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154 Artigo de Revisão/Review Article http://dx.doi.org/10.4322/nutrire.2014.013 Uso de inquéritos alimentares na avaliação da ingestão de antioxidantes The use of dietary survey methods for the assessment of antioxidant intake ABSTRACT Miranda, R. C.; Schieferdecker, M. E. M.; Schmidt, S. T. The use of dietary survey methods for the assessment of antioxidant intake. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr. = J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 39, n. 1, p. 154-165, abr. 2014. Free radicals produced in the body can be explained by several factors and induce cell damage in case of oxidative stress. In order to fight them, there are the endogenous antioxidant defense mechanisms, or exoge- nous, when derived from the diet. Some vitamins and minerals, besides phenolic compounds, present antioxidant function and fight these radi- cals. Therefore, many studies have demonstrated an association between the consumption of food with antioxidants and health benefits. Assessing the intake of antioxidants provides intervention measures and public policy actions. Several different instruments can be used to assess this intake, but each of them should be well known in order to make the most appropriate choice. Therefore, the aim of this study is to approach the different types of diet surveys used to determine the food intake of antioxidants, as well as discuss their advantages and limitations of use. The following surveys were used to determine the intake of antioxidants: Dietary Records, 24-hour recall, Food Frequency Questionnaire, and Antioxidant Food Frequency Questionnaire. Most of the surveys meth- ods used consider only the antioxidant micronutrients, but one of the them quantifies the total antioxidant capacity of the diet, including the phenolic compounds. The methods analyzed present advantages and disadvantages, in addition to those inherent to the instrument. Critical reflection about the choice of the method allows a better assessment of the intake of antioxidants, aiding in a more accurate food diagnosis, even- tually ensuring food and nutritional security for the population through necessary public policy initiatives. Keywords: Nutrition Surveys. Food intake. Antioxidant. Total Antioxi- dant Capacity (TAC). RENATA COSTA DE MIRANDA 1 MARIA ELIANA MADALOZZO SCHIEFERDECKER 2 SUELY TERESINHA SCHMIDT 3 1 Mestra em Segurança Alimentar e Nutricional, Universidade Federal do Paraná – UFPR, Programa de Pós-graduação em Segurança Alimentar e Nutricional. 2 Doutora em Medicina na Clínica Cirúrgica, Professora da Universidade Federal do Paraná, Universidade Federal do Paraná – UFPR, Programa de Pós-graduação em Segurança Alimentar e Nutricional. 3 Doutora em História, Professora da Universidade Federal do Paraná, Universidade Federal do Paraná – UFPR, Programa de Pós-graduação em Segurança Alimentar e Nutricional. Endereço para correspondência: Maria Eliana Madalozzo Schieferdecker Universidade Federal do Paraná – UFPR. Programa de Pós-graduação em Segurança Alimentar e Nutricional. Av. Lothário Meissner, 632, Jd. Botânico. CEP 80210-170. Curitiba - PR - Brasil. E-mail: melianamschiefer@ gmail.com Departamento de realização do trabalho: Programa de Pós-graduação em Segurança Alimentar e Nutricional, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil.

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Artigo de Revisão/Review Article

http://dx.doi.org/10.4322/nutrire.2014.013

Uso de inquéritos alimentares na avaliação da ingestão de antioxidantes

The use of dietary survey methods for the assessment of antioxidant intake

ABSTRACT

Miranda, R. C.; Schieferdecker, M. E. M.; Schmidt, S. T. The use of dietary

survey methods for the assessment of antioxidant intake. Nutrire: rev.

Soc. Bras. Alim. Nutr. = J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 39,

n. 1, p. 154-165, abr. 2014.

Free radicals produced in the body can be explained by several factors

and induce cell damage in case of oxidative stress. In order to fight them,

there are the endogenous antioxidant defense mechanisms, or exoge-

nous, when derived from the diet. Some vitamins and minerals, besides

phenolic compounds, present antioxidant function and fight these radi-

cals. Therefore, many studies have demonstrated an association between

the consumption of food with antioxidants and health benefits. Assessing

the intake of antioxidants provides intervention measures and public

policy actions. Several different instruments can be used to assess this

intake, but each of them should be well known in order to make the

most appropriate choice. Therefore, the aim of this study is to approach

the different types of diet surveys used to determine the food intake of

antioxidants, as well as discuss their advantages and limitations of use.

The following surveys were used to determine the intake of antioxidants:

Dietary Records, 24-hour recall, Food Frequency Questionnaire, and

Antioxidant Food Frequency Questionnaire. Most of the surveys meth-

ods used consider only the antioxidant micronutrients, but one of the

them quantifies the total antioxidant capacity of the diet, including the

phenolic compounds. The methods analyzed present advantages and

disadvantages, in addition to those inherent to the instrument. Critical

reflection about the choice of the method allows a better assessment of the

intake of antioxidants, aiding in a more accurate food diagnosis, even-

tually ensuring food and nutritional security for the population through

necessary public policy initiatives.

Keywords: Nutrition Surveys. Food intake. Antioxidant. Total Antioxi-dant Capacity (TAC).

RENATA COSTA DE MIRANDA1

MARIA ELIANA MADALOZZO SCHIEFERDECKER2

SUELY TERESINHA SCHMIDT3

1Mestra em Segurança Alimentar e Nutricional, Universidade Federal do Paraná – UFPR, Programa de

Pós-graduação em Segurança Alimentar e Nutricional.

2Doutora em Medicina na Clínica Cirúrgica, Professora da Universidade Federal do

Paraná, Universidade Federal do Paraná – UFPR, Programa de

Pós-graduação em Segurança Alimentar e Nutricional.

3Doutora em História, Professora da Universidade Federal do

Paraná, Universidade Federal do Paraná – UFPR, Programa de

Pós-graduação em Segurança Alimentar e Nutricional.

Endereço para correspondência:Maria Eliana Madalozzo

Schieferdecker Universidade Federal do

Paraná – UFPR. Programa de Pós-graduação

em Segurança Alimentar e Nutricional.

Av. Lothário Meissner, 632, Jd. Botânico.

CEP 80210-170. Curitiba - PR - Brasil.

E-mail: [email protected]

Departamento de realização do trabalho:

Programa de Pós-graduação em Segurança Alimentar e

Nutricional, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil.

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Miranda, R. C.; Schieferdecker, M. E. M.; Schmidt, S. T. Inquéritos para Antioxidantes. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 39, n. 1, p. 154-165, abr. 2014.

RESUMEN

Los radicales libres producidos en el organismo

pueden explicarse por varios factores y causar

daños celulares en el caso de que aparezca

estrés oxidativo. Para combatirlos existen los

mecanismos de defensa antioxidantes endógenos

o exógenos provenientes de la dieta. Algunas

vitaminas y minerales, además de los compuestos

fenólicos, son los responsables de la función

antioxidante y de combatir los radicales. Por lo

tanto, muchos estudios han asociado el consumo

de alimentos ricos en antioxidantes como algo

beneficioso para la salud. Para evaluar la

ingesta de antioxidantes se necesitan medidas

de intervención y acciones de política pública.

Para evaluar la ingesta se pueden utilizar

diferentes instrumentos, sin embargo, se debe

conocer cada uno de ellos para hacer la elección

correcta. Por lo tanto, el objetivo de este estudio

es abordar los diferentes tipos de encuestas

alimentarias utilizadas para determinar el

consumo de antioxidantes, así como discutir

las ventajas y límites de su uso. Las diferentes

encuestas utilizadas para determinar el consumo

de antioxidantes fueron Registro Alimentar,

Recordatorio 24 horas, Cuestionario de Frecuencia

Alimentaria y Cuestionario de Frecuencia

Alimentaria especifico para antioxidantes. La

mayoría de los análisis se hace considerando sólo

micronutrientes antioxidantes, sin embargo, en

uno de los métodos, se cuantifica la capacidad

antioxidante total de la dieta, incluyendo los

compuestos fenólicos. Las metodologías abordadas

presentan ventajas e inconvenientes, además

de las inherentes al instrumento. La reflexión

para la elección crítica del método permite una

mejor evaluación de la ingesta de antioxidantes,

ayudando en la precisión del diagnóstico

alimentario. Y, por último, se garantiza la

seguridad alimentaria y nutricional de la

población por medio de iniciativas de políticas

públicas necesarias.

Palabras clave: Encuestas nutricionales. Ingesta alimentaria. Antioxidantes. Capacidad Antioxidante Total (TAC).

RESUMO

Os radicais livres produzidos no organismo po-

dem ser explicados por fatores diversos e induzem

a danos celulares caso ocorra estresse oxidativo.

A fim de combatê-los, existem os mecanismos

endógenos de defesa antioxidante ou exógenos,

quando provenientes da dieta. Algumas vitami-

nas e minerais, além de compostos fenólicos, são

responsáveis por apresentar função antioxidante

e combater os radicais. Por isso, muitos estudos

vêm associando o consumo de alimentos fonte

de antioxidantes aos benefícios à saúde. Avaliar

a ingestão de antioxidantes propicia medidas de

intervenção e ações de políticas públicas. Para

avaliação da ingestão, podem ser utilizados

diferentes instrumentos, porém deve-se conhecer

cada um deles para realizar a escolha adequa-

da. Sendo assim, o objetivo deste estudo é abor-

dar os diferentes tipos de inquérito alimentar

utilizados para determinar a ingestão de anti-

oxidantes, assim como discutir suas vantagens

e limitação de uso. Os diferentes inquéritos uti-

lizados para determinar a ingestão de antioxi-

dantes foram Registro Alimentar, Recordatório

24 horas, Questionário de Frequência Alimentar

e Questionário de Frequência Alimentar específi-

co para antioxidantes. A maioria realiza análise

considerando apenas os micronutrientes anti-

oxidantes, porém, em um dos métodos, quantifi-

ca-se a capacidade antioxidante total da dieta,

incluindo-se também os compostos fenólicos. As

metodologias abordadas apresentam vantagens

e desvantagens, além daquelas inerentes ao in-

strumento. A reflexão para a escolha crítica do

método permite melhor avaliação da ingestão

de antioxidantes, auxiliando no diagnóstico

alimentar mais preciso. Por fim, garante a Se-

gurança Alimentar e Nutricional da população

por meio de iniciativas de políticas públicas ne-

cessárias.

Palavras-chave: Inquéritos nutricionais. Ingestão alimentar. Antioxidantes. Capacidade Antioxi-dante Total (TAC).

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Miranda, R. C.; Schieferdecker, M. E. M.; Schmidt, S. T. Inquéritos para Antioxidantes. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 39, n. 1, p. 154-165, abr. 2014.

INTRODUÇÃO

Diversas são as causas da formação de radicais livres nos sistemas biológicos. Fisiologicamente gerados a partir do metabolismo celular durante o processo de formação de energia, os radicais livres participam de importantes funções biológicas no organismo. Fatores exógenos também são responsáveis por sua produção, por exemplo: atividade física extenuante, tabagismo, exposição a radiações, poluição ambiental, entre outros. De forma paradoxal, os radicais livres também podem ocasionar lesões em nível celular e, consequentemente, gerar danos funcionais a tecidos e órgãos, como visto na Figura 1.1

Figura 1. Condições clínicas envolvendo espécies reativas. Adaptado de Lee, Koo e Min (2004)2.

Devido ao fato de algumas substâncias altamente reativas derivadas do oxigênio, do nitrogênio e do enxofre não poderem ser denominadas de radicais livres, por não apresentarem elétrons desemparelhados em seus orbitais, recebem o termo coletivo de espécies reativas de oxigênio (EROs), espécies reativas de nitrogênio (ERNs) ou espécies reativas de enxofre (ERSs).3

A fim de reduzir ou inibir a ação deletéria das EROs, ERNs e ERSs, o organismo possui mecanismos de defesa antioxidante (Figura 2). O sistema de defesa enzimático é representado, principalmente, pelas enzimas Superóxido Dismutase (SOD), Catalase (CAT) e Glutationa Peroxidase (GPx).4 Os Inquéritos para Antioxidantes antioxidantes não enzimáticos, que são compostos de baixo peso molecular, são sintetizados pelo próprio organismo, como é o caso da glutationa reduzida (GSH), ácido úrico, ácido lipoico e coenzima Q10, ou ingeridos por meio da alimentação.5 Os nutrientes responsáveis por desempenhar função antioxidante no organismo são, principalmente, micronutrientes como a vitamina C, a vitamina E, os carotenoides,6 o zinco7 e o selênio,8 além de compostos fenólicos, como os flavonoides, que são reconhecidos por serem metabólitos secundários de plantas.9,10 Esta proteção exógena é fundamental para tornar o mecanismo de defesa antioxidante completo.11

Havendo algum desequilíbrio entre moléculas oxidantes e antioxidantes, em favor das oxidantes, ocorre o chamado estresse oxidativo, responsável por desarranjos na sinalização e/ou dano celular.12

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Miranda, R. C.; Schieferdecker, M. E. M.; Schmidt, S. T. Inquéritos para Antioxidantes. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 39, n. 1, p. 154-165, abr. 2014.

Muitas são as pesquisas que vêm sendo realizadas com o objetivo de associar o consumo de alimentos antioxidantes com a prevenção de doenças, tendo em vista que algumas doenças crônicas, inflamatórias e degenerativas podem ser explicadas pelo estresse oxidativo.1 Os benefícios terapêuticos de uma dieta rica em frutas, legumes e verduras, principais fontes de compostos antioxidantes, têm sido confirmados por diversos estudos populacionais prospectivos.13-15

A avaliação da ingestão alimentar destes compostos torna-se relevante para auxiliar na identificação da situação alimentar e nutricional de indivíduos e populações em geral, sobretudo dos portadores de enfermidades associadas ao estresse oxidativo, possibilitando a realização de intervenções nutricionais direcionadas ou até mesmo o desenvolvimento de ações de políticas públicas.16

Existem diferentes instrumentos que podem ser utilizados na determinação da ingestão dietética de antioxidantes, cada qual com erros inerentes que podem afetar a estimativa do consumo alimentar estudado. A escolha do método mais apropriado e da estratégia de aplicação deve ser

Figura 2. Classificação dos antioxidantes: enzimáticos e não enzimáticos. Adaptado de Ratnam et al.11

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Miranda, R. C.; Schieferdecker, M. E. M.; Schmidt, S. T. Inquéritos para Antioxidantes. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 39, n. 1, p. 154-165, abr. 2014.

feita segundo os objetivos da investigação, tendo em vista questões como o nível de exatidão desejada, o tipo de dado que será gerado (alimentos ou nutrientes), a disponibilidade de tempo, as características dos entrevistados, dentre outras.17

O objetivo deste estudo foi abordar os diferentes tipos de inquéritos alimentares utilizados para determinar a ingestão de antioxidantes, bem como discutir suas vantagens e limitação de uso.

METODOLOGIA

A metodologia do estudo foi conduzida por meio de levantamento bibliográfico eletrônico junto às bases de dados primárias Medline, Embase e Lilacs, em período não delimitado. A busca incluiu estudos originais e de revisão nos idiomas português, espanhol e inglês. Para localização dos estudos, foi utilizada a combinação dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “ingestão de alimentos”, “inquéritos sobre dietas” e “antioxidantes”, assim como seus correspondentes em inglês e espanhol, com a finalidade de encontrar as diferentes metodologias utilizadas para determinar a ingestão de alimentos antioxidantes, independentemente das características da população em estudo.

INQUÉRITOS ALIMENTARES NA AVALIAÇÃO DA INGESTÃO DE ANTIOXIDANTES

Os diferentes inquéritos alimentares utilizados para determinar a ingestão dietética de antioxidantes, encontrados a partir da busca bibliográfica, foram o Registro Alimentar, o Recordatório 24 h e o Questionário de Frequência Alimentar. Alguns Questionários de Frequência Alimentar específicos para consumo de antioxidantes, aplicados especialmente em estudos realizados fora do País, também foram vistos.

As técnicas para estimar a ingestão alimentar se dividem em dois grupos: inquéritos prospectivos, responsáveis por refletir o consumo atual de alimentos, como os registros e recordatórios; e retrospectivos, que refletem o consumo habitual de alimentos, incluindo a história dietética e os questionários de frequência.18 Entre eles não existe uma técnica perfeita, mas métodos preferenciais para determinado objetivo. Sendo assim, o pesquisador tem a responsabilidade de conhecer os erros inerentes a cada método e a influência que podem exercer sobre a estimativa da ingestão.19

No Registro Alimentar ou Diário Alimentar, o próprio entrevistado ou seu responsável, dependendo da idade, anota minuciosamente em um formulário todos os alimentos ou bebidas consumidas ao longo de um dia, inclusive refeições feitas fora do domicílio.20 Este instrumento reflete um padrão atual de consumo e é composto geralmente por um, três ou sete dias da semana, devendo ser incluído, proporcionalmente, o final de semana.18 Alguns autores estimam que o diário de três dias não consecutivos seria suficiente para a realização de análises alimentares.20,21 Por não depender da memória e gerar dados quantitativos de forma acurada, este instrumento é bastante utilizado. Este instrumento requer, porém, que o indivíduo seja alfabetizado e registre continuamente toda a alimentação ingerida, o que pode influenciar a modificação dos hábitos alimentares no decorrer de sua realização, causando uma superestimação ou subestimação do consumo, ou até mesmo omissão de alimentos consumidos. Estas características parecem ser limitações deste método.18,22

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O Recordatório 24 h consiste em definir e quantificar toda a ingestão de alimentos e bebidas consumidas no dia anterior, desde o desjejum até a ceia, ou nas 24 h anteriores à entrevista. Deve ser aplicado, de preferência, em mais de um dia não consecutivo, possibilitando melhor estimativa do real consumido.23 Devido à média da ingestão populacional não variar de maneira significativa de um dia para o outro, este instrumento tem uma boa aplicação em estudos epidemiológicos.19 Além disso, a sua simplicidade e rapidez na aplicação, faz o instrumento ser amplamente utilizado em todo o mundo. Mesmo não interferindo no comportamento alimentar do indivíduo e dependendo da memória de um passado próximo, este método parece subestimar a ingestão de certos nutrientes, principalmente se aplicado em um só dia.18,22

Já o Questionário de Frequência Alimentar (QFA) apresenta um formato estruturado e sistematizado composto por uma lista de alimentos e pela frequência de ingestão durante um período de tempo determinado, podendo ainda apresentar informações quantitativas, como porções diárias consumidas ou aproximadas.24,25 Por ser capaz de determinar ingestão habitual em única aplicação, apresentando ainda uma boa sensibilidade e baixo custo, é muito utilizado em pesquisas epidemiológicas. Como limitações, tem-se a dependência da memória para recordar as frequências e porções consumidas, além da necessidade de um desenho bem delineado.17 O QFA vem ganhando importância, principalmente, nas pesquisas que relacionam o consumo de alimentos, nutrientes ou compostos alimentares com o risco de desenvolvimento de doenças. Costuma ser elaborada uma lista de alimentos específica para a população que se pretende estudar,24,26 como é o caso dos inquéritos alimentares encontrados no levantamento bibliográfico deste estudo.

Três foram os estudos que utilizaram Questionários de Frequência Alimentar pouco convencionais para determinar a ingestão de antioxidantes. Eles avaliaram a ingestão a partir da capacidade antioxidante total (TAC) da dieta, que se caracteriza por ser uma medida de quão bem um alimento ou amostra biológica pode reduzir um oxidante, considerando as sinergias entre todos os antioxidantes da mesma amostra. O TAC é uma medida dada em milimoles de radicais neutralizados por grama de amostra, que indica a atividade antioxidante total.27

Esses tipos de QFA foram desenvolvidos para populações específicas e passaram por validação, a fim de ser verificado se o que se propôs a mensurar estava realmente sendo mensurado e se suas respostas concordavam com um método superior de referência.28

O primeiro estudo a realizar a validação de um QFA destinado a avaliar a TAC dietética foi o de Pellegrini et al.29 Primeiramente, foi desenvolvido um questionário semiquantitativo composto por 150 potenciais alimentos fontes de antioxidantes do norte da Itália, distribuídos em 53 questões. Para validação desse instrumento, usou-se como referência o registro alimentar de três dias durante o período de 6 meses, além de coleta de sangue para análise de antioxidantes no plasma. O questionário foi aplicado em uma amostra de 285 indivíduos de ambos os gêneros, com idade entre 35 e 88 anos e que viviam na província de Parma na Itália. Como conclusão, o estudo verificou que o questionário desenvolvido tinha potencial para ser utilizado com a finalidade de determinar a ingestão antioxidante por TAC em estudos epidemiológicos realizados na mesma população.

Diferentemente, Rautiainen et al. 30 não realizaram o desenvolvimento de um inquérito específico, mas procuraram investigar a validade e reprodutibilidade de um QFA utilizado em um estudo de coorte sueco de mamografia, baseando-se na TAC disponível em bases de dados.31

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A validade da estimativa de ingestão de antioxidantes foi comparada com dosagens de TAC no plasma. Já para a realização do teste de reprodutibilidade, o questionário foi novamente aplicado após intervalo de um ano. Foram selecionadas duas subamostras aleatórias da mesma coorte entre o período de 2003 e 2005, compostas por mulheres com idade entre 54 e 75 anos. Como resultados, foi observado que os QFAs baseados em TAC são relativamente válidos e reprodutíveis para estabelecer estimativas de consumo de antioxidantes. Por isso, podem ser utilizados em epidemiologia nutricional.30

Visto que os dois outros estudos foram realizados com indivíduos de idade avançada, pouco ativos, e que não houve um completo ajuste do consumo total de antioxidantes para o consumo de energia, Braakhuis et al.32 viram a necessidade de desenvolver um questionário para indivíduos mais ativos. Trabalharam, para isso, com uma amostra de 113 atletas de remo da Nova Zelândia (de ambos os gêneros) a fim de compor o estudo de validação do instrumento. A amostra foi dividida em três grupos: em um fazia-se a comparação com um biomarcador de capacidade antioxidante, no outro se comparava com um diário alimentar de 7 dias e, no terceiro grupo, os dados de consumo de antioxidantes eram comparados a ambas as referências. O questionário foi avaliado também para testar a capacidade de determinar, com precisão, a contribuição relativa dos diferentes grupos alimentares para a ingestão total de antioxidantes. Como conclusão, os autores verificaram que tal instrumento oferece uma estimativa útil da ingestão total de antioxidantes.

Desta forma, o uso da TAC dos alimentos para quantificar a ingestão de antioxidantes parece ser uma boa metodologia. Mas, assim como os inquéritos alimentares de uso mais convencional, este tipo específico de inquérito também precisa ter os dados analisados após sua aplicação. Para isso, são utilizadas diferentes maneiras de transformar os alimentos e porções ingeridas em nutrientes propriamente ditos e realizar assim a avaliação final do consumo.

ANÁLISE DA INGESTÃO DE ANTIOXIDANTES

O cálculo da ingestão alimentar, no caso dos alimentos fonte de antioxidantes, dependerá do tipo de inquérito alimentar utilizado. Normalmente, realiza-se em uma primeira etapa a transformação dos alimentos descritos em medidas caseiras para gramas, com o auxílio de tabelas de medidas caseiras. Depois desse passo, que visa facilitar a conversão do alimento em nutriente, utilizam-se tabelas de composição dos alimentos a fim de identificar a quantidade correspondente de micronutrientes antioxidantes presentes. A alternativa é o uso de programas de computador compostos por um banco com diversas tabelas de medidas caseiras e composição dos alimentos existentes na literatura.17

Depois do cálculo da estimativa do consumo das vitaminas e minerais de interesse, deve ser verificado se a quantia atinge os valores recomendados pelas Dietary Reference Intakes (DRI).33 As DRIs foram desenvolvidas para a população americana e canadense e são compostas por quatro diferentes valores de referência, que variam segundo gênero e estágio de vida do indivíduo ou população. Entre esses valores, a necessidade média estimada (EAR) é o nível de ingestão diária do nutriente estimado para atender às necessidades de 50% dos indivíduos saudáveis. Quando disponível, a EAR é preferível para realização da estimativa quantitativa de ingestão habitual do nutriente, já que melhor reflete as necessidades do indivíduo. Como não se pode conhecer a necessidade real de cada indivíduo, deve-se levar em consideração, ainda, a variação da necessidade entre indivíduos. Tendo em mãos esses dados, pode ser calculada a adequação aparente, que se

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baseia em uma abordagem estatística, na qual se compara a diferença entre a ingestão relatada e a EAR.34

Caso o inquérito seja baseado em TAC, para determinar a ingestão total de antioxidantes, o procedimento se diferencia. Ao invés de recorrer às tabelas de composição convencionais, usam-se bancos de dados com valores de TAC para cada alimento, gerados a partir de ensaios in vitro.29,35-38 Os métodos utilizados para determinação da TAC dos alimentos são: capacidade antioxidante equivalente ao Trolax (TEAC),39 capacidade de absorção do radical oxigênio (ORAC),35,36 parâmetro antioxidante reativo total (TRAP),29,35 poder antioxidante de redução férrica (FRAP),38 entre outros. Estes ensaios, que não se baseiam no mesmo mecanismo químico, consideram as principais reações de redução-oxidação que acontecem no corpo humano e podem inclusive ser utilizados para dosagem da TAC no plasma.

Diferentemente dos micronutrientes, não existe recomendação para consumo de compostos fenólicos ou valores de referência para capacidade antioxidante total. Porém existem estudos epidemiológicos que correlacionam a ingestão de antioxidantes medida por TAC e benefícios à saúde. Serafini et al.,40 por exemplo, demonstraram que a ingestão elevada de antioxidantes, dosada por TRAP, foi inversamente associada à ocorrência de câncer de estômago. Em coorte espanhola, foi também observado que indivíduos que alcançaram altos valores de TAC, provenientes do consumo de alimentos de origem vegetal, apresentaram menor risco de mortalidade que os demais.13

VANTAGENS E LIMITAÇÕES

Diante das opções disponíveis para estimar o consumo de antioxidantes, o pesquisador deve saber que, além das vantagens e limitações provenientes de cada inquérito alimentar, existem ainda outros inconvenientes na utilização das possíveis metodologias.

A aplicação de instrumentos como Registro Alimentar, Recordatório 24 h ou QFA e posterior avaliação da ingestão de vitaminas e minerais antioxidantes, segundo as recomendações das DRIs, pode ser pouco abrangente e gerar conclusões equivocadas sobre seus benefícios à saúde. Avaliar simplesmente os micronutrientes antioxidantes sem contemplar nutrientes menos reconhecidos, como compostos fenólicos, não permite estimar a capacidade antioxidante verdadeira dos alimentos.41

Por outro lado, avaliar o consumo a partir de bancos de dados com valores de capacidade antioxidante total dos alimentos parece ser uma alternativa que ainda não foi explorada por estudos brasileiros.

Os estudos nacionais têm utilizado exclusivamente as tabelas de composição de alimentos desenvolvidas no Brasil42-44 para verificar a adequação do consumo de nutrientes, o que é uma vantagem. Entretanto, as recomendações às quais são comparadas, neste caso as DRIs, não foram desenvolvidas para a população brasileira.

Quanto aos bancos de dados, até o momento, eles foram desenvolvidos apenas nos Estados Unidos e na Itália,35-38,45 o que limita a sua utilização por outros países, principalmente, em decorrência das influências que o clima e as condições de crescimento geram sobre o teor de compostos antioxidantes nos vegetais.46 A ausência de recomendações para ingestão de compostos

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fenólicos ou TAC limita a utilização destes valores apenas para comparação do consumo diário entre diferentes populações ou associação com morbimortalidade. 13,40,47

Os valores de TAC dos alimentos que compõem os bancos de dados são dosados in vitro por ensaios diversos, não havendo uma metodologia universal padronizada. Isso influencia, entre outros fatores, a expressão de resultados em diferentes escalas, o que dificulta, por sua vez, as comparações entre capacidades antioxidantes.48

Além disso, ainda existem lacunas sobre o complexo processo de digestão, absorção e metabolização dos compostos fenólicos pelo organismo. Alguns pesquisadores, diante deste aspecto, apresentam opiniões contrárias a respeito da validação de questionários específicos para antioxidantes a partir do método de referência de dosagem de marcadores biológicos antioxidantes, como o TAC plasmático. Como os biomarcadores não permitem uma avaliação da verdadeira ingestão absoluta, o TAC dietético pode não se associar com o TAC plasmático, por exemplo.28,49

CONSIDERAÇÕES FINAIS

São necessários mais estudos sobre a capacidade antioxidante total dos alimentos e a elaboração de bancos de dados em diferentes países e regiões. Apesar de existirem controvérsias a respeito dessa metodologia e ausência de recomendações para valores totais, é importante que todos os compostos antioxidantes do alimento sejam considerados.

Estabelecer um ranking com os teores de antioxidantes totais dos alimentos, assim como fez Halvorsen et al.,38 poderia favorecer o desenvolvimento de um método baseado em consumo qualitativo para avaliação da ingestão de antioxidantes como um Índice de Qualidade da Dieta.

O estudo apontou diferentes possibilidades de avaliação da ingestão de antioxidantes e o estímulo ao conhecimento e à reflexão sobre as metodologias disponíveis permite uma escolha crítica do método a ser utilizado.

Uma avaliação adequada da ingestão de alimentos fonte de antioxidantes é relevante por contribuir no diagnóstico alimentar de indivíduos e coletividades. A partir dele, podem ser estabelecidas iniciativas de políticas públicas em prol do acesso à alimentação adequada e à prevenção de doenças, caso necessário. Assim, torna-se estreita a relação entre a escolha e o conhecimento do método, para diagnóstico mais preciso, tendo como norte a garantia da Segurança Alimentar e Nutricional da população.

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Recebido para publicação em 12/02/13. Aprovado em 06/01/14.