aspectos culturais de bom jardim maranhão
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Aspectos Culturais de Bom Jardim
Adilson Motta, 2015
“Desvalorizar a cultura (em especial a alta cultura – clássica e acadêmica) é a
forma mais segura de extinguir a consciência critica, pois é ela que alimenta a reflexão questionadora e a vontade de transformar o mundo.” (Rouanet)
Os aspectos culturais de Bom Jardim apresentam uma diversidade,
compondo-se de aspectos da cultura nacional e regional que pintam o
dia-a-dia nas datas festivas e comemorativas no município.
Entre os aspectos culturais encontram-se as manifestações
Folclóricas (Dança do coco, mangaba, quadrilha, bumba-meu-boi), e afins
são representados também o tradicional casamento na Roça nas festas
Juninas (mês de junho) que também é um marco na cultura local e
regional. O município em sua bagagem cultural apresenta também a
Dança Indígena que é apresentada nos períodos juninos, o Carnaval que
é apresentado com Blocos e Foliões, o Festival do Peixe também tornou-
se parte da cultura Municipal. Como a pecuária é predominante na
economia bonjardinense, acontecem periodicamente Vaquejadas em
períodos indeterminados e locais variados – especialmente na Zona Rural.
Traço Cultural também presente na cultura bonjardinense é a presença
da Capoeira, praticada por muitos jovens no Município que encontra-se
institucionalizada por meio de associações representativas.
No campo religioso predomina o catolicismo, seguido de várias
outras igrejas protestantes (Assembleia de Deus, Adventista do 7º Dia e
demais que se espalham nos Bairros do Centro Urbano e Povoados na
Zona Rural de Bom Jardim, onde acontecem festejos religiosos – como A
Festa de São Francisco de Assis (da Igreja Católica) que é uma das de
maior evento em Bom Jardim.
No campo das Religiões Afro encontram-se espalhadas pelo
município vários terreiros de umbanda e candomblé.
11.1 Manifestações Folclóricas
A palavra FOLCLORE é de origem inglesa sendo composta por
FOLK: Que quer dizer POVO e LORE: Que significa SABEDORIA.
O conjunto de lendas, contos, mitos, crendices, cantiga, histórias, danças, festas, conhecimentos etc, que fazem partes da vida e da sabedoria
de um povo - conservados pela tradição popular é chamado de folclore ou
cultura popular. Quando estudamos o folclore de um povo, conhecemos seu
modo de pensar, agir e sentir. Dentro do folclore está contemplando a literatura oral, mãe e origem da literatura letrada.
11.2 DANÇAS: Do Coco, Mangaba, Quadrilha, Bumba-meu-boi
A dança do coco tem sua origem no canto de trabalhadores nos babaçuais do interior do Maranhão. É uma dança de roda constituindo-se num
convite para a “quebra de coco”, com acompanhamento de pandeiros,
ganzás, cuícas e das palmas dos que formam a roda. A coreografia não apresenta complexidade. Como adereços, os
componentes da dança carregam pequenos cofos e machadinhas, imitando
os instrumentos de trabalhos nos babaçuais.
Afirma o senhor Jaime Arão, de Bom Jardim, que aprendeu a dança na cidade de Coroatá, e se apaixonou. Quando chegou em Bom Jardim em 1963,
anos depois foi o primeiro a desenvolver a dança no município em estudo.
Apesar de haver afirmação de que tenha origem nos babaçuais maranhenses, afirma-se que aqui tenha chegado na bagagem dos escravos
africanos e que ela seja o produto da raça negra com o nativo (da região).
Apesar de mais freqüente no litoral, há quem defenda que o “Coco”
tenha surgido no interior de alagoas, provavelmente no Quilombo dos Palmares, onde se misturava escravos índios com africanos no inicio da vida
social brasileira (época colonial). A dança do coco continua sendo a expressão
de desabafo da alma popular, da gente mais sofrida do Nordeste brasileiro. Muitos estilos da dança do coco caíram em desuso, por causa das influências
culturais urbanas e, a repressão das autoridades. Há um grau de erotismo
embutido nas danças, mas ainda são praticados nas festas juninas. O Coco é um folguedo do ciclo junino, que é dançado também em outras épocas do
ano.
Indumentárias
Homens: Calça listrada, xadrez, ou branca, de boca estreita, camisa de meia, sandálias, chapéu de palha.
Mulheres: Vestidos de palhas de estampa alegre, mangas fofas, saias
bastante rodada, com babados. Nos pés usam tamancos de madeiras que ajudam a sonorizar o ato da pisada no chão.
Instrumentos
O Coco é uma dança do povo e os principais instrumentos são as
próprias mãos. As cantigas são acompanhadas pelo bater de palmas com as mãos encovadas, imitando o ruído de quebrar da casca de um coco, daí o
nome da dança, na falta de um instrumento musical.
Celebrada por muitos artistas em letras de músicas como: Gal Costa, Gilberto Gil, Alceu Valença e Xuxa.
DANÇA DA MANGABA
Na dança da mangaba, fazem uma parceira com duas duplas, damas
e cavalheiros ao som do tambor, os pares vão se deslocando e trocando de damas, meio passo com meia volta para a direita, quando entrega a dama
para o cavalheiro que vem atrás de si e seguido outro com uma meia volta
para o lado esquerdo, recebendo a dama do cavalheiro à sua frente.
Maria Gomes Ferreira (Maria Lavina), nascida em 30/10/1932, natural
do Maranhão, em uma entrevista realizada, a mesma afirma que chegou a
Bom Jardim em 20/108/ 1961. Primeira pessoa a trazer a dança da mangaba a esta cidade no ano de
1973, por um pequeno grupo de alunos orientados pela mesma, a qual foi
uma das primeiras professoras do MOBRAL. Dona Lavina mudou-se para Santa Inês em 23/06/1978, onde continua
prestando trabalhos comunitários.
Dança da Mangaba, 2012
FESTAS JUNINAS
O ciclo das festas juninas gira em torno das principais datas abaixo:
13 de junho, festa de Santo Antonio; 24 de junho, São João;
29 de junho, São Pedro.
Durante esse período todas as cidades brasileiras ficam tomadas por festas. De norte a sul do Brasil comemora-se os santos juninos, com fogueiras
e comidas típicas. É interessante notar que não apenas o dia, propriamente
dito, mas todo mês, é considerado como tempo consagrado a estes santos na região e, principalmente, às vésperas, que é quando se realizam os
sortilégios e simpatias, a parte mágica da festa típica do catolicismo popular,
quando se realizam os sortilégios e simpatias, a parte mágica da festa típica do catolicismo popular.
Inúmeras adivinhações a respeito dos amores e do futuro a respeito
dos amores e do futuro(com quem vai se casar, se é amado ou amada,
quantos filhos se vai ter, se vai morrer jovem ou ganhar dinheiro etc), são festas nas vésperas do dia santos, em geral de madrugada.
O “São João” (modo pelo qual se referem os nordestinos ao ciclo de
festas do mês de junho) transforma as cidades e o espírito das pessoas, que parecem sentir uma irresistível atração e afinidade pela festa. A festa adquire
importância na vida social nordestina que não apenas é fonte de preocupação
durante todo ano, como ainda move interesses políticos e econômicos que poucas vezes se imagina.
QUADRILHA
Desenvolvida na cidade de Bom Jardim, como em outras cidades
maranhenses, sendo tipicamente realizada em todos os municípios do Vale
do Pindaré e municípios brasileiros. Essa contradança foi desenvolvida em Bom Jardim, segundo Rosa Dacir
(Rosa Vitor), que afirma ter participado na época da primeira quadrilha em
1962, tendo como responsável Dona Marina, esposa do Senhor Expedito que não se encontram mais na cidade. Com o passar dos anos, surgiram várias
outras quadrilhas como: Coração Cigano, Certo ou Errado, Flor do Sertão,
Luar do Sertão, Nova Geração, etc..
A quadrilha é uma dança francesa que surgiu no final do século XVIII e tem suas raízes nas antigas contradanças inglesas. Ela foi traduzida ao
Brasil no inicio do século XIX, passando a ser dançada nos salões da corte e
da aristocracia. Com o passar do tempo, a quadrilha passou a integrar o repertório de
cantores e compositores brasileiros e tornou-se uma dança de caráter
popular. Sendo típica das festas juninas, a quadrilha é considerada uma herança
do folclore francês acrescido de manifestações típicas da cultura portuguesa.
Ela é inspirada na contradança francesa e sua origem, no Brasil, está na
chegada da corte real Portuguesa, no começo do século passado. Com D. João VI, que fugia do avanço das tropas de Napoleão Bonaparte, além de
artistas franceses, como Debret e Rugendas, vieram também modismos da
vida européia, dos quais um dos favoritos era a quadrilha, dirigida por mestres franceses da contradança. Muitas das ordens desta dança
transformaram-se “anarriê” (enarriére, que significas “para trás”) ou “anava”
(em avant, que significa”em frente”), “changedidame” (changer de damé, ou seja, “troca de dama”), “chemadidame” (chemin de dame, caminho de
damas) ou “otrefua” autre fois”),”outa vez”. A quadrilha foi a grande dança
dos palácios do século XIX e abria os bailes das cortes em qualquer país
europeu ou americano, tendo se popularizado, reinterpretada pelo povo, que lhe acrescentou novas figuras e comandos constituindo o baile em sua longa
e exclusiva execução, composta de cinco partes ou mais, com movimentos
vivos e que terminava sempre por um galope. É tradicional nas festas juninas de muitos municípios brasileiros a
apresentação da peça “O casamento na roça”; uma peça burlesca e cômica,
onde revela toda uma linguagem típica do homem do campo, sua cultura,
valores e crenças. Segue abaixo a composição dos personagens da peça:
Boi De Orquestra de Arari Dança Indígena de Pio XII
Boi de Matraca de Monção Dança do Carimbó
Dança Indígena Festa Junina – Escola
Dinare Feitosa, 2013
Grande parte dessas atrações são importadas de outras cidades da região,
como mostram as legendas acima.
11.3 Casamento na roça
Personagens da peça
Autoridades: (6 personagens)
- Prefeito: Alexandrino Xexéu de Sá
- Primeira Dama: Felomena Fifi de Sá - Juiz: Dr. Bacuri Pitanga da Fonseca
- Delegado: Dr. Figo Fino Pixaxado de Oliveira Pinto
- Escrivão: Bergamo Quirino de Alcimar Sacre Silva - Padre: Nicrolando Frieira das Buchechas Maciadas
Pessoal do Casamento: (12 personagens)
- Noivo:Belxior Pira Lima da Imaculada Conceição
- Noiva: Esmingarda da Mata do Ramo Rôxo
- Pai da noiva: Simpiliço da Simpilicidade Símpilis Roxo - Mãe da noiva: Cricri Prepeta do Ramo Roxo
- Pai do noivo: Martin Aboba Seca
- Mãe do noivo: Quelementina Liodora Seca
- Padrinho da noiva: Escândio Chumbo da Prata - Madrinha da noiva: Antonia Pereréca Grande da Prata
- Padrinho do noivo: Zé Pipoca da Pitanga Verde
- Madrinha do noivo: Juca verde Pimenta Pereira - 1ºassistente: Saturnino Tremendo Home
- 2º assistente: Lobata do Maxixe Pôde
Casamento na Roça – Início da peça
Juiz: Pessoal que estão me ouvindo, estão aqui para se casar o Sr.
Belxior Pira Lima da Imaculada Conceição e a Senhorita dona Esmingarda da Mata do Ramo Rôxo. Se tiver por aí alguém que saiba d´algum
empedimento pode dizer agora, enquanto é tempo. Tô esperando, pode
falar!
Noiva: Mais num tem impidimento não seu juiz, nós semo mesmo é livre
e disimpidido; num é mêrmo Belxior? (x:ch =som)
Noivo: É pois é Esmingarda, oia o tamanho dessa pregunta do dotô.
Saturnino: (Fala para o pai da noiva): Seu Simpilíço, se eu fosse vós mim
cê, num deixava esse cabra casar cum sua fia não, ele num tem nem um
pedaço de roça, ele é um vagabundo, eu inté sube que´le é casado e dexô a muié dele no Quixadá cum 10 fios pra criá. Agora sim eu dava certo pra
casar cum sua fia, eu tenho criação de porco, bode, jabuti, e inté um
parmo de roça já prantada de fumo.
Noivo: Num to dizendo mermo! Era só o que me fartava, tu diz isso é
pruquetu quer se casar cum ela, mais ela num te quer, se tu tem tudo isso que tu dixe é pruque tu roubou, eu não tenho nada mais num sô
ladrão.
Pai da noiva: (Diz para o noivo): Oia home o que tu tá fazendo, bota
logo a carga abaixo, diz se tu tem mermo arguma coisa, minha fia nunca passô fome, ela come de manhã, meio dia, de tarde e de noite. O bucho
dela sempre tá cheio.
Noivo: Num se procupe seu Simpiliço qui sá fia vai cumê muito piqui
com farinha todo dia e num vai passar má.
Juiz: Vamos deixar de cachorreira e vamos jogar esse casamento para
mais longe, porque o que o Senhor Saturnino disse é grave e não posso
fazer o casamento, visto que o homem é casado.
Noiva: Num é casado não seu dotô, eu já dixe, o Belxior nunca mintiu e cumavera de mintir agora?
Mãe do noivo: Coitado do meu fio, cuma é que se alevanta um farso
dessa moda, meu fio é sorteiro.
Pai do noivo: Meu fio num é casado não seu dotô, posso lhe agaranti: Taí o padrinho dele o meu cumpade Zé Pipoca da Pitanga Verde qui diga
apois ele cunhece meu fio desde minino, criança, bem pequeno...
Zé Pipoca: É verdade o que meu cumpade Martim dixe, sô inté capaz de
jurar cum a mão na briba cuma meu afiado num é casado.
Pai da noiva: (Fala zangado, puxando da cintura um facão): - Eu quero
é saber mermo se êxe cabra é casado, pruque se for eu quero logo dá um
insino nele e é pra já!!! (puxa pelo facão e risca no chão).
Noiva: - Num é casado não papai, arrenego dexe tal de Saturnino qui só
vei meter gosto ruim no casamento do zôto. Parece mais um bode do que
gente!
Mãe da noiva: Se acarme mia fia qui você vai casar. (E diz para o
marido): - Simpiliço, dexa de afobação, apois tu num sabe que ele é direito e a famia dele também?
Pai da noiva: Num sei disso não Cricri Prepeta! Eu já tô é aguniado.
Madrinha: Apois é cumpade Simpiliço, tenha carma. (Fala para a noiva).
Num chore não mia afiada. Tudo vai dá certo.
Noiva: Eu só tenho raiva é da tal de Lobata, pruque ela foi quem inventou
qui o Belxior era casado, pruque ela era doida purele. Pragas de seiscentos
diachos!
Lobata: Praga não, miserável! Eu nunca fiz conta dexe cara de bode, me
arrespeite qui é mió, sua engraçadinha.
Noiva: Tu é doida mermo pelo Belxior, mais nem vai vê nem o apito da
lancha, quem vai casar cum ele é eu.
Juiz: (Fala zangado):- Vamos acabar com essa zueira, senão não vai ter
casamento nem nada.
Escrivão: Eu já tô quase doido! Tô cum medo é de briga, num posso
nem ficar de pé e nem inscrever, tô todo tremeno.
Pai da noiva; Eu já tou zuado, agora quem vai fazer êxe casamento é eu, cuma é seu juízo, casa ou num casa os noivo?
Juiz: Eu também tô zuado com tanta zueira, casa sim Senhor Simpiliço. Vamos seu escrivão, dê cá o livro. (pausa).
Juiz: (Pergunta):- Senhor Belxior Pira Lima da Imaculada Conceição, quer receber a senhorita Esmingarda da Mata do Ramo Roxo como sua legitíma
mulher?
Noivo: Quero Nhô sim, se não queresse num tava aqui, isperano tanto
tempo puressa progunta.
Juiz: (2ª pergunta): - A senhorita dona Esmengarda do Ramo Rôxo , quer
receber o senhor Belxior Pira Lima da Imaculada Conceição, coma seu ligítimo homem?
Noiva: Isso num é nem pregunta qui si faça! Tô doida de vontade qui o
dotô mi preguntasse a pregunta. Quero sim, é tudo qui eu mais quero.
Juiz: - Então, como disseram que querem, eu declaro casados, como
marido e mullher em meu nome. A noiva de hoje em diante passa a se assinar com o nome de Esmingarda da Mata do Ramo Roxo da Imaculada
Conceição.
Juiz: (Diz para o escrivão):- Escrivão, o casamento no civil acabou, lavre
o termo perante a lei!
Padre: - Pessoal que tão presente, vocês escutaram o juiz fazer as perguntas e os noivos, maridos e mulher. E abençoo: Em nome do prato,
do frito, do assado e amem-se. Agora as pessoas já podem jogar arroz
nos noivos que é para eles serem felizes. Viva São João e viva São Pedro meu povo, viva!
Obs.: Na apresentação de peças, no final é recomendado jogar arroz e soltar foguetes logo em seguida. *Texto fornecido pela 1ª secretária de Educação de Bom Jardim: Mirene Antonia dos Anjos.
11.4 O BUMBA-MEU-BOI EM BOM JARDIM
A cultura bonjardinense mantém viva suas tradições e manifestações como bumba-meu-boi, que hoje constitui um aspecto fundamental na
realidade local.
O primeiro Bumba meu boi de Bom Jardim, foi desenvolvido pelo senhor Edson de Araújo de Oliveira, nascido em 10/05/1938, na cidade de
Bacabal, o mesmo veio morar em Bom Jardim em 1960, e em 1963,
juntamente com o seu irmão Raimundo Justino A. Oliveira confeccionaram o
primeiro boi que se chamava “Pena verde”, o mesmo foi criado em junho e morto em outubro.
Em junho de 1964, levantou o boi “Rei das ondas”, e em outubro, o
matou. Em 1965, levantou o boi “Barra azul” e o matou. Levantou o boi
“Mimoso”. Em 1999, levantou o boi Mimo de São João.
Em 2001, levantou o boi “Mimo de São José”. O senhor Edson passou 07 anos brincando por promessa. Seus
principais instrumentos são: tambores, matracas, roncador do boi etc. Seus
componentes são voluntários, convidados pelo mesmo. Afirma Edson, que
seu boi está desativado por falta de recursos.
Apesar das dificuldades, o bumba-meu-boi é visto e apreciado por
aqueles que participam dessas manifestações: cujos membros convivem
como uma verdadeira irmandade, onde vários contribuem para que esta manifestação seja bem sucedida. Bom Jardim os festejos ocorrem no mês de
junho no período das festas juninas, a maioria dos brincantes têm como
devoção esses dias como pagamento de votos; essas promessas dedicadas aos santos da devoção.
Sabe-se que, atualmente, em Bom Jardim existe uma Associação
Cultural e Folclórica Bumba-meu-boi, tendo como presidente Manoel Messias,
com sede provisória sem fins lucrativos. Em vista dessa realidade, o senhor Moisés, Messias e Antonio Góis, simpatizantes do bumba-meu-boi,
conseguiram formar essa associação, isto, com apoio de outras pessoas. No
bumba-meu-boi do município em estudo, os representantes costumam, portanto, manter uma dose de conservação e de inovação, sendo ao mesmo
tempo, igual e diferente a cada ano. Nesse sentido, veja entrevista com
Moisés (02/03 2005).
“O nosso boi misterioso apresenta-se em alguns terrenos, alguns pessoas as
vezes se deslocam dos seus lugares mais próximo para brincar e outros para
assistir a boiada. Os brincantes conservam o tradicional, e alguns apresentam inovações nos trajes e cantigas”.
Devidos a falta de recursos e investimento cultural, o bumba-meu-meu em Bom Jardim não apresenta grandes estéticas, deixando muito a desejar,
levando às vezes brincantes a desistirem, insatisfação no grupo e reclamação
de várias pessoas que desconhecendo o fato, tacham de “feio”, “fraco”, etc.
“A manifestação do bumba-meu-boi para muitas pessoas até hoje se
“arrasta”. Nosso boi, por exemplo, muitos chamam de“boi da cachaça”, e é
visto como coisa de pobre e bêbado. Além disso, ouve-se falar das reclamações de várias pessoas que desvalorizam o nosso grupo”. (Moisés,
02/03/2005).
Desse modo, dentro da manifestação do bumba-meu-boi
bonjardinense pode-se perceber através dos depoimentos dos brincantes
que na maioria das vezes essas manifestações não têm incentivos
financeiros, sendo que os gostos para a realização das brincadeiras ficam por conta dos participantes, o que acaba acarretando em um desestímulo
a essas manifestações. Esses fatores como a falta de incentivo financeiro
e a falta de apoio da comunidade na maioria dos casos são visto como uma forma de desapreço, levando, portanto, uma baixa na valorização da
referida cultura (Bumba-meu-boi) no município. Onde vale lembrar que
cada povo tem sua cultura, de um povo é o que define sua identidade cultural no contexto e sua existência, no mundo civilizado. O fato acima
citado significa “estrangulamento” de um dos elementos de nossa
identidade. Ou concorre para sua morte.
Mesmo com todos fatores desestruturais, o bumba-meu-boi em
Bom Jardim é uma manifestação cultural, que resiste e, comumente é
representado por alguns grupos de brincantes.
“O nosso boi Milagre de são João está com 30 anos de realização; muito
bonito, mas não tem ajuda financeira, apoio de nenhuma associação. Os
gasto e manutenção é. Por nossa conta; somos 20 brincantes, o nosso ritual costuma ser em homenagem a São João e antes de brincarmos nós
rezamos e saímos com os santos de devoção pelos terreiros, não temos
lugar fixo para nossa diversão, mas nossa turma, mesmo assim, é muito animada, brincamos até amanhecer o dia. Sabemos que tem pessoas que
não gostam das manifestações. Tendo hora para começar mas não temos
hora para terminar”. (Pedro Maciel, Bom Jardim 07/01/2005)
O município de Bom Jardim apresenta todo um contexto favorável
para se ter um genuíno folclore de bumba-meu-boi; os dois principais elementos que caracterizam esse folclore é o boi e o índio. E isso o
município apresenta bastante. Onde temos duas reservas indígenas e a
pecuária (boi) como o elemento número um na economia municipal. No entanto o bumba-meu-boi que vem divertir a população é geralmente de
fora, até mesmo de municípios que não apresentam tão favorável
contexto quanto o bonjardinense.
Um dos bumbas-meu-boi mais famoso do Brasil conhecido nacionalmente e televisionado é o Boi-Bumbá de Parintins, Amazonas.
Sendo realizado numa disputa entre os dois grupos de boi-bumbá. Sendo
eles: O caprichoso (boi preto) e o Garantido (boi branco) – os quais disputam o titulo do Festival Folclórico de Parintins, nome oficial da festa.
O boi de Parintins foi exposto do Maranhão; o qual, adequando-se ao
contexto daquela região, representa as lendas e os mitos da Amazônia.
Bumba-meu-boi com a dança indígena
exportado de outros municípios para
divertir o povo de Bom Jardim.
E a cultura local de Bom Jardim?
Fotos retiradas de Internet
Foto retirada de Internet, Parintins, 2006.
Rivalidade amazônica
Em Parintins, quem não é caprichoso é Garantido. Os integrantes
de um bumba nunca pronunciam o nome do outro (tratado apenas como “contrário”). Durante a apresentação de um grupo, a torcida adversária
fica em silêncio absoluto, sob pena de perder pontos na competição. Esse é
o colorido Festival Folclórico de Parintins, na ilha amazônica de Tupinambarana.
11.5 O AUTO DO BUMBA-MEU-BOI
A festa surgiu com o ciclo econômico do gado e sofreu influência
indígena, portuguesa e negra. A brincadeira é aberta a todos, homens e
mulheres, idosos e crianças, e conta a história de pai Francisco e Catarina, sua mulher, que moravam em uma fazenda onde ele era vaqueiro e
escravo.
Grávida, Catarina desejou comer língua do boi de estimação do rico fazendeiro e pede a seu marido que satisfaça sua vontade. Mesmo
contrariado, Pai Francisco atende ao pedido da mulher para que o filho
não nascesse com problemas de saúde.
Quando iniciou a matança, ele foi descoberto. O casal fugiu com o animal, mas, sendo aquele o boi predileto do patrão, iniciou-se uma
busca. Depois de várias tentativas, os índios acharam os fugitivos e o boi
morto. Por esta razão, Pai Francisco é condenado à morte e só é salvo porque um padre e um pajé ressuscitam o boi de seu amo (estes
personagens podem ser uma feiticeira, uma mãe-de-santo, ou qualquer
outro que tenha o domínio da magia). Antes disso, Pai Francisco apanhou muito e foi obrigado a ajudar
no trabalho de ressurreição. O animal, então ressuscitou com grande urro
e o casal foi perdoado.
Surgiu uma festa com comidas, cantorias, danças à noite toda. Os instrumentos específicos da festa são matraca, zabumba e orquestra.
Além desses existe o sotaque de Pindaré, também conhecido como
pandeirões. Esta festa, encenada pelo povo maranhense, é também chamada de matança do boi branco, o negro e o índio presente no inicio
da formação do Brasil.
Para MARQUES, essa ideia de valorização do boi, remete a uma
mitologia em torno desse animal, suscitando um ciclo de rituais – vida,
morte e ressurreição do boi. O boi como um animal indomável, que ninguém consegue
amansar, mas que acaba sendo vencido e morto pelo mais valente dos
vaqueiros. É assim que para o brasileiro rústico, o boi torna-se a encanação dos princípios alimentares, da resistência e da fertilidade,
passando a significar tudo o que é necessário à vida.(MARQUES, 1999.P
72)
Na verdade, “[... ] em termos maranhenses, o bumba-meu-boi é
quase uma oração [...] (AZEVEDO,1983.P66), pois, a brincadeira é
realizada na intenção de homenagear São João através da organização do boi e do cumprimento de promessas feitas a esse santo.
A morte e ressurreição deste animal revela-se numa sátira, onde o
negro e o índio lutam contra a opressão do branco. Simbolizando a historia de luta do povo brasileiro, ressaltada na
análise das personagens que revelam os traços dos três agentes étnicos
e culturais presentes nas origens do brasileiro: o pai Francisco encarna o
negro africano (dominado), o fazendeiro, dono do boi, representa o branco português (elemento, dominante), e o indígena, protagonizado
nos índios que perseguem Chico. De acordo com CARVALHO (apud
Barbosa, 2005),nesse confronto de classes, o elemento ameríndio perde sua identidade ao devolver o bem perdido (o boi) ao proprietário.
A homenagem do acontecimento pela vida do boi é manifestada
através de músicas e danças, que se tornam fatores de alegria e descontração na festa do Boi. A recuperação do boi
Histórico e interpretação do auto do Bumba-meu-boi
O bumba-meu-boi tem suas origens no período colonial brasileiro, ligado no assunto, estes admitem a origem do bumba-meu-boi no período
colonial brasileiro, ligado ao processo do ciclo do gado.
[...]: O bumba-meu-boi é originado do ciclo econômico
do gado no Brasil, tendo realmente este folguedo a
tríplice miscigenação, com a influência das raças
responsáveis pela nossa colonização: o negro, o índio, e o branco. Os indígenas, como sabemos alimentam-se da
caça e da pesca, por conseguinte não possuíam animais
domésticos,. Supomos que a realização da colonização brasileira foi iniciada com a expedição de Martim Afonso
de Sousa, tendo sido, pois, com eles, a vinda dos
primeiros animais domésticos. Começa a criação de gado nos idos de 1934, com a iniciativa da esposa de Martim
Afonso de Sousa, Ana Pimentel, trazendo as primeiras
cabeças de gado para a capitania de seu marido (REIS,
Apud Barbosa, 2005).
E dessa forma que o boi, ao longo do seu trajeto pelo interior do
Brasil, disseminou e povoou gerações, narrando sua história e marcando sua importância, nutrindo populações, ajudando no trabalho duro da
lavoura, e através do seu ciclo reprodutivo servindo de renda familiar.
“[...] Mas também aparece como um elemento ativo e sempre presente
passando a ser percebido pelos negros e índios, seus companheiros de
trabalho, como símbolo de força, violência e resistências, assim como de equilíbrio, calmas e solidez. (MARQUES, 1999.P 72). Foi a partir deste
processo simbólico de valorização do boi, que se originou a brincadeira
do Bumba-meu-boi, pois se admitiu no seu processo de formação e desenvolvimento, a contribuição secreta dos três elementos étnicos e
culturais: e a salvação da vida do Pai Francisco, é uma represália a tirania
dos fazendeiros e senhores dono de engenhos na época colonial.
Procede-se que muitos aspectos do folclore bonjardinense estão se reduzindo e sendo pouco praticados. Precisa-se resgatar o nosso folclore,
e avivá-lo antes que desapareça. A escola deve ser transformada num
instrumento de conservação da cultura, conjugada a um centro cultural que congregue e mantenha viva essas tradições que são nossa essência,
alma e identidade do povo bonjardinense.
Ficou percebido nas pesquisas que o grupo cultural do bumba-meu-boi segue sua marcha, resistindo apesar do desamparo e descaso cultural.
Festas: Festival do peixe, Carnaval, Festejo de S.
Francisco de Assis, Festa do divino.
FESTIVAL DO PEIXE
Salomão da silva Pereira, nascido em 10/07/1950, foi o primeiro a
realizar esse evento em Santa Luz – no município de Bom Jardim. O festival surgiu de uma conversa entre amigos sobre algumas
festas que já tinham visto entre eles “FESTIVAL DO PEIXE”, daí surgiu
então, a ideia de um 1º festival do peixe.
Esse evento teve início em julho de 1985, com duração de 12 horas, com patrocínio de Dr. Muniz para pagar a banda musical “MOÇO
BOSA”.
Salomão levou um saco de farinha, para ser servido com peixe, 10 mulheres para a distribuição da comida, e para a atração de todos, um
campeonato com 12 times de futebol.
O festival do peixe virou cultura, e centro de lazer em Bom Jardim, e todos os anos, um grande número de pessoas do município e outras
localidades se divertem com três dias de festas realizadas sempre no
último final de semana de julho. O festival, além de desenvolver o turismo
local, gera renda e economia para os pequenos comerciantes.
Festival do Peixe, 2013
CARNAVAL DE BOM JARDIM
O carnaval de Bom Jardim se transformou bastante comparado
com o que era antes. Muitas características e tradições desapareceram. Nosso carnaval antes era brincando com máscaras e fofões, noutras
fases, os homens se maquiavam e saiam vestidos de mulher e saíam com
tambores nas ruas. Hoje o carnaval bonjardinense ganhou um toque de estética na relação com o carnaval moderno das grandes cidades,
atraindo muitas pessoas de fora quando na disputa dos blocos de rua.
Surgiram 3 blocos carnavalescos que disputavam o melhor
carnaval de rua em Bom jardim (com estética e ornamentação). Sendo: Cobra Sem Veneno, Swing da Cor e Tribus da Folia.
Em 2008, novos blocos carnavalescos surgiram, entre eles: Beber,
cair, levantar, Porca que fuça, Gato safado e outros blocos menores.
Bloco carnavalesco Beber, Cair, Levantar. Bloco carnavalesco Tribus da Folia
ORIGREM DO CARNAVAL
O carnaval nasceu no Egito, passou pela Grécia e por Roma,
desembarcando aqui no Brasil no século XVII, trazido pelos Portugueses.
Para alguns etimólogos. CARNAVAL se origina da palavra latina
carnelevamen, que significa “adeus carne”. Essa palavra pode também
ser interpretada como que marcam os momentos prazerosos que antecedem o período da quaresma, que é um período de abstinência.
O carnaval, segundo o antropólogo Roberto da Matta, autor de
carnavais, transforma pobres em faraóis, ricos em mascarados, homens em mulheres, recato em luxúria. É uma compensação da realidade.
Fonte : Revista Super Interessante, ano 9, nº 2, fev. 1995.
FESTA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS
A festa de São Francisco de Assis é de homenagem a Francisco de
Assis, o padroeiro da cidade, cujos festejos são realizados num período de duas semanas, e seu encerramento dia 04 de Outubro, dia consagrado
São Francisco de Assis com procissão, missa, ladainhas, leilões, barraca
com comida típicas e festas dançante, onde se faz presente todo o ano o
Parque de Diversões São Francisco.
VAQUEJADAS EM BOM JARDIM
A agropecuária (agricultura e pecuária) bonjardinense, segundo o IBGE, corresponde a
77,4% da economia Municipal.
A agricultura responde por 21% da economia e a pecuária (criação bovina), por 56,4%.
Evolução da Pecuária em Bom Jardim
Pecuária 1993 1994 1995 2000 2005 2006 2010 2013
Bovinos: nºde cabeças/ano
59.716
62.702
65.210
75.133
141.23
144.455
169.045
cabeças
155.432 cabeças
Fonte: IBGE/2014.
Observa-se uma evolução crescente na produção bovina do município. Sendo que nos
primeiros dias de sua história, eram insignificantes os indicadores nessa
cultura.Atualmente, acima de 140.000 cabeças de gado, o município de Bom Jardim
sempre desenvolveu as famosas VAQUEJADAS com premiações aos ganhadores; e por
outro lado, contribui para o turismo e lazer no município favorecendo a venda de lanches,
cervejas, rendas, etc. ... Veja abaixo DVDs gravados das últimas vaquejadas realizadas
em 2009.
1ª Grande Vaquejada no Parque J. Belém a 3 km da sede de Bom Jardim em 2009.
Org.: J. Belém.
1ª Grande Vaquejada realizada no povoado Galego, em Bom Jardim – MA, na Zona
Rural.
1ª Grande Vaquejada realizada no Parque Nova Betel na área Urbana de Bom Jardim.
Org.: Josa e Riba
FESTA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO
O culto ao Divino Espírito Santo, em suas diversas manifestações, é
uma das mais antigas e difundidas práticas do catolicismo popular
brasileiro. Sua origem remonta às celebrações realizadas em Portugal a partir do século XIV, nas quais a terceira pessoa da Santíssima
Trindade era festejada com banquetes e distribuição de esmolas aos
pobres.
Ainda na Idade Média teria aparecido em Portugal um monge
considerado como um santo. Depois de longos anos de retiro no deserto, foi-lhe revelada a vinda próxima de uma nova era de relações
entre os homens sobre a Terra: a época do Espírito Santo. A
humanidade teria já ultrapassado a época do Pai (o Antigo
Testamento) e, ao seu tempo, terminava o seu trânsito por sobre a época do Filho (o Novo Testamento). Estaria para chegar ao mundo a
época final, a do Espírito Santo, marcada pelo advento de uma
implantação definitiva da paz, do amor da bondade entre todos os
homens do mundo. [...] O monge voltou às cidades e procurou difundir a revelação recebida, tida imediatamente como revolucionária
pelas autoridades eclesiásticas do seu tempo. Suas ideias proféticas
conquistaram inúmeros adeptos, logo perseguidos por uma igreja
oficial, ao mesmo tempo medieval e fechada. Segundo a versão, ‘ só em Portugal foram queimadas mais de 400 pessoas por sua crença no
Espírito Santo’. Inúmeros adeptos de sua crença migraram para o
Brasil, logo depois de sua colonização e, depois da conquista dos
espaços mediterrâneos, ocuparam prioritariamente, antes as terras de
Minas Gerais e, depois, os espaços de Goiás e, em menor escala, os de Mato Grosso” (Brandão, 1978:65/).
A festa do Divino Espírito Santo realiza-se no Domingo de
Pentecostes, festa móvel católica, que acontece sempre cinqüenta dias depois da Páscoa, em comemoração à vinda do Espírito Santo
sobre os apóstolos de Jesus Cristo.
Desde um cafezinho até às esmolas propriamente ditas, tudo se
pede cantando e em nome do Divino Espírito Santo. As cantigas são significativas do universo simbólico envolvido na festa do Divino:
“A bandeira aqui chegou
um favor quer merecer:
uma xícara de café para os foliões beber”
Enquanto a dona da casa oferece o café, a “Bandeira”, com seus
menestréis adornados de fitas, e chefiados pelos “alferes da bandeira”, canta, por exemplo:
“O divino entra contente
nas casas mais pobrezinhas
toda esmola ele recebe frangos, perus e galinhas”
O Divino é muito rico
Tem brasões e tem riqueza,
Mas quer fazer sua festa Com esmolas da pobreza”.
A festa do Divino Espírito Santo no Maranhão
Dentre os muitos festejos que fazem parte da cultura popular do Maranhão, a festa do Divino Espírito Santo se destaca como um dos mais importantes, por sua ampla difusão e pelo impacto que tem sobre
a população. Hoje, existem dezenas de festas do Divino espalhadas por
todo o Estado, levando adiante uma tradição viva e dinâmica, em que
se destaca a beleza do repertório musical.
Toda a festa do Divino gira em torno de um grupo de crianças,
chamado império ou reinado. Essas crianças são vestidas com trajes de nobres e tratadas como tais durante os dias da festa, com todas as
regalias. O império se estrutura de acordo com uma hierarquia no topo
da qual estão o imperador e a imperatriz (ou rei e rainha), abaixo do
qual ficam o mordomo-régio e a mordoma-régia, que por sua vez estão
acima do mordomo-mor e da mordoma-mor.
A cada ano, ao final da festa, imperador e imperatriz repassam seus
cargos aos mordomos que os ocuparão no ano seguinte, recomeçando
o ciclo. A festa se desenrola em um salão chamado tribuna, que
representa um palácio real e é especialmente decorado para este fim.
A abertura e o fechamento desse espaço marcam o começo e o fim do ciclo da festa, durante o qual se desenrolam as diversas etapas que,
em conjunto, constituem um ritual extremamente complexo, que pode
durar até quinze dias: abertura da tribuna, buscamento e
levantamento do mastro, visita dos impérios, missa e cerimônia dos impérios, derrubamento do mastro, repasse das posses reais,
fechamento da tribuna e carimbó de caixeiras.
Entre os elementos mais importantes da festa do Divino estão as
caixeiras, senhoras devotas que cantam e tocam caixa acompanhando
todas as etapas da cerimônia. As caixeiras de São Luís são em geral
mulheres negras, com mais de cinqüenta anos, que moram em bairros periféricos da cidade. É sua responsabilidade não só conhecer
perfeitamente todos os detalhes do ritual e do repertório musical da
festa, que é vasto e variado, mas também possuir o dom do improviso
para poder responder a qualquer situação imprevista. As caixeiras do
Divino são portadoras de uma rica tradição que se expressa nas
cantigas que pontuam cada uma das etapas da festa.
Uma das formas de representação do Espírito Santo é uma pomba
branca
O culto ao Divino Espírito Santo no Maranhão provavelmente teve início com os colonos açorianos e seus descendentes, que desde o início do
século XVIII começaram a habitar a região. Em meados do século XIX, a tradição da festa do Divino estava firmemente enraizada entre a
população da cidade de Alcântara, de onde teria se espalhado para o
resto do Maranhão, tornando-se muito popular entre as diversas
camadas da sociedade, especialmente as mais pobres. Essa popularidade entre os setores mais humildes da população
maranhense, inclusive os escravos, talvez possa ser explicada pela
ênfase não só na fartura, mas também na fraternidade e na igualdade,
que o culto ao Divino costuma apresentar.
Festa do Divino – Popular em muitas cidades brasileiras
A Festa do Divino Espírito Santo foi trazida a Bom Jardim no ano
de 1987, por Maria Soares Silva, nascida em 10/12/1932, em uma
entrevista, a mesma afirma que começou a festejar porque logo que chegou aqui encontrou na casa a ‘pomba’, em cima de uma mesa.
Clodomiro Bezerra da Silva (falecido), seu filho, achou que deveria
festejar justamente pelo fato ocorrido. A festa do Divino é móvel. Quarenta dias depois do Domingo da
Ressurreição a quinta-feira de ascensão do Senhor (dia da hora), dez
depois é Pentecostes, dia do Divino Espírito Santo. O Divino tem um significado muito importante que é Deus e tendo
como símbolo a POMBA.
SUPERSTIÇÕES
Chamar pra vir embora de cemitério (almas
acompanharão).
Se cair no cemitério (será a próxima vítima). Passar por baixo de escada (azar).
Pisar no rabo de gato (perde o casamento).
Gato preto em dia de sexta feira (azar). ARTESENATO
No artesanato de Bom Jardim, encontramos um variado número de produtos: balaios, artesanato de madeiras, crochês, lembranças,
bordados pontos de cruz e vagonite (em tolha de banho, de mesa,
guardanapo, pano de geladeira e colcha de cama), tapete de linha, de
tecido, pintura e tapete bordado. Esses trabalhos são feitos por inúmeras
pessoas, que sem recursos e apoio para ampliar mercado, conduzem o
artesanato no município. Sendo aproximadamente 70 pessoas que
praticam essa atividade, distribuídas em todo município. Percebe-se a necessidade de exposição ou EXPOEB para exportar e vencer a produção
artesanal que se produz no município.
O município tem possibilidades potenciais humanas que precisam de fomento e amparo de políticas públicas para que se desenvolva e
exporte o que se produza em artesanato.