[article] siza interview
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7/27/2019 [Article] Siza Interview
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Arquitectura Entrevista
Filipe Gil
A ps a apresentao demais um projecto em queest envolvido. lvaro Siza Vieira
falou com o Construir. O arqui-tecto explicou o programa
Aquanattura, feito em conjuntocom o grupo Unicer, e comentou
ainda as j habituais polmicasque todas as suas intervenesgeram. Explicou ainda que um
arquitecto da continuidade comprojectos que se integram na
malha envolvente.
Construir: Qual foi a princi-pal dificuldade em projec-tar os novos edifcios parao projecto Aquanattura daUnicer?Siza Vieira: Toda a fase de recolhade informao e de dados sobre
os edifcios que j existiam, arecuperao de alguns, e aindaperceber onde poderiam ficar os
novos equipamentos, foram asmaiores dificuldades. Sobretudo
devido aos prazos pretendidos.
Outra das dificuldades foi a buscaem recuperar o ambiente pr-existente daquele local especialque Vidago. um local que
existe no imaginrio das pessoas efoi necessrio um cuidado espe-
cial pois sero introduzidos novosprogramas, devido s diferentes
exigncias dos tempos actuais.
Mas o que o motivoumais, foi interagir comedificado ou projectar osnovos equipamentos?Foram as duas coisas. Existe o edi-
fcio do Palace Vidago com quali-dade, e depois existem outros
com menos qualidade, a nvelabstracto, mas com alguma quali-dade arquitectnica. E esses tam-
bm tm um grande sabor, umagrande autenticidade. Foram edi-
fcios feitos por pessoas de Vidagoe com participaes pontuais de
arquitectos de renome, comoVentura Terra por exemplo. Mas tudo muito hbrido incluindo
aqui e ali toques de "kitsch" mascom muito sabor. realmente
um trabalho muito complexo emtermos de encontrar o tom cor-
recto para aquilo que se pretendepara os tempos actuais.
A minha arquitectura
provoca alguma irritao
12/Actualizao permanente em www.construir.pt Construir 15 de Dezembro de 2006
Em entrevista ao Construir,
lvaro Siza Vieira fala
sobre a sua carreira
e os projectos mais
recentes. O mais
internacional dos arqui-
tectos portugueses fala
daquilo que o motiva
e da forma como traa e
planeia a sua arquitectura
pelos quatro cantos
do planeta
HugoG
amboa
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Entrevista Arquitectura
Quanto tempo demorou asolucionar os problemasque lhe foram apresenta-dos para este projecto?Fui arranjando as solues medida que o tempo ia correndo.
Estou a trabalhar h mais de doisanos neste projecto. um traba-
lho bastante complexo.
E, ao mesmo tempo, este-ve envolvido noutros pro-jectos. O que est a fazer anvel nacional, nos lti-mos tempos?Ultimamente, estive bastanteenvolvido na concepo das obras
para o Metropolitano do Porto. Emconjunto, ou trabalhando inde-pendente do arquitecto Eduardo
Souto de Moura. Outro dos pro-jectos foi o centro cultural Camilo
Castelo Branco em Famalico, quej est pronto. E ainda mais alguns
em curso, como a fundao NadirAfonso para Chaves, ainda depen-dente do programa Polis. Para
alm de ter trabalhado as margi-nais de Lea e de Vila do Conde
E quais os projectos anvel internacional?Algum trabalho no Brasil, emItlia, em Espanha e ainda na
Coreia do Sul.
E como est a questo do
passeio do Prado emMadrid depois de toda apolmica levantada volta da sua interveno? uma situao resolvida. O pro-jecto vai avanar com alteraes
muito ligeiras, sendo um traba-lho feito em conjunto com arqui-
tectos espanhis.
Mas quase todas as suasintervenes geram pol-mica. As crticas "nova"avenida dos Aliados noPorto, ou mesmo a Ba-ronesa Thyssen-Boner-misa a querer amarrar-ses rvores do passeio doPrado, em Madrid, porcausa do seu projecto?No caso de Madrid mais umaquesto poltica. E est bloquea-
do apenas enquanto a circular deMadrid no estiver pronta. S
por isso. E em relao Baronesafoi sobretudo uma questo pol-tica, j que esto a decorrer
negociaes entre a Baronesa e acoleco do Museu e da sua
venda ao Governo espanhol.
Em relao a outras obras,porque acha que a sua
arquitectura ou se gosta ouse odeia? Tem essa noo?A minha arquitectura, tantoquanto eu posso perceber, gera de
imediato uma polmica a cadanovo projecto. Parece que nunca
fiz nada, parece que pensam queaquilo que fao uma incgnita
terrvel. Isso tem muitas explica-es, e claro, a cada projecto comvisibilidade d origem a maior
preocupao com a interveno.Mas por exemplo, existiu uma
grande polmica com o restaurodo jardim da rotunda da Boavista,
mesmo antes de algum saberqual era a interveno. H grupos
muito activos, mas por vezes a
sua actividade poder no sermuito saudvel. E dou-lhe oexemplo de quando saram os tai-
pais das obras da Avenida dosAliados, no Porto, estava presente
e ouvi elogios ao trabalho feito.
Acha que medo de des-conhecido, ou pouco res-
peito pela qualidade daarquitectura?Admitindo que eu fao arquitec-tura de qualidade, a minha
arquitectura provoca irritao
mas s em PortugalNo s. Tambm em Espanha
existem polmicas, e no estou afalar de mim, mas em Portugal
existem mais. Olhando para algu-
ma da construo que se faz emEspanha, no h espao para sediscutir tudo, e em Portugal h.
A dimenso da sua obra internacional. o arqui-tecto portugus mais
conhecido internacional-mente. Como arquitecto
de nvel mundial, comoolha para a arquitecturaportuguesa?H vrios, alis, muitos arquitec-
tos portugueses que so conheci-do internacionalmente. No sou o
nico. Muitos so gente conheci-da que ganha concursos e
publicada. O isolamento acabou.E actualmente h mais intercm-
bio, que surgiu com o 25 de Abril.
Em respeito arquitectura que sefaz em Portugal no se podegeneralizar, mas de um modo
geral est afectada profundamen-te pelo muito mau uso do territ-
rio nacional. Tem a ver com amuito recente tradio de planea-
mento, e com a utilizao dasorlas martimas. At em Espanha,
onde tem um panorama europeu
de uma arquitectura de qualida-de, tem tambm uma orla marti-ma muito m. E em Portugal as
cidades do interior comearam aficar desfiguradas, especialmente
nos ltimos anos. Mas mesmo emFrana e Itlia onde os centros
histricos esto muito bem cuida-do existirem periferias muito ms.
Mas esta nova geraopoder alterar essa formade planear?Ir continuar a haver bons e maus
arquitectos. Em Portugal h trintae tal escolas de arquitectura, umas
so boas, outras no. E h muitagente a ser formada. H sobretudouma quebra de qualidade mdia
quase impossvel de evitar quan-do se passou de um deserto de
construes para um "boom" deedificaes. No fcil que acon-
tea com qualidade suficiente.
Mas concorda que osgrandes arquitectos por-tugueses quando cons-troem em Portugal nunca,ou raramente, o fazempara a classe mdia, oupara projectos sociais?Sim, h uma tendncia a conside-
rar esse tipo de obras comomenores. E nisso os arquitectos
no deixam de ter a sua respon-
sabilidade. Esses projectos, emgeral so menos atractivos,embora para mim sejam dosmais interessantes que h. Muitos
desses projectos so feitos porconcursos e difcil a quem tem
muito trabalho estar a arriscarum grande perodo de trabalho
na tentativa de conseguir venceresses concursos. Mas, geralmente,
h um mau acolhimento dessetipo de arquitectura. Quando fiz aMalagueira, em vora, foi dos
projectos mais atacados, disseramque aquilo no era um projecto
social, mas sim intelectual e elitis-ta. E, apesar de nunca terem sido
construdos os equipamentosdaquele projecto, ele funciona.Mas realmente nunca mais fui
solicitado para esse tipo de traba-lho, embora h pouco tempo
tenha acabado o projecto naBolsa do Porto, que aps trinta
anos, est pronto.
Falando do Porto, como vas obras de Rem Koolhaas,ou os projectos de NormanFoster e Renzo Piano, entreoutros, anunciados para
Lisboa?Encaro com normalidade. J que
15 de Dezembro de 2006 Construir Actualizao permanente em www.construir.pt /13
HugoGamboa
Em respeito arquitectura que se faz em
Portugal no se pode generalizar, mas de um
modo geral est afectada profundamente pelo
muito mau uso do territrio nacional
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Arquitectura Entrevista
ns tambm fazemos obras lfora. Claro que alguns agradam-
me outros no.
e a Casa da Msica agra-da-lhe?Sim, sim, est nos antpodas da-
quilo que fao, mas um projectomuito bem conseguido, e conside-
ro-o um dos projectos mais bem
conseguidos do Koolhaas.
Mas por vezes levantam-se algumas vozes crticaspelo convite a arquitectosestrangeiros com honor-
rios muito elevadosMuito caro no quer dizer nada.
Depende de um projecto e dequem o faz exaustivamente, ou
de quem o faz sem grande deta-lhe escala 1:100 e depoismanda outro fazer. Quando se
chama um arquitecto de quali-dade, sobretudo, estrangeiro
no se espere que ele v traba-
lhar abaixo da tabela de paga-mentos portuguesa. Honorriosmuitos baixos geram derrapa-gens na construo. O caso da
Casa da Msica exemplar,devido grande derrapagem
oramental. Eu no concorri
porque sabia que no tinhatempo suficiente para o fazer,bem como a verba destinada,era um preo impossvel para a
realizao de um projectodaquela natureza. Da ter desis-
tido. Na altura disse que nem
pelo dobro se faziam, e no finalacabou por custar 20 vezesmais.
Mudando de assunto,existe algum tipo de
arquitectura contempo-rnea que siga com maisateno, em Portugal ouno estrangeiro?H coisas muito diferentes aserem feitas, mas por exemploexiste uma arquitectura mdia
de grande qualidade em pasescom a Noruega ou a Dinamarca.
E onde se faz algo que, em
Portugal se perdeu com otempo, que a manuteno dosedifcios. Mas em termos geraish uma dualidade muito clara
que considerar que a evoluoda arquitectura de continuida-
de, independentemente da evo-luo tcnica, e depois a outra
ideia muito corrente na arqui-tectura que o conceito de
tbua rasa, que desencadeia ummovimento autnomo, que muito a posio terica de
Koolhaas. Eu artilho muito maisa ideia de continuidade, mas
que conectada com algumconservadorismo. Pois, por
exemplo o resultado do movi-mento de vanguarda dos anos30 e 40 que deu grandes obras
de arquitectura mas no, emrelao cidade, grande resulta-
dos. Continuo a pensar que alinha de continuidade a mais
acertada.
Qual o edifcio ou projectoque gostava de fazer queainda no fez?No tenho essa frustrao. Cadavez que aparece um novo projec-
to uma nova experincia e muito estimulante. n
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n Centro Galego de Arte Contempornea, Santiago de Compostela, Espanha (1988-93) n Museu de Arte Contempornea de Serralves, Porto (1991-99)Esquissodaautoriade
lvaroSiza,cedidopeloMuseudeArteContempo
rneadeSerralves,
Porto
Esquissodaautoriade
lvaroSiza,cedidopeloMuseudeArteContempo
rneadeSerralves,
Porto
HugoGamboa
Em Portugal as cidades do interior comearam
a ficar desfiguradas, especialmente nos
ltimos anos. Mas mesmo em Frana e Itlia
onde os centros histricos esto muito bem
cuidado existirem periferias muito ms
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