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  • AS NOVAS TECNOLOGIAS -

    DAINFO A AO E O FUT O DOS AR V OS

    o entrannos nos anos 90, temos com reqncia nos defrontado com os

    conceitos, smbolos e sentimentos do chamado fun do sculo, um tempo que j se teria iniciado e cujo tnnino remete-nos sempre idia de uma nova etapa da histria humana.

    Do tdio ps-modernista conspirao aquariana de uma nova era, a fico cientfica vai se tomando cada vez menos fico, e a realidade cotidiana vai sendo alterada vertiginosamente, sobretudo nos pases do primeiro mundo, em razo dos avana; cientficos e da emergncia de novas tecnologias.

    Estaramos, assim, vivenciando uma Segunda Revoluo buiustriol, com a crescente automao do processo produtivo e o aporte de inteligncias artificiais para substituir a mecanizao caracterstica da Primeira Revoluo Industrial.

    Esta Segunda Revoluo Industrial estaria detenninando, )X)f sua vez, o que se convencionou chamar de era da illformao, idia consolidada ao longo dos ltimos 30 anos a partirda constatao edas col

  • 252 FSlUDOS IDSroRICOS-1992/10

    configuradas sobretudo a partir dos meios usados para o registro da informaao.

    As caractersticas fsicas dessas instituies, sua arquitetura e equipamento, os esquemas intelectuais que empregam para a organizao da informao, a forma de supervisionar o uso dos materiais que custodiam, e mesmo as diferentes profisses que a se foljaram, todos esses aspectos se desenvolveram muito menos a partir do cOlltedo que do formato documental. Durante muitos anos, por exemplo, distinguia-se bibliotecas de arquivos com base principalmente nas distines entre material publicado e no-publicado.

    As alteraes ocorridas nesse tipo de conceituao tm solicitado de ns - atualmente identificados como profissionais da informao - que pensemos no apenas no vefcu/o usado para registrar e comUlcar fatos, pensamentos e expresses, mas Iambm, em termos abstratos, no conjunto de smbolos que chamamos de informao. Cabe ressaltar que, para efeito destas reflexes, so considerados irormao todos os fatos e idias que tenham sido registrados,

    . comunicados e10u distribudos formal ou informalmente em qualquer fornJato fsico.

    Aconceituao de informao registrada, com uma especificidade que a diferencia do formato e do suporte documental, relaciona-se, no iacio do anos 60, com a crescente conscincia da infonnao como um produto econmico, ou seja, mercadoria com valor monetrio.

    Em 1 %2, Fritz Machlup publicava The productioll alld distributioll of kllowledge ill the Ullited States, demonstrando que 29% do Produto Nacional Bruto dos EUA em 1959 estavam vinculados ao setor de produo de conhecimento, e que 32% da fora de trabalho encontravam-se engajados em atividades de produo de conbecimento. Ainda em 1962, realiza-se na VirgiIa, EUA, a primeira co,erellcia referente cincia da illfonnao sob o patro-

    dnio da Fora Area Americana e da Mitre Corporation.

    Em 1968, criava-se nos EUAa lnformation lnduslries Association com o objetivo de promover o desenvolvimento da empresa privada no campo da informao. Nesse mesmo ano, o Americao Documentation lnstitute, criado em 1937, foi restabelecido como a American Society for lnformation Science and Automation Division, insinuando para alguns que informao no vinculada ao computador no informao. Este preconceito persiste e tende, em alguns casos, a aumentar. No Brasil, o mBD (Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentao), fundado em 1954, passa a se chamar, em 1976, lnstituto Brasileiro de lnformao em Cincia e Tecnologia.

    iroportante ressaltar ainda que, nos Estados Unidos, a classe empresarial, alm dos quadros executivos do setor pblico, adota amplamente esta nova conceituao de informao. Um marco importante, neste sentido, a publicao, em 1969, da obra de Peter Druckee, T7.e age of discontinuity, destacando a funo dos sistemas de informao nas organizaes como fonte de poder, deciso e controle. Cabe lembrar a esse respeito que os recursos destinados pela mM para a pesquisa na rea de gesto de recursos da informao tm sido concedidos no s escolas de biblioteconomia, arquivologia ou cincia da informao, e sim s escolas de administrao.

    A idia de era da informao e os conceitos da derivados so tambm inseparveis das mudanas radicais oca.sionadas pelas novas tecnologias como a infonntica, a biotecnologia e os novos materiais produtivos - para citar algumas.

    Nas ltimas IIsdcadas, a emergncia de novas tecnologias tem reorientado acentuadame.tle o futuro social, econmico, poltico, cultural e ambiental das popUL1es.

    Todas essas tecnologias so um produto da cultura. As razes culturais que propiciaram a emergncia da informtica, por

  • o FUJ1JRO IX>S ARQUIVOS 253

    exemplo, remetem-nos s fontes gregas da racionalidade ocidental, passando pelo reconhecimento social da lucratividade e da gesto do tempo inerente ao capitalismo. Tambm contriburam para o posterior desenvolvimento da informtica as exigncias de velocidade na produo, expressas nos mtodos de organizao e racionalidade do trabalho tayloristas e fordistas utilizados desde o incio deste sculo.

    1.is mtodos comeam a alcanar seus limites tcnicos e sociais em meados dos anos 60, na medida em que no podem mais assegurar O nvel e o ritmo de crescimento da produtividade. Neste quadro, a informtica introduzida no processo de trabalho, atravs da automao industrial (robtica), dos escriJrws (burtica) e das telecomw.icaes (telemtica), implicando vrias alteraes no modelo organizacional tradicional.

    Da sociologia antropologia, da histria cincia da infonnao, diversos autores reconhecem que as sociedades modernas esto sob "choque ilOrmtiCO" ou

    seja, suas estruturas ecollOlrucas. SOCiaIS e culturais esto sendo profundamente alteradas com as novas tecnologias da informao. Acrescenle uliliza.'io desses recursos vem afetando hbitos, conhecimentos, competncias, o universo cultural e mesmo a raz.1o de ser dos indivduos. Duas teses opostas derivam desse quadro:

    -para os pessimistas, a introduo generalizada e rpida da itonnao em todos os aspcdos da vida levar ao mundo desumanizado descrito por Geo'1:e OJWeU em 1984;

    -para os otimistas, a Terceira OIula, descrita por A1vin Thffier, conduzir, graas s tecnologias da infonnao, a um futuro econmico, sedutor, dinmico, 00 qual se desenvolver uma sociedade democrtica.

    Entre estas dllas posies, nuem vrias possibilidades que devem ser objeto da pesquisa cientfica e da prpria tecnologia. Por outro lado, as conseqncias da decorren-

    tes devem ser democraticamente controla-das pela sociedade, considerando-se que as funes sociais das tecnologias da informao comprometem-nas com a promoo do atendimento s necessidades vitais da humanidade que, em grande parte, carece das mais elementares condies de existncia.

    Conclumos, neste ponto, que o conceito de informao desenvolvido a partir dos anos 60 -possibilitando inclusive a emergncia de uma chamada cincia da informao - historicamente determinado por um quadro econmico e social de bllsca da otimizao do processo produtivo no capitalismo avanado. nesta mesma ambincia histrica que se torna evidente a proliferao de novas tecnologias da informao, gerando disciplinas recentes como a gesto de recursos da informao.

    Stuart-Stubbs (1989) analisa o futuro da gesto da informao registrada considerando duas premissas fundamentais:

    -o meio no qual est registrada a informao ainda o principal fator determinante das operaes e posturas das instituies guardis de itlforma.o;

    -a escolha do meio de registro da informao , cada vez mais, uma escolha do seu produtor.

    Os profissionais da informao lero que reavaliar as teorias e os princpios sob os quais as instituies de documentao tm operado. Esse processo de adaptao afeta diversos aspectos, como por exemplo as reas fsica, itltelectual, organizacional, e o perlil profISSional das instituies de infonnao.

    Do ponto de vista do supane material da informao, cabe o reconhecimento de que est mudando a natureza da documentao, embora autores como Cbarles DoIlar (1990), Katharine Gavrel (1990) e Ronald E.F. Weissman (1989) ressaltem que o papel MO someJlle persiste como tem aumeJllada em volume. Para Dollar, por

  • 254 ESTIJOOS IUSTRlCOS - 199:1110

    exemplo, um mito a idia, extremamente difundida dez anos atrs, do escritrio sem papel, noo esta distinta da de escritrio automatizado ou eletlnico. incontestvel porm que, progJessivamente, as il,lStituies de infonnao defrontam-se cOm os chamados documentos eletrtinicos, informticos ou Ieg(veis por mJiquina, ou seja, documentos registrados sobre meios tais como discos magnticos, fitas magnticas, disquetes, discos ticos, cartes perfurados etc., cujos contedos so acessveis somente com a ajuda de um computador e dos softwares a ele associados.

    Conforme levantamento do NARA, National Archives and Records Administration, o governo dos EUA tinha aproximadamente 12.600 computadores de mdia e larga escala em 1980. Este nmero aumentou para 18.200 em 1985 e foi estimado em 25 mil em 1990. No esto a includos cerca de 320 mil microcomputadores. Aqui, vale observar, confonne Gravei (1990) que o uso crescente de microcomputadores afetou a centralizao dos servios de processamente de dados, descentralizando, por sua vez, as possibilidades de criao de documentos eletlnicos entre os membros de uma organizao. Em propores diferenciadas, esta tendncia ao crescimento na produo de documentos eletlnicos apresenta-se nas administraes pblicas e privadas de muitos pases, inclusive o Brasil.

    A maior parte dos documentos eletlnicos apresenta analogias com o documento papel, embora atualmente esta analogia esteja sendo bruscamente alterada com as novas tecnologias da infonnao cujo objetivo representar o mundo da maneira mais realstica possvel, sem fronteiras artificialmente impostas. Thxtos, gr.I ficos, imagens fixas, vdeo, som esto sendo interligados eletronicamente num nico documento chamado documento composto ou documento hipermJia. Toma-se, assim, cada vez mais difcil, com a quebra

    das fronteiras que estabelecem tipologias documentais, definir exatamente o que um documento, onde comea e termina.

    Do ponto de vista da arquivologia, alguns conceitos bsicos esto sendo reexaminados como, por exemplo, os de ordem original e documento origina provenincia, e instituies arquivfsticas camo depsitos centrais de documentos. Por conseqncia, prticas como avaliao, arranjo e descrio, preservao e uso esto sendo tambm repensadas.

    O conceito de documento original no aplicvel na gesto dos documentos eIetrni

  • o FlJIVRO DOS AIlQUlVOS 255

    trnicos produzidos por bases de dados inter-organizacionais. Um swvey realizado em 1974 pelo Alquivo Nacional da Austrlia indicava a multiprovenincia em 27% das sries.

    Um outro aspecto a ser considerado, segundo DoUar (1990), a centralizao dos documentos e/etrlinicos em instituies arquivfsticas, devido ao alto custo de sua conservao, que requisita programas constantes de migrao de documentos eletrnicos de antigos sistemas para novos. A este respeito, KeteUar (1988) assinala que as vantagens e desvantagens da criao de servios especializados em funo dos chamados "novos documentos" encontram-se relacionadas com a natureza destes, devendo ser avaliadas "em funo das necessidades do usurio e no, prioritariamente, dos custos de funcionamento". Recomenda este arquivista holands que a explorao dos documentos eletrnicos seja integrada aos servios arquivsticos desde que estes possam assumir tais responsabilidades. No caso de outras instituies (eventualmente os prprios rgos produtores) assumirem a guarda desse material, esta deve ser uma alternativa provisria, e importante que ocorra sob o controle fsico e intelectual da instituio arquivfstica responsvel.

    Um documento eletrnico no pode esperar anos nas prateleiras at ser avaliado sob o ponto de vista de seu interesse arquivfstico como documento de terceira idade. Alm de bllscar detectarseu valor informativo, a avaliao de documentos eletrnicos considera necessariamente aspectos tcnicos ligados sua legibilidade e adaptabilidade a outros sistemas. O processo de avaliao do valor informativo deve assim ser realizado a partir da produo do documento informtico, o que divide os estgios do seu ciclo vital em produo, avaliao, uso e destinao final. No caso das bases de dados inter-organizacionais que resultam em multi provenincia, a avalia-

    o do valor informativo coloca-se acima das fronteiras institucionais, baseando-se, sobretudo, nas jnes das organizaes envolvidas. Cada vez mais, portanto, torna-se imperativa a participao do profissional de arquivo junto aos rgos no desenvolvimento e instalao de sistemas informticos.

    Em relao ao a"anjo e descrio dos documentos eletrnicos, sobretudo para os resultantes das tecnologias de informao mais Itcentes, Dollar (1990) ressalta a necessidade de se ir alm da mera produo de instrumentos de pesquisa de modo a se garantir tambm uma ampla viso sobre os sistemas de informao dos quais so decorrentes os documetos processados. Desta forma, torna-se importante que a descrio ocorra a partir do desenho dos sistemas de informao. Para otimizar a acessibilidade, mostra-se tambm essencial a implementao de um sistema Diretrio sobre Recursos de Gesto da Informao (bases de dados sobre outras bases de dados).

    O impacto de novas tecnologias da informao est se refletindo tambm na perspectiva de conservao permanente de documentos informticos. A fragilidade dos meios eletrnicos de armazenamento de informaes tem se constitudo numa das maiores preocupaes do universo arquivfstico. At o momento, o meio mais aceitvel tem sido a fita magntica por demonstrar ser o mais estvel fISicamente e O menos custoso, embora sua conservao represente um gasto significativo em termos de recursos humanos e financeiros para as instituies arquivsticas.

    Alm do controle ambiental, o ponto principal de um programa de conservao de documentos eletrnicos tem sido um ativo processo onde a equipe responsvel rehobina todo o material geralmente a cada dois anos para evitar problemas de juno de suportes, e promove a reproduo das fitas periodicamente,j que sua durabilidade mxima de dez anos. A ausncia de

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    padroes na indstria infomJtica, assim como a obsolescncia tecnolgica, gera problemas para a preservao de documentos eletronicos a longo prazo, provocando um alto custo devido migrao de dados de documentos eletronicos de velhos sistemas para novos.

    Os recentes meios ticos de armazenagem tm garantido um aumento significativo da capacidade de annazenagcm e, no caso dos discos ticos, tm a vantagem de no requererem controle ambiental. A recente criao de um novo tape tico flexvel pennite que um nico rolo de 12 polegadas armazene o equivalente a 5 mil fitas magnticas.

    Para Dollar (1990), o conceito dedocumefO permanefe relativo quando os altos custos de preservao da vida til dos documentos eletronicos se sobrepem aos beneficios da sua reteno definitiva. Segundo este mesmo autor, a preocupao arquivstica com os documentos eletronicos deve deslocar sua nfase da preservao dos meios fsicos de armazenagem para os aspectos intelectuais que envolvem o acesso s infonnaes registradas em suportes magnticos.

    A maior parte dos documentos eletrnicos sob a guarda de instituiies arquivsticas refere-se a dados estatsticos e tem se mostrado especialmente interessante para estudos de histria demogrfica atravs de infonnaes relativas a casamento, morte e outras relacionadas com censos populacionais. No Canad, por exemplo, os arquivos infomJticos tm sido mais utilizados por socilogos do que por historiadores.

    Prev-se que uma nova gerao de pesquisadores, fanliarizada com aplicaes informticas, estabelecer novas demandas de consulta por meio eletronico aos arquivos. A aplicao do disco tico tambm afetar o uso de documentos textuais, permitindo ao consulente um amplo acesso a grandes quantidades de informao. Do ponto de vista intelectual, esta tendncia

    requisitar dos arquivos instrumentos de pesquisa mais normatizados e completos.

    As novas tecnologias esto tomando possvel a utilizao dos novos arquivos distllncia, ou seja, atravs de redes de informao.

    As crescentes facilidades de uso de microcomputadores, cada vez mais possantes, sem a necessidade de vastos conbecimentos infomJticos por parte do usurio, contribuiro tambm para tal utilizao fora dos arquivos. Apesar disso, Ketellar (1988) no acredita que a utilizao dos arquivos possa ser confiada inteiramente aos sistemas infonnalizados: "A pesquisa da infonnao no somente um procedimento lgico, analtico e linear, o arquivista e o pesquisador apelam um ao outro atravs de percepes balsticas, intuitivas e criativas."

    Diante das possibilidades geradas pelas novas tecnologias de informao, Charles Dollar (1990) prope a redefinio dos servios de referncia arquivstica em trs aspectos:

    - estes servios devem nortear sua ao mais para o acesso s informaes registradas no documento do que para o documento em si, com O auxIlio de arquivistas especializados em sistemas eletrnicos de informaies;

    - as instituies arquivsticas tero que se envolver na configurao de padres de tecnologia da informao de modo a ga-

    "

    . ..

    . . ranttr que os IDteresses arqulvlShcos selam

    assegurados; - os arquivos tero de ampliar seu de

    sempenho na proteo da privacidade e liberdade pessoal prevenindo o uso inadequado da informao arquivstica, particulannente quando muitas informaes de interesse social esto sendo coletadas e preservadas.

    Considerando.,

  • o fUIURO DOS ARQUIVOS 257

    tos eletrnicos, algumas instituies aIquiv'lticas na Europa e Amrica do Norte debontam-&e com a nece

  • 258 ESlUOOS I-DsTRlcos - 1992110

    -legislao adequada dispondo sobre a funo do Estado na produo e uso de infonnaes resultantes das novas tecnologias e resguardando o direito do cidado infonnao e sua privacidade;

    - cooperao entre agncias governamentais responsveis pelo tratamento e acesso infonnao, desenvolvimento admustrativo e assuntos jurdicos, alm de organismos privados;

    - treinamento de especialistas e usurios da infonnao;

    -elaborao de diretrizes sobre destinao, processamento tcnico e padres tcnicos sobre os novos tipos de documentos eletrnicos;

    -pesquisa na rea de gesto de recursos infonnativos e da infonnao;

    - superviso e assistncia tcnica aos rgos governamentais na produo e uso de documentos eletr,cos.

    Evidentemente estamos nos referindo a arquivos nacionais e outras instituies arquivstiOls de pases do primeiro mundo com larga tradio democr.tica e que, como principais produtores dessas novas tecnologias, compartilham Iveis semelhantes em tennos de diviso u.temacional do trabalho. A esta diviso internacional do trabalho colIUlponde uma ordem internacional da infonnao na qual as chamadas indstrias de infonnao so controladas principalmnte pelos pases centrais, com enonnes desigualdades entre o Norte e o Sul. Tomando""" como exemplo os bancos de dados, sabemos que "os EUA detm 60% dos bancos de dados existentes, contra 26% controlados pela ComUldadeEconllca Europia e 14% petas instituies intemaciolL11s e 'resto do mun-do'" (Bcnakouche, 1985). .

    Este novo colonialismo via novas tecnologias como as da infonnao apresenta implicaes econ(jllcas culturais que perpassam O universo arquivstico brasileiro, j que a gesto da infonnao a ser adotada por nossas instituies acabar por se pau-

    tar - em muitos casos - pelos padres bsicos gerados em pases do primeiro mundo. Esta tendncia, claro, no exclui a contribuio da arquivologia brasileira nas reflexes sobre a gesto de novos recursos infonnativos.

    A experincia das instituies arquivsticas e dos cursos de arquivologia no Brasil - centros naturais de produo e acumulao de conhecimento - ainda quase nula a este respeito. Isto talvez se explique pela prpria precariedade institucional de nossas instituies e centros de formao arquivsticos, alguns dos quais vm tentando desenvolver um processo modellzante capaz de romper com um estancamento jurdico, tcnico e organizacional de dezenas de anos. Os enonnes problemas que ainda nos colocam a avaliao, recolhimento, processamento e guarda dos chamados documentos arquivsticos tradicionais no justificam, porm, negligeuciannos as novas questes resultantes do processo elelrJco de produo documental, sob pena de contribuinnos para ampliar ainda mais as dificuldades de preservao e acesso ao patrimJo arquivstico do pas.

    Este enonne vazio na arquivologia brasileira certamente no ser preenchido pela ao de uma instituio arquivstica ou curso de arquivologia isoladamente. A reunio de profissionais de diversas ulStituies pblicas e privadas, bem como de cursos de arquivologia, poderia, de fonna dinllca e criativa, conduzir a estudos e propostas bsicas sobre a gesto arquivstica dos documentos eletrnicos em seus diversos aspectos.

    Apesar de uma defasagem de no mImo duas dcadas, ainda no demasiado tarde para iniciativas neste sentido ou outras que possam compatibilizar a arquivologia brasileira com as novas demandas da gesto da informao. Esta uma responsabilidade social dos profISSionais de arquivologia no Brasil para com seu tempo e seu pas.

  • o FlTlUR.O DOS ARQUIVOS 259

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