apucarana - paranÁ · e o estudo sobre a importância da arte para o desenvolvimento da sociedade....

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GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PROFª LINDA EIKO AKAGI MIYADI Av. Curitiba – 1052 – CEP: 86.800-005 – Fone/Fax: 43 3423-2840 – E-mail: [email protected] APUCARANA - PARANÁ Profª Jaqueline Ribeiro Maximiano Profª Patricia Helena. H. Canezin Profª Silvia Flores PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DE ARTE Apucarana 2012

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GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁSECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PROFª LINDA EIKO AKAGI MIYADIAv. Curitiba – 1052 – CEP: 86.800-005 – Fone/Fax: 43 3423-2840 – E-mail: [email protected]

APUCARANA - PARANÁ

Profª Jaqueline Ribeiro Maximiano

Profª Patricia Helena. H. Canezin

Profª Silvia Flores

PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DE ARTE

Apucarana2012

1. Fundamentos teóricos da disciplina

Sabe-se que nas Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná,

propõe-se uma reorientação na política curricular com o objetivo de construir

uma sociedade justa, onde as oportunidades sejam iguais para todos.

Pensa-se então que, os sujeitos da Educação Básica, crianças,

jovens e adultos, em geral oriundos das classes assalariadas, urbanas ou

rurais, de diversas regiões e com diferentes origens étnicas e culturais

(FRIGOTTO, 2004), devem ter acesso ao conhecimento produzido pela

humanidade que, na escola, é veiculado pelos conteúdos das disciplinas

escolares.

As dimensões do conhecimento fundamentam-se nos

princípios teóricos expostos, propõe-se que o currículo da Educação Básica

ofereça, ao estudante, a formação necessária para o enfrentamento com vistas

à transformação da realidade social, econômica e política de seu tempo. Esta

ambição remete às reflexões de Gramsci em sua defesa de uma educação na

qual o espaço de conhecimento, na escola, deveria equivaler à idéia de atelier-

biblioteca-oficina, em favor de uma formação, a um só tempo, humanista e

tecnológica.

Neste sentido, a arte possibilita uma dimensão artística fruto de

uma relação específica do ser humano com o mundo e o conhecimento. Essa

relação é materializada pela e na obra de arte. que “é parte integrante da

realidade social, é elemento da estrutura de tal sociedade e expressão da

produtividade social e espiritual do homem” (KOSIK, 2002, p. 139). A obra de

arte é constituída pela razão, pelos sentidos e pela transcendência da própria

condição humana.

Sendo assim, um importante objeto de estudo da disciplina de

arte é o conhecimento artístico que possui como características centrais a

criação e o trabalho criador. A arte é criação, qualidade distintiva fundamental

da dimensão artística, pois criar “é fazer algo inédito, novo e singular, que

expressa o sujeito criador e simultaneamente, transcende-o, pois o objeto

criado é portador de conteúdo social e histórico e como objeto concreto é uma

nova realidade social” (PEIXOTO, 2003, p. 39).

Um dos elementos fundamentais da arte é a criação que

também faz parte da educação, pois a escola é, a um só tempo, o espaço do

conhecimento historicamente produzido pelo homem e espaço de construção

de novos conhecimentos, no qual é imprescindível o processo de criação.

Assim, o desenvolvimento da capacidade criativa dos alunos, inerente à

dimensão artística, tem uma direta relação com a produção do conhecimento

nas diversas disciplinas.

Pensa-se então que, a dimensão artística pode contribuir

significativamente para humanização dos sentidos, ou seja, para a superação

da condição de alienação e repressão à qual os sentidos humanos foram

submetidos.

A disciplina de arte desde o período o período colonial, onde os

Jesuítas eram os atuantes desenvolveu, para grupos de diversas origens, uma

educação de tradição religiosa cujos registros revelam o uso pedagógico da

arte. Este período foi importante na constituição da matriz cultural brasileira e

manifesta-se na cultura popular paranaense.

Com a vinda da família real de Portugal para o Brasil, uma

série de ações foi iniciada para atender, em termos materiais e culturais, a

corte portuguesa. Entre essas ações, destacou-se a vinda da Missão Francesa,

cuja concepção de arte vinculava-se ao estilo neoclássico, fundamentado no

culto à beleza clássica.

Esse padrão estético entrou em conflito com a arte colonial e

suas características, como o Barroco com destaque na arquitetura e na

escultura.

No Paraná, foi fundado o Liceu de Curitiba (1846), hoje Colégio

Estadual do Paraná, que seguia o currículo do Colégio Pedro II, e a Escola

Normal (1876), atual Instituto de Educação, para a formação em magistério.

Sabe-se que o ensino de Arte nas escolas e os cursos de Arte

oferecidos nos mais diversos espaços sociais são influenciados, também, por

movimentos políticos e sociais. Nas primeiras décadas da República, por

exemplo, ocorreu a Semana de Arte Moderna de 1922, um importante marco

para a arte brasileira, associado aos movimentos nacionalistas da época.

No Paraná, houve reflexos desses vários processos pelos

quais passou o ensino da Arte, assim como no final do século XIX, com a

chegada dos imigrantes e, entre eles, artistas, vieram novas ideias e

experiências culturais diversas, como a aplicação da Arte aos meios produtivos

e o estudo sobre a importância da Arte para o desenvolvimento da sociedade.

As características da nova sociedade em formação e a necessária valorização

da realidade local estimularam movimentos a favor da Arte se tornar disciplina

escolar.

Surgem então várias escolas de arte que no decorrer dos anos

sofreram transformações e deixaram marcos do desenvolvimento da Arte no

âmbito escolar.

Reconhece-se que os avanços recentes podem levar a uma

transformação no ensino de arte. Entretanto, ainda são necessárias reflexões e

ações que permitam a compreensão da arte como campo do conhecimento, de

modo que não seja reduzida a um meio de comunicação para destacar dons

inatos ou a prática de entretenimento e terapia. Assim, o ensino de arte deixará

de ser coadjuvante no sistema educacional para se ocupar também do

desenvolvimento do sujeito frente a uma sociedade construída historicamente e

em constante transformação.

2. Conteúdos Curriculares

Na concepção de currículo apresentadas pela DCE, as

disciplinas da terão em seus conteúdos estruturantes, os campos de estudo

que as identificam como conhecimento histórico. Dos conteúdos estruturantes

organizam-se os conteúdos básicos a ser trabalhados por série, compostos

tanto pelos assuntos mais estáveis e permanentes da disciplina quanto pelos

que se apresentam em função do movimento histórico e das atuais relações

sociais. Esses conteúdos, articulados entre si e fundamentados nas respectivas

orientações teórico-metodológicas, farão parte da proposta curricular das

escolas.

Considera-se que a disciplina de Arte deve propiciar ao aluno

acesso ao conhecimento sistematizado em arte. Por isso, propõe-se uma

organização curricular para o CEEBJA a partir dos conteúdos estruturantes que

constituem uma identidade para a disciplina de Arte e possibilitam uma prática

pedagógica que articula as quatro áreas de Arte, sendo eles:

ENSINO FUNDAMENTALÁREA CONTEÚDOS

ESTRUTURANTES

ELEMENTOS FORMAIS

COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E

PERÍODOS

MÚSICA

6º ano

AlturaDuraçãoTimbreIntensidadeDensidade

Ritmo MelodiaEscalas: diatônicaPentatônicaCromáticaImprovisação

Greco-RomanaOrientalOcidentalAfricana

7º ano

AlturaDuraçãoTimbreIntensidade Densidade

RitmoMelodiaHarmoniaTonal, modal e a fusão de ambos.Técnicas: vocal, instrumental e mista

Indústria CulturalEletrônicaMinimalistaRap, Rock, Tecno

8º ano

AlturaDuraçãoTimbreIntensidade Densidade

RitmoMelodiaHarmoniaTonal, modal e a fusão de ambos.Técnicas: vocal, instrumental e mista

Indústria CulturalEletrônicaMinimalistaRap, Rock, Tecno

9º ano

AlturaDuraçãoTimbreIntensidade Densidade

RitmoMelodiaHarmoniaTonal, modal e a fusão de ambos.Técnicas: vocal, instrumental e mista

Indústria CulturalEletrônicaMinimalistaRap, Rock, Tecno

ENSINO FUNDAMENTALÁREA CONTEÚDOS

ESTRUTURANTES

ELEMENTOS FORMAIS

COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E

PERÍODOS

ARTES VISUAI

S

6º anoPontoLinhaTexturaFormaSuperfícieVolumeCorLuz

Bidimensional FigurativaGeométrica, simetriaTécnicas: Pintura, escultura, arquitetura...Gêneros: cenas de mitologia

Arte Greco-RomanaArte AfricanaArte OrientalArte Pré-Histórica

7º anoPontoLinhaTexturaFormaSuperfícieVolumeCorLuz

Proporção TridimensionalFigura e fundoAbstrataPerspectivaTécnicas: pintura, escultura, modelagem, gravura...Gêneros: Paisagem, retrato, natureza morta.

Arte IndígenaArte Popular Brasileira e Paranaense Renascimento Barroco

8º ano

PontoLinhaTexturaFormaSuperfícieVolumeCorLuz

SemelhançasContrastesRitmo VisualEstilizaçãoDeformaçãoTécnicas: desenho, fotografia, audiovisual e mista...

Indústria CulturalArte no Séc. XXArte Contemporânea

9º ano

LinhaForma TexturaSuperfícieVolumeCorLuz

BidimensionalTridmensionalFigura-fundoRitmo VisualTécnica: Pintura, grafitte, performance...

Gêneros: Paisagem

RealismoVanguardasMuralismo e Arte Latino-AmericanaHip Hop

urbana, cenas do cotidiano...

ENSINO FUNDAMENTALÁREA CONTEÚDOS

ESTRUTURANTES

ELEMENTOS FORMAIS

COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E

PERÍODOS

TEATRO

6º ano Personagem: expressões corporais, vocais, gestuais e faciaisAçãoEspaço

Enredo, roteiro.Espaço Cênico, adereçosTécnicas: jogos teatrais, teatro indireto e direto, improvisação, manipulação, máscara...Gênero: Tragédia, Comédia e Circo

Greco-RomanaTeatro OrientalTeatro MedievalRenascimento

7º ano Personagem: expressões corporais, vocais, gestuais e faciaisAçãoEspaço

Representação, Leitura dramática, Cenografia.Técnicas: jogos teatrais, mímica, improvisação, formas, animadas...Gêneros: Rua e arena, Caracterização.

Comédia Dell´ArteTeatro PopularBrasileiro e Paranaense Teatro Africano

8º ano Personagem: expressões corporais, vocais, gestuais e faciaisAçãoEspaço

Representação de Cinema e MídiasTexto dramáticoMaquiagemSonoplastiaRoteiroTécnicas: jogos teatrais, sombra, adaptação cênica...

Indústria CulturalRealismoExpressionismoCinema Novo

9º ano PontoLinhaTexturaFormaSuperfícieVolume

Bidimensional TridimensionalFigura-fundoRitmo VisualTécnica: Pintura, grafitte,

Realismo VanguardasMuralismo e Arte Latino-Americana Hip Hop

CorLuz

performance...Gêneros: Paisagem urbana, cenas do cotidiano...

ENSINO FUNDAMENTALÁREA CONTEÚDOS

ESTRUTURANTES

ELEMENTOS FORMAIS

COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E

PERÍODOS

DANÇA

6º ano Movimento Corporal TempoEspaço

KinesferaEixoPonto de ApoioMovimentos articulares Fluxo (livre e interrompido) Rápido e lentoFormaçãoNíveis (alto, médio e baixo) Deslocamento (direto e indireto)Dimensões (pequeno e grande)Técnica: ImprovisaçãoGênero: Circular

Pré-históriaGreco-RomanaRenascimentoDança Clássica

7º ano Movimento Corporal TempoEspaço

Ponto de ApoioRotaçãoCoreografiaSalto e quedaPeso (leve e pesado)Fluxo (livre, interrompido e conduzido)Lento, rápido e moderadoNíveis (alto, médio e baixo)FormaçãoDireçãoGênero: Folclórica, popular e étnica

Dança Popular BrasileiraParanaenseAfricana Indígena

8º ano Movimento Corporal TempoEspaço

Giro RolamentoSaltosAceleração e desaceleração Direções (frente, atrás, direita e esquerda)ImprovisaçãoCoreografiaSonoplastiaGênero: Indústria Cultural e espetáculo

Hip HopMusicaisExpressionismoIndústria CulturalDança Moderna

9º ano Movimento Corporal TempoEspaço

KinesferaPonto de ApoioPesoFluxoQuedas

VanguardasDança ModernaDança Contemporâne

SaltosGiros RolamentosExtensão (perto e longe)CoreografiaDeslocamentoGênero: Performance e moderna

a

ENSINO MÉDIOÁREA CONTEÚDOS

ESTRUTURANTES

ELEMENTOS FORMAIS

COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E

PERÍODOS

MÚSICA

1ª/3ª séries

AlturaDuraçãoTimbreIntensidadeDensidade

RitmoMelodiaHarmoniaEscalasModal, Tonal e fusão de ambos.Gêneros: erudito, clássico, popular, étnico, folclórico, Pop...Técnicas: vocal, instrumental, eletrônica, informática e mistaImprovisação

Música Popular BrasileiraParanaensePopularIndústria CulturalEngajadaVanguardaOcidentalOrientalAfricanaLatino-Americana

ENSINO MÉDIO

ÁREA CONTEÚDOS ESTRUTURANT

ES

ELEMENTOS FORMAIS

COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E

PERÍODOS

ARTES VISUAI

S

1ª/3ª séries

PontoLinhaFormaTexturaSuperfícieVolumeCorLuz

BidimensionalTridimensionalFigura e fundoFigurativoAbstratoPerspectivaSemelhançasContrastesRitmo VisualSimetriaDeformaçãoEstilizaçãoTécnica: Pintura, desenho, modelagem, instalação, performance, fotografia, gravura e esculturas,

Arte OcidentalArte OrientalArte AfricanaArte BrasileiraArte ParanaenseArte PopularArte da VanguardaIndústria CulturalArteContemporânea Arte Latino-Americana

Arquitetura, história em quadrinhos...Gêneros: Paisagem, Natureza-morta, Cenas do Cotidiano, Histórica, Religiosa, da Mitologia...

ENSINO MÉDIOÁREA CONTEÚDOS

ESTRUTURANTES

ELEMENTOS FORMAIS

COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E

PERÍODOS

TEATRO

1ª/3ª séries

Personagem: expressões corporais, vocais, gestuais e faciaisAção Espaço

Técnicas: jogos teatrais, teatro direto e indireto, mímica, ensaio, Teatro-FórumRoteiro Encenação e leitura dramáticaGêneros: Tragédia, Comédia, Drama e ÉpicoDramaturgiaRepresentação nas mídiasCaracterização Cenografia, sonoplastia, figurino e iluminação DireçãoProdução

Teatro Greco-RomanoTeatro MedievalTeatro BrasileiroTeatro ParanaenseTeatro PopularIndústria CulturalTeatro EngajadoTeatro PopularIndústria CulturalTeatro EngajadoTeatro DialéticoTeatro EssencialTeatro do OprimidoTeatro PobreTeatro de VanguardaTeatro RenascentistaTeatro Latino-AmericanoTeatro RealistaTeatro Simbolista

ENSINO MÉDIO

ÁREA CONTEÚDOS ESTRUTURANT

ES

ELEMENTOS FORMAIS

COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E

PERÍODOS

DANÇA 1ª/3ª séries

Movimento Corporal Tempo Espaço

KinesferaFluxoPesoEixoSalto e QuedaGiroRolamentoMovimentos articularesLento, rápido e moderadoAceleração e desaceleração Níveis DeslocamentoDireções PlanosImprovisaçãoCoreografiaGêneros: Espetáculo, industrial cultural, étnica, folclórica, populares e salão

Pré-históriaGreco-RomanaMedievalRenascimentoDança ClássicaDança PopularBrasileiraParanaenseAfricanaIndígenaHip HopIndústria CulturalDança ModernaVanguardasDança Contemporânea

3. Metodologia

Diversas são as maneiras de se pensar a Arte e o seu ensino,

são constituídos nas relações socioculturais, econômicas e políticas do

momento histórico em que se desenvolveram. Nesse sentido, as diversas

teorias sobre a arte estabelecem referências sobre sua função social, tais

como: da arte poder servir à ética, à política, à religião, à ideologia; ser utilitária

ou mágica; transformar-se em mercadoria ou simplesmente proporcionar

prazer.

São apresentadas nas diretrizes, disciplinas escolares

entendidas como campos de conhecimento, que se identificam pelos

respectivos conteúdos estruturantes e por seus quadros teóricos conceituais.

Considerando esse construtor teórico, as disciplinas são as

pressupostas para a interdisciplinaridade. A partir das disciplinas, as relações

interdisciplinares se estabelecem quando:

Conceitos, teorias ou práticas de uma disciplina são chamados

á discussão e auxiliam a compreensão de um recorte de conteúdo qualquer de

outra disciplina;

Ao tratar do objeto de estudo de uma disciplina, buscam-se nos

quadros conceituais de outras disciplinas referenciais teóricos que possibilitem

uma abordagem mais abrangente desse objeto.

A interdisciplinaridade está relacionada ao conceito de

contextualização sócio-histórica como princípio integrador

do currículo. Isto porque ambas propõem uma articulação

que vá além dos limites cognitivos próprios das disciplinas

escolares, sem, no entanto, recair no relativismo

epistemológico. Ao contrário, elas reforçam essas

disciplinas ao se fundamentarem em aproximações

conceituais coerentes e nos contextos sócio-históricos,

possibilitando as condições de existência e constituição

dos objetos dos conhecimentos disciplinares. Ramos

(p.1,2004)

“Sob algumas abordagens, a contextualização, na pedagogia, é

compreendida como inserção do conhecimento disciplinar em uma realidade

plena de vivências, buscando o enraizamento do conhecimento explicito na

dimensão do conhecimento tácito. Tal enraizamento seria possível por meio do

aproveitamento e da incorporação de relações vivenciadas e valorizadas nas

quais os significados se originam, ou seja, na trama de relações em que a

realidade é tecida.”

O processo de ensino-aprendizagem contextualizado é um

importante meio de estimular a curiosidade e fortalecer a confiança do aluno.

Por outro lado, sua importância está condicionada á possibilidade de ter

consciência sobre seus modelos de explicação e compreensão da realidade,

reconhecê-los como equivocados ou limitados a determinados contextos,

enfrentar o questionamento, colocá-los em cheque num processo de

desconstrução de conceitos e reconstrução/apropriação de outros.

Nas aulas de arte é necessária a unidade de abordagem dos

conteúdos estruturantes, em um encaminhamento metodológico orgânico, onde

o conhecimento, as práticas e a fruição artística estejam presentes em todos os

momentos da prática pedagógica, em todas as séries da Educação Básica.

Dessa forma, devem-se contemplar, na metodologia do ensino da Arte, três

momentos da organização pedagógica.

Teorizar: fundamenta e possibilita ao aluno que perceba e

aproprie a obra artística, bem como, desenvolva um trabalho artístico para

formar conceitos artísticos.

Sentir e perceber: são as formas de apreciação, fruição, leitura

e acesso à obra de arte.

Trabalho artístico: é a prática criativa, o exercício com os

elementos que compõe uma obra de arte.

A prática artística- o trabalho criador- é expressão privilegiada,

é o exercício da imaginação e criação. Apesar das dificuldades que a escola

apresenta para desenvolver essa prática, ela é fundamental, pois a arte não

pode ser apreendida somente de forma abstrata. De fato, o processo de

produção do aluno acontece quando ele interioriza e se familiariza com os

processos artísticos e humaniza seus sentidos.

Na prática pedagógica da EJA, faz-se necessário utilizar de

várias metodologias para atender a diversidade do alunado. Entre algumas

práticas pode-se destacar:

- Aulas expositivas em pequenos grupos da mesma série para

reforçar o conteúdo que está sendo trabalhado;

- Exercícios práticos, escultura, pintura, desenho, para

desenvolvimento e melhor aprendizado do conteúdo;

- Aulas práticas no laboratório de informática, para que os

alunos possam aprofundar seus conhecimentos e fazer pesquisa, dando a eles

oportunidade de utilizar a ferramenta tecnológica, uma vez que muitos alunos

da EJA não possuem acesso a internet e não conta com um computador em

suas residências.

Recursos pedagógicos:

- TV Pen Drive, uma ferramenta muito utilizada nas aulas de

arte, por dar acesso rápido e prático para exposições de vídeos e imagens que

são de muita importância para gerar conhecimento em arte.

- Uso de computadores.

4.1 Artes Visuais

Sugere-se que a prática pedagógica parta da análise e

produção de trabalhos artísticos relacionados a conteúdos de composição em

artes visuais, tais como:

• Imagens bidimensionais: desenhos, pinturas, gravuras,

fotografia, propaganda visual;

• Imagens tridimensionais: esculturas, instalações,

produções arquitetônicas;

• Trabalhar com as artes visuais sob uma perspectiva

histórica e crítica, reafirma a discussão sobre essa área como processo

intelectual e sensível que permite um olhar sobre a realidade humano-social, e

as possibilidades de transformação desta realidade.

4.2 Dança

A dança tem seus conteúdos próprios, capazes de desenvolver

aspectos cognitivos que, uma vez integrados aos processos mentais,

possibilitam uma melhor compreensão estética da arte.

Os elementos formais da dança são:

Movimento Corporal: movimento do corpo ou de parte dele

num determinado tempo e espaço;

Espaço: é onde os movimentos acontecem, com a utilização

total ou parcial do espaço;

Tempo: caracteriza a velocidade do movimento corporal (ritmo

e duração)

4.3 Música

Para entender melhor a música, é necessário desenvolver o

hábito de ouvir os sons com mais atenção, de modo que se possa identificar os

seus elementos formadores, as variações e as maneiras como esses sons são

distribuídos e organizados em uma composição musical. Essa atenção vai

propiciar o reconhecimento de como a música se organiza.

A música é formada, basicamente, por som e ritmo e varia em

gênero e estilo.

4.4 Teatro

Para o trabalho de sentir e perceber é essencial que os alunos

assistam a peças teatrais de modo a analisá-las a partir de questões como:

Descrição do contexto: nome da peça, autor, direção, local

atores, período histórico de representação;

Análise da estrutura e organização da peça: tipo de cenário e

sonoplastia, expressões usadas com mais ênfase e outros conteúdos

trabalhados em aula;

Análise da peça sob o ponto de vista do aluno: com sua

percepção e sensibilidade em relação á peça assistida.

O Teatro oportunizará aos alunos a análise, a investigação e a

composição de personagens, de enredos e de espaços de cena, permitidas a

interação crítica dos conhecimentos trabalhados com outras realidades

socioculturais.

Essas relações estão presentes, também, em manifestações

cênicas como: danças, jogos e brincadeiras, rituais folguedos folclóricos como

o Maracatu, a Festa do Boi, a Congada, a Cavalhada, a Folia de Reis, entre

outras. Tais manifestações podem ser apreendidas como conhecimento e

experimento cênico que podem contribuir para integrar e desenvolver o

conhecimento estético e artístico do aluno, bem como para ampliar seu modo

de pensar e recompor representações de mundo, a partir dos diferentes meios

socioculturais.

Conteúdos Obrigatórios

Sabe-se que a formação da consciência e da cidadania é um

dos objetivos da escola como um todo. A História não é feita de fatos isolados,

é um processo contínuo e global. Acredita-se que por meio das temáticas dos

desafios educacionais contemporâneos o aluno da EJA, através da

incorporação de atitudes, valores e comportamentos, a capacidade de inserção

e intervenção claras e conseqüentes em sua realidade.

A introdução de Estudos sobre o Paraná (Lei 13.381/01) é

significativa nos sentido de permitir ao aluno conhecer sua realidade local e

situar-se como agente de sua própria história. Estes conteúdos de forma

seriada estarão contemplados na Proposta Pedagógica Curricular da disciplina

de Arte e no Plano de Trabalho.

Quanto ao desenvolvimento sócio-educacional dentro da

escola, ao trabalhar História e Cultura afro-brasileira, africana e indígena (Lei n.

11.645/08) torna-se necessário por em foco a história do negro, da África, dos

indígenas e suas dinâmicas culturais, configurações territoriais,e espaços

sociais de forma crítica. Por meio da apresentação de artistas negros,

produções indígenas e de suas obras, poderá a partir de conversas, diálogos,

debates, pesquisas, apresentações, desmistificar preconceitos, desconstruir

imagens (pré) concebidas a respeito da etnia e do continente africano. Por

meio da imagem, pode-se colaborar na rememoração da história da população

negra e na construção da identidade afro-descendente.

A prevenção ao uso indevido de drogas, a sexualidade

humana, a educação Ambiental (Lei Federal nº9795/99, Dec. nº 4201/02), a

Educação Fiscal, o enfrentamento à violência contra a criança e o adolescente,

os Direito das Crianças e Adolescentes (lei Federal nº 11.525/07), a e

Educação Tributária Dec. nº 1143/99, Portaria nº 413/02.

5. Avaliação

A avaliação está continuamente presente na vida do ser

humano. Em sala de aula não é diferente: professores e alunos sempre estão

relacionados a ela. Na educação, produziram-se uma série de mudanças nas

concepções sobre a avaliação que trouxeram uma série de repercussões e

deram novos caminhos para a sua prática. Neste sentido, a avaliação torna-se

uma peça importante do espaço escolar, principalmente dentro do CEEBJA,

por isso a escolha da avaliação formativa, mediada pelo professor, que

promova a aprendizagem e conte com a participação do aluno.

Cabe a avaliação ajudar o aluno a se desenvolver e avançar,

por isso deve ser conduzido com ética, pois a avaliação é uma grande aliada

do aluno e do professor.

A avaliação, nesta perspectiva, visa contribuir para a

compreensão das dificuldades de aprendizagem dos alunos, com vistas às

mudanças necessárias para que essa aprendizagem se concretize e a escola

se faça mais próxima da comunidade, da sociedade como um todo, no atual

contexto histórico e no espaço onde os alunos estão inseridos

Assim sendo, o objetivo da arte no ensino de Jovens e Adultos

é propiciar o aluno o acesso aos conhecimentos presentes nos bens culturais,

por meio de um conjunto de saberes, permitindo que utilize esses

conhecimentos na compreensão das realidades levando em conta as relações

estabelecidas pelos alunos entre conhecimentos em arte e a sua realidade que

se tornam evidentes tanto no processo, quanto na produção individual e

coletiva.

Dessa forma, a avaliação em Arte será diagnóstica e

processual e sem estabelecimento de parâmetros comparativos entre alunos;

estará, portanto, discutindo dificuldades e progressos de cada um a partir de

sua própria produção.

Sendo diagnóstica a avaliação será referência do professor

para o planejamento das aulas e de avaliação dos alunos. Sendo processual

abrange todos os momentos da prática pedagógica . A avaliação será feita por

meio de observação e registro, considerando aspectos experiências (prática) e

conceituais (teóricos), buscando o desenvolvimento do pensamento estático e

a sistematização do conhecimento para a leitura da realidade.

O planejamento deve ser constantemente direcionado,

utilizando a avaliação do professor, da turma, sobre o desenvolvimento das

aulas e também a auto-avaliação dos alunos.

A fim de se obter uma avaliação efetiva individual e do grupo,

são necessários vários instrumentos de verificação tais como:

• Trabalhos artísticos individuais e em grupo

• Pesquisas bibliográficas e de campo

• Debates em forma de seminários e simpósios

• Provas teóricas e práticas

• Registros em forma de relatórios, gráficos, portfólio, áudio-

visual e outros.

Por meio desses instrumentos, o professor obterá o diagnóstico

necessário para o planejamento e o acompanhamento da aprendizagem

durante o ano letivo, visando às seguintes expectativas de aprendizagem:

A compreensão dos elementos que estruturam e organizam a

arte e sua relação com a sociedade contemporânea;

A produção de trabalhos de arte visando à atuação do sujeito

em sua realidade singular e social.

A apropriação prática e teórica dos modos de composição da

arte nas diversas culturas e mídias relacionadas à produção, divulgação e

consumo.

6. Referências

BARBOSA, Ana Mae (Org.). Inquietações e mudanças no ensino da arte. São

Paulo: Cortez, 2002d.

_______ A imagem no ensino da arte. São Paulo: Perspectiva, 2002b.

_______ Arte-educação: leitura no subsolo. São Paulo: Cortez, 1997.

BUORO, A. B. Olhos que pintam: a leitura da imagem e o ensino de arte. São

Paulo: Educ / Fapesp / Cortez, 2002.

BRASIL, Relações Étnico Raciais e de Gênero. Ministério da Educação,

Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Brasília; 2007.

FERRAZ, Maria H. de T. e FUSARI, Maria F. de Rezende. Metodologia do

Ensino de Arte. São Paulo: Cortez, 1999.

FISCHER, Ernst. A Necessidade da Arte. 9.ed. Rio de Janeiro: Guanabara,

1987.

GOMBRICH, E. H.; História da Arte; São Paulo: LTC Editora, 2002

OSTROWER, Fayga. Universo da Arte. 7.ed.Rio de Janeiro: Guanabara,1991.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Arte e

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http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br > Acesso em março de 2010.

PARANÁ, Orientações Curriculares de Educação Artística. Texto preliminar,

Julho 2005.

PARANÁ, Diretrizes Curriculares Da Educação Básica, Arte, Secretaria da

Educação do Paraná, Curitiba, 2008.

PEIXOTO, Maria Inês Hamann. Arte e grande público: a distância a ser

extinta.Campinas: Autores Associados.