arte circense: uma possibilidade nas aulas de · precursor do circo moderno, que ficou conhecido...
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ARTE CIRCENSE: UMA POSSIBILIDADE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA ESCOLA PÚBLICA
Dirlene Maria Zanluca1 Cintia Muller Angulski²
Resumo
Sabe-se que as práticas circenses se originaram na China quando eram usadas para o treinamento dos guerreiros. Mas foi na Roma antiga que elas tiveram o seu auge, envolvendo corridas de carruagens e cavalos, duelos entre homens e animais, combates entre gladiadores e outras atividades. No século XX surgiu o circo contemporâneo com especial destaque para espetáculos que privilegiam a figura humana. Os circenses apareceram na televisão e teatro, criando novas possibilidades para a exibição de seus números artísticos. A arte circense pode ser utilizada no ambiente escolar e assim resgatar a sensibilidade e a espontaneidade das crianças. O malabarismo, que é uma prática corporal que envolve a motricidade, pode ser usado pelas crianças de forma dinâmica e criativa. Levando em conta esses aspectos, este artigo mostra o resultado do desenvolvimento de um Projeto de Pesquisa cujo objetivo foi o de utilizar a arte circense para incrementar as aulas de Educação Física levado a efeito no Colégio Estadual Paulina Pacífico Borsari, Bairro Guabirotuba, Área 09 (Cajuru), em Curitiba. A pesquisa foi viabilizada através de um questionário envolvendo 30 alunos do Ensino Médio daquele Colégio. O estudo apontou a importância das artes circenses para o desenvolvimento físico e mental das crianças. Palavras-chave: alunos; arte circense; desenvolvimento físico e mental; malabares. Introdução
O objeto de estudo da Educação Física segundo as Diretrizes Curriculares, é
a cultura corporal, cujos aspectos devem ser organizados dentro do currículo,
fazendo com que todos tenham acesso ao conhecimento acumulado historicamente,
a respeito do movimento humano.
¹ Professora PDE 2010/2012 – Colégio Estadual Paulina Pacífico Borsari ² Professora Orientadora Ms. em Educação Física - UFPR
1
Nesse enfoque, é interessante a escola buscar caminhos inovadores,
especialmente quando se fala em conteúdos para a Educação Física Escolar.
Nessa busca, as atividades circenses podem ser sugeridas, pois atualmente tais
atividades são reconhecidas como ferramentas essenciais ao desenvolvimento das
atividades físicas, além de ser um potencial recreativo e educativo.
Na escola tem ocorrido a iniciativa de incluir a arte circense como uma
disciplina, pois ela é uma manifestação da cultura corporal e não pode ser
suprimida. E não é por menos, as semelhanças entre a arte circense e a ginástica
são muitas, especialmente quando se fala em trazer para o mundo da criança as
manifestações circenses, que servem de apoio para que ela amplie seus
conhecimentos de uma maneira prazerosa e alegre.
Levando em conta esses aspectos, este artigo mostra o resultado do
desenvolvimento de um Projeto de Pesquisa cujo objetivo foi o de utilizar a arte
circense para incrementar as aulas de Educação Física levado a efeito no Colégio
Estadual Paulina Pacífico Borsari, Bairro Guabirotuba, Área 09 (Cajuru), em Curitiba.
A pesquisa foi viabilizada através de um questionário envolvendo 30 alunos do
Ensino Médio daquele Colégio que deram suas opiniões a respeito da Cultura
Corporal por meio de um questionário com 26 pergunta.
2 Referências Conceituais da Arte Circense
A LDB de 19962 estabeleceu a obrigatoriedade da Educação Física, mas não
definiu os critérios para o seu ensino. Por isso, apareceram diversas formas de
realizar o ensino da Educação Física.
Silva citada por Souza Júnior (2005, p. 87) assim explica:
Podemos dizer, então, que a Educação Física no âmbito escolar tem-se caracterizado como uma intervenção social de caráter pedagógico, organizada por professores e para professores, fundamentando-se nos objetivos da instituição educacional. Desde há algum tempo, norteia-se pela tematização ou pedagogização de fenômenos da cultura, como os esportes, as danças, as ginásticas, as artes marciais, os jogos, as
2 Art. 26. A Educação Física, integrada à proposta curricular da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos.
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acrobacias, etc. Estes fenômenos da cultura que se constituem como uma especificidade da contribuição da Educação Física explicita-se, prioritariamente, ao nível corporal. Estes mesmos fenômenos são expressão da ludicidade, sociabilização e comunicação, permitindo a efetivação de nossa capacidade humana e, eventualmente, a aferição da autossuperação destas mesmas capacidades, como é o caso do esporte onde no qual aparecem as diferentes formas de medição e controle quantitativo.
Sobre o mesmo assunto as Diretrizes Curriculares da Educação Básica assim
se pronunciam:
A Educação Física e seu objeto de ensino/estudo, a Cultura Corporal, devem, ainda, ampliar a dimensão meramente motriz. Para isso, podem-se enriquecer os conteúdos com experiências corporais das mais diferentes culturas, priorizando as particularidades de cada comunidade (PARANÁ, 2008, p. 62).
Ampliando esse olhar, entende-se que a “ginástica compreende uma gama de
possibilidades, desde a ginástica imitativa de animais, as práticas corporais
circenses, a ginástica geral, até as esportivizadas: artística e rítmica” (PARANÁ,
2008, p. 68).
Outrossim, reconhecer a importância da atividade física para a saúde e a
qualidade de vida é muito relevante, lembrando que para que um indivíduo adote um
determinado comportamento frente à realização de atividades dirigidas a uma meta
ou a um objetivo, ele necessita de uma motivação, que de forma geral, é
caracterizada como um processo ativo e intencional dependente da interação entre
fatores pessoais e ambientais (SAMULSKI, 2002).
Fica claro assim, que a arte circense também pode ser utilizada e de acordo
com Kunz (1994) a linguagem corporal presente nas artes circenses permite ao ser
humano resgatar a sensibilidade, a valorização ao belo e à própria vida. Essa
opinião é corroborada por Bortoleto (2003), pois ele acredita que a arte circense
dentro do ambiente escolar se justifica a partir do momento em que esta arte faz
parte da cultura humana. Por isso, compete à Educação Física buscar subsídios da
arte circense para transmitir aos alunos esses conhecimentos.
As práticas circenses no contexto escolar surgiram em muitos países,
especialmente nos Europeus. Na Espanha, as atividades circenses estão presentes
nos currículos de Educação física primária (BORTOLETO, 2003).
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No Brasil, as práticas circenses estão aparecendo como conteúdo escolar da
Educação Física em diferentes níveis de ensino, por força das experiências vividas
pelos professores que têm se sentido sensibilizado por esta arte. E não é por
menos, Torres (1998) relata que as artes circenses têm origem no sagrado e guarda
relação com as práticas esportivas.
Historicamente, há indícios que as práticas circenses surgiram na China,
quando eram usadas para o treinamento dos guerreiros. Por sua vez, Torres (1998)
ressalta que as manifestações circenses ocorreram na Grécia antiga e no Império
Egípcio.
Mas foi na Roma antiga onde aconteceram espetáculos públicos envolvendo
corridas de carruagens e cavalos, duelos entre homens e animais, combates entre
gladiadores e outras atividades que podem ser identificadas como práticas
circenses. Porém, nos séculos IV e V o circo romano entrou em extinção por força
das influências cristãs que classificava essas manifestações como práticas
pecaminosas. No século XVII, com o início do período renascentista, já havia na
Europa grande número de companhias circenses, segundo Andrade (2006).
Bortoleto e Machado (2003a) destacam que o inglês Philip Astley foi o
precursor do circo moderno, que ficou conhecido como circo clássico ou circo
tradicional que é centrado nas dinastias familiares.
No século XIX, ou mais especificamente, na sociedade moderna o circo
adquiriu destaque no cenário cultural europeu, no qual o corpo ocupa lugar central
(SOARES, 2002).
A necessidade de procurar novos caminhos para a transmissão do saber circense deu vida às primeiras escolas de circo. Já existia uma escola de Moscou, sem dúvida pioneira na abertura do circo durante o século XX, existiam escolas chinesas de acrobacia, porém foi no princípio dos anos oitenta que as escolas de circo começaram a aparecer, com um formato e uma filosofia próxima às escolas de dança ou de teatro. Em Berlim (Alemanha), em Montreal (Canadá), no Rio de Janeiro (Brasil), em Chalons SUS Champagne (França), nasceram centros que ofereciam uma autêntica formação técnica e artística nas artes circenses (BORTOLETO, 2003, p. 9).
O circo contemporâneo surgiu no século XX com especial destaque para
espetáculos que privilegiam a figura humana, exigindo conhecimentos acerca da
dança, teatro e os elementos de tecnologia como luz e som. Os circenses
apareceram na televisão e teatro, criando novas possibilidades para a exibição de
seus números artísticos (BORTOLETO e MACHADO, 2003).
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Atualmente, a arte circense está em expansão, inserindo-se também nas
esferas recreativa e educativa. Em países como França e Bélgica tem ocorrido
iniciativa de incluir o circo como uma disciplina desde a pré-escola. No Brasil a
inclusão das atividades circenses em escolas públicas e privadas em alguns estados
como São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro e outros, tem ocorrido desde a educação
básica à universidade (BORTOLETO e MACHADO, 2003).
Igualmente, o circo compreende uma diversidade de modalidades que são
práticas corporais que desenvolvem a motricidade da pessoa. O malabarismo é uma
delas, e pode ser usado por profissionais ou crianças. O exercício de equilíbrio
presente na modalidade perna de pau tem como característica principal o equilíbrio,
Considerando que o objetivo da Educação Física escolar não é a maestria motriz,
mas qualquer atividade que se proponha deve ser executada num nível elementar
de exigência técnico-física, deve ser potencializada a importância dos elementos
lúdico, expressivo e criativo que correspondem a essas práticas (BORTOLETO e
MACHADO, 2003).
Ferreira (2006) fala que as atividades circenses, são essenciais para o
equilíbrio, a expressão corporal, coordenação motora, flexibilidade, entre outros.
O Malabares é um elemento da cultura corporal que, sendo uma base
importante para a Educação Física, merece atenção no espaço escolar. Assim como
essa modalidade, outras também são importantes. O ensino do Malabares possibilita
a estimulação da criatividade através da confecção dos brinquedos como a clave, a
bola, a argola e a fita, com materiais recicláveis. Permite aos alunos desenvolverem
progressivamente sua capacidade de concentração, paciência, criatividade,
coordenação e lateralidade (JACHIC, 2009).
As práticas circenses não devem se limitar ao âmbito da diversão, mas serem
abordadas como um conhecimento acumulado ao longo da história no sentido de
contribuir para a formação de um aluno crítico, capaz de agir e interagir em seu meio
social. Neste sentido, as questões trabalhadas nas aulas devem ser apresentadas
por meio de problematizações que estimulem a capacidade criativa dos alunos
(COLETIVO DE AUTORES, 1992).
3 Apresentação e Análise dos Resultados
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Para alcançar o objetivo deste estudo, que foi o de mostrar o resultado do
desenvolvimento de um Projeto de Pesquisa, no qual se utilizou a arte circense para
incrementar as aulas de Educação Física levado a efeito no Colégio Estadual
Paulina Pacífico Borsari, Bairro Guabirotuba, Área 09 (Cajuru), por meio da
participação de 30 alunos que responderam a um questionário com 26 questões que
envolveram discussão de temas específicos (Malabares) e outras considerações de
atividades circenses.
A primeira questão teve o seguinte teor: Você gosta de praticar atividades
físicas? Quinze alunos responderam que gostam muito, oito alunos deram regular
importância, seis alunos disseram que gostam, um aluno respondeu que não gosta e
um não respondeu.
A segunda questão foi assim formulada: Qual a relevância da prática de
atividade física na sua vida? Onze alunos consideram-na muito relevante, oito
alunos acham relevante, sete alunos deram regular importância e sete alunos acham
irrelevante.
A terceira questão teve o seguinte teor: Qual a relevância das
emoções/sensações promovidas pela atividade física para a sua prática? Nove
alunos acham muito relevante, nove alunos deram regular importância, oito alunos
acham relevantes, dois alunos consideram-na irrelevante e dois alunos não
responderam
Na quarta questão os alunos deram sua opinião a respeito da relevância da
prática da atividade física para a formação de sua identidade/personalidade? Nove
alunos falaram que é relevante, oito alunos muito relevante, cinco alunos de regular
importância, cinco alunos mostraram-se indiferentes e três não responderam.
A quinta questão reportou-se à seguinte questão: Qual a relevância da prática
da atividade física para a sua auto-estima? Nove alunos responderam muito
relevante, oito alunos relevante, oito alunos de regular relevância, três alunos
mostraram-se indiferentes e dois não responderam.
Na sexta questão os alunos falaram sobre a relevância da prática da atividade
física para a sua expressividade. Onze alunos disseram que é relevante, 8 alunos
consideraram-na de regular importância, cinco alunos muito relevante, cinco alunos
acharam que a mesma é irrelevante e um não respondeu.
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A sétima questão teve o seguinte questionamento: Qual o nível de
satisfação/prazer que a prática da atividade física lhe proporciona? Doze alunos
acharam relevante, nove alunos acharam muito relevante, cinco alunos de regular
relevância, três alunos irrelevantes e um aluno não responderam.
Na oitava questão os alunos opinaram sobre a relevância da prática de
atividade física para a sua saúde. Quatorze alunos falaram que é muito relevante,
nove alunos acharam relevante, seis alunos consideraram-na de regular relevância e
um aluno não respondeu.
Na nona questão os alunos responderam sua a relevância da prática de
atividade física para o seu bem-estar. Quinze alunos acharam relevante, sete alunos
consideraram-na muito relevante, seis alunos de regular relevância, um aluno
mostrou-se indiferente e um não respondeu.
Na décima questão, os alunos falaram sobre a relevância da prática de
atividade física para a sua descontração. Treze alunos disseram muito relevante,
oito alunos disseram relevante, sete alunos acharam de regular relevância e dois
alunos acharam irrelevante.
Em relação à prática da atividade física para a sua sociabilização/interação
social, onze alunos acharam de regular importância, nove alunos relevantes e sete
alunos muito relevantes. Dois alunos acham de regular importância e um não
respondeu.
No que se refere à relevância da prática de atividade física como uma opção
de lazer, treze alunos acham relevante, oito alunos consideram muito relevante, seis
alunos de regular relevância, dois alunos mostraram-se indiferentes e um não
respondeu.
Sobre a relevância da prática de atividade física para sua aparência
corporal/estética, doze alunos consideram relevantes, onze muito relevantes, seis de
regular relevância e um aluno irrelevante.
Na décima-quarta questão, os alunos opinaram sobre a relevância da prática
de atividade física para o seu condicionamento físico/capacidade física. Quinze
alunos responderam muito relevante, onze alunos relevantes, três alunos de regular
relevância e um aluno acha irrelevante.
Na décima-quinta questão os alunos falaram sobre a relevância da prática de
atividade física para o seu nível de disposição para a rotina diária. Doze alunos
acharam muito relevante, dez alunos relevantes e oito alunos de regular relevância.
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Na décima-sexta pergunta os alunos opinaram sobre a relevância do
desenvolvimento de habilidades corporais/aprendizado e aprofundamento em
técnicas de movimento na sua prática de atividade física? Treze alunos
responderam muito relevante, oito alunos disseram relevante, sete alunos
consideraram-na de média relevância e dois alunos acham irrelevante.
Na décima-sétima questão os alunos deram seu parecer a respeito do nível
de auto-esforço; disciplina na prática de atividade física. Doze alunos acharam muito
relevante, onze alunos acharam relevante, cinco alunos consideraram de média
relevância, um aluno disse que é irrelevante e um aluno não respondeu.
A décima-oitava questão teve o seguinte teor: Qual o seu nível de interesse
por novas experiências com atividade física? Quinze alunos acharam muito
relevante, seis alunos de média relevância, cinco alunos consideram relevante, dois
alunos acham de média relevância e dois alunos não responderam.
Em relação ao nível de interesse por esportes e outras atividades físicas,
inclusive danças, na mídia em geral, quinze alunos consideraram muito relevante,
oito alunos disseram que é relevante, cinco alunos acharam de média relevância,
três alunos acharam irrelevante e um aluno não respondeu.
Na vigésima questão, que abordou o nível de interesse em comparecer a
eventos esportivos e outras apresentações de atividades físicas, inclusive danças,
como campeonatos, jogos, apresentações, etc., quinze alunos acharam muito
relevante, cinco alunos consideraram relevante, cinco alunos de média relevância e
cinco alunos acharam irrelevante.
Na vigésima-primeira questão os alunos apresentaram suas opiniões a
respeito do interesse pelas atividades circenses – malabarismo. Dez alunos
disseram que é relevante, oito alunos acharam muito relevante, seis alunos falaram
que são indiferentes, cinco alunos acharam de média relevância e um não
respondeu.
A vigésima-segunda questão avaliou o nível de conhecimento dos aparelhos
da arte circense como: swing, bolas, diabolo, bastão chinês e argolas. Onze alunos
acharam que é de regular importância, sete alunos muito relevante, cinco alunos
acharam relevante, quatro alunos acharam relevante e três alunos acharam de
pouca importância.
A vigésima-terceira pergunta foi assim enunciada: Você já praticou/manipulou
algum dos aparelhos acima citados? Dez alunos responderam bastante, mas oito
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acharam indiferente, cinco manipularam, quatro disseram muito bastante e três
alunos pouco.
Na vigésima-quarta questão os alunos deram sua opinião sobre: Qual seu
interesse em aprender a manipular esses materiais? Treze alunos têm interesse em
manipular esses materiais e nove alunos têm muito interesse em manipular esses
materiais. Três alunos consideram pouca importância em manipular esses materiais
e apenas dois alunos acham muito importante.
Na vigésima-quinta questão, foram mostradas algumas experiências que os
entrevistados já vivenciaram nas seguintes modalidades e que foram relevantes
para a sua vida. As respostas foram agrupadas num quadro, apresentado a seguir:
Quadro 1: Experiências de atividades físicas vivenc iadas pelos alunos
N/Resp. 0-Irrelevante 1- 2- 3- 4- Muito relevante
Jogos e brincadeiras 1 1 2 7 6 14 Atividades rítmicas e expressivas
3 6 5 5 11
Danças 1 5 5 2 6 11 Lutas e artes marciais 6 3 4 5 12 Esportes coletivos 1 9 10 4 3 13 Esportes individuais 8 10 3 3 6 Ginásticas e práticas de condicionamento físico
2 3 9 6 7 3
Atividades físicas na natureza
1 2 10 6 4 7
Atividades físicas alternativas
2 2 11 8 3 5
Conforme o quadro 1, na categorias jogos e brincadeiras, quatorze alunos
acharam muito relevante, sete alunos acharam de regular relevância, seis alunos
consideraram relevante e o restante foi assim distribuído: dois alunos pouco
relevante, um aluno irrelevante e um não respondeu.
Na categoria atividades rítmicas e expressivas, onze alunos acharam muito
relevante, seis alunos consideraram pouco relevante, cinco alunos de regular
relevância e relevante e três alunos consideraram irrelevante.
No item danças, onze alunos disseram que é muito relevante, seis alunos
falaram que é relevante, porém, cinco alunos consideraram irrelevante e pouco
relevante.
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Quanto a lutas e artes marciais, doze alunos acharam muito relevante, seis
alunos irrelevante, cinco alunos relevante, quatro alunos de regular relevância e seis
irrelevante.
Na variável, esportes coletivos, treze alunos acharam muito relevante, dez
alunos pouco relevante, nove alunos irrelevante, quatro alunos de regular relevância
e três alunos relevante.
No quesito esportes individuais dez alunos acharam pouco relevante, oito
alunos irrelevante, seis alunos muito relevante, três alunos relevante e regular
relevância.
No item, ginástica e práticas de condicionamento físico, nove alunos acharam
pouco relevante, sete alunos acharam relevante, seis alunos de regular relevância,
três alunos muito relevante e três irrelevante. Dois alunos não responderam.
Quanto às atividades físicas na natureza, dez alunos acharam pouco
relevante, sete alunos muito relevante, seis alunos de regular relevância, quatro
alunos relevante, dois alunos irrelevante e um aluno não respondeu.
No que se refere às atividades físicas alternativas, onze alunos consideraram
pouco relevante, seis alunos disseram ser de regular relevância e seis alunos muito
relevante. Três alunos acharam relevante, dois alunos irrelevante e dois alunos não
responderam.
A vigésima-sexta pergunta, objeto do quadro 2, teve o seguinte teor: Qual a
relevância dos seguintes espaços para a sua prática de atividade física?
Quadro 2: Relevância dos espaços e equipamentos par a a prática de atividade física N/Resp. 0-Irrelevante 1- 2- 3- 4- Muito
relevante Parques e praças 1 3 5 6 15 Espaços naturais (praias, reservas, montanhas, etc.)
2 2 13 6 4 3
Salões e academias 1 3 15 4 5 2 Quadras, canchas, campos e ginásios esportivos
2 2 1 6 4 15
Quinze alunos consideraram os parques e praças muito relevante, seis alunos
relevante, cinco alunos de regular relevância, três alunos pouco relevante e um
aluno irrelevante.
Quanto aos espaços naturais que envolvem praias, reservas, montanhas e
outros, treze alunos consideraram pouco relevante, seis alunos de regular
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relevância, quatro alunos relevantes, três alunos muito relevante, dois alunos
irrelevante e dois alunos não responderam.
Os espaços que envolvem salões e academias tiveram a seguinte aceitação:
quinze alunos acharam pouco relevante, cinco alunos relevante, quatro alunos de
regular relevância, três alunos irrelevante, dois alunos muito relevante e um aluno
não respondeu.
No item quadras, canchas, campos e ginásios esportivos, quinze alunos
acharam muito relevante, seis alunos de regular relevância, quatro alunos relevante,
dois alunos irrelevante, dois não responderam e um achou de pouca relevância.
3.1 Análise dos Resultados
De acordo com o que foi analisado foi possível observar que em sua maioria,
os alunos gostam de praticar atividades físicas e a consideram uma prática muito
relevante. Isso vem ao encontro do que diz Carneiro (2006) em seu estudo a
respeito do olhar dos alunos sobre a educação física. Ele constatou através de uma
pesquisa com dez entrevistados, que eles responderam afirmativamente sobre esse
assunto.
A maioria dos alunos entrevistados reconheceu que as práticas de atividades
físicas são muito relevantes para desenvolver emoções, formação da identidade,
como também é um pressuposto para desenvolver a autoestima. Na opinião de
teóricos como Souza Júnior (2005), Carneiro (2006), entre outros, as atividades
físicas realmente tem seus efeitos positivos no que se refere ao desenvolvimento
das emoções, crescimento pessoal e autoestima, assim como servem para valorizar
a cooperação e construir e reconhecer regras que remetem a valores e noções de
sociabilidade.
Grande parte dos alunos acha que as atividade físicas são importantes para a
saúde, para o bem-estar e descontração como também, para o lazer e a aparência
corporal/estética. Conseqüentemente, a prática da atividade física melhora a
disposição para a rotina diária. Corroborando com essas opiniões, Samulkski (2002)
explica que não só os aspectos físicos são importantes para aqueles que praticam
atividades físicas, mas também, os aspectos sociais e psicológicos. Concorda com a
ideia de que todas essas atividades servem para satisfazer a mente, as emoções e
as relações sociais na prática.
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Muitos entrevistados têm interesse em comparecer a eventos esportivos e
outras representações de atividades físicas. Essa visão é compartilhada por
Samulski (2002) que aconselha não só a prática de atividades físicas como
essenciais à saúde, mas que o indivíduo deve freqüentar eventos esportivos e de
preferência, realizá-los sempre com um grupo de amigos. Essa atividade deve ser
realizada de duas a três vezes por semana e pode auxiliar na queda dos efeitos do
estresse do dia-a-dia e no aumento da sua qualidade de vida.
Conforme os alunos entrevistados ainda existem pouco conhecimento sobre
as práticas circenses no âmbito da escola em análise. Considerando o que diz
Bortoleto e Machado (2003) de que as artes circenses possuem uma relevância
elevada no âmbito educativo e as respostas dos alunos inquiridos, é possível
perceber que essa situação precisa ser modificada. Em primeiro lugar, Bortoleto e
Machado (2003) acreditam que a aplicação da arte circense no contexto escolar
permite o resgate e a oportunidade de apreciação das mais diversas formas de arte
possíveis e produzidas pela raça humana, daí se infere a sua importância. Deve ser
lembrado que as artes circenses promovem a socialização e também contribuem
para a convivência de seus envolvidos e desta forma pode desenvolver o apoio
mútuo e a confiança entre os alunos, pois em muitos exercícios, faz-se necessário o
incentivo dos parceiros, assim como sua ajuda para que se consiga atingir
determinado objetivo.
Dessa maneira, fica claro que a relativa importância para o assunto das artes
circenses deve ser levada em conta e até certo ponto é preocupante, pois essas
atividades, segundo Ferreira (2006) são essenciais para o desenvolvimento integral
do aluno e o auxiliam a vencer suas próprias dificuldades. Além disso, os alunos,
conhecendo o circo, mesmo que superficialmente, poderão entender que os
profissionais que trabalham ali, treinam muito e têm no circo sua fonte de renda e
por isso, são dignos de merecimento. E não é só isso, a contribuição das atividades
circenses para os alunos fazem com que eles tenham a possibilidade de adquirir um
maior domínio, além de ser útil para se conhecer as modificações na organização e
composição do circo ao longo da história.
No item Malabares, os alunos demonstram relativa importância para o
assunto, mas existem alunos que são indiferentes. Quanto aos aparelhos de arte
circense, existem alunos que consideram de regular importância, mas muito têm
interesse em manipular esses materiais. Seria importante que os alunos
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conhecessem melhor o significado de malabarismo e os aparelhos de arte circense
e sua aplicação, pois segundo Ayala (2008) servem para desenvolver a destreza na
manipulação de objetos e os aparelhos são essenciais para treinar o controle do
equilíbrio, capacidade física, entre outros.
As atividades físicas que mais se destacaram foram jogos e brincadeiras,
esportes coletivos, lutas, artes marciais e danças. No constructo escolar essas
atividades também contribuem para o desenvolvimento dos alunos e por isso, é
bastante positivo que os alunos se interessem por essas ações.
Dentre as experiências de atividades físicas vivenciadas pelos alunos, as que
mais se destacaram foram jogos e brincadeiras, esportes coletivos, lutas e artes
marciais e danças. A preferência por essas experiências deixa claro que os alunos
estão de acordo com Kunz (1994) por revelar que todas essas atividades físicas
servem para a realização e aperfeiçoamento de todas as capacidades do ser
humano. Por outro lado, muitos alunos acham que os esportes coletivos, esportes
individuais, atividades físicas na natureza e atividades físicas alternativas são pouca
importância, o que é lamentável, pois segundo Kunz (1994) elas também podem
contribuir para o desenvolvimento dos alunos.
Muitos alunos acham que os parques, praças, quadras, canchas, campos e
ginásios desportivos são muito relevantes para a prática da educação física, mas
não gostam de academias, salões e espaços naturais. Essas referências sugerem
que o convívio em grupo exerce uma influência considerável no comportamento dos
alunos, ou seja, eles são receptivos a esses locais desde que juntos com os outros.
CONCLUSÃO
O presente artigo teve como objetivo mostrar o resultado do desenvolvimento
de um Projeto de Pesquisa cujo objetivo foi o de utilizar a arte circense para
incrementar as aulas de Educação Física levado a efeito no Colégio Estadual
Paulina Pacífico Borsari, Bairro Guabirotuba, Área 09 (Cajuru), em Curitiba.
Ao longo do estudo percebeu-se que existe uma forte relação entre a saúde,
fatores psicológicos e sociais e a prática de atividades físicas entre os alunos, ou
seja, os alunos já conhecem os principais benefícios que essas atividades oferecem.
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Assim, não há marginalização da disciplina de Educação Física naquela escola, pois
os alunos já conseguem ver a plenitude que essa disciplina pode oferecer.
Considerando que a importância das práticas circenses no contexto da
educação física ainda é pouco conhecida entre os alunos daquela escola, há
necessidade de procurar novos caminhos para a transmissão do saber circense,
pois esse saber pode desenvolver a atenção, a motricidade, concentração,
coordenação motora entre outros.
Assim, apesar das atividades circenses ainda estarem pouco presentes na
escola em estudo, ela é mais uma importante ferramenta para os profissionais de
educação física, uma vez que é uma atividade diferente das outras, o que poderá
causar motivação nos alunos, especialmente quando se fala em desenvolvimento
das capacidades físicas, da lateralidade, concentração e outros conteúdos
explorados nas aulas da mesma.
REFERÊNCIAS
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