as ervas medicinals e sua utillzac;ao entre...
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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANAFACULDADE DE CIENCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
CURSO DE GEOGRAFIA
AS ERVAS MEDICINAlS E SUA UTILlZAC;Ao ENTREESTUDANTES UNIVERSITARIOS
CURITIBA
2001
DENISE PERICO
AS ERVAS MEDICINAlS E SUA UTILlZA<;AO ENTREESTUDANTES UNIVERSITARIOS
Monografia apresentada como parte daavalia9iio para a obtenyao dobacharelado no Curso de Geografia com~nfase em Geoprocessamento pelaFaculdade de Ci€mcias Exatas e deTecnologia, da Universidade Tuiuti doParana.
Orientadora:Prof'. M.Thaisa Maria Nadal
CURITIBA
2001
TERMO DE APROVACAO
AS ERVAS MEDICINAlS E SUA UTILIZA<;AO ENTREESTUDANTES UNIVERSITARIOS
por
DENISE PERI CO
Monografia aprovada com men9ilo A como requisilo parcial para obten9ilode titulo de bacharel em Geografia com enfase em Geoprocessamento, pelaBanca Examinadora formada pelos professores:
PROF~NADALOrientadora
PROFA. DIRCE G~~ SANTIS
Curitiba, 2 t de ",oJ.", b,o de 2001
"A beleza e a vilalidade sao presentes da natureza para
aque/as que vivem segundo suas le;s~
Leonardo da Vinci
9akco aMe tFatfa//to em t:<J/iCCia/'a nwvta nzdc .91','4 illtc ao t'iJ/';?£'
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iii
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o/UJiaJuk>,CtJ,dp~vzdo e CtJ/u/wtJ/zclo.
iv
SUMARIO
LlSTA DE FIGURAS ....•....................••........•...................... .............................•.......... VI
LlSTA DE GRAFICDS ••.............•................•...•... .............•......••........... VII
RESUMO . .....•.............••.....•••...... VIII
INTRODU<;:AO ...•....... . 1
CAPiTULO II .... . 3
2.1 HISTORICO ..
2.2 0 QUE sAo AS PLANTAS MEDICINAlS ...
. 3
. ~ ~ ~ ~ ~ 62.3 PARA QUE SERVEM AS PLANTAS MEDICINAlS .. . 7
CAPiTULO 111- CATAlOGA<;:AO OAS PlANTAS ........•••.......••••........••............................................ 8
CAPiTULO IV - A APLlCA<;:AO E UTILlZA<;:AO OAS PLANTAS MEDICINAlS ENTRE
ESTUDANTES UNIVERSITARIOS ...••••.........•......... . 22
CAPiTULO V - ANALISE DOS DADOS ........................ 34
CONClUSAO . . 35
ANEXOS. . 36
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ..•......•..........•••..........•................................................ ..40
LlSTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - ARNICA ..
FIGURA 2 - BOLDO DO CHILE ...
FIGURA 3 - CAMOMILA .
FIGURA 4 - CARQUEJA .
FIGURA 5 - CONFREI ...
FIGURA 6 - ERVA CIDREIRA ....
.........................................................8. 10
. 11
.............. 12
. 13
. 14
FIGURA 7 - FUNCHO - ERVA DOCE 16
FIGURA 8 - HORTELA 17
FIGURA 9 - LOSNA 18
. 20
...21
FIGURA 10 - PATA-DE-VACA ..
FIGURA 11 - QUEBRA-PEDRA ....
vi
LlSTA DE GRAFICOS
GRAFICO 1 - TOTAL DOS PESQUISADOS 23
GRAFICO 2 - IDADE DOS PESQUISADOS .. . 24
GRAFICO 3 - PLANTAS MEDICINAlS MAIS CONHECIDAS.. . 25
GRAFICO 4 - PLANTAS MEDICINAlS MAIS USADAS 26
GRAFICO 5 - PLANTAS MEDICINAlS QUE NAo CONSTAVAM NO
QUESTIONARIO. . 27
GRAFICO 6 - UTILlZAC;;AODAS PLANTAS MEDICINAlS ..
GRAFICO 7 - FAMILIARES QUE UTILIZAM PLANTAS MEDICINAlS ...
. 28
. 29
GRAFICO 8 - LOCAL DE OBTENC;;AODE PLANTAS MEDICINAlS 30
GRAFICO 9 - EFICAclA DO PRODUTO.. . . 31
GRAFICO 10 - ASPECTOS POSITIVOS DA UTILlZAC;;Ao DAS PLANTAS
MEDICINAlS.. . 32
GRAFICO 11 - ASPECTOS NEGATIVOS NA UTILlZAC;;AO DAS PLANTAS
MEDICINAlS.. . . 33
vii
RESUMO
Este trabalho apresenta um hist6rico das plantas medicinais, desde seus
primordios e sua influencia sabre 0 desenvolvimento da humanidade. Se desenvolve
atraves da cataloga9ao de onze plantas selecionadas entre as mais usadas na
regiao de Curitiba. Tem como objetivo a analise do conhecimento e utiliza9ao das
plantas medicinais pelo publico alva - que se concentrou nos alunos de Geografia
da UTP. Se propoe a esclarecer, informar e analisar a utiliza9ao das plantas e ervas
medicinais, par amostragem no contexte desse universe academico. Este trabalho
se justifica pela necessidade de se destacar a fitoterapia (tratamento atraves das
plantas) como uma opc;:ao viavel e promissora para 0 tratamento de diversas
doenc;as, cnde a propria fitoterapia se apresenta como uma alternativa mais
saudavel e econ6mica. 0 resultado da pesquisa comprovou que as plantas sao bern
populares entre as entrevistados, sao utilizadas com uma frequemcia bastante
satisfat6ria, no entanto, naD sao realmente conhecidas quanta a sua aplicac;ao, seuscuidados, sua utilizar;80 e eficacia. Conc1uiu-se que ha uma urgente necessidade da
popularizac;ao de maior conhecimento, atraves da midia, folhetos e outros meios de
comunicar;8o para que a populac;ao possa utilizar, de forma mais consciente e
segura, as plantas medicinais e tamar a fitoterapia uma alternativa de tratamento
principalmente para as popula90es de baixa renda, que terao ao seu dispor urn
produta saudavel, barato e eficaz.
viii
INTRODU<;Ao
o habito de se recorrer as plantas para usa medicinal e urna das primeirasmanifesta90es do esfon;o humano para compreender e utilizar a natureza em seubeneficio. 0 homem sempre buscou na natureza respostas para suas necessidades.
a usa das plantas medicinais, pade ser influenciado par fatores culturais,
porem atualmente tern se despertado urn grande interesse par tude 0 que estaligado ao "natural', ou seja, 0 modo de vida natural, a alimenta,80 natural, a
Utiliz89210das plantas como medicac;ao natural. A espiritualiza920 da natureza estavisivel em correntes como 0 esoterismo, nas praticas orientais de tratamento evive!ncia,tais como a acupuntura e a tai-chi-chuan.
Tudo 0 que e ecologicamente correto tambem est'; em voga. No entanto,
nern 56 0 FIsico e 0 espiritual tern se voltado it natureza, mas tambem hit urn
interesse camercial real~da na busca de maiares informac;;oessabre as plantasmedicinais, suas propriedades e utilidades. As empresas tem percebida e
descaberta urn grande fileo camercial escondido, e tern investida cansideravelmenteno estudo e desenvalvimenta de tecnicas e tecnalagias que passam utilizar anatureza como materia-prima para seus produtos naturais e/ou industrializados.
Este trabalho se justifica pela necessidade de se destacar a fitoterapia(tratamento atraves das plantas) como uma apc;ea viavel e promissora para a
tratamento de diversas doenc;asde uma forma mais saudavel e econ6mica.Em um pais como 0 Brasil, onde a saude e extremamente cara, isso soa
como uma saida estrategica para a nac;ea, caso haja interesse e vontade politicapara se investir neste segmento. A grande limitac;eapara 0 crescimenta de usa dafitoterapia e a ausencia de investimentos e recursos destinadas a essa area,
principal mente pelos 6rgeos governamentais. Algumas empresas tern alcanc;adoexito neste segmenta, a que pode ser urn sinal de um desenvolvimento e melhorexplora,80 das ervas e plantas em geral para utiliza,80 na sa0de da popula,80.
Este trabalho tambem se propoe a esclarecer, informar e tambem analisar autilizayao das plantas e ervas medicinais, por amostragem no universo academico
do curso de geografia da UTP.
2
Propoe-se a resgatar 0 hist6rico de algumas plantas medicinais, bem como
cataloga-las e elaborar urn sistema de informa~oes que possam ser uteis aquelesque desejam utilizar as plantas tanto como alimenta, medicamento au cosmetico.
Para tanto 0 trabalho est;' estruturado da seguinte forma:
o Capitulo I a introduyao.
o Capitulo II apresenta um hist6rico das plantas medicinais, desde seus
primordios e sua influencia sabre 0 desenvolvimento da humanidade, apresenta a
maneira como sao utilizadas e para que servem.
No Capitulo III e feita a catalogayao das plantas bem como sua
apresentac;:ao visual.
No capitulo IV apresenta-se a metodologia para obten,ao dos dados basicos
para a analise do conhecimento e utilizac;:ao das plantas medicinais pelo publico alvaque se concentrou nos alunos de Geografia da UTP.
o Capitulo V faz a analise geral dos dados obtidos.
Aponta-se a conclusao.
o trabalho traz ainda em anexo um folheto de informayoes aos participantes
da pesquisa.
3
CAPiTULO II
2.1 HIST6RICO
A Fitaterapia pade ser historicamente definida como a ci€mciaque trata dos
problemas de saude utilizando as vegetais (fitocomplexo), sendo contemporanea ao
inicio da humanidade. Desde as primordios da civiliza~ao humana, as pavos da terra
tern recorrido aos recursos terapeuticos provindos das plantas. 0 descobrimento das
propriedades curativas das plantas foi, no inicio, meramente intuitivD QU, observando
as animais que, quando doentes, buscavam nas ervas cura para suas afecyoes. A
historia da fitoterapia se mistura a hist6ria da farmacia e medicina.
A nayao que possui mais long a e ininterrupta tradigao nas plantas medicinais
e a China. Acredita-se que ha 5000 anos ja utilizavam a Ephedra, planta de onde se
extrai atualmente a efedrina utilizada no tratamento da asma br6nquica 1, outros
estudos mostram que ap6s a morte do lendario imperador Shen Nung, em 2698 A.C.
em seu "Canane das Ervas" ele mencionou 252 plantas, provou 100, muitas destas
plantas ainda estao em usc. Ainda no oriente em 1578, Li Shizhen completou seu
"Compendia de Materia Medica", onde listou 1800 substancias medicinais e 11.000
receitas de compostos.2
No medio oriente foram encantradas placas de barre datadas de 3000 AC
que registram importa90es de ervas para a Babil6nia (trocas com a China de
ginseng acanteceram por volta de 2000 AC). A farmacapeia babil6nica abrangia
1400 plantas.
o primeiro medico eglpcio canhecido fai Imhatep (2980 a 2900 a.C.) fai 0
sacerdote que desenhou uma das primeiras piramides.
Em 1873, 0 egipt61ogo alemao Georg Ebers encantrau um rolo de papiro,
depais de decifrada a introdu9ao, fai surpreendido pela frase: "Aqui come,a 0 livro
relativa Ii prepara,ilo dos remedios para todas as partes do corpo humano".
I NEVES, E. S. Plantasmedicinaisnasaudepublica. p.181.2 Site: lNWW.cotianet.com.br/ecolherb/hist.htm.
4
Provou-se mais tarde que este manuscrito era 0 primeiro tratado medico egipcio
conhecido. Atualmente pode-se afirmar que 2000 anos antes do aparecimento dos
primeiros medicos gregos, jiJ existia uma medicina egipcia organizada. Contudo,
Icram os gregos e mais tarde os romanos, que herdaram e aperfei<;oaram os
conhecimentos egipcios. Hipocrates reuniu a totalidade dos conhecimentos medicos
de seu tempo no conjunto de tratados conhecidos pelo nome de Corpus
Hipocraiicum, ande para cada enfermidade, descreve urn remedio vegetal e 0
tratamento correspondente.3
Sucedeu-o Dioscoride que, com seu tratado "De Materia Medica", contribuiu
para 0 aumento do arsenal fitoterapico, inventariando cerca de 500 drogas de
origem vegetal, mineral ou animal. Mais tarde, nos anos 160 e 180 D.C., surge 0
medico grego Galena que inicia aquela que ainda se denomina "farmacia galemica",
utitizando somente as vegetais4, As plantas naD sao mais utilizadas na forma de po e
8im em prepara~5es, nas quais sao usados solventes como alcool, agua ou vinagre,
e servem para conservar e concentrar os componentes ativos das plantas, sendo
utilizadas para preparar unguentos, emplastros e outras formas galenicas.
Na Grecia ainda houve a criayao do primeiro spa de que se tern
conhecimento, em Epidauro, criado por Asclepio que concebeu urn sistema de cura
com tratamentos baseados em banhos, jejum, chas, usa terapeutico de musica,
teatro e jog os. as templos de cura se espalharam por toda a Grecia. Seiscentos
anos depois, Tales de Mileto e Pitagoras adquiriram seus conhecimentos de ervas
na india, Babil6nia, Egito e China.
Segue-se 0 longo periodo da Idade Media onde 0 obscurantismo reina, e a
fitoterapia e substituida por uma serie de formulas obscuras como a teriaga, mistura
de 50 substancias das mais esdruxulas e asquerosas, assim como tambem as
sangrias. Nesta fase a Persia tornou 0 centro de perfeiyao da epoca, traduziu os
medicos gregos para 0 arabe. Na Europa os progressos foram dificultados pela
Igreja, que nao via com bons olhos a aprendizagem cientifica, e encaravam a
doenya como urn castigo; a medicina das plantas restringiu-se aos monges nos
mosteiros e a algumas mulheres de aldeias remotas.
3 TESKE, M.; TRENTINI, M. M. A. Herbarium: compendia de fitoterapia. 3 ed. Curitiba:Herbarium Laborat6rio Botanico, jul. 1995.
4 Site: WNW.fitoterapia.com.br/portugS/inform.htm. 15.03.01.
5
No entanto, 0 periodo do Renascimento com a valorizac;ao da
experimentac;ao e da observac;ao direta, com as grandes viagens para as Indias e a
America, deu origem a urn novo periodo de progresso no conhecimento das plantas
e suas aplicagoes. A partir do seculo xv houve tambem uma preocupagao em
catalogar urn grande numero de vegetais, identificando-as e classificando-os de
acordo com a procedencia e as caracteristicas dos principios ativos.
No inicio do seculo XVI 0 medico suic;o Paracelso, tentou relacionar as
virtudes das plantas com as suas propriedades morfol6gicas, sua forma e sua cor.
Conhecida como a "teoria dos sinais" ou "teoria da similitude". Paracelso
considerava que uma doenc;a se podia curar com aquila que com ela tivesse
semelhanc;:a. Este naD era urn pensamento original do medico, pois os indios da
America do Sui e, possivelmente indigenas de outros continentes tinham as mesmas
ideias sobre os sinais das plantas e suas rela96es com 0 valor curativo.
No Brasil Colonia, embora geralmente preconceituosos em rela9ao a outros
elementos pagaos e "selvagens" da cultura indigena, os colonizadores se
interessaram em recolher informa96es sobre como os indigenas e seus pajes faziam
para combater as doen9as que grassavam no lugar. Observavam, imitavam,
experimentavam e descreviam as propriedades terapeuticas das novas especies e
seus usos, e divulgavam-nas na metropole. Mais tarde, tal saber retornava a colonia
em compendios de farmacopeia, informando a atividade de boticarios profissionais,
religiosos ou leigos. 5
Em 1735, Lineu publicou 0 Systema Naturae, uma catalogagilo de inumeros
vegetais.
Em 1928, Friedrich Wohler sintetizou a url,ia (substancia organica) a partir
de materia prima inorgilnica (cianato de amonio) revolucionando 0 conhecimento da
epoca que concebia que materia organica so poderia ser obtida de vegetais ou
animais. Assim, apos a sintese da ureia a farmacologia moderna tomou impulso para
o rumo atual de elabora9ao de medicamentos sinteticos.
Hoje em dia, varios medicamentos industrializados tern side desenvolvidos a
partir de plantas medicinais, com base nas indica96es populares. Como exemplos 0
5 EDLER, F.; FONSECA, M. R. F. Saber erudite e saber popular na medicina colonial.Boletim ABEM, v.29. n. 1. jan.lfev. 2001.
6
acid a acetil-salicilico (AAS) , digitalicos, martina, atropina e mais recentemente a
artemisinina (urn antiinflamalorio isolado de Artemisia annua). E constata-se urn
crescente interesse pelos recursos fitotercipicos, tanto as governo como a iniciativa
privada tern destinado recursos economicos para a pesquisa de propriedades
curativas das plantas medicinais em todo mundo.
2.2 0 QUE sAo AS PLANTAS MEDICINAlS
As plantas medicinais sao aquelas que apresentam propriedades medicinais,
ou principios ativas. Os principios ativas sao as componentes quimicos existentes na
planta que conferem sua aryao terapeutica peculiar, a planta as sintetiza e armazena
durante 0 seu crescimento. E incorreto pensar que as plantas sao beneficas ao
organismo humano somente par serem plantas, au seja, elas devem canter
sUbstancias farmacologicamente ativas (principios ativos) para que atuem de alguma
forma no organismo humano.6 Nem todos as produtos metab6licos passu em valor
medicinal. Em tad as as especies existem ao mesmo tempo principios ativos e
substancias inertes? Outra caracteristica dos vegetais e que nao apresentam uma
concentra-;:ao uniforme de principios atives durante a seu cicio de vida, variando com
a habitat, a colheita e a prepara98o.
Para se alcanc;ar sua a980 medicinal, uma planta deve ser tratada de tal
forma que se obtenham produtos derivados com a980 especifica. Com uma mesma
planta, au com a mesma parte da planta, pode-se preparar diverses derivados
tevando-se em considera-;:ao a modo de preparac;ao, as propriedades fisicas, 0
aspecto, a concentrac;ao dos principios ativos, as propriedades farmacol6gicas e sua
finalidade.
1998.6 CORREA, A. O. et al. Plantas medicinals: do cultivo a terapeutica. sao Paulo: Vozes,
7 TESKE. 1995. p. ix.
7
2.3 PARA QUE SERVEM AS PLANTAS MEDICINAlS
Podemos dizer que cada vegetal que apresenta propriedades medicinals e,par anal09ia, urn frasco que contem diversos medicamentos juntos. Como seres
vivos as vegetais produzem substancias quimicas, como tambem os animais a
fazem, e estas substancias, muitas delas samente sintetizadas pelas plantas, sao
capazes de causar reac;6es no organismo humane e ajudar a manter a homeostasia,
isto e, 0 equilibrio necessaria para a manutenr;;ao de urn organismo saudavel. Evalida r8ssaltar que substancias que em principie podem ser consideradas como
terapeuticas tambem podem causar efeitos indesejados ou t6xicos.
As plantas medicinais sao urn poderoso aliado no tratamento de inumeras
enfermidades e tern capital importancia na confecyc3o de cosmeticos. Por apresentar
baixa concentrayc3o de elementos t6xicos (em geral) e menor custo, a fitoterapia tem
sido muilo difundida.
o emprego dos vegetais como alimento, medicamento ou cosmeticos tem
ocorrido desle que 0 homem habilou a face da Terra.
8
CAPiTULO '"
CATALOGA<;:Ao DAS PLANTAS
Passa-se a apresenta9ao de uma cataloga9ao das plantas medicinais
relatadas neste trabalho, no intuito de lornecer urn detalhamento de tais plantas
medicinais, a tim de oferecer uma oportunidade de conhecimento apropriado, para
uma utilizar;80 segura e correta das plantas, bern como esclarecer sabre as seus finspreventives e curativos.
Esses dados Icram coletados atraves de pesquisas em diversas bibliografias
especializadas, buscando as melhores autores no assunto.
FIGURA 1 - ARNICA
L)Familia: Compostas Tunifloras
9
Descriyiio: A arnica e uma planta herbacea da familia das Compostas
Tunifloras, aromatica, vivaz, medicinal. Apresenta rizoma obliquo, geralmente
simples, mas as vezes dividido. A haste e simples, cilindrica, estriada, pubescente8,
algumas vezes ramificada na parte superior. As falhas sao inteiras, sesseis, ova is,
obtusas, coriaceas9; apresentam nervuras verde-claras, salientes, reunidas quase
todas na base da haste em rosetas. Flores amarelas, solitarias.
A Arnica, conhecido em todo 0 mundo, e comum nas montanhas da Europa
meridional, onde empresta a paisagem singular belez8. No Brasil aclimatou-se nas
regi6es montanhosas de Minas Gerais.
Uso medicinal: 0 Brasil importa grandes quantidades de arnica para
emprego farmaco16gico. Seus principios ativQs basicos sao a essencia, a resina, as
corantes e as acidas graxos. 0 principia amargo e acre, encontrado mais
abundantemente nas flores, e a amicina. A essencia, contudo, e rnais concentrada
nos rizomas. A arnica cantem ainda inulina, taninos, glicose, cera, colina principios
caroten6ides, arnidiol, faradiol e heter6sidos f1avon6Iicos.
A arnica e tradicionalmente usada em casas de traumatismas, galpes,
contusoes e hematomas, Recomenda-se a aplicayao externa de tintura de arnica, au
a infuso dos rizomas e das floras a 10%.
Internamente, a usa da arnica e restrita, pais pode provacar intoxicayaa se
usada em quantidades acima das recamendadas. Indica-se internamente, para
estimular as batimentas cardiacas e a circulayaa. Mas a dose nao deve ultrapassar
1% em 200 ml de agua por dia (flores e rizomas). Afirma-se que Goethe, famoso
poeta alemao, utilizava arnica internamente, em gatas para fortalecer seu corayao.
8 Pubescente: que esta coberto de pelos finos e curtos.9 Coriaceas: duras como couro; semelhante a couro.
10
FIGURA 2 - BOLDa DO CHILE
Descriyao: Planta originaria do Chile; encontra-se tambern nos Andes
argentinas. Caule aerea, lenhoso, perene, alcanc;:a alguns metros de altura; folhas
caulinares, opostas, curtamente pecioladas, peninervadas, inteiras, ovaladas,
coriaceas; f10res em cimeiras terminais axilares, as pedunculos opostos no eixo
principal, de cor palida, di6icas; truto multiplo, de uma a cinco drupas, mesocarpo
aromatico, suculento.
Uso Medicinal: a boldo possui importantes propriedades curativas, as quais
sao eficazes no tratamento das enfermidades hepaticas e biliares. Empregam-se as
folhas como especifico para fazer desaparecer as calculos hepaticos (pedras do
fig ado) e as anormalidades das vias biliares.
No Chile, 0 balda e considerado como aperitivD, digestivQ, e carminativo1O,
Cambate a rna digestao, fortifica 0 est6mago e as nervos. Gambate a ins6nia, limpa
as manchas da pele, especial mente as do rosto causadas por disturbios do figado.
Usa-se 0 eozimento de boldo externamente para banhos e pediluvios 11 no
combate ao reumatismo, a hidropisia (barriga-d'agua), afec90es da pele, sifilis,
blenorragia e a outras enfermidades semelhantes.
Emprega-se 0 sueo das folhas e talos temos, em gotas, nos easos de fortes
dores de ouvido.
10 Carminativas, quando combatem as f1atutencias (gases) estomacais au intestinais.'1 Pediluvios: banhos nos pes, quentes au frios.
11
Parte Usada: As tolhas, para chas. As tolhas e sumidades para banhos. Os
bratos e folhas temas para S8 extrair 0 sueD.
Dose: Normal, para usa interno. Para ban has pade-s8 aumentar a dose.
FIGURA 3 - CAMOMILA
Compostas.
Outre Nome: Camomila- Romana, Camomila-dos-alemaes
Descric;ao: Planta vivaz, de 10 a 30 cm, rasteira, cerrada, de aroma torte e
agradavel. Haste prostrada, simples e ramosa, cilindrica, estriada, pubescente,
verde-8sbranquigada, munida de raizes adventicias na parte rastejante. Folhas
pequenas, alternas, irregularmente recortadas em colmilhas 12, pubescentes,
aveludadas. Flores solitarias nas extremidades dos ramos, amarelas, com ligulas
brancas.
Usa medicinal: Emprega-se nas caibras do est6mago, c61icas provocadas
par ventosidades, c61icas espasm6dicas, constipayao at6nica, clorose13,
dismenorreia14, febres, histerismo, indigestao, vermes intestinais.
Usa-s8 tambem ern fomentar;oes e campressas quentes na gata e
reumatismo. Nestes casas a 61eo das sementes da camomila e igualmente indicado.
Parte usada: Os capitulos florais, par infusao.
Dose: 10 a 15 gramas por litro de agua; 4 a 5 xicaras por dia.
pele.
12 Col milhas: semelhantes a dentes caninos, presas,13 Clorose: tipo de anemia que tern este nome par causa da cor amarelo-esverdeada da
14 Dismenorreia: menstruacao dificil e dolorosa.
12
FIGURA 4 - CARQUEJA
Outro Nome: Tambem conhecida sob 0 nome, pouco usado, de carque.
Oescric;ao: e uma planta que cresee ate um metro, mais ou menos, de altura.
As folhas sao substituidas por listras aladas, membranaceas e verdes, que
acompanham as hastes em toda a sua extensao vertical.Usa Medicinal: Emprega-se, em forma de chas (dose regular), para: anemia,
calculos biliares, diarreias, enfermidades da bexiga, do figado, dos rins, mol digestao,
rna circulary80do sangue, ictericia, inflamary80das vias urinarias, diabete.Devida ao seu efeito dissolvente, diuretico e depurativo, a carqueja
apresenta bons resultados tambem em casas de gota, reumatismo, feridas chagas
venereas, e mesmo em cases de lepra. Para estes fins, al8m de tomar-se 0 chit de
13
carqueja, fazem-se tambem ablu,oes 15 com urn cozimento forte (60 gramas para 1
litro de agua) dessa planta, sobre as partes afetadas.
As carquejas tambem daD bons resultados em anginas e infiamag6es da
garganta, casos em que se fazem gargarejos com urn cozimento da planta.
Parte usada: Toda a planta.
FIGURA 5 - CONFREI
Outro Nome: Consolida-do-caucaso, capim-roxo-da-russia.
Discri,ao: Planta herbacea, alcan,ando ate 80 cm de altura. Folhas
lanceoladas com bordas irregulares, de ate 40 cm. Abundante e de facil cultivo em
diversos tipos de solo. Eo tambem cultivada em jardins. Raiz escura, esbranqui,ada
par dentro, forte e profunda, penetrando ate 1 metro no solo se este for levernente
umido.
Usa medicinal: Indica-se 0 usa do contrel para combater as seguintes
enfermidades: a5ma, diabetes, leucemia, hepatite, gastrite, ulceras, prisao de ventre,
reumatismo, ictericia, cancer. Elimina as dores nos olhos e regulariza a pressao
arterial. Combate a anemia, debilidades, dores nas costas, dor de cabe,a, dores
museu lares. Evita a velhice prematura, normaliza a atividade sexual, mantem a
pigmentagao natural dos cabelas, elimina sardas, espinhas, irritagoes da pele. Age
15 Ablw;ao: lavagem; banha de tado 0 corpo au de parte dele; batismo pela agua,
14
como desintoxicante do sangue, auxiliando a figado nessa complexa funlYao.
Consolida as oxida9iles 6sseas.
o confrei estimula a produ9ao de globulos vermelhos pela medula ossea,
combatendo, assim, a leucemia.
Mas e como cicatrizante de feridas, cortes e queimaduras que a confrei se
imp6e como planta medicinal, alem das indicac;6es mencionadas.
Conforme pesquisas de laboratorios 0 confrei e 0 vegetal mais rico em
vitaminas e sais minerais. Comparado ao espinafre, contem a dobra de 89ucar. Em
rela9ao ao leite e a alfafa 0 tear de proteinas, 8c;ucar e vitamina A do confrei e cerca
de cinco vezes maior. as sais minerais de maior destaque do confrei sao compostos
de ferro, manganes, calcic, f6sforo e zinco.
Parte usada: Folhas frescas au secas.
Dose: Uma folha e suficiente para urn copo de chao Duas ou tres folhas
frescas, picadas e misturadas com Qutras hortali~s, fazem uma salada nutritiva e
saborosa. Pode ser comido em forma de "refogado".
Urn algodao embebido no suco da folha fresca e colocado nas feridas
previa mente limpas age como cicatrizante de efeito rapido.
FIGURA 6 - ERVA CIDREIRA
Outro Nome: Melissa.
Descri98o: Planta de ate urn metro de altura. Folhas opostas, pecioladas,
ovais, serreadas, algo pontiagudas, algo grandes, verde-claras, acinzentadas, de
15
superficie marginal aspera. Pequeninas flores de cor branca, de cheiro semelhante
ao do Iimao.
Usa medicinal: Emprega-se, com bons resultados, nos seguintes casas:
afec90es gastricas e nervosas, arrot05, caibras intestinais e da matriz, debilidade
geral, desmaios, dares de cabe.ya, dares reumaticas, enfermidades do baixo ventre,
epilepsia, enxaquecas, espasmos, f1atulencias, hipocondria, histerismo, ictericia, rnacircula9ao do sangue, palpita91io do cora9ao, pericardite, paralisia, resfriados, tosse,
vertigens.
Folhas frescas de erva-cidreira, aplicadas sabre as palpebras, acalmam as
dores em cases de inflamayao dos olhos.
Lavagens intestinais marnas, com a cha desta planta, daD bons resultados
contra 0 tenesmo 16 e diarreias com sangue.
Bochechos com urn pouco de chit quente de erva-cidreira, acalmam as
dares de dentes.
a suco que se obtem das folhas machucadas, e que se mistura com urn
pouco de sal, aplica-se vantajosamente contra a caxumba.
As cataplasmas 17 desta planta, aplicadas quentes sobre 0 ventre, acalmam
toda a classe de dores do estomago, intestino, figado e matriz.
Parte usada: Folhas frescas.
Dose: Normal.
16 Tenesmo: sensayc30 dolorosa na bexiga ou na regiao anal, com desejo constante deurinar ou de evacuar.
17 Cataplasma: massa medicamentosa que se aplica entre dais panos a uma parte do corpopara resolver inflamayoes.
16
FIGURA 7 - FUNCHO - ERVA DOCE
Familia: Umbeliferas.
Qutros Nomes: Anis-doce, erva-dace.Descri,ao: Planta de 1 a 2 metros de eleva,ao, verde glauca, exalando urn
aroma agradavel. Haste direita, cilindrica, lisa, estriada, ramosa. Folhas alternas,
amplas, recortadas, em segmentos assovelados, quase capilares. Flores amarelas,
pequenas, em umbelas terminais, grandes, de raios numerosos e grandes. Calice
inteiro. Corola de 5 peta/as inteiras, quase iguais, curvadas para dentro. 0 fruto econstituido de 2 mericarpos alga comprimidos, pequenos, ovais, estriados,
alongados, esbranqui,ados.
Usa medicinal: Tern as mesmas indicac;:6es terapeuticas que a anis(Pimpinefla anisum), 0 cominho e 0 endro.
Suas sementes sao aperientes 18, carminativas, estomaquicas, emenagogas,empregam-se nas dispepsias19, f1atulencias, c6licas, diarn3ias, v6mitos, etc.
Aumentam a secreC;:8odo leite das miles que amamentam.
18 Aperientes: quando abrem 0 apetite.19 Dispesia: ma digestao.
17
Em cataplasmas, aplicam~se sabre as tumores indolentes e sabre as
ingurgitamentos at6nicos20. Operam como resolutivos21.
As raizes sao diureticas. 0 funcho e usado na alimentac;ao, cru, em saladas,
ou cozido. E muito saudavel.
Parte Usada: Raizes e sementes.
Dose: 10 gramas de sementes para 1 litro de agua; 4 a 5 xicaras por dia.
FIGURA 8 - HORTELA
Familia: Labiadas.
Qutros Nomes: Hortelii-pimenta, menta.
Descri<;iio: Planta de 30 a 60 cm, ligeiramente aveludada. Haste ereta,
quadrangular, avermelhada, ramesa. Ramos eretos e opostos. Folhas opostas,
curtamente peciladas, oval-alongadas, serreadas, algo pubescentes. Flores
violaceas, numerosas, curtamente pedunculadas, reunidas em verticilos separados eformando, na extremidade das hastes, espigas obtusas, curtas, ov6ides, assaz
serreadas, munidas de bracteas na base. Cal ice gamossepalo, tubuloso, de 5
dentes quase iguais. Corola gamopetala, infundibuliforme: limbo de 4 lobos, sendo 0
superior algo maior. 0 fruto e constituido por 4 aquenios.
20 Ingusrgitamento: enfartamento; obstru~o de um vase no organismo. At6nico: que serelaciona com atonia; inerte; debir.
21 Reselutivas: quando fazem cessar inflama90es.
18
Usa medicinal: Na hortela estao reunidas, em elevado grau, as propriedades
antiespasm6dicas, carminativas, estomaquicas, esUmulantes, tonicas, etc.
Prescreve-se a hortela como remedio na atonia das vias digestivas,
fiatul€mcias, timpanite22 (especial mente a de causa nervosa), calculos biliares,
ictericia, palpita90es, tremedeiras, vomitos (par nervosidade), c61icas uterinas,
dismenorreia.
E urn medicamento eficaz contra os catarros das mucosas, ja porque
favorece a expectorac;8.o, ja porque combate a formal):ao de novas materias a
expulsar.
Aplica-se 0 sumo embebido em algodao para acalmar as dores de dente.
As crianyas que tern vermes intestinais, administra-se urn cha de hortela,
para liberta-Ias dos parasitas.
As ma8S que amamentam devem tamar este cha, para aumentar a secre<;aode leite.
Ha tam'bem outras especies de hortelas (Mentha veridis, Mentha crispa, etc)
cujas propriedades medicinais sao id€mticas as da Mentha piperita.
Parte usada: Folhas e sumidades floridas, por infusao.
Dose: Folhas, normal; flares, 10 gramas para 1 litro de agua; 4 a 5 xicaras
pordia.
FIGURA 9 - LOSNA
22 Timpanite: abaulamento do abdome, devido a excessiva acumula~o de gases nosintestinos.
19
Familia: Compostas.
Outro Nome: Erva-dos-vermes.
Oescric;ao: Cresce ate urn metro de altura, mais ou men os. Da em meitas.
Folhas penatifidas, de cor glauco-esbranqui9ada, algo prateada. Sabor amargo.
Flores amarelas.
Usc Medicinal: Emprega-se para: catarros, c6licas, diarreia,
envenenamentos, escr6fulas, estomago (perturbac;6es gastricas diversas), 110res-
brancas, lalta de apetite, figado (alec90es diversas), gripe, hidropisia, histerismo,
mau halito, menstruayao dificil e dolarosa. Em doses maiores que a indicada abaixo,
age como emenagogo23, febrifuga, vermifugo.
Para dares de ventre, ventosidades, diam3ia, c6licas, vomitos, etc., deve,
alem do cha de losna, aplicar-se cataplasmas quentes com lolhas desta planta,
sabre 0 ventre. Em substituic;ao as cataplasmas, podem usar-se compressas. Molha-
S8 urn pano e caloca-se sabre 0 ventre, pando-se outro pano seeD em cima. Cobre-
S8 0 enfermo com urn ou mais cobertores.
A utiliza9ao do cha de losna e muito benefica. Limpa e regulariza 0
funcionamento de diversos orgaos: estomago, figado, rins, bexiga e pulm5es.
Ja se tem conseguido bans resultados, com 0 cha de losna, no combate atisica (tuberculose pulmonar).
Parte Usada: Folhas e flores.
Dose: 20 gramas para um litro de agua. Do cha toma-se uma colher, das de
sopa, de hora em hora.
23 Emenagogas: quando provocam ou restabelecem a menstrua~o, exercendo a~obenefica sobre os 6rga.osgenitais femininos.
20
FIGURA 10 - PATA-DE-VACA
Familia: Leguminosa cesalpineaceas.
Descri9"io: Planta que cresce ate 3m metros de altura. Possi folhas
arredondadas com dois 16bulos, semelhante a uma peg ada de vaca, apresentando
dais espinhos na base. As f10ressao brancas e vermelhas e 0 fruto e do tipo vagemlineal.
Uso medicinal: Tratamento de diabeticos melitus II, fazendo que 0 pancreas
produza mais insulina, ajudando a normalizar a glicose no sangue. E diuretica,depurativa, males do est6mago e rins. Esta planta foi pesquisada pela Escola
Paulista de Medicina de Sao Paulo24, e sua ac;:ao como antidiabetica foi comprovada.Em conjunto com Qutros componentes (tanino e sais minerais) ajuda a baixar 0 nivel
de glicose no sangue. E e exatamente nas folhas que se oculta 0 segredo desta
planta, 0 glicosideo flavonoide25.Parte usada: Folhas.
Dose: Ferver durante 3 minutos uma folha da planta picada em uma xicara
(cha) de agua. Tomar 3 vezes ao dia. Fazer 0 controle do a9ucar com 0 papel
indicado (glicofita).
24 BALBACH, Alfons. As plantas curam. 2.ed. Sao Paulo: Vida Plena. 199525 Sao princlpies ativos gerais da planta. Os glicosldeos sao heterosideo$ que por hidr61ise
se desintegram em alfucar e urn poryao aglicona. Os flavon6ides formam urn grupo muito extenso,podem ser relacionadas algumas propriedades farmacol6gicas como a acao sabre os capilares, a~oem determinados disturbios cardiacos e circulat6rios e ayao antiespasm6dica.
21
FIGURA 11 - QUEBRA-PEDRA
(Phyllanthus niruri)
Familia: Euforbiaceas.
Outros Nomes: Arrebenta-pedra, erva-pombinha, saxifraga.
Descri9iio: Erva anual. Haste ereta, fina, ramosa. Ramos altern os. Folhas
ovais, alternas, pequenas, simulando as foUalos de uma folha imparipenada. Flores
amarelo-esverdeadas, di6icas. Fruto trilocular, com duas sementes em cada loja.
Uso medicinal: Como 0 proprio nome indica, esta planta dissolve as areias e
calculos.E diuretica, fortificante do estomago, aperiente .
Emprega-se nas c6licas renais, cistites, enfermidades cranicas da bexiga,
hidropisia, disturbios da prostata.
Em alguns lugares usam-se as folhas e sementes como remedio especifico
contra diabetes.
Parte usada: Toda a planta.
Dose: 10 gramas para 1 litre de agua; duas a trIOs xicaras por dia.
22
CAPiTULO IV
A APLlCAC;Ao E UTILlZAC;Ao DAS PLANTAS MEDICINAlS ENTRE
ESTUDANTES UNIVERSITARIOS
A pesquisa foi desenvolvida por intermedio de coleta de dados, confec9ao
de questionarios e a posterior analise integrada das informa90es.
No Brasil cerca de 40% dos medicamentos farmac8uticos produzidos, ternprincipios ativos retirados das plantas. Porem, as plantas medicinais comuns e
acessiveis a populayao sao pouco utilizadas au ate mesmo desconhecidas. A tim dese fazer uma mensura9ao da aplica9ao e utiliza9ao das plantas medicinais,
elaborou-se um questionario (Anexo) que foi aplicado entre os alunos do Curso de
Geografia da UTP, tal amostragem revela dados gerais sobre a utiliza9ao e
conhecimento sabre as ervas medicinais. As respostas a este questionario serao
apresentadas em forma de graficos, a seguir:
23
GRAFleO 1 - TOTAL DOS PESQUISADOS
40
O-?-J-J-J- ~ ~f---
± I---
I~
120
100
80
60
20
oTotal Masculino Feminino
o grupo pesquisado foi de urn total de 120 individuos, sendo 60 homens e
60 mulheres, todos estudantes de Geografia da UTP.
24
GRAFICO 2 - IDADE DOS PESQUISADOS
50
~
III I---~
I r---
I I---
lFJ- ,- -Fl-
80
70
60
40
30
20
10
omenDS de 20 20-30 30-40 40-50 mais de 50
o grupo pesquisado foi de urn total de 120 individuos com idade
concentrada entre as 20 e 30 anos, todos estudantes de Geografia da UTP.
25
GRAFICO3 - PLANTASMEDICINAlSMAISCONHECIDAS
70
'0
6059 59
"52
5'
44
41 41 42
f-- I-- e- e- 3.
3634
3131 31
~ l- I- l- I- I-
2'I-- I-- I-- l- I-- I-- l- I-- I--
l- I- l- I-
60
50
40
30
20
Carqueja Erva-doce BoIdo Erva- Camomila Confrei Losna Pata-de- Quebra-cidreira pedre
10 Sexo Masc .• Sexo Fern. I
A pesquisa buscou avaliar se havena alguma discrepancia entre 0
conhecimento das plantas entre as homens e mulheres, porem verificou-se urn
equilibria na popularidade da maioria das plantas entre homens e mulheres.
26
GRAFICO 4 - PLANTAS MEDICINAlS MAIS USADAS
60
20
l- I:::- I-
- - I- r-- -
f- l- I- - l-I. iI
50
40
30
10
Arnica Carqueja Erva-doce BoIdo Erva- Camomila Confrei Losna Pata-de- auebra- Hortelacidreira pedra
losexo Masc .• Sexo Fern.
Entre as plantas mais utilizadas entre as homens destaca-se 0 confrei que epraticamente usado pelo dobra de homens do que de mulheres. Outras plantas mais
usadas pelos homens tambem se destacam a arnica, 0 beida e a losna. A mulher
utiliza mais a camomila e a hortela.
27
GRAFICO 5 - PLANTAS MEDICINAlS QUE
QUESTIONARIO
NAo CONSTAVAM NO
12
10
-
--
- r-
I I- r-- r-- - r-- I-
Menlruz Espinheira-santa
Malva Capim-limoo Guaco Alecrim Tansagem
10 Plantas mais citadas I
o questionario solicitou que fossem citadas outras plantas medicinais
conhecidas e que naD constavam na lista apresentada no questionario, varias
plantas foram citadas e as que apareceram em maior numero de vezes foram
apresentadas no grafico acima.
28
GRAFICO 6 - UTILIZACAO DAS PLANTAS MEDICINAlS
Diariamente Semana!mente Mensalmente Raramente Ouandohanecessidade
Nunca
10 Frequencia Masc .• Frequencia Fern.
Observa-se que as plantas medicinais na sua maioria sao utilizadas quando
hi! necessidade decorrente de algum problema de saude, e que sua aceitayao emuito grande levando-se em conta a variavel "nunca" que e baixa.
29
GRAFICO 7 - FAMILIARES QUE UTILIZAM PLANTAS MEDICINAlS
50
'---
I
'---
J-~[ ~
I 1-=:7
70
60
40
30
20
10
oAdultos Idosos Adolescentes
10Utilizayao em % I
o que chamou a atenyao neste resultado foi a pequeno numero de
adolescentes (ficando pouco acima de 10%) que fazem usa das plantas medicinais e
tambem as idosos que alcanc;am cerca de 40%. A crenga que as ervas medicinais
sao chamados de "remedio da vovo", nao se efetivou neste grupo pesquisado.
30
GRAFICO 8 - LOCAL DE OBTEN<;:Ao DE PLANTAS MEDICINAlS
Casa Amigos Loja Quiros
10Homens • Mulheres I
o cultivo caseiro das ervas medicinais mantem-se como a maior fonte
desses recurSDs, mas as lojas especializadas tern se tornado tambem urn fornecedor
eficiente.
31
GRAFICO 9 - EFICAclA DO PRODUTO
60
50
40
Raramente 50% 70% 100% Naoresponderam
A maioria dos pesquisados (46%) obtem bons resultados, as ervas funcionam
70% das vezes; em 24% dos entrevistados, as ervas funcionaram 50% das vezes; e
em 20% dos entrevistados as ervas funcionam 100%. Afirmam que raramente as
ervas funcionam somente 0,04% dos entrevistados.
32
GRAFICO 10 - ASPECTOS POSITIVOS DA UTILIZACAo DAS PLANTAS
MEDICINAlS
70
30
,-r-
r-
r-
f- --
r- r-- r--
f- I-- I-- -n-n n I I n
60
50
40
20
10
Sabor~.el
10 Respostas mais citadas I
o questionario solicita que sejam citados aspectos positiv~s das ervas
medicinals de conhecimento dos entrevistados, e se destacam tres fatores principaispelos quais as entrevistados utilizam as ervas. Em primeiro lugar par ser natural, em
segundo a relac;ao de custo (par ser mais barato que 0 remedio convencional), e emterceiro porque nao contem efeitos colaterais au nao passui contra-indicac;:aes.
33
GRAFICO 11 - ASPECTOS NEGATIVOS NA UTILlZA<;AO DAS PLANTAS
MEDICINAlS
30
15
r-
r-r-
r-
r- r-
_r-_ - _r-r-
- - - - - - -n-25
20
10
I[J Respostas mais citadas I
o que chama a atenC;80 nessa resposta e a grande numero de entrevistados
que naD ofereceram nenhuma resposta (23%); 9,1% afirmam que desconhecem as
aspectos negativDs, e ainda 20% afirmam que naD ha aspectos negativos. A
ale9a98o sabre a falta de conhecimento de como S8 utiliza e a demora nos
resultados das ervas medicinais e a preocupac;:ao de 11,6% dos entrevistados. Hatambern a preocupac;ao com as riscos causados pelo usa indiscriminado ou erroneo
das ervas medicinais (9%).
34
CAPiTULO V
ANALISE DOS DAD OS
Vivemos urn momento de valoriza~ao da busca da harmonia com a Natureza
e da utiliz89ao maior dos recursos naturais na preven980 e na propria cura das
doen9as.
Porem as resultados das res pastas as perguntas elaboradas e aplicadas no
questionario aos alunos de Geografia da UTP apresentam uma necessidade de
maior elucida9ao ao publico em geral das propriedades e forma de utiliza9ao das
plantas medicinais.A pesquisa comprovou que as plantas sao bern populares entre as
entrevistados e utilizadas com grande freqOencia. No entanto, naD sao real mente
conhecidas quanto a sua ap1ica9ao,cuidados, utiliza9ao e eficacia.
Ha uma urgente necessidade da populariza98o do conhecimento, atraves da
midia, folhetos e outros meios de comunica9ao para que a popula9ao possa utilizar,
de forma mais consciente e segura, as plantas medicinais e tornar a fitoterapia uma
alternativa de tratamento principalmente para as popula¢es de baixa renda, que
terao ao seu dispor urn produto saudavel, barato e eficaz.
o interesse comercial vem crescendo nesse ramo, e cre-se ser uma
alavanca para que 0 "modismo" se tome uma proposta segura de melhoria das
condi¢es de tratamento para a popula9ao em geral, dentro de urn paiS que disp6e
de uma riquissima e vasta floresta na sua diversidade biol6gica.
35
CONCLusAo
Desde 1978, a Organizayao Mundial de Saude, 6rgao ligado a ONU, tem
incentivado entidades de saude a se organizarem e fazerem urna avaliac;ao dos
metodos natura is, principal mente da fitoterapia, pois entende que este e urn metodade cura ideal, que esta ao alcance de tada a populac;c3o, desde os mais simples, aos
que vivem nas zonas rurais e as que estao na periferia das metropoles com rendas
pequenas e medias, e ate aqueles que tem cultura e posses econ6micas e que
estao preocupados com a grande quantidade de produtos quimicos, sinteticos,
usados nas formulac;oes de medicamentos e sabem que na maiaria das vezes traz
serias conseqCu§ncias para a saude.A justificativa para a realizayaodeste trabalho foi respondida positivamente,
o que e observavel atraves dos resultados da pesquisa que mostram uma
preocupac;ao com as efeitos colaterais dos remedios 5intetl005,- que chega a mais
de 60% dos entrevistados -, e e um dos fatores preponderantes que leva as
pessoas a procurarem as plantas medicinais como alternativa de tratamento.
Os objetivos especificos do trabalho tambem foram alcanyados com
sucesso, - que eram 0 resgate hist6rico e a catalogac;ao das onze plantas
escolhidas para a pesquisa -, isso foi possivel grac;as ao esforc;o de diversos
estudiosos que tem se dedicado ao estudo, manipulac;ao e preservac;ao tanto das
especies como do cabedal de conhecimentos a elas ligados. A literatura disponivel e
ampla e de fadl acesso. 0 que possibilitou a execuc;ao completa desses objetivos.
No entanto, hi! um desejo geral de que se explore e utilize-se desses
recursos 0 mais rapido possivel, antes que 0 progresso e a devastac;ao das matas
extermine especies sem ao menos serem conhecidas e pesquisadas.
A pesquisa realizada entre os alunos do Curso de Geografia mostrou
tambem um dado caracteristico quanto ao desconhecimento dos efeitos colaterais
das plantas medicinais (93,3% nao tinham conhecimento). Como um dos objetivos
deste trabalho tambem e trazer informac;ao, propoe-se que seja criado urn
informativo para ser levado ao conhecimento dos participantes da pesquisa, sabre
os possiveis efeitos colaterais ou danosos causados pelo usa inadequado das
plantas medicinais. A proposta para uma um informativo encontra-se em anexo.
36
ANEXOS
ANEXO 2 - QUESTIONARIO PLANTAS MEDICINAlS
1. Sexo( ) masculino ( ) feminino
2. Idade( ) 20 -30 anos ()30 -40 () 40 - 50 () 50-60
3. Quais destas plantas medicinais voce conhece?
) arnica ( ) carqueja () erva-doce - funcho
) boldo do chile ( ) erva cidreira ( ) camomila () conlrei
) losna ( ) pala de vaca ( ) quebra - pedra ( ) hortelii
4. Quais voce faz usa?
) arnica ( ) carqueja () erva-doce - funcho
) bolda do chile ( ) elVa cidreira ( ) camomila () confrei
) losna ( ) pala de vaca () quebra - pedra ( ) hortelii
5. Cite cutra planta que voce utiliza e nao esta presente nesta lista.
6. Com que freqLu§ncia voce faz usa de plantas medicinais?
) diariamente ( ) semanalmente ( ) mensalmente ) raramente
) quando ha necessidade
7. Pessoas da familia que fazern usa de plantas medicinais com maior frequencia.
) crian~s () adullos ) idosas ( ) adolescentes
8. Local cnde adquire 0 produto.
) em casa ( ) com amigos ( ) loja especializada () outros
9. Qual a efic.kia do produto que voce utiliza?
) raramente da resultado ( ) 50% das vezes ( ) 70% das vezes ( ) 100%
10. Cite 2 aspectos positiv~s na utiliza~ao de plantas medicinais.
11. Cite 2 aspectos negativos na utiliza~ao de plantas medicinais.
39
40
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
BALBACH, Alfons. As plantas curam. 2. ed. Sao Paulo: Vida Plena, 1995.
BOTELHO, Marina. Cultivo de ervas aromaticas e temperas. Rio de Janeiro:Tecnoprint, 1987.
BOTSARIS, Alexandros Spyros. As formulas magicas das plantas.
BRUNING, Jaime. A saude brota da natureza. 16. ed. Curitiba: PUC, 1996.
CORREA, A. D. et al. Plantas medicinais: do cultivo a terapeutica. Sao Paulo:Vozes, 1998.
EDLER, Flavio; FONSECA, Maria R.F. Saber erudito e saber popular na medicinacolonial. Boletim ABEM, v. 29. n. 1. jan.lfev. 2001.
FRANCO, Ivacir Joao (Pe.). Ervas e plantas: a medicina dos simples. Erexim:Imprimax, 1998.
FRANCO, Lelington Lobo. As sensacionais plantas medicinais: 50 campeas depoder curativo. 2. ed. Curitiba: Santa Monica, 1996.
htlp:lleducadi.psico.ufrgs.br/-Iaurolervas-med/texto-coletivo.hlm
KORBES, Vunibaldo Cirilo (Irmao). Plantas Medicinais. Francisco Beltrao:Associa9ao de Estudos, Orienta9ao e Assistencia Rural, 1995.
LAINEITI, Ricardo; BRITO, Nei R. S. A cura pel as ervas e plantas medicinaisbrasileiras. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1979.
NEVES, Edison S. Plantas medicinais na saude publica. p. 181.
PLANTAS que curam. Sao Paulo: Editora Tres, 1996. V.1-2.
REVISTA de Inicia9ao Cientifica. Identifica980 dos Medicamentos Convencionais ede Plantas Medicinais Utilizadas em Fitoterapia da regiao da Serra do Cip6, MG.Bela Horizonte: Unicentro Newton Paiva.
TESKE, Magrid; TRENTINI, M. M. Anny. Herbarium: compendio de fitoterapia. 3.ed. Curitiba: Herbarium Laborat6rio Botanico, 1995.
www.canalvip.com.br
www.cotianet.com.br/eco/herb/hist.htm
www.fitoterapia.com.br/portugs~nform.htm