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Olhar Sophia é um nome que rima com poesia A Fada azul

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Page 1: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Olhar

Sophia é um nome que rima com poesia “Manuel Alegre”

A Fada azul

Page 2: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Nasceu no Porto, a 6 de Novembro de 1919, e aí passou a primeira infância.

Page 3: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Aos três anos tem o primeiro contacto

com a poesia, quando uma criada lhe recita a “Nau

Catrineta” que aprenderia de cor.

Ainda antes de aprender a ler, o avô ensinou-a a recitar Camões e Antero.

Page 4: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

As férias, na companhia dos irmãos, eram passadas numa

casa branca, com enormes jardins, voltada para o mar.

Essa casa aparece referenciada em muitas das

suas obras, sobretudo nas de literatura infanto-juvenil.

Page 5: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Aos doze anos escreve os primeiros poemas e, entre os dezasseis e os vinte e três anos, tem uma fase excepcionalmente fértil na sua produção poética.

Page 6: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Apenas com vinte e cinco

anos, publica o seu

primeiro livro, “Poesia”,

uma edição de autor, de

trezentos exemplares, paga

pelo pai.

Page 7: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Em 1946 casou com o advogado e jornalista Francisco Sousa Tavares a quem se diz ter ficado a dever a consciência política.

Dedicou-lhe o seu livro “Contos Exemplares” escrevendo: “Para o Francisco que me ensinou a coragem e a alegria do combate

desigual.”

Page 8: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Nos anos em que foi vendo nascer os filhos Sophia escreveu relativamente pouco. “Não sentia necessidade” mas estreou-se na literatura para crianças porque “Uma criança é uma criança não é um pateta…” Desejava histórias onde predominasse o maravilhoso, a fantasia e a alegoria do real para uma leitura de encantamento.

Page 9: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Sobre Sophia mãe, disse Maria Sousa Tavares em seu nome e em nome dos

irmãos

“Transmitiu-nos, desde a infância,

o apego intransigente às coisas essenciais

da alegria de viver: o bom pão,

o bom vinho, o mar, o Verão, a

luz” .

Page 10: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Querendo despertar em vós o desejo de ler Sophia, vejamos uma breve síntese das suas obras infanto-juvenis.

Page 11: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Em “A Floresta” (1968) um anão pede ajuda à Isabel na tarefa de distribuir o seu tesouro. Fica então a conhecer

os benefícios e os malefícios do dinheiro e a dor da separação.

Page 12: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Em “A Fada Oriana” (1958) há uma fada que perde o dom de voar .Envaidecida pelos elogios de um peixe Oriana esquece-se dos outros e apaga do seu íntimo a generosidade. Para voltar à harmonia a fada terá de recuperar a justiça no tratamento com todos os seres. O bem e o mal segundo Sophia.

Page 13: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Em “A menina do mar” (1958) conta-se a aproximação entre uma menina que vive no mar e um menino que vive na terra. Nenhum pode sobreviver no mundo do outro mas vão

desvendando mutuamente os mundos que habitam e aceitam-se nas diferenças.

Page 14: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Em “A noite de Natal” (1959) chegam-nos o sagrado e o divino. Joana segue a estrela com os Reis Magos e vai à procura do seu amigo, um garoto “todo vestido de remendos”. “No mundo todos nós somos pessoas que vão atrás da estrela e por isso a estrela

não é uma fantasia, é o símbolo de uma realidade.”

Page 15: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Em “A árvore” e “O Espelho ou o Retrato Vivo” Sophia homenageia a transformação que os homens imprimem

aos objectos e o conhecimento das sucessivas gerações

Page 16: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Em “O Rapaz de Bronze” (1966) uma estátua salta do seu pedestal e conversa com as flores. É a descoberta dos mistérios da noite e do crescimento.

As coisas extraordinárias e as coisas

fantásticas também são verdadeiras.

Page 17: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Também em “O cavaleiro da Dinamarca” (1964) a religião e o Natal estão presentes. Um cavaleiro nórdico que tinha ido à

Terra Santa, no caminho é posto à prova e regressa a casa na noite em que Jesus nasceu.

Page 18: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Não foi com o 25 de Abril que o seu

empenho político se manifestou. Vinha já

de longa data participando no

combate ao regime Salazarista e

sobretudo como sócia-fundadora da Comissão Nacional

de Socorro aos Presos Políticos.

Após o 25 de Abril foi deputada à Assembleia

Constituinte, com participação activa

sobretudo em debates culturais.

Page 19: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

“O velho abutre é sábio e alisa as suas penas.

A podridão lhe agrada e seus discursos

têm o dom de tornar as almas mais pequenas.”

Page 20: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

“Esta é a madrugada que eu esperava O dia inicial inteiro e limpo

Onde emergimos da noite e do silêncioE livres habitamos a substância do tempo”

25 de Abril

Page 21: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Porque

Porque os outros se mascaram e tu nãoPorque os outros usam a virtude

Para comprar o que não tem perdão.Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiadosOnde germina calada a podridão.Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendemE os seus gestos dão sempre dividendo.Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos E tu vais de mãos dadas com os perigos.Porque os outros calculam mas tu não.

Page 22: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

A escrita de Sofia está carregada de

sabores, de cheiros, de um

ângulo de luz da janela, de um

reflexo de sol ou de sombra que de repente atravessa

o quarto, dos rumores da casa onde há sempre

um deus fantástico … de

memórias, vivências e até

ausências.

Page 23: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Sophia

Gostava de luz, pedras, brisas, ondas e búzios. Gostava do ritmo das paisagens, do perfume da tília e do respirar da noite. Não gostava das pessoas que não têm dentro. Só têm fora. Não gostava de burocracias e injustiças.

Page 24: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

A sua poesia, como toda a verdadeira

poesia, pode ser dita, cantada e até dançada.Sophia com Vinicius de Moraes

Page 25: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Para Sophia a poesia é “uma incessante perseguição do real , do concreto e a sua explicação com o universo”.

“No quadro sensível do poema vejo para onde vou, reconheço o meu caminho, o meu reino, a minha vida”.

Page 26: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

A melhor homenagem a Sophia é ler, olhar ou ouvir os seus poemas, apreciando cada palavra e cada verso.

Page 27: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Cidade Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas,

Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta, Saber que existe o mar e as praias nuas,

Montanhas sem nome e planícies mais vastas Que o mais vasto desejo,

E eu estou em ti fechada e apenas vejoOs muros e as paredes, e não vejo

Nem o crescer do mar, nem o mudar das luas.Saber que tomas em ti a minha vida

E que arrastas pela sombra das paredesA minha alma que fora prometida

Às ondas brancas e às florestas verdes.

Page 28: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

AS VOZES DO MAR

Este búzio não o encontrei eu própria numa praia

Mas na mediterrânica noite azul e preta

Em Cós o comprei na venda junto ao cais

E comigo trouxe o ressoar dos temporais

Porém nele não oiço

Nem o marulho de Cós nem o de Egina

Mas sim o cântico da longa vasta praia

Atlântica e sagrada

Onde para sempre minha alma foi criada.

Page 29: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Aqui nesta praia ondeNão há nenhum vestígio de impureza,

Aqui onde há somenteOndas tombando ininterruptamente,

Puro espaço e lúcida unidade,Aqui o tempo apaixonadamenteEncontra a própria liberdade.

LI

B

E

R

D

AD

E

Page 30: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

A sua poesia é um permanente hino à natureza.

“De todos os cantos do mundoAmo com amor mais forte e mais profundoAquela praia extasiada e nua Onde me uni ao mar, ao vento e à lua”.

MAR

Page 31: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Mar,Metade da minha alma é feita de maresia…

Atlântico

Page 32: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Mar sonoro

Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim,A tua beleza aumenta quando estamos sósE tão fundo intimamente a tua vozSegue o mais secreto bailar do meu sonho,Que momentos há em que eu suponhoSeres um milagre criado só para mim.

Page 33: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Liberdade

O poema é

A liberdade

Um poema não se programa

Porém a disciplina

-Sílaba por sílaba-

O acompanha

Sílaba por sílaba

O poema emerge

-Como se os deuses o

dessem

-O fazemos

Page 34: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Escuto

Escuto mas não seiSe o que oiço é silêncioOu Deus

Escuto sem saber se estou ouvindoO ressoar das planícies do vazioOu a consciência atentaQue nos confins do universoMe decifra e fita

Apenas sei que caminho como quemÉ olhado amado e conhecidoE por isso em cada gesto ponhoSolenidade e risco

Page 35: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Tive amigos que morriam, amigos que partiam

Outros quebravam o seu rosto contra o tempo.

Biografia

Odiei o que era fácil

Procurei-me na luz, no mar, no vento.

Page 36: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Sophia morreu a 2 de Julho de 2004.Vivamo-la em cada história, em cada verso e acreditemos no seu poema, que diz:

“Quando eu morrer voltarei para buscar

os instantes que não vivi junto do mar”.

Page 37: Apresentação  de  Sofia de Mello Breyner Andresen

Ficha Técnica:

Concepção :

José Capitão (Prof.)

Gracinda Castanheira (Profª)

Fotografia:José Capitão (Prof.)Gracinda Castanheira (Profª)

Arranjo Técnico:

Eva Campos Costa, Gracinda Castanheira, José Capitão, Mário Pinhal (Profs) e Alberto Cerqueira (AAE)

Música de fundo: Allegro non troppo de Brahms

Poema “Porque” cantado por F. Fanhais

Poemas de Sophia ditos por Luis Miguel Cintra