artigo tijolos e alvenaria - no Âmbito da construção civil

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FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIA - FTC HUGO MENDES KLEBER MARCELO BRAZ CARVALHO TÂMARA ESTEVES BORGES TIJOLOS E ALVENARIA: no âmbito da construção civil ITABUNA - BAHIA 2012

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Page 1: Artigo   Tijolos e Alvenaria - no Âmbito da Construção Civil

FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIA - FTC

HUGO MENDES

KLEBER MARCELO BRAZ CARVALHO

TÂMARA ESTEVES BORGES

TIJOLOS E ALVENARIA:

no âmbito da construção civil

ITABUNA - BAHIA

2012

Page 2: Artigo   Tijolos e Alvenaria - no Âmbito da Construção Civil

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Olaria localizada em Itabuna – BA

Figura 2: Alvenaria de tijolo maciço como muro de arrimo

Figura 3: Residência com alvenaria de tijolo cerâmico

Figura 4: Paginação de alvenaria de tijolo maciço

Figura 5: Pilares com tijolos maciços

Figura 6: Formato das peças de concreto

Page 3: Artigo   Tijolos e Alvenaria - no Âmbito da Construção Civil

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................04

1.1Justificativa ......................................................................................................04

1.2 Objetivos .........................................................................................................04

1.2.1. Objetivo Geral ......................................................................................05

1.2.2. Objetivos Específicos ...........................................................................05

2. TIJOLO DE ARGILA ............................................................................................05

2.1 Fabricação de Tijolos de Argila .....................................................................06

2.2 Extração da Matéria-prima ............................................................................06

2.3 Processos de formação ................................................................................06

2.4 Secagem .......................................................................................................08

2.5 Queima ..........................................................................................................08

2.6 Embalagem e distribuição .............................................................................11

3. ESPECIFICAÇÕES DE TIJOLO DE ARGILA ....................................................11

3.1 Tipos de Tijolos ..............................................................................................12

3.2 Características ...............................................................................................12

3.3 Controle de qualidade ....................................................................................13

4. ALVENARIA COM TIJOLOS DE ARGILA .........................................................13

4.1 Alvenaria decorativa .......................................................................................15

4.2 Execução ........................................................................................................16

4.3 Blocos sílico-calcáricos ..................................................................................16

4.4 Tijolo de cimento .............................................................................................17

4.5 Piso intertravado com tijolos de concreto .......................................................17

4.6 Tijolo maciço de solo cimento .........................................................................18

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................19

6. REFERÊNCIAS ...................................................................................................19

Page 4: Artigo   Tijolos e Alvenaria - no Âmbito da Construção Civil

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1. INTRODUÇÃO

Entre os sistemas construtivos, a alvenaria é um dos mais antigos. O tijolo por

sua vez, faz parte desse sistema. Utilizando o uso do solo, que facilmente

manipulada se presta a formação de blocos ou mesmo de aglomerado no sistema

de taipa, tornando a alvenaria uma solução econômica e rápida.

Os blocos sólidos, também constituem as alvenarias, podendo ser simples

blocos de pedra, obtidos pela extração de pedreiras graníticas ou outro tipo de

rocha. Esse sistema milenar remonta desde a construção do Templo de Salomão.

A alvenaria com tijolos foi difundida no Brasil pela colonização portuguesa, na

construção de casas e sobrados da época. Em paralelo, foi utilizado blocos de

pedra, principalmente, em Igrejas e obras militares e a alvenaria de taipa. Com a

evolução da construção civil foi se utilizando outros materiais como as rochas sílica-

cálcarica e o cimento na fabricação de tijolos. Ainda assim, o tijolo tem sido utilizado

na arquitetura como ornamento.

Os produtos cerâmicos, sob o ponto de vista dos materiais de construção civil, são obtidos pela moldagem, secagem e queima de argila ou de misturas contendo argila. A argila é um material composto basicamente por silicatos de alumínio hidratados, formando com a água uma pasta plástica, susceptível de transformar-se nos diversos materiais cerâmicos utilizados na construção civil. A indústria cerâmica é uma das mais antigas do mundo, pela abundância da matéria-prima e pela facilidade de moldagem. (RIBEIRO, 2002, p. 85)

1.1. Justificativa

Os sistemas construtivos apresentados neste trabalho são amplamente

utilizados e fazem parte da história da construção civil e estão presentes no nosso

dia-a-dia.

1.2. Objetivos

O estudo em questão apresenta dois tipos de objetivos: um geral e três

específicos.

Page 5: Artigo   Tijolos e Alvenaria - no Âmbito da Construção Civil

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1.4.1. Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho é apresentar os tijolos, seja de argila ou de

cimento, como material na construção civil.

1.4.2. Objetivos específicos

Para alcançar o objetivo geral proposto, enumeram-se os seguintes objetivos

específicos deste trabalho:

a) Definir e apresentar a argila como matéria-prima, fabricação de tijolos e

sua utilização como alvenaria;

b) Definir e apresentar blocos sílicos-calcáricos e sua utilização na

construção civil;

c) Definir e apresentar o tijolo de cimento e seu uso na construção civil;

2. TIJOLOS DE ARGILA

Existe uma ampla gama de argilas adequadas para fabricação de produtos

cerâmicos, dando diversidade para os produtos disponíveis.

As argilas foram formadas na crosta terrestre pela desintegração de rochas

ígneas sob a ação contínua dos agentes atmosféricos. A argila, sendo o resultado

da ação variável desses fatores, apresenta-se em grande variedade de tipos, com

ampla gama de coloração, plasticidade e composição química, que determinam as

suas características e propriedades. (RIBEIRO, 2002)

Os principais constituintes da fabricação de tijolos de argila são: a sílica

(areia) e a alumina, mas com diferentes quantidades de giz, cal, óxido de ferro e

outros constituintes de acordo com a fonte de extração. As argilas que contém alto

teor de ferro produzem tijolos com colorações avermelhadas e azuladas, e se o teor

de ferro for baixo, os tijolos produzidos são amarelados.

Page 6: Artigo   Tijolos e Alvenaria - no Âmbito da Construção Civil

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2.1. Fabricação de Tijolos de Argila

De acordo com Ribeiro (2002), o processo de fabricação consta da extração

da argila, moldagem dos produtos, secagem ao ar ou em estufas e queima em

diferentes tipos de fornos, em variadas temperaturas que dependem da matéria-

prima e que vão definir a utilização do produto cerâmico.

Além das etapas de extração da matéria-prima, o processo de fabricação, a

secagem e a queima, há a etapa final que é a embalagem e distribuição.

2.2. Extração da Matéria-Prima

O processo começa com a extração da matéria-prima da jazida e seu

transporte para as indústrias de produtos cerâmicos Primeiro é removido a parte

superior do solo, pois é inadequado a fabricação dos tijolos, e após a remoção do

barro utilizável, o solo superior é utilizado para recuperação do local.

A matéria-prima é peneirada para remover quaisquer rochas, em

seguida é moída em pó fino por uma série de trituradores e rolos, sendo removida

qualquer partícula de tamanho desproporcional. Pequenas quantidades de

pigmentos ou outras argilas podem ser misturadas nessa fase para produzir vários

efeitos de cor, por exemplo, dióxido de manganês irá produzir um tijolo refratário

quase preto e dá um efeito marrom escuro. Ocasionalmente, coque é adicionado na

argila como fonte de combustível para o processo de queima. Pode ser adicionado

até 25% de água para se obter a desejada plasticidade dependendo do tijolo a ser

processado.

2.3. Processo de Formação

Os processos de formação dos tijolos são os seguintes:

• Tijolos feito à mão.

• Tijolos moldados com argila fresca.

• Tijolos prensados.

• Tijolos extrudados.

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2.3.1. Tijolos feito à mão

O processo é artesanal, sendo que consiste em arremessar uma porção de

argila úmida em um molde de madeira em um banco. A argila excedente é retirada

com a ajuda de um arame, com a matéria do tijolo ainda fresca. Os tijolos

produzidos são de forma irregular com arestas suaves e superfícies dobradas.

2.3.2. Tijolos moldados com argila fresca.

O processo artesanal já foi em grande parte automatizado, com a argila sendo

mecanicamente lançada nos pré-moldes; a argila em excesso é em seguida

removida e os tijolos são libertados do molde. Esse processo apesar de se

assemelhar com a individualidade de produção associada com os verdadeiros tijolos

feitos à mão possui um custo menor.

2.3.3. Tijolos prensados.

No processo semi-seco usado para tijolos Fletton, a quantidade apropriada de

argila é submetida a uma sequência de quatro prensagens dentro de moldes de aço

para produzir o tijolo verde. Para produzir os tijolos, é feita uma texturização

aplicando uma série de rolos. Um spray de água para umedecer a superfície,

seguido por uma explosão de uma mistura de areia e pigmento, produzindo o

acabamento com areia. Com argilas que requerem uma água ligeiramente com

conteúdo superior para moldagem, o processo de endurecimento é utilizado, sendo

forçados a moldes. Uma única pressão é então necessária para formar o tijolo. Em

todos os casos, o tamanho do molde é calculado para permitir a antecipada

secagem e retração de queima.

Page 8: Artigo   Tijolos e Alvenaria - no Âmbito da Construção Civil

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2.3.4. Tijolos extrudados.

Neste processo, a argila com um teor de água de até 25% é alimentado em

um extrusor que consolida a argila e extrai o ar. A argila é forçada através de um

molde e forma uma coluna continua com dimensões iguais para o comprimento e a

largura de um tijolo verde. A superfície pode então ser texturizada ou polida, antes

da coluna de argila ser cortada em unidades de tijolo por uma série de fios. São

feitas perfurações pela incorporação de hastes para permitir uma uniformidade de

secagem e queima dos tijolos sem perda significativa de força. Desempenho térmico

não é significativamente melhorado pela incorporação de vazios.

2.4. Secagem

Para evitar rachaduras e distorção durante o processo, tijolos verdes

produzidos a partir de argilas molhadas devem ser autorizados a secar e encolher.

Encolhimento é tipicamente 10% em cada dimensão dependendo do teor de

umidade. Os tijolos verdes, definindo um padrão são verificados para assegurar uma

perda uniforme da umidade, sendo empilhados e passados através de câmaras de

secagem que são aquecidos com o calor residual do processo de queima.

Temperaturas de secagem e níveis de umidade são cuidadosamente controladas

para garantir o encolhimento sem distorção.

2.5. Queima

Os fornos intermitentes e contínuos são utilizados para queimar tijolos.

O primeiro é um processo em lotes em que o forno único é carregado, disparado,

arrefecido e descarregado. Em fornos contínuos, o processo de queima é sempre

ativo; os tijolos verdes são movidos através de um disparo fixo, o fogo é

gradualmente transferido em torno de uma série das câmaras de interligação com os

tijolos não queimados. Os sistemas contínuos são mais eficientes do que os

processos intermitentes. Geralmente, para produção em larga escala, o forno de

túnel contínuo e do forno Hoffman são os utilizados. Fornos baixo, grampos e forno

Page 9: Artigo   Tijolos e Alvenaria - no Âmbito da Construção Civil

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à gás intermitente são utilizados para os produtos mais especializados. Dependendo

da composição da argila e da natureza do produto desejado, as temperaturas de

queima são definidas para sinterizar ou vitrificar a argila. Variações de cor ocorrem

onde os tijolos estavam em contato um com outro dentro do forno e são

particularmente notável em Flettons.

2.5.1. Queima em Túnel.

No processo de forno túnel, os tijolos são carregados para alto forno em

carros que são movidos progressivamente através de pré-aquecimento, de queima e

zonas de arrefecimento. O perfil de temperatura é cuidadosamente controlado

dentro do forno e uma velocidade apropriada do carro forno assegura que os tijolos

verdes estão corretamente acionados com o uso mínimo de gás combustível,

geralmente natural. A temperatura máxima de queima dentro da faixa de 940o C e

1200o C dependendo da argila, mas é normalmente cerca de 1050o C, com um

tempo de forno médio de três dias. O teor de oxigênio dentro da atmosfera do forno

vai afetar a cor dos produtos de tijolo. Tipicamente a temperatura elevada e baixo

teor de oxigênio são utilizados na produção de tijolos azuis. O maior teor de oxigênio

transformará qualquer óxido de ferro existente dentro do barro em vermelho.

2.5.2. Queima em forno Hoffman.

Introduzido em 1858, o forno Hoffman é um processo contínuo, no qual o fogo

é transferido em torno de uma série de câmaras, que pode ser interligado com a

abertura de amortecedores. Pode haver 12, 16 ou 24 câmaras, embora 16 é a mais

usual. As câmaras são cheias, com tipicamente 100 mil tijolos verdes. As câmaras

em frente ao fogo, uma vez que se move em torno, são pré-aquecido e, em seguida

expostos a temperaturas em torno de 960o – 1000o C, seguido por arrefecimento,

descarga e reposição da carga seguinte. A sequência se move sobre uma câmara

por dia, com três dias de queima. O combustível habitual é o gás natural, apesar de

carvão de baixa qualidade e metano de aterros sanitários serem usados por alguns

fabricantes.

Page 10: Artigo   Tijolos e Alvenaria - no Âmbito da Construção Civil

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2.5.3. Queima em forno à gás intermitente.

Fornos intermitente à gás são frequentemente usados para fazer cargas

menores, particularmente especiais. Em um sistema, tijolos verdes são empilhados

em uma base de concreto e um forno móvel é abaixado sobre os tijolos para o

processo de queima. As condições podem ser precisamente controladas para

coincidir com aquelas dentro de fornos contínuos.

2.5.4. Grampos

A base do processo é a inclusão de coque na argila, que atua então como

fonte principal de energia durante o processo de queima. No processo tradicional

camadas alternadas de tijolos crus e coque adicional são empilhados e depois

selados com mais resíduos de tijolos e barro. O grampo é então incendiado com

gravetos e permite queimar por duas a cinco semanas. Após a queima, os tijolos são

escolhidos a dedo por causa de sua variabilidade a partir de sob ou sobre o fogo.

Mais recentemente, os grampos movidos à gás tem sido desenvolvidos, pois dá um

processo de queima totalmente controlado, mas ainda produzem tijolos com as

manchas escuras, características em suas superfícies devido ao conteúdo brisa

queimada.

2.5.5. Forno baixo

Os projetos de baixo forno são utilizados para altas temperaturas de

cozedura, especialmente de tijolos de engenharia, em um processo intermitente. O

combustível é queimado em torno do perímetro do forno, que é empilhado com

tijolos verdes. Os gases quentes sobem em direção ao teto, forçando para baixo os

gases frescos através de um piso perfurado e para fora da chaminé. Assim, o calor é

retido e a temperatura é elevada de forma que os tijolos alcancem altas

temperaturas.

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2.6. Embalagem e Distribuição

Tijolos danificados ou rachados são removidos antes da embalagem. A

maioria dos tijolos são agora organizados em embalagens lacradas com filme

plástico com 300 a 500 unidades, para facilitar o transporte por empilhadeira ao

caminhão.

3. ESPECIFICAÇÕES DE TIJOLOS DE ARGILA

Também conhecido como tijolo de barro cozido, são produzidos através da

argila - material proveniente da decomposição de rochas feldspáticas como o granito

e o gnaisse. Os solos de natureza argilosa apresentam características de

plasticidade, ou seja, ao ser misturado à água adquirem a forma desejada, a qual se

mantém após secagem e cozimento (CAPUTO, 1988). Fator fundamental para ser

moldado e fabricar os tijolos com o formato desejado.

Pela facilidade de se encontrar solos argilosos, é comum encontrar olarias,

local que produzem objetos de barro em pequeno escala, principalmente próximo a

mananciais de água, produzindo de forma artesanal os tijolos de argila.

Figura 1: Olaria localizada em Itabuna/BA

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3.1. Tipos de tijolos

Em geral os tijolos de argila são utilizados como alvenaria auto-portante,

muros, encunhamento, ornamentos e formas de vergas ou cintas amarrações

(AZEREDO, 2009). Os principais tipos são:

Tijolo comum – fabricado em fôrmas de ferro ou madeira, com barro

queimado, em fornos de alta temperatura, na ordem de 950 a 1100ºC. São blocos de

barro comum, moldados com arestas vivas e retilíneas. Tem uma resistência que

varia de 1,5 a 4,0 Mpa, e o peso aproximado de 2,50 kg e medidas: 5,7x9,0x19,0

cm.

Tijolo refratário – fabricado segundo as normas vigentes, resistente a altas

temperaturas – 1200°C (fornos, fornalhas, lareiras, churrasqueiras), mais resistente

à compressão que tijolo comum.

Tijolos laminados – considerados uma evolução do tijolo comum, tendo maior

resistência mecânica e menos porosidade, com menor absorção de água. São

indicados para alvenaria aparente.

3.2. Características

As principais características do tijolo de argila que podem ser consideradas

como vantagens para uso deste material são:

• Uniformidade de cor;

• Homogeneidade da massa com cozimento uniforme e completo;

• Regularidade de forma e igualdade de dimensões;

• Arestas vivas e centros resistentes;

• Ausência de fendas, trincas ou materiais estranhos;

• Fratura homogênea;

• Resistência à compressão compatível com a aplicação;

• Absorção de água entre 10 e 18%.

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3.3. Controle de qualidade

Os tijolos de argila possuem normas que padronizam as suas formas e

dimensões (NBR 8041), sua resistência (NBR 6460) e recebimento de tijolos em

obras de alvenaria (NBR 7170).

Segundo Ribeiro (2002), a qualificação dos produtos cerâmicos é feita em

função da sua resistência ao desgaste ou abrasão, da resistência de agentes

químicos e da resistência a manchas. São estipulados alguns índices que são

utilizados por fabricantes e usuários para adequar os produtos ao emprego a que se

destinam.

4. ALVENARIA COM TIJOLOS DE ARGILA

Alvenaria é toda obra constituída de elementos como pedras naturais, tijolos

ou blocos de concreto, ligados ou não por argamassa. As alvenarias de tijolos de

argila são utilizadas basicamente em paredes de vedação ou como paredes

portantes em pequenas estruturas, além de blocos de fundação, muros de arrimo e

colunas, além de obras estruturais como arcos e abóbadas, como se utilizava na

antiguidade. Neste tópico vamos enfatizar o tijolo maciço de argila que o tipo mais

utilizado em nossa região.

Figura 2: Alvenaria de tijolo maciço como muro de arrimo

Page 14: Artigo   Tijolos e Alvenaria - no Âmbito da Construção Civil

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O uso de alvenaria com bloco de argila, mais conhecido com tijolo maciço,

está em desuso. Ele tem perdido espaço para alvenarias como o bloco cerâmico e o

de cimento. Essa situação decorre devido às suas dimensões, causa da baixa

produtividade da mão-de-obra na execução dos serviços. Fato de consumirem mais

blocos por m2, mais argamassa de assentamento e mais mão-de-obra de execução.

Figura 3: residência com alvenaria de tijolo cerâmico

As paredes feitas com tijolo maciço se diferenciam pela espessura e pela

maneira com que os tijolos são assentados. Assim, temos as espessuras de ½ tijolo,

1 tijolo, 1 ½ tijolo e até de 2 tijolos ou mais. Para cada largura de parede é feito um

tipo de amarração dos tijolos. A intenção é desencontrar as juntas, com isto atingir

maior resistência ao cisalhamento e melhorar o comportamento geral da alvenaria

quando recebe as cargas. Desta forma, a parede fica mais resistente com as juntas

devidamente amarradas.

O tijolo maciço pode ser assentado da seguinte forma:

Page 15: Artigo   Tijolos e Alvenaria - no Âmbito da Construção Civil

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Figura 4: Paginação de alvenaria de tijolo maciço (RODRIGUES, 1999)

4.1. Alvenaria decorativa

A aplicação para alvenaria de argila tem sido adotada por arquitetos como

detalhe arquitetônico para decoração de interiores, fachadas e muros. Uma

utilização que não demanda produtividade e prevalece a estética. Como exemplo,

citamos a execução de pilares decorativos ou mesmo com função estrutural sendo

comuns em varandas.

Figura 5: pilares com tijolos maciços

Page 16: Artigo   Tijolos e Alvenaria - no Âmbito da Construção Civil

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4.2. Execução

Para executar com qualidade uma alvenaria de tijolo maciço pode se utilizar o

mesmo fundamento de execução de outros tipos de alvenaria como de bloco

cerâmico e de cimento. As ferramentas básicas são o escantilhão, o prumo de

pedreiro e da linha. A argamassa de assentamento tem seu traço composto por

cimento, cal e areia no traço 1: 2: 8. A sua função básica é solidarizar a alvenaria,

transmitindo e uniformizando a tensões entre os tijolos, absorvendo pequenas

deformações e manter a estanqueidade da edificação.

4.3. Blocos Sílico-calcáricos

De acordo com a norma NBR 14974, os blocos sílico-calcários são blocos

prismáticos para alvenaria, fabricados com cal e agregados finos, de natureza

predominantemente quartzo, que depois da mistura íntima são moldados em peças,

por pressão e compactação, sofrendo posteriormente endurecimento sob ação de

calor e pressão de vapor.

Na construção civil, pode ser utilizada como elemento de alvenaria de

vedação e estrutural. Os blocos podem ser maciços, furados, perfurados ou

vazados.

Sua utilização pode substituir os blocos convencionais, devido algumas

vantagens, como relativa simplicidade no processo de manufatura, excelente

uniformidade geométrica e aparência, resultando em elevada qualidade técnica.

Podem ser usados em todas as formas e tamanhos de conformidade com o

mercado e com os padrões específicos (ANDRADE, 2009). Outra vantagem que

influencia na redução de custos é a dispensa de chapisco e emboço no revestimento

e pode ficar aparente ou receber uma fina camada de revestimento.

Uma desvantagem é que a matéria prima, rocha calcária, não se encontra em

qualquer região. Caso o local para aplicar este bloco fique distante de uma jazida

de rocha calcária e pontos de britagem e manufatura, com certeza os custos serão

maiores frente as outras alternativas de blocos. Assim, tornando inviável

economicamente a sua utilização.

Page 17: Artigo   Tijolos e Alvenaria - no Âmbito da Construção Civil

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4.4. Tijolo de Cimento

Também chamado bloco de concreto pré-moldado é bastante utilizado como

pisos para pavimento que compõe os pavimentos intertravados. A combinação de

solo e cimento está surgindo como alternativa para alvenaria. Estas duas aplicações

serão destacadas abaixo.

4.5. Piso intertravado com tijolos de concreto

Os tijolos de concreto para pavimentos são confeccionados individualmente,

sem armaduras, não podem ter deformações e nem fendas. As peças são

assentadas sobre camada de areia ou pó de pedra. O intertravamento do pavimento

é a capacidade que os blocos adquirem de resistir a movimentos de deslocamento

individual, seja ele vertical, horizontal ou de rotação em relação a seus vizinhos. O

intertravamento é fundamental para o desempenho e a durabilidade do pavimento.

Este tipo de pavimento possui grande facilidade de colocação, tanto manual quanto

mecânica, e reduz o tempo global de execução, se comparado com os pavimentos

asfálticos e de concreto.

Os blocos intertravados apresentam várias possibilidades de ordem estética e

de dimensões, conforme figura abaixo.

Figura 6: Formato das peças de concreto (MARCHIONI, 2011)

Page 18: Artigo   Tijolos e Alvenaria - no Âmbito da Construção Civil

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As peças de concreto são produzidas industrialmente em vibroprensas que

proporcionam elevada compactação às peças, aumentando sua resistência

mecânica e durabilidade. Após a moldagem nas vibroprensas, as peças são curadas

em câmaras que mantém constante a umidade relativa acima dos 95%.

O período de cura na câmara gira em torno de 24 horas e a cura final no pátio

depende de algumas condições industriais, ficando entre 7 e 28 dias. Portanto, as

peças já chegam prontas à obra e o processo industrializado garante ainda a

uniformidade de cor, textura e das dimensões das peças.

4.6. Tijolo maciço de solo cimento

O solo cimento é técnica é o resultado da mistura homogênea de solo,

cimento e água em proporções previamente determinadas, depois compactadas na

forma de tijolos, blocos ou paredes monolíticas. Desde que bem executado, o

componente apresenta boa durabilidade e resistência à compressão.

As paredes monolíticas são construídas usando-se guias. As guias são peças

de madeira ou aço (recuperáveis) ou concreto (irrecuperável), onde uma de suas

dimensões deve ser da espessura desejada para a parede.

As paredes executadas em blocos de solo-cimento prensados seguem a

mesma técnica construtiva dos blocos convencionais e possuem as mesmas

características de resistência à compressão simples e à absorção, dos blocos.

As vantagens desse sistema são a dispensa de revestimento, argamassa de

assentamento, além de não necessitar de queima de madeira ou óleo combustível

para sua produção, o que barateia o processo construtivo. Assim como a parede

monolítica, os blocos de solo-cimento são fabricados, normalmente, com o próprio

solo do local, o que reduz custos com relação à matéria-prima de construção e o seu

transporte.

Apesar das vantagens ecológicas, esse sistema não se encaixa no ritmo de

produção industrializada que a construção determina. Não há como competir com a

alvenaria estrutural e parede de concreto, por exemplo, quando o enfoque é

produtividade. Acreditamos que esse sistema se encaixa em comunidades isoladas,

Page 19: Artigo   Tijolos e Alvenaria - no Âmbito da Construção Civil

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necessitando apenas de uma prensa hidráulica para fabricar os blocos e as

matérias-primas já elencadas.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A discussão sobre os tijolos e seu uso como alvenaria é bastante ampla.

Sobretudo quando se verifica que a sua presença na história da humanidade como

um dos principais sistemas construtivos. Dessa forma coube a este trabalho uma

sucinta apresentação sobre: Tijolos e Alvenaria, mostrando suas especificações e

aplicabilidade no âmbito da construção civil.

Notamos que apesar de sua versatilidade, as dimensões dos tijolos não

favorecem a produtividade na execução de alvenarias, perdendo espaço para os

blocos cerâmicos e de cimento. Esses sistemas estão mais próximos a nova

realidade da construção civil, que busca maior produtividade e industrialização de

seus processos construtivos.

Apesar da redução de seu uso, alternativas foram apresentadas, como o

bloco de sílica e calcário; piso com tijolos de cimento para pavimentação; o uso de

tijolos de solo-cimento para pequenas habitações isoladas e a utilização de tijolos

como elementos de decoração.

6. REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Manual de Pavimento

Intertravado: Passeio Público. Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP,

São Paulo, 2010. 36p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14974. Bloco sílico-

calcário para alvenaria. Parte 1: Requisitos, dimensões e métodos de ensaio. Rio de

Janeiro, Ago/2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6460 - Tijolo maciço

cerâmico para alvenaria - Verificação da resistência à compressão - Método de

ensaio. Rio de Janeiro, Jun/1983.

Page 20: Artigo   Tijolos e Alvenaria - no Âmbito da Construção Civil

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7170. Tijolo maciço

cerâmico para alvenaria. Rio de Janeiro, Jun/1983.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8041 - Tijolo maciço

cerâmico para alvenaria – Formas e dimensões. Rio de Janeiro, Jun/1983.

AZEREDO, H. A. O Edifício Até Sua Cobertura. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher,

1977.

CAPUTO, H.P. Mecânica dos solos e suas aplicações. 6ª. Edição. Rio de janeiro:

Editora LTC. 1988.

FIQUEROLA, V. Alvenaria de solo-cimento. Matéria de Capa. Disponível em: <

http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/85/artigo32709-1.asp>. Acesso em:

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