arc adis mo brasileiro
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CUCA – LITERATURATEMA: Arcadismo Brasileiro – Tema
13JORGE HENRIQUE
ARCADISMO BRASILEIRO (1768-1836)
Marco Inicial: 1768 – Publicação das Obras Poéticas, de Claudio Manuel da Costa.
Contexto histórico-cultural:
• Brasil – Século XVIII: Ciclo do Ouro em Minas Gerais;
• Deslocamento do eixo cultural, do nordeste para o sudeste do país;
• Inconfidência Mineira.
Características:
1. Reflexos do Arcadismo europeu;
2. Incorporação do contexto particular brasileiro;
3. Incorporação do elemento indígena na literatura –
revela o início da busca de uma identidade nacional.
I) Principais autores da Produção Lírica:
1. Tomás Antônio Gonzaga:
• pseudônimo: Dirceu.
• musa: Marília.
• obra: Liras de Marília de Dirceu
• parte I: predomínio da convenção árcade e do desejo de revelar sua condição de
pastor “burguês”.
• parte II: ruptura do equilíbrio clássico (tom pré-romântico).
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
que viva de guardar alheio gado,
de tosco trato, de expressões grosseiro,
dos frios gelos e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto;
dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
das brancas ovelhinhas tiro o leite
e mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
graças à minha estrela!
Com os anos, Marília, o gosto falta,
e se entorpece o corpo já cansado:
triste, o velho cordeiro está deitado,
e o leve filho, sempre alegre, salta.
A mesma formosura
é dote que só goza a mocidade:
rugam-se as faces, o cabelo alveja,
mal chega a longa idade.
Que havemos de esperar Marília bela?
que vão passando os florescentes dias?
As glórias que vêm tarde, já vêm frias,
e pode, enfim, mudar-se a nossa estrela.
Ah! não, minha Marília,
aproveite-se o tempo, antes que faça
o estrago de roubar ao corpo as forças,
e ao semblante a graça!
"A quanto chega
A pena forte!
Pesa-me a vida,
Desejo a morte,
A Jove acuso,
Maldigo a sorte,
Trato a Cupido
Por um traidor.”
"Assim vivia...
Hoje os suspiros
O canto mudo;
Assim, Marília,
Se acaba tudo."
Poesia satírica: Cartas Chilenas
• Manuscritos que circulavam à época da Inconfidência;
• pseudônimo: Critilo; destinatário: Doroteu
• Alvo: a má administração do governador Luis da cunha Meneses (FANFARRÃO MINÉSIO).
• Brasil: Chile; Vila Rica: Santiago.
• Decassílabos brancos.
2. Claudio Manuel da Costa:
• pseudônimo: Glauceste Satúrnio.
• musa principal: Nise.
• produção: Obras Poéticas.
• sonetos que guardam influência camoniana e traços barrocos;
• incorporação de elementos da natureza mineira (rochas, pedras,
penhascos...).
• Poesia épica: Vila Rica.
Já rompe, Nise, a matutina auroraO negro manto, com que a noite escura,Sufocando do Sol a face pura,Tinha escondido a chama brilhadora.
Que alegre, que suave, que sonora,Aquela fontezinha aqui murmura!E nestes campos cheios de verduraQue avultado o prazer tanto melhora!
Só minha alma em fatal melancolia,Por te não poder ver, Nise adorada,Não sabe inda, que coisa é alegria;
E a suavidade do prazer trocada,Tanto mais aborrece a luz do dia,Quanto a sombra da noite lhe agrada.
Quem deixa o trato pastoril amado Pela ingrata, civil correspondência, Ou desconhece o rosto da violência, Ou do retiro a paz não tem provado.
Que bem é ver nos campos transladado No gênio do pastor, o da inocência! E que mal é no trato, e na aparência Ver sempre o cortesão dissimulado!
Ali respira amor sinceridade; Aqui sempre a traição seu rosto encobre; Um só trata a mentira, outro a verdade.
Ali não há fortuna, que soçobre; Aqui quanto se observa, é variedade: Oh ventura do rico! Oh bem do pobre!
Principais autores da Produção Épica:
• Incorporação do indígena ideal e herói na literatura brasileira.
1. Basílio da Gama:
•poema épico: O Uraguai.
• Narra a luta dos índios que viviam nas missões dos Sete Povos (Uruguai) e o exército
luso-espanhol que deveria transferir essas terras aos portugueses em 1750;
• segue a divisão clássica em cinco partes;
• versos brancos e livres;
• episódio principal: morte da índia Lindóia.
O URAGUAI (Canto IV)(fragmento)
Este lugar delicioso, e triste,Cansada de viver, linha escolhidoPara morrer a mísera Lindóia.Lá reclinada, como que dormia,Na branda relva, e nas mimosas flores,Tinha a face na mão, e a mão no troncoDe um fúnebre cipreste, que espalhavaMelancólica sombra. Mais de pertoDescobrem que se enrola no seu corpoVerde serpente, e lhe passeia, e cingePescoço, e braços, e lhe lambe o seio.Fogem de a ver assim sobressaltados,E param cheios de temor ao longe;E nem se atrevem a chamá-la, e tememQue desperte assustada, e irrite o monstro,E fuja, e apresse no fugir a morte.
2. Frei Santa Rita Durão
• poema épico: Caramuru.
• Narra a história do descobrimento da Bahia pelo português Diogo Álvares
Correia (caramuru), que naufragou em terras brasileiras e conviveu com os índios
da região,envolvendo-se amorosamente com Paraguaçu e Moema;
• segue, rigorosamente, a estrutura camoniana;
• episódio principal: morte da índia Moema.
CARAMURU (Canto VI, Estrofe XLII)Perde o lume dos olhos, pasma e treme,Pálida a cor, o aspecto moribundo,Com mão já sem vigor, soltando o leme,Entre as salsas escumas desce ao fundo.Mas na onda do mar, que irado freme,Tornando a aparecer desde o profundo:"Ah Diogo cruel!" disse com mágoa,E, sem mais vista ser, sorveu-se n'água.
(VUNESP) Os textos apresentados correspondem, respectivamente, a fragmentos marcantes dos poemas épicos "O Uraguai" (1769), de Basílio da Gama, e "Caramuru" (1781), de Santa Rita Durão, poetas neoclássicos brasileiros. No primeiro, a índia Lindóia, infeliz com a morte do marido Cacambo, deixa-se picar por uma serpente, e falece. No segundo, enfoca-se a índia Moema que, ao ver partir seu amado Diogo Álvares, segue a embarcação a nado e se deixa morrer afogada. Releia os textos e, a seguir:a) aponte o componente nacionalista de ambos os poemas que prenuncia uma das linhas temáticas mais características do Romantismo brasileiro;b) cite dois escritores românticos brasileiros que se utilizaram dessa linha temática.
(Unifesp) Leia os versos do poeta português Bocage. "Vem, oh Marília, vem lograr comigoDestes alegres campos a beleza,Destas copadas árvores o abrigo.Deixa louvar da corte a vã grandeza;Quanto me agrada mais estar contigo, Notando as perfeições da Natureza!"
Nestes versos: a) O poeta encara o amor de forma negativa por causa da fugacidade do tempo. b) A linguagem, altamente subjetiva, denuncia características pré-românticas do autor. c) A emoção predomina sobre a razão, numa ânsia de se aproveitar o tempo presente. d) O amor e a mulher são idealizados pelo poeta, portanto, inacessíveis a ele. e) O poeta propõe, em linguagem clara, que se aproveite o presente de forma simples junto à natureza.