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ASPECTOS FÍSICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA
DO RIO JARU – BAIXO MACHADO - RONDÔNIA
Ana Paula Alves Gonçalves(a), Catia Eliza Zuffo(b), Grasiela Rocha Torres Goveia(c)
(a) Engª Ambiental, docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia –
IFRO Campus Jaru e discente do Programa de Mestrado Profissional em Rede Nacional em Gestão e
Regulação de Recursos Hídricos - PROFÁGUA – Polo Universidade Federal de Rondônia - UNIR
Campus Ji-Paraná, [email protected] (b) Geógrafa, docente do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Rondônia – UNIR
Campus Porto Velho e do PROFÁGUA – Polo UNIR Campus Ji-Paraná, [email protected] (c) Geógrafa e Mestre em Geografia da Karipunas – Associação Ecológica da Amazônia,
Eixo: Dinâmica e gestão de bacias hidrográficas
Resumo
No Brasil, desde 1988, gradativamente, vem sendo criados comitês para atuarem no
gerenciamento das águas em bacias hidrográficas. Neste trabalho, realizou-se pesquisa
bibliográfica e elaboraram-se mapas temáticos de aspectos físicos da bacia hidrográfica do Rio
Jaru – Baixo Machado em Rondônia, como contribuições ao diagnóstico do meio físico e
processo de implantação deste comitê de bacia hidrográfica na Amazônia.
Palavras chave: Bacia hidrográfica, Rio Jaru, Rio Machado, Rondônia.
1. Introdução
No Brasil, existem Comitês de Bacia Hidrográfica (CBHs) desde o ano de 1988
(ANA, 2011). São organismos colegiados com composição variável em função dos segmentos
- poder público, usuários de águas e sociedade civil organizada - que demonstrem interesse e
busquem sua representação de maneira democrática, tendo poder de decisão sobre a gestão
das águas na respectiva bacia, constituindo-se parte integrante do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH), (COMITÊS DE BACIAS
HIDROGRÁFICAS, 2019).
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O Rio Jaru - Baixo Machado representa porção do médio e todo o baixo curso do
mais extenso rio rondoniense, cuja foz no rio Madeira, localiza-se ao norte do Estado, no
município de Porto Velho.
A implantação de CBHs em grandes bacias, notadamente as que pertencem à
Amazônia brasileira, é um desafio peculiar, pela distância, logística e outras características da
região (ZUFFO, 2010).
Este trabalho sobre aspectos físicos da bacia, que corresponde à área de atuação do
Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Jaru – Baixo Machado – RO (CBH-JBM-RO) (ZUFFO,
2014), instituído ainda em 2014 (CRH-RO – RESOLUÇÃO 2014-06 e RONDÔNIA -
DECRETO 19.059 de 31-07-2014), pretende contribuir para a elaboração de material
informativo, contendo entre outros tópicos, breve diagnóstico do meio físico, que será
utilizado no processo de mobilização, previsto para o ano de 2019, visando à implantação
deste CBH, no contexto da bacia do rio Machado em Rondônia (ZUFFO, et al., 2016).
2. Materiais e Métodos
Para alcançar o objetivo proposto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, de
caráter descritivo, baseada no método dedutivo, conforme Gil (2002). Quanto aos aspectos
físicos “Geologia, Geomorfologia, Solos e Clima” da bacia hidrográfica, objeto de estudo,
utilizou-se, como principais referências, documentos e informações disponíveis em
publicações ou portais da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (SEDAM),
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Serviço Geológico do Brasil –
Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e do Plano Agropecuário e Florestal
de Rondônia (PLANAFLORO).
Os mapas temáticos foram gerados através da aplicação de técnicas de
Geoprocessamento, utilizando os Software QGis e editoração no CorelDRAW.
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3. Resultados e discussões
Conforme Gonçalves, Zuffo e Goveia (2019 – no prelo), a Figura 1 apresenta
diversas informações deste Comitê de expressiva área territorial:
Figura 1 – Municípios, principais vias de acesso e Sub-Bacias pertencentes ao CBH-JBM-RO.
Fonte: Gonçalves, Zuffo e Goveia, 2019 (no prelo).
• é composto por 06 (seis) sub-bacias hidrográficas (Alto Rio Jaru, Baixo Rio Jaru, Rio
Médio Machado, Rio Baixo Machado, Rio Machadinho e Rio Preto, totalizando
36.372,1379 km2); da bacia do Rio Ji-Paraná ou Machado, que é o maior rio rondoniense,
correspondendo a 02 (duas) Unidades Hidrográficas de Gestão (UHG) – Rio Jaru e Baixo
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Rio Machado, conforme consta no Plano Estadual de Recursos Hídricos aprovado pelo
Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CRH/RO) em 2018 (RONDÔNIA, 2018);
• abrange área de 17 municípios, com 08 cidades, das quais destaca-se Jaru como principal
polo regional e com vias de acesso pavimentadas, dentro do perímetro do CBH, sendo que
somente 03 municípios estão inseridos integralmente: Theobroma, Vale do Anari e
Machadinho do Oeste (Figura 1).
Das unidades geológicas identificadas em Rondônia, 12 (doze) ocorrem na área de
estudo, das quais destacam-se as rochas do Complexo Jamari (compostas principalmente por
ortognaisses tonaliticos e quartzo-dioriticos), que apresentam ampla distribuição na porção
centro-oriental do estado e predominam nas sub-bacias Alto e Baixo Rio Jaru, enquanto as
Coberturas Sedimentares Indiferenciadas, que apresentam expressiva variedade de materiais e
idade pliopleistocênica (CPRM, 2010), predominam ao norte, especialmente na sub-bacia do
rio Preto (Figura 2).
Figura 2 – Mapa Geológico da Bacia Hidrográfica do Rio Jaru – Baixo Machado – RO.
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As Superfícies Aplainadas do Sul da Amazônia constituem o mais extenso domínio
geomorfológico de Rondônia e ocupam toda a porção central do estado, estando a área de
estudo inserida nesse domínio (Figura 3), apesar da existência de mais 05 (cinco) unidades
geomorfológicas com menor área de abrangência: Planícies Aluviais e Depressões, Unidades
Denudacionais, Depressões, Lagos, Deltas/Cones, Agrupamentos de Morros e Colinas, além
de Superfícies Tabulares.
Essas extensas áreas arrasadas por prolongados eventos de erosão generalizada, ao
longo do Neogeno, conjugados a uma notável estabilidade tectônica em escala regional,
apresentam cotas que variam entre 100 e 300 m e notabilizam-se pela ocorrência de extensas
áreas aplainadas, levemente entalhadas pela rede de drenagem (CPRM, 2010).
Figura 3 – Mapa Geomorfológico da Bacia Hidrográfica do Rio Jaru – Baixo Machado – RO.
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Em relação às 16 (dezesseis) Classes de Solo - Areias Quartzosas, Cambissolos
Distróficos, Cambissolos Eutróficos, Latossolos Amarelos Distróficos, Latossolos Vermelho-
Amarelos Distróficos, Latossolos Vermelho-Amarelos Eutróficos, Latossolos Vermelho-
Escuro Distróficos, Latossolos Vermelho-Escuro Eutróficos, Planossolos Distróficos,
Podzólicos Vermelho-Amarelos Distróficos, Regossolos Distróficos, Regossolos Eutróficos,
Solos Aluviais Distróficos, Solos Concrecionários Distróficos, Solos Glei Distróficos e Solos
Litólios Distróficos, há o predomínio do tipo Latossolo Vermelho-Amarelo na região,
ocupando grandes áreas quase que contínuas, no sentido leste-oeste (Figura 4).
Figura 4 – Mapa de Solos da Bacia Hidrográfica do Rio Jaru – Baixo Machado – RO.
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Esses são caracterizados por possuírem boa drenagem interna e aeração. Porém são
solos com restrições de uso, pois possuem textura média tendendo a arenosa o que ocasiona
uma baixa retenção de água e nutrientes, para seu aproveitamento agrícola necessitam da
execução de práticas de correção química do solo (PLANAFLORO, 1998).
Quanto aos aspectos climáticos, Rondônia não sofre influência expressiva da
continentalidade, mas de aspectos dinâmicos como as massas de ar Equatorial Continental e
Equatorial Atlântica, a Zona de Convergência Intertropical, anticiclones e as linhas de
instabilidade. Pela classificação de Köppen o clima dominante é Tropical Chuvoso, com
média climatológica de temperatura do ar durante o mês mais frio superior a 18°C
(megatérmico) e um período seco bem definido durante os meses de junho, julho e agosto,
quando ocorre no Estado um moderado déficit hídrico com índices pluviométricos inferiores a
50 mm/mês (SEDAM, 2010).
Figura 5 – Mapa da Temperatura Média Anual da Bacia Hidrográfica do Rio Jaru – Baixo Machado – RO.
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Observa-se que a temperatura do ar apresenta modesta variação entre os municípios
da área de estudo (Figura 5), com média anual oscilando entre mais de 24°C a 27°C, sendo
que esses valores não sofrem grandes variações no decorrer do ano, exceto por ocasião do
fenômeno das friagens. Tem-se tendência de aumento da temperatura no sentido norte da área
de estudo, fato que pode ser explicado por altitudes e latitudes um pouco mais baixas.
A média anual das chuvas é bem mais ampla (Figura 6), variando de 1600 mm nas
cabeceiras da sub-bacia Alto Jaru até 2600 mm nas nascentes do Rio Preto, onde se localiza a
cidade de Cujubim.
Figura 6 – Mapa da Pluviosidade da Bacia Hidrográfica do Rio Jaru – Baixo Machado – RO.
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4. Considerações Finais
Mesmo instituído em 2014, por questões conjunturais, a implantação do CBH-JBM-
RO, no contexto da bacia do Rio Machado em Rondônia está prevista para o ano de 2019 e
esta e outras possíveis contribuições técnico-científicas certamente poderão auxiliar na
sensibilização e engajamento de atores, como os envolvidos com atividades produtivas, para
que diseminem práticas sustentáveis.
O estudo de aspectos físicos de uma bacia hidrográfica, composta por tipos específicos
de rochas, relevos, solos e clima auxiliam na identificação de suas características e na
compreensão de questões relativas às aptidões, restrições de uso e à própria dinâmica
ambiental local, um exemplo é relacionar a variabilidade da distribuição das chuvas a outros
aspectos físicos, como possíveis limitações e potencialidades do solo são importantes para o
manejo e seu uso adequado, ou impactos negativos se sua capacidade de suporte forem
ultrapassados, com reflexos significativos na disponibilidade de água.
Agradecimentos
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001, agradecemos
também ao Programa de Mestrado Profissional em Rede Nacional em Gestão e Regulação de
Recursos Hídricos - ProfÁgua, Projeto CAPES/ANA AUXPE Nº. 2717/2015, pelo apoio
técnico científico aportado até o momento.
Referências bibliográficas
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<http://arquivos.ana.gov.br/institucional/sge/CEDOC/Catalogo/2012/CadernosDeCapacitacao
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<http://www.cbh.gov.br/GestaoComites.aspx>. Acesso em 18 de jan. de 2019.
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GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2002.
GONÇALVES, A. P. A.; ZUFFO, C. E.; GOVEIA, G. R. T. A importância da participação
dos municípios na gestão das águas através dos comitês de bacias hidrográficas, o caso
do CBH-JBM-RO, 2019 – no prelo.
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RONDÔNIA. Decreto 19.059, de 31 de julho de 2014. Institui o Comitê de Bacia
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________. Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental. (SEDAM). Resumo
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RONDÔNIA. Boletim climatológico de Rondônia 2010. Disponível em:
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ZUFFO, C. E. Gestão integrada das águas em Rondônia. Tese (Doutorado em Geologia) -
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ZUFFO, C. E.; GOVEIA, G. R. T.; CRISTALDO, J. C.; MACIEL, F. do N. Proposta de
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