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As Chuvas na Microrregião Geográfica do Seridó: contribuições para a seleção de áreas nos estudos de mudanças climáticas da Rede Clima Raquel Fetter (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA) Doutoranda do curso de geografia [email protected] Carlos Henke de Oliveira (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA) Professor Adjunto do Departamento de Ecologia [email protected] Carlos Hiroo Saito (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA) Professor Associado do Departamento de Ecologia [email protected] Resumo O presente trabalho visou caracterizar as chuvas na Microrregião Geográfica do Seridó/RN/PB (MGS), como subsidio a seleção de municípios a serem investigados nas demais etapas do projeto “Mudanças climáticas, produção e sustentabilidade: vulnerabilidade e adaptação em territórios do semiárido” coordenada pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB. Foram obtidos dados de chuva da Agência Nacional de Águas do período de 1910 a 2010, que foram submetidos às análises cíclicas, tendência, eventos extremos e agrupamento. Os resultados mostram a ocorrência de quatro ciclos sendo os de 22 e 10,5 anos os mais significativos. Os dados de SPI mostraram que os anos anteriores a 1970 são mais típicos de seca. Destacam-se como "seca severa" os anos de 1915 e 1958 e como "seca extrema", o ano de 1919. Em termos relativos ao conjunto total de dados, os últimos 40 anos tiveram apenas três episódios notáveis de seca anual (1983, 1993 e 1998), considerados "moderadamente secos". Na análise de agrupamento foram identificadas três áreas homogêneas (AH) em relação às chuvas, as quais apresentaram um gradiente de aumento de chuvas no sentido leste-oeste. Para a região como um todo, os resultado mostram um significativo aumento das chuvas com o tempo (entre 1935 e 1983) e quando comparadas as AH separadamente, somente a AH 2 apresentou tendência negativa. Os resultados mostram que os dados de chuvas na MGS são bem estruturados espacialmente e temporalmente e permitiram orientar a seleção dos municípios de modo a abarcar a diversidade das chuvas na região.

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As Chuvas na Microrregião Geográfica do Seridó: con tribuições para a

seleção de áreas nos estudos de mudanças climáticas da Rede Clima

Raquel Fetter (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA) Doutoranda do curso de geografia

[email protected]

Carlos Henke de Oliveira (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA) Professor Adjunto do Departamento de Ecologia

[email protected]

Carlos Hiroo Saito (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA) Professor Associado do Departamento de Ecologia

[email protected]

Resumo

O presente trabalho visou caracterizar as chuvas na Microrregião Geográfica do Seridó/RN/PB

(MGS), como subsidio a seleção de municípios a serem investigados nas demais etapas do

projeto “Mudanças climáticas, produção e sustentabilidade: vulnerabilidade e adaptação em

territórios do semiárido” coordenada pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB. Foram

obtidos dados de chuva da Agência Nacional de Águas do período de 1910 a 2010, que foram

submetidos às análises cíclicas, tendência, eventos extremos e agrupamento. Os resultados

mostram a ocorrência de quatro ciclos sendo os de 22 e 10,5 anos os mais significativos. Os

dados de SPI mostraram que os anos anteriores a 1970 são mais típicos de seca. Destacam-se

como "seca severa" os anos de 1915 e 1958 e como "seca extrema", o ano de 1919. Em termos

relativos ao conjunto total de dados, os últimos 40 anos tiveram apenas três episódios notáveis de

seca anual (1983, 1993 e 1998), considerados "moderadamente secos". Na análise de

agrupamento foram identificadas três áreas homogêneas (AH) em relação às chuvas, as quais

apresentaram um gradiente de aumento de chuvas no sentido leste-oeste. Para a região como um

todo, os resultado mostram um significativo aumento das chuvas com o tempo (entre 1935 e

1983) e quando comparadas as AH separadamente, somente a AH 2 apresentou tendência

negativa. Os resultados mostram que os dados de chuvas na MGS são bem estruturados

espacialmente e temporalmente e permitiram orientar a seleção dos municípios de modo a

abarcar a diversidade das chuvas na região.

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1. INTRODUÇÃO

A variabilidade do clima, os eventos de chuvas, secas e anomalias das temperaturas têm

atraído ampla atenção, culminando em convenções internacionais e tentativas de acordos visando

reduzir os efeitos das atividades humanas sobre o clima. A complexidade inerente aos fenômenos

climáticos e suas graves conseqüências nas dimensões social e econômica ganharam tamanha

ênfase que se desdobrou na disseminação da ideia de "mudança climática", que hoje é um dos

principais destaques na mídia mundial. Relatórios gerados pelo Intergovernamental Panel on

Climte Change (IPCC) tentam demonstrar o caráter antropogênico de tais mudanças,

argumentando que as causas naturais são de pouca significação (IPCC, 2007). Entretanto, outros

estudos argumentam sobre a necessidade de desmistificar essa mudança, atribuídas às variações

naturais do clima (Ribeiro 2002, Molion, 2008).

Embora a variabilidade seja uma componente conhecida da dinâmica climática, seu

impacto, mesmo dentro dos limites esperados, pode ter reflexos significativos nas mais diversas

atividades humanas. As sociedades e os recursos tecnológicos estão relativamente adaptados a

certo nível de variabilidade climática, além do qual as anomalias podem provocar profunda

desestruturação no sistema ambiental e sócio-econômico (Nunes e Lombardo, 1995).

A ocorrência de eventos anômalos chama a atenção mundial para as suas causas e

formas de se prevenir, proteger e superar suas consequências. Com isso, a noção de adaptação

foi introduzida pela convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima durante a

Conferência do Rio em 1992, como uma das principais categorias de resposta à mudança

climática juntamente com a mitigação. Após 20 anos, na conferência Rio+20, será lançado o

Banco de Práticas Clima: Vulnerabilidade e adaptação que corresponde a um banco internacional

de experiências sobre a adaptação de pequenos agricultores ao redor do mundo com o objetivo

de compartilhar experiências para que outros possam replicar ou adaptar essas habilidades em

seus contextos (COEP, 2012).

Segundo Schipper e Burton (2009: 3), não só os impactos das mudanças climáticas variam

por região, mas também as definições de mudanças climáticas, de vulnerabilidade e de

adaptação. Devido à necessidade de compreender os fenômenos climáticos na escala em que os

impactos são sentidos, têm sido frequêntes os esforços para identificar áreas ou regiões

climaticamente homogêneas. A exemplo, Keller et al. (2005) identificaram 25 "zonas

pluviometricamente homogêneas" na escala nacional/continental. Já na escala regional e sub-

regional, Silva & Nery (2001) utilizaram a análise de componentes principais para determinar

regiões homogêneas de chuva no estado do Paraná. Objetivando identificar regiões homogêneas

de chuva para posterior análise periodográfica no estado do Ceará, Silva et al. (2001) procuraram

reunir as estações disponíveis em grupos distintos, de acordo com o comportamento das chuvas

trimestrais em cada uma das mesmas, o que levou à classificação das 20 estações em quatro

grupos. Melo et al. (2005) realizaram análise espacial do regime de chuvas para a região

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hidrográfica do Atlântico, trecho Leste no estado de Minas Gerais, encontrando cinco grupos com

características homogêneas de frequência de chuvas. Alves e Repeli (1992) definiram seis sub-

regiões homogêneas no setor norte do nordeste para investigar a influência do episódio El Niño –

Oscilação Sul (ENOS) na distribuição das chuvas na região e Macedo et al. (2010) subdividiram o

Estado da Paraíba em três sub-regiões pluviometricamente homogêneas em relação à

variabilidade sazonal e interanual das chuvas, para monitoramento de secas severas e extremas.

Diante da problemática atual do clima e da influência que este exerce na sociedade e no

ambiente, o Ministério da Ciência e Tecnologia instituiu a Rede Brasileira de Pesquisas sobre

Mudanças Climáticas Globais (Rede CLIMA) que tem como missão gerar e disseminar

conhecimentos para que o Brasil possa responder aos desafios representados pelas causas e

efeitos das mudanças climáticas globais. Atualmente é constituída por treze sub-redes, sendo a

sub-rede “Mudanças climáticas e desenvolvimento regional”, coordenada pelo Centro de

Desenvolvimento Sustentável (CDS) da Universidade de Brasília, responsável pelo projeto

“Mudanças climáticas, produção e sustentabilidade: vulnerabilidade e adaptação em territórios do

semiárido” (MC/Semiárido). O projeto tem o objetivo de identificar a percepção das populações

locais e dos formuladores de políticas públicas quanto aos impactos das mudanças climáticas na

sustentabilidade do desenvolvimento dos territórios produtivos no semiárido brasileiro, com foco

na análise de vulnerabilidade e adaptação desses sistemas.

A primeira fase do projeto MC/Semiárido busca selecionar os municípios-alvo para uma

investigação baseada em entrevistas a produtores rurais. Foi consenso, entretanto, que isto se

daria com base nas características climáticas (chuvas) e sócio-econômicas. Em relação

pluviosidade, houve a demanda por definir um conjunto de análises capazes de identificar eventos

de seca e chuvas dentro e fora da normalidade, eventos cíclicos, tendências espaço-teporais de

aumento ou diminuição de chuvas, de forma a produzir argumentos úteis para a seleção de áreas-

alvo da pesquisa. Portanto, o objetivo do presente trabalho foi caracterizar as chuvas na

Microrregião Geográfica do Seridó (MGS) nos estados da Paraíba e Rio Grande do Norte, visando

subsidiar a seleção de municípios a serem investigados pelo projeto MC/Semiárido.

2. METODOLOGIA

2. 1. Área de estudo

A área de estudo é a Microrregião Geográfica do Seridó (MGS), compreendida pelo Seridó

Ocidental e Seridó Oriental no estado do Rio Grande do Norte e o Seridó Oriental Paraibano, num

total de 26 municípios, totalizando 9.487,354 km2, inscritos na região do semiárido nordestino. A

região compreende o núcleo de desertificação do Seridó, o qual corresponde aos municípios de

Parelhas, Equador, Acari, Cruzeta, Carnaúba dos Dantas e Currais Novos no estado do Rio

Grande do Norte (Figura 1).

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Figura 1: Localização da área de estudo.

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O Nordeste brasileiro tem como característica grande irregularidade na precipitação, cujo

comportamento é decorrente de um conjunto de fatores fisiográficos e de sistemas atmosféricos

(Araújo et al., 2008). A precipitação nessa região é bastante sensível a extremos de temperatura

da superfície do mar no Pacífico equatorial associado ao El Nino – Oscilação Sul (ENOS), assim

como às anomalias de temperatura da superfície do Atlântico, associadas ao dipolo de anomalias

de temperatura da superfície do Atlântico (Moura e Shukla, 1981, Andreoli e Kayano, 2007). No

que se refere à distribuição espacial e temporal da precipitação ao longo do ano, a região é

considerada como uma região anômala, já que os diferentes setores apresentam características

distintas em relação à concentração de chuvas e ao período em que elas ocorrem (Kousky, 1979

apud Souza et al., 1998), sendo que, para agricultura e armazenamento de água na região (RN e

PB), é preciso conhecer a variabilidade das chuvas na região não apenas na quantidade total

anual, mas os seus extremos e períodos consecutivos secos e chuvosos (Magalhães e Glantz,

1992).

Muitos estudos já foram conduzidos para identificar tendências de aumento ou diminuição

das chuvas no semiárido brasileiro. Em 1993, Hastenrath e Greischar não encontraram tendências

significativas para condições mais úmidas ou secas no nordeste brasileiro. Haylock et al. (2006)

encontrou tendência de aumento da precipitação total anual nos estados do Rio Grande do Norte

e Paraíba. Santos e Brito (2007), utilizaram nove índices que, de uma maneira geral, apontam

para um aumento dos dias úmidos e da precipitação total anual e uma diminuição dos dias

consecutivos secos. Porém, isto não é uniforme nos dois estados, pois, com exceção do total

anual de chuva, observam-se variações espaciais das tendências nos demais índices, oscilando

entre negativas e positivas.

Baetting et al, (2007) criaram um índice de mudança climática para a América do Sul que

indicou mudanças mais intensas nas regiões amazônica e sertão nordestino, as quais

constituiriam, segundo eles, climatic change hot spots que representariam as regiões mais

vulneráveis do Brasil às Mudanças climáticas. A relação entre esse índice de mudança climática e

as análises espaço-temporais de variação na precipitação podem ensejar importantes reflexões

sobre as práticas socioeconômicas e formas de uso da terra, e suas consequências para o

agravamento de processos de degradação do solo, particularmente nesta região.

2.2. Organização do banco de dados

Os dados de precipitação diária para a MGS foram obtidos da Agência Nacional de Águas

(ANA) para o período entre 1910 e 2010, sendo relacionadas a 75 estações meteorológicas

localizadas na região e no entorno, num retângulo envolvente de 25.656,39 km2, correspondendo

a mais de 1,2 milhão de registros diários.

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Os dados de precipitação foram organizados em um banco de dados utilizando a

tecnologia MySQL, uma versão livre do SQL (Linguagem de Consulta Estruturada,

do inglês Structured Query Language), sobre um computador-servidor com plataforma Windows 7

e tecnologia de web-server Apache 2.2.

Os dados foram submetidos a uma análise de consistência que estabeleceu que todos os

registros inferiores a 100 mm (limite inferior) seriam consistentes, que aqueles superiores a 350

mm (limite superior) seriam inconsistentes e que os registros em condição intermediária, entre

estes dois pontos de corte, seriam tratados como suspeitos e teriam sua consistência avaliada

separadamente. Estes limites foram arbitrados após uma exaustiva auditoria nos dados que

incluiu análise da probabilidade de caracteres acidentalmente repetidos ou adicionados (para o

limite inferior) durante a digitação e a análise dos recordes históricos de chuvas no Brasil e no

mundo (para o limite superior). A auditoria considerou que a ANA (ou qualquer agência que tenha

digitalizado dados a partir de registros em papel) não está imune a erros de digitação. A auditoria

também mostrou que caracteres repetidos são típicos de registros com mais de dois algarismos

significativos (registros iguais ou superiores a 100 mm), não sendo próprios dos registros com dois

algarismos significativos (de 10 a 99 mm). Um exemplo seria o registro de “122 mm”, que

levantaria a suspeita de repetição involuntária do algarismo “2” pelo digitador. Outro exemplo seria

o valor de “156 mm”, que levantaria a suspeita da inclusão involuntária do algarismo “5” ou “6”,

visto que são números vizinhos no teclado. Diante da existência de registros suspeitos, a análise

de consistência prosseguiu considerando os registros pluviométricos nas 10 estações

meteorológicas mais próximas, sob três preceitos: 1) de que os mesmos erros de digitação não se

repetem em estações diferentes, mesmo que próximas, visto que são dados independentemente

registrados, coletados e digitados; 2) de que o dado suspeito, mesmo que correto, difere dos

dados das estações vizinhas por uma questão de heterogeneidade espacial; e 3) de que o dado

suspeito, para que seja consistente, não deveria diferir demasiadamente dos dados das estações

vizinhas devido ao princípio geográfico da correlação espacial (áreas próximas tendem a ser

parecidas). Desta forma, foram considerados inconsistentes aqueles dados suspeitos (entre 100 e

350 mm) que diferiram em mais de dez vezes (acima ou abaixo) da média pluviométrica das dez

estações mais próximas.

2.3. Seleção de índices e análises

2.3.1. Análise espectral

A análise espectral foi realizada com dados de média móvel de três anos e direcionada à

busca de sinais periódicos significativos (ciclos) na pluviosidade. O espectro de frequência de um

sinal é constituído por uma função que caracteriza a distribuição da contribuição das diferentes

componentes de frequência, ou seja, uma relação da variação da potência em função das

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frequências. A análise foi realizada por meio de periodogramas de Lomb-Scargle (Press et al.,

1992; Schwarzenberg-Czerny, 1998), que é uma modificação da Transformada Discreta de

Fourier (DFT) e permite analisar dados descontínuos (Ma and Vaquero, 2009), como

frequentemente ocorre nos registros climatológicos e paleontológicos.

2.3.2. SPI (Standardized Precipitation Index)

O Índice Padronizado de Precipitação (SPI) foi desenvolvido por McKee et al. (1993) para

quantificar o déficit ou o excesso de precipitação em diferentes escalas de tempo. Essa

característica torna o SPI uma valiosa ferramenta para todos os estudos de disponibilidade

hídrica, sejam eles de curta ou longa duração (Hayes et al., 1999). Conforme aumenta o período

de análise (12 ou 24 meses, por exemplo) o SPI responde mais lentamente a mudanças na

precipitação. Períodos com índices negativos tornam-se menores em número, porém, mais longos

em duração (Mckee et al., 1993). O SPI considera a natureza estocástica da seca e é, portanto,

uma boa medida de secas meteorológicas de curta e longa duração (Narashimhan e Srinivasan,

2005), permitindo também a comparação entre locais e climas diferentes (Paulo et al., 2005).

O primeiro passo para o cálculo do SPI é a determinação da probabilidade de distribuição

de frequência de precipitação pluvial, a qual é calculada por meio da distribuição gama

incompleta. A função normal inversa (Gaussiana) é aplicada a essa probabilidade, resultando no

SPI. A classificação dos eventos de anomalia de chuva está descrita na tabela 1.

Tabela 1: Valores de SPI e classificação dos eventos de anomalias de chuvas.

Valor de SPI Severidade da seca

≥ 2,00 Chuva extrema

1,99 a 1,55 Chuva severa

1,49 a 1,00 Chuva moderada

0,99 a - 0,99 Normal

-1,00 a -1,49 Seca moderada

-1,50 a -1,99 Seca severa

≤ -2,00 Seca extrema

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2.3.4. Análise de agrupamento

Por meio do método hierárquico de agrupamento de Ward (Ward, 1963) foram gerados

agrupamentos das estações meteorológicas que possuem os regimes de chuva semelhantes

entre si utilizando os totais mensais para cada ano. Segundo Hair et al. (2005), o método de Ward

consiste em um procedimento de agrupamento hierárquico no qual a medida de similaridade

usada para definir agrupamentos é dada pela soma de quadrados entre os dois agrupamentos.

Esse método tende a resultar em agrupamentos de tamanhos aproximadamente iguais devido à

minimização de variação interna. Em cada estágio, combinam-se os dois agrupamentos que

apresentarem menor aumento na soma global de quadrados dentro dos agrupamentos. A

regionalização foi feita com base no dendrograma resultante e estruturada em ambiente SIG

(Sistema de Informações Geográficas).

2.3.3. Análise de tendência

Para a avaliação da tendência das chuvas foi utilizado o teste estatístico não-paramétrico

de Mann-Kendall (Mann, 1945, Kendall, 1975). Ele considera que, na hipótese de estabilidade de

uma série temporal, a sucessão de valores ocorre de forma independente, e a distribuição de

probabilidade deve permanecer sempre a mesma (Sousa, 2011). Goossens e Berger (1986)

afirmam que o teste de Mann-Kendall é o método mais apropriado para analisar mudanças

climáticas em série climatológicas e permite também a detecção e localização aproximada do

ponto inicial de determinada tendência. Apesar de esse teste permitir detectar tendências

estatisticamente significativas não fornece estimativas das magnitudes dessas tendências. O nível

de confiança adotado nas análises foi de 0,05.

2.4. Execução das análises

O desenvolvimento dos modelos operacionais constituiu uma pesquisa minuciosa dos

métodos selecionados, visando à obtenção de soluções algébricas e a sua implementação no

meio computacional por meio do desenvolvimento de scripts em linguagem PHP. Ao total, foram

desenvolvidas algumas dezenas de scripts com objetivos específicos e orientados ao objetivo

geral descrito anteriormente.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3. 1. Ocorrência de chuvas cíclicas na MRS

A análise espectral mostrou a existência de quatro ciclos significativos (p<0.05). O ciclo

mais notável tem periodicidade de 22 anos, equivalente ao período do ciclo de Hale, que

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representa o período de inversão do campo magnético do Sol (magnetosfera solar) com sinais no

clima terrestre (Raspopov et al., 2004; Rigozo et al., 2007; Rigozo et al., 2008; Baker, 2008,

Dobrica et al., 2009). Outro ciclo importante tem período de 10,5 anos que corresponde à metade

da periodicidade de ciclo de Hale e se assemelha à periodicidade do ciclo de Schwabe (10.5 a

11.5 anos), que representa um fenômeno da intensificação das manchas solares, as quais têm

sido relatadas como condicionantes do clima na Terra (Rigozo et al., 2008; Nicola, 2009; Nicola,

2010). Também foram notados períodos na faixa dos 12 anos e entre 38-40 anos, aos quais não

foram associados até agora a nenhum ciclo natural identificado na literatura por nós consultada.

3.2. Ocorrência de anomalias de chuvas na MRS

O SPI acompanha as curvas de precipitação pluviométrica no tempo, no entanto, ele

permite estabelecer os limites estatísticos para os eventos de precipitações menores (ex. secas) e

maiores (ex. chuvas intensas), possibilitando a comparação desses eventos com os padrões

normais, que facilita a compreensão da importância desses eventos na sociedade e na natureza.

Numa análise para o conjunto de todos os dados pluviométricos da MGS, notou-se que os anos

anteriores a 1970 são mais típicos de seca que os posteriores a 1970. Destacam-se como "seca

severa" os anos de 1915 e 1958 e como "seca extrema", o ano de 1919. Em termos relativos ao

conjunto total de dados (de 1910 a 2010), os últimos 40 anos tiveram apenas três episódios

notáveis de seca anual (1983 spi = -1.29, 1993, spi = -1.00, 1998 spi = -1.19), considerados

"moderadamente secos".

Numa análise similar, mas centrada no mês mais chuvoso (abril) e mais seco (setembro),

nota-se algo semelhante. Setembro de 1927 foi o mais seco de todos (SPI = -2.42) representando

o único evento classificado como "extremamente seco". Temos três meses de setembro

considerados "severamente secos" (1916, 1951 e 1998). Posteriormente a 1960, ocorreram

meses de setembro tipicamente mais chuvosos e menos secos, sendo que os eventos de seca se

classificam geralmente como "moderadamente seco" e "seca incipiente". Para abril, o mês mais

chuvoso, tem-se um padrão similar, ou seja, uma tendência a eventos de seca anteriores a 1960,

sendo que nos anos posteriores a secas são menos frequêntes, apresentando maiores índices

pluviométricos.

É particularmente notável um período entre 1960 e 1980 em que os índices pluviométricos

foram superiores, com raros eventos de seca, seja em setembro, seja em abril. É bem provável,

mas não comprovado, que este aumento de chuvas ao longo destas três décadas esteja

associado à combinação dos ciclos de Hale, Schwabe e um dos ciclos não identificado de 38-40

anos discutido anteriormente. Desta forma, é razoável considerar que as séries temporais

mostram fenômenos cíclicos associados a tendências lineares na precipitação.

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3.4. Identificação de agrupamentos espaciais simila res em relação às chuvas

Foi efetuada uma varredura no banco de dados, na busca de uma sequência contínua,

sem interrupções, visando à elaboração de uma análise de agrupamento. Assim, foram

selecionadas 25 estações, num total de 49 anos (de 1935 a 1983).

A análise de agrupamento considerou uma distância euclidiana de valor 100 e gerou

quatro agrupamentos de estações meteorológicas com comportamento espaço-temporal similar,

porém com comportamento distinto entre os grupos. O grupo 4 apresentou uma única estação

isolada, sendo mais provável uma inconsistência dos dados originais que um fenômeno

importante, sendo retirado da discussão subsequente. Os grupos 1, 2 e 3 são espacialmente

explícitos, caracterizando áreas de precipitação homogênea (AH) na MGS (Figura 2). A Figura 3

mostra o comportamento sazonal destas AH.

Dos municípios que correspondem ao núcleo de desertificação do Seridó, Currais Novos,

Parelhas, Acari e Carnaúba dos Dantas têm seus territórios divididos entre as AH 1 e 2, Equador

está na AH 1 e Cruzeta na AH 2 (Figura 2).

Figura 2: Áreas Homogêneas (AH) em relação à similaridade de chuvas na MGS.

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A relação seja ela causal ou casual, entre o relevo e as chuvas facilitou a delimitação das

três AH da Figura 2. Desta forma, pode-se dizer que as chuvas, além de definirem áreas

homogêneas, apresentam uma nítida correlação espacial na MGS. É possível afirmar que as

chuvas aumentam num gradiente "leste-oeste" e num gradiente "áreas altas - áreas baixas".

Abaixo segue uma breve caracterização destas três AH:

A AH 1 é composta por nove estações meteorológicas, está localizada a leste, na

topografia mais elevada da MGS e contempla a área do Seridó Oriental Paraibano e parte do

Seridó Oriental. A precipitação pluvial média diária é de 1,2 mm/dia. O ano com menor média de

chuvas foi 1938 com 0,009 mm/dia e o ano em que a média foi maior foi 1935 com 4,12 mm/dia.

A AH 2 é composta por oito estações meteorológicas, está localizada no centro da MGS e

contempla parte do Seridó Ocidental e parte do Seridó Oriental. A precipitação pluvial média é de

1,7 mm/dia. O ano com menor média de chuvas foi 1938 com 0,1 mm/dia e o ano em que a média

foi maior foi 1975 com 5,31 mm/dia.

A AH 3 é composta por sete estações meteorológicas, está localizada mais a oeste na

topografia mais baixa da MGS e contempla parte do Seridó Ocidental. A precipitação pluvial média

é de 2,1 mm/dia. O ano com menor média de chuvas foi 1938 com 0,06 mm/dia e o ano em que a

média foi maior foi 1977 com 7,44 mm/dia.

0

1

2

3

4

5

6

7

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Meses do ano

Méd

ia d

e ch

uvas

(mm

)

Área homogênea 1

Área homogênea 2

Área hoogênea 3

Figura3: Média diária de chuvas (mm) ao longo dos meses do ano da série temporal analisada (1935 a

1983) nas três áreas homogêneas identificadas na MGS.

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3.3. Identificação de tendências

Na Tabela 2 são mostrados os dados relacionados ao teste de tendência para a

precipitação na área de estudo. Os resultados mostram um significativo aumento das chuvas com

o tempo (entre 1935 e 1983) para os dados agrupados para toda a MGS. Contudo, na análise

separada por áreas homogêneas, somente a AH 2 apresenta tendência.

A análise combinada de grupos de estações meteorológicas similares e as respectivas

análises de tendência temporal para tais grupos requerem alguns cuidados básicos, a começar

pelo fato de que dados de média anual não resguardam necessariamente muitos fenômenos

sazonais importantes. Contudo, dados com maior resolução temporal, como a pluviosidade

mensal, mais adequada para este fim, esbarram no problema de que as séries mensais

apresentam maior número de interrupções que as séries anuais. O banco de dados mostra muitas

interrupções mensais nos registros da série entre 1910 e 2010. No geral, os registros obtidos

apresentaram um declínio severo no período entre 1983 e 1992 e atualmente para a MGS os

registros são praticamente escassos.

Tabela 2: Análise de tendência com base em testes de Mann-Kendall precipitação média anual na

série temporal de 1835 a 1983 para a MGS

Código τ (tau de kendall) p (95%) Significado

Toda a área 0.140164 0.000461 Tendência positiva

Área 1 0.119013 0.111217 Tendência inexistente

Área 2 0.165121 0.015455 Tendência positiva

Área 3 0.08926 0.190528 Tendência inexistente

3.5. A caracterização do comportamento das chuvas n a MGS e a escolha dos

municípios para a aplicação dos questionários

Os resultados apresentados anteriormente mostram que os dados de chuvas na MGS são

bem estruturados espacialmente e temporalmente e que as chuvas vêm aumentando nos últimos

100 anos na MGS quando analisada na sua totalidade ou, quando analisada em partes, na AH 2.

Considerando a existência de fenômenos cíclicos observados, deve-se ponderar que cada sujeito

entrevistado poderá ter mais experiência, ou percepção mais acurada, para uma determinada fase

destes ciclos. Isso é particularmente importante diante do fato de que tais ciclos apresentam

períodos decadais ou multidecadais. Uma pessoa mais idosa pode ter tido experiências em

relação aos eventos climáticos diferentes das experiências de indivíduos mais jovens. Assim, a

percepção destes sujeitos pode variar em função não somente da sua idade, mas em função de

que sua maior idade poderia favorecer uma experiência distinta, reconhecendo ou percebendo o

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clima em suas "várias fases". Desta forma, a seleção mais adequada dos sujeitos entrevistados

pode ajudar a verificar a existência de correlações entre os ciclos registrados nas chuvas e os

ciclos registrados na percepção da população local mais idosa.

A estruturação espacial das chuvas, sobretudo pela existência de três AH em relação às

chuvas, sendo as mesmas dispostas num gradiente ascendente de pluviosiadade no sentido

"leste-oeste" e num relevo "alto-baixo", apresenta uma contribuição significativa na escolha dos

municípios a serem investigados nas atividades de campo. Assim, sugerimos que, para fins de

representatividade estatística dos dados de campo, sejam selecionados municípios de cada uma

das AH da MGS, mantendo certo equilíbrio no número de município em cada uma. Desta forma,

os dados abarcariam a heterogeneidade inter-regional das chuvas, mantendo a representatividade

por meio de réplicas das AH (intra-regional).

A escolha restrita a municípios contidos exclusivamente numa mesma área poderá resultar

em respostas mais homogêneas em termos perceptivos, contudo poderá não abarcar toda a

heterogeneidade climática da MGS.

Considerando a multiplicidade de fatores que estão relacionados ao processo de

desertificação, em especial a ação antrópica (Nimer, 1980, 1988) é importante que os

questionamentos acerca da percepção dos moradores em relação ao clima e como esses vêm

conduzindo suas práticas agrícolas sejam realizados em diferentes municípios da MGS.

Contemplar tanto o núcleo de desertificação como os arredores, nas três AH identificadas, é

fundamental na discussão do processo de desertificação.

A Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação conceitua o termo

como sendo “a degradação da terra nas zonas áridas, semiáridas e subsumidas secas,

resultantes de vários fatores, incluindo as variações climáticas e as atividades humanas”.

Segundo Nimer (1988) seja ela de causa natural, antrópica ou ambas, a desertificação tem sido

caracterizada por uma crescente degradação ambiental expressa no ressecamento e perda de

capacidade dos solos.

Se as condições climáticas podem agravar a exposição a processos de desertificação, com

a intensificação de formas de uso da terra e processos produtivos inadequados, o diálogo em

torno destas práticas se faz necessário entre os produtores rurais. Apesar de Lambin (1993)

afirmar que na escala local o processo de desertificação não pode ser percebido, pois se baseia

na percepção cotidiana daqueles que manejam a terra, na “guerra” contra a Desertificação as

batalhas que definem vitória ou derrota precisam ser trabalhadas ao nível local (Krugmann, 2001

apud Oliveira-Galvão, 2001).

Num segundo momento a análise conjunta da percepção climática dos agricultores, das

práticas agrícolas adotadas e a caracterização das chuvas na região poderá direcionar à

elaboração do material didático que será produzido como retorno aos agricultores desses

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municípios onde foi realizada a pesquisa. Esse material poderá conter orientações importantes

sobre manejo da terra e as implicações do uso de práticas inadequadas na aptidão das terras

agriculturáveis tendo em vista o processo de desertificação na região.

4. CONCLUSÃO

O conjunto de análises utilizadas permitiu caracterizar vários aspectos do comportamento

das chuvas ao longo do século passado e muitos questionamentos vieram à tona e precisarão ser

mais bem tratados em termos estatísticos e interpretados, num segundo momento, juntamente

com os dados de percepção do clima dos agricultores familiares locais. Isto inclui a dinâmica de

veranicos, possíveis deslocamentos no início das estações chuvosa e seca, dentre outros.

A estratégia de formar agrupamentos de áreas similares quanto às chuvas permite

compreender comportamentos espaciais distintos na área de estudo, o que é fundamental para

proceder com a seleção de municípios de forma que contemple percepções dos moradores de

acordo com diferentes relações que possam existir entre práticas culturais e as chuvas.

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