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PERFIL IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO BRASIL NO MUNDO O BALÉ BOLSHOI MADE IN BRAZIL ESPECIAL O JOGO DA VIDA

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PERFILIGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO

BRASIL NO MUNDOO BALÉ BOLSHOI MADE IN BRAZIL

ESPECIALO JOGO DA VIDA

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Albino Bacchi - Fundador ArtefactoDiretoria Artefacto Beach&Country

Bráulio BacchiDiretor-Executivo Artefacto

Paulo BacchiCEO Internacional Artefacto

Pedro TorresSuperintendente

Wair de PaulaDiretor de Criação

Projeto Editorial

PUBLISHING

Rua Artur de Azevedo, 560 - Pinheiros - SP - 05404-001 Tel.: (55 11) 2182-9500 - www.j3p.com.br

Fabio PereiraDiretor de Criação

Cesar RodriguesProjeto Gráfi coDireção de Arte

Chico VolponiGerente de Custom Publishing

Iana MerisseDireção de Arte

Luciana FagundesRevisão

Osmar Tavares JuniorArte Final

Giuliano PereiraDiretor Responsável

Helena MontanariniRedação e Edição

Giuseppe NardelliJornalista

Paulo BrentaFotógrafo

Diego MakulPublicidade

[email protected]

Executivas de conta Cindy Vega

Clarice MattielloElisangela Lara

ColaboradoresAdilson Rocchi, Ailton Alves, Carlos Zaluski, Cesar Rodrigues, Edison Garcia,

Fabio Novaes, Mariane Thamsten, Marilia Teixeira, Meire Silva, Miriam Perdigão, Rafael Guerreiro, Ricardo Amaral, Tânia Rodrigues e Wilson dos Santos.

EXPEDIENTE

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1. Wair de Paula3. Ilustração de Rafael Guerreiro3. Obra de Lucio Carvalho

8 | Fevereiro 2012

CARTA AO LEITOR

Uma teoria, a dos cinco graus de separação, prega que, caso consigamos encontrar as 4 pessoas e ligações corretas de uma corrente, conectaremo-nos ou teremos algo em comum com qualquer pessoa do mundo. Ou seja – se encontrar os elos de uma equação perfeita, posso ter relações diretas com Angelina Jolie. Ou com um camponês das estepes siberianas, se for o caso. Isto nada mais é do que a manifestação rede-social do que já faz nos-so pensamento, ligando elementos incongruentes para chegar a ideias ou conceitos completamente distintos do momento inicial. Foi o que aconte-ceu neste número 9 de nossa revista Beach & Country. Um ballet datado da década de 1930 – Jeu de Cartes, com música de Stravinsky e coreografia de Balanchine – originou uma complexa rede de ideias e variações contextuais sobre o termo jogo. Neste ballet, o personagem “joker” (ou coringa, traduzi-do) orgulha-se de sua capacidade camaleônica de tornar-se qualquer carta, colocando-o em uma posição de superioridade absoluta. É uma metáfora sobre os jogos do poder, pois mostra que toda e qualquer carta (ou entidade, ou ...) de alto valor eventualmente pode ser subjugada sob a força de uma ou mais cartas menores – e aí estão as manifestações sociopolíticas ao redor do mundo para provar esta tese. Neste jogo de palavras, termos e imagens, buscamos quem poderia ser nosso parceiro nesta partida. E contamos com a presença do Júnior, do AfroReggae, e seu trabalho campeão com comu-nidades menos favorecidas. Recebemos o apoio de peso de Flávio Canto, judoca premiado cuja luta não se restringe aos tatames. Mostramos a opor-tuna ação do venerando Ballet Bolshoi em terras brasileiras, revelamos as cartas guardadas na manga pelos Douro Boys para realizar os melhores vi-nhos da região e do mundo, expomos o embate entre as ideias do filósofo Luiz Felipe Pondé e os religiosos Ed Kivitz e Monja Coen. Abrimos nosso jogo nas mesas lotadas do restaurante Spot, e ainda somos presenteados com o exuberante jogo de imagens das fotos de Lúcio Carvalho. “O jogo é um corpo a corpo com o destino”, predisse Anatole France. Mas nos jogos contidos neste número, todos ganham.

Wair de Paula

1.

Fale o que você achou desta edição: [email protected]

3.

2.

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10 | FEVEREIRO 2012

34UNIVERSO B&C

Vivendo e Aprendendo a Jogar

90DNA

Os Douro Boys em prol do bom vinho português

98À MESA

Spot, um Ícone Moderno da Gastronomia Paulistana

ÍNDICE

108CONFISSÕES

José Júnior, o Pacifi cador

52. Jogo de Classe62. Jogo da Sedução66. Jogo do Equilíbrio72. Jogo das Multidões80. Jogo do Movimento

40ESPECIAL JOGOS

Por René Kivits, Luiz FelipePondé e Monja Coen

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FEVEREIRO 2012 | 11

118REFÚGIO INTERNACIONAL

Hermitage, um Hotel para se “Jogar” em Mônaco

126BRASIL NO MUNDO

O Balé Bolshoi Made In Brazil

136PERFIL

As Palavras de Ignácio de Loyola Brandão

142ARTE

Lucio Carvalho e a estética no caos

152BÚSSOLA

As diversidades do Peru

164TRILHA SONORA

Jogo de Hits

THE LOOK OF HOME

86. ARTE114. BRANCO E BEGE158. MISTURA FINA

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VIVENDO E APRENDENDOA JOGAR

12 | FEVEREIRO 2012

UNIVERSO B&C

D esde o surgimento da espécie humana no planeta, o crescimento intelectual da raça foi sendo lapidado aos poucos. E uma das ferramentas fundamentais para o desenvolvimento da moral e do intelecto foram os jogos. Documentos antigos

registram que a prática do jogo em si acontecia em todas as regiões habitadas, mas não se tem ideia qual teria sido o primeiro jogo surgido no mundo. Os seguidores da teoria Darwiniana afirmam que a primeira competição entre pessoas chamava-se Jogo da Evolução, praticado pelos Neanderdhal. Consta que era uma prática simples, porém muito violenta, executada com um grande osso. Aquele que conseguisse destroçar a cabeça do adversário conquistava o território. Alguns pesquisadores religiosos acreditam que o primeiro jogo da história tenha sido criado por Adão, que juntava pedras e as separava por cores, de acordo com a plumagem de cada pássaro que ele via no céu. A teoria dos religiosos diz ainda que, ansioso por uma companhia, Adão teria criado uma espécie de tabuleiro para dois competidores. Ao ter seu pedido atendido – com o surgimento de Eva – os dois começaram a praticar, mas logo a companheira enjoou da brincadeira. Começavam aí os problemas entre dois seres, que segundo dizem, foram a base de todo o sofrimento dos dias atuais.

Com a chegada dos filhos, Adão e Eva – afirma ainda a corrente religiosa – foram obrigados a inventar outra forma de distração para os meninos. Criaram um jogo chamado Traição. Cada uma das crianças carregava uma sacola com frutas bem maduras e tinham que acertar o opo-nente pelas costas. O vencedor seria aquele que mais frutas conseguisse arremessar no outro. >>

Por GIusEppE NaRdEllI FoToS IlustRatIVas

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Jacopo d’Antonio Negretti (1480 - 1528) “Adão e Eva”. Reprodução da Enciclopédia Ilustrada “Tesouros da arte”

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Registros arqueológicos do povo Egípcio

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UNIVERSO B&C

Séculos depois, os primeiros povos a praticar o jogo em tabuleiro foram os do antigo Egito e da Mesopotâmia. Escavações arqueológicas trouxeram à luz objetos e desenhos que parecem ter sido parte de grandes tabuleiros de gamão. Existem evidências de que, mais tarde, os jogos tenham surgido em vários lugares do mundo antigo, tais como Índia, China, Japão, Pérsia, África do Norte e Grécia. Depois, os jogos de tabuleiro chegaram até Roma, a outros países da Europa e aos países árabes.

Na China, o mais famoso e praticado jogo foi o dominó, criado por camponeses e esculpido em pedras. Já o xadrez surgiu na Índia, por volta do século VII, e o jogo de damas foi muito praticado na Europa Medieval. Na Roma antiga, por exemplo, surgiram os jogos de estratégia idealizados por Júlio César, mas o maior estrategista foi mesmo Napoleão Bonaparte. Especialista em enganar seu oponente usando truques e blefes, o imperador francês aperfeiçoou a arte da trapaça, o que lhe rendeu grandes vitórias sobre seus oponentes.

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Com o surgimento das grandes navegações, povos e culturas diferentes foram se misturando, criando novas formas de jogar, de acordo com as tra-dições de cada um. Os marinheiros tornaram-se os maiores jogadores da época das caravelas, com competições arriscadas e que quase sempre aca-bavam com morte de um de seus participantes.

Os jogos no BrasilRegistros antigos dão conta de que no Brasil as tribos de índios já utiliza-vam o jogo como forma de educar e desenvolver a mente. Conta a história que Cabral, quando aportou em terras brasileiras, descobriu que alguns ín-dios praticavam um jogo estranho, chamado de Tirouco. Na competição, cada jogador usava folhas de diferentes tipos e tamanhos, em que cada uma tinha valor específico. Depois de embaralhadas, quem pegasse a folha mais valiosa ganhava a partida. Só que esse tipo de jogo gerava muitas brigas, e quase sempre terminava em morte.

Mas foram os portugueses que trouxeram para o Brasil alguns jogos con-sagrados na Europa de então. Na época da escravidão, as senzalas eram palco de grandes jogos, numa forma de passar o tempo e entreter seus habi-tantes. Um dos mais expoentes jogadores da época foi Tiradentes, que era apaixonado por jogos de tabuleiro. Suas reuniões semanais e secretas eram muito frequentadas por poetas, escritores e outros ilustres. >>

O jogo de capoeira é uma expressão cultural brasileira que mistura esporte e música

Napoleão Bonaparte foi o grande mestre no jogo das estratégias

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UNIVERSO B&C

No Brasil moderno, vários tipos de jogos movimentaram a so-ciedade, incluindo os jogos de azar. Alguns cassinos fizeram his-tória e traziam todo o glamour da época, reunindo um público seleto em torno das mesas. Mas este período durou pouco e, em 1946, um decreto do presidente Eurico Gaspar Dutra proibiu os jogos de azar em todo o país. O decreto foi muito combatido na época, especialmente pelas cidades onde o turismo ligado ao jogo atraía centenas de pessoas.

A última partida de roleta no Brasil foi realizada no Cassino do Hotel Copacabana Palace, em de 30 abril de 1946. Na época exis-tiam cerca de setenta cassinos no país e quarenta mil trabalhado-res na indústria de jogos. Com a proibição, um dos mais elegantes jogos, o Polo a Cavalo, foi praticamente extinto do mapa, pois era uma prática em que as apostas corriam soltas. Não são apenas as cartas, os dados, as roletas e as corridas que englobam o “jogar”. Em suas diversas combinações, o jogo pode estar presente em outros setores da vida humana.

O jogo da sedução, por exemplo, é retratado na beleza plástica da dança flamenca. É através de seus movimentos que a mulher exibe toda a sua sensualidade e força, encantando os espectado-res. Sem falar no jogo das palavras, impressas por seus autores e

que representam um pensamento de uma sociedade. A palavra também exerce sua força e pode modificar todo o comportamento de uma geração. Isso acontece também no jogo da música, em que as melodias podem refletir um momento importante e único, uma alegria ou uma dor, escondidos nas letras dos nossos maio-res compositores. No jogo das crenças, as várias religiões estabe-lecem um equilíbrio necessário, instigam questões polêmicas e favorecem a reflexão e o exercício da fé.

Nos campos e nas quadras nossos campeões recebem meda-lhas e troféus, emocionados, ao som do Hino Nacional, que hoje ecoa nos estádios de todo o mundo graças à força do esporte. E o pontapé inicial para todo este universo foi dado pelo brilho do nosso futebol, que encantou o mundo em tantas e tantas Copas. Por fim, os Jogos Olímpicos criados na antiguidade grega, por volta do século XIII antes de Cristo, superaram o tempo e até hoje unem civilizações de diversas culturas, todas com um só objetivo: jogar em união!

Na dança, na música, no esporte, na cultura e no dia a dia de uma sociedade, o “jogar” reflete todo o tipo de estratégia, de po-sição entre adversários, de determinação e vontade. Nem sempre quem joga vence, mas vale a pena apostar em si mesmo!

Vermelho ou preto? Na vida, como nos jogos, a sorte se faz necessária

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Ele orienta seu rebanho de forma moderna e desenha seus próprios conceitos baseado na espiritualidade cristã

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JOGO DA VIDA

P olêmico e intelectual. Assim podemos defi nir o teólogo, escritor e pastor Ed René Kivitz, mestre em Ciências da Religião e autor de inúmeros textos e livros que movimen-

tam o mundo da teologia. Desde 1989 desenvolve seu ministério pastoral na Igreja Batista de Água Branca (IBAB), em São Paulo, e é conhecido por suas tendências teológicas mais modernistas.

Nascido e criado na cidade de Santos, litoral paulista, Kivitz conta que virou pastor por ter sido “chamado”. Talvez a voz que o levou a cuidar de seu rebanho tenha sido ampliada pelos pais, também seguidores da Igreja Batista. O pastor desenha os textos bíblicos de forma diferente, analisando-os sem medo, vícios ou temor. Em um de seus livros, “Adão e Eva Somos Nós”, ele afi rma que a descrição do Gênesis é um refl exo do que nos tornamos hoje. “As atitudes dos nossos primeiros pais são ilustrações da vida do ser humano contemporâneo, que se encontra totalmente envolto de egoísmo, hedonismo, ansiedades, mentiras, desobedi-ência e tudo o mais”, escreve.

Ele afi rma também que o relato sobre a existência de Adão e Eva é embaraçoso e só gera mais erros de interpretação. De for-ma irreverente e jocosa, René Kivitz provoca as mais ortodoxas correntes teístas e questiona: “Qual a fruta da árvore do conheci-mento e do pecado? Quais as coordenadas do jardim do Éden?”

Mas o escritor não cria burburinho apenas quando o assunto é religião. Ele cutuca a onça com vara curta também em temas como sociedade moderna, redes sociais, casamento, sexo sem compromisso e outros assuntos. René Kivitz discute sobre cren-ças, descrenças e conceitos modernos para a Beach & Country na sede da Igreja Batista, onde realiza seu trabalho como pastor.

Ao saber que abordaríamos esta gama de assuntos, Kivitz con-tou uma pequena história, extraída de suas lembranças. “Quando eu morava em Santos, costumava encerrar os sábados comendo nas barracas da orla da praia. Encontrava os amigos na madru-

gada para a saideira. Comíamos um ‘X-tudo’: um sanduichão que cabia de tudo e era chamado de ‘X-larica’. Esta entrevista vai ser tipo ‘X-larica”, comenta com bom humor. Então, aproveitando esse sanduíche, vamos degustá-lo com prazer!B&C: Em um de seus textos, “Peixes Grandes e Pequenos”, o Sr. cita o pensamento paralelo de Dostoiévski, para afi rmar que na natureza humana sempre os grandes acabam vencendo os pequenos. Como explicar essa atitude?Kivitz: Na verdade eu quis dizer que se na linha de pensamento de Dostoiévski Deus não existe, então tudo é permitido. Se não existe Deus, não existe Universo. Hoje em dia, vivemos numa sociedade canibal. O ser humano precisa de um freio. Chega de sofrimento, chega de usar os africanos como cobaias para criar remédios para as multinacionais norte-americanas. Chega de o peixe grande querer abocanhar o pequeno.B&C: E sobre amor e ódio? Um é consequência do outro?Kivitz: Como escreveu o padre dominicano e fi lósofo Tomás de Aquino, “O amor e o ódio são duas faces de uma mesma moe-da”. Ambos navegam em círculo, e um hora eles se encontram. Você não odeia o desconhecido. A indiferença é o não amar. Você prefere ser odiado ou ser ignorado? Se eu digo que te amo, na verdade estou dizendo que te quero. Hoje em dia falamos muito que amamos isso, amamos aquilo, na verdade o “eu te amo” nada mais é do que eu desejo. E o ódio é a forma degenerada do amor.B&C: Qual sua opinião sobre o capitalismo?Kivitz: A economia é livre, o mercado é livre, tem que existir uma distribuição de riquezas. O mercado sem controle gera o Darwinis-mo – interpretação de Charles Darwin sobre a seleção natural, su-gerindo que os pobres eram menos aptos e os mais ricos evoluíam economicamente, por isso seriam mais capazes de sobreviver –; se controlado, todos podem se tornar pobres, pois o Estado jamais irá distribuir renda ou bens. >>

RENÉ KIVITZEle orienta seu rebanho de forma moderna e desenha seus próprios conceitos baseado na espiritualidade cristã

P olêmico e intelectual. Assim podemos defi nir o teólogo,

Por GIusEppE NaRdEllI

FoToS paulO BRENta

ILUSTrAÇÕES RaFaEl GuERREIRO

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JOGO DA VIDA

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“Para mim, o pecado é tudo aquilo que conspira contra a minha harmonização; aquilo que me torna mais bicho e menos humano,

ou seja, o que me rouba a humanidade.”

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O ser humano é egoísta, egocêntrico. Como disse o pastor pro-testante e ativista político Martin Luther King, “O poder nunca é dado, só conquistado”. Esta é a prepotência humana. Eu acredito em ilhas de justiça, de fraternidade. Ainda existem expressões de beleza e de ética. O ser humano é tão parecido com Deus que ele acha que é Deus. Precisamos aprender a ser criatura e não criador. Só assim teremos consciência de que precisamos ser corretos, agir com ética, dividir e ter compaixão.B&C: Qual seu conceito sobre Deus?Kivitz: Não consigo pensar em Deus sem pensar em Cristo. Acre-dito que Ele se revelou mostrando sua face em Jesus. Nunca en-contrei pessoas que tivessem rejeição a Jesus. Acho que essa é a face de Deus, que se reflete em seu filho.B&C: E sobre o pecado?Kivitz: Para mim, o pecado é tudo aquilo que conspira contra a minha harmonização; aquilo que me torna mais bicho e menos humano, ou seja, o que me rouba a humanidade. A solução para o pecado é o arrependimento. Nossa sociedade não é do arrependi-mento nem da autoajuda. Achamos que nos bastamos, que temos dentro de nós tudo o que precisamos. Se fosse assim, seríamos deuses. E não somos. Nós não temos essa autossuficiência.B&C: O Sr. afirma que a morte é a maior angústia da humani-dade. Por quê? Kivitz: A morte é uma grande evidência de que nós somos finitos. A Bíblia diz que a morte é o último inimigo a ser vencido. Por isso nós não pensamos nela. Sempre tentamos nos distrair para fugir dessa verdade. Eu acredito que a morte não é uma passagem, pois este rito de passagem se chama ressurreição. A morte é quando o espírito se desprende do corpo, já a ressurreição é ao contrário. Você volta a ser você mesmo, só que num corpo incorruptível. É o que a Bíblia chama de eternidade. B&C: Por que Eclesiastes é o livro mais mal-humorado da Bí-blia? O que o fez escrever sobre ele?Kivitz: Acho que o Eclesiastes é o livro “Nelson Rodriguiano” da Bíblia. Ele trata a vida como ela é; não a explica metaforicamente. Existe nele um senso de desconforto; é como alguém que chega e diz: “Alguma coisa está fora da ordem”. Quem não se preocupa

com a morte de inocentes, com a fome, o desemprego, o sofri-mento está completamente dessensibilizado. O Eclesiastes é tão sensível que sofre em viver num mundo como este. Ele é trágico, realista e mal-humorado.B&C: O pensamento pode causar dor?Kivitz: Pode sim, porque a consciência nos aproxima da realidade e nós sofremos com isso. O que a consciência percebe o coração não sente. Eu sofro por estar do lado bom da vida. Às vezes me pergunto, por que eu posso fazer isso, aquilo, comprar isso, ter aquilo enquanto tantos outros não podem? São perguntas que não têm respostas. E isso me faz entender qual o meu devido lu-gar; que existe algo maior que eu. Por isso, devemos agir sempre baseados na síntese da espiritualidade cristã: com amor e compai-xão. O teólogo brasileiro Leonardo Boff entende que o sofrimento não é para ser explicado com palavras, mas com compaixão.B&C: O que o Sr. acha sobre as redes sociais? O Sr. utiliza alguma?Kivitz: Eu as uso apenas profissionalmente. Não acredito em ami-zade ou relacionamento virtual. Eu uso as redes de forma prag-mática, apenas quando há um interesse profissional. O mundo virtual destruiu as fronteiras do privado e do íntimo, com conse-quências danosas. Elas tornam público o que é para ser privado. E isso pode ser perigoso. B&C: Que tipo de trabalho social vocês fazem na IBAB?Kivitz: Nós colaboramos com trinta ONGs, oferecendo recursos humanos, financeiros, materiais e de capacitação. Ajudamos estas organizações a fazer um trabalho com qualidade, treinando seus funcionários. Além disso, toda e qualquer doação que chega à Igreja nós repassamos para as ONGs mais necessitadas. B&C: Está debruçado em algum novo livro, algum novo projeto?Kivitz: Sim. Ano passado eu fiz 365 pequenos vídeos, com comen-tários sobre a Bíblia. Um para cada dia do ano. Agora, vamos pe-gar este material e transformar em livro. O título será Talmidim, que em hebraico significa discípulos. Deve ficar pronto ainda este ano de 2012. >>

Serviço:Igreja Batista de Água Branca • www.ibab.com.br

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JOGO DA VIDA

No jogo da fi losofi a, embaralhar as cartas pode criar um resulta-do interessante e imprevisível. Nem tudo em que acreditamos é o certo e nem sempre o bem vence o mal. Diante destes conceitos que fogem do padrão e da cartilha do ser humano, alguns grandes pensadores desafi am regras e contribuem para o surgimento de novas questões e diferentes formas do pensamento moderno.

Assim é Luiz Felipe Pondé, psicanalista e um dos maiores fi ló-sofos e ensaístas brasileiros, autor de vários livros e textos que refl etem uma linha de pensamento marcada pelo pessimismo e pelo conservadorismo. Por este motivo, ele é um exemplo raro de “pensador” que consegue dialogar além dos muros da academia. Além de vários livros publicados, mantém um canal direto com o público através de sua coluna semanal no jornal Folha de São Paulo e com seus alunos, como professor e chefe da área de hu-manidades na Faap.

No âmbito fi losófi co, Pondé encara o “pessimismo” como dou-trina metafísica ou moral onde a supremacia do mal sobre o bem costuma levar à adoção de uma atitude de escapismo, imobilismo ou conformismo. Neste caso, o mal pode ser originado pela falta de meios necessários para a sobreviência ou até mesmo pela au-sência do desenvolvimento espiritual.

Sobre as relações familiares, Pondé justifi ca as diferentes for-mas de amar, afi rmando que nem sempre a família é parceira e sobre o convívio humano, Luiz Felipe tira suas próprias conclu-

sões. Para ele, o “dizer não” tornou-se uma prática cada vez mais difícil na nossa sociedade hipócrita. Pondé falou sobre estes e outros assuntos para a Beach & Country, num raro momento de pausa entre suas várias atividades.B&C: O Sr. se considera um pessimista?Pondé: Digamos que eu seja um pessimista fi losófi co. Acho que o otimismo sempre foi meio bobo. Ser pessimista é ser crítico. Acho que tenho uma fi losofi a baseada em Nietzsche (fi lósofo alemão do século XIX), ou seja, coisas e pensamentos diferentes dos desejos humanos. B&C: Por que dizer “não” é melhor que dizer “sim”?Pondé: Por que o “sim” atrapalha. Precisamos sempre dizer “sim” para sermos amados, queridos, apreciados. Às vezes, dizer “não” é necessário. É difícil, mas quando a gente consegue traz um gran-de alívio. Acho que precisamos mais dizer “não”, apesar do nega-tivo ofender, te deixar chato. Eu falo “não”, mas nem tanto quanto eu gostaria. Aprendi a dizer “não” através dos anos e do meu re-conhecimento público pela minha obra. A partir do momento que você se torna famoso e tua autoestima aumenta, você aprende a dizer mais “não”. Não é fácil, mas é um mal necessário!B&C: Em um de seus textos o Sr. fala que nem sempre a família é uma boa conselheira. Por quê?Pondé: A família só cobra. Para eles, você não passa de mais um problema. Às vezes, um amigo pode ser um grande conselheiro,>>

LUIZFELIPE PONDÉConhecido pela sua forma pessimista de enxergar o mundo, o fi lósofo e escritor usa a psicanálise como ponto de fuga na perspectiva de seus pensamentos

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um confidente. A família é necessária até certo ponto da nossa criação, mas depois... Eu diria que a família pode ser boa, mas é uma merda. E às vezes a família é uma merda, mas é boa. Existem certos protocolos dentro da família que são verdadeiros absurdos. Festas de aniversário, Natal, almoço aos domingos etc. Se você deixa de ir, fica mal visto. É como ir no enterro de algum ente querido e não chorar. Pronto! Vão falar que você não gostava do defunto ou que você é insensível.B&C: O Sr. é espiritualista? Qual a importância da religião na sociedade?Pondé: Eu não sou uma pessoa que tem necessidades espirituais. Não tenho fé e nunca recorri a nada divino para me ajudar em alguma coisa. Nunca me desesperei por falta de um sentido na vida. A religião é parte do processo civilizador da huma-nidade. Ela tem discurso moralizante, dá significado aos atos humanos, faz você se sentir acompanhado. Serve de freio. Mas não sou religioso.B&C: E sobre os textos bíblicos, qual sua opinião?Pondé: A Bíblia, ao meu ver, é um dos maiores clássicos da cultura ocidental. Os textos trazem um grande repertório sobre o ser humano. Os salmos de Davi são ma-ravilhosos. Dá para tratar a Bíblia como uma grande obra literária.B&C: O Sr. disse num de seus textos que nossa esquerda foi burra. Qual a razão para esta sua afirmação?Pondé: Depois que a ditadura acabou, os jornais, as universidades, a informação, tudo estava sendo dirigido pela esquerda. Era tão burra quanto um religioso radical. Hoje, a esquerda do PT está diluída em seu discurso. Acredito que a forma do partido governar, atualmente, é melhor que a praticada por Chaves, por Lugo etc. Virou um partido de centro-esquerda, que soube e aprendeu a pactuar com o mercado financei-ro e manteve a liberdade de imprensa e de expressão.B&C: O que o Sr. tem a dizer sobre o envelhecimento do ser humano?Pondé: Eu acho ridículo e terrível. Que coisa mais absurda as pessoas falarem “a me-lhor idade”. Acho uma ofensa. Melhor idade por quê? Isso é fruto de um pensamento público que quer tornar o mundo melhor, mas está criando retardados. Pode alguém achar que está na melhor idade se não sai do consultório médico? Faça-me o favor!B&C: Qual sua visão sobre a vida?Pondé: Para mim a vida é uma experiência frustrante. >>

“A Bíblia, ao meu ver, é um dos maiores clássicos da cultura ocidental. Os textos trazem um grande repertório sobre o ser humano.”

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O nome dela é Cláudia Dias de Souza. Uma paulistana que aos 36 anos resolveu optar por uma fi losofi a religiosa e acabou se tornando uma das mais importantes líderes espirituais do país. Antes de se envolver plenamente na fi losofi a baseada nos ensi-namentos de Buda – Siddhartha Gautama, que viveu na Índia no século VI antes de Cristo –, Monja Cohen foi jornalista, cursou direito, teve as mais incríveis experiências na época da revolução cultural e do rock’n’roll, e até chegou a ser presa. Casou-se aos 14 anos, teve uma fi lha e depois divorciou-se.

Foi numa redação de jornal que, a primeira mulher de origem não japonesa a assumir a Presidência da Federação das Seitas Budistas do Brasil, encontrou o novo caminho. “Eu trabalhava no Jornal da Tarde no fi nal dos anos 60 e fui fazer uma matéria sobre sociedades alternativas. Pesquisei vários arquivos do jornal e encontrei uma sé-rie de informações sobre grupos que já falavam em reciclar e em alimentos sem agrotóxicos naquela época. Depois dessa primeira dose de sabedoria, li Trotsky e entendi que se o ser humano não muda, nenhum partido político vai fazer a diferença”, relembra. A partir daí, a vida de Monja Coen mudou da água para o vinho.

Sua formação monástica teve início na Califórnia, USA, no Zen Center of Los Angeles onde, depois de três anos de prática cons-tante, recebeu a ordenação do falecido Reverendo Koun Taizan Daiosho – Hakuyu Maezumi Roshi. Em 1983 entrou para o mostei-ro feminino de Nagoya, no Japão, e durante este último período participou também de um curso especial de aperfeiçoamento de professores da escola Soto. Foi onde desenvolveu a tese ligando os problemas ecológicos com as discriminações humanas baseadas no antropocentrismo, oferecendo como antítese os ensinamentos Budistas da Escola Mahayana com o ideal do Bodhisatva – um ser que desperta para a mente iluminada e se coloca à disposição de todos os seres a fi m de que possam realizar a iluminação suprema.

Em 1995 foi chamada para auxiliar no Templo Busshinji de São Paulo, que havia sido parcialmente reconstruído e, em seguida, foi nomeada como Superiora Espiritual da Comunidade Budista Soto Zenshu da América do Sul, posição que ocupa até hoje.

Em seu templo no bairro do Pacaembu, em São Paulo, Monja Coen recebeu a reportagem da Beach & Country. Logo na entrada percebe-se que a casa comum e ampla sofreu algumas adapta-ções. No primeiro ambiente, retratos de Buda, vitrines com livros, souvenirs e outras lembranças ligadas ao templo estão expostos aos visitantes e podem ser adquiridos. Na sala seguinte, imagens em bronze e ferro retratando as várias formas de Buda nos rece-bem. Em seguida, outra sala ampla com tambores e almofadas, onde são realizados os exercícios de meditação. Com os cabelos raspados, tom de voz baixo e gestos medidos, Monja Coen nos conta um pouco sobre sua vida, numa área externa coberta e ro-deada por um jardim muito bem cuidado – bem ao estilo japonês.B&C: Quando a Sra. percebeu que tinha vocação para ser uma religiosa?Coen: Aos treze anos sonhei que estava tomando chá com Jesus e outras freiras, lado a lado. Comentei meu sonho com uma madre e ela me disse que aquilo fora um chamado. Refl eti sobre o fato e segui na religião.B&C: Como sua família recebeu o fato de a Sra. ter decidido seguir o budismo?Coen: Bom, meu pai era ateu, então qualquer coisa que eu fi zesse nesse sentido ele não iria nem se opor e nem apoiar. Já minha mãe, católica, queria que eu fosse freira. Quando contei que iria seguir o budismo, ela pensou e disse que se todas as religiões apontam para um só Deus, o Criador Supremo de tudo, que eu seguisse esse Deus, não importasse de que forma. B&C: Durante seus estudos, nos templos budistas, a Sra. teve uma outra visão. Qual foi e que efeito teve em sua vida?Coen: Eu estava em Los Angeles morando numa comunidade zen-budista e durante uma meditação vi Jesus e Buda, um do lado do outro, convivendo normalmente. A partir daí tirei uma gran-de culpa dentro de mim: se Jesus convive harmonicamente com Buda, dentro daquela minha visão, era um nítido sinal de que eu não estava traindo Jesus. Aquilo me acalmou muito e me fez se-guir adiante com mais força. >>

Do jornalismo ao budismo. A Primaz Fundadora da Comunidade Zen Budista no Brasil fez uma mudança radical em sua vida. E conta para B&C sua busca por uma vida melhor

MONJA COEN

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JOGO DA VIDA

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JOGO DA VIDA

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B&C: Depois de ter tido uma vida intensa, repleta de atividades e imprevistos, como foi a reclusão imposta pela religião, quan-do passou algum tempo na clausura?Coen: Foi ótima. Foi uma pausa para refletir e perceber que nada existe ou acontece pelo acaso. Me acostumei com aquela solidão e descobri naquilo uma série de benefícios. Me desliguei do mundo exterior e foquei em mim. Concluí que tudo que aconteceu na mi-nha vida começou a ser tecido. Hoje, faço parte desse trama; sou um fio desta tessitura.B&C: Por que mudou o nome para Coen?Coen: É um nome composto de dois caracteres chineses. “Co” sig-nifica “só” ou “um só, única” (como monos em latim) e “en” signi-fica “círculo perfeito” ou “compleição, perfeição”.B&C: Desde que começou a mergulhar na filosofia Za Zen, a Sra. obteve respostas para algumas perguntas sobre o sentido da vida, a morte, etc.?Coen: Sim. Obtive muitas respostas sobre os meus questionamen-tos e os de quase toda a humanidade. Entendi que somos parte de um todo e que estamos ligados a tudo que gira em torno de nós; pertencemos à natureza iluminada. Descobri de que maneira é possível viver sem causar sofrimentos aos outros e a mim mesma. Percebi que a filosofia Za Zen é mais clara, ao contrário da religião católica, a única que conheço, e que sempre traz informações in-fantis. Muitas vezes nos deparamos com divindades fantasiosas que mais lembram histórias que ouvimos antes de dormir. Encon-trei no budismo uma maneira objetiva de sanar minhas dúvidas.B&C: Quando viveu no Japão, a Sra. casou com um monge. É permitida a união de pessoas no budismo?Coen: Apenas no budismo japonês o casamento monástico é per-mitido. Encontrei um monge bem mais jovem e acabamos nos casando. Nossa filosofia tem preceitos bem definidos que foram alterados raríssimas vezes em função da evolução do ser humano. Um deles era: “Não manter relações sexuais” e foi alterado para: “Não manter relações sexuais impróprias”. Basta uma palavra a mais ou a menos para mudar todo o significado do conjunto.

Por isso a Igreja Católica está perdendo cada vez mais fiéis. Os Evangélicos, por exemplo, podem se casar entre si e isso aproxi-ma mais os fiéis no conceito de uma família constituída, em que-pastor pode casar e não ofender seus dogmas ou a sociedade.B&C: A Sra. acha que os preceitos da Igreja Católica deveriam ser revistos?Coen: Seria bom que isso acontecesse, mas acho improvável. É tudo muito engessado. Na budismo japonês existe o cuidado com a continuidade. Por isso que os monges podem casar, pois seus fi-lhos poderão vir a ser monges também e dar sequência à filosofia.B&C: A Sra. sente ou sentiu algum preconceito por causa de

sua crença?Coen: Pela crença acho que não, mas pela aparência sim. Por cau-sa do cabelo raspado, muitas pessoas pensam que eu estou fazen-do quimioterapia; outras acham que eu sou de alguma banda de rock. Alguns perguntam se sou religiosa e quando digo que sou budista, logo querem me transformar, me converter para a reli-gião deles. Eu acho engraçado e apenas ouço com respeito.B&C: Uma das doutrinas do budismo é não se apegar, pois o apego traz dor e sofrimento. O amor sem apego, sem egoísmo. A Sra. acre-dita que hoje em dia esta forma de pensar está cada vez mais rara?Coen: O que temos que fazer é “derreter o gelo” e para isso você precisa estar numa temperatura maior que os outros. Temos que perceber que não existe um “Eu fixo”. Este “Eu” é mutante. Além disso, temos que aprender a ter compaixão, ou seja, eu quero não só o bem para mim, mas também ao meu próximo. Só que prati-car isso não é fácil, pois quebrar as barreiras da individualidade é uma tarefa árdua. Mas não impossível. Por isso, as pessoas preci-sam exercitar esta forma de ser e viver.B&C: Como a Sra. vê a morte?Coen: Eu tenho um conceito: vida/morte. A morte não é o acabar. Digo que o que produzimos em vida terá uma continuidade, vai ge-rar seus efeitos. Posso dizer que o budismo japonês é meio mineiro, fica sempre em cima do muro!(Que me perdoem os mineiros.) A filosofia Za Zen não nega a reencarnação, porém não a confirma. Nela, existe um julgamento final, onde nós mesmos seremos nos-sos próprios julgadores. É mais ou menos assim: se você fez o bem, vai para um universo bom; se fez o mal, vai para um local ruim. B&C: Dentro de uma filosofia que estimula o bem, por que a violência anda a solta hoje em dia?Coen: A paz não é passiva. Ela é ativa. O líder pacifista indiano Mahatma Gandhi disse, “Nós somos a transformação que quere-mos para o mundo”. Por isso, aquilo que cada um de nós faz inter-fere. A violência é fruto de uma mudança. Não pode haver nem miséria, nem pobreza extremas. A consciência humana mudou desde que o Homem viu a Terra do espaço. Ele a viu como um todo. Por isso, é necessário que essa visão do geral seja também usada aqui entre nós. Assim é possível diminuir ou controlar a violência. É a compaixão! Buda exemplifica tudo isso na frase: “Eu, a grande terra e todos os seres nos tornamos o caminho. A ilumi-nação está em tudo aquilo que existe.”B&C: A Sra. dá palestras e algum tipo de exercício para quem quer conhecer melhor a filosofia budista japonesa?Coen: Em nosso templo no Pacaembu damos palestras abertas to-das as terças-feiras. Às quintas e domingos, ensinamos exercícios de relaxamento e meditação básica. Serviço: Site oficial do Templo Zen do Brasil, para mais informações: www.zendobrasil.org.br

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O Polo exige grande habilidade e preparo físico dos seus jogadores

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JOGO DE CLASSE

POLO.O JOGO DA ELEGÂNCIA

Arrojado, porém pouco praticado no Brasil, o esporte conquista cada vez mais praticantes e admiradores

Por GIusEppE NaRdEllI FoToS dIVulGaÇÃO

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JOGO DE CLASSE

O polo a cavalo encanta pela sua elegância e sofi sticação. Basta observar a dança dos ca-valos e dos jogadores para entrar num clima

completamente diferente de qualquer outro esporte. Apesar de pouco conhecido no Brasil, este esporte tem origens bem distantes. Alguns relatos dão conta de que o jogo teria sido introduzido no Egito, Grécia e Índia pe-los persas. Os campos de polo ou maidan, como eram chamados, tinham 500 metros de extensão, as traves eram de pedra e as bolas feitas de osso. Indícios históri-cos atestam que mais tarde o polo foi também praticado pelos cavaleiros da China e Ásia Central, séculos antes de Cristo. Na época, a “brincadeira” era um mero passa-tempo entre nobres, califas, sultões e imperadores.

Os primeiros ocidentais a entrarem em contato com este jogo foram os soldados ingleses e alguns civis que serviam na Índia no século XIX, na época de sua colo-nização. Eles aprenderam a jogar trabalhando em Mani-pur, um pequeno estado entre Assam e Burma, onde o polo era um jogo nacional e as pequenas vilas tinham seu próprio time. Provavelmente o povo de Manipur co-piou e adaptou o jogo do Tibet, batizando-o de “Pulu”. Em 1854, os ingleses começaram a cultivar plantações de chá em Manipur e 5 anos mais tarde o primeiro clu-be de polo foi formado pelo capitão Robert Stewart, que fi cou conhecido como o “Pai do Polo Moderno”. Cerca de quinze anos mais tarde começou a ser um esporte muito praticado na Índia Britânica, só que ao invés de usar cavalos, seus praticantes o jogavam utilizando pe-quenos pôneis. Foi somente em 1869 que o “Hockey a Cavalo” – como foi chamado na época – ganhou posição de destaque no Reino Unido e, aos poucos, foi fi cando cada vez mais popular. >>

regrasO polo é praticado a galope e é um dos jogos mais rá-pidos do mundo. O objetivo é fazer mais pontos que o oponente, acertando no gol uma bola de 8 centímetros de diâmetro, usando um taco de 3 metros de comprimento. Divide-se em 3 modalidades básicas, chamadas de “bai-xo”, “médio” e “alto hadicap”. A altura de um cavalo de polo gira em torno de 1,52m e 1,60m. Cada time possui 4 jogadores, divididos entre atacantes, meio de campo e defesa. A partida, que tem menos de uma hora, é dividida em “chukkas”, que duram 7,5 minutos cada. Cada partida pode ter de 4 a 6 “chukkas”; os cavalos devem ser troca-dos a cada “chukka” e só podem ser usados 2 vezes na mesma partida. Os jogos são controlados por dois juízes montados a cavalo e um árbitro que permanece fora do campo, que é consultado pelos anteriores em caso de dú-vida. O polo tem uma particularidade que o diferencia dos outros esportes, que consiste no fato de as equipes te-rem de mudar de campo – e consequentemente de baliza – a cada gol que marcam. Isto acontece para que nenhu-ma das equipes seja benefi ciada pelo estado do campo e pelas condições atmosféricas.

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JOGO DE CLASSE

José Eduardo Kalil em competição no Clube São José

No BrasilO polo começou a ser praticado no Brasil durante a década de 1920 por ingleses, fazendeiros e militares brasileiros, princi-palmente no interior de São Paulo. No sul do país, este esporte também atraiu muitos adeptos e foi difundido por argentinos e uruguaios. Muito apreciado pelos militares, as primeiras competições eram realizadas no Campo da Parada, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Anos mais tarde foi construído o primeiro campo civil para a prática deste esporte, no Gávea Golfe Club, também no Rio de Janeiro. Na década de 70, as competições do polo militar foram diminuindo e deram lugar ao jogo praticado apenas por civis. No estado de São Paulo, a modalidade foi introduzida pelos coronel Parker e major Coulson e foi muito praticada, principalmente, nas regiões de Colina e Orlândia, interior paulista.

O primeiro campo da Sociedade Hípica Paulista foi na sede do bairro de Pinheiros. Com o passar do tempo, várias equipes se formaram e, em 1963, foi fundada a Federação Paulista de Polo. Atualmente o polo é praticado com regularidade em mais de 50 países, tais como Argentina, Estados Unidos, México, Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia, Brasil e Irlanda, entre outros. No Brasil, um dos grandes representantes deste jogo de elegância e sofi sticação é o empresário José Eduardo Kalil. Tudo começou quando ele, aos 13 anos, estreou nos campos, incentivado pelo próprio pai. Depois, vieram os campeonatos e o estímulo das primeiras vitórias. Mas foi em 1995 que a equipe com o nome São José nasceu ofi cialmente para o mundo. A partir daí foram dezenas de conquistas, tanto no Brasil como na Argentina. Segundo ele, “foram nos últimos seis, sete anos que conquistamos os principais torneios brasileiros”.

Sua equipe orgulha-se em ter nas prateleiras os troféus de tetracampeão do Aberto do Estado de São Paulo, de hexacam-peão do Aberto do Helvetia e de pentacampeão Brasileiro, “todos os prêmios foram conquistados de forma consecutiva, tornando-nos a melhor equipe brasileira dos últimos anos”, conta com alegria. No cenário internacional a equipe de Kalil também não fez feio. >>

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Os cavalos devem ser trocados a cada tempo (denominado chukka) e só podem ser utilizados 2 vezes no mesmo jogo

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JOGO DE CLASSE

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Ela venceu a Copa Diamante e o bicampeonato da Copa de Ouro na Argentina, além de ter sido vice-cam-peã da Copa Las Naciones, em 2009 – uma espécie de campeonato mundial de “alto handicap”.

O polo sofreu um processo mundial muito intenso de profissionalização nos últimos 20 anos e isto aconteceu de forma contundente na Argentina, EUA e Europa, com destaque para a Inglaterra. “São nestes países que os profissionais conseguem seus melhores contratos”, informa Kalil. Para ele, a emoção de disputar o esporte supera qualquer investimento. “É realmente um esporte caro, mas vale a pena pelo prazer de praticar algo tão mágico e fascinante.” No Brasil, o polo está começando a se profissionalizar. Hoje, cerca de 500 atletas o prati-cam e aproximadamente 20 jogadores já são considera-dos profissionais. “Mas esperamos contar com o auxílio de empresas para torná-lo um esporte mais viável e vi-sível. É um torneio que reúne virilidade, elegância, com-petitividade e emoção. Tudo isso, para mim, justifica a razão em praticá-lo”, orgulha-se Kalil.

TorneiosOs torneios são basicamente organizados pelos clubes. O mais representativo deles, o Helvetia Polo, é o respon-sável por organizar os principais torneios. O mais signi-ficante é o “Torneio Copa de Ouro”, organizado por José Eduardo Kalil e realizado no Clube de Polo São José. “A origem do clube se deu na medida em que fui ex-pandindo o espaço e novos campos para uso próprio. Na sequência, veio o interesse em realizar a Copa de Ouro e com isso a necessidade de ampliar essa estrutu-ra, que hoje conta basicamente com 4 campos”, explica ele, salientando que pretende, num período de no máxi-mo três anos, providenciar o básico necessário que um clube de polo necessita – como uma ampla estrutura de cocheiras e club house. “No Helvetia, os torneios dão acesso ao público, geralmente composto por pessoas relacionadas ao esporte ou que o admiram. No caso do Clube São José, apenas realizo a Copa de Ouro, que é um evento fechado para patrocinadores e que atrai em média 3 mil pessoas.” >>

Com mais de 40 campos oficiais, só no Brasil, Helvétia, em Indaiatuba, os 13 campos vivem lotados

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JOGO DE CLASSE

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Nosso maior representante do polo no país revela ainda um grande sonho: “Tenho como objetivo realizar, num curtíssimo prazo, jogos, exibições e confrontos internacionais para o público aberto.” E, neste jogo que mistu-ra elegância e competitividade, o polo cada vez mais utiliza cavalos puros-sangues ingleses misturados a cavalos argentinos. Kalil explica que nossos “hermanos” são os pioneiros e os donos do esporte em todo o mundo. “Pois além de tecnicamente superiores, possuem a melhor cria, melhor estrutura de campo e conduzem como ninguém as relações entre patrões, clubes etc.”

OlimpíadasO polo a cavalo fez parte do programa olímpico nos jogos de 1900, 1908, 1920, 1924 e 1936. Depois disso foi excluído da competição pelos altos custos de transporte e grandes cuidados necessários com os animais. Kalil enfatiza que “apesar disso, a Associação Internacional de Polo vem tentando incluí-lo novamente como esporte olímpico, mas existem algumas dificuldades

que impedem esta façanha. Entre elas, o orçamento e a questão sanitária, pois cada equipe possui cerca de quarenta cavalos. Não creio que teremos o polo como esporte olímpico tão cedo”, desabafa.

São grandes as barreiras que este esporte símbolo da elegância ainda tem que ultrapassar. Mesmo assim, Kalil afirma que continua sempre jogando com paixão e com a emoção de competir e conquistar desafios. “Quando eu não puder mais praticar o polo, estou certo de que terei ainda mais prazer em ver meus filhos fazendo o mesmo. Espero que os momentos em que passo longe da família pensando no esporte, e que hoje me rendem algumas cobranças, possam ser recompensados por um polo ainda melhor, que meus filhos e seus companhei-ros possam desfrutar”, confessa com emoção.

Cercado de glamour, seus eventos atraem grandes patrocinadores de marcas de luxo

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Sensualidade a cada passoFlamenco

Para Marietta Pirágine, o Flamenco retrata a força da mulher

JOGO DA SEDUÇÃO

Por GIusEppE NaRdEllI

FoToS paulO BRENta

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lamenco é uma arte popular que tem sua maior expressão na dança, no modo de cantar e tocar guitarra. Proveniente da região de Andaluzia, no sul da Espanha, teve seu surgimento no século XVI nas cidades de Sevilla, Jerez e Cádiz – consideradas como a “Santíssima Trindade” do Flamenco. As raízes desta dança, que esbanja sensualidade e elegância, são compostas pelos costumes de diferentes civilizações. As influências foram extraídas dos povos árabe, judeu, bizantino e hindu, mas foram os ciganos os que tive-ram papel fundamental no uso e propagação da dança como capítulo à par-te do folclore andaluz. Divididos em grupos, os ciganos tentaram conquis-tar a Europa e acabaram se estabelecendo na Espanha, por volta de 1425. Decretada a perseguição às tribos nômades pela Coroa de Castella em 1499, os grupos foram obrigados a se estabelecer nas montanhas e outros locais desabitados para sobreviverem. Com o convívio e mistura dos diferentes costumes e tradições dessa gente perseguida, foi surgindo uma nova forma de expressão cultural. Nesse instante nascia a música flamenca, ou “cante”, ritmo marcado pela melancolia, pelo fatalismo e pelo sentimento trágico da vida, criado através de uma voz e acompanhamento rítmico, como palmas ou golpes dos pés no solo.

Mas a alegria também está presente na música e dança flamenca. Letras e movimentos mais “divertidos” são relacionados à etnia andaluza, retratando a felicidade do povo e o apreço pela arte. Já os tons mais melancólicos e dra-máticos são atribuídos aos povos errantes, vivendo quase sempre em luga-res frios e inóspitos. A palavra flamenco foi usada pela primeira vez em 1835. Acredita-se que o termo seja derivado do árabe “fellah” (camponês) e “men-gu” (fugitivo), e foi empregada como sinônimo para os ciganos da região de andaluz. Estudiosos atestam ainda que a referência à palavra “flamenco” seja proveniente do termo “flamância” de origem alemã, que significa fogosidade ou presunção – adjetivo aplicado aos ciganos por seu temperamento. >>

F

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JOGO DA SEDUÇÃO

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à esquerda, vários passos da dança flamenca.

à direita, a Professora Marietta Pirágine

Com o passar dos anos, o flamenco evoluiu. À música foi incorporada a guitarra que deu espaço para o sapa-teado, como forma de embelezar ainda mais a plástica gestual e sonora. Grandes nomes o lançaram, tornan-do-o conhecido pelo mundo e encantando multidões por seu estilo único e contundente. Em 1929, Antonia Mercé, “La Argentina”, criou a primeira companhia de balé espanhol, que se apresentou na Ópera Comique de Paris. Em 1949, o bailarino Vicente Escudero levou o Flamenco à capital francesa, através de suas criações repletas de movimentos sensuais.

No BrasilO Flamenco não é mais uma arte estrangeira e hoje é praticado e pesquisado nos principais países com de-senvolvimento cultural como o Japão, França, EUA, Inglaterra, Alemanha e Brasil. Foram os ciganos que trouxeram esta arte por aqui, nos anos 50. Aos poucos, a sensualidade da dança e o vigor da música encantaram nobres e plebeus nas festas do Campo de Sant’Ana e do pátio interno do Paço Imperial, no Centro do Rio de Janeiro, conhecido como Pátio dos Ciganos.

Desde então, músicos e bailarinos encontraram uma identidade com o Flamenco, tanto como cultura quanto como diversidade rítmica; uma mistura de integração de várias culturas e etnias. O chamado “sangue quen-te” ou latinidade transpira pelos poros de quem dança, caracterizado na expressividade que provém do corpo. Para a professora Marietta Pirágine, a dança flamenca foi um presente que ela recebeu de sua mãe.

Bailarina clássica e de jazz, ela jamais pensou em se tornar uma dançarina de Flamenco. “Um dia, uma pro-fessora veio me dizer que eu tinha todas as qualidades e características de uma praticante do Flamenco. Então, resolvi participar de uma aula com a professora Rafaela Carrasco, que logo me passou para um estágio avan-çado”, relembra ela. A partir daí a paixão foi grande, e Marietta entrou para o seleto grupo de dançarinos de Flamenco. “O Flamenco retrata bem a força da mulher; é uma coisa que vem de dentro para fora; é como uma combustão interna”, explica ela.

Apesar de sua avó dizer que ela não tinha nada a ver com a dança espanhola, seus gestos e poses a transfor-mavam numa verdadeira “expert” do assunto. Mesmo não conhecendo a Espanha, Marietta acredita que a pai-xão repentina pelo Flamenco tenha sido um presente de vidas passadas. Ela conta também que no Brasil é ainda raro ver homens dançando o Flamenco por cau-sa do preconceito que ainda é grande. “Mas existem alguns sim. Inclusive tem muito pai que vem assistir aos filhos dançarem e acabam se interessando”, revela Marietta. Idade para dançar? Bom, quanto a isso a pro-fessora explica que, “por ser uma dança que estimula muito a sensualidade da mulher, o aconselhável é que se comece a praticá-lo depois dos 16 anos, em uma ida-de mais adulta”, diz, acrescentado ainda que a maioria de seus alunos tem idades que vão dos 40 aos 60 anos. A dança flamenca melhora a autoestima, resgata a auto-confiança e é pura beleza. Vamos dançar?

Serviço:Escola Ballet Art • www.balletart.com.br

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“oss”

F oi por causa da influência do irmão que Flávio Canto entrou para o mundo do judô. Depois de treinar por cinco anos, conseguiu ingressar na Seleção Brasilei-

ra. Começava aí uma carreira de conquistas e reconhecimento, que fizeram com que nosso judoca subisse ao podium inúme-ras vezes. A história de vida deste campeão nacional teve início longe daqui. Filho de brasileiros, Canto nasceu na Inglaterra e viveu parte de sua adolescência nos EUA. Foi nas águas norte-americanas que ele teve contato com a vida esportiva, através do surfe. Mas seu futuro estava escrito nos tatames do judô, prática na qual se aperfeiçoou e esbanjou talento.

A primeira grande conquista na arte marcial foi em 1995, quando recebeu sua primeira medalha. Foi bronze no Pana-mericano de Mar del Plata, na Argentina, o que lhe valeu o passaporte para participar das Olimpíadas de Atlanta, quatro anos depois. Mais uma vez, Flávio mostrou ao mundo que ti-nha vocação e talento para o esporte. Na ocasião, classificou-se em sétimo lugar, pontuação considerada excelente para uma modalidade que, até então, não dispunha de um representante brasileiro entre os melhores do mundo. Outras conquistas vie-ram no Panamericano de Winnipeg, no Canadá, onde conquis-tou a medalha de prata. Foi campeão em Santo Domingo, na República Dominicana e medalha de bronze nas Olimpíadas de Atenas, em 2004. O reconhecimento de tantas vitórias veio em 2006, quando Flávio foi considerado pelo Comitê Olímpi-co Brasileiro (COB) o melhor judoca do país e um dos mais respeitados atletas brasileiros. “No judô a gente aprende mais a se levantar do que cair. Você sempre está se levantando das quedas”, afirma ele. >>

FLÁVIO CANTO:

UM JUDOCA VITORIOSO NOS TATAMES E FORA DELES

O medalhista olímpico tira do esporte os ingredientes necessários para

desenvolver um trabalho social que é um verdadeiro campeão

Por GIusEppE NaRdEllI

FoToS dIVulGaÇÃO

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JOGO DO EQUILÍBRIO

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Flávio Canto não é faixa preta só no judô, mas também no jogo da solidariedade

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JOGO DO EQUILÍBRIO

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“Comecei a perceber que, através do judô, muitos dos alunos começaram a melhorar seu empenho na escola,

na convivência familiar e social.”

E foi numa dessas quedas, quando Canto perdeu a vaga de titular nas Olimpíadas de Sydney, que o medalhista deu a volta por cima. O golpe foi motivo de uma grande refle-xão e ele resolveu ser vencedor em outras quadras. “Sem-pre quis criar um projeto social ligado ao esporte, mas nunca tive coragem de concretizar isso, pois achei que eu não tinha experiência na área da educação”, revela.

O projeto de vida do judoca começou a sair do papel quando ele foi voluntário numa ONG da Rocinha, no Rio de Janeiro, em 2000. Em pouco tempo, ele percebeu que o esporte era uma ferramenta importante na transformação moral e social da juventude carente. “Comecei a perceber que, através do judô, muitos dos alunos começaram a me-lhorar seu empenho na escola, na convivência familiar e social. Eles reagiram de forma positiva à disciplina e dedi-cação exigida na prática deste esporte”, relembra. A partir daí, Flávio começou a esboçar seu próprio projeto social e, com a ajuda de alguns amigos, fundou, em 2003, o Ins-tituto Reação, do qual se orgulha profundamente até hoje. “O esporte foi uma ferramenta importante para atrair os jovens e integrá-los socialmente, através da educação.” >>

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Flávio Canto treinando uma futura campeã da ONG Reação

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Ao centro de sua equipe, no Instituto Reação, o projeto é considerado por ele

mesmo o seu grande Ippon

OlimpíadasO fato de Flávio Canto estar fora da disputa das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, não é motivo para abalos. “O judô faz parte da minha vida, mas não é a minha vida”, conta ele, esclarecendo que atualmente está envolvido em vários outros projetos e dedicando parte de seu tempo ao Instituto Reação e à experiência como apresentador de televisão. “É um desafio pro-posto pela Rede Globo, mas eu ainda sou faixa branca”, revela o atleta. Ele está muito otimista com a realização das Olimpíadas no Brasil, pois acredita que será um fato importante para o es-porte nacional. “Aprendemos muito nos Jogos Panamericanos de 2007 e com certeza os erros de então não serão repetidos. Afinal, é errando que a gente aprende, não é?”, diz. Canto tam-bém acredita que o esporte nacional vai surpreender, pois mui-tos atletas com excelente capacidade estão surgindo no Brasil nos últimos anos. “Agora é a vez do Brasil e dos brasileiros, por

isso acho que as Olimpíadas de 2016 serão uma grande vitrine para a consagração dos nossos atletas em suas várias modalida-des”, torce o medalhista.

Próximos PassosUtilizando uma das principais filosofias do judô, Flávio Canto acredita que saber cair e se levantar com dignidade é a maneira correta de vencer no jogo da vida. “Na maioria das vezes, uma derrota pode servir para que você enxergue o mundo através de outro ponto de vista. É uma maneira de você olhar para trás e analisar aquele momento com carinho”, diz Canto. Ele revela que 2012 é o ano das transformações. Flávio pretende abando-nar as competições de judô. Ele quer se dedicar, ao máximo, no propósito de expandir seu projeto social para outros estados brasileiros e torná-lo cada vez mais atuante.

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JOGO DO EQUILÍBRIO

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JOGO DAS MULTIDÕES

futebol

O ESPORTE INGLÊS, QUE GANHOU SOTAQUE BRASILEIRO,ATRAI MILHARES DE ADEPTOS E VIROU PAIXÃO NACIONALPor GIusEppE NaRdEllI FOTOS dIVulGaÇÃO

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Maracanã lotado, na década de 50. O futebol é paixão nacional desde sempre

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JOGO DAS MULTIDÕES

Fácil de ser praticado, o futebol já era um esporte muito comum na antiguidade, mas com o tempo ganhou regras e começou a conquistar o mundo. Ainda não se sabe ao

certo sobre os primórdios do futebol, mas alguns historiadores descobriram que esta prática era muito comum em várias cultu-ras antigas. Apesar de ser um jogo ainda sem regras, já atraía o interesse do homem. O futebol tornou-se popular por ser um es-porte simples e que não necessita de muitos equipamentos. Pode ser praticado em qualquer espaço físico e estimula a competição entre seus jogadores. Pesquisadores concluíram que o futebol saiu da Itália e chegou à Inglaterra por volta do século XVII. Na In-glaterra, o jogo ganhou regras diferentes e foi melhor organizado. Com normas claras e objetivas, o futebol começou a ser pratica-do por estudantes e fi lhos da nobreza inglesa, e aos poucos foi se popularizando. O profi ssionalismo no futebol iniciou-se somente em 1885 e, em 1897, uma equipe de futebol inglesa chamada Co-rinthians fez uma excursão fora da Europa, contribuindo para di-fundir o futebol em diversas partes do mundo. No ano de 1904, foi criada a FIFA (Federação Internacional de Futebol), que organiza até hoje o esporte em todo mundo.

Futebol no BrasilNascido no bairro paulistano do Brás, Charles Miller viajou para a Inglaterra aos nove anos de idade para estudar. Lá, entrou em con-tato com o esporte e, ao retornar ao Brasil em 1894, trouxe na ba-gagem a primeira bola de futebol. Por esta razão, Charles Miller é considerado o pioneiro do futebol no país. Este jogo que atrai mul-tidões virou símbolo do povo brasileiro e tornou-se paixão nacional.

Museu do FutebolInaugurado em setembro de 2008, no Estádio Paulo Machado de Carvalho – o Pacaembu –, o Museu do futebol foi criado com o apoio da iniciativa privada, do Governo do Estado e da Prefei-tura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Esportes e da São Paulo Turismo. A ideia do Museu começou a se concre-tizar no ano de 2005, quando o então Prefeito de São Paulo, José Serra, reuniu-se com vários apaixonados por futebol.

Num animado bate-papo futebolístico, concluíram que o tema merecia um espaço próprio de consagração, um centro de refe-rências que preservasse e divulgasse a história desse esporte tão amado pelos brasileiros.

"É uma goleada. Nunca imaginei, a partir da ideia que tive, que chegássemos a uma obra desse porte. Um museu lúdico, aconche-gante, que conta a história do futebol e mostra também o futebol como fruto da criação brasileira", destaca o ex-governador. Cons-truído no "avesso" das arquibancadas do Estádio, o Museu narra, com o uso de alta tecnologia, a história do futebol brasileiro, uma das mais reconhecidas manifestações culturais do país. Através de painéis, vídeos, fotos e objetos, o visitante vai entender como o futebol – que é um esporte originalmente criado na Inglaterra –aos poucos ganhou nova personalidade e tornou-se cada vez mais brasileiro, popular e integrado a nossa cultura através dos tempos.

"Visitar o Museu do Futebol é percorrer a história brasileira no século XX e perceber como nossos usos, costumes e comporta-mentos são inseparáveis da trajetória desse esporte. O futebol aju-dou a formar a identidade brasileira, assim como a cultura brasi-leira ajudou a transformar o futebol. Os craques que o Brasil foi capaz de criar representam tanto a nossa cultura quanto os ícones das artes plásticas, da literatura, do teatro e da música", explica Jair de Souza, responsável pela direção de arte e multimídia do Museu.

Pontapé inicialCom a curadoria do jornalista Leonel Kaz, o museu tem sua visi-tação baseada em três pilares: emoção, história e diversão. Fotos, vídeos, áudios e interatividades são alguns dos ingredientes que encantam o visitante. “É um museu-escola de ideias e experiên-cias incríveis”, completa Leonel. O primeiro eixo do Museu trata do futebol a partir da emoção que ele desperta nas pessoas. Já no eixo da história, é contada, em mais de mil imagens fotográfi cas e vídeos, a trajetória histórica do nosso futebol, passando por Char-les Miller, Leônidas da Silva, Tarsila do Amaral e Getúlio Vargas, entre outros heróis brasileiros. No último eixo, destaca-se o fute-bol como jogo, como brincadeira, como rivalidade entre torcidas e como atividade lúdica. >>

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O Museu do Futebol, no Pacaembu, traz um linha cronológica do futebolcom a história brasileira

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JOGO DAS MULTIDÕES

O ProjetoA concepção inicial do Museu do Futebol reuniu de forma inte-grada as três dimensões que constituem uma obra deste porte: arquitetura, museografi a e conteúdo. Interligados, cada conceito teve um papel fundamental na concepção da obra. Com projeto idealizado pelo arquiteto Mauro Munhoz, o objetivo principal foi o de transformar um espaço até então pouco utilizado num dos mais modernos museus do país. O maior desafi o foi preservar a arquite-tura original do Estádio, erguido na década de 30 – e um dos sím-bolos arquitetônicos da cidade de São Paulo. A nova obra manteve as estruturas do Estádio, preservando as alas internas e externas. Cada uma das salas foi construída de forma a deixar aparente a estrutura de concreto do teto e as escadarias em ziguezague. Ou-tra peculiaridade do ousado projeto foi a cobertura do Museu, que nada mais é do que a arquibancada do próprio Estádio, reaprovei-tada em seu interior de forma inteligente e funcional.

Lajes foram retiradas, criando um pé-direito triplo no hall da entrada monumental do prédio, proporcionando uma melhor vi-sibilidade de sua arquitetura interna. Foi construída também uma passarela de vidro que une as alas leste e oeste, o que permite ao visitante, dentro do Museu, contemplar a Praça Charles Miller e os arredores do bairro do Pacaembu. Por se tratar de um pré-dio tombado, todas as intervenções foram discutidas e aprovadas pelas equipes dos órgãos de patrimônio municipal e estadual, e o resultado foi uma obra belíssima, que respeitou e valorizou a construção original do estádio.

Diversão e ConteúdoAtravés de uma narrativa linear, utilizando uma infi nidade de tec-nologias, a história do futebol é narrada através de seis horas de vídeos, centenas de fotografi as de época, painéis holográfi cos e cabines de áudio, onde o visitante pode se emocionar ouvindo a narração dos mais bonitos e signifi cativos gols feitos por craques como Garrincha, Pelé e outros grandes nomes do esporte nacional.

Para fi delizar todos os grandes momentos, registrados em ima-gens e sons, o grande acervo contou com a consultoria de João Máximo e dos jornalistas Celso Unzelte e Marcelo Duarte.

As instalações foram construídas utilizando materiais brutos como ferro, metal, aço e madeira, que se misturam a um mobiliá-rio urbano, simples e rústico. O projeto expográfi co fi cou a cargo de Daniela Thomas e Felipe Tassara.

NúmerosO Museu do Futebol bate um bolão também no campo da quan-tidade de material usado em sua concepção. Ele foi construído numa área útil de aproximadamente 7 mil metros quadrados, distribuídos em 4 pavimentos. Para o funcionamento de toda a parafernália tecnológica foram utilizados 10 mil metros de cabos de vídeo, áudio e rede interna; mil metros de fi bra ótica e 110 mil metros de cabos de energia elétrica. >>

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Estádio Paulo Machado de Carvalho – Pacaembu

As instalações foram construídas utilizando materiais brutos como ferro, metal, aço e madeira, que se misturam a um mobiliário urbano, simples e rústico.

Sala dos hologramas do Museu de Futebol

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Sala contempla flâmulas, distintivos, escalações históricas e mascotes de grandes clubes

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JOGO DAS MULTIDÕES

A obra foi concluída em 13 meses a um custo de R$ 32,5 mi-lhões, e contou com o apoio de mais de 700 profissionais, entre engenheiros, arquitetos, pedreiros e eletricistas. Ao todo estão ex-postas cerca de 1,5 mil fotos, 21 vídeos, centenas de camisetas e objetos ligados ao esporte.

Desde sua inauguração, o Museu do Futebol já atraiu mais de 1 milhão de visitantes. Além da visitação a todo o acervo, os res-ponsáveis pela Instituição também promovem palestras e visitas exclusivas e guiadas.

AcervoO grande acervo do Museu do Futebol é todo baseado em memó-rias, acontecimentos e representações do futebol em suas diferen-tes dimensões: jogadores, clubes, agremiações, torcidas e regras. Além disso, o Museu conta com a colaboração de colecionadores particulares que, através de doações, engrandeceram seu arquivo histórico. Através de regras, números e representações históricas, o Museu do Futebol pretende estimular o público visitante a algu-mas reflexões e críticas sobre a sociedade, seu comportamento e evolução dos atletas, tendo como pano de fundo o esporte.

FacilidadesSeguindo todas as normas de acessibilidade, o Museu do Fu-tebol dispõe de elevadores para cadeirantes e pessoas com dificuldade de locomoção, escadas rolantes e piso tátil para deficientes visuais.

Outra facilidade tecnológica está na utilização de totens em 3 idiomas – português, inglês e espanhol. Além disso, é possível encontrar explicações em Braile em todas as salas do Museu e 23 maquetes táteis. O Museu também fornece aos visitantes es-trangeiros aparelhos de audioguia na versão inglês e espanhol, possibilitando assim acesso a todo o conteúdo do acervo.

Bar do TorcedorE depois de percorrer todos os ambientes do Museu, é possível ter alguns momentos de descontração dando uma passada no Bar do Torcedor, localizado logo na saída do prédio. Todo deco-rado com temas ligados ao universo do futebol, o local faz uma conexão entre o estádio e a Praça Charles Miller, num ambiente agradável e descontraído. Apenas um detalhe: ele não funciona em dias de jogos.

Serviço:Local: Estádio do Pacaembu (Praça Charles Miller, s/n • Preço: R$ 6,00 (R$ 3,00 a meia-entrada para estudantes, professores e idosos) • Deficientes não pagam • Entrada gratuita às quintas-feiras • Horário: das 9h às 18h

Bilheteria: das 9h às 17h • www.museudofutebol.org.br • Telefone: (11) 3664-3848

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PELOTA BASCA

JOGO DO MOVIMENTO

Um jogo para poucos, mas que encanta por sua tradição e elegância

Por GIusEppE NaRdEllI FoToS paulO BRENta

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Cesta de vime utilizada no Cesta Punta

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TRATA-SE DE UM JOGO POUCO PRATICADO e conhecido no Brasil, mas que tem uma plástica muito interessante: parece uma dança; por isso, a Pelota Bas-ca, ou Jaï-Alaï, significa “dança alegre”. E é nessa dança que o esporte se revela, utilizando equipamentos espe-ciais e curiosos. No Brasil, poucos o praticam – este es-porte ainda não é reconhecido pelo Comitê Olímpico Brasileiro, por não ter outros estados que o joguem, a não ser São Paulo –, sendo o Cesta Punta a modalidade disputada em terras paulistanas. Usando uma cesta – parecida com uma pá – feita em vime e madeira, o Cesta Punta tem regras meio complicadas de entender assim de cara, mas lembra um pouco o Squash, só que com algumas diferenças. A única quadra existente em todo o Brasil está localizada no Clube Paulistano, em São Paulo, e foi construída na época da fundação do mesmo, quando alguns adeptos começavam a praticá-lo.

História da Pelota BascaVamos dar um salto no tempo e entender como este es-porte diferente surgiu no mundo. Com origens desde a Idade Média, podemos afirmar que foram os franceses os grandes precursores da Pelota Basca. Mais tarde o es-porte ganhou força na Espanha, tornando-se um dos pa-íses mais atuantes nesta prática. Em 1924, a Pelota Basca entrou como esporte de exibição nos Jogos Olímpicos de Paris. Em 29, foi criada a Federação Internacional de Pelota Basca e por causa da Segunda Guerra, a primei-ra competição internacional foi realizada somente em 52, inaugurando o Primeiro Campeonato Mundial da modalidade. Atualmente a Pelota Basca é praticada em várias partes do mundo. Os países com maior número de jogadores são Espanha, França, Itália, Bélgica e Ho-landa. Na América do Sul surgem a Argentina, Uruguai, Chile, Venezuela, Bolívia, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e Brasil. Este jogo também é muito praticado nos Estados Unidos, Canadá e México.

Jaï-AlaïA “dança alegre” – ou o Cesta Punta – é a modalidade da Pelota Basca em que a bolinha atinge uma maior veloci-dade: cerca de 300 quilômetros por hora. >>

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Nesta página, saque inicial, na página ao lado, Rodrigo Olivé girando e lançando

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JOGO DO MOVIMENTO

Praticado em uma quadra de 54 metros de comprimento, o Ces-ta Punta é jogado tanto em duplas quanto individualmente. Cada jogador usa, encaixada na mão, uma “cesta”, que serve para pegar e arremessar a bolinha numa parede frontal, com limites marca-dos através de faixas. A cesta possui um tamanho que varia de 90 centímetros a 1 metro de comprimento, com uma curvatura e profundidade bem acentuadas. A bola parece com aquela usada no jogo de tênis, mas se olhada bem de perto, ela revela caracterís-ticas peculiares, pesa cerca de 130 gramas e possui diâmetro de 64 centímetros. O núcleo é feito com o mesmo material das bolas de baseball e recebe várias camadas de material duro. A última delas é feita de pele de cabra, o que lhe confere uma grande capacidade de quicar no chão.

Durante a partida os dois jogadores permanecem em pontos diferentes da quadra, formada por três paredes: a traseira, a late-ral e a frontal. O mais próximo à parede frontal é o “delantero” e o mais afastado é o zagueiro. O jogo consiste em pegar a bola que foi arremessada na parede e que depois quicou no chão (quesito obrigatório), e jogá-la para a frente de novo, fazendo com que o outro jogador tente encaixá-la na cesta para, com um giro de cintura, projetá-la de volta contra o muro frontal. A parede lateral, que compõe a quadra, também pode ser usada para desviar a bola, proporcionando o rebote. O jogo vai até trinta pontos e se houver empate, outros dois pontos são disputados até alguém da dupla vencer.

ProibiçãoUm esporte tão diferente e belo de ser visto enfrentou alguns entraves quando começou a ser disputado no Brasil. Historia-dores desta modalidade contam que o Cesta Punta passou a ser recriminado oficialmente pelo governo. Em 1941, Getúlio Vargas decidiu acabar com todo e qualquer jogo de apostas, num ato que varreu os cassinos e, consequentemente, o Cesta Punta. O alvoroço se deu porque este jogo começou a ser alvo de apostas por parte de seus apreciadores. As ruas do centro de São Paulo eram palco das partidas nos anos 40, e as pesso-as faziam suas apostas na hora, seja prevendo o vencedor ge-ral do confronto, ou escolhendo quem levaria o próximo ponto. Esta prática banida no Brasil desde então, é muito comum hoje nos Estados Unidos. Lá, os melhores jogadores participam de competições que movimentam milhares de dólares em apostas.

Jovem CampeãoDuas vezes campeão brasileiro, revelação do ano, atleta revelação e quinto colocado em 2010 no campeonato disputado em Pau, na França. Estes são alguns dos prêmios conquistados por Rodrigo Ramos Olivé, 22 anos, e um dos raros praticantes deste esporte no Brasil. Ele foi atraído pelo Cesta Punta através do pai, que costu-mava praticá-lo apenas como um hobby. “Um dia eu resolvi apren-der de curioso mesmo e como me dei bem, meu pai achou que eu deveria ser treinado por um técnico”, conta Olivé. >>

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Pouco difundida no Brasil, a Pelota Basca

significa “dança alegre”

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Ao centro, Alfredo Soeiro ajuda na difusão do esporte no Brasil

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JOGO DO MOVIMENTO

Foi assim que ele começou a se dedicar ao Cesta Punta, orien-tado pelo veterano Alfredo Soeiro, que viu no jovem iniciante um grande talento. E assim Rodrigo começou a se dedicar ao esporte até conseguir entrar para o seleto mundo dos praticantes profis-sionais, representando o Brasil em várias competições internacio-nais. “Na época era só eu quem jogava, mas como este esporte fica mais emocionante quando disputado em dupla, convidei dois amigos meus para treinar e completar o time”, conta ele.

A Pelota Basca ou o Cesta Punta é geralmente praticado por homens, mas as primeiras adeptas ao jogo estão surgindo em todo o mundo. E, pelas orientações do campeão Rodrigo, Deborah Wainsztok, de 19 anos, já dá os primeiros saques, demonstrando talento no esporte. “Eu assisti um campeonato no exterior e gos-tei muito. Conheci o Rodrigo e resolvi encarar o desafio. Estou adorando!”, conta a jovem, descendente de poloneses e que tem aulas todos os finais de semana na quadra do Clube Paulistano.

VariaçõesO Cesta Punta é uma das oito variações da Pelota Basca. A dife-rença está no formato das cestas, quadras, bolinhas e regras. No “Pelota Mano” – a mais antiga modalidade da Pelota Basca –, os competidores usam a mão no lugar da cesta para arremessar a bolinha. O “Xare” utiliza uma espécie de raquete com um aro de madeira e cordas trançadas. O “Pala Corta”, usa, no lugar da cesta, um taco com ponta larga, feito de madeira de Haya ou madeira nobre. No “Paleta Cuero” – segunda modalidade mais antiga da

Pelota Basca –, os jogadores fazem o arremesso através de uma raquete que tem uma ponta bem larga e achatada, e as bolinhas usadas são as menores e mais leves de todas as categorias. Conti-nuando com as variações da Pelota Basca, surge a “Paleta Goma”, em que tanto a raquete quanto a bolinha são de borracha e se assemelham aos equipamentos usados no frescobol. O “Fronte-nis” é jogado com uma raquete parecida à de tênis, mas com um encordoamento muito mais forte. E por fim, o “Joko Garbi” – que em língua basca significa “jogo limpo” –, diferente das outras mo-dalidades por ser praticado numa quadra menor e por usar uma cesta pequena para efetuar o saque.

Futuro em JogoO jogo da “dança alegre” ainda é desconhecido pela grande maio-ria, mas, aos poucos, atrai adeptos que encontram neste esporte uma maneira divertida e elegante de competir. O futuro do Jaï-Alaï está sendo construído com a mesma garra e força de seus saques, mas ainda existem muitas paredes a vencer.

Tanto o veterano Alfredo quanto o jovem Rodrigo esperam que o Jaï-Alaï se torne mais difundido no Brasil e que futuros patrocí-nios surjam para ajudar a construir uma sede e quadra próprias. A torcida é grande de forma a não deixar a pelota cair.

Serviço:Mais informações sobre o esporte:[email protected]

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Arquiteto: Thoni Litsz

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VIVER

ARTECOM

“A arte começa onde a imitação acaba”, vaticinava Oscar Wilde. Esta máxima reverbera nos ambientes de Fernando Piva com

suas paredes repletas de fotografi as, pinturas e gravuras e Roberto Negrete, com sua belíssima lareira/expositor; olhares de

colecionadores de absoluta originalidade e qualidade indiscutível.

THE LOOK OF HOME ARTETHE LOOK OF HOME ARTE

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Fernando Piva

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DESTINOS

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Roberto Negrete

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DOURO BOYS, UM NEGÓCIO DE SUCESSO EM PROL DO BOM VINHO PORTUGUÊS

Cinco grandes produtores se juntaram para fabricar um dos ícones atuais da viticultura de Portugal

Por GIusEppE NaRdEllI FoToS dIVulGaÇÃO

DNA

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Fachada do imponente projeto arquitetônico vinícola

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DNA

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Detalhe da incrível adega

O nome mais parece o de uma banda de Rock, mas os integrantes deste grupo fazem muito mais do que música. A história dos portugueses “Douro Boys” é tão saborosa quanto o paladar e aroma dos vinhos produzidos por eles. Pode-

se dizer que tudo começou por um mero acaso. Antes mesmo de se transformarem em uma Associação e constituírem uma sociedade com objetivos iguais, os “Douro Boys” já se orgulhavam em ser um grupo de amigos, com diferentes graus de parentesco.

Logo no início, decidiram, em comum acordo, não concorrer entre si, mas sim somar esforços, compartilhar experiências e segredos para promover os vinhos por eles produ-zidos e, por consequência, propagandear a própria região: o Douro. Em 2002, este grupo de produtores formado por João Ferreira Alves Ribeiro (Quinta do Vallado), José Teles (Niepoort), Tomás Roquette (Quinta do Crasto), Cristiano van Zeller (Quinta do Vale D. Maria) e Francisco Olazabal (Quinta do Vale Meão) apostou na produção de vinhos suaves, elaborados com uvas provenientes das encostas do rio Douro, antes destinadas principalmente à produção de Vinho do Porto.

“A união dos cinco produtores propiciou um ambiente onde a partilha de experiências, ideias e resultados passou a ser muito mais forte e frequente. Posso dizer que aqueles segredinhos que eram guardados a sete chaves começaram a ser divididos para o bem de todos e do Douro”, confessa João Ferreira Alves Ribeiro, da Quinta do Vallado. Co-nhecedores do assunto e “envelhecidos” na arte da própria cultura e tradição familiar que os conduz há séculos, os “Boys” produziram um vinho com corpo e grande alma que encantou o paladar dos mais exigentes conhecedores. >>

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CaracterísticasProdutores de vinhos da região do Douro costumam dizer que o clima local é dividido entre nove meses de inverno e três meses de “inferno”. O solo também não ajuda, pois é repleto de pedras, sobretudo o xisto. Apesar disso, a produção apresenta uma típica diversificação de sabores com excelente potencial de envelheci-mento. Levando em conta a acidez do clima peculiar da região – e ao contrário do que se faz em algumas regiões portuguesas –, o vi-nho produzido no Douro é extraído de vinhas bem antigas. Os tin-tos do Douro são mais encorpados que os clássicos Alentejanos.

A grande maioria da produção de vinhos segue a linha do vi-nho do porto, ou seja, escuros. Os vinhos brancos desta região são em geral simples e leves, sem muita complexidade. As principais castas são as mesmas da D.O. Porto: Touriga Nacional, Tinta Ro-riz, Tinta Barroca e Tinto Cão, porém para a D.O. Douro acrescen-ta-se uma outra uva chamada Tinta da Barca, utilizada no famoso e mítico Barca-Velha.

As principais características dos vinhos tintos do Douro são grande corpo, aromas de frutas negras maduras, como cassis e ameixas, leve chocolate mentolado e até traços terrosos: sous-bois e fungos. Na boca tem potência e força, demonstrando que seu

envelhecimento está além de uma questão de qualidade, tornan-do-se uma questão de necessidade. O resultado são vinhos fortes, longevos e com personalidade própria. Ou seja, o produto final não só retrata as diferentes características das cinco quintas in-dividuais – personificando a nobre herança das castas durienses –, mas também combina harmonia e equilíbrio. Esta metáfora lí-quida define bem, através de seu sabor e aroma, o que torna o Douro tão especial, instigando comparações com outras grandes regiões. “Decidimos apostar numa oportunidade com grande po-tencial, como os vinhos de mesa do Douro, cujo desenvolvimento, aperfeiçoamento e modernização estavam, até então, adormeci-dos”, explica Alves Ribeiro, da Quinta do Vallado.

A regiãoLocalizada a nordeste de Portugal, envolta por montanhas que lhe dão características climáticas particulares, a região do Douro estende-se por uma área total com cerca de 250 mil hectares, divi-dida em três sub-regiões completamente diferentes entre si, tanto no fator clima quanto no socioeconômico. As regiões do Alto Dou-ro e Baixo Douro eram separadas pela zona do Cachão da Valeira.

O clima é dividido em 9 meses de inverno e 3 meses de “inferno”

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DNA

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Os animados “Douro Boys” prezam pela qualidade dos produtos

A demarcação foi criada em consequência de um grande blo-co de granito que impedia a navegação. Desde então, a diferença na produção e na cultura da vinha foi sempre superior no Alto Douro. Com a remoção do granito, a cultura da vinha expandiu-se para leste. Foi apenas em 1936 que o Alto Douro passou a ser cha-mado de “Baixo Corgo” e “Alto Corgo”, subdivisão utilizada tam-bém para diferenciar os vinhos produzidos em cada uma delas.

O ClimaO sucesso dos vinhos dos “Douro Boys” deve-se também ao clima da região, caracterizado por invernos muito frios e verões muito quentes e secos. As chuvas, bem distribuídas, variam ao longo do ano, com maior intensidade nos meses de dezembro e janeiro, e com baixos índices em julho e agosto.

Em relação à exposição solar, fator de suma importância na ca-racterização climática de qualquer região, o Douro tem maior in-tensidade. A margem norte do rio está sob a influência de ventos secos. Já a margem sul recebe ventos do norte, mais frios e úmi-dos. A temperatura é maior no sul do que no norte, com termôme-tros variando entre 11,8o e 16,5o C. Segundo João Ferreira, o clima ingrato da região “é uma das bases da qualidade excepcional e única dos vinhos produzidos por nós”. Atualmente, a produção dos “Douro Boys” atinge cerca de 500 mil garrafas por ano, numa área de 70 hectares, perto da região da Régua e mais 20 hectares ao pé de Foz Coa.

FuturoA produção de vinhos no Douro, aos poucos, está alterando o panorama atual da viticultura portuguesa e causando uma certa inquietação quanto ao futuro do Vinho do Porto. A preocupação maior é a grande quantidade de uvas desviadas para a produção dos vinhos Douro, o que poderia prejudicar os produtores do pa-rente famoso. As melhores uvas, antes utilizadas para a produção do bom Porto, hoje fazem os badalados tintos do Douro e outros conceituados vinhos de Portugal. Mas estas duas grandes famí-lias estão administrando a questão e passaram a criar um controle sobre as parcelas destinadas a cada tipo de bebida.

No BrasilJuntos no Brasil pela primeira vez, os “Douro Boys” apresenta-ram seus vinhos em masterclass para convidados em São Paulo e no Rio de Janeiro, em julho de 2011. Alves Ribeiro, da Quinta do Vallado, conta que os cinco “Boys” foram muito bem recebi-dos aqui e que, para eles, o mercado brasileiro é um dos três mais importantes do mundo. “Em outros mercados internacionais não temos conseguido grande sucesso em vendas, apesar disso, os re-sultados até agora têm sido encorajadores”, revela ele. Além do Brasil, os vinhos produzidos pelos “Douro Boys” são exportados para os EUA, China, Angola, Canadá e Europa.

Vista da região do Douro

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O RES-TAURAN-TE SPOT ATINGE SUA MAIO-RIDADE E SE TRANS-FORMA NO ÍCONE MO-DERNO DA GASTRO-NOMIA PAU-LISTANAO Spot continua dando as cartas e comemora seus 18 anos em grande estilo

Por GIusEppE NaRdEllI FoToS paulO BRENta

Entrada lateral do Restaurante Spot

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À MESA

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B em localizado no coração da avenida Paulista, encravado numa praça com fonte luminosa e ro-deado por arranha-céus, o restaurante Spot com-

pletou sua maioridade em janeiro de 2012 e, ao longo destes 18 anos, virou ícone da cidade. Moderno desde então, o local é ponto de encontro de celebridades, jornalistas e políticos que animam e superlotam a casa todos os dias.

O comando do negócio é dividido entre quatro sócios, cada um com funções bem definidas. Maria Helena Guima-rães e Lygia Lopes são as responsáveis pela criação do cardá-pio e comandam a cozinha com criatividade e mãos firmes. Quando conceberam o cardápio, as sócias optaram por pra-tos simples e leves. “A nossa preocupação foi a de criar algo saudável e gostoso, respeitando a vontade dos clientes que sempre estão em busca de qualidade”, revela Lygia, acres-centando ainda que o segredo do sucesso, durante estes anos todos, são o uso de ingredientes de primeira e o “feito na hora”, que se reflete no sabor e na apresentação de cada prato. A fórmula deu tão certo que as alterações no menu são quase raras.

Outro fator importante é o ouvido sempre atento dos só-cios em relação aos clientes. É comum ver um deles extrair informações de algum frequentador, no intuito de saber se o rumo está certo, se é necessária alguma alteração de per-curso, ou até mesmo conhecer alguma novidade que pode muito bem ser agregada no dia a dia. Bem humorada, Ma-ria Helena tem a mesma opinião dos outros sócios quando a pergunta é qual o tempero deste sucesso. Ela resume em uma só palavra: “Dedicação!”

NovidadesEmpenhadas em pesquisar novidades apetitosas, Maria Helena e Lygia confessam que uma grande novidade está pronta para ser incluída no cardápio do badalado restauran-te. Conta Maria Helena que, em viagem a Nova York, parti-cipou de uma degustação no restaurante do renomado chef Thomas Keller. Foi no “Per Se” que ela conheceu mais a fun-do o cozimento em baixa temperatura. Carnes, aves, peixes e legumes que são feitos num termocirculador que os cozinha lentamente em temperaturas mais baixas que o normal. O resultado é um alimento que preserva sua característica e textura originais, além de oferecer um sabor intenso e cro-cante. “Comprei um aparelho destes e estou treinando em casa. Adorei este conceito de cozinhar desta maneira”, afirma Maria Helena, que explica ainda que este método científico surgiu no Brasil 20 anos atrás, mas foi pouco explorado. >>

Detalhe da bela praça do Restaurante, desenha pelo paisagista Luciano Fiaschi.

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em dias escuros, pois quando o sol aparece, a iluminação externa invade o ambiente graças às imensas janelas envidraçadas, que caracterizam a arquitetura do Spot desde sua concepção. Tanto a parte externa, quanto a interna – e os mobiliários – foram criados pelos arquitetos André Vainer e Guilherme Paoliello. Vainer, por sinal, assina o moderno neon estrategicamente fixado na lateral do restaurante, criado especialmente para o aniversário de maio-ridade da casa.

Marcado pela tranquila coexistência da propriedade privada com a vocação urbana e pública, o Spot tem como outro gran-de atrativo a Praça Particular, desenhada pelo paisagista Luciano Fiaschi. Inserido neste pequeno oásis natural, o restaurante inte-rage com os arranha-céus e milhares de transeuntes que circulam diariamente pela mais paulista das avenidas. José Guilherme en-fatiza a boa convivência com o condomínio do qual o restaurante faz parte. “Desde o começo, nossa relação com os outros integran-tes é pacífica e amigável. Eles aceitam nossas sugestões e isso co-laborou para este entrosamento entre todos nós.” Outra facilidade apontada pelo sócio é poder usufruir da comodidade de ter um estacionamento no subsolo do prédio. “Excelente para nós e para nosso clientes”, emenda.

O entrosamento dos sócios é tão uníssono que propicia uma certa rotina saudável entre eles. Toda a semana “os 4 mosquetei-ros” se reúnem para discutir e perceber erros e acertos, mudanças e continuidades. “Essas reuniões possibilitam que os negócios sigam seu curso, às vezes, com pequenos desvios aqui e ali, mas com resultados certeiros”, revelam. >>

Sergio Kalil também faz parte desta receita de sucesso. Além de pertencer à sociedade, ele tem o papel de relações públicas da casa. O ex-economista conta que resolveu trocar de área quando conheceu de perto os segredos da gastronomia. “Foi meu amigo Quentin Geenen de Saint Maur, dono do revolucionário restau-rante L’Arnaque – que imperou durante anos na rua Oscar Freire – quem me fez entender esta grande alquimia que é o mundo da gastronomia e tudo que o envolve.”

Mesmo longe das panelas, ele contribui de outra forma. Quase sempre, percorre os 140 metros quadrados do salão, cumprimen-tando os clientes, conferindo se tudo está de acordo, ouvindo crí-ticas e sugestões. “Essa atenção especial e personalizada faz toda a diferença”, explica Kalil, que acumula outra experiência bem sucedida no ramo, vivida por ele – e pelos demais sócios – no ba-dalado restaurante Ritz, outro lucrativo empreendimento localiza-do no bairro dos Jardins. Kalil confessa que aprendeu muito com seus erros e que hoje orgulha-se de ter participado da criação do Spot. “Foi o maior acerto da minha vida”, diz satisfeito.

E para completar a equipe, José Guilherme Meirelles assume a parte física e administrativa do empreendimento. As mudan-ças estruturais do Spot são concretizadas por ele. Recentemente, o local ganhou algumas modificações, como, por exemplo, uma porta giratória maior, cortinas e piso novos. “Foi como colocar um uniforme de gala no aniversário de 18 anos do restaurante”, brinca Meirelles. Ele conta ainda que outro grande desejo é melhorar a iluminação interna, “que às vezes é insuficiente quando o tempo está nublado e a luz natural enfraquece”. Este detalhe é percebido

Em sentido horário, os sócios Sergio Kalil, Lygia Lopes, Maria Helena Guimarães e José Guilherme Meirelles

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À MESA

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Ícone da CidadeNo jogo da modéstia, cada sócio não esconde o orgulho e o prazer de comandar um dos símbolos da cidade. Todos resistem em afirmar que o Spot virou ícone, mas nas entrelinhas sabem que o restaurante já está incluído no roteiro gastronômico – e por que não turístico? – de São Paulo.

Acostumados com o grande número de clientes que lotam a casa desde quando o Spot ainda estava no berço – cerca de 500 a 700 pessoas por dia –, eles fazem uma observação interessante. “Percebemos um aumento na quantidade de estrangeiros que visitam São Paulo. A cidade, nestes últimos anos, virou palco de grandes eventos e está atraindo cada vez mais pessoas de outros países. E muitos deles frequentam o Spot”, festejam. E este número de frequentadores dobra em eventos culturais de porte, como o SP

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À MESA

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Fashion Week e a Fórmula 1. Nestes dias mais agitados o restaurante fica lotado de celebridades, para a felicidade dos paparazzi de plantão, que só podem registrar a presença das celebridades do lado de fora, pois não são autorizados a entrar no salão. “Queremos que nossos clientes fiquem preservados no interior da casa, sem serem importunados ou flagrados pelos fotógrafos. Assim eles podem usufruir de um ambiente tranquilo e seguro”, conta Kalil. Num local frequentado por celebridades das mais variadas, é claro que alguma confusão pode acontecer. Kalil conta que presenciou dois grandes “incêndios”, mas que foram apagados rapidamente por ele e por sua equipe. “Me lembro que a primeira vez que tivemos um ‘barraco’ aqui foi por causa de uma briga de casal, e a outra... Bem, a outra foi um caso de traição”, relembra ele. >>

Clientes no salão interno do Spot

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José Barros, gerente geral, preza pela dedicação e

respeito à Equipe

BastidoresModificando o famoso ditado que diz que por trás de um gran-de homem sempre existe uma grande mulher, podemos afirmar que por trás de um grande negócio existe uma grande equipe. E graças aos bem treinados funcionários, o Spot orgulha-se, hoje, de ter criado e descoberto verdadeiros talentos. Entre eles, está o ex-garçom da casa, que hoje ocupa o cargo de gerente geral.

José Barros conta que o segredo de ter ido tão longe é o fato de ter trabalhado com empenho e dedicação. Sempre pronto para resolver qualquer problema, José explica que seu método é baseado na harmonia e no entrosamento entre a equipe. “Tento mostrar a todos que nosso trabalho tem que ser feito baseado na dedicação e no respeito. Aqui todo mundo tem a oportunidade de crescer e mostrar seu talento”, conclui.

E alguns talentos descobertos pelo Spot saltaram do salão e se projetaram na carreira artística. Os casos mais famosos são o da cantora Céu e do apresentador Marcos Mion, que trocaram o salão repleto de mesas pelo sucesso na música e na televisão. “Isso pode ocorrer a qualquer momento com outros funcioná-rios que aqui trabalham, pois cada um tem seu próprio talento”, confirma Barros. Tanto é que as vagas para trabalhar no badala-do restaurante são disputadíssimas. Todas as semanas cerca de vinte candidatos fazem testes para participar da equipe. A se-leção é rigorosa e a aparência pode ser um fator essencial para vencer a concorrência. “Se percebemos que o candidato tem as condições necessárias para a função, mesmo que não tenha experiência na área, apostamos nele. Aqui as chances são para todos!”, acrescenta o gerente geral. Por estes e outros motivos, não é por acaso que o Spot escreveu sua própria história nas pá-ginas deste imenso livro chamado São Paulo. Todos os 4 sócios são unânimes em dizer que o grande sucesso da casa se deve à dedicação e ao empenho que todos eles – e seus funcionários – têm pela casa.

No jogo do sucesso a frase que mais define o Spot é: “Um lu-gar com glamour onde todas as tribos se encontram e desfrutam dos prazeres da vida, bem no coração da grande metrópole”.

Feliz aniversário!

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À MESA

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Saído das favelas do Rio, o fundador do AfroReggae, uma das mais atuantes ONGs do país, já perdeu a conta de quantos jovens já tirou da vida do crime e das drogas

JOSÉ JúNIORO PACIFICADOR

Por GIusEppE NaRdEllI FoToS dIVulGaÇÃO

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CONFISSÕES

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Grupo AfroReggae já tem dois discos gravados e grandes turnês na agenda

O “CARA” CRESCEU EM RAMOS, NO RIO DE JANEIRO, perto do Complexo do Alemão, imerso na cultura marginal do tráfi co de drogas, da prostituição e do jogo do bicho. Fazia festas de funk, criou um jornal para a comunidade e depois começou a oferecer aulas de percussão e dança, mas sem saber tocar ou dançar. “Aprendi ensinando.” Este é José Pereira de Oliveira Jú-nior, o Júnior, fundador da ONG AfroReggae, atualmente com 74 projetos, 10 bandas de música, 2 trupes de circo, grupo de teatro, centro multimídia e por aí vai. Trabalha com policiais, presidiários e jovens empresários, tratando-os como seres inteligentes e não alienados. Desde 1993 o grupo vem se ampliando, e hoje atua tam-bém na Índia, EUA, Colômbia, China, Inglaterra e França.

Sua ONG é uma das mais bem-sucedidas iniciativas sociais do Brasil, com 176 pessoas na folha de pagamento, 2.000 benefi cia-dos, 41 prêmios nacionais e internacionais e orçamento em torno de R$ 6 milhões, entre patrocínios, palestras, shows e vendas de CDs e DVDs. A banda AfroReggae, principal vitrine musical da entidade, é uma mistura de rap, funk, reggae, rock e batucada, e se orgulha de ter dois discos gravados e grandes turnês em diversos países. Apesar de não tocar nenhum instrumento, Júnior é autor de algumas das letras.

História de VidaO coordenador executivo do AfroReggae conhece a fundo o dra-ma das áreas marginalizadas do Rio de Janeiro. A trajetória dos garotos ligados à ONG, que o seguem com fi delidade, é muito parecida com a dele. Ele conta com tristeza que o pai, sempre au-sente, era alcoólatra e a mãe, uma vítima da violência doméstica. O cunhado, seu ídolo e conselheiro, era viciado em drogas. Não era incomum ver amigos morrerem antes dos 20 anos. Neste trá-gico cenário, José Júnior imaginava pouquíssimas chances de um futuro promissor.

Ele relembra que sua infância foi em Ramos mesmo, mas na adolescência foi morar no centro do Rio. Cresceu numa zona cor-rompida, “sem dono”, cercada pela violência por todos os lados. “Não tive muito estudo, o que me levou a fazer um pouco de tudo”, conta. Ele relata, com emoção, que teve que se virar na vida. Foi animador de festas infantis, entregador de revistas e jornais, dis-tribuidor de quentinhas, entre muitas outras atividades. “Minha faculdade foi na rua e minha pós-graduação foi baseada na minha intuição. Muitas vezes ouvimos: ‘não vai por esse caminho, não faça isso’. Fiz. E deu certo”, confessa ele. Partindo deste princípio, a vida de José Júnior mudou. >>

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Tudo começou quando ele investiu na produção de festas. Primeiro foram as de funk, mas a proibição destes bailes o fez mudar de estilo. A aposta foi pelo reggae, com a criação do “Rasta Reggae Dancing”, que estourou na cidade. O sucesso foi tanto, que Jr. foi mais longe e fundou o AfroReggae Notícias, um jornal que veiculava notícias sobre a cultura afro. A virada aconteceu em 1993, depois da chacina de Vigário Geral, quando 21 moradores da favela foram brutalmente assassinados por uma milícia formada por policiais, e do massacre da Candelária. Após a tragédia, ele foi procurado pelo Zé da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), “um bicho-grilo que queria organizar uma caminhada da Candelária até Vigário”. A caminhada levou catorze horas, e, a partir daí, Júnior começou a frequentar reuniões semanais na favela. Em pouco tempo, com pouca experiência, mas com muita boa vontade, Júnior e alguns companheiros montaram no local ofi cinas de reciclagem de lixo, percussão e dança afro.

Efeito ShivaAos poucos as coisas foram acontecendo e aumentando de tama-nho. Para ele, tudo se deve ao “efeito Shiva”, fi losofi a indiana que acredita que Deus destrói para poder reconstruir depois. Segun-do ele, “o AfroReggae é fruto da violência e também da inexperi-ência. Começamos a dar as ofi cinas culturais quase que intuitiva-mente. Não tínhamos planejamento, nem estratégia. Fomos um fruto gerado pelo caos; por necessidade, criamos soluções que até então eram inéditas e que deram certo”, orgulha-se. “Naquela época (1993) ninguém acreditava em trabalho social”, conta ele. “Chegamos num período onde a imagem do Rio de Janeiro esta-va muito desgastada por causa da violência. Existiam problemas sérios que as pessoas não queriam enxergar.” E foi exatamente neste “vazio” que o AfroReggae entrou para preencher este espa-ço e modifi car a situação caótica que se apresentava.

José Júnior continua trabalhando de sol a sol, sempre atento a tudo que ocorre na comunidade. Sua organização é famosa tanto pelo trabalho de socialização, quanto pela mediação de confl itos. Quase sempre Jr. se posiciona no meio de verdadeiros confron-tos entre facções, bandidos e a polícia. “Quando o problema apa-rece, nós estamos sempre lá”, afi rma. Ele circula com facilidade pelas favelas, fala com narcotrafi cantes e tem reuniões com depu-tados, governadores e participa de programas de televisão.

Muito assediado, Jr. tem uma rotina estressante, porém pro-dutiva. Além de coordenador executivo do Grupo AfroReggae, ele controla os outros coordenadores, em que cada um cuida de uma atividade. Mas ele é o principal gestor e orgulha-se em dia-logar, sem problema algum, com a elite, a favela, os políticos, alguns bandidos e a polícia. “Por isso que trabalho, para acabar

com o apartheid social. Sempre quis construir uma espécie de caminho de mão dupla para integrar classes sociais e raças dife-rentes, ou seja, eliminar as barreiras invisíveis que a sociedade construiu”, desabafa.

No ExteriorO trabalho do AfroReggae ultrapassou fronteiras e fi ncou bandei-ra em outros países, entre eles a Inglaterra. O grupo faz um traba-lho de socialização para jovens reféns das drogas e da violência. “Nós vamos todos os anos para Londres e levamos nosso conhe-cimento. Eles adaptam tudo para a realidade deles depois”, revela Júnior. Ele acrescenta ainda que “o grupo tanto contribui quanto aprende com essa troca de experiências que acontece de ambos os lados”. Mas não é só no exterior que o grupo imprime sua mar-ca. Em São Paulo, por exemplo, Júnior conta que tem vários par-ceiros e que ajuda muitas comunidades através de seu trabalho. “A base do AfroReggae é no Rio de Janeiro mesmo, mas isso não impede que a gente contribua com nosso trabalho e experiência em outros grandes centros”, explica.

E para a comemoração dos 20 anos do grupo, Júnior e seus co-laboradores estão debruçados num grande projeto que incluirá exposições itinerantes, shows e muito barulho para marcar a data festiva em 2013. “Nesse jogo contra a marginalidade, eu jogo pra vencer”, desabafa Júnior. E para isso ele se inspira numa frase que o campeão de golfe Tiger Wood disse uma vez. Frase que ele sem-pre repete: “Quanto mais eu treino, mais sorte eu tenho”.

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CONFISSÕES

Júnior exerce uma luta diária pela pacificaçãono Complexo do Alemão

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SLF Import / Export

F:. 11 5093-7920 | [email protected] WWW.SLFIMPORT.COM.BR

A SLF é uma empresa que está no mercado desde 2005, atuando com excelência na realização de seus projetos. Trabalhamos no segmento de importação de Mármores,

Limestones, Ônix, entre outras variedades de pedras para acabamentos, em parceria com os melhores fornecedores da Europa e outros continentes.

Nosso foco está tanto na venda de chapas diretamente ao cliente quanto na execução total do projeto. Destacamos nosso trabalho visando a

plena satisfação de nossos clientes.

Em parceria com a empresa Portuguesa Marmocazi a SLF destaca omaterial Limestone como opção moderna para sua construção.

ÓTIMO CUSTO BENEFÍCIO E QUALIDADE

Ata Blue - Blue Atlantic - Fatima Creme - Lagos Gold - Relvinha - Saint Hubert

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Brancos, beges e texturas dominam os espaços de Débora Aguiar e Fernanda Marques. Sobre uma caixa neutra e requintada, ressaltam plantas, madeiras, obras de arte, tessituras fi nas pautadas por estas duas mestras do ofício.

BRANCO,BRANCO, BEGE &BEGE &BEAUTIFULBEAUTIFUL

THE LOOK OF HOME BRANCO E BEGETHE LOOK OF HOME BRANCO E BEGE

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BRANCO,BRANCO, BEGE &BEGE &BEAUTIFULBEAUTIFUL

Débora Aguiar

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DESTINOS

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Fernanda Marques

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Fernanda Marques

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Luxo e requinte emoldurados por uma paisagem deslumbrante. O Hotel Hermitage, em Mônaco, surpreende pela sofi sticação e beleza

HOTELPARA SE “JOGAR”

Por GIusEppE NaRdEllI FoToS dIVulGaÇÃO

REFÚGIO INTERNACIONAL

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Deck e espreguiçadeiras para “se jogar” e esquecer da vida

E ntre os vários hotéis existentes no Principado de Mônaco, um deles merece ser visitado e, por que

não, “conquistado” por aqueles que gostam de se hos-pedar em lugares especiais, dignos da realeza. Debru-çado sobre o azul turquesa do Mar Mediterrâneo, surge um elegante palácio, estilo Belle Époque que, desde 1900, abriga o Hotel Hermitage. Partes dele, incluindo a decoração da fachada, foram inspiradas pelo Princely Palace of Monaco.

Além de todos os luxuosos salões e terraços, um dos pontos mais imponentes do Hotel é a cúpula de vidro que se ergue sobre o jardim de inverno. A obra foi dese-nhada por Gustave Eiffel e recria toda a beleza da estru-

tura em ferro presente também na famosa torre france-sa. A Société des Bains de Mer ficou tão impressionada com a atmosfera aconchegante que decidiu adicionar o hotel as suas participações em 1928. O grande número de hóspedes que quase sempre lotam as dependências do luxuoso castelo exigiu de seus proprietários uma certa ampliação de sua estrutura, mas sem alterar sua arquitetura secular e tradicional.

Com alguns toques de modernidade, muito bem do-sados para não conflitar com sua atmosfera atemporal, uma grande reforma – que durou 5 anos – incluiu no palácio outras alas e ambientes, tornando o Hotel mais elegante, amplo e atraente. >>

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A mudança incluiu também a reforma de sua fachada, apresen-tando dois novos andares, 46 quartos e 8 suítes exclusivas. Esses apartamentos luxuosos, que variam entre 140 e 180 m2, têm vista para o porto de Mônaco. A decoração, uma mistura de clássico e contemporâneo, envolve os melhores materiais e tecidos de toda a Europa. Hoje, o hotel possui 280 quartos (incluindo 8 suítes ex-clusivas, 20 suítes e 22 suítes júnior), e é considerado um monu-mento histórico. O hall e o jardim de inverno foram renovados e o restaurante – Le Vistamar – foi equipado com uma cozinha impecável, sem contar com a maravilhosa vista do porto. No bar Limùn fica o magnífico lobby que oferece lanches, chás e outros drinques durante o dia.

Sob o comando do chef Joel Garault, o restaurante Le Vistamar é especializado em receitas com frutos do mar e peixes. Detentor de uma estrela no Guia Michelin, as mesas são elegantemente dis-tribuídas num grande terraço com vista para todo o Principado.

Logo abaixo do restaurante, existe um caminho interno que leva até as famosas Termas Marinas de Mote Carlo, construídas numa área de 6,6 mil metros quadrados e consideradas as mais luxuosas termas do mundo, com piscinas e fontes naturais de grande beleza e efeito terapêutico.

A ala “Beaumarchais” é uma das mais clássicas do hotel. Com-posta por colunas gigantescas e salões luxuosos, retrata bem a de-coração da época, com sofás, mesas e lustres de cristal. Grandes

piscinas e um imenso campo de golfe compõem a paisagem deste hotel, que parece ter saído da tela do cinema.

MônacoE já que estamos falando da bela Mônaco, este pequeno país loca-lizado em plena Riviera Francesa, perto de Nice e da fronteira com a Itália, tem muitos segredos a serem desvendados. Cartão postal da Europa e cenário de grandes obras do cinema internacional, o Principado tem uma área de apenas 1,95 quilômetros quadrados e, além de atrair turistas endinheirados do mundo todo, abriga o pequeno distrito de Monte Carlo, famoso pelo seu cassino. A região onde hoje localiza-se a pequena Mônaco já era conhecida dos fenícios, gregos, cartagineses e romanos. Em 1191, Gênova to-mou posse do território e, em 1297, o Império Romano-Germânico outorgou a nação à família genovesa dos Grimaldi.

Em 1793, a Monarquia Grimaldi é deposta pelo regime revolu-cionário da França, que anexa Mônaco. A família real retorna com a queda de Napoleão Bonaparte. No ano seguinte, o Congresso de Viena coloca Mônaco sob proteção do Reino da Sardenha, mas o território volta ao domínio francês em 1848. Em 1962, o prínci-pe Rainier III outorga uma nova Constituição e estabelece um Parlamento eleito por sufrágio universal. O governo passa a ser dirigido por dois ministros – que devem ser cidadãos franceses – e três conselheiros representantes do príncipe. >>

Ala “Beaumarchais”

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Cúpula de vidro que se ergue sobre o jardim de inverno, desenhada por Gustave Eiffel

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Para jogar minigolfe ou simplesmente perder o fôlegocom a vista da Riviera Francesa

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Nas telas Cenário ideal para grandes paixões, a pequena Mônaco criou seu próprio conto de fadas. Em 1956, a famosa atriz Grace Kelly encontrou seu grande amor numa visita que fez a Mônaco, onde participou do tradicional Festival de Cinema de Cannes. Foi nes-ta ocasião que ela conheceu o príncipe Rainier III, com quem se casaria logo em seguida. Grace Kelly já conhecia este refúgio europeu quando, em 1955, filmou ao lado de Cary Grant, “Ladrão de Casaca”, todo rodado em Mônaco. E é justamente neste filme que aparece a estrada onde ela morreria em 1982, vítima de um grave acidente.

Pontos TurísticosSão inúmeros os pontos turísticos do Principado de Mônaco, sem contar com as suas atrações que vão desde passeio de barco pelo Mediterrâneo, suas belas praias, o porto e a marina, quase sempre lotada de iates e veleiros de todas as partes do mundo. Além das praias, Mônaco também encanta por suas monumentais constru-ções antigas, como o Palácio Real. Além de sua imponência, seu interior abriga 15 quartos e a sala do trono, abertos à visitação pública. Situado na ala sul do palácio, o Museu de Lembranças

de Napoleão tem uma coleção de objetos pessoais do imperador, como espadas, medalhas, moedas, enfeites e uniformes. A troca da guarda também é muito interessante: ocorre todos os dias em frente ao palácio, com os guardas vestidos com uniformes imacu-ladamente brancos no verão e pretos no inverno.

Várias vezes ao dia saem de Mônaco-Ville (capital do país) pi-torescos e coloridos trens turísticos, chamados Azur Express, que fazem um tour através da cidade.

CassinoHá mais de um século o Cassino de Monte Carlo é sinônimo de paixão para os aficionados por jogo. Concebido pelo arquiteto Charles Garnier – idealizador também da majestosa Ópera de Pa-ris – o local foi, desde sua origem, dedicado à arte do jogo. Com afrescos inspirados nas pinturas de Boucher, seus baixos relevos e esculturas surgem imponentes, todos em ouro e mármore.

Construído em 1863, o Cassino foi palco dos tempos gloriosos de Monte Carlo, e trouxe a nobreza para a mesa de jogos. O grande cassino deve sua origem ao Príncipe Carlo III, que encomendou a obra ao famoso arquiteto Garnier, em 1862. A criação do cassino

Solarium do Hermitage

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REFÚGIO INTERNACIONAL

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foi autorizada para salvar o país dos problemas econômicos que o estado monegasco enfrentava. A construção foi toda financiada pela Sociètè des Bains de Mer que, em troca, deveria promover no pequeno país, obras de infraestrutura, como estradas, distribuição de água e transportes. A ideia deu tão certo que, anos depois, o go-verno aboliu as taxas e impostos para toda a população, tamanho o progresso e a riqueza que se instalou no local.

Ainda hoje é possível admirar o grande pátio de entrada, cir-cundado por 28 colunas em ônix, que desenham o caminho até a sala da Ópera – chamada de “Salle Garnier”. Toda decorada em vermelho e dourado, a sala monumental é composta por baixos relevos, afrescos e esculturas da época. Nela, acontecem apresen-tações de óperas, concertos e balés das mais renomadas compa-nhias de todo o mundo.

No interior do Grande Cassino, as modalidades de jogos se in-tercalam por suas grandes salas. Nos “salões europeus” é possí-vel encontrar desde roletas a máquinas caça-níqueis; nos “salões privados” estão a roleta europeia, máquinas caça-níqueis, black-jack e craps. Já no “clube inglês”, os jogadores poderão fazer suas apostas no black-jack e na roleta inglesa.

ExóticoOutra grande atração é o “Giardino Esotico”, que abriga uma infinidade de espécies de plantas exóticas. No seu interior estão grutas naturais, repletas de lagoas subterrâneas e estalagmites. A entrada das grutas fica no topo do Principado e estende-se por um caminho profundo, que ultrapassa vários metros abaixo do nível do mar.

Grande PrêmioMônaco também é palco de grande emoções sobre rodas. O GP de Mônaco entrou no calendário da primeira temporada da Fór-mula 1, em 1950. Após quatro temporadas de ausência, a corrida voltou em 1955, e não saiu mais. O maior vencedor nas ruas do principado é o brasileiro Ayrton Senna. Foram seis vitórias em dez corridas disputadas, em uma média que dificilmente será iguala-da por outro piloto. Senna venceu em 1987, pela Lotus, e depois teve cinco vitórias consecutivas pela McLaren, entre 1989 e 1993.

Em dias de corrida, é possível ver centenas de pessoas debru-çadas nos terraços dos apartamentos luxuosos que margeiam a avenida principal da cidade, transformada em pista de corrida, com suas curvas sinuosas e uma belíssima vista para o mar.

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Piscina aquecida garante a temperatura ideal

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BOLSHOIA

BRASIL NO MUNDO

Neste jogo do bem, a arte do balé russo revela grandes talentos e oferece um futuro promissor para crianças de todo o Brasil

Por GIusEppE NaRdEllI FoToS dIVulGaÇÃO

ESCOLA

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Apresentação  do Bolshoi em Moscou

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BRASIL NO MUNDO

Joinville, a maior cidade de Santa Catarina, foi a escolhida para receber a primeira e única Escola Coreográfica de Moscou no exterior. Foi um mar-

co para os dois países, pois trata-se de um passo impor-tante na transferência de um método de ensino de balé muito consagrado e respeitado em todo o mundo. “Para nós foi uma experiência única, pois pudemos aplicar e adaptar, pela primeira vez, a metodologia russa sob a supervisão de mestres russos e brasileiros”, explica o diretor-geral do Bolshoi no Brasil, Pavel Kazarian.

Os primeiros passos para montar a Companhia em outro país foram dados em 1998, quando o então diretor do Teatro Bolshoi de Moscou, Alexander Bogatyrev, pas-sou a desenvolver um projeto cujo intuito era expandir a metodologia da Escola Coreográfica de Moscou para outras culturas. Antes de apresentá-lo ao Brasil, Alexan-der chegou a levar a proposta para o Japão e os Estados Unidos, porém, nenhum dos dois países demonstraram interesse em seguir a metodologia russa, já que não ti-nham afinidade nem com a arte e muito menos com o país de origem. Depois de muitas negociações, a inau-guração da Escola Bolshoi no Brasil foi celebrada em março de 2000. Na ocasião, o diretor do Teatro Bolshoi,

Vladimir Vasiliev, e o prefeito de Joinville tornaram-se os patronos fundadores oficiais da Instituição.

Conquistado seu devido espaço, a Escola vem, até hoje, se mantendo através de um grupo de pessoas e empresas intitulado “amigos do Bolshoi”. Em março de 2012 a Companhia completará 12 anos de atividades no Brasil e, certamente, tem muito o que comemorar. “Esta-mos felizes, pois ao longo destes anos nossa preocupa-ção maior foi a de formar artistas cidadãos, promovendo e difundindo educação e arte baseadas na tradição e na promoção de valores e talentos”, festeja o diretor geral. Ele acrescenta ainda que o Bolshoi Brasil não recebe in-centivo financeiro do Teatro Bolshoi russo.

Muito pelo contrário. O Bolshoi russo exporta seu nome, conhecimento e tecnologia e a escola brasileira paga royalties por isso.

O InícioOs primeiros indícios da criação do Teatro Bolshoi rus-so surgiram em 1773, com a fundação da Escola Core-ográfica de Moscou, sediada em um orfanato e cujos alunos eram crianças carentes. A partir dela foi criada a Companhia de Dança do Teatro Bolshoi, em 1776.

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Como ainda não dispunham de sede própria, os inte-grantes do Bolshoi costumavam apresentar os espetáculos em residências particulares. Em 1780, o Teatro ganhou sua primeira sede, que acabou destruída em 1805 por conta de um grande incêndio. Quase vinte anos depois, a Escola conseguiu construir um prédio novo, que foi inaugurado com o nome de “Grande Teatro Petrovsky”. Mas por azar do destino, o prédio também foi destruído pelas chamas em 1853. Em 1856, o teatro foi reconstruído, desta vez pelo arquiteto Albert Kayos. O local é até hoje a sede do Teatro Bolshoi e foi tombado pela Organização das Nações Uni-das (ONU) como Patrimônio Arquitetônico e Cultural da Humanidade. Atualmente, o Teatro Bolshoi russo conta com cerca de 2.500 funcionários, 250 artistas de balé, 262 músicos de orquestra e 120 de ópera. O Teatro formou ver-dadeiros mitos do balé como Maya Plisetskaia, Ekaterina Maximova, Vladimir Vasiliev, entre outros.

BastidoresNeste jogo de perseverança, talento e oportunidade, a Escola brasileira educa, atualmente, 388 alunos, sendo 260 nos cursos técnicos e os demais em cursos de for-mação continuada. >>

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BRASIL NO MUNDO

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Apoio total e irrestrito para as crianças envolvidas

Destes, 95% são bolsistas, e além do ensino gratuito, recebem benefícios como alimentação, transporte, uniformes, figurinos, orientação pedagógica, assistência odontológica preventiva, atendimento fisioterápico, nutricional e assistência médica. Para isso, devem apresentar bom rendimento, pois a ausência de boas notas implica na perda da bolsa de estudo.

O complexo escolar é formado por salas para aulas de balé, estúdios de música, ateliê, núcleo de saúde, biblioteca, cantina, espaços culturais e dois laboratórios cênicos. São cerca de 6 mil metros quadrados de absoluta dedicação profissional ao ensino, espaço ideal para formar artistas da dança dentro da metodologia do Teatro Bolshoi.

Todos os professores estão empenhados, diariamente, em for-mar bailarinos com a mesma precisão técnica e qualidade artísti-ca aplicadas na Rússia. É desta forma que a Instituição qualifica e forma bailarinos que estarão aptos a entrar no restrito e exigen-te mercado profissional, concretizando sonhos e aprimorando a qualidade de vida.

Na concorridíssima Escola de Joinville, a grande maioria dos alunos são de famílias simples e, para se tornar um aluno, os candidatos passam por uma série de provas qualificativas. O pro-cesso seletivo, que acontece todos os anos – sempre de julho a outubro –, segue a dura e exigente tradição russa, mas não requer conhecimentos prévios em dança. A primeira “peneira” acontece entre os alunos da própria rede pública de ensino de Joinville. Na seleção realizada em 2007, nada menos do que quatro mil alunos se inscreveram para disputar uma vaga no Bolshoi. A pré-seleção é feita pelo time de professores de Educação Física da Instituição, que testam a resistência e elasticidade de cada candidato.

Depois, seguem-se os exames médicos e fisioterápicos que ava-liam a postura e alongamento de cada um, justamente para evitar o comprometimento de crianças que não aguentarão o ritmo for-te dos treinos. Passadas estas etapas é hora de formar os grupos classificados que podem ser provenientes de escolas públicas ou particulares. Todo este esforço vai garantir que apenas 40 crian-ças conquistem uma vaga, após outra batelada de testes. >>

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BRASIL NO MUNDO

Em 2007, a Escola diplomou sua primeira turma. Hoje o Bolshoi de Moscou já conta

com 3 bailarinos brasileiros

O Bolshoi compromete-se a dar bolsa integral para os aprovados que estudem em escolas públicas. Os demais pagam uma mensalidade. E os benefícios não param por aí. A Escola oferece transporte para essas crianças. Elas são pegas na porta de casa e são levadas para o curso, que dura cinco horas e meia por dia. Todas têm aulas te-óricas e práticas de balé, aulas de inglês e piano, entre muitas outras atividades. No final do dia, elas são levadas até suas casas pelo transporte oficial da Escola. O curso de Educação Profissional de Nível Técnico com Habili-tação em Dança, ou Artista de Ballet como é chamado, prevê a formação técnica em artes e dura oito anos. Para ingressar é necessário que a criança tenha entre sete e nove anos, para que possa cumprir as chamadas oito sé-ries do curso. E quem disse que balé é coisa de menina? Na Escola de Joinville, a maioria dos grupos de alunos é composta por meninos! É nesse palco organizado que as atividade diárias acontecem. O som dos pianos mo-vimenta de segunda a sexta-feira alunos, professores e funcionários administrativos, nos três turnos do dia. Fo-tografias e cenas do mundo da dança, do balé e da músi-ca delineiam corredores deixando sempre visível a marca da tradição russa.

Talentos BrasileirosA Escola do Teatro Bolshoi no Brasil diplomou, em 2007, sua primeira turma. Formar-se em uma escola desse porte garante aos ex-alunos convites para inúmeras companhias de dança. Alguns desses alunos, porém, resolveram ficar e hoje trabalham na filial de Joinville.

Jovens que no primeiro semestre de 2008 apresentaram 23 espetáculos em várias cidades brasileiras. Cinco in-tegrantes da Companhia foram efetivados pela Escola do Teatro Bolshoi e vivem hoje literalmente como ar-tistas de balé. Os bailarinos Bruna Gaglianone e Erick Swolkin, ambos formados pela Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, foram convidados a integrar a companhia pro-fissional do Ballet Bolshoi de Moscou, na Rússia. Bruna e Erick já foram para a Rússia iniciar o processo de con-tratação e realizar os exames médicos. Os trabalhos na companhia iniciaram durante a temporada 2011/2012.

O bailarino Erick Swolkin, 20 anos, nasceu na gran-de São Paulo e, ainda menino, mudou-se com seus pais para Joinville. Com seu jeito brincalhão, jamais jogou bem futebol, só queria correr e pular. “Nunca pensei em ser um astro de futebol e nem um grande bailarino clás-sico”, conta ele, encabulado.

Mas os planos foram alterados quando ele participou das etapas de motivação e seleção do Bolshoi Brasil na escola agrícola de Rio Bonito, onde estudava na época.

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BRASIL NO MUNDO

A mesma mudança de percurso fez parte da vida da maranhense Bruna Gaglianone, de 20 anos. Apaixona-da pela ginástica olímpica, jamais imaginou saltar para o balé clássico e se tornar uma bailarina. “Foi nas aulas de ginástica que conheci a Escola Bolshoi Brasileira, por incentivo de um professor e de minha mãe”, revela. Bruna participou das seletivas da Instituição e, para sua surpresa, passou em primeiro lugar.

Foi através do talento destes dois jovens que os cami-nhos se abriram e as chances foram surgindo. Depois de estudarem por oito anos na Escola do Teatro de Bolshoi no Brasil e de muita dedicação, Erick e Bruna consegui-ram o que parecia, até então, impossível! Formaram-se em 2009 e foram contratados pela Companhia Jovem do Bolshoi. Eles trabalham juntos desde 2010 – são part-ners – e adquiriram a técnica russa e toda a disciplina para se tornarem bailarinos profissionais. Outro fruto

desse trabalho foi o convite recebido em outubro de 2010 de uma companhia dos Estados Unidos para tra-balharem na temporada de final de ano, no espetáculo “Quebra-Nozes”. Logo em seguida, foram convidados pelo Teatro Bolshoi de Moscou.

Hoje, estão cada vez mais perto de participar, como oficialmente contratados, da Companhia de Ballet na Rússia. A mudança de país parece não assustar os futu-ros integrantes da escola russa. Para eles, será uma vida nova, cheia de surpresas e grandes realizações. “Tudo vale para realizar um grande sonho”, concordam. Este é o exemplo de dedicação, talento e perseverança que transformou a vida destes dois jovens. E nesta disputa, quem ganha o jogo, quase sempre, é quem tem perseve-rança e dedicação, como no caso de Erick e Bruna. Am-bos irão mostrar todo o talento e técnica que os fizeram vencer na vida.

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Para você que apreciaas coisas boas da vida.

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PERFIL

Ignácio iniciou sua carreira no Jornal Última Hora aos 20 anos

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N ascido na cidade de Araraquara, interior de São Paulo, no dia de Santo Ignácio de Loyola, seu nome não poderia ser outro! Um dos mais renomados escritores brasi-leiros foi incentivado à leitura, desde pequeno, pelo pai, que, na época, criou uma

biblioteca com mais de 500 volumes. Loyola Brandão percorreu os caminhos das palavras com naturalidade e apreço. “Lembro que eu era fascinado por dicionários e costumava trocar o sig-nificado das palavras por figurinhas ou bolinhas de gude com meus colegas de escola”, revela.

O hábito peculiar e a paixão por dicionários acabou se transformando no conto “O menino que vendia palavras”, primeiro trabalho a ser publicado pelo autor. A carreira de escritor des-lanchou e hoje ele coleciona obras que vão desde crônicas, contos, romances, adaptações para o teatro e para o cinema, entre outras. As viagens foram sempre pontos de inspiração para sua criação literária. Loyola, ao invés de trazer fotos como recordação, prefere colher uma folha de cada lugar. O mapa verde destes caminhos percorridos está emoldurado em vários quadros que ele mantém numa das paredes de seu apartamento. >>

Renomado escritor brasileiro, deixou a paixão pelo cinema para registrar nas páginas de suas obras as experiências,os amores e os ícones da diversidade humana

AS PALAVRAS DE IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO

POr GIusEppE NaRdEllI FoToS paulO BRENta

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PERFIL

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Desbravador dos sete mares, Loyola destaca, entre suas tantas experiências no exterior, o período em que viveu em Roma. “Foi uma grande aventura para a época (1963). Morei com três atores que faziam figuração no filme Cleópatra. Foi aí que eu tive a oportunidade de co-nhecer CineCittà – um complexo de estúdios usados na produção cinematográfica italiana, inaugurado em 1937. Fiquei abismado em ver aqueles cenários todos, aquela parafernália”, relembra.

A paixão pelo cinema também foi despertada através dos filmes de Federico Fellini. Loyola conta que chegou a assistir por cento e oito vezes o clássico do diretor ita-liano, “Otto e Mezzo”. Através desta matemática surgiu a inspiração para que ele escrevesse o romance “Zero”, publicado também na Itália, e que lhe rendeu o título de segundo autor brasileiro publicado em terras italianas, ao lado apenas de Guimarães Rosa.

A paixão pelo cinema – que Loyola diz ter sido diluída com o tempo – o colocou nas telas, quando participou, como figurante, do filme de Anselmo Duarte “O Paga-dor de Promessas”, baseado em peça homônima de Dias Gomes e vencedor no Festival de Cannes, em 1962.

Do cinema de volta às palavrasA grande produção literária revela um talento nato pela escrita, através de suas centenas de obras brindadas pela grande aceitação pública.

Em Roma, onde a paixão pelo cinema foi despertada

Na charmosa biblioteca de sua casa em São Paulo

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Ruth CardosoUma de suas mais recentes criações foi a biografia da ex-primeira-dama Ruth Cardoso, “Fragmentos de Uma Vida”. Tudo começou em 1995, quando ele trabalhava para a revista Vogue. Conta Loyola que queria muito fazer uma entrevista com Dona Ruth, “pois tínhamos um caderno especial, dedicado às primeiras-damas”. Ele lembra que teve várias negativas por parte da pri-meira-dama, que sempre gostou de se manter discreta, anônima. Depois de tanta insistência e sabendo que eu era de Araraquara, aceitou o convite. “Eu conhecia todos os seus parentes, a mãe, que foi minha professora, o primeiro namorado e todos os seus amigos. Isso facilitou nossa aproximação”, conta.

Pontual como sempre, Loyola foi ao encontro de Dona Ruth. A entrevista, que deveria durar apenas uma hora, acabou se estendendo por mais de sete horas. “Depois de publicada, a ex-primeira-dama veio me agradecer, pois eu tinha resgatado em sua memória a Araraquara que ela tinha vivido. As lembranças que ela já não tinha tão nítidas na mente”, orgulha-se.

Um ano depois da morte de Dona Ruth (ela faleceu em julho de 2008), a família resolveu fazer uma biografia. Foi quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pediu para que o autor da obra fosse Loyola Brandão. “O presidente me escolheu pelo carinho que Dona Ruth tinha por mim e pela nossa proximidade”, explica. >>

Foi o autor escolhido pelo ex-presidente FHC para escrever a bibliografia de Dona Ruth

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PERFIL

No corredor de sua casa, mais livros

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Entrevistou parentes, amigos e familiares próximos para realizar o trabalho. “Só com o Fernando Henrique foram quatorze entrevistas.” Loyola conta que Dona Ruth era uma mulher forte, que não tinha sido conta-minada pelo poder; uma ótima mãe e esposa. “Fiquei assustado quando ela morreu por causa da repercussão mundial que a notícia teve. Ela realmente era uma pes-soa especial e que mudou a forma e os conceitos da an-tropologia”, atesta Loyola.

Uma das passagens mais emocionantes foi vivida pelo autor ao escrever o último capítulo da biografia da ex-primeira-dama. Ele conta que levou mais de três meses para relatar o dia a dia dos últimos momentos de Dona Ruth.

Em uma de suas entrevistas com a melhor amiga, soube de um fato quase sobrenatural. Relembra ele que quando Dona Ruth teve alta, ela foi para casa e começou a mandar torpedos para as amigas, contando que tinha saído do hospital. Entre as mensagens, uma tinha sido enviada para a amiga mais próxima, Regina Esteves. Só que por alguma falha, a amiga acabou não recebendo a mensagem. “Quando Regina voltou ao Brasil e foi na missa de sétimo dia, ao sair da igreja o celular apitou. Era a mensagem que Dona Ruth havia mandado, sete dias antes”, arrepia-se.

Passos futurosApesar de ter publicado dois livros recentemente – A Morena da Estação e Acordei em Woodstock –, Loyola não para de produzir. Atualmente está debruçado em vários projetos, entre eles, pretende resgatar a história de seu avô, um marceneiro famoso de Matão, através de uma viagem ao passado, relembrando fatos curiosos, como um carrossel feito por ele e que ainda é referência na cidade, como o “Carrossel de seu Brandão”.

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Nascido em Cambuci, estado do Rio de Janeiro, o artista plástico Lucio Carvalho

trabalha com a estética presente no caos. Formado em desenho industrial, enveredou com sucesso para as artes plásticas, com uma produção coerente e profícua. Com obras selecionadas em

coleções importantes como a Saatchi Collection e prêmios em inúmeras exibições, seu repertório conjuga

tecnologia com barroco, regra com desacordo, respeito com ultraje.

plásticas, com uma produção coerente e profícua. Com obras selecionadas em

coleções importantes como a Saatchi Collection e prêmios em inúmeras exibições, seu repertório conjuga

tecnologia com barroco, regra com desacordo, respeito com ultraje.

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ARTE

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Por WaIR dE paula FoToS luCIO CaRValHO

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VERSAILLES Ocupação 1

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D’ORSAy Ocupação 1

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ARTE

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CaosO filósofo e sociólogo alemão Theodor Adorno pregava que “...a tarefa da arte é introduzir o caos na ordem”. Ao que tudo indica, o jovem artista Lucio Carvalho segue as premissas deste pensador, pois suas belíssimas fotos contêm em seu registro a síntese da frase citada – o caos na ordem, não contra a ordem. Um cano exposto revela as estranhas de um icônico espaço museológico. Registros de água sem disfarces e ordinários sobre colunas de puro mármore vermelho e capitéis dourados, em violento contraste. Interruptores aparentes e paredes descascadas em museu nobilíssimo. Gambiarras, restos de material de construção e, no meio de um dos mais reconhecidos interio-res de museus do mundo, barracos, sacos de lixo e antenas parabólicas. >>

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HERMITAGE Ocupação 1

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ARTE

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Para Lucio Carvalho, a “provocação” exposta em suas fotos, contida em ou contendo espaços mu-seológicos – Louvre, Guggenheim, Tate Gallery, Hermitage, entre outros – revela um desconforto que se denuncia não à primeira vista, mas pela contínua leitura de cada camada de informações contidas na obra. Sim, sabemos que sobre os tetos ricamente trabalhados e pintados de um palácio ou igreja existe uma estrutura provavelmente não tão bela; que atrás de paredes forradas em tecidos nobres ou pinturas ancestrais, canos e fios de toda ordem coexistem desde o princípio; que nos espaços não visíveis destes icônicos edifícios pode-se encontrar salas lotadas de produtos de toda ordem em des-compasso com o que é visível. Se existe uma palavra que resume este desempenho, esta seria ordem – ou melhor, a falta desta –, em franco embate com os espaços solenes utilizados tanto na série Invasões (usando o espaço exterior, o entorno destas citadas instituições artísticas), como na série Ocupações, cuja parafernália de objetos e elementos adentra virtualmente nos espaços, um verdadeiro acúmulo de informações aleatórias e iconoclastas sobre a estética cerebral e organizada habitualmente creditadas a um museu. Aliás, esta série tem sua gênese laureada através da premiação no Guggenheim Museum de Nova York, cuja proposta era justamente a ocupação do Void do Museu. Citando outro pensador germânico, Nietzsche afirmava que “...é necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela”. Lucio Carvalho gera o caos para obter o belo. >>

GuGGENHEIM Ocupação 1D’ORSAy Ocupação 2

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Invasão SAN MARCO

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ARTE

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IndividuaisAbril/2012 – Mônica Filgueiras e Eduardo Machado Galeria, São Paulo, SP.Janeiro/2012 – WPGA Pollux Awards – Palais de Glace, Buenos Aires, Argentina.2007 – Frágeis – Art to Design Gallery, Bolonha, Itália.2007 – Coisas Frágeis (Protegidas por paredes de vidro) – Gale-ria Caixa Cultural, Salvador, BA.2005 – Subdivisíveis 3 – Galeria Conjunto Cultural da Caixa, Brasília, DF.2005 – Subdivisíveis 2 – Galeria Nossa Caixa, São Paulo, SP.2004 – Subdivisíveis 1 – LACDA Gallery, Los Angeles – USA.2002 – Paralelos – Embaixada do Brasil, Paris, França.

Principais Prêmios2011 – Selected by Saatchi special curated ArtParis Collection – Grand Palais, Paris, França.2011 – MOPLA – Month of Photography Los Angeles – Los An-geles, USA.2011 – LACDA juried competition winners – Los Angeles, USA.2010 – Golden Medal Art Interview – 21st International Artist Competition, Berlim, Alemanha.2010 – Re.: Contemplating the Void Guggenheum – winner, N.Y.C., USA.2010 – WPGA Competition / The Pollux Awards – York, Reino Unido.2009 – MYARTSOACE Competition Winner – Emerson Gal-lery, Palo Alto, USA.2009 – Honorable Mention International Photography Awards, Lucie Foundation – Los Angeles, USA.

Invasão TATO

VERSAILLES Ocupação 3

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Machu Picchu, Peru

BÚSSOLA

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Cusco, Peru

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PERU: BERÇO DA CIVILIZAÇÃO INCA, A MISTURA DE TRADIÇÕES CULTURAIS PRODUZIU UMA DIVERSIDADE DE EXPRESSÕES NAS ARTES, MÚSICA E CULINÁRIA Por: HElENa MONtaNaRINI

FoToS: dIVulGaÇÃO

Minha primeira viagem ao Peru, em 1983, foi para visitar meu pai Silvio que trabalhava em Lima. Na época, a cidade me pareceu triste e cinza e logo decidi que o melhor a fazer era pegar um trem rumo a Cusco e Machu Picchu. Depois retornei ao país em 1990, quando trabalhava para a marca Giorgio Armani/Vila Romana e fui desenvolver malhas em alpaca na cidade de Arequipa, polo industrial de malharia. Acredito que fui pioneira a utilizar o país no segmento. Nesta década, Lima não tinha mudado muito, continuava uma cida-de cinza e sem muita atração. Mas eu continuava tendo uma simpatia muito grande pelo povo, pelos ceviches e pela cultura do país. Sempre ficava com um desejo forte de retornar, o que acabou acontecendo no ano de 2003, no meu aniversário, por sugestão da minha astróloga, para celebrar em Machu Picchu. >>

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BÚSSOLA

Ano passado, por motivo de trabalho também na área de moda, voltei a Lima diversas vezes e me deparei, depois de tantos anos, com outra cidade. Lima madura, interes-sante, pulsante e menos cinza do que eu havia percebido. Hoje é uma das cidades da América Latina que cresce de uma maneira agradável e consciente. É também um dos polos gastronômicos mais cobiçados do momento. Novos hotéis, shoppings, galerias de arte e lojas acompanham o crescimento turístico. A cozinha peruana começou a se popularizar fora de suas fronteiras. Devido à rica va-

riedade e a harmonia dos sabores, a comida peruana e constantemente seus chefs recebem prêmios inter-nacionais. Existe uma constante inovação nos pratos sem perder a origem regional da comida peruana.

Uma mescla de corese sabores Em setembro de 2011 estive em Lima na mesma sema-na que a Feira Gastronômica Internacional, conhecida como MISTURA. Todos os chefs famosos estavam por

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Catedral Plaza de Armas, em Lima, Peru

Vista aérea de Lima, Peru

A bonita arquitetura de Lima, Peru

lá, de Adrian Ferria a Alex Atala, e a imprensa interna-cional em peso. Nesta semana aproveitei para conhecer novos restaurantes e a cada vez me surpreendo mais. A comida peruana está na moda pelo mundo afora; em São Paulo temos alguns restaurantes bem representati-vos, como o La Mar e o Suri.

Deixo aqui algumas dicas de lugares que fui e de ou-tros que ainda terei que ir na próxima viagem. A lista é grande. Fiz novos amigos e em breve retornarei para esta cidade mágica e misteriosa. >>

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BÚSSOLA

Lima é, sem dúvida, o lugar onde a comida peruana se expressa com mais força. É na capital que estão reunidos os sabores típicos de todas as regiões do Peru, os melhores chefs, restaurantes e escolas de cozinha. Eu diria que a tarefa número um do rotei-ro gastronômico é experimentar o ceviche. O prato, preparado à base de peixe e mariscos cozidos ao limão, é a grande estrela da cozinha nacional. A rica variedade de pratos desta culinária é infinita e so-mente indo ao Peru irá entender esta diversidade e experiência gastronômica. Entre as centenas de cevicherias e restaurantes de autor, meus restau-rantes preferidos são:

DICAS

Astrid & Gaston: um dos primeiros restaurantes a divulgar a cozinha peruana autoral; é um clássico. Cheio de turistas, mas vale a pena conhecer. Locali-zado em Miraflores.

Pescados capitales: para almoço; é especia-lizado em ceviches e frutos do mar. O cardápio imenso é inspirado nos 7 pecados capitais. Loca-lizado em Miraflores. Central: foi o chef Alex Atala que me recomen-dou e nunca deixo de ir. A comida é mais interna-cional que peruana, mas o menu é incrível, assim como o espaço. Mesa 18: autêntica cozinha japonesa com produ-tos e influência peruana. O chef é Toshiro Konishi e está localizado no Mirafores Park Hotel.

Rafael Restaurante: o jovem chef peruano, Rafael Osterling é atualmente consagrado pela mídia inter-nacional. Fusão da cozinha peruana e mediterrânea. Pergunte pelo chef! Localizado em Miraflores.

La Mar: é o primeiro restaurante a sair do Peru e abrir franquias pelo mundo inteiro. O lugar é aber-to e turístico. Localizado em Miraflores.

Restaurante Huaca Pucilana: localizado dentro de um parque arqueológico, o restau-rante, todo em vidro, tem uma visão das ruínas. À noite, a iluminação é um espetáculo à parte. Cardápio tradicional da comida criolla peruana.

Recomendo dois hotéis:

Miraflores Park: com vista para o mar, possui serviço da rede Orient Express.Country Club Lima Hotel: que é um dos mais antigos e tradicionais de Lima, no bairro de San Ezidro. O prédio colonial foi construído em 1927 e fica dentro de um campo de golf.

Os bairros mais interessantes de Lima são: Miraflores, San Ezidro e Barranco (uma espécie de vila Madalena, com bares, galerias de arte e pequenas lojas de jovens artesãos).

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Uma suave mistura de padronagens domina o espaço de Paola Ribeiro, seja nas paredes, seja na poltrona forrada de kilim sobre tapete tramado. Já o espaço de Fabio Galeazzo funde sob uma tenda que remete às ocas brasileiras ou às tendas balinesas design europeu mais manufaturas étnicas.

MISTURA

FINA

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THE LOOK OF HOME MISTURA FINATHE LOOK OF HOME MISTURA FINA

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Paola Ribeiro

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Fabio Galeazzo

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Fabio Galeazzo

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Fabio Galeazzo

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House of Cards - Radiohead Umbabarauma, Homem Gol Jorge Ben Jor

Letra e música sincopadas, batida forte, um clássico.

The Shape of My Heart - Stingum paralelo entre as cartas do baralho

e relacionamentos. Suave, linda.

Meio de Campo - Gilberto Gil"...eu continuo aqui mesmo, aperfeiçoando

o imperfeito..." - somente Gil.

Wicked Game - Chris IsaakEntrou pelo refrão meloso que não

sai da cabeça.

É Uma Partida de Futebol - SkankPerfeita para tocar num estádio.

Love is a Loosing Game Amy Whinehouse

Pungente, de cortar os pulsos.

Gol Anulado - Elis Regina"...eu aprendi que a alegria de quem está

apaixonado, é como a falsa euforia de um gol anulado." Definitivo.

Vivendo e Aprendendo a Jogar Elis Regina

Porque começar uma lista de músicascom a grande Elis já ajuda.

TANTO QUANTO NA POESIA, A MÚSICA TAMBÉM JOGA COM AS RIMAS QUE CRIAM A EMOÇÃOWair de Paula, atento a tudo que acontece no mundo musical, escolheu alguns hits que tratam o jogo através de harmonias diversas

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TRILHA SONORA

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Mostra ArtefactoAmbiente por Luiz Fernando Grabowsky

Tapetes Reloaded Collecti on: inspire-se.

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C

M

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CM

MY

CY

CMY

K

complementos_urbanos_230x300-v2.pdf 1 1/19/12 4:28 PM