artigo tic carmem 3 janeiro 2013

19
Polo Restinga Sêca RS Disciplina: Elaboração de Artigo Científico Professor Orientador: Profª Drª Rosane Rosa Data da defesa: 01/12/2012 INTERAÇÃO PROFESSOR/ALUNO MEDIADA PELO AUDIOVISUAL: UMA ANÁLISE DO FILME “OS MISERÁVEIS” INTERACTION TEACHER/STUDENT MEDIATED BY AUDIOVISUAL: AN ANALYSIS OF THE FILM “LES MISERABLES” PEREIRA, Carmem Silvia Rodrigues. Letras. UNICRUZ Universidade de Cruz Alta, RS. RESUMO Este estudo tem como objetivo investigar o processo de ensino aprendizagem no contexto escolar, mediado pelo audiovisual através do filme “Os Miseráveis” de Vitor Hugo. O audiovisual é um meio que tem uma importante aceitação por parte dos professores e reciprocidade na sala de aula. Realizou-se primeiramente uma pesquisa bibliográfica sobre a temática com base em diferentes pesquisadores. Posteriormente, realizou-se uma entrevista informal com a professora da turma, da disciplina de língua portuguesa, em que a mesma relatou a importância do audiovisual em sala de aula. Posteriormente, exibiu-se uma cena do filme “Os Miseráveis”, após foram feitos questionamentos e a aplicação de um formulário, contendo questões abertas e fechadas, aos alunos do 2º Ano, do Instituto Estadual Padre Caetano. Conclui-se que o audiovisual é um meio que contribui com a função do professor de despertar o interesse dos alunos para a participação no processo de ensino aprendizagem. No caso estudado possibilitou uma aproximação da sala de aula com o cotidiano, com uso e apropriação da linguagem audiovisual introduzindo novas temáticas e valores sociais no processo de aprendizagem. Palavras-chave: Audiovisual, Educação, Processo de Aprendizagem.

Upload: equipetics

Post on 06-Jun-2015

99 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Artigo tic carmem 3 janeiro 2013

Polo Restinga Sêca – RS Disciplina: Elaboração de Artigo Científico

Professor Orientador: Profª Drª Rosane Rosa Data da defesa: 01/12/2012

INTERAÇÃO PROFESSOR/ALUNO MEDIADA PELO AUDIOVISUAL: UMA ANÁLISE DO FILME “OS MISERÁVEIS”

INTERACTION TEACHER/STUDENT MEDIATED BY AUDIOVISUAL: AN

ANALYSIS OF THE FILM “LES MISERABLES”

PEREIRA, Carmem Silvia Rodrigues.

Letras. UNICRUZ – Universidade de Cruz Alta, RS.

RESUMO Este estudo tem como objetivo investigar o processo de ensino aprendizagem no contexto escolar, mediado pelo audiovisual através do filme “Os Miseráveis” de Vitor Hugo. O audiovisual é um meio que tem uma importante aceitação por parte dos professores e reciprocidade na sala de aula. Realizou-se primeiramente uma pesquisa bibliográfica sobre a temática com base em diferentes pesquisadores. Posteriormente, realizou-se uma entrevista informal com a professora da turma, da disciplina de língua portuguesa, em que a mesma relatou a importância do audiovisual em sala de aula. Posteriormente, exibiu-se uma cena do filme “Os Miseráveis”, após foram feitos questionamentos e a aplicação de um formulário, contendo questões abertas e fechadas, aos alunos do 2º Ano, do Instituto Estadual Padre Caetano. Conclui-se que o audiovisual é um meio que contribui com a função do professor de despertar o interesse dos alunos para a participação no processo de ensino aprendizagem. No caso estudado possibilitou uma aproximação da sala de aula com o cotidiano, com uso e apropriação da linguagem audiovisual introduzindo novas temáticas e valores sociais no processo de aprendizagem. Palavras-chave: Audiovisual, Educação, Processo de Aprendizagem.

Page 2: Artigo tic carmem 3 janeiro 2013

2

ABSTRACT This study aims to investigate the process of teaching and learning in the school context, audiovisual mediated through the film “Les Miserables” by Victor Hugo. The audiovisual media that is having a major acceptance by teachers and reciprocity in the classroom. Held primarily a literature on the subject based on different researchers. Later, there was an informal interview with the classroom teacher, the discipline of Portuguese, where she reported the importance of audiovisual classroom. Later, showed off a scene from the film “Les Miserables” after inquiries were made and the application of a form, containing open and closed questions, students of 2nd year, the Instituto Estadual Padre Caetano. We conclude that the audiovisual media that contributes to the function of the teacher to awaken the interest of students for participation in the teaching-learning process. In the case study approach enabled a classroom with everyday life, with the languages of learning and communication of urban society, and also introduced new issues in the educational process. Keywords: Audiovisual, Education, Learning process. 1. INTRODUÇÃO

Atualmente, há uma grande preocupação para que a educação alcance

todos, e proporcione condições para que os indivíduos atuem como sujeitos na

sociedade. Com isso, percebe-se que a educação deve preparar os indivíduos para

as transformações contemporâneas.

A importância da educação como uma das alavancas que possa contribui

para a formação de um sujeito mais participativo nas tomadas de decisões sociais, é

algo fundamental para desenvolver no espaço educacional. Desse modo, a

organização escolar, como organismo vivo, é indispensável para promover o

desenvolvimento e a aprendizagem dos educandos de forma critica e emancipatória.

Nessa mesma perspectiva, Alarcão (2001, p. 27) defende que:

Se quisermos mudar a escola, devemos assumí-la como organismo vivo, dinâmico, capaz de atuar em situação, de interagir e desenvolver-se ecologicamente e de aprender a construir conhecimento sobre si própria nesse processo. Considerando a escola como um organismo vivo inserido em um ambiente próprio, tenho pensado a escola como uma organização em desenvolvimento e em aprendizagem que, à semelhança dos seres humanos, aprende e desenvolve-se em interação.

Assim, a escola e os sujeitos interagem em um processo mútuo e contínuo de

aprendizagem, inseridos em um espaço e tempo singular e intercultural, construindo

Page 3: Artigo tic carmem 3 janeiro 2013

3

conhecimentos e conectando saberes. Esse conhecimento sobre si e do outro

enriquece o olhar, a compreensão, a relação e a intervenção no mundo e com o

mundo (ALARCÃO, 2001).

Nesta perspectiva, é indispensável que todos os sujeitos envolvidos e a

sociedade como um todo, concebam a educação como um projeto social central que

contribui de forma significativa para a formação dos sujeitos. Essa concepção

implica comprometimento e participação nas decisões que arrolam a continuidade e

o aprimoramento desse processo, a fim de que se efetive um maior envolvimento

com o destino da educação e sua própria prática cotidiana (LIBÂNEO, 2007).

Dentro deste contexto, surgem as tecnologias que fazem parte do nosso dia a

dia, tanto na vida pessoal quanto profissional. É difícil inclusive, imaginar a rotina

moderna sem os recursos tecnológicos disponíveis atualmente. Por meio dessa

realidade, a escola acaba assumindo a responsabilidade de, aos poucos, incorporar

estes recursos tecnológicos à prática pedagógica e colocar os alunos a par das

novas tecnologias da informação e da comunicação, que estão presentes em grande

parte dos locais de lazer, trabalho, entre outros.

Portanto, apesar das inovações tecnológicas estarem cada dia mais

presentes no âmbito educacional, não podemos deixar de lado a valorização da

comunicação escrita. O ensino da leitura e da escrita na escola é imprescindível,

uma vez que a utilização de qualquer outra tecnologia depende dela para que se

efetive. Assim, ocorre a relação de complementariedade entre um meio e, outro e

não de exclusão.

Sabe-se que a comunicação amplia nossos conhecimentos, porém, a

qualidade do ensino não depende unicamente das tecnologias da informação e

comunicação. Elas devem agregar e não substituir os recursos didáticos, utilizados

até pouco tempo com exclusividade.

Este trabalho justifica-se diante do avanço e uso de tecnologias da

informação e comunicação (TIC) que prepara a sociedade escolar para desenvolver

habilidades e estar apto a utilizá-las. Neste contexto, o educador deixa de exercer a

função de transmissor de conhecimento e informações para assumir um novo posto,

o de mediador da aprendizagem, pois ao apontar caminhos e instigar os alunos a

buscar, sem dúvida ele também aprende. É um momento em que aluno e professor

Page 4: Artigo tic carmem 3 janeiro 2013

4

interagem, trocando informações e conhecimentos, que não se limitam apenas ao

conteúdo a ser desenvolvido.

Assim, este artigo objetiva investigar o processo de ensino aprendizagem no

contexto escolar, mediado pelo audiovisual, através do filme “Os Miseráveis” de Vitor

Hugo. Além disso, estuda-se a relação professor/aluno mediado pelo objeto

comunicacional; bem como os valores humanos identificados pelos alunos ao

assistir o filme.

2. EDUCOMUNICAÇÃO/APRENDIZAGEM EM UM SÓ CONTEXTO

Ao falar em Educomunicação nos remete a interação entre educação e

comunicação, campos estes que estão interligados entre si sendo que esta área

tenta entender como a educação pode colaborar com os meios de comunicação, e

como a comunicação pode ser úteis às práticas educativas (SOARES, 2011).

A educação tem como objetivo principal ser o de identificar os aspectos

desejáveis e comuns a todas as escolas, responsáveis em criar um indivíduo para a

sociedade capaz de ser sujeito da mesma. A escola deve ser um local de promoção

e integração de todos os participantes, em um construção/resgate da cidadania.

A instituição escola, independentemente, do tipo social de pessoas que as

frequentam, devem ter objetivos básicos, pois a sociedade se apresenta em

diferentes classes sociais. Mas, percebe-se que estas estão diferentes umas das

outras, pois, encontramos escola privada e pública, sendo que cada uma tem sua

identidade, sua história e suas peculiaridades, mas seus objetivos devem ser os

mesmos, adequando sempre o ensino à sua realidade (ALARCÃO, 2001).

Mas o que é educomunicação? Para Soares (2011, p. 15):

É o conjunto das ações inerentes ao planejamento, implementação e avaliação de processos, de programas e produtos destinados a criar e fortalecer ecossistemas comunicativos em espaços educativos presenciais ou virtuais, tais como escolas, centros culturais, emissoras de TV e rádios educativos, e outros espaços formais ou informais de ensino aprendizagem.

Neste sentido, é mister falar de uma educação que faça sentido para os

jovens, em que os mesmos possam desenvolver suas competências e habilidades e

que a escola faça parte de um sistema de aprendizagem em turno integral, pois

Page 5: Artigo tic carmem 3 janeiro 2013

5

assim os jovens terão oportunidade de participar deste contexto e ser entendido em

sua totalidade, buscando aperfeiçoar o conhecimento e mostrar sua real capacidade.

Diante do exposto, Soares (2011, p. 8) corrobora:

Na verdade, uma educação eficiente precisa inserir-se no cotidiano de seus estudantes e não ser um simulacro de suas vidas. Fazer sentido para eles significa partir de um projeto de educação que caminhe no mesmo ritmo que o mundo que os cerca e que acompanhe essas transformações. Que entenda o jovem. E não dá para entendê-lo, sem querer escutá-lo.

Verifica-se que a Educomunicação é um campo novo, que já se comunica de

forma muito próxima com a realidade do mundo em que estamos inseridos, um

mundo mediatizado, em que os meios de comunicação assumem papel fundamental

na dinâmica da sociedade favorecendo interações sociais.

Neste contexto, Soares (2011, p. 9) ao iniciar os estudos com

educomunicação, havia um dizer quase profético de que “um dia produziremos

comunicação o tempo inteiro, de forma fácil e ágil”. Atualmente, isso é realidade, a

educomunicação tem papel fundamental em suprir essas habilidades já existentes na

produção da mídia de qualidade.

Portanto, as práticas ligadas a educomunicação mostram que têm potencial

para estimular os jovens no ambiente escolar, no contra turno, entendendo este aluno

em suas diversidades e usando este potencial para o desenvolvimento social e

econômico deste país que apresenta baixo nível de escolarização. Uma educação

que valorize o cidadão em sua totalidade.

A participação dos adolescentes e jovens nesse processo de produção

midiática vem demonstrando vários pontos positivos, pois os jovens que participam

deste projeto mostram o desejo e seus anseios através do uso dos recursos da

informação e comunicação. Demonstram interesse pelos acontecimentos atuais, da

sociedade, compreendendo o que passa ao seu redor e diante dessa participação

desejam uma sociedade mais justa.

Neste contexto, o jornalista Fernando Rossetti (apud SOARES, 2011, p. 31)

corrobora:

Page 6: Artigo tic carmem 3 janeiro 2013

6

Nos projetos educomunicativos os jovens ampliam ainda mais o vocabulário e seu repertório cultural; aumentam suas habilidades de comunicação; desenvolvem competências para o trabalho em grupo, para negociação de conflitos e para planejamentos de projetos. Melhoram, por outro lado, o desempenho escolar, entre outros ganhos.

Diante do exposto, os jovens têm um grande potencial a desenvolver, é

necessário que seja desafiado e instigado a participar, pois por meio do uso de novas

tecnologias da comunicação e informação os mesmos serão capazes de criar as

próprias mensagens e conteúdos. Portanto, a comunicação, tanto pelo lápis, pela

troca de palavras ou, pela lente de uma câmera, é um poderoso meio que desperta

um novo olhar para a sociedade, instigando os adolescentes a pensar e expor suas

ideias.

Sendo assim, educomunicação pode ser tanto uma prática quanto um

conceito entre comunicação e educação. Por meio, dessa prática proporciona novas

aprendizagens, tendo como base os recursos tecnológicos e novas relações na

comunicação.

Com a educomunicação é possível trabalhar e estudar em cima de nossas

atitudes, comportamentos, valores, decisões em relação com o mundo e com os fatos

sociais, culturais, políticos e econômicos. O grande desafio é inserir na escola os

conteúdos comunicativos que contemplem as experiências culturais.

A escola tem a função de preparar cidadãos, mas não pode ser pensada

apenas como tempo de preparação para a vida. Ela é a própria vida, um local de

vivencia da cidadania. Sendo a escola um lugar, um tempo e um contexto,

organização e vida, deve espelhar um rosto de cidadania (ALARCÃO, 2001).

Para que essa proposta se viabilize, Barbero (1996 apud SOARES, 2011, p.

52), aponta para a seguinte necessidade:

Os novos educadores devem ser capazes de compreender que há uma nova cultura juvenil irreversivelmente em formação, vendo nelas mais que ameaças, mas novas e interessantes possibilidades de fazer uma nova aula e uma nova escola.

Para que isso aconteça é necessário produzir mudanças no contexto mundial e

local, que venham responder aos desafios da sociedade no dia a dia, levantando

questões relacionadas com a vida, à ética, ao planeta, ao trabalho, à convivência

entre os diferentes, dignidade humana, entre muitos outros temas. “Desenvolver

Page 7: Artigo tic carmem 3 janeiro 2013

7

impacto sobre as estratégias de aprendizagem e de construção do conhecimento”

(LÉVY, 1993 apud SOARES, 2011, p. 53).

É necessário que as escolas formem cidadãos com capacidade de

aprendizagem e adaptando-se as várias situações que irão surgir no contexto escolar,

demonstrando autonomia intelectual e emocional, habilidades diversificadas, e

atuando de maneira ética. Neste sentido, Soares (2011, p. 53) menciona:

O que urge é, na verdade, garantir ao jovem a possibilidade de sonhar, não exatamente com um mundo fantástico e seguro que lhe seja dado pelos adultos, mas com um mundo que ele mesmo seja capaz de construir, a partir de sua capacidade de se comunicar. É o que a educomunicação tem condições de propor ao sistema educativo formal.

Portanto, a educomunicação vem possibilitar uma nova leitura dos saberes,

pois enquanto sujeitos sociais temos construído. O domínio da educomunicação é

mais do que um objeto a ser investigado, é um campo de relação de e entre saberes.

Vem a ser um espaço de questionamentos, que busca o conhecimento e constrói os

saberes.

Diante do exposto, Donizete (2012, p. 11) menciona que:

É também um espaço de ações e experiências que levam a saberes ou partem deles em direção a outros. Uma das tantas singularidades da Educomunicação é que ela constitui-se justamente das relações múltiplas que propicia. Trata-se, portando, de um campo de ação política, entendida como o lugar de encontro e debate da diversidade de posturas, das diferenças e semelhanças, das aproximações e distanciamentos. Por excelência, uma área de transdiscursividade e, por isso, multidisciplinar e pluricultural.

Assim, fazer educomunicação é experimentar uma outra maneira de conviver

socialmente, realizando atividades que despertem o processo educativo de maneira

comunicativa e participativa, é uma proposta de organização social totalmente

diferente da que estamos inseridos atualmente. Aqui o sujeito pode expressar o que

pensa e sente, toma sua própria decisão, e deve ser respeitado. Donizete (2012, p.

12) ressalta que “a educomunicação se caracteriza com um novo campo de pesquisa

e ação comprometido com outra gestão e, por conta disso, se apresenta como forma

de intervenção social”.

As inovações da educomunicacão não se restringem apenas à união de duas

áreas do conhecimento, sobretudo, trazem modelos novos de relação, de convivência

e de concepção de ensino/aprendizagem. Esta prática educomunicativa exige pela

Page 8: Artigo tic carmem 3 janeiro 2013

8

natureza do paradigma que a sustenta, uma transformação no modelo cristalizado da

relação entre professor e aluno, não existe mais lugar para um transmissor ativo e um

receptor passivo de informações (SOARES, 2011).

Desta maneira a relação educador/educando torna-se um processo

comunicativo de ida e volta, sendo que o educador tanto ensina como aprende.

Portanto, a comunicação nas suas diferentes formas e por diferentes meios é a base

de uma educação emancipadora.

Logo, o enfoque será o audiovisual, que é o foco deste trabalho e será

abordado na subseção a seguir.

2.1 O uso do audiovisual no processo de aprendizagem

A sociedade contemporânea tem acompanhado um crescente

desenvolvimento tecnológico. A Escola está inserida nesta realidade tendo que

interagir com uma “geração digital”. Para tanto enfrenta o desafio de recursos

humanos e econômicos de incorporar esta cultura digital à prática pedagógica,

exigindo novas metodologias e linguagens. Ocorre que nem sempre a formação

universitária e as políticas públicas educacionais contemplam o desenvolvimento

dessas competências e saberes. Essa deficiência dificulta o processo de

apropriação tecnológica por parte de muitos professores comprometendo a

qualidade de ensino com metodologias tradicionais.

Entre as diferentes tecnologias e linguagens, Moran (2003, p. 45) destaca a

audiovisual por desenvolver múltiplas atitudes perceptivas “solicita constantemente a

imaginação e reinveste a afetividade com um papel de mediação primordial no

mundo, enquanto que a linguagem escrita desenvolve mais o rigor, a organização, a

abstração e a análise lógica”.

Entretanto, as mensagens dos meios audiovisuais exigem pouco esforço e

envolvimento do receptor. Este tem cada vez mais opções, mais possibilidades de

escolha (controle remoto, canais por satélite, por cabo, escolha de filmes em vídeo).

Há uma maior possibilidade de interação: televisão, jogos interativos, CD e DVD.

Existem várias possibilidades de escolhas e participação, a liberdade de canal e

acesso, facilitam a relação do espectador com os meios.

Neste contexto, Napolitano (2011, p. 197) alerta que:

Page 9: Artigo tic carmem 3 janeiro 2013

9

Uma mensagem visual tem por objetivo reforçar ou intensificar as intenções expressivas através da imagem sem deixar de se preocupar com o retorno, as respostas ou atitudes dos leitores. Nessa ótica, a produção de sentidos implica análise compositiva, técnica e estética. Em muitos casos as imagens possuirão um discurso tão profundo que poderão funcionar de forma autônoma, representando a totalidade do conteúdo e dispensando integralmente a necessidade de um texto.

Portanto, as imagens podem transmitir vários sentidos, depende da

interpretação de cada um. Sendo que a imagem em si já traz um significado em sua

totalidade, independente do texto, mas depende do trabalho do sujeito ou da

mediação dos educadores para que os alunos deflagrem o processo de atribuir

sentido a um objeto, no caso, audiovisual.

As imagens estão diretamente relacionadas a processos de memorização de

conteúdos, ideias, experiências ou acontecimentos, tanto reais quanto fictícios. Uma

imagem é um bom ponto de partida para recordar ou mesmo compreender alguma

ideia conectando-se com diferentes realidades cotidianas (MORAN, 2003).

Para Napolitano (2011) a utilização da linguagem audiovisual no ensino

suscita discussões incessantes. Uma das principais é sobre a utilização crítica das

imagens e sua validade no processo de aprendizado.

Já, Moran (2003, p. 45), lembra que “o vídeo está ligado à televisão e a um

contexto de lazer”, por isso o autor acredita que “passa imperceptivelmente para a

sala de aula. Vídeo, na cabeça dos alunos, significa descanso e não "aula", o que

modifica a postura em relação ao seu uso”. Isso exige que o professor faça

correlações entre a temática abordada com outras linguagens e assuntos

relacionados ao contexto da sala de aula e ao cotidiano, estabelecer conexões entre

o vídeo e as outras dinâmicas da aula.

Para Moran (1995, p. 10):

Vídeo significa também uma forma de contar multilinguística, de superposição de códigos e significações, predominantemente audiovisuais, mais próxima da sensibilidade e prática do homem urbano e ainda distante da linguagem educacional.

Nesta perspectiva, constata-se que a lógica da narrativa imagética não se

baseia necessariamente na causalidade, mas na contiguidade, em colocar um

pedaço de imagem ou história ao lado da outra. Há uma relação de

complementaridade entre a linguagem imagética e a escrita. Essa retórica conseguiu

Page 10: Artigo tic carmem 3 janeiro 2013

10

encontrar fórmulas que se adaptam perfeitamente à sensibilidade do homem

contemporâneo. Usam uma linguagem concreta, plástica, de cenas curtas, com

pouca informação de cada vez, com ritmo acelerado e contrastado, multiplicando os

pontos de vista, os cenários, os personagens, os sons, as imagens, os ângulos, os

efeitos (COELHO, 1993).

As linguagens que envolvem imagem e movimento como as de audiovisuais

respondem à sensibilidade dos jovens e da grande maioria da população adulta. São

dinâmicas, dirigem-se antes à afetividade do que à razão. O jovem lê o que pode

visualizar, precisa ver para compreender. A sua fala é mais sensorial-visual do que

racional e abstrata (COELHO, 1993). Nesse aspecto também destaca-se a

importância da mediação do educador para uma interpretação, no mínimo

equilibrada entre o emocional e o racional.

Moran (1994, p. 21), lembra que o uso das tecnologias na educação

demandam modificações em algumas funções dos professores, por exemplo, a de

passar informações pode ser deixada aos bancos de dados, livros, vídeos,

programas em CD. Neste cenário, o autor defende que: primeiro: o professor passa

a ser o estimulador da curiosidade do aluno por querer pesquisar, conhecer e buscar

novas informações; segundo: coordena o processo de apresentação dos resultados

pelos alunos; terceiro: questiona os dados que foram apresentados,

contextualizando os resultados com a realidade dos alunos. Na visão de Moran,

“este processo transforma informação em conhecimento e conhecimento em saber,

em vida, em sabedoria - o conhecimento com ética”.

Portanto, trabalhar em sala de aula, com dispositivos audiovisuais, contribui

com o desafio da escola reencontrar a cultura do cotidiano contemporâneo, ou seja,

uma cultura imagética que necessita de reflexão e interpretação para extrair

significados. Isso porque o audiovisual, o cinema, se trata de uma linguagem

sofisticada, “é o campo no qual a estética, o lazer, a ideologia e os valores sociais

mais amplos são sintetizados numa mesma obra de arte” (NAPOLITANO, 2011, p.

11).

O cinema é considerado por Fantin (2006) como um meio que representa

contar histórias através de imagens, movimentos e sons. Entretanto, a autora

esclarece que considerar o cinema como um meio não quer dizer que seu potencial

Page 11: Artigo tic carmem 3 janeiro 2013

11

seja reduzido de objeto sócio-cultural a uma ferramenta didático-pedagógica

destituída de significação social.

Almeida (2001), por sua vez, destaca a importância do cinema na Escola

como forma de aproximá-la da realidade sócio-cultural:

é importante porque traz para a escola aquilo que ela se nega a ser e que poderia transformá-la em algo vivido e fundamental: participante ativa da cultura e não repetidora e divulgadora de conhecimentos massificados,

muitas vezes já deteriorados, defasados (apud NAPOLITANO, 2011, p. 12).

Portanto, realizar este trabalho na escola, mais especificamente com os

alunos de uma turma, faz com que os mesmos possam pensar e expressar a cultura

de uma maneira própria, expondo seus sentimentos, suas concepções e

interpretações de mundo, quais suas experiências e expectativas em relação à

escola, a este mundo em que vivemos e que a cada dia evolui de maneira

assustadora. Fazer com que os alunos pesquisem, busquem informações sobre um

determinado assunto, dando subsídios aos mesmos, mas sem interferir em sua

pesquisa.

Rivoltella (2005) destaca a relevância educativa do cinema a partir da

validade alfabética, cultural e cognitiva:

- alfabética ou instrumental: compreender a aprendizagem da gramática e sintaxe da linguagem da imagem audiovisual ou cinematográfica, tanto no sentido do consumo quando no da produção; - cultural: reconhecer o cinema como expressão cultural própria do nosso tempo, junto com a arte e a literatura e seus juízos estéticos e críticos; - cognitiva: descobrir o cinema como espaço de pesquisa histórica voltada

para a realidade política e social contemporânea. (apud FANTIN, 2006, p. 111).

É necessário levar em conta uma situação psicológica muito peculiar a todo

espectador de cinema. “O cinema é sempre ficção, ficção engendrada pela verdade

da câmera (...) o espectador nunca vê cinema, vê sempre filme. O filme é um tempo

presente, seu tempo é tempo da projeção” (ALMEIDA, 2001 apud NAPOLITANO,

2011, p. 14).

Diante do exposto, é de suma importância que o professor atue como

mediador entre a obra e os alunos, mesmo que sua interferência naquelas horas

mágicas de projeção seja mínima (NAPOLITANO, 2011).

Page 12: Artigo tic carmem 3 janeiro 2013

12

Nesse sentido, o cinema por ser um instrumento que difunde costumes e

formas de vida de vários grupos sociais, o cinema difunde o patrimônio cultural da

humanidade. Assim, Rivoltella (2005, apud FANTIN, 2006, p. 110):

Para dizer que a realidade cultural vista no tempo e no espaço é constituída de ideias, princípio, obras e realizações que formam o patrimônio de toda a humanidade, e que os filmes se colocam ao lado de outros produtos da ciência, da arte e da literatura.

Sendo assim, para o autor os filmes compartilham significados sociais e ainda

contribuem na transmissão da nossa cultura, vindo fazer um resgate desta cultura

que é contada através dos livros, mas que através do cinema é colocada em ação e

movimento.

O cinema é um produto cultural, que tem o privilégio de ser reconhecido com

um estatuto estético que une arte e literatura ao mesmo tempo. Por ser

representativo, o cinema mostra o visível da realidade cultural no instante que é

produzido, sendo que isso o constitui como extraordinário documento para o estudo

dos momentos relevantes da história recente (FANTIN, 2006).

A seguir, será analisado o uso do filme “Os Miseráveis” de Vitor Hugo como

dispositivo no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de Língua

Portuguesa, como também os valores humanos.

3. METODOLOGIA

Para realização deste estudo investigativo foi realizada pesquisa bibliográfica

e descritiva, com abordagem quantitativa e qualitativa voltada para um público de

professores e alunos da Escola Estadual Padre Caetano; no município de Santa

Maria/RS.

Em um primeiro momento, partiu-se para a construção do referencial teórico,

por meio das temáticas relacionadas ao objeto de estudo: Educomunicação,

processo de aprendizagem, o uso das TIC e o uso do audiovisual, tendo como

autores Mônica Fantin (2006); Ismar Soares (1999) e (2011); José Manuel Moran,

(1994); e Marcos Napolitano (2011).

Em um segundo momento, foi realizada uma entrevista semi estruturada com

a professora da disciplina de Língua Portuguesa do 2º ano do Ensino Médio da

Page 13: Artigo tic carmem 3 janeiro 2013

13

Escola Padre Caetano, a fim de verificar a percepção da mesma sobre a

importância de trabalhar o audiovisual em sala de aula por meio do filme “Os

Miseráveis” de Vitor Hugo, de maneira interdisciplinar.

A etapa seguinte desta pesquisa foi a aplicação do questionário a 14 alunos,

do turno manhã do 2º ano do Ensino Médio, da Escola Padre Caetano. O mesmo

apresentava um bloco de questões objetivas sobre a identificação e contexto dos

alunos e, um segundo bloco de questões dissertativas referente ao filme “Os

Miseráveis”.

Participaram desta pesquisa, 11 meninas e 3 meninos, que formam a turma

202 do 2º Ano, turno manhã, de uma Escola Pública da periferia de Santa Maria -

RS. Os adolescentes tem faixa etária entre 16 e 20 anos. Do total de 14 alunos, 6

trabalham no turno inverso, como forma de ajudar nas despesas da família.

Na sequência procedeu-se a interpretação dos questionários, delineamento

dos resultados da pesquisa e análise dos resultados.

A Escola localiza-se em Santa Maria, possui uma boa infra-estrutura

tecnológica para trabalhar: um laboratório de informática equipado com

computadores, data show, projetor de multimídia, notebook, câmera e filmadora

digital. O coordenador do laboratório é um professor com formação em mídias na

educação, que se dedica nos dois turnos de funcionamento da Escola a manter o

local atualizado para disponibilizá-lo aos professores e alunos.

A escola ainda possui uma Rádio, sendo que os alunos participam ativamente

na programação, com um planejamento adequado e orientado também por um

bolsista da Universidade Federal de Santa Maria.

3.1 Análise e discussão dos resultados

Como informado anteriormente, optou-se por um objeto audiovisual para

análise empírica, ou seja, uma cena do filme Os Miseráveis.

- O filme: conta a história de Jean Valjean, um ex-condenado que depois de

cumprir sua pena quer apenas viver uma vida normal e honesta. Depois de assumir

identidades falsas e, inclusive forjar a própria morte para não acabar injustamente na

cadeia.

Page 14: Artigo tic carmem 3 janeiro 2013

14

Com o passar dos anos, sua vida muda muito, tem uma reviravolta, e

personagens inesperados e marcantes surgem. Ele começa a viver honestamente,

garante uma vida confortável. Com um nome diferente, é admirado por muitos.

Fantine, uma ex-operária que sofre preconceito da sociedade, por ser mãe

solteira acaba transformando-se em prostituta por perder o emprego, sendo que

tinha que sustentar sua filha. Fica doente e recebe ajuda de Jean, mas a mesma

não resiste e morre e pede que ele cuide da filha Cossete.

Nesse momento a vida de Jean sofre mudanças, tem que abandonar o posto

de prefeito para fugir e cuidar de Cossete. Com outra identidade, passam dez anos

dentro de um convento, ele como jardineiro e ela se preparando para ser freira. Aos

16 anos, Cossete informa a Jean, que não quer ser freira. E diz que ama como se

fosse seu pai. Eles então rumam a Paris tentar uma vida normal, mas são

perseguidos pelo investigador que os segue há anos. O contexto histórico se passa

em um período da revolução organizada pelo povo que pedia a instauração da

República.

Ao partir para a pesquisa de campo sobre o filme, optou-se em um primeiro

momento, em realizar uma entrevista informal com a professora de Língua

Portuguesa da turma. Iniciei falando da obra e filme de Vitor Hugo “Os Miseráveis” e

indagando sobre a importância de trabalhá-los em sala de aula. A professora justifica

com muita convicção:

Dentro da língua portuguesa podemos trabalhar a questão da oralidade, do posicionamento crítico e a capacidade de argumentação na defesa das ideias observadas no filme. Também é possível trabalhar a questão dos costumes da época para a contextualização histórica, retratando como era os valores, situando o aluno no tempo em que ocorre a narrativa, momento literário.

Além de proporcionar o desenvolvimento da oralidade, da criticidade e da

recuperação cultural de determinada época, a professora ressalta a questão dos

valores humanos identificados na obra e que são atemporais:

O filme “Os Miseráveis” traz a questão dos valores para dentro da sala e proporcionou um debate sobre o assunto, possibilita a comparação entre o ontem e o hoje. Como vemos a questão da solidariedade, do amor ao próximo, do perdão e da compaixão nos dias de hoje. Como podemos transportar a situação do perdão no filme para a nossa realidade? É possível encontrarmos hoje situações de amor ao próximo?”

Page 15: Artigo tic carmem 3 janeiro 2013

15

Fica a dúvida e o questionamento da professora se os valores da

solidariedade, amor e perdão, mostrados no filme e que deveriam ser universais e

atemporais, sobrevivem na atualidade em que predomina a intolerância e a

violência.

Importante conhecer a percepção também dos alunos, por isso, em um

segundo momento e, em outro dia, a atividade se deu em sala de aula, em que a

pesquisadora apresentou para a turma a proposta de trabalho.

A atividade consistiu na reprodução da primeira cena do filme “Os Miseráveis”

aos alunos. Posteriormente estes responderam a um formulário sobre os

significados e representações que identificaram no filme.

A seguir descreve-se os dados coletados pelo formulário impresso.

Inicialmente os alunos foram questionados se já haviam lido o livro “Os

Miseráveis” e/ou assistido o filme. Quanto ao livro todos responderam que não

leram, mas muitos ouviram falar. Quanto ao filme, dos 14 participantes apenas um

respondeu afirmativamente.

Em seguida, responderam se viam alguma relação entre a realidade do

século XIX mostrado no filme “Os Miseráveis” com a atualidade. Dos 14 alunos

participantes, 11 responderam que “sim”, dois que não e 1 não respondeu. Os que

responderam afirmativamente falaram da relação de: “desprezo” ao ser humano,

“perdão”, “ajuda ao próximo”, “esperança” e atitudes que muitas vezes levam o ser

humano a cometer “atos desumanos”, devido ao “momento e a situação que se

encontram”, vindo a “sofrer consequências para a vida toda”.

Diante da pergunta “Quais os valores que você identificou no filme?”, os

mesmos responderam: “perdão”, “humildade”, “amor ao próximo”, “solidariedade”,

“compaixão”, “caráter”, “fé”, “amor”, “caridade”, “revolta”, “compreensão”. Verifica-se

que apenas o sentimento de “revolta” destoa dos demais que salientam o valor da

bondade humana, presente e destacada no filme pelo ato do perdão do Bispo em

relação ao Jean. Nessa cena, o Bispo convida Jean para jantar e descansar. À noite

Jean acorda durante um sonho, rouba os talheres de prata do Bispo e foge do local.

No dia seguinte, o Bispo recebe a visita dos soldados com um homem que

carregava consigo talheres de prata. Era Jean que havia sido preso, mas o Bispo

disse aos soldados “eu lhes dei os talheres de prata, e também os castiçais de prata,

porque você não levou Jean”. Mandou a sua irmã ir buscar e entregou para Jean

Page 16: Artigo tic carmem 3 janeiro 2013

16

que ficou livre. “Estou livre, realmente?”, “Sim” respondeu o Bispo que mandou os

soldados embora.

A seguir, o Bispo aproximou-se de Jean e reforçou o aspecto pedagógico do

perdão concedido:

- Não se esqueça, não se esqueça nunca de que prometeu usar esse dinheiro para se tornar um homem honesto. - Jean, meu irmão, lembre-se que já não pertence ao mal, mas sim ao bem. É sua alma que acabo de comprar. Eu a furto dos maus pensamentos e do espírito da perdição para entregá-la a Deus (CARRASCO, 2001)

Na sequência foi questionado “Que tipo de sentimentos o filme despertou em,

você? Os alunos mencionaram: “rancor, compaixão, pena, tristeza pela forma como

trataram Jean, uma segunda chance, admiração na atitude do Bispo”.

As respostas dos adolescentes evidenciam que os mesmos deixam vir a tona

seus sentimentos, novamente predominando as referentes à bondade do ser

humano, capaz de sentir compaixão do outro.

A cena do filme mostra Jean, recebendo do Bispo uma segunda chance de

reconstruir sua vida, sugere que ainda existem pessoas capazes de abrirem as

portas de suas casas para acolher a quem precisa de uma palavra de conforto, de

uma mão amiga ou de alimentação ou abrigo.

Quanto a aprendizagem passado pelo filme, os adolescentes destacaram o

perdão, o amor e a solidariedade humana, como é possível ver a seguir nos

depoimentos obtidos por meio do questionário.

-“ Aprender a perdoar, amar o próximo como a si mesmo, e ajudar quem precisa”. -“Perdoar, amar o próximo e ajudar uns aos outros”. - “Que às vezes nós temos que fazer pelos outros, o que queríamos que fizessem por nós”. - “Que devemos perdoar as pessoas”. - “Pensar melhor sobre a vida”. - “Me motivou a pensar mais no próximo e agir mais com o coração”. -“Sim ser mais compreensivo”.

Por meio desse questionário, percebeu-se o interesse e a participação dos

alunos, sendo que foram cumpridas as etapas deste estudo. Os mesmos sentiram-

se motivados com a proposta de trabalho e assistiram a cena do filme com muita

atenção. Sendo que os mesmos ansiosos para assistirem todo o filme, para saber o

que aconteceu com Jean, qual foi o desfecho do filme.

Page 17: Artigo tic carmem 3 janeiro 2013

17

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Inicio ressaltando que foram meses e dias de muita aprendizagem e

avaliações de minha vida e carreira profissional. Fica a convicção de que precisa-se

aprender a viver em sintonia com as novas necessidades de uma sociedade em

constante transformação. A educação, além de trabalhar com os saberes, deve

possibilitar a interação do indivíduo com o mundo ao seu redor, com as novas

formas de comunicação, com as pessoas e consigo mesmo.

A pesquisa evidenciou que o uso das tecnologias em sala de aula, no caso o

audiovisual, se usadas como proposta de aprendizagem para instigar e ampliar o

conhecimento do aluno é de suma importância. Os alunos participantes demonstram

interesse e participaram ativamente das atividades propostas.

No caso específico deste estudo, que trabalhou uma cena do filme “Os

Miseráveis”, verificou-se que foi possível aproximar dos alunos questões e valores

humanos que deveriam ultrapassar tempos e fronteiras, mas que estão em crise na

sociedade moderna, como o respeito e a solidariedade aos demais.

Proporcionou também a comparação e a relação com diferentes contextos

históricos. Cada um refletiu e expressou sobre problemas e soluções para uma

convivência mais pacífica entre pessoas com realidades tão distintas como o Bispo e

Jean.

A história de Jean, no filme “Os Miseráveis”, mostrou, focado em valores

cristãos, a importância de acreditar no ser humano e que atitude altruísta de cada

um pode fazer a diferença em uma sociedade em que predomina a intolerância e a

violência.

Este trabalho com o audiovisual evidencia que um filme pode ser trabalhado

em várias disciplinas e ser explorado de várias maneiras, fazendo com que a

aprendizagem ocorra de maneira interdisciplinar e potencializada com a mediação

do professor. Além disso, foi um trabalho motivador, que estimulou a participação e

reflexão individual e coletiva e proporcionou aos alunos despertar o gosto pela arte

do cinema.

Conclui-se que neste processo, o uso das tecnologias da informação e da

comunicação apresenta potencial para a comunidade escolar desenvolver

competências e habilidades indispensáveis para uma formação integral e para o

Page 18: Artigo tic carmem 3 janeiro 2013

18

futuro profissional. Neste cenário, o papel do professor é resignificada: de

transmissor para mediador, facilitador do processo de reflexão e apropriações de

significados que resultará em construção de conhecimentos. Trata-se de um

mediador da aprendizagem, pois ao apontar caminhos e instigar os alunos a pensar,

interpretar e correlacionar as informações recebidas com a realidade cotidiana, sem

dúvida ele também aprende. Assim, aluno e professor interagem, trocando

informações e conhecimentos, saberes e vivencias, sendo ambos e

simultaneamente educadores e educandos.

5. REFERÊNCIAS

ALARCÃO, I. (Org.). Escola reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed, 2001.

ALVES, Rubens. O melhor de Rubem Alves. Curitiba: Editora Nossa Cultura, 2008.

COELHO, Nelly Novaes. Literatura & Linguagem: a obra literária e a expressão linguística. 5. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1993.

FANTIN, Mônica. Mídia-educação: conceitos, experiências, diálogos Brasil-Itália. Florianópolis: Cidade Futura, 2006.

LIBÂNEO, J. C. Adeus professor, Adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2007.

MORAN, José Manuel. Interferências dos Meios de Comunicação no nosso Conhecimento. INTERCOM Revista Brasileira de Comunicação. São Paulo, XVII (2):38-49, julho-dezembro 1994.

NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2011. SOARES, Ismar de Oliveira. Educomunicação: o conceito, o profissional, a aplicação: contribuições para a reforma do ensino médio. São Paulo: Paulinas, 2011. ________________ Uma Educomunicação para a cidadania. Revista Brasileira de Comunicação, Arte e Educação. Brasília, 1999. Nome do autor: Carmem Silvia Rodrigues Pereira; [email protected] Orientador: Prof. Drª Rosane Rosa

Page 19: Artigo tic carmem 3 janeiro 2013

19

Apêndice

QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO

1. Idade: _____________ anos sexo: ________________

2. Escola:_____________________________________________________________

3. Série ___________________ Turma _________________ Turno ______________

4. Você tem e-mail? ( ) sim ( ) não.

Se positiva a resposta, qual é?________________________________________

5. Trabalha? ( ) sim ( ) não

Em quê?__________________________________________________________

Qual horário? ______________________________________________________

Quanto ao filme?

1)Você já leu o livro “Os Miseráveis” de Vitor Hugo?

( ) sim ( ) não

2) Você já havia assistido o filme “Os Miseráveis”.

( ) sim ( ) não

3) A realidade do século XIX mostrado no filme “Os Miseráveis” tem alguma relação

com a realidade atual? ( ) Sim ( ) Não

Se sim, que tipo de relação? Quais os valores humanos identificados no filme que

fazem sentido na atualidade?

___________________________________________________________________

4) Quais os valores humanos que você identificou no filme?

______________________________________________________________________

___________________________________________________________________

5) Que tipo de sentimentos o filme despertou em você?

______________________________________________________________________

___________________________________________________________________

6) Este filme te motivou para algum tipo de comportamento /atitude/ação ou não? Se

sim quais?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________