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ECONOMIA 17 de Maio de 2012 Não há troika. Não há crise. Não há cortes nos subsídios nem redução de vencimentos. Uma semana livre de preocupações. Sem horários. Sem regras. A câmara dá tolerância de ponto. Há empresas que fecham na sexta-feira porque trabalhar na Ascensão é uma violência que nem alguns patrões suportam. Uma festa é popular quando o povo a sente como fazendo parte de si mesmo. 2 Ascensão é na Chamusca Identidade Profissional Comerciante e agente funerário com paixão pela carpintaria Virgílio Eugénio, empresário da Carregueira, é pau para toda a obra 9 Investimento estrangeiro no Parque de Negócios de Rio Maior Multiópticas de Tomar adere às Jornadas da Saúde A iniciativa realiza-se dia 25 de Maio e tem como objectivo promover o bem estar e a saúde dos habitantes do concelho de Tomar 11 É um investimento de 15 milhões que criará 100 postos de trabalho. A empresa vai laborar de forma contínua, com três turnos de trabalho, e parte significativa da produção destina-se à exportação.10 ESPECIAL ASCENSÃO 2012 Três Dimensões “Sempre me senti feliz na Chamusca” Paula Monteiro, directora do Lar da Santa Casa da Misericórdia da Chamusca 8 Nersant organiza nova missão empresarial a Angola em Julho De 15 a 22 de Julho, a Nersant _ Asso- ciação Empresarial da Região de Santarém irá em missão empresarial a Angola com uma comitiva de empresários, visando ala- vancar projectos de internacionalização das empresas da região. Esta missão tem a particularidade de se realizar na mesma altura que a FILDA 2012, onde a associação empresarial terá um stand de apoio à pro- moção das empresas da região do Ribatejo. Durante a estadia em Angola, os em- presários participantes vão ter a oportuni- dade de visitar esta feira em Luanda, que constitui o maior evento comercial com dimensão internacional em Angola. Esta é, assim, uma grande oportunidade de as empresas da região conseguirem angariar alguns parceiros de negócio ou até clientes. A Nersant vai ainda agendar reuniões com entidades institucionais angolanas e encontros bilaterais entre empresas da região e empresas locais, com vista à con- cretização de alguns negócios ou parcerias. De referir que a Nersant tem em conta os objectivos de cada empresa aquando do agendamento de reuniões com empresas angolanas.

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Comerciante e agente funerário com paixão pela carpintaria ESPECIAL ASCENSÃO 2012 Paula Monteiro, directora do Lar da Santa Casa da Misericórdia da Chamusca 8 Virgílio Eugénio, empresário da Carregueira, é pau para toda a obra 9 A iniciativa realiza-se dia 25 de Maio e tem como objectivo promover o bem estar e a saúde dos habitantes do concelho de Tomar 11 Identidade Profissional Três Dimensões 17 de Maio de 2012

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Economia17 de Maio de 2012

Não há troika. Não há crise. Não há cortes nos subsídios nem redução de vencimentos. Uma semana livre de preocupações. Sem horários. Sem regras. A câmara dá tolerância de ponto. Há empresas que fecham na sexta-feira porque trabalhar na Ascensão é uma violência que nem alguns patrões suportam. Uma festa é popular quando o povo a sente como fazendo parte de si mesmo. 2

Ascensão é na Chamusca

Identidade Profissional

Comerciante e agente funerário com paixão pela carpintaria

Virgílio Eugénio, empresário da Carregueira, é pau para toda a obra 9

Investimento estrangeiro no Parque de Negócios de Rio Maior

Multiópticas de Tomar adere às Jornadas da SaúdeA iniciativa realiza-se dia 25 de Maio e tem como objectivo promover o bem estar e a saúde dos habitantes do concelho de Tomar 11

É um investimento de 15 milhões que criará 100 postos de trabalho. A empresa vai laborar de forma contínua, com três turnos de trabalho, e parte significativa da produção destina-se à exportação.10

ESPECIAL ASCENSÃO 2012

Três Dimensões

“Sempre me senti feliz na Chamusca”

Paula Monteiro, directora do Lar da Santa Casa da Misericórdia da Chamusca 8

Nersant organiza nova missão empresarial a Angola em JulhoDe 15 a 22 de Julho, a nersant _ asso-

ciação Empresarial da Região de Santarém irá em missão empresarial a angola com uma comitiva de empresários, visando ala-vancar projectos de internacionalização das empresas da região. Esta missão tem a particularidade de se realizar na mesma altura que a FiLDa 2012, onde a associação empresarial terá um stand de apoio à pro-

moção das empresas da região do Ribatejo. Durante a estadia em angola, os em-

presários participantes vão ter a oportuni-dade de visitar esta feira em Luanda, que constitui o maior evento comercial com dimensão internacional em angola. Esta é, assim, uma grande oportunidade de as empresas da região conseguirem angariar alguns parceiros de negócio ou até clientes.

a nersant vai ainda agendar reuniões com entidades institucionais angolanas e encontros bilaterais entre empresas da região e empresas locais, com vista à con-cretização de alguns negócios ou parcerias. De referir que a nersant tem em conta os objectivos de cada empresa aquando do agendamento de reuniões com empresas angolanas.

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Uma alegria que vem de muito longe no tempoEntrada de toiros, touradas, folclore, juventude e José Cid

No programa da Ascensão na Chamusca para Quinta-feira, 17 de Maio, há um acontecimento que surge adjectivado. “Espectacular Entrada de Toiros”. Podia estar apenas: Entrada de Toiros como Festival de Folclore ou Encontro de tocadores de cana racha-da mas seria uma grave falha da orga-nização tratar um dos mais esperados momentos da festa como um outro qualquer evento. A hora marcada pa-ra o início da Espectacular Entrada de Toiros é 12h30. Toda a gente sabe que a mesma só irá acontecer mais tarde. Toda a gente sabe que a concentração na Estrada Nacional 118 que se chama Rua Direita de S. Pedro no troço que atravessa a vila, começa umas duas ou três horas antes. Antigamente os toi-ros que passavam escoltados por cam-pinos eram os que seriam lidados na corrida das 5 da tarde. De há muitos anos para cá quem desfila são toiros bravos usados apenas para aquele ti-po de encenação.

Quando a carrinha da organização passa a abrir caminho para cavaleiros, campinos, cabrestos e toiros a multidão

agita-se e os mais jovens tentam distrair os animais para ver se algum fica para trás. Quando conseguem concretizar a proeza o divertimento é total. Um ou dois toiros isolados, desencabresta-dos, fazem as delícias dos adeptos da festa brava, dão trabalho que se farta aos campinos e põem a organização com cabelos em pé receando estragos e feridos.

Na Quinta-feira de Ascensão há tam-bém um Festival de Folclore a partir das 15h30 com ranchos e grupos de danças e cantares do concelho. No irreverente Palco da Juventude, local de encontro dos mais novos, tocam nessa noite os “Meninos da Sacristia”

No sábado há um chamusquense ilustre que está de corpo e alma com a festa. Uma lenda do rock português que tem no seu reportório canções com imagens e emoções ribatejanas. José Cid ocupa o palco com o seu quarte-to a partir das 22h00 e é imperdível. A terminar fica o conselho que se dá sem-pre nestas alturas. Consulte o progra-ma e escolha aquilo de que mais gosta ou então vá à aventura e perceba que a animação é total.

O ramo de papoilas e espigas que dá sorte e fartura o ano inteiro

Na Chamusca não vai muita gente ao campo apanhar a espiga na Quin-ta-Feira da Ascensão. A explicação é simples: trata-se de uma actividade matinal e às 07h30 da manhã de um feriado não apetece sair da cama, principalmente se a noite anterior foi de divertimento até às tantas. Além disso, algumas horas depois começa a romaria para a rua Direita de S. Pe-dro para assistir à entrada dos toiros. Mesmo assim há quem cumpra o ritu-al. Três espigas de trigo (ou cevada ou centeio), três malmequeres amarelos ou brancos, três papoilas, um ramo de oliveira em flor, uma esgalha de videi-

ra com cacho em formação e um pé de alecrim ou rosmaninho. Juntam-se todos os “ingredientes”, atam-se com um cordel ou fio de ráfia e está feito o ramo da espiga que, em casa, vira-do para baixo, fica de um ano para o outro para dar sorte e fartura. A es-piga simboliza o pão, para que nun-ca falte comida no lar, os ramos de oliveira a paz, tal como a pomba da paz que carrega no bico uma folha de oliveira, e a videira vinho e alegria. As flores, essas, têm um significado con-forme sua cor: malmequer é ouro e prata (riqueza), papoila, amor e vida e o alecrim, saúde e força.

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DESBARRETAR-SE. Descobrem a cabeça quan-do entram na igreja, quando passa um funeral ou quando se cruzam com algum elemento de famílias mais tradicionais ou por pessoas que ocupam cargos importantes. Também se descobrem quando cum-primentam senhoras e até quando se cruzam com algum animal morto à beira da estrada. São os mais velhos da terra que ensinam códigos de respeito aos mais jovens que também gostam de pôr na cabeça bonés e chapéus de aba mas que ainda não sabem que o mais importante não é usá-los mas saber usá--los. Se a cabeça não serve apenas para usar chapéu, o chapéu não serve para estar sempre a tapar a ca-beça. Há quem não tire o chapéu quando entra em casa de alguém e há quem esteja à mesa de chapéu. A tradição não é só andar aos saltos à frente de um boi bravo. O forcado da cara tira sempre o barrete quando dedica a pega que vai fazer a alguém por quem tem admiração ou respeito.

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ABRAÇOS. Por vezes no auge da festa os amigos abraçam-se rijamente. Dão-se palmadas nas costas para mostrar toda a emoção do encontro. Corpo contra cor-po. Transpiração contra transpiração. Os foles dos pulmões quase ao mesmo rit-mo. O pulsar dos nervos à flor da pele. O coração acelerado que as antigas amiza-des provocam arritmias a quem sente a amizade da alma aos ossos. Por vezes os amigos lutavam no recreio da escola. Puxavam, empurravam, agarravam-se com denodo. Agora não porque é bulling ou lá o que é isso. E com o bulling perdeu-se esse contacto fraternal que cimentava amizades que duravam uma vida. Os abra-ços dos amantes também são ternamente violentos e o corpo a corpo tem a feroci-dade dos grandes amores. Tortura, tortura é termos um amigo para abraçar e não nos deixarem fazê-lo!

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VALENTIA. As principais histórias da Ascensão da Chamusca estão relacionadas com os toiros que os mais afoitos conseguem desencabrestar durante o trajecto entre a entrada sul da vila e a praça de toiros na manhã de Quinta-Feira. Campinos atarefados à procura dos animais, populares ensaiando pegas de caras ou toureando com casacos e camisolas. Correrias e adre-nalina à solta. Os mais jovens vêm directamente das noitadas de copos, convívio e música, en-cadeados pela luz intensa da manhã e atiram-se com a valentia da ressaca para os cornos da aventura. Ao menino e ao borracho mete Deus a mão por baixo. Eles são todos meninos outra vez a brincarem as brincadeiras dos seus antepassados e é por isso que raramente se aleijam.

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foto arquivo O MIRANTE

Carros em festa de toirosTodo o terreno no sábado e clássicos no domingo

O segundo passeio Todo o Terreno da Ascensão é no Sábado, dia 19. As ins-crições abrem às 08h20 no cineteatro e a partida é às 09h30. Pelo meio há o al-moço no restaurante “O Corticeiro” e a fechar, por volta das 16h00, a prova Trial junto ao Heliporto. A organização é da Ribalma. A inscrição inclui o almo-

ço, um reforço, seguros e lembranças. Numa festa tradicional e com grande ligação à natureza esta é uma forma de conhecer a charneca cavalgando outros cavalos com um outro modo de relinchar.

No dia seguinte mostram-se os clás-sicos pela mão dos seus orgulhosos pro-

prietários. A concentração é junto ao quartel dos Bombeiros Voluntários. Ca-da participante deve levar almoço farto porque se trata de um piquenique de convívio. Depois de almoço é obrigató-rio assistir às cavalhadas no picadeiro. Para os mais curiosos as viaturas ficarão em exposição no Largo da República.

Não nos incomodem porque estamos em AscensãoCrise abolida na Chamusca até ao dia 9 de Maio

O jovem estudante universitário pre-parou tudo para não pôr os pés nas aulas durante a semana da Ascensão. “Adeus Lisboa, olá Chamusca”. Quando entra no estabelecimento comercial da mãe e dá de caras com o cartaz da festa, con-fessa em voz alta e sem vergonha. “Só de olhar para ele fiquei com os pelos dos braços arrepiados”. As clientes ace-nam com a cabeça e sorriem cúmplices. A sensação é comum. A electricidade atravessa toda a gente da vila. Novos e velhos. Crianças, adolescentes, qua-rentões eternamente jovens e seniores que voltam atrás no tempo até 19 de Maio que é quando a festa acaba e as dores reumáticas regressam.

Não há troika. Não há crise. Não há cortes nos subsídios nem redução de vencimentos. Uma semana livre de preocupações. Sem horários. Sem re-gras. A câmara dá tolerância de ponto. Há empresas que fecham na sexta-feira porque trabalhar na Ascensão é uma violência que nem alguns patrões su-portam. Uma festa é popular quando o povo a sente como fazendo parte de si mesmo. Tirar a festa a alguém da Cha-musca é o mesmo que lhe extrair um órgão ou amputar um membro. As ge-neralizações são abusivas. Não se deve escrever assim. Falar em toda a gente é um exagero. É claro que há pessoas da Chamusca que não gostam da Se-

mana da Ascensão. Que preferem ficar a carpir a crise. Parece incrível mas é verdade. Mas também, quem quer sa-ber delas???!!!