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Área de Competências-Chave
Cultura, Língua e Comunicação
RECURSOS DE APOIO À EVIDENCIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS
Recursos de apoio ao desenvolvimento do processo de RVCC, nível secundário
Núcleo Gerador 2 – AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
DR1 – Tema: Consumo e eficiência energética
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Tema 1: Consumo e Eficiência Energética
COMPETÊNCIA: Regular consumos energéticos aplicando conhecimentos técnicos e
competências interpretativas.
As questões ambientais globais
O processo de industrialização, iniciado com a Revolução Industrial no século XVIII, e o consequente
crescimento explosivo da população, fizeram aumentar de forma acentuada o consumo dos recursos do
nosso planeta, originando desequilíbrios bioclimáticos graves.
O crescimento económico ilimitado e da população determinaram níveis de consumo de recursos
insustentáveis:
- a agricultura intensiva e o aumento das áreas cultivadas têm reflexos negativos no ambiente,
acelerando o esgotamento dos solos e a desflorestação;
- a explosão demográfica e o crescimento urbano que a acompanhou aumentaram ainda mais o
desenvolvimento das atividades humanas, principais causas da degradação ambiental.
Com as catástrofes
locais de amplas
consequências (Chernobyl,
a redução do mar de Aral,
o ar asfixiante de Atenas e
da Cidade do México, a
poluição do Reno...),
percebemos que os
problemas ambientais
ignoram as fronteiras
nacionais, afetando vastas
regiões do planeta. Assim
sendo, a consciencialização
da globalização dos
fenómenos ambientais é
fundamental. Mas se os
problemas são globais, só
com a acção individual,
local, é possível enfrentá-los. “Pensar globalmente, agir localmente” é a chave para dar resposta aos
tremendos desafios ambientais que temos pela frente. Até porque, como dizia Edmund Burk “Ninguém
comete maior erro do que aquele que nada faz apenas porque podia fazer muito pouco”.
Assim, cada um de nós deve fazer a sua parte, procurando no seu dia a dia atuar de modo responsável,
tendo em vista a poupança de recursos, a minimização dos problemas ambientais e a necessária
sustentabilidade. Atuar assertivamente relativamente no campo da energia, dos resíduos, dos recursos
naturais e face aos riscos das alterações climáticas é pois um imperativo ético tendo em vista garantir às
gerações futuras a qualidade de vida a que todos aspiramos e a que todos têm direito.
Gases com efeito de estufa Disponível na Internet: http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=633101
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Consumo e eficiência energética
Ao promover a eficiência energética estamos a contribuir para um mundo melhor e mais sustentável.
Algumas medidas de eficiência energética são
amplamente conhecidas por serem do senso comum,
como por exemplo apagar a luz quando não estamos
numa divisão da casa. Outras decorrem da evolução
tecnológica e não estão ao alcance de todos os
cidadãos, nomeadamente a possibilidade de
produzirmos energia doméstica. Se praticarmos
diariamente um consumo mais racional, cada um de
nós poderá contribuir ativamente para a eficiência
global da energia.
À medida que uma sociedade se torna mais
desenvolvida, aumenta o consumo de energia, embora
nem sempre de um modo eficiente. Através de uma
utilização responsável podemos usufruir de uma maior
diversidade de serviços e conforto, sem ter
necessariamente que aumentar o consumo. Os países
serão mais competitivos à medida que aumentarem a
sua eficiência energética, consumindo menos energia
por unidade de produto realizado ou de serviço
prestado. Este é o cenário atual dos países
desenvolvidos, particularmente no setor industrial. No
entanto, nos setores dos transportes e dos edifícios,
incluindo as habitações, a situação é diferente, pois a
eficiência energética não está a evoluir como seria
desejável.
Graças à utilização de energia, temos acesso a um
estilo de vida que seria impossível desfrutar caso não
dispuséssemos de recursos energéticos. Então por que
é que temos que poupar energia? Por que é que
devemos mudar o modelo energético atual? Por que é que se torna necessário aumentar a eficiência
energética? Podemos nomear diversos motivos, mas no topo da lista encontram-se:
• A extinção das energias não renováveis ou de origem fóssil.
• Os impactos negativos sobre o meio ambiente.
Impactos negativos sobre o meio ambiente
A transformação, transporte e uso final da energia causam
impactos negativos no meio ambiente, tanto a nível local
como global. Inicialmente, e durante a fase de exploração,
produzem-se resíduos, contaminam-se as águas e os solos, além de se gerarem emissões para a atmosfera.
Também o transporte e a distribuição da energia afetam o meio ambiente através do impacto criado pelas
redes elétricas ou oleodutos e gasodutos, ou pelas chamadas marés negras, com dramáticas consequências
AS FONTES DE ENERGIA RENOVÁVEIS E NÃO RENOVÁVEIS
As fontes de energia renováveis são todas
aquelas a que se pode recorrer de forma permanente, porque são inesgotáveis, como por exemplo a energia Solar, Hídrica, Eólica, Biomassa, Marés, Energia das Ondas e Geotérmica.
As energias renováveis caracterizam-se igualmente por terem um impacto ambiental nulo na emissão de gases que provocam o efeito de estufa.
As energias não renováveis diminuem à medida
que são consumidas e têm reservas limitadas. São exemplos o Carvão, Gás Natural, Petróleo e Urânio. Podem ser de origem fóssil, formadas pela transformação de restos orgânicos acumulados na natureza há milhões de anos, ou de origem mineral. São de origem fóssil o carvão, o petróleo e o gás natural. De origem mineral, temos o urânio, utilizado para produzir energia elétrica.
À medida que as reservas diminuem, torna-se cada vez mais difícil a sua extração e, consequentemente, aumenta o seu custo. Inevitavelmente, se mantivermos o modelo de consumo atual, os recursos não renováveis deixarão de estar disponíveis num futuro próximo, quer seja pela extinção das suas reservas, quer seja porque a sua extração deixará de ser economicamente rentável a médio prazo.
In GUIA DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA. (2012) Disponível em:
http://www.adene.pt/sites/default/files/guiaee_v1310.pdf
Imagem disponível em: http://www.tfcinvest.com/nf.html
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para os ecossistemas e economias das zonas afectadas. Paralelamente, o consumo energético, a partir de
energias fósseis, necessita sempre de passar por um processo de combustão, tanto nas centrais elétricas
para produzir eletricidade, como localmente, em caldeiras ou motores de veículos. Esta combustão dá lugar
à formação de CO2, o principal gás causador do efeito de estufa, e de outros gases e partículas poluentes que
prejudicam a saúde.
Há que ter em conta que a produção de energia e o seu uso, tanto na indústria como nas habitações e nos
meios de transporte, é responsável pela maioria das emissões de CO2 causadas pelo Homem. Por outro lado,
a produção de eletricidade em centrais nucleares não emite CO2, mas cria resíduos radioativos de difícil e
dispendioso tratamento.
Nós também produzimos CO2 em casa
O uso do veículo, o aquecimento e, inclusivamente, o nosso consumo elétrico (nas centrais térmicas
onde é gerada a eletricidade) são responsáveis pela emissão de 5 toneladas de CO2 por ano.
O efeito de estufa e o Protocolo de Quioto
O efeito estufa é o processo natural responsável pela regulação da temperatura na Terra. A radiação
direta do sol é absorvida à superfície, existindo uma quantidade de calor que é refletida pelo próprio Planeta.
Esta última é, por sua vez, devolvida pelas moléculas de determinados gases existentes na atmosfera.
Quando artificialmente se aumenta a concentração
destes gases no ar, destabiliza-se o equilíbrio natural
e é devolvida uma quantidade maior de radiação, a
qual produz um aumento artificial da temperatura.
Este cenário conduz a fenómenos como a
desertificação, diminuição das massas de gelo nos
polos ou inundações. Por isso, a atmosfera atua como
o vidro de uma estufa: permite a passagem de luz,
mas não deixa escapar o calor recolhido junto da
superfície. Este fenómeno conduz ao aquecimento do
planeta Terra.
A consequência mais evidente do aumento do
efeito de estufa está relacionada com as alterações
climáticas. Numa tentativa de diminuir ao máximo o
impacto negativo da poluição na atmosfera, 36 países industrializados assinaram, em 1997, o Protocolo de
Quioto, cujo principal objetivo assenta na redução global de emissões de gases que provocam o efeito de
estufa. Para que o documento entrasse em vigor deveria ser assinado por um número suficiente de países,
que em conjunto fossem responsáveis por 55% das emissões dos países industrializados. Depois da
assinatura da Rússia, em 2004, o protocolo entrou em vigor em fevereiro de 2005, e, para o período de 2008-
2012, previa a redução global acordada de 5,2% e de 8% para o conjunto da UE comparativamente às
emissões de 1990.
Consumo de energia
Segundo a DGEG (Direção Geral de Energia e Geologia) em 2010 a dependência de Portugal em termos de
importação de energia foi de 77%. A produção interna baseou-se, exclusivamente, em fontes de energia
renováveis, fundamentalmente hídrica e eólica. Esta produção quase triplicou desde 1990. As importações
Imagem disponível em: http://emergenciaa-saida.blogspot.pt/2008_03_01_archive.html
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líquidas de energia primária no nosso país também cresceram visivelmente desde 1990, em cerca de 20%.
Embora tenha ocorrido neste mesmo período uma
quebra nas importações de combustíveis sólidos (45%) e
de petróleo (2%), o aumento das importações líquidas
deve-se essencialmente ao gás natural e à energia
elétrica importada – esta última componente aumentou
71 vezes em relação à eletricidade importada em 1990.
O gás natural foi introduzido no abastecimento de
energia primária de Portugal, pela primeira vez, em 1997
e atingiu os 20% de quota de abastecimento total de
energia em 2010. Em termos de fontes renováveis a
quota foi de 23%. A nível internacional estão em vigor
até 2020 os seguintes compromissos:
• redução do consumo de energia primária em 20% (meta da eficiência energética);
• aumento do recurso a energias renováveis para 20% do mix europeu (meta indicativa para Portugal: 31%);
• incorporação de 20% dos biocombustíveis nos carburantes até 2020.
Consumo de energia na habitação
O consumo de energia na nossa habitação depende de diversos fatores, tais como a zona onde se situa
a casa, a qualidade de construção, o nível de isolamento, o tipo de equipamentos utilizados e até o uso
que lhe damos.
Em Portugal, o setor residencial, com
cerca de 3,9 milhões de alojamentos,
contribuiu com 17,7% do consumo de
energia final em termos nacionais,
representando cerca de 30% do consumo
de eletricidade, o que evidencia, desde
logo, a necessidade de moderar
especialmente o consumo elétrico.
Outra causa para o aumento do
consumo de energia reside na
ineficiência dos próprios equipamentos
utilizados no setor, edifícios incluídos, e
dos procedimentos e hábitos de
utilização desses mesmos equipamentos.
Isto deve-se, não só a razões
comportamentais dos consumidores,
como também ao período necessário
para a substituição dos equipamentos e
progressiva recuperação dos edifícios.
Com algumas pequenas intervenções nos
edifícios, é possível poupar até 30-35%
de energia, mantendo as mesmas
condições de conforto.
Existem medidas de baixo custo, ou
sem qualquer custo adicional, que
ETIQUETA ENERGÉTICA
A Etiqueta Energética da União Europeia tem por objetivo fornecer ao consumidor informações precisas, reconhecíveis e comparáveis no que respeita ao consumo de energia, ao desempenho e a outras características essenciais dos produtos.
A Etiqueta Energética permite que o consumidor conheça o nível de eficiência energética de um produto e que avalie o potencial de redução de custos de energia que este proporciona. A etiqueta é uniforme para todos os produtos de uma mesma categoria e por isso permite que o consumidor compare facilmente as várias características dos produtos, tais como o consumo de água ou de energia, ou a sua capacidade. Toda a informação que consta na etiqueta é baseada em ensaios normalizados, tal como prevê a legislação.
A etiqueta começou por classificar os produtos de A a G, sendo A a classe energética mais eficiente e G a menos eficiente. Atualmente, a nova Legislação Europeia introduziu novas classes, até A+++, para adaptar a informação à evolução tecnológica e para permitir uma maior diferenciação do produto em termos de eficiência energética.
As etiquetas Energy Star e GEA são utilizadas em equipamentos de escritório e na Eletrónica de consumo. Estabelecem o valor máximo para o consumo energético do aparelho quando não está a ser utilizado, ou quando está em modo de espera (stand-by). Os tipos de equipamentos que têm estabelecida a nova etiquetagem energética são:
• Frigoríficos, congeladores, combinados e garrafeiras frigoríficas.
• Máquinas de lavar roupa • Máquinas de lavar loiça • Televisores
In GUIA DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA. (2012) Disponível em: http://www.adene.pt/sites/default/files/guiaee_v1310.pdf
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podem reduzir o nosso gasto de energia entre os 10% e os 40%. Os consumos energéticos das habitações
portuguesas têm registado um crescimento significativo, em parte, também devido ao aumento da aquisição
de equipamentos consumidores de energia.
No que diz respeito ao consumo elétrico, uma habitação média consome cerca de 3.700 kWh por ano,
divididos conforme o apresentado no gráfico.
Os eletrodomésticos de linha branca (máquinas de lavar, frigoríficos, etc.), os fornos elétricos, o ar
condicionado, as caldeiras de aquecimento e as fontes de luz são equipamentos de uso comum nas nossas
casas. Comprar um equipamento eficiente é uma medida fundamental para reduzir o consumo, e fácil de
identificar, graças à nova etiqueta energética.
Elementos comuns a todas as etiquetas
• Uniformidade: para cada produto a etiqueta é igual em todos os Estados-Membros da UE27. Não há diferenças
idiomáticas ou de outro tipo.
• Setas coloridas: as setas coloridas distinguem os produtos mais eficientes dos menos eficientes energeticamente
(o verde escuro indica um produto com alto nível de eficiência e o vermelho um produto com baixo nível de
eficiência).
• Classes adicionais para a eficiência energética: A+, A++,
A+++. • Nome do fornecedor ou marca e identificação do
modelo.
• Pictogramas: há características e desempenhos cuja
informação é evidenciada na etiqueta por meio de
pictogramas, conforme previsto na legislação relativa a
cada categoria de produtos;
• Consumo anual de energia em kWh.
A faixa para a classe de eficiência energética e / ou os
pictogramas podem mudar consoante a categoria de
produtos.
A casa eficiente
Ao longo dos últimos anos verificou-se um aumento na procura de melhores condições de conforto por
parte dos utilizadores das habitações, quer no que respeita ao conforto ambiente, instalando equipamentos
de climatização, quer no que respeita à aquisição de equipamentos que facilitam as tarefas diárias. Este
CERTIFICADO ENERGÉTICO E DA QUALIDADE DO AR INTERIOR
A certificação energética permite aos potenciais proprietários conhecer o desempenho energético de uma habitação antes da sua aquisição, induzindo assim os construtores e senhorios a utilizar soluções construtivas e equipamentos de maior eficiência energética. A face mais visível do Sistema de Certificação Energética é o Certificado Energético e da Qualidade do Ar Interior, emitido por um perito qualificado para cada edifício ou fração autónoma, onde o mesmo será classificado em função do seu desempenho energético, numa escala predefinida de 9 classes (A+ a G), sendo A+ a classe mais eficiente e a G a menos eficiente. Uma fração que cumpra os mínimos exigidos pelos atuais regulamentos será enquadrada na classe energética “B -”.
Nos edifícios existentes, o certificado energético para além de indicar a classe energética, inclui também sugestões de medidas de melhoria de desempenho energético e da qualidade do ar interior, que o proprietário pode implementar para reduzir a fatura energética e/ou assegurar uma boa qualidade do ar interior. Apresenta-se em seguida um exemplo de um certificado energético com informação detalhada sobre cada elemento que caracteriza o imóvel.
In GUIA DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA. (2012) Disponível em: http://www.adene.pt/sites/default/files/guiaee_v1310.pdf Casa sustentável - Imagem disponível em:
http://www.prourb.fau.ufrj.br/jkos/p4/casa_eficiente/pages/CasaEficiente_28.htm
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comportamento levou inevitavelmente ao aumento da fatura energética. Reduzir a fatura de energia sem
abdicar d o conforto é a meta a alcançar. Alcançar o conforto, sem penalizar a fatura energética, passa por
dotar a habitação de uma envolvente eficiente que permita reduzir ao mínimo as trocas de calor e frio com o
exterior, quer no que respeita à envolvente opaca (assegurando que as paredes, cobertura e pavimentos se
encontrem termicamente isolados), quer relativamente às janelas, garantindo que dispõem de proteção
solar eficiente, de vidro duplo, e baixa permeabilidade ao ar. Alcançado este objetivo, o passo seguinte será a
aquisição (ou substituição) de equipamentos eficientes para aquecimento e arrefecimento. Na aquisição de
uma casa deverá ter como preocupação a qualidade térmica dos elementos construtivos e, quando esta
possui sistemas instalados, deve comprovar a sua eficiência. Estes são aspectos fundamentais que, para além
do preço e da localização, devem ser tidos em atenção.
Autorregulação de consumos energéticos
Nas casas portuguesas os custos de iluminação representam cerca de 15% da fatura de eletricidade. Na
maior parte dos casos, uma parte considerável dos custos pode ser evitada. Fique a saber como fazer para
reduzir a sua fatura de eletricidade.
1.º Passo: Utilizar, sempre que possível, luz natural.
Sempre que as características das instalações o permitam,
opte por aproveitar a luz natural proveniente do sol.
2.º Passo: Optar pela melhor tecnologia disponível. Que
lâmpada escolher?
Atualmente existem cinco tipos principais de lâmpadas
para uso doméstico, das quais as mais económicas são sem
dúvida as fluorescentes e as fluorescentes compactas. Estas
lâmpadas emitem a mesma luz que uma lâmpada
incandescente convencional, gastando menos 80% de
energia.
Halogéneo - muito embora a sua utilização esteja a ser
generalizada ao nível das novas construções, a
eficiência energética e os custos de exploração são
desfavoráveis quando comparados com as
fluorescentes compactas.
Incandescente - a sua utilização deverá restringir-se apenas àqueles casos em que não é possível a
substituição por tecnologia fluorescente. Apresenta níveis de eficiência e fiabilidade reduzidos.
Fluorescentes tubulares - são uma solução recomendada para espaços como cozinhas, corredores,
escritórios, aparcamentos e outros locais cuja componente estética não seja fundamental.
Fluorescentes compactas - apresentando um consumo de energia 80% inferior às lâmpadas
tradicionais, são a melhor solução para espaços onde sejam necessárias iluminação permanente,
exterior ou interior, e iluminação de segurança.
LED – são lâmpadas que utilizam um semicondutor, ou seja, um díodo emissor de luz (L.E.D = Light
emitter diode), que transforma a energia elétrica em luz. Utilizam a mesma tecnologia usada nos chips
dos computadores. Têm um tempo de vida útil bastante longo e apresentam maior eficiência que as
lâmpadas incandescentes e alógenas, muito próximo da eficiência das fluorescentes.
Imagem disponível em: http://benog.pt/dicas-de-
poupanca-de-energia/
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3.º Passo: Desligue a iluminação sempre que não precise.
São inúmeras as ocasiões em que, por dia, nos deparamos com situações em que é possível evitar o
desperdício com a iluminação.
In www.energaia.pt/escolas/docs/bro_poupe.pdf. Junho (adaptado)
Gestos que poupam
O standby power é a energia consumida pelos vários equipamentos quando estes se encontram em
modo de standby ou mesmo quando estão desligados. Este facto fica-se a dever, entre outras razões, à
presença de determinados dispositivos elétricos que apresentam consumo em vazio. A nossa casa pode estar
a consumir cerca de 10 a 50 € por ano desnecessariamente. Saibamos como evitar esses gastos.
1.º Passo: Fazer uma compra inteligente.
Os fabricantes começam a ter em
consideração o consumo em standby. Entre
dois equipamentos idênticos, procuremos
adquirir aquele que apresenta maiores
preocupações ao nível do consumo de
energia.
2.º Passo: evitar gastos desnecessários.
Mesmo que os equipamentos apresentem
consumo em standby existem formas de o
minimizar. A maior parte das vezes o consumo pode ser evitado através de gestos simples no dia-a-dia de
cada um de nós. Deixamos aqui alguns conselhos úteis para evitar consumos desnecessários:
- Desligar o carregador do telemóvel da tomada quando não está a ser utilizado.
- Evitar deixar os equipamentos em modo de standby, desligando-os.
- Necessitamos realmente de ter um relógio no fogão, no vídeo, na máquina de lavar louça, no hi-fi e no
micro-ondas? Evitemos comprar eletrodomésticos que apresentem consumos supérfluos.
- No caso de dispormos de muitos equipamentos ligados no mesmo local (computador, monitor,
impressora, etc.), equacionemos a compra de uma extensão com um interruptor (de preferência sem luz).
Desta forma poderemos cortar a alimentação de todos os equipamentos depois de os desligarmos.
In www.energaia.pt/escolas/docs/bro_poupe.pdf. Junho 2010 (adaptado]
O automóvel
O desenvolvimento social e económico proporcionou mundialmente um aumento na capacidade de
mobilidade das pessoas. Este crescimento é uma das causas da dependência atual dos derivados de petróleo
e, consequentemente, da manifestação de graves problemas de contaminação ambiental. No ano de 2010, o
sector de transportes consumiu cerca de 36,7% da energia em Portugal, cabendo ao transporte rodoviário
cerca de 95% do consumo energético sendo, por isso, a principal fonte de emissão de substâncias poluentes.
Imagem disponível em: http://www.portal-energia.com/dicas-para-poupar-dinheiro-no-consumo-de-electricidade-e-gas/
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Diferentes meios de transporte Existem grandes diferenças entre os vários meios de transporte no que se refere à energia despendida
por viajante/km. Em viagens interurbanas, o carro consome por viajante/km quase 3 vezes mais do que o
autocarro. Estas diferenças acentuam-se no
meio urbano, onde o transporte público é
ainda mais eficiente que o carro, para além de
que, em muitos casos, é mais rápido e mais
barato. Pense nisso antes de utilizar o
automóvel para se deslocar na cidade!
O desenvolvimento tecnológico nos últimos
20 anos permitiu reduzir o consumo de
combustível dos automóveis em cerca de 20%.
Para calcular o custo total que anualmente
representa a utilização do automóvel, há que
ter em conta os seguintes aspectos:
1. o custo do combustível.
2. o imposto de circulação, o seguro, estacionamento, manutenção e reparações;
3. a amortização do custo de aquisição do veículo.
Este custo depende do tipo de veículo e do número de anos que venha a ser utilizado. Pode ser superior à
soma dos dois pontos mencionados anteriormente.
Para além dos custos diretos, o trânsito gera outros custos chamados “externos”. Estes custos são
suportados por todos, em consequência dos acidentes, engarrafamentos, contaminação atmosférica e ruído.
A Comissão Europeia estima que os custos externos causados pelo congestionamento do trânsito e acidentes
representam cerca de 0,5% e 2%, respectivamente, do Produto Interno Bruto da UE.
Mais de 75% das deslocações urbanas realizam-se em veículos privados, apenas com um ocupante, sendo
que o índice médio de ocupação é de 1,2 pessoas por veículo. Na cidade, 50% das viagens de carros
percorrem menos de 3 km. É aconselhável utilizar os transportes públicos ou, como alternativa, considerar a
possibilidade de dividir o automóvel com outras pessoas que realizem o mesmo percurso. Além de se
consumir menos combustível por pessoa, poder-se-á dividir os gastos.
O processo de combustão nos motores gera emissões poluentes que têm efeitos nocivos no ser humano e
no meio ambiente. Estes efeitos acentuam-se principalmente nos núcleos urbanos, devido à elevada
concentração de veículos. Nas cidades, o automóvel é a principal fonte de poluição e um dos maiores
responsáveis pela emissão de gases que contribuem para o efeito de estufa. As emissões de gases dos
automóveis variam dependendo do tipo de combustível. Atualmente, existem tecnologias ou tratamentos
associados ao processo de combustão relativamente rápidos na redução dos problemas ambientais. O
mesmo não se passa com o CO2 cujas emissões são inevitáveis com a utilização de combustíveis fósseis. Daí
a importância de mudarmos os nossos hábitos, de forma a consumirmos menos combustível e, assim,
emitirmos menos gases poluentes para a atmosfera.
In GUIA DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA. (2012) Disponível em: ttp://www.adene.pt/sites/default/files/guiaee_v1310.pdf
No Guia da Eficiência Energética, de onde foram extraídos alguns dos textos apresentados, poderá
encontrar variadíssimas sugestões visando a eficiência e o consumo energético.
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E das fezes humanas a China está a produzir energia
O cheiro no ar revela o verdadeiro propósito de uma das estações de processamento de resíduos dos
esgotos de Pequim: todos os dias, chegam ali cerca de 200 camiões que descarregam 800 toneladas de
excrementos humanos. Além de biogás, são utilizados para produzir adubos.
Heinz-Peter Mang vive obcecado em transformar dejectos humanos em ouro. Com milhões de chineses a
mudarem-se para as cidades, este engenheiro
ambiental alemão está convencido de que o país
está sentado em cima de uma mina de ouro.
Cada vez mais resíduos de esgotos na China
estão a ser transformados em biogás e adubo. Em
Pequim, algumas estimativas indicam que 6800
toneladas de excrementos humanos são tratadas
por dia, o suficiente para encher quase três
piscinas olímpicas.
Na última década, a ascensão económica da
China tem trazido milhões de trabalhadores para
as cidades chinesas, naquela que é a maior
migração da história humana. Em 2013, o número
de residentes urbanos superou os 731 milhões, ultrapassando a população rural em mais de 100 milhões.
Algumas consequências disso: escassez de água no Norte do país e dejectos humanos despejados nos rios no
Sul.
Isso está a obrigar os responsáveis pelo planeamento urbano a puxar pela imaginação para tratar os
resíduos dos esgotos, atraindo engenheiros como Heinz-Peter Mang para ajudar a aperfeiçoar os modelos. A
ideia de utilizar fezes humanas como recursos energéticos ou adubos está a espalhar-se na China, e o
engenheiro alemão defende a adoção deste modelo noutras partes do mundo.
“O mundo tem muito a aprender com a China na maneira como está a transformar resíduos em energia”,
diz Heinz-Peter, de 57 anos, que agora trabalha com estudantes de licenciatura em projetos de saneamento
ecológico na Universidade de Ciência e Tecnologia de Pequim. “Graças à ausência de tabus sobre a
reutilização de matéria fecal, cabe à ciência garantir que essa reutilização seja segura e, com cada vez mais
pessoas a mudarem-se para as cidades, há aqui uma oportunidade sem precedentes.”
A nível mundial, há uma série de técnicas que são utilizadas para o tratamento de esgotos: algumas
cidades despejam-nos nos rios, outras escolhem incinerá-los e outras ainda enterram-nos em valas. A United
Utilities Group PLC, a maior empresa britânica no setor da água cotada na bolsa, lida com os esgotos de 1,2
milhões de pessoas em Manchester e opera um centro de reciclagem de águas residuais que trata resíduos
humanos capazes de fornecer energia a 25 mil casas.
Apesar de noutras partes do mundo também se estarem a transformar os resíduos fecais dos esgotos em
recursos, e de ao longo dos séculos os seres humanos terem encontrado maneiras de reutilizar os seus
resíduos, a oportunidade da China para o fazer é incomparável, com as suas cidades a ficarem cada vez mais
abarrotadas.
A vida e o trabalho de Heinz-Peter Mang têm-se centrado à volta da China e oferecem uma janela para
vermos a evolução do país no que toca à gestão dos seus resíduos. Chegou pela primeira vez a Chengdu, no
Sudoeste do país, em 1982, integrado numa delegação alemã que colaborava com a China num projecto de
biogás.
Águas residuais a serem despejadas no rio Yangtzé WILLIAM HONG/REUTERS
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Ficou encantado desde o início. A vontade dos chineses de experimentar diferentes formas de tornar os
resíduos sustentáveis fascinou Heinz-Peter Mang, na altura um engenheiro ambiental recém-licenciado, que
tinha escrito uma tese sobre a
utilização sustentável dos resíduos
presentes nas águas residuais.
Nos anos 1980, trabalhou em
África, defendendo o modelo chinês
de gestão dos resíduos. Nos anos
1990, trabalhou em Cuba, usando os
modelos chineses para ajudar este
país a criar um sistema que utiliza o
estrume dos porcos para cultivar
alimentos para os próprios porcos,
depois de a Rússia ter cortado as
exportações de rações.
Enquanto isso, o país mais
populoso do mundo desenvolveu
um modelo para ser utilizado em
larga escala em quintas. Inicialmente, as fezes humanas não eram aproveitadas, mas atualmente há 40
milhões de casas rurais por toda a China com um tanque de retenção para dejetos tanto humanos como de
animais, que são parcialmente higienizados através da privação dos sólidos de oxigénio. O que sobra é então
convertido em adubo líquido para as quintas.
O que está a acontecer em Pequim é uma versão industrial e a uma escala maior deste modelo, diz Heinz-
Peter Mang, que vive na capital chinesa há dez anos. Por toda a cidade, cuja população duplicou para 21
milhões na última década, a média anual de quantidade de resíduos humanos processados pode continuar a
aumentar 200 a 300 toneladas por dia, refere Zhang Jiang, director-geral da Beijing Century Green
Environmental Engineering & Technology, que opera estações de processamento de fezes humanas. Espera-
se que o tratamento de resíduos seja uma área de negócio florescente, diz Zhang.
Noutros locais do mundo estão também a fazer-se esforços para gerar energia a partir da matéria fecal
recolhida dos esgotos. Nos últimos anos, a Fundação Bill & Melinda Gates investiu 1,5 milhões de dólares
(1,32 milhões de euros) num projeto para explorar a produção de biodiesel com dejetos humanos no Gana. A
fundação está também a investir em unidades familiares de biogás e tanques séticos que processam resíduos
humanos na Tailândia e na Índia.
Recentemente, Heinz-Peter Mang levou um grupo de investigadores e estudantes da área do saneamento
a visitar uma das estações privadas de Pequim. O processamento na estação Sijiqing — que quer dizer
“quatro estações verdes” — começa no rés-do-chão de um edifício de tijolos vermelhos de dois andares. O
cheiro a excrementos humanos no ar revela o seu verdadeiro propósito: todos os dias, cerca de 200 camiões
descarregam 800 toneladas de fezes humanas.
Um camião amarelo estacionado no interior canalizava os dejetos humanos através de um cano para uma
máquina, onde o material sólido que não pode ser reciclado, como papel higiénico e sacos de plástico, é
separado, explicou Zhang Hui, o diretor da estação.
O resto vai então para uma nova separação: os resíduos sólidos são transportados até a uma ala para
fermentar a 60 graus Célsius durante dez dias. O processo mata as bactérias nocivas e os ovos de lombrigas
que parasitam os humanos e transforma os excrementos em adubos ricos para árvores e vegetais. E o
material líquido é direcionado para tanques, onde vai gerar biogás e, no final, vai ser bombeado para
alimentar estações de tratamento de águas residuais ainda maiores.
Nos últimos anos, a Fundação Bill & Melinda gates investiu €1,3 milhões
em projectos para explorar a produção de biodiesel a partir de
excrementos humanos no Gana, Tailândia e Índia.
Imagem disponível em: http://greensavers.sapo.pt/2015/02/02/china-a-lider-
mundial-da-transformacao-de-excrementos-em-energia/
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Nascido numa família de produtores de fruta perto de Frankfurt, o pai de Heinz-Peter Mang ganhava mais
uns trocos como condutor de camiões, transportando muitas vezes estrume e palha.
Atualmente, Heinz-Peter Mang trabalha com funcionários governamentais, académicos, responsáveis de
saúde e universidades. Como professor convidado do Departamento de Saneamento Ambiental Sustentável
da Universidade de Pequim, passa os dias a trabalhar com estudantes para responder a perguntas ligadas a
resíduos, que se tornam cada vez mais cruciais à medida que as cidades crescem.
Entre outras iniciativas, presta assistência técnica e formação a municípios na área do biogás, através da
iniciativa Global Methane Initiative, lançada pelos Estados Unidos e que hoje é apoiada por vários países.
Também é consultor de projetos económicos ligados ao biogás.
Uma parte central do seu trabalho tem sido procurar como manter higiénico o processo de reciclagem de
resíduos. Apesar de a China estar à frente de outros países em desenvolvimento no que toca a sistemas de
recolha de águas residuais urbanas, a sua taxa de tratamento não é muito avançada. “O utilizador não entra
em contacto direto quando expele os seus excrementos”, explica Heinz-Peter Mang. “Mas para onde é que
eles vão depois? Nesse sentido, precisamos de encontrar caminhos mais seguros de evacuação e
reutilização.”
Mas o facto de as taxas de tratamento de resíduos na China serem baixas está também a provocar uma
“revolução de resíduos”, com os principais operadores com expectativas de crescimento das quantidades a
tratar de 200% a 400% nos próximos cinco anos, relatou o banco Crédit Suisse numa nota de 6 de outubro
último sobre o sector do ambiente na China (a análise não se referia especificamente à indústria dos resíduos
humanos).
Só uma parte dos
resíduos de Pequim é
convertida em recursos. O
resto é enviado para
estações de tratamento ou
despejado em cursos de
água ou diretamente em
aterros sanitários. E os
novos migrantes chineses
que chegam às cidades são
um dos desafios para a
massificação destas políticas
da China, já que muitos
ainda vêem a sanita como
um caixote do lixo e atiram tudo para lá, desde pilhas a jornais.
Além disso, como os chineses cozinham muitas vezes com ingredientes frescos, a mistura global dos
resíduos costuma ser mais húmida do que na Europa, diz Heinz-Peter Mang. “É mais húmido, portanto
requer muito mais energia para incinerar, é por isso que o modelo europeu não pode ser copiado,”
acrescenta, rindo-se.
Depois, há ainda o desafio das oportunidades perdidas. A este propósito, o engenheiro alemão defende
uma melhor manutenção das lâmpadas nas casas de banho públicas. “As pessoas têm de ir à casa de banho a
todas as horas da noite — se não lhes dermos luz, como podem ver onde é que estão a ir?”, diz o engenheiro
alemão, referindo-se às pilhas de excrementos que às vezes se amontoam pela manhã nas casas de banho
públicas. “É um grande desperdício de resíduos.”
NATASHA KHAN Publicado em 10 de fevereiro de 2015, exclusivo PÚBLICO/Bloomberg/The Washington Post
Esgotos domésticos com potencial energético Imagem disponível em: http://hypescience.com/10-fontes-de-energia/
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Portugal queimou 700 milhões de toneladas de combustíveis fósseis em
125 anos
Como o país se vai livrar dos combustíveis fósseis até ao final do século.
Portugal consumiu combustíveis fósseis equivalentes a mais de 700 milhões de toneladas petróleo para
sustentar o seu desenvolvimento
nos últimos 125 anos. E se quiser
cumprir o seu papel na luta
climática, o país tem de se livrar,
até ao final do século, das 16
milhões de toneladas de
petróleo, carvão e gás natural
que ainda queima anualmente
para mover os carros, produzir
eletricidade, alimentar indústrias
e abastecer habitações.
Estes números resultam de
uma compilação, feita pelo
PÚBLICO, dos balanços
energéticos oficiais do país desde 1971 e de um levantamento histórico do uso de carvão e petróleo desde
1890. Uma aproximação simplificada das duas séries sugere que o país utilizou 521 milhões de toneladas de
petróleo em si entre aquela data e 2014. A seguir vem o carvão, com 145 milhões de toneladas – também
expressa em equivalentes de petróleo. E por fim o gás natural, com 56 milhões.
O uso destes combustíveis fósseis soma, nesse período, 722 milhões de toneladas equivalentes de
petróleo. Se essa quantidade de energia fosse necessária agora, de uma só vez, toda a produção mundial de
petróleo presente – cerca de 95 milhões de barris diários – teria de ser dirigida para Portugal, e a mais
nenhum país, durante quase dois meses.
Portugal começou por utilizar sobretudo o carvão. Em 1890, o país valia-se de 35 vezes mais energia desta
origem do que da obtida com o
petróleo – segundo dados do
livro História da Energia,
Portugal 1890-1980.
O petróleo tomou a dianteira
apenas em 1951. Com o
automóvel, o consumo subiu de
forma galopante nas décadas
seguintes, atingindo o pico em
2002. Já destronado, o carvão
teve um novo impulso com a
inauguração da central
termoelétrica de Sines, em
1985. Duas décadas mais tarde,
voltou a ser ultrapassado, desta
vez pelo gás natural, que
começara a ser importado a partir de 1997.
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O uso dos produtos de petróleo teve uma queda abrupta a partir de 2005, acentuada com a crise
económica. Ainda assim, o
país chegou a 2014 com os
combustíveis fósseis a
representarem quase três
quartos de toda a energia
primária consumida. Foram
16 milhões de toneladas
equivalentes de petróleo –
dez milhões para o petróleo
em si, 3,5 milhões para o gás
natural e 2,7 milhões para o
carvão.
O mundo todo terá de
abdicar destas fontes de
energia nas próximas
décadas, para evitar um aumento da temperatura global acima de 2º C – considerado incomportável. Para
tal, as emissões mundiais de CO2 terão de baixar de 40% a 70% até 2050 e chegar a zero até 2100, segundo o
IPCC, o painel científico da ONU para as alterações climáticas. Na prática, é o fim anunciado dos combustíveis
fósseis, de onde vêm a maior parte das emissões de CO2.
Portugal tem projectos concretos para descarbonizar a sua economia no curto e médio prazo. O novo
Plano Nacional para as Alterações Climáticas, aprovado em Junho, quer reduzir as emissões de CO2 do país
em 40% até 2030, em relação a 2005. Para tal, será preciso encerrar as centrais termoeléctricas de Sines e do
Pego, que funcionam a carvão.
Por ora, a EDP diz que não tem data para fechar Sines, que é o maior emissor unitário de CO2 do país.
Apesar de ser o mais poluente dos combustíveis fósseis, o preço do carvão está baixo e há 280 centrais
térmicas na Europa a utilizá-lo, segundo um relatório das organizações ambientalistas Greenpeace e Rede de
Ação Climática.
Neste cenário, só um custo significativo sobre o CO2 que sai das chaminés levaria os operadores a
prescindir deste combustível. “O que sempre defendemos é que esta transição tem de ser feita com
mecanismos robustos de mercado”, afirma
Pedro Neves Ferreira, diretor de planeamento
da EDP.
Para o médio prazo, o guião para o país é o
Roteiro Nacional de Baixo Carbono, aprovado
em 2010. Segundo este plano, é possível
chegar a 2050 com 50 a 60% menos emissões
do que em 1990 e com uma dependência
energética do exterior na ordem dos 50%,
contra mais 70% agora.
A incógnita está em como Portugal vai
chegar até ao fim do século sem necessitar
mais de combustíveis fósseis. “A forma de
descarbonizar será pela eficiência energética, pela eletrificação da economia e pelas renováveis”, antecipa
Pedro Neves Ferreira. “Em 2100, o mundo vai ser elétrico”, concorda António Sá da Costa, presidente da
Apren-Associação de Energias Renováveis.
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Um dos maiores desafios está nos automóveis. Os quase seis milhões que estão em circulação no país
sorvem atualmente 42% de todo o petróleo que Portugal importa, segundo os dados mais recentes da
Direção-Geral de Energia e Geologia. Outros
35% vão para fora do país, metade sob a
forma de gasolina e gasóleo exportados,
produzindo CO2 noutros países. O carro
elétrico, neste momento, é a solução que
parece mais viável para resolver este voraz
apetite.
Há setores onde os combustíveis fósseis
são imprescindíveis e não têm substituto à
vista, como a indústria petroquímica ou os
transportes aéreos. Noutros, como a
fabricação de cimento, com ou sem
combustíveis fósseis há sempre emissões de
CO2 que resultam do próprio processo de fabrico e são dificilmente minimizáveis.
Livrar-se dos combustíveis fósseis não será fácil. “É uma coisa tremenda para a humanidade”, afirma
Filipe Duarte Santos, especialista da Universidade de Lisboa em alterações climáticas. “O mais difícil será
convencer países que têm grandes reservas de petróleo, carvão e gás a não explorarem estes recursos”,
completa, questionando: “Suponha que em Portugal, ao largo do Algarve, haja uma grande bolsa de
petróleo. Como é que vai ser?”
Como se chegou a este número
O PÚBLICO utilizou os balanços energéticos da Direção-Geral de Energia e Geologia de 1971 a 2014 e as
estimativas para 1890 a 1970 do livro História da Energia, Portugal 1890-1980, coordenado pelo historiador
Nuno Madureira, do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa. Todos os dados foram convertidos em toneladas
equivalentes de petróleo – unidade que representa a energia libertada ao se queimar uma tonelada de
crude. Devido a diferenças metodológicas entre as duas séries, o resultado aqui apresentado é uma
aproximação, com alguma margem de erro.
Garcia, Ricardo. In Jornal Público. Publicado em 7 de dezembro de 2015
O que é preciso fazer em Portugal para descarbonizar a economia
Produção elétrica: continuar a apostar nas renováveis
e aumentar a eficiência energética.
Nos últimos três anos, as renováveis representaram em
média 55% da produção de eletricidade no país. Até 2020
pretende-se chegar aos 60%. António Sá da Costa, presidente
da Apren-Associação de Energias Renováveis, diz que é
possível ir até aos 82% em 2030 e a 100% na década
seguinte.
Com novas barragens limitadas por questões ambientais,
é na energia solar e eólica que haverá mais espaço para crescimento.
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Há também muito potencial na poupança de energia. “Continuamos com um stock de eficiência
energética que não estamos a aproveitar”, diz Júlia Seixas, especialista da Universidade Nova de Lisboa em
cenários energéticos. “É o quilowatt-hora poupado mais barato que existe”, acrescenta Sá da Costa.
O país poderá ficar sem carvão já em 2025 e, no futuro, as centrais a gás natural passarão a servir apenas
de reserva. A instabilidade própria das renováveis pode ser amenizada com o desenvolvimento de grandes
baterias no futuro. Antes disso, será preciso boas interligações com o resto da Europa, para garantir trocas
de energia. “Em vez de estarmos todos a fazer a mesma tecnologia, se estiver tudo bem ligado, cada um
pode especializar-se naquilo em que é mais competitivo”, diz Pedro Neves Ferreira, diretor de planeamento
da EDP.
Transportes: o futuro é elétrico
Em 1974, quando Portugal tinha 844 mil automóveis, o setor dos transportes absorvia 31% do consumo
primário de petróleo no
país. Hoje, com uma
frota de quase seis
milhões, são 64%. Se a
eletricidade for 100%
renovável, o automóvel
elétrico é visto como
uma solução plausível e
definitiva. “As próprias
petrolíferas estão
convencidas de que isto
vai acontecer”, afirma
Júlia Seixas.
Por ora, o preço é um
dissuasor. Mas António
Sá da Costa diz que se
trata de um mito: “É
uma questão de se fazer
as contas. Andar 300 quilómetros custa apenas dois euros”.
A tecnologia ainda vai evoluir, mas o crescimento do mercado de veículo elétrico poderá acelerar esta
evolução, como aconteceu com os telemóveis.
A EDP fez contas e chegou à conclusão de que, se toda a
frota automóvel nacional fosse elétrica, haveria uma subida
de menos de 20% na procura de eletricidade. “É facilmente
absorvível pela infraestrutura existente”, avalia Pedro Neves
Ferreira.
Se todos os carros novos fossem elétricos, seriam
necessários 30 a 40 anos para substituir toda a frota em
Portugal. Mas no ano passado, dos 142 mil automóveis
comercializados no país, só 298 eram elétricos ou híbridos.
Indústria: o drama do cimento
Para a indústria, descarbonizar a economia não significa apenas livrar-se dos combustíveis fósseis. O setor
cimenteiro, por exemplo, consome perto de 400 mil toneladas de derivados de petróleo por ano em
Portugal. Mas 60% das suas emissões vêm das reações químicas nos fornos, necessárias para a produção do
Modelos de carros com motor elétrico – Imagem disponível em: http://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/a-musica-e-uma-catarse-importante-
bqwfkmmjer4gblcx4ist08lla
Imagem disponível em: http://tek.sapo.pt/noticias/negocios/artigo/venda_de_355_carros_eletricos_ate_agosto_faz_crescer_mercado_em
_portugal-44734nxf.html
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clínquer, a base do cimento. “Aí é que está o problema”, afirma Paulo Rocha, diretor de sustentabilidade
ambiental corporativa da Cimpor.
A empresa está a desenvolver com o
Instituto Superior Técnico um tipo de
clínquer que necessita de menos carbono.
Mas mesmo isso não será suficiente. A
salvação estará em capturar o CO2 antes
que saia pela chaminé e armazená-lo
debaixo do solo ou reutilizá-lo de alguma
forma. “O CCS [sigla inglesa de captura e
armazenamento de carbono] é fundamental
para nós, só isso nos permite reduzir 80-85%
das emissões”, diz Paulo Rocha.
Há já um projeto para uma unidade piloto na Europa. Mas a tecnologia é cara. Aumenta os custos de
operação e implica modificações onerosas nos fornos. Não será viável antes de 2030 e depende de um
mercado de carbono mundial, com um custo do CO2 acima dos 30 euros a tonelada.
Descarbonizar a indústria será talvez o mais difícil na luta contra o CO2. “O calcanhar de Aquiles são os
processos industriais”, resume Júlia Seixas.
Habitação e serviços: soluções antigas, novos problemas
O aquecimento da água é o maior consumidor de combustíveis fósseis – sobretudo gás – nas habitações e
serviços. Mas a solução ideal para o país, os painéis solares, teima em não avançar como podia. “É das coisas
mais básicas que devíamos fazer”,
afirma António Sá da Costa.
Em 2014, havia 1,1 milhões de
metros quadrados de painéis
instalados, segundo dados da
Associação Portuguesa da
Indústria Solar. O ritmo de
instalação de novos painéis tem
vindo a cair desde 2010. Para
cumprir uma meta definida pelo
Governo até 2020, teria de ser o triplo do atual.
O futuro traz novos desafios, porque Portugal é o segundo país europeu onde as pessoas sentem mais
calor dentro de casa, e o terceiro onde sentem mais frio, segundo dados do Eurostat. O uso de aquecimento
central e ar condicionado vai subir.
Soluções também já conhecidas hoje, como usar biomassa ou bombas de calor, terão de se tornar mais
difundidas.
PIMENTA, PAULO. Publico. Publicado no jornal Público em 7 de dezembro de 2017
O Tabu Nuclear
O assunto merece ser discutido nas suas várias componentes: científica, técnica, social, económica e
política.
Quando foram reconhecidas pela primeira vez manifestações do núcleo atómico no final do século XIX, e
quando esse núcleo foi descoberto no início do século XX, não se poderia imaginar que o nuclear viesse a ter
um papel tão fundamental nas nossas vidas. Basta dar dois exemplos: nos hospitais, a medicina nuclear
Cimenteira do Outão, Serra da Arrábida - Imagem disponível em: http://portugalfotografiaaerea.blogspot.pt/2009/04/fotografia-aerea-outao.html
Cimenteira do Outão, Serra da Arrábida - Imagem disponível em: http://portugalfotografiaaerea.blogspot.pt/2009/04/fotografia-aerea-outao.html
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oferece eficazes formas de diagnóstico e tratamento e, nas redes elétricas, as centrais nucleares fornecem
uma parte relevante da eletricidade que consumimos.
E, no entanto, se ninguém contesta as aplicações médicas da física nuclear, já a energia nuclear não tem
gozado de boa fama, devido não só à sua utilização militar, nomeadamente a que pôs fim à Segunda Guerra
Mundial, mas também a alguns acidentes na sua utilização para fins pacíficos, dos quais Chernobyl foi o mais
terrível. A tal ponto que até a designação de um
exame médico hoje vulgar, ressonância magnética
nuclear, foi nalguns sítios convenientemente
abreviada, com a retirada da última palavra. O
termo "nuclear" deixou de estar inscrito, como se a
sua ocultação pudesse esconder a realidade central
de todos os átomos.
Neste quadro, depois de uma forte expansão
inicial à escala planetária, a energia nuclear foi,
nalguns países, alvo de moratórias ou interdições.
Porém, nos tempos mais recentes, regressou à
ordem do dia devido ao acelerado crescimento
económico mundial, ao progressivo esgotamento
das reservas de combustíveis fósseis e à crescente preocupação com o aquecimento global devido a gases de
efeito de estufa. Facto é que as centrais nucleares não emitem dióxido de carbono e, por isso, não
contribuem para o aquecimento global. De certo modo, a energia nuclear passou a ser vista como uma
solução ecológica. Além disso, a tecnologia evoluiu de tal modo que essas centrais são hoje incluídas entre as
alternativas mais seguras.
Portugal conta-se entre os poucos países europeus que não construíram nenhuma central nuclear, apesar
de importar uma grossa fatia da energia que consome (importa energia elétrica que, em parte, é produzida
pelas oito centrais nucleares espanholas e pelas 49 francesas) e apesar de, a espaços, ter discutido a opção
nuclear. Vai construir? O Governo criou um tabu, ao cortar a discussão pública do tema. Fala em energias
alternativas como a solar e a eólica, coisas decerto boas, tal como a poupança de energia, mas claramente
insuficientes face às nossas necessidades actuais e futuras. E não quer que se fale de uma das alternativas
energéticas...
O assunto revela-se extremamente atual e merece ser discutido do modo mais racional possível, nas suas
várias componentes: científica, técnica, social, económica e política. É discutido em todo o mundo e deve
também sê-lo aqui. Para isso, e procurando contrariar o nosso conhecido défice de cultura científica, foi há
pouco constituída a Associação de Divulgação do Nuclear, ADN. Não, o D do meio não significa Defesa, mas
sim Divulgação. Pela minha parte, tendo aderido à ADN, gostaria de, tanto quanto possível, elucidar e ser
elucidado. Não tenho posição nem a favor nem contra a construção de uma central nuclear, mas tenho
posição absolutamente contra o impedimento dessa construção por um tabu irracional. Eliminar à partida
uma possibilidade que outros consideram seria condenar-nos ao isolamento e ao défice.
É mister ouvir os especialistas. Uma tomada de posição no ano passado da Sociedade Europeia de Física
diz, preto no branco, que "o nuclear pode e deve dar um contributo relevante para o portefólio de fontes
energéticas". E o novo secretário de Estado da Energia norte-americano, o Prémio Nobel da Física Steven
Chu, interrogado sobre o assunto pela National Geographic, respondeu: "Penso que o nuclear tem os seus
problemas. Não resolvemos ainda a questão do armazenamento [dos resíduos] a longo prazo e temos de
estar conscientes da questão da proliferação. Mas a segurança está melhor e vai melhorar mais e as centrais
nucleares são muito melhores para o clima do que as centrais a carvão". Os cientistas não gostam de tabus!
Professor Universitário
Fiolhas, Carlos. Publicado no jornal Público em 10 de abril de 2009
Central Nuclear Inglesa - Imagem disponível em: https://www.veoverde.com/2011/06/reino-unido-
construiran-8-centrales-nucleares/
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Nuclear: o incómodo debate que se impõe
Uma solução que permite produzir eletricidade sem recurso aos combustíveis fósseis não pode ser
ignorada
Com o preço do petróleo a bater recordes e a economia em desaceleração, e sendo a política energética,
nas suas diversas vertentes, um fator de
crescimento e de competitividade, a
definição de uma estratégia cada vez mais
clara para este setor impõe-se. Com ela há
que esclarecer: nuclear, sim ou não?
Segurança e autossuficiência no
abastecimento, aumento de eficiência
energética ao nível do consumo e adequação
ambiental do processo energética são as
linhas mestras da política energética
europeia e, consequentemente, da política
energética portuguesa.
Se ao nível da eficiência energética, com
mais ou menos atrasos, Portugal vai
avançando com a qualificação e a
certificação dos usos, promovendo as boas práticas e desincentivando as más através da tributação ao nível
da segurança e da autossuficiência no abastecimento, a política energética portuguesa, ao não definir o novo
mix de produção para o futuro, revela-se destituída de uma estratégia.
Falar de estratégia energética é falar de uma importante alavanca da economia, quer pela capacidade de
criar novos investimentos, quer pelo seu efeito potencial na redução do preço dos fatores.
Portugal é um país dependente de recursos energéticos importados, dependência esta expressa, na sua
quase totalidade, em combustíveis fósseis, ao mesmo tempo que possui das maiores taxas de intensidade
energética (rácio entre o consumo de energia e o produto interno bruto) da União Europeia.
A tudo isto há que acrescentar as preocupações ambientais, principalmente as metas de Quioto, já em
vigor, que obrigam a uma redução no uso dos combustíveis fósseis.
A aposta nas energias renováveis é desejável. Com ela reduzem-se as emissões, aumenta-se a autonomia
energética e criam-se oportunidades de investimento. O compromisso de Portugal em produzir, em 2010, 39
por cento da sua eletricidade final com origem em fontes renováveis de energia é, seguramente, um passo
importante. Porém, será este compromisso suficiente para expandir o nosso sistema eletroprodutor?
Note-se que, ao falarmos de fontes de energia renováveis, estamos a falar de fontes não-constantes de
energia, cuja produção é, muitas vezes, impossível de armazenar.
A política energética portuguesa defende o óbvio e o pacífico, ou seja, a necessidade de abandonar o mix
tradicional na produção de energia. O que não explica é como vai ser constituído o novo mix que se quer de
baixo custo, ambientalmente neutro e autossuficiente.
Constituir este novo mix sem ponderar o nuclear pode revelar-se desvantajoso e com perda de
competitividade para Portugal.
Na verdade, um pouco por todo o lado o nuclear surge/ressuscita e a opinião pública está confusa.
A frase de James Lovelock de que só a energia nuclear pode deter o aquecimento global espalha-se. Nos
EUA desenvolve-se a quarta geração de reatores. Na Europa existem cerca de 200 centrais, uma das quais
bem perto de nós, na vizinha Espanha, a Central de Almaraz, junto ao rio Tejo. Uma solução que permite uma
produção de eletricidade sem recurso aos combustíveis fósseis, sem produção de CO2, capaz de garantir
autossuficiência, equilibrar a balança de pagamentos, aumentar a nossa competitividade não pode ser
Esquema de funcionamento de uma central nuclear - Imagem disponível em:
http://cpeusinanuclear.blogspot.pt/2011_06_01_archive.html
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ignorada.
Percebe-se o incómodo da discussão. A história tem maus exemplos quanto a centrais nucleares. Mas o
perigo, a existir, está mesmo ao lado, junto ao rio Tejo: a central nuclear de Almaraz. Tomar decisões e fazer
opções sem se considerar todas as alternativas é um erro. Fazê-lo sem debate torna a opção ilegítima.
Em Espanha, esta matéria foi tema da campanha eleitoral, numa altura em que se debatiam os programas
de governo. Em Portugal, exceção feita para a Presidência da República, que tentou lançar o debate, e a
algumas vozes isoladas, vive-se o silêncio!
Sendo a política energética nacional estratégica para o país, a sua definição carece de uma discussão
pública amplamente participada.
A discussão da opção nuclear surgirá mais dia, menos dia.
Ivone Rocha, Ivone, advogada, coordenadora do Departamento de Energia e Ambiente da JPAB José Pedro Aguiar-
Branco & Associados. Publicado no Jornal Público em 9 de junho de 2008
Cinco anos depois, ainda se sentem as consequências de Fukushima
Governo japonês continua à procura de soluções para os milhares de deslocados. População teme
reativação de centrais nucleares.
Foi há cinco anos que um dos terramotos mais graves da história desencadeou um tsunami que fez cerca
de 19 mil mortos e deixou 160 mil pessoas sem as suas casas e sem os seus meios de subsistência. O
terramoto de magnitude 9 na escala de Richter
devastou o norte do Japão, provocando o mais
grave desastre nuclear desde Chernobyl, em
1986, na central nuclear de Fukushima.
Cinco anos depois, continuam os trabalhos de
reconstrução daquela zona do Japão e as
tentativas de desativação dos destroços
nucleares ainda existentes em Daiichi. Mas a
radiação na central é tão poderosa que é ainda
impossível remover as barras de combustíveis
derretidas, que pesam centenas de toneladas.
Como não é possível aos humanos entrarem
no local, a Tepco (Tokyo Electric Power Co) tem
tentado utilizar robôs para a zona dos reatores,
mas não tem sido bem-sucedida. Até ao
momento foram enviados cinco robôs, mas nenhum deles conseguiu regressar.
A operadora da central conseguiu fazer alguns progressos, mas a tecnologia necessária para estabilizar o
local ainda não está totalmente desenvolvida. “É extremamente difícil aceder ao interior da central nuclear”,
afirmou Naohiro Masuda, responsável da Tepco pela desactivação da central, à Reuters. “O maior obstáculo
é a radiação.”
Para assinalar a data, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e o imperador Akihito estiveram numa
cerimónia de homenagem às vítimas, em Tóquio. Realizou-se um minuto de silêncio no Japão no momento
exato em que, há cinco anos atrás, se deu o terramoto.
Trabalhadores encarregues da descontaminação cumprem um minuto de silêncio em homenagem às vítimas de
Fukushima - Reuters/Kyodo
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Shinzo Abe, citado pela BBC, afirmou que o Governo está empenhado nos trabalhos de reconstrução,
prometendo um “amplo orçamento” para ajudar as
áreas mais afetadas a “ficarem de pé novamente”.
Aproveitou o discurso para afirmar que o Japão não
pode prescindir da sua energia nuclear a longo prazo,
uma afirmação que certamente não agrada a muitos
japoneses, que ainda vivem com o receio de um
novo desastre.
“A infraestrutura está a recuperar, mas os
corações não”, afirmou Eiki Kumagai, bombeiro
voluntário, à Reuters. Kumagai esteve em
Rikuzentakata, uma das áreas mais afetadas, e
perdeu 51 dos seus colegas no tsunami. “Continuo a
ver o rosto daqueles que morreram. Há tanta tristeza, nem a consigo expressar.”
Depois do desastre de Fukushima todos os reatores nucleares do país foram encerrados por motivos de
segurança. Contudo, no ano passado, dois deles foram reativados devido ao facto de o Governo japonês
querer cortar nos custos de energia, uma vez que está a importar combustíveis fósseis bastante caros.
Esta medida está longe de ser consensual entre a população japonesa, que considera que ainda não foi
feito o suficiente para que sejam garantidas condições de segurança para que um novo desastre semelhante
ao de 2011 não volte a acontecer. Para além de que, cinco anos depois, muitas pessoas ainda não
conseguiram regressar às suas casas, apesar dos trabalhos de descontaminação. Cerca de 180 mil pessoas
permanecem deslocadas, sendo que 100 mil foram evacuadas de Fukushima, segundo números da BBC.
A Greenpeace demonstrou a sua preocupação relativamente a esta questão, criticando a atitude do
Governo de Shinzo Abe. “Não sabemos exatamente o que causou o acidente e o Governo japonês continua a
minimizar o nível de radioatividade nas zonas evacuadas. É trágico e inaceitável”, afirmou num comunicado
Junichi Sato, director da organização ecologista para o Japão.
Reis, Pedro. Texto editado por Tiago Luz Pedro. Publicado no Jornal Público em 11 de março de 2016
“O nuclear em Portugal está morto e enterrado” “A energia nuclear não morreu em termos mundiais”, diz Pedro Sampaio Nunes, um rosto conhecido
na defesa da energia nuclear. Mas em Portugal sim.
O ex-secretário de Estado da Energia do Governo de
Santana Lopes diz que não faria sentido construir centrais
nucleares, depois do forte investimento feito nas eólicas.
Pedro Sampaio Nunes é um dos rostos mais conhecidos
na defesa do nuclear, mas considera que, em Portugal,
neste momento, ele “está morto e enterrado, sobretudo
por causa dos seus custos”. O ex-secretário de Estado da
Energia do Governo de Santana Lopes diz que não faria
sentido construir centrais nucleares, depois do forte
investimento feito nas eólicas, mas assume críticas à forma
como esse investimento avançou: “A capacidade instalada
foi feita de forma extemporânea porque as energias
renováveis não estavam ainda maduras.”
E o resultado está à vista: “Temos o quarto custo mais
Intervenção na central nuclear de Fukushima, Japão, 2011, após o acidente – Imagem disponível em:
http://www.geek.com/science/fukushima-radiation-has-reached-california-but-its-really-nothing-to-worry-about-
1609326/
Protesto das populações contra a construção de uma central nuclear em Ferrel, Peniche, ano de
1976 – Imagem disponível em: https://file.ejatlas.org/img/Conflict/nuclear-power-
station-in-ferrel-peniche-portugal/Manif1978.jpg
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elevado da Europa na produção de energia e os custos de eletricidade mais elevados para as PME e famílias”,
diz, em declarações ao PÚBLICO, no dia em que em Ferrel, Peniche, se assinalaram os 40 anos de uma
manifestação contra aquela que poderia ter sido a primeira central nuclear portuguesa.
É devido a essa aposta errada, prossegue Sampaio Nunes, que o défice tarifário português representa 3%
do PIB e os custos de produção são dos mais elevados da Europa. “Houve um entusiasmo muito grande com
as renováveis para o qual eu sempre alertei. E agora temos uma situação de rendas elevadas que penalizam
muito a nossa economia.”
Admitindo que o nuclear morreu em Portugal — “por razões de aceitação pública e por razões técnicas”
— Pedro Sampaio Nunes diz que a aposta deveria ser a energia solar fotovoltaica, que nos últimos quatro
anos reduziu cinco vezes os seus custos. “Portugal poderia exportar energia solar para o norte da Europa”,
nota, acrescentando que esta é a altura certa para apostar neste tipo de energia. “Os países inteligentes são
os que não aderem à primeira ronda de uma nova indústria” como aconteceu com as eólicas.
Ainda assim, recorda que no mundo a energia nuclear continua viva. “Os Emirados Árabes Unidos
decidiram construir quatro reatores e vão ter o primeiro a funcionar em 2017. E a China vai avançar com 40.
A energia nuclear não morreu em termos mundiais. Foi muito afetada (pelo acidente de Fukushima), mas
não morreu.”
Cipriano, Carlos. Publicado no Jornal Público em 13 de março de 2016
Nuclear, evocação e futuro
O que espera o governo português para exigir, exigir mesmo, o fim da produção da central da Almaraz?
Passam cinco anos sobre o acidente de Fukushima. Um reator, embora longe das notícias, continua em
fusão e toneladas, toneladas de água continuam a ser-lhe despejadas em cima e a invadirem o oceano
Pacífico. As milhares de pessoas deslocadas e a interdição de consumo de fruta, vegetais ou pescado
continuam a afetar uma zona de dezenas de milhares de km2.
Passam 30, 30 anos, já passam 30 anos sobre o
acidente nuclear de Tchernobil. Muitos milhares
de mortos (ultrapassam 100.000 segundo dados
de organizações independentes), muitos, muitas
centenas de km2 inabitáveis e altamente
contaminados. Uma economia em crise e
felizmente a voz de um prémio Nobel a não nos
deixar esquecer. Svetlana Alexievich! A voz dos
mortos, a voz dos vivos.
E hoje aqui comemoramos 40 anos de luta. O
bravo povo de Ferrel, as poucas dezenas de
ecologistas da altura, as energias que fizeram dos
poucos muito, muita determinação, muito empenho, em defesa do que é nosso, a terra, o mar, as suas, as
nossas gentes. Na altura, recordemo-nos, era contra tudo e contra todos. Os partidos, o governo, a onda da
nuclear maravilha. Mas nós, e o povo, percebíamos, sabíamos dos riscos, das radiações, do perigo de fugas,
das falhas humanas numa tecnologia não dominada pelo homem.
Ganhámos e depois vimos, viram que tínhamos razão. Depois começámos a desenvolver novas energias,
vieram as mini-hídricas, os ventos, as solares e as ondas, veio a poupança e a eficiência, mas antes deixem-
me recordar outras lutas, que no seguimento desta ganhámos e outras que temos pela frente.
Lutámos com os nossos irmãos espanhóis contra Sayago e Valcaballeros, centrais que não se fizeram
também com oposição portuguesa e com o virar da economia em Espanha, lutámos, com os apoio do
Central nuclear de Almaraz, perto de Cáceres, Espanha, nas margens do Rio Tejo – Imagem disponível em:
http://www.mediotejo.net/category/concelhos/constancia/page/3/
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governo dos Açores e de municípios da Galiza e com o empenho dos ecologistas espanhóis e de todo o
mundo, no seguimento também das denúncias do comandante Costeau, contra os enterramentos nucleares
na fossa atlântica e pusemos-lhe termo, lutámos, com o apoio do nosso governo e queixa nas instituições
europeias contra o insensato cemitério nuclear de AldeaVila que não se concretizou, e com os mineiros do
urânio da Urgeiriça por compensações pelo seu trabalho e muitas vidas que nele ficaram e contra novas
minerações de urânio em Nisa.
Hoje não podemos aqui esquecer Almaraz, uma central espanhola, contemporânea na sua construção da
nossa luta. Construída há mais de 25 anos, é um pesadelo sobre o nosso país. Um pesadelo sobre a nossa
vida.
O prolongamento, já em curso, do seu período de vida tem sido avassaladoramente assinalado por falhas
e problemas nos sistemas de refrigeração e nas válvulas de segurança, conforme foi até denunciado pela
autoridade nuclear espanhola.
O que espera o Governo português para, até no âmbito do timorato acordo nuclear assinado o ano
passado com Espanha, para exigir, exigir mesmo!, a exemplo da atual posição das autoridades extremenhas e
de quase todas as forças políticas espanholas, o encerramento, o fim da produção, irrelevante e já há muito
amortizada pelos seus titulares, da central da Almaraz?
E uma última palavra para aqueles que ainda se articulam contratualmente com a EDP. Esta empresa, ora
chinesa, explora 16% da central nuclear de Trillo, outro risco para o Tejo. Para bom entendedor! Há
alternativas de energias sustentáveis!
Eloy, António, ambientalista. Publicado no jornal Público em 12 de março de 2016
Documentário: Home – O Mundo é a nossa casa
No documentário "Home – O Mundo é a nossa casa", de Yann Arthus-Bertrand, apresentado em 2009, leva-
nos a uma viagem original à volta da Terra, para que possamos contemplá-la e entendê-la.
"Home" vai ajuda a perceber a nossa relação com o nosso
planeta, a nossa casa. O documentário, mostrando o quanto a
humanidade interferiu no equilíbrio da Terra, revela-nos, em
simultâneo, as preciosidades que ela nos oferece e as marcas
que deixamos para trás, com o objetivo de nos encorajar a
proteger o nosso Mundo!
O documentário, todo filmado com planos aéreos, levou
dois anos para terminar e possui imagens captadas em mais de
50 países. Através de uma belíssima fotografia e de lindas
paisagens, o autor procura convencer-nos das nossas responsabilidades individuais e coletivas em relação ao
planeta. O encontro desta reflexão com a sétima arte pode apresentar uma nova perspetiva sobre como
cuidar do nosso planeta, a nossa casa.
O documentário está disponível na Internet e poderá acedê-lo aqui. Sugere-se a sua visualização e a
realização de um comentário sobre ele.
Para ajudar à reflexão sobre o tema do nuclear, sugere-se a visualização do documentário “Hora Zero – O desastre de Chernobil” emitido pelo canal Odisseia, produzido em 2004. Está disponível na Internet e poderá acedê-lo aqui.