o mesmo na pele para evitar tração ou retiradas

acidentais.

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Nota: Aplicações tópicas de antimicrobianos não são recomendadas, pois provocam

alteração da flora microbiana local com o aparecimento de cepas resistentes.

FATORES DE RISCO

Fatores de risco para complicações pulmonares pós-operatórias

1.Tipo de cirurgia – incidência maior após todas as formas de cirurgia abdominal quando

comparadas com a cirurgia periférica.

2.O local da incisão – quanto mais próxima a incisão do diafragma, maior a incidência de

complicações pulmonares.

3.Problemas respiratórios no pré-operatório.

4.Idade – maior risco após os 40 anos do que antes dos 40.

5.Sepse.

6.Obesidade – peso maior do que 10% do peso corporal ideal.

7.Repouso no leito prolongado.

8.Duração do procedimento cirúrgico – mais de 3 horas.

9.Aspiração.

10.Desidratação.

11.Desnutrição.

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12.Hipontensão e choque.

13.Imunossupressão.

Fatores de risco para Trombose Venosa Profunda pós-operatória

1.Pacientes ortopédicos que se submeteram a cirurgia do quadril, reconstrução do joelho e outra

cirurgia da extremidade inferior.

2.Pacientes urológicos que se submeteram a prostatectomia transureteral e pacientes idosos

submetidos à cirurgia urológica.

3.Pacientes de cirurgia geral com idade superior a 40 anos, os obesos, aqueles com malignidade,

os que tiveram anteriormente trombose venosa profunda ou embolia pulmonar, ou aqueles

submetidos a procedimentos cirúrgicos extensos e complicados.

4.Pacientes de ginecologia e obstetrícia com idade superior a 40 anos apresentando fatores de

risco associados (veias varicosas, trombose venosa prévia, infecção, malignidade, obesidade).

5.Pacientes de neurocirurgia, semelhante a outros grupos de alto risco cirúrgico ( em pacientes

com derrame, por exemplo, o risco de trombose venosa profunda na perna paralisada é tão alto

quanto 75%).

SINAIS FÍSICOS E SINTOMAS DAS COMPLICAÇÕES

Sinais físicos e sintomas das complicações cirúrgicas e condições comuns associadas

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Sintoma Condições associadas

Febre Atelectasia, infecções, reações transfusionais,

medicamentos, tromboflebite, embolia

pulmonar

Taquicardia Ansiedade, hipovolemia, hipoxemia, febre,

arritmias cardíacas, sepse, dor

Taquipnéia e dispnéia Ansiedade, atelectasia, pneumonia, edema

pulmonar, embolia pulmonar

Hipotensão Hipovolemia, sepse, insuficiência cardíaca,

anafilaxia, hemorragia

Oligúria Hipovolemia, insuficiência renal, obstrução

urinária

Icterícia Hemólise, hepatite, sepse, nutrição venosa,

obstrução das vias biliares, fístula biliar

Distensão abdominal Íleo paralítico, hemorragia intra-abdominal,

obstrução intestinal, constipação, ascite

Dor na ferida Infecção, deiscência, infecção intra-abdominal

Alteração do nível de consciência Hipoxemia, sepse, medicamentos, abstinência

do álcool, acidente vascular cerebral, febre,

psicose pós-operatória

Causas comuns de febre no pós-operatório

1.Causas pulmonares: atelectasia, pneumonia, embolia pulmonar.

2.Infecções: inflamação do acesso intravenoso e sepse; infecção urinária; abscesso intra-

abdominal; peritonite; empiema; infecção da ferida; colecistite; parotidite.

3.Trombose venosa profunda e flebite.

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4.Medicamentos: penicilina; cefalosporina, anfotericina.

5.Reações transfusionais.

Causas comuns de icterícia no pós-operatório

1.Hemólise:

Sangue extravasado, hematomas

Reações transfusionais

Reações medicamentosas

Sepse

Hemoglobinopatias

2.Doença parenquimatosa hepática

Exacerbação de hepatopatia preexistente

Hepatite viral

Hepatite medicamentosa

Lesão causada por choque

Abscesso intra-hepático

3.Colestase

Induzida central por medicamentos

Sepse

Nutrição venosa

4.Doença das vias biliares

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Coledocolitíase

Ligadura inadvertida do colédoco

Fístula ou vazamento da bile

Colecistite

Pancreatite com obstrução do colédoco

Estenose da via biliar devida a trauma operatório

COMPLICAÇÕES NA FERIDA

Por todas as operações é necessária uma incisão, e elas só podem ser consideradas um sucesso

após a cicatrização da ferida. Existem três categorias de complicações na cicatrização da ferida:

hematomas e seromas simples na ferida; infecções da ferida; e deiscência da ferida.Essas

complicações são conseqüência de uma técnica cirúrgica imperfeita e de alterações na

cicatrização da ferida.

Hematoma e seroma

A hemostasia inadequada da ferida causa o acúmulo de sangue local após o fechamento.

Coagulopatias causadas pela doença do paciente ou pela administração perioperatória de

aspirina, heparina, warfirin ou dextrano também contribuem para o aparecimento de

hematomas de feridas. Os sinais físicos são inchaço e dor na ferida e drenagem de sangue na

linha de sutura, quando o hematoma é superficial. Se a hemorragia for arterial, o hematoma

pode dissecar entre os planos tissulares e crescer até um tamanho considerável. Os hematomas

se expandem rapidamente e podem comprimir estruturas adjacentes vitais como a traquéia,

causando estridor ventilatório, a artéria carótida, causando déficit neurológico, ou as veias

renais, causando disfunção renal. Os hematomas da ferida geralmente desaparecem

espontaneamente, porém os hematomas grandes, dolorosos e em expansão necessitam de

reexploração cirúrgica. As coleções de líquido não-hematogênico na ferida podem ser

classificadas como seromas ou linfoceles. Essas coleções geralmente surgem devido à criação

de grandes espaços subcutâneos na ferida que acumulam soro e/ou linfa. Em geral, os

seromas simples desaparecem espontaneamente ou após a aspiração, porém as linfoceles

verdadeiras, causadas pela secreção ativa de um canal linfático importante, podem necessitar

de aspirações repetidas ou drenagem com sucção para serem resolvidas. Qualquer que seja

a técnica escolhida, deve-se preservar a esterilidade para evitar o surgimento de um abscesso

secundário na ferida.

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Infecções da ferida

As infecções na ferida podem ocorrer em até 20% ou mais dos casos em que o campo cirúrgico

foi contaminado durante a operação. Por outro lado, as operações limpas, que não envolvem o

trato gastrintestinal, apresentam um índice de infecção de 2% ou menos. Os sinais de infecção

da ferida são febre, sensibilidade dolorosa e inflamação nos estágios iniciais. Se a infecção não

for logo diagnosticada e tratada, podem surgir edema, drenagem pururlenta, isquemia tissular e

ruptura da ferida.Quando os agentes etiológicos são espécies de Streptococcus ou Clostridia, a

sepse da ferida pode ocorrer em até 24 horas após a operação. As infecções causadas por este

último organismo são extremamente sérias, pois a mionecrose pelo clostrídio (gangrena gasosa)

pode evoluir rapidamenete. Os indícios dessa infecção são drenagem serosa pouco espessa,

crepitação e isquemia da ferida, tornando obrigatório o desbridamento cirúrgico de urgência. Na

maioria dos casos, as infecções da ferida se tornam evidentes entre o 4º e o 7º dia operatório e,

são causadas por bactérias Gram-negativas ou espécies de estafilococos. A antibioticoterapia

pode ser útil no tratamento da celulite inicial da ferida, mas quando não existe sepse sistêmica

ela geralmente é de pouco auxílio, após se ter realizado um desbridamento cirúrgico e drenagem

adequada.

Tratamento

Em ISC restrita aos tecidos moles, a terapêutica mais importante é a abertura da cicatriz

retirada do material infectado e curativo contínuos até a cicatrização por 2ª intenção.

Apesar da maioria dos pacientes receber antibióticos no início do diagnóstico de ISC,

esta prática tem pouco suporte em evidências científicas. Estudos com abscessos

subcutâneos não identificaram benefícios quando a antibioticoterapia foi usada junto

com a drenagem. A melhor conduta é abrir a cicatriz e tratar por via sistêmica quando

os sinais locais de inflamação são exuberantes ou o paciente possui sintomas e sinais

sistêmicos.

Infecções potencialmente graves podem aparecer precocemente no pós-operatório,

alguns sintomas que sugerem estas patologias são: dor desproporcional aos achados do

exame físico, bolhas violáceas, hemorragia cutânea, amolecimento da pele, áreas de

parestesia e anestesia, rápida progressão e presença de ar em subcutâneo.

Fasciite necrosante: esta é uma infecção rara, porém grave, geralmente

monobacteriana. O agente mais freqüente é o Streptococcus beta hemolítico do grupo A,

no entanto um quadro clínico semelhante pode ser causado por Vibrio vulnificus ou

Aeromonas hydrophilia. Mais freqüentemente em pós-operatório, este quadro pode ser

causado por uma flora polimicrobiana composta por Escherichia coli, Proteus sp,

Citrobacter freundii, Serratia marcescens e Enterobacter sp. O quadro clínico costuma

ter evolução rápida com poucos sinais locais. O diagnóstico é confirmado com achados

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do intraoperatório, no qual o tecido subcutâneo apresenta-se acinzentado e a fáscia do

músculo com estrias, edema e friável a manipulação.

Gangrena gasosa: causada por Clostridium perfringens Clostrium septicum, Clostrium

hystoliticum ou Clostridium novyi,, o quadro clínico é semelhante à fasciite necrosante

podendo ser diferenciado desta, pela rotina de Gram do tecido. O tratamento dessas

duas síndromes é feito com debridamento cirúrgico e antibiótico sistêmico,

clindamicina e penicilina.

Síndrome do choque tóxico: é uma infecção causada pela toxina do S. aureus que age

como superantígeno provocando uma proliferação massiva de linfócitos T e produção

de citocinas com IL1 e TNF. O quadro clínico é de início rápido no pós-operatório com

febre, queda do estado geral, rash cutâneo, que evolui com necrose progressiva da pele

podendo surgir lesões bolhosas e áreas de gangrena, a infecção se estende a planos mais

profundos podendo envolver fáscia e tecido subcutâneo, sendo semelhante a fasciite

necrosante. O tratamento é realizado com antibiótico com atividade anti-estafilocócica e

terapia de suporte. O debridamento deve ser realizado conforme avaliação clínica.

Deiscência de ferida

A ruptura da ferida cirúrgica pode ocorrer a qualquer momento após a operação, porém

ela é mais comum cerca de uma semana após a operação. A deiscência da ferida pode

comprometer parte ou todas as camadas da ferida. A deiscência cutânea geralmente traz

poucas conseqüências, pois a ferida pode ser reaproximada com relativa facilidade, muitas

vezes sem o retorno à sala de operações. Entretanto, a deiscência da fáscia é uma

complicação bem mais grave, pois ela exige correção cirúrgica para prevenir o

aparecimento da hérnia incisional. Geralmente se deve a uma infecção da ferida e pode

evoluir para evisceração. Nesta última situação ocorre protusão das vísceras (geralmente o

intestino delgado em uma incisão abdominal) através da ferida ou da parede abdominal. A

evisceração é uma emergência cirúrgica que necessita do reposicionamento cuidadoso das

vísceras na cavidade peritoneal, proteção das vísceras com compressas embebidas em soro

fisiológico, para evitar lesões e ressecamento, e retorno imediato à sala de operações para

correção cirúrgica. A deiscência da ferida pode ser desencadeada por vários fatores, como

obesidade, desnutrição, diabetes, insuficiência renal, ascite, distensão abdominal, tosse ou

vômitos persistentes, infecção da ferida devido à técnicas inadequadas de sutura. Mais

comumente, a deiscência de uma incisão se deve à técnica cirúrgica deficiente. A deiscência é

muitas vezes anunciada por uma drenagem súbita de líquido sanguinolento na ferida entre o 5º e

o 8º dias após a operação. Quando isso ocorre, deve-se palpar cuidadosamente a ferida em busca

de sinais de rompimento e, se necessário, devem ser removidos alguns pontos ou grampos para

se verificar a integridade do fechamento da fáscia.

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COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS

As complicações respiratórias constituem os problemas mais comuns apresentados pelos

pacientes submetidos a uma operação, e incluem: 1. atelectaia, pneumonia, insuficiência

respiratória aguda no pós-operatório, síndrome da angústia respiratória do adulto e

embolia pulmonar.

DISFUNÇÃO RENAL

A insuficiência renal oligúrica no pós-operatório é definida como o débito urinário inferior a

500ml/dia ou menor do que 0,5ml/kg/hora, e é um sinal indicativo de insuficiência renal aguda

incipiente. A anúria completa é rara e encontrada principalmente nos pacientes com obstrução

pós-renal ou necrose cortical irreversível. A insuficiência renal também pode se manifestar

através de um débito urinário elevado e passar despercebida na fase inicial da evolução.

DISFUNÇÃO DO TRATO ALIMENTAR

Anorexia, vômitos, náuseas, diarréia, colite, constipação e impactação fecal, assim como

íleo paralítico (ausência de atividade peristáltica ou contração desordenada do intestino, está

associada comumente a operações intraperitoneais, processos inflamatórios – abscesso,

hematoma, peritonite – e lesões retroperineais. A estase do ar deglutido e dos líquidos na

luz do estômago e do intestino delgado dá origem a náuseas, distensão abdominal e

algumas vezes vômitos. O tratamento consiste na aspiração do estômago, através de uma SNG

e, no fornecimento de quantidade adequada de líquido por via endovenosa para compensar as

perdas para o terceiro espaço.), obstrução intestinal pós-operatória e hemorragia aguda da

mucosa gástrica ( o tratamento consiste principalmente na neutralização do pH gástrico através

da administração de antiácidos, antagonistas dos receptores de histamina ou de omeprazol, um

inibidor das células parietais. Em casos raros, pode ser necessária uma gastrectomia total para

controlar a hemorragia, com risco de vida; são complicações potenciais pós-operatórias.

COMPLICAÇÕES HEPATOBILIARES E ICTERÍCIA

O surgimento de hiperbilirrubinemia no pós-operatório pode ser causado por produção

exagerada de pigmentos biliares, diminuição da capacidade hepática para processar a

sobrecarga de pigmentos – por doença parenquimatosa ou por colestase – por obstrução das

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vias biliares. As duas causas mais comuns de sobrecarga de pigmentos no período pós-

operatório são hemólise intravascular e reabsorção de sangue extravasado em hematomas

intra-abdominais, retroperitoneais e pélvicos e, ambos os casos se manifestam por

hiperbilirrubinemia indireta. A hemólise pode ser causada por transfusão de sangue

incompatível, hemoglobinopatia, auto-imunidade ou sepse, ou pode ser desencadeada pela

administração de diversos medicamentos. O diagnóstico de hemólise é confirmado pela

elevação da fração não-conjugada de bilirrubina no soro, redução da concentração de

heptoglobina no soro e um perfil enzimático hepático normal. O tratamento da icterícia

hemolítica é direcionado para a correção da causa básica.

TROMBOSE VENOSA PROFUNDA E EMBOLIA PUMONAR

TVP

A estase venosa pré e pós-operatória nas extremidades inferiores, junto com a

hipercoagulabilidade pós-operatória, predispõe à trombose em veias profundas. Outros

fatores predisponentes para a TVP são obesidade, câncer, insuficiência venosa crônica e

operações demoradas. Na maioria das vezes a TVP ocorre nas veias das panturrilhas e das

coxas, mas também pode ocorrer nas veias ilíacas, a partir das quais a evolução subseqüente

para a embolia pulmonar é mais comum.. Os sinais de TVP são sensibilidade local, edema,

dor nos movimentos e, às vezes, febre. No entanto, o diagnóstico de TVP requer técnicas

pletismográficas, ultra-sonográficas com Doppler ou radiográficas para demonstrar a obstrução

venosa ou a presença de um trombo. Os sinais clínicos isolados podem ser indicadores falsos-

positivos de TVP em até 50% dos casos.

O tratamento da TVP exige anticoagulação terapêutica com heparina intravenosa e substituição

posterior por warfarin oral a fim de prevenir a embolia pulmonar. Também está indicado um

período de repouso no leito por até uma semana para os pacientes cujo trombo não parece

estar aderido à parede venosa na flebografia ou ultra-sonografia com Doppler. O melhor

tratamento é a prevenção, o que é conseguido com deambulação precoce no pós-

operatório, uso de meias para compressão intermitente durante a operação e, em alguns

casos, uso de baixas doses de heparina no perioperatório.

Embolia pulmonar

A embolia pulmonar é a complicação mais séria da TVP, pois pode causar comprometimento

respiratório e morte súbita. Os sintomas da EP são dispnéia, tosse e broncoespasmo, porém

muitos pacientes são assintomáticos. Os sinais clínicos incluem taquipnéia, taquicardia e

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febre, e os exames laboratoriais revelam uma PaO2 inferior a 70 mmHg. O diagnóstico é

fortemente sugerido por uma falha de enchimento vascular na cintilografia da perfusão

pulmonar. As cintilografias normais excluem com segurança os casos de EP importantes,

porém as cintilografias intermediárias não ajudam muito. O diagnóstico definitivo pode ser

obtido através da angiografia da artéria pulmonar. A EP é tratada com anticoagulção

sistêmica, conforme descrito para a TVP. A EP recidivante na vigência de anticoagulação, a

embolização pulmonar séptica e a contra-indicação para o tratamento com anticoagulantes

fazem com que seja necessária a interrupção da veia cava (ligadura ou colocação de um filtro)

para impedir a embolização adicional proveniente da pelve ou da extremidade inferior. A

utilização aumentada de cateteres venosos na veia subclávia aumentou a incidência de

trombose na veia subclávia e EP proveniente deste local.

Tratamento: oxigenioterapia, linha de infusão endovenosa para administração de líquidos

e medicamentos, monitorização hemodinâmica, gasometria arterial, angiografia

pulmonar, SVF para monitorizar débito urinário, administração de dopamina ou

dobutamina (se: hipotensão),ECG (avaliação de arritmias e insuficiência ventricular

direita), os glicosídeos digitálicos, os diuréticos e os agentes antiarrítmicos são

administrados quando apropriados, coleta de sangue para avaliação de eletrólitos séricos,

hemograma, hematócrito, morfina (se paciente com ansiedade e desconforto torácico ou se

estiver com VM facilitando a adaptação do tubo endotraqueal), terapia anticoagulante

(heparina, warfirina), terapia trombolítica (estreptoquinase).

A terapia anticoagulante está contra-indicada para pacientes que estão em risco de sangramento

(distúrbios do TGI ou com sangramento pós-operatório ou pós-parto).

Durante a terapia trombolítica, todos os procedimentos invasivos são evitados, executando-se os

essenciais, em razão do sangramento potencial. Se necessário são administrados concentrados

de hemácias ou plasma para repor a perda sanguínea e reverter o sangramento.

Tratamento cirúrgico: ligadura da veia para prevenir que o êmbolo viaje até o coração;

inserção de um filtro em gurda-chuva, para permitir o fluxo sanguíneo enquanto se aprisionam

os êmbolos e embolectomia.

CHOQUE

Choque é a situação de falência do sistema cardiocirculatório em manter a distribuição de

sangue oxigenado para os tecidos.

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Trata-se de uma condição de extrema gravidade, cuja identificação e atendimento fazem parte

da abordagem primária da vítima. Uma vez que o estado de choque atinja certo nível de

severidade, a vítima não será salva.

Mecanismo do choque

O sistema cv é responsável por transportar oxigênio e nutrientes para todos os tecidos do corpo

e eliminar gás carbônico e resíduos resultantes do processo de nutrição celular. Para realizar

adequadamente esse trabalho, o sistema cv retira oxigênio dos pulmões, nutrientes do intestino e

fígado e leva para todas as células do organismo. Depois disso, retira o gás carbônico e detritos

celulares da intimidade dos tecidos, levando-os para os órgãos responsáveis pela excreção

(pulmões, rins, fígado). A esse processo que ocorre em nível de capilares dá-se o nome de

perfusão tecidual.

Para que esse sistema funcione de forma adequada, é necessário que o coração se mantenha

bombeando o sangue, que o volume de sangue circulante seja suficiente para encher os vasos e

que o calibre dos vasos se ajuste às condições normais.

Uma falha em qualquer desses fatores irá provocar falha na perfusão tecidual, levando a vítima

a desenvolver o estado de choque.

O choque pode estar relacionado a: Coração – falha na bomba e sangue: perda de sangue ou

plasma; vasos: dilatação de vasos sanguíneos (capacidade do sistema cardiocirculatório muito

maior do que o volume de sangue disponível para enche-lo).

Com a diminuição de perfusão tecidual, o órgão terá a sua função prejudicada basicamente pela

falta de oxigênio de acúmulo de resíduos, especialmente ácidos e potássio.Sobrevém a

deterioração sistêmica com a morte de mais órgãos, até a morte do organismo.Cada órgão tem

maior ou menor sensibilidade `a falta de oxigênio (hipóxia), e a progressão para a deterioração

pode ser mais rápida (4 minutos) ou tardia (semanas). Cérebro, coração e pulmões são os mais

sensíveis à privação de oxigênio e em cerca de 4 a 6 minutos já tem suas funções prejudicadas.

A falha na circulação cerebral leva à diminuição do nível de consciência da vítima, os rins

diminuem o débito urinário e o coração aumenta a freqüência de batimentos, num esforço para

aumentar o fluxo de sangue para órgãos vitais;com o agravamento do choque, o músculo

cardíaco comprometido desenvolve bradicardia e parada cardíaca.

Alguns sinais são fundamentais para detectar precocemente a hipóxia e prevenir o choque, ainda

na abordagem primária:

Diminuição do nível de consciência ( por hipoperfusão cerebral) – ansiedade, agitação,

evoluindo para inconsciência.

Tempo de enchimento capilar prolongado – acima de 2 segundos.

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Pele fria e pálida ( prejuízo da circulação periférica).

Pulso fraco e rápido.

Queda de pressão arterial é sinal tardio que, quando presente, significa que o estado de choque

está instalado. Neste caso, a situação é crítica e necessita intervenção de imediato.

1.Choque hipovolêmico

É o tipo mais comum de choque. Sua característica básica é a diminuição acentuada do volume

de sangue. Pode ser causado pelos seguintes fatores:

Perda direta de sangue – hemorragia externa ou interna.

Perda de plasma – em caso de queimaduras, contusões e lesões traumáticas.

Perda de líquidos pelo trato gastrintestinal – desidratação provocada por vômitos ou diarréia.

A redução no volume de sangue circulante causa uma diminuição no débito cardíaco e reduz

toda a circulação ( perfusão tecidual comprometida). O tratamento definitivo do choque

hipovolêmico é a reposição de líquidos (soluções salinas e sangue).

Ex:Tauma, cirurgia, vômitos, diarréia, diurese e diabetes insípido, hemorragia, queimaduras,

ascite e peritonite.

Sinais e sintomas: ansiedade, inquietação, palidez, cianose, pele fria e úmida, enchimento

capilar acima de 2 segundos, respiração rápida e profunda, pulso fraco e rápido, acima de 100 a

120 bpm ( quando há grande perda de sangue, pulso difícil de sentir ou até mesmo ausente),

sede, secura na boca, na língua e nos lábios, náuseas, vômitos, fraqueza, tontura, frio, queda

acentuada da PA sistólica menor que 90 mmHg, olhos vitrificados sem brilho e pupilas

dilatadas.

Tratamento: Ringer Lactato, SF 0,9% (cristalóides isotônicos: tampona a acidose metabólica)

previamente aquecidos,

Albumina e hetamido (expansor plasmático),

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Concentrado de hemácias,

Posição de Trendenburg modificada.

Monitoramento hemodinâmico,

Verificação de SSVV,

Gasometria arterial,

Avaliação de níveis de Hg e Ht e níveis de ingesta hídrica,

Oxigenioterapia (cateter, cânula ou máscara de Venturi).

Se: hiperglicemia: insulina; se diabetes insípido: desmopressina; se diarréia: antidiarréicoss; se

vômitos: antieméticos.

2.Choque cardiogênico

Surge por uma incapacidade de o coração bombear o sangue de forma efetiva. Este

enfraquecimento do músculo cardíaco pode ser conseqüência do IAM, situação freqüente, e a

vítima normalmente apresenta dor torácica antes de entrar em choque. Arritmias cardíacas,

tamponamento pericárdico também podem provocar choque cardiogênico. Os sinais e sintomas

são semelhantes ao item anterior.

Ex: IAM, miocardiopatias, lesão valvular, tamponamento cardíaco, arritmias.

Tratamento: Oxigenioterapia,

Gasometria arterial,

Morfina (diminui a dor e alivia a dor torácica);

Medicamentos vasoativos ( dopamina, nitroglicerina);

Controle da FC;

Suporte hídrico seletivo;

Terapia trombolítica (observar quanto aos possíveis sangramentos);

Angioplastia;

Cirurgia de enxerto de bypass da artéria coronária;

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Marcapasso;

ECG;

Intracath: Avaliar PVC

Para a acidose metabólica grave: bicarbonato de sódio EV.

Diuréticos: Diminuir a carga do coração, pois diminui o acúmulo de líquidos.

A administração de líquidos deve ser monitorada para detectar sinais de sobrecarga hídrica

(Evitar EAP);

BIA: fornece assistência circulatória, agindo: aumentando o volume sistólico; melhorando a

perfusão arterial coronariana; diminuindo a pré-carga; diminuindo a demanda de oxigênio para

o miocárdio.

Balanço hídrico: avaliar débito urinário e níveis de uréia e creatinina.

Choques Distributivos ou Vasogênicos

Ocorre quando o volume sanguíneo é anormalmente deslocado na vasculatura – por ex: quando

o volume sanguíneo fica represado nos vasos sanguíneos periféricos.

3.Choque Neurogênico ou medular

Caracterizado por perda, pelo sistema nervoso, do controle do diâmetro vascular. Ocorre como

conseqüência de lesão na medula espinhal, interrompendo a comunicação entre o SNC e os

vasos sanguíneos. O resultado é a perda da resistência periférica e a dilatação da rede vascular,

cujo controle depende do fluxo de informações pela medula. Se o leito vascular estiver dilatado,

não existirá sangue suficiente para preencher a circulação, havendo perfusão inadequada de

órgãos.

O choque medular também provoca queda da pressão arterial; entretanto a vítima permanece

alerta e orientada, com tempo de enchimento capilar normal, se mantém aquecida e com pulso

forte e com freqüência normal ou reduzida.

Ex: TRM, anestesia espinhal ou lesão do SN, ação depressora de medicamentos ou falta de

glicose, síncope e desmaio.

Tratamento: Restauração do tônus simpático. Depende de sua etiologia.

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Elevar a cabeceira do leito pelo menos 30º e mantê-la assim, pois ajuda na disseminação do

anestésico para cima em direção à medula;

TRM: cuidadosa imobilização do paciente para evitar a lesão adicional da medula espinhal

Medidas profiláticas para TVP.

4.Choque psicogênico

Desencadeado por estímulo do nervo vago e tem como característica principal bradicardia

inicial seguida de taquicardia na fase de recuperação. Faz hipotensão arterial, porém a vítima

recupera-se espontaneamente se colocada em decúbito dorsal.

Esse tipo de choque aparece em algumas condições, como, por exemplo, dor intensa.

5.Choque anafilático

Resulta de uma reação de sensibilidade a algo a que a pessoa é extremamente alérgica, como

picada de inseto, medicação, alimentos, inalantes ambientais. A reação anafilática ocorre em

questão de segundos ou minutos após o contato com a substância a qual o paciente é alérgico.

Ex: sensibilidade à penicilina; reação transfusional; agentes radiopacos.

Sinais e sintomas: pele avermelhada, com prurido ou queimação; edema de face e língua;

respiração ruidosa e difícil, devido ao edema de cordas vocais; queda da PA, pulso fraco,

tontura, palidez, cianose; coma.

A vítima em choque anafilático necessita de medicação de urgência para combater a reação,

administrada por médico.

Ao socorrista cabe:

Dar suporte básico de vida, manter vias aéreas pérvias e oxigenação.

Providenciar o transporte rápido ao hospital ou deverá ser comunicado antecipadamente.

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Tratamento:

Retirar o Ag ( se medicamentos)

Administrar medicamentos que restituam o tônus vascular

Fornecimento de suporte de emergência para as funções básicas da vida;

Adrenalina (vasoconstrição) EV;

Difenidramina EV: reverte os efeitos da histamina: reduzindo a permeabilidade capilar;

Aminofilina : reverte o broncoespasmo EV;

Se: PCR: Ressuscitação; Intubação; TQT;

6.Choque séptico

Numa situação severa, toxinas são liberadas na circulação, provocando dilatação dos vasos

sanguíneos e consequënte aumento da capacidade do sistema circulatório. Além disso, ocorre

perda de plasma pela parede do vaso, diminuindo o volume sanguíneo. Este tipo de choque

ocorre em pacientes hospitalizados.

Ex: bactérias Gram -; Gram +; vírus ou quando um microorganismo invade os tecidos do corpo,

o paciente exibe uma resposta imune, o qual ativa os mediadores bioquímicos, que por sua vez,

aumentam a permeabilidade capilar, havendo broncodilatação.

Tratamento:

A via parenteral de infecção deve ser retirada:

1.acesso EV periférico ou central;

2.SVF;

3.Abscesso deve ser drenado;

4.Área necrótica deve ser debridada;

5.Drenos devem ser retirados;

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6.Destruir o agente infeccioso.

Antibiótico de escolha: Cefalosporina

Observar pacientes de risco: idosos, desnutridos, imunodeprimidos, aqueles com trauma

extenso, queimaduras extensas;diabetes.

Ações de enfermagem (Gerais)

1.Reconhecer os sinais precoces de choque: alteração do nível da consciência, tempo de

enchimento capilar acima de 2 segundos, taquipnéia, taquicardia, palidez.

2.Manter vias aéreas pérvias, controlar sangramentos e alinhar fraturas.

3.Administrar oxigênio ( 12 a 15 litros por minuto, sob máscara facial bem ajustada à face).

4. Manter a vítima aquecida.

5.Elevar MMII quando não houver contra-indicação.

6.Confortar a vítima.

7.Solicitar apoio médico, caso não esteja presente, e transportar a vítima rapidamente ao

hospital.

8.Não fornecer líquido ou alimento pela boca. Se necessário umedecer os lábios.

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INFECÇÃO EM SÍTIO CIRÚRGICO

As infecções em Sítio cirúrgico (ISC) são as maiores fontes de morbidade e mortalidade entre

os pacientes submetidos a cirurgias. Estima-se que as ISC prolonguem o tempo de internação

em média mais de 7 dias e conseqüentemente o custo do procedimento. Sua incidência pode

variar, sendo em média de 2% a % para as cirurgias consideradas “limpas”. As ISC

correspondem a aproximadamente 38% do total das infecções hospitalares em pacientes

cirúrgicos e 16% do total de infecções hospitalares.

Diversos fatores aumentam a incidência de ISC: alguns tipos de cirurgias, como

cirurgias cardíacas e queimados; cirurgias realizadas em grandes hospitais, pacientes

adultos em comparação com pediátricos e quantidade de inoculo bacteriano introduzido

no ato operatório. Com base em estudos que demonstraram a positividade de culturas do

intra-operatório como preditor de infecção, as cirurgias classicamente categorizadas

segundo o seu potencial de contaminação, com o objetivo de estimar a probabilidade da

ocorrência de ISC.

Cirurgias Limpas: Sítio cirúrgico sem sinais de inflamação, sem contato com trato

respiratório, alimentar genital e urinário. O fechamento deve ser primário (1ª intenção)

com drenagem quando necessária fechada.

Cirurgias Potencialmente Contaminadas: Sítio cirúrgico entra nos tratos

respiratórios, genital, gastrointestinal ou urinário em condições controladas e sem

contaminação acidental.

Cirurgias Contaminadas: Feridas abertas acidentalmente ou cirurgias com quebra

importante de técnica asséptica ou grande contaminação do trato gastrointestinal.

Cirurgias que entram no trato urinário com urina infecciosa ou trato biliar com bile

infectada ou cirurgias onde é achado tecido inflamatório agudo ou purulento.

Cirurgias infectadas: Lesões traumáticas antigas com tecido desvitalizado, corpo

estranho, contaminação fecalóide, quando há perfuração inesperada de víscera.

Diagnóstico:

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Clinicamente, a ferida cirúrgica é considerada infectada quando existe presença

de drenagem purulenta pela cicatriz, esta pode estar associada à presença de eritema,

edema, calor, rubor, deiscência, abscesso. Nos casos de infecções superficiais de pele, o

exame da ferida é a principal fonte de informação; em pacientes obesos ou com feridas

profundas em múltiplos planos (com pós toracotomia), os sinais externos são mais

tardios.

O diagnóstico epidemiológico das ISC deve ser o mais padronizado possível

para permitir a comparação ao longo do tempo em um determinado serviço e também a

comparação entre os diversos serviços e instiruições. Para isso, o o Center for Diseases

Control and Prevention (CDC), nos EUA, criou definições de ISC que são

mundialmente usadas para vigilância epidemiológica.

Infecção de Sítio Cirúrgico Incisional Superficial

Deve ocorrer em 30 dias após o procedimento e envolver apenas pele e tecido subcutâneo e

apresentar pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas:

1.Drenagem de secreção purulenta da incisão.

2.Microorganismo isolado de maneira asséptica de secreção ou tecido.

3.Pelo menos um dos sinais e sintomas e a abertura deliberada dos pontos pelo cirurgião

exceto se cultura negativa: dor, edema, eritema ou calor local.

4.Diagnóstico de infecção pelo médico que acompanha o paciente.

Infecção do Sítio Cirúrgico Incisional Profunda

Deve ocorrer em 30 dias após o procedimento se não houver implante ou um ano se houver

implante. A infecção deve envolver os tecidos moles profundos (músculo ou fáscia) e apresentar

pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas:

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1.Drenagem purulenta de incisão profunda.

2.Incisão profunda com deiscência espontânea ou deliberadamente aberta pelo cirurgião

quando o paciente apresentar pelo menos um dos sinais ou sintomas: febre, dor

localizada, edema, rubor exceto se cultura negativa.

3.Abscesso ou outra evidência de infecção envolvendo fáscia ou músculo, achada ao

exame direto, re-operação, histopatológico ou radiológico.

4.Diagnóstico de infecção incisional profunda pelo médico que acompanha o paciente.

Infecção de órgão/espaço

Deve ocorrer em 30 dias após o procedimento se não houver implante ou um ano se houver

implante. Envolver qualquer outra região anatômica do sítio cirúrgico que não a incisão e

apresentar pelo menos um dos seguintes sinais e sintomas:

1.Drenagem purulenta por dreno locado em órgão ou cavidade.

2.Microorganismo isolado de maneira asséptica de secreção ou tecido de órgão ou

cavidade.

3.Abscesso ou outra evidência de infecção envolvendo órgão ou cavidade achada ao

exame direto, reoperação, histopatológico ou radiológico.

4.Diagnóstico de infecção de órgão/espaço pelo médico que acompanha o paciente

Agentes etiológicos

A fonte mais freqüente é a flora endógena do paciente; estima-se que após 24 h do

procedimento a ferida cirúrgica está selada e, portanto, protegida da contaminação exógena.

Infecções à distância podem ser fonte de microorganismos que contaminam a ferida cirúrgica e

devem ser pesquisados e tratados no pré-operatório de cirurgias eletivas. Fontes exógenas

podem ter importância durante o ato cirúrgico, portanto uma rigorosa técnica asséptica deve ser

mantida com intuito de prevenir a contaminação.

O ar pode ser veículo de transmissão de alguns patógenos em casos especiais,

como por exemplo, casos de infecção por Streptococcus do grupo A transmitida por

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pessoas da equipe cirúrgica. Estratégias como as salas cirúrgicas com fluxo laminar e/ou

radiação ultravioleta só foram eficazes em reduzir as taxas de ISC em cirurgias para

colocação de prótese de quadril ou joelho.

Os agentes mais freqüentes de ISC são os contaminantes comuns da pele do

paciente: Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermis e outros Staphylococcus

coagulase negativa. Em cirurgias abdominais existe uma maior freqüência de

enterobactérias e Enterococcus sp. Na faixa etária pediátrica e em recém nascidos, as

enterobactérias são mais freqüentemente encontradas de que em pacientes adultos. Em

queimados, o S. aureus é o agente mais comum seguido de Pseudomonas aeruginosa. A

incidência de bactérias Gram-negativas e Enterococcus sp aumenta com o tempo de

internação. A incidência de fungos vem crescendo devido ao grande número de

pacientes imunodeprimidos, entre eles, as espécies de Cândida, principalmente albicans

e tropicalis são agentes mais comuns.

Fatores de Risco

O risco de ocorrência de ISC é determinado por:

a)dose do inoculo microbiano no sítio cirúrgico;

b)virulência do microorganismo;

c)resistência imunológica do hospedeiro;

d)status fisiológico do sítio cirúrgico no final da cirurgia, que é influenciado pela

quantidade de tecido desvitalizado, técnica cirúrgica empregada e doença de base do

paciente.

Os fatores de risco referentes ao hospedeiro são:

1.Diabetes mellitus: um controle glicêmico adequado no pré-operatório e no intra-

operatório é recomendável; o controle glicêmico no pós-operatório facilita a

cicatrização e diminui o tempo de internação.

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2.Tabagismo: o paciente deve ser orientado no pré-operatório a parar de fumar ou

diminuir o uso de qualquer forma de consumo de tabaco.

3.Obesidade: dificulta a cicatrização e a concentração tecidual adequada do antibiótico

profilático.

4.Perda rápida e recente de peso: pode ser um fator de risco principalmente por estar

associada à desnutrição.

5.Desnutrição: se possível postergar a cirurgia para que o paciente melhore o estado

nutricional, a albumina pode ser um bom marcador para controle.

6.Idade avançada.

7.Imunossupressão : secundária ao uso de corticóide ou outros imunossupressores ou a

doença de base, contudo, não existe consenso sobre a eficácia em reduzir a

imunossupressão para realização de procedimentos para controle de ISC.

8.Infecções de sítios distantes: devem ser pesquisadas e tratadas no pré-operatório.

Os fatores de risco relacionados à assistência pré-operatória são:

1.Tempo de internação pré-operatório: principalmente se o paciente estiver em UTI. A

internação pré-operatória prolongada favorece a substituição da flora endógena do paciente,

aumentando o risco de aquisição de microorganismos multi-resistentes.

2.Tricotomia extensa: principalmente se os pêlos forem raspados, pois este

procedimento produz micro lesões que aumentam a colonização da pele e dificultam a

antissepsia da mesma. Quanto mais precoce a tricotomia, maior o risco.

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Os fatores relacionados ao intra-operatório são:

1.Tempo intra-operatório prolongado: por aumentar o risco de contaminação da ferida,

aumentar a lesão tecidual, aumentar a imunossupressão por perda de sangue, diminuir o

efeito do antibiótico profilático quando não repicado e aumentar o número de suturas e

uso do cautério.

2.Técnica cirúrgica como: manipulação intensa, abertura inadvertida de víscera,

controle inadequado de sangramento, espaço morto, quantidade de tecido desvitalizado.

3.Uso de drenos: por permitir a migração retrógrada de bactérias da flora da pele.

Prevenção

São três as principais estratégias para reduzir e prevenir as ICS:

1.Diminuir o montante e o tipo de contaminação.

2.Melhorar as condições de ferida.

3.Melhorar as feridas do hospedeiro.

A antibioticoprofilaxia deve ser realizada antes do início da cirurgia para que no

momento da incisão da pele exista concentração tecidual adequada. Como S. aureus é o

agente mais freqüente de infecção, a profilaxia deve ser realizada com antibióticos com

atividade para este agente, geralmente cefalosporinas de primeira e segunda geração.

Caso a cirurgia seja prolongada, existe uma grande perda volêmica ou se o paciente for

obeso mórbido é recomendável uma segunda dose intra-operatória. O uso de

antibióticos profiláticos que tem início no pós-operatório imediato e se estende por

longos períodos não previne nem cura a inflamação ou infecção.

Os mais atuais guias para prevenção das infecções hospitalares são baseados em

evidências científicas e categorizam as suas recomendações de acordo com a força

destas evidências.

Page 79: APOSTILA DE ENFERMAGEM CIRÚRGICA 2010 (1)

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O CDC classifica suas recomendações de acordo com as seguintes categorias:

Categoria IA: são medidas fortemente recomendadas para implementação e fortemente

suportadas por estudos experimentais, clínicos ou epidemiológicos bem desenhados.

Categoria IB: são medidas fortemente recomendadas para a implementação e suportadas

por alguns estudos experimentais, clínicos ou epidemiológicos e com forte razão

teórica.

Categoria IC: são medidas determinadas por regulamentações, normas ou padrões

governamentais.

Categoria II: são medidas sugeridas para implementação e são suportadas por estudos

clínicos ou epidemiológicos indicativos e com uma razão teórica.

Tópicos não resolvidos ou sem recomendações: são medidas para as quais as evidências

científicas são insuficientes ou não há consenso relativo a sua eficácia.

As recomendações do CDC com os níveis de evidência IA, IB e II para prevenção de

ISC são apresentadas no quadro a seguir:

Recomendação Nível de

recomendação

Preparação pré-operatória do paciente

Diagnosticar e tratar infecções em sítios distantes antes do

procedimento

IA

Internação pré-operatória mais breve possível IA

Recomendações do CDC para prevenção de ISC

Page 80: APOSTILA DE ENFERMAGEM CIRÚRGICA 2010 (1)

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Se for necessário realizar a tricotomia, faze-la imediatamente antes da

cirurgia, com o uso de tricotomizador.

IA

Controle glicêmico adequado: manter glicemia do intraoperatório

200

IB

Recomendar parar de fumar no mínimo 30 dias antes do

procedimento

IB

Prescrever banho pré-operatório com anti-séptico na noite anterior e

na manhã da cirurgia

IB

Lavar e limpar a pele ao redor da incisão para remover contaminação

grosseira antes de aplicar solução anti-séptica

IB

Usar anti-séptico adequado para preparo da pele: clorohexidine, PVPI IB

Aplicar anti-séptico em círculos concêntricos de dentro para fora, na

área da incisão, em possíveis novas incisões e na inserção de drenos

IB

Considerar postergar a cirurgia em caso de desnutrição severa,

realizar controle pela albumina

II

Anti-sepsia das mãos e antebraços de toda equipe cirúrgica

Antibiótico profilático

Selecionar antimicrobiano profilático baseado no agente mais comum

para o procedimento específico

IA

Para cesárea administrar imediatamente após o clampeamento do

cordão.

Administrar antibiótico intravenoso, exceto nos casos de cirurgia

coloretal, nesses casos associar antibiótico via oral

IA

Administrar antibiótico antes da cirurgia para que haja concentração

adequada de antibióticos no momento da incisão da pele. Idealmente

30 minutos antes

IA

Não estender a profilaxia no pós-operatório IB

Considerar doses adicionais no intra-operatório: se a cirurgia se

estender mais que a meia vida estimada do antibiótico; se houver

grande perda de sangue; se a operação for em obesos mórbidos

IB

Não usar vancomicina como profilaxia de rotina IB

Page 81: APOSTILA DE ENFERMAGEM CIRÚRGICA 2010 (1)

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Administrar antibiótico o mais próximo possível da indução

anestésica

II

Cuidados intra-operatório

Sala cirúrgica

Não realizar limpeza ou desinfecção especial após cirurgias

contaminadas ou infectadas

IA

Não usar tapetes na entrada da sala cirúrgica com objetivo de

controlar infecção

IA

Manter pressão positiva da ventilação da sala cirúrgica em relação ao

corredor e áreas adjacentes

IB

Manter no mínimo 15 trocas de ar por hora sendo pelo menos 3 trocas

com renovação

IB

Filtrar todo ar com filtros apropriados e aprovados pelo órgão

competente

IB

Introduzir todo ar pelo teto e a exaustão pelo chão IB

Manter as portas das salas fechadas exceto para passagem de

equipamentos, profissionais e pacientes

IB

Quando sujeira visível ou contaminação com sangue ou fluidos

corporais nos equipamentos durante a cirurgia, usar desinfetante

registrado no órgão competente, para limpeza, antes da próxima

cirurgia

IB

Realizar limpeza terminal na sala cirúrgica após a última cirurgia com

desinfetante registrado no órgão competente

IB

Não realizar de rotina coleta e amostras ambientais da sala cirúrgica;

colher esse tipo de material apenas quando indicado como parte de

uma investigação epidemiológica

IB

Esterilizar todos os instrumentos cirúrgicos de acordo com as

recomendações da CCIH

IB

Utilizar esterilização Flash para materiais que precisem ser

esterilizados com urgência

IB

Não utilizar esterilização Flash para materiais que precisem ser

esterilizados com urgência

IB

Page 82: APOSTILA DE ENFERMAGEM CIRÚRGICA 2010 (1)

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Não utilizar esterilização Flash rotineiramente por conveniência ou

para poupar tempo

IB

Curativos e campos cirúrgicos

Não usar propé com intuito de prevenir infecção IA

Trocar a paramentação quando visivelmente molhada, suja,

contaminada e ou permeada de sangue ou outros materiais

potencialmente infecciosos

IB

Usar máscara cirúrgica que cubra completamente a boca e o nariz

quando entrar na sala cirúrgica se o material estéril estiver exposto ou

a cirurgia já tiver começado. Usar máscara durante todo o

procedimento

IB

Toda a equipe cirúrgica deve usar luva estéril que deve ser colocada

após o avental estéril

IB

O avental e campo cirúrgico devem ser de material impermeável IB

Usar propé que cubra o pé e tornozelo, quando risco de contaminação

para profissional for previsto

II

Anestesia

Toda a equipe anestésica deve seguir as recomendações para controle

de infecção durante a cirurgia

IA

Técnica cirúrgica

Manipular os tecidos delicadamente, manter hemostasia efetiva,

minimizar tecidos desvitalizados e corpos estranhos, erradicar espaço

morto no sítio cirúrgico.

IB

Postergar o fechamento primário ou deixar a incisão aberta para

fechamento por segunda intenção se o campo cirúrgico for

severamente contaminado

IB

Se o dreno for necessário, usar dreno fechado de sucção. Colocar o

dreno em uma incisão separada e remover assim que possível

IB

Cuidados pós-operatórios com a incisão

Manter a incisão fechada com curativo estéril pelas primeiras 24-48

horas. Manter o curativo seco e não remover durante o banho

IA

Page 83: APOSTILA DE ENFERMAGEM CIRÚRGICA 2010 (1)

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Lavar a mão com anti-séptico antes de manipular o curativo ou sítio

cirúrgico

IA

Orientar o paciente e familiares como cuidar da cicatriz e identificar

sinais e sintomas de infecção e a quem e onde reportar esses achados

II

Vigilância Epidemiológica

Usar as definições do CDC para identificar ISC IB

Para busca de casos utilizar a observação prospectiva direta, indireta

ou uma combinação das duas durante a internação. Utilizar um

sistema de vigilância pós-alta que seja compatível com os recursos e

atenda a necessidade de obtenção de dados

IB

Para os pacientes que realizaram cirurgias que foram escolhidos para

vigilância, registrar todas as variáveis que podem estar envolvidas em

um risco aumentado de ISC

IB

Após o final da cirurgia um membro da equipe cirúrgica deve definir

o potencial de contaminação da cirurgia

IB

Periodicamente, calcular as taxas de ISC por procedimento específico

estratificadas pelas variáveis que são preditivas de risco para ISC

IB

Reportar, apropriadamente estratificadas, as taxas de ISC para cada

membro da equipe cirúrgica. O formato e a freqüência serão

determinados pelo volume cirúrgico e os objetos locais.

IB

Tratamento

Em ISC restrita aos tecidos moles, a terapêutica mais importante é a abertura da cicatriz

retirada do material infectado e curativo contínuos até a cicatrização por 2ª intenção.

Apesar da maioria dos pacientes receber antibióticos no início do diagnóstico de ISC,

esta prática tem pouco suporte em evidências científicas. Estudos com abscessos

subcutâneos não identificaram benefícios quando a antibioticoterapia foi usada junto

com a drenagem. A melhor conduta é abrir a cicatriz e tratar por via sistêmica quando

os sinais locais de inflamação são exuberantes ou o paciente possui sintomas e sinais

sistêmicos.

Infecções potencialmente graves podem aparecer precocemente no pós-operatório,

alguns sintomas que sugerem estas patologias são: dor desproporcional aos achados do

Page 84: APOSTILA DE ENFERMAGEM CIRÚRGICA 2010 (1)

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exame físico, bolhas violáceas, hemorragia cutânea, amolecimento da pele, áreas de

parestesia e anestesia, rápida progressão e presença de ar em subcutâneo.

Fasciite necrosante: esta é uma infecção rara, porém grave, geralmente monobacteriana.

O agente mais freqüente é o Streptococcus beta hemolítico do grupo A, no entanto um

quadro clínico semelhante pode ser causado por Vibrio vulnificus ou Aeromonas

hydrophilia. Mais freqüentemente em pós-operatório, este quadro pode ser causado por

uma flora polimicrobiana composta por Escherichia coli, Proteus sp, Citrobacter

freundii, Serratia marcescens e Enterobacter sp. O quadro clínico costuma ter evolução

rápida com poucos sinais locais. O diagnóstico é confirmado com achados do

intraoperatório, no qual o tecido subcutâneo apresenta-se acinzentado e a fáscia do

músculo com estrias, edema e friável a manipulação.

Gangrena gasosa: causada por Clostridium perfringens Clostrium septicum, Clostrium

hystoliticum ou Clostridium novyi,, o quadro clínico é semelhante à fasciite necrosante

podendo ser diferenciado desta, pela rotina de Gram do tecido. O tratamento dessas

duas síndromes é feito com debridamento cirúrgico e antibiótico sistêmico,

clindamicina e penicilina.

Síndrome do choque tóxico: é uma infecção causada pela toxina do S. aureus que age

como superantígeno provocando uma proliferação massiva de linfócitos T e produção

de citocinas com IL1 e TNF. O quadro clínico é de início rápido no pós-operatório com

febre, queda do estado geral, rash cutâneo, que evolui com necrose progressiva da pele

podendo surgir lesões bolhosas e áreas de gangrena, a infecção se estende a planos mais

profundos podendo envolver fáscia e tecido subcutâneo, sendo semelhante a fasciite

necrosante. O tratamento é realizado com antibiótico com atividade anti-estafilocócica e

terapia de suporte. O debridamento deve ser realizado conforme avaliação clínica.

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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NOS PÉRÍODOS DA CIRURGIA: PRÉ-

OPERATÓRIO E PÓS-OPERATÓRIO

CIRURGIAS DO APRELHO RESPIRATÓRIO:

DERRAME PLEURAL

Definição

O derrame pleural é o acúmulo anormal de liquido na cavidade pleural, que é o espaço virtual

entre as pleuras visceral e parietal, as quais deslizam uma sobre a outra, separadas por uma fina

película de líquido. A partir da constatação da presença do derrame pleural, são importantes os

aspectos clínicos e semiológicos, bem como as características radiológicas e bioquímicas do

derrame.

A diferenciação clínica, radiológica e, principalmente, bioquímica entre transudatos e

exsudatos é o primeiro passo a ser analisado na presença de um derrame pleural, por ser

o ponto de partida no esclarecimento do mecanismo fisiopatológico da doença, do

diagnóstico diferencial e da necessidade de futuras investigações.

Os transudatos ocorrem por aumento da pressão hidrostática nos capilares ou por

diminuição na pressão coloidosmótica. Ocorre em conseqüência de doenças

extrapleurais, sendo na maioria das vezes por ICC, insuficiência renal e estados de

hipoproteinemia. Ficam caracterizados quando são baixas as taxas de proteínas (

geralmente inferior a 2,5 g/100 ml) e da desidrognase lática ( DHL inferior a 200UI/100

ml) e existem poucas células no líquido pleural, devendo estes valores ser comparados

com as respectivas concentrações séricas.

Os exsudatos desenvolvem-se a partir das alterações na permeabilidade capilar ou na

drenagem linfática. São secundários a doneças que comprometem direta ou

indiretamente o mesotélio, com conseqüente alteração da permeabilidade pleural e

formação do derrame. Caracteriza-se pó taxas elevadas de proteínas ( > 3,0g/100ml) e

DHL (> 200 UI/100ml) e maior quantidade de células no líquido.

Principais sintomas associados ao derrame pleural

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Dor torácica, tosse e dispnéia.

Principais sinais associados ao derrame pleural

Abaulamento do hemitórax acometido e de seus espaços intercostais.

Os principais achados do exame físico relacionados à presença de derrame pleural

são:

Palpação: redução ou ausência do FTV; desvio do ictus cardíaco e da traquéia, redução

da expansibilidade torácica.

Percussão: macicez ou maciez sobre a região onde há maior acúmulo de líquido.

Ausculta pulmonar: redução ou abolição do MV sobre a região onde há presença de

líquido; no limite superior do derrame pleural, em seu limite com o parênquima

pulmonar, MV pode estar aumentado. Nas fases de pleuite e pouca quantidade de

líquido pleural, no início do processo, ou em sua fase de redução, pode estar presente na

ausculta de atrito pleural.

Apresentação radiológica do derrame pleural

RX de tórax normal: derrames de pequeno volume não são identificados no RX de tórax em PA.

Elevação e alteração da forma do diafragma, com retificação de sua porção medial;

Obliteração do seio costofrênico – a partir de volumes que variam de 175 a 500 ml em

adultos;

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Opacificação progressiva das porções inferiores dos campos pleuropulmonares com a

forma de uma parábola com a concavidade voltada para cima.

O derrame pleural pode ser identificado mais precocemente no RX de perfil, com a

obliteração do seio costofrênico posterior e desaparecimento da cúpula diafragmática

correspondente ao hemitórax em que há o derrame.

Empiema pleural

È caracterizado pela presença de pus na cavidade pleural. Na maioria das vezes está

associado a uma pneumonia bacteriana subjacente, constituindo-se na progressão do

derrame parapneumônico complicado. Entretanto, outras causas de empiema pleural são

descritas:

Pneumonia bacteriana, abscesso pulmonar, pós-operatório, ressecções pulmonares,

cirurgia esofagiana, pequenos procedimentos (ex: toracocentese), mediastinite,

perfuração esofagiana, abscesso dentário, abscesso subfrênico, pielonefrite, traumatismo

torácico com perfuração, embolia pulmonar séptica, artrite reumatóide, uso de drogas

endovenosas.

Hemotórax

Presença de sangue na cavidade pleural.

Principais causas: trauma torácico aberto ou fechado, iatrogênico, perfuração de veias

centrais durante a instalação de cateteres, lesões de aorta durante arterioragrafias, após

toracocentese ou biópsia pleural, após biópsia ou aspirado pulmonar transcutâneo,

doença metastática pleural, complicação de anti-coagualção na embolia pulmonar,

associado ao pneumotórax espontâneo, hemotórax catamenial ( associado à

endometriose pleural ou pélvica com comunicação das cavidades pleural e peritoneal

por defeitos no diafragma), coagulopatias: hemofilia e trombocitopenia, rupturas

vasculares: aneurisma de aorta torácica, ducto arterioso patente, fístula artério-venosa,

seqüestro broncopulmonar, telangectasia hemorrágica (síndrome de Osler-Rendu-

Weber).

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Abordagem terapêutica do hemotórax

O manejo inicial do hemotórax é a drenagem torácica fechada, que deve ser precoce, a qual

diminui o risco de empiema ( o sangue funciona como meio de cultura) e o risco de fibrotórax .

Se o sangramento for decorrente de lacerações na pleura, a expansão pulmonar após a drenagem

pode tampona-lo. A drenagem torácica permite a monitorização do volume de sangramento e se

este se apresentar maior que 200ml/hora, sem sinais de redução de volume drenado, a indicação

de toracotomia deve ser considerada. Nos casos de traumas torácicos, uma avaliação sistemática

e detalhada deve ser feita na busca de lesões associadas, que podem requerer tamanhos

específicos, como tamponamento pericárdio, lesão de grandes vasos, contusão pulmonar,

fraturas de múltiplos arcos costais.

Pneumotórax

É a presença de ar na cavidade pleural. Este fato faz com que desapareça a pressão negativa

normal entre pleurais, impedindo o pulmão de se expandir, colapsando-o.

Quando o pneumotórax é pequeno, geralmente há a reabsorção do ar pelo sistema de circulação

pleural, expandindo-o novamente. No entanto, quando o pneumotórax tem proporções maiores

ou há lesão do parênquima pulmonar e insuficiência respiratória, deve-se realizar drenagem

torácica.

Normalmente classificado em espontâneo (roturas de bolhas pulmonares em DPOC) e

provocado (iatrogênicos e traumáticos). Os iatrogênicos e traumáticos, quando sob ventilação

mecânica, na maioria das vezes necessitam de drenagem pleural. As causas principais dos

iatrogênicos incluem acesso venoso central, toracocentese, reanimação PCR, broncoscopia,

biópsia pleural etc. Traumas torácicos perfurantes, fraturas de costelas com lesão pleural, etc. ,

juntam-se ao trauma iatrogênico.

Se a evolução do pneumotórax for hipertensão intrapleural (pneumotórax hipertensivo

geralmente visto em ventilação mecânica com PEEP) haverá desvio mediastinal, alteração

hemodinâmca importante por diminuição do retorno venoso e do DC. A traquéia desvia para

olado oposto, ausência de movimentos respiratórios e murmúrio vesicular no lado

comprometido, aumento da sonoridade à percussão, distensão jugular, hipotensão, taquicardia,

hipoxemia. Nesses casos (emergência), preconiza-se a colocação de 1 agulha grossa no 2º

espaço intercosta anterior, linha médio-clavicular para alívio momentâneo.

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Quilotórax

A presença de quilotórax é mais rara e deve-se, na maioria das vezes, à lesão cirúrgica, invasão

neoplásica, punção do ducto (acidente em punção de veia subclávia esquerda). Quando grandes,

estes derrames têm indicação de drenagem, porém cerca de 50% necessitam de cuidados

cirúrgicos.

Contra-indicações:

Alterações importantes da coagulação.

1.TORACOCENTESE

Uma fina camada de líquido pleural normalmente permanece no espaço pleural. O

acúmulo do líquido pleural pode ocorrer em alguns distúrbios. Uma amostra desse

líquido pode ser obtida por toracocentese ou por dreno de toracomotomia. A

toracocentese é a aspiração do líquido pleural para fins diagnósticos ou terapêuticos.

A toracocentese é realizada nos pacientes com vários problemas clínicos. Enquanto

procedimento diagnóstico ou terapêutico, a toracocentese pode ser utilizada para:

Remoção de líquido e ar presentes na cavidade pleural;

Aspiração de líquido pleural para análise;

Biópsia pleural;

Instilação da medicação dentro do espaço pleural.

Ações de enfermagem

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1.Assegurar com antecedência de que a radiografia de tórax foi prescrita e realizada e o

consentimento informado foi assinado.

2.Avaliar o paciente quanto à alergia ao anestésico local que será utilizado. Também

administrar o sedativo, se prescrito.

3.Informar ao paciente sobre a natureza do procedimento e: a importância de manter-se

imóvel as sensações de pressão que serão sentidas que nenhum desconforto está

prescrito após o procedimento.

4.Posicionar o paciente confortavelmente com apoios adequados. Se possível,

posicionar o paciente ereto ou em uma das seguintes posições: sentado na borda do leito

com os pés apoiados e os braços e a cabeça sobre um travesseiro apoiado na mesa

auxiliar.

Escarranchado na cadeira com os braços e a cabeça repousando sobre o encosto

(posição de cavalo).

Deitado sobre o lado não afetado com o leito elevado em ângulo de 30º ou 45º, se

incapaz de permanecer em posição sentada.

5.Apoiar e tranqüilizar o paciente durante o procedimento. preparar o paciente para a

sensação fria do germicida cutâneo e para a sensação de pressão decorrente da

infiltração do agente anestésico local encorajar o paciente a reter a tosse.

6.Expor todo o tórax. O local para a aspiração é visualizado pela radiografia de tórax e

percussão. Se o líquido está na cavidade pleural, o local da toracocentese é determinado

pelo RX de tórax, pelo imageamento com o ultra-som e pelos achados do exame físico,

com atenção para o local de macicez máxima à percussão.

7.O procedimento é realizado sob condições assépticas. Após a pele ser limpa, o médico

utiliza uma agulha de pequeno calibre para injetar um anestésico local lentamente em

direção ao espaço intercostal.

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8.O médico avança a agulha de toracocentese com uma seringa conectada. Quando o

espaço pleural é alcançado, a sucção pode ser aplicada com a seringa.de 20 ml com uma

válvula de 3 vias é conectada à agulha ( um terminal do adaptador está conectado à

agulha e o outro a uma sonda que leva ao recipiente receptor do líquido que está sendo

aspirado)

Se uma quantidade considerável de líquido é retirada, a agulha é mantida no local sobre

a parede do tórax com uma pequena pinça hemostática.

9.Após a agulha ser retirada, aplicar pressão sobre o local de punção, e um pequeno

curativo estéril é fixado no local.

10. Informar ao paciente que ele permanecerá em repouso no leito e a radiografia de

tórax será realizada após a toracocentese.

11.Registrar a quantidade total de líquido retirado com o procedimento e documentar a

natureza do líquido, sua coloração e viscosidade. Se indicado, preparar amostras do

líquido para avaliação laboratorial. Um recipiente de amostra com formalina pode ser

necessário para a biópsia pleural.

12.Monitorizar o paciente em intervalos regulares quanto ao aumento da freqüência

respiratória: assimetria no movimento respiratório, tonteira, rigidez no tórax, tosse

incontrolada, muco espumoso, sanguinolento, pulso rápido, e sinais de hipoxemia.

2.PNEUMONECTOMIA

A remoção de um pulmão inteiro é realizada principalmente para o câncer quando a

lesão não pode ser removida por um procedimento menos extensivo. Ela também pode

ser realizada para abscessos pulmonares, bronquiectasias ou tuberculose unilateral

extensa. A remoção do pulmão direito é mais perigosa do que a do esquerdo, porque o

pulmão direito tem um maior leito vascular e sua remoção impões uma maior

comprometimento fisiológico.

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Uma incisão de toracotomia póstero-lateral, ou antero-lateral, é feita, por vezes, com

ressecção de uma costela. A artéria pulmonar e as veias pulmonares são ligadas e

desviadas. O brônquio principal é dividido e o pulmão removido. O coto bronquial é

fechado e, geralmente, não são utilizados drenos porque a acumulação de líquido no

hemitórax vazio evita o desvio do mediastino.

3.LOBECTOMIA

Quando a patologia está limitada a uma área do pulmão, a lobectomia ( remoção de um

lobo do pulmão) é realizada. A lobectomia, que é mais comum do que a

pneumonectomia, pode ser realizada para o carcinoma broncogênico, para o enfisema

gigante, tumores benignos, tumores malignos metastáticos, bronquiectasia e infecções

fúngicas.

O cirurgião realiza uma incisão de toracotomia; sua exata posição depende do lobo a ser

ressecado. Quando o espaço pleural é alcançado, o pulmão envolvido colapsa, sendo os

vasos lobares e os brônquios ligados e divididos. Após o lobo ser removido, os lobos

remanescentes do pulmão são expandidos. Geralmente, dois cateteres torácicos são

inseridos para drenagem. O dreno superior é para remoção de ar; o inferior é para

drenagem de líquido. Por vezes, apenas um cateter é necessário. O dreno de tórax é

conectado a um dispositivo de drenagem torácica por vários dias.

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REFEREÊNCIAS DAS ILUSTRAÇÕES: http://www.cirurgiatoracica.org

3.DRENAGEM PLEURAL

Uma intervenção fundamental para melhoramento da troca gasosa e da respiração no

período pós-operatório é o tratamento adequado da drenagem de tórax e do sistema de

drenagem de tórax. Após a cirurgia torácica, os drenos de tórax e o sistema de drenagem

fechada são utilizados para reexpandir o pulmão comprometido e para remover o

excesso de ar, líquido e sangue. Os sistemas de drenagem de tórax também são

utilizados no pneumotórax espontâneo e no trauma resultante em pneumotórax.

Sistemas: O dreno de tórax, ou cateter, é conectado ao sistema de drenagem, utilizando

uma valva de via única. A água na segunda câmara atua como um selo e permite ao ar e

ao líquido drenar do tórax para dentro da primeira câmara, porém o ar não pode retornar

para dentro do tórax. A drenagem acumula-se na primeira câmara e o ar sai através da

segunda câmara. O nível de água flutua conforme o paciente respira, movendo-se para

cima quando o paciente inala e, para baixo, quando o paciente exala.

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Existem 3 tipos de sistemas: sistema de frasco único, sistema de dois frascos e sistema

de três frascos.

OBS: Quando o vácuo de parede é desligado, o sistema de drenagem deve ser aberto

para a atmosfera de modo que o ar intrapleural possa escapar do sistema. Isso pode ser

feito pela desconexão do dreno do terminal de aspiração para proporcionar a ventilação.

Ações de enfermagem

Após muitos procedimentos intratorácicos, é necessário um sistema de drenagem pleural. O

sistema consiste em um ou mais cateteres mantidos no espaço pleural pela sutura à parede

torácica. Esses cateteres são então conectados a um sistema de drenagem. O sistema remove os

líquidos e os gases provenientes do espaço pleural ou da cavidade torácica e do espaço

mediastinal, facilita a reexpansão do pulmão e restaura a função cardiorrespiratória normal após

a cirurgia, trauma ou distúrbios clínicos, pela estabilização da pressão negativa na cavidade

pleural.

1.Assegure-se de que o equipo de drenagem não racha nem dobra ou interfere com os

movimentos do paciente.

2.Encorajar o paciente a assumir a posição de conforto com bom alinhamento corporal.

Quando o paciente está na posição lateral, assegure-se de que o corpo do paciente não

comprime o dreno. Encoraje o paciente a mudar de posição freqüentemente.

3.Realizar com o braço e o ombro do lado afetado do paciente os exercícios de

amplitude de movimento várias vezes ao dia. Os analgésicos podem ser necessários para

aliviar a dor.

4.Delicadamente, ordenhe o dreno na direção do frasco de drenagem, conforme

necessário.

Page 98: APOSTILA DE ENFERMAGEM CIRÚRGICA 2010 (1)

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5.Assegure-se de que existe uma flutuação no nível do líquido no frasco de selo d’água

ou na saída de ar na área indicadora. Observação: As flutuações de líquido no frasco de

selo d’água ou a saída de ar na área indicadora irão parar quando:

o pulmão se reexpandir

o tubo estiver obstruído por fibrina ou coágulo sanguíneo ou dobrado

dreno situa-se abaixo do resto do equipo

aspirador, ou o vácuo de parede, não está trabalhando adequadamente.

6.Observe quanto aos extravasamentos de ar no sistema de drenagem: eles são indicados

pelo constante borbulhamento no frasco de selo d’água ou pelo detector de saída de ar.

Também avalie o sistema de dreno de tórax quanto a extravasamentos externos

corrigíveis. Notifique o médico imediatamente do borbulhamento excessivo no frasco

de selo d’água que não seja devido a extravasamentos externos.

7.Observe e imediatamente relate a respiração rápida, superficial, cianose, pressão no

tórax, enfisema subcutâneo, sintomas de hemorragia ou alterações significativas nos

sinais vitais.

8.Encoraje o paciente a respirar profundamente e a tossir a intervalos freqüentes.

Proporcione analgesia adequada. Se necessário, solicite uma prescrição para analgesia

controlada pelo paciente. Também ensine ao paciente como realizar a espirometria de

incentivo.

9.Se o paciente está deitado sobre uma maca e deve ser transportado para uma outra

área, posicione o sistema de drenagem abaixo do nível do tórax. Se o equipo se

desconecta, corte fora as pontas contaminadas do dreno de tórax e do equipo, insira um

conector estéril nas extremidades cortadas e reconecte o sistema de drenagem. Não

feche o dreno de tórax durante o transporte.

10.Quando ajuda na retirada do dreno de tórax, instrua o paciente a realizar suavemente

a manobra de Valsalva ou a respirar silenciosamente. Então, o dreno de tórax é fechado

e rapidamente removido. Simultamente, uma gaze pequena é colocada, fazendo um

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lacre contra o ar com uma gaze 4 x 4 vaselinada e completamente vedada com

esparadrapo impermeável.

O caráter e a profundidade das respirações e a coloração do paciente servem como

critérios importantes na avaliação sobre a expansibilidade adequada dos pulmões. Os

pacientes submetidos à cirurgia torácica vivenciam , em média, uma redução no VEF, a

partir da linha básica de 0,6 l/s. A VEF é o volume de ar que o paciente pode expelir

forçadamente no primeiro segundo. A diminuição da VEF a partir da linha básica indica

diminuição na força respiratória. Isso resulta em volumes correntes diminuídos,

colocando o paciente em risco de falência respiratória.

É importante monitorizar a frequência e o ritmo cardíaco pela ausculta e pelo

eletrocardiograma porque grandes episódios de arritmias são comuns após a cirurgia

cardíaca e torácica. As arritmias podem acontecer em qualquer momento, porém

freqüentemente são observadas entre o segundo e o sexto dias pós-operatórios. A

incidência de arritmias aumenta nos pacientes maiores de 50 anos de idade e naqueles

que se submeteram a pneumonectomia ou cirurgia esofagiana.

No pós-operatório imediato, uma linha arterial pode ser mantida para ajudar a

monitorização freqüente dos gases sanguíneos, dos eletrólitos séricos, da hemoglobina e

dos valores do hematócrito e da pressão arterial. A pressão venosa central pode ser

monitorizada para detectar precocemente sinais de distúrbios do volume de líquido.

A troca gasosa é determinada pela avaliação da oxigenação e da ventilação. No período

pós-operatório imediato, isso é obtido pela mensuração dos sinais vitais, no mínimo a

cada 15 minutos nas primeiras 1 a 2 horas; então, menos freqüentemente, conforme a

condição do paciente se estabiliza.

A oximetria de pulso é utilizada para monitorização contínua da adequação da

oxigenação. É importante coletar sangue para mensuração da gasometria arterial

precocemente, no período pós-operatório, para estabelecer uma linha de parâmetro que

avalie a adequação da oxigenação e ventilação e a possível retenção de CO2. a

freqüência pela qual os gases arteriais pós-operatórios são verificados depende de o

paciente estar mecanicamente ventilado ou apresentar sinais de angústia respiratória; as

mensurações da gasometria sanguínea podem ajudar na determinação da terapia

adequada. Também é comum a sua prática em pacientes que tenham a linha arterial

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instalada para obtenção de sangue para as verificações da gasometria arterial e para

monitorizar a pressão sanguínea intensivamente. A monitorização hemodinâmica pode

ser utilizada para avaliar a estabilidade hemodinâmica.

As técnicas de respiração, tais como respiração diafragmática e a respiração com lábios

semicerrados, que foram ensinadas antes da cirurgia devem ser praticadas pelo paciente

a cada 2 horas para expandir os alvéolos e prevenir a atelectasia. Outra técnica para

melhorar a ventilação é a terapia de inspiração máxima sustentada ou espirometria de

incentivo. Essa técnica otimiza a inflação pulmonar, melhora o mecanismo da tosse e

permite uma avaliação precoce das alterações agudas pulmonares.

O posicionamento também melhora a respiração. Quando o paciente está orientado e a

pressão sanguínea está estabilizada, a cebeceira do leito é elevada a 30 a 40º durante o

período pós-operatório imediato. Isso facilita a ventilação, promove a drenagem de

tórax do dreno de tórax inferior e ajuda o ar residual a subir para a parte superior do

espaço pleural, onde pode ser removido através do dreno de tórax superior.

A enfermeira deve consultar o cirurgião sobre o posicionamento do paciente. A posição

do paciente é mudada de horizontal para semi-ereta tão cedo quanto possível, pois a

permanência em uma posição tende a promover a retenção das secreções na parte mais

baixa dos pulmões.

Após a pneumonectomia, o lado que foi operado deve ficar mais baixo, de modo que o

líquido no espaço pleural permaneça abaixo do nível do coto bronquial e o outro

pulmão possa se expandir plenamente.

Espirometria de incentivo: Assegurar que o volume de ar inalado é aumentado

gradualmente, à medida que o paciente inspira mais profundamente. O paciente realiza

uma respiração profunda através de um bucal, pára no pico da inflação pulmonar e,

então, relaxa e exala.

Cuidados de enfermagem com o sistema de drenagem torácica

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1.Observar periodicamente o perfeito funcionamento do sistema.

2.No sistema de aspiração contínua deve haver borbulhamento no frasco redutor.

3.Evitar a entrada de ar no sistema, verificando bem as conexões e rosqueamento das trompas.

4.Ao trocar os frascos de drenagem ou transportar o paciente, fazer pinçamento duplo do dreno

torácico, evitando-se a instalação de pneumotórax ( retorno de ar ao espaço pleural, colapsando

o pulmão).

5.Os frascos deverão permanecer abaixo do nível do tórax.

6.Ordenhar periodicamente o dreno, evitando sua obstrução por coágulos, e verificar

constantemente a drenagem.

7.Observar continuamente se os intermediários longos dentro dos frascos permanecem em selo

d’água (mergulhados).

8.Fazer anotações de enfermagem sobre volume, aspecto do líquido drenado e funcionamento

dos sistema.

9.O curativo de incisão do dreno deve ser oclusivo para evitar a entrada de ar pela ferida

operatória. Observar e anotar presença de secreções neste local.

10.Para retirar o dreno, a enfermagem deve providenciar material de curativo. Após a retirada,

fazer curativo compressivo, com tiras largas de esparadrapo, rapidamente, para evitar entrada de

ar.

11.Durante a permanência do dreno, a enfermagem deverá observar o paciente quanto a: dores

torácicas, dificuldade respiratória, hipertermia etc.

12.Na retirada de dreno de tórax deve-se observar:

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*se já foi ordenhado o suficiente;

*se o dreno é mediano ou lateral;

*retirada do dreno mediano (sem abertura de pleuras) – pede-se ao paciente que segure a

respiração, puxa-se o dreno e amarra-se fio para fechar o orifício de entrada.

*retirada do dreno lateral ( os cuidados devem ser maiores) – preparar uma placa de esparadrapo

com gaze; cortar o fio que prende o dreno à pele; em seguida soltar o segundo fio; pedir ao

paciente para inspirar profundamente e prender a respiração; retirar o dreno e fixar o ponto da

bailarina para ocluir o orifício do dreno; aplicar imediatamente a placa de esparadrapo com gaze

sobre o orifício, evitando-se qualquer entrada de ar e conseqüente pneumotórax;

*após a retirada do dreno, observar se o paciente apresenta insuficiência respiratória.

NOTAS:

*Manobras descritas no item 12 referem-se a pacientes lúcidos, colaborativos; quando

realizadas com pacientes comatosos, sedados ou anestesiados, em ventilação espontânea, retirar

o dreno no final da inspiração; em ventilação mecânica, desconectar o respirador ao final da

inspiração.

*Se o momento do nó, o fio bailarina romper-se, aplicar imediatamente a placa de esparadrapo

com gaze sobre o orifício.

*Quando houver coágulo e o dreno for mediano (sem rompimento da pleura) o mesmo poderá

ou não ser aspirado:

*opção de retirar o dreno aspirando ao mesmo tempo;

*somente aspirar o dreno;

*simplesmente retirar o dreno.

*a manobra de aspiração deve ser executada pelo médico, com ajuda da enfermagem, pois

contaminação, arritmias cardíacas e sangramentos podem ocorrer, necessitando, portanto, de

luva estéril, material de curativo, sonda nasogástrica grossa, anti-sépticos e aspirador (vácuo de

parede ou portátil).

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*o volume e aspecto da drenagem devem ser anotados.

SISTEMAS COMERCIAIS

1.Sistema de Frasco Único: A extremidade final do dreno de tórax proveniente do tórax do

paciente fica submersa na água, o que permite a drenagem de ar e líquido proveniente do

espaço pleural. Conforme o nível de líquido no frasco aumenta, torna-se progressivamente

mais difícil para o ar e o líquido sair do tórax. Assim, a aspiração pode ser aceitada.

2.Sistema de dois frascos: O sistema de 2 frascos consiste na mesma câmara de selo

d’água mais um frasco para a coleta de líquido. Quando o líquido pleural se acumula, o

sistema de selo d’água não é afetado pelo volume de drenagem. A drenagem depende da

força da gravidade ou da quantidade de aspiração acrescida ao sistema.

3.Sistema de 3 frascos: É semelhante ao sistema de 2 frascos, exceto pelo acréscimo de

um terceiro frasco para controlar a quantidade de aspiração aplicada. A quantidade de

aspiração é determinada pela profundidade até a qual a ponta do tubo de vidro para

ventilação está submersa. A quantidade de aspiração no sistema é controlada pelo

vacuômetro. O motor de aspiração mecânica ou o vácuo de parede, cria e mantém uma

pressão negativa ao longo de todo o sistema de drenagem fechada. Quando o vácuo no

sistema torna-se maior do que a profundidade até a qual o tubo está submerso, o ar

externo é aspirado para dentro do sistema. Isso resulta em um borbulhamento constante

no frasco do vacuômetro ( ou regulador de pressão), o que implica que o sistema está

funcionando adequadamente.

MECANISMO DO SISTEMA COLETOR DE DRENAGEM TORÁCICA

INDICAÇÕES

Os sistemas coletores de drenagem pleural ou mediastinal são empregados em cirurgias

torácicas ou cardíacas e destinam-se à evacuação de conteúdo líquido e/ou gasoso da

cavidade torácica.

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DESCRIÇÃO

Os sistemas coletores de drenagem pleural utilizam o princípio da sinfonagem para

manter em equilíbrio a pressão intrapleural ou intrapericárdia, que é negativa em relação

à atmosférica, evitando a entrada de ar na cavidade torácica (pneumotórax aberto). Os

sistemas de frasco coletor único são os mais comumente empregados, devido AP seu

baixo custo e fácil manuseio.

PREPARO DO FRASCO COLETOR

Verificar a capacidade do frasco coletor escolhido e colocar solução fisiológica ou água

destilada estéril no frasco coletor, de modo a atingir a marca do nível líquido mínimo

obrigatório, conforme a capacidade do reservatório.

PREPARO DO SISTEMA COLETOR

A tampa do sistema deve ser rosqueada ao frasco coletor de modo correto e firme.

Somente o correto rosqueamento possibilitará a vedação adequada quando for

necessária a aspiração contínua.

PREPARO DO MULTI-CONECTOR CÔNICO

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O multi-conector cônico permite a conexão da mangueira do sistema com drenos

torácicos de diversos diâmetros. Entretanto, deve-se previamente preparar o dreno

torácico e o multi-conector cônico para a conexão, com isto otimiza-se o diâmetro

interno da conexão evitando estreitamentos.

1º Instalar cirurgicamente o dreno torácico na cavidade pleural ou no mediastino.

2º Preparar o dreno torácico para a conexão cortando-o transversalmente na extremidade

chanfrada distal.

3º Verificar o diâmetro interno do dreno torácico.

4º Cortar o multi-conector cônico no maior diâmetro que possibilite conexão firme com

o diâmetro interno do dreno torácico.

5º Conectar firmemente o dreno torácico, unindo-o com o muti-conector cônico.

6º A conexão entre o dreno torácico e a mangueira do sistema de drenagem poderá ser

reforçada com fita adesiva, de modo a evitar desconexão por arrancamento.

REVISÃO DO SISTEMA DE DRENAGEM

Rever se a extremidade do tubo no interior do frasco ficou submersa cerca de 2 cm

abaixo do nível líquido mínimo obrigatório. Marcar na etiqueta do frasco coletor o nível

líquido, a data e a hora da instalação do frasco coletor. Verificar se existe oscilação ou

borbulhamento no nível líquido.

FAIXA ADESIVA DE FIXAÇÃO

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A faixa adesiva de fixação é de extrema importância para o conforto do paciente e

deverá ser fixada no flanco do paciente. Ela evita que as trações da mangueira do

sistema sejam transmitidas ao(s) ponto(s) de fixação cirúrgica do dreno torácico com a

pele. Desta forma, se previne o doloroso deslocamento ou arrancamento do dreno

torácico.

CURATIVOS

A limpeza da ferida cirúrgica deverá ser realizada com solução anti-séptica e o curativo

da pele, em torno do dreno torácico, deverá ser trocado diariamente ou quantas vezes

forem necessárias.

VERIFICAÇÃO DO(S) PONTO(S) CIRÚRGICO(S)

Ao verificar as condições do(s) ponto(s) cirúrgico(s) e da fixação do dreno torácico

durante o curativo, deve-se observar se ocorreu arrancamento parcial do dreno torácico

com deslocamento do(s) ponto(s) cirúrgico(s). Também se deve verificar se está

ocorrendo vazamento aéreo em torno do dreno torácico devido à folga no(s)

cirúrgico(s).

ORDENHA

As manobras de ordenha são empregadas sob supervisão médica ou da enfermagem

quando ocorrer obstrução por coágulos do sistema. Utilizar pinça de ordenha ou

ordenhar com a mão a mangueira de drenagem e o dreno torácico de modo a remover

possíveis obstruções.

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ADVERTÊNCIAS

Alguns cuidados devem ser tomados de modo a evitar obstrução da mangueira do

sistema por torção ou angulação excessiva. Portanto, a mangueira do sistema deverá ser

mantida quase esticada, sem curvas, desta forma, evita-se a formação de sifões por

coleção de líquido na própria mangueira.

Para evitar o refluxo de líquido para a cavidade torácica não se deve elevar o frasco

coletor acima do nível da cintura.

Evitar o clampeamento prolongado da mangueira do sistema principalmente quando

houver escape aéreo (borbulhamento), o que poderá provocar pneumotórax hipertensivo

ou enfisema de subcutâneo. Pelo mesmo motivo, nunca tampe o suspiro do frasco

coletor.

PNEUMOTÓRAX ABERTO

O pneumotórax aberto com suas repercussões clínicas de insuficiência respiratória

ocorrerá em caso de desconexão do sistema, ou se o frasco coletor estiver sem o nível

líquido mínimo obrigatório. Também nunca deixe virar ou tombar o frasco coletor.

Em caso de ruptura do frasco coletor deve-se fechar a mangueira do sistema e

rapidamente substituir por outro íntegro.

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Verificar as conexões de todo o sistema de modo a não permitir vazamentos de líquido

ou entrada de ar.

Não é recomendável perfurar o dreno torácico ou a mangueira do sistema para colher

secreções.

Evitar as adaptações que podem ocorrer quando se utilizam dispositivos de diversos

fabricantes.

PRECAUÇÕES MÉDICAS

A reexpansão rápida do pulmão colabado deve ser evitada.

A evacuação rápida do líquido pleural (pneumotórax, hidrotórax ou hemotórax) poderá

provocar mal-estar, dor, dispnéia e até edema pulmonar com grave repercussão

sistêmica.

INSTRUÇÕES AO PACIENTE

A instrução sobre o funcionamento do sistema ao paciente ou aos seus cuidadores é de

responsabilidade da Equipe médica e de enfermagem.

As instruções devem incluir noções e cuidados para se obter um perfeita sinfonagem do

sistema no paciente acamado, na deambulação e no transporte.

Orientar que não se deve elevar o frasco coletor acima do nível da cintura, para evitar o

refluxo de líquidos do frasco coletor para a cavidade torácica.

Orientar como manter a mangueira de drenagem quase esticada, sem formar

sinuosidades acentuadas, dobras ou acotovelamentos.

Também, deve-se orientar que o paciente não deite em cima da mangueira de drenagem

a fim de não obstruí-la.

Orientar como se devem evitar movimentos corpóreos bruscos de modo a não tracionar

a mangueira de drenagem, o que provocar desconexões, deslocamento doloroso ou

arrancamento do dreno torácico.

Avisar imediatamente ao médico, em caso de desconexão acidental ou sangramento.

DEAMBULAÇÃO

O paciente deverá deambular normalmente, caso não haja contra-indicações clínicas.

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Para uma maior comodidade, o paciente deverá utilizar a alça de transporte.

TRANSPORTE DO PACIENTE

Não deixar formar curvas acentuadas, dobras ou acotovelamentos na mangueira de

drenagem.

Manter sempre o frasco coletor abaixo do nível da cintura, deste modo se evita que o

líquido seja aspirado para o interior do tórax do paciente.

Na presença de fístula aérea, o dreno não deve ser pinçado durante o transporte em

maca ou cadeira de rodas.

Não pinçar o dreno torácico ao fazer Raio X, transporte ao centro cirúrgico ou nas

ambulâncias.

EXAMES RADIOGRÁFICOS

A radiografia de tórax e tomografia computadorizada de tórax são indicadas na

avaliação do posicionamento do dreno torácico e da efetividade da drenagem pleural.

SISTEMA DE ASPIRAÇÃO CONTÍNUA

A utilização de pressão negativa por aspiradores e pressão controlada auxilia na

evacuação dos líquidos pleurais, propiciando a reexpansão pulmonar.

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Por outro lado, nos casos de fístula aérea brônquica devemos ponderar entre a vantagem

de manutenção de uma pressão negativa constante e o inconveniente de maior “roubo”

de ar pela fístula com sua possível manutenção aberta.

A aspiração contínua com pressão negativa controlada poderá ser instalada no sistema

coletor de drenagem, sendo o seu valor estabelecido a critério médico.

Este sistema de aspiração contínua serve para se guardar o nível de aspiração, o qual

será dependente não da força do aspirador, mas do quanto o respiro encontra-se

mergulhado na água.

Portanto, quanto mais mergulhado, maior será a força de aspiração.

Recomenda-se para RN pressões negativas de 5 cm de H2O, com pressões máximas de

10 cm H2O.

Em crianças maiores e nos adultos recomenda-se a pressão negativa de 10 a 20 cm

H2O.

Pressões negativas superiores a 25 cm H2O requerem atenção especial.

A aspiração está formalmente indicada em pacientes que não conseguem aumentar a

pressão pleural através da tosse, ou seja, nos pacientes neuropatas, paraplégicos,

portadores de doenças musculares, traqueostomizados, pós-operatório imediato de

cirurgia torácica etc.

BORBULHAMENTO EXCESSIVO

O borbulhamento excessivo devido à fistula aérea de alto débito pode formar espuma

em grande quantidade que transborda pelo suspiro do frasco coletor.

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Este fenômeno pode ser evitado colocando-se substância adstringente no líquido do

frasco coletor, as mais usadas são: solução alcoólica a 50% ou adição de dimeticona.

SISTEMA DE DRENAGEM COM MÚLTIPLAS CÂMARAS

Na figura abaixo temos um sistema de aspiração contínua acoplado ao sistema de

drenagem pleural em que o primeiro frasco é usado exclusivamente como câmara

coletora e o segundo frasco é usado como selo d´água.

SISTEMA DE DRENAGEM PARA PNEUMONECTOMIA

Na figura abaixo, temos esquematicamente o mecanismo de drenagem pleural

balanceada utilizado em pneumonectomias.

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ROTINA PARA O MANUSEIO E TROCA DO REFIL

A freqüência da troca do frasco coletor antigo por outro novo estéril deverá ser diária,

quando o mesmo estiver repleto ou a critério médico.

Preparar um novo frasco antes de abrir a tampa do frasco em uso, que vai ser

desprezado.

Verificar o estado da embalagem, o produto e o prazo de validade.

Abrir o novo frasco coletor de modo que o interior do mesmo permaneça estéril.

Adicionar, de acordo com o volume do frasco, 250 ml ou 500ml de solução fisiológica

estéril ou água destilada estéril no novo frasco coletor, de modo a atingir a marca do

nível líquido mínimo obrigatório.

TROCA DOS FRASCOS COLETORES

Utilizar luvas e seguir as normas da comissão de infecção hospitalar.

A troca do frasco antigo pelo novo deverá ser rápida e precisa, para isto o novo frasco

deverá já estar preparado.

Pinçar a mangueira de drenagem por curto período de tempo, ou seja, somente pinçar o

dreno torácico para uma rápida troca do frasco coletor.

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Em caso de fístula aérea (borbulhamento), o pinçamento prolongado do dreno torácico

provocará aumento do pneumotórax podendo ocasionar insuficiência respiratória ou

enfisema de subcutâneo.

Abrir a tampa do frasco coletor antigo.

Trocar rapidamente o frasco antigo pelo novo.

Conectar o novo frasco coletor fechando corretamente a tampa do frasco.

Após a troca, abrir a pinça da mangueira de drenagem.

TROCA DA MANGUEIRA DE DRENAGEM

Com o passar do tempo, o interior da mangueira de drenagem poderá ser colonizada por

microorganismos, portanto recomenda-se a sua troca a cada 7 dias.

Usar a técnica asséptica na desconexão do dreno torácico que deverá estar pinçado para

evitar pneumotórax aberto.

Abrir a pinça do dreno torácico após a troca.

REVISÃO DO SISTEMA DE DRENAGEM

Rever se a extremidade do tubo no interior do frasco coletor ficou submersa cerca de 2

cm abaixo do nível líquido mínimo obrigatório.

Marcar na etiqueta do frasco coletor o nível do líquido, a data e a troca do novo frasco

coletor.

Verificar e registrar se existe oscilação ou borbulhamento do nível líquido.

Não deixar formar curvas acentuadas, dobras ou acotovelamentos na mangueira de

drenagem.

CONTROLE DO VOLUME DRENADO

Medir e anotar o volume e a cor do líquido drenado no frasco coletor de acordo com as

orientações médicas.

REAÇÕES ADVERSAS E CONTRA-INDICAÇÕES

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O sistema coletor de drenagem pleural não entra em contato com o organismo e é

fabricado com materiais apirogênicos.

Não há contra-indicações absolutas a utilização do sistema.

EMBALAGEM, DATA DE FABRICAÇÃO E VALIDADE

Conservar a embalagem ao abrigo do sol, em local limpo, seco, arejado e sem odor.

Conferir a integridade das embalagens e armazenar em local de baixa umidade entre

15ºC a 30ºC.

O produto é frágil, não utilizá-lo se houver suspeita de dano por queda ou outro motivo

que provoque abertura da embalagem, devendo o fabricante ser notificado.

Verifique eventuais defeitos de fabricações e os notifique ao fabricante.

Verifique a data de fabricação e o prazo de validade na embalagem.

ESTERILIZAÇÃO E RESSTERILIZAÇÃO

O sistema coletor de drenagem pleural é esterilizado por óxido de etileno, portanto

deve-se usar o produto imediatamente após a cuidadosa abertura da embalagem.

LIXO HOSPITALAR

O sistema coletor de drenagem pleural é de uso único e descartável, ou seja, não deverá

ser reutilizado.

Seguir rigorosamente as normas hospitalares para desprezar ou destruir qualquer

material, resíduos ou secreções potencialmente contaminadas.

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REFERÊNCIAS:

Ilustrações: http://www.geocities.com/manuseio/aspirar.html

4.TRAQUEOSTOMIA

A traqueostomia é um procedimento no qual uma abertura é feita para dentro da

traquéia. Quando uma cânula de demora é inserida para dentro da traquéia, o termo

traqueostomia é utilizado. A traqueostomia pode ser temporária ou permanente.

A traqueostomia é realizada para desviar uma obstrução aérea superior; ajudar na

remoção das secreções traqueobrônquicas; permitir o uso por longo prazo da ventilação

mecânica; prevenir a aspiração das secreções oral ou gástrica no paciente inconsciente

ou paralisado (pelo fechamento da traquéia devido ao esôfago); e substtituir o tubo

endotraqueal.

O procedimento é geralmente realizado na sala de operação ou em uma unidade de cuidado

intensivo, onde a ventilação do paciente possa ser bem controlada e mantida uma ótima técnica

asséptica. Um abertura é feita no segundo e terceiro anéis traqueais. Uma cânula de

traqueostomia com balão de tamanho adequado é inserida. O balão é uma fixação inflável da

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cânula de traqueostomia e tem o objetivo de ocluir o espaço entre as paredes da traquéia e a

cânula para permitir uma ventilação mecânica eficaz e minimizar o risco de aspiração. A cânula

de traqueostomia é mantida no local por fitas atadas em torno do pescoço do paciente.

Geralmente um quadrado de gaze estéril é colocado entre a cânula e a pele para absorver a

drenagem e prevenir a infecção.

As complicações podem ocorrer precoce ou tardiamente no curso do tratamento com

cânula de traqueostomia. Elas podem mesmo acontecer anos após a cânula ser

removida. As complicações precoces incluem sangramento, pneumotórax, embolia

aérea, aspiração, enfisema subcutâneo ou mediastinal, lesão do nervo laríngeo

recorrente e penetração da parede posterior da traquéia. As complicações de longo prazo

incluem obstrução da via aérea devido ao acúmulo de secreções ou protusão do balão

sobre a abertura da cânula, infecção, ruptura da artéria inonimada, disfagia, fístula

traqueoesofágia, dilatação traqueal e isquemia e necrose da traquéia.A estenose da

traquéia pode desenvolver-se após a cânula ser removida.

Ações de enfermagem

1.Reúna o equipamento necessário, incluindo luvas estéreis, água oxigenada, solução

fisiológica ou água estéril, aplicadores tipo cotonete, pacote de curativo e fita de tecido.

Uma cânula com balão (ar injetado dentro do balão) é necessária durante a ventilação

mecânica. Um balão de baixa pressão é comumente utilizado. Os pacientes necessitam

utilizar uma cânula de traqueostomia por longo período e que podem respirar

espontaneamente comumente utilizam uma cânula sem balão, uma cânula de metal.

2.Proporcionar ao paciente e à família instrução sobre os pontos principais quanto ao

cuidado da traqueostomia, iniciando sobre a inspeção do curativo da traqueostomia

quanto a umidade ou drenagem.

3.Lavagem das mãos.

4.Explicar o procedimento ao paciente e à família, conforme apropriado.

5.Usar luvas limpas; remover e descartar o curativo sujo.

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6.Preparar os suprimentos estéreis, incluindo a água oxigenada, o soro fisiológico ou a

água destiladda, os aplicadores tipo cotonete, o curativo e a fita.

7.Usar luvas estéreis. (Alguns médicos aprovam a técnica limpa para traqueostomia de

longo período em pacientes no domicílio).

8.Limpar a ferida e a asa da cânula de traqueostomia com o aplicador tipo cotonete

umedecido com água oxigenada. Enxaguar com soro fisiológico.

9.Lavar a cânula interna com água oxigenada e enxaguar com solução fisiológica ou

substituir por uma cânula nova interna descartável.

10.Após a nova fita estar no local, remover a fita de tecido suja substituindo-a por uma

fita limpa. Colocar a fita de tecido limpo na posição para fixar a cânula de

traqueostomia, inserindo a extremidade da fita através da abertura lateral da cânula

externa. Passar a fita em torno da parte posterior do pescoço do paciente, inserindo-a

através da abertura oposta da cânula externa. Junte ambas as extremidades em torno de

modo que elas possam se encontrar sobre um dos lados do pescoço. Estreite a fita até

que apenas dois dedos possam ser inseridos confortavelmente sob ela. Fixe com um

laço. Para uma nova traqueostomia, duas pessoas devem ajudar a troca da fita.

11.Remova as fitas antigas e descarte-as em um recipiente de biossegurança.

12.Embora algumas traqueostomias de longa duração com os estomas cicatrizados

possam dispensar curativo, as outras traqueostomias necessitam curativo. Em tais casos,

utilize um curativo estéril de traqueostomia, fixando-o firmemente sob as fitas de tecido

e envolvendo a cânula de traqueostomia de modo que a incisão fique coberta, conforme

mostrado adiante.

TRAQUESOSTOMIA

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Profª Glenda Agra

O método preferido de controle da via aérea é o tubo de traqueostomia para ventilação a longo

prazo. Uma revisão da literatura revela a ausência de consenso sobre a regualção temporal ótima

para a TQT, embora o momento mais comum pareça ser com 21 dias depois da intubação. A

prática em algumas instituições têm sido a TQT mais precoce ( com 7 a 14 dias sob ventilador)

para facilitar o desmame mais precoce, principalmente quando o paciente apresenta múltiplas

morbidades concomitantes e demonstra dificuldade no desmame, ou possui diagnósticos

neurológicos ou traumas associados à necessidade prolongada de uma via aérea artificial.

As indicações incluem obstrução da via aérea superior, edema de via aérea devido à anafilaxia,

fracasso da intubação, múltiplas intubações ( alto risco de complicações), complicações da

intubação orotraqueal, condições em que a intubação orotraqueal não é possível ( trauma facial,

fraturas cervicais) e o desejo de melhorar o conforto do paciente.

As vantagens da TQT em relação à intubação orotraqueal incluem: desmame mais rápido (

pelo menos em parte por causa do espaço morto diminuído), maior conforto do paciente,

comunicação estimulada e possibilidade de alimentação oral.

As desvantagens incluem: hemorragia, infecção, pneumotórax e a necessidade de um

procedimento operatório que é o próprio risco.

As complicações da TQT incluem: a mais grave reside na erosão que invade o tronco

braquiocefálico que pode resultar em exsanguinação, hemorragia aguda no local, embolia

gasosa, aspiração, estenose traqueal, falha do balão de TQT, lesão do nervo laríngeo,

obstrução do tubo de TQT, pneumotórax, enfisema subcutâneo e mediastinal, disfunção

da deglutição, fístula traqueoesofágica, infecção, descanulação acidental com perda da via

aérea.

A fixação adequada do tubo de TQT reduz o movimento do tubo na via aérea e limita a lesão

por atrito com a parede traqueal ou a laringe. Manter a pressão do balão no mínimo necessário

para evitar o extravasamento de ar no ventilador reduz o risco de ruptura tissular devido à

pressão excessiva sobre a parede traqueal. O tubo de TQT deve ser firmemente fixado.

As suturas na TQT percutânea ou cirúrgica permanecem na posição por 48 a 72 horas ou mesmo

por até uma semana 9 de acordo com o protocolo hospitalar), de modo a evitar a descanulação.

O cuidado rotineiro com a TQT consiste em limpar pelo menos a cada 8 h e SN, trocar a cânula

interna ( ou de acordo com a política da instituição) e trocar os cadarços de TQT sujos SN,

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progredindo para o cuidado diário e SN. Esse intervalo de cuidado mais longo geralmente

ocorre depois de 7 a 10 dias ou quando a secreção e drenagem da TQT são mínimas. O cuidado

rotineiro das TQTs sempre é realizado como um procedimento asséptico, enquanto no hospital.

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Histórico e Definição

O termo traqueostomia refere-se à operação que realiza uma abertura e exteriorização da luz

traqueal. A primeira descrição cirúrgica com sucesso data de 1546, por um médico italiano,

Antonio Musa Brasavola, que operou um paciente com "abscesso na garganta" [1]. Entretanto, a

aceitação universal só veio com os trabalhos de Chevalier e Jackson, no início do século XX,

que descreveram pormenores da técnica, suas indicações e complicações [2, 3].

Anatomia Cirúrgica

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Profª Glenda Agra

A laringe é composta por um esqueleto cartilaginoso rígido,

com função de permeio das vias aéreas, fonação, além de

participar da primeira e da segunda fases da deglutição. As

três principais cartilagens envolvidas na função respiratória e

vocal são: a cartilagem tireóide, a cartilagem cricóide e um

par de cartilagens aritenóides. A membrana cricotireóidea faz

a ligação da borda inferior da cartilagem tireóide à cartilagem

cricóide. O espaço subglótico inicia-se abaixo das cordas

vocais e se estende até à margem inferior da cartilagem

cricóide. Ele é o local de menor diâmetro interno (no adulto,

entre 1,5 e 2,0 cm), e é circundado pela cartilagem cricóide,

que é o único anel cartilaginoso completo das vias aéreas,

características que predispõem este espaço a inúmeras

complicações [5].

A traquéia estende-se da borda inferior da cartilagem cricóide

até à carina. A parede posterior é membranosa e faz relação

com a parede anterior do esófago. Em nível do segundo anel

traqueal, situa-se o istmo da tireóide. Outro aspecto

interessante é a sua mobilidade; é sabido que toda sua

extensão cervical pode se localizar no mediastino, pela

simples flexão cervical, assim como a hiperextensão pode

trazer uma porção significativa situada no mediastino para a região cervical. A irrigação

sangüínea da traquéia tem íntima relação com o suporte sanguíneo do esófago; a sua porção

cervical é irrigada, predominantemente, por ramos da artéria tireóidea inferior. Digno de nota, é

que esta rede anastomótica penetra na traquéia na sua margem lateral, o que nos leva a evitar a

dissecção extensa nessa região, assim como uma dissecção circunferencial da traquéia durante a

traqueostomia. Outro aspecto interessante é a característica predominantemente submucosa

desta rede anastomótica, o que torna compreensível o porquê dos anéis traqueais poderem ser

lesados por isquemia, devido à hiperinsulfIação de um cuff endotraqueal. Durante a realização

de uma traqueostomia as estruturas que serão encontradas, por ordem de aparição, são: pele e

subcutâneo, platisma, musculatura pré-traqueal, eventualmente o istmo tireoideano (que se situa

entre o 1º e o 2º anel traqueal), e a fáscia pré-traqueal [4].

Figura 1. Cartilagem da

laringe. Visão anterior

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Geigy Corporation Ali rights

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Tabela 1 - Indicações de Traqueostomia

1. Obstrução das vias aéreas

a. Disfunção laríngea

b. Trauma

c. Queimaduras e corrosivos

d. Corpos estranhos

e. Anomalias congênitas

f. Infecções

g. Neoplasias

h. Manejo pós-operatório

i. Apnéia do sono

2. Limpeza das vias aéreas

a. Idade avançada

b. Fraqueza

c. Doenças neuromusculares

3. Suporte ventilatório

Figura 2.Veias superficiais e nervos cutâneos do pescoço.

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Indicações

Historicamente, a traqueostomia foi desenvol- vida para promover a desobstrução das vias

aéreas. Com os avanços técnicos atuais, tais como laringoscópio e broncoscópio de fibra ótica,

as indicações tradicionais da traqueostomia (como por exemplo a epiglotite aguda e obstruções

tumorais) sofreram uma grande mudança. Nestas situações, a broncoscopia de fibra ótica

possibilita reservar a traqueostomia para uma situação eletiva, fugindo da maior incidência de

morbidade e mortalidade da traqueostomia de urgência. A traqueostomia, portanto, não é o

procedimento de escolha no manejo da obstrução aguda das vias aéreas [3] .

Hoje em dia, a sua principal utilização é no manejo de pacientes que necessitam períodos

prolongados de suporte ventilatório mecânico. Há, ainda, a utilização da traqueostomia com o

intuito de promover uma adequada limpeza das vias aéreas, mesmo na ausência de necessidade

de ventilação mecânica. A Tabela 1 resume estas três principais categorias de indicação da

traqueostomia [6]:

Obstrução das Vias Aéreas

Disfunção Laríngea. A paralisia abdutora das cordas vocais, que ocorre na lesão do nervo

laríngeo recorrente (por exemplo, durante a realização de uma tireoidectomia) pode levar desde

a obstrução leve das vias aéreas até a uma obstrução completa, necessitando de uma

traqueostomia.

Trauma. 1) Lesões maxilofaciais graves; 2) Fraturas ou transecções da laringe ou da traquéia,

que podem estar presentes nos traumas da porção anterior do pescoço; 3) Lesões da medula

cervical que impeçam uma manipulação do pescoço são situações encontradas no trauma onde a

abordagem das vias aéreas por intubação oro ou nasotraqueal torna-se difícil ou inviável. A

preferência nestas situações seria pela cricotireoidostomia, mas, freqüentemente, também não é

possível realizá-la. Nestes casos, está indicada a traqueostomia de urgência. Uma outra situa-

ção especial para a sua utilização é no grupo pediátrico (abaixo de 12 anos) onde a intubação

translaríngea não foi possível, uma vez que a cricotireoidostomia não é recomendada nesta faixa

etária [7].

Queimaduras e Corrosivos. Inalação de gases quentes, gases tóxicos ou corrosivos podem

resultar em edema glótico significativo. Caso os métodos translaríngeos falhem ou sejam

inviáveis, podemos fazer uso da traqueostomia.

Corpos Estranhos. Tentativas de retirada dos corpos estranhos são realizadas, inicialmente, por

manobras mecânicas ou endoscópicas. Comumente, ao chegar ao hospital, a vítima já passou da

fase aguda, por isso a traqueostomia, nessas situações, é pouco utilizada.

Anomalias Congênitas. Estenose da glote ou subglótica são exemplos de entidades conhecidas

no recém-nato que podem necessitar de traqueostomia.

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Infecções. Modernamente, a intubação orotraqueal em pacientes com epiglotite ou difteria pode

ser realizada com o auxílio de um broncoscópio, não havendo esta disponibilidade, a

traqueostomia pode ser utilizada [8].

Neoplasias. A traqueostomia pode ser uma opção eficaz de alívio em casos de tumores

avançados da laringe e orofaringe.

Apnéia do Sono. Alguns pacientes possuem as vias aéreas livres quando acordados, mas pode

haver obstrução das vias aéreas por flacidez e colapsamento dos músculos faríngeos durante o

sono. Apenas os pacientes com dis- túrbios severos é que são candidatos à traqueostomia [9].

Limpeza das Vias Aéreas

Devido à idade; fraqueza, ou doenças neuromusculares, certos pacientes são incapazes de

expelir, adequadamente, secreções traqueobrônquicas decorrentes de pneumonia, bronquiectasia

ou aspiração crónica. Nestes casos, a traqueostomia pode ser benéfica, pois permite a limpeza e

aspiração das vias aéreas, sempre que necessário. Atualmente, a minitraqueostomia percutânea

tem se mostrado eficaz na limpeza traqueobrônquica, surgindo como opção válida por sua

simplicidade e segurança [10].

Suporte Ventilatório

Pacientes que recebem suporte ventilatório prolongado estão expostos a uma variedade de

complicações tardias decorrentes da intubação endotraqueal prolongada, tais como: lesões da

mucosa, estenose glótica e subglótica, estenose traqueal e abscesso cricóide. Estas complicações

estão diretamente relacionadas com o tempo de intubação endotraqueal. O tempo ideal de

duração de uma intubação oro ou nasotraqueal, antes da conversão eletiva para traqueostomia,

ainda é controverso. Sabe-se também, que há outros benefícios com a conversão para uma

traqueostomia, tais como: menor taxa de autoextubação da traqueostomia; melhor conforto para

o paciente; possibilidade de comunicação pelo paciente; possibilidade da ingesta oral; uma

melhor higiene oral; e um manuseio mais fácil pela enfermagem [3]. Desta maneira, temos

utilizado os seguintes parâmetros [12]:

um período de sete a 10 dias.

próximos cinco a sete dias, a traqueostomia deve ser considerada.

superior a 14 dias, a traqueostomia deve ser considerada o mais breve possível.

Contra-indicações

Traqueostomia de Urgência. É sabido que os riscos de complicações são de duas a cinco vezes

maiores do que em situações eletivas, portanto não é um método a ser utilizado na urgência [7].

As exceções se fazem nas situações específicas já citadas.

Traqueostomia à Beira do Leito. A traqueostomia deve ser realizada no centro cirúrgico com

todos os suportes necessários, sua realização à beira do leito deve ser evitada. A exceção se faz

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em um ambiente de terapia intensiva, quando a saída do paciente daquele local pode trazer

riscos para o mesmo. É factível, então, a realização da traqueostomia no leito de uma UTI,

desde que as condições cirúrgicas sejam estabelecidas no local [11].

Técnica Cirúrgica

A traqueostomia eletiva

convencional deve ser realizada em

um ambiente cirúrgico, que possui

instrumental, iluminação e

assistência adequada. O

procedimento começa com o

posicionamento do paciente, que

deve estar em decúbito dorsal com

um coxim sob os ombros e o

pescoço em extensão (Fig. 3).

Após a assepsia e anti-sepsia do campo operatório, realiza-se a infiltração anestésica do

campo operatório. A incisão deve ser transversal, com 3 a 5 cm, a uma polpa digital

abaixo da cartilagem cricóide. Nos casos onde a cartilagem cricóide é palpada na altura

da fúrcula esternal, a incisão é realizada a uma polpa digital acima da fúrcula esternal. A

incisão prolonga-se na pele subcutânea, até encontrar o plano dos músculos pré-taqueais

(Fig. 4).

Figura 5.

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Figura 4.

A musculatura prétraqueal (esternoióideo e esternotireóideo) é separada na sua rafe mediana e

afastada, Iateralmente. Na maioria das vezes, o istmo tireoideano é facilmente deslocado

cranialmente por dissecção romba [3]. Eventualmente, pode ser necessário a secção mediana do

istmo com sutura de seus bordos, para melhor exposição da traquéia. Uma incisão horizontal é

então realizada entre o terceiro e quarto anéis traqueais (Fig. 5).

Em crianças, a incisão deve ser realizada

verticalmente. São então passados fios de reparo

em cada lado da abertura traqueal com o intuito

de facilitar a troca da cânula, ou a sua recolocação

em caso de extubação espontânea,

principalmente, na primeira semana, enquanto um

trajeto delimitado do estoma ainda não foi

formado. Deve ser evitada a realização da

abertura traqueal muito baixa (no 5Q, 6Q, ou 7?

anel traqueal), fato que pode ocorrer pela

hiperextensão do pescoço, pois predispõe a uma

grave complicação, que é a fístula

traqueoinominada [13].

Após a abertura da traquéia, o tubo endotraqueal,

quando presente, é cuidadosamente tracionado até um nível justamente acima da incisão

traqueal, mas não retirado; a traquéia é então aspirada para a remoção de sangue ou secreções, e

a cânula traqueal, já previamente selecionada e testada, é introduzida na luz traqueal (Fig. 6).

Deve ser feita a imediata checagem de sua posição e perviedade. A ferida é fechada com pontos

esparsos, para evitar complicações precoces, como enfisema subcutâneo, abscesso periostômico

ou celulite.

Fixa-se a cânula de traqueostomia com uma fita ao redor do pescoço. Havendo dúvida quanto ao

correto posicionamento da cânula, ou nos casos de dificuldade de realização da traqueostomia,

deve ser realizado uma radiografia de tórax e pescoço [14]. A técnica para a traqueostomia na

urgência é modificada pela feitura da incisão da pele verticalmente e realização de toda a

dissecção na linha mediana até a parede traqueal.

Figura 6.

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Tubos e Cânulas

Desde o século XVI, quando o primeiro tubo

de traqueostomia foi descrito por Fabricius,

virtualmente todos os tubos eram feitos de

metal. Estes tubos possuem uma cânula

interna que pode ser removida para limpeza.

Em fins de 1960, começaram a ser

experimentadas as cânulas plásticas que

possuem um balonete (cuff) com a função de

ocluir as vias aéreas, a fim de que permita

uma ventilação mecânica com pressão

positiva, além de minimizar a aspiração de

secreções da orofaringe. No passado, estes

cujfs eram associados a uma alta incidência

de estenose traqueal (cujf de alta pressão)

[15]. Entretanto, os cuffs atuais (Fig. 07),

que possuem um grande volume e baixa pressão, minimizaram, mas não eliminaram, os

problemas focais de isquemia da traquéia [16]. A pressão ideal de um cufl deve ser em torno de

25 mmH2O ou o mínimo necessário para que não haja escape de ar durante a ventilação

mecânica.

Há, ainda, uma série de outros tipos de tubos e cânulas disponíveis. Existem tubos que possuem

uma válvula ou fenestração, em sua porção posterior, com o intuito de permitir a fonação pelo

paciente. As cânulas de Kistner são cânulas curtas e retas, que se estendem da pele até à parede

anterior da traquéia, podendo ser abertas intermitentemente (muito útil para pacientes com

miastenio gro1lis e apnéia do sono). Por fim, os tubos em "T" ou de Montgomery são utilizados

sempre que pacientes são submetidos à reconstrução da traquéia com anastomose término-

terminal, até que a completa cicatrização da anastomose tenha ocorrido [3, 6].

Complicações

Jackson, em fins de 1920, revolucionou a traqueostomia, com a metodização da técnica e

redução da mortalidade operatória de 25% para 1% [2]. Os trabalhos atuais mostram uma

morbidade em torno de 6% e uma taxa de mortalidade menor do que 1% [3,6,11,13,17]. Para

atingir estes resultados, devemos seguir uma técnica meticulosa, ter um ambiente cirúrgico

adequado, escolher corretamente as cânulas e tubos, e prover cuidados pós-operatórios

adequados. As complicações da traqueostomia podem ser divididas em três grupos: intra-

operatórias, complicações precoces e complicações tardias.

Tabela 2 – Complicações de Traqueostomia

1. Intra-operatórias

a. Sangramento

b. Mau posicionamento do tubo

c. Laceração traqueal e fístula

2. Complicações

precoces

a. Sangramento

b. Infecção da ferida

3. Complicações tardias

a. Estenose traqueal e

subglótica

b. Fístula

Figura 7. Cânula de traqueostomia.

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traqueoesofágica

d. Lesão do nervo laríngeo

recorrente

e. Pneumotórax e

pneumomediastino

f. Parada cardiorrespiratória

c. Enfisema

subcutâneo

d. Obstrução da cânula

e. Desposicionamento

f. Disfagia

traqueoinominada

c. Fístula

traqueoesofágica

d. Fístula traqueocutânea

e. Dificuldade de

extubação

Intra-operatórias

Sangramento. O sangramento das veias jugulares anteriores ou do istmo da tireóide é

facilmente controlado com ligaduras e cauterização cuidadosas. Manter a dissecção na linha

média evita a lesão das artérias carótidas ou veias jugulares.

Mau Posicionamento da Cânula. A presença de sangramento, exposição deficiente das

estruturas, istmo tireoideano intacto, ou inexperiência podem levar a um posicionamento do

estoma, tanto muito alto quanto muito baixo, na traquéia ou, até mesmo, à colocação da cânula

no espaço pré-traqueal. Dificuldade na ventilação, enfisema mediastinal, pneumotórax e

dificuldade em aspirar através da cânula, podem ser sinais de um posicionamento inadequado

desta. O tratamento consiste na imediata remoção e reinserção, ou o estabelecimento da

intubação translaríngea e ventilação.

Laceração Traqueal ou Fístula Traqueoesofágica. Pode ocorrer lesão iatrogênica da parede

traqueal ou da parede esofágica durante o procedimento. Esta complicação pode ser evitada com

uma exposição adequada da traquéia e introdução cuidadosa da cânula.

Lesão do Nervo Laríngeo Recorrente. Pode ocorrer, se a dissecção é, inadvertidamente,

efetuada lateralmente à traquéia. Felizmente, é uma complicação rara. É evitada com a

dissecção restrita à linha média.

Pneumotórax e Pneumomediastino. Pneu- momediastino pode ocorrer devido a um mau

posicionamento da cânula, como descrito anteriormente, que leva à dissecção de ar através do

tecido conjuntivo mediastinal. Pneumotórax pode ocorrer por lesão direta da cúpula pleural, ou

ruptura de uma bolha pulmonar. A incidência de pneumotórax pós-traqueostomia é de 0% a 4%,

em adultos, e 10% a 17% em crianças [11,18] . Em crianças, essa incidência é maior devido ao

freqüente posicionamento da cúpula pleural acima da clavícula. Estudos recentes demonstram

que a radiografia de tórax de controle somente é necessária nos casos onde houve dificuldade de

realização do procedimento ou na presença de sinais ou sintomas de pneumotórax ou

pneumomediastino [14].

Parada Cardiorrespiratória. Ocorre devido à perda do controle das vias aéreas, pode ser

evitada com a manutenção da intubação translaríngea, até que a realização da traqueostomia seja

assegurada e confirmada. Nos pacientes com obstrução das vias aéreas que não possuem

previamente um tubo endotraqueal, a traqueos- tomia é melhor realizada com anestesia local e

sedação mínima.

Complicações Precoces

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Sangramento. O sangramento é a maior causa de complicação no período pós-operatório

precoce [11,19]. Normalmente, sangramentos pequenos podem ser controlados com a elevação

da cabeceira do leito, troca dos curativos e compressão local. Mas sangramentos maiores devem

ser tratados em ambiente cirúrgico, para uma adequada revisão da hemostasia, com ligadura dos

vasos sangrantes. O sangramento vultoso é raro, e geralmente é devido a uma lesão inadvertida

da artéria inominada. Técnicas para minimizar esta complicação incluem: manter sempre a

dissecção na linha média; afastamento lateral dos tecidos por planos anatómicos; e uso da

ligadura, ao invés da cauterização dos vasos sanguíneos.

Infecção da Ferida. A traqueostomia é uma ferida contaminada. Entretanto, abscessos

periostômicos ou celulite são raros, considerando que a ferida é deixada aberta. E, caso ocorram,

são tratados com cuidados locais e antibioticoterapia sistêmica. A antibioticoprofilaxia é contra-

indicada [19].

Enfisema Subcutâneo. Aproximadamente 5% das traqueostomias desenvolvem enfisema

subcutâneo. Normalmente, regride em 48h, mas deve alertar o cirurgião para conferir o correto

posicionamento da cânula, assim como excluir pneumotórax ou pneumomediastino, com uma

radiografia torácica.

Obstrução da Cânula. O correto posicionamento da cânula, humidificação dos gases

ventilatórios, além de irrigação e aspiração contínuas ajudam a prevenir esta complicação. As

cânulas que possuem cânula interna ajudam no manejo desta complicação, pois possibilitam a

retirada e limpeza da cânula interna.

Desposicionamento. O desposicionamento da cânula é mais problemático quando ocorre nos

primeiros cinco a sete dias, pois ainda há um trajeto delimitado da pele até a luz traqueal. Fios

de reparo deixados nos bordos da abertura traqueal, e exteriorizados, auxiliam no

reposicionamento da cânula, especialmente nos pacientes obesos e com pescoço curto.

Disfagia. Alguns pacientes com traqueos- tomia apresentam queixa de sensação de "bolo na

garganta". A disfagia propriamente dita tam- bém pode ocorrer, mas em uma proporção bem

menor.

Complicações Tardias

Estenose Traqueal ou Subglótica. A coloca- ção da cânula traqueal próxima à área da glote,

que ocorre na cricotireoidostomia ou na traqueostomia realizada no primeiro anel traqueal, pode

levar ao edema e eventual estenose subglótica. Já a estenose traqueal é relacionada com a

isquemia mucosa causada pela pressão do cujf [15]. Modernamente, com os cujfs de grande

volume e baixa pressão, esta incidência baixou. Entretanto, a traqueostomia prolongada ainda é

responsável pela maioria das estenoses traqueais benignas [5]. A estenose traqueal pode ocorrer

não só no local do cuff, mas também na ponta da cânula ou no local de abertura traqueal. A

maioria dos pacientes com esta complicação tornam-se sintomáticos entre duas a seis semanas

após a retirada da traqueostomia [13]. Sintomas iniciais são: dispnéia aos esforços, tosse,

incapacidade de limpar secreções e estridor inspiratório ou expiratório. É importante frisar que:

qualquer paciente com estes sintomas, após algum período de intubaçõo ou traqueostomia, deve

ser assumido como portador de obstrução mecânico, até provo em contrário. Estenoses traqueais

sintomáticas devem ser tratadas com ressecção traqueal segmentar e reconstrução, sempre que

possível [3].

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Fístula Traqueoinominada. Felizmente, esta grave complicação ocorre em menos de 1% das

traqueostomias. Um sangramento "sentinela" de sangue vivo ou a pulsação da cânula de

traqueostomia são sinais que devem levar à suspeita desta complicação, e requerem tratamento

cirúrgico imediato. O controle temporário da hemorragia pode ser feito com a hiperinsulflação

do cujf, combinado ou não com a compressão digital direta [3,11].

Fístula Traqueoesofágica. É uma complicação que ocorre em menos de 1% das traqueos-

tomias, porém causa contaminação da árvore traqueobrônquica e interfere na adequada nutrição.

Normalmente é devido à excessiva pressão do cuff da cânula contra uma SNG rígida [13].

Fístula Traqueocutânea. Ocasionalmente, um estoma traqueal não fecha espontaneamente

após a remoção da cânula traqueal, fato que ocorre, principalmente, com a traqueostomia

prolongada. Esta é uma complicação benigna e pode ser tratada com a ressecção do trato

epitelial, permitindo, assim, uma cicatrização secundária [3].

Dificuldade de Extubação. As causas usuais de dificuldade de extubação são a presença de

granuloma ou edema no local do estoma. Alguns granulomas são facilmente ressecados por

loser endoscópico. Por vezes, particularmente em crianças, os pacientes são relutantes em retirar

as cânulas de traqueostomia. Isso pode ser manejado com a troca da cânula por números

progressivamente menores.

Cricotireoidostomia

A cricotireoidostomia consiste no acesso cirúrgico das vias aéreas através da membrana

cricotireóidea. Seu maior uso é no acesso emergencial das vias aéreas, particularmente no

paciente politraumatizado com lesões maxilofaciais graves, onde a intubação translaríngea não

foi possível ou é contra-indicada. Nestas situações, a cricotireoidostomia é muito útil, pois

permite o acesso rápido e seguro às vias aéreas. Não deve ser utilizada eletivamente para acesso

prolongado das vias aéreas e também não deve ser utilizada no grupo pediátrico (abaixo de 10

anos). Toda cricotireoidostomia deve ser convertida para uma traqueostomia formal dentro de

24h a 72h [7,20].

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Figura 8.Técnica para Cricotireoidostomia. Incisão transversa da pele é feita sobre a

membrana da cricotireoidiana, que é posteriormente incisada com o bisturi. Se não

houver mecanismo de tração disponível o cabo do bisturi pode ser colocado no local da

incisão e faz-se posteriormente uma rotação de 90° para abrir a membrana.

Posteriormente é colocado o tubo de traqueostomia.

Sua realização é fácil e rápida devido ao fato de que uma vez incisada a pele, na altura do

espaço cricotireóideo, a próxima estrutura a ser encontrada já é a própria membrana

cricotireóidea. (Fig. 08) Uma vez incisada e dilatada a membrana (que pode ser feito com a

própria lâmina de bisturi), basta a introdução da cânula, que neste caso deve ser de diâmetro

menor (em torno de quatro a seis french). Uma complicação descrita, que é a estenose

subglótica, pode ser evitada com a conversão precoce para uma traqueostomia [7].

Cricotireoidostomia Percutânea (por Agulha)

A cricotireoidostomia percutânea consegue ser um método ainda mais fácil e simples de acesso

das vias aéreas do que a cricotireoidostomia propriamente dita. Este método nada mais é do que

o acesso às vias aéreas, através da membrana cricotireóidea, por meio de uma punção desta

membrana com um extracat [jelco) de grosso calibre. A ventilação pode ser conseguida através

de um alto fluxo de O2 [10 L/min), ou através de um reservatório caso disponível. O

inconveniente desta técnica é que só se consegue uma oxigenação adequada por um espaço

curto de tempo (mas que é suficiente até que um outro método definitivo seja obtido) [10].

O maior uso desta técnica é no manejo de pacientes politraumatizados com urgência de acesso

das vias aéreas, onde os métodos translaríngeos e a cricotireoidostomia são inviáveis ou contra-

indicados (por exemplo, em crianças abaixo de 10 anos, já que a cricotireoidostomia nesta faixa

etária é contra-indicada). Existem também a descrição de sua utilização para a abordagem de

secreções traqueobrônquicas, na limpeza traqueobrônquica e microcirurgia de laringe. Nos

casos de suspeita de corpos estranhos em vias aéreas, a ventilação deve ser feita com um baixo

fluxo de 02 [3,7].

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Traqueostomia Percutânea

A traqueostomia percutânea é um método que permite a introdução de cânulas de

traqueostomia, de diâmetro semelhante ao da traqueostomia convencional, e na mesma

localização que a traqueostomia convencional (3Q e 4Q anéis traqueais), por meio de uma

punção percutânea. Ou seja, é uma traqueostomia realizada sem a dissecção cirúrgica

convencional. Este método foi descrito por Toye & Weinstein, inicialmente em 1969 e,

posteriormente, em 1986 [21]. As vantagens do método são: sua rápida execução; poder ser

realizada à beira do leito lo que torna o método de menor custo); poder ser realizado por não-

especialistas, além de possuir um resultado estético melhor.

É um método que só pode ser utilizado em condições eletivas. É imperativo possuir os kits

próprios para o método. As indicações são, essencialmente, as mesmas da traqueostomia

convencional. Contra-indicações relativas à traqueostomia percutânea incluem: idade precoce

(menos de 16 anos), incapacidade de palpar as cartilagens tireóide e cricóide, uma glândula

tireóide aumentada, anéis traqueais calcificados e discrasias sangüíneas. Uma contra-indicação

absoluta é o seu uso para um acesso de urgência das vias aéreas [3]. O método propriamente

dito consiste na palpação da cartilagem cricóide para que se possa presumir a localização do 2?

ou 3? anéis traqueais. Em seguida, uma agulha é então introduzida na luz traqueal, é passado um

fio-guia metálico, que servirá de guia para a introdução de dilatadores seqüencialmente maiores,

até que se possa introduzir a cânula de traqueostomia propriamente dita.

O entusiasmo inicial do método como uma possibilidade para o amplo uso por não especialistas

foi confrontado por inúmeros casos de complicações descritos na literatura. Apesar de alguns

autores relatarem índices de complicações semelhantes ou inferiores à traqueostomia

convencional, existem estudos que mostram diversas complicações graves, tais como falso

trajeto, pneumotórax e morte, principalmente quando realizada por profissionais pouco

experientes [22,23]. Os resultados da literatura a respeito da eficácia e complicações da

traqueostomia percutânea ainda são conflitantes. Infelizmente, até o momento, não temos estu-

dos prospectivos randomizados publicados que solidifiquem suas indicações e taxas de

complicações.

REFERÊNCIAS: TEXTO E ILUSTRAÇÕES: http://www.medstudents.com.br

Page 133: APOSTILA DE ENFERMAGEM CIRÚRGICA 2010 (1)

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Pós-operatório

1.Deixar um fio único na extremidade da cartilagem aberta em U, que deverá ser tracionado

superiormente para a identificação da abertura traqueal.

2.Deixar fixado na parede, junto ao leito do paciente, uma cânula esterilizada do mesmo

diâmetro da que está no paciente para ser usada em caso de emergência. Na falta de cânula

nova, a cânula que saiu ou obstruiu pode ser rapidamente lavada com SF0,9% ou água corrente

e reinserida.

3.Conferir diariamente a pressão do balão, se possível com manômetro adequado para evitar

lesão da mucosa traqueal. Através de comprovações técnicas e científicas, chegou-se a um

valor que não comprometesse o exato funcionamento da cânula, ao mesmo tempo em

que não causasse uma lesão na parede da traquéia do paciente (traqueomalácia). Esta

pressão foi mensurada entre 18 e 25 cmH2O. Este tipo de mensuração só pode ser

realizado através de um cufômetro aferido.

4.Umidificar o ar ou oxigênio inspirado.

5.Fazer fisioterapia respiratória e aspiração cuidadosa das secreções traqueobrônquicas.

6.Manter curativo limpo ao redor da ferida cirúrgica.

7.Orientar a enfermagem sobre a reinserção da cânula traqueal em caso de descanulação.

8.Nas traqueostomias permanentes, trocar a cânula metálica uma semana antes da alta.

9.Limpar a cânula interna da traqueostomia metálica 3x por dia para evitar obstrução

10.Trocar a cânula metálica a cada 1-2 meses e a maleável a cada mês.

11.Broncoscopia de controle no pós-operatório tardio, para avaliar a possibilidade de

descanulação.

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CIRURGIAS DO APARELHO DIGESTÓRIO

COLOSTOMIA E ILEOSTOMIA

A colostomia é uma criação cirúrgica de uma abertura (estoma) no cólon. Ela pode ser

criada como uma derivação temporária ou permanente. Ela permite a drenagem ou a

evacuação dos conteúdos do cólon para fora do corpo. A consistência da drenagem

está relacionada ao local da colostomia, que é ditada pela localização do tumor e a

extensão da invasão nos tecidos ao seu redor. Com a melhoria das técnicas cirúrgicas, as

colostomias são feitas agora em menos de um terço dos pacientes com câncer colorretal.

Ileostomia ou colostomia permanente: forma paliativa de lesão obstrutiva sem

possibilidade de ressecção.

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Page 136: APOSTILA DE ENFERMAGEM CIRÚRGICA 2010 (1)

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Ações de enfermagem

A colostomia é irrigada para esvaziar o cólon de fezes, gás ou muco, limpar o trato do intestino

inferior e estabelecer um padrão regular de evacuação de forma que a pessoa possa ter uma vida

normal. Uma hora recomendável é selecionada, preferencialmente após as refeições, de forma

que essa hora seja compatível com o padrão de atividade pós-hospitalar do paciente. A

irrigação deve ser realizada todos os dias no mesmo horário.

Antes do procedimento, o paciente senta na cadeira em frente do vaso ou no próprio

vaso. Um recipiente de irrigação com 500 a 1.500 ml de água é pendurado 45 a 50 cm

acima do estoma ( altura do ombro quando o paciente está sentado). Curativos ou bolsa

são removidos. O seguinte procedimento é usado: o paciente é ajudado a participar no

procedimento de forma a aprender a realizá-lo sem assistência.

1.Aplique uma conexão ou uma bainha no estoma. Coloque a ponta final na comadre.

2.Permita que parte da solução flua pelo tubo e cateter.

3.Lubrifique o cateter e, delicadamente, introduza-o no estoma. Não introduza o cateter

mais do que 8 cm. Segure a bainha/tubo delicada mas firmamente contra o estoma, para

evitar retorno de água.

4.Se o cateter não entrar facilmente, permita que a água flua devagar enquanto avança o

cateter. Nunca force o cateter!

Page 137: APOSTILA DE ENFERMAGEM CIRÚRGICA 2010 (1)

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5.Permita que líquido tépido entre no cólon devagar. Se houver cólicas, feche o tubo

com um grampo e permita que o paciente repouse antes de prosseguir. A água deve fluir

durante 5 a 10 minutos.

6.segure a bainha/tubo no lugar 10 segundos após a água ter sido instilada; então,

remova-a delicadamente.

7.Espere 10 a 15 minutos para a maioria do retorno; então, seque o final da

conexão/bainha e prenda-a ao topo, ou aplique o grampo apropriado ao final da

conexão.

8.Deixe a conexão/bainha no lugar por cerca de 30-45 minutos, enquanto o paciente se

levanta e caminha por perto.

9.Limpe a área com um sabão suave e água e seque-a.

10.Recoloque o curativo da colostomia ou a bolsa.

COLOSTOMIA

Pré-operatório:

1.O preparo físico para a cirurgia envolve aumentar a estamina do paciente nos dias que

precedem a cirurgia e limpar o intestino no dia anterior ao da cirurgia;

2.Dieta rica em líquidos, 24 a 48 horas antes da cirurgia,para diminuir a massa;

3.Dieta rica em proteínas, calorias e carboidratos e pobre em resíduo é recomendada, por vários

dias, antes da cirurgia, para fornecer uma nutrição adequada e minimizar as cólicas pela

diminuição da peristalse;

3.Se o paciente estiver no hospital nos dias que precedem a cirurgia, NPT pode ser necessária

para repor nutrientes que estão em falta, vitaminas, minerais.

4.Antibióticos como o sulfato de canamicina (Kantrex), eritromicina e o sulfato de neomicina

são administrados um dia antes da cirurgia para reduzir a bactéria intestinal.

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5. O intestino é limpo com laxativos, enemas ou irrigações colônicas na tarde que antecede a

cirurgia e na manhã de sua realização.

6.Registro do balanço hídrico.

7.Antieméticos são administrados CPM.

8.Dieta zero.

9.SNG : drenar líquidos acumulados e prevenir distensão abdominal

Pós-operatório:

1.Monitorização quanto às complicações, como vazamento no local anastomosado, prolapso do

estoma, perfuração, retração do estoma, impactação fecal e irritação da pele, assim como

complicações pulmonar e associadas com a cirurgia. O abdome é monitorizado para o retorno

da peristalse e as características das fezes iniciais são avaliadas.

2.A ferida abdominal é examinada freqüentemente, durante as primeiras 24 horas, para detectar

sinais de hemorragia.

3.O estoma é examinado para inchaço ( pequeno edema devido a manipulação cirúrgica é

normal), cor ( um estoma saudável é rosa), drenagem ( uma pequena quantidade de perda de

secreção é normal) e sangramento ( um sinal anormal).

4.A colostomia começará a funcionar de 3 a 6 dias após a cirurgia.

5. O cuidado com a pele periostomal é uma preocupação contínua porque a escoriação ou

ulceração pode se desenvolver rapidamente.

6.Problemas de pele incluem infecções por fermentação e dermatite alérgica.

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7. O paciente é orientado para proteger a pele periostomal lavando frquentemente a área com

um pano macio e úmido e sabão neutro.

8.Alimentos que causem excessivo odor e gases são evitados: repolho, ovos, peixe, feijões e

produtos de celulose como amendoim.

Alimentos que podem causar diarréia: frutas, alimentos ricos em fibras, soda, café, chá ou

bebidas carbonatadas. Para constipação, ameixas, sucos de maçã ou laxativo leve. Beber 2 litros

de líquidos por dia.

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Fonte: http://www.apostomizados.com

Page 141: APOSTILA DE ENFERMAGEM CIRÚRGICA 2010 (1)

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Fonte: http://www.murrasaca.com

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2.ILEOSTOMIA

Mudar um dispositivo de ileostomia é necessário para evitar vazamento (a bolsa

geralmente é trocada a cada 2 ou 4 dias), para permitir o exame da pele ao redor do

estoma e ajudar no controle do odor, se isso constituir problema. O dispositivo deve ser

mudado a qualquer momento que o paciente se queixar de queimação ou coceira por

debaixo do disco ou dor na área do estoma; mudanças de rotina deveriam ser realizadas

pela manhã, antes do café da manhã, ou 2 ou 4 horas após a refeição, quando o intestino

está menos ativo.

FONTE: http://www.abraso.org.br

Ações de enfermagem

1.Promover o conforto do paciente e envolve-lo no procedimento.

Faça com que o paciente assuma uma posição relaxada.

Proporcione privacidade.

Explique detalhes do procedimento.

Exponha a área da ileostomia; remova o cinto da ileostomia ( se estiver usando)

2.Remova o dispositivo.

Faça com que o paciente se sente no vaso sanitário ou em uma cadeira de frente para o

vaso. Se o paciente preferir ficar de pé, deve ficar de frente para o vaso sanitário.

O dispositivo (bolsa) pode ser removido puxando-se delicadamente a pele de maneira

oposta ao adesivo.

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3.Limpar a pele:

Lavar a pele delicadamente com um pano macio e úmido, usando água morna e um

sabonete neutro; o paciente pode preferir tomar um banho antes de colocar o dispositivo

limpo.

Enxágüe e seque a pele totalmente, após limpa-la.

4.Aplicar o dispositivo (quando não houver irritação da pele):

Um apropriado protetor de pele é aplicado na pele periostomal antes de a bolsa ser

aplicada.

Remova a tampa da superfície adesiva do disco da bolsa plástica descartável e aplique

diretamente na pele.

Pressione firmemente no lugar por 30 segundos, para garantir a aderência.

5.Aplique o dispositivo (quando houver irritação da pele):

Limpe a pele completa e delicadamente; seque-a com pequenos toques.

Aplique spray de Kenalog; retire o excesso de umidade com um pedaço de algodão e

aplique levemente nistatina em pó.

6.Cheque o fundo da bolsa para ver se está bem fechada; use um elástico ou um

pregador.

ILEOSTOMIA

Pré-operatório

1.Reposição hídrica e protéica antes da cirurgia.

2. Antibiótcos CPM

3.Se o paciente estiver fazendo uso de corticóides, estes serão mantidos durante a fase cirúrgica.

Geralmente, é dada ao paciente uma dieta pobre em resíduo oferecida em pequenas e freqüentes

refeições.

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4. O abdome é marcado para a coloração correta do estoma pelo cirurgião, geralmente no

quadrante inferior direito, cerca de 5 cm abaixo da cintura, em uma área longe de cicatrizes

anteriores, proeminências ósseas, dobras de pele ou fístulas.

Pós-operatório

5.A ileostomia é monitorizada para a drenagem das fezes, que deveria começar cerca de 72

horas após a cirurgia. A drenagem é líquido contínuo do intestino delgado, porque o estoma não

tem o controle dos esfíncteres. Os conteúdos drenam na bolsa plástica e são, então, mantidos

fora do contato com a pele.

6.Como esses pacientes perdem muitos líquidos nos primeiros períodos de pós-operatório (

cerca de 1.000 a 2.000 ml de líquidos/dia), com isso, sódio e potássio são perdidos.

7.Os líquidos são dados endovenosamente para repor perdas líquidas durante 4 a 5 dias.

8.Sucção nasogástrica também é parte do cuidado pós-operatório, cujo objetivo é prevenir o

acúmulo do conteúdo gástrico. Náuseas e distensão abdominal são observadas como sinais de

obstrução e são relatadas imediatamente.

9.Encorajar o paciente à deambulação precoce.

10.Analgésicos são administrados CPM.

11.O estoma deve ser checado 3 semanas após a cirurgia, quando passar o edema. O tamanho

final e o tipo de dispositivo podem ser selecionados em 3 meses, após o paciente ter estabilizado

e o estoma diminuído para uma forma estável.

12. Geralmente, o estoma da ileostomia tem cerca de 2,5 cm de comprimento, o que o torna

conveniente para o encaixe do dispositivo.

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13.A escoriação da pele ao redor do estoma, reação alérgica ao dispositivo da ostomia ou ao

protetor da pele ou à pasta; irritação química do efluente; dano mecânico devido à remoção dos

dispositivo; e possível infecção. Se a irritação e o crescimento de fermentação estiverem

presentes, nistatina em pó é aplicada levemente na pele periostomal.

14.Um agendamento regular para trocar a bolsa antes que o vazamento ocorra precisa ser

estabelecido para aqueles com uma ileostomia tradicional.

15.O período de tempo durante o qual a pessoa pode manter o dispositivo fechado na superfície

do corpo depende da localização do estoma e da estrutura do corpo. Geralmente, o tempo

normal de usá-lo é de 5 a 7 dias. O dispositivo é esvaziado a cada 4 ou 6 horas, ou ao mesmo

tempo em que o paciente esvazia a bexiga. Um tubo de esvaziamento no fundo do dispositivo

está fechado com clipe especial feito para isso.

16.Muitas bolsas são descartáveis e à prova de mau cheiro. Alimentos como espinafre e salsa

agem como desodorantes no trato intestinal; alimentos que causam odor incluem: repolho,

cebola e peixe. Tabletes de subcarbonato de bismuto, que podem ser prescritos e tomados por

via oral 3 ou 4 vezes ao dia, são eficazes na redução do odor. Um espessante de fezes, como o

difenoxilato (Lomotil), também pode ser prescrito para ser tomado VO e ajudar no controle da

dor.

17.Para uma ileostomia continente (bolsa de Kock), um cateter é inserido no reservatório para

drenar o líquido e irrigado 1 x ao dia. A bolsa não é necessária; em vez disso, a maioria dos

pacientes usa um pequeno curativo sobre a abertura.

18.Quando a descarga das fezes é espessa, água pode ser injetada através do cateter para soltá-

las e amolecê-las. A consistência do efluente é afetada pela ingesta de alimentos. Inicialmente, a

drenagem é de apenas 60 a 80 ml, mas, à medida que o tempo passa, ela aumenta

significativamente. A bolsa interna de Kock esticará, acomodando, eventualmente, 500 a

1000ml. O paciente se guia pela sensação de pressão na bolsa para determinar com que

freqüência ela deve ser esvaziada.

19.Uma dieta com pouco resíduo é seguida pelas primeiras 6 ou 8 semanas. Frutas espremidas e

legumes e fontes de vitaminas A e C são dados. Mais tarde haverá poucas restrições dietéticas,

Page 146: APOSTILA DE ENFERMAGEM CIRÚRGICA 2010 (1)

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com exceção de alimentos ricos em fibras ou sementes difíceis de digerir, como aipo, pipoca,

milho, sementes de papoula, sementes de coco. Os alimentos são introduzidos um de cada vez.

20.Líquidos como Gatorade são de ajuda na manutenção do equilíbrio eletrolítico. Se o efluente

(descarga fecal) é muito agudo, alimentos fibrosos são restritos. Se o efluente for

excessivamente periostomal é devida ao vazamento de líquidos. Diarréia, manifestada pelos

líquidos muito irritantes que logo enchem a bolsa, pode rapidamente levar a desidratação e

perda de eletrólitos. São administrados água, sódio,potássio como suplementação para prevenir

hipovolemia e hipocalemia.

21.Administrar agentes antidiarréicos CPM.

22.A estenose é causada por tecido cicatrizante circular no local do estoma. O tecido

cicatrizante precisa ser retirado.

23.Cálculo urinário ocorre em cerca de 10%, por causa da desidratação secundária à diminuição

da ingesta de líquidos. Intensa dor abdominal inferior que irradia para as pernas, hematúria e

sinais de desidratação indicam que a urina deve ser colhida.

24.A ingesta hídrida é encorajada.

25.Colelitíase devido ao colesterol ocorre 3 vezes mais freqüentemente do que na população em

geral por causa das mudanças na absorção de ácidos biliares que ocorre no pós-

operatório.Espasmo de vesícula biliar causa dor abdominal direita superior intensa, que pode

irradiar para as costas e ombro direito.

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COMPLICAÇÕES CIRÚRGICAS

Ileostomia Colostomia

1.Desidratação

2.Distúrbios eletrolíticos e ácido-básicos

3.Infecção da parede

4.Obstrução do estoma por alimentos

sólidos

5.Dermatites periostomais

6.Obstrução por bridas e aderências

7.Hérnia incisional periostomal

8.Varizes periestomais

9.Abscesso peristômico

10.Isquemia e necrose do estoma

11.Fístula intestinal

12.Estenose do estoma

13.Prolapso

14.Granuloma

15.Sangramento exagerado

1.Infecção da parede

2.Hérnia incisional periostomal

3.Prolapso intestinal

4.Deiscência da sutura mucocutânea

5.Escoriação da pele por secreção

intestinal

6.Fecaloma do cólon distal

7.Perdas hidroeletrolíticas por diarréia

8.Sangramento da mucosa colônica

9.Obstrução por bridas e aderências

10.Retração do estoma

11.Estenose do estoma

12.Fístula intestinal

13.Isquemia ou necrose do estoma

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GASTROSTOMIA

Fonte: http://www.colegiosaofranscsco.com

A gastrostomia é um procedimento cirúrgico para criar uma abertura no estômago com o

propósito de administrar alimentos e líquidos. Em alguns momentos, a gastrostomia é usada

para nutrição prolongada, como no idoso ou no paciente debilitado. A gastrostomia é

preferível às alimentações NG nos pacientes comatosos porque o esfíncter gastroesofagiano

permanece intacto. Assim, a regurgitação é menos provável de ocorrer na gastrostomia do que

com as alimentações NG. Diferentes tipos de alimentações por gastrostomias podem ser

usadas: a Stamm (temporária e permanente), Janeway (permanente) e gastrostomia endoscópica

percutânea (temporária). As gastrostomias Stamm e o Janeway requerem tanto uma incisão

na linha média abdominal superior como uma incisão transversa no quadrante superior

esquerdo. O procedimento de Stamm requer o uso de suturas em bolsa concêntrica para

segurar a sonda na parede gástrica anterior. Para se criar uma gastrostomia, uma ferida

de saída é criada no quadrante superior esquerdo do abdômen como acesso para a

gastrostomia. O procedimento de Janeway necessita da criação de um túnel (chamado

tubo gástrico) que é exteriorizado através do abdômen para formar um estoma

permanente.

O propósito do procedimento cirúrgico é explicado de forma que o paciente tenha um

melhor entendimento do curso pós-operatório esperado. O paciente precisa saber que o

propósito da cirurgia é fazer uma ponte (bypass) na boca e esôfago de forma que os

alimentos líquidos possam ser administrados diretamente no estômago por meio de

uma sonda de borracha ou plástico ou de uma prótese. Se a prótese será permanente,

o paciente deve ser avisado. Do ponto de vista psicológico, é muito difícil para o

paciente aceitá-la. Quando o procedimento é realizado para aliviar o desconforto, o

vômito prolongado, a debilidade e a dificuldade de se alimentar, o paciente acha o

procedimento mais aceitável.

Ações de enfermagem

Page 149: APOSTILA DE ENFERMAGEM CIRÚRGICA 2010 (1)

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A enfermeira avalia as condições da pele do paciente e determina se um atraso na

cicatrização da ferida pode ser esperado por causa de disfunções sistêmicas (p.ex.

diabetes mellitus, câncer).

No período pós-operatório, as necessidades nutricionais e líquidas são avaliadas

para garantir uma ingesta de alimentos e de líquidos apropriada. A enfermeira observa

o estado da sonda quanto a uma manutenção apropriada, assim como da ferida quanto

a quaisquer sinais de infecção. Ao mesmo tempo, o paciente é avaliado quanto à sua

resposta à mudança da imagem corporal e a um entendimento dos métodos de

realização do procedimento de alimentação.

O primeiro alimento líquido é administrado logo após a cirurgia, geralmente

consistindo em água e 10% de glicose. Inicialmente são fornecidos apenas 30 a 60 ml

de cada vez, mas essa quantidade é aumentada gradualmente. No segundo dia, de 180 a

240ml podem ser dados de uma só vez, se essa quantidade for tolerada e não houver

vazamento de líquidos ao redor da sonda. Água e leite podem ser administrados após

24 horas, através de uma gastrostomia permanente. Líquidos altamente calóricos são

adicionados gradativamente. Em algumas circunstâncias, no período pós-operatório

recente, a enfermeira aspira as secreções gástricas e readministra-as, após adicionar

alimentação suficiente para atingir o volume total desejado. Por esse método, é evitada a

dilação gástrica.

Um pequeno curativo pode ser fixado sobre a saída da sonda e a sonda de

gastrostomia pode ser presa no local por uma fita adesiva, que é primeiramente torcida

na sonda e, então, presa firmemente ao abdômen. O curativo protege a pele ao redor da

incisão do vazamento de ácido gástrico e do derramamento dos alimentos.

Durante o curso pós-operatório, a enfermeira monitoriza o paciente para

complicações potenciais. As complicações mais freqüentes são infecção da ferida e

outros problemas relacionados, incluindo celulite local e abscessos na parede

abdominal. Como muitos pacientes que recebem alimentos por sonda estão debilitados

e têm o estado nutricional comprometido, quaisquer sinais de infecção são prontamente

comunicados ao médico de forma que a antibioticoterapia apropriada possa ser

instituída.

Page 150: APOSTILA DE ENFERMAGEM CIRÚRGICA 2010 (1)

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Sangramento gastrintestinal no local da punção no estômago também pode

ocorrer. Os sinais vitais do paciente são monitorizados de perto, e toda a drenagem

do local operado, vômitos e fezes são observados para evidência de sangramento.

Quaisquer sinais de sangramento são comunicados prontamente.

A remoção prematura da sonda, tanto feita pelo paciente quanto pela pessoa

responsável pelo cuidado, ou inadvertidamente, é outra complicação. Se a sonda for

retirada prematuramente, a pele é limpa e um curativo estéril é feito; o médico é

notificado imediatamente. O trajeto fechará dentro de 4 a 6 horas se a sonda não for

reposta.

A pele ao redor da gastrostomia requer um cuidado especial, porque ela pode se

tornar irritada devido à ação enzimática dos sucos gástricos que vazam ao redor

da sonda. Se não for tratada, a pele se torna macerada, vermelha, ferida e dolorida. A

área ao redor da sonda é lavada com água e sabão diariamente, bem enxaguada e

seca. Qualquer incrustração é removida com soro e lavada com água. Quando o

estoma cicatriza e não há nenhum vazamento, é necessário fazer um curativo. A pele no

local da sonda é avaliada diariamente para sinais de solução de continuidade, irritação,

escoriação e presença de drenagem ou vazamento gástrico.

Cuidados pré-operatórios

1.Orientar o paciente quanto ao procedimento.

2.Antibioticoprofilaxia: dose única de cefalotina ou cefalozina imediatamente antes do

procedimento.

3.Jejum: 6 a 8 horas antes do procedimento.

Cuidados pós-operatórios

1.Início da dieta pela gastrostomia: Administrada em pequenos volumes cerca de 4 a

6 horas após a gastrostomia endoscópia percutânea (GEP) e 2 a 3 dias após a

gastrostomia convencional. Pode se iniciar com água a temperatura ambiente ou glicose

a 10%, com 30 a 60 ml a cada 3 horas no adulto ou 1ml/kg de cada vez na criança.

Dobra-se o volume se a tolerância for boa em 2 ou 3 administrações consecutivas.

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2.Volume da dieta na gastrostomia: Adulto: Bolos de 300 a 500ml cada vez, através

de sinfonagem ou BIC em 10 a 15 minutos. Nos pacientes com refluxo, retardo no

esvaziamento gástrico, diarréia e distúrbios da absorção: infusão lenta.

3.Volume da dieta na jejunostomia: Iniciada com 24 horas, com uma fórmula com

1caloria/ml, numa velocidade de 20 a 30ml/h no 1º dia, com aumento progressivo para

50 a 60 ml no 2º dia e aumentando o aporte previsto (entre 60 a 90 ml/hora deinfusão

contínua).

4.Cuidados com a sonda:

* Se a sonda usada não tem um anteparo externo, fixar a sonda à pele com esparadrapo,

para evitar migração para o duodeno.

* Medir e anotar o comprimento externo do cateter para identificar eventual migração, e

tracionar o cateter para a posição medida antes de refixá-lo.

*Na GEP, evitar remover, trocar ou desinsuflar o balão da sonda nas primeiras 3 a 6

semanas após a sua colocação, pelo risco de afastamento do estômago da parede

abdominal.

*Lavar as mãos antes e depois de manipular a gastrostomia e as conexões.

*Lavar a sonda diariamente com 5-10ml de SF0,9% para manter a perviedade.

*Verificar resíduo antes da dieta.( Pacientes neurológicos frequentemente apresentaam

gastroparesia sem que isso indique redução ou suspensão da dieta gástrica).

*Reinserir imediatamente novo cateter ou sonda em caso de saída acidental da sonda,

pois a abertura pode se fechar em menos de 6 horas.

*Dispositivos tipo BOTTON-G OU MIC-KEY não permitem aspiração do conteúdo

gástrico ( válvula de contenção0.

*Entre 8 a 12 semanas após a cirurgia, o cateter ou sonda de Foley poderá ser trocado

por um dispositivo do tipo BOTTON-G OU MIC-KEY.

*Preferencialmente, infundir a dieta por gavagem em 30 minutos.

*Fazer controle periódico com o cirurgião.

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5.Cuidados com a pele em volta da gastrostomia:

* Limpar com SF0,9% ou lavar com água e sabão, enxugar bem, 2 x ao dia.

*Manter um curativo com gaze seca em torno da saída da sonda.

*Nos pacientes com vazamento ou tendência à irritação da pele, proteger com retalho de

hdrocolóide recortado para ser encaixado em volta da sonda ou passar pasta protetora

(de alumínio).

6.Jejunostomia:

*Fixar a sonda com curativo na pele.

*Manter a perva com perviedade da sonda com infusão diária de 5-10ml de SF0,9%

com seringa.

*Usar dieta enteral por gavagem ou por BIC.

Complicações:

Gastrostomia:

A mortalidade por complicações é de 0,5% a 1%.

*Peritonite, abscesso intra-abdominal e sepse: Acontece nas GEP que desenvolvem

sepse. Se apresentação de fístula e vazamento, indicar imediatamente a cirurgia para

tratar a fístula e manter a gastrostomia aberta com jejum de pelo menos 3 dias, e se

preciso, NPT.

*Pneumonia por aspiração: Acontence em pacientes com refluxo esofágico, tosse ou

engasgo. Usar uma sonda fina transpilórica passada pela gastrostomia ou preferir uma

jejunostomia.

*Hemorragia: Devido à incisão. Observado através do aspirado gástrico.

*Infecção local: Celulite e abscesso. São tratados com drenagem local e ATB.

*Saída aciental da sonda: Ocorre por tração da sonda ou ruptura do balão ou

relaxamento do orifício. Uma nova sonda (ou a mesma, após a higienização) deve ser

reintroduzida em poucas horas, para evitar que o mesmo se feche.

*Alterações da pele em volta da gastrostomia: Dermatite devido ao ácido das

secreções: hiperemia, irritação, maceração, escoriações, abrasões ou úlceras. Utiliza-se

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antiácido mineral (Hidróxido de alumínio e magnésio em forma de suspensão = deixar

decantar o conteúdo e passar ao redor da sonda).

Candidíase: cremes de nistatina ou miconazol associada às medidas de proteção.

Jejunostomia:

*Saída da sonda: Ocorre por deficiência na fixação. Repete todo o procedimento.

*Migração da sonda para o peritônio: Peritonite grave: tratamento cirúrgico.

*Infecção local: Celulite, abscesso de parede: Cuidados locais, drenagem e ATB.

*Outras: obstrução do cateter, volvo intestinal, obstrução por angulação da alça,

necrose intestinal, pneumatose, distensão abdominal, diarréia por “dumping”, irritação e

lesão de pele.

Fontehttp://www.gi.org/patients/gihealth/images/gastroparesis1.gif

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FONTE:http://2.bp.blogspot.com

FONTE: http://www.smartimagebase.com/imagescooked/28293W.jpg

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FONTE: http://www.tamussino.com.br/Fotos/

FONTE: http://grupomoravi.com/images/0001700588.jpg

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FONTE: http://w3.uniroma1.it/step/nad/manuale/med_cerotto.jpeg

FONTE: http://3.bp.blogspot.com/

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FONTE: http://misodor.com/martin.JPG

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GASTRECTOMIA

CÂNCER GÁSTRICO

Tratamento cirúrgico: Gastrectomia parcial ou radical.

Cuidados pré-operatórios:

1.ATB 1 antes da cirurgia (cefalozina).

2.SNG, SVF, AVcalibroso.

3.Monitorização padrão para cirurgia de grande porte em paciente grave.

4.Nos casos em que houver possibilidade de ressecção colônica, garantir preparo

adequado do cólon.

Cuidados pós-operatórios:

1.ATB : Mantida por mais de 24 horas após o fim da cirurgia.

2.ANALGESIA: Epidural com fentanil e bupivacaína por 3 a 5 dias, seguida de opióide

por VO ou parenteral.

3.Fisioterapia pulmonar: exercícios respiratórios para a remoção de secreções e

prevenção de atelectasias.

4.Hemotransfusão: Se Hg < 9mg/dl e houver complicações cardiorespiratórias, ou < 7

g/dl, independetemente de repercussões.

5.Retirada da SNG: Raramente é usada, mas se tiver sido deixada, retirá-la assim que o

volume drenado for baixo e reaparecerem os ruídos peristálticos.

6.Início da dieta: Precoce. No dia seguinte à cirurgia, nos pacientes com SNE ou

jejunostomia. Por VO, a dieta é reintroduzida no 3º ou 4º dia pós-operatório nas

anastomoses com estômago. Quando a anastomose for com o esôfago, reintroduzir a

dieta oral após 7 a 10 dias, mantendo o suporte nutricional por via enteral ou parenteral.

Começar com dieta líquida em pequenos volumes e progredir para dieta livre, conforme

tolerância.

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FONTE: http://www.clinicaq.com.br/imagens/obes6.jpg

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FONTE: http://www.cirugiabariatrica.net/img_articulos/img_a4_867562.jpg

FONTE: http://www.drgustavopeixoto.com.br/images/foto_03.jpg

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FONTE: http://www.w7.com.pt/as/images/stories/sleeve.jpg

GASTROPLASTIA

Cuidados pré-operatórios

1.Avaliação do clínico geral ou endocrinologista.

2.Avaliação do cirurgião.

3.Avaliação do psiquiatra ou psicólogo.

4.Avaliação do nutricionista.

5.Avaliação do anestesista.

6.Consentimento e comprometimento por parte do paciente. (Risco de mortalidade nos

transoperatório, pós-operatório imediato e tardio até 3meses)

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Pré-operatório imediato

1.Avaliação pré-anestésica: avaliar sinais de intubação difícil. Evitar uso de sedativos

pesados nos pacientes com apnéia do sono.

2.Heparinização profilática com heparina de baixo peso molecular SC iniciada cerca de

12h antes da cirurgia, para evitar TVP,mantida até o 10º dia de pós-operatório.Nos

casos de risco deve ser mantida até o 30º dia.

3.Manter os medicamentos anti-hipertensivos e antiarritmicos e suspender os

hipoglicemiantes orais, substituindo-os por insulina.

4.Um preparo intestinal com laxantes nos dois dias anteriores aos pacientes

constipados.

5.Jejum completo, inclusive líquidos, a partir da meia noite.

6.ATB profilaxia com cefalozina no início da cirurgia e durante a cirurgia a cada 2h.

Não é necessário usar no pós-operatório.

Cuidados iniciais no bloco cirúrgico:

1.È prudente a presença de 2 anestesistas na hora da intubação e indução anestésica e

para manter uma monitorização completa.

2.Monitorização do débito urinário (SVF): Pacientes com comorbidades graves e para

facilitar os cuidados no pós-operatório imediato no obeso grave.

3.Posicionar o paciente corretamente na mesa: Evitar úlcera de pressão e lesões

nervosas (ciático, femoral, cutâneo lateral e ulnar).

4.Uso de meias elásticas compressivas ou equipamento de compressão intermitente das

pernas: reduzir o risco de TVP.

Pós-operatório imediato:

1.Posicionar o paciente em decúbito lateral ou com cabeça elevada, monitorizar

saturimetria até que ele esteja bem desperto.

2.Evitar sedativos nos pacientes com história de apnéia do sono.

3.O risco de hipoventilação, aspiração pulmonar e PCR súbita é maior nos obesos

mórbidos.

4.Fisioterapia respiratória para evitar atelectasias.

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5.Deambulação precoce: evitar TVP.

6.Reinínio da dieta: iniciar com água e alimentos líquidos em pequenos volumes (20ml

a cada 5 minutos) após 48 a 72h.

7.Retirada dos drenos: Drenos de Jackson-Pratt ou Blake: no tecido SC até a alta (2 a 6

dias) e na cavidade peritoneal próximo às anastomoses (retirado com 30 dias).

Complicações cirúrgicas precoces:

1.Conversão laparoscópica para aberta: hemorragia de difícil controle, lesão

esplênica ou perfuração gástrica acidental.

2.Seromas e coleções na parede: drenam espontâneamente ou são esvaziadas por

punção ou drenagem.

3.Infecção da ferida cirúrgica: 10% = convencional e 2% = laparoscopia.

4.Atelectasia: Nas primeiras 24h e cursa com taquicardia,, febre, queda da saturação.

Fisioterapia respiratória: reduz o risco.

5.Tromboembolismo pulmonar: Ocorre em 1%.Causa morte súbita no POI.

Heparinização profilática, uso de meias elásticas e deambulação precoce reduzem a

chance do evento. Quando evolui para a PCR, é difícil a manobra de compressão

torácica, devido a grande quantidade de tecido adiposo.

6.IAM: Ocorre 1% a 2%. Ocorre no POI. 2ª causa de morte depois do

tromboembolismo.

7.Hérnia incisional: Ocorre em 10% a 15% dos casos. Para evitá-la: fechamento

adequado da parede e uso de fios inabsorvíveis mais grossos que o habitual. Evitar

atividades físicas que forcem o abdômen por 6 meses.

8.Ruptura da anastomose, peritonite aguda e fístula: Ocorre em 1% a 6% dos casos.

A ocorrência é menor nas cirurgias laparoscópicas.

9.Vômitos incoercíveis no pós-operatório: Usar antieméticos, hidratação venosa e

tiamina (vitamina B1) parenteral, pois há relato de casos de encefalopatia de Wenick1

nesses casos.

1Síndrome de Wernicke-Korsakoff é uma encefalopatia causada pela deficiência de

tiamina, e é observada principalmente em alcoólatras, mas pode também ocorrer

também nos casos de desnutrição, hiperemese gravídica e em pacientes que fazem

uso de nutrição parenteral sem tiamina. Afeta igualmente homens e mulheres sem

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idadepreferencial.

Encefalopatia de Wernicke é caracterizada por nistagmo, paralisia do nervo

abducente (VI nervo) e do olhar conjugado, além de ataxia cerebelar e alterações

mentais.

10.Outras intercorrências: Dor, febre, distensão abdominal, dificuldades respiratórias,

retenção urinária, úlceras gástricas, raddomiólise1.

(1Rabdomiólise é uma síndrome resultado de danos na musculatura.É também a lesão do

músculo esquelético seguida pelo rompimento da célula e liberação do seus constituintes

no plasma.)

Alimentação após a cirurgia

Alimentação do 1º mês:

1.Líquidos:Tomar pelo menos 2 litros de líquidos por dia, adoçados com adoçantes. O açúcar

deve ser evitado. Tomados no volume de 20 ml em intervalos de 5 a 10 minutos. Se o paciente

tomar volumes maiores: vomitar, sentir dor, mal-estar e aumenta o risco de deiscência.

Alimentação líquida exclusiva e de baixo teor calórico nos primeiros 15 dias: todos os

alimentos são líquidos (peneirados ou batidos).

Alimentação líquida e pastosa entre 15 e 30 dias: Alimentos de alta concentração calórica são

proibidos: causam síndrome de dumping, diarréia, distensão abdominal e rebote metabólico

como tonteira, sudorese, taquicardia, náusea, vômito e desmaios, além de perder pouco peso.

Alimentação a partir de 30 dias após a cirurgia: dieta sólida liberada de forma cuidadosa e o

paciente precisa lembrar que o estômago , agora, é pequeno.

*Iniciar com alimentos bem cozidos e de fácil digestão.

*Sempre mastigar muito os alimentos, cortá-los em pedaços pequenos.

*Cada garfada deve ter menos de uma colher de chá de volume e intervalos de meio a um

minuto entre as garfadas: 30 minutos para cada refeição (200 g de comida ou 4 a 6 colheres de

sopa de comida ou um pires de comida).

*É fundamental realizar 5 a 6 refeições lentas, calmas e sossegadas e de pequeno volume por

dia.

*Dar prioridade a alimentos ricos em proteínas para evitar a desnutrição protéica.

*Evitar pedaços grandes de carne, pão e o bagaço ou parte fibrosa das frutas.

*Evitar doces ou ingeri-los em pequenas quantidades depois do almoço e jantar.

*Bebidas alcoólicas e refrigerantes gasosos devemser evitados nos primeiros 6 meses após a

cirurgia pois causam malestar, sensação de distensão gástrica, náuseas e vômitos.

*Deve ser mantida a orientação de tomar 2 litros de líquidos por dia.

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Complicações crônicas ou tardias:

*Dumping

*Flatulência e mau-cheiro das fezes

*Vômitos intratáveis

*Distúrbios metabólicos.

*Depressão aguda no pós-operatório.

*Estenose das anastomoses.

*Problemas nutricionais (Anemia por deficiência de ferro ou vitamina B12 e hipoalbuminemia).

*Outras complicações: úlceras e estenoses das bocas anastomóticas, hérnias internas,

deslizamento da bandagem ajustável, deiscência de suturas ou linhas de grampeamento,

colelitíase, impactação alimentar no esôfago.

*Suplementação nutricional: ferro, cálcio,polivitamínicos e vitamina B12 de acordo com a

necessidade.

Gastroplastia Y de Roux

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Gastroplastia vertical de Mason

Gastroplastia vertical com bandagem

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Gastroplastia com técnica de Scopinaro

FONTES das ilustrações : www.geocities.com/paulomaciell/index2000.htm

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NUTRIÇÃO ENTERAL

1.Checar o resíduo gástrico antes da alimentação.

2.Administrar a alimentação à temperatura ambiente ou uma

temperatura próxima à do corpo.

3.Colocar o paciente em posição de Fowler (30º) antes e depois da

administração da alimentação, pelo menos por 1 hora, pois facilita a

digestão e diminui o risco da aspiração.

4. Avaliar a velocidade do fluxo. Qualquer obstrução requer que a alimentação seja

interrompida e que o médico seja notificado.

5.Lavar a sonda com 30 ml de água após cada bolo da alimentação ou administração de

medicação.

6.Determinar a capacidade do paciente para tolerar a fórmula (avaliar a sensação de plenitude,

inchaço, urticária, náuseas, vômitos, diarréia e constipação).

7.Checar respostas clínicas, como as dos achados laboratoriais: uréia nitrogenada sanguínea,

proteína sérica, hemoglobina e hematócrito.

8.Observar os sinais de desidratação (mucosas secas, sede,eliminação urinária diminuída).

9.Registrar a ingesta da fórmula pelo paciente.

10.Registrar incidentes como vômitos e diarréia ou distensão.

11.Comunicar a concentração de glicose na urina de +3 ou +4, diminuição da eliminação

urinária, ganho de peso súbito ou edema dependente ou periorbital.

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12.Substituir a fórmula a cada 4 horas por uma fórmula nova.

13.Trocar o recipiente da alimentação por sonda e os tubos a cada 24 a 48 horas.

14.Avaliar os volumes residuais antes de cada alimentação, ou, em caso de alimentações

contínuas, a cada 4 horas. Parar as alimentações se o resíduo exceder 100 ml e retornar o

aspirado para o estômago.

15.Monitorizar a ingesta e a eliminação.

16.Pesar o paciente 2 a 3 vezes por semana.

17.Consultar um nutricionista.

Observar para complicações potenciais: síndrome do esvaziamento rápido, náuseas e vômitos,

infecção da pele no local.

As alimentações são administradas por gravidade (gotejamento), por bolo ou pela BIC. As

alimentações por gravidade são colocadas acima do nível do estômago, e a velocidade de

administração é determinada pela gravidade. As alimentações por bolo são dadas em grandes

volumes ( 300 a 400 ml a cada 4 a 6 horas). A alimentação contínua é o método preferível,

permitindo que a alimentação seja dada em pequenas quantidades em longo período reduzindo o

risco de aspiração, distensão, náuseas, vômitos e diarréia. Velocidades de alimentação contínua

de cerca de 100 a 150ml/h (2.400 a 3.600cal/dia) são eficazes em induzir um balanço

nitrogenado positivo e um progressivo ganho de peso, sem produzir cólicas abdominais e

diarréia. Se a alimentação é intermitente, 200 a 350 ml são administrados de 10 a 15 minutos.

O conteúdo gástrico enteral é medido antes de cada alimentação intermitente e a cada 4 a 8

horas durante alimentações contínuas (Esse líquido aspirado é readministrado ao paciente). Se a

quantidade do conteúdo gástrico aspirado for maior do que 100 ml ( ou mais de 10 a 20% acima

da velocidade de alimentação contínua horária), a alimentação é atrasada e as condições do

paciente são reavalidas em 1 hora

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Tabela 1. Complicações da terapia enteral

COMPLICAÇÕES CAUSAS

Diarréia *Alimentações hiperosmolares; *infusão rápida;

*alimentações contaminadas por bactérias;

*deficiência à lactase;

*medicamentos/antibioticoterapia;

*nível de osmolaridade sérica;

*alergias alimentares;

*fórmula fria.

Náuseas e vômitos *mudança na velocidade;

*cheiro desagradável;

*fórmula hiperosmolar;

*esvaziamento gástrico inadequado.

Gases/plenitude

gástrica/cólicas

*Ar na sonda

Síndrome do esvazimanto

rápido

*Alimentação em bólus/ velocidade rápida;

*fórmula fria.

Constipação *muito conteúdo de leite;

*falta de fibra;

*ingesta líquida inadequada/desidratação.

Pneumonia por aspiração

(atelectasia)

*colocação inadequada da sonda;

*vômito e alimentação por sonda aspirada;

*permanecer deitado no leito;

*sonda calibrosa.

Deslocamento da sonda *Tensão na sonda/sonda mal presa

Obstrução da sonda *limpeza inadequada da sonda/ velocidade da fórmula;

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*medicamentos amassados inadequadamente e limpeza após a sua

administração inadequada.

Hiperglicemia *intolerância à glicose;

*alimentação rica em carboidrato.

Desidratação *Alimentações hiperosmolares com insuficiente ingesta de líquido.

Síndrome das alimentações

por sonda

*Uréia em excesso da mistura rica em proteína e fórmulas sem gordura;

*desidratação.

MANTENDO UM PADRÃO DE ELIMINAÇÃO INTESTINAL NORMAL

A Síndrome do esvaziamento rápido também leva à diarréia. Para confirmar que a síndrome do

esvaziamento rápido está causando diarréia, outras possíveis causas precisam ser eliminadas:

*deficiência de zinco (adicionar 15 mg de zinco na alimentação pela sonda a cada 24 horas é

recomendado para manter um nível sérico normal de 50 150 mg/dl;

*fórmula contaminada;

*má nutrição;

*terapia medicamentosa. Antibióticos como as clindamicinas e lincomicina, drogas

antidisrítmicas, aminofilina e digitálicos aumentam a freqüência da síndrome.

Os sintomas da síndrome podem ser tratados da seguinte forma:

*Diminuindo a velocidade de instilação para dar tempo dos carboidratos e eletrólitos se

diluírem;

*Administrando alimentações à temperatura ambiente, porque as temperaturas extremas

estimulam a peristalse;

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*Administrando a alimentação por gotejamento contínuo ( se tolerado), e não por jato, para

prevenir distensão súbita do intestino;

*Aconselhado o paciente a permanecer na posição de semi-Fowler por 1 hora após a

alimentação (essa posição prolonga o tempo de trânsito, diminuindo a influência da gravidade);

*Administrando a menor quantidade de água necessária para limpar a sonda antes e depois da

alimentação, porque o líquido dado com a alimentação aumenta o tempo de trânsito.

REDUZINDO O RISCO DE ASPIRAÇÃO

**Aconselhado o paciente a permanecer na posição de semi-Fowler, por 1 hora após a

alimentação (essa posição prolonga o tempo de trânsito, diminuindo a influência da gravidade);

** Se a aspiração é suspeitada, pára-se a alimentação, a faringe e a traquéia são aspiradas, e o

paciente é colocado em DLD, com a cabeceira da cama abaixada.

MANTENDO A HIDRATAÇÃO ADEQUADA

***A água é dada a cada 4 ou 6 horas e após as alimentações para prevenir desidratação

hipertônica. No início da administração, a alimentação é diluída pelo menos até a metade, e não

mais do que 50 a 100 ml são dados de uma vez, ou 40 a 60 ml/h são dados na administrados por

gotejamento contínuo.

NUTRIÇÃO PARENTERAL TOTAL

NPT é o método de suprir o corpo com nutrientes por uma via EV.

As metas são : melhorar o estado nutricional, estabelecer um balanço nitrogenado positivo,

manter a massa muscular, promover ganho de peso e melhorar o processo de recuperação.

As soluções de NPT, que fornecem nutrientes como a dextrose, aminoácidos, eletrólitos,

vitaminas, minerais e emulsões de gordura dão calorias e nitrogênio para atender às

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necessidades nutricionais diárias do paciente. Em geral, a NPT fornece 30 a 35 kcal/kg e 1,0 a

1,5g/kg de proteína.

O paciente com febre, trauma, queimaduras, grandes cirurgias ou doença hipermetabólica pode

necessitar de até 10.000 calorias adicionais diariamente.

Para fornecer as calorias necessárias em um pequeno volume, é necessário aumentar a

concentração e usar uma via de administração (uma veia grande, de grande fluxo (veia

subclávia)), que irá rapidamente diluir os nutrientes ingeridos a um nível adequado à tolerância

do corpo.

Quando glicose altamente concentrada é administrada, os requerimentos calóricos são satisfeitos

e o corpo usa aminoácidos para a síntese protéica, em vez de usá-los para energia. O potássio é

adicionado à solução para manter um equilíbrio eletrolítico adequado e para transportar glicose

e aminoácidos através da membrana celular. Para prevenir deficiências e atender aos

requerimentos para síntese dos tecidos, outros elementos, como cálcio, fósforo, magnésio e

cloreto de sódio são acrescentados.

INDICAÇÔES

As indicações da NPT incluem um déficit de 10% do peso corpóreo antes da doença, uma

incapacidade de ingerir líquidos ou alimentos dentro de 7 dias após a cirurgia e as situações

hipercatabólicas, como grande infecção ou febre.

A NPT está indicada nas seguintes situações:

*A ingesta do paciente é insuficiente para manter um estado anabólico ( p ex. em casos de

queimaduras graves, má nutrição, síndrome do intestino curto, AIDS, sepse e câncer).

*A capacidade do paciente de ingerir alimento oralmente ou via sonda está comprometida (p.

ex. íleo paralítico, doença de Crohn com obstrução, enterite pós-radiação, hiperêmese gravídica

grave na gravidez).

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*O paciente não está interessado em ingerir ou não deseja ingerir nutrientes adequados (p.ex.

anorexia nervosa, pacientes idosos no pós-operatório).

*A condição médica subjacente impede ser alimentado oralmente ou por sonda (p.ex.

pancreatite aguda, fístula enterocutânea alta).

*As necessidades nutricionais pré e pós-operatórias são prolongadas (p.ex. cirurgia intestinal

extensa).

NPT refere-se às fórmulas de aminoácido-dextrose. Um total de 2 a 3 litros de solução é

administrado n decorrer de 24 horas.

Antes da administração, a infusão de NPT deve ser inspecionada para checar a claridade e se há

precipitação. O rótulo é comparado com a prescrição médica, observando-se a data de

expiração.

A solução endovenosa nutricional prescrita é preparada pelo farmacêutico sob um capacete de

fluxo laminar de ar filtrado usando técnica asséptica estrita.

As soluções entregues nas unidades de enfermagem ficam refrigeradas até a sua utilização,

quando amornadas até a temperatura ambiente.

As soluções de NPT são iniciadas lentamente, sendo gradualmente aumentadas a cada dia até a

velocidade desejada e na medida em que a tolerância do paciente a líquidos e a glicose o

permitir.

Os valores laboratoriais do paciente e a resposta à terapia com NPT são monitorizadas

freqüentemente pela equipe de apoio nutricional.

As prescrições são iniciadas pesando-se o paciente e obtendo-se um hemograma completo,

contagem de plaquetas, tempo de protrombina e níveis de eletrólitos, magnésio e glicose

sanguínea.

Como as soluções de NPT têm cinco ou seis vezes a concentração do soluto do sangue, elas

causam danos à parte íntima das veias periféricas. Dessa forma, para prevenir flebite e outras

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complicações venosas, essas soluções são administradas no sistema circulatório através de um

cateter inserido em um vaso sanguíneo grande, com um fluxo alto (geralmente a veia subclávia).

A colocação da ponta do cateter deve ser confirmada pelos raio X antes de iniciar a terapia por

NPT.

O paciente é pesado diariamente na mesma hora do dia, nas mesmas condições, para uma

comparação correta.

Registros exatos da ingesta e da eliminação e equilíbrio hídrico são mantidos.

O grande conteúdo de glicose das soluções de NPT faz com que elas sejam um meio de cultura

ideal para o crescimento de bactérias e fungos, e o cateter venoso central fornece a porta de

entrada. A C. albicans é o organismo infeccioso mais comum, mas S. aureus, S. epidermis e K.

pneumoniae também estão presentes.

Os curativos são trocados assepticamente, geralmente 2 ou 3 vezes por semana e quando for

necessário. O CDC recomenda a troca do curativo do dispositivo de acesso venoso central

somente se ele estiver sujo, com sangue, solto ou molhado.

A área é checada para vazamento, drenagem de sangue, torção do cateter e reações na pele,

como inflamação, vermilhidão, edema, dor e drenagem purulenta. A enfermeira põe luvas

estéreis e limpa a área com cotonetes com tintura de iodo-povidona, logo após, removidos por

álcool a 70%. A limpeza começa de uma maneira circular, do centro para fora.

Uma bomba de infusão é recomendada para NPT para manter a velocidade prescrita correta. A

velocidade de infusão não pode ser aumentada nem diminuída para compensar os líquidos que

foram infundidos muito rápido ou muito devagar. Quando a solução EV acaba, é colocado um

frasco de glicose a 10% com água até que o próximo frasco de NPT esteja disponível na

farmácia.

Toda ingesta e eliminação do paciente são registrada a cada 8 horas de forma que o

desequilíbrio hídrico possa ser detectado logo. O paciente é pesado 2 a 3 vezes por semana; em

situações ideais, o paciente não apresentará nem perda nem ganho de peso significativos. A

enfermeira avalia para sinais de desidratação (p.ex. sede, turgor da pele diminuído, PVC

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diminuída). É essencial monitorizar a glicose sanguínea porque a hiperglicemia pode causar

diurese e excessiva perda de líquidos.

As atividades e a deambulação são estimuladas.

A complicação mais freqüente é a sepse.

Complicações metabólicas: neuropatias, alterações mentais, diarréia, náuseas, alterações na

pele, eliminação de urina.

TIPOS DE NUTRIÇÃO PARENTERAL TOTAL

AUTOMIX

Descrição - Misturador para soluções de Nutrição Parenteral com 6 vias de acesso e infusão

por gravimetria.

Total segurança e exatidão nos processos de automação para transferências gravimétricas

de volumes de soluções nutritivas com sensibilidade de infusão mínima de 10ml.

Clinimix E*

Descrição - Solução RTU (Ready To Use), pronto para uso, para TNP contendo dois compartimentos distintos

com solução de poliaminoácidos 2,75% + eletrólitos e solução de glicose 10% + cálcio, para administração IV

central ou periférica após mistura dos mesmos por rompimento do sistema “Peel-Seal” de selagem que os

separa

Após mistura temos a ativação da solução que corresponde a um sistema 2 : 1 de solução para

nutrição parenteral total para administração em 24h com velocidade média de infusão de

83ml/h, específica para pacientes em catabolismo suave a moderado, com solução final livre

de bissulfitos, osmolaridade (mOsm/l) 920 e 1825; conteúdo calórico (Kcal / 2l) 680 e 1700;

pH 6,0, respectivamente para Clinimix E 2,75/10 e 4,25/25.

As bolsas de Clinimix possuem dois equipos especiais para aditivação de emulsão lipídica e

outros nutrientes, vitaminas, eletrólitos e oligoelementos e outro para administração IV.

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- Apresentação em bolsas plástica tetralaminada Filme Clarity – exclusivo Baxter, com dois equipos para

aditivação e administração e volume final de 2000ml.

CLINOMEL

Descrição - Solução RTU (Ready To Use), pronto para uso, para TNP contendo três compartimentos distintos

com solução de poliaminoácidos (Synthamin com 15 AA) + eletrólitos, solução de glicose 10% + cálcio e

emulsão lipídica a 10% ou 20%, para administração IV central ou periférica após mistura dos mesmos por

rompimento do sistema “Peel-Seal” de selagem que os separa

.

Após mistura temos a ativação da solução que corresponde a um sistema 3 : 1 de solução para

nutrição parenteral total para administração em 24h com velocidade média de infusão de

83ml/h, específica para pacientes em catabolismo moderado a severo ou grave, sem

complicações renais ou hepáticas, com solução final livre de bissulfitos, osmolaridade

(mOsm/l) 840, 1020, 1190, 1470; conteúdo calórico (Kcal / l) 540, 800, 880, 1040; pH 6,0,

respectivamente para Clinomel N4, N5, N6, N7.

- As bolsas de Clinomel possuem dois equipos especiais para aditivação nutrientes, vitaminas, eletrólitos e

oligoelementos e outro para administração IV.

- Apresentação em bolsas plástica CRYOVAC– exclusivo Baxter, com dois equipos para aditivação e

administração e volume final de 1000ml e 2000ml

Glicose 50% / Glicose 70%

Descrição - Soluções hipertônicas de glicose 50% e 70% são indicadas na prevenção de

perda de nitrogênio (proteína) ou no tratamento de balanço nitrogenado negativo (BNN)

como principais fontes calóricas em TNP, NPP’s adulto e pediátrica, sistemas 2:1 (AA :

Glicose) e 3:1 (AA : Glicose : Lipídeos); conteúdo calórico (Kcal/l) 1710 e 2390;

osmolaridade (mOsm/l) 2520 e 3530, pH aproximado 4,0, densidade 1,17 e 1,24.

- Apresentação em bolsa flexível de PVC, VIAFLEX com 1000ml e 2000ml de solução,

garantindo maior segurança e rapidez na produção de soluções para nutrição parenteral em

quantidades elevadas em serviços com procedimentos automatizados ou manuais (gravitacionais).

Hepatasol 8% 250ml

Descrição - Solução de aminoácidos à 8% específica para hepatopatas, com composição

adequada e balanceada de AAE; AACE e AANE (12,2g.N/ 1000ml); , contendo altas

concentrações de AAER, Isoleucina, Leucina e Valina, para evitar catabolismo muscular,

poupando a degradação de glutamina, alta concentração de Lisina que induz anabolismo

protéico e baixas concentrações de Metionina e AAA, Fenilalanina e Triptofano, associados à

neurotoxicidade e alterações hepáticas, pH 6,5 [6,0 ; 7,0]; osmolaridade (mOsm/l) 785,

densidade 1,03

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.

Apresentação em frascos de vidro com 500ml de solução pronta para aditivação de outros nutrientes.

IVELIP* 10% 500ml / IVELIP* 20% 100ml / IVELIP* 20% 500ml / IVELIP* 20% 1L

Descrição - Emulsão Lipídica de óleo de soja à 10% e 20%, rica fonte de calorias e de ácidos graxos essenciais

(linoléico 54% a-linolênico 8%), contendo fosfatídeos de ovo como emulsificante,

glicerol para garantir a isotonicidade da solução, oleato de sódio como co-emulsionante e

estabilizante, sem alterar as propriedades metabólicas e de tolerância, aumentando a

estabilidade em sistemas 3 : 1 (AA : Glicose : Lipídeos); suas partículas de tamanho

pequeno (<0,3 micron) aumentam a estabilidade da emulsão; osmolaridade (mOsm/l) 265

e 270, conteúdo calórico (Kcal/l) 1100 e 2000; densidade 0,993 e 0,988, pH 8,0,

respectivamente para as soluções à 10% e 20%.

- Apresentação em frascos de vidro com 50ml (10%) e 100ml, 500ml e 1000ml (20%) de solução pronta para

aditivação de outros nutrientes, medicamentos compatíveis ou infusão IV central ou periférica

PRIMENE 10% 250ml

Descrição - Solução de aminoácidos à 10% específica para pediatria, com composição

adequada e balanceada de AAE; AACE e AANE (15g.N/ 1000ml), perfil de aminoácidos

plasmáticos do cordão umbilical; contém Taurina e Cisteína aminoácidos essenciais para

o RN, alta concentração de Lisina que induz anabolismo protéico e baixas concentrações

de Fenilalanina, Tirosina e Prolina, associados à neurotoxicidade e alterações hepáticas,

pH 5,5 [5,0 ; 7,0], favorecendo a solubilidade de íons cálcio e fosfato em soluções 3:1;

ausência de bissulfito; osmolaridade (mOsm/l) 780, densidade 1,02.

Apresentação em frascos de vidro com 250ml de solução pronta para aditivação de outros nutrientes.

Renamin* 6,5% 500ml

Descrição - Solução de aminoácidos à 6,5% específica para nefropatas, oferecendo composição balanceada de

AAE (60%), AANE (33%) e AACE (7%), Histidina, Tirosina e Serina, importantes na insuficiência renal,

evitando desta forma a complementação com AAT padrão a 10%; pH 6 [5,0 ; 7,0]; osmolaridade (mOsm/ l)

600; densidade 1,02.

- Apresentação em frascos de vidro com 500ml de solução pronta para aditivação de outros

nutrientes.

Travasol 10%

Descrição - Solução de aminoácidos à 10%, livre de bissulfito, com composição adequada

e balanceada de AAE; AACE e AANE (16,5g.N/1000ml); pH 6,0 [5,0 ; 7,0], favorecendo

a solubilidade de íons cálcio e fosfato em soluções 3:1, osmolaridade (mOsm/l) 998,

densidade 1,03.

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- Apresentação em bolsa flexível de PVC, VIAFLEX com 2000ml e 500ml de solução, garantindo maior

segurança e rapidez na produção de soluções para nutrição parenteral em quantidades elevadas em serviços

com procedimentos automatizados ou manuais

.

VIAFLEX é Marca Registrada em nome de Baxter International Inc.

Automix, Clinimix E, Ivelip e Renamin são marcas depositadas em nome de Baxter International Inc.

Clinomel, Hepatasol, Primene, Travasol 10 e Travasol 8,5 são marcas registradas em nome de Baxter

International Inc.

REFERÊNCIAS DO TEXTO E ILUSTRAÇÕES: http://www.latinoamerica.baxter.com

COLECISTECTOMIA

O tratamento cirúrgico da doença da vesícula biliar e dos cálculos biliares é efetuado

para aliviar os sintomas persistentes, remover a causa da cólica biliar e tratar a

colecistite aguda. A cirurgia pode ser eletiva, quando os sintomas do paciente

diminuíram, ou pode ser realizada como um procedimento de emergência, caso a

condição do paciente assim obrigue.

Colecistectomia Laparoscópica

Esse procedimento é realizado por meio de uma pequena incisão ou punção feita através

da parede abdominal, na cicatriz umbilical. A cavidade abdominal é insuflada com

dióxido de carbono (pneumoperitônio) para ajudar na inserção do laparoscópio e o

cirurgião na visualização das estruturas abdominais. O aparelho de fibra óptica é

inserido através da pequena incisão umbilical. Diversas punções adicionais ou pequenas

incisões são feitas na parede abdominal para introduzir outros instrumentos cirúrgicos

dentro do campo operatório. O cirurgião pode visualizar o sistema biliar por meio do

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laparoscópio; uma câmera presa ao aparelho permite que a visão do campo intra-

abdominal seja transmitida para um monitor de televisão.

A conversão para um procedimento cirúrgico abdominal tradicional pode ser necessária,

caso sejam encontrados problemas durante o procedimento laparoscópico; isso acontece

em cerca de 5% dos casos laparoscópicos. O paciente é informado de que um

procedimento abdominal aberto pode ser necessário, sendo a anestesia geral

administrada. A vantagem do procedimento laparoscópico é que o paciente não

vivencia o íleo paralítico que ocorre com a cirurgia abdominal aberta e sente

menos dor abdominal pós-operatória. Com freqüência, o paciente recebe alta

hospitalar no dia da cirurgia ou dentro de um a dois dias, podendo retomar suas

atividades em plena e voltar ao trabalho dentro de uma semana depois.

Por causa da cuidadosa avaliação dos pacientes e da identificação daqueles em baixo

risco para problemas, a conversão para um procedimento abdominal aberto somente é

necessária de maneira ocasional. Com o uso mais amplo dos procedimentos

laparoscópicos, no entanto, pode haver um aumento no número dessas conversões.

Fonte: http://www.colegiosaofranscisco.com

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Fonte: http://www.cervejasdomundo.com/gallblad.gif

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Fonte: http://ebsco.smartimagebase.com/imagescooked/27492W.jpg

Fonte: http://services.epnet.com/GetImage.aspx/getImage.aspx?ImageIID=2846

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Fonte: http://ebsco.smartimagebase.com/imagescooked/27619W.jpg

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Fonte: http://www.ijp.com.br/images/cirurgias/06_colecistectomia.jpg

Fonte: http://www.scielo.br/img/fbpe/acb/v14n4/4a11f4.gif

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Fonte: http://www2.uepa.br/tocea/arquivos/figuras/colecistite.jpg

Colecistectomia

Nesse procedimento, a vesícula biliar é extirpada através de um a incisão abdominal

depois que a artéria e o ducto cístico são ligados. O procedimento é efetuado para a

colecistite aguda e crônica. Um dreno (Penrose) é colocado na vesícula biliar e

aflorado na pele através de uma incisão para drenar o sangue, os líquidos

serossanguinolentos e a bile para dentro de curativos absorventes.

A colecistectomia é realizada quando a condição do paciente impede a cirurgia mais

extensa ou quando a reação inflamatória aguda é grave. A vesícula biliar é aberta

cirurgicamente, sendo um tubo de drenagem fixado com uma sutura em bolsa de tabaco.

O dreno é ligado a um sistema de drenagem para evitar que a bile extravase ao redor do

dreno ou escape para dentro da cavidade peritoneal. Depois da recuperação do episódio

agudo, o paciente pode retornar para a colecistectomia. Apesar de seu risco menor, a

colecistectomia cirúrgica apresenta uma alta taxa de mortalidade, por causa do processo

patológico subjacente do paciente.

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Prescrições de enfermagem:

1.Depois da recuperação da anestesia, o paciente é colocado na posição de Fowler baixa.

2.Os líquidos EV podem ser administrados, e a aspiração NSG (uma SNG é provavelmente

inserida imediatamente antes da cirurgia para um procedimento não-laparoscópico) pode ser

instituída para aliviar a distensão abdominal.

3.Água e outros líquidos podem ser fornecido em cerca de 24 horas, sendo uma dieta leve

iniciada mais adiante, depois do retorno da atividade intestinal.

4.Administrar analgésicos CPM.

5.Encorajar o paciente a fazer respirações profundas a cada hora, a fim de expandir plenamente

os pulmões e evitar atelectasia. A deambulação precoce impede complicações pulmonares, bem

como outras complicações, como a tromboflebite.

6.Os drenos devem ser conectados a um frasco de drenagem. O equipo deve ser fixado nos

curativos, com margem suficiente para que o paciente se movimente sem deslocá-lo ou torcê-lo.

7.Quando o dreno de Penrose é utilizado, os curativos são trocados de acordo com a

necessidade.

8.O paciente é observado quanto às indicações de infecção, extravasamento da bile para dentro

da cavidade peritoneal e obstrução da drenagem.

9.A bile pode continuar a drenar a partir do trato de drenagem em quantidades consideráveis

durante certo período, necessitando de trocas freqüentes dos curativos externos e de proteção da

pele contra a irritação. As pomadas de óxido de zinco, alumínio evitam que a bile faça a

digestão da pele.

10.A bile coletada é medida a cada 24 horas; são documentadas a quantidade, a coloração e o

cateter da drenagem. Depois de vários dias de drenagem, o equipo pode ser pinçado por 1 hora

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antes e depois de cada refeição para fornecer bile para o duodeno, visando auxiliar na digestão.

Dentro de 7 a 14 dias, o tubo de drenagem é retirado

11.Em todos os pacientes com drenagem biliar, as fezes devem ser observadas diariamente,

sendo anotada sua coloração. Amostras de urina e fezes podem ser enviadas para o laboratório

para exame dos pigmentos biliares. Dessa maneira, é possível determinar se o pigmento biliar

está desaparecendo do sangue e se está novamente drenando para dentro do duodeno. É mantido

um registro cuidadoso da ingestão e excreção hídricas.

12.A restrição de lipídeos é suspensa em 4 a 6 semanas, quando os ductos biliares se dilatam

para acomodar o volume de bile, outrora suportado pela vesícula biliar, quando a ampola de

Vater novamente funciona de maneira efetiva. Depois disso, quando o paciente ingere lipídios, a

bile adequada será liberada para dentro do trato digestivo para emulsificar os lipídios e permitir

sua digestão. Antes da cirurgia, os lipídios podem não ser digeridos por completo ou de maneira

adequada, podendo ocorrer flatulência. Entretanto, uma das finalidades da cirurgia da vesícula

biliar é possibilitar uma dieta normal.

13.Monitorizar SSVV de perto; a drenagem e as incisões são inspecionadas quanto ao

sangramento; avaliação periódica quanto à sensibilidade aumentada e rigidez do abdome.

Quando esses sinais e sintomas ocorrem, eles são relatados ao cirurgião.

14.Depois da colecistectomia laparoscópica, o paciente é avaliado quanto à perda do apetite,

vômitos, dor, distensão do abdome e elevação da temperatura. Esses sintomas podem indicar

infecção ou ruptura do trato GI e devem ser relatados de imediato ao cirurgião.

15.Monitorizar para complicações potenciais: icterícia, urina escura(colúria), fezes

esbranquiçadas(acolia fecal), prurido ou sinais de inflamação e infecção, como dor e febre.

Alguns pacientes relatam uma a três evacuações por dia. Isso é o resultado de um gotejamento

contínuo de bile através da junção colédoco-duodenal após a colecistectomia. Em geral, essa

freqüência diminui durante um período de algumas semanas a vários meses.

Gerenciando o autocuidado depois da colecistectomia laparoscópica

Retomando a atividade

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Começar imediatamente com exercícios leves (caminhar)

Dirigir automóvel depois de 3 a 4 dias

Tomar banho de chuveiro depois de 1 a 2 dias

Retomar as atividades sexuais quando desejado

Evitar levantar objetos com peso superior a 2,5 kg depois da cirurgia, geralmente por 1

semana.

Cuidando da incisão

Verificar o local da punção diariamente quanto aos sinais de infecção

Lavar o local de punção com saponáceo suave e água

Permitir que as fitas adesivas especiais se descolem do local de incisão. Não puxá-las.

Retomando a alimentação

Retomar a dieta normal

Se apresentava intolerância a lipídeos antes da cirurgia, acrescentar gradualmente os

lipídeos de volta à sua dieta em pequenos incrementos.

Tratando da dor

pode experimentar dor ou desconforto no ombro direito devido ao gás empregado para

insuflar a área abdominal durante a cirurgia. Por vezes, sentar de maneira ereta, no leito

ou em uma cadeira, ou caminhar pode diminuir o desconforto.

Gerenciando o cuidado de acompanhamento

Faça uma consulta com seu cirurgião em 7 a 10 dias

Ligar para o cirurgião caso o paciente apresente qualquer sinal de infecção no local da

punção ou ao redor dele: rubor, calor, edema, drenagem

Ligar para o cirurgião caso o paciente apresente febre de 37,7ºC, ou mais, por 2 dias

consecutivos

Ligar para o cirurgião caso o paciente desenvolva náuseas, vômitos ou dor abdominal.

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HERNIORRAFIA OU HERNIOPLASTIA

A maior parte das hérnias tem como causa defeitos nos tecidos fasciais da parede

abdominal. Esses defeitos permitem que o peritônio, em decorrência da pressão

intra-abdominal, penetre até o tecido subcutâneo da parede abdominal. O resultado

é um saco herniário de peritônio, apresentando tecido gorduroso subcutâneo abaixo da

pele. Em muitos casos, o saco herniário contém vísceras, particularmente o intestino

delgado. O tratamento adequado para a ampla maioria das hérnias é a correção

cirúrgica, para evitar complicações sérias, até mesmo fatais.

De longe, as mais comuns das hérnias da parede abdominal são aquelas que ocorrem na

região inguinal, sendo responsáveis por cerca de 75% do total. As hérnias ventrais são

aquelas que comprometem a parede abdominal, exceto aquelas da região inguinal – elas

incluem as hérnias epigástricas e incisionais, que ocorrem através de incisões

abdominais prévias e que não cicatrizam por completo.

A maioria das hérnias é redutível, ou seja, seus conteúdos podem ser recolocados

na cavidade peritoneal através de uma manipulação adequada. Quando a hérnia não

é redutível, ela é chamada de encarcerada. Embora essa situação não constitua,

necessariamente, um problema cirúrgico, pois não está associada à isquemia ou à

gangrena intestinal ou dos conteúdos herniários, é , no entanto, uma razão para correção

cirúrgica mais urgente. Se ocorrer isquemia ou gangrena intestinal, a hérnia

encarcerada é considerada estrangulada, e é obrigatória uma operação de

emergência para a redução da hérnia e a correção do defeito. A hérnia estrangulada

provoca, via de regra, edema do intestino e do mesentério vizinho, em decorrência

do aumento da pressão venosa, além de edema intersticial, com mais aumento da

pressão intesticial, que , em última análise, impede o fluxo arterial com

subseqüente isquemia e gangrena.Como o saco herniário e seus conteúdos se

encontram consideravelmente aumentados, uma hérnia encarcerada raramente pode ser

reduzida através do colo do saco, pois esse colo geralmente tem um diâmetro muito

menor do que a própria hérnia.. Em circunstâncias bastante raras, uma hérnia

estrangulada pode ser reduzida, mas isso é muito incomum. Por essa razão, se a hérnia

estiver encarcerada deve-se fazer todas as tentativas possíveis para reduzi-la, para evitar

uma operação de emergência.

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Como a correção cirúrgica das hérnias depende de uma ampla compreensão dos

aspectos anatômicos dos defeitos, essa compreensão constitui um aspecto de grande

importância na patogenia das hérnias. Os princípios gerais da correção cirúrgica

consistem, primariamente, em dissecção cuidadosa do saco herniário com fechamento

ao nível de seu colo e excisão do excesso de saco. Isso deve ser seguido de uma

avaliação cuidadosa dos tecidos ao redor do defeito herniário e da mobilização das

estruturas fasciais, primariamente a fáscia do reto abdominal e músculo oblíquo externo,

e sutura desses fortes músculos, seja ao ligamento inguinal ou ao ligamento de Cooper.

Deve-se ter especial cuidado de evitar aproximação do músculo a esses ligamentos, pois

o músculo não segura bem as suturas, tornando possível uma recidiva da hérnia.

Tipos de hérnias:

1.Hérnia inguinal: Presença de um abaulamento na região inguinal ou uma massa

aparente que desce na região inguinal para o escroto. As hérnias inguinais são muito

mais comuns nos homens do que nas mulheres. Dentre os fatores etiológicos estão o

defeito congênito do fechamento do anel interno, embrionarimente, além de uma

variedade de fatores que causam aumento da pressão intra-abdominal, predispondo ao

desenvolvimento de uma hérnia. O tratamento é imperativo: cirúrgico, a não ser que

uma enfermidade clínica séria coexistente impeça o tratamento.

Complicações pós-operatórias: Podem ocorrer infecções da ferida cirúrgica, bem

como hematomas. O sangramento escrotal pode ocorrer e necessitar de reoperação para

controle. A retenção urinária pode constituir um problema e necessitar de cateterismo, e

ocasionalmente, ser seguida de infecção das vias urinárias, com a necessidade de

antibióticos.

2.Hérnia femoral: Ocorrem na virilha e são limitadas pela veia femoral, lateralmente, e

pelo, ligamento lacunar medialmente. O diagnóstico da hérnia femoral é feito pela

presença de uma massa, muitas vezes, dolorosa, no triângulo femoral. O tratamento

adequado é o cirúrgico.

3.Hérnia umbilical: são de origem congênita, estão já presentes no nascimento. Quase

todas essas hérnias se fecham espontaneamente, devido a razões pouco conhecidas , mas

bem observadas. Outro fator que causa hérnia umbilical é o aumento da pressão

abdominal, dcorrente da ascite, massas abdominais ou obesidade. Nos adultos a

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coreção cirúrgica através de uma aproximação direta das bordas do defeito herniário

quase sempre é curativa, sendo bastante incomum a recidiva.

4.Hérnia incisional: Resultam de incisões prévias que cicatrizaram insatisfatoriamente,

ou que sofreram considerável tensão. PODEM SER BASTANTE EXTENSAS,

PARTICULARMENTE, SE PROVOCADAS POR UMA INFECÇÃO CIRÚRGICA

NA FERIDA. A conduta cirúrgica geralmente é recomendada, e via de regra o

fechamento é direto.

5.Hérnia epigástrica: Ocorem na linha alba entre o processo xifóide e o umbigo.Elas

podem ser bastante dolorosa e causar desconforto e ansiedade ao paciente. A correção é

cirúrgica, o defeito é fechado por dissecção do anel e fechamento direto.

6.Hérnia de Richter: Somente uma parte da circunsferência do intestino está

comprimido, via de regra, na borda antimesentérica. Podem ser bastante sérias, pois

pode ocorrer isquemia da porção herniada do intestino, com o desenvolvimento de

gangrena e perfuração. É indicada operação.

7.Hérnia de Littré: A maioria destas hérnias está na região inguinal e femoral e podem

encarcerar. Como os sinais e sintomas não são significativamente diferentes das outras

hérnias nesses locais, o diagnóstico é estabelecido no momento da operação.

8.Hérnia Spigeliana: Dentro da cavidade abdominal, a linha semilunar é um local

anatômico no qual o músculo transverso abdominal se transforma em aponeurose. Essa

linha se curva para fora e se estende desde a porção média da margem costal até o

tubérculo pubiano. A linha está localizada lateralmente à borda lateral do músculo reto

abdominal, e área entre a linha semilunar e a borda lateral reto abdominal é chamada de

fáscia spigeliana. Uma hérnia dessa fáscia é chamada de hérnia spigeliana. Com esse

defeito, os pacientes, quase sempre obesos, muitas vezes se queixam de dor ou de uma

massa na região. Um diagnóstico definitivo pode ser estabelecido pela TC, que delineia

o defeito na parede abdominal. Devem fechadas por suturas diretas.

9.Hérnia Obturadora: quando um saco herniário surge na pelve, no canal obturador,

ela sai da cavidade peritoneal no local dos vasos e nervos obturadores e penetra na

membrana obturadora através do forame obturador. Quando surgem os sintomas, eles

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geralmente consistem de náusea, vômito e dor abdominal do tipo característico de

obstrução intestinal. Podem ser diagnosticadas por TC. Necessitam de um preparo

cuidadoso antes da intervenção cirúrgica.

10.Hérnia lombar: Ocorrem no flanco e são denominadas hérnias lombares ou

dorsais.Dor e aumento da sensibilidade são sintomas. O diagnóstico diferencial inclui

lipomas, fibromas, hematomas e músculo herniado.

11.Hérnia perineal: os músculos do assoalho perineal ocasionlamente podem ser um

local de hérnia. Podem ser oriundas de procedimentos cirúrgicos como prostatectomia,

ressecção abdômino-perineal e outras operações pélvicas.

12.Hérnia ciática: Uma hérnia através do forame ciático maior ocorre raramente, e

também raras vezes é sintomática, até que é encarcerada. O defeito é fechado por uma

sutura direta.

13.Hérnia peristomal: quando se faz um colostomia ou ileostomia, pode haver o

desenvolvimento, mais tarde, de uma hérnia ostomal no local por onde passa o intestino

pela parede abdominal. A prevenção constitui o aspecto mais importante dessas hérnias,

mas quando elas ocorrem, necessitam de correção cirúrgica.

HERNIORRAFIA: TÉCNICA QUIRÚRGICA

Anestesia local y sedación.

Después de abordar la región por incisión oblicua y apertura de la pared anterior del

conducto, se diseca y aísla el cordón espermático.

Resección circular del músculo cremáster.

Disección, aislamiento, ligadura alta y resección de los sacos indirectos o invaginación

de los directos.

Sutura continua con hilos irreabsorbibles u otros de reabsorción lenta números 4 ó 5

ceros gastrointestinal, que comenzando en el tubérculo púbico (figura 1) engloba la FT

en la zona débil y del defecto en "V" hasta el anillo inguinal profundo, donde se suturan

los bordes del arco aponeurótico del transverso (AAT) por encima y la cintilla

iliopubiana (CIP) por debajo para obliterar adecuadamente el anillo (figura 2).

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FIGURA 1. Sutura continua para crear una capa de fascia transversalis con fascia

transversalis desde la proyección de tubérculo público.

FIGURA 2. Continuación de la sutura en dirección al anillo inguinal profundo,

cerrando el defecto en V de fascia transversalis.

Se imbrica el hilo (figura 3) y se continúa en dirección al tubérculo púbico; se engloba

solo CIP y AAT (figura 4), donde es nuevamente anudado (figura 5).

FIGURA 3. Para obliterar el anillo inguinal profundo, se entrecruza el hilo tomando

arco aponeurótico del transverso y cintilla iliopubiana.

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FIGURA 4. Se va creando la sobrecapa afrontando el arco aponeurótico del transverso

a la cintilla iliopubiana hasta llegar al inicio de la sutura.

FIGURA 5. Finaliza el proceder con un nuevo anudado del hilo de sutura y creada la

sobrecapa de fascia transversalis.

Si es necesario se realiza incisión relajadora.

Se coloca el cordón en el nuevo lecho y se cierra el conducto con sutura continua de

catgut cromado 00 en la aponeurosis del oblicuo mayor.

Fonte da técnica cirúrgica: http://www.scielo.com

Pré-operatório:

Redução manual da hérnia encarcerada: O paciente deve ser deitado com as pernas

elevadas, se possível em ligeiro Trendelemburg, enquanto uma pressão com a palma da

mão e massagem ascendente são feitas ao longo do canal inguinal.

Analgesia e sedação prévias aumentam a chance do sucesso.

Na prática, os sinais de que a alça já sofreu lesão mais grave são : febre, hiperemia

na parede abdominal sobre a hérnia, dor intensa, sinais de obstrução intestinal com

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vômitos biliosos e quadro de encarceramento por mais de 24 horas. Se houver dúvida,

recomenda-se a cirurgia de urgência. Após a redução, o paciente deve ser mantido em

observação, pois uma perfuração pode se manifestar até 72 horas depois.

Nas crianças, a conduta consiste na aplicação de analgésicos e correção de distúrbios

hidroeletrolíticos por via EV.

Antibioticoprofilaxia: A hernioplastia é uma cirurgia limpa e o risco de infecção

cirúrgica é de 1% a 2% na cirurgia convencional e menor ainda na videolaparoscopia. O

uso de Cefalozina em uma dose única de 1 a 2g cerca de 1hora antes da incisão. O

antibiótico também deve ser indicado ao se utilizar prótese (tela) para corrigir a hérnia.

Pré-operatório de hérnia encarcerada:

Colocação de um cateter na veia subclávia superior: infusão de líquidos e verificação da

PVC e coleta de amostras sanguíneas para os exames laboratoriais;

Cateterismo vesical de demora: avaliar débito urinário;

Cateterismo nasogástrico: descompressão intestinal e gástrica;

Administração de antibióticos por via EV ou IM antes da operação: combate choque

endotóxico e hipovolêmico;

Cálculo do volume de líquido a ser reposto, sempre na dependência da tolerância do

SVC, portanto, variando de acordo com as condições clínicas do paciente;

Verificação dos SSVV;

Verificar enchimento capilar;

Monitorização por ECG;

Realizar coleta para gasometria arterial;

Analgésicos prescritos específicos;

→TRANSFUSÃO: indicada quando Hg < 9g e Ht< 30%;

→PLASMA, ALBUMINA, DEXTRAN: 25g de albumina ou 01 frasco de plasma para

cada 2l de RL ou SF0,9%.

→HIPOCALEMIA produz arritmias cardíacas, hipotensão e íleo funcional. A

deficiência é estimada em 15 mEq/L a 20mEq/L de suco digestivo perdido + 40mEq/L

de perda renal.

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FONTE: http://www.gastronet.com.br/cirurgia3.htm

FONTE: http://www.gastronet.com.br/cirurgia3.htm

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FONTE: http://www.gastronet.com.br/cirurgia3.htm

FONTE: http://www.gastronet.com.br/cirurgia3.htm

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FONTE: http://www.gastronet.com.br/cirurgia3.htm

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FONTE: http://www.gastronet.com.br/cirurgia3.htm

FONTE: http://www.gastronet.com.br/cirurgia3.htm

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FONTE: http://images.google.com.br/imgres

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FONTE:http://images.google.com.br/imgres

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FONTE: http://www.herniaonline.com/images/inguinalcanal.gi

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FONTE:

http://www.herniaonline.com/images/inguinalcanal.gi

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FONTE:http://images.google.com.br/imgres

Pós-operatório:

Repouso no leito de aproximadamente 12horas;

Controle de parâmetros hemodinâmicos;

Ingestão de líquidos (deve ser administrado nas primeiras 6 horas sempre com o

paciente em boas condições);

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Orientação de micção em recipiente adequado ou ida ao banheiro, de acordo com o

restabelecimento dos efeitos analgésicos;

Instruções verbais sob movimentação no leito e fora do mesmo e nos cuidados com a

FO;

Analgésicos à base de dipirona, hioscina ou paracetamol nas primeiras 24horas;

Cateter vesical de alívio diante intermitente diante de retenção urinária;

Curativo oclusivo é opcional. Pode-seutilizar gaze seca esterilizada, esparadrapos de

micropore;

Calor úmido ou seco sobre a FO diante de edema, pequenas sufusões hemorrágicas,

pequenos hematomas ou dor local;

Orientado o uso do banho de chuveiro com 24horas de pós-operatório;

Recomendações para reavaliação e retirada dos pontos de 7 a 10 dias;

Convalescença de 15 dias;

Orientações de atividades leves com 15 dias e exercício forçado 45 a 60 dias;

Retorno ao trabalho com média de 20 dias;

Reiniciar atividades sexuais quando puder realizá-la com conforto e sem necessidade de

tomar analgésicos, porém recomenda-se um prazo mínimo de 30 dias;

Antibióticos preventivos, quando indicados, serão interrompidos com 24 horas;

Controle pós-operatório tardio com 60, 180 e 360 dias;

Voltar a dirigir veículos entre o 15º e 30º dia pós-operatório;

Dieta deve ser iniciada com 8 horas após o ato operatório nas hérnias não complicadas;

ou quando o paciente saí do íleo paralítico e inicia a eliminação de flatos, após hérnias

estranguladas;

Drenos: são utilizados nas hérnias estranguladas com peritonite e devem ser mantidos

por tempo mínimo indispensável;

Alta hospitalar com 48 horas.

Complicações:

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Lesão dos vasos deferentes, levando à isquemia e atrofia testicular e, se bilateral, a

esterilidade;

Lesões nervosas: manifestam-se em forma de dor crônica pós-operatória;

Hemorragia ou hematoma intra-operatória ou na FO;

Lesões viscerais;

Edema local e escrotal;

Lesão de vísceras: alça intestinal, cólon, bexiga;

Hidrocele pós-operatória pode ocorrer por trauma do testículo ou cordão espermático;

Lesão do íleoinguinal;

Seroma, tumefações ou abscessos: drenagem ou punção percutânea;

Deiscência: A reintervenção é obrigatória sob qualquer anestesia, SALVO se a presença

de infecção na parede abdominal contra-indicar, pela impossibilidade de aproximação

dos planos. Nesse casos, adotam-se tratamentos conservadores, utilizando-se

compressas úmidas com SF0,9% ou tela de Marlex ou de Politetrafluoroetileno (PTFE)

para proteger a cavidade peritoneal, cuidando-se mais tarde do fechamento definitivo da

parede. Quando é possível o fechamento, este deve ser praticado o mais breve possível,

e , na impossibilidade de observar adequadamente os planos da parede abdominal,

utiliza-se o fechamento em um plano só com fio forte.

Sepse: Manter FO aberta, fazer debridamento cuidadoso, promover irrigações copiosas

locais, seguidos de curativos em série sob supervisão médica + antibioticoterapia à base

de peniclina ou cefalosporinas.

COLONOSCOPIA FIBRÓTICA

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Fonte: http://www.meb.uni-bonn

A inspeção visual direta do cólon até o ceco é possível por meio de um colonoscópio flexívxel.

Esse procedimento pode ser utilizado na avaliação dos pacientes com diarréia de etiologia

desconhecida, sangramento oculto ou anemia. É utilizado para estudo adicional de

anormalidades detectadas pelo enema baritado. É empregado para a avaliação de câncer. As

biópsias teciduais podem ser conseguidas através da retirada de pólipos, para avaliação.

A doença inflamatória ou outra doença intestinal pode ser diagnosticada. A remoção dos pólipos

faz-se através de um cautério. Todos os pólipos visíveis são removidos.

Esse procedimento também pode ser utilizado para tratar aáreas de sangramento ou estenose. O

uso de coaguladores bipolares e unipolares, sondas térmicas e injeções de agentes esclerosantes

ou vasoconstritores são todos possíveis durante o procedimento.

A terapia a laser é utilizada para lesões hemorrágicas ou neoplasias colônicas. A descompressão

intestinal pode ser completada durante o procedimento.

O procedimento dura em torno de 1 hora. O desconforto pode resultar a partir da instalação de

ar para expandir o cólon ou em virtude da inserção e movimentação do aparelho.

As potenciais complicações incluem: disritmias cardíacas e a depressão respiratória decorrente

dos medicamentos administrados, reações vasovagais e sobrecarga circulatória ou hipotensão

decorrente da hidratação excessiva ou deficiente durante a preparação intestinal.

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É importante monitorizar continuamente as funções cardíaca e respiratória do paciente.

Prescrições de enfermagem

A limpeza adequada do cólon fornecerá a visualização ótima e diminuirá o tempo necessário

para o procedimento.

Limitação da ingesta de líquidos do paciente durante 24 a 72 horas antes do exame.

Administra-se CPM, laxativo por 2 noites antes do exame e um Fleet enema ou de soro

fisiológico até que o retorno seja claro na manhã do exame.

Dieta líquida leve, começando à noite do dia anterior ao exame.

As soluções de lavagem são então ingeridas por VO em intervalos, durante 3 a 4 horas seguidas.

A limpeza do intestino é rápida ( o efluente fecal fica claro em cerca de 4 horas).

Efeitos como: náuseas, inchação, cólicas, plenitude abdominal, desequilíbrio hidroeletrolítico e

hipotermia ( com freqüência, recomenda-se aos pacientes beber a preparação o mais gelado

possível a fim de tornar seu sabor mais tolerável).

O uso de soluções de lavagem está contra-indicado nos pacientes com obstrução intestinal e

doença intestinal inflamatória.

Ações adicionais:

1.Instruir o paciente a não tomar os medicamentos rotineiros quando a solução de lavagem for

ingerida; os medicamentos não serão digeridos e, assim, serão ineficazes.

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2.Aconselhar o paciente diabético a consultar seu médico sobre o ajuste do medicamento para

evitar a hiper- ou hipoglicemia por causa das modificações dietéticas exigidas na preparação

para o exame.

3.Instruir todos os pacientes, em particular os idosos, para manter a ingesta líquida, eletrolítica e

calórica adequada, enquanto sofrem limpeza intestinal.

A colonoscopia não pode ser realizada quando existe uma perfuração colônica suspeitada ou

documentada, diverticulite grave aguda ou colite fulminante; em pacientes com coagulopatias

ou naqueles que recebem terapia de anticoagulação, por causa do alto risco de sangramento

excessivo pós procedimento. Os agentes antiinflamatórios não esteróides, aspirina, ticlodipina e

pentoxifilina devem ser interrompidos antes do exame e por 2 semanas depois do procedimento.

Dieta zero pós 20:00 h antes do exame.

Antes do exame, um analgésico opióide ou um sedativo (Midazolam) pode ser fornecido por via

EV para fornecer sedação consciente e aliviar a ansiedade durante o procedimento glucagon

pode ser utilizado, quando necessário, para relaxar a musculatura colônica e reduzir o espasmo

durante o exame.

Depois do posicionamento, os pacientes que foram sedados são mantidos em repouso no leito

até que estejam alerta.

Alguns terão cólicas abdominais causadas por peristalse aumentada estimulada pelo ar insuflado

dentro do intestino durante o procedimento.

Após o exame, observar o paciente a fim de detectar sinais e sintomas de perfuração intestinal (

sangramento retal, dor, distensão abdominal, febre, ou sinais peritoneais focais).

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FÍSTULA ANAL(FISTULECTOMIA)

Fonte: http://www.medicalditionary.thefreedictionary.com

Uma fístula anal é um trajeto fino, tubular e fibroso que se estende dentro do canal anal por uma

abertura localizada ao lado do ânus. As fístulas geralmente são resultantes de uma infecção.

Elas também podem se desenvolver a partir de um trauma, de fissuras ou da enterite

regional. Pus ou fezes podem vazar constantemente da abertura cutânea. Outros sintomas

podem ser a passagem de flatos ou fezes da vagina ou bexiga, dependendo do trajeto da

fístula. Fístulas não tratadas podem causar infecção sistêmica com sintomas relacionados.

A cirurgia sempre é recomendada porque poucas fístulas cicatrizam espontaneamente.

Uma fistulectomia (excisão do trajeto da fístula) é um procedimento cirúrgico

recomendado. O intestino delgado é evacuado totalmente por meio de vários

enemas prescritos. Durante a cirurgia, o trajeto dos seios é identificado inserindo-se

uma sonda e/ou injetando-se no trajeto uma solução de azul de metileno. A fístula é

dissecada ou fica aberta devido a uma incisão que vai da sua abertura anal até a sua

saída. A ferida é coberta com gaze.

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FISSURA ANAL

Uma fissura anal é um rasgo longitudinal ou uma ulceração na camada interna do canal anal. As

fissuras são geralmente causadas pelo trauma da passagem de fezes grandes e firmes ou pelo

persistente fechamento do canal secundário ao estresse e à ansiedade (levando à constipação).

Outras causas incluem: parto, trauma, e uso excessivo de laxantes.

As fissuras são caracterizadas por defecações extremamente dolorosas, ardência e

sangramento. A maioria dessas fissuras irão cicatrizar se tratadas por medidas

conservadoras, que incluem amolecedores de fezes e agentes formadores de massa,

um aumento na ingesta hídrica, banhos de assento e supositórios emolientes. Um

supositório combinado anestésico com corticóide ajudará a aliviar o desconforto.

Dilatação anal sob anestesia pode ser necessária.

Se fissuras não respondem ao tratamento conservador, a cirurgia é indicada.

Muitos tipos de procedimentos podem ser realizados: em alguns casos, o esfíncter anal

é dilatado e a fissura extirpada; em outros, a parte externa do esfíncter é dividida.

Isso produz uma paralisia do esfíncter externo, com conseqüente alívio do espasmo,

permitindo que a úlcera cicatrize.

Page 212: APOSTILA DE ENFERMAGEM CIRÚRGICA 2010 (1)

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Fissura Anal

É uma úlcera pequena, superficial e dolorosa que compromete o ânus.

Crianças

Normalmente está associada à constipação intestinal quando as fezes endurecidas machucam o

ânus.

Adultos

Geralmente não se consegue apontar uma causa que, isoladamente, seja responsável pelo

aparecimento da fissura anal, mas sabe-se que a maioria dos pacientes possuem um esfíncter

interno hipertônico que perpetua o processo uma vez desencadeado por algum trauma como o

parto normal, a constipação intestinal (fezes endurecidas), a diarréia e a introdução de corpos

estranhos, seja para fins terapêuticos fins eróticos ou por acidente. Mais freqüente nos homens

entre os 20 e 40 anos.

Classificação

Aguda

Lesão ulcerada do canal anal em forma de fenda, estreita, superficial e sem endurecimento

tecidual em torno da lesão (costuma cicatrizar rápida e espontaneamente)de localizacão

posterior ou anterior.

Crônica

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Lesão ulcerada com bordas bem definidas, com exposição das fibras musculares brancas

transversais do esfíncter anal interno e plicoma sentinela. Reconhecida por uma tríade

diagnóstica: plicoma sentinela - pequeno caroço na borda anal -, a fissura anal propriamente dita

e a papilite hipertrófica - pequeno caroço no canal anal - (quase sempre de tratamento

cirúrgico).

Tratamento

Inicialmente deve ser clínico, pois até 40 % dos casos da doença cicatrizam com esta conduta. O

tratamento da constipação intestinal, a abolição do uso do papel higiênico, banhos de assento

mornos e preparados anestésicos e antiinflamatórios de uso tópico anal chegam a cicatrizar até

80 % das fissuras anais agudas observadas ambulatorialmente. O índice de recidiva, no entanto,

chega a ser elevado.

Recentemente o emprego tópico (endo e perianal) do dinitrato de isossorbida a 1% associado

ao betanecol a 0,1% tem aumentado os índices de cicatrização em até 80 % após 4 semanas.

Os pacientes que não respondem ao tratamento clínico em 4 a 8 semanas devem ser tratados

cirurgicamente. A técnica cirúrgica que atualmente confere os melhores resultados é a

esfincterotomia anal interna lateral subcutânea, que pode ser feita até com anestesia local.

O resultado da esfincterotomia lateral interna subcutânea (ELIS) é melhor do que o obtido pelo

tratamento clínico, dando índices de recidiva de 0 a 2%.

Incisão cutânea póstero-lateral esquerda

Esfíncter anal interno sendo seccionado com a tesoura.

A fissurectomia está indicada apenas na fissura infectada, em que é necessário a sua remoção

junto com o tecido infectado circundante.

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Fonte: http://www.colegiosaofranscisco.com.br

FISSURA ANAL

A expressão Fissura Anal, como afecção proctológica distinta, define a presença de uma úlcera

superficial benigna na pele do canal anal.

Etiologia

Crianças

Em crianças, a fissura anal geralmente está associada à constipação intestinal. O bolo fecal

volumoso e endurecido pelo ressecamento esgarça a pele da região posterior do canal anal que

está intimamente aderida ao esfíncter interno, e não cede, destarte, facilmente à passagem do

conteúdo calibroso.

Adultos

Em adultos, em geral, não se consegue apontar uma causa que isoladamente seja responsável

pelo aparecimento de fissuras anais. Ainda assim, o parto normal tem sido responsabilizado pelo

aparecimento de fissuras anais em mulheres, bem como o trauma perineal que redunda do parto

normal, que provocaria retração cicatricial e acolamento anormal da submucosa anterior do

canal anal. Estas duas eventualidades explicariam a maior predisposição das mulheres para

fissuras anais anteriores.

Da mesma forma que nas crianças, a constipação intestinal também tem sido responsabilizada

pelo surgimento de fissuras anais em adultos de ambos os sexos, produzindo fissuras anais

posteriores por trauma sobre a região posterior do canal anal.

A diarréia também tem sido implicada como causa de fissuras anais pela acidez das fezes

eliminadas, que acaba provocando erosões cutâneas superficiais que evoluem para fissuras.

A história de doenças anais prévias também tem sido levantada em muitos pacientes portadores

de fissura anal. Provavelmente, a retração cicatricial que resulta do selamento de feridas anais

outrora existentes enrijece localmente a circunferência do canal anal, por acolamento tecidual

fibrótico, tornando a pele adjacente vulnerável ao rompimento caso seja demasiadamente

estirada (especialmente pela passagem de fezes duras e volumosas).

Traumatismos anais pela introdução de corpos estranhos no canal anal, seja para fins

terapêuticos (termômetros, supositórios, bico de dispositivos para lavagem intestinal, etc.), fins

eróticos, ou por acidente (empalamento, queda a cavaleiro) são descritos como causa de fissuras

anais.

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O tônus elevado de repouso do músculo esfíncter interno do ânus tem sido responsabilizado

pelo aparecimento de fissuras anais em determinados indivíduos. Neles, o ânus estaria

submetido normalmente a uma força maior de fechamento, que se oporia à passagem de fezes

mais volumosas. Estando a pele de revestimento do canal anal ajustada anatomicamente a

conviver com este canal de menor calibre, não suportaria dilatações maiores do que está

acostumada a sofrer para a eliminação fecal. Fezes volumosas então, ao serem eliminadas em

canais anais de indivíduos com hipertonia esfinctérica interna, romperiam o tegumento por

estiramento demasiado e provocariam o aparecimento de fissuras anais.

Patologia

A fissura anal primária tipicamente possui um formato fusiforme (assemelha-se ao formato de

uma canoa) e as fibras do músculo interno do ânus podem normalmente ser vistas em seu leito.

Situa-se na pele modificada do canal anal, abaixo da linha pectínea, mas para dentro do orifício

anal. Uma fissura anal primária não costuma invadir a linha pectínea. (Apenas para lembrar, o

canal anal cirúrgico possui cerca de 4 cm de extensão, sendo seus 2 cm distais, situados abaixo

da linha pectínea, recobertos por pele modificada, desprovida de fâneros.)

A fissura anal pode ser aguda ou crônica. A fissura anal aguda é superficial e sua base é

formada por tecido conjuntivo frouxo. Suas bordas são cortantes e não há endurecimento

tecidual circunjacente. Costuma cicatrizar rápida e espontaneamente e muito provavelmente a

maioria de nós já a apresentou várias vezes, com maior ou menor expressão clínica. A fissura

anal crônica, por outro lado, costuma ser reconhecida por uma tríade diagnóstica: plicoma

sentinela, fissura anal propriamente dita e papilite hipertrófica. Em seu leito podem ser vistas as

fibras transversas do músculo esfíncter interno e suas bordas são endurecidas, elevadas e

arredondadas. O plicoma sentinela e a papilite hipertrófica são formados pelo edema

inflamatório que resulta da presença da úlcera anal profunda que não cicatriza.

É comum ocorrer infecção superficial no leito da fissura, que é causa de sintomas de ânus

úmido, e em alguns casos a fissura pode evoluir para a formação de um abscesso/fístula anal.

Fissura anal às 6 h (linha média posterior). A pele anal está sendo firmemente afastada a fim de

expor a ferida, trazendo-a do interior do canal anal (paciente em posição de litotomia).

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Plicoma sentinela (paciente em posição de Sims, sentido cranial à direita).

Fonte: http://www.colegiosaofranscisco.com.br

A fissura anal ocorre normalmente na linha média posterior (6 h), mas em 20% das mulheres

que apresentam fissura anal, a afecção costuma ser encontrada na linha média anterior (12 h).

Uma explicação plausível para estes achados ainda não foi dada.

A hipertonia do músculo esfíncter interno é um achado invariável em casos de fissura anal

primária, não se sabe se como causa da afecção ou conseqüência dela. A exposição de

terminações nervosas sensitivas no leito da fissura, provocando dor, leva à contração voluntária

do esfíncter externo e o processo inflamatório presente na fissura leva à contração involuntária

do esfíncter interno, que fica em estado de permanente hipertonia.

Incidência

A fissura anal em geral incide mais em homens do que em mulheres e esta difereça se faz notar

principalmente a partir da segunda década de vida. Em crianças e adolescentes, no entanto, a

fissura anal é uma doença mais encontrada em indivíduos do sexo feminino.

A distribuição etária da fissura anal é maior entre os 20 e 40 anos de idade.

É difícil de estimar a incidência da fissura anal na polulação geral, mas, num ambulatório

universitário de Coloproctologia na cidade de Birmingham (Inglaterra), observou-se que 9% dos

pacientes que procuravam a instituição por queixas proctológicas o faziam por causa de uma

fissura anal.

Quadro Clínico

Crianças - Em geral choram ao defecar por estarem eliminando fezes volumosas e ressecadas,

que rompem o tegumento anal e provocam pequeno sangramento. A fissura anal é uma das

causas mais comuns de sangramento anal em crianças. Indivíduos desta faixa etária com fissura

anal em geral apresentam constipação intestinal, que pode ser causa ou conseqüência da doença

anal.

Adultos - Os sintomas mais apresentados por adultos com fissura anal são dor ao defecar com

sangramento vivo, aumento de volume orificial e, ocasionalmente, ânus úmido. No início do

quadro a dor sobrevém principalmente com a defecação, mas, com a cronificação do processo,

até andar pode ser doloroso, que dirá rir ou espirrar (toda a atividade que demande contração

dos esfíncteres anais será cruel para com o portador de fissura anal crônica)! Em casos

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arrastados de fissura anal crônica ocorre o aparecimento do plicoma sentinela. Pode também

ocorrer edema orificial pelo processo inflamatório crônico.

Em situações avançadas, o ânus úmido (pela eliminação de secreções anais serosas ou

seropurulentas) e o prurido anal podem ser observados. Ocasionalmente, um paciente com

fissura anal crônica pode apresentar sintomas urinários, tais como polaciúria e disúria.

Diagnóstico

O diagnóstico de fissura anal é feito pelo exame físico (proctológico) do paciente.

Normalmente, o diagnóstico pode ser feito apenas pela inspeção e, na maioria dos casos, é bom

que não se faça nada além dela, pois os pacientes já estão apavorados com a idéia de que o

exame retal vai causar-lhes uma dor insuportável. Entretanto, a inspeção deve ser

adequadamente realizada, senão deixará de evidenciar a fissura.

Deve-se ter em mente que o paciente, com medo, contrai voluntariamente as nádegas e, por

causa da dor da fissura, apresenta o ânus demasiadamente contraído. Tudo, então, contribui para

que a região da pele modificada do canal anal não seja exposta adequadamente e a fissura não

possa ser evidenciada.

Deve-se conquistar a confiança do paciente, acalmá-lo e examiná-lo afastando firme e

continuamente a pele das nádegas justa-orificial. A tração firme e continuada da pele perianal

acabará vencendo o tempo de contração tônica voluntária do esfíncter externo, que em geral não

ultrapassa 30 segundos, e o orifício anal relaxar-se-á. Pede-se então ao paciente para produzir a

manobra de Valsalva (fazer força para defecar) e poder-se-á observar a descida perineal, por

relaxamento da musculatura levantadora do ânus e, com o relaxamento associado dos

esfíncteres anais, a pele modificada do canal anal será evertida. É nela que a fissura anal será

observada.

O primeiro exame deve parar por aí e o paciente deverá ser tratado, para, após algumas

semanas, ser reexaminado, desta vez com manobras invasivas. A presença de um plicoma

externo não é sinal de que o paciente seja portador de fissura anal! Entretanto, se não for

descoberta uma fissura anal à inspeção, o toque retal deverá ser realizado com cuidado, para

afastar a presença de outras afecções (como um abscesso interesfinctérico ou submucoso).

No segundo exame, após o tratamento inicial da fissura anal, o paciente, sem dor ou com ela

acentuadamente diminuída, será submetido a um toque retal. Notar-se-á em geral uma

hipertonia esfinctérica. Em casos de fissura anal crônica, as bordas da fissura estarão

endurecidas e poder-se-á evidenciar a presença de um nódulo intra-anal doloroso e pediculado

(a papila hipertrófica).

Todos os pacientes com fissura anal devem ser examinados por meio de uma

retossigmoidoscopia, para afastar a presença de afecções concomitantes. Hemorróidas são

observadas em associação com fissuras anais em até 1/3 dos pacientes. Com a

retossigmoidoscopia poderão ser detectadas papilas anais hipertróficas, fístulas anais, estenose

anal e abscessos interesfinctéricos, todas afecções que podem cursar concomitantemente com

fissuras anais. O exame retossigmoidoscópico poderá detectar também afecções não correlatas

em até 11% dos casos, tais como proctite, pólipos adenomatosos, condilomas, etc.

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O exame proctológico completo com retossigmoidoscopia reveste-se de importância

fundamental no diagnóstico diferencial entre fissura anal primária e secundária. A fissura anal

secundária em geral não é mediana, sendo lateral; não possui formato fusiforme, sendo

irregular; não é única, havendo normalmente mais de uma; apresenta bordas infiltradas e produz

mais secreção do que a fissura anal primária, por cursar, em maior grau, com infecção. Também

não obedece a localização da fissura anal primária, invadindo a pele perianal ou subindo além

da linha pectínea, e normalmente é mais profunda, por vezes provocando destruição muscular

subjacente. A fissura anal secundária pode ser observada em pacientes com Doença de Cröhn,

retocolite ulcerativa idiopática, tuberculose intestinal, prurido anal, carcinoma anal, sífilis,

herpes anal, cancro mole, AIDS (por herpes anal, sarcoma de Kaposi, infecção pelo

citomegalovírus, ou linfoma de células B) e leucemia.

Se um exame adequado do paciente não pôde ser realizado ambulatorialmente, o paciente deve

ser examinado sob anestesia.

No caso de fissuras anais primárias, a investigação pode cessar com a retossigmoidoscopia. Por

outro lado, diante de uma fissura anal secundária, uma investigação mais completa do paciente

será mandatória, com enema opaco, colonoscopia, exames hematológicos, microbiológicos e de

investigação imunológica, segundo a suspeita diagnóstica levantada.

Algumas vezes um paciente com uma dor muito semelhante à fissura anal, porém sem

sangramento anal, poderá nada apresentar ao exame físico. Deve-se cogitar estar diante de uma

caso de proctalgia fugax.

Tratamento

Todo o tratamento da fissura anal primária está voltado para o relaxamento do esfíncter interno,

que, conseguido, causará desaparecimento da dor e facilitará a cicatrização da fissura.

O tratamento inicial da fissura anal primária deve ser clínico, pois até 40 % dos casos da doença

cicatrizam com esta conduta.

Como normalmente os pacientes apresentam constipação intestinal, eles devem ser orientados a

observar um dieta rica em fibras não processadas (pois as fibras adsorvem água, encorpando e

amolecendo as fezes), a ingerir bastante líquidos durante o dia (para hidratar as fezes e amolecê-

las) e a obedecer o reflexo gastrocólico, principalmente o matinal, após o desjejum. Deve-se

aconselhar aos pacientes que abandonem o uso do papel higiênico para diminuir o trauma local

à pele anal, já "sofrida" com a presença da fissura.

Pomadas, geléias e cremes de uso tópico com medicações anestésicas e antiinflamatórias têm

sido empregadas na prática clínica com sucesso, talvez principalmente porque alviem a dor.

O amolecimento das fezes com o emprego de moderadores do trânsito intestinal (metilcelulose,

ispágula ou estercúlia), que são laxantes por aumentarem o volume das fezes às custas de

adsorção hídrica é fundamental em pacientes com constipação intestinal. Uma medicação útil é

o pó solúvel da semente do psyllium, que amolece as fezes e provoca defecações fisiológicas e

confortáveis.

O emprego de banhos de assento mornos freqüentes alivia a dor da fissura anal por promover

relaxamento esfinctérico. O calor úmido possui propriedades antiinflamatórias e analgésicas.

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O uso associado de moderadores do trânsito intestinal, preparados anestésicos/antiinflamatórios

de uso tópico anal e banhos de assento mornos chega a cicatrizar até 80 % das fissuras anais

agudas observadas ambulatorialmente. O índice de recidiva, no entanto, chega a ser elevado.

Recentemente tem sido descrito o emprego tópico anal de preparados com nitroglicerina a 0,2%

em veículo gelatinoso em pacientes com fissura anal. A nitroglicerina é degradada

metabolicamente, liberando óxido nítrico, que é um um potente vasodilatador e provoca

relaxamento da musculatura lisa. Relaxando o esfíncter interno, haverá maior possibilidade de

cicatrização da fissura. Índices de cicatrização de até 80 % em 8 semanas com o emprego de

preparados contendo nitroglicerina têm sido descritos, com taxa de recidiva da fissura muito

baixas (< 3%). A cefaléia tem sido descrita em alguns pacientes que utilizam tal tipo de

terapêutica. Atualmente estamos desenvolvendo um estudo prospectivo, randomizado, duplo

cego e controlado em pacientes com fissura anal que procuram o Ambulatório Araújo Lima do

Hospital Universitário Getúlio Vargas, nos quais é empregado ou um preparado com

nitroglicerina 0,2% ou xylocaína geléia a 2%. O estudo encontra-se em andamento.

Uma outra substância que tem sido utilizada ultimamente, com excelentes resultados, em

pacientes com fissura anal é a toxina botulínica. O produto é injetado localmente e promove o

relaxamento esfinctérico esperado para que a fissura cicatrize, sem apresentar a cefaléia descrita

em alguns dos pacientes que utilizam os preparados à base de nitroglicerina. Por ser forma

terapêutica de emprego recente, necessita de maiores estudos clínicos para ser validada.

Os pacientes que não respondem ao tratamento clínico em 4 a 8 semanas devem ser tratados

cirurgicamente. A técnica cirúrgica que atualmente confere os melhores resultados é a

esfincterotomia anal interna lateral subcutânea, que pode ser feita até com anestesia local

(bloqueio hemorroidário inferior). Nela, após a anestesia, introduz-se uma lâmina 11 de bisturi

no sulco interesfinctérico (existente entre os esfíncteres anais interno e externo) na posição das 3

h (olhando-se de frente para o orifício anal do paciente em posição de litotomia) e secciona-se o

terço inferior do esfíncter interno, sem causar lesão no revestimento interno do canal anal. A

pequena ferida cirúrgica orificial resultante cicatrizará horas depois e o paciente normalmente

obtém alívio imediato da dor. Não há necessidade de excisar a fissura, o plicoma ou a papila

hipertrófica, pois em geral, com a cicatrização da fissura, estes dois últimos apresentarão

redução de volume. Quando o plicoma e a papila forem exageradamente hipertróficos, eles

poderão ser excisados, mas a esfincterotomia sempre deve ser feita lateralmente, e nunca no

leito da fissura, para que não ocorra incontinência pós-operatória.

O tratamento de fissuras anais secundárias está voltado primeiramente para o tratamento da

doença de base. Na maioria das vezes, controlando esta, a fissura acaba cicatrizando. Quando

não, procede-se ao tratamento como para a fissura anal primária.

Prognóstico

O tratamento clínico da fissura anal primária é eficaz em cerca de 70% dos pacientes sem

plicomas sentinelas e em apenas 47% dos com. Neles, apesar de um elevado índice de

cicatrização inicial com as medidas clínicas adotadas, a fissura acaba retornando.

O resultado da esfincterotomia lateral interna subcutânea (ELIS) é melhor do que o obtido pelo

tratamento clínico, dando índices de recidiva de apenas em média 0 a 2 %.

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Após o advento da ELIS os índices de complicações da cirurgia da fissura anal diminuíram

acentuadamente. Graus variados de incontinência, comuns nos métodos cirúrgicos antigos de

tratamento de fissuras anais, caíram para em média 6% com a ELIS, e, com ela, em geral, só

ocorrem graus menores de incontinência.

Fonte: itmedicina.med.br

HEMORROIDECTOMIA

Hemorróidas são porções dilatadas das veias no canal anal. Elas são muito comuns. Até

a idade de 50 anos, 50% das pessoas têm hemorróidas de alguma forma. A gravidez é

conhecida por iniciar ou agravar as hemorróidas existentes. As hemorróidas são

classificadas em dois tipos. As que acontecem acima do esfíncter anal e que são

chamadas de hemorróidas internas, e aquelas que aparecem fora do esfíncter externo e

que são chamadas de hemorróidas externas.

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Fonte: http://mingaonline.uach.cl

As hemorróidas causam coceira e dor, e são a causa mais comum de sangramento

vermelho-vivo que ocorre com a defecação. Hemorróidas externas estão associadas com

intensa dor devido à inflamação e edema causados pela trombose ( a coagulação do

sangue dentro das hemorróidas). Isso pode levar à isquemia da área e a uma necrose

eventual. Hemorróidas internas geralmente não são dolorosas até elas sangrarem ou

prolapsarem quando se tornam muito grandes.

Os sintomas das hemorróidas e o desconforto podem ser aliviados por uma boa higiene

pessoal e evitando-se força excessiva durante a evacuação. Uma dieta rica em resíduos e

que contenha frutas e farelos pode ser todo o tratamento necessário; se isso falhar, um

laxante que absorva água à medida que passe através dos intestinos pode ajudar. Banhos

de assento, emolientes e supositórios contendo anestésicos, adstringentes e repouso no

leito são medidas que permitem resolver o ingurgitamento.

Principais causas e fatores de risco da doença hemorroidária são:

1.Predisposição genética

2.Esforço excessivo e prolongado para evacuar

3.Costume de permanecer no vaso sanitário longamente

4.Trabalhar em pé

5.Obesidade

6.Gestação

7.Constipação crônica

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8.Diarréia crônica

9.Idade avançada

10.Inatividade e sedentarismo

11.Prostatismo

Classificação da hemorróida interna

GRAU I :Sangramento recorrente isolado

GRAU II: Sangramento e prolapso reversível espontaneamente

GRAUIII:Sangramento e prolapso que exige redução manual

GRAUIV:Sangramento, prolapso que não pode ser reduzido e pode estrangular

Tratamento cirúrgico

1.Ligadura elástica

2.Injeção submucosa de esclerosantes

3.Fotocoagulação com infravermelho

4.Hemorroidectomia convencional

5.Hemorroidectomia com grampeador circular

1.INJEÇÃO DE ESCLEROSANTE

Indicações: Hemorróidas grau I e II em pacientes que não toleram a ligadura elástica ou

como medida complementar a esta. É eficaz para evitar sangramentos, mas não para

prolapsos.

2.LIGADURA ELÁSTICA

Indicações: Casos de grau II e casos selecionados de grau III.

Contra-indicações: Hemorróidas abaixo da linha dentada ou externas,

imunossuprimidos, discrasias sanguíneas ou uso de coagulantes.

Complicações: dor intensa, infecção local e sepse; ligadura acidental da espessura

completa da parede retal prolapsada.

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3.HEMORROIDECTOMIA EXCISIONAL

Indicações: Hemorróidas volumosas de grau III e hemorróidas grau IV;

Casos mistos (hemorróidas internas e externas);

Casos refratários ao tratamento com bandas elásticas ou esclerosantes;

Como emergência, nos casos de trombose e encarceramento com necrose tecidual.

Cuidados pré-operatórios:

Clister glicerinado 3 a 4 horas antes da cirurgia

Técnica aberta, fechada ou semifechada: Após a hemorróidectomia, as áreas cruentas

podem ser deixadas sem sutura para cicatrização por segunda intenção ou fechadas com

pontos absorvíveis. Com a técnica aberta, a cicatrização é mais lenta, mas a dor e o risco

de abscesso são menores. Na técnica semi-fechada, as bordas são aproximadas com 1 a

3 pontos separados.

4.HEMORROIDECTOMIA POR GRAMPEAMENTO

Hemorróidas externas trombosadas podem ser tratadas clinicamente ou cirurgicamente.

A cirurgia pode ser feita ambulatoriamente como emergência nas 48 horas. Após esse

período, o tratamento clínico, com calor local e pomadas proctológicas antiinflamatórias

é mais apropriado.

O tratamento cirúrgico consiste em excisão do tecido trombosado sob anestesia local e

cicatrização por 2ª intenção.

Um tratamento cirúrgico conservador de hemorróida interna é procedimento de

ligadura com elástico. A hemorróida é visualizada através do anoscópio, e a sua porção

proximal acima da linha mucocutânea é presa com um instrumento. Um pequeno

elástico é então colocado na hemorróida. O tecido distal preso pelo elástico necrosa

após muitos dias e se desprende. Ocorre a fibrose e, assim, a mucosa anal inferior é

puxada para cima e adere ao músculo subjeacente. Apesar de esse tratamento ter sido

satisfatório para alguns pacientes, mostrou-se doloroso para outros e passível de causar

hemorragia secundária. É conhecido por causar infecção perineal.

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Hemorroidectomia criocirúrgica é outro método para remover hemorróidas e envolve

congelar o tecido da hemorróida por um tempo suficiente para causar necrose. Apesar

de ser relativamente indolor, esse procedimento não é muito usado porque a drenagem é

malcheirosa e a cicatrização prolongada. O laser Nd:YAG tem sido útil recentemente

na excisão das hemoróidas, particularmente das externas. O tratamento é rápido e

relativamente sem dor. Hemorragia e abscesso são complicações pós-operatórias raras.

Os métodos de tratar hemorróidas aqui descritos não são eficazes nos casos de veias

trombosadas avançadas, que precisam ser tratadas por meio de cirurgias mais extensas.

Hemorroidectomia ou excisão cirúrgica pode ser realizada para remover todo o tecido

redundante envolvido no processo. Durante a cirurgia, o esfíncter anal é geralmente

dilatado de forma digital, e as hemorróidas são removidas com um grampo ou

cauterizadas, ou são ligadas e, então, excisadas. Após completado o procedimento

cirúrgico, um pequeno tubo pode ser inserido através do esfíncter para permitir o escape

de flatos e sangue; pedaços de Gelfoam ou gaze Oxycel podem ser colocados sobre as

feridas anais.

FIGURA 1. Se aprecia el complejo hemorroidal interno tomado de manera

longitudinal con pinza recta, previa disección del paquete hemorroidal externo.

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FIGURA 2. El punto de material reabsorbible se pasa y anuda en el extremo de la

pinza.

FIGURA 3. La resección de los plexos se realiza con tijera o bisturí frío.

FIGURA 4. Sutura corrida por sobre la pinza recta hasta la línea pectínea.

Fonte: http://mingaonline.uach.cl

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Ações de enfermagem

1.A ingesta de pelo menos 2 litros de água diariamente é encorajada para fornecer uma

hidratação adequada.

Alimentos ricos em fibras são recomendados para promover uma massa de fezes e fazer a

matéria fecal passar mais facilmente pelo reto.

Laxativos dessa massa, como o Metamucil e amolecedores de fezes, são administrados

conforme prescrição médica.

O paciente é aconselhado a reservar um tempo para o funcionamento intestinal e prestar atenção

na vontade de defecar o mais rápido possível. Pode ser de ajuda o paciente fazer exercícios de

relaxamento antes de defecar para relaxar os músculos perineal e abdominal que possam estar

contraídos ou em espasmo.

A administração de um analgésico antes da movimentação intestinal pode ser benéfica.

Durante as primeiras 24 horas após a cirurgia retal, podem ocorrer espasmos dolorosos

do esfíncter e dos músculos perineais.

O tratamento da dor é a principal consideração. O paciente é encorajado a assumir uma

posição confortável. Almofadas debaixo das nádegas, quando sentado ajudarão a

diminuir a dor, assim como gelo e substâncias analgésicas e opióides potentes (Codeína

ou Tramadol)

Compressas mornas podem promover circulação e aliviar os tecidos irritados. Banhos

de assento, 3 a 4 vezes por dia aliviarão a irritação e a dor pelo relaxamento do espasmo

de esfíncter.

24 horas após a cirurgia, agentes anestésicsos locais podem ser benéficos para aliviar a

irritação e dor local. Medicamentos podem incluir anestésicos tópicos (supositórios),

adstringentes, anti-sépticos, tranquilizantes e antieméticos. Os pacientes terão mais

adesão ao tratamento e ficarão menos apreensivos se eles estiverem sem dor.

Compressas úmidas saturadas com partes iguais de água fria loção de hamamélis ajudarão a

aliviar o edema. Quando as compressas úmidas são usadas continuamnete, vaselina deverá ser

aplicada ao redor da área anal, para prevenir a maceração da pele. O paciente é instruído para

ficar sentado em intervalos, porque essa posição promove a saída da drenagem do líquido

edematoso.

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Urinar pode ser um problema no pós-operatório, por causa do espasmo reflexo do

esfíncter na saída da bexiga e uma certa quantidade de represamento muscular devido à

apreensão e À dor. Todos os métodos para encorajar o paciente a urinar voluntariamente

deveriam ser tentados antes de lançar mão do cateterismo.

HEMOROIDECTOMIA, FÍSTULAS ANAIS E FISSURAS ANAIS

Pós-operatório

1.Para aliviar a constipação: 2 litros de água, alimentos ricos em fibras, laxativos (metamucil =

absorve água), analgesic.

2.Aliviar a dor: 24 horas após a cirurgia retal, ocorrem espasmos dolorosos do esfíncter e dos

músculos perineais. Portanto, faz-se : almofadas debaixo das nádegas, gelo, substâncias

analgésicas, compressas mornas, banhos de assento (3 a 4 x por dia), agentes anestésicos locais

ou supositórios, adstringentes, anti-sépticos tranqüilizantes e antieméticos.

3.Compressas úmidas saturadas com partes iguais de água fria e loção de hamamélis ajudarão a

aliviar o edema. A vaselina previne a maceração da pele.

4. O paciente é instruído para ficar sentado em intervalos, porque essa posição promove a saída

da drenagem dependente do líquido edematoso.

5.Promovendo a eliminação urinária: geralmente, no pós-operatório há reflexo do esfíncter na

saída da bexiga, acarretando dor. Lembrar de Semio*.

6.Monitorizando as complicações: O local deve ser observado, quanto à presença de

sangramento retal. Compressas úmidas e quentes são evitadas uma vez que encorajam a

dilatação e o sangramento das veias. Se sangramento, notifica ao médico.

7.Promovendo o cuidado domiciliar: Evitar esfregar a área com papel higiênico. Banhos de

assento devem ser dados após cada eliminação intestinal, durante 1 a 2 semanas após a cirurgia.

Dieta rica em fibras para facilitar o trânsito intestinal. Paciente é encorajado a responder

prontamente à vontade de evacuar.

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COMPLICAÇÕES POTENCIAIS E PRESCRIÇÕES DE ENFERMAGEM APÓS

A CIRURGIA INTESTINAL

Complicação Prescrição de Enfermagem

Ìleo paralítico Iniciar ou manter a sondagem nasogástrica

CPM; Preparar o paciente para estudos de

Raios X; Assegurar reposição adequada de

líquidos e eletrólitos; Administrar

antibióticos prescritos se o paciente tiver

sintomas de peritonite.

Obstrução mecânica (infecção

intraperitoneal e infecção da ferida

abdominal)

Avaliar o paciente para dor como cólica

intermitente, náuseas e vômitos;

Monitorizar para evidência de dor

abdominal constante ou generalizada,

pulso rápido e elevação da temperatura;

Preparar para descompressão do tubo

intestinal; Administrar líquidos e eletrólitos

via endovenosa CPM; Administrando

antibióticos CPM.

Condições sépticas intra-abdominais

(peritonite)

Avaliar o paciente para náuseas, soluços,

calafrios, picos febris, taquicardia;

Administrar antibióticos CPM; Preparar o

paciente para procedimento de drenagem;

Instituir terapia parenteral de líquidos e

eletrólitos CPM; Preparar o paciente para

cirurgia se a condição deteriorar.

Formação de abscesso Administrar antibióticos CPM; Aplicar

compressas úmidas CPM; Preparar para

drenagem cirúrgica.

Complicações da ferida cirúrgica

(infecção)

Monitorizar Temperatura; informar

temperatura elevada; Observar para

hiperemia, sensibilidade e dor ao redor da

ferida; Assistir no estabelecimento da

drenagem local; Obter espécime de

material de drenagem para a cultura e

estudos de sensibilidade.

Rompimento da ferida Observar o aparecimento súbito de muita

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drenagem serosa na ferida; Cobrir a área da

ferida com toalhas estéreis presas no local

com uma faixa; Preparar o paciente

imediatamente para a cirurgia.

Complicações anastomóticas (deiscência

da anastomose, fístulas)

Preparar o paciente para a cirurgia; Assistir

na descompressão intestinal; Administrar

líquidos parenterais CPM para corrigir

deficiências hidroeletrolíticas.

REFERÊNCIAS

BARROS, M.C. D. et al. Enfermagem cirúrgica. Rio de Janeiro: SENAC/DN/DEP,

1996.

BRUNNER, L.S.; SUDDARTH,D.S. Tratado de enfermgem médico-cirúrgico. Rio de

Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

CINTRA, E. A.; NISHIDE, V.M.; NUNES, W.A. Assistência de enfermagem ao

paciente crítico. São Paulo: Atheneu, 2000.

GOFFI, F. S. Técnica cirúrgica: bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas cirúrgicas.

São Paulo: Atheneu,2007.

KAWAMOTO, E. E. Enfermagem em clínica cirúrgica. São Paulo: EPU, 1986.

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LOPEZ, M.; CRUZ, M. J. R. Guias práticos de enfermagem: centro cirúrgico. Rio de

Janeiro: McGraw-Hill Interamericana, 2000.

MEEKER, M.H.;ROTHROCK, J.C. Cuidados de enfermagem ao paciente cirúrgico.

Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997.

MORTON, P.G. et al. Cuidados críticos de enfermagem: uma abordagem holística. Rio

de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.

NELSON, M. O hospital: manual do ambiente hospitalar. Curitiba: Os autores, 2005.

SABISTON, D.C. Atlas de cirurgia geral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995.