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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA CURSO DE BIBLIOTECONOMIA BIBLIOTECA ESCOLAR: uma análise reflexiva Orientando: Arnaldo Teixeira da Costa Orientadora: Terezinha Anibas da Cunha NATAL 2003

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA CURSO DE BIBLIOTECONOMIA

BIBLIOTECA ESCOLAR: uma análise reflexiva

Orientando: Arnaldo Teixeira da Costa

Orientadora: Terezinha Anibas da Cunha

NATAL 2003

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA CURSO DE BIBLIOTECONOMIA

BIBLIOTECA ESCOLAR: uma análise reflexiva

Orientando: Arnaldo Teixeira da Costa

Orientadora: Terezinha Anibas da Cunha

NATAL 2003

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ARNALDO TEIXEIRA DA COSTA

BIBLIOTECA ESCOLAR: uma análise reflexiva

Monografia apresentada à Disciplina Monografia ministrada pela Mestra em Biblioteconomia, Maria do Socorro de Azevedo Borba e orientada pela Professora Terezinha Anibas da Cunha, para fins de avaliação da Disciplina e como requisito parcial para a conclusão do Curso de Biblioteconomia do Departamento de Biblioteconomia do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da UFRN.

NATAL 2003

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Catalogação da Publicação na fonte

C 837b Costa, Arnaldo Teixeira da. Biblioteca escolar: uma análise reflexiva/ Arnaldo Teixeira da Costa. _ Natal (RN), 2003.

47 p. Orientadora: Terezinha Anibas da Cunha Monografia (Graduação em Biblioteconomia) - Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, 2003

1 Biblioteca Escolar - Monografia. 2. Bibliotecário Escolar - Monografia. I. Costa, ArnaldoTeixeira da. II .Título

RN/UFRN/BR

CDU: 371.64

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ARNALDO TEIXEIRA DA COSTA

BIBLIOTECA ESCOLAR: uma análise reflexiva

MONOGRAFIA APROVADA EM____/____/2003

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________________ Orientadora: ProfªTerezinha Anibas da Cunha _________________________________________________________________ Membro: Profª da Disciplina: Maria do Socorro de Azevedo Borba _________________________________________________________________ Membro: Profª Francisca de Assis de Sousa

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia à memória do meu pai, à minha família, especialmente à minha esposa Nadja, aos meus filhos Gustavo, Gabrielle e Júnior.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pelo dom da vida.

A minha família pelo incentivo e compreensão nas horas ausentes.

A todos os professores, especialmente às professoras Maria do Socorro de

Azevedo Borba que ministrou a disciplina e Terezinha Anibas da Cunha, que

me orientou na elaboração desta monografia.

Agradeço à bibliotecária Valéria pela força.

Agradeço a todos os colegas do curso.

A todos o meu carinho, o meu respeito e a minha gratidão.

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Tudo o que fizer, faça com

amor, com o coração aberto, e as

coisas fluem naturalmente.

Ives Vaet

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COSTA, Arnaldo Teixeira da. Biblioteca escolar: uma análise reflexiva. Natal: UFRN, 2003 (Monografia apresentada à disciplina Monografia, ministrada pela professora Maria do Socorro de Azevedo Borba e orientada pela professora Terezinha Anibas da Cunha, para fins de avaliação da disciplina e como requisito parcial para conclusão do curso de Biblioteconomia do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte).

RESUMO

Analisa à luz da literatura especializada os aspectos sociais, funcionais e organizacionais da biblioteca escolar. Faz uma abordagem retrospectiva de como surgiram as primeiras bibliotecas do Brasil. Mostra a desatenção das autoridades para com a biblioteca que ainda hoje não desempenha plenamente seu papel; tornar-se um espaço de resolução, provocação e questionamentos. Ressalta o papel do bibliotecário da biblioteca escolar; um coordenador de sugestões, idéias e atividades vindas da escola. Apresenta a dimensão educativa do trabalho bibliotecário, que não se constitui somente na orientação de usuários mas também despertar neles o gosto e o hábito da leitura, além da incumbência de sua participação no planejamento didático da escola uma outra atividade de cunho educativo. Por fim mostra a importância da biblioteca escolar em qualquer instituição de ensino; que na sua função de agente educacional proporcionará o enriquecimento cultural dos alunos ao mesmo tempo e oportunizará o desenvolvimento social e intelectual.

Palavra-chave: Biblioteca Escolar, Bibliotecário Escolar

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SUMÁRIO

RESUMO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 8

2 BIBLIOTECA ESCOLAR: uma análise reflexiva ..............................................................11

2.1 Biblioteca Escolar x Biblioteca Pública... .....................................................................15

2.2 O Papel da Biblioteca no Contexto Escolar..................................................................18

2.2.1 Biblioteca Escolar: função de agente educadora ............................................................20

3 FUNÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO NA BIBLIOTECA ESCOLAR .....................................24

3.1 Dimensão do Trabalho Educacional do Bibliotecário Escolar.....................................26

3.2 Perfil Que Se Vislumbra no Bibliotecário Escolar ......................................................30

4 ORGANIZANDO A BIBLIOTECA ESCOLAR................................................................32

4.1 Seleção/ Aquisição .......................................................................................................34

4.2 Processamento de Documentos....................................................................................36

4.3 Dinamizando a Biblioteca Escolar ............................................................................... 40

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................43

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................44

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1 INTRODUÇÃO

O estudo sobre biblioteca escolar se propõe a uma reflexão acerca do papel

que esta instituição deve desempenhar na sociedade. Analisa a realidade das

bibliotecas escolares e mostra a nova concepção de biblioteca. Nessa nova

concepção ela não só deve atuar como suporte das atividades pedagógicas, mas

também deve ser um espaço aberto à comunidade para suas atividades culturais,

políticas e sociais. Além disso, mostra o papel do bibliotecário que conduz a

biblioteca escolar.

O que levou a escolha desse tema foi não só o descaso das autoridades

governamentais com a biblioteca escolar, mas, sobretudo a desvalorização que

existe nas escolas por parte dos professores que não vêem a biblioteca como um

instrumento de apoio ao suporte das atividades pedagógicas. Nesse sentido

entende-se que um suporte teórico poderá despertar a consciência desses

profissionais para que revejam a importância da biblioteca escolar no contexto

pedagógico, e a transformem num espaço democrático; espaço de participação dos

alunos, professores, bibliotecários e demais segmentos da sociedade.

O objetivo geral desse estudo é analisar os aspectos funcionais da biblioteca

escolar. Apresenta como objetivos específicos detectar a evolução da biblioteca

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escolar no Brasil; identificar o papel do bibliotecário da biblioteca escolar e por fim

descrever as atividades da biblioteca.

O estudo foi traçado da seguinte forma:

O capitulo dois intitulado Biblioteca Escolar mostra que as primeiras

bibliotecas brasileiras surgiram com os jesuítas para servirem como instrumento de

apoio ao ensino por eles ministrados. Aponta o descaso das autoridades

competentes com a criação da biblioteca escolar. A biblioteca escolar só vem a

surgir com a Reforma do Ensino e só vai ser oficialmente institucionalizada pelo

Ministério de Educação e Cultura - MEC em 1988. Ressalta a importância da

biblioteca para a democratização do ensino; a adequação dos conteúdos do saber

escolar a realidade do alunado irá fazer desses alunos produtores do saber. Nesse

sentido, aponta o principal papel da biblioteca escolar tornar-se um espaço de

provocação e questionamento, vindo assim, contribuir para a qualidade do ensino

brasileiro.

O capitulo três trata da função do bibliotecário da biblioteca escolar mostra

que a biblioteca não é espaço exclusivo do bibliotecário ele é, um coordenador que

coordena todas as atividades da escola transformando a biblioteca num espaço

articulado com o trabalho do professor. Mostra a dimensão do trabalho educacional

do bibliotecário que além de orientar o aluno no uso da biblioteca tem também a

tarefa de despertar o gosto pela leitura atribuindo-lhe também a participação no

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planejamento didático da escola uma outra atividade de cunho educativo. Por fim,

discute o perfil que se vislumbra ao bibliotecário escolar e que, ele seja capaz de

acompanhar as mudanças sociais e, assim, adequar suas funções as necessidades

informacionais da sociedade.

O capitulo quatro, Organizar e dinamizar a biblioteca escolar mostra que a

biblioteca hoje procura proporcionar ao usuário a informação registrada nos mais

variados suportes para isso se faz necessário manter um padrão de organização.

Ressalta a importância da biblioteca em qualquer instituição de ensino. Discute a

dinamização de maneira que venha se tornar um espaço prazeroso; um espaço que

oportunize o usuário ao contato direto com o livro nas estantes. Alerta para a

necessidade da biblioteca promover palestras, debates, jogos, oficinas e exposições;

programas que atraiam o leitor de maneira significativa e ao mesmo tempo

ampliem no usuário o conceito de leitura.

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2 BIBLIOTECA ESCOLAR: uma análise reflexiva

No Brasil os padres jesuítas foram os primeiros a se preocuparem com a

organização dos livros formando, deste modo, as primeiras bibliotecas no país cujo

objetivo eram servir de apoio ao ensino desses missionários já que também foram

eles os fundadores das primeiras escolas, essas escolas se destinavam a formação

de clérigos e leigos.

Segundo Borba; Cunha (2003), no Brasil o sistema de ensino sempre foi

precário desde o inicio da colonização e persiste até os dias atuais, é tanto, que

chegamos ao final do século XX com apenas 30% da população brasileira

alfabetizada.

A biblioteca escolar, até então, não era preocupação do sistema educacional

no país. A preocupação de criação desse tipo de biblioteca surge com a Reforma de

Ensino Lei N° 5.692/71. Segundo Amato apud Borba (2003) a biblioteca escolar

brasileira foi oficialmente institucionalizada em 1998 com a Portaria N° 410 de 19

de setembro. Nesse momento pode se constatar um interesse do Ministério da

Educação em contribuir para a formação e desenvolvimento das bibliotecas nas

escolas públicas brasileiras.

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Define-se como biblioteca escolar um conjunto de livros e materiais

informativos organizados para atender às demandas de leitura e informação dos

usuários.

Da Antigüidade à Idade Média, as bibliotecas eram fechadas a maioria das

pessoas, sendo seus materiais guardados como objetos quase sagrados e

utilizados apenas por uma classe elitista de nobres e religiosos.

A esse propósito é essencialmente esclarecedora a análise de Silva (1986,

p. 11-12):

Qualquer retrospectiva histórica voltada à análise da presença da leitura em nossa sociedade, vão sempre redundar em aspectos de privilégio de classe e, portanto em injustiça social. Quero dizer com isso que o acesso à leitura e aos livros nunca conseguiu ser democratizado em nosso meio. A tão propalada crise da leitura não é uma doença destas ultimas décadas e nem deste século, ela vem sendo reproduzida desde o período colonial, juntamente com a reprodução do analfabetismo, com a falta de bibliotecas e com a inexistência de políticas concretas para a popularização do livro.

Esse quadro provoca como conseqüência, uma relação de estranhamento

entre grande parte da população e a biblioteca.

Segundo Vianna (1994), as grandes transformações sociais ocorridas a

partir da Revolução Industrial fizeram crescer o papel das bibliotecas. O

desenvolvimento da indústria e tecnologia, a conseqüente necessidade de

informações diversificadas, e, ainda a universalização da leitura e da escrita

levaram a demanda de informações a um nível cada vez mais alto e mais

premente no mundo inteiro. A biblioteca amplia, então seu âmbito de atividades

passando a ser entendida como um

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organismo dinâmico, não só depositária do saber estruturado, mas capaz de se

tornar elemento catalizador de transformações culturais através de sua dinâmica

de atendimento.

De acordo com (TARAPANOFF, 1982, apud BORBA, 1999),

A concepção moderna de biblioteca permite a cada leitor estabelecer uma relação com a obra, fazendo desta um verdadeiro centro de aprendizagem integrada às instituições educativas. A biblioteca escolar faz parte do contexto educacional e participam de seus objetivos, metas e fins. A função primordial dela é atuar como órgão auxiliar e complementar para estudo dos alunos e apoio informacional aos professores.

Com essa visão a biblioteca escolar, além de colocar-se como suporte às

atividades pedagógicas da escola, propõe-se a ser um espaço aberto à

comunidade para suas atividades culturais, políticas e sociais.

Neste sentido, Candau (1986, p. 59), escreve "a escola deve partir do

contexto problemático em que a comunidade se ver inserida. Deve trabalhar com

os problemas reais, concretos. Deve ensinar por meio de soluções de

problemas."

Ora, os métodos que se esgotam na figura do professor, na sua exposição

ou no máximo, no texto do livro adotado, de modo geral não contribui para

despertar nem aprimorar o espírito crítico do aluno. Em contrapartida, métodos

que desafiam o estudante a buscar respostas, dirimir dúvidas, resolver

problemas, normalmente fazem-no desenvolver seu potencial reflexivo, crítico e

criativo. Cremos que o uso da biblioteca na escola pode ser dinamizado nesse

sentido.

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A esse respeito, trazemos a palavra de Mattos, (1975, p.124), "Para o futuro

do aluno mais importa o método que utilizamos o que a matéria que lhe

explicamos. De posse de um bom método, ele saberá aprender o que lhe for

necessário, manter-se atualizado e organizar melhor a sua vida."

Embora Silva (1995), discorde da ênfase dada a questão do método, porque

diz o autor, é como se o ensino se resumisse ao aspecto meramente instrumental.

Na análise da preocupação de Mattos com a auto-educação, presente na citação

anterior, percebemos que ele sinaliza para a utilização da biblioteca. Na escola, ela

certamente poderá ser uma das instâncias capazes de proporcionar ocasiões para o

aluno interessado em aprofundar, por conta própria os seus conhecimentos.

Fora da escola a biblioteca é uma das instituições mais indicada para

alicerçar a auto-educação dos cidadãos, dada a variedade de recursos informativos

que ela pode oferecer, a liberdade de opções que proporciona e o baixo custo que

sua utilização representa para o consulente.

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2.1 Biblioteca Escolar X Escola Pública

No Brasil, a marginalização sócio-econômica-cultural que se impõe à ampla

maioria da população acaba por conferir a biblioteca escolar uma grande

responsabilidade. E nela que a maior parte das nossas crianças terá a oportunidade,

muita vezes únicas em suas vidas, de ter contato com livros e outros documentos.

Essa idéia aplica-se especialmente às escolas públicas onde estudam as crianças de

classes populares que, pela natureza seletiva e excludente das escolas burguesa, são

expulsas da vida escolar muito antes de terem completado a escolaridade mínima

obrigatória. Estão aí os dados relativo à evasão e à repetência escolar que, há

décadas atiram-nos contra o rosto, provas cabais da incompetência do nosso

aparelho escolar para a missão de escolarizar os filhos da classe trabalhadora. Vale

destacar, contudo, que há análises mostrando que, na realidade essa é a verdadeira

missão da escola numa sociedade de classe como a brasileira, qual seja: produzir o

fracasso escolar das crianças das classes populares como uma das condições para a

manutenção da ordem social vigente. Esta seria, como evidencia o título da obra de

Frigotto (1984), a efetiva produtividade da escola improdutiva.

Salientamos, ainda, a necessidade de inferir o debate sobre o papel da

biblioteca na educação escolar no contexto da discussão, mais ampla, sobre o papel

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2.1 Biblioteca Escolar X Escola Pública

No Brasil, a marginalização sócio-econômica-cultural que se impõe à ampla

maioria da população acaba por conferir a biblioteca escolar uma grande

responsabilidade. É nela que a maior parte das nossas crianças terá a oportunidade,

muita vezes únicas em suas vidas, de ter contato com livros e outros documentos.

Essa idéia aplica-se especialmente às escolas públicas onde estudam as crianças de

classes populares que, pela natureza seletiva e excludente das escolas burguesa, são

expulsas da vida escolar muito antes de terem completado a escolaridade mínima

obrigatória. Estão aí os dados relativo à evasão e à repetência escolar que, há

décadas atiram-nos contra o rosto, provas cabais da incompetência do nosso

aparelho escolar para a missão de escolarizar os filhos da classe trabalhadora. Vale

destacar, contudo, que há análises mostrando que, na realidade essa é a verdadeira

missão da escola numa sociedade de classe como a brasileira, qual seja: produzir o

fracasso escolar das crianças das classes populares como uma das condições para a

manutenção da ordem social vigente. Esta seria, como evidencia o título da obra de

Frigotto (1984), a efetiva produtividade da escola improdutiva.

Salientamos, ainda, a necessidade de inferir o debate sobre o papel da

biblioteca na educação escolar no contexto da discussão, mais ampla, sobre o papel

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da escola na sociedade, enfocando, em particular, a questão da democratização do

ensino.

Como mostra Rodrigues (1983), os aspectos invocados pelos educadores na

luta pela democratização da escola são basicamente três: primeiramente, a

democratização dos processos administrativos, com destaque para a eleição de

diretores; em segundo lugar, a democratização da oferta, que diz respeito à

ampliação de escolas e vagas no limite suficiente para atendimento a todas as

crianças; e, em terceiro lugar, a democratização dos processos pedagógicos que se

refere a autonomia dos educadores para a escolha de conteúdos e métodos. Logo, é

possível inserir o debate sobre a biblioteca escolar neste último aspecto, na medida

em que a ampliação das formas de acesso ao saber escolar também está relacionada

com a democratização do ensino, no plano pedagógico. Democratizar o acesso ao

conhecimento na escola significa, lutar contra o ensino dogmático e a transmissão

do saber exclusivamente via professor ou livro didático; significa adequar os

conteúdos do saber escolar à realidade da clientela atendida; significa enfim, fazer

do aluno um produtor e não apenas um consumidor do saber, o que abre, a nosso

ver, amplos espaços para a biblioteca escolar no processo ensino-aprendizagem

assim concebido.

Nesse sentido, escreve Araújo (1986, p. 106),

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Não se pode pensar em democratização do ensino encarando a biblioteca como órgão dissociado do planejamento educacional, pensando-se apenas em aulas expositivas, baseada na transmissão oral de conhecimentos. A educação é um ato dinâmico, crítico e transformador e a biblioteca moderna deve extrapolar o caráter conservador e armazenador da informação, passando a agir como um centro de aprendizagem dinâmica e participativa.

Outro aspecto que confere a biblioteca grande relevância é a visão de que

o contato das crianças deve ocorrer o quanto antes. De acordo com Hurtado

apud Silva, 1981, p.20): "Nunca é demasiadamente cedo para se iniciar no uso

das bibliotecas, e se isso for ensinado nas escolas melhorar-se-á a educação das

crianças e a sua capacidade para continuar servindo-se das fontes de

informação durante o resto dos seus dias"

Com essa contribuição, o autor colombiano aponta também para a

responsabilidade da biblioteca escolar no que diz respeito à educação

continuada dos seus usuários, especialmente dos alunos. Estes, quando

desligados do sistema de escolarização formal, deverão dominar um mínimo de

habilidades e, principalmente possuir a disposição para a leitura, o que

certamente será fundamental para a reciclagem de conhecimentos com fins

profissionais recreativos ou outros. Assim percebemos como determinante a

experiência adquirida com a utilização da biblioteca na escola, no sentido de

manutenção e do desenvolvimento do hábito de leitura e da freqüência a

biblioteca e outros centros de informação, embora isso não seja suficiente para

garantir a formação de leitores críticos.

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Segundo Targino (1984), no Brasil para a maioria das crianças, o primeiro

contato com livros acontece na biblioteca da escola. Por isso, é muito importante

que esse contato seja marcado positivamente, pois as representações que as pessoas

têm da biblioteca estão, em geral, impregnadas pelas suas experiências enquanto

usuários. Se na escola, a relação do aluno com a biblioteca for caracterizada por

imposições, desconforto, proibições, padronizações de gosto ou buscas fracassadas,

ele poderá carregar consigo, talvez para sempre, as marcas dessa convivência

negativa. Com vícios de uso enraizados (com o hábito das cópias, por exemplo) e

frustrado com as experiências anteriores vivenciadas, será muito difícil para o leitor

ver a biblioteca (seja ela qual for) com bons olhos e usá-la com avidez.

2.2 Papel da Biblioteca no Contexto Escolar

Na sociedade contemporânea educação e informação constituem requisitos

imprescindíveis para que o homem possa exercer plenamente sua cidadania, fato

esse que suscita a atenção de todos para a abrangência e a qualidade do ensino

oferecido ao cidadão. Neste cenário a biblioteca escolar pode ser interpretada como

um agente educativo aliado na busca pela melhoria de ensino, sendo, portanto,

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chamada a assumir um novo papel no contexto escolar. A biblioteca escolar

precisa, pois, ser concebida e funcionar como um centro de informação

especializada que atua no ambiente escolar junto a seus usuários sejam eles alunos,

professores ou usuários da comunidade, procurando satisfazer suas demandas de

leitura.

Entretanto, para que ela consiga desempenhar bem este novo papel é

importante que esteja em sintonia tanto com as exigências do cidadão e da

sociedade, quanto as concepções de ensino adotadas, além disto, deve estar

integrada ao projeto pedagógico do qual faz parte e a prática pedagógica do

professor importante aliado e parceiro da biblioteca.

A biblioteca escolar deve disponibilizar serviços de aprendizagens, livros e

recursos que permitam a todos tornarem-se pensadores críticos e utilizadores

efetivos da informação em todos os suportes e meios de comunicação. Esses

serviços devem ser disponibilizados de igual modo a todos os membros da escola,

assim como todas as pessoas da comunidade em que a mesma estar inserida,

independente da idade, raça, sexo, religião ou nacionalidade. Aqueles usuários que

por qualquer razão não possam utilizar os serviços e materiais comuns, a biblioteca

deve oferecer a esses usuários serviços e materiais específicos que venham atender

as suas necessidades.

Com base nisso, escreve Villarinho (1984. p.101),

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No processo educativo, o mais importante é dar ao aluno o instrumental para que proceda de modo autônomo, com independência de pensamento e ação, o que depende basicamente de ensinar-se o educando "aprender a aprender.

2.2.1 Biblioteca escolar: função de agente educadora

A biblioteca escolar, espaço dinâmico e integrante da escola, envolvida no

processo ensino-aprendizagem, precisa estar suprida de material de boa

qualidade para desempenhar função de agente educador, proporcionando aos

alunos oportunidades de enriquecimento cultural, social, intelectual e momentos

de lazer através de livros de leitura recreativa. Seus serviços devem ser

planejados para o uso efetivo do acervo que a compõe, estando o bibliotecário

comprometido com a educação, e também com a preservação do patrimônio.

O acesso aos serviços e coleções deve orientar-se pela Declaração

Universal dos Direitos e Liberdade do Homem das Nações Unidas e não deverá

ser sujeito a nenhuma forma de censura ideológica, política e religiosa ou a

pressões comerciais.

Com relação a isso afirma Milanesi (1986, p. 203)

Saber chegar às informações e extrair o máximo possível de um acervo, rompe com a tradição do ensino que vem do alto e impõe a verdade, verdade pronta para ser usada. O acesso livre à informação é um exercício de liberdade que se desdobra infinitamente.

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Em linhas gerais a literatura especializada atribui duas missões à

biblioteca escolar, ser um organismo de apoio ao processo ensino-aprendizagem

e promover o gosto e o hábito de leitura entre os estudantes afirmam Barros,

(1984); Yunes, (1984 e Holanda, (1988).

Entretanto Abramo (1986), julga necessário discutir a validade do

emprego de termos como apoio, suporte e outros do gênero para caracterizar a

missão da biblioteca escolar. Acreditamos que tal caracterização seja

insuficiente para mostrar o verdadeiro potencial do uso da biblioteca na escola.

Como apoio ou suporte, podemos ter a impressão de que a biblioteca escolar é

uma dimensão estática da escola; é como se ela estivesse sempre aguardando,

passiva e imóvel, o momento em que professores e alunos necessitassem de seu

apoio.

Para muitos, além disso, preconizamos uma atuação dinâmica, viva, da

biblioteca escolar, cuja ação pode ser desenvolvida de forma a se articular com a

ação do professor, ambas de caráter pedagógicos. Se não for assim, a biblioteca

se tornará como afirmou Abramo (1986), um "elefante branco" na escola.

Nessa direção são significativas as palavras de Lourenço Filho (1984, p. 3-

4),

Ensino e biblioteca são instrumentos complementares (...); ensino e biblioteca não se excluem, completam-se. Uma escola sem biblioteca é um instrumento imperfeito. A biblioteca sem ensino, ou seja, sem a tentativa de estimular, coordenar e organizar a leitura, será por seu lado um instrumento vago e incerto.

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Podemos assinalar o papel da biblioteca escolar na formação de

personalidades críticas, criativa e dinâmica. Com a diversidade de informações a

biblioteca escolar pode instalar-se dignamente. Os estudantes poderão usá-la e

assim tomar conhecimento de idéias diferentes ou mesmo divergentes daquelas

transmitida pelo professor, o que lhes poderá provocar inquietações e

questionamentos, elementos indispensáveis ao desenvolvimento de uma educação

escolar emancipatória, ainda que insuficiente para livrar os alunos totalmente das

influencias do discurso dominante na escola. Inquietos e questionadores, tais alunos

poderão tornar-se cidadãos críticos e participativos, o que se constitui num

requisito fundamental para a tarefa de transformação da sociedade brasileira e, de

um modo geral, de qualquer sociedade.

A missão principal da biblioteca escolar é desenvolver o gosto e o habito da

leitura. A própria natureza deste tipo de biblioteca deve merecer uma atenção

especial, tanto dos órgãos governamentais quanto das instituições, da própria escola

onde funciona e em particular do professor. A necessidade do apoio governamental

e institucional é fundamental, seria difícil conceber uma escola onde o ato de ler

não estivesse presente, sabendo-se que a leitura é um ato indispensável para o

desenvolvimento intelectual do homem e para sua conscientização sócio-politica.

A importância do apoio do professor concorre para o êxito da tarefa político

pedagógico, por ser ele o principal artífice do processo de aproximação entre o

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aluno, a leitura e a biblioteca. A missão de promover a leitura recai sobre o

professor. Ao professor cabe não só incentivar a leitura do aluno, mas também a

freqüência deste a biblioteca. Estas são tarefas do professor de qualquer disciplina.

Poderemos afirmar que a biblioteca escolar estará pronta para cumprir bem o seu

papel quando tornar-se um espaço de resolução e provocação de

questionamentos e assim puder contribuir para elevar a qualidade do ensino

brasileiro.

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3 FUNÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO NA BIBLIOTECA ESCOLAR

A biblioteca é um suporte pedagógico de grande valor para a escola pois se

constitui num importante fator no processo de formação do aluno, já que o coloca

em contato com um estimulante patrimônio cultural; disseminadora de informações

a biblioteca, contribui para o enriquecimento do homem alargando seu universo de

conhecimento.

Segundo Barros apud Oliveira (2002), o bibliotecário sendo um facilitador

de conhecimento desempenha tríplice função: agente social, cultural e educacional

e assim busca compreender o usuário que atende, como um individuo que tem

necessidades intelectuais interdependentes da cultura que esse usuário possua.

O papel do bibliotecário escolar é o de orientar o aluno a utilizar a biblioteca

da sua escola, despertando neste usuário o gosto e o hábito pela leitura. Partindo-se

do principio de que a leitura é um instrumento que permite a criança, ao jovem e ao

adulto adquirir melhor compreensão de si mesmo e do mundo que o cerca, a

parceria biblioteca x escola permitirá a essa última exercer bem o seu papel

proporcionando uma melhor formação do aluno, tornando-os leitores capazes de

por meio da leitura compreender a realidade que o cerca.

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O papel do profissional responsável pela condução da biblioteca escolar é

ainda hoje discutível, podendo ser aperfeiçoada pela idéia de que toda comunidade

escolar tem responsabilidade para com a sua biblioteca. Logo não se trata de um

espaço de responsabilidade exclusiva do bibliotecário, mas de todos os usuários

como aliás deve ser qualquer biblioteca. Parece-nos importante ressaltar esse

aspecto, visto que, em certos casos, o bibliotecário chega a agir como se fosse o

"dono" da biblioteca, decidindo sozinho, agindo como se ninguém mais pudesse

interferir na dinâmica (ou estática) da biblioteca.

As atividades desenvolvidas pela biblioteca escolar precisam de acordo com

os interesses de sua clientela, particularmente dos alunos, o que já se pressupõe-se

uma articulação com o trabalho desenvolvido pelo professor. Da mesma forma, os

recursos informativos devem ser adquiridos e organizados segundo aqueles

mesmos interesses, o que indica uma necessidade de participação da comunidade

escolar no que tange à seleção do que vai ser adquirido e à maneira pela qual os

documentos poderão ser organizados, difundidos e explorados pela biblioteca.

Assim, o bibliotecário escolar è uma espécie de coordenador da biblioteca,

responsável, como já denota o termo, pela coordenação de sugestões, idéias ,

atividades vindas de todos os pontos da escola, sempre visando a transformação da

biblioteca escolar num espaço dinâmico e articulado com o trabalho desenvolvido

pelo professor. Mesmo as atividades de processamento técnico do acervo não pode

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ser realizada friamente, sem que sejam consideradas as características e limitações

dos usuários da biblioteca.

A luta por recursos para a biblioteca escolar (e para a escola como um todo)

não diz respeito apenas ao bibliotecário, mas também à direção, aos professores,

aos alunos e aos pais. Nesse sentido é significativa a contribuição de Silva (1988,

p.141), "a biblioteca escolar é um espaço democrático, conquistado e construído

através do fazer coletivo (alunos, professores e demais grupos sociais)."

Enfim, cabe ao profissional em atuação na biblioteca escolar torná-la objeto

de reflexão e espaço de participação para todos os segmentos da escola e da

comunidade na qual ela se insere.

3.1 Dimensão do Trabalho Educacional do Bibliotecário Escolar

A dimensão educativa do trabalho do bibliotecário escolar é enfatizada por

diversos autores, que consideram esse profissional um verdadeiro educador Moraes

(1983); Yunes (1984); Milanesi (1986) e Silva, (1986b). A tarefa de orientar o

aluno na utilização da biblioteca e, principalmente a de despertar nele o gosto e o

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hábito da leitura são atribuições mais reveladoras da natureza educacional do

trabalho, biblioteconômico na escola.

Além delas a participação do bibliotecário escolar no planejamento didático

do professor é outra atribuição de cunho educativo daquele profissional. Ciente do

planejamento do professor, o bibliotecário escolar procura saber quais os conteúdos

que serão explorados e, assim, poderá orientar com maior objetividade a eficácia e

a inserção da biblioteca no ensino-aprendizagem. Por outro lado, conhecendo tais

conteúdos, o bibliotecário poderá apresentar as possibilidades informativas da

biblioteca escolar com relação à disciplina que irá lecionar. Dessa forma, o

professor planejará com mais segurança, o envolvimento da biblioteca escolar no

seu trabalho pedagógico.

Sem dúvida, o florescimento da postura de educador no bibliotecário escolar

implica seu desprendimento das tarefas mais técnicas. Desprendimento, vale

esclarecer, não significa desprezo ou abandono, visto que tais tarefas são

fundamentais em qualquer biblioteca. Desorganizada, a biblioteca pouco servirá

aos seus usuários, tornando-se um babel de documentos dispersos e quase inúteis.

Tal problema tende a se ampliar quanto maior for o acervo da biblioteca. No

entanto, não é possível admitir que o bibliotecário, especialmente o escolar, prenda-

se a minúcias e, como conseqüência, relegue a planos inferiores o seu papel

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principal, qual seja, a orientação do leitor, sobretudo dos mais inexperientes, no

contato com a biblioteca, a difusão da informação e a promoção da leitura.

Mesmos autores considerados mais clássicos são contundentes na defesaÍ dessa posição. É o caso de Melvil Dewey, cujas palavras são citadas por Mueller

(1984, p.ll);

Foi-se o tempo em que a biblioteca se parecia com um museu e o bibliotecário era um catador de ratos entre livros embolorados e os visitantes olhavam com olhos curiosos tomos e manuscritos antigos. Agora a biblioteca é como uma escola, e o bibliotecário é no mais alto sentido, um professor.

O rompimento do bibliotecário com o tecnicismo alienante é defendido

por um dos quadros mais importantes da biblioteconomia brasileira, o professor-

bibliotecário Rubens Borba de Moraes.

De acordo com Moraes, 1988 apud Silva, (1995, p. 22)

A preocupação técnica exclusiva é tão prejudicial quanto a sua inexistência. O bibliotecário moderno deve ser um misto de técnico e intelectual. A sua preocupação principal não deve ser datilografar fichas perfeitas, segundo um código de catalogação, mas conhecer o conteúdo dos livros que possui, ser um guia intelectual do leitor. Muitos bibliotecários esquecem que a principal coisa, na biblioteca, para o leitor é o livro e não a técnica que se empregou para catalogá-la e classificá-lo.

Concluímos, portanto, que ao bibliotecário escolar, visto como educador,

cabe dedicar-se menos as atividades mecanizadas e muito mais a programas de

incentivo à leitura, junto aos alunos, com o apoio dos outros educadores da

escola, como os professores e os especialistas. Esta é até então uma questão de

valorização

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profissional, pois, segundo (HEGEL, apud KONDER, 1991, p. 24). "quanto mais

mecanizado se torna o trabalho, menor valor ele tem."

Convém assinalar que o apego ao tecnicismo confere a atividade

biblioteconômica um caráter de neutralidade que efetivamente não existe. A

neutralidade é uma ficção; toda atividade está a serviço de determinados interesses,

mesmo que seus agentes não tenham consciência disso. O trabalho do bibliotecário

escolar não é uma exceção, logo, este profissional precisa está atento para o

contexto social, econômico, cultural e político em que funciona a escola, e, a

biblioteca escolar precisa questionar permanentemente em favor de quem e de quê

interesses tem desenvolvido seu trabalho. A alienação política é a pior

conseqüência do tecnicismo, pois de acordo com ( MILANESI, apud SILVA,

1995, p. 79). "não há neutralidade na educação e muito menos na ação individual

de um educador, seja ele professor ou bibliotecário

Destacamos, ainda, que o bibliotecário escolar necessita conhecer a fundo os

usuários da biblioteca, principalmente do ponto de vista de suas necessidades

informativas. Para aquele profissional, o leitor não pode ser uma abstração; os

usuários não podem ser considerados de forma homogênea, como se não possuísse

características e necessidades de informação diversas. Para tanto, um aguçado

senso de observação faz-se fundamental para que o bibliotecário escolar seja capaz

de conhecer as necessidades de informações, a comunidade de usuários a que serve.

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3.2 Perfil Que Se Vislumbra ao Bibliotecário Escolar

Para atuar com elevado espírito educativo, o bibliotecário requer uma

formação que ultrapasse os limites das técnicas biblioteconômicas.

Seria o caso de proporcionar, por exemplo, uma formação a esse profissional

com maior densidade filosófica, sócio, lógica e histórica fornecendo-lhe subsídios

para exercitar uma crítica profunda à estrutura e ao funcionamento do aparelho

escolar brasileiro, bem como ao espaço que, historicamente, a biblioteca escolar

possa ocupar.

Por outro lado, procede pensar também numa formação pedagógica que

possibilite ao bibliotecário escolar uma tomada de consciência quanto ao caráter

educativo de sua ação e, portanto, quanto à sua condição de educador.

Sem dúvida, esses não seriam os únicos eixos a serem considerados na

formação do bibliotecário escolar. Contudo, quisemos destacá-lo porque

entendemos que tais aspectos se constituem numa das principais fragilidades da

formação do bibliotecário brasileiro. Certamente, se quisermos pensar numa

preparação adequada para o profissional que irá atuar nas bibliotecas escolares, não

podemos desconsiderá-los, ainda que haja divergência quanto às perspectivas

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filosóficas, sociológicas, históricas pedagógicas que deverão fundamentar a

formação do bibliotecário escolar.

O perfil que se vislumbra aos profissionais da área de biblioteconomia quer

atuem em bibliotecas, quer tenham seu trabalho relacionado à informação é que

esses profissionais tenham consciência de que seu trabalho deve acompanhar as

transformações sociais, nesse sentido eles devem adequar a função da profissão as

necessidades informacionais da sociedade.

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3 ORGANIZANDO A BIBLIOTECA ESCOLAR

A biblioteca é lugar de encontro do autor com o seu leitor. Cada livro é um

autor esperando para ser lido e estudado bem como esperando o usuário (leitor) que

vem a biblioteca a fim de solucionar o seu problema, esse seu problema será

resolvido por um ou mais livros da biblioteca.

Historicamente as bibliotecas surgiram para reunir livros; é esta a visão

antiga que se tinha desta instituição; local onde se colecionam e preservam os

registros do conhecimento da humanidade. A visão que se tem hoje, é de que a

biblioteca é um "organismo vivo,"como tal, ela é uma instituição que procura

proporcionar ao usuário à informação registrada nos vários suportes físicos,

mantendo um padrão adequado de organização e atendimento.

A biblioteca é parte imprescindível em qualquer instituição de ensino. Uma

proposta educacional que tenha em vista a qualidade de formação de seus alunos

certamente, se preocupará em oferecer os mais variados recursos culturais

disponíveis a esses alunos. Esta proposta incluirá um espaço para a biblioteca

escolar que na sua função de agente educacional proporcionará o enriquecimento

da cultura do aluno, ao mesmo tempo dará oportunidade ao seu desenvolvimento

social e intelectual.

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Na viabilização dessa proposta se incluirá a função educativa da biblioteca.

A biblioteca deve estar integrada ao programa de ensino-aprendizagem da escola,

indo ao encontro de professores e alunos e assim ela garantirá a boa formação

desses alunos capacitando-os para o processo de uma educação permanente.

Na organização de uma biblioteca, dois aspectos precisam ser considerados:

o intelectual e o material. Apesar da pouca importância dada a esses aspectos

quando se trata da organização de biblioteca escolar, os dois são fundamentais, pois

permeiam todo o seu funcionamento. O intelectual refere-se a preocupação de

atender aos usuários que procuram informações, independente ao seu grau de

instrução. O material refere-se à maneira de como os documentos são preparados,

visando oferecer condições de atendimento rápido às consultas dos leitores.

No processo da organização de uma biblioteca faz-se necessário obedecer

uma série de etapas tais como: seleção, aquisição, registro, classificação,

catalogação, preparação final e ordenação nas estantes. Portanto, os documentos

devem ser disponibilizados para uso dos leitores quando todas essas etapas

estiverem devidamente concluídas, sob pena de ficar comprometidos os serviços

prestados à comunidade pela instituição.

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4.1 Seleção/Aquisição

A constituição de fundo, ou seja, adquirir o material que formará o acervo da

biblioteca através de compra, doação ou permuta é o primeiro passo a ser dado no

trabalho de organização de uma biblioteca.

Quando tratar-se de compra, o profissional responsável por essa tarefa, deve

ser muito criterioso na seleção do material a ser comprado, procurando valorizar o

máximo os recursos da biblioteca destinados a esse fim.

O bibliotecário responsável pela biblioteca e, portanto, incubido pela

formação do acervo, deve analisar com bastante cuidado as sugestões dos leitores,

pois elas revelam com muita fidelidade os seus interesses de leitura. Após

avaliados, se julgados convenientes, procurar atender o mais brevemente possível.

Na seleção do material, três aspectos devem ser observados:

Imparcialidade critica do responsável pela formação do acervo, evitando

influenciar ideologicamente, mesmo que a posição contrarie seus interesses;

O bibliotecário não deve comprar os livros mais baratos, e sim, os que

atendem os interesses do leitor, procurando sempre elevar o nível da biblioteca;

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A atitude do bibliotecário diante da compra deve ser de impessoalidade,

tendo em mente que o material não é para seu uso pessoal, mas sim para atender à

demanda da leitura na comunidade escolar, especialmente de alunos e professores.

Cabe a biblioteca a responsabilidade de promover o uso do seu acervo, dele

deve constar também livros que contribuam para a formação geral do leitor livros

de ficção, por exemplo, como também livros que não são propriamente para ser

lidos, mas consultados, formando a coleção de referência, formada de dicionários,

almanaques, atlas, enciclopédias, volumes de referências literárias, exemplares de

edições raras e algumas publicações governamentais. Esse material deve ficar

separado do acervo de uso geral, e só será emprestado em situações excepcionais.

O material recebido como doação também deve ser criteriosamente

selecionado, levando em conta, tanto o estado de conservação em que se encontra,

como o interesse que representa. Tendo sempre o cuidado de não descaracterizar o

fim que a biblioteca se destina.

A permuta, além de ser útil para enriquecer o acervo, serve para livrar as

bibliotecas de duplicatas desnecessárias.

Para atender bem a comunidade, a biblioteca escolar precisa dispor também

de periódicos, folhetos, jornais, mapas e se possível, microfilmes e outros materiais

audiovisuais.

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4.2 Processamento de Documentos

Para que a biblioteca possa alcançar objetivos, é imprescindível a

organização do seu acervo, para isso é necessário que cada documento passe por uma

serie de processamento técnico para permitir sua recuperação quando solicitado.

Registro - todo livro ao entrar na biblioteca deve ser numerado, ou

seja, receber um número que é chamado número de registro de aquisição ou de

tombo. Esse procedimento é necessário para que o bibliotecário tenha controle de todo

o material que faz parte do acervo. Neste trabalho, para o qual deve-se usar o livro de

tombo ou registro especialmente preparado para esse fim, onde são anotados, os

números do registro, titulo do livro, nome do autor e a data da entrada do mesmo na

biblioteca. Dependendo da conveniência, acrescenta-se outra informação como:

procedimento do livro, editora, ano da publicação, entre outras.

Após registrar a entrada do livro na biblioteca, carimbar na folha de rosto o

número do registro, usando também o carimbo de identificação da biblioteca. Esse

procedimento servirá para identificar o volume como pertencente à biblioteca da

escola.

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Classificação - Conforme Prado (2000), classificar significa agrupar os

livros segundo o assunto de que tratam. Nas bibliotecas, segundo Viana (2000), a

principal função da classificação é organizar o conhecimento registrado em livros e

outros documentos, facilitando a sua recuperação.

Apesar de algumas bibliotecas escolares preferirem utilizar formas mais

simples de classificação na organização de seus acervos, como por exemplo, o

arranjo por cores, o ideal seria que oferecessem aos seus alunos a oportunidade de ir

se familiarizando com modelos consolidados de organização de bibliotecas, com os

quais vai conviver, certamente, por boa parte de sua vida de estudante.

Um desses modelos consolidados, e utilizados em bibliotecas de vários

países é a Classificação Decimal de Dewey (CDD). Esse sistema, que foi traduzido

para diversos idiomas, divide o conhecimento humano em dez classes principais (de

000 a 900), que por sua vez se subdivide em classes secundárias que vão se

subdividindo em outras classes de dez sucessivamente, formando um sistema

decimal que permite que se especifique, com maior ou menor detalhamento, os

assuntos dos documentos de uma biblioteca.

Catalogação - Para Prado (2000), catalogar é registrar tudo o que há na

biblioteca, para que o leitor possa saber o que nela existe e qual a sua localização. A

catalogação permite ao usuário a recuperação da informação através de catálogos,

tendo como referência a análise da publicação e sua descrição.

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Compete ao bibliotecário, por tratar-se de um trabalho essencialmente técnico,

a responsabilidade pela catalogação, mas o auxiliar de bibliotecas deve ter noções de

catalogação, pois estar constantemente em contato com fichas catalográficas para

realizar o desdobramento das mesmas.

Na catalogação deve-se transcrever os elementos que identificam o documento

numa ficha matriz, esses dados são: autor, título, edição, editor, lugar de publicação,

ano em que foi publicada, total de páginas, definição do assunto do documento por

palavra-chave e descrição temática dos assuntos.

O desdobramento da ficha é realizado após a elaboração da ficha principal. Nas

fichas desdobradas devem constar as mesmas informações da ficha principal, variando

apenas o destaque a ser dado.

Preparação final - Depois de registrar, classificar e catalogar procede-

se a preparação final do documento seguindo os seguintes passos:

1o Passo - Etiqueta (dorso do livro) Antes de ser armazenado cada documento

recebe uma etiqueta adesiva com o número de chamada. Coloca-se na etiqueta o

número de classificação, e abaixo a primeira letra do nome de entrada acompanhada

do número correspondente (número retirado da tabela de Cutter), seguida da primeira

letra do titulo, ignorando o artigo quando existir.

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2o Passo - O documento deve ser preparado para que possa ser emprestado ao

usuário. Cada livro recebe um bolso fixado na terceira capa, onde são guardados dois

cartões para o controle do empréstimo.

Além do uso dos livros na biblioteca, deve-se estimular a leitura fora do

horário de aula e também fora das dependências da escola. Para que o livro possa ser

emprestado, a biblioteca precisa ter um mínimo de controle, caso contrário, a

biblioteca pode sofrer perdas que serão prejudiciais a todos os usuários. Cada

biblioteca deve usar fichas próprias de empréstimo, e devem ser afixadas na parte

interna da contra-capa do documento.

Ordenação das estantes - A ordenação dos livros nas estantes deve ser

uma das preocupações de quem organiza uma biblioteca. Numa arrumação relativa,

reune-se os livros que tratam do mesmo assunto. Sendo então, estes, organizados pelos

seus números de chamada.

Na recuperação da informação, são considerados primeiramente os números de

classificação. Em caso de coincidência, observa-se a ordem alfabética das iniciais

dos sobrenomes dos autores, quando um determinado autor escreveu mais de uma obra

sobre o mesmo assunto, observa-se então, a inicial do título, que como já foi dito

anteriormente deve estar em letra minúscula.

Empréstimo - Antes dos livros serem emprestados para alunos,

professores, funcionários e para a comunidade (se a biblioteca usar essa

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modalidade de empréstimo), devem estar preparados, ou seja, passado por todos os

processos técnicos. Para o empréstimo é necessário também, que se estabeleça um

regulamento, onde estejam definidos claramente: o prazo do empréstimo, a

quantidade de obra a ser emprestada por leitor, assim como as penalidades impostas à

aqueles que atrasarem a devolução do livro.

O regulamento deve ser afixado em lugar visível preferencialmente próximo ao

balcão de empréstimo, e observado com bastante rigor, para se evitar a subtração do

material do acervo, que na maioria das bibliotecas escolares já é consideravelmente

reduzido.

4.3 Dinamizando a Biblioteca Escolar

Para tornar-se um campo de exploração e enriquecimento cultural a biblioteca

escolar deve preencher os seguintes requisitos: ser um ambiente de difusão da boa

leitura; criar um ambiente favorável a formação do gosto pela leitura, além de

mediar a informação quer em material convencional quer em material não

convencional; dar orientação aos usuários no que diz respeito ao uso do livro tendo em

vista à pesquisa e o estudo individualizado.

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Dinamizar a biblioteca escolar significa torná-la um ambiente prazeroso, um

lugar que oportunize ao usuário um contato com o livro, acesso direto as estantes, a

liberdade em buscar a informação do seu interesse. Para que isso se concretize é

preciso que a biblioteca desenvolva programas especiais que atraiam o leitor de

maneira significativa.

A biblioteca pode promover palestras, debates, jogos, oficinas, exposições são

algumas atividades que ampliam o conceito para além do escrito, integrando-o a

outras dimensões.

A pesquisa escolar é também uma excelente estratégia de aprendizagem, pois

permite maior participação do aluno no processo que leva a construir seu próprio

conhecimento.

Essa estratégia exige do aluno duas coisas; primeiro ele deve ter

familiaridade com a biblioteca no que tange, a localização dos materiais ali

reunidos e os meios para a recuperação da informação. Segundo o aluno precisa

saber escolher e consultar a informação, mais do que isso, o aluno deve ser capaz de

localizar e interpretar a informação.

Os resultados positivos da pesquisa só serão alcançados se a escola criar uma

atitude positiva com relação ao uso da biblioteca. O papel da escola é formar alunos

usuários da biblioteca, leitores, produtores de textos capazes de compreender a

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realidade que os cerca, para então, por meio da leitura avaliá-la com autonomia e

criticidade.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após esta reflexão teórica sobre a biblioteca escolar alguns pontos merecem

maior atenção.

Primeiro, a importância que deve ser dada à biblioteca escolar. Sobre ela

repousa a difícil incumbência de promover as primeiras aproximações entre a

criança e a leitura e daí a responsabilidade das autoridades comprometidas com o

ensino, de valorizar mais esse espaço. Ele deve merecer uma atenção especial tanto

por parte do governo quanto da escola e também do professor para que cumpra com

eficácia a sua principal missão, o desenvolvimento do gosto e do hábito da leitura,

elemento indispensável ao desenvolvimento intelectual do homem.

Segundo, ressaltar o papel do profissional da biblioteca escolar. Compete a

este profissional desempenhar além da função de preservação que constitui os

processos de organização do conhecimento registrado, deve desempenhar a função

de educador com o propósito de fornecer informações e preparar os usuários para

buscá-la.

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