assoreamento do baixo rio de contas
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O ASSOREAMANETO DO BAIXO CURSO DO RIO DE
CONTAS: UMA ABORDAGEM HIDRULICA E
SEDIMENTOLGICA
RIKA V. M. CAMPOS
Dissertao de Mestrado
Orientao: Dr. Guilherme C. Lessa
Universidade Federal da Bahia
Instituto de Geocincias
Curso de Ps-Graduao em Geologia
2002
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NDICE
1. INTRODUO.......................................................................................2
1.1 Levantamento do Problema e Objetivos ................................................................................... 3
2. ASPECTOS AMBIENTAIS DA REA DE ESTUDO ..........................10
2.1 Clima .......................................................................................................................................112.2 Hidrologia................................................................................................................................112.3 Aproveitamentos Hidreltricos Existentes.............................................................................. 132.3 Estudos anteriores ...................................................................................................................14
3. METODOLOGIA ..................................................................................15
3.1 Anlise fluviomtrica .............................................................................................................. 153.2 Anlise dos depsitos sedimentares e fauna de foraminferos associada................................183.3 Circulao de gua do baixo curso do rio de Contas ..............................................................20
4. RESULTADOS.....................................................................................23
4.1 Hidrologia................................................................................................................................234.1.1 Amortecimento da onda de cheia ...............................................................................................264.2 Granulometria, morfoscopia e mineralogia dos sedimentos superficiais de fundo.................314.3 Fauna de foraminferos............................................................................................................40
4.3.1 Primeira campanha de amostragem.................................................................................404.3.2 Segunda campanha de amostragem.................................................................................41
4.4 Circulao de gua do baixo curso do rio de Contas. ............................................................. 44
5. DISCUSSO........................................................................................53
5.1 Hidrologia................................................................................................................................535.2 Depsitos sedimentares........................................................................................................... 575.3 Dinmica sedimentar............................................................................................................... 595.4 Circulao e classificao do baixo curso do rio de Contas ................................................... 645.5 Padres de circulao estuarina..................................................................................................... 67
6. CONCLUSO ......................................................................................70
7. BIBLIOGRAFIA ...................................................................................72
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1. INTRODUO
A palavra rio utilizada para designar o eixo principal de um complexo sistema de
escoamento denominado bacia de drenagem. Este sistema pode ser dividido em trs subsistemas,
o de coleta, o de transporte e o de disperso (Figura 1), que geralmente coincidem com o que se
chama de alto, mdio e baixo curso do rio, respectivamente (Hamblin 1995).
No sistema de coleta e transporte, o clima, a cobertura vegetal, a litologia e a
topografia controlam o tipo de carga detrtica a ser fornecida aos rios. O transporte do sedimento
regulado pela vazo fluvial, que por sua vez possui um padro de variao ao longo do tempo,
particular a cada rio, denominado de regime fluvial. A vazo possui ainda duas caractersticas
importantes que so a competncia e capacidade. A competncia relaciona-se ao tamanho das
partculas que podem ser movimentadas pelo fluxo e a capacidadediz respeito quantidade de
material que pode ser transportada por unidade de tempo (Leopold et al. 1964). De montante
para jusante, existe a tendncia de decrscimo gradativo do tamanho dos sedimentos que compe
a carga de fundo, indicando uma diminuio da competncia do rio. Esta explicada pela
suposta diminuio da velocidade do fluxo nas regies mais planas da bacia de drenagem
inferior.
O sistema de disperso, localizado no baixo curso, se estende at o encontro com omar ou um lago, onde ocorre a deposio e disperso dos sedimentos . A deposio do material
detrtico ocorre quando h diminuio da competncia ou da capacidade do transporte, causada
geralmente pela reduo da declividade e aumento do calibre do sedimento e ou volume da carga
sedimentar. A maneira pela qual os sedimentos se distribuem no momento da deposio vai
depender do carter e da quantidade da carga sedimentar, bem como do padro de circulao
operante que altera-se com a gradativa interao com o ambiente marinho.
A coexistncia dos processos fluviais e marinhos gera um ambiente denominadoesturio. Este caracterizado pela floculao de sedimentos argilosos em suspenso (advinda da
presena de ons de sal na gua), pela presena de sedimentos marinhos e pela existncia de
correntes bidirecionais (correntes de mar). A penetrao da gua salina no baixo curso
limitada pela topografia, pela altura da mar e pela vazo fluvial que, por sua vez, exibe um
carter sazonal e pode ser modificada em decorrncia de intervenes antrpicas na bacia de
drenagem.
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Figura 1 - Diviso do sistema fluvial em subsistemas (modificado de Hamblin, 1995)
Nos ltimos trs sculos, as atividades humanas aumentaram significativamente suainfluncia sobre as bacias de drenagem. Segundo Mller (1996), intervenes relacionadas com
a construo de barragens tem significativa influncia nas guas litorais, pois promovem a
reteno aluvionar nos reservatrios e a regularizao das vazes. A regularizao da descarga
ocasiona a reduo da vazo mdia anual, diminui a variao sazonal da vazo, alterando a poca
de ocorrncia de vazes extremas e reduz a magnitude das cheias. A reteno aluvionar, por sua
vez, gera eroso jusante da represa.
Assim de se esperar que, apesar da maioria da carga slida do canal ser retida noreservatrio, a diminuio da velocidade do fluxo fluvial jusante favorea a diminuio da
capacidade de transporte e a deposio antecipada dos sedimentos, principalmente da frao
mais grosseira. Este efeito pode-se estender at a embocadura onde predominam os processos de
deposio e onde ocorre a influncia da mar.
1.1 Levantamento do Problema e Objetivos
O baixo curso do rio de Contas (Figura 2), localizado no litoral sul da Bahia, sofreu
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um sensvel processo de assoreamento nas ltimas duas dcadas. De acordo com informaes
colhidas entre pescadores em Itacar (Anexo), a formao de vrios bancos arenosos nos ltimos
30 km do rio tem impossibilitado a entrada de embarcaes de pesca, at mesmo as de pequeno
porte, para reas montante do canal durante as baixa-mares. J a foz do rio vem sofrendo um
processo de estrangulamento devido ao crescimento lateral de uma barra arenosa, antes restrita a
uma pequena rea na margem norte da desembocadura. Relatos histricos e documentos
iconogrficos (Anexo) indicam a entrada de grandes embarcaes no porto para o transporte e
exportao de cacau durante a dcada de 30 (Figuras 3 e 4) local este que hoje condiciona uma
plancie de mar (Figura 5). O crescimento lateral da barra na foz do rio, em direo ao sul, fora
ainda o desvio do talvegue, que agora erode uma rea marginal da cidade que, de acordo com a
memria histrica, sempre esteve morfologicamente estvel (Figura 6).
O Plano diretor de Recursos Hdricos da Bacia do rio de Contas (1993), realizado
pela Secretaria de Recursos Hdricos (SRH), identificou um elevado nvel de assoreamento ao
longo de praticamente todo o seu leito, fazendo-se sentir em dois pontos bem distintos no baixo
curso fluvial: o primeiro logo jusante do canyon de Taboquinhas (Figura 2), onde se observa a
presena de solo arenoso de origem aluvionar nas margens, que em alguns pontos, constituem
barrancos com mais de 2 metros de altura, chegando a avanar mais de 4 metros pelas margens, e
o segundo ponto na rea de foz do rio onde a carga sedimentar trazida pelo rio em funo das
baixas velocidades do fluxo e remanso das mars vem se depositando, proporcionando o
surgimento de extensos bancos de areia e recobrindo a rea de manguezal. (SRH 1993).
Na bacia do rio de Contas, localizada na poro central do estado da Bahia (Figura 2)
duas represas de maior porte, Pedras e Funil, foram construdas no mdio e alto curso para
regularizao da vazo e produo de eletricidade na dcada de 60. Outros cinco projetos de
irrigao tambm foram estabelecidos em Marcolino Moura, Jussiape, Itanag, Lagoa Real e
Condeba, na dcada de 40 e 50 (CEPLAB 1979; DNOCS 1972) (Figura 2). No entorno dabacia dezenas de pequenos e mdios audes localizados principalmente no alto e mdio curso em
afluentes primrios e secundrios foram construdos, e so utilizados para a manuteno de
cultivos agrcolas de pequeno porte.
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Figura 2. Localizao da bacia do rio de Contas e seu baixo curso em destaque.
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Figura 3. Localizao do antigo porto de exportao de cacau na cidade de Itacar na dcada de 30.
Figura 4. Operaes de embarque das sacas de cacau no porto.
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Figura 5. Situao atual (2000) da regio do antigo porto.
ANTIGOPORTO
ESPORO
Figura 6. Vista area da desembocadura do rio de Contas na cidade de Itacar (BA) (1992).
Duas hipteses, complementares ou no, podem ser levantadas para explicar o
processo de assoreamento e a reduo da rea da desembocadura fluvial, so elas:
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1 - Diminuio do deflvio mximo: a capacidade de transporte das correntes (volume
total de sedimentos que o fluxo consegue transportar), varia direta e exponencialmente com a
vazo fluvial, de forma que uma pequena diminuio das vazes mximas do rio pode causar um
processo de deposio sedimentar relativamente acentuado. Por outro lado, o efeito de molhe
hidrulico exercido pela ejeo da corrente fluvial no oceano fica reduzido, propiciando a
deposio de sedimentos transportados ao longo da costa frente da desembocadura fluvial.
Causas para a reduo da vazo fluvial podem estar relacionadas implementao de projetos de
irrigao e construo das barragens (Alves 1993), estas ltimas responsveis por um provvel
amortecimento do caudal de cheia do rio jusante da mesma. Como a barragem de Pedras foi
projetada para diminuir o caudal de cheias, de se esperar que estes efeitos estejam ocorrendo.
No entanto, no existe ainda uma avaliao da real operao dos barramentos e do grau de
impacto que estes esto causando no escoamento do baixo curso.
2 - Entrada de sedimentos marinhos: em esturios rasos e bem misturados (sem
estratificao da coluna dgua), o transporte de sedimentos de fundo (por trao) devido ao
da mar pode prevalecer durante o fluxo de mar enchente (Dronkers 1986). As mars ao se
propagarem ao longo de um canal fluvial sofrem, comumente, uma distoro devido ao atrito
com o fundo, o que acarreta intervalos de tempo desiguais de enchente e vazante (menores na
enchente). Perante a inexistncia de um fluxo fluvial importante, esta distoro gera fluxos de
mar enchente mais velozes que fluxos de mar vazante, o que se traduz em um transporte
resultante de sedimentos para dentro do rio (Aubrey 1986, Fry & Aubrey 1990). A possvel
reduo da vazo fluvial levantada na hiptese acima permite supor que uma fraca tendncia
anterior de transporte de sedimentos marinhos pelas correntes de mar, tenha sido acentuada.
Sendo assim, o presente trabalho objetiva o levantamento hidrulico/sedimentolgico
do baixo curso do rio de Contas e sua rea estuarina, de forma a avaliar as causas do processo de
assoreamento existente. Para tanto, ser realizada a investigao de 3 pontos especficos:
1 o grau de amortecimento das cheias devido operao dos barramentos, atravs de anlise
das sries histricas de dados de vazo montante e jusante das represas;
2 a natureza dos depsitos sedimentares da superfcie do fundo do rio, com base na textura e
composio dos sedimentos, procurando identificar as possveis reas fontes de sedimento, os
sedimentos e as variaes sazonais de distribuio destes devido maior ou menor contribuio
do escoamento fluvial;
3 a circulao de gua na rea estuarina, procurando determinar o grau e a rea de influncia da
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circulao de mar e o potencial para o transporte de sedimentos marinhos rio adentro.
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2. ASPECTOS AMBIENTAIS DA REA DE ESTUDO
A bacia do rio de Contas est localizada na poro centro sul do Estado da Bahia,fazendo parte das bacias que desguam no litoral central do Estado da Bahia, (CEPLAB 1979).
Delimitada pelas coordenadas de 12 55 S a 15 10 S e de 39 00 W a 42 35 W (Figura 2),
destaca-se por ser a maior bacia totalmente inserida no estado, ocupando uma rea de 55.334
km2 , equivalente a 10,2% do territrio baiano. O curso superior do rio de Contas est encaixado
numa paisagem montanhosa e a partir da cidade de Cristalndia passa a receber a contribuio de
afluentes como o rio Brumado e Gavio. O mdio curso, entretanto, atravessa uma regio semi-
rida com muita influncia de rios intermitentes. J jusante da cidade de Ipia (incio do baixo
curso), volta a receber contribuio de vrios rios perenes de pequeno e mdio porte, com
destaque para o rio Gongoji (Figura 2), o afluente de maior importncia nesta regio.
Informaes geo-ambientais a respeito do alto e mdio curso do rio de Contas, so
relativamente abundantes, porm so escassas as informaes relativas ao baixo curso do rio,
onde apenas o mapeamento geolgico da plancie costeira foi realizado (Bittencourt 1979;
Martin et al., 1980).
Na plancie costeira, o rio de Contas estabelece-se ao longo de um falhamento que
delimita duas zonas com caractersticas geomorfolgicas e fisiogrficas distintas (Bittencourt et
al 1979). A margem norte do rio caracterizada por uma plancie constituda de depsitos
quaternrios arenosos, com uma srie de alinhamentos de cristas de praia, extensos embaimentos
e lagoas. Na margem sul, o embasamento cristalino encontra-se em contato com o mar, os arcos
praiais se tornam pequenos e os depsitos quaternrios so pouco desenvolvidos. A regio
costeira caracteriza-se por um regime de micro-mesomars segundo classificao de Davis &
Hayes (1984), com altura mxima em torno de 2,1 m, nos perodos equinociais (DHN 1996,1997). A rea sujeita ao processo de assoreamento engloba a poro final do baixo curso do rio
de Contas, compreendendo um percurso de aproximadamente 30 quilmetros (Figura 2).
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2.1 Clima
O clima na bacia de grande variabilidade espacial. Na regio do alto e mdio curso
do rio na classificao de Kppen (Figura 7) o clima do tipo BSwh, do tipo DdA segundo
Thornthwaite & Matther (Figura 7). Estes dois tipos climticos indicam um clima quente decaatinga (semi-rido); com chuvas de vero e perodo seco bem definido de inverno, com
temperatura mdia superior a 18C e ausncia de excedente hdrico (SEI 1998). Segundo a
CEPLAB (1979), o regime pluvial do alto e mdio curso da bacia caracteriza-se pela existncia
de duas estaes bem marcadas; um perodo seco geralmente entre maro e outubro e um
perodo mido de novembro a fevereiro.
Observa-se nas zonas de altimetria elevada, um clima definido como um clima
mido a submido, tipo mesotrmico (Figura 7), onde a temperatura do ms mais frio inferior a
18C. No mdio curso inferior o clima do tipo Af, de acordo com Kppen, e do tipo
C1dB, segundo Thornthwaite & Matther (Figura 7). Este clima definido como tropical
chuvoso de floresta, que varia do submido ao seco e temperatura mdia anual situando-se em
torno de 22 C e de pequeno excedente hdrico. De acordo com a CEPLAB (1979), os valores de
precipitao neste regio variam de 1570 a 2480 mm/ano.
Na regio litornea, segundo Kppen, o clima tambm do tipo Af e segundo
Thornthwaite & Matther do tipo B3rA (Figura 7), ou seja, mido com nenhuma deficincia
hdrica, com EP (evapotranspirao) >1140 mm e precipitao maior que 120 mm em todos
meses do ano. Nesta regio, a temperatura mdia anual situa-se em torno de 24,5 C, com chuvas
uniformemente distribudas ao longo do ano, sendo caracterstico o excedente hdrico da ordem
de 1091 mm (SEI 1998).
2.2 Hidrologia
O regime fluvial do rio de Contas de carter essencialmente torrencial, j que as
irregularidades pluviomtricas ao longo do ano causam acentuada variabilidade nos seus
deflvios. O rio apresenta-se perene em todo o seu curso, porm a maioria de seus afluentes so
intermitentes. Existem grandes diferenas dos deflvios ao longo da bacia, chegando-se a
registrar valores nulos nos meses mais secos (Ipia/Jequi), quando a grande perda de gua por
evaporao, devido aos rigores do clima semi-rido, contribui consideravelmente, para a
diminuio do volume dgua. J na direo do litoral os deflvios elevam-se novamente, no
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apenas devido ao clima mais mido, mas tambm pela presena de reservatrios subterrneos
com capacidade de manter os deflvios em poca de estiagem (CEPLAB 1979). Embora
ocorram deflvios baixos ou mesmo nulos, as condies fisiogrficas regionais da bacia
permitem a formao de grandes enchentes localizadas na vertente ao norte de Jequi (CEPLAB,
1979).
Figura 7. Classificao climtica segundo Thornwhaite (A) e Kppen (B) (SEI 1998).
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2.3 Aproveitamentos Hidreltricos Existentes
Segundo o Plano Diretor da Bacia do rio de Contas (1993), a bacia hidrogrfica
bem dotada de recursos hdricos e condies topogrficas para a produo de energia eltrica,
possuindo apreciveis desnveis naturais nas regies das nascentes e caudais elevados na porooriental, j prximo sua foz. Os aproveitamentos hidreltricos atualmente existentes e
operantes no curso fluvial principal consistem de duas usinas de represamento, as usinas Pedras e
Funil, que comearam a operar conjuntamente a partir de 1969. As usinas de represamento so
aquelas que possuem um reservatrio com uma razovel capacidade de regularizao e, por esta
razo, podem modular as descargas de forma conveniente ao sistema de gerao de eletricidade.
Desta forma, pode-se trabalhar com vazes regularizadas.
a)Barragem de Pedras
A usina hidreltrica de Pedras (Anexo) foi implantada entre 1964 e 1969 pelo
DNOCS no rio de Contas e fica localizada a 18 km a montante da cidade de Jequi, sendo
atualmente operada pela CHESF- Companhia Hidroeltrica do So Francisco (SRH 1993). Com
capacidade de acumulao de 1,7 bilhes de metros cbicos, constitui um reservatrio criado
para controle de cheias com perodo de retorno menor ou igual a 25 anos e que foi aproveitado
posteriormente para a gerao de energia eltrica, mais precisamente a partir de 1978. A
capacidade extravasora da UHE Pedras na sua cota normal de operao de 6772 m3/s. Suadrenagem abrange uma rea de 38.720 km2, com vazo mdia para perodo seco de 12 m3/s e
para perodo mido, de 60 m3/s (Engenheiro San Martin, CHESF, comunicao pessoal). O
volume de espera para a barragem da Pedra de 45.000.000 m3, cota 228,0 m anos e uma
restrio de jusante igual a 800 m3/s. De acordo com o seu manual de operao para controle de
cheias, a experincia vivida nas ltimas cheias, mostrou que possvel definir descargas de at
1200 m3/s, sem causar inundaes jusante, desde que no haja contribuies considerveis dos
afluentes jusante, principalmente o rio Jequiezinho, localizado na margem esquerda.Atualmente, gera um efeito regularizador sobre o baixo vale , visando sobretudo garantir a vazo
para as 3 turbinas da UHE Funil. Para isso so necessrios 90 m3/s, dos quais 60 m3/s so
garantidos pelo reservatrio de Pedra, e os 30 m3/s restantes, pela contribuio lateral do
corredor Pedra-Funil.
b)Usina do Funil
Trata-se de uma usina construda pela antiga Centrais Eltricas do rio das Contas
CERC, sendo atualmente operada pela CHESF que funciona a fio dgua. Teve seu perodo de
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construo compreendido entre os anos de 1954 e 1962. Sua capacidade de armazenamento da
ordem de 53 milhes de m3, aproximadamente 3% do volume da UHE Pedras, sendo que o
assoreamento atual, da ordem de 45 m de coluna de sedimento, diminui esta capacidade. Com
finalidade de explorao de energia eltrica, possui uma vazo mxima de 4135 m3/s, sendo sua
vazo mdia para perodo seco de 15 m3/s e para perodo mido de 90 m3/s (Engenheiro San
Martin, CHESF, comunicao pessoal). A operao da Barragem de Funil durante o perodo
mido, devido sua condio de usina a fio dgua, no exerce nenhuma ao de controle de
cheias
2.3 Estudos anteriores
O monitoramento da vazo das principais bacias hidrogrficas no estado da Bahia
tem sido realizado principalmente por rgos governamentais estaduais (SRH, EMBASA)
quanto federais (ANEEL, CHESF) visando o planejamento dos recursos hdricos. Apenas um
estudo, no entanto, privilegia a anlise dos dados fluviomtricos em trechos contnuos da Bacia
do rio de Contas, sendo ele o Plano Diretor da Bacia Hidrogrfica do rio de Contas (1993),
elaborado pelo Governo do Estado da Bahia atravs da Superintendncia de Recursos Hdricos
do Estado da Bahia - SRH. Esse estudo teve como objetivo a determinao das disponibilidades
hdricas superficiais da bacia visando o planejamento, implantao e operao de unidades
fsicas e institucionais, voltadas ao aproveitamento dos recursos hdricos.
Assim, no que diz respeito ao comportamento fluviomtrico da bacia, o estudo
definiu, alm das estaes de medio de descargas mais confiveis Brumado, Santo Antnio,
Jequi, Ipia, Gongoji, Ubaitaba -, uma regionalizao das vazes principalmente devido
variabilidade climtica da bacia e presena ou no de sub-redes de drenagem de carter perene
ou intermitente para cada regio, ou seja, alto, mdio e baixo curso.
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3. METODOLOGIA
3.1 Anlise fluviomtrica
Todos os dados hidrolgicos aqui utilizados, com exceo aos referentes estao deUbaitaba 2 que foram fornecidos pela ANEEL (Agncia Nacional de guas e Energia Eltrica),
foram cedidos pela Superintendncia de Recursos Hdricos do Estado da Bahia. Estes dados
derivam de curvas chaves (cota-vazo) que foram transformadas em dados de vazo mdia diria
atravs do programa computacional MSDHD. A tabela 1 lista as estaes e o perodo de
abrangncia dos dados de cada estao, e a figura 8 mostra um esquema da distribuio espacial
das estaes antes, durante e aps o perodo de construo das represas.
Tabela 1. Caracterizao das estaes fluviomtricas analisadas no Rio de Contas (Fonte: DNAEE, 1993)
Cdigo Estao Distncia da Foz
(km)
Drenagem
(km2)
Intervalo
52250000 Brumado 496 4861 1939-1951
52270000 Santo Antnio 430 16920 1935-1979
52570000 Jequi 190 42890 1934-1981
52680000 Ipia 120 47450 1937-1983
52790000 Gongoji 70 6570 1949-1979
52830000
52831000
Ubaitaba
Ubaitaba 2
(jusante)
57
57
56290
56290
1936-1987
1988-1999
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Figura 8. Modelo esquemtico da distribuio espacial das estaes fluviomtricas e dos barramentos no curso
fluvial principal em trs momentos. Para localizao da estaes e barramentos veja Figura 2.
A srie de vazes mximas anuais das estaes localizadas logo jusante dos
barramentos, ou seja, Jequi e Ubaitaba, foi dividida em dois perodos, com base na data de
construo dos referidos barramentos (1969), de modo a permitir a comparao do
comportamento fluviomtrico antes e depois da construo das barragens. As sries temporais
integrais de todas as estaes (Tabela 2) foram submetidas a anlise estatstica de forma a
caracterizar a distribuio dos valores de vazo e determinar a freqncia relativa de suas vrias
classes.
Tabela 2. Perodos analisados em cada estao fluviomtrica do curso fluvial principal (Fonte: SRH)
Santo Antnio Jequi Ipia Ubaitaba
1935-1961
1962-1968
1969-1979
1934-1961
1962-1968
1969-1981
1937-1961
1962-1968
1969-1983
1936-1961
1962-1968
1969-1999
Os perodos associados s maiores vazes foram analisados individualmente de
forma a caracterizar a propagao das ondas de cheia no curso fluvial, antes da instalao dos
barramentos . Foram observados os dados dirios de vazo das estaes de Santo Antnio,
Jequi, Ipia e Ubaitaba em perodos de tempo distintos (antes de 1969). Ainda com o objetivo
de observar a interferncia dos reservatrios no comportamento da onda de cheia, foram
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comparados os dados de vazo afluente e defluente nestes, com dados fornecidos pela CHESF
(1999) para toda a dcada de 90.
Para a identificao do perodo de recorrncia das cheias, as sries temporais
referentes estao de Ubaitaba (Tabela 3) foram submetidas analise espectral (Anlise deFourier). Esta metodologia permite separar fennemos cclicos existentes em uma srie temporal
discreta, com intervalo amostral constante e comprimento correspondente a 2n, atravs da
combinao linear (soma) de funes peridicas sinusoidais e cosenusoidais (Srie de Fourier).
O mtodo analisa a variao de uma srie temporal como funo de sua freqncia atravs da
identificao das correlaes das funes seno e coseno de diferentes freqncias com os dados
observados e, se uma alta correlao for identificada, existe uma forte periodicidade
(componentes harmnicos) na freqncia considerada (Hegge & Masselink, 1996).
A anlise espectral foi desenvolvida no software MATLAB. A srie temporal dos
valores de vazo registrados em Ubaitaba, foi dividida em perodos anteriores e posteriores
instalao dos barramentos (Tabela 3). Os resultados da anlise espectral expressam os perodos
de recorrncia de cheias na forma de valores de densidade de energia espectral por freqncia
(anos). Os valores de energia foram normalizados para facilitar uma melhor comparao dos
resultados.
Tabela 3. Perodos utilizados para a anlise espectral.
Estao Perodo No dedados
1935-1961 81921961-1968 20481982-1987 2048
Ubaitaba
1990-1995 2048
Com a inteno de verificar a consistncia dos dados de descarga fornecidos pela
CHESF para as estaes de Ubaitaba, foi feita uma reavalio da curva chave calculada para as
estaes. Foi observado que a curva para a estao 52831000 (Ubaitaba 2) superestimava a
vazo de cotas superiores a 220 cm, que corresponde aproximadamente vazes de 300m3/s.
Sendo assim, duas curvas foram geradas de forma a calcular-se as vazes para cotas inferiores e
superiores a 220 cm, como mostra a figura 9. Os novos dados gerados serviram como base para
os clculos referentes esta estao.
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19/77
0
100
200
300
400
500
600
5 5,2 5,4 5,6 5,8 6
Ln Cota
Vazo(m3/s)
Y= -5702,572+(LN(O92)*1061,915)
R2 = 0.97
Y = -1076,698+(LNX*209,8856)R2 = 0,82
Figura 9. Curvas chave geradas para a estao Ubaitaba 2 (1987_1999)
3.2 Anlise dos depsitos sedimentares e fauna de foraminferos associada.
O baixo curso do rio de Contas relativamente retilneo, com pequeno desnvel
altimtrico A regio de mistura das guas fluvial e marinha, sugerida pela presena dosmanguezais, compreende os cinco quilmetros finais do rio.
A fim de caracterizar os sedimentos superficiais de fundo e identificar a origem do
sedimento que est se acumulando na parte final do baixo curso fluvial (Figura 2), foram
realizadas duas campanhas de coleta de sedimentos no trecho que compreende os 13 km finais
do rio. A primeira campanha foi realizada em agosto de 1998 em um perodo de baixa descarga
fluvial. Nesta ocasio, quando os valores de vazo no ultrapssaram a 100 m3/s dirios, foram
coletadas sessenta amostras na regio costeira prxima e nos treze quilmetros finais do rio. Asegunda campanha foi realizada em junho de 1999, aps a anlise dos dados da primeira
campanha, em um perodo de maior descarga fluvial (em mdia 250 m3/s dirios). Nesta
campanha foram coletadas trinta e uma amostras nos cinco quilmetros finais do rio e na regio
costeira prxima. A distribuio os pontos de coleta nas duas campanhas mostrado na figura
10.
Na segunda campanha privilegiou-se a coleta mais detalhada nos cinco quilmetros
finais do rio em virtude dos resultados da primeira campanha mostrarem que os sedimentos dos
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locais mais interiorizados (entre 12620 m e acima da embocadura) apresentaram uma
padronizao de resultados diferentemente dos sedimentos localizados mais prximos
embocadura. Alm disso, o mal tempo dificultou a reproduo dos pontos de coleta na regio
costeira prxima nos mesmos pontos da primeira sada.
As amostras foram coletadas com um amostrador de mandbula do tipo Van Veen e
suas posies foram referenciadas com ajuda de um GPS. Ainda no campo, uma frao de cada
amostra foi acondicionada em frasco contendo uma mistura do corante rosa de bengala e lcool
(1g/1000ml), com a finalidade de corar o protoplasma dos organismos vivos.
As amostras foram analisadas em laboratrio pela aluna Cristiane Neres (IC
CNPQ), e parte dos resultados encontram-se publicadas por Anjos et all. (1999). As amostras
para a anlise granulomtrica foram pesadas e peneiradas mido em uma peneira de malha 62
mm para a remoo dos finos. A frao retida na peneira foi quarteada e submetida a
peneiramento em intervalos de 0,5 Phi, durante vinte minutos. A classificao dos sedimentos
retido na peneira foi feita pelas frmulas de Folk & Ward (1967 apud Suguio 1973) com o
auxlio do software SysGran. Da classe modal de cada amostra, 100 gros foram analisados
mineralogica e morfoscopicamente, sendo que os critrios usados para a descrio da forma dos
gros foram baseados em Friedman & Sanders (1978) e para a descrio mineralgica em Dana
(1969). A porcentagem de carbonato tambm foi calculada atravs da diferena de peso apsqueima com HCl.
A fauna de foraminferos foi analisada pela aluna Geise dos Santos (IC CNPQ),
sendo que os resultados desta anlise encontram-se publicados em Anjos et all. (1999). As
amostras para anlise de foraminferos foram lavadas em peneira de malha 0,062 mm, e de cada
amostra foi separado um volume de 5cm3 de sedimento mido para a contagem do nmero total
de organismos corados e carapaas vazias. Em seguida, foram separadas o mximo de 300
carapaas de cada amostra e montadas em lminas especiais para a identificao das espcies. A
identificao dos gneros a nvel genrico foi baseada em Leoblich & Tappan (1988) e na
identificao das espcies foram utilizadas diversas publicaes recentes. Os dados ecolgicos
das espcies foram baseados em Murray (1991). Na anlise a ser implementada optou-se por
caracterizar a assemblia de foraminferos bentnicos de modo a auxiliar na delimitao da rea
de influncia marinha e identificar o potencial de entrada de sedimentos marinhos no rio, j que a
distribuio das espcies est limitada por condies ambientais restritas como salinidade,
temperatura, profundidade, substrato e a energia do ambiente.
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Figura 10. Distribuio dos pontos de coleta nas duas campanhas de amostragem.
3.3 Circulao de gua do baixo curso do rio de Contas
O baixo curso a parte do sistema fluvial onde h a coexistncia de processos
fluviais e marinhos, situao esta que pode gerar um ambiente estuarino. Este sofre grandes
variaes espaciais devido oscilao das mars (de natureza regular e previsvel), da descarga
de gua doce (natureza imprevisvel), e perturbaes meteorolgicas. O princpio bsico que
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rege a dinmica de circulao em um esturio a diferena de densidade entre as guas (advinda
da salinidade) e os gradientes de presso gerados pela mar. Sendo assim, durante 2 ciclos
completos de mar de sizgia e quadratura (07/04/2000 e 11/04/2000), foram realizadas medies
de salinidade, temperatura e velocidade da corrente de mar em uma estao localizada na
desembocadura do canal fluvial (Figura 11). As medidas destes trs parmetros foram realizadas
a cada 2m na coluna dgua, quando possvel, e em intervalos de 0,5 hrs.
Para a medida de velocidade da corrente, foi utilizado um leme de corrente, que
permite obter indiretamente medidas instantneas de velocidade atravs do ngulo de desvio
promovido no instrumento pela corrente no instante da medio (Kjerfve 1989). Para a obteno
das velocidades de corrente foi utilizada a equao base (Kjerfve 1989) para o clculo da
velocidade a partir do ngulo produzido pela inclinao do aparelho em relao corrente:
V = (2 mg/ A CD)0,5* (tan ) 0,5(1)
onde m o peso do aparelho (peso do leme + lastro), g a acelerao da gravidade (9,8 m/s2, A
rea do aparelho (0,048 m2), a densidade da gua (adotada arbitrariamente para o valor de
1020 kg m -3), Cd o coeficiente de atrito, e o ngulo medido pelo aparelho em relao
vertical. Devido grande variao da velocidade no canal, foram usados dois pesos: 3,075 kg
para perodos de menor intensidade da corrente e 6,77 kg para perodos de maior intensidade. Asprofundidades de medio no talvegue da seo foram normalizadas em relao ao fundo.
Amostras dgua foram coletadas com garrafas de Van Dorr, com a temperatura
sendo aferida por termmetro de mercrio (resoluo de 1C), e a salinidade foi obtida atravs
de refratmetro ATAGO (resoluo de 1ppm).
Simultaneamente s medies no canal, foi feito o controle da altura do nvel dgua
a cada 0,5 h com auxlio de uma rgua graduada em duas estaes (Figura 11): a primeira
localizada no atual porto da cidade de Itacar, a 500 m da desembocadura e a segunda localizada
aproximadamente a 8000 m da desembocadura. Os dados de mar ocenica foram obtidos
atravs da previso de mar com base nas constantes harmnicas principais para o porto de
Ilhus atravs do programa desenvolvido por Franco (1998).
No dia seguinte ao monitoramento do fluxo, a distribuio longitudinal da salinidade
e temperatura foram investigadas acompanhando a propagao da preamar (em sizgia e
quadratura), medindo-se a salinidade e temperatura a 3 profundidades (superfcie, meio e fundo)a cada 500 metros.
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Figura 11. Localizao dos pontos de amostragem da campanha de sizgia e quadratura
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4. RESULTADOS
4.1 Hidrologia
A figura 12 mostra a variao dos valores mximos de vazo nas estaes de Jequi eUbaitaba antes e depois da construo dos barramentos. Na estao de Jequi, as vazes
mximas anteriores construo da Barragem de Pedras (1969) atingiam valores acima de 2500
m3/s. Aps o incio de operao da barragem, estes valores no ultrapassaram 1500 m 3/s,
evidenciando uma diminuio das vazes mximas nesta estao. Comportamento semelhante
observado em Ubaitaba onde aps 1969 h uma evidente diminuio dos valores mximos
anuais. Antes de 1969, as vazes mximas chegavam a atingir valores da ordem de 5000 m3/s e
aps o incio de operao da Barragem de Pedras e do Funil (1969) as vazes registraram valores
que no ultrapassaram 3400 m3/s. A figura 11 no mostra apenas a reduo dos valores mximos
anuais de vazo mas tambm a atenuao da ciclicidade das grandes vazes. As sries temporais
anteriores aos anos de operao dos barramentos evidenciam a ocorrncia de mais ou menos trs
grandes vazes anuais em um perodo de 10 anos para as estaes Jequi e Ubaitaba, padro este
no mais observado em Jequi aps a construo dos barramentos.
Os resultados da anlise estatstica dos dados de vazo diria (antes de 1962, entre
1962 e 1969 e depois de 1969) esto apresentados na Tabela 4. De uma forma geral, os valoresmdios de vazo (entre 25 e 70 m3/s) aumentaram aps o incio da operao dos barramentos nas
estaes localizadas jusante dos mesmos, ao contrrio dos valores de vazo superiores a 70
m3/s que de uma certa forma diminuram na maioria das estaes. Valores mnimos registrados
como 0 m3/s devem ao que se chama de "rgua seca" no registro de dados, isto , apesar do fluxo
existir no h condies de medi-lo, pois o nvel dgua est abaixo do limite mnimo da rgua
de medio. De acordo com a Tabela 4 e de um modo geral todas as estaes apresentaram um
aumento dos valores mdios e uma diminuio do valor do desvio padro aps a construo darepresa de Pedras.
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0
500
1000
1500
2000
2500
30003500
4000
4500
5000
1939 1944 1949 1954 1959 1964 1969 1974 1979
Anos
Vazesmximas(m
3/s)
Estao Jequi
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
35004000
4500
5000
1935 1945 1955 1965 1975 1985 1995
Anos
Vazesmximas(m3/
s) 1969
Estao Ubaitaba
Figura 12. Variao dos valores de vazo mxima anual nas estaes de Jequi e Ubaitaba, antes e
depois da construo dos barramentos.
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Tabela 4. Parmetros estatsticos analisados nas estaes fluviomtricas do Rio de Contas.
Estaes Perodo No. de Dados Mdia Desvio Padro Mximo (m3/s) Mnimo (m3/s)
1935_1961 9789 19,60225 51,15894 2068 0
1962_1968 2557 36,97935 91,49735 1362 2,28
Santo Antnio
FAA OSCALCULOSDE 35 A 68 1969_1979 4017 26,52207 48,40517 552 0,04
1934_1968 12654 30,57 50,0066 2550 0Jequi
1969_1981 4564 41,74 33,021 2465 0
1937_1968 11581 46,46 102,755 2190 0,17Ipia
1969_1983 5327 59,67 94,8 2433 0
1936_1961 9295 106,435 209,55 4850 0
1962_1968 2459 115,176 97,58 4610 0
Ubaitaba
(a) 1969 1978
(b) 1978-1999
3291
8042
92,89
97,96
79,93
177,749
1290
3362
20
0,361
(a) quando Pedras somente amortecia cheias (b) quando Pedras passa a gerar energia eltrica
A figura 13 mostra os resultados da anlise de freqncia de valores de vazo para
cada estao nos perodos selecionados na Tabela 2. A classe de vazo mais comum em todas as
estaes a de 0-25 m3/s, que representa at 80% das observaes. Em posio secundria vem
a classe de 25-75 m3 /s responsvel por at 20% dos valores observados. A partir da, os
intervalos so menos comuns para todas as estaes, representando sempre menos que 10% das
observaes. Nas estaes localizadas no alto e mdio curso do rio a frequncia de ocorrncia da
classe mais comum oscila entre 80 a 90%, valor este que diminui em direo a Ubaitaba onde
alcana valores que oscilam entre 10 e 20%.
Na estao de Santo Antnio, a mais interiorizada e montante das duas barragens, a
freqncia das vazes at 25 m3 /s sofreu um pequeno decrscimo (5%) depois de 1969,
acompanhado de um aumento menos expressivo (1 a 2%) da freqncia das vazes entre 25 e 50m3/s. As estaes de Jequi e Ubaitaba apresentaram variaes semelhantes, como o decrscimo
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da classe 0-25 m3/s e aumento da 2aclasse mais frequente (25-50 m3/s). Porm para a estao de
Ipia, a frequncia dos valores mais comuns depois de 1969 sofre um decrscimo (40%) junto
ao aumento da 2a classe mais frequente (25-50 m3/s) em torno de 25%. Na estao de Ubaitaba,
observou-se em geral a diminuio da frequncia de valores acima de 150 m3/s aps 1969.
Jequi
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
25 50 75 100 150 300 500 750 1000 5000
antes 1969 depois 1969
Santo Antnio
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
25 50 75 100 150 300 500 750 1000 5000
antes 1969 depois 1969
Ipia
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
25 50 75 100 150 300 500 750 1000 5000
antes 1969 depois 1969
Ubaitaba
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
25 50 75 100 150 300 500 750 1000 5000
antes 1969 depois 1969
Figura 13. Anlise de frequncia das vazes das estaes fluviomtricas.
4.1.1 Amortecimento da onda de cheia
Para caracterizar o comportamento da onda de cheia no curso fluvial, foram
escolhidos eventos representativos para a anlise nos anos de 1942 e 1964 (Figura 14). No
primeiro evento, registrado em 5/12/1942 (Figura 14A), a onda de cheia caracterizada por uma
vazo de 2000 m3/s na estao de Ipia chega estao de Ubaitaba dois dias depois com uma
vazo de 4700 m3/s. No evento seguinte, registrado em 21/1/1964 (Figura 14B), a onda de cheia
caracterizada por uma vazo de 1000 m3/s na estao de Santo Antnio chega em Ubaitaba
tambm, dois dias depois. Observa-se, no entanto, que neste momento um evento de cheia j
estava ocorrendo em Ubaitaba e Jequi, havendo desta forma a sobreposio de dois eventos, um
gerado no alto curso do rio e outro na regio do baixo curso. Desta maneira, pode-se dizer que a
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onda de cheia formada nas cabeceiras do rio no demorava mais do que trs dias para atingir a
regio de Ubaitaba, onde tambm ocorriam eventos de cheia associados precipitao no
cinturo mido do baixo curso do rio (ver figura 7).
Para caracterizar e exemplificar o comportamento da onda de cheia com a presenados barramentos utilizou-se os dados de vazo afluente e defluente registrados nos reservatrios
de Pedras e Funil na ltima dcada (CHESF, 2000). A figura 15 mostra a vazo associada
passagem de trs ondas de cheia pelos reservatrios de Pedras e de Funil. Os perodos escolhidos
se associam aos maiores volumes afluentes registrados nas duas barragens, para a dcada de 90.
O comportamento destes valores afluentes e defluentes comprovam a atuao efetiva da
Barragem de Pedras no regime hidrolgico do rio enquanto amortecedora de considerveis
vazes afluentes, em detrimento da Usina do Funil, com a funo retentora quase queinexistente. Ainda de acordo com o Plano Diretor de Recursos Hdricos (1993), os efeitos do
assoreamento em Funil foram sentidos logo no primeiro ano aps sua inaugurao (1962),
chegando a coluna de sedimento a atingir uma altura de 70,40m em 1968. No primeiro evento,
dia 10/12/95 (Figura 15A), o volume afluente de 840 m3/s na Barragem de Pedras transforma-se
em um volume defluente de 6 m3/s. Neste mesmo dia um volume afluente na Barragem do Funil
da ordem de 115 m3/s torna-se defluente registrando o mesmo valor. No segundo evento, no dia
25/3/1997 (Figura 15B) um volume afluente de 1756 m3/s registrado em Pedras corresponde a
um volume defluente com um valor de 1200 m3/s. Enquanto isso, um volume afluente em Funil,
da ordem de 1969 m3/s registra um valor defluente de 1064 m3/s. No terceiro evento, no dia
22/12/1999 (Figura 15C), um volume afluente de 400 m3/s na Barragem de Pedras registra um
valor defluente de apenas 6 m3/s enquanto que neste mesmo dia o volume afluente na Barragem
de Funil da ordem de 258 m3/s torna-se defluente registrando 279 m3/s.
Uma anlise espectral foi feita para a estao de Ubaitaba para observar o impacto da
operao da Barragem de Pedras na periodicidade dos grandes eventos. O periodograma dafigura 16 evidencia na estao de Ubaitaba, uma marcada mudana nos padres de oscilao.
Depois de 1969, oscilaes de carter anual de grande amplitude passam a preponderar nesta
estao onde antes de 1962, eventos trimestrais e semestrais apresentavam grande amplitude.
Isto pode ser explicado pela diminuio da influncia das ondas de cheia provenientes alto curso
fluvial, que antes atuavam conjuntamente com as ondas de cheia geradas na regio do baixo
curso promovendo oscilaes de grande amplitude de energia em perodos de tempo menores.
Como as ondas de cheia do alto curso no chegam mais com a mesma intensidade no baixo curso
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devido interferncia dos barramentos, o deflvio perde em intensidade dependendo somente
das cheias produzidas localmente.
A0
1000
2000
3000
4000
5000
1 0/ 1 1 / 42 1 5/ 1 1 / 42 20/ 1 1 / 42 25/ 1 1/ 42 30/ 1 1 / 42 5/ 1 2/ 42 1 0/ 1 2/ 42 1 5/ 1 2/ 42 20/ 1 2/ 42 25/ 1 2/ 42
Vazomxima(m3/s)
Santo Antnio Jequi Ipia Ubaitaba
0
1000
2000
3000
4000
5000
4/ 1/ 64 9/ 1/ 64 14/ 1/ 64 19/ 1/ 64 24/ 1/ 64 29/ 1/ 64 3/ 2/ 64
Vazomxim
a(m3/s)
Santo Antnio Jequi Ipia Ubaitaba
B
Figura 14. Comportamento natural da ondae cheia produzida na bacia do rio de Contas.
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A
B
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
15/3 /1997 17/3 /1997 19/3 /1997 21/3 /1997 23/3 /1997 25/3 /1997 27/3 /1997 29/3 /1997 31/3 /1997 2 /4/1997
Vazo(m3/s)
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
18/ 12/ 199 9 20/ 12/ 199 9 22/ 12 /199 9 24/ 12 /199 9 26/ 12 /1 999 2 8/ 12/ 1999 30/ 12/ 1999 1/ 1/ 2000
Vazo(m3/s)
Pedras afluente Pedras defluente Funil afluente Funil Defluente
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
7/ 12/ 1995 9/ 12/ 1995 11/ 12/ 1995 13/ 12/ 1995 15/ 12/ 1995 17/ 12/ 1995 19/ 12/ 1995
Vazo(m3/s)
C
Figura 15. Volumes afluentes e defluentes dos barramentos de Pedras e Funil.
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Ubaitaba (1970-1982)
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Frequncia (anos)
Densidadedeenergianormaliza
da
Ubaitaba (1935_1961)
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
Frequncia (anos)
Densidadedeenergianormalizada
Figura 16. Anlise espectral para a estao de Ubaitaba.
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4.2 Granulometria, morfoscopia e mineralogia dos sedimentos superficiais de fundo
Os resultados da anlise granulomtrica e morfoscpica para as duas campanhas
(agosto de 1998 e junho de 1999), podem ser visualizados nas tabelas 1, 2, 3 e 4 em anexo. Para
a apresentao dos resultados as amostras foram referenciadas quanto sua distncia em relao desembocadura.
De um modo geral, areia mdia moderadamente a mal selecionada predominou nos
sedimentos das amostras coletadas na primeira campanha (Figura 17). Os sedimentos coletados
nos primeiros 2 km do rio, assim como os sedimentos coletados na costa prxima, so
caracterizados por areia fina. montante dos 2 km finais do rio, predominou areia mdia a
grossa.
As caractersticas granulomtricas das amostras da 2a campanha (Figura 17)
mostram, no geral, sedimentos mais finos, especialmente aqueles que se encontram no trecho
final do rio. Os sedimentos coletados nos primeiros 2,5 km, bem como na zona costeira prxima,
mostraram uma maior flutuao quanto textura e seleo, em relao primeira campanha.
Observou-se nos ambientes fluvial (os ltimos 1,5 km do rio) e marinho, sedimentos com a
predominncia da frao areia fina. Os sedimentos das amostras localizadas a montante de 1,5
km passam a ter a predominncia da frao areia mdia. A predominncia da frao areia grossa
s foi observada nas amostras 10 e 29 (veja figura de localizao das amostras)
Um melhor selecionamento dos sedimentos observado no trecho fluvial. Amostras
localizadas at 3 km para montante apresentaram mal selecionamento ao contrrio das amostras
4, 27 e 30 (ver figura 9) caracterizadas por um bom selecionamento.
A anlise morfoscpica e mineralgica dos gros mostrou maior variedade
morfolgica e de minerais na primeira campanha (figuras 18 e 19). Gros polidos foram
encontrados em quantidades que variam de 40 a 100% em todas as amostras da primeiracampanha, sendo que maiores ocorrncias foram encontradas nas amostras do trecho costeiro
prximo e no fluvial mais distante da embocadura (Figura 18). Gros com esfericidade baixa
tambm ocorrem com maior freqncia nestas amostras como mostra a figura 18. A maioria das
amostras apresentou maior nmero de gros angulosos e subangulosos em todos os trechos
amostrados (Figura 18).
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0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
-4000 -2000 0 2000 4000 6000 8000 10000 1 2000 1 4000
Distncia (m)
Mdia(phi)
0
0,25
0,5
0,75
1
1,25
1,5
1,75
2
2,25
2,5
- 4000 -2000 0 2000 4000 6000 8000 10000 1 2000 1 4000
Distncia (m)
Seleo(phi)
0
0,5
1
1,52
2,5
3
3,5
4
-2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000
Distncia (m)
Md
ia(phi)
0
0,25
0,5
0,75
1
1,25
1,5
1,75
2
2,25
2,5
-2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000
Distncia (m)
Seleo(phi)
Figura 17. Valores de mdia e seleo obtidos na primeira (painel superior) e segunda campanha (painel
inferior).
Dos minerais encontrados nas amostras da primeira campanha, o quartzo e amuscovita foram os de maior ocorrncia, seguidos do anfiblio (Figura 19). O quartzo ocorreu
com maior freqncia nas amostras localizadas no trecho costeiro prximo e em algumas
amostras localizadas no trecho fluvial mais interior. Os gros de quartzo foram encontrados sob
duas formas: hialina (translcido) e com pelcula de xido de ferro. Na primeira campanha, em
todas as amostras, os gros de quartzo sob a forma hialina apresentaram-se em maior quantidade
do que os com pelcula, presentes tambm em todas as amostras (Figura 19). Quanto
muscovita, sua maior presena ocorreu nas amostras localizadas no trecho fluvial prximo
embocadura (trecho este situado entre 0 e 2000 m) (Figura 19). O feldspato e anfiblio aparecem
como minerais constituintes secundrios e esto presentes em praticamente todas as amostras da
primeira campanha com freqncia de ocorrncia que varia de 2 a 35%, sendo que a presena
destes dois minerais mais pronunciada nas amostras localizadas no trecho fluvial (Figura 19).
Na 2acampanha, a ocorrncia de gros polidos foi mais alta (70 a 100%) para todas
as amostras (Figura 20). Os gros apresentaram-se com grau de esfericidade baixo na maioria
das amostras; os gros subangulosos por sua vez, caracterizaram quase a totalidade do sedimentoanalisado. Quanto mineralogia, o quartzo sob as duas fomas apresentou-se novamente como
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principal mineral constituinte em todas as amostras, compondo de 60 a 100% dos gros
analisados (Tabela 4, em anexo). Gros de quartzo com cobertura de xido de ferro, no entanto,
estiveram presentes em maior quantidade em relao forma hialina, situao portanto contrria
da primeira campanha (Figura 21). Seguido do quartzo, o anfiblio aparece como o mineral de
maior ocorrncia, encontrando-se presente em todas as amostras do trecho fluvial, com
aproximadamente 11 gros por amostra, ao contrrio da muscovita, que por sua vez est presente
somente em algumas amostras do trecho fluvial (de 5 a 20 ocorrncias por amostra) e somente
uma do trecho costeiro prximo (33 ocorrncias na amostra) (Figura 21).
A ocorrncia da frao lama nas amostras das duas campanhas apresentada na
figura 22. As maiores percentagens (40 a 60%) de lama na primeira campanha ocorreram
pontualmente na margem esquerda do rio e na regio costeira. Na maior parte do trecho fluvialos sedimentos apresentaram menos que 20% de lama, valor este que se apresenta maior (20 a
40%) na margem direita do rio e na regio costeira defronte embocadura. Na segunda
campanha (junho de 1999), a lama prevalece em pontos localizados na margem esquerda do rio e
prximo ilha fluvial, onde corresponde de 60 a 100% do peso das amostras. Nesta campanha, a
maior parte do trecho fluvial amostrado apresentou concentraes de 40 a 60%, com exceo da
poro mais interiorizada do canal fluvial da embocadura que apresentou valores inferiores a
20%.
Os sedimentos ao longo do curso fluvial apresentaram, no geral, uma baixa
concentrao de carbonato (menor que 1%). Esta tende a aumentar em direo embocadura e
regio ocenica (Figura 23), onde os teores chegam a 15% no mximo. Concentraes maiores
de carbonato (37,39 e 74,29%), na primeira campanha, foram observadas na amostra localizada
na embocadura (53) e na amostra costeira localizada 1740 m da embocadura (G),
respectivamente. Na segunda campanha (junho de 1999), as concentraes de carbonato
encontradas nas amostras no ultrapassaram mais do que 15%.
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Aspectos superf iciais
0
10
20
30
40
50
6070
80
90
100
-2000 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
Norelativodeg
ros
Polido
Fosco
Grau de esfer icidade
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
-2000 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
No.relativodegros
Baixa
Alta
Grau de arredondamento
0
1020
30
40
50
60
70
80
90
100
-2000 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
Distncia (m)
No.relativodegros
MA
A
SA
SAR
AR
MAR
MA muito anguloso A anguloso SA subanguloso
SAR subarredondado AR arredondado MAR muito arredondado
Figura 18. Resultados da anlise morfoscpica dos sedimentos da primeira campanha.
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0
10
20
30
40
5060
70
80
90
100
-2000 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
No.totaldeg
ros
Quartzo hialino
Quartzo oxidado
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
-2000 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
No.totaldegros
Feldspato
Anf iblio
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
-2000 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
Distncia (m)
No.totaldegros
Muscovita
Figura 19. Resultados da anlise mineralgica dos sedimentos da primeira campanha.
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Aspectos superficiais
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
-2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000
No.relativode
gros
Polido
Fosco
Grau de esfericidade
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
-2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000
No.relativodegros
Baixa
Alta
Grau de arredondamento
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
-2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000
Distncia (m)
No.relativodegros
MA
A
SA
SAR
AR
MAR
MA muito anguloso A anguloso SA subanguloso
SAR subarredondado AR arredondado MAR muito arredondado
Figura 20. Resultados da anlise morfoscpica dos sedimentos da segunda campanha.
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-2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000
No.totaldegros
Quartzo hialino
Quartzo oxidado
0
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20
30
40
50
60
70
8090
100
-2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000
No.totaldegros
Anfiblio
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
-2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000
Distncia (m)
No.totaldegros Muscovita
Figura 21. Resultados da anlise mineralgica dos sedimentos da segunda campanha.
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Figura 22. Ocorrncia da frao lama no trecho fluvial amostrado.
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Figura 23. Teor de carbonato no trecho fluvial amostrado.
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4.3 Fauna de foraminferos
4.3.1 Primeira campanha de amostragem
De uma maneira geral, a densidade de foraminferos na primeira campanha deamostragem foi baixa e variada ao longo do trecho amostrado, tendo sido contados um total
21.070 exemplares, dos quais 511 apresentaram o protoplasma corado (Figura 24). A regio com
maior ocorrncia de foraminferos corados e carapaas vazias foi aquela situada entre 1.2 e 2 km
acima da embocadura (Figura 25).
A fauna encontrada essencialmente bentnica formada por espcies eurialinas e
estenohalinas (Murray, 1991). A fauna viva, constituda pelos exemplares corados, ocorreu nas
amostras localizadas nos trs ltimos quilmetros do rio, sendo composta por 12 espcies deforaminferos: Ammonia beccarii, Bolivina compacta, Bolivina dottiana, Bolivina sp, Brizalina
striatula, Cornuspira involvens, Elphidium galvestonense, Textularia agglutinans, Textularia
earlandi, Triloculina oblonga e Triloculina consobrina. Dentre os organismos vivos, as espcies
dominantes foram Ammonia beccarii (78,86%), Elphidium galvestonense (9,26%), Bolivina
dottiana (3,80%), Textularia earlandi (2,38%) e Triloculina oblonga (2,38%). As demais
espcies juntas representam 3,81% do total de indivduos corados (Figura 26)
Carapaas vazias foram encontradas at 8 km acima da embocadura. Estas se
apresentaram, de um modo geral, em bom estado de conservao sendo identificadas 40
espcies:Ammobaculites sp.,Ammonia beccarii,Ammonia sp.,Baggina philippinensis, Bolivina
compacta,Bolivina dottiana,Bolivina sp, Cancris sagra, Cornuspira, involvens, Cibicides sp.,
Cribrostomoides jeffreysii, Cribostomoides sp., Discorbis sp., Elphidium galvestonense,
Elphidium poeyanum, Elphidium sagrum, Globigerinoides ruber, Globigerinoides trilobus,
Hanzawaia concentrica, Miliolinella suborbiularis, Miliolinella subrotunda, Nonionella
atlantica, Planulina ariminensis, Pseudononion grateloupi, Pyrgo elongata, Quinqueloculinaauberiana, Quinqueloculina moynensis, Quinqueloculina polygona, Reussela spinulosa,
Sigmarvirgulina tortuosa, Sagrina pulchella, Sigmoilina sp, Sphaeroidinella dehiscens,
Textularia agglutinans, Textularia earlandi, Textularia gramen, Trochammina inflata,
Trochammina nana, Triloculina linneiana, Triloculina oblonga. Dentre as carapaas vazias, as
espcies dominantes foram: Ammonia beccarii (67,8%), Elphidium galvestonense (18,2%),
Textularia earlandi (2,5%), Ammonia sp A (1,6%), Ammobaculites sp (1,2%). As demais
espcies juntas representam 9,07% do total de carapaas vazias (Figura 27).
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4.3.2 Segunda campanha de amostragem
Nas amostras da segunda campanha, a densidade de foraminferos foi baixa em
relao campanha anterior, com um total de 14 indivduos corados (vivos) e 7098 carapaas
vazias, totalizando 7112 indivduos encontrados (Figura 24). A ocorrncia de exemplarescorados na segunda campanha se deu em poucas amostras localizadas a at 2 km acima da
embocadura, e de carapaas vazias (indivduos mortos) em algumas amostras do trecho fluvial e
zona costeira adjacente. A maior incidncia de carapaas vazias e de indivduos corados foi
encontrada na amostra localizada no ltimo quilmetro do rio (Figura 25). As carapaas coradas
encontradas foram compostas por 2 espcies de foraminferos: Ammonia beccari eElphidium
galvestonense. Dentre os organismos vivos, a espcie dominante foi Ammonia beccarii (93%),
seguida deElphidium galvestonense(7%) (Figura 26).
Apesar de pouco numerosa, a fauna associada s carapaas vazias foi composta por
um nmero maior de espcies com total de 51, sendo elas:Ammobaculites sp.,Angulogerina sp ,
Ammonia beccarii,Articulina antillarum,Articulina mucronata,Bolivina sp , Cancris sagra,
Cibicides aknerianus, Cornuspira involvens, Cribrostomoides sp , Discorbis peruvianus,
Dyocibicides sp , Elphidium discoidale, Elphidium galvestonense, Elphidium poeyanum,
Elphidium sagrum, Eponides repandus, Fursenkoina pontoni, Globigerina bulloides,
Globigerinoides ruber, Hanzawaia concentrica, Lenticulina sp , Loxostomum limbatum,
Miliolinella suborbicularis,Miliolinella subrotunda,Nodobaculariella cassis,Peneroplis bradyi,
Poroeponides lateralis, Pseudononion grateloupi, Pyrgo patagonica, Pyrgo subsphaerica,
Quinqueloculina bosciana, Quinqueloculina candeiana, Quinqueloculina costata,
Quinqueloculina cuveriana, Quinqueloculina disparilis curta, Quinqueloculina moynensis,
Quinqueloculina philippinensis, Quinqueloculina poeyana, Quinqueloculina polygona,
Quinqueloculina sp , Reussella spinulosa, Sagrina pulchella, Sigmavirgulina tortuosa,
Sigmoilina sp, Siphonina pulchra, Textularia agglutinans, Textularia gramen, Triloculina
consobrina,, Triloculina gracilis, Triloculina oblonga e Triloculina sp. Dentre as carapaas
vazias, a espcie dominante foi Ammonia beccarii (39%), seguida de Cribrostomoides sp
(15,6%), Elphidum galvestonense (8,9%), Textularia gramen (5,4%), Pseudononion grateloupi
(3%), Quinqueloculina sp (2,7%), Textularia agglutinans(2,3%),Elphidium poeyanum (2,03%),
Hanzawaia concentrica (1,39%). As outras espcies encontradas perfizeram 20% de toda
amostra (Figura 27).
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43/77
97,6%
2,4%
99,8%
0,2%
MORTOS VIVOS
Figura 24. Ocorrncia de indivduos mortos e vivos na primeira (A) e segunda (B) campanha,.
Carapaas vazias
1
10
100
1000
10000
100000
1000000
-2000 0 2000 4000 6000 8000
distncia (m)
ndeinidvdu
Individuos corados
1
10
100
1000
-2000 0 2000 4000 6000 8000
distncia (m)
n
deinidvduo
Carapaas vazias
1
100
10000
1000000
-2000 0 2000 4000 6000 8000
distncia (m)
ndeindivdu
Indivduos corados
1
10
100
1000
-2000 0 2000 4000 6000 8000
distncia (m)
nd
einidvduo
SegundacampanhaPrimeira campanha
Figura 25. Distribuio dos indivduos corados e carapaas vazias em relao desembocadura.
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Ammonia
eccarBolivina
o anaElphidium
ga ves onense
Textularia
agg u nans
Textularia
earan
Triloculina
o onga
outros
n v uos cora os
r me ra campan a
0
20
40
60
80
100
%
mmonia beccarii Elphidium galvestonense
Segunda campanha
Figura 26. Freqncia de ocorrncia das espcies mais abundantes associadas ao protoplasma corado.
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mmo acu es
sp.
mmona
eccar
mmona sp. p um
gaves onense
ex u ar a
earan
ou ros
arapaas vaz as
r me ra campan a
0
20
40
60
80
100
%
Ammonia
beccarii
Cribrostomoides
sp
Elphidium
g
alvestonense
Elphidium
poeyanum
P
seudononion
grateloupi
Qu
inqueloculina
sp
Textularia
agglutinans
Textularia
gramen
outros
Segunda campanha
Figura 27. Freqncia de ocorrncia das espcies mais abundantes associadas a carapaas vazias.
4.4 Circulao de gua do baixo curso do rio de Contas.
A variao da altura do nvel dgua no baixo curso fluvial para as fases de sizgia e
quadratura est apresentada na figura 28. Devido inexistncia de um marco topogrfico ou
nivelamento altimtrico entre os pontos de medio, as curvas na figura 28 foram niveladas de
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forma a explicar a inverso observada nas correntes, ou seja, de forma a criar um gradiente da
superfcie lquida direcionado para o oceano, no perodo de correntes de vazante, ou direcionado
para o continente no perodo de correntes de enchente.
Na campanha de sizgia (Figura 28), a altura de mar registrada foi de 1,9m para a
estao 1 e 1,55 m para a estao 2, sendo que a altura prevista para a mar ocenica foi de 2m.
Na estao 2, um nvel mdio mais alto devido situao de cheia no baixo curso fluvial (250
m3/s registrados na estao de Ubaitaba), est associado a um atraso em relao mar ocenica
de 1:30 h na baixamar e 0,5 h na preamar. Sendo assim, a onda de mar se torna assimtrica,
com a subida da mar levando apenas 5 horas e a descida durando em torno de 7:30 h.
Na campanha de quadratura (Figura 28), s foi possvel medir a variao do nvel dguana estao 1. A mar na estao 1 se encontra em fase com a mar ocenica (sem atrasos) e a
altura da mar nesta situao foi de aproximadamente 1m, ou seja, a mesma que a ocenica. A
curva para a estao 1 est em posio superior ocenica de forma a representar um gradiente
da superfcie lquida permanentemente direcionado para o oceano, de forma a justificar a falta de
inverso de fluxo neste dia.
Os valores mximos de corrente de vazante verificados em sizgia no canal se
estabeleceram prximos meia mar vazante, 2:30 hs aps a preamar registrada na estao 1, o
que caracteriza a onda de mar como estacionria. Nesta fase a inverso da corrente para
enchente se deu s 15:00 hrs (3 hrs depois da baixa mar registrada na estao 1) e o seu mximo
valor mdio (0,19 m/s) s 16:00 hrs. Porm, na fase de quadratura, observa-se que as correntes
de enchente no acompanharam a fase ascendente da mar. No perodo amostrado (12:42 h), foi
verificado no canal correntes predominantemente de vazante, que atingiram o seu valor mdio
mximo ( 0,72 m/s), 0:30 h depois da preamar registrada na estao. Este comportamento reflete
a situao de cheia em que o rio se encontrava, com nveis de superfcie lquida sempre
superiores aquele no oceano (Figura 29).
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0
0,20,4
0,6
0,81
1,2
1,41,6
1,8
22,2
2,4
5:30 6:30 7:30 8:30 9:30 10:30 11:30 12:30 13:30 14:30 15:30 16:30 17:30
Tempo
Altura(m)
Ocenica Porto Rio
0
0,2
0,40,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
2,2
2,4
8:30 9:30 10:30 11:30 12:30 13:30 14:30 15:30 16:30 17:30 18:30 19:30 20:30 21:30
Altura(m)
oceanica Porto
Figura 28. Altura do nvel dgua obtida na campanha de sizgia (A) e quadratura (B).
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-1-0,5
00,5
11,5
22,5
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
Alturadamar(m)
-1-0,500,511,5
22,5
Velocidadedecorrente(m/s)
Altura da mar na estao 1 Velocidade mdia de corrente (m/s)
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
2,5
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
Alturadamar(m)
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
2,5
Veloc
idadedecorrente(m/s)
A
B
Figura 29. Variao da altura de mar e velocidade mdia de corrente no talvegue em sizgia (A) e quadratura (B)
A variao temporal da salinidade e velocidade da corrente nos trs diferentes nveis
de profundidade no talvegue esto apresentados na figura 30 (sizgia) e figura 31 (quadratura)
para as duas campanhas. Na campanha de sizgia (Figura 30) a corrente de vazante predominou
praticamente durante todo o perodo amostrado onde o ncleo de mxima velocidade de vazante
encontrou-se na metade superior da coluna dgua durante 2 h de medio. A corrente de
enchente ocorreu nos momentos finais de medio e com pequena intensidade. A maior
velocidade de vazante (1,82 m/s) foi superior mxima de enchente (0,33 m/s) nesta campanha.
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Durante o perodo de sizgia, a entrada da gua salina pelo fundo ocorreu junto
corrente de enchente, e a presena de sal em toda coluna d gua foi observada somente durante
uma hora de medio. Neste momento, a salinidade ocenica no fundo ocorreu junto a uma
concentrao de 3 na superfcie. Durante a maior parte do tempo, a concentrao de sal foi
aproximadamente 3, o que poderia ser explicado por erro de medio (acuidade do aparelho)
ou transporte de sal por difuso. Em campo foi observado que o local era preferencialmente de
vazante, o que leva a crer que a presena desta taxa constante de sal durante quase todo o perodo
foi devido a um processo de difuso lateral do canal preferencial de enchente (prximo ao
esporo) para o canal preferencial de vazante (prximo ao embasamento e onde se situou o ponto
de amostragem) (Figura 32).
Na campanha de quadratura (Figura 31) a menor altura de mar provocou uma menorentrada de sal no rio, limitando-se este junto ao fundo como uma cunha salina bem definida. Esta
ocorreu prximo preamar, quando a velocidade das correntes foram inferiores a 0,30 m/s, com
gradientes de salinidade de 33 ocorrendo na metade inferior da coluna dgua. A velocidade
mxima de vazante foi de 0,85 m/s.
Os perfis longitudinais ao longo da calha do rio (Figura 33) evidenciaram uma
pequena intruso da gua salgada, tanto em sizgia como em quadratura. Na campanha de sizgia
a cunha salina alcanou pouco mais de 1 km de distncia da embocadura (caracterizada no
grfico como 0 no eixo transversal). Na campanha de quadratura a presena de sal foi observada
a uma distncia de at 2 km a partir da embocadura, na camada inferior da coluna dgua,
gerando uma maior estratificao desta em relao campanha anterior.
De posse dos valores mdios de velocidade e salinidade obtidos no talvegue para
cada perodo de tempo amostrado, e para cada profundidade, nas duas campanhas, foi possvel
quantificar os parmetros de estratificao-circulao e assim classificar o esturio atravs doDiagrama de Hansey-Ratray (1966). Os resultados encontrados indicaram que tanto durante as
campanhas de sizgia como de quadratura, com as elevadas vazes fluviais observadas, o
esturio se mostrou como sendo do tipo estratificado que tende a uma mistura vertical (Figura
34).
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Figura 30. Perfis de salinidade e velocidade de corrente no talvegue em condies de sizgia.
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Figura 31. Perfis de velocidade e corrente no talvegue em condies de quadratura.
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Sada preferencial da
corrente de mar vazanre
Entrada preferencial da
corrente de mar enchente
Figura 32. Vista area da embocadura do canal, destacando o canal preferencial de enchente (1992).
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Figura 33. Perfis longitudinais de salinidade no canal do rio de Contas em sizgia e quadratura.
Sizgia
Quadratura
Figura 34. Classificao segundo Hansey-Rattray para o esturio do rio de Contas (modificado de Dyer, 1979)
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5. DISCUSSO
5.1 Hidrologia
As barragens nos cursos fluviais so construdas com vrios propsitos, o que faz
com que os impactos no padro de escoamento sejam diferenciados. Barragens para conteno
de cheias retm uma grande quantidade do fluxo dgua e faz com que este, jusante da mesma,
seja dependente apenas dos afluentes subsequentes. Em outras barragens a gua armazenada
parte do dia e liberada noite, como por exemplo em reservatrios de hidroeltricas. Barragens
destinadas irrigao, por sua vez, manejam a gua de vrios modos, a depender do tipo de
cultura e situao climtica. Desta maneira, cada barramento produzir um padro particular de
fluxo dirio, sazonal e anual. O nico ponto em comum entre vrios tipos de operao a
diminuio do fluxos das enchentes e aumento da vazo mdia diria em funo da regularizao
das descargas. (Williams & Wolman 1984).
Atualmente dois reservatrios (Funil e Pedras) operam no curso fluvial principal do
rio de Contas e tem diferenas quanto ao modo de operao e a situao em que se encontram. A
Usina do Funil, construda para a produo de energia eltrica, vem apresentando um intenso
processo de assoreamento que faz com que eventuais dragagens sejam realizadas para evitar o
completo entulhamento do lago (atualmente 50% do volume original) (SRH, 1993). A Barragem
de Pedras, localizada no cinturo semi-rido da bacia do rio de Contas, tem como principal
finalidade o controle de cheias e a gerao de energia eltrica (mantendo uma vazo mnima para
a operao de Funil). Desta maneira, o modo de manejo para esta estrutura armazenar grandes
volumes de gua e apenas liber-los quando h excedente ou necessidade de irrigao (vazo
controlada). O desvio padro entre os valores de descarga diria tende a diminuir em funo
deste controle, j que as vazes tendem a ter valores efluentes mdios pr-estabelecidos e
padronizados para o melhor funcionamento e manuteno da estrutura hidrulica.
A diminuio dos valores de desvio padro para as estaes de Santo Antnio,
Jequi, Ipia e Ubaitaba (Tabela 4) ilustram a regularizao das descargas, que ocorre no rio de
Contas, processo este advindo do modo de operao do barramento. A regularizao das
descargas foi evidenciada tambm pela anlise de freqncia e anlise espectral da srie
temporal da estao fluviomtrica de Ubaitaba. A anlise mostra que os valores mais freqentes
para o perodo anterior 1969 em todas as estaes se situam entre 0 e 25 m3/s. Entretanto, aps
1969, houve um aumento de freqncia dos valores de vazo comuns, especialmente 25-50 m3/s,
acompanhado de uma diminuio dos valores mais comuns, comportamento este mais evidente
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na estao de Ubaitaba. O aumento expressivo de classes menos comuns como observado nas
estao de Ipia, por exemplo, demonstra o efeito regularizador voltado para a gerao de
energia eltrica, e a diminuio da magnitude dos fluxos estao de Ubaitaba sinaliza o
amortecimento de grandes vazes que ocorrem no alto curso e que no chegam ao baixo vale.
Segundo Kondolf (1995), como efeito hidrolgico importante, pode-se citar a reduo da
magnitude, ou pelo menos da freqncia dos fluxos de enchente geralmente induzido pela
presena de grandes barramentos. Para muitos rios, o evento de cheia o elemento mais
importante na manuteno do equilbrio natural do sistema, pois regula a morfologia dos canais e
redistribui os sedimentos e nutrientes. A sazonalidade das cheias auxilia no transporte mais
efetivo do sedimento que se deposita durante o perodo de menores vazes contribuindo assim
para o equilbrio dinmico no sistema.
No rio de Contas, a anlise fluviomtrica destacou uma modificao na magnitude e
freqncia das grandes vazes. Os valores mximos anuais de vazo diminuram, e a ocorrncia
das cheias, que antes dos barramentos tinham uma frequncia mdia de 3 anos, no mais
observado aps 1969 (Figura 9). A anlise espectral em Ubaitaba corrobora este resultado
mostrando a diminuio da amplitude das oscilaes de carter trianual. O amortecimento da
onda de cheia tambm foi comprovado atravs da comparao da vazo afluente e efluente nos
reservatrios, sendo mais representativo na Barragem de Pedras, o que tambm confirma o fato
da inoperncia do sistema de Funil.
Ainda com relao anlise espectral, antes da construo dos barramentos, as
oscilaes de carter tri e semestral, assim como as de carter anual, na estao de Ubaitaba,
apresentavam grandes amplitudes (Figura 16). Aps 1969, o ciclo anual passa a ter mais
importncia em relao aos ciclos trimestrais e semestrais. Especialmente na estao de Ubaitaba
este comportamento bem marcado. Isto pode ser explicado pela diminuio da influncia das
ondas de cheia advindas do alto curso fluvial que se alternavam com as ondas de cheia geradasno baixo curso, em intervalos de seis meses. Em funo do amortecimento promovido pelos
barramentos, as ondas de cheia do alto curso no chegam ao baixo curso com a mesma
intensidade, e assim as vazes mximas se tornam dependentes somente das cheias produzidas
localmente.
De acordo com o relatrio de impacto ambiental da Usina do Funil produzido pela
CHESF (2000), a maior enchente registrada no corredor Funil_Ubaitaba, atingiu uma vazo de
2.700 m3/s em 1965. Desde ento s foram registrados seis eventos superiores a 2000 m3/s eonze superiores a 1000 m3/s. Ainda segundo CHESF (2000), as mdias das vazes mximas so
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sensivelmente menores do que aquelas que ocorreram nas dcadas de 30 e 50. Houve ento uma
mudana de comportamento das vazes do rio, em especial nos perodos de maior fluxo, face o
efeito regularizador que tem Pedras sobre o baixo vale. O efeito regularizador e de
amortecimento era previsto no projeto de construo da Usina de Pedras para cheias com tempo
de recorrncia de 25 anos. No entanto, o valor desta vazo no consta em nehum documento
oficial sobre a Barragem (ex.: EIA-RIMA da Barragem, Manual de Operao para o Controle de
Cheias). Atualmente, o que se observa que mesmo cheias de menor porte tem sido amortecidas,
como a de 400 m3/s mostrada na figura 14, onde tambm mostrada apenas os trs nicos
grandes valores de vazo amortecidos por Pedras durante toda a dcada de 90. Vale salientar que
durante este perodo, vazes afluentes variando entre 30 a 50 m3/s eram os valores mais comuns
barrados.
Impactos de represas semelhantes foram relatados em outros cursos fluviais. O
sistema fluvial Sacramento - San Joaquim localizado no estado da Califrnia (EUA), era
caracterizado por grandes vazes (>500 m3/s ) com periodicidade de 10 anos. Estes valores
foram reduzidos para pouco mais de 100 m3/s aps a construo de barragens em 1928 e 1963
(Kondolf & Mattheus 1993). O baixo curso do rio Amarelo (China) tambm sofreu impactos em
seu regime de escoamento devido operao do reservatrio de Sanmexia, cujo objetivo o
armazenamento de gua para fins agrcolas. Redues do fluxo de cheias fluviais de at 60%
foram registrados, o que ocorreu conjuntamente com o aumento de deflvio mdio. Para um
perodo de 130 dias/ano, sua vazo era da ordem de 1000 m3/s em condies naturais. Aps o
incio de operao do barramento, o fluxo mdio para 204 dias/ano foi da ordem de 3000 m 3/s
(Chien 1985).
Um fator importante tambm a ser considerado na hidrologia do baixo curso do rio
de Contas a contribuio do seu maior afluente neste trecho, o rio Gongoji, considerado o mais
importante nesta regio (SRH 1993). Esta sub-bacia possui uma rea de drenagem de 6.514 km2
,o que corresponde a 10% da rea da bacia do Contas. Sua vazo mdia anual de 39,86 m3/s
chegando a atingir valores mximos que ultrapassam 200 m3/s entre os meses de novembro e
janeiro. A contribuio do rio Gongoji pode ser observada quando compara-se os valores de
vazo registrados antes e depois de 1969. A anlise mostra que a contribuio, que antes era de
at 30%, passou a ser de quase 50% para o fluxo registrado em Ubaitaba (Figura 35).
de se esperar que o Gongoji contribua com uma carga de sedimento considervel
para o rio de Contas, principalmente nos dias atuais, quando a sub-bacia tem como uso do soloprincipal o cultivo de pastagens para criao de gado (SRH 1993). Este tipo de manejo leva ao
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corte da mata atlntica (nativa na regio) proporcionando maior suscetibilidade processos
erosivos no solo e consequentemente implementando maior carga de sedimento. A probabilidade
deste sedimento ser removido do curso do rio principal torna-se menor com a reduo da
frequncia das enchentes.
O Rio Grande, que percorre dois estados americanos (Novo Mxico e Texas) e faz
divisa natural com o Mxico, parece exemplificar as interferncias das condicionantes
anteriormente mencionadas: tipo de operao da estrutura hidrulica, variabilidade climtica na
bacia de drenagem e aporte de carga sedimentar por tributrios localizados aps o barramento. A
barragem Elephant Butte, localizada no Novo Mxico, foi construda de modo a reter quase a
totalidade do fluxo do rio para fins de irrigao e drenagem de uma extensa rea de cultivo
agrcola (200.000 acres), amortecendo quase a totalidade dos fluxos de cheia. jusante dobarramento o rio atravessa uma regio desrtica (Deserto do Chihuahuan) (Collier et al2000), e
neste trecho caracterizado como curso desprovido de enchentes. O fluxo neste percurso j
no est apto para transportar a carga sedimentar produzida por arroios intermitentes, levando
acumulao de sedimento na calha do rio. Este fator, combinado reteno dos fluxos de
enchente pela barragem, levou ao assoreamento progressivo do canal jusante ao longo de 450
km.
Uma outra situao parecida ocorre no rio Trinity, localizado na Califrnia (EUA). Aconstruo da barragem de mesmo nome em 1960 reduziu o pico de cheia com frequncia
bianual de 450 m3 /s para 9 m3 /s. Esta reduo drstica, juntamente com o fornecimento de areia
pelos tributrios jusante da barragem, levou a uma agradao do canal com a diminuio de
40% da sua largura (Kondolf 1997).
Estes exemplos do nfase hiptese de que o entulhamento sedimentar do rio de Contas pode
estar associado unio de duas situaes: (i) a diminuio da magnitude dos fluxos de enchente
pelo tipo de operao implementado pelo barramento, que acarretaria a perda da capacidade de
transporte do fluxo associado e (ii) a alta produo de sedimento por tributrios que desaguam
jusante dos barramentos. Nestes casos, os sedimentos transportados para o canal fluvial
principal, atravs de tributrios, acumulam-se, pois o fluxo resultante da operao do barramento
no est mais apto para transportar a carga sedimentar que lhe fornecido, fazendo com que o
canal comece a padecer de um lento processo de agradao ou assoreamento.
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Antes de 1969
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
1965
1966
1967
Anos
%gongoji ubtb
Depois de 1969
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
1972
1974
1975
Anos
%gongoji ubtb
Figura 35. Contribuio do rio Gongoji em trs anos antes e depois de 69.
5.2 Depsitos sedimentares
Compilaes recentes (SRH 1993) descrevem um intenso proces