asimov - conquistas da ciência

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fTI> Z o - » o o z o c (/) ;! io o » o CONOUISTAS DA CIENCIA ISAAC ASIMOV - 37 DISTRIBUIDORA RECORD 1110 DE JA!<l!mo - SAO PAULO Dutros titulos desta encic!opcdia: ExpedJf6e. Clentfti<m - As Granl/a Descooeruu do Medicillo - Fomoso« lneentores eSc", InOCtllos c muitos outros, Nas paglnas excitantes cleste interessantisslmo livro sao apresentadas as 26 mais importantes descobertas cien- tificas e a hist6ria dos 29 plonelros que conseguiram reali- za-las - desde Arquimedes, 0 maior cientista do rnundo antigo, que chegou a afirrnar: "deem-me urn ponto de apoio e eu levantarei 0 mundo", II Goddard, 0 primelro a enviar ao espaco UI11 foguete de combustivel liquido. Sao historlns do drama humane e do drama das ideias, do exoltamento da descoberta e dos altos veos cia imaginn91io, Em t6c1as estas hist6rias saudamos a sutil estrategla pOI'meio da qual tais pioneiros procura- ram compreender a natureza - nao em busca do poder, mas tao somente do conhecimento, Urn exemplo e urn estlmulo para todos os [ovens. ISAAC Asntov CO:-';QUISTAS DA CItNCIA A$SUNiOS PAl.PITAI'lTES, CIENTfFICOS E DE CULTURA GERAL. TAATAOOS POR AUTORIOAOE NA MAT£AIA EM LINQUA<1EM SIMPl.ES e. CLARA, QUE CERTAMENTE e.S'rlfo.tULARAO A CURI0810AOE OA JVVENTUOE BRASILEIRA.

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São apresentadas nestas paginas as historias excitantes de vintee nove pioneiros da ciência. São historias do drama humanoe do drama das ideias, do excitamento da descoberta e dos altosvoos da imaginação. Em todas essas histories sondamos a subtilestratega por meio da qual tais pioneiros procuram compreendera natureza - nunca em busca do poder, mas tão somente doconhecimento.

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  • fTI>Zo-

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    oo

    CONOUISTASDA CIENCIA

    ISAAC ASIMOV

    -

    37DISTRIBUIDORA RECORD1110 DE JA!

  • RIO DE JANEIRO

    DISTRIBUIDORA RECORD

    eOCl'AV[O ALMERlNDO FERREIRA

    Tradu,40 de:

    . CARLOS EVARISro M. COSTA

    CONQUISTASA

    DA CIENCIA

    ISAAC ASIMOV

    I.II

  • Inaugura-se a Idade do A~o 4 ~ '.' ~ 7512 - HENRY BESSEMER

    o magnetismo transforma-se em eletricidade11 - JOSEPH HENRY .. " ,........................ 68

    A eletricidade transforma-se em energia

    6210 - MICHAEL FARADAY

    8 - JAWES WATT , .. , .. " " .. , . 51. le deu Inicio a duas revolueoes

    9 - ANTOINE LAVl\ENT LAVOISIER "................... 55o pai da Quimica Modema

    E a luz foi feita447 - ISAACNEWTON

    6 - AN'l"ON VAN LEEUWENHOEK ,.......... .. 41le descobriu urn mundo invisivel

    5 - GALILEU GALILEI , , . ,............... 34Mas ela se move, ..

    A natureza era 0 seu livre314 - WILLIAM HARVEl(

    o desafio do infinito243 - NICOl-AU CoPERNICO

    Palavras para milhoes192 - JOHANN GUTENBERG

    1 - ARQUlMEDES . ,................. 13Eu posso levantar 0 mundo

    9IntrodufOO ,',.,',., .. , , .. ".

    lNDICE

    ';. ."Impresso em 1964

    Direitos reseroados para a U:lIgtJQportugueso por:. . ''Ii

    DISTRIBUIDORA RECORD DE. SERVICOS DE IMPRENSA LTDA.

    Avenida Erasrno Braga, 255 - 8.0 andar - Rio de Janeiro (GB) ZC-P

    Capa de:MARPA

    Ilustrafoes de:

    HAROLD e SZANTO

    Copyright, 1959

    by SCHOLASTIC MAGAZINES, INC.

    Titulo do original norte-americano:

    Breakthroughs in Science

  • 9( .) Preferimos dar ac livro 0 titulo COllquistllS da Ciellcia por acha-lo matsconlienie';te na noss~ lingua. (N. do T.).

    SAO APRESE~TADAS nestas paginas as historias excita'ntes de vintee nove pioneiros da ciencia. Sao hist6rias do drama humanoe do drama das ideias, do excitamento da descoberta e dos altosvoos da imagina

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    Diretor-RedatorDivisao CientlficaScholastic Magazines

    ERIC BERGER

    sabio com a .inspira~ao nascida de uma vida inteira de investiga-

  • },

    ~ERTA VEZ UM HOMEM, poder-se-ia dizer, lutou contra urnexerdto. Os antigos historiadores nos contam que 0 homem eravelho, acima dos setenta anos. 0 exercito pertencia a maior po-tencia do. mundo - a propria Homa.

    Mas 0 velho, 'urn grego, lutou contra 0 exercito romano que[icon imobilizado pOl' quase tres anos - e por poueo 0 vencia.o velho era Arquimedes de Siracusa, 0 maior cientista do mundoantigo.

    o exeroito de Roma conhecia bern a sua reputacao, eArquhnedes a ela fazia jus. Diz a lenda, que quando ele ins-talou espelhos curves sobre as rnuralhas de Siracusa, cidadegrega da Sicilia, os navios romanos que bloqueavam o portose Incendiaram. Nao foi Ieiticaria, foi Arquimedes. Quandogarras gigantescas se estenderam para 0 costado dos navios,agarrando-os, levantando-os e fazendc-os emborcar, nao foi rna-gica, foi Arquimedes.

    Diz-se que os romanos que sitiavam Siracusa quando viamuma corda ou urn pedaco de madeira se clevar acima das mura-Ihas da cidade, icavam as veJas e fugiam.

    Arquimedes era diferente dos cientistas e matematicos gregosque 0 precederarn, pOl' maiores que tivessem sido. Arquimedesultrapassou-os pela imaginacno. .

    POl' exemplo, para calcular as areas circunscritas por deter-rninadas curvas ele adaptou os metodos existentes de calculo eapresentou urn. sistema que se assemelhava ao .oalcnlo integral.Tal se deu cerca de dois mil anos antes de Isaac Newton ima-

    Eu posso levantar 0 mundo

    1. Arquimedes

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    universo - e nada mais. Ela nao tinha aplicacoes praticas, Eramesnobes intelectuais que desdenhavam as aplicacoes praticas, COD-siderando essas coisas dignas apenas de mercadores e de escravos,Arquimedes compartilhou desse esnobismo, em grande parte, em-bora empre estivesse disposto a aplicar seu conhecimento dematematicas aos problemas praticos.

    Arquimedes nasceu em Siracusa, na Sicilia. Constitui duvidao ano exato de sen nascimento, mas aeredita-se que tenha sido em287 a.C. Nessa epoca a Sicilia era terra negra. Arquimedes, filhode urn astronomo e parente de Hiero II, rei de Siracusa de 270a 216 a.C., estudou em Alexandria, no Egito, que era a centrointelectual do mundo mediterraneo, regressando posteriormente aSiracusa, para a imortalidade, .

    Ensinaram-lhe, em Alexandria, que urn cientista esta aoimados assuntos praticos e. dos problemas corriqueiros. Ao mesmotempo, esses problemas quotidianos Fascinavam Arquimedes quenao os podia afastar da mente. Envergonhava-se desse interessee se recusava a manter registros de seus dispositivos mecanicos,Continuou, no entanto, a fazer tais dispositivos e, atualmente,a sua fama repousa sobre eles.

    Muito antes de os navios romanos aportarem a Siracusa e deter 0 exereito romano estabelecido 0 sitio, ja Arquimedes go-zava de justa fama. .

    Urna das primeiras realizacoes de Arquimedes foi estabelecera teoria abstrata que explica a mecanica basica da alavanca.Imagine-sa uma haste equilibrada sobre urn ponte de apoio eque tenha urn dos cahos com 0 comprimento dez vezes maiordo que 0 outro. Abaixando-se 0 cabo maior, a extremidade dolado menor ter-se-a deslocado para cima apenas a decima parteda distfincia percorrida pela extremidade do Iado maior. Noentanto, a f6r\!a exercida para baixar 0 cabo maier foi multipli-cada por dez na extremidade mellor ou seja, de certo modo, adistancia foi substituida pela for\!a.

    De acordo com essa teoria, Arquimedes riao via lirnitespara essa troca. Urn homem pode ter apenas uma quantidadelimitada de. fOr

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    Arquimedes e sua bomba em esptral.

    . Arquimedes nao pode esperar. .Salton da banheira e correupela rna, despido e pingando agua, em direcao a casa. Enquantocorria, gritava repetidamente, "Descobri l Descobri l" Gritavaem grego, naturalmente, "Eureka! Eureka!" e ainda hoje nosutilizamos dessa palavra para anunciar uma feliz descoberta.

    Ele encheu urn recipiente com agua, nela mergulhou a coroae mediu a volume da agua deslocada. Depois repetiu a operacaocom igual peso de ouro puro, sendo menor 0 volume da aguadeslacada. 0 ouro da coroa tinha side misturado com um metalmais leve, fazendo-o mais volumoso e, portanto, causando trans-bordamento de maior quantidade de agua. 0 rei mandouexecutar 0 ourives.

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    o rei fliero nao acreditou em Arquirnedes, e ordenou-lheque Ievantasse alga pesado. Nao era precise que Fosse 0 mundo,hastando que fosse alguma coisa bern .pesada. Arqu~medes,entao, escolheu um navio que estava encostado ao cars, comtada a carga e passageiros. Mesmo que estivesse vazio, ele naopoderia ser afastado do ca!s e lcvado para 0 mar sem que. seempregasse um grande numero de homcns puxando muitascordas.

    Mas Arquimedes reuniu as cordas e arranjou urn dispositivode polias (uma especie. de alavanca empregando cor?as em lu~ardos cabos j.: Em segUlda puxou a corda e, sem ajuda de nm-guem, arrastou a navio lentamente em direcao ao mar.

    Hiero estava agora bastantc propenso a aereditar que 0 seunota vel parente poderia mover a terra, se assim 0 desejasse. De-positava bastante e em Arquimedes para lhe propor problemasaparentemente insoluveis.

    Urn ourives fizera uma coroa de ouro para Hiero e reitinha duvidas quanta a honcstidade do artifice. Bern podia terficado com parte do ouro que 0 rei lhe dera para f~zer a coro~,substituindo-o por prata 011 cobre. Desta forma Hle:o determi-nou que Arquimedes verihcasse se a coroa era au nao de ouroduro - mas sem danificar a mesma.

    Arquimedes ficou muito intri~ado. 0 ~obre ~ ~. prata ~rammais leves do que 0 ouro e, se trvessem 51do adlCl?n~dos es~esmetais a coroa, ocupariam maior espa

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    A PRIMEIRA EDI9AO IMPRESSA do best-seller mundial de todosas tempos estava sendo preparada para publioacao em 1454.Local: Alemanha, editor: [oao Gutenberg. Mas as recom-pensas sao impossiveis de se preyer neste mundo. Em 1455, 0editor abriu Falencia.

    Durante vinte anos lohann Gutenberg'vivera esforcando-secom pequenos blocos ob ongos de metal. Todos tinham de terexatamente a mesma Iargura e altura de maneira que pudessemajustar-se intimamente, A parte superior de cada um era molda-da delicadamente com a forma de uma letra do alfabeto, escul-pida as avessas.

    Imagine-se esses pedacos oblongos de metal dispostos emfileira e colunas cerradas, com urn poueo de tinta espalhadaleve e uniformemente sobre eles. Faca-se ideia, agora, de umafolha de papel comprimida firmemente sobre essas Ietras sujasde tinta ..

    Levanta-se 0 papel, e como num passe de magica, esta elecoberto de tinta sob forma de letras, t6das na sua posicao certa.As letras formam as palavras e as palavras comp6em a paginade urn livro,

    Hornens na Europa e na Asia haviam-no feito anteriormenteeseulpido palavras ou caracteres num bIDeD de madeira, Mastais blocos eram eseulpidos grosseiramente, por vezes, e so ser-viam uma vez. A Ideia do Gutenberg era fazer cad a letra ele-gantemente, de urn "tipo" individual de metal. Pronta e impressauma pagina, as mesmos tipos podiam ser reagrupados para darorigem a uma pagina diferente. Uma pequena coleeao de tais tipos

    Palavras para milhoes

    2. Johann Gutenberg

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    Mesmo numa idade avancada, Arquimedes nao podia resistirao desafio de um problema. No ano de 218 a.C., Cartago, queficava no norte da Africa, e Roma entraram em guerra, tendoAnibal, general cartagines, invadido a Italia, Parecia Iminentea destruicao de Roma. Enquanto vivo, a rei Hiero manteve Sira-cusa neutra, embora numa posiC;aoperigosa entre as dois gigantesem luta.

    Depois da morte do rei Hiero, no entanto, subiu ao podero grupo simpatizante de Cartago, e Roma iniciou 0 cerco da cidadeem 213 a.C.

    Durante tres anos 0 velho Arquimedes conteve 0 exercitoromano, mas era tudo a que urn hornem 56 podia fazer.Por fim, em 211 a.C., a cidade caiu. Mas nem mesmo a derrotapodia afetar cerebra irrequieto de Arquimedes. Enquanto ossoldados enxameavam pela cidade, Arquimedes trabalhava nasolueao de urn problema num diagrama. Urn soldado ordenou-lheque se rendesse, mas Arquimedes AnaOIhe deu ateuc;R.o. .0 'pr~-blema era mais importante para ele do que uma coisa mSlgm-ficante como 0 saque de uma cidade. "Nao perturbe as meuscirculos", disse Arquimedes.

    o soldado entao 0 matou.As realizacoes de Arquimedes tornaram-se parte ~tegrante

    da heranea da hurnanidade. Ele mostrou que era possivel aplicara mente cientHica aos problemas da vida quotidiana. Mostrouque uma teoria abstrata em ciencia pura - 0 principia que expli-ca a alavanca - poderia poupar 0 esf6r~o muscular do homem.

    E dernonstrou 0 contrario, tambem. Cornecando por umproblema pratico - a possivel adulteracao do Duro - ele descobriuurn principia cientifico,

    Acreditamos, atualmente, que 0 grande dever da ciencia naoe apenas compreender a universo, mas tambem melhorar a vidado genero humano em cada canto da terra.

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    Em 1454, entao, Gutenberg comecou a eompor a sua Biblia,em duas colunas, com 42 linhas em latim, por pagma, e COmmuitaspaginas cobertas por belos desenhos feitos a mao. Nada foiomitido nessa grande aventura final que seria 0 climax da vidade Gutenberg. Fust, entao, moveu acrao contra Gutenberg parareaver seu dinheiro.

    Gutenberg perdeu a a9ao e teve de entregar as suas ferra-mentas e as suas prensas a Fust. E bern provavel que nao teriaconseguido terminar a Biblia, que foi acabada por uma soeiedadeque Fust fez com urn homem ehamado Peter Schoeffer. Fuste Schoeffer prosseguiram na tarefa e se tornaram prosperos edito-res, Gutenberg mergulhou na obscuridade.

    Gutenberg tentou arranjar rnais dinheiro a Hm de continuarimprimindo. Nunea desistiu, mas tambem nunea conseguiu selivrar das dividas, Morreu em Mainz por volta do ano de 1468,tendo fracassado nos negocios, .

    Mas a impressao, em si, nao foi urn fracasso. Disseminou-secom a fOr9a de urn furacao. Ji em 1470 havia prensas na Italia,na Suiea e na Franca. Em 1476"William Caxton montou a primeiraprensa da Inglaterra. Em 1535 a impressao atravessou 0 Atlanticoe pas sou a existir uma imprensa na eidade do Mexico.

    Havia, .por essa epoca, uma revolucao religiosa na Franca,Em 1517, Martim Lutero comecrou sua disputa com a Igreja

    Cat6Hca, cujo resultado foi a formacao do protestantismo, Houvemuitos outros reformadores antes de Lutero, mas a sua influeneiafoi sempre pequena. Eles podiam chegar ao povo apenas pelapregacao, e a Igreja, com sua organizat:;ao, superior, podia facil-mente anula-los.

    Lutero, entretanto, viveu num mundo que ja. oonhecia amaquina de imprimtr e 4!lenao s6 pregava como tambem escreviaconstantemente, Dezenas de seus panfletos e manifestos foramimpressos e espalhados por toda a Alemanha. Em poucos anos aEuropa inteira vibrou sob impacto de diferentes pontos de vistareligiosos.

    As biblias, mais baratas e mais abundantes gra9as a imprensa,foram lant;adas na lingua vulgar nao mais em Latim. Muitaspessoas voltaram-se para a Biblia como fonte de inspwa

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    de dramas. Destes s6 nos restam sete, Possuimos alguns pedacosda poesia de Sappho e fragmentos de obras de varies fllosofos.Ainda somas bastante felizes em ter quase tudo de Homero eHer6doto, e a maior parte de Platao, Aristoteles e Tucidides -mas par mera sorte, .

    Grande parte da cultura antiga morreu com Constantinopla.Tal desgrar;a posslvelmente nunca rnais acontecera, graeas

    a imprensa, e qualquer pessoa pode possuir eentenas de livrosdilerentes em edicoes de baixo pre90. Qualquer cidadezinhapode ter uma biblioteca que se pode comparar, em mimero devolumes, com aquelas que existiram em Alexandria e Constan-tinopla. .. , .o conhecimento do horoem e tao imortal quanta a propnohornem, e apenas a eompleta destruicao da humanidade poderaaniquila-lo, '. Gutenberg pode ter morrido como urn fraoasso aparente, masa sua obra constituiu urn dos maiores sueessos do hornem.

    Johann Gutenberg mostra 0 que pode ser feitocom pequeaos pedacos oblongos de metal.

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    Em suma, a imprensa criou a .opinili.o.publica. Urn trechocomo 0 Common. Sense, de Thomas Paine, podia chegar a oadacasa de fazenda nas colonias american as .e inoentivar a Ouerrada Independeneia, como nenhum outre meio poderia Iaze-lo.

    A impressao colaborou para tornar possivel a demooraoiamoderna, Na Crecia antiga a demoeracia s6 podia existir naspequenas cidades onde as Ideias podiam ser transmitidas verbal-mente. A imprensa, no entanto, podia multipliear as ideias elanca-Ias a todos os olhos e espiritos, Podia tornar milhoes depessoas suficientemente bern informadas para poder partieipar dogovem.o.

    A imprensa podia tambern ser utilizada para fins condenaveis.As guerras tinham a possibilidade de se tomarem mais terriveise os ditadores mills poderosos por meio do habil emprego da pro-paganda atraves da palavra impressa. Tornar-se o povo alfaheti-zado nao era uma garantia de que tHeleria coisas boas ou sensatas.Ainda assim os benefioios foram maiores do que as maleficios,e a imprensa pos Q nosso conhecimento it disposieao das futuras .geragoes.

    Antes de Gutenberg imaginar seus pequenos pedacos oblon-gos de metal, todos as !ivros erarn escritos a mao. 0 prepa.ro deurn volume tomava muitas semanas de trabalho penoso, e a posse,de urn que fosse, era coisa rara. Ter uma duzia deles era 0 quedistinguia urn homem rico. Destruir uns poucos Iivros represen-tava, possivelmente, apagar para sempre as ideias de urn grandepensador, .

    Na antiguidade toda a vasta sabedoria e literatura da Creciae de Roma estavam condensadas numas poueas biblioteoas, Amaior de tadas, de Alexandria, no Egito, oi destruida pelo fogodurante convulsfies politicas no seculo V. Outras desapareceramquando varias eidades foram presa de guerra ou conquistadas.

    Por fim, somente as biblictecas de Constantinopla restarampara preservar os legados de Roma e da Orecia. Em 1204, entao,Coustantinopla foi saqueada pelos cruzados e, em 1453 - urn anoantes da Biblia de Gutenberg - eapturada pelos tureos.

    Os cruzados e os turoos esrnagaril.m a grande cidade, rou-baram seus tesouros, destruiram a maior parte de seus livrose obras de arte., Os eruditos fugitivos levaram consigo todos osmanuscritos que puder am, mas foram apenas restos Iastimaveis.

    .Urn dos maiores eseritores de pe9as teatrais de todos ostempos, S6focles~ havia eserito aproxlrnadamente uma eentena

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    passou dez anos, estudando medicina em Padua e direito emBolonha.

    Saiu-se bern em ambos os campos e quando, par fim, retornoua Polonia em 1506, passou a exereer a pratica da medicina, sendomuito procurado tanto pelos ricos como pelos pobres. ' Foi membrodo cabido de sua diocese c administrou dois dos maiores distritos.

    Mas nao foi na lei, na medicina au na vida publica - emborase tenha sobressaido em todas - que Copernioo oriou fama, esim na astronomia. E essa predilecao pela astronomia ele a de-senvolveu em suas viagens pela Italia.

    A Italia estava num torvelinho intelectual no ano de 1500.Ravia novas ideias no ar e velhas nocoes eram postas em duvidacomo, par exemplo, as teorias relativas aos movimentos dos corp ascelestes.

    Para comegar, todas as estrelas, bern como 0 Sol, a Lua e asplanetas passavam em torno da Terra cada dia, indo do Ieste parao oeste. No entanto, os estudiosos achavam que isso era apenasaparencia pols a Terra era urn globo que girava sobre 0 seu eixodo oeste para 0 leste. Par conseguinte, 0 movimento diano dosceus era apenas uma ilusao.

    Se a Terra nfio girasse: as estrelas deveriam permanecerfixas num mesmo Iugar. A Lua, porem, muda de posicao em com-paracao com as "estrelas fixas". No espa90 de 29 dias (sem levarem consideracao a rotaeao da terra) a Lua descreve urn giro com-pleto no ceu, do oeste para leste. 0 Sol comporta-se de maneiraidentica, porem mais vagarosamente, levando 365 para dar umavolta completa.

    Evidentemente, a Lua e 0 Sol giram em torno da Terra. Ateai, muito bern, mas eram os planetas que causavam a confusao.

    Eram conhecidos apenas cinco planetas no tempo da Coper-nico. Mercurio, Venus, Marte, Jupiter e Saturno, Todos elesmudavam de posicao em relacao as estrelas, 0 que faziam demaneira estranha e complieada. Mercurio e Venus apareciam pOl'vezes pela manha e por vezes a tarde. Nunca surgiam alto no ceu,mas sim sempre perto do horizonte (e Mercurio mais do queVenus ).

    Marte, Jupiter e Saturno, por Dutro lado, apareeiam acima deDOS~ascabecas em certas ocasioes, cada urn deles completandourna volta no ceu de oeste para leste, No entanto, seus movi-mentos nao eram uniformes. Uma vez em cada revo]uc;ao, Marteretardava seu movimento, voltava, descambava por algum tempo

    24

    o ANCIAO jaz em seu leito de morte. Corria 0 ano de 1543e Nieolau Copernieo, aos setenta anos, estava morrendo.: Seuprimeiro livro estava sendo impressa numa eorrida contra 0 tempo.Finalmente, no dia 24 de maio, a primeira c6pia impressa do livrofoi posta em suas maos inermes. Seu olhar vidrado pode terrecaido sobre 0 livro, mas sua memoria e seu espirito estavamausentes, Copernico morreu nesse mesmo dia, scm ter podidosaber que, por fim, havia movido a terra.

    Mil e setecentos anos, antes, Arquimedes se tinha propostoa mover a Terra se lhe dessem urn ponto de apoio. Copernico,por fim, tinha realizado essa orgulhosa afirmativa. 11:1etinhaencontrado a Terra no centro do universo e, pela for~a do pensa-mento ele a arremessou para longe, para a vastidao do espac;o. Edesde entao ali permanece.

    Copemico nasceu em Thorn, na Polonia, a 19 de fevereirode 1473 e foi batizado como Nicolau Koppernigk. Na sua epocaos homens ilustrados escreviam em latim e adotavam names lati-nizados, de modo que Koppernigk transformou-se em Copernicus.o nome permaneceu assim atraves das gerac;6es.

    Copernico, que foi 0 mais notavel dos cientistas polonesesate surgir Madame Curie, sorveu 0 conhecimento de todas aspartes da Europa como era habito de to?-0s ?s eruditos daq~~letempo. Comecon seus estudos na Universidade de Cracovia,onde absorveu na matematica e se dedicou a pintura. Em 1496viajou para a rtalia, entao 0 verdadeiro centro de cultura, onde

    o desajio do injinito

    3. Nicolau Copemico

  • 2726

    sar enquanto nao descobrissem as leis naturals que regiam 0movimento dos planetas. Em segundo lugar, aereditavam queo movimento dos planetas influenciasse 0 destino dos homens.Assim, pensavam ales, pela compreensao integral do firmamentopoderiam eompreender 0 passado e 0 futuro.

    Por volta de 150 d.C. 0 matematico e astronomo grego Clau-dio Ptolomeu escreveu urn livre em que apresentava f6rmulaspara. 0 calculo dos movimentos dos planetas, e que erarn baseadas

    de leste para oeste. :ttsse desvio para tras foi chamado de "movi-mento retr6grado". Jupiter tambem passava por essa fase demovimento retr6grado doze vezes em cada uma de suas revo-Iucoes, que eram mais demoradas, e Saturno 0 fazia trinta emcarla uma de suas revolucoes, por sua vez bern mais longas.

    Os gregos antigos tentaram explicar esse estranho compor-tamento. Primeiramente, acreditavam que 0 universo f6sse gover-nado por leis naturais e, por conseguinte, nao poderiam descan-

    Nicolas: Copemico.

  • 2928

    , Finalmente, a matematioa que representava os movimentosplan~ta~iOs mostrou ser muito mais simples, no sistema deCop~rn1Co do que no de Ptolomeu, Que mais poderia alguemdesejar ?

    Mas Copernieo era eauteloso. Ele sabia que os velhos con-servadores mais dogmatieos erarn encontrados muito freqiiente-mente entre os "sabios" academieos.

    No entanto, ele expos a, sua teoria sob a forma de urnrnanuscrito por volta de 1530. Esse manuscrito circulou livre-mente, encontrando adeptos entusiastas e, igualmente, adversa-l'i?S Ferrenhos. Urn deles foi Martim Lutero, que charnou Coper-111CO de louco porque negava a Biblia, Copernico, assim, [ustifi-cava 0 seu cuidado.

    . Em 1~O, um d~icado discipulo de Copemioo, George Joa-chim Rheticus, publicou urn resumo da teoria de sen mestre. 0~apa Clemente VII aprovon 0 sumario e determinou a publicacaomte~al do grande manuscrito, no que Copernico aquiesceu e 0dedicou ao Papa, acrescentando urn ataque bern humorado aspessoas que se aproveitavam de citacoes da Biblia para .negarverdades matematicas.

    o Iivro, intitulado De RefJolutionibus Orbium Caeiesuus,caiu como urn raio sobre a Europa. Mas nenhum efeito produziuem Copemico. Ele sofrera urn derrarne cerebral em 1542 e morreuno dia da publieacao da obra.

    Foi-Ihe poupada a humilhacao de ver que a pujanca do livrohavia sido grandemente enfraquecida por urn prefacio aeovardado,no qual a verdade da teoria de Copernico era negada, apre-sentando-a como uma especie de truque, ou artlficic matematico,para simplificar os calculos dos movimentos dos planetas.

    Consta, tambem, que Rheticus se viu envolvido em difioul-dades (talvez por causa dos pontos de vista de Copernico ) eteve de abandonar a cidade. :!tIe havia deixado a, publicacao dolivro de Copernico com urn seu amigo, Andreas Osiander, urnpastor luterano que, posslvelmente ansioso para que nao se jul-gasse negando a' Blblia, inseriu por sua conta 0 prefacio queCopernico desconhecia.

    Copernico fez rnais do que inventar uma teorla: mudouas rela~oes do homem para com 0 Universo. Antes de sua epocaa terra era tudo. Agora a terra e apenas urn corpo entre os outroscorpos num universo imenso.

    na presuncao de que todos eles desereviam trajetorias circularesem torno da Terra.

    Para levar em conta 0 movimento retrograde, iHe supunha quecada planeta descrevesse um pequeno circulo e que 0 centro dessecirculo se deslooava de oeste para leste segundo urn. circulo maior,em torno da Terra. Ocasionalmente, 0 planeta iria de leste paraoeste em seu pequeno cireulo, e que a combinacao dos movi-mentes resultaria no movimento retrograde.

    A medida que aumentavarn as abservacoes do firmamento, oscirculos tinharn de ser superpostos a outros circulos e a materna-tica necessaria tornava-se cada vez mais complicada. Em 1500, 0sistema de Ptolorneu tinha oresoido tanto e se tornado tao pes ado,que cornecou a se tornar desconfortavel para os estudiosos - e,prlncipalmenle, para Copernico.

    Copernico sabia que urn matematico grego,' Aristarco deSamos, era de opini1io que a Terra girava em torno do sol, contra-riamente ao que se acreditava, Mas Aristareo tinha simplesmenteuma teoria que fora ridicularizada, Copernico achava que aquelesabio estava com a razao, mas, sabia que tambem seria ridieula-rizado a menos que pudesse demonstrar que a teoria tinha sentido.

    Copernico nao dispunha de instrumentos suficientementeprecisos para essa finalidade. Somente tres quartos de seculo maistarde e que 0 telescopic seria inventado. Existia, porem, a or~ada logiea.

    Entre outras coisas, se a Terra girava em tomo do Sol, 0movirriento retrogrado estava logo explicado. Se a Terra estivesse,como Marte, do mesmo Iado do Sol, mas se movendo mais de-pressa, ultrapassaria Marte. Este planets pareceria ir ficando paratras e se mover em sentido retrograde. Cada ana a Terra iliaganhando uma volta em relacao aos planetas exteriores - Marte,Jupiter e Saturno. Ao mesmo tempo, cada ano, cada urn dessesplanetas mostraria urn movimento retrograde. ,

    Se Mercurio e Venus estivessem mais perto do Sol do que aterra, 0 seu comportamento tambem poderia ser explicado. Co-pernico desenhou diagramas para mostrar que os planMas iilterioresteriam de acompanhar 0 Sol. Nao podeliam nunca ser vistos daTerra a mais do que uma determinada dist~ncia do Sol. Conse-quentemente, Venus e MercUrio so poderiam aparecer na parte damanha ou a tarde, quando a luz ofuscante do Sol estivesse es-condida pelo horizonte. Naturalmente s6, poderiam aparecerperto do horizonte pOl' tras do qual 0 Sol se ocultava.

  • J1

    RCIENTEMENTE, William Harvey observava a acao do coracaoe do sangue. A cada contra9ao,. 0 coracao bombeava uma certaquantidade de sangue para as arterias. Ao cabo de uma hora,tinha impulsionado Ulna quantidade de sangue de peso equiva-lente a tres vezes 0 do homem. De onde vinha esse sangue?Para onde ia? Teria vindo do nada P Desaparecia no nada?

    Harvey 56 podia ver uma resposta. 0 sangue que deixaoao coradio tinha de t)oltara ele. 0 sangue tinha de circularatraves do corpo.

    William Harvey nasceu a 1 de abril de 1578 em Folkestone,na Inglaterra. Estudou em Cambridge e depois em Padua, naItalia, centro de conhecimento medico naquela epoca, Obteveseu diploma de medico em 1602 e se tornou medico da cortede James I e, posteriormente, de Charles I.

    Sua vida particular foi despida de acontecimentos. Viveunuma tSpoca em que a Inglaterra estava sofrendo os efeitos deuma guerra civil, mas Harvey nunca se interessou muito pelapolitica, Seu incessante interesse eoncentrava-se na pesquisamedica.

    Galeno, 0 grande medico grego do terceiro seculo depoisde Cristo, pensava que 0 sangue fluisse suavemente para tras epara diante ao longo das arteries, passando atraves de orlficiosInvisiveis na parede que dividia 0 coracao em duas metades.Escorria primeiramente num sentido e depois, no outro. Essaideia manteve-se firme durante 1400 anos.

    A natureza era a seu liuro

    4. William Harvey

    l

    30

    A ciencia viu-se, pela primeira vez, face a face com 0 desafio. do infinite. Enfrentou 0 desafio bravamente, ampliando constan-temente 0 universe, desde entao, Com urn tipo de universeenfrentado com galhardia, podia-so conceber urn outro tipo, eo mundo infinitamente pequeno pode ser abrangido. 0 tempose dilatou e se expandiu de tal forma que se tornou possivelpensar na historia do mundo em termos de bilhoes de anos, e naode milhares,

    A mente humana extendeu-se em t6das as direcoes e quemmostrou 0 caminho em direcao ao Infinite foi Nicolau CoperniC'oque morreu no proprio dia de seu triunfo.

  • 33

    William Harvey mostra 0 corayiio de ttma gazela ao R~{ Charles I.

    crenca na circulacao do sangue, mas porque era, em Iatim, 0termo que designava em giria 0 charla tao. sse nome era dadoaos mascates que apregoavam remedies nas pra9HS i circuloe],

    Durante todo 0 tempo, Harvey manteve silencio e prosseguiuem seu trabalho. Ele sabia que estava certo,

    E de fato estava. A pIova final veio em 1661, quatro anosapos a sua morte. Urn medico italiano, Marcelo Malpighi, exa-minando tecidos vivos atraves de um microscopic descobriu fi-nissimos vasos sanguineos, ligando as arterias as veias, no pulmaode uma rji. Chamouos de capilares (semelhantes a cabelos ) porcausa de sua pequenez. Estava eompleta a teoria da oireulaeao.

    A importancia do trabalho de Harvey repousa nos metodosque empregoll. :!tIe substituiu a "autoridade" pela observacaoe olhou a natureza ao inves de urn velho manuscrito poeirento.Deste inicio construiram-se as monumentais ciencias bio16gicas denossos dias. .

    32

    Muitos medicos contemporaneos de Harvey fizeram espe-culacoes a respeito dos movimentos do sangue, mas Harveyprocurou dentro do proprio corpo as provas que explicariam 0misterio. Nisso ele seguiu as pegadas de Andreas Vesalius,o grande medico helga que foi professor em Padua apenas urnagera~ao antes de Harvey In estudar, Vesalio, 0 primeiro a disse- .car corpos humanos, foi 0 pai da ciencia da anatomia,

    Harvey estudou as coracoes palpitantes de animais vivos eobservou que as duas metades -nao se contraiarn simultaneamente,Estudou as valvulas entre os ventriculos e as auriculas, as peque-nas camaras do coracao e notou que elas eram valvulas que per-mitiam a passagem do sangue apenas num sentido, Estudou asvalvulas das veias, constatando que tam hem eram valvulas deurn unico sentido. Essas valvulas Ioram observadas par umprofessor de Harvey, em Padua, um medico chamado Fabricioque, no entanto, nao tinha compreendido a sua funS/ao.

    Evidentemente 0 sangue podia fluir do eoracao para asarterias e correr das veias em dire~ao an coraeao. As valvulasimpediam a inversao do curso.

    Ligou, entao, as arterias e observou que elas inchavam apenasdo lado em que ficava 0 coracao, Fez 0 mesmo com as veiase verificou que a pressao se dava apenas do Iado oposto aocoracao. Em 1616 ele teve a certeza de que 0 sangue circulava,

    Havia apenas uma falha em sua teoria: nao existiam cone"xoes visiveis entre as arterias e as veias. Como pass aria 0 sanguedaquelas para estas? 0 sistema arterial era ~om.o uma ~r~orecujos galhos dividem-se em ramos cada vez mais Hnos. Prox~moao ponto em que as arterias pareoiam acabar cornecavam dehc_a-das veias, Essas veias iam aumentando pouca a pouco, mas naohavia sinais de que as arterias e as veias se ligassem.

    Em 1628, entretanto, Harvey. estava seguro de sua teoria, adespeito desse ponto falho, Publicou urn livre de 52 paginas queostentava urn comprido titulo em latim e que .e comumente co-nhecido como De Motus Cordis (A respeito do movimento do.coracao ) . Foi impresso em papel barato, e fino, cheio de errostipognificos, mas' destruiu a teoria de Galeno.

    A principio os resultados nfio foram muito d?S~j{lVeis,?eacordo com 0 ponto de vista de Harvey. Sua clinica dec am,foi ridicularizado pelos adversaries e os seus clicnt~s .0 abando-naram por nao desejarem ser tratados por um medico amalu-cado. Apelidaram-no de "circulador" nao por motive de sua

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    como pintor, Foi um tanto infeliz nos seus primeiros anos deescola num mosteiro de Florenca. Seu pai desejava que ~Ie fossemedico, mas Galileu sentiu-se ainda mais infeliz quando foi paraa Universidade de Pisa, em 1581, a Hm de estudar medicina,

    Em Pisa sua mente comecou a vaguear em outras dire90es.Ao assistir a rnissa na Catedral de Pisa, deu consigo mesmo .aobservar urn candelabro que oscilava devido a correntes de ar,descrevendo, par vezes, urn grande arco, outras vezes urn areomenor. Nada havia de fora do comum nisso, mas Calileu, queentao contava 17 anos, observou uma coisa que outros naotinham visto.

    Tomou seu pulso e comecou a contar, Tantas pulsacoes parauma rapida oscilacao longa; tantas para uma oseilacao lenta emenos ampla, Mas sempre 0 mesmo mimero de pulsacces, quera oscilacao Fosse de grande ou de pequena amplitude. Calileutinha descoberto a lei do pendulo.

    Mas, se urn pendulo oscilasse constantemente, cortandoiguais fragmentos de tempo, por assirn dizer, tal fato se apresen-tava como urn novo e revolucionario metodo para medir 0 tempo.GalHeu usara seu pulse para medir 0 tempo de oscilacao dopendulo e, agora, 0 pmdulo podia ser usado para rnedir a pul-sacao do homem. Oalileu levou essa 1109ao para as seusprofessores.

    Galileu nunca chegou a colar grau em medicina, pois naotinha dinheiro para continuar os estudos. 0 motivo real, noentanto, era provavelmente a falta de interesse. Ouviu, certavez, uma aula de geometria e descobriu que a sua vooaeaoera para matematica e fisica - nao medicina. .

    Foi para Florenca, encontrou um protetor e estudou 0 cam-portamento dos objetos que flutuavam na ligua. 0 ensaioem que descrevia suas conclusoes cstava tao bern feito que 0tomou, naturalmente, urn "jovern futuroso" no mundo erudite daItalia, QuandO voltou a Pisa, em 1588, era professor de materna-tica na Universidade, Nessa cidade ele continuou 0 estudo doscorpos que caem.

    Aristoteles acreditava (dais mil anos antes) que a velocidadecom que as corpos caiam era proporcional ao seu peso, no quepassaram a concordar as sabios desde entao. AHnal de contas,.as penas nao caem devagar? Por que discutir a evidencia denossos olhos ?

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    34

    V.GAROSAMEN~E 0 velho hornem se ajoelhou perante os [uizesda Inquisicao. Com a cabeea curvada, sua voz cansada disse 0que tinha de ser dito. Negou que 0 sol fosse 0 centro do universoe admitiu estar errado quando ensinava que assim 0 era. Negouque a terra girava em torno de urn eixo ou que desse voltas emtorno do Sol, e admitiu que estava errado quando ensinava queassim fosse.

    Naquele dia, 22 de .junho de 1633, os homens da Igreja, queconstituiam 0 tribunal da Inquistcao, em Roma, sentiram quehaviam conseguido uma vitoria. Galilen Calilei, de 69 anos, erao mais renomado cientista da Europa. Era .famoso por seus.escritos, em que expnnha tao claramente as suas ideias, e porridirmlarizar com tanta eficiencia os seus adversaries.

    Agora, &le havia sido forcado a admitir que estava errado,A Inquisieao, em atencao a sua fama, tratou-o com deIicadezae pennitiu a' sua volta a .Florenca, .onde passoll os ultimos oitoanos de sua vida trabalhando em problemas nao controvertidos.Nunca mais perturbou a Igreja com teorias hereticas .. No dia 8de janeiro de 1642, expirou.

    Calileu (e conhecido mundialmente por esse nome apenas )nasceu ~ Pisa, no dia 15 de fevereiro de 1564. Desde cedo apre-sentou uma extensa gama de' interesses oriadores, Quando meni-no, demonstrou incomum habilidade para inventar brinquedos e,depois de crescer, tocava 6rgao e citara, escnivia poemas, can-\!oes e crlticas literarias. Chegou mesmo a atrair certa atenr;1io

    Mas ela se move ...

    5. Galileu Galilei

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    velha nocao de que tudo nos ceus girava em torno da Terra. Aquihavia, certamente, quatro objetos que giravam em torno de Jupiter.

    Galileu levou seu telesc6pio para Roma em 1611. Muitas pes-soas da corte papal ficaram irnpressionadas, mas algumas seirritaram. Era esse 0 homem que ja havia destruido as nocoesde Arist6teles acerca dos corpos que caem e que vinha, agora,derrubar a doutrina de Arist6teles de que as ceus eram perfeitos ?Como podcria haver montanhas grosseiras na face celestial daLua e manchas num Sol perfeito?

    "Vejam voces mesmos", disse Calileu. "Olhem atraves domeu instrumento",

    Muitos recusaram-se. Alguns disseram que as Iuas de Jupiternao podiam ser vistas a alho nu, nao sendo, portanto, de utilidadepara a humanidade, e nao podiam ter sido criadas. Se 0 instru-menta as mostrava, entao 0 instrumento e que estava errado. Eraperverso, disseram alguns, um instrurnento do diabo, Galileu seviu apoiado por uma Iaccao da Igreja e atacado pela outra.

    Calileu esereveu artigos sabre as suas deseobertas, neles sedefendendo contra os agressores com ira sarcastica. Passou. aassumir uma atitude cada vez mais decidida a favor das teoriasde Copernico.

    Galileu tinha uma habilidade especial para tornar ridiculesas seus opositores e estes raramente 0 perdoavam por isso. Nessaocasiao, as que 0 combatiam eram poderosos da .Igreja e, comoresultado da pressao exercida par esses homens, a Igre]a final-mente declarou, em 1616, que acreditar no sistema de Copernicoconstituia heresia. 0 Papa Pio V recomendou a Galileu queabandonasse os pontos de vista de Copernico,

    Durante quinze anos Galileu manteve-se fiel aos desejos dePio V - pelo menos em publico. Permaneceu quieta, trabalhandoem outros assuntos, e esperava que a Igreja abrandasse suaposic;ao. Par alguma razao, parece ter julgado que a Igreja tivessecedido. Aparentemente sem preyer complica~5es, publicou, em1632, a sua grande defesa do sistema de Copernico, nela espica-c;ando impiedosamente seus opositores por meio da ironia. AInquisi9ao chamou-o aRoma.

    Seguiu-se 0 Iongo e fatigante julgamento do velho cientista.Conta a hist6ria que quando Galileu se ergueu de seus joelhos,depois de jurar que a Terra era im6vel, balbuciou umas palavras.Que teri!!. ele resmungado? Segundo diz ainda a hist6ria, suaspalavras foram: "Mas ela se move ... "

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    Calileu. pensava que a resistencia do ar devia ter algumainfluencia, retardando os objetos leves que tinham uma superficiemaior. Para demonstrar tal fato (conta a historia ), subiu ao altoda t!)rre inolinada de Pisa lcvando duas balas de canhao de igualtamanho, sendo uma de ferro fundido e outra de-madeira. A balade ferro pesava dez vezes mais do que a outra. Se Aristoteles(.e os professores de Pisa ) estivessem certos, a bala de ferrocairia dez vezes mais depressa do que a de madeira. Cairiamesmo? Uma grande multidao (diz a historia ) esperava a res-posta,

    Galileu largou-as, cuidadosament,e de cima da balaustrada,ao mesmo tempo. Elas atingiram 0 solo juntas e com urn ruidounissono,

    Nao se podia provar mais clara e inteiramente que Arist6te-les estava errado. Aos 27 anos Galileu tinha destruido a autori-dade (e tambem a dignidade) de seus colegas professcres, Foiobrigado a deixar Pisa, mas havia um mclhor Iugar a sua esperana Universidade de Padua, e ali alcancaria a gloria real de suavida.

    Corriam boatos vfndos da Rolanda acerca de urn tubo doradodelentes que !azia os obj~tos di~tantes J?arecerem ao .alc:mc_edamao. 0 governo holandes havia descido sabre a invencao 0manto do segredb militar, mas Galileu pos-se a pensar como talinstrumento poderia funcionar.

    Em seis meses tinha ele desenhado e construido urn teles-copio (mais tarde construiu muitos outros que se sspalharam portoda a Europa). Fez demonstracoes com seu telesc?pio em ye-neza, onde constituiu uma sensacao. Arrnadores subiram ao topodos predios mais altos a fim de olhar, atraves do tubo deA Galileu,navies tao distantes que levariam horas para chegar ao porto.

    . Mas GaWeu nao pensava nem na guerra nem no comercio.Aporitou seu telesc6pio para 0 ceu e viu montanhas e cratc:as naLua, novas estrelas, invislveis a olho nn, na constelar;ao deOrion. Descobriu que Venus exibia fases como a nossa Lua e queo Sol tinha manchas.

    Foi em janeiro de 1610, no dia 7, que ele fez a descob~rtacrucial. Olhand6 para Jupiter1 descobriu quatro pe(~ueD1n~s"estrelas" nas suas proximidades. Acompanhou-as, nOlte aposnoite. Nao podia haver erro; eram quatro luas em torno deJupiter, cada qual com sua orbita. Era a derrocada final da

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    i' 5ZANTI

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    . . Em primeiro lugar, Galileu descobriu as leis que governamas f6r9as e a velocidade dos objetos em movimento. Ie traduziuessas leis de dinamica em formulas matematicas ao inves de faze-loem palavras. No entanto, Galileu nao era urn amador ao Iidarcom as palavras. Foi 0 primeiro cientista a abandonar 0 latimpara escrever em sua Hngua nativa. Seu estilo e born humor atrai-ram a atencao da Europa para seus trabalhos, e ate mesmo: prin-cipes viajavam para a Italia para assistir as suas aulas. .

    Em segundo lugar, Calileu arrasou com a maneira pedantede encarar a ciencia, Nao era apenas porque observava os Eenome-nos por si mesmo e baseava suas deducoes em experiencias reais.o mesmo ja haviam feito outros cientistas antes de Galileu, pro.-

    . Por que homenageamos Galileu hoje em dia? Suas desco-bertas e invenefies agitaram a imaginar;ao da Europa de seutempo. Era urn cientista original e versatil. AMm dessas suasdescobertas de primeira mao ja discutidas, levou a cabo muitasoutras realizaeoes, Descobriu urn meio de pesar os corpos naagna, inventon urn termometro para medir as temp eraturas, cons-truiu urn relogio de ligua para medir 0 tempo. Pl'OVOU que 0 artinha peso e foi 0 primeiro a empregar 0 telescopic em astro-nornia.

    Ainda assim, nao e apenas por iS50 que Galileu Dcupa urnposto de honra na hierarquia da ciencia. Por que, entao, 0honramos P

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    ANTON VANLEEUWENHOEK, urn rnercador de tecidos que teveapenas alguns anos de curso primario, descobriu urn novo mundomais extracrdinario do que 0 descoberto pOl' Colombo. Sua dis-tracao era fabricar pequenas lentes de vidro. Urn dia ele estudouurna gota de ligua estagnada atraves de uma de suas lentes. 0que ele viu [amais fora vista ou imaginado por alguem, Mi-nusculos animais, demasiadaroente pequenos para poderem serobservados a 61ho nu, moviam-se e se alimentavam, nasciarn emerriam, numa gota de agua que era, para eles, todo urnuniverse.

    Van Leeuwenhoek nasceu na cidade de Delft, na Holai1da,no dia 24 de outubro de 1632, e ai viveu durante 90 anos. Deixoua escolaaos 16 anos, quando sen pai rnorreu, e foi ser empregadode urn armazem de generos alimenticios, Posteriormente, foinomeado porteiro da Prefeitura de Delft, permanecendo nessecargo pelo resto de sua vida.

    Tinha, porem, 0 seu passatempo, que era polir delicadas eperfeitas lentes. Algumas tinham apenas tres .milimetros dedi~roetro e eram eapazes de ampliar urn objeto 200 vezes, semdistorcao, . .

    Naturalmente que todo 0 muncIo sabia que as lentes fazemos objetos parecer majores, A maioria dos eientistas dispunhamde lentes medioores, e as que Leeuwenhoek Fazia eram excelen-tes, Montava suas lentes em armacoes oblongas de cobre, prataou ouro. Podia fixar os objetos de urn lade da lente e ficavaobservando-os durante horas. Deixava, frequentemente, 0 objetoali durante varies meses ou ate permanentemente, e se queria

    ..

    Ele descobriu urn mundo invisivel

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    6. Anton van Leeuwenhoek

    40

    Golileu Galilei.

    curando a verdade na natureza e nao em velhos manuscritospoeirentos.

    Galilcu foi a primeiro a chegar as suas conclusoes par meiodo metoda cientifico moderno que eonsiste em combinar 'a obser-vacao corn a logiea. Expressou a sua 16giea pela matematica -a clara e infalivellinguagem pictorica da ciencia, ,

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    nome Iongo mas que e simplesmente conhecida como RoyalSociety ..

    Van Leeuwenhoek escreveu longas cartas a essa soeiedadenas quais descrevia ern detalhe as suas lentes e tudo 0 que vimatraves delas, Os membros da Royal Society ficararn atonitos e,provavelrnente sem querer acreditar de inicio no que ele contava.Em 1677, entretanto, Robert Hooke, membro daquela soeiedade,construiu microscopies de -ac6rdo com as instrucoes de vanLeeuwenhoek e enoontrou exatamente 0 que este dissera. Depotsdisso nao houve mais duvidas, principalmente depois que vanLeeuwenhoek enviou de presente 26 de seus microsc6pios a. 80-ciedade, de modo que todos os seus membros pudessem ver parsi mesmos.

    Em 1680 van Leeuwenhoek Foi eleito membro honorario doRoyal Society, urn mercador de tecidos de pouca instrucao quese tornou 0 seu mais famoso membra estrangeiro. Em sua longavida, van Leeuwenhoek enviou a Royal SOciety urn total de 375trabalhos cientificos, e 27 a Academia Francesa de Ciencias,Embora nunca tivesse saido de Delft, seu trabalho 0 tornou mun-dialmente famoso.

    A Companhia Holandesa das Indias Orientals enviou-Ih~insetos da Asia para que as examinasse com suas lentes maravi-lhosas. A Rainha da Inglaterra visitou-o e quando Pedro, 0Grande Czar da Russia, esteve na Rolanda para aprender cons-trucao naval, visitou van Leeuwenhoek a fim de cumprimenta-lo.

    Van Leeuwenhoek deixou a rainha e 0 czar olharem atravesde suas lentes P Deixou, de fato, embora nao . gostasse queninguem pus esse 0 dedo em seus queridos microscopies.

    Nao foi ele a primeira pessoa a oonstruir microscopies neroa usa-los, mas foi 0 primeiro a demonstrar 0 que poderia serfeito com urn desses instrumentos. Foi 0 primeiro a usa-lo taobern, que, sozinho, veio a estabeleoer as bases da modernabiologia. . r. Sem a possibilidade de ver as celula~ e estuda-las, 0 anat~-mista e 0 Iisiologista modernos nada podenam fazer. Sern a POSSl-bilidade de ver as bacterias e estuda-las, bern como observar seuciclo vital, .a medicina moderna estaria, provavelmente, aindana idade obscurantista,

    Todas as descobertas dos gl'andes biologistas, desde 1700.tern como raizes, de urn modo ou de Dutro, as mlmisculas lentesde vidro laboriosamente polidas pelo porteiro da Prefeitura deDelft.

    .'.

    42

    Anton van Leeuwenhoek.

    observar outro objeto, ele polia outra lente. Em .sua vida,Leeuwenhoek fabricou 419 lentes.

    me observava tudo: insetos, gotas de agua, fragmentos dedentes, pedacos de carne, cabelo, sementes. Desenhava e descre-via tudo que via com extra ordinaria precisao.

    Em 1665 van Leeuwenhoek observou capilares de teeidosvivos. Esses diminutos vasos que ligam as arterias as veias tinhamsido descobertos quatro anos antes por urn Italiano, mas vanLeeuwenhoek fOi 0 primeiro aver 0 sangue passar por dentrodeles, Em 1674, descobriu os gl6bulos vermelhos que dao aosangue essa cOr.

    Em 1683 fez, talvez, a sua mais import ante descoberta: asbacterias, Eram demasiadarnente pequenas para que suas Ientesas pudessem ampliar nitidamente, e ele desconhecia a importanciada sua descoberta.

    Essas descobertas nao eram mantidas em segredo, No anade 1660 urn grupo de ingIeses interessados em ciencia foi enco-rajado pelo rei Charles II a formar uma sociedade que tern urn

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    EM 1666, segundo conta a historia, quando Isaac Newtontinha 23 aDOSde idade, viu, urna ma

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    por exe~plo, travara~ um~ luta com Lei?nitz e seus oolegas sobrea questao de quem tinha mventado 0 caleuIo em primeiro lugar,conquanto ambos merecessem 0 credito.

    Na Royal Society de Londres (da qual Newton era membra),seu grande inimigo era Robert Hooke. Hooke era Urn cientistacapaz, porem tinha mentalidade de gafanhoto. Corneoava as ooisase logo as abandoD~va. Deu inicio a tantas coisas que, nao importao que os outros fizessem, sempre alegava tel' sido 0 primeiro ater pensado.. Em 1684 ~ooke - em companhia de Edmund Halley, queera urn born amigo de Newton - gabava-se de ter estabelecido as

    Pouco depois da morte de Newton, foram construidos teles-copies com lentes espeeiais que niio estavarn sujeitos a aberraeaocromatica. No entanto, os maiores e melhores telescopios aindase utilizam do principio da reflexao.' 0 telescopic de 200 polegadasno cume do monte Polomar, na California, e urn telescopic dereflexao.

    Mas a tentativa de Newton para apliear a gravidade terrestrea Lua permaneoeu urn Iracasso. Com 0 deeorrer dos anos pareciadefinitivamente morta.

    Acontece que urn dos defeitos de Newton era njio suportarcriticas e por i8S0sustentou polemicas, Newton e seus seguidores,

    Sir Isaac Newton descobre a decomposiciio da luz ..

    ,', .......'."- ..-....'.~...-."~'''''''''''".':>~

    ........ __.....~-:~::.:-:--:~,

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    Newton nunca mais foi 0 mesmo depois de seu esgotamentonervoso embora por vezes ainda mostrasse uns lampejos de seuvelha genio. Em 1696, por exemplo urn matematioo suico desa-fiou os sables europeus a resolver dois problemas. No dia se-glinte ap6s ter visto os problemas Newton enviou-Ihe as solucoesanonimamente, 0 rnatematico suico pcrcebeu imediatamente 0disfarce dizendo "Eu reconheco a garra do leao",

    Newton oi nomeado diretor da Casa da Moeda em 1696 eencaregou-se da cunhagem. Renunciou a catedra para assumiressas Juncoes e as dcsempenhou Hio bern que era virtualmente 0terror dos falslficadores,

    Chegou a Fazer parte do Parlamento durante dais periodoslegislativos tendo side eleito como representante da Universidadede Cambridge, mas nunca fez um s6 discurso. Cerra vez Newtonse levantou e a assernbleia fez sileneio completo para ouvir 0grande homem mas 0 que Newton tinha a dizer era apenas queIizessem 0 favor de fechar uma [anela que estava provocandouma corrente de ar.

    A rainha Anne armou-o cavaleiro, em 1705. A 20 de marcode 1727 Newton morria; tinham decorridos 40 anos desde suasgrandes descobertas,

    Newton e importante por mais razfies do que as suas des-cobertas, As suas leis do movimento oornpletaram a obra iniciadapor Galileu e as suas leis da gravita~ao universal explicaram 0trabalho de Copernico e de Kepler, bern como 0 movimcnto dasmares. Esses grandes conceitos sao validos atualmente em todosos ramos da mecanica. Tambem fundou a cicncia da 6tica quenos permitiu aprender tudo 0 que sabernos acerea da composicaodas estrelas c quase tudo () que sabemos sobre a composicao damateria. 0 valor do calculo em cada ramo da ciencia vai alem dequalquer estirnativa.

    Nao obstante, a maior importancia de Newton no progressoda ciencia talvez seja pslcologica. A reputa9ao dos velhos W6-sofos e sabios gregos havia side fortemente abalada pelas desco-bertas de eruditos modernos como Galileu e Harvey. Aindaassim, os cientistas da Europa sentiam-se em posi9ao de inferio-ridade.

    ~Veio entao ~e'wton. ~uas teor.ias da g~'avita9ao permitiram avisao de urn umverso malOr c malS grandiOSO do que tudo comque Arist6teles houvesse sonhado. Seu sistema eJegante de meca-

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    leis que explicam a fo1'9aque contro]a os movirnentos do~ cor~oscelestes. A teoria nao parecia ser satisfatoria e as discussoescomecaram.

    Haney foi a Newton e perguntou-Ihe como os plan~tas semoveriarn se houvess~ entre as corpos uma. f~r9~ de atracao queenfraquecia em relaeao ao quadrado da distancia.

    Newton respondeu de imediato, "Em elipses"."Mas como sabe voce?""Ora essa, porque calculei". E .Newton contou. a seu amigo

    a hist6ria de sua tentativa 18 anos antes, e como tmha falhado.Halley, entusiasmado, pediu a Newton que tentasse novamente.

    Agora as coisas eram diferentes. Em 1666 Newton s,!!puseraque a forca de atracao agisse do centro ,da Terra, m~ nao pedeprova-lo. Agora, porem, dispunha do calculo como mstrtImen~ode trabalho. Com suas novas tecnicas ~atematicas ele ,K?dlaprOV{llr que a f6r9a agia do centro. Tambem, dura~t: os u tlm?s18 anos puderam ser feitas novas e melhores medicoes do rawda Terra, bern como do tamanho da Lua e de sua distanciada Terra.

    Dessa vez a teoria de Newton estava de acordo com as: fatos,e exatamente. A Lua era atraida para a Terra, do mesmo modoque a maca,

    Em 1687 Newton expoc a sua teoria num livro intitnl~doPhilisophiae Natu-ralis Principia Mathem.atica, no que enun~lOu,tambem as "Tres leis do movimento". A terceira delas afirmaque para cada aC;aoha uma reacao de igual valor e em sentidocontrario, 0 que vern explicar 0 funcionamento do foguete.

    A Royal Society pretendeu publicar 0 livro, mas nao h~vill:dinheiro suficiente em caixa, AMm disso, Hooke levantou todasas dificuldades que pode, .insistindo que tivera. aquela ideia. emprimeiro Iugar. Hafley, que estava bern de financas, pubhcouentao 0 Iivro a. sua custa.

    Mas os grandes dias de Newton tinham terminado. Em1692, aquele espirito que tud? abrangia fraquejou. Tcve urnesgotamento nervoso que 0 obngou a n:anter-se ~~as~adode tu~odurante quase dois anos. Para dar vazao. a .sua Ihmltada e~~rg~a.mental voltou-se para a teo]ogia e a alqUlmla, como se a ClenClanao fosse suficiente. Desperdic;ou sua energia na busca de urnmeio de fabricar 0 ouro.

  • 51

    JAMES WAIT estudou cuidadosamente a maquina a vapor a suafrente. Era um modele de u'a maqutna construida pela primeiravez por Thomas Newcomen, em 1705, sessenta anos antes. Amaquina era empregada para bombear a agua das minas e 0modele pertencia a Universidade de Glasgow na Escocia, ondeWatt trabalhava fabricando instrumentos matematicos.

    "Isto nao esta funcionando bern", disse-Ihe urn professor ."Faca 0 favor de conserta-la !" .

    Nessa maquina 0 vapor de uma caldeira entrava numa camaraencimada por urn pistao m6vel que era empurrado para cimapela pressao do vapor. Em seguida entrava agua fria na camarapara resfria-la, 0 vapor condensava e 0 pistao eaia. Mais vapor,e 0 pistao subia. Mais agua tria e 0 pistao descia. tsse movimentodo pistao para cima e para baixo acionava a bomba.

    o processo eonsumia quantidades enormes de vapor pensouWatt e, no entanto, a maquina funciona de maneira muito poueoeficiente. Era precise mais energia para conseguir vapor do quepara produzir trabalho.

    Watt, engenheiro competente dotado de espirito analitico,comecou a estudar 0 vapor de maneira sistematica. Para exercera pres sao maxima 0 vapor deveria estar, primeiramente, tao quen-te quanta possivel e, depots, deveria se transformar em ligua 0mais fria possivel. Nao era isso 0 que fazia a maquina deNewcomen?

    Ze deu inicio a dUGreuolucoes

    8. James Watt

    50

    nica. celeste trouxe 0 firmamento para 0 alcance da inteligenoiahumana mostrando que os rnais remotes corpos do ceu estavamsujeitos exatamente as mesmas leis que 0 menor objeto terreno,

    Suas teorias tornaram-seo modele do que deveria ser uma teo-ria cientifica, Em todas as outras ciencias, assim como na filo-losofia politica e moral os escritores e pensadores que vieramdepois de Newton vern tentando imitar a sua elegante simplici-dade. tIes empregaram f6rmulas rigorosas e uns poucos princi-pios basicos.

    Ali estava urn esplrito tao grande como 0 dos antigos, e seuscontemporaneos 0 sabiam. Newton tornou-se urn Idolo de seutempo e quando faleceu foi enterrado na Abadia de Westminsterao lado dos herois da Inglaterra. Voltaire da Franca, ao visitar 'as ilhas britanicas nessa ocasiao comentou com admiracao que aInglaterra honrasse urn matematico do mesmo modo que os.outrospaises homenageiam os reis.

    Desde os dias de Newton a cieneia se tem revestido de umaautoconfianea que nunca falhou.

    A gloria de Newton esta melhor express a num verso deAlexandre Pope:

    A Natureza e suas leis jazern ocultas na noite,.Deus disse: Faca-se Newton! E a luz foi feita.

  • 53

    A inv~n~ao de. Watt significava energta l Antes de Watte:~m os musculos ~o homern e dos animals, os ventos e as quedasdagua. Watt _P0rem tornou possivel prirneiro uso pratico deuma forc;a rnaior do que qualquer uma delas. (A unidade deMrtya denominada "watt" e uma homenagem ao seu nome.) Mui-tos de seus uses ele pr6prio os concebeu.

    . Maquinas a vapor. po?em ser utilizadas para acionar maqui-nan~ pesada. Pela pnmelfa vez gran des quantidades de energiapodiarn s_erconcentradas em uma pequena area. As Iabricas ea producao em massa tornaram-se possiveis.

    Alem do mais, a Inglaterra a epoca se encontrava com escassezde carvao para combustivel. Suas fIorestas haviam sido exauri-das. A ma?eira ainda exis;ente devia ser reservada para a Marinha.A alternativa era 0 carvao de pedra. Mas as minas de carvaode pedra eram, di~iceis de ser exploradas devido as infiltracoesde agua. A maquma a vapor de Watt bomb cava a agua eficien-temente e uma grande quantidade de carvao barato se tornou?isponivel. . A queim~ do carvao de pedra produzia 0 vapor eeste produzia a energla. Comeeara a Revolucao Industriall

    Hoje em dia enco~tramo-nos em uma segunda RevolueaoIndustrial, Esta, tambem remonta a uma invencao de JamesWatt.

    Par,a c.onserv,ar oonstante 0 fluxo do vapor no interior desuas maqulllas fez que 0 vapor girasse dois pesos pres os parhastes articula?as a urn eixo vert~cal. A gravidade puxava essespesos para baixo e a f6rc;.a centnfuga (enquanto os pesos gira-v~m) empurrav~-os para erma, Se demasiado vapor penetrasse naeamara, a rotacao dos pesos se tornava mais rapida, Eles eramf~n;ados para cima. Esse movimento fechava parcialmente umavalvula, co~tando 0 v~por. Quando a pressao do vapor diminuia,os pesos giravam mars vagarosamente, desciam e abriam a val-vula. Mais vapor podia entrar.

    Deste modo a quantidade de vapor era mantida dentro de~strejtos }imites ~ maquina ~ vapor es!uva equipada COmurncerebro que podia, automatica e continuamente corngir suas

    fa]~~s.. Isso e 0 qu~ se .dc~omina "automacao". Hoje em diaa ClenClada automac;ao atmgm urn ponto em que abricas inteiraspodem ser feitas funcionar sem a interferencia do homem corri-gilldo seu~ w~prio~ .erros p~r meio de dispositivos que empre-gam prmcIplO baslCo do regulador de velocidade" de JamesWatt.

    52

    JamesWatt em sufl.oficina, em 1788.

    Num domingo dos princfpios do ano de 1765, Watt foi darurn passeio sozinho pensando. De repente parou. Mas natural-mente 1 0 vapor estava sendo desperdicado porque a cadapasso a camara da maquina era resfriada. 0 novo jato de vapor

    . tinha de esquentar a camara antes que pudesse movimentar 0pistao,

    Watt voltou correndo para a oficina e comecou a imaginarurn novo tipo de maquina a vapor. Depois de ter 0 vapor entradona camara e acionado 0 pistao escapava por uma valvula parauma segutnda camara resfriada por agua corrente, A medidaque 0 vapor escapava 0 pistao descia. Um novo luxo de vaporpenetrando na primeira eamara nao esperdicava qualquer de suaenergia, dado que a camara estaoa aisula quente.

    Watt tinha u'a maquina a vapor que funcionava eficlente-mente. 0 sen acabamento foi urn triunfo da tecnologia e nao daciencia, Entretanto, aquele passeio no domingo havia ajudadoa .modificar futuro do mundo.

    A nova maquina a vapor quase irnediatamente substituiu nasminas a velha maquina de Newcornen. Watt continuou a intro-duzir melhoramentos apos melhoramentos. Por exemplo, ele fezcom que vapor penetrasse na eamara em cada cxtremidade, destaforma acionando 0 pistao .DOS dois sentidos alternadamente. Issoaumentou ainda mats a sua eficiencia,

  • 55

    A FRAN9A se encontrava em urn turbilhao, A Bevolucao quecomecara em 1789 com a tomada da Bastilha, estava se tornandomais violenta. Por volta de 1792 0 "Heino do Terror" havia co-rnecado. Os extremistas entregavam-se it vingan~a. contra asque haviam participado das injusticas durante as dins dos reis,

    Por exemplo, existiu a Ferme generale, uma organiza9ao pri-vada que coletara para 0 governo impostos sobre a sal, 0 fumoe. outros artigos. A orgal,1izac;aopagava ao governo uma quantiafixa. Tudo 0 que f6sse coletado acima dessa quantia era retido.A maioria dos coletores abocanhava todos os centimos que pu-desse. Naturalmente os camponeses, os operarios e a classe mediaos odiavam.

    Em novembro de 1792 foi dada ordem para prender todos asex-membros da organizacao. Entre eles estava Antoine LaurentLavoisier, renornado quimico. Nao somente fora ele"Urn mem-bro da organizacao, como mesmo se casara com a fiha de seuchefe. .

    Quando foram prende-lo ele protestou que nao estava envol-vido em poHtica e que 0 dinheiro que obtivera como coletor deimpostos tinba sido ernpregado em experieneias cientificas. "Eusou urn cientista", exclamou.

    o funoionario que 0 foi prender disse grosseiramente "A Re-publica nao precis a de cientistas", (Ele estava errado, e clare.A Republica predsooa deles e os encorajava, exceto quando aspaix6es da multldao eram despertadas.)

    o pai da Quimica M oderna

    9. Antoine Laurent Lavoisier

    54

    Watt era- tambem engenheiro civil capaz e respeitado qnetomou parte ativa em planejamento de pontes, eanais e instalacoesportuarias. Morren a 19 de agesto de 1819, apes 'uma velhicetranqirila e proveitosa, Viveu para ver a Revolucao Industrialbern Iniciada mas nunea sonhou que tambem daria inicio a umasegunda "Revolu9ao Industrial, que so iria ocorrer quase doisseculos depois,

  • 57

    Lavoisier era homem de espirito publico. Integrava quais-quer eomiss6es e juntas que investigassem as miseraveis oondicoesdos camponeses. Essa liga9iiO com a governo trabalhou contraele em seu julgarnento. Mesmo assim - embora os juizes revo-lucionarios a isso se conservassem cegos - urn dos services deLavoisier ao govihno teve importantes conseqiiencias para todaa hurnanidade.

    Haviam-Ihe pedido que realizasse um estudo sobre metodospraticos para a iluminacao de cidadcs. Ao fazer esse estudo, teveele que considerar diferentes combustiveis a serern queimados nasIampadas. Com 1S50 veio a interessar-se pelo problema geral daqueima ou combustao,

    Por ossa epoca a combustao era explicada pOl' meio da "teoriaHogistica", a qual fora pela primcira vez enunoiada cerca de 70anos antes. De acordo com essa teoria, as metals seriam compos-tos por urn "calx" (0 que poderiamos chamar de "Icrrugem" ou"oxide"] mais uma misteriosa substancia denominada "flogisto".Quando urn metal era aquecido, a flogisto se desprendia deixandoficar 0 "calx".

    A teoria estava inteiramente errada, e claro, tendo levado asquimicos a urna confusao ainda maier, Por exemplo, Oidemons-trado que 0 "calx" pesava mais do que 0 metal original. A {micaexplicacao seria supor que 0 flogisto tivesse peso negativo 1

    Em 1772 Lavoisier inioiou seu ataque ao problema. :E:le eoutros quimicos rcunirarn dinheiro para adquirir urn diamante.Concentraram calor sabre esse diamante por meio de urna cnormelente de aumento e 0 diamante queimou-se complctamente .. La-voisier queimou tambem enxofre e f6sforo e aqueceu estanho echumbo ate formar urn "calx", Rle concluiu que a queima e aforma~ao do "calx" envolviam 0 mesmo proccsso natural.

    EnxOfre, f6sforo, estanho e chumbo todos ganhavam pesoquando aquecidos ate a queima ou ate 0 "calx". Alguns cientistashaviam sugerido que 0 peso aumentava devido a que os materiaisganhavam "particuJas de fogo". Seria perda de flogisto ou ganhode fogo? Lavoisier esclareceu completamente 0 assunto. 1

  • 5958

    Lavoisier dua para sua mulher a modema teoria da combfJstao.

    .~,

    As experiencias de Lavoisier levaram-no a acreditar que emqualquer reacao quimica em urn sistema fechado, nao havia ganhoou perda de peso. Foram suas meticulosas afericoes que 0 condu-ziram a 'esse Iato. Foi esse 0 primeiro enunciado da importanteLei da Conservacao da Massa. Isso significa que a materia nempode ser criada nem. ser destruida. Par meio de a90es quimioasela pode apenas ser transformada. A partir dai havia urn passoapenas para a elaboracao das equacoes quimioas, as quais mostramque a massa das substancias antes de quaisquer modificaeoesquimicas deve ser igual a massa dos produtos criados par essasmodiflcacoes.

    Em 1774, Joseph Pristley, 0 clerigo britanico que havia des-coberto 0 oxigenio, visitou Paris e conversou com Lavoisier.Lavoisier percebeu de irnediato a importancia do exigenio. Voltouas suas experieneias l :E:ledemonstrou que quando 0 carvao de

    pedra queimasse no ar ou metal Formasse urn "calx", apenas partedo ar era oonsumido, sendo que 0 at restante nao entretinha com-bustao. Se, entretanto fOsse usado oxigenio puro as substanciasqueimavam ou formavam "calx" multo mais facil e rapidamentedo que no ar comum e todo 0 oxigenio era conswnido.

    Lavoisierverificou que ambos, oxigmio e nitrogenio (a este.ultimo denominou azoto, 0 que significa "sem vida") estavampresentes no ar, e que a combustao (e a vida tambem ) dependiamda combinaeao com 0 oxigento.

    Por volta de 1786 Lavoisier publicou urn documento quehavia preparado tres anos antes e que sintetizava suas experien-cias, Sua interpretacao de combustao e a que ainda hoje acei-tamos. a flogisto ficou definitivamente morto e enterrado,

    Em 1787 Lavoisier juntamente com tres outros quimicos, pu-blicou urn Iivro ohamado Methode de Nomenclature Chimique

    II

  • ~:.

    61

    Finalmente, 'em 1789, Lavoisier coroou sua obra, publican-do urn compendia de quimica intitulado Traite lementaire deChimie (Tratado Elementar de Quimica ). Nesse oompendioele incorporou as novas nocoes que havia desenvolvido. Foi esseo prirneiro tratado de 'quimiea moderna.

    No ponto eulminante de seu trabalho, no mesmo ana em queo seu tratado foi puhlicado, rebentou a Revolucao Francesa enos prindpios de 1792, Lavoisier foi tirade a fOl'C;u de seulaborat6rio. Foi preso poueos meses depois, tendo sua vida utilterminado em tragedia pam si mesmo e para 0 mundo quandocontava 51 anos.

    Lavoisier e chamado 0 "Pai da Qufmica Modems", a que narealidade fez jus. Com limitada cnergia c visao, cle tirou aquimica de urn beco sem saida e a colocou na estrada certa.

    Indubitavelmente, se ele nao houvesse existido, algum outroquimico ou grupo de quimicos poderiam ter chegado as rnesmasconclus6es. E dificil, .no entanto, perceber COmo urn individuopoderia ter feito mais e em menos tempo do que Lavoisier.

    Sua ideia de que as quimicos devem medir e pesar compreClsao talvez tenha sido, isoladamente, sua mais importantecontribuicao, Os quimicos jarnais esqueceram a li9ao e desdeentao tern proeurado ser "quantitativos". Os milagres da quimicade hoje - novas ligas, combustiveis, explosives, fibras, plasticos,etc. - todos remontam ao homem que deu a quirnica seu novoaspecto e ensinou aos quimicos a maneira adequada de realizarexperiencias.

    60

    (Metoda de Nomenclatura Qulmica) no qual eram estabelectdasas. regras 16,gicas _para serem dados names aos componentes qui-mICaS. Ate entao os nomes eram dados au capricho de cadaquimico, Hoje, quando falamos em cloreto de s6dio ou cloretode potassic estamos empregando names que se enquadram noesquema de Lavoisier.

    Antoine Laurent Lavoisier.

  • 63 ,III

    I

    ~

    Em Londres, Faraday foi aprendiz de encadernador, 0 que.foi uma sorte, pais esse mister 0 plls em contato com os livros,So tinha a obriga~ao de se preocupar por fOr~a de seu oHciocom 0 exterior des livros, mas nao podia deixar de abrir suaspaginas e mergulhar no seu conteudo. Nem pede ele evitar dese interessar na ciencia.

    Faraday teve seu segundo golpe de sorte, Seu patrao encora-[ou-o a ler os livros e tambem permitiu que ele fosse assistir aconferencias eientificas.

    Faraday comparecia a essas conferencias com grande entu-siasmo. Tornava extensas anotacoes e as passava a limpo, cuida-dosamente, ao chegar a casa, acrescentando seus proprios diagra-mas para torna-las mais claras. As aulas que mais apreclavaeram as de Humphry Davy, da Royal Institution. Davy era 0quimico mais famoso da Inglaterra e professor muito popular.Faraday enviou-lhe capias das notas que tinha tornado e pediu--lhe urn emprego como assistente de seu laborat6rio., Davy leu as anotaeoes com admiracao e agrado, dando 0lugar a Faraday na primeira oportunidade que se apresentou.Faraday tinha 22 anos quando conseguiu esse emprego na RoyalInstitution e 0 salario era menor do que quando ajudante de en-cadernador.

    Davy havia inventado a lampada de seguranc;a dos mineirose 0 carvao de arco, bern como descoberto inurneras substanciasquimieas, inclusive oito novas elementos. Mas, dizia-se habitual-mente que sua maior descoberta foi Faraday.

    Michael Faraday vivia virtualmente no Iaboratorio e se mos-trou digno do rnestre sob todos os aspectos. Depois que Davyfaleceu, em 1829, Faraday assumiu C! seu lugar, sendo nomeadoprofessor de quimica em 1833.

    Faraday continuou os trabalhos mais famosos de Davy. :E:stehavia isolado a maioria dos elementos que descobrira, separan-do-os dos compostos quimicos por meio da corrente eletriea.Faraday descobriu que a eletricidade necessaria para liberar aunidade de massa equivalente era exatamente a mesma 'paraqualquer elemento, isto e, a mesma quantidade .de eletricidadeliberava 0 mesmo numero de atomos. As pesquisas de Faradayconduziram ao conceito modemo do electron.

    Mas Faraday tinha fascinacao pelos imas. Espalhou limalhade ferro sobre uma fOlha de papel mantida entre os p6los de urnirna e viu que a limalha se ordenava segundo padroes definidos.

    62

    UFisICO INGLES estava dando uma aula em Londres, ha uns'120 anos passados, sobre algumas experieneias que podiam serfeitas com Imas e fios. E:le tinha uma bobina de fio ligada a urngalvanometro. E:ste instrumento e usado para medir a eletriei-dade, e tern 'urn ponteiro que se move quando a corrente eletricaa atravessa, Como 0 galvanometro nao estivesse ligado a nenhu-rna pilha, era evidente que nao podia passar corrente alguma porele. 0 ponteiro estava im6vel.

    .Mas, vejam l 0 professor introduziu urn Ima em forma debarra no centro da bobina e 0 ponteiro saltou para a direita. Aeorrente eletrica surgiu, aparentemente vinda do nada, QuandoeJe retirou 0 Ima, 0 ponteiro saltou novamente, desta vez para aesquerda. Muito curioso I

    Depois da aula, conta a historia, uma senhora que estavano audit6rio, aproximou-se interessada, "Mas, professor Faraday,de que vale a eletricidade que se forma apenas numa frac;ao desegundo por meio do ima ?"

    Muito delicadamente, Michael Faraday respondeu com outrapergunta, "Minha senhora, de que vale urn recem-nascido P"

    Outra versao dessa hist6ria e que urn politico fez a mesmapergunta, tendo Faraday retrucado, "Meu senhor, dentro de vinteanos 0 senhor lancara impostos sobre essa eletricidade."

    Michael Faraday nasceu perto de Londres, no dia 22 desetembro de 1791. Seu pai era urn laborioso ferreira com dezfilhos, tendo fixado residencia em Londres quando Faraday erarapaz.

    o magnetismo transforma-seem eletricidade

    10. Michael Faraday

  • 65

    I'I

    Em seguida enrolou uma segunda bobina em torno de outrosegmento do anel, ligando-a diretamente a um. gal~a.m)me~ro. Se-a teoria de Faraday estivesse certa, 0 campo magnehco cnado noanel de ferro, pela primeira bobina, iria deterrninar uma corrcnteeletrica na scgunda, e essa corrente seria indicada pelo galva-nometro.

    No dia 29 de agesto de 1831, Faraday tentou a experiencia.Nao deu certo l Pelo monos niio como ele esperava. 0 campomagnetico em si nao criara nenhuma corrente. Mas 0 inicio Otta interrup.o do campo geraca tt11Ul corrente. quando Farad~yfechou 0 circuito na primeira bobina, 0 ponteiro do galvano-metro ligado a outra bobina deu urn salto, Quando interrompeuo circuito, 0 ponteiro saltou de novo, em sentido coutrario.

    Faraday concluiu que nao eram as liohas de f6r

  • 67

    Dessa forma, uma corrente eletrica pode ter suas caracte-risticas alternadas durante 0 pracesso da inducao. As duas bobi-nas de Faraday, em tomo do anel de ferro, constituem a versaomais simples dos nOSS05"transformadores'' modernos.

    Faraday viveu mais 35 anos, sempre trabalhando e dandoaulas. Na epoca do Natal ministrava uma serie de li90es paracriancas, Suas aulas sobre a vela foram colecionadas sob a formade urn livro intitulado A Historic Quimica da Vela, que aindapode ser encontrado em muitas bibliotecas. Sua obra em tresvolumes, Pesquisas Experimentais, tambem se encontra nas bi-blioteeas e e constituida pelos SOlIS Iivros de notas em que cramregistradas as suas descobertas, Constitui uma leitura interes-sante.

    Faraday prestou grandcs contribuicoes a ciencia. Raro e 0setor da Iisica moderna que nao tenha tido 0 seu trabalho comop,?nto de partida, Entretanto, quando ele morreu, a 25 de agestode 1867, niio restava a menor duvida de que a sua maier desco-berra foi a inducao eIetrica. Suas maiores invencoes sao 0 geradore 0 transformador.

    A importancia dessa descoberta e exatamente proporcionaro primciro metoda pratico para transformar a energia mecanicaem energia eletrica,

    Antes de Faraday, havia as maquinas a vapor e as moinhosde agua que produziam energia mecanica a custa da qucima degrandes quantidades de carvao e de enorrnes caudais de agua.Essas fontes de energia, eram, entretanto, de grande porte eserviam para acionar usinas no local, mas nao em casas au escri-torios.

    Houve outras fontes de eletricidade antes de Faraday, sob aforma de pilhas au baterias quimicas, mas que s6 podiam forne-cer quantidades limitadas de corrente.

    A descoberta da inducao eletromagnetica, por Faraday, 1110S-trou 0 eaminho para a producao de eletricidade pOl'meio de dina.mos que giravam acionados par energia mecanica do vapor audas qucdas de aglla. Tornou possivel a Rovolucao Industrial sail'das Iabricas e, sob a forma de eletricidade, pcnetrar nos lares.

    o politico que, supostamente, duvidou do valor do eletromag-netismo ficaria, na verdade, estarrecido com 0 volume dos impos-tos arrecadados atualmente das cornpanhias e dos consumidores,como resultado da utilizacao dessa corrente.

    66

    encontro aroda, e 0 Dutro, de encontro ao eixo. Urn galvano-metro, ligado ao circuito, indicava que durante todo 0 tempoem que a roda de cobre girava, uma corrente eletrica continuaera gerada.

    Desta forma, Faraday gerou eletricidade partindo do movi-mento mecanico, tendo sido 0 inventor do primeiro "gerador"ou "dinamo".

    A inducao eletrica pode provocar efcitos curiosos. A ener-gia eletrica e determinada por dois fatores: a quantidade deeletricidade passando atraves do condutor, par segundo (ampera-gem) 0 a f6rr,:aque impulsions a eletrioidade (voltagem). Quan-de uma corrcnte, passando em uma bobina, induz corrente numasegunda bobina, a energta em ambas as bobinas pede ser amesma, mas os detalhes podem variar, Por exemplo, se a segundabobina tern 0 dobro de espiras de fio da primeira, a voltagem eduplicada, mas a amperagem cai pela metade.

    Michael Faraday.

  • 69

    mento de Michael Faraday, na Inglaterra. A vida de Henry apre-senta paralelos intimos com a de Faraday.

    Como Faraday, sua familia tambern era pobre, e como elerecebeu ponca instrucao, sendo obrigado a 'trabalhar quando aindamenino. Enquanto Faraday era aprendiz de encadernador, Henry,na idade de 13 anos, se iniciava no oficio de relojoeiro, Nesseponto Henry foi menos afortunado do que Faraday, pois essetrabalho nao 0 punha em contato com os livros. Pelo menosassim 0 teria sido se nao Fosse por um estranho acontecimento,

    Conta a historia que, quando Henry tinha 16 anos, enquantogozava ferias na fazenda de urn parente, perseguiu urn coelhoque se escondeu debaixo do predio da igreja. Faltavam umas ta-buas do assoalho da igreja e Henry desistiu do eoelho para exa-mina-Ia.

    ij:enry descobriu uma estante com livros, dos quais um erasobre hist6ria natural. Curioso, comecou a folhea-lo e isso foi 0suficiente para inflamer a sua ambicao. Voltou a escola.

    Entrou para a Academia de Albany, diplomou-se, ensinou emmuitos coIegios e exerceu as funcoes de preceptor para ganharo seu sustento, Tudo estava pronto para comeear a estudar me-dicina, quando lhe ofereceram urn ernprego de supervisor que alevon para a engenharia: Em 1826 estava Henry ensinando mate-rnatica e ciencia na Academia de Albany.

    Comecon a trabalhar com a eletricidade e 0 magnetismo e,desde entao, sua vida e a de Faraday se tomaram eada vez maisparalelas. Henry descobriu 0 principio da Inducao eletromagne-tiea independentemente de Faraday, e provavelmente descobriutambem a auto-inducao antes dele. (A auto-inducao e uma vol-tagem induzida numa bobina, ou num condutor rete, logo ap6ster sido interrompida a corrente nessa bobina ou. condutor. Esse"arrastamento" e causado pelo colapso do campo magnetico queacompanha a corrente.) Faraday, entretanto, publicou sua des-coberta em primeiro lugar, de modo que 0 credito cabe a cle.

    Depots, Henry se afastou do tipo de investigacoes deFaraday, comecando a especializar-se no magnetismo provocadopelas correntes eletricas, Em 1820, um fisico dinamarques, HansChristian Oersted, demonstrara que uma bobina atraves da qualpassasse uma corrente eletrica adquiria as propriedades de wnima, Em 1825, um sapateiro ingles~ interessado em eletricidadecomo passatempo, e cujo nome era William Sturgeon, enrolou 18

    68

    . (0) A 75 quiiometros alem, uma pequenina barra de Ferro subia e cafa, segundoo rttmo exato CDm qu~ a chave era prcssionada C 501ta. pOE Morse.

    Urf:. DOS MAlS DRAMATICOS mementos na historia das invencoesna America den-se no dia 24 de maio de 1844.

    Tinham sido estendidos fios de Baltimore a Washington co.brindo uma distancia de 75 quilometros". Numa extremidade: Sa.muel F. B. Morse, urn artista que se transformou em inventor,premiu e soltou uma chave que fechava e abria urn circuitoeletrico. Comprirniu-a numa sequencia de pontes e traces querepresentavam as letras do alfabeto. Esse conjunto de estalidoscurtos e longos encerravam uma mensagem: ."0 que fez Deus ?"

    Tinha nascido 0 telegrafo,Morse e digno de merecimento. Trabalhou durante anos

    tentando tornar pratico 0 telegrafo, viajou pela Europa todatentando obter patentes, foi desencorajado e sofreu desaponta-mentes quando tentou obter fundos do Congresso para realizarexperiencias.

    Mas nao merece realmente todo 0 credito pela invencao dotelegrafo, pois Joseph Henry, anos antes, tinha conseguido cons-truir instrumento identico. .

    Joseph Henry nasceu em Albany, no Estado de Nova York, a17 de dezembro de 1797.. Isso ocorreu seis anos depois do nasci-

    A eletricidade transjorma-seem energia

    11. Joseph Henry

  • 7170

    o noscimento do eleiro-imii

    Os eletro-Imas eram porem mais do que uma questao de for~abruta, e Henry construiu alguns bern menores que podiam servirpara centrale de precisao, Suponhamos que se ligue urn eletro--{ma a tun fio de mais de urn quilometro de comprimento que,por sua vez, e tambem ligado a uma bateria. Suponhamos quese possa enviar uma corrente eletrica ao longo desse fio, apertan-do-se uma chave que fecha a circuito. Com a fluxo da correnteo eletro-ima, a mais de urn quil6metro de distancia, poderia atrairuma pequenina barra de ferro. Quando se solta a chave e acorrente se interrompe 0 eletro-ima deixa de ser urn ima e apequenina barra de ferro se solta. Apertando e soltando a chavede acordo com urn determinado ritmo, pode-se fazer a pequeninabarra distante subir e descer, obedecendo ao mesmo ritmo. Eo que Henry estava fazendo, em 1831, era exatamente isso.

    Mas a eletricidade enfraquece ao percorrer uma longa exten-sao de fio, de modo que Henry inventou 0 "relay". Uma corrente

    espirais de fio de cobre nu ern tome de uma barra de ferro doceem forma d~ ferradura. Quando a corrente fluiu atraves do fio,o ferro funcionou como urn Ima, Sturgeon criou 0 nome "ele-tromagneto" para batizar esse dispositive.

    o dispositive de Sturgeon era apenas urn brinquedo, Em1829 Joseph Henry, no entanto, teve conhecimento desse fato,e tornou 0 brinquedo extremamente importante. ~le enrolouvoltas sobre voltas de urn fio em torno da barra de ferro.Para obrigar a corrente a passar em todo 0 comprimento do fio,sem saltar de uma espira para a outra, Henry enrolou 0 fio emt6da a sua extensao com seda, isolando-o.

    Cada volta do fio reforcava 0 magneto. Ern 1831, em Prin-ceton, com a corrente de uma pilha comum, ele foi capaz delevantar urn bloco de ferro de 380 quilogramas com urn eletro--rma. No mesmo ano conseguiu levantar mais de uma tonelada def'!Ul} J'UlYale.;

  • 73

    Tambem encorajou 0 crescimento de novas ciencias dentrodos Estados Unidos. Interessou-se, pOl' exemplo, pela meteorolo-gia, a oiencia das condicoes atmosfericas e de sua previsao, Em-pregou os recursos da Smithsonian Institution para montar urn sis-tema para a obtencao de relatorios meteorol6gicos de todo 0pais. (Foi 0 primeiro a empregar 0 telegrafo - cuja existenciaele proprio tamara passive! - para essa finalidade.) Decorrentede seu exemplo foi fundado 0 Departamento de Meteorologla dosEstados Unidos., A maioria de nos pensa que a guerra cientifica e produto do

    seculo XX. Entretanto, mesmo durante a Guerra de Secessao, agoverno estav,a conscio da irnportancia da ciencia. Foi JosephHenry quem encabecou a mobilizacao cientifica na Guerra deSecessao.

    Parece que Henry levou a maior parte de sua vida vendo osou~os receberem as creditos: Faraday pela inducao, Morse pelotelegrafo, Bell pelo telefone. Mesmo do caso do Departamentode Meteorologia foi dado 0 credito a outra pessoa, ClevelandAbbe, que muitas vezes foi chamado "pai do Departamento deMeteorologia".

    Mas nao foi totalmente destituido de apreciacao. QuandoHenry morreu, em Washington, no dia 13 de maio de 1878, grandenumero de personalidades do governo esteve presente ao seu se-pultamento, inclusive 0 Presidente Rutherford B. Hayes. Porocasiao do Congresso Internacional de Eletricidade, em Chicago,no ana de 1893, Henry foi oficialmente reconhecido como desco-bridor da auto-inducao. Ficou oficialmente decidido que as quan-tidades de indutancia Ossemmedidas par meio de uma unidadeque passaria a chamar-se "henry" em sua homenagem, 0 que vernsendo feito ate 0 dia de hoje,

    As descobertas de Faraday tornaram possivel a producao ba-rata de eletricidade e transferiram a Revolucao Industrial daFabrica para 0 lar.

    Entretanto, mesmo que a eletrieidade pudesse ser levada asresidencies em quaisquer quantidades que se imaginassem, atteria ela pouca utilidade sem os eletro-imas e motores de Henry.A energia dos motores tornou possivel os refrigeradores, maqui-nas de laval', secadores, batedeiras, maquinas de escrever ell~tri-cas, maquinas de costura, e praticamente tudo aquila que se movepor meio cia eletricidade.

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    apenas suficientemente forte para acionar urn eletro-ima teria afor9a bastante para levantar uma pequenina alavanca de ferro.Essa chave, quando levantada, fecharia urn segundo circuito,onde passava uma corrente muito mais forte. A segundacorrenteativaria, entao, urn segundo eletro-ima, que iria fazer 0 trabalhoque ao primeiro nao era possivel.

    Henry nao patentou os seus eletro-imas. Ele acreditava queas leis da ciencia e seus beneficios pertenciam a tada a humanida-de e que nao deviam ser usados em proveito individual. Isso per-mitiu aos inventores que usassern livremente 0 seu eletro-Ima paraconstruir dispositivos outros que eles patenteavam.

    Morse, por exemplo, patentou Sell telegrafo eletrornagneico,que funcionava de conformidade com os mesmos principios queo de Henry. Na verdade, quando outros pretenderarn usar 0teIegrafo de Morse sem a sua perm issao, alegaram que Henrytinha inventado 0 telegrafo e nso Morse. A [ustica, entretanto,deu ganho de causa a Morse.

    Alexander Graham Bell usou Urnpequenino eletro-ima em seutelefone. A inveneao de Bell teria sido impossivcl sem as deseo-bertas de Henry.

    Em 1829 Henry empregou seus eletro-imas para Fazer urndisco girar rapidamente entre poles magneticos quando a correnteeletrica era ligada, tendo descrito seu dispositive em 1831. Erao oposto do gerador que Faraday tinha inventado. No gerador,a roda que girava convertia a energia mecanica em eletricidade;no dispositivo de Henry, a roda que girava era usada para con-verter a energia eletrica em f6rga mecanica. Henry tinha inventa-do 0 primeiro "motor".

    Tanto os eletro-imas de Henry como os seus motores saousados atualmente com muito pequenas modificacoes.

    Em dezembro de 1846 Henry foi nomeado primeiro secretarioda Smithsonian Institution, que havia side fundada recentementeem Washington, com fundos deixados por urn ingles chamadoSmithson. Isso abriu uma nova fase na vida de Henry, pois setornou urn administrador cientifico. E Ioi um admtnistrador deprimeira classe, fazendo da instituicao uma esclarecedora casade conhecimento da ci~ncia, encorajando a comunicacao oientificade ponta a ponta do mundo. Henry foi urn homem de cienciaamericano que conquistou reputa9ao internacionaI, 0 primeiro desua especie des'de Benjamin Franklin.

  • 75

    ._

    HENRY BESSEMER havia inventado uma nova especie de pro-jetiL Podia girar durante a trajetoria e permitia ao canhao atirarmais distante e com maior precisao do que fora possivel anterior-mente.

    Napoleao III, novo impcrador da Franca, interessou-se pelainvencao, oferecendo-se para financial' Iuturas experiencias,Bessemer (Ingles, filho de frances) estava disposto, mas 0 novoprojetil precisava de canhces feitos de rnelhor material do queo ferro Fundido de entao, Os canhoes feitos de ferro Iundidoexplodiriam sob a pressao necessaria para arremessar 0 novoprojetil,

    Bessemer nada conheeia a respeito da manufatura do ferro,mas estava Iirmemente determinado a aprender. Assim termi-nou uma era em 1854, tendo inicio urna outra.

    Henry Bessemer, que nasceu na Inglaterra, no dia 19 dejaneiro de 1813, ja tinha feito urn born numero de invencoes, masque eram apenas modestas engenhocas em comparacao com atarefa que ia empreender.

    POl' dais mil a1105 ou mais vinha 0 hornem empregando 0ferro como 0 mais duro e mais forte dos metais comuns. :t:ssemetal era obtido pela fusao de minerio de ferro corn carvao depedra e cal. 0 ferro, que dai resultava, continha muito carbono(proveniente do carvao de pedra) e era charnado "ferro fundido".Era barato e duro, porern quebradico, podendo se despedacarcom urn golpe forte.

    o carvao pode ser retirado do ferro fundido mediante arnistura adicional de mais minerio de ferro. 0 exigenio do mineriode ferro cornbina-se com 0 carbone do ferro fundido Iorrnando

    II

    Inaugura-se a Idade do AQo

    12. I-Ienry Bessemer

    74

    Joseph Henry. Io

    Por vezes e 0 eletro-ima sozinho, Puxa urn pedacinho demetal para controlar circuitos eletricos, nos da os telefones, eassim pOl' diante,

    As descobertas de Faraday nos deram a eletricidade. Asdescobertas de Henry nos proporcionaram instrumentos e Ferra-mentas que funcionam par meio da eletricidade. Ambos foramos pais dos engenhos qne enchem as nossas casas atualmente afim de tornarem as nossas vidas e as nossas horas de lazer maischeias de signilicac;;ao.

  • 77o conversor de Sir Henry Bessemer ,"soprand'ofogo".

    mmerio isento de f6sforo da Suecia e comecou a vender a90 dealta qualidade a 100 d61ares par tonelada a me110S do que qual-quer de seus competidores. Nao houve mais duvidas a respeito.

    No ano de 1870 foram encontradas maneiras de enfrentaro problema do Iosforo, 0 que tornou possivel 0 usa dos imensosreeursos de minerio de ferro da America. Bessemer foi arm adocavaleiro em 1879. Faleceu em Londres, no ana de 1898, rico eIamoso.

    o aeo barato tomou possivel realizacoes de engenharia queeram apenas sonhos ate entao, pols as vigas de a90 podium serusadas como urn esqueleto, para sustentar praticamente 0 quequor que fosse'- As estradas de ferro comecaram a so estenderpelos continentes, gra9as aos trilhos de a90. Grandes navios de fU;Ocrnzaram os oceanos: Pontes penseis venceram os rios. Arranha--ceus eomeearam a se erguer. Os tratores tornaram-se mais fortes,em breve vieram os automoveis e puderam ter chassis feitos deaco. Na guerra, tarnbem troaram novos e mais potentes canhoesenquanto novas e mais fortes bHndagens resistiram,

    A Idade do Ferro chegou a um fim e comeeou a Idade doA90. Hoje em dia 0 aluminio, 0 vidro e as plastieos levam van-tagem quando a Ieveza e mais importante do que a resistencia,Onde se precisa de pura resistencia, ainda hoje estamos na Idadedo A90.

    '."

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    urn gas, 0 monoxide de carbone, que escapa sob. a forma de bolhase se queirna, permanecendo apenas a ferro quase puro como resul-tante do minerio de ferro e do fCHO fundido. 0 Ferro que resultoudessa operacao chama-se "ferro Iorjado", e e resistente, podendoagiientar pancadas e cheques, sern rachar, E bastante macio,porem muito care na epoca.

    Ravia, entretanto, uma forma de ferro intermediaria entreo ferro fundido e o ferro Iorjado: aco. 0 aco pode ser maisforte do que 0 ferro fundido e mais duro do que 0 ferro Iorjado,combinando as virtu des de ambos. Antes de Bessemer 0 ferrofundido tinha de ser convertido primciro em ferro Forjado para,em seguida, serem acrescentados os ingredientes adequados parase fazer 0 aco, Assim, se ferro forjado era caro, 0 aco muito maisainda, saindo pelo dobro, 0 a90, portanto, era considerado urnmetal e que so era usado para Iazer coisas tais como espadas,

    A tarefa que Bessemer atribuiu a si mesmo foi retirar 0 car-bono do ferro fundido de maneira POllCO dispendiosa. Bern,qual era a maneira mais facil e mais barata de se acrescentar 0oxigenio ao ferro em fusao, a fim de queimar e expulsar 0 car-bono? Que tal lim jato de ar ao inves de acresccntar 0 minerio deferro? Mas, nao iria 0 ar esfriar 0 ferro em Iusao G solidifica-lo ?

    Bessemer eomecou suus experiencias e em pouco tempo tevea certeza de que 0 jato de ar darla certo. 0 ar queimava 0carbone e a maio ria das outras impurczas, e 0 calor da combustaoaumentava a temperatura do ferro. Pelo controle do jato, Bessemerfoi capaz de fazer