arte pará 2010

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29ª EDIÇÃO Museu Histórico do Estado do Pará Museu de Arte Sacra Museu da Universidade Federal do Pará Museu Paraense Emílio Goeldi FUNDAÇÃO ROMULO MAIORANA Belém – PA 2011

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Page 1: Arte Pará 2010

29ª EDIÇÃO

Museu Histórico do Estado do Pará

Museu de Arte Sacra

Museu da Universidade Federal do Pará

Museu Paraense Emílio Goeldi

FUNDAÇÃO ROMULO MAIORANA

Belém – PA

2011

Page 2: Arte Pará 2010

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Lucidéa Maiorana Presidente da Fundação Romulo Maiorana

Contrastes unidos pela e para a arte

A 29ª edição do projeto Arte Pará, apresentado pela Fundação

Romulo Maiorana (FRM) sob curadoria geral de Orlando Maneschy e

curadoria da Sala Especial “Armando Queiroz” dirigida por Marisa

Mokarzel, é o resultado de um trabalho de equipe que cumpre seu

compromisso de contribuir para a divulgação e o conhecimento da arte

contemporânea.

Os 57 artistas escolhidos provêm de horizontes diferentes e os

caminhos trilhados são necessariamente contrastados assim. A

exposição possui uma dimensão subjetiva e bem diversificada, bem

marcadas na sua diferença em várias direções - característica que

pontua a trajetória do Arte Pará, sempre possibilitando que o artista

experimente mais, participe mais.

Deixo aqui os meus mais sinceros agradecimentos às empresas

Supermercado e Supercenter Nazaré, Escola Superior da Amazônia

- Esamaz, UNIMED Belém e MARKO Engenharia, que nos ajudaram

a fortalecer a realização desta edição com compromisso social e

sensibilidade. Este ano, contamos ainda com o Apoio a Festivais de

Fotografia, Performances e Salões Regionais – FUNARTE, que integra

assim o Arte Pará numa comunhão nacional.

E assim, a Fundação Romulo Maiorana (FRM) vem permitindo

que nomes e momentos relevantes da arte brasileira sejam mais

bem estudados e redimensionados por aqueles que já conhecem, e

principalmente, apresentados ao público mais jovem de modo compatível

com sua real importância. Vem reafirmar, com mais esta edição, sua

alegria em aproximar a comunidade paraense da arte e da cultura.

Page 3: Arte Pará 2010

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Às vésperas do Círio de Nazaré do ano de 1982, o jornalista Romulo

Maiorana fez, através da Fundação que leva seu nome, o primeiro Arte

Pará ao reunir artistas visuais do Estado em uma grande exposição.

A partir de sua 6ª edição, em 1987, coube a mim levar o trabalho

adiante pela Fundação Romulo Maiorana (FRM), um sonho trabalhado

e moldado com ajuda de muitas mãos. Hoje em sua 29ª edição,

verificamos caminhos de transformação e confirmação do Arte Pará no

cenário das artes nacional.

Dessa forma, a Fundação concebe em quatro conceituados museus

- Museu Histórico do Estado do Pará (MHEP), Museu de Arte Sacra

(MAS), Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e Museu da Universidade

Federal do Pará (Mufpa) -, além do espaço da cidade, a exposição que

reúne o ponto de vista de 57 artistas, dentre convidados e selecionados

do âmbito local, nacional e internacional, num coletivo em que cada um

deles apresenta sua visão própria, singular em constante movimento.

O curador do projeto, Orlando Maneschy, ao desenhar o conceito

do projeto para este ano, traz a reflexão sobre as transformações que

ocorrem nas organizações sociais da arte e no planeta, viabilizando

amplificações dessas modificações no território da cultura.

Ressaltamos o patrocínio de empresas como Supermercado e

Supercenter Nazaré, Escola Superior da Amazônia – ESAMAZ, UNIMED

Belém e Marko Engenharia, que nos permitiram a viabilização desta

edição numa iniciativa de atuação em redes de cultura, que é uma

postura louvável no campo social, político e cultural.

Este ano, a Fundação Nacional de Artes - FUNARTE integra a

parceria com a FRM para realização do evento num caminho de

comunhão onde o circuito institucionalizado da arte ganha na mediação

do conhecimento artístico e cultural.

Destacamos ainda o apoio da Mendes Publicidade, da Sindicato das

Empresas de Transportes de Passageiros (Setrans-Bel), que auxiliou

no projeto O Liberal na Escola. Sabemos que, em tudo o que diz respeito

à cultura e à educação, os méritos são coletivos.

Abro aqui um especial espaço para o projeto educacional que, na

nossa diretoria, tem um foco bem determinado desde o início do Arte

Pará e que, no percurso, graças ao trabalho da nossa curadora da Ação

Educativa, Vânia Leal, preocupou-se igualmente com a importância

do público, organizou cursos, palestras, oficinas, além de trocas

interinstitucionais.

Neste segmento, registro meu reconhecimento pelo empenho de

toda a equipe da Fundação Romulo Maiorana, a equipe de montagem,

curadores, educadores, artistas, universidades, instituições, jurados,

infraestrutura, designers e aos companheiros das Organizações

Romulo Maiorana (ORM) pela lealdade e dedicação. Assim, a todos que

estiveram e estão conosco, construindo a história do Arte Pará, o nosso

agradecimento por tudo o que tornou possível esta 29ª edição.

Roberta MaioranaDiretora Executiva da Fundação Romulo Maiorana

ANDRéA FACCHINIPrêmio Aquisição

Niterói-RJ

Onde você sempre quis estarda série ficções Desenho | 2010

Um coletivo de singularidades

Page 4: Arte Pará 2010

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Os salões têm tido, historicamente, um papel decisivo na inserção,

divulgação de obras, artistas e espaços, sem deixar de mencionar na

divulgação da própria cidade onde acontece o evento.

O Arte Pará se insere nesta categoria como um salão contemporâneo

que engloba uma diversidade de propostas com suportes e técnicas

variadas. Dessa forma, o evento desenvolve uma decisiva função na

divulgação e apresentação de forma prospectiva, na maioria dos casos,

no que se refere à apresentação de jovens artistas nacionais. O caráter

prospectivo do Arte Pará tem garantido a projeção e participação de

artistas que, a partir da exibição de seus projetos no evento, têm tido

uma projeção no cenário artístico nacional e internacional. Coloco-me

dessa forma por ter acompanhado durante anos o Arte Pará e por tido

o privilegio de participar, como membro do júri no processo de seleção

e de premiação, da última edição, em 2010.

A indiscutível qualidade dos projetos avaliados, o profissionalismo

e competência das equipes responsáveis pela produção, lideradas

pela Fundação Romulo Maiorana (FRM), que tem Roberta Maiorana

como presidente, formam um panorama de primeiríssima qualidade. O

Arte Pará se situa num patamar de eficiência e resultados à altura de

qualquer outro evento artístico cultural que se proponha a consolidar e

desvendar qualitativamente o melhor da produção estética e visual na

área das artes visuais no Brasil.

A solidez e o reconhecimento do Arte Para transparecem na

quantidade significativa de inscritos nesta 29ª edição. Foram projetos

de todas as regiões do Brasil. Propostas que mostram um caudal

significativo de nova safra artística. Jovens criadores e propostas

inovadoras que põem em evidência o importantíssimo lugar que o

projeto ocupa no cenário artístico nacional.

Arte Pará. Arte fazendo ARTE

Andrés I. M. HernándezMembro dos júris de premiação e de seleção do 29º Arte Pará

Como mencionado anteriormente, somente é possível o êxito do

evento pelo alto nível de organização, dedicação e profissionalismo dos

profissionais envolvidos no projeto. Isto pode ser percebido em todo o

processo, desde a confecção do edital à seleção dos membros dos júris

de seleção e de premiação, e no resultado das exibições dos trabalhos

em diferentes espaços da cidade de Belém.

O intercambio cultural que o Arte Pará possibilita não se reduz

à apresentação das obras, mas se irradia no intercâmbio entre os

membros dos júris, entre os artistas, entre os artistas e o júri, e entre

todos os profissionais da Fundação e os contratados, o pessoal dos

espaços onde são expostas as obras... Os debates em torno do evento e

dos trabalhos pelos diferentes espaços da cidade fazem com que o Arte

Pará seja responsável pela formatação de uma festa cultural na cidade

onde, além do meio artístico, o publico em geral tem a possibilidade

de desfrutar de ARTE. E com o suporte do aspecto educativo e da

divulgação do evento.

Destaque especial para o trabalho educativo pedagógico que torna

o Arte Pará contribuinte da consolidação do papel da arte na sociedade

e da disseminação da importância da mesma em um contexto geral

e de experiências artísticas e/ou estéticas - a par dos desafios

contemporâneos dados na tensão das obras em exposição e dos

suportes e espaços que as recebem.

A relação e as possibilidades de intercâmbio entre artistas

consagrados, que participam como convidados, e jovens artistas, que

se inscrevem por edital e participam após selecionados, possibilita

formatar um panorama das diferentes etapas pela qual transita a

produção artística no Brasil, contribuindo à consolidação do Arte Pará

como um dos eventos mais importantes no cenário artístico nacional.

RODRIGO FREITASGrande Prêmio

Belo Horizonte – MG

Paisagens de Inverno da série variações sobre o mesmo abandono

Livro de pintura | 2009

Page 5: Arte Pará 2010

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O século XX criou um fluxo de informações jamais experimentado anteriormente na cultura

ocidental. De viajantes sonhadores em busca de novas descobertas às crises estruturais que

abalaram o mundo, conhecimentos, bens de consumo, pessoas circulam pelo globo estabelecendo

novos contatos, influências e miscigenações. Os centros de atenção vão mudando na velocidade

das transformações sócio-culturais, concebendo novas lógicas para o capital.

Há uma polifonia de centros e faz-se necessário navegar pelas bordas. E a arte tem sido

catalisadora dessas reverberações, refletindo transformações que ocorrem nas organizações

sociais e no planeta, viabilizando amplificações dessas modificações no território da cultura,

movimentando setores distintos da sociedade.

A oscilação está na vida, está no mundo – das placas tectônicas, que nos lembram que a terra

está em movimento contínuo, aos lugares das trocas sociais, que são reinventados a cada segundo

-, com o afluxo de dinâmicas relacionais que favorecem a invenção de outros espaços de contato,

provocando mudanças, com novas regras de civilidade, em processos de realocação social.

Em meio a conquistas diversas, no espaço da arte a autonomia em relação ao lugar é um

dos grandes avanços daquele século. A arte transforma os espaços, vai de encontro à natureza,

subverte o cubo branco, constitui territórios particulares, específicos para existir no mundo.

Por meio da arte temos a possibilidade de estabelecer mediação com o outro, conceber

pontos de contato, de contágio, de troca, propiciando ricas experiências que reinventam relações

e ultrapassam o espaço instituído, ganhando a rua para viabilizar a existência de ambientes

transitórios, autônomos, de liberdade e potência.

São nesses lugares que queremos pensar, lugares em que essas relações se dão, ambientes

em que nossas trocas são construídas, referências acionadas: espaço aberto, terreiro social,

campo de relação em que nossos tambores tecnotrônicos são ativados, o contato estabelecido, em

que o contágio, a miscigenação cultural se dá, porque na arte construímos espaços de liberdade,

somos antropófagos e a terra, treme.

A terra treme; Treme Terra

Orlando ManeschyCurador do 29° Arte Pará

“Artistas são os melhores sismógrafos sociais... [eles]

trabalham por conta própria. Lidando com [suas] tentativas de

fazer um mundo para sobreviver...e viver [suas] obsessões.”

Harold Szeemann’s

Hall de entrada do Museu Histórico do Estado do ParáBelém-PA

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Museu Histórico do Estado do Pará

Integrado ao Sistema de Museus e Memoriais, o Museu Histórico do

Estado do Pará (MHEP) reune em seu acervo exemplar de natureza, épocas

e estilos diversos, estando os objetos agrupados nas mais diferentes

categorias. No térreo, duas salas para exposições de curta duração: Antonio

Parreiras e Manoel Pestana. O MHEP está localizado no Palácio Lauro Sodré,

na Praça Dom Pedro II, s/n, Cidade Velha, tels.: (91) 4009-8838 / 4009-8840.

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No Museu Histórico do Estado do Pará-MHEP concentraram-se proposições as mais variadas.

Logo na entrada, encontramos a escultura em bronze de Flávio Cerqueira. Ela convida o observador

a adentrar ao ambiente, mas, na verdade, indica o espaço entre dois corpos, como aponta o título:

Tudo entre Nós. E é assim que buscamos construir essa curadoria, visando trazer à tona o que

pode acontecer, irromper entre seres, territórios, no intervalo possível de existência.

Logo na primeira sala, apresentamos fotografias que lidam com o espaço e constituem

dimensões para o corpo. Elza Lima, com as fotos da série Quem te Ensinou a Nadar cria delicadas

composições que revelam a afinidade do amazônida com a água. Construídas pela justaposição

de diversos quadros, as imagens versam sobre a intimidade do nativo com o elemento e nos leva

a observar o quanto nos relacionamos com as águas, com os rios. Já Anita de Abreu Lima, com

as fotografias Ainda Queria Falar das Flores, parece convidar o visitante a perceber as questões

pictóricas presentes na ordenação a partir de plantas e paredes de casa. Há ali um princípio

organizacional instável, irradiando na paisagem elaborada. Ainda discutindo a paisagem, na

pintura lê-se: Vendo Alugo Apropriações, obra da série Dealer, de Osvaldo Carvalho. O artista

apropria-se do lado comercial do espaço urbano para fazer uma crítica pontual ao sistema das

artes. Também nessa chave da crítica elaborada com inteligência, Keyla Sobral apresenta três

desenhos. Métodos de Vingança I: Jogar Teus Livros no Fogo; Métodos de Vingança II: Quebrar

Teus Óculos ao Meio e Métodos de Vingança III: Rasgar Teu Dossiê do Arte Pará. Com refinamento

e bom humor a artista fala a um sujeito específico, mas revela questões universais presentes nas

relações humanas e ainda brinca com o impacto que seria a um artista ter seu dossiê destruído

no momento da inscrição do evento.

Ainda nesta primeira sala, o corpo em transmutação aparece nos vídeos Pequena Tentativa

Desvanecente e Como Digerir Lembranças, de Diego de Los Campos, em imagens instigantes

e tensas, de ações performativas dirigidas à imagem. Já na vídeo performance O Artista, A

Chapeuzinho e O Pônei, (Prêmio Aquisição), de Cleantho Viana, cenas surreais parecem ocorrer

em um morro carioca, no qual, sobre uma espécie de “tapete mágico” ou um campo que se

expande a outra dimensão, pela imagem em espiral que se apresenta nesse piso, desfilam

personagens insurgentes. No centro dessa primeira sala, outra escultura de Flávio Cerqueira,

Ex Corde, em que o personagem da escultura tem um buraco no lugar do coração. A solidão

pode ser um dos grandes males, um dos temores mais recorrentes na humanidade. Daquele

ponto se vislumbra a sala seguinte, que abre com a imagem do artista convidado, Hidelbrando de

Castro, Missing Person, em que um coração pulsa. E diante desse fato inesperado, uma fotografia

A força da arte

FLáVIO CERQUEIRA Guarulhos-SP

Tudo entre nósEscultura/pintura eletrostática sobre bronze | 2010

Ex cordeEscultura/pintura eletrostática sobre bronze | 2010

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ANITA LIMA Belém-PA

Ainda queria falar de flores III, II e IFotografia | 2009/2010

ELzA LIMA Belém-PA

Série Água Quem te ensinou a nadar? Fotografia | 2010

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KEyLA SOBRAL Belém-PA

Métodos de vingança I, II e IIIDesenho | 2010

OSVALDO CARVALHO Niteroi-RJ

Sem título - da série DealerPintura | 2010

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DIEGO DE LOS CAMPOSFlorianópolis-SC

Sobre como digerir uma lembrançaVídeo | 2009 Pequena tentativa desvanecenteVídeo | 2010

CLEANTHO VIANA Prêmio aquisição Rio de Janeiro-RJ

O artista, chapeuzinho e o pônei Vídeo performance | 2010

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HILDEBRANDO DE CASTROArtista Convidado São Paulo - SP

Missing person Fotografia Lenticular | 2009

Acervo Galeria Laura Marsiaj

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pulsante, imagem lenticular, somos tomados de assalto. Não há saída, a não ser nos deixarmos

preencher pelo chamado, pela pulsação surpreendente que a arte parece a todo instante nos

convidar. Sim, a terra, treme, o sangue corre e pulsa nas veias, e estamos vivos e pulsantes.

Nesse espaço temos a obra de Carolina Ponte, que constrói, com croches e pequenos objetos,

uma trama que se estabelece entre escultura e pintura, com volumes no ambiente. Letícia Rita

apresenta desenhos de um corpo feminino em suspensão. O desenho, enquanto gesto, aponta

para a performance e para a relação desse corpo - apropriado de fotografias de bondage retiradas

da internet -, em tensão para discutir a sua liberdade. Também é o corpo do artista que se faz

presente nas fotografias de Flávio Lamenha, quando o autor aparece inserido no campo fotográfico

em diversas posições. O detalhe é que os lugares em que são captadas as cenas são exposições

de outros artistas e aí se revela uma particularidade significativa para a obra: Lamenha também

tem atuado como exímio fotógrafo de obras de arte, apropriando-se dessa experiência no seu

fazer artístico.

Sinval Garcia se detém em objetos encontrados em situações públicas para montar sua obra

em forma de um grande painel de imagens. Na sua série Encontros – Coleção Belém – PA ele

apresenta um conjunto de objetos nos quais observa uma situação, uma condição estética, para

apontar sua câmera e subtraí-los da realidade. O artista vê algo de especial naquela situação

com a qual se depara, e percebe existir ali algo que rompe com o comum. é também fruto de

um encontro, no percurso da viagem de ônibus entre a Rodoviária de Porto Alegre e Belém, que

a obra de André Venzon se delineia, feita no diálogo com os viajantes. O artista instiga estes a

escolherem entre dois carimbos para terem impressos em seu corpo uma das frases: “a terra

é meu corpo” e “a cidade é o meu corpo”. A partir daí, Venzon vai colecionando imagens para

apresentá-las em uma instalação performativa, na qual o visitante pode tanto observar o que

ocorreu, quanto carimbar uma das frases em si. Subvertendo as relações entre tempo e espaço,

Rodrigo Cass (Terceiro Prêmio) cria uma instalação em que a medida tempo (Meditação Sobre

Um Tridimensional Iluminado) é o mote para a obra. No trabalho, trenas giram relógios medindo

a passagem do tempo. Além desta obra, o artista ainda apresenta Óleo Sobre Tela, um objeto

televisivo, e que em seu interior, a imagem que se vê é de um líquido ao fundo da tela. E a ironia se

faz presente novamente, tal qual em O Mundo Justificado, alinhado à direita, centralizado, alinhado

à esquerda, de Ângela Detanico e Rafael Lain, vídeo em que os artistas convidados desmontam

o mapa-mundi para falar de política global. Nesse ambiente, ainda encontramos as obras de

Alberto Bitar, capturadas na velocidade do olho passante na estrada e que nos mostram uma

paisagem líquida, em transformação. Pensando e modificando formas, Barrão, artista convidado,

constrói uma escultura a partir de canecas de cerveja e durepox, O Caneco é Nosso!, em que o

humor é instaurado ao se falar da paixão do brasileiro pelo futebol.

CAROLINA PONTESalvador-BA

Sem títuloInstalação de paredeEscultura de crochê | 2010

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LETíCIA RITASão Paulo – SP

A liberdade nem sempre está em poder voar Instalação de parede | 2009

FLáVIO LAMENHA São Paulo-SP

Vieira Fotografia | 2008

Solá gallery Fotografia | 2008

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SINVAL GARCIA São Paulo-SP

Encontros - coleção Belém - PA Fotografia/instalação | 2009/2010

RODRIGO CASS 3 prêmio

São Paulo-SP

Meditação sobre um tridimensional iluminado Instalação | 2010

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RODRIGO CASS São Paulo-SP

Monitor de televisão, óleo, lâmpada, circuito elétrico e suporte de metalÓleo sob tela | 2010

ANDRé VENZON Porto Alegre-RS

A cidade é o meu corpo 1Fotografia | 2009

A terra é o meu corpo 1Fotografia | 2009

A cidade é o meu corpo 2Fotografia | 2009

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ANgELA DEtANICO E RAFAEL LAIN Artistas ConvidadosParis - França

O Mundo Justificado, alinhado à direita, centralizado, alinhado à esquerda Animação | 2006

Acervo galeria Vermelho

BARRÃOArtista ConvidadoRio de Janeiro - RJ

O caneco é nosso!Cerâmica e durepox | 2007

Acervo Galeria Laura Marsiaj

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ALBERTO BITAR Belém - PA

Sem título, da série Efêmera Paisagem Fotografia | 2010

Sem título, da série Efêmera Paisagem Fotografia | 2009

Sem título, da série Efêmera Paisagem (díptico)Fotografia | 2009

MURILO RODRIgUES Prêmio AquisiçãoBelém - PA

Black Bird II vídeo instalação | 2010

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Black Bird II (Prêmio Aquisição), de Murilo Rodrigues, é uma vídeo instalação concebida para

um lugar específico do MHEP, e apresenta um violinista acorrentado tocando a música homônima

dos Beatles. Confinação, dor, busca pela liberdade são alguns dos motes presentes nessa obra

instigante do jovem artista paraense. Também operando em torno de questões de liberdade,

corpo, natureza, a obra de Angela Conte versa sobre o humano, com seus dilemas e desejos,

entre paisagens-passagens. Nessa sala, outras obras discutem a relação entre paisagem, limites

e tempo, como nas pinturas de Manoel Novelo, que definem espaços, que remetem à arquitetura,

em áreas delimitadas, mas que são subvertidas por formas abstratas. Já Pedro David, em

suas fotografias da Cartografia do Infinito, da série Impureza, constrói uma imagem a partir de

vários pontos de vista de uma determinada área definida, desdobrando esta, constituindo um

entendimento espacial enquanto imagem. Há, nesse procedimento uma ênfase no desenho, e

este, que se apresenta no ambiente, só existe como o vemos, como imagem. é ela que potencializa

a multiplicidade de percursos. Também, trabalhando com o desenho, Marinaldo Santos revigora

elementos da história para refazer possíveis momentos, encontros. Nesse ambiente, mais uma

pintura de Osvaldo Carvalho irá pontuar criticamente as relações na arte, lembrando-nos sempre

de refletir sobre os papéis que desenvolvemos. E são encontros possíveis que vemos aqui, como

na obra do artista convidado Nazareno, que revela a fragilidade do sujeito frente às dificuldades do

cotidiano. Na fotografia do objeto empunhado, o soco inglês, confeccionado em prata, apresenta-

se gravado com a inscrição: “Agora eu só estou contra você”, (título do trabalho). Este comunicado

se desfaz com a segurança do politicamente correto instaurado no campo social em que nos

sentimos seguros. Com a obra, o artista assume uma posição direta de oposição, revelando jogos

de poder e a coragem de se colocar, de romper com o outro, com aquele que possivelmente

oprime. Há uma disposição explícita para o confronto.

Operando com um amplo aspecto da violência, Armando Queiroz, artista convidado e

homenageado do 29° Arte Pará, traz obras em todos os espaços do evento. Aqui, duas instalações

marcam a violência imputada aos povos indígenas. Em Cântico Guarani, Queiroz constitui uma

instalação escura, com uma luz difusa, em que o visitante precisa penetrar para perceber o que

há ali. No espaço, redes negras pendem do teto e remontam a processos de auto violência que

determinados índios se impõem na ausência de perspectivas de vida na tribo. Há um doce odor que

toma conta da sala, tal qual flores, e certo avinagrado, que sutilmente invade as narinas do visitante.

Potentes, os trabalhos de Queiroz, curados por Marisa Mokarzel, falam, de forma inteligente da

violência velada, como na instalação sonora que ocupa a capela do museu, Tupambaé, em que

o artista se apropria das vozes de crianças guaranis coletadas na internet, para tomar conta do

ambiente branco e vazio apenas com o som dos cantos infantis. Essas canções são as que as

crianças índias entoam ao esmolar em sua região. é com cuidado e dignidade que o artista aponta

para um grave problema social.

ANGELLA CONTESão Paulo - SP

EssênciaVídeo | 2009

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MANOEL NOVELLO Rio de Janeiro-RJ

Paisagem da Ilha Pintura acrílica sobre tela | 2010

Sobre a Terra dos Coqueiros Pintura acrílica sobre tela | 2010

Sobre a Terra dos Coqueiros 2Pintura acrílica sobre tela | 2010

PEDRO DAVID Nova Lima-MG

Cartografía do Infinito (políptico da série Impureza)

Fotografia | 20009/2010

Page 20: Arte Pará 2010

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MARINALDO SANTOS Belém-PA

Escalação cartas de defesa Mista | 2010

NAzARENO Artista ConvidadoSão Paulo - SP

Agora eu só estou contra vocêFotografia sobre papel | 2000/2010

Page 21: Arte Pará 2010

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Outra obra de forte caráter político é O Ovo e a Galinha (Prêmio Aquisição) de Victor de La

Rocque, que num desdobramento do projeto Gallus Sapiens, (Grande Prêmio de 2008) traz

para dentro da exposição uma instalação em que coloca um ovo para ser chocado. Partindo

da clássica pergunta, – “o que veio primeiro, o ovo ou a galinha? “-, La Rocque irá discutir

questões existencialistas em que se utiliza da metáfora do galo para criar metáforas da vida e

de sua simplicidade e magnitude, prenhe de todas as promessas. O ovo eclodiu durante o Arte

Pará, anunciando a potência da arte enquanto força de vida. Valéria Coelho também propicia

questionamentos entre tempo e vida com suas instalações em que adesiva frases na cidade. Por

que o que vivi aqui tem resto de esquecimento? Esta obra encontra-se na entrada da sala em que o

ovo de La Rocque foi germinado. A artista propôs obras que dialogassem com lugares específicos

e ativassem os conteúdos presentes na história desses lugares. O Cheiro da Tua Carne Ainda

está Aqui, proposição para o Mercado de Carne e a frase Daqui, em 1976, acenei para você, fixada

no Solar da Beira, na feira do Ver-o-Peso. Nessa sala uma forte relação com experimentação se

manifesta, como nas fotografias de Adriana Maciel, que com suas imagens da série Sertão falam

do interior, dos espaços habitados, da construção da vida e do tempo inscrito nos lugares. Jorane

Castro, artista convidada, no vídeo íntima Paisagem, convida via internet pessoas de várias partes

do mundo a captarem e reenviarem suas paisagens vistas da janela, filmando em celular ou

câmera digital, compartilhando seus olhares. O trabalho surgiu a partir da edição das respostas

dadas por essas pessas, constituindo um sensível fluxo de experimentações diante da paisagem.

Tomaram parte com a aritsta: Andréa Cals, Carlos Barretto, Fabio Hassegawa, Fernanda Martins,

Fernando Hage, Juan Zapata, Jorge Luquín, Johanna Mercer, Josynaldo Ferreira, Lilian Bado,

Luciana Magno, Mariana Lopes, Pablo Ramírez Durón, Pedro Rodrigues, Stephen Dean Thaysa

Oliver e eu mesmo, que não pude resistir ao generoso convite, que revela aspectos de Belém,

Campinas, São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro (Brasil), Buenos Aires (Argentina), Caiena

(Guiana Francesa), São Francisco, Chicago, Nova Iorque, (Estados Unidos), Tacubaya, Naucalpan

(México), Londres (Inglaterra), Paris (França), Twin Islands, Indian Arm, North Vancouver (Canadá).

Jimson Vilela exibe seus cadernos de desenhos, O Livro do Encontro, A Procura de Horizontes

e 3 Cegos, em que desenhos e palavras, apagamentos e rasuras falam de desistências, esperas

e dores por meio de um desenho vigoroso de intensa carga conceitual. Também potente, a

proposição de Igor Vidor, a performance Mais Um Dia em Belém, traz o artista à cidade com

a proposição de permanecer pelo tempo em que tiver alguém que lhe aceite como hóspede.

Vidor circula da perifeira ao centro, estabelecendo relações, pondo-se em cheque e sente uma

transformação interna com sua passagem por Belém. Do Una a Nazaré, Vidor constitui laços,

trocas sensíveis e debates críticos. Encontra desconforto, se depara com seus medos e percebe-

se mudado, como em seu depoimeto aponta: “certamente o posicionamento mais importante

VICTOR DE LA ROCQUE Prêmio aquisição Belém - PA

O ovo e a galinha Instalação | 2010

Page 22: Arte Pará 2010

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VALéRIA COELHO São Paulo-SP

PsicografiasInstalação | 2010

JORANE CASTRO Artista ConvidadaBelém - PA

íntima Paisagem VídeoSetembro e outubro de 2010

Foram enviados convites pela internet à diferentes pessoas, em diferentes cidades e países, para que elas/eles compartilhassem a vista de sua janela filmando com uma câmera digital ou um celular. Este trabalho é a resposta em vídeo a este convite.Com a colaboração de (em ordem alfabética):Andréa Cals, Carlos Barretto, Fabio Hassegawa, Fernanda Martins, Fernando Hage, Juan Zapata, Jorge Luquín, Johanna Mercer, Josyn-aldo Ferreira, Lilian Bado, Luciana Magno, Mariana Lopes, Pablo Ramírez Durón, Pedro Rodrigues, Orlando Maneschy, Stephen Dean Thaysa Oliver.

Lugares: Belém, Pará, Buenos Aires, Argentina, Campinas, São Paulo, Caiena, Guiana Francesa, Chicago, Illinois, Estados Unidos, Naucalpan, México, Nova Iorque, Estados Unidos, Londres, Inglaterra, Paris, França, Porto Alegre, Brasil, Rio de Janeiro, Brasil, São Francis-co, Califórnia, Estados Unidos, São Paulo, Brasil, Tacubaya, Cidade do México, México,Twin Islands, Indian Arm, North Vancouver, Canadá.

Page 23: Arte Pará 2010

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JIMSON VILELA Rio de Janeiro-RJ

O livro do encontro (168 páginas)Objeto | 2010

A procura de horizontes (124 páginas)Objeto | 2010

3 cegos (64 páginas)Objeto | 2010

ADRIANA MACIEL Rio de Janeiro-RJ

Série sertão n°1, n°3 e n°2 Fotografia | 2009

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pra que esse embate fosse horizontal seria eliminar qualquer tipo de olhar colonizador, ou pelo

menos não me prestar a olhar SOBRE, na verdade somente o “olhar” aqui não seria suficiente,

não tratava-se da capacidade “retiniana”. (...) é sobre a condição de afetividade que as relações

se desenvolveram, tornando aquilo que inicialmente se apresentou como zona de desconforto em

afeto e cordialidade, identificando fronteiras, mas que não as tornou barreiras, invadindo e sendo

invadido pela privacidade alheia. Os corpos suam, sem medo de repreensão, os abraços são

molhados, e fui assim convidado a me predispor por uma esfera afetiva, inventiva e apaixonante,

ao embate com os corpos, o clima, o lixo, o trânsito, o rio, os olhos”. O artista se desapegou de

suas convenções, se permitiu viver e estar na cidade e estar no mundo virou o trabalho.

Do embate com as situações sociais surge a video-performance Cafetinagem, de Bruno

Cantuária, Luciana Magno e Ricardo Macêdo: uma performance no centro da cidade em que

mulheres de máscaras de monstro e de lutador de luta-livre mexicana realizam uma ação

em torno do consumo e da identidade, relacionando vida, corpo, arte, concebendo uma ação

instigante e potente. Nesse ambiente também se vêem outras obras de Osvaldo Carvalho e de

Flávio Cerqueira, e deste último, O Invisível, é uma escultura em bronze de dimensão pequena

em que um sujeito “barrigudinho” tem um saco sobre a cabeça, falando sobre o esvaziamento

e solidão. Já Fernando Limberger, com seus Abraçadinhos propicia a manipulação entre os

objetos, sugerindo o estabelecimento de relações entre eles. Louise D.D. após descobrir que

suas obras enviadas ao Arte Pará haviam sido furtadas com ocaminhão dos correios, envia o

documento de envio do Sedex, o histórico do trânsito do objeto nos Correios e um cartaz dos

objetos desaparecidos, lidando com as circunstâncias e transformando um fato nefasto em arte.

José Hailton apropria-se de retratos de familia, imagens sacras e profanas para elaborar objetos

em que a relação pictórica se faz presente. Lançando mão de linguagens distintas, Regina Parra,

apresenta o video Travessia (ou sobre la marcha) e a pintura Eldorado II. Nas obras a artista fala

do espaço e do registro da ação, da similaridade entre pintura e vídeo, criando um campo de

interrelação, tendo como base imagens apropriadas de câmera de vigilância.

Ena Lautert cria uma escultura e uma instalação em que se vêem grandes pedras brutas

dispostas em uma rede fina de pesca. Há uma sugestão de tensão entre peso e fragilidade na obra

que é posicionada numa passagem do museu, bem acima das cabeças. Provocando a percepção

sobre a gravidade, as rochas de papel de Lautert parecem ser o que não são e conclamam o

observador a tentar decifrá-las, tal qual as imagens de Flora Assumpção, que com suas Serpentes

de Prata, imagens de objetos escultóricos exibidas como lambe-lambe interferem no espaço

subvertendo a ideia do objeto, enquanto imagem.

IGOR VIDOR São Paulo-SP

Mais um dia em Belém Performance | 2010

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FLáVIO CERQUEIRA Guarulhos-SP

O invisível Esculturapintura eletrostática sobre bronze | 2010BRUNO CANTUáRIA, LUCIANA MAGNO E RICARDO MACêDO

Belém - PA

CafetinagemVídeo | 2010

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LOUISE D. D. Rio de Janeiro-RJ

Dor e febre Objeto | 2009

Carne vermelha (série)Objeto | 2010

Original e cópiaObjeto | 2009

JOSé HAILTON Belém-PA

Casa I, II e IIIPintura | 2010

FERNANDO LIMBERGER São Paulo-SP

Abraçadinhos III, I e II (versão 1)Cabaças pintadas | 2003

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ENA LAUtERt Porto Alegre-RS

S/títuloInstalação

REGINA PARRA São Paulo - SP

Eldorado IIÓleo e cera sobre papel | 2010

Travessia (ou sobre a Lamarcha) Vídeo | 2010

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RICARDO MACêDO Belém-PA

Relações intercambiáveis Instalação | 2010

FLORA ASSUMPÇÃO São Paulo-SP

Serpentes de prata VI, VInstalação | 2010

Serpentes de prata IIInstalação | 2010(MUFPA)

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Orlando ManeschyCurador do 29° Arte Pará

Ricardo Macêdo, com suas Relações Intercambiáveis, estabelece uma proposição para

a abertura da mostra em que cria um site specific no jardim do museu com uma toalha de

piquenique, almofadas e um lanche vegetariano. Macêdo irá discutir o lugar da arte a partir de

vivências no espaço compartilhado, pensando o convívio como suporte artístico e a aceitação do

outro com suas diferenças. Após a abertura da mostra, a instalação adentra a sala de exibição e

agrega desenhos, bilhetes, que são fruto da ação educativa.

O Segundo Prêmio é o site specific Meta-Ver-o-Peso-Esquema, de Renato Chalu, localizado

na Feira do Açaí, que conta com um video feito naquele lugar inserido em uma escultura feita

com as caixas utilizadas pelos feirantes daquele entreposto. Chalu irá fazer uma sobreposição

da imagem da paisagem no próprio ambiente, desdobrando a ideia de escultura, que se monta e

desmonta a cada dia, já que a obra tem horário para funcionar, dentro do próprio ritmo da feira,

dialogando com seus habitantes e funcionários, emprestando a materialidade do lugar na sua

constituição instável, provisória, insólita.

São as mais variadas experiências artísticas de lidar/estar no mundo que vimos no 29° Arte

Pará. Nesta ação, que se inscreve na Amazônia, a arte ocupa um lugar que ultrapassa os limites

instituídos, fazendo com que este projeto assuma um papel singular na cena contemporânea

nacional, relacionando-se com experiências de vida e da própria existência, percebendo a

possibilidade de construir caminhos singulares na arte que se faz e se mostra na região.

RENATO CHALU 2º prêmioBelém-PA

Meta-ver-o-peso-esquemaInstalação | 2010

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ARMANDO QUEIROz Artista homenageado

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Armando Queiroz desde os anos 90 se destaca por um trabalho

denso que se detém nas questões específicas da arte e, ao mesmo

tempo, as envolve em distintos campos do conhecimento. O artista

conhece o lugar em que vive, sabe que se encontra em um espaço

delimitado por atuações de poder que reverberam na vida cotidiana do

cidadão. Atento, mergulha nas tensas condições daquele que vive na

Amazônia, conseguindo estabelecer em sua obra uma linguagem que é

entendida além da região, independente de cidade, país ou continente.

Seu trabalho deixa transparecer as relações entre subjetividades e uma

realidade de luta em que as contradições não impedem o respeito pelo

outro e o sentimento de pertencimento.

O simbólico representa o fato ocorrido, o imaginário que, no campo

da arte e pelas mãos do artista, transforma-se em uma poética que

remete à memória, ao esquecimento e ao incerto presente. O processo

curatorial ocorreu em parceria com o artista e elegeu três diferentes

espaços atravessados pela arte e pelas culturas silenciadas. Armando

Queiroz, concomitantemente, expôs no Museu Histórico de Estado do

Pará (MHEP), no Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e no Museu da

Universidade Federal do Pará (Mufpa).

Com uma percepção aguçada do mundo, no MHEP o artista nos

colocou diante de questões específicas, mas que ultrapassaram

territórios e nos conduziram à interrogações e à busca da compreensão

da nossa própria cultura e da cultura do outro. Duas obras formaram um

único cântico: Tupambaé (Parte de Deus) e Cântico Guarani. A primeira

ficou exposta no vazio da Capela do Museu e constituiu-se apenas pelos

sons de vozes infantis. Armando Queiroz discutiu o desvio cultural dos

cânticos indígenas que cumprem hoje um triste e involuntário destino.

Ao usar esses cânticos para esmolar, as crianças atraem os olhos dos

não índios e misturam-se aos ruídos. Tornam-se estranhas às terras

de onde vieram.

Na instalação Cântico Guarani, o artista propõe uma discussão sobre

os vestígios de uma cultura indígena de histórias interrompidas, cujos

cânticos emudeceram e o fio das falas partiu-se. Sem mais reconhecer

o rio no qual molhava seu corpo, o guarani não mais reconhece o outro,

não mais se reconhece. Em ato de profunda tristeza, impõe a si mesmo

o eterno silêncio. A voz é calada, se cala... para sempre.

O Museu Goeldi recebeu ymá Nhandehetama (Antigamente fomos

muitos), vídeo resultante da pesquisa realizada por Armando Queiroz

para o Prêmio Marcantonio Vilaça. Com o amigo Almires, de etnia

guarani, o artista montou um documentário-performance sem uma

direção pré concebida, apenas com uma idéia matriz. O depoimento

surge contundente, Queiroz torna visível aquele que costumam tornar

invisível. O tempo expandido e o silêncio intercalado entre a voz e as

mãos que pintam o rosto deixam rastros profundos e nos faz pensar

naqueles que foram muitos.

No Mufpa ficou uma obra concebida como um ritual, uma espécie

de happening. Desapego teve origem na obra Mirante (2005), feita

especialmente para o jardim do Museu da Universidade. Composta por

várias peças modulares, tornou-se móvel e mutante, podendo trocar

de lugar e de forma inúmeras vezes. Da mesma maneira que Keith

Arnatt, em 1969, realizou o Auto-enterro, em que o artista desaparecia

na terra, Armando Queiroz desapega-se da sua criação realizando o

enterramento da obra. Assim, cumpre o ritual do desaparecimento,

mas diferente de Arnatt, não é o artista que questiona a sua razão de

ser, existir, o que está em jogo é o objeto criado que se desmaterializa

e torna-se pura imagem.

Com o enterramento, o Mirante mergulhou à terra para ver o invisível

e brotar transformado. Durante o ritual, presenciou-se o nascer do dia:

o espetáculo foi a natureza. O cotidiano citadino logo teve início, sem nos

impedir de presenciar as trocas de memórias que marcaram o encontro

de tempos distintos. Os fragmentos, encontrados na escavação,

momentaneamente serviram de lençol à terra que acolhia o Mirante.

Naquele dia em que acompanhavámos o enterramento, sôou o som

dos pássaros e ele nunca mais saiu de nossos ouvidos. Tivemos certeza

que o efêmero marcou nossa memória pra sempre.

Armando Queiroz: Cântico dos corpos

Marisa MokarzelCuradora da sala especial “Cântico Guarani” – homenagem a Armando Queiroz

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ARMANDO QUEIROZBelém-PA

Tupambaé(Parte de Deus)

Instalação sonora | 2010

Armando Queiroz cria Tupambaé (Parte de Deus)

com os sons compostos por vozes infantis, por cânticos

entoados distantes ou na própria aldeia. Deslocados,

atraem os olhos dos não índios, misturam-se aos

ruídos, tornam-se estranhos ao lugar de onde vieram.

Para ver as imagens acessem os sites:

ARMANDO QUEIROZBelém-PA

Cântico GuaraniInstalação | 2010

http://www.youtube.com/watch?v=-

pdQyxr92U4&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=PzuDZydMnBM&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=74HnhdsJ5dI&NR=1

Page 33: Arte Pará 2010

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Museu de Arte Sacra

Integrado ao Sistema de Museus e Memoriais, o Museu de Arte

Sacra (MAS) é composto pela Igreja barroca de Santo Alexandre e

o antigo Palácio Episcopal, do século XVII. Apresenta um acervo de

imaginárias e objetos litúrgicos. No térreo, a Sala Augusto Fidanza, abriga

exposições de curta duração. O MAS está localizado na Praça Dom Frei

Caetano Brandão, s/n, Cidade Velha, tels.: (91) 4009-8800 / 4009-8845.

www.secult.pa.gov.br

Page 34: Arte Pará 2010

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Apresentar a Antropologia da Face Gloriosa na Galeria Fidanza, do

Museu de Arte Sacra-MAS é reafirmar a missão de uma fotografia que

se pensa de dentro, que incendeia o olhar do espectador ao capturá-

lo em sua visceralidade sacro profana, e lança-o em um turbilhão de

sensações para além da simples contemplação, conclamando-o ao

arrebatamento.

O carnaval talvez seja um dos últimos lampejos dos antigos rituais

pagãos da cultura ocidental e Arthur Omar mergulha com sua lente

lúcida a fundo, constituídas num corpo-a-corpo com um outro que nesse

momento do encontro está absorvido por tantos papéis, fantasias, num

processo ritualístico, como que num estado alterado de consciência e

o artista atinge, na intensificação desse estado, o ponto nevrálgico, o

êxtase da transcendência.

O olhar diligente de Omar se debruçou ao longo de anos para

constituir a série Antropologia da Face Gloriosa, da qual vemos um

recorte especial aqui, desvelando sete sujeitos em atitudes transitórias,

na velocidade da passagem ritualística. Mas o artista não se detém

apenas em apresentar o trabalho no museu, ele se lança no frêmito de

uma Belém em ebulição, em um período no qual milhões de pessoas

se direcionam à cidade para reencontrar amigos, cumprir promessas,

vivenciar o Círio de Nazaré em suas complexidades sacro-profanas. No

massa de pessoas que irrompem nas diversas procissões e festas, Omar

surpreende-se por outros êxtases, permite-se ser tomado por essa

experiência única e o trabalho vai além do apresentado, se desdobra

para o futuro.

Assim Omar, ao expor seu olhar em Belém, vivencia o estar no

lugar. São olhares, pequenos gestos de cumplicidade com o outro, com

o olho, com o corpo de quem se entrega ao mundo e vive, iluminado, o

tremor da existência.

O PROFUNDO E GLORIOSO DA FOTOGRAFIA Arthur Omar na espessura densa da imagem

Orlando ManeschyCurador do 29° Arte Pará

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ARTHUR OMAR Artista ConvidadoRio de Janeiro-RJ

A Menina dos Olhos da série Antropologia da Face GloriosaC-Print sobre alumínio

Rapto de Rosas e Apagamento Finalda série Antropologia da Face GloriosaC-Print sobre alumínio

Antropologia da Face Gloriosada série Antropologia da Face GloriosaC-Print sobre alumínio

Contra Todos os Sistemas Inclusive o das Sereiasda série Antropologia da Face GloriosaC-Print sobre alumínio

Intuições Atléticasda série Antropologia da Face GloriosaC-Print sobre alumínio

Leite Zulu Para a Harmonia Química Nacionalda série Antropologia da Face GloriosaC-Print sobre alumínio

Utilizando o Zero como Roda Acima do Profundo Céu Azulda série Antropologia da Face GloriosaC-Print sobre alumínio

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Parecia simples. Eu já admirava Belém à distância. Seria a oportunidade

de mostrar imagens seminais do meu trabalho, e também de fazer imagens

novas, pois a exposição coincidiria com o Círio de Nazaré. Finalmente, a série

Antropologia da Face Gloriosa seria vista num museu de arte sacra, como eu

sempre quis. Convivendo com estátuas barrocas e figuras de santos, todos em

êxtase, como os meus personagens carnavalescos. Perfeito. Meu último livro

havia sido sobre a Amazônia, a terra, o rio. Faltava o homem.

Acostumado ao carnaval, no que ele tem de imemorial e sagrado, eu

acreditava que meu olho e minha técnica fotográfico-antropológica seriam

capazes de identificar e dar conta facilmente do que ocorre no Círio. Eu já tinha

ouvido todas as histórias e todas as descrições desse evento fabuloso. Meu

desejo era agregar o resultado do Círio ao conjunto de faces que constitui a

Antropologia da Face Gloriosa, toda ela dedicada à glória do rosto humano em

estados alterados e sublimes, o rosto em transe.

Parecia simples. Como se em Belém eu fosse encontrar apenas variações

de um jogo universal que já conhecia e do qual eu havia desenvolvido a técnica

apropriada para apreender. O êxtase é o êxtase.

Mas eu não poderia contar com a surpresa que me esperava no Círio.

Quando se fizer a Enciclopédia do Rosto Brasileiro (onde se coletará não

apenas a diversidade das aparências físicas, mas a originalidade diferencial das

experiências possíveis e imagináveis), o rosto de Belém terá um capítulo à parte.

Esse rosto que se produz na alucinação somática do Círio de Nazaré enquanto

produto daquele instante glorioso. Porque não se parece com nenhum outro,

apartado de qualquer clichê ou ideia pré-concebida do que seja o êxtase.

Tudo isso me foi revelado num flash, e aconteceu logo nos primeiros

momentos do meu corpo-a-corpo com a multidão. E não era nem a procissão

do último dia. Comprimido, esmagado, atirado para o alto, eu não reconhecia

aqueles rostos de lugar nenhum, e meu próprio corpo, sob a pressão da muralha

humana à minha frente e atrás de mim, abandonou a posição de observador

para ser arrastado numa onda violenta que não havia experimentado antes,

dissolvido na umidade, na confusão de suores e no oceano de gritos onde havia

mergulhado. Olhos fechados, cabeças pousadas no ombro do caminhante da

Num instante, Belém

Arthur Omar Fotógrafo e artista convidado do Arte Pará 2010

frente, uma enorme pressão sobre a carne como se a alma fosse ser expelida

do grande bloco. Toda minha técnica fotográfica tinha que ser repensada,

refeita, deletada como um conjunto de fórmulas obsoletas. Novos gestos, nova

relação com o instrumento ótico, novos objetos visuais. E o rosto que aparecia

nas imagens era como o carimbo enigmático de algo que ainda não havia sido

representado em toda sua extensão pela história da fotografia. Algumas faces

pareciam não ter expressão alguma, o que me inquietou mais ainda diante

dessa novidade e dessa ruptura do clichê jornalístico e etnográfico do êxtase.

Eu poderia ter parado por ali o meu trabalho, porque a parte essencial dessa

antropologia se cumpriu integralmente, e se realizou. Eu não precisaria voltar

outras vezes, e nem mesmo continuar nessa mesma hora a minha investigação.

Não sei se o trabalho que produzi tem algum valor ou esgote a densidade da

experiência que aquilo me proporcionou, mas o essencial, a essência dessa

atividade antropológica-da-face-gloriosa aconteceu, isto é, criar uma nova

posição de olhar, posição que seja o resultado da soma do objeto que eu vejo

com a transformação que sofreu meu olhar no instante mesmo em que teve

seu objeto diante de si sem mediações, num contato de êxtase-a-êxtase.

Sem ser um devoto de Nossa Senhora de Nazaré, ali também eu fui

possuído pela fé. Uma fé sem objeto. A fé na imagem pura, a fé na radicalidade

da minha experiência, a fé na infinitude do instante, a fé na surpresa da minha

própria humanidade ali confirmada, a fé no triângulo pitagórico que é a forma

do manto da virgem carregada através do espaço pela grande massa.

Os antropólogos-da-ciência-rigorosa voltarão 30, 40 anos ao mesmo lugar

para constituir, desconstruir e reconstruir o seu objeto. E est(ar)ão certos.

Mas um antropólogo-da-face-gloriosa se retira de cena imediatamente

após o instante que gerou a foto. Carregando-a consigo, sem saber o que há

nela ou o que ela significa, mas certo de que ela resolveu o enigma da sua

própria vida, que é, no fundo e estranhamente, o enigma daquele mesmo

instante, projetado imaginariamente nos próximos trinta, quarenta anos de

sua existência.

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Museu da Universidade Federal do Pará

O único museu federal de artes visuais da Amazônia vem desde 2003 se

reestruturando para melhor salvaguardar e avivar a memória de si e do

outro. O prédio é uma construção do início do século XX, mas precisamente

de 1903, conhecido como palacete Augusto Montenegro, foi projetado pelo

arquiteto italiano Filinto Santoro para ser a residência particular do então

governador do Estado do Pará, Augusto Montenegro. Hoje, o acervo do

Museu da Universidade Federal do Pará (MUFPA) é composto por pinturas,

desenhos, cartuns, fotografias, gravuras e esculturas dos séculos XIX, XX e

XXI, acervo este formado ao longo dos anos por meio de doações, permutas

e aquisições. O MUFPA está localizado na Av. governador José Malcher, 1192

– Nazaré, tels.: (91) 32240871/32428340.

Page 39: Arte Pará 2010

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A idéia como princípio da formulação artística é o que movimenta este conjunto de obras aqui

reunidas. São operações complexas que se ordenam em torno da imagem e do corpo, e que se

desdobram em questões de percepção da paisagem, do tempo, das políticas.

Quatro artistas vêm ativar esse núcleo com suas proposições, estabelecendo diálogo fecundo

com os artistas selecionados: Paulo Bruscky, com imagens da série Meu cérebro desenha assim,

fruto de performance conceitual em que a interação com um aparelho de eletroencefalografia gera

desenhos sem o uso das mãos, elabora imagens surpreendentes em vídeo e nas fotografias que

vemos aqui. Estas experiências ocorreram graças ao acesso a esse aparelho, com o qual captou

os grafismos gerados por seus pensamentos durante sua passagem pelo hospital Hagamenon

Magalhães. Tiago Rivaldo, em Via de mãos dadas, n.º2, vídeo no qual apresenta o espaço entre

corpos (o do artista e de seu parceiro) ao produzir bolhas de sabão com suas bocas, que ora se

tocam, ora transforma-se em uma só, e chegam a se destruir, numa sofisticada metáfora das

relações e enfrentamentos contemporâneos. é um vídeo delicado, que nos fala diretamente sobre

as dificuldades e tensões presentes nas relações desse século XXI, de sujeitos que frente a frente,

buscam diálogos possíveis. Stephen Dean estabelece um diálogo entre vídeo e pintura, lançando-

se ao encontro da força mística popular ao mergulhar em manifestações culturais que lhe são

diferentes. Filmado no norte da índia, no estado indiano de Uttar Pradesh, o video Pulse apresenta o

festival de Holi, um ritual de fertilidade que demarca a chegada da primavera e apresenta momentos

em que as diferenças sociais, tão fortes nesse país, são postas de lado em meio à catarse e a um

frenesi pictórico, que detém forte caráter performativo, revelando mistérios insondáveis.

Odires Mlászho irá, lançando mão de recortes e apropriações, constituir percepções acerca

da imagem e do corpo, reelaborando figuras surpreendentes. Aqui, temos dois momentos. No

primeiro, Skinner #2, Mlászho irá reinventar um corpo a partir da sobreposição de recortes de

corpos que parecem se desdobrar. São esses fragmentos que constituem os contornos do corpo,

feito de muitos corpos. Se em Skinner o artista se apropria de fotografias do nu, para construir sua

obra, em Diana / Série Serpentina, o artista irá se apropriar de uma clássica imagem da história da

arte, para, por meio dos recortes, revelar e esconder o que está por detrás, de forma a proporcionar

sugestões avassaladoras.

OUTROS TREMORES

“A diversidade é algo que se constrói, não é dada. Cada

um pertence ao lugar a seu modo, em chave própria.”

Paulo Herkenhoff

PAULO BRUSKyArtista ConvidadoRecife

Da série O Meu Cérebro Desenha AssimEletroencefalograma e impressão digital | 1966

Obra resultante de pesquisa iniciada nos anos 70

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TIAGO RIVALDOArtista ConvidadoPorto Alegre - RS

Via de mãos dadas, n.º2 Vídeo | 2010

STEPHEN DEANArtista ConvidadoNew york

PulseVídeo | 2001

Page 41: Arte Pará 2010

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Entre os artistas selecionados encontramos Epiderme, em que Viviane Gueller se ocupa de uma

sala do Museu da Universidade Federal do Pará (Mufpa) e seu mobiliário para instalar duas caixas

de luz em que se vêem radiografias de pessoas com balas no corpo. A sala permanece escura e os

backlights se acendem a partir do movimento do público, provocando incômodo com as imagens de

corpos alvejados. Em Elemental, Gueller emprega displays de farmácia com o remédio homônimo,

que segundo sua embalagem, pode causar dependência. Dentro da caixa do medicamento, vê-

se a imagem de um corpo em ação. O display também ocupou espaço em uma farmácia nas

proximidades da feira do Ver-o-Peso, propiciando instigantes reações no público. Para a artista, “o

antídoto é o corpo humano misturado à natureza, sangue com seiva”. Gelka Arruda, também em

uma chave da performance, apresenta uma imagem feita a partir de várias, frutos de uma ação

denominada Três Dias em Branco, em que a artista se coloca em uma condição de ausência de

visão para ser fotografada pelo olhar do outro, buscando atingir a percepção de si com a imagem,

diante à profusão de imagens de consumo constituídas na contemporaneidade. Flavia Bertinato

em Tormento, Roteiro Ilustrado elabora, com o emprego de imagens e palavras, uma narrativa

sobre identidades de dois irmãos gêmeos. Ao concentrar informações visuais empregadas na

criação do “roteiro” em cada um dos três quadros, a artista propicia ao espectador uma apreensão

parcial mas densa da história, que se complementa a partir da disponibilização do texto do roteiro.

Também trabalhando com uma narrativa desconstruída, Nailana Thiely apresenta três fotografias

em preto e branco, imagens da série Noir, Dias Curtos de Inverno, em que a artista revela a solidão

no limite da luz especular do inverno no hemisfério Norte, tão diferente da luz amazônica.

Já Raymundo Firmino olha para o corpo feminino no limite. Contrapõe suas formas com

a de objetos, ferramentas que sugerem a construção civil, a oficina mecânica, provocando

incômodo acerca das formas desses objetos do universo masculino, em oposição à delicadeza

das formas do feminino. Gina Dinucci apresenta Banquete para Judith, citando uma das cenas

religiosas mais representadas na história da arte, na qual Judith decapita Holofernes. A artista

cria um campo de tensões em que também imagens – um retrato feminino velado, um homem

com o travesseiro no rosto -, postas em uma caixa junto a facas apontam para um desfecho

eminente e violento. Tomando a imagem como partida para outras percepções do espaço em

que se encontra, Deborah Engel, com suas Paisagens Possíveis pensa o território transitório ao

sobrepor imagens de revista na paisagem e fotografar essas composições. Cria, assim, novas

possibilidades de percepção do lugar.

Andréa Facchini se utiliza de imagens da infância, de mundos mágicos que remontam a fábulas

em Entre o Azul e o Céu (sobre-viventes), Onde você sempre quis estar, e Sem linha do horizonte,

sem ponto de fuga, da série Ficções, (Prêmio Aquisição), que se propõem a suspender um tempo,

como “pequenas ilhas”, em que o espectador parece prender a respiração na sugestão do que virá

a ocorrer. Nas fotografias de Flávia Junqueira da série Casa em Festa, vêem-se situações de uma

ODIRES MLÁSzHOArtista ConvidadoSão Paulo -SP

Diana/ série SerpentinaAmpliação fotográfica digital | 2002

Skinner #2Impressão jato de tinta | 2007

Coleção galeria Vermelho

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GELKA ARRUDA Belo Horizonte-MG

Três dias em branco Fotografia | 2010VIVIANE GUELLER

Porto alegre-RS

Epiderme Instalação | 2010

ElementalIntervenção urbana | 2009/2010

Page 43: Arte Pará 2010

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FLáVIA BERTINATO São Paulo-SP

Tormento Desenho | (2010)

NAILANA THIELy Belém-PA

Noir - dias curtos de inverno I, II e IIIFotografia | 2009

Page 44: Arte Pará 2010

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RAyMUNDO FIRMINO Castanhal-PA

Rg-1725411 Fotografia | 2010

Rg- 1712252Fotografia | 2010

GINA DINUCCI Guarulhos-SP

O Banquete para Judith Objeto | 2010

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DEBORAH ENGELRio de Janeiro-RJ

Paisagens possíveis - LadiesFotografia | 2010

Paisagens possíveis - Pastor Itinerante Fotografia | 2010

Paisagens possiveis - Tchola SolaFotografia | 2010

ANDRéA FACCHINI Prêmio aquisiçãoNiterói-RJ

Sem linha do horizonte, sem ponto de fuga Desenho | 2010

Entre o azul do céu (sobre-viventes) da série ficçõesDesenho | 2010

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FLáVIA JUNQUEIRASão Paulo-SP

A casa em festa 6Fotografia | 2010

A casa em festa 7 Fotografia | 2010

felicidade melancólica. Em uma delas, balões ocupam toda a sala, se espalham sobre a mobília,

ultrapassam o limite do espaço, que se apresenta vazio de elementos humanos; em outra, a artista

segura balões de gás na cor negra e, sentada sobre uma montanha de confetes, observa dormir o

gato de Alice. São situações que tangem o limite de realidade que a artista constitui para articular

sobre a vida.

A delicadeza de um espaço construído em que coisas oníricas, mas possíveis podem se revelar

irrompe no vídeo Entrando sem Bater, (Prêmio Aquisição), de Maria Mattos. A artista elabora todo

um universo para que um piloto de um singelo aviãozinho de brinquedo possa adentrar, em que

figuras surgem em meio a nuvens, animais de várias espécies emergem e somem em meio a

nuvens. Pungente, o vídeo aborda a fragilidade presente nos sonhos, nos desejos mais singelos,

constituindo sensações ternas. O Grande Prêmio, de Rodrigo Freitas, emprega a pintura em diversas

situações. Em Variações Sobre o Mesmo Abandono, uma narrativa é instaurada como uma tradução

pictórica de fragmentos do cinema, buscando ampliar a percepção em uma narrativa quadro-a-

quadro e em pintura. Em outro momento da mesma série, um único quadro se apresenta. Outra

obra, Para Quem Ainda Sonha com Nuvens: Paisagens de Inverno, propõe um percurso temporal

instituído no fluxo do tempo, no folhear das páginas além do toque, da proximidade do corpo, em

um desejo de aproximação, mas sem dependência. Pequeno, o livro sugere um olhar perto, um

vaguear pelas páginas, na elaboração, reelaboração dos percursos.

São distintas relações visuais que se constituem em uma tomada de posicionamento diante

das coisas do mundo e, nesse intervalo de tensão e compartilhamento, revelam-se diferentes

singularidades, pontos de contato e tremor, presentes na atividade da imaginação que é a arte.

Orlando ManeschyCurador do 29° Arte Pará

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RODRIGO FREITASGrande prêmioBelo Horizonte – MG

S/título da série variações sobre o mesmo abandonoPintura sobre tela | 2010

Para quem ainda sonha com nuvens: paisagens de invernoLivros de pintura | 2009

MARIA MATTOS Prêmio aquisiçãoNiterói-RJ

Entrando sem bater Video | 2010

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ARMANDO QUEIROZ Artista convidado

Belém - PA

Site specific: DesapegoHappening | 2010

Concebido como um ritual, um site specific acompanhado de

um happening, Desapego, tem origem na obra Mirante (2005) feita

especialmente para o jardim do Museu da Universidade Federal do

Pará-MUFPA. Composta por várias peças modulares, tornava-se móvel

e mutante, podendo trocar de lugar e de forma inúmeras vezes. Da

mesma maneira que Keith Arnatt, em 1969, realizou o Auto-enterro,

em que o artista desaparecia na terra, Armando Queiroz, desapega-se

da sua criação, realizando o enterramento da obra. Assim, cumpre o

ritual do desaparecimento, mas diferente de Arnatt não é o artista que

questiona a sua razão de ser, existir, o que está em jogo é o objeto criado

que se desmaterializa e torna-se pura imagem. O Mirante mergulha

a terra para ver o invisível e brotar transformado, sem a identidade

primeira.

O vídeo, também imagem, é o testemunho do ato de desaparecer,

acompanhado do ritual da manhã, no qual presenciou-se o nascer do

dia: o espetáculo foi a natureza. O cotidiano citadino teve início. Separada

pelas grades de ferro, encontravam-se o jardim e a cidade. As trocas de

memórias marcaram o encontro de tempos distintos: os fragmentos,

encontrados na escavação momentaneamente servem de lençol à terra

que acolhe o Mirante, mas em breve retornarão ao Museu, a casa de

onde vieram.

Naquele dia em que acompanhavámos o enterramento, sôou o som

dos pássaros e ele nunca mais saiu de nossos ouvidos.

Desapego

Marisa MokarzelCuradoria especial

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Museu Paraense Emilio Goeldi

Principal monumento do Parque zoobotânico do Museu Paraense Emílio

goeldi (MPEg) e símbolo da instituição, o Pavilhão Domingos Soares

Ferreira Penna, mais conhecido como Rocinha, foi construido na década de

70 do século XIX. O Pavilhão é um ícone da cidade de Belém, sendo o único

remanescente inteiramente de uso público de um tipo de construção que já

foi dominante na capital paraense – as rocinhas. O MPEg está localizado na

Av. Magalhães Barata, 376 – São Braz, tels.: (91) 32193300/32491302.

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Entendendo o lugar da arte como um território repleto de possibilidades de contatos e

vinculações, constituído por meio de similaridades e diferenças, onde emergem potências para

diálogos, concebemos esta mostra, na qual artistas interagem com o outro a partir de uma

perspectiva ética de compreensão daquilo que distingue este outro e transforma o olhar do

artista. Aqui, ninguém passa incólume e, no ponto de fricção, a obra acontece como uma tomada

de posição, uma ação política que se estabelece no momento em que a fala daquele emerge,

revelando que este pode estar em nós, e nós nele, se nos permitirmos o exercício da troca calcada

no respeito e na ética, percebendo e multiplicando experiências possíveis.

Procuramos reunir obras que fossem fruto de vivências profundas, sejam estas elementos da

cultura material yanomami, empregadas em ações cotidianas e ritualísticas, ou decorrências do

contato e da mistura no processo de alteridade, com povos da floresta, como as constituídas por

Armando Queiroz, Claudia Andujar e Roberto Evangelista que, longe de estabelecerem relações

de poder com os indígenas, se articulam junto a estes, nas diferenças e identificações, para erigir

seus discursos artísticos que por vezes, se dão no conferir a voz ao outro. Daí termos convidado

um curador do Museu Paraense Emilio Goeldi-MPEG para incluir peças do acervo desse museu,

chegando ao conjunto de objetos yanomami que temos aqui, em diálogo com os artistas convidados.

Neste cenário, temos Armando Queiroz - artista homenageado neste ano -, com o vídeo ymá

Nhandehetama – (Antigamente fomos muitos), que traz o depoimento forte e lúcido do índio guarani

Almires Martins acerca dos processos de aniquilamento imposto às diversas etnias das Américas.

Queiroz convida seu amigo para realizar uma ação diante da câmera, empresta o espaço da

imagem para conceder a fala ao outro. O depoimento flui e o índio constitui um discurso do lugar

da experiência, revela procedimentos de apagamento de seu povo para, em um ato silencioso,

performático, após sua fala contundente, cobrir sua face com tinta negra e nos mostrar que

também sumirá, será apagado.

Roberto Evangelista, por sua vez, irá, com ação registrada em película, criar um verdadeiro

manifesto em seu filme Mater dolorosa in memorian II Da criação e sobrevivência das formas,

realizado no Lago do Arara, no Rio Negro (AM), em 1978, e que versa sobre memória e

transmissão cultural, articulando sobre conhecimentos tradicionais em um encontro com índios

da etnia Tukano. Evangelista afirma resistências e estabelece uma apreensão da relação entre

geometria e a concepção de universo desse povo, sobrepondo tempos, evidenciando significados

que transcendem as formas.

Igualmente diferentes

Há uma busca de certa essencialidade nas ações performáticas presentes ali, entre cuias

que flutuam dentro de formações geométricas que se desmaterializam no balanço da água.

Evangelista chama atenção para um conhecimento profundo e secular presente no âmago da

Amazônia e nos chama atenção para o desmantelamento de culturas de povos tradicionais.

Já Claudia Andujar, em um processo de mergulho no universo yanomami, irá criar um ponto de

inflexão ao se deparar com os rituais xamânicos, adentrando na genealogia desse povo, em seus

processos simbólicos e constituir uma reinterpretação visual em sua série fotográfica Sonhos.

Nesse percurso, Andujar estabelece uma troca riquíssima, dissolvendo limites entre arte e vida.

Aqui optamos por apresentar uma relação entre imagens realizadas por meio de diferentes

procedimentos. De um lado da sala, yanomamis são captados pela lente de Andujar em momento

de alteridade, durante um ritual xamânico, no qual a integração entre índios e olhar da fotógrafa é

materializado em uma imagem pungente, índice do estabelecimento de confiança e cumplicidade;

nas demais paredes são os Sonhos dos indígenas que passam a ser interpretados de forma

sensível por esta artista da fotografia, em imagens surpreendentes que revelam a transcendência

presente na relação entre esse povo da floresta, sua cosmogonia e a natureza, construídas

com sensibilidade e ética. Há uma potência demarcada entre quem olha de dentro e o universo

sobre o qual dedica seu olhar, força constituída no legítimo fluxo do compartilhar, das trocas

sensíveis,que tentamos engendrar aqui, neste ambiente entre-imagens que indica vinculações

éticas irreversíveis.

Estes artistas estabelecem processos ímpares de mergulho nos muitos universos, de uma

compreensão densa desse outro, materializada por meio da estética e da ética, gerando obras

de afinada posição política. Reunir estas obras aqui reitera uma necessidade de olhar e pensar a

Amazônia em suas complexidades de forma profunda. Esta é nossa missão.

Orlando ManeschyCurador do 29° Arte Pará

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Quando cheguei ao Brasil em 1955 não fotografava. Através desta

nova linguagem descobri uma forma de comunicação.

Passei minha infância entre a Romênia e Hungria. Oradea, cidade

em que morava na época, pertenceu primeiro a Romênia e depois

passou para o domínio húngaro – partidário do nazismo. Em 1944 meu

pai, que era um judeu húngaro, foi deportado e morreu num campo de

concentração. Minha mãe, de origem suíça e protestante, perto do fim

da Segunda Guerra, e com a chegada dos Russos a Oradea, decidiu

voltar ao seu pais de origem. Meu pai e toda minha família paterna

nunca voltaram de Auschwitz, pois pertenciam a um povo marcado para

morrer. Salvei-me nesta história por milagre.

Comecei a fotografar os índios yanomami em 1971. Em 1974

começou a construção da rodovia Perimetral Norte, segunda

empreitada do governo brasileiro em querer ocupar as áreas “não

ocupadas” da Amazônia. Testemunhei o sofrimento daquele povo

recém contatado na época. No fim desse período, com a morte de

muitos yanomami, e fazendo parte da recém criada CCPy, uma ONG

brasileira nos levou para fazer um trabalho de atendimento à saúde

em meio àqueles índios. Passamos a identificá-los “por fichas”, pois

culturalmente os yanomami se reconhecem pelo grau de parentesco.

A maneira que encontramos para fazer essa identificação foi fotografá-

los com números em seus peitos, um por um, e assim abrir fichas de

saúde para conseguir submetê-los a tratamento para salvá-los.

Dediquei muitos anos na tentativa de conhecer os yanomami.

Entendi que era importante adentrar sua cultura devagarzinho, criar

confiança mútua. Convivendo com eles entendi que eram um povo que

aprendeu, há muito tempo, a se integrar ao meio-ambiente, à natureza.

Os seus mitos e seus ritos revelam todo esse conhecimento.

Só após ser aceita por eles, quer dizer, depois que minha presença

não os incomodava, quando passava despercebida pela comunidade, é

que pude me dedicar à fotografia. Aí o trabalho foi se constituindo.

No território das experiências irreversíveis

Em 1977, fui retirada da área yanomami à força, pela FUNAI, e

considerada persona non grata. Voltei a São Paulo, fui co-fundadora

da CCPy, a comissão Pró-yanomami, uma ONG dedicada à luta pelo

reconhecimento do governo brasileiro às suas terras. Em 1980 voltei

à terra yanomami acompanhada por dois médicos, e começamos a

fazer um trabalho de promoção à saúde. Uns vinte anos mais tarde, re-

trabalhando meu acervo fotográfico, de repente ocorreu-me a ligação

entre a vontade de salvar os índios e minha incapacidade de salvar

meus parentes paternos, quando garota de 13 anos. Os yanomami

“marcados” se transformaram num trabalho conceitual de fotografia.

As imagens da série “Sonhos”, presentes na exposição, fruto

de imagens dos anos 1970, reelaboradas entre 2000-2005, tinham

como alvo mostrar o encontro dos yanomami com os espíritos da

natureza. Uma construção simbólica do encontro do ser humano com

o sobrenatural.

Uma vez, na ocasião de uma visita de um xamã yanomami em São

Paulo, vendo as imagens de “Sonhos”, começou um diálogo sem fim

com elas. Sua reação às imagens à sua frente me deixou espantada

de emoção. Foi uma confirmação da minha tentativa de entrar no

pensamento xamânico. Um momento de plenitude por ter conseguido

repassar anos de trabalho e de ter tido a oportunidade de conhecer

aquele povo.

Aqui, nesta exposição em Belém, foi a primeira vez que tive a

oportunidade de expor meu trabalho na Amazônia.

Claudia AndujarMuseu Goeldi, outubro de 2010

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HéLIO PARA OS BRANCOS - DA SéRIE SONHOS yANOMAMIArtista ConvidadaSão Paulo

Fotografia | 1976Coleção Galeria Vermelho

YANOMAMI: SÉRIE O INVISÍVELArtista ConvidadaSão Paulo - SP

Fotografia | 1976Coleção galeria Vermelho

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GUERREIRO DE TOOTOTOBIArtista ConvidadaSão Paulo

Fotografia | 1976Coleção Galeria Vermelho

O ESPíRITO DA FLORESTA - DA SéRIE SONHOS yANOMAMIArtista ConviddaSão Paulo

Fotografia | 1976Coleção Galeria Vermelho

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DA SéRIE SONHOS yANOMAMIArtista ConvidadaSão Paulo

Fotografia | 1974Coleção Galeria Vermelho

DA SéRIE SONHOS yANOMAMIArtista ConvidadaSão Paulo

Fotografia | 1981Coleção Galeria Vermelho

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DA SÉRIE SONHOS YANOMAMIArtista ConvidadaSão Paulo - SP

Fotografia | 1981Coleção galeria Vermelho

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ROBERtO EVANgELIStAArtista ConvidadoManuas -AM

Mater Dolorosa, in memoriam IIDa Criação e Sobrevivência das Formas Vídeo instalação | 1978/1979

ARMANDO QUEIROZArtista HomenageadoBelém - PA

ymá Nhandehetama (Antigamente fomos muitos) Vídeo | 2009

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COLEÇÃO EtNOgRÁFICA

CEStO REDONDO (MISSÃO SALESIANA)

WaikáJ. Bechine, 1963Coleção Etnográfica MPEg 10052

PAR DE ENFEITES COM PENAS

WaikáJ. Bechine, 1963

Coleção Etnográfica MPEG 10050

CESTO CARGUEIRO

WaikáJ. Bechine, 1963

Coleção Etnográfica MPEG 10053

ESPATA DE PALMEIRA

yanomamiB. Albert, 1986

Coleção Etnográfica MPEG 13665

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Os yanomami são a maior nação indígena da Amazônia

a entrar em contato com o mundo ocidental só em tempos

relativamente recentes. Com uma população estimada em

17 mil pessoas, ocupam um território de cerca de 192 mil

quilômetros quadrados, situado entre o Brasil e a Venezuela.

A história de seu contato com o mundo dos “brancos”, ao

longo do século XX, foi marcada por episódios de invasão

territorial, epidemias devastadoras e muita violência – tais

como a “febre do ouro” na Serra do Surucucu, no final da

década de 1980, e a matança em Haximu, em 1993.

Em trechos da entrevista traduzida do idioma yanomami

pelo antropólogo Bruce Albert, o renomado pajé e liderança

Davi Kopenawa afirma uma relação cosmológica entre o

“ouro canibal” e as epidemias e o mal-estar que afligem

seu povo e o mundo em geral nos tempos atuais:

Os yanomami e o ouro canibal

Nós chamamos estas epidemias de xawara. A

xawara que mata os yanomami... Omamë, o Criador da

Humanidade, mantinha a xawara escondida. Ele a mantinha

escondida e não queria que os yanomami mexessem com

isto. Ele dizia: “Não! Não toquem nisso!”… Tendo falado

isso, ele a enterrou bem profundo. Mas hoje os nabëbë, os

brancos, depois de terem descoberto nossa floresta, foram

tomados por um desejo frenético de tirar esta xawara do

fundo da terra onde Omamë a tinha guardado… Quando os

brancos secam o ouro dentro de latas com tampas bem

fechadas e deixam estas latas expostas à quentura do sol,

começa a sair uma fumaça, uma fumaça que não se vê

e que se alastra e começa a matar os yanomami. Ela faz

também morrer os brancos, da mesma maneira. Não são

só os yanomami que morrem. Os brancos podem ser muito

numerosos, mas eles acabarão morrendo todos também.

GLENN H. SHEPARD JR.

Page 61: Arte Pará 2010

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O ano de 2010 deixou a marca de um passo significativo dado pelo Arte

Pará em sua 29ª edição e pela Fundação Romulo Maiorana (FRM) no princípio

organizador de suas metas: firmar a arte como meio privilegiado para a cidadania,

promover oportunidades para artistas, pesquisadores e estudantes, aproximar

as diversidades e ter como foco a realização de um projeto pedagógico de

qualidade. Essa proposição de valores e metas nos impulsiona a buscar novos

desafios em mediar o diálogo para a educação dos envolvidos.

A Fundação vem trabalhando, já desde algumas edições anteriores, com o

objetivo de ampliar e fortalecer as ações educativas no projeto Arte Pará, que

tem característica sazonal e acontece nos meses do outubro e novembro. A

articulação com instituições de ensino, professores, alunos, artistas, júri de

seleção e premiação provocou grandes avanços no Projeto Pedagógico da FRM,

e tem favorecido o diálogo entre as pessoas que participam deste trabalho, a

partir das experiências vividas por elas.

Como muito bem colocou Vera Alencar, em 1987, na sua dissertação

de mestrado, Museu Educação: “... Educação se faz caminho, ao andar”. E

nesse caminhar reflexivo, tudo o que podemos querer através da educação é

alcançar objetivos maiores na formação de adultos, jovens e crianças com o

foco na aproximação de artistas e obras presentes nos espaços expositivos e,

fundamentalmente, na apreensão dos conceitos da arte contemporânea.

Nesta edição, foi criado o cargo de “curadora educacional”, e não poderia

deixar de registrar a satisfação que me provocou o fato de ser designada a ocupar

esta função que me fez buscar e pensar qual de fato o meu papel. Tive a clareza

de que o curador educacional é alguém que não influi na seleção dos artistas.

E na publicação da Fundação Bienal do Mercosul, Educação para a arte/Arte

para a Educação (2009), verifiquei que “o curador pedagógico é alguém que atua

como um embaixador do público e observa o evento com os olhos do visitante”.

Ativar este olhar de alteridade me fez ver a importância da ação educativa e

levantar várias problemáticas. Destaco aqui a barreira do gosto na apreciação

da arte que embaça e distancia a experiência com a arte contemporânea.

Durante observações e pesquisas, uma das decisões foi marcar o processo

de preparação dos estudantes, o mediador entre as obras e o público, que

eu denomino de “linha de frente”. Uma das premissas é elevar a formação,

entendendo que mais do que dar informações detalhadas de obras e artistas, o

medidor precisa estar preparado para pensar junto com o público.

Com arte para a Arte AÇÕES COMUNICATIVAS

Foto

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Page 62: Arte Pará 2010

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Vânia Leal Machado Curadora Educacional da 29ª Edição Arte Pará

Neste segmento, promovemos um ciclo de estudos que envolveram uma

equipe de educadores, incluindo a profª Renata Maués, diretora do Sistema

Integrado de Museus (SIM); os curadores profª Drª Marisa Mokarzel, e o

prof. Dr. Orlando Maneschy; a profª Zenaide de Paiva, diretora do Museu de

Arte Sacra (MAS); a profª Ms. Rosangela Brito; e Janice Lima. Consideramos

significativos tais momentos de troca e envolvimento da equipe, o que refletiu

consideravelmente na prática. O professor Neder Charone, diretor da Faculdade

de Artes Visuais da Universidade Federal do Pará (UFPA), que participou do

júri de seleção, fez uma leitura pontual nos espaços expositivos junto com os

medidores, desdobrando conceitos e aproximações.

O trabalho alcançou ótimo nível qualitativo nas visitas orientadas aos

espaços expositivos que compuseram a 29ª edição do Arte Pará. Oficinas

de arte, distribuição do encarte especial Arte Pará O Liberalzinho, o ônibus

disponibilizado pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros

(Setrans-Bel), que proporcionou que escolas distantes participassem da ação,

o encontro com curadores, artistas, júri de seleção e outros profissionais,

o registro fotográfico sistemático criando uma cultura de memória, dentre

outras estruturas do eixo curatorial, acabaram por provocar circunstâncias e

resultados muito desejáveis.

No que diz respeito à questão quantitativa oficial, alcançamos número total

de mais de 19 mil visitantes nos espaços expositivos, que registraram presença

em fichas de cadastro junto aos grupos agendados e em livros de assinaturas.

Entretanto, não foi possível contabilizar o público flutuante, o que nos leva a crer

que mais pessoas ainda percorreram as mostras do Arte Pará 2010.

Para nós, importa muito mais a questão qualitativa do atendimento ao

público, o que não significa que a estatística não seja relevante para ressaltar

que, durante o projeto Arte Pará, o movimento nos museus de Belém é intenso

e é quando eles mais recebem público, daí nossa proposição em eliminar

fronteiras e ter o professor-propositor no sentido de abranger e unificar o

público num trabalho conjunto, trabalhando na mesma direção.

Desejamos que, nas próximas edições, cada vez mais pessoas façam parte

desta trajetória e participem desses encontros na vertente dialógica. A presença

do público é fundamental para que a arte aconteça.

Foto

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OFICINAS | MPEG E MHEP

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ARtIStAS CONVIDADOS E SELECIONADOS ORDEM ALFABÉtICA

MUSEU HIStÓRICO DO EStADO DO PARÁ – MHEP

Adriana MacielBelo Horizonte - MG(Vive e trabalha no Rio de Janeiro – RJ)[email protected]érie sertão I, II e IIIFotografia 39,5x51 cm; 50x37 cm; 51x38 cm

Alberto BitarBelém - [email protected] Título, Da Série Efêmera Paisagem I, II e III (2009)Fotografia40X60 cm; 40X60 cm; 40X123 cm (díptico)

Angela Detanico e Rafael Lain Caxias do Sul - RS(Vivem e trabalham em Paris - FR)[email protected] Convidados

O Mundo Justificado, alinhado à direita, centralizado, alinhado à esquerda, 2006animação 1’25’’Acervo Galeria Vermelho

Anita LimaBelém - [email protected] queria falar de flores (2009/2010)Fotografia20x50 cm

André VenzonPorto [email protected] Cidade é meu corpo 01 e 02 (2010)A Terra é meu corpo 01Fotografia100x145 cm145x180cm

Angella ConteSão Paulo - [email protected]ência (2009)Vídeo 5´30Imagens: Felipe Barros e Flavio CamenhaTrilha sonora: Helio Pisca e Eric SatieEdição: Felipe Barros

Armando Queiroz Belé[email protected] Homenageado Instalação: Cântico Guarani, 2010 Instalação sonora: Tupambaé (Parte de Deus)

BarrãoRio de Janeiro –[email protected] Artista Convidado

O caneco é nosso! (2007)Cerâmica e durepox20x33.5x18.5cmAcervo Galeria Laura Marsiaj

Bruno Cantuária, Luciana Magno e Ricardo MacêdoBelé[email protected]; [email protected]; [email protected] (2010)Vídeo 2’51”Registros em fotografia e vídeo: Bruno Cantuária, Daniel Cruz e Ricardo Macêdo.Performances com máscaras: Cynthia Nascimento, Camila Mareco e Luciana Magno

Carolina PonteSalvador-BA(Vive e trabalha em Petrópolis-RJ)[email protected]/Título Escultura de crochê A: 200x150x30 cm e B: 190x125x100 cm

Cleanto VianaRio de [email protected] artista, chapeuzinho e o pônei (2010)Vídeo performance 3’37”Prêmio aquisição

Diego de Los CamposMontividéu - Uruguai (Vive e trabalha em Florianópolis - SC)[email protected] Como Digerir uma Lembrança (2010)Vídeo 15”Pequena tentativa desvanecente (2010) Vídeo 3’

Elza LimaBelé[email protected] te ensinou a nadar? 1, 2 e 3 (2010)Fotografia40 x 60; 60 x 80; 40 x 90

Ena LautertLajeado - RS(Vive e trabalha em Porto Alegre-RS)enalautert.com.brS/Título (2010)Instalação

Fernando LimbergerSão [email protected]çadinhos I, II e III (2003)I: Dimensões variáveis, aproximadamente 30x50x25 cmII: Dimensões variáveis, aproximadamente 40x50x30 cmIII: Dimensões variáveis, aproximadamente 40x60x60 cmCabaças pintadas

Flávio [email protected] Invisível (2010)Tudo Entre NósEx CordeEscultura/pintura eletrostática sobre bronze

Flávio LamenhaRecife-PE(Vive e trabalha em São Paulo)[email protected] e Solá Gallery (2008)Fotografia50 x 75 cm

Flora AssumpçãoSão [email protected] de Prata I, V e VI (2010)Instalação: Imoressaão para cartaz lambe-lambe em escala muralII: 168x420 cm;200x407cm;156x420cm

Hildebrando de CastroOlinda - PE(Vive e trabalha em São Paulo)[email protected] Artista Convidado

Missing person (2009)Fotografia Lenticular, tiragem de 10,60 x 60 cm Acervo Galeria Laura Marsiaj

Igor Magalhães VidorSão Paulo - [email protected] Um dia em Belém (2010)Performance

Jimson VilelaRio de Janeiro - [email protected] (2010)3 Cegos -10x15 cm/64 páginas O Livro do Encontro -15x 21 cm/168 páginasA Procura de Horizontes - 30x21,5 cm/124 páginas

Jorane CastroBelém – [email protected] Convidada

íntima Paisagem (2010)Período de realização: setembro e outubro Vídeo 20’Foram enviados convites pela internet à diferentes pessoas, em diferentes cidades e países, para que elas/eles compartilhassem a vista de sua janela filmando com uma câmera digital ou um celular. Este trabalho é a resposta em vídeo a este convite.Com a colaboração de (em ordem alfabética):Andréa Cals, Carlos Barretto, Fabio Hassegawa, Fernanda Martins, Fernando Hage, Juan Zapata, Jorge Luquín, Johanna Mercer, Josynaldo Ferreira, Lilian Bado, Luciana Magno, Mariana Lopes, Pablo Ramírez Durón, Pedro Rodrigues, Orlando Maneschy, Stephen Dean Thaysa Oliver. Lugares: Belém, Pará, Buenos Aires, Argentina, Campinas, São Paulo, Caiena, Guiana Francesa, Chicago, Illinois, Estados Unidos, Naucalpan, México, Nova Iorque, Estados Unidos, Londres, Inglaterra, Paris, França, Porto Alegre, Brasil, Rio de Janeiro, Brasil, São Francisco, Califórnia, Estados Unidos, São Paulo, Brasil, Tacubaya, Cidade do México, México,Twin Islands, Indian Arm, North Vancouver, Canadá.

José HailtonBelém - PACasa I, II e III (2010)Pintura74x34 cm

Keyla SobralBelém - [email protected]étodos de Vingança I, II e IIIDesenho (2010)I: 29,7X42 cm; II: 29,7X42 cm; III: 29,7X42 cm

Letícia RitaSão Paulo – [email protected] Liberdade nem sempre está em poder voar (2009)Extensão: 2, 60mInstalação de parede

Louise D.DRio de Janeiro – [email protected] e febre (Tylenol) (2010)Carne VermelhaOriginal e CópiaObjeto

Manoel NovelloRio de Janeiro - [email protected] da Ilha (2010)Sobre a Terra dos Coqueiros 1Sobre a Terra dos Coqueiros 2118cmx62cm; 62cmx54cm; 88cmx66cmPintura

Marinaldo SantosBelém – PAEscalação Cartas de Defesa (2010)15x30cmMista

Murilo RodriguesBelém-PA [email protected] Bird II (2010)Vídeo Instalação

Nazareno São Paulo - SP(Vive e trabalha em São Paulo)[email protected] Convidado

Agora eu só estou contra vocêFotografia sobre papel2000/2010

Osvaldo CarvalhoRio de Janeiro - [email protected] Título da Série Dealer ( 1 2 3) 2010Pintura6-x100 cm

Pedro DavidNova Lima - [email protected] do Infinito – Políptico da série Impureza (2009/2010)24 fotografias

30x45 cm cadaRicardo MacêdoBelém - [email protected]ções Intercambiáveis (2010)Instalação

Regina ParraSão Paulo - [email protected] (ou sobre La marcha) (2010)Vídeo Eldorado II (2010)Óleo e Cera sobre papel32x37 cm

Renato ChaluBelém - [email protected] (2008)Instalação1,00m x 0,40m x 0,20m2º Prêmio

Rodrigo Cass São Paulo - [email protected]ção sobre um Tridimensional IluminadoInstalação3º prêmioÓleo sobre tela, 2010Monitor de televisão, óleo, lâmpada, circuito elétrico e suporte de metal.29x19x15 cm(TV cortada, cheia de óleo, fixação em parede como uma pintura)

Sinval garciaSão Paulo - [email protected] - Coleção Belém-PA (2009/2010)Fotografia/Instalação2.30mx3mx3cm

Valéria CoelhoBelém - PA(Vive e trabalha em São Paulo-SP)Psicografias Instalação2,0m x 3,0 m; 70 cm x 2,0 m; 2,0m x 3,0 m

Victor de La RocqueBelém - [email protected] Ovo e a Galinha (2010)InstalaçãoPrêmio Aquisição

MUSEU DE ARtE SACRA – gALERIA FIDANzA

Arthur OmarPoços de Caldas - MG(Vive e trabalha no Rio de Janeiro)[email protected] Convidado

Utilizando o Zero como Roda Acima do Profundo Céu Azulda série Antropologia da Face GloriosaFotografiaC-Print sobre alumínio

Rapto de Rosas e Apagamento Finalda série Antropologia da Face GloriosaFotografiaC-Print sobre alumínio

Contra Todos os Sistemas Inclusive o das Sereiasda série Antropologia da Face GloriosaFotografiaC-Print sobre alumínio

Antropologia da Face Gloriosada série Antropologia da Face GloriosaFotografiaC-Print sobre alumínio

Intuições Atléticasda série Antropologia da Face GloriosaFotografiaC-Print sobre alumínioLeite Zulu Para a Harmonia Química Nacionalda série Antropologia da Face GloriosaC-Print sobre alumínioFotografia

A Menina dos Olhosda série Antropologia da Face GloriosaFotografiaC-Print sobre alumínio

MUSEU DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

Andréa FacchiniNiterói – [email protected] Entre o azul do céu (sobre-viventes)(2010) da Série FicçõesOnde você sempre quis estar Sem linha do horizonte, sem ponto de fuga Desenho/mista55,04 cmx 42,03 cm; 21,03 cmx 26,09 cm; 25cm x 35 cmPrêmio Aquisição

Armando QueirozBelé[email protected] Homenageado

Site specific: Desapego, 2010Duração: 2’Direção de Fotografia: Marcelo RodriguesColeção do artista /artist collection’s Obs: Cópia de exibição / Exhibition copy

Deborah EngelPalo Alto, Califórnia - EUA(Vive e trabalha no Rio de Janeiro - RJ)[email protected] possíveis - ladies - 45x60 cm (2009/2010)Paisagens possíveis - Pastor Itinerante Paisagens Possíveis - Tchola Sov Fotografia 45x60 cm

Flávia BertinatoPouso Alegre - MG(Vive e trabalha em São Paulo)[email protected] Tormento (2010) Desenho200cm x 60cm x 4cm

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COLEÇÃO MUSEU PARAENSE EMÍLIO gOELDI

CESTO REDONDOyanomami(h. b filme)Coleção Etnográfica MPEG s/n 99

CESTO REDONDOyanomami(h. b filme)Coleção Etnográfica MPEG s/n 95

CESTO REDONDO (MISSÃO SALESIANA)WaikáJ. Bechine, 1963Coleção Etnográfica MPEG 10052

PAR DE ENFEITES COM PENASWaikáJ. Bechine, 1963Coleção Etnográfica MPEG 10050

PAR DE ENFEITE PARA BRAÇOWaikáJ. Bechine, 1963Coleção Etnográfica MPEG 10046

ENFEITE PARA BRAÇOWaikáJ. Bechine, 1963Coleção Etnográfica MPEG 10047

PAR DE BRINCOSWaikáJosé Hidasi, 1962Coleção Etnográfica MPEG 9828

CUIAWaikáJosé Hidasi, 1962Coleção Etnográfica MPEG 9830

CESTO CARGUEIROWaikáJ. Bechine, 1963Coleção Etnográfica MPEG 10053

CARCAZyanomamiArte índia, 1980Coleção Etnográfica MPEG s/n

ESPATA DE PALMEIRAyanomamiB. Albert, 1986Coleção Etnográfica MPEG 13669

RASPADOR (MANDíBULA)yanomamiB. Albert, 1986Coleção Etnográfica MPEG 13678

ESPATA DE PALMEIRAyanomamiB. Albert, 1986Coleção Etnográfica MPEG 13665

TANGA FEMININAyanomamiEdson de Diniz e J. Shapiro, 1968Coleção Etnográfica MPEG 12035

PAR DE GRAMPO (38a e 38b)yanomamiMárcio Meira, 2007Coleção Etnográfica MPEG s/n

Flávia JunqueiraSão Paulo - [email protected] Casa em Festa 6 e 7 (2010)Fotografia80x100 cm

gelka BarrosSão Paulo -SP (Vive e trabalha em Belo Horizonte - MG)[email protected]ês Dias em Branco (2010)Fotografia

gina DinucciGuarulhos - [email protected] Banquete para Judith (2010)Objeto44x55 cm

Maria MattosNiterói - [email protected] Sem Bater (2010)Vídeo 4’39”Prêmio Aquisição

Nailana thiely Salomão PereiraBelém - [email protected] Noir - Dias curtos de inverno I, II e III (2010)Fotografia 62x42 cm

Odires MlászhoMandirituba - PR(Vive e trabalha em São Paulo)[email protected] Convidado

Diana/ série Serpentina, 2002Ampliação fotográfica digital70 x 58 cmAcervo Galeria Vermelho

Skinner #2, 2007impressão jato de tinta 90 x 65 cm, 2007Acervo Galeria Vermelho

Paulo BruskyRecife - [email protected] Convidado

Da série O Meu Cérebro Desenha Assim, 1966Técnica: Eletroencefalograma e impressão digital. Obra resultante de pesquisa iniciada nos anos 70.

Raymundo Firmino de Oliveira NetoBelé[email protected] (2010)RG- 1712252Fotografia118x28cm; 118x59,4 cm

Rodrigo FreitasBelo Horizonte – [email protected]/Título da Série Variações sobre o mesmo abandono (2010)Para quem ainda sonha com nuvens: paisagens de invernoS/Título da Série Variações sobre o mesmo abandono (2010)Livros de pintura30x40 cm; 14,5x21 cm; 30x40cmGrande Prêmio

Stephen DeanParis - FR(Vive e trabalha em New york)[email protected] Convidado

PULSE, 2001 Vídeo 8’color with stereo sound

tiago RivaldoPorto [email protected] Convidado

Via de mãos dadas, n.º2 (2010)Vídeo 4’39Ação: Tiago Rivaldo/Renato Pimentel Fotografia: Gustavo Pessoa Edição: Alice Ripoll

Viviane gueller [email protected] (2010)InstalaçãoElemental (2009/2010)Intervenção urbana

MUSEU PARAENSE EMÍLIO gOELDI

Armando Queiroz Belé[email protected] Homenageado

ymá Nhandehetama(Antigamente fomos muitos), 2009 Duração: 8’21” Coleção do artista Cópia de exibição

Claudia AndujarSuiça, naturalizada Brasileira (Vive e trabalha em São Paulo)[email protected] Artista Convidada

Guerreiro de Toototobi, 1976 Ampliação fotográfica 100 x 100 cm; com moldura 107,5 x 107,5 cm Acervo Galeria Vermelho

Hélio para os BrancosDa Série Sonhos yanomami, 1976 Ampliação fotográfica 100 x 100 cm; com moldura 107,5 x 107,5 cm Acervo Galeria Vermelho

O espírito da florestaDa série sonhos yanomami, 1976 Ampliação fotográfica 100 x 100 cm; com moldura 107,5 x 107,5 cm Acervo Galeria Vermelho

Da série sonhos yanomami, 1981 Ampliação fotográfica 100 x 100 cm; com moldura 107,5 x 107,5 cm Acervo Galeria Vermelho

Da série sonhos yanomami, 1974 Ampliação fotográfica 100 x 100 cm; com moldura 107,5 x 107,5 cm Acervo Galeria Vermelho

Da série sonhos yanomami, 1981 Ampliação fotográfica 100 x 100 cm; com moldura 107,5 x 107,5 cm Acervo Galeria Vermelho

yanomami: série o invisível, 1976 Ampliação fotográfica 97 x 66 cm; com moldura 100 x 114,5 cm Acervo Galeria Vermelho

Roberto EvangelistaCruzeiro do sul(Vive e trabalha em Manaus - AM)robertoevangelista@ yahoo.com.brArtista Convidado

Mater Dolorosa, in memoriam IIDa Criação e Sobrevivência das Formas (1978/79)Vídeo instalaçãoOriginal em 16mm, a seguir transcodificado.Fotografia e montagem: Isac AmorimMúsica: Tukanos e MakúsNarração: Roberto EvangelistaRoteiro/Texto/Montagem Direção: Roberto Evangelista

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Lucidéa MaioranaPresidente

Roberta MaioranaDiretora Executiva

Daniela SequeiraAssessora Geral

Ana Cristina PrataAssistente Executiva

Aureliano LinsEstrutura da FRM

Fundação Romulo MaioranaAv. Romulo Maiorana, 2. 473 – Marco – CEP: 66.093-000Fones: (91) 3216.1142 e 3216.1125 – Fax: (91) 3216.1125E.mail: [email protected]ém – Pará – BrasilWebsite: www.frmaiorana.org.brFacebook: [email protected]

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EDUCADORES

MUSEU HIStÓRICO DO EStADO DO PARÁAnderley Solon PetyEdiane Chagas Frota (coordenadora do turno da manhã) Géssyca ThaisJoão Pedro Rodrigues da Silva Nathiel Sarges Moraes Izabella Reis Lima (coordenadora do turno da tarde) Melina Chagas Leão Indra Danielle Leite da Silva

MUSEU DE ARtE SACRADerson Antônio Diniz de Souza (coordenador do turno da manhã) Sheysy Aragão MonteiroEwerton Fabrício Martins da Silva (coordenador do turno da tarde)Winnie Rodrigues Freitas

MUSEU DA UFPA Ana Caroline dos Santos ProtázioAurélio Homobono Gouvêa Jorge Luís Barros Coelho (coordenador do turno da manhã) Soraya do Socorro de Jesus Raiol (coodenadora do turno da tarde) Fábio Augusto da Silva Costa

MUSEU PARAENSE EMILIO gOELDILila Pereira Quezada (coordenadora de turno) Tatiana Maia Nascimento Marcos Alexandre da Costa Santos (coordenador de turno tarde)Maria Gabriella da SIlva DiasDouglas Augusto da Silva Caleja

PALEStRAS

Arte Contemporânea em espaços culturaisJanice Lima

Por Onde Anda a Arte Contemporânea em Armando QueirozMarisa de Oliveira Mokarzel

Leitura e apropriação da Obra ContemporâneaNeder Charone

A curadoria do Projeto Arte ParáOrlando ManeschyRenata Maués

Salvaguarda da obra contemporânea em espaços culturaisRenata Maués

A mediação Cultural e o públicoRosangela Britto

Curadoria Educacional do Projeto Arte ParáVânia Leal

Mediadores Arte Pará e mediadores dos espaços culturaisZenaide de Paiva

Conversa do artista no espaço expositivoSinval Garcia Armando Queiroz Sinval Garcia e Andrés Inocente Martín Hernández Claudia Andujar Murilo RodriguesArmando Quieroz e Almires MartinsMediação da roda de conversa: Marisa Mokarzel e Vânia Leal

Conversa com o Júri de seleção Arte Pará 2010. Participantes da roda de conversa: Rubens Fernandes Júnior; Daniela Labra, Andrés Inocente Martín Hernández, Nádja Peregrino, Ricardo Rezende e Neder Charone.Mediação da roda de conversa: Curador Arte Pará Orlando Maneschy

PROgRAMAÇÃO DO NÚCLEO DE OFICINAS

MUSEU PARAENSE EMILIO gOELDIOficina de Fotografia: Um olhar amazônico sobre a fotografia contemporânea. Oficina de “Arte Plumária”Oficina “Carimbos Indígenas”Oficina: “Pintura em tecidos: releitura da Exposição do Arte Pará”

Atividades lúdico-educativas“Papo de índio”Quartas do Conto “Era uma vez na Amazônia” Sexta é dia de Teatro de Fantoches – “Conversando com a galera” Dinamização de Jogos educativos e PassatempoAtelier de Pintura: Oficinas “Relâmpago”

MUSEU HIStÓRICO DO EStADO DO PARÁOficinas sistemáticas a partir do olhar sobre a exposição Arte Pará que ocorreu toda quarta-feira no horário de 10h as 12hs.Local: Laboratório didático Arte Pará montado no corredor do Museu

CURADORIA EDUCACIONAL

Curadoria geralOrlando Maneschy

AssistentesBruno FurtadoDanilo Baraúna

Curadoria Sala Especial Armando QueirozMarisa Mokarzel

Curadoria EducacionalVânia Leal Machado

AssistenteLuana Machado

Coordenação geralRoberta MaioranaDaniela Sequeira

Assistente de CoordenaçãoAna Cristina Prata

Assessoria de ImprensaCarolina Menezes

Júri de SeleçãoAndrés HernándezDaniela LabraNadja Peregrino Neder CharoneRicardo RezendeRubens Fernandes Junior

Júri de PremiaçãoAndrés HernándezRicardo RezendeSolange Farkas

ARtE PARÁ 2010

Projeto de MontagemRoberta MaioranaOrlando Maneschy Marisa Mokarzel

Projeto do Hall de Entrada Museu Histórico do Estado do Pará Roberta Maiorana

Montagem geralMarta FreitasManoel Pacheco “kiko”

Assistentes de montagem Alexandre CruzCristiano DamascenoElton CardosoElcide OliveiraEldimar BenaionGeorgia BittencourtMarcelo MartinsMario KelsenSérgio Gayoso

ApoioAlcione de OliveiraAureliano LinsDavid Moura DantasDiogo CoimbraMarcio HelvioRaimundo DiovaneReginaldo Braga

IluminaçãoEquipe MHEP / MAS

Programação VisualMendes Comunicação

PlotagemViana Print

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A Fundação Romulo Maiorana agradece

Afonso Gallindo, Aguinaldo Nascimento, Alcemir Aires,

Alexandre Lima, Almires Martins, Alvaro Maciel, Ana Del

Tabor, Ana Paula Felicísssimo de Camargo Lima, André dos

Santos Antonina Matos, Armando Queiroz, Camila Kzan,

Carlos José da Silva, Carmem Peixoto, Cássio Tavernard,

Cristiana Barreto, Daniele Dal Col, Deusarina Vasconcelos,

Diogo Coimbra, Eliane Moura, Eduardo Brandão, Edileusa

Sodré, Eliana Finkelstein, Ericka Brandão, Elza Couto

Tavares, Fátima Cruz, Fernando Hage, Fernando de Assis,

Francisco Carlos, Frederico Fragola, Gerlei Agrassar,

Glenn Harvey Shepard Jr, Horácio Higuchi, Jorge Eiró, Júlia

Rodrigues, Jussara Derenji, Karina Farias, Karol Gillet

Soares, Laura Marsiaj, Liucidalva Queiroz Pinheiro, Louise

Fagury, Manuela de Lorenzo, Márcio Alvarenga, Marceliano,

Melissa Barra, Luis Videira, Luis Peixoto, Madiã Iglesias,

Manoel Pacheco, Marcelo Rodrigues, Márcia Helena

Pontes, Marcio Helvio, Marcos Gallon, Marcus Moreira,

Maria do Céo Silva, Maria Alice Penna, Maria Christina,

Maria Weneide Alves, Mariana Veluk, Mario da Purificação,

Mário Martins, Martha Lima de Carvalho, Maurício de

Souza, Melissa Barbery, Neder Charone, Nelson Nabiça,

Nelson Rodrigues Sanjad, Nilma Brasil, Nilson Gabas

Junior, Norberto Tavares Ferreira, Oriana Duarte, Oswaldo

Mendes, Oswaldo Mendes Filho, Paulo do Canto, Paulo

Herkenhoff, Paulo Machado, Paulo Souza, Patrick Pardini,

Queila Ramos, Raimundo Diovane, Raimundo Teodoro dos

Santos, Raoni Arraes, Regina Fonseca, Reginaldo Braga,

Renata Belich, Renata Maués, Renata Souza, Roberta

Couceiro de Miranda, Rogério Bezerra, Rosangela Britto,

Rose Mendes Meira, Roseny Mendes de Mendonça, Sandra

Cristina Santos, Sheila Martins, Shirley Penaforte, Wanda

Okada, Zenaide Pereira de Paiva.

Governo do Estado do Pará

Prefeitura Municipal de Belém

Projeto o Liberal na Escola

Secretaria Executiva de Cultura

Museu Histórico do Estado do Pará

Museu da Universidade Federal do Pará

Museu Paraense Emílio Goeldi

Museu de Arte Sacra

Mendes Comunicação

Sistema integrado de Museus e Memoriais

Faculdade de Estudos Avançados do Pará – FEAPA

FUNARTE - MINISTéRIO DA CULTURA

Escola Superior Madre celeste – ESMAC

Universidade Federal do Pará – UFPA

Universidade da Amazônia – UNAMA

Galeria Vermelho

Galeria Laura Marsiaj

Sindicato das Empresas de Transportes

de Passageiros de Belém - SETRANSBEL

A todos os artistas selecionados e convidados,

e a equipe das ORM que contribuíram para a

realização deste projeto.

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CAtÁLOgO Coordenação geralRoberta MaioranaDaniela Sequeira Curadoria geralOrlando Maneschy Curadoria Especial sala Armando QueirozMarisa Mokarzel Coordenação EditorialVânia Leal Machado Projeto gráficoMaria Alice Penna Editoração EletrônicaCássio Tavernard FotografiasEverton Ballardin Assistente de FotografiaShirley Penaforte tratamento de imagensRetrato Falado Revisão de textosCarolina Menezes ImpressãoHalley S.A. Gráfica e Editora Todas as imagens e informações contidas nos textos são de inteira responsabilidade de seus autores

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Dados Internacionais de Catalogação da Publicação

MAIORANA, Roberta; SEQUEIRA, Daniela (Coordenação geral);

MACHADO, Vânia Leal (Organização); MANESCHy, Orlando

(Curadoria geral e Organização); MOKARZEL, Marisa (Curadoria

especial Armando Queiroz). Belém - Pará, 2011.

Título Original: 29º Arte Pará

ISBN 978-85-62494-04-8

1. Arte Moderna. Século XXI.

Este catálogo foi impresso pela Halley S.A Gráfica Editora no papel Couchè

fosco 150 g/m2 para o miolo e no papel Cartão Supremo Duodesign

350 g/m2 para a capa. Foram utilizadas as tipologias DIN Light e DIN Medium.

A tiragem inicial foi de 650 exemplares.