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AS MARGENS DA LINGUÍSTICA: FALAS PATOLÓGICAS E A HISTÓRIA DE
UM DESENCONTRO.
Maria Francisca LIER-DE VITTO1
LAEL e Derdic - PUCSP
RESUMO
Este artigo um apresenta e discute, de forma crítica, o modo de presença (ausência?) de
manifestações de falas/discursos sintomáticos no âmbito oficial dos estudos linguísticos.
Argumenta-se que tais ocorrências têm estado à margem das reflexões linguísticas e recolhidas pelo
campo da Patologia (Medicina, Fonoaudiologia, Psicologia, Psicanálise) como mero sinal de
perturbação em outros domínios, quais sejam: orgânico, mental-comportamental ou psíquico. Fato é
que a linguagem seja na Linguística, seja nos estudos clínicos perde fôlego e não acede a objeto
teórico convocado nas explicações sobre manifestações sintomáticas. Resumidamente, o objetivo
deste trabalho é refletir sobre as razões subjacentes a tal marginalidade. Para isso, parte-se de um
levantamento bibliográfico representativo sobre o assunto. O assento teórico desta reflexão
desenvolveu-se e se desenvolve no interior do Grupo de Pesquisa CNPq: Aquisição, patologia e
clínica de Linguagem, no LAEL-Derdic/PUCSP.
Pode-se afirmar que as ditas patologias da linguagem têm estado à margem das reflexões
linguísticas. De fato, são raros os centros (departamentos, programas, institutos) de estudos
da linguagem que têm uma área especificamente voltada para a investigação das falas
sintomáticas2. É notável, também, a escassez de publicações acerca do assunto. Assim,
tendemos a concordar com Jakobson que “a ciência da linguagem passa em silêncio [frente
a elas] como se as perturbações da fala nada tivessem a ver com a linguagem” (1954, p.
35). Este estudo fará uma reflexão sobre o assunto.
Pode-se pensar que uma história aparece aqui, uma vez que o assinalamento de
Jakobson foi feito 50 anos atrás, na metade do século XX. Mas, como essa marginalidade é
persistente/insistente, o fato interessa-me mais do que sua história já que o modo de existir
das falas patológicas no campo da Linguística não é propriamente o de uma sucessão
1 Professora da PUS/SP, doutora em Linguística. [email protected] 2 No Brasil, por exemplo, apenas o IEL-UNICAMP, a PUCRS e o LAEL-PUCSP podem ser indicados. Na
UNICAMP, a área de Neurolinguística e o Centro de Convivência de Afásicos. Na PUCRS, desenvolvem-se
estudos e pesquisas sobre Desvios Fonológicos. Na PUCSP, o Projeto Aquisição e Patologias da Linguagem,
que desenvolve uma reflexão sobre diferentes quadros sintomáticos de crianças e adultos (distúrbios
articulatórios, distúrbios de leitura e escrita, retardo de linguagem, afasias, gagueira) e, também, sobre as
instâncias diagnóstica e terapêutica da clínica de linguagem. Essa situação marginal das falas patológicas não
é diferente em outros países.
2
temporal, mas o de uma repetição. Por isso, em outros trabalhos eu falei da escassez
sintomática de uma reflexão sobre essas falas no âmbito da ciência da linguagem (LIER-
DE VITTO, 1999, 2000, 2002). Meu objetivo aqui será, portanto, abordar as razões
subjacentes a essa marginalidade.
O ponto central diz respeito ao ideal do linguista, qual seja, o de homogeneidade.
Não foi outro o resultado mais marcante de seu empreendimento senão o da produção de
gramáticas3 - ferramentas de redução e medida das produções linguajeiras. Não se trata de
recusar que os gramáticos tenham tocado uma verdade a respeito da linguagem – toda
língua é passível de gramaticalização: há, portanto, do retorno do mesmo nas línguas.
Como diz Milner, “as línguas têm propriedades que explicam ser a atividade gramatical
possível” (1989, p. 54) e justificável. O problema está em que se passa diretamente dessa
verdade para o campo da legislação, ou melhor, regras adquirem o estatuto de normas de
conduta, i.e., ditam o que “pode/deve” e, por consequência, o que “não pode/não deve ser
dito”. Preso na forquilha do verdadeiro/falso, grande parte do que é efetivamente dito
torna-se “falso” e, por aí, desinteressante, irrelevante4. Desnecessário dizer que no extremo
dessa “irrelevância” ficam as falas sintomáticas.
A Linguística Científica não diz menos desse ideal de homogeneidade5. Na
verdade, ela o aprofunda: quer atingir o invariante universal da linguagem. La langue –
primeira enunciação do “objeto teórico” da Linguística - não dá lugar ao heterogêneo da
fala, ao contingente, ao irregular-imprevisível. Sua marginalidade vem como efeito da
coroação do ideal de universalidade e como derivação lógica da postulação desse objeto.
De fato, para Saussure, a “realidade [da linguagem] é independente da maneira como é
executada” – independente da face externa/sensível da linguagem.
Assim, a Linguística “propriamente dita” deve ter como meta, diz ele, “conhecer
[esse] organismo linguístico interno” (Saussure, 1916, p. 31) e, para isso, deve-se
“elimin[ar] tudo o que seja estranho [externo] a esse organismo [interno]” (op. cit., p. 29)
Nessa oposição interno/externo, eliminado deve ser, então, aquilo que diga respeito à fala
3 Os linguistas puderam escrever um conjunto de proposições empíricas sobre a linguagem (erigiram
categorias universais e regras para línguas particulares). Uma conquista, sem dúvida importante, como disse. 4 Interessa sobre esse ponto a discussão encaminhada por Glória Carvalho (1995). 5 Refiro-me às obras de Saussure e Chomsky, dirigidas por um raciocínio em conformidade com o ideal de
ciência galileana, inaugurado no século XVI. Sobre isso, ver Milner (1989) e Koyré (1957, 1966/86,
1973/91).
3
(la parole), ao domínio da execução. A Linguística que recebe o título de ciência é aquela
que se atém “à gramática do jogo”, à “ordem própria/interna da língua” (op. cit., p. 32) que,
aliás, está na origem tanto no projeto estruturalista representado pela obra de Saussure,
quanto no projeto gerativista representado pela obra de Chomsky (De Lemos, 1999, 2002).
Em ambos, as manifestações efetivamente produzidas (no tempo e no espaço) são
irrelevantes. Esclarecida fica, assim, a marginalidade a que são relegadas a fala6 e as falas
sintomáticas.
Seria plausível supor, então, que linguistas interessados no uso da linguagem, nas
manifestações que ocorrem no tempo e no espaço, incluíssem em suas considerações as
falas ditas patológicas - mas não é esse o caso porque o ideal de homogeneidade persiste.
Na Pragmática Linguística, área dirigida para o estudo da interação/comunicação, a
situação é idêntica. Interessa aos pesquisadores estabelecer “princípios [cognitivos] gerais
subjacentes, que explicariam, também, eventuais fracassos
[interacionais/comunicativos/conversacionais]”7. Aqueles, cujo interesse está voltado para
os fracassos, “usam os métodos da pragmática para investigar desordens na interação
linguística - para contribuir para prática clínica e também para a elucidação da interação
linguística humana em geral [...]” (MÜLLER, J., 2000, p. 1) (ênfase minha). Fala-se em
“desabilidade comunicativa” (PERKINS. M., 2000), em ‘distúrbio comunicativo/cognitivo”
(WILSON & MCANULTY; 2000), em “desordens interacionais” (FERGUSON, 2000;
SACKS, SCHEGLOFF & JEFFERSON, 1974), em “comportamento comunicativo
atípico”. Há outros que abordam a “relação assimétrica” no contexto das entrevistas
clínicas (GROSSEN and SALAZAR-ORVIG, 1998; HUDELOT, 1998; SALAZAR-
ORVIG,1998; MONDADA, 1998).
Entendo que o interesse pela interação/comunicação tem funcionado como barreira
para uma aproximação às falas sintomáticas, já que a assimetria interacional é referida à
especificidade do contexto da interação e à diferença de “posição” e/ou “papel” dos
interlocutores (ANDRADE, 2000; ARANTES, 2000). Por aí, a “dissimetria marcante entre
6 É questão polêmica dizer que a “fala” é esquecida por Saussure. De fato, no Curso e nos Escritos (2002) são
inúmeros os lugares em que o autor implica a fala na argumentação (De Lemos, 1995). Não cabe neste
trabalho discutir essa questão. Atenho-me à definição de la langue. 7 Cabe chamar a atenção para o uso e “gerais” na afirmação de Verschueren porque ele é indicativo da
determinação de uma universalidade que, sem dúvida, desvia o olhar para o heterogêneo como “proposição
4
a fala do sujeito e a do terapeuta não chega a ser tocada” (ANDRADE, op. cit.) e não se
indaga sobre sua participação nas perturbações da interação/comunicação. As falas
sintomáticas e seus possíveis efeitos são deixados mais uma vez à margem8. Nesse
enquadre, é mesmo surpreendente que esses estudos se auto-nomeiam como pertinentes ao
campo da “Language Pathology”.
Nessa “ciência da aplicação” (MÜLLER, 2000), não se leva em conta a qualidade
das falas e sim o formato desordenado da interação lingüística, “consequente à violação de
princípios cognitivos gerais”. A estranheza das falas sintomáticas não interroga os
pesquisadores dos “fracassos comunicativos” e nem poderia, a rigor. De fato, Verschueren
nos diz que “A Pragmática não se ocupa propriamente das formas da linguagem” (1995: 1).
Dito de outro modo, essa área não empreende uma reflexão sobre a estrutura9 - mas a
pressupõe como “conhecimento internalizado” (op. cit.). Sendo esse o caso, replica-se, na
Pragmática, sob outra roupagem, o mesmo ideal de homogeneidade que norteia o fazer do
gramático (LIER-DE VITTO, 1998 a, 2000)10.
O caso da Aquisição da Linguagem apresenta um perfil particular. Nela, o encontro
com a natureza errática da fala da criança é incontornável. Seria de se supor, então, que a
interrogação pelo “não simetrizável/regularizável” motivasse a reflexão desse campo. Mas,
como mostrou Cláudia Lemos (1982, 1995, 2002 entre outros), grande parte do que a
criança diz é “higienizada” (op. cit.: 1982). Isso porque essa área faz complemento à
Linguística (M.T. LEMOS, 1994), ao lançar mão de seus aparatos gramaticais para
descrever a fala da criança (DE LEMOS, 1982, 1986, 1999, 2002 entre outros; FIGUEIRA,
1995 entre outros; PEREIRA DE CASTRO, 1992 entre outros; LIER-DE VITTO, 1998).
Por aí, nesse exercício de aplicação, perde-se o específico e a qualidade especial do
problemática’. Desse modo, ele acaba reduzido ao espaço não menos homogêneo “do que desvia”, de
exemplo de violação de princípios gerais. 8 Assume-se que nas afasias, as desordens na fala são causadas pela lesão cerebral –o problema não é,
portanto cognitivo. Quanto a patologias de linguagem que envolvem crianças, elas teriam doenças
neurológicas ou estariam sintomaticamente atrasadas no processo de aquisição da linguagem - o que poderia
indicar ‘deficiência mental’ ou ‘problema emocional’. As patologias da linguagem não seriam, portanto,
assunto para a Pragmática e sim para áreas clínicas. 9 De fato, a Pragmática se define em relação à Sintaxe e à Semântica (Morris, 1938). 10 Pressupostos da pragmática, que são impeditivos da inclusão de “erros no uso da linguagem” em suas
considerações, foram tema de um painel, coordenado por Cláudia de Lemos, no 6th Internatinal Pragmaitcs
Conference, realizado em Budapeste-Hu. Dele participaram, além da referida coordenadora, Mariluci Novaes
(UFRJ), Maria Fausta Pereira de Castro (UNICAMP), Silvana (UNICAMP), Lourdes Andrade (PUCSP),
5
acontecimento (a própria fala da criança). Não é diferente (na diferença) o que decorre na
aproximação à Pragmática.
Alguns (BATES et alli (1997); Fletcher & Ingham (1997) procuraram definir o
sintoma na linguagem com base em ocorrências de “formas lingüísticas atípicas” e que
outros (CRAIG, 1997; BRINTON & FUJIKI, 1982; CURTISS & TALLAL, 1991)
buscaram relacioná-lo a deficiências estritamente pragmáticas (insensibilidade contextual e
interacional). Esses últimos pesquisadores observaram que produções sintomáticas podem
conter “formas linguísticas típicas” ,mas inadequadas do ponto de vista pragmático, i.e.,
com violações de regras pragmático-discursivas. Eles observaram mais: que formas
atípicas são produzidas por crianças “normais” e típicas por crianças com falas
sintomáticas. Desconcertante é ler, nos trabalhos desses autores, que típicas ou atípicas,
essas produções parecem não perturbar a interação/comunicação11.
Procurei indicar que as falas sintomáticas não têm lugar na Linguística e na
Pragmática. Na Aquisição da Linguagem, em que a fala da criança não pode ser evitada,
assiste-se à situação paradoxal da (re)convocação dos campos acima pela via da aplicação
de seus recursos descritivos. Convocação, diga-se, indiferente aos limites que devem ser
admitidos e que são decorrentes da natureza das questões e da investigação seja da
Linguística, seja da Pragmática. O não-reconhecimento desses limites, e sua conseqüente
ultrapassagem, parecem responder tanto pela inconsistência de seus resultados (atestado do
descompromisso com a especificidade de “falas estranhas”). Fato é que as tentativas de
ajustar o heterogêneo a aparatos que atendem ao ideal de homogeneidade não têm se
mostrado eficazes para abordar sejam os erros “normais”, sejam os “sintomáticos”.
Os comentários feitos até aqui permitem suspeitar da força do raciocínio de tipo
binário verdadeiro/falso (certo/errado, válido/inválido, feliz/infeliz), que sustenta o ideal de
homogeneidade, para refletir sobre as falas patológicas. Eles permitem, acima de tudo, ver
que as falas sintomáticas permanecem à margem: seja porque não participam do rol de
questões da Linguística ou da Pragmática, seja porque elas são resistentes demais à
aplicação de instrumentais descritivos. Dito de outro modo, as falas patológicas não cabem
Lúcia Arantes (PUCSP) e Maria Francisca Lier-De Vitto (PUCSP). Os trabalhos aparecerão em número da
revista Pragmatics, em 2003. 11 Para uma discussão mais aprofundada sobre esse assunto, ver Lier-De Vitto, 2000-no prelo, 2001.
6
nos projetos tradicionais/oficiais dos estudos linguísticos. Não é, portanto, sem razão que
seu modo de presença seja o da repetição de uma “marginalidade”.
Se elas ficam ao desabrigo desses projetos por razões relacionáveis à natureza de
seus programas científicos, deve-se perguntar como ficam em campos em que o
“patológico” é acontecimento que ganha realidade e funda clínicas. “Realidade” já que
clínicas existem porque uma alteração insistente, que ultrapassa o limite da variação
aceitável e da polaridade “certo-errado” (LIER-DE VITTO & ARANTES, 1998; LIER-DE
VITTO, 2002). Se, na instância diagnóstica de qualquer clínica, a questão nodal é decidir
sobre o “normal e o patológico” (ARANTES, 1994, 1996, 2001), para decidir sobre isso,
procura-se fazer referência ao que se assume como “normal”. Nesse ponto, inúmeros
problemas surgem.
Na Medicina, consideram-se experiências biológicas. Os achados da Fisiologia
determinam as “funções normais de que [o patológico] seria uma expressão perturbada,
exagerada, diminuída ou anulada” (CANGUILHEM, 1943/1990: 45) e “normalidade” é
definida como saúde dos órgãos12. Como diz Canguilhem, a Fisiologia, “ciência da vida”,
oferece à Medicina, “ciência da doença”, base para uma decisão clínica sobre normal e
patológico, este último, logicamente, “não passa nunca de uma fisiologia desviada” (op.
cit., p. 72). A Fisiologia fornece, portanto, a norma e a Medicina define o patológico como
desvio da norma. Esses campos articulam-se, portanto, por necessidade.
É perfeitamente compreensível, nesse enquadre, que perturbações na fala sejam
notadas e anotadas como um dos sinais (entre outros) de alterações fisiológicas, e que
sejam referidos a um quadro nosológico de doenças. Assim, afasia é sinal de lesão cerebral;
desarranjos na pronúncia de palavras, sinais de distúrbios articulatórios e assim por diante.
É exatamente a classificação/tipologização de doenças (a nosografia) que responde, no
âmbito da clínica, ao ideal de homogeneidade. Interessa dizer que a fala, enquanto “sinal”,
é mero comportamento alterado e não chega a interrogar os médicos – expressão disso é
que não há terapêutica para a fala (FONSECA, 1995, 2002). O que os interroga é a causa
orgânica, assumida como determinante de qualquer disfunção observável. Não se poderia
esperar outra coisa desse campo dada a natureza do programa científico que conduz.
7
Importa, contudo, assinalar que a fala/linguagem fica à margem.
Se Fisiologia e Medicina fazem pacto e instituem-se em grande parte à revelia do
“doente” – que é “posto entre parênteses” (FOUCAULT, 1987) -, esse não poderia ser o
caso das Psicologias e da Psicanálise, áreas que existem para atender o sofrimento dos
humanos. Note-se que “a dor não está no plano da natureza” ... “não é um fato de
doença” (LERICHE, apud CANGUILHEM, 1943/1990: 71) – a dor/sofrimento é sempre
pessoal, subjetivo - “entre parênteses”, então, nesses campos, deveria ficar mais a
condição orgânica do paciente. Pode-se dizer que as Psicologias Clínicas não cumprem
efetivamente sua meta porque não abandonam a observação de comportamentos
(VORCARO, 1997) e o “patológico” é identificado a comportamentos desajustados do
ponto de vista social. Nesse movimento, a decisão sobre “normal e patológico” complica-
se, de fato.
Para garantir “objetividade” ao campo, são implementados métodos “rigorosamente
científicos para detectar o entrave que a criança representa ao projeto social” (op. cit., p.
35). Baterias de testes e/ou provas são implementadas para garantir a “objetividade” do
diagnóstico e, por aí, obtura-se a subjetividade, a singularidade do acontecimento
sintomático. Deve-se dizer que problemas quanto à detecção de comportamentos patológico
são freqüentes. Pode-se, inclusive chegar ao resultado aberrante de indicar como
“patológicas” manifestações perfeitamente “adaptadas” porque respostas “adequadas, mas
não-esperadas” são desprezadas ou consideradas sintomáticas. Adequadas são apenas as
respostas previamente fixadas pelos testes (Andrade, 1998).
As Psicologias aproximam-se, assim, do ideal classificatório da Medicina. Mas
note-se, se a Fisiologia pôde fixar um padrão universal de saúde, a Sociologia não pôde
chegar a isso – há heterogeneidade de “padrões sociais” e em cada um deles mais
heterogeneidade. O resultado disso é que fica-se ou com um parâmetro imaginário de
normalidade (com uma “máscara de objetividade”), ou sem qualquer parâmetro objetivo
(caso em que conta a intuição do terapeuta, livre de qualquer regulação teórico-clínica). Em
ambos as tendências, deve-se admitir que uma fala perturbada deixa seus efeitos na escuta
“subjetiva” do terapeuta, que a anota como “sinal de doença psíquica” e de desadaptação
12 É certo que “não há nada na ciência que antes não tenha aparecido na consciência”, pontua Canguilhem
(1943/90: 68). Não menos certo, porém é que a doença passa a existir na ciência do médico, desde que causas
8
social. As características da fala não são sequer mencionadas (OLIVEIRA, 2001)
A Psicanálise afasta-se dos métodos objetivos de observação, não “obtura a
singularidade” e dilui a oposição normal vs patológico. Ou seja, a Psicanálise não adota um
padrão orgânico nem social como parâmetros - não há parâmetro de normalidade. A base
para o tratamento é o “mal-estar” enunciado pelo sujeito, que é sua própria medida. Aqui,
“sinais” observáveis cedem lugar à importância do “sintoma” – do “sinto-mal”
pronunciado pelo sujeito. Tem-se que nessa talking cure, o sujeito é protagonista e sua fala
o lugar mesmo dele (seu sintoma) aparecer. As manifestações ditas patológicas de fala não
deixam de ser reconhecidas. Mas, como diz Vorcaro (no prelo),
São escassos estudos psicanalíticos referentes às surpreendentes
manifestações subjetivas na fala [que] mesmo constatadas como
estranhas, produzem interrogações sobre sua procedência, suas operações
e seu funcionamento” (a sair). Ou seja, as desordens na fala são
“relegadas à exterioridade [desse campo]” e são marginais porque na
Psicanálise - “não se desdobram as vicissitudes pelas quais o simbólico é
implantado na substância orgânica ao ponto de subvertê-la em uma
condição enunciativa que distingue uma subjetivação singular (op. cit.).
Como se vê, o interesse da Psicanálise pela fala sintomática é muito diferente
daquele da Medicina ou das Psicologias. Trata-se, como diz Vorcaro, de considerar nas
manifestações estranhas (ou não), a condição enunciativa de uma subjetividade singular.
Acontece que certas falas sintomáticas podem ser obstáculo ao exercício da clínica
psicanalítica13, mesmo que manifestações inequívocas de uma singularidade (FONSECA &
VORCARO, 1998) – elas introduzir limites para a técnica. Não está em causa aqui a
legitimidade dessa clínica, nem a consistência de sua teorização, mas cabe sublinhar que
falas sintomáticas não chegam a interrogar (como pontua Vorcaro) e sinalizar que um
interesse mais “linguístico”, pela qualidade de enunciados estranhos, conflita com os
objetivos dessa área - eles permanecem de lado, marginalizados.
Deixei deliberadamente para o final deste trabalho a Fonoaudiologia porque “a fala
patológica” é advogada como objeto desse campo. Se a Medicina recolhe o organismo
doente; as Psicologias clínicas, o sujeito desadaptado e a Psicanálise o drama subjetivo; a
orgânicas puderam ser estabelecidas ... a queixa do doente eliminada ou prevenida.
9
Fonoaudiologia pretende recortar seu espaço com a fala patológica. Veremos como ela tem
procurado lidar com a oposição normal-patológico. Procurarei mostrar que é de uma forma
que marginaliza o acontecimento linguístico, que esse campo pretende eleger como “seu
objeto”. Essa área não poderia se esquivar da exigência de movimentar um raciocínio
clínico que implicasse fortemente a linguagem. Melhor dizendo, ele deveria movimentar
um raciocínio clínico motivado pela fala sintomática. Como procede a Fonoaudiologia?
Surpreendentemente, de um modo que elimina a reflexão sobre essa fala.
Tendo em vista que a linguagem, sob a figura de falas patológicas, ocupa a cena
clínica, o fonoaudiólogo não tem podido evitar o encontro com a Linguística, que tem, na
Fonoaudiologia, basicamente dois modos de presença (concomitantes ou não). Um deles
remete ao tipo de leitura que dela se faz e outro ao uso de seus instrumentais descritivos.
Quanto à leitura, ecos da Linguística são apreensíveis nos discursos explanatórios de
diferentes quadros patológicos de linguagem (FARIA, 1995, HÜTNER, 1999; LIER-DE
VITTO, 2000; BENINE, 2001; FONSECA, 1995, 2002). Contudo, chama a atenção que
noções e conceitos sejam importados, mas que seu uso os esvazie de conteúdo teórico
(“fonema = som”; “aquisição = aprendizagem”, “competência = conhecimento sobre”, etc.
- LIER-DE VITTO, 2000; LANDI, 2000 e outros). Essa fragilidade argumentativa retém
apenas uma fachada de cientificidade, uma vez que termos têm ali “função puramente
ritualística”, “perdem [sua] força explanatória”, dado que “distinções importantes de
noções são obscurecidas”. Assim termos emprestados são incorporados (no caso da
Fonoaudiologia) “com toda vagueza das palavras correntes” (CHOMSKY, 1959/69: 332).
Entendo que falta de rigor é sintoma de um gesto de leitura que faz perder de
vista as falas sintomáticas – um gesto pautado em necessidades práticas: na alegada
“urgência da clínica”, que é transferida para o espaço da reflexão, em que “urgência” não
tem lugar. Aplicação é o que governa essa aproximação e, ainda assim, o fonoaudiólogo
retira da Linguística a possibilidade de “dizer algo sobre a linguagem” mas, como disse,
num discurso traído em sua consistência. Importa que a Linguística não faz pensar sobre a
linguagem mas, ao contrário, é chamada se pronunciar sobre as falas patológicas – sobre o
que ela só pode ignorar, como vimos acima.
13 Isso porque, como assinalou Vorcaro, as escanções freqüentes e prolongadas interferem na “escuta
flutuante”. Diz ela, que o psicanalista, nesses intervalos prolongados é tentado a antecipar, completar a
10
A derrocada teórica de noções/conceitos/articulações argumentativas expressa-se,
também, na interdisciplinaridade que permeia os trabalhos do campo. De fato, seria
ingênuo ignorar que “linguagem” e “aquisição” pudessem coincidir quanto ao sentido e
posição na Linguística, na Medicina ou na Psicologia. O não discernimento dessas
diferenças embaralha noções numa mescla sem base ou horizonte teórico (LIER-DE
VITTO, relatório CNPq/2000; LANDI, 2000) e, com isso, “linguagem” é expressão
desproblematizada, alinhada ao senso comum.
O que resulta desse gosto pela interdisciplinaridade são, de fato, tentativas de
explicação que insistem na etiologia - expressão do vínculo do campo com o pensamento
causalista. O sintoma na linguagem é reduzido a mero sinal externo/visívelobservável de
problema em outro domínio, seja ele o orgânico (FONSECA, 1995, 2002; LANDI, 2000,
VASCONCELLOS, 1999; FARIA, 2004), o ambiental e/ou o cognitivo (FARIA, 1995,
2004; LEITE, 2000). Repete-se, nessa extensão, o lugar da linguagem na Medicina e nas
Psicologias, assim como o mesmo tipo de raciocínio clínico. Nessa trama multidisciplinar,
a ambição de cientificidade da Fonoaudiologia dilui-se na diluição do compromisso com
uma teorização sobre ‘seu objeto”.
Já na instância clínica da avaliação da linguagem, via de regra, aparatos
gramaticais são usados/utilizados (reprodução do que ocorre na Aquisição da Linguagem)
para desempenhar a função de “padrão de normalidade” na decisão sobre o patológico e o
que não se ajusta às sequências gramaticais é “patológico”. Note-se, porém, que a oscilação
de uma fala (o jogo entre produções aceitáveis e sintomáticas) é ignorada e “patológica”
fica a totalidade da fala do sujeito. Há que se dizer que esses aparatos descritivos não
“descrevem” a fala sintomática14 – apenas permitem dizer que um paciente (mas nem
todos) “não produz isso ou aquilo” (ARANTES, 1994) ou dizer genericamente que uma
fala “não se ajusta à regra”, que ela é desviante. Genericamente, porque a natureza do
seqüência. Também, ficar “em suspenso” quando suspensa fica uma seqüência na fala dos pacientes. 14 instrumentais descritivos são aplicados, localizam o problema na linguagem (sob a forma de resto/resíduo
que não se ajusta à regra ou foge ao padrão) mas não descrevem e, portanto, não definem o “patológico”
(mesmo que localizando uma diferença, sempre se apela, de uma forma ou de outra, à etiologia); nem
orientam a terapia (que sempre retém sua direção adaptativa). 14 Refiro-me a uma tendência que tenho podido notar no convívio acadêmico com fonoaudiólogos, em encontros científicos e na realização de dissertações e teses informadas (?) pela teoria e clínica psicanalíticas. Considero que essa é outra “aproximação” que mereceria ser investigada.
11
movimento singular que nela ocorre fica perdido e, mais uma vez, o acontecimento
lingüístico. Chamo a atenção para o fato de que aparatos gramaticais não chegam a
favorecer o estabelecimento de uma tipologia de quadros nosográficos - o que seria
condição para uma tomada de decisão “objetiva” sobre normalidade e patologia. Sempre se
acaba atestando a profunda heterogeneidade entre casos num suposto quadro sintomático e
contaminado o ideal classificatório de homogeneidade (assim como a importância clínica
de tipologias). Se, nos Estados Unidos e na Europa, é ele que impera – baterias de testes
gramaticais/semânticos, de discriminação fonêmica perfilam-se na avaliação da linguagem
- no Brasil, pode-se dizer que ele não é regra, ao menos aparentemente. As
avaliações/diagnósticos tornam-se “subjetivos”, dependentes do “senso” do terapeuta, que
dizer, são realizados sem qualquer regulação teórica consistente (a exemplo do que como
ocorre nas Psicologias).
Procurei mostrar, até aqui, o movimento paradoxal de implicação da Linguística
no campo da clínica fonoaudiológica voltada para falas sintomáticas, que são quadros
clínicos de linguagem. “Paradoxal” por tratar-se de uma aproximação à Linguística que
denota, em seu próprio movimento, um recuo/afastamento porque se a Linguística é
dispensada nas explicações dos quadros patológicos de linguagem, sua entrada nas
avaliações de linguagem (um dos passos da instância diagnóstica) apenas referenda o que
tenho caracterizado como um mau-encontro entre esses campos (LIER-DE VITTO, 1995,
2000, entre outros). Nas terapias de linguagem, por sua vez, ganha expressão a tendência
adaptativa/corretiva mesmo que, mais recentemente, sob uma roupagem psicanalítica15
(ARAÚJO, S., 2002; FARIA, V., 2004). Desse modo, avaliações e na terapia, não se notam
efeitos produtivos do gesto de aproximação que esse campo realiza na direção da
Linguística.
De fato, a idéia de “padrão de normalidade”, que sustenta o imaginário da
homogeneidade, é representado pela aplicação de aparatos descritivos, na instância
diagnóstica, e é assumido, também, como meta terapêutica - ele funciona como
determinante da direção pedagógico/comportamentalista dessa clínica e ilumina, acima de
tudo, o que se entende por linguagem. E, o que se entende por linguagem está longe de se
aproximar de teorizações linguísticas sobre ela. Na base desse raciocínio clínico, a
15 Refiro-me a uma tendência mais recente desse campo, iniciada na década de 1990.
12
linguagem é, na verdade, reduzida a comportamento desadaptado. Entende-se, assim, o
porquê da adesão ao ideário adaptativo: sendo um comportamento como outros (humano ou
animal), supõe-se que a linguagem pode ser “corrigida” para ser “adaptada” ao padrão da
comunidade. Desse modo, estimular/reforçar/extinguir são os procedimentos terapêuticos
que sustentam as propostas de reabilitação na Fonoaudiologia16.
Cabe, nesse ponto, levantar duas questões: (1) “que padrão é esse que a clínica
visa atingir?” e “que recursos ele teria para medir normalidade e patologia?”. (2) Também,
“em que o comportamento (fala) se distingue, ao menos, daquele dos animais?”. Seria o
caso de se perguntar, ainda, sobre a diferença entre “clínica e “laboratório” nessas
propostas, ou então, entre “clínica” e “aula particular”. Afinal, diferenças devem ser
claramente explicitadas. O ponto central subjacente à perguntas que é que esse objeto – a
linguagem - não levanta questões para o campo da Fonoaudiologia, embora esse campo se
debata em torno da fala, que expõe o sujeito em uma condição particular. Na verdade, o que
se observa e o que se pode ler na grande maioria dos trabalhos do campo, o fonoaudiólogo
tem mais se afastado do que se aproximado da linguagem. Como promover um raciocínio
clínico consistente quando se marginalizada fica a reflexão sobre a linguagem, sobre a
densidade significante das falas sintomáticas?
Tenho insistido na importância de um diálogo teórico com o campo dos estudos
linguísticos17. “Teórico” vem para indicar que o movimento de aplicação de conceitos e
aparatos gramaticais é barreira à reflexão sobre as falas ditas patológicas. Decidir sobre
normal e patológico tem se mostrado infrutífero e conduzido a postulação de procedimentos
equivocados de avaliação e terapia, além de sustentar um raciocínio clínico avesso à
linguagem. Nessas bases, o que se pode apreender é um afastamento da linguagem e da
fala, assim como de questões que elas poderiam suscitar. “Diálogo teórico” vem, portanto,
para sublinhar a importância de regulação teórica no encontro com as falas sintomáticas
(LIER-DE VITTO, 2000; 2002; ANDRADE, 1998; ARANTES, 2001; FONSECA, 2002).
Se elas são inequivocamente reconhecidas por falantes de uma língua, no âmbito da
Fonoaudiologia e sua clínica, essas falas deveriam interrogar.
16 “Reabilitação” é, de fato, palavra que estenografa a natureza dessa clínica da correção/adaptação. 17 Devo dizer que os pesquisadores do Projeto Integrado “Aquisição da Linguagem e Patologias da
Linguagem (CNPq522002/97-8), do LAEL-PUCSP, assumem essa exigência.
13
Duas tendências têm respondido pela repetição da marginalidade das falas
sintomáticas, como procurei mostrar. De um lado, se essa clínica reconhece-se como
espaço de acolhimento de um sujeito que sofre por efeito de sua fala. Se é assim, a
questão a ser respondida seria referente à importância das classificações. De outro lado,
como parece importante reconhecer que a escuta intuitiva/leiga é insuficiente para nortear
atos clínicos. A Fonoaudiologia, para não correr o risco de se transformar numa caricatura
de clínica psicanalítica, não pode perder de vista, entendo, o seu compromisso singular com
as falas sintomáticas: ele deve poder ser interrogado por elas18.
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18 As considerações que teci neste artigo são decorrentes de 10 anos de lida teórica e empírica com as falas
sintomáticas. Considerações essas que são tributárias de um “escuta” particular – aquela que é instituída por
minha filiação ao Interacionsimo de Cláudia Lemos. Recolhi dessa filiação a o compromisso com a
singularidade do material a interpretar e a importância de uma leitura crítica. Espero que este artigo tenha
podido mostrar esses dois movimentos.
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