apostila morfologia de gramíneas e leguminosas

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unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CÂMPUS DE JABOTICABAL FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS Departamento de Zootecnia NOÇÕES DE TAXONOMIA E MORFOLOGIA DE PLANTAS FORRAGEIRAS (GRAMÍNEAS E LEGUMINOSAS) ANA CLÁUDIA RUGGIERI RICARDO ANDRADE REIS Jaboticabal - SP Agosto, 2006

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Page 1: Apostila morfologia de gramíneas e leguminosas

unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTACÂMPUS DE JABOTICABAL

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

Departamento de Zootecnia

NOÇÕES DE TAXONOMIA E MORFOLOGIA DE PLANTAS FORRAGEIRAS

(GRAMÍNEAS E LEGUMINOSAS)

ANA CLÁUDIA RUGGIERI

RICARDO ANDRADE REIS

Jaboticabal - SP

Agosto, 2006

Page 2: Apostila morfologia de gramíneas e leguminosas

1. INTRODUÇÃO As plantas forrageiras de maior interesse na Área de Forragicultura e Pastagens pertencem à

Família Poaceae (Gramíneas) e Ordem Fabales (Leguminosas) ocorrendo em menor

proporção plantas de outras famílias.

Nas regiões tropicais as gramíneas são tradicionalmente as mais exploradas, em

virtude de apresentarem um potencial de produção de forragem duas a três vezes superior

às leguminosas forrageiras, entretanto, nos últimos anos, tem aumentado o interesse dos

pesquisadores em pastagens, visando o uso de leguminosas forrageiras tropicais na

alimentação animaI tanto na forma de feno como na forma de pastagens exclusivas e/ou

consorciadas e mais recentemente na forma de banco de proteína, basicamente devido ao

elevado valor nutritivo destas plantas, e, pela fixação simbiótica do nitrogênio atmosférico

com bactérias do gênero Rizobium.

2. TAXONOMIA 2.1. FAMÍLIA: Poaceae (Gramíneas)

Taxonomicamente as gramíneas podem ser classificadas da seguinte forma:

Reino: Vegetal.

Divisão: Magnoliophyta (Angiospermas)

Classe: Liopsida (Monocotiledôneas).

Subclasse: Commelinidae.

Ordem: Cyperales

Família: Poaceae

Stebbins e Crampton (1961) citados por Nascimento (1981), consideram dentro da família

Poaceae a ocorrência de 6 subfamílias, 28 tribos, com aproximadamente 600 gêneros e

10.000 espécies. Na subfamília Panicoideae, principalmente na tribo Paniceae é que

ocorrem os principais gêneros de gramíneas forrageiras de clima tropical. Em contraposição

nas de clima temperado os principais gêneros pertencem a subfamília Festucoideae.

Provavelmente, por esta razão o sistema de classif1cação Hitchcok (1971), citado por

Page 3: Apostila morfologia de gramíneas e leguminosas

MITIDIERI (1983), faz a divisão da família Gramíneae em apenas duas subfamílias:

Festucoideae e Panicoideae. Entretanto MITIDIERI (1983) salienta que tal divisão é algo

artificial tendo em vista que quatro tribos: Zoysiae, Orysae, Zizamieae Palarideae não

pertencem definitivamente a nenhuma das duas famílias.

1.2. ORDEM Fabales

Atualmente existem duas correntes distintas acerca da posição sistemática das

Leguminosas. A primeira considera todas as leguminosas unidas sob a mesma família com a

divisão em subfamilias e. a segunda mais recente propondo a divisão desta família em

famílias distintas. Baseado na classificação de Cronquist, Takhiajan & Zimmerman (1966),

citado por Cronquist (1981), encontra-se as seguintes unidades taxonômicas para a ordem

Fabales

Reino: VegetaL

Divisão: Magnoliophyta (Angiospermas)

Classe: Magnoliopsida (Dicotiledôneas)

Subclasse: Rosidae.

Ordem: Fabales

Famílias: Fabaceae, Caesalpinaceae e Mimosaseae. Estas apresentam cerca de 600

gêneros e mais ou menos 13000 espécies.

A maioria das leguminosas forrageiras estudadas e cultivadas tropicais e subtropicais

pertence à família Fabaceae. Desta, três das dez tribos: Saphorea, Podaliridae e

Dalbergieae, não apresentam espécies herbáceas de valor forrageiro, com exceção feita

para poucas das outras duas famílias, como é o caso da Leucaena leucocephala ((Lam.) De

Wit)) a Leucena, que é da família Mimosidae. A limitação de muitas delas ao uso como

forrageira se deve a presença de espinhos, princípios tóxicos. porte elevado. etc. No entanto

concentrando-se na busca de espécies herbáceas de fabaceae não se deve excluir o

potencial existente nas outras famílias (Rocha,1970).

Page 4: Apostila morfologia de gramíneas e leguminosas

3. OBSERVAÇÕES

3.1. As plantas forrageiras podem ainda ser classificadas com relação ao período de maior

produção de forragem em hibernais e estivais isto é, estivo-outonais (Araújo, 1971; citado por

Pupo 1981).

a) Hibernais - São forrageiras de clima temperado dias menos ensolarados geralmente de

pequeno crescimento caules finos e folhagem tenra. São semeados no outono (tanto as

perenes como as anuais), sendo ceifadas durante o inverno e também na primavera.

No estágio de florescimento, os rendimentos são maiores, entretanto menos nutritivos. Ex:

anuais: Avena strigosa (aveia), Secale cereale (centeio),

Poaceae (Gramíneas) Lolium (azevém), Hordeum vulgare (cevada). etc.

Perenes: Festuca arundinacea (festuca) Phalaris tuberosa (falaris), etc. Anuais: Vicia (ervilhaca),

Ornithopus sativus (serradela), Fabales (Leguminosas)

Perenes: Medicago sativa (alfafa) Lotus corniculatus (cornichão)

b) Estivais: são forrageiras de clima tropical, com elevado potencjal de crescimento, colmos

grossos e folhas largas. Requerem bastante luz e calor, são sensíveis ao frio intenso,

permanecendo com vida apenas os órgãos inferiores (raiz e base da planta), onde acumulam

reservas nutritivas para rebrotar na primavera. São semeadas na primavera, com maior

produção no verão e outono, e quando entra o inverno, as perenes entram em repouso

vegetativo e as anuais morrem. Ex.

Page 5: Apostila morfologia de gramíneas e leguminosas

Anuais: Zea mays (milho), Sorgum vulgare (sorgo), Pennisetum typhoideum (pasto italiano). etc

Poaceae (Gramíneas) Perenes: Panicum (colonião, tanzânia, etc) Brachiaria (braquiária, marandu). etc. Setaria (setária), Anuais: Stilozolobium atterrimum (mucuna preta), Fabales (Leguminosas)

Perenes: Neonotonia (soja perene), Galactia (galaxia).

3.2. Segundo as normas internacionais, as denominações científicas (espécies), são

compostas por dois nomes grifados ou em letra que difere da do texto, onde o primeiro

refere-se ao gênero e ambos à espécie. Ex.; gênero Panicum, espécie Panicum maximum.

Como existem muitas variações, que colocadas após o nome científico (espécie), servem

para caracterizar exatamente uma determinada forrageira, criou-se então, os termos;

"variedade" (var.) e "cultivar" (cv.). (PUPO, 1981).

a) a variedade (var.) – utilizada quando a planta distingue-se das demais da espécie através

de caracteres botânicos e ocorrendo de forma natural.

b) o cultivar (cv.) - empregado quando a planta foi criada pelo homem através de

melhoramento genético ou quando uma variedade é intensamente cultivada pelo homem.

Exemplo:

Espécie Variedade ou Cultivar Panicum maximum cv. Colonião var. Trichoglume cv. Tanzânia var. Gongyloides Brachiaria brizantha cv. Xaraés cv. Marandu

Page 6: Apostila morfologia de gramíneas e leguminosas

Barnard (1972) e Douglas (1980) citados por Ferguson (1985), referem-se a cultivar como

sinônimo de variedade, onde Barnard (1972) define com um grupo de indivíduos cultivados

que são distinguidos por uma característica (morfológica, química ou outra) com propósitos

significativos para agricultura, floresta ou horticultura e a qual quando reproduz (sexuada ou

assexuada), guardam traços distintos. Douglas (1980) refere-se a variedade (ou cultivar)

como uma divisão de uma chave a qual é distinta, uniforme ou estável.

4. MORFOLOGIA 1. FAMÍLIA Poaceae (gramíneas) 1.1. Sistema radicular fasciculado ou em cabeleira.

Estas possuem sistema radicular em que não se distingue a raiz principal da secundária,

sendo todas igualmente desenvolvidas e de origem adventícia (Figura 1).

Ao arrancar uma gram1nea remove-se apenas uma pequena parcela do sistema

radicular o qual em muitas espécies alcança uma profundidade de 2 metros ou mais, sendo

que anualmente são repostas cerca metade das raízes existentes, em deçorrêcia da morte e

formação de novas raízes. A profundidade máxima é frequentemente alcançada no primeiro

ano (Tabela 1). As raízes de algumas gramíneas (Paspalum notatum) contêm ou são

circundadas por bactérias, principalmente do gênero Beijerinkia, que fixam nitrogênio

atmosférico (Pedreira, 1975).

Page 7: Apostila morfologia de gramíneas e leguminosas

Figura 1. Sistema radicular fasciculado ou em cabeleira. TABELA 1. Distribuição do sistema radicular do capim-gordura, çapim-colonião e capim-sempre verde, no perfil do solo.

% do raizame total (peso seco) Profundidade (cm) Gordura Colonião Sempre verde Média 0 a 10 41 70 74 62 0 a 20 53 84 93 77 0 a 50 66 93 97 85 0 a 140 86 97 99 94 0 a 350 99,9 99,9 99,9 99,9 Profundidade onde foi encontrada a raiz

410 cm 620 cm 440 cm ---------------

Adaptado de Rocha e Martinelli (s/d), citados por Pedreira, (1975). 1.2. Caule - O caule das gramíneas é do tipo colmo (Figura 2), dotado de nós e entrenós,

podendo ser:

1.2.1. Ocos ou fistulosos

1.2.2. Cheios

a) Macios e suculentos – via de regra preferido pelos animais.

Ex.: Cana-de-açúcar, Capim-elefante, etc.

Page 8: Apostila morfologia de gramíneas e leguminosas

b) Duros e secos – depósito de sílica nos tecidos Ex.: Milho (após o florescimento e

maturação dos grãos). Obs. A quantidade de fibra e sílica presente nos tecidos do colmo é

inversamente proporcional à aceitabilidade dos mesmos pelos animai s.

Os nós na base da planta se acham muito próximos, separando-se visivelmente à

medida que se caminha para o ápice do vegetal. Na parte basal

do colmo, aparecem as raízes adventícias que emergem dos nós basilares.

Quanto ao habitat e arquitetura, os caules das gramíneas podem ser:

A) Aéreos - em geral herbáceos.

- Ereto (cespitoso). Ex.: Pennisetum. Panicum

- Decumbente. Ex.: Brachiaria.

- Geniculado (Joelho). Ex.: Melinis, Chloris e Setaria.

- Prostrado. Ex. Paspalum

B) Subterrâneos (rizomas). Ex.: Paspalum

As gramíneas apresentam certas modificações caulinares (Figura 2), visando a facilidade de

disseminação:

estolonífero

cespitoso rizomatoso

colmos

entrenó

nó rizoma

rizoma

Page 9: Apostila morfologia de gramíneas e leguminosas

Figura 2. Caule tipo colmo, estolão e rizoma.

- Rizomas - são caules subterrâneos que terminam em uma gema apical

pontiaguda, dotados de nó e entrenós, aclorofilados, cobertos de escamas as quais

representam as folhas e as estípulas reduzidas. Ex. Paspalum.

- Estolões - são caules rasteiros que se desenvolvem junto à superfície do solo, produzindo raízes e parte aérea a partir dos nós. Os estolões apresentam dois tipos:

Tipo A Tipo B Estrutura de um caule normal, semelhante à parte aérea.

Estrutura diferente do caule normal, possuindo nós compostos, três nós juntos e um internódio comprido.

Entrenó cessa de crescer assim que se iniciam as brotações no nó correspondente

O entrenó continua a crescer mesmo após iniciado as brotações.

A emissão do caule aéreo se dá distante do ápice do estolão.

Emite caule aéreo próximo do ápice do estolão.

Exemplo: Digitaria Exemplo: Cynodom e Chloris 1.3. Folha – As folhas das gramíneas são constituídas de lâmina foIiar ou limbo e bainha

(Figura 03). As folhas, são alternas, dísticas (duas fileiras no mesmo plano), originária dos

nós dos caules e com índice filotáxico igual 1/2 (Mitidieri, 1983). O Índice filotáxico é a

fração cujo numerador indica o número de voltas dadas, em espiral, a partir de uma folha

até a folha seguinte, encontrada na mesma vertical e cujo denominador indica o número de

folhas encontradas nesse trajeto (Rosique et al.1978). Portanto, nas gramíneas encontra-se

em um ciclo da espiral apenas duas folhas.

- Lâmina foliar ou limbo - Via de regra lanceolada com nervação paralela (presença da

nervura principal), glabras ou não, margem comumente ciliadas ou serreadas.

- Bainha - invaginante ou amplexicaule (envolve totalmente o caule), tipo fendida, com

nervuras paralelas bem pronunciadas (ausência da nervura principal).

Obs. Falso pecíolo - estreitamento da lâmina foliar, perto da bainha. Ex.; Andropogon

Page 10: Apostila morfologia de gramíneas e leguminosas

1.3.1. Elementos praticamente constantes

Colar - ponto de junção da lâmina foliar com a bainha, do lado de fora da folha ou

face inferior da lâmina foliar, com função de propiciar o movimento da lâmina foliar.

Lígula - ponto de junção da lâmina foliar com a bainha, do lado de dentro da folha ou

face superior da lâmina foliar, com função de proteção da gema contra o ataque de insetos

e excesso de umidade. A lígula pode ser pilosa ou membranosa. Uma das características

do gênero é presença da lígula membranosa.

Obs. O gênero Echinochloa não tem lígula.

1.3.2. Exemplos de ocorrência esporádica

Aurícula - apêndice em ambos os lados da base da lâmina ou no ápice da bainha.

Ex.: certas espécies de Saccharum (cana-de-açúcar).

Escamas - Folhas reduzidas que são encontradas na base dos colmos ou rizomas,

com função de proteção das gemas. Ex.: Bambusa.

Brácteas - Folhas modificadas com função de proteção das flores das gramíneas.

Prófilo - Estrutura modificada da bainha que protege a gema lateral. É um órgão

bicarenado e quando a gema se desenvolve em brotações laterais, é forçado a se abri r.

Ex.: Pennisetum.

Page 11: Apostila morfologia de gramíneas e leguminosas

o

o

1.4. Flor

constituído

presentes

Um conjun

espigueta

encerrado

Figura 3. Folha de gramíneas.

– A flor das

por bráctea

ambas somen

to de flores fo

(podendo ser

s por brácteas

Colm

Colm

gramíneas é aclamídea (sem cálice e corola), com invólucro

s, denominadas glumas, superior e inferior, podendo estarem

te uma ou nenhuma (Alcântara, 1983).

rma a inflorescência sendo que a unidade desta em gramíneas é a

pedicelada ou séssil). A espigueta contém um ou mais flósculos,

(Figura 4).

Page 12: Apostila morfologia de gramíneas e leguminosas

Lema Pálea Estigma Antera Ovário Lodícula

Ráquila

Gluma superior

Pedicelo

Gluma inferior

Ráquis

Figura 4. Espigueta com cinco flósculos (Gould, 1968, citaos por Mitidieri, 1980)

- Flósculo = Flor + o lema + a pálea

- O lema sempre está presente (a flor encontra-se alojada em sua axila), apresenta nervura

principal (tecido vivo), enquanto que o pelo não apresenta tecido vivo.

- A pálea pode faltar, não tem nervura principal, é bicarenada.

- Flor = Androceu + Gineceu + Lodículas (Figura 5).

Estigma Antera ou Estame Filamentos

3 filetes 3 anteras

Lodícula

Rudimento da corola que por turgecência abre a flor

Palea

Lema

Pistilo ou Gineceu

1 ovário súpero, tricarpelar, uniocular, Uniovular

2 estiletes 2 estigmas plumosos

Figura 5. Flor de gramínea (Gould, 1958; citado por Mitidieri, 1983).

Page 13: Apostila morfologia de gramíneas e leguminosas

1.5. Tipos de Inflorescência - A classificação das gramíneas baseia-se principalmente nos

caracteres da estrutura da espigueta e no arranjo das mesmas. Estas quase

exclusivamente delimitam as subfamílias, tribos e gêneros (Hitchcock, 1971; citado por

Mitidieri,1983).

Segundo LAHGER (1979) as gramíneas apresentam dois tipos de inflorescência:

Espiga e cacho. Quanto ao arranjo das mesmas, estas podem ser:

1.5.1. Espiga - espiguetas inseridas no eixo principal sem pedicelo (sésseis). Ex.: Milho

(Zea)

a) Espiga radiada digitada Ex.: Cynodon

1.5.2. Cacho ou racemo – espiguetas inseridas na ráquis através de pedicelo.

1.5.2.1. Radiados - a) Digitados Ex. Digitaria

- b) Sub-digitados Ex. Chloris

1.5.2.2. Isolados - a) Pareados Ex. Paspalum

- b) Alternados ao longo do eixo principal – existem mais de

dois racemos ao longo do eixo principal. Ex.Brachiaria

(exceto B. mutica)

1.5.2.3. Cacho composto ou panícula – espiguetas pediceladas inseridas em

ramificações terciárias e quaternárias da ráquis.

1.5.2.3.1. Aberta – As ramificações são longas e abertas. Ex. Melinis,

Panicum, Brachiaria mutica.

1.5.2.3.2. Contraída – Ex. Setaria, Pennisetum, Cenchrus

1.5.2.3.3. Pseudo-espiga – ou panícula de racemo espiciforme –

espiguetas pediceladas e sésseis inseridas em ramificações da ráquis, num mesmo sentido

(Andropogon e Hyparrhenia), (Figura 6). A Figura 7 mostra a estrutura completa de um

perfilho de gramínea.

1.6. Fruto – O fruto das gramíneas é do tipo cariopse (apresenta uma só semente,

aderida totalmente ao pericarpo). A semente é do tipo albuminosa, constituída de embrião

endosperma (Figura 7). Assim que a semente absorve água, o embrião emite um sinal

hormonal à camada de aleurona (camada protéica), que sintetiza as enzimas que irão

desdobrar os carboidratos do endosperma (amido, outros polissacarídeos – sacarose,

Page 14: Apostila morfologia de gramíneas e leguminosas

hemicelulose, óleo e proteína), para nutrir o vegetal durante o estágio da plântula. A

germinação geralmente é hipógea (o cotilédone permanece no solo durante o processo de

germinação).

Brotação

Rizoma

Estolão

Bainha Nervura Nó

Lígula Aurícula

Inflorescência

Lâmina

Espigueta

Figura 7. Partes da Planta de Gramínea.

Page 15: Apostila morfologia de gramíneas e leguminosas

Mista Panícula aberta Espiga Digitado Racemo

Cabeça = capítulo Panícula contraída Corimbo Fasciculado

Racemo isolado Racemo radiado subdigitado

Cacho isolado

Figura 6. Tipos de Inflorescências de gramíneas.

Page 16: Apostila morfologia de gramíneas e leguminosas

Figura 7. Secção longitudinal da cariopse de milho 1.7. Reprodução – As gramíneas apresentam dois tipos de reprodução: a) Sexual ou anfimixia – É quando há fusão de gametas, podendo ser por polinização

cruzada – casmogamia (com flores abertas), ou por autofecundação - Cleistogamia (com flores fechadas).

Períodos grandes de luminosidade favorecem a Cleistogamia, Ex: capim-colonião, enquanto que períodos curtos de luminosidade favorecem a Casmogamia, Ex: setária. Entretanto podem ocorrer períodos de luminosidade intermediários, que favoreçam os dois tipos de polinização, numa mesma espécie. Como exemplo tem-se o capim-colonião, que forma semente apomíticas, embora possa ocorrer uma baixa porcentagem de sexualidade (cerca de 20%), no entanto não se sabe se são sementes produzidas por autopolinização ou polinização cruzada.

b) Apomítica ou assexual (apomixia) – Num sentido mais amplo apomixia abrange todas as formas de propagação vegetativa (estímulo hormonal – podendo ou não ser idêntica à planta mãe). Num sentido mais restrito, apomixia é a propagação através de sementes produzidas assexuadamente e é denominada: Agamospermia (Melinis, Brachiaria, Chloris, Cenchrus). Neste caso, a planta forma sementes sem que haja fertilização, pois as sementes se desenvolvem somente dos tecidos maternos, ainda que em certos casos seja necessário o estímulo dado pelo pólen. (idêntico à planta mãe), (Alcântara e Mitidieri, 1983).

Page 17: Apostila morfologia de gramíneas e leguminosas

2. ORDEM Fabales (Leguminosas)

2.1. Sistema Radicular – pivotante. Sistema radicu1ar em que a raiz principal é bastante desenvolvida e as raízes secundárias são menores e pouco numerosas (Figura 8). Normalmente apresentam nódulos que dependendo do gênero da leguminosa estes podem localizar-se em maior concentração na raiz principal ou secundária. Ex.: Centrosema, Macroptilium e Galactia (maior concentração nas raízes secundárias e terciárias). Stylosanthes (maior concentração na raiz principal).

Outros tipos radiculares (origem caulinar) - Adventícias - leguminosas de hábito de crescimento rasteiro. Ex.: Macrotilium atropupureum (siratro).

- Raízes tuberosas - Pachyrriaus (Jacatupé ou feijão batata) - Xilopódio- Galactia e outras leguminosas da Região dos Cerrados

Figura 8. Sistema radicular das leguminosas

Page 18: Apostila morfologia de gramíneas e leguminosas

2.2. Caule – O caule das leguminosas geralmente são clorofilados e podem

ser:

2.2.1. Subterrâneos (rizomas) São encontrados nas espécies herbáceas

perene, funcionando como órgão de reserva e multiplicação vegetativa. Ex.: Trevo

subterrâneo

2.2.2. Aéreos. Herbáceos ou lenhosos, podendo ser divididos em:

a) Rasteiros – São caules superficiais ou estoloníferos, podendo

apresentar raízes adventícias. Ex. Siratro. Os caules rasteiros quando encontram suporte

podem subir (trepadores). Neste caso recebem o nome de sarmentoso, quando possuem

órgão de fixação (Ex: Vicia) e volúvel, quando não apresentam órgão de fixação. Ex:

Galactia, Centrosema e Macroptilium.

b) Subarbustivos – Até 1,5 de altura. Ex: Stylosanthes

c) Arbustivo - Até 3m de altura. Ex: Cajanus, Guandu

d) Arbóreo - Acima de 3m de altura. Ex: Lecaena (leucena).

Prosopis (algaroba).

2.3. Folha - A folha das leguminosas é constituída de base foliar, pecíolo e limbo,

podendo apresentar pulvino e estípulas. O limbo apresenta várias formas, dependendo da

espécie, com nervação penada. Pode ser do tipo:

2.3.1. Simples – Quando o limbo é único. Ex: Crotalaria juncea

2.3.2. Composta – Quando o limbo se subdivide em folíolos, podendo ser:

a) Trifoliolada – quando a folha apresenta apenas três folíolos. Ex:

Siratro, Centrosema, Calopogônio.

b) Pinada - Paripinada – quando os folíolos terminam em par, Ex: Vicia (ervilhaca) Imparipinada – quando os folíolos terminam em ímpar, Ex: Indigofera 2.3.3. Recomposta ou bipinada – Quando os folíolos se subdividem. Ex:

Leucaena e Prosopis (Figura 9).

2.4. Flor – A flor das leguminosas é diclamídia (com cálice e corola), sendo

heteroclamídia, onde o cálice difere da corola. O cálice possui 5 sépalas soldadas

Page 19: Apostila morfologia de gramíneas e leguminosas

(gamossépalo), nas três famílias. A corola possui 5 pétalas (1 estandarte, ou vetilo, 2 asas

e 2 quilhas ou carenas), (Figura10).

Família Pré-floração Flores Inflorescência

Mimosideae Valvar Actinomorfas1 Capituliformes

Caesalpinoideae Carenal Zigomorfa2 Racemo

Papilionoideae Vexilar Zigomorfa Racemo 1Actimorfa – vários planos de simetria (5 pétalas iguais) 2Zigomorfas – Apenas um plano de simetria

2.5. Fruto

a) Tipo vagem ou legume (seco, deiscente, com duas suturas: ventral e

dorsal).

b) Tipo lomento – fruto indeiscente que apresenta compartimento dividido

em septos transversais entre as sementes, por onde ocorre a separação das mesmas na

maturação. Ex: Desmodium

c) Tipo Aquênio – fruto seco indeiscente, com pericarpo fortemente

aderido a semente única Ex: Stylosanthes humilis

2.6. Semente – A semente das leguminosas é do tipo exabulminosa. A forma,

tamanho e coloração do tegumento variam com a espécie. A germinação geralmente é

epígea (os cotilédones emergem do solo durante o processo de germinação), com exceção

da ervilha e guandu que são hipógeas (os cotilédones ficam no solo durante o processo de

germinação) (Figura 11).

Hilo – É a cicatriz deixada quando a semente se destaca do fruto

(vagem), após quebra do funículo (estrutura de ligação entre a semente e o fruto).

Page 20: Apostila morfologia de gramíneas e leguminosas

Simples Trifoliolada

Palmada composta

Composta paripinada

sta imparipinada Recompo oComp sta ou bipinada

Figura 9. Tipos de folhas de leguminosas forrageiras.

Page 21: Apostila morfologia de gramíneas e leguminosas

Trevo branco Trevo vermelho

Estandarte

Bandeira

Asa

Quilha

Flósculo

Pedúnculo Flósculo

Pedúnculo

Flósculo

Flósculo

Pedicelo

Pedúnculo Pedúnculo

Figura 10. Tipos de flor de leguminosas forrageiras.

Page 22: Apostila morfologia de gramíneas e leguminosas

RC

a

Figura 11. A semente de leguminosa forrageira. IV. BIBLIOGRAFIA CITADA

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