arquitetura da modernidade
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Leonardo Barci Castriota
Orgc7nizador
ARQUITETURA DAMODERNIDADE
BeloHorizonteEditoraUFMG
InstitutodeArquitetosdo Brasil DepartamentoMG1998
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A FORMAO DA CIDADE
Rodrigo Ferreira Andrade
Beatriz de Almeida Magalhes
Na leitura destas notas sucintas sobre a formao de Belo Horizonte, o leitor ver
destacadasduas ele suas caractersticas,a nosso ver, as mais m[lrcantes:a preponderncia da
iniciativa eloEstado, paraalm elacriaoda Capital, nas intervenesurbanasimportantes, boas
ou ms; e a vertigem elo novo com a negaoelo passado, verificvel na desproporo entre o
nmero elemoelificaese o tempo decorrido desde o momento inicial da cidade, a despeito de
ter sido ela planejada.
O papel que o Estado desempenhou no crescimento de Belo Horizonte pode ser
melhor percebido por contraposio. Christian Norberg-Schulz, um grandeestudioso do carter
e do significado do lugar construdo pelo homem, comentaas relaesentre o pblico e o priva-
do e como elasse resolvemespaciale formalmenteno crescimentodaciebdeamericana.A forma
vertical, que na histria do homem simbolizou o sagrado- a torre na paisagemsignificando a
presenade foras transcendentes vida cotidiana -, torna-sea expressode direitos e OPO!'tll-
nidadesindividuais iguais para todos na cidadeamericanaatual,de origemessencialmentedemo-
crtica.A cidade que o Estado prov no urna estrutura hierarqulzada em torno de bairros
dominantes, mas uma grelha neutra, uma rede horizontal aberta, de infra-estrutura facada na
possibilidade de criao de ns de atividadespela iniciativa privada.A paisagemurbana america-
na vai sendo, ento, constituda pela aposio de estruturas particulares de ntidas intenes
expressivas:o crescimento vertical, como exerccio de liberdade individual, se d submetido
grelha, que ordena o interessecomum, e em dilogo respeitoso com o entorno, que persiste at
mesmoemperspectivaarea,graasaostratamentosiconogrficosdiferenciadosdos coroamentos.
Vi.goraa noo bi-unvoca de pertinnci.aentre indivduo e coisa pblica.
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o opostosedentrens,emcrculovicioso.Coma iniciativaprivadaindispostaacorrer riscos,o Estadoprov, almda infra-estrutura,grandeparte das construese dos
investimentoscriadoresdos nsou focosde atividade.Comisso,inibeaindamaiso impetode
criaoelenovasoportunidadespelaempresaprivada,quedesempenhaumpapelmuitoaqum
do quepoderianaconstruodacidade.A empresaprivadasereservaparaos investimentosde
retornogarantidoe inovapoucoporqueesperaqueo Estadofaaos investimentosmaisarrisca-
dosemesmoosdematuraolenta.Semqualquergenerosicladeparaacriaodeespaosdeuso
pblico,fazaproveitamentoquasesempremesquinhoelosterrenose acabapor produziruma
paisagemurbanaacanhadaecheiademesmices.NocasodeBeloHorizonte,almdoprojetoeda
implantao,ogovernoestadualcontinuoubancandodiretamenteaconstruoeaadministrao
daCapitalato finaldaPrimeiraRepblica.TodasasdeciseserecursosemanavamcioPalcioda
Liberdade,sejamparaa implantaoe melhoriasde infra e superestruturasde urbanizao,
organizaodosserviospblicosdeluze transporte,educao,cultura,sadeeabastecimento,
ouparaosinvestimentosestruturantesdoespaourbanoou daeconomia.Comaprimeiraeleio
de um prefeito,em 1945,constituiu-seumaadministraomunicipalautnoma,com mais
iniciativa,masaindasempoderarrecadarrecursossignificativosdentrodeumaeconomiaurbana
incipiente.A iniciativaprivadade Belo Horizonteveioatuarde modo tardioe secundriona
edificaoelacidade.Esteve,quasesempre,a reboquedos estmulosdos PoderesPblicos,
aproveitando-semuitasvezesdesuaomissooudasbrechasdalegislaoparaempreendimentos
oportunistas.Ascincofasesemquedividimosesterelatosodenominadasporbinmiosque,no
nossoentendimento,representamoresultadodaspolticasdoEstadohegemnico,epor subttu-
los queidentificamos interessesqueo Estadojulgava deversatisfazer.
O carterde transitoriedadenaformaomaterialde Belo Horizontetemorigens
superpostas.Avertigemdo novoprpriadanossaformaocolonial.Dentreasmuitasmatrias
divulgadaspelaimprensaemcomemoraociosquinhentosanosdadescobertadaAmrica,chama
especialatenoumaquereferesereventomaisimportantetero homempostoopnaAmrica
ao finaldo sculoXV cioquet-IopostorecentementenaLua.Na histriadacivilizao,muito
maiscoisasparecemtermudadoemdecorrnciadaviagemdeColombo.E tantase taisforamas
expectativascriadasno VelhoMundocoma aberturaelenovosespaos,novaspossibilidadese
novassoluesparasuascarnciasque,aOlongodo tempo,foi seconsolidandoaidiade que,
aqui,tudohaveriade sersemprenovo,numaespciede condenaoeloshabitanteselasnovas
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terras culturada eternarenovao.Isso acaboutornando-nosmaisapegadosaosvaloresda
mudanaqueaosdapermanncia.Naprimeirametadedo presentesculo,ClaucleLvi-Strauss,
comentandoo contrasteentreo respeitoea revernciadoseuropeuspeladignidadedascoisas
antigaseo desdmcomqueconsideramosovalorqueo tempolhesempresta,dizserem"deciclo
rpido"ascidadesdo Novo Mundo,dadoquese degeneramou sotransformadassemterem
atingidoo estgiodeenvelhecimento.
O anseioeleindependncia,denoslibertarmosdacondiocolonial,nosimpeliu
buscadeumaidentidadeprpria..O longoprocesso,queseresolvenaProclamaodaRepblica,
carregaemsi o germedamudana.Paraaafirmaodanao,anegaodopassado.Acrescente-
se o engajamenrodo projeto elacapitalde Minas,tantopor partedo contratante,quantoelo
contratado, legendapositivistado novoBrasil:aordemcomomeioeo progressocomometa,o
quesignificaa superaodo naturalpelo racional,do espontneopelo cientfico,cioorgnico
pelo geomtrico,do culturalpelo progressistae, conseqentemente,do velho pelo novo.A
destruiodo arraialaquiexistente umamarcano destinotransitriodestelugar.Instalaum
processode transformaesqlle no permiteque a cidadeacumulememria.Nemmesmoo
projetooriginalchegaaserimplantadosemmudanas. suprimidaapraade maiorcontedo
simblico,a daRepblica,paradar lugaraoPalciodaJustia, DelegaciaFiscale maistarde
Prefeitura.Maistarde,o terrenodestinadoaoZoolgico,, emparte,ocupadopor habitaese
peloprpriogovernoestadual,construindoum clubedeusorestrito,o MinasTnisClube,por
elemantidodurantemuitotempo.
Nenhumacidadetemvistomodificartantoo carterdoslllgarespblicos.A ocupa-
oartificialdacidade- osvnculoseramnoprincpiodenaturezaestritamenteburocrtica-
e quesedeude formaresistentee emcertoscasossobprotesto,acarretouum processoainda
demoradodeconsolidaodoapegoedaidentidade.Nodecorrerdosculo,emseqnciaainda
hoje node todo interrompida,citem-seos espaosconsecutivossubtradosao Parque,queo
deixaramreduzidoaumterodareaoriginal;ac1emoliflOdoprimeiroprdiodosCorreiospara
a construodo EdifcioSulacape a suaposteriordescaracterizao;a destruiodo primeiro
mercadoparaaconstruodaFeiradeAmostrase suaposteriordemolioparaaconstruoda
Rodoviria,objetode novascogitaes;a destruiodo PrimeiroFrumparaa construodo
InstitutodeEducao;adescaracterizaoestilsticadoTeatroMunicipaleaposteriordemolio
do prdio,j comoCine Metrpole,paraconstruode um banco;a retiradadasnroresda
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Avenida Afonso Pena; as vriasmodificaesdas praas Sete, Rio Branco, da Estaoe Diogo de
Vasconcelos;a transformaocios adros das igrejasem lojas e estacionamentos,de estdios em
supermercados, de praas em postos de gasolina;a demolio da face maisvisveldo bairro da
Lagoinha; a exportaodo perfil mineral elaSerrado Curral; e tantos outros.
Em Belo Horizonte, poucos lugaresainda conservamum carterque faleao corao
de maisde umagerao.H trechosem que o processoautofgico,a criaode esp,loSnovos no
lugar dos antigos,j viveaquartagerao.Nesseritmo, no secriamfidelidades,noseconsolidam
sentidos.A partir de refernciasentrecortadas,aspessoastmuma memriavoltil cioslugares e
vo-seresignandoao cartercadavezmaisefmeroda cidade. O amor ao lugar umaquesto de
afinidade com os seus significados, de confiana na sua permanncia. Sem chegar a ter
familiaridade, difcil que se possacompreenderessessignifcaclose improvvelque se chegue
a tla com ambientesem circunstnciade constantemutao.
1889/1920 - ORDEM E PROGRESSOUMA CIDADE PARA A REPBLICA
Na histria do Brasil, a idia de "construir nova capital" aparece,pela primeira vez,
em meadosdo sculoXVIII, quando o Marqusde Pombal, argumentandocom ayulnerabilidacle
de uma cidadel.itornea,afirmaa convennciade setransferir a administraocolonial do Rio de
Janeiro para umaregio interna do pas.
Com semelhantemotivaoestratgica,mas acrescidade nfaseno fator simblico
da mudana, a idia reaparece no movimento da Inconfidncia Mineira, conjurado em 1789,
assimcomo em todos os movimentosde libertaoocorridos depois dessapoca.
No princpio do sculo'1X, comamudanada corteportuguesaparao Brasil,D. Joo V1
tambmmanifestao desejode mudara Capitalparaum lugardl: climamaisamenoe,a lXu1:irele1813,
o assuntoganhamaior divulgao,sendo referidodiversasvezesn:lsp:igilias do Correiol:Jrazillen.se.
Sobo argumentodequeo Rio de)aneironopussuaas (1'1:dldad('.', 1'l'lllll'l;l.s d(' lII11ac:lpital,prupunha
seasuatransfernciaparauma"regiflocentral"ti, I pas.1':11I 1.'1'U,:" ,I, ,I 1,11" 1('111'1,1,io Vl.s'')I]( 1(',11' l'orlo
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Seguro, apresentadopelaprimeiravezaoSenadoum projetode lei sobrea transferncia,
Entrementes,j no princpio do Imprio, o tema"novacapital"aparecesendo discu-
tido tambmno mbito regional. Assim que, em 1843,em fala dirigida AssembliaLegislativa
Provincial de Minas Gerais,o prprio Presidenteda Provnciaprope "umamudanade localidade
para a capital", constatando que a atual "mal poder em qualquer tempo desenvolver-se",Na
mesmaAssemblia,em 1868,o discurso de um deputado registraque a matria"", pode dizer-se
matriavelha, pois desde 1833 que se tratada mudana da Capita!..,"
Assim,quandoa Repblica proclamadaem 15de novembl'Ode 1889,impregnadados
ideais positivistas,essaquesto,que j vinha sendo tratadanos dois nveisda poltica nacional,
definitivamenteincorporadalegislao.Coma motivaodequeasnovascapitaissimbolizemo novo
regimedos estadosfederados,os republicanos,logo no Decreton7, de 20 de novembrodo mesmo
ano,doatribuioaosgovernadoresdosestadospara"amudanadeSuacapitalparao lugarquemais
convier",Depois,no artigo3da Constituiode 1891,determinama mudanada capitaldo pas,
Em Minas Gerais, j em 15 de junho de 1891,a Constituio Poltica cio Estado, em
SUaSdisposiestransitrias,tratada "mudanada capitaldo Estadoparaum local que,oferecendo
as precisascondies higinicas, se preste construo de uma grande cidade". O esgotamento
das minase a desagregaoeconmica e social cio EstadotInham tornado Ouro Preto decadente
e inoperante como capital. Os grupos polticos tmdicionais, o do Centro e o do Nocte, enfcentam
a ameaadas novas lideranas surgidas nas zonas cafeeirasdo Sul e da Mata na disputa pela
gernciado Estado alltnomo.A mudanada sededo governo,h muito discutida, masimpedida
pelo centralismo do Imprio, torna-se,coma Repblica, possvel e necessriapara a obteno de
um novo equilbrio de foras.Acordados quanto mudana,tendoquevencerapenasa resistncia
de um pequenogrupo ouropretano, essesdois blocos demoram,no entanto,nadivecgnciaquanto
localizao. O verdadeiro projeto do grupo tradicional deslocar a capitalpara um lugar mais
central do Estado,com um plano futuro de explorao mineral que restaurea economia, urna
proposta conservadora,pois tem origem na re,loa umasituaflOde ameaae no em processo
de considervelmudanaeconmica.Todavia,essacorrentesaivencedora,entrandoo novo grupo
como financiador do projeto. O ento Presidentedo Estado,Afonso Pena,do grupo moderado da
oligarquia dominante, convida Aaro Reis para dirigir os trabalhos de estudo das localidades.
Nascido em Belm do Par, engenheiro formado pela Escola Politcnicado Rio de Janeiro, ele ,
como a maioria de seus colegas,um positivism.A autonomiaque lhe concedidaem funo ch
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VistClareClcio Barro Preto, vendo-se. a Pracl Raul Soarese o Ediflcio Jl
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- os bairros da Barroca, Cidade Jardim, Carmo, Cruzeiro, Serra
e So Lucas, apresentam o nvel Superior com deficincia de equipamento,
de ocupafto mais recente e densidades variveis;
- no hemiciclo sul, os bairros do Cruzeiro, Funcionrios, Santo
Antnio, Lourdes e SantoAgostinho, formando um tecido quasehomogneo,
apresentamo nvel Superior Residencial, de baixa densidade,ocupado pelas
camadasmdiasa superiores.
Desde o incio desse perodo, a populao crescea taxasanuais
entre 5 e 7%. De 350 mil habitantes em 1950, passa a 700 mil, em 1960,
chegando a 1 milho e 200 mil em 1964.Destes, 10%vivemem 79 favelas.
O aquecimento das atividadesprodutivas, em parte provocado
pela demanda das obras do Planalto Central, acentua o processo de
complementaridade entre as ['unesda rea central de Belo Horizonte e a
das .reasindustriais dos municpios vizinhos, propiciando o incio ela
conurbaftono processometropolitano. O adensamentoelaocupaoeloespao
se el atravs da habitao unifamiliar horizontal, na zona Norte, e ela
verticalizaftoda zona Sul.
'lbrna-se 1lOda,entre aspessoasde maior poder aquisitivo morar
em apartamentose vrios desses prdios so erguidos no centro da cidade,
onde o gabaritode altura permite maior nmero de pavimentos.O sistemade
trolebus, que havia substitudo o sistema de bondes, sobrcxiste por pouco
mais de dez anos; desativaelono final dos anos sessenta.Sendo passagem
obrigatria elosprincipais fluxos de trfego,agrupam-seno Centro cadavez
maisos estabelecimentosde comrcio e eleservios,o que acentuaaindamais
a verticalizao,de moeloa ma.,ximizaro aproveitamentoeloslotes e elainfta-
estrutura. Essaconcentrao de atividadestorna, gradativamente,a rea im-
prpria para a convivncia residencial, e a demanda por apartamentosmigra
para os bairros mais tranqilos, sobretudo os da regio sul elaantiga rea
urbana,prximos daAvenielado Contorno, como os bairros dos Funcionrios,
SantoAntnio, Carmo, Cruzeiro e Serra. Constroem-se,no princpio, muitos
prdios de trs pavimentos, com apartamentoselegenerosasreas internas,
Avenida Afonso Pena, 1955Arquivo PLlblico da Cidade de Belo Horizonte
Avenida Antnio Carlos, 1962Arquivo Pblico da Cidade de Belo Horizonte
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1964/1977 - CENTRALIZAO E PLANEJAMENTOUMA CIDADE PARA O ESTADO FORTE
A interfernciado RegimeMilitar implantadoem 1964no desenvolvimentodascidades
brasileiras tem base em duas caractersticas,corolrios do autoritarismo,da nova administrao
federal: a centralizaode todas as decisesem Braslia e a formao de uma tecnocracia com
grande poder decisrio em detrimento do poder poltico e com reduo sensvelda autonomia
dos estadose municpios.Adota-seuma lgicaempresarialconcentradorana produodos servios
e bens pblicos e o Estado o agentebsico do "milagre brasileiro", nome pomposo dado ao
rpido crescimentoe modernizaoda economia,na tentativade amenizara viso de suas graves
conseqnciassociais.
Com a criao do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, cio Instituto de
DesenvolvimentoIndustrial e da Companhia de Distritos Industriais, expande-seo parque indus-
trial de Belo Horizonte, apropriando-se de granclesreas nas proximidades do sistema virio
principal. Implanta-sea HefinariaGabriel Passos,a .MBRcomeaa escaladaexportadorado minrio
da Serra cio Curral e a modernizao do setor tercirio leva abertura da CEASA e de outros
equipamentoscomerclsde grandeporte em reascadavez mais perifricas.Tem incio a instala-
o do Campusda UniversidadeFederal de Minas Gerais, na AvenidaAntnio Carlos, processo
Vista area da Pampulha, vendo-se a lagoa, o Campus da UFMG e o MineiroArquivo Pblico da Cidade de Belo Horizonte
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Manchas CJaocupao urbana, 1964 / 1972 67Flvio Villaa )
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que iria se prolongaratos diasde hoje.Entreo Campuse a
LagoadaPampulha,emreaantesaeledestinada,soconstmdos,
em seqncia,os estdiosdo Mineiroe do Mineirinho.
Em 1967, criadoo BancoNacionaldaHabitao-
BNI-I e, vinculado a ele, o Servio Federal de Habitaoe
Urbanismo- SERFHAU.Sobreessabase,funda-seum amploe
complexosistemade financiamentoque centralizatodosos
recursose decisesrelativos urbanizaoe constmfLOde
habitaesparafamliasde baLxarenda.Ademaisde o fazerem
para"cooptarasmassasurbanasdeserclaclas",ostecnocratas,na
presunodeseremracionaiseobjetivos,emitem,paratodasas
questes,normasquemenosprezamasdiferenasregionaiseas
peculiaridadeslocaisetornam-secamisasdeforaadefenderem
maisarecuperaodosrecursosaplicadosdoqueos interesses
daspopulaesatingidaspelosprogramas.
Assim,no setordo chamado"PlanejamentoLocal
lntegrado",sofeitastoneladasde planos,queiriamenvelhecer
nasestantesda burocraciasemproduzirquaisquermelhorias
nascidadesa quesedestinavam.Na lgicabancria,condiciona-se,
aosinteresseselocapitalpblicoou privadotoelaa produoe
administraodasinfi'a-estruturase serviospblicos.A partir
de ento,o BNH torna-seo principalagentedinamizaclorda
construocivil e, emconseqncia,da indstriaelemateriais
eleconstruoe elomercadoimobilirio.
Nombitodeumprogramaabrangendoasmaiores
aglomeraesurbanasbrasileiras,institucionaliza-sea Regio
MetropolitanaeleBelo Horizonte,congregando14 municpios.
Prevalecendo,na poca,o conceitodequeplanejamento ao
forosamentefundada em conhecimento exaustivo, logo
demorado,detodososaspectosdarealidade,monta-seo Plambel,
um escritriotcnicode grandesdimenses,de cujotrabalhos
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Coma prioridadedo transporteindividualsobreo coletivo,asviascentraiscongesti-
onam-see diversasmodificaesno traadoviriotornam-senecessrias.A PraaSetedeixade ser
umagmnderotatvaparaseratravessadapelosfluxoselaAfonsoPenae daAmazonas;o obelisco
transpostoparaa PraadaSavassi,querecebeassimaresde novocentro.
Hgrandesinvestimentosemobrasvirias,naimplantaodasviasexpressasNorte
e Leste-Oestee no equacionamentodo problemade gua,comascaptaeseloRio elasVelhas
e da VrzeadasFlores. Os bairros maisprximosdo Centro, principalmenteno vetar sul,
renovam-setransformando-seem espaospreferenciaisda burguesia.
PraaSetede Setembro.semo obelisco,dcadade 70Arquivo Pblico da Cidadede Belo Horizonte
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A partir de 1976,uma breve recuperao dos salrios faz bascular para as faixas
ele baixa renda a maior parte dos investimentOsdo mercado imobilirio. H LImaoferta sem
precedentesde unidadesem conjuntos habitacionaisna regio Norte e no Vetar Industrial Oeste
da rea Metropolitana,
Reforadapela Lei de Uso e Ocupaodo Solo, consolida-sea tendnciaespontnea
cleadensamentOao longo de eL'(osque saemdo Centro em todas as direes,elemodo a l11ucbr
radicalrnentea identidadecioslugares;verticaliza-seo eixo AvenidaPrudenteeleMorais/SantaLcia,
e os bairros Luxemburgo e Santo Antnio,
Dando seqncia descaracterizaoque comeou cedo, com a tomadagradativaele
espaosao Parque,com o sacrifciodesnecessrioe tautolgico do antigo prdio dos Correios e
do conjunto SulaC
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comcoeficientesdeaproveitamentomuitogenerosos,seriamrevistosem85,mascontinuariam
propiciandoa repetioexaustivadassoluesarquitetnicasnosprdioscomerciaisou mistos,
conferindocertamonotonia paisagemurbana.
Aconjugaodessalegislaocomumanovapolticadetransportesacelerao processo
de mudanasna reacentral.No Hipercentrode BeloHorizonte,comopassaa serchamadaa
regiomaiscongestionada,a qualidadedevidaj ficaprejudicada,mesmoparao desem.penho
dasatividadesde comrcioe servios.
Em 1981, criadaa empresaparagerenciara questodo transportee do trfego
metropolitanose tmincioprogramasde reformasnasviasdareacentrale eleestruturaoelo
sistem,lde transportecoletivo.
Coma participaodosgovernosEstaduale Federal,sotambmcomeaelasasobras
de implantaoeloTremMetropolitano,novaledo RibeiroArruelas,e do conjuntodeviadutos
parasuperarapassagemdenvelsobreasviasfrreas,denominadoComplexoViriodaLagoinha.
Iniciadoo processo,o vetustotecidodo maispeculiarbairrodacidadepassaa sofrerento,por
etapas,radicaiscirurgiasem que desaparecem,de cambulhada,com barracose eclificaes
realmentedeterioradas,os espaoseleapropriaopopularde um mercadoe da PraaVazele
MeIo,assimcomo,duasquadrasinteirasde suamodesta,mashomogneae, por issomesmo,
muitorepresentativaarquitetura.Conclui-setambmo tnelelaLagoinha,cujaaberturaficara
interrompidapor muitosanos,e implanta-seaAvenidaCristianoMachado,queviriaformarcom
a Antnio C~ll'Ioso principalvetor eleocupafLoelarcgifloNorte.
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Complexo Virio da Lagolnha, 1998Foto: Nino Andrs
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Minas ShoppingFoto: Nino Andrs
Avenida Cristiano Machado
em obra's, 1973Ac~rvo SUDECAP
Tem incio a formao elenovos centros nos bairros Santo Agostinho e So Lucas,
Volta o obelisco para a Praa Sete, a Praa Rio Bl~anco modificada com a elevao ele um
monumento que divide as opinies e a Praa da Estao transformada em estacionamento e
lugar preferencial para festaspopulares.
O centralismoautoritriodeBraslia jcriticado emtodos os setoresdo pensamento
nacional e iniciada a sua dissolu,o.O Banco Nacional de Habitao, que se desviaramuito de
seus objetivos aplicando mais recursos no financiamento de construes p,lra as classes mais
favorecidas e no setor elesaneamento, clesativaclo,preservando-se o SistemaFinanceiro ela
Habitao, sob o controle elaCaLxaEconmica Federal.
Com o movimento pelas eleies diretase a re-democratizao,em 85, tem lugar a
retomada elopoder poltico em mbito municipal. As Regies Metropolit;ll1as,instnciasentre o
poder do estacloe o do municpio, so contestaclaspor todos os prefeitos e suasagncias de
planejamento perdem fora atserem,finalmente,suprimidas.
No setor elaconstruo civil, vose formando empresasde maior porte que chegam
a ser responsveis,juntamente com a FIAT, a FMB, a KRUPP e a DEMAG, por 70%eloemprego
da cidaele,em todos os ramos. Esto concentrados em Belo Horizonte quase 60% dos postos
de trabalho da Regio Metropolitana. Na recesso elos anos SO, as caladas do centro da
cidade comeam a ser ocupadas pelo comrcio ambulante e h uma retrao elaconstrufto
civil que faz o mercado imobilirio se voltar para os loteamentos de baixo custo, acelerando
o processo de adensamenro das periferias,
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Trecho verticalizado junto ao Minas ShoppingFoto: Nino Andrs
Tl(J.70"7"
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Com a criao de um shopping center, no final da dcadade 70, no limite entre
Belo Horizonte e Nova Lima, aparece pela primeira vez, no municpio, uma estratgia com
origem na iniciativa privada. A descentralizao, assumida depois por outros empresrios e
pelos administradores da cidade, cria corpo e passa a determinar o estmulo a investimentos
semelhantes. Funcionando como atratores para a formao de centros secundrios, so
implantados, no entroncamento elasavenidasCristiano Machado e Bernardo ele Vasconcelos,
um conjunto de dois shoppings, um supermercado e um restaurante e, 110 cruzamento ela
Avenida Carlos Luz com o Anel Rodovirio, um outro shopping center.
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Belvedere 111,vendo-se a Serra do Curral ao fundo. Foto de 1998Foto: Nino Andrs
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os consultriosmdicose laboratrios;naSavassi,asboutiques;naAvenidaRajaGabaglia,os carros
importadose asdiversesetc.As dificuldadesdo trnsitodeterminama construoeloelevado
CasteloBranco,elastrincheirasdaRuaRioGraneledo Nortee daAvenidado Contorno,dediversas
passarelasmetlicasparapedestrese do viadutodaAvenidaFranciscoSales,entreSantaEfigniae
SantaTereza.A PraaRaulSoares,inacessvelspessoas,sobreviveapenascomoentroncamento
virio.As praasDiogo de Vasconcelos,BenjamimGuimares,21 de Abril e AfonsoArinosso
redesenhadasparacumpriro mesmoobjetivo.Estaciona-sesobreascaladascoma complacncia
elafiscalizao,pavimentam-sejardinsparaalargamentodepistase paradasdeautos.Degradam-se
asavenidasParan,OlegrioMaciele SantosDumont,sobo pesodacirculaode centenasde
linhasdetransportecoletivoe transb01'damdepedestrese vendedoresambulantestodasascala-
dasdo tringuloentreasduasltimasavenidase aAmazonas.Oscongestionamentosde trnsito,
que se tornamcomuns,mesmofora dashorasde pico, e a poluioambiental,comeama
comprometerseriamentea qualidadedevielaemmuitasregiesde BeloHorizonte.A rapidezcom
quevodesaparecendoaamenidadedoslugareseosrarosexemplaresdaarquiteturadosprimeiros
tempos,acabampor despertar,enfim,o aparecimentoda conscinciaprotecionista.
Todasasintervenesnacidadesodeterminadaspelosinteresses,acimaelequais-
queroutros,do capital,imobilirio,mercantile financeiroe cioautomvel.TiJdopodeserdesfeito,
desdequeos beneficie.A argumentaodo direito propriedadee ao lucroprevaleceemtodas
as questesque envol\rema preservaode patrimnionaturalou cultural.
A Constiruiode 1988estabeleceumapolticamodernadeproteodospatrimnios
naturale cultural,atribuindoum novopapelaosmunicpios,sobretudono quediz respeitoao
controlee execuodasmedidaspertinentes.Amplia-senacomunidadea conscinciaciovalor
da preservaoe, no mbitoda administraomunicipal,soestabelecidosinstrumentoslegais
comesseobjetivo.Umarelaode maiorrespeitoentreempresriose ospoderespblicoscomea
tmida,masesperanosamente,a se estabelecer.
a municpio,que tomaraa iniciativade desativarsuaempresaelemineraoe deimplantaro grandeParquedasMangabeirasjuntoSerradoCurral,consegue,numprocessobem
sucedidodenegociaocomvriasempresas,restauraro ParqueMunicipal,aspraasdaLiberdade,
HugoWerneck,FlorianoPeLxoto,CarJosChagas,DuquedeCa.xiase estabelecercomumafirmade
construocivilumentendimentoexemplar,noquallhesocedidos,umedifciotombado,naRua
EstvoPinto,eajudaparainstalarneleo CentroeleRefernciaAudiovisualelaSerra.
Bairro da Lagoinha. comrciode mveisusados. Foto de 1996
Acervo Projeto L21goinlla I UFMG
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De modounnime,cresceemtodosos estratosda populaoa noode ter direito
a um patrimnioambientalurbanode melhorqualidadee podertrabalharpor isso.Nosltimos
anos,atravsde um programade participaopopularna elaboraodo oramento,consegue-
seumaaplicaomelhordosparcosrecursospblicos,distribuindo-oscommaisjustiaentreo
Centroe osespaosperifricos.No entanto,consolida-se,comigualunanimidade,o entendimento
dequea capacidadedeadaptaodaestruturaurbanasnovase crescentesnecessidadesestno
limitedo esgotamentoe deque urgentee imprescindveltransform-Iaemsuaessncia.Elabora-se
um Novo PlanoDiretore a suacorrespondenteLei de Parcelamento,Ocupaoe Uso do Solo
Urbano,queentralliemvigorchegadoo anodo centenrio.
Invertendoa lgicaeloplano anterior,o novo estabelececomodiretrizesparaa
distribuiodosusose ocupaes,noa tendnciamanifestapelo mercadoimobilirio,masao
contrrio,a utilizaomaisracionalda infra-estruturadisponvele potencialdasdiversasreas.
Parao descongestionamentoda reacentrale do'I-Iipercentro,estimulaa descentralizaoespa-
cialelasatividades,aformaoelenovoscentrose vedaa possibilidadedeconstruoe alnpliao
de umasriede equipamentospblicosou privadosdentrodessepermetro.Estabeleceuma
estruturaviriacoerente,visando formaodeum sistemade anisconcntricosquepermitam
a circulaoentreos bairrossempassarforosamentepelareacentraLCria,principalmente,um
conjuntode instrumentosvigorososque deveroatraira iniciativaprivada,tantoparagestos
maisgenerososnaocupaodo espaodividido,quantoparasaudveisparceriascom o setor
pblicona ediHcaoeleespaocomum.
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