atuaÇÃo e...

44
ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO TUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO TUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO TUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO TUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDA DA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDA DA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDA DA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDA DA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDA PLANO DE TRABALHO 2015-2016 PLANO DE TRABALHO 2015-2016 PLANO DE TRABALHO 2015-2016 PLANO DE TRABALHO 2015-2016 PLANO DE TRABALHO 2015-2016 TENDÊNCIA PETISTA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDA

Upload: phamnhu

Post on 09-Dec-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

AAAAATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃOTUAÇÃO E ORGANIZAÇÃOTUAÇÃO E ORGANIZAÇÃOTUAÇÃO E ORGANIZAÇÃOTUAÇÃO E ORGANIZAÇÃODA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDADA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDADA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDADA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDADA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDA PLANO DE TRABALHO 2015-2016PLANO DE TRABALHO 2015-2016PLANO DE TRABALHO 2015-2016PLANO DE TRABALHO 2015-2016PLANO DE TRABALHO 2015-2016

TENDÊNCIA PETISTA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDA

Page 2: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

2

O texto que você tem em mãos é uma das resolu-ções aprovadas pelo Segundo Congresso da tendên-cia petista Articulação de Esquerda, Congresso reali-zado entre os dias 2 e 5 de abril de 2015, no InstitutoCajamar (SP), simultaneamente à Oitava Conferên-cia Sindical nacional da Articulação de Esquerda.

Esta e as outras treze resoluções aprovadas peloCongresso da AE estão disponíveis no endereço

Apresentação

www.pagina13.org.br e também foram impressasno livro Um partido para tempos de guerra.

Esperamos que sua leitura e estudo contribuampara que a militância petista possa enfrentar comêxito as batalhas deste e dos anos que virão.

Rodrigo César e Valter PomarEditores

Page 3: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

3

Atuação e organizaçãoda Articulação de Esquerda

A construção doPartido dos Trabalhadores

A experiência histórica, tanto nacio-nal quanto internacional, vem demons-trando que a continuidade do capitalis-mo implica em sofrimentos cada vezmais intensos e em crises cada vez maisperigosas para a imensa maioria da po-pulação de nosso planeta.

Por outro lado, este mesmo capitalis-mo criou as bases para a construção deoutro tipo de sociedade, uma sociedadecomunista, ou seja, baseada na produ-ção coletiva e na propriedade social dosmeios de produção, uma sociedade onde os traba-lhadores e as trabalhadoras decidam democratica-mente o quê produzir, como produzir e como distri-buir as riquezas, superando a opressão e a explora-ção presentes onde existe a divisão da sociedade emclasses, bem como criando as condições sociais in-dispensáveis à superação de outras formas de opres-são e exploração.

A experiência histórica também de-monstrou as imensas dificuldades e ris-cos que se colocam para aqueles que pre-tendem superar o capitalismo e realizara transição socialista em direção a umasociedade comunista. Por isto, devemoscombinar de forma permanente a lutacontra o capitalismo com o estudo do ca-pitalismo, a luta pelo socialismo com oestudo das tentativas de construção dosocialismo.

Deste estudo, há três ideias que sedestacam. A primeira delas é que a su-peração do capitalismo depende da lutadas classes trabalhadoras. A segunda

delas é que, existindo as necessárias condições ob-jetivas, o êxito desta luta depende fundamentalmentedo grau de consciência, organização e mobilizaçãoda classe trabalhadora assalariada – ou seja, daque-la classe que é diretamente explorada pelos capita-listas. A terceira é que a luta socialista supõe dife-rentes formas de organização, de luta e de mobili-zação, bem como diferentes estratégias, táticas e po-

A luta socialistasupõe diferentes

formas deorganização,de luta e demobilização,

diferentesestratégias,

táticas e políticasde aliança; mas

sempre exigea presença do

partido político.

Page 4: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

4

líticas de aliança; mas sempre exige a presença dopartido político.

A experiência demonstra, ainda, que em diferen-tes épocas e contextos históricos, houve diferentestipos de partidos políticos. Desde as revoluções bur-guesas até a época da Associação Internacional dosTrabalhadores, desde a Comuna de Paris até a cha-mada Segunda Internacional, desde a RevoluçãoRussa de 1917 até a Chinesa de 1949, desde a vitóriada Revolução Cubana de 1959 até a derrota das guer-rilhas latino-americanas, passando pelas guerras delibertação em África e Ásia, pelas experiências anar-quistas, nacionalistas, populistas, social-democratase comunistas, a classe trabalhadora construiu varia-dos tipos de partidos, que algumas vezes entraramem confronto, mas também fizeram alianças entre si.

Desta larga experiência, que também deve serobjeto de permanente reflexão, extraímos duas gran-des lições. A primeira, já referida: o sucesso da lutacontra o capitalismo e pelo socialismo exige que aclasse trabalhadora se organize de diver-sas formas, entre as quais o partido polí-tico. A segunda: é a prática concreta quedefine o papel que um partido joga emcada circunstância histórica. Entendemospor “prática concreta” a ideologia, a te-oria, a estratégia, as táticas, as formasorganizativas e principalmente o víncu-lo com a classe trabalhadora realmenteexistente.

Nenhum partido nasce pronto e aca-bado, nenhum partido tem o monopólioda classe, nenhum partido é eterno. Mas

sem partido, a luta da classe trabalhadora seráclaudicante, mais facilmente sujeita a derrotas táti-cas e de antemão derrotada estrategicamente.

A história dos partidos da classe trabalhadorabrasileira possui cerca de 100 anos. Inclui os anar-quistas, os socialistas, assim como setores vincula-dos à tradição democrático-radical, nacionalista, cris-tã e sindicalista. Nesta história, destacam-se o tra-balhismo, o comunismo e o petismo.

Desde o final da ditadura militar até os dias atu-ais, o Partido dos Trabalhadores é o partido commaior influência nas classes trabalhadoras brasilei-ras, com mais força política social e institucional,com mais destaque internacional.

Os demais partidos vinculados à classe trabalha-dora são aliados, adversários ou inimigos do PT, maso fato de sua ação política girar em torno do PTconfirma que na atual fase da história brasileira opetismo mantém hegemonia sobre a esquerda bra-sileira, hegemonia que decorre de sua influência de

massa e também das condições sob asquais se trava, hoje, a luta política noBrasil.

O Partido dos Trabalhadores foi cria-do em 1980. Sofreu diversas transfor-mações ao longo de sua trajetória de 35anos. Estas transformações responderamem parte às mudanças objetivas ocorri-das na sociedade brasileira, na luta entreas classes sociais. Por outra parte, as mu-danças sofridas pelo PT são produto daluta entre as diversas correntes existen-tes no interior do Partido, correntes que

Existem no PTquatro grandes

correntesideológicas:

o social-liberalismo, o

desenvolvimentismo,a social-

democracia eo socialismo.

Page 5: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

5

expressam de maneira mais ou menosconsciente o ponto de vista de diferentessetores da classe trabalhadora.

Existem no PT quatro grandes cor-rentes ideológicas: o social-liberalismo,o desenvolvimentismo, a social-demo-cracia e o socialismo.

Os socialistas são aqueles que defen-dem superar o capitalismo brasileiro,através da combinação entre as reformasestruturais democrático-populares e umcada vez mais intenso controle social daprodução, da riqueza e do poder. Defen-sores desta posição encontram-se espalhados na basepartidária e em diversas tendências, especialmentena chamada esquerda petista.

Os social-democratas são aqueles que acreditamser possível transformar o capitalismo brasileiro, aoponto dele ser compatível com a ampliação susten-tada da democracia, da soberania nacional e do bem-estar social, tendo como horizonte histórico o cha-mado estado de bem-estar social, existente por al-gum tempo na Europa após a Segunda Guerra Mun-dial. As expressões mais conhecidas desta correntemilitam nas tendências Mensagem ao Partido eConstruindo um Novo Brasil.

Os desenvolvimentistas são aqueles que defen-dem que o Partido assuma como seu programa má-ximo o desenvolvimento do capitalismo no Brasil.Vitoriosa esta tese, o PT deixaria de ser o partidodos trabalhadores e se converteria num partido dos“setores médios”. Dilma Rousseff é sua expressãomais conhecida.

Os social-liberais são aqueles quebuscam conciliar as politicas sociaisdistributivas com a lógica econômicaneoliberal. Antonio Pallocci é sua expres-são mais conhecida.

Entre 1995 e 2015, a maior parte dasdireções do PT e de seus representantessociais, institucionais e ideológicos, foi eé proveniente das correntes social-demo-crata, desenvolvimentista e social-liberal.

Desde 1995, mas especialmente des-de 2005, os socialistas vêm perdendo in-fluência no Partido dos Trabalhadores.

A maior parte dos petistas socialistas sofreu umametamorfose, aderindo em maior ou menor grau àsideias das demais correntes ideológicas.

Outra parte desistiu de construir o PT, optandopor investir suas energias na militância dita “social”ou explicitamente em outros projetos partidários.

Um grande número escolheu manter-se filiadoao PT, mas sem acreditar na possibilidade de re-construir uma hegemonia socialista no seu interior.

Nestas condições, cabe responder por quais mo-tivos a Articulação de Esquerda continua petista econtinua disputando os rumos do PT.

Nossa resposta é no fundamental a seguinte: osdilemas do PT são os dilemas da classe trabalhado-ra brasileira. Nas atuais condições históricas, a der-rota do PT será a derrota do conjunto da classe tra-balhadora brasileira.

Os que acreditam que esta derrota é inevitável einvestem na construção de uma alternativa partidá-ria, geralmente acreditam que esta alternativa so-

Os dilemasdo PT são os

dilemas da classetrabalhadora

brasileira. Nasatuais condições

históricas, aderrota do PTserá a derrotado conjuntoda classe.

Page 6: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

6

breviverá à derrota do PT e assumirá opapel atualmente ocupado pelo PT. Con-sideramos que esta crença é, simultane-amente, uma ilusão e uma tragédia. Éuma ilusão porque caso o PT fosse der-rotado historicamente, o mais provávelseria ocorrer algo similar ao que se pas-sou em 1964-1980. É uma tragédia, por-que não temos nunca o direito de agircomo se fosse inevitável a derrota danossa classe.

Noutros termos, continuamos petis-tas e continuamos disputando os rumosdo PT, porque consideramos necessárioe possível impedir a derrota da atual ex-periência política da classe trabalhadora brasileira.E isto passa por impedir a derrota do PT. E impedira derrota do PT exige, fundamentalmente, mudar aatual estratégia partidária.

A política adotada pelo PT em sua primeira dé-cada de existência, especialmente a partir do 5º En-contro Nacional (1986), foi baseada no programademocrático-popular e socialista e numa estratégiaque articulava luta social, luta institucional, disputapolitico-cultural e organização partidária.

Entretanto, depois da derrota sofrida nas eleiçõesde 1989, um setor importante do Partido entendeu queera necessário mudar de programa e de estratégia.

Houve resistências e uma intensa luta internaentre 1990 e 1995. A partir de então e até 2005,houve uma expressiva maioria no Diretório Nacio-nal e nos diretórios estaduais a favor de um novoprograma e de uma nova estratégia.

A partir de 1995, o objetivo progra-mático do Partido, que até então era der-rotar o capitalismo e construir o socia-lismo, foi colocado (de fato) em segun-do plano. O objetivo programático doPartido passou a ser (de fato) derrotaro neoliberalismo, o que implicava nãomais iniciar uma transição socialistamas sim administrar um capitalismonão-neoliberal.

Isso significou, na prática, que em-bora o socialismo tenha continuado dedireito nosso objetivo programático, foiconvertido num “horizonte”, que comojá se disse, se afasta na exata proporção

em que dele nos aproximamos. E como o caminho élongo e cheio de pedras, ao perseguir este horizonteinatingível alguns começaram a dizer que o socia-lismo na verdade seria democracia + bem estar so-cial + economia de mercado.

À medida que o objetivo programático passou aser derrotar o neoliberalismo, setores do grande ca-pital passaram a ser considerados aliados estratégi-cos. Em função disto, passamos a realizar cada vezmais alianças com partidos de centro e direita, queexpressavam exatamente os interesses daqueles se-tores da burguesia.

Como o grande capital brasileiro é hegemoniza-do pelo setor financeiro e monopolista, setores doPartido passaram a defender e a praticar aliançascom estes setores, ou seja, exatamente com os seto-res beneficiários e interessados no neoliberalismoque supostamente se pretendia derrotar. E, em con-

Chegamos aogoverno, mas

não conquistamoso poder.

E aqueles setorespolíticos e sociais

que detêmo poder estãocada vez mais

ameaçando nossacontinuidadeno governo.

Page 7: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

7

sequência disto, começaram a propor e a realizaralianças inclusive com o PSDB.

A mudança no objetivo programático e nas ali-anças foi acompanhada por mudanças na políticade acúmulo de forças e de conquista/construção dopoder.

Até 1995, nosso caminho para o poder incluíaparticipar das eleições e exercer mandatos. Mas aluta institucional era um dos meios, não o único meioe nunca o fim. A luta institucional era consideradaparte de uma estratégia que incluía também a luta eorganização social, a construção de uma aliança or-gânica entre as forças democrático-populares, a dis-puta ideológica, cultural, de visões de mundo, bemcomo a organização do próprio PT como partido demassas.

Mas ao longo dos anos 1990, especialmente apartir de 1995, a luta institucional foi progressiva-mente se tornando “a” estratégia, que subordinavae na prática às vezes substituía os demais aspectos.

As mudanças no objetivo programático, na polí-tica de alianças, na política de acúmulode forças, na via de conquista/constru-ção do poder não impediram a nossa vi-tória nas eleições presidenciais de 2002.Aquelas mudanças estratégicas tampou-co impediram que nossos governos fe-derais, estaduais e municipais melhoras-sem a vida do povo.

Mas com o passar do tempo foi fi-cando cada vez mais claro que a estraté-gia adotada entre 1995 e 2005, além denão conduzir ao socialismo, possuía tam-

bém “defeitos de fabricação” que impediam atingirseus próprios objetivos.

Afinal, para continuar melhorando a vida do povo,ampliando a democracia e a soberania nacional, épreciso fazer reformas estruturais. Na ausência dereformas estruturais, a tendência é o retrocesso nascondições de vida do povo e a retomada de umahegemonia de tipo neoliberal.

E para fazer reformas estruturais, necessitamosde força política e social, já que tais reformas decaráter democrático-popular contrariarão os interes-ses das classes dominantes no plano nacional e in-ternacional.

Por outro lado, chegamos ao governo, mas nãoconquistamos o poder. E aqueles setores políticos esociais que detêm o poder estão cada vez mais ame-açando nossa continuidade no governo, como ficaclaro ao compararmos os resultados das eleições pre-sidenciais desde 2002 até 2014.

Acontece que a estratégia adotada pelo PT des-de 1995 visava e visa conquistar o governo e mudar

as ações de governo. Não é e nunca foiuma estratégia de poder, de disputa dehegemonia e ampliação do apoio políti-co e social para o Partido, de reformasestruturais. Por isto, seguir adotando estaestratégia nos levará, na prática, inape-lavelmente, a administrar o retrocesso doque fizemos desde 2002 e ajudar em nos-sa própria derrota, nas eleições e/ou foradelas.

Noutra palavras: a estratégia majori-tária no PT entre 1995 e 2005 nos trou-

A estratégiamajoritária no PTentre 1995 e 2005

nos trouxe atécerto ponto.Para seguir

adiante o Partidoprecisa de outra

estratégia.

Page 8: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

8

xe até certo ponto. Talvez pudéssemos ter chegadoaté aqui com outra estratégia, talvez não. Indepen-dentemente disto, para seguir adiante o Partido pre-cisa de outra estratégia.

Uma estratégia que reconheça que só é possívelcontinuar melhorando a vida do povo se fizermosreformas estruturais. Que construa as condiçõespolíticas para fazer reformas estruturais. Querecoloque o socialismo como objetivo estratégico.Que constate que o grande capital é nosso inimigoestratégico. Que não acredite nos partidos de cen-tro-direita como aliados. Que seja baseada na arti-culação entre luta social, luta institucional, luta cul-tural e organização partidária. Que retome a neces-sidade do partido dirigente e da organização do cam-po democrático-popular.

Em 2005 já havia ficado clara a necessidade destanova estratégia. Naquele momento, a crise políticacriou as condições para eleger uma nova direçãopara o Partido, entendendo direção no duplo senti-do da palavra: no sentido de núcleo dirigente e nosentido de rumo estratégico.

Entretanto, entre o primeiro e o se-gundo turno das eleições partidárias de2005, um importante setor da esquerdapetista desistiu de disputar o PT e resol-veu aderir ao PSOL.

Em parte por isto, em parte por limi-tações dos demais setores da esquerdapetista, em parte pela força dos demaissetores do PT, o resultado foi a eleiçãode uma nova direção partidária compro-metida com algumas mudanças na im-

plementação da estratégia, mas não comprometidacom a adoção de uma nova estratégia.

Embora limitadas, as mudanças realizadas entre2006 e 2010 melhoraram o ambiente no Partido,contribuíram para que o governo Lula fizesse umainflexão à esquerda e nos permitiram vencer as elei-ções presidenciais de 2006 e 2010. Mas a estratégiacontinuou a mesma. Aliás, alguns setores (inclusiveda esquerda petista) interpretaram os resultadospositivos da inflexão iniciada em 2005 como de-monstração de que não era necessário mudar de es-tratégia.

As consequências deste erro ficaram claras emjunho de 2013, nas eleições de 2014 e neste iníciodo segundo mandato de Dilma. Ao não mudar a es-tratégia, enfrentamos seus efeitos colaterais. Ao nãomudar a estratégia no momento adequado, somosobrigados a tentar a alteração quando é mais difícilfazê-lo.

Portanto, embora o estilo predominante no atualgoverno possa agravar as coisas, os impasses estra-

tégicos atuais não decorrem principal-mente das ações (e inações) da presiden-ta Dilma. As escolhas estratégicas feitaspelos grupos atualmente majoritários noPT são anteriores ao ingresso de Dilmano Partido. E as opções feitas pelo go-verno neste primeiro bimestre de 2015têm a mesma genética das opções feitaspor Lula no biênio 2003-2004.

A diferença é que as condições da lutade classe mudaram completamente. Ocenário internacional foi alterado, o gran-

Se é verdade quea atual estratégia

oferecia seusônus e seus

bônus, agora osbônus estão

desaparecendo eos ônus

agigantaram-se.

Page 9: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

9

de capital mudou de atitude, os setoresmédios e parcelas crescentes da classetrabalhadora também mudaram sua ati-tude frente ao nosso PT e aos governosque encabeçamos. Ou seja: se é verdadeque a atual estratégia oferecia seus ônuse seus bônus, agora os bônus estão de-saparecendo e os ônus agigantaram-se.

A Articulação de Esquerda não tem apretensão de construir sozinha uma saídapara a situação. Não temos influência in-terna e externa, quadros e capacidade paraisto. Mas nossa trajetória e nossas reflexões nos au-torizam a contribuir na busca desta saída, até porquea leitura de nossas resoluções desde 1993 demonstraque percebemos e tentamos construir alternativas paraos problemas que estavam se avolumando.

A saída passa por convencer a maioria da classetrabalhadora brasileira, especialmente a maioria dospetistas, da necessidade de sair da situação atual,em que buscamos melhorar as condições de vida dopovo nos marcos do capitalismo, para uma nova si-tuação, em que melhoraremos as condições de vidado povo através de reformas estruturais democráti-co-populares e de medidas de tipo socialista.

A saída passa, igualmente, por convencer a maio-ria da classe e do Partido de que só retomaremos acondição de partido hegemônico no governo, se nosdispusermos a conquistar/construir as condições parasermos partido hegemônico no poder de Estado.

Quando defendemos a necessidade de radicali-zar, é comum sermos contestados da seguinte for-ma: a correlação de forças é pior hoje do que em

2003. Se então não radicalizamos, comofazê-lo com êxito nas condições atuais?

Nossa resposta é: não desconhecemosas condições difíceis, sabemos os riscosenvolvidos e ninguém pode garantir êxi-to. Mas estamos naquela clássica situa-ção em que uma política recuada é maisarriscada do que uma política ousada.Dito de outra forma: quando nossos ini-migos estão recuados, temem a nossaforça e estão dispostos a fazer acordos,os acordos podem até trazer alguns be-

nefícios. Mas quando os inimigos estão em plenaofensiva, buscando efetivamente nos liquidar, osacordos e recuos geralmente têm como resultadofortalecê-los ainda mais e facilitar esse objetivo, aotempo que confundem e desmoralizam nosso lado.

Quando osinimigos estão emplena ofensiva, osacordos e recuos

geralmente osfortalecem aindamais, ao tempo

que confundem edesmoralizam

nosso lado.

Page 10: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

10

Evidentemente, uma política ousada só terá êxi-to se basear-se nas condições potenciais de mobili-zação, organização e consciência das classes traba-lhadoras. O segundo turno das eleições de 2014 mos-trou que é perfeitamente possível sair de armadi-lhas políticas, convocando a imensa energia socialque temos acumulada. E o início do segundo man-dato demonstra que desconhecer esta energia acu-mulada e adotar como regra fazer concessões aosinimigos tem como resultado perder apoios e refor-çar ódios (como demonstram recentes pesquisas).

Para ter êxito numa política de reformas estrutu-rais e empoderamento político, o PT precisa “fazero dever de casa”, ou seja, reiterar incansavelmenteseu caráter de classe, a necessidade de manter umarelação estreita com os movimentos e lutas sociais,e jamais abandonar ou distorcer seus mecanismosde democracia interna.

Estas atitudes são fundamentais paraa sobrevivência do PT, seja frente às cor-rentes de ultra-esquerda, que tentamliquidá-lo a pretexto de que o partidoabandonou seus ideais, seja frente aosconstantes ataques da direita, que pro-curam liquidá-lo porque tem clareza deque o PT é o principal instrumento queas classes trabalhadoras têm disponívelhoje, para a conquista do poder e para amudança das relações sociais.

O PT é um partido de massas, o quesignifica dizer que em maior ou menormedida ele deve conter em seu interior adiversidade de posições políticas que

existe na classe trabalhadora. Isto significa que oPT deve ser aberto à participação de correntes de-senvolvimentistas, social-democratas e inclusivesocial-liberais. Entretanto, devemos travar uma lutaconstante para que estes setores evoluam para posi-ções democrático-populares e socialistas.

Embora praticando táticas eleitorais de alianças comdiversos setores sociais e políticos, visando ao enfren-tamento contra partidos e representantes da direita ne-oliberal, o PT precisa combater as atitudes daquelespetistas que procuram utilizar os mesmos méto-dos e hábitos burgueses desses eventuais aliados.

Por isto mesmo, o PT não deve temer fazer auto-crítica de seus erros publicamente, nem vacilar empunir exemplarmente aqueles dirigentes e militan-tes que fizeram uso de métodos burgueses de atua-ção e, com isso, abriram flancos aos ataques inimi-

gos, causaram prejuízo ao Partido e co-locaram sua sobrevivência em risco.

Vale dizer que a Articulação de Es-querda, sem cair na demagogia nem nasilusões republicanas de alguns setores dopetismo, sempre defendeu a necessida-de do Partido ter autonomia financeira,combatemos a dependência frente àscontribuições de empresas privadas, pro-pusemos a criação de uma corregedoriainterna (que se antecipasse na descober-ta de corruptos infiltrados no Partido),exigimos medidas de auditoria e puni-ção contra a corrupção praticada nos go-vernos tucanos, bem como comissão deética e as punições cabíveis para os en-

Para tornar-seforça política

hegemônica nasociedade

brasileira, o PTprecisa de uma

hegemoniainterna em tornodo programa e da

estratégiademocrático-

popular esocialista.

Page 11: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

11

volvidos na crise de 2005. A maioria par-tidária fez outras opções e hoje pagamoscaro por isto.

O processo de construção de um par-tido dos trabalhadores exige uma cons-tante correção de rumos, através dareafirmação de sua estratégia, da atuali-zação das políticas e táticas, e do apro-fundamento da democracia interna, ten-do em vista preservar o partido daquelesmétodos, hábitos e costumes que amea-çam destruí-lo ou deformá-lo totalmente.

Em vista disso, o PT deve redobrarsua capacidade de formulação política,atualizando sua análise de classes da so-ciedade brasileira, com atenção especial aos deslo-camentos ocorridos no interior da classe trabalha-dora, a partir da elevação dos padrões de consumode milhões de pessoas, nos últimos anos. Será ne-cessário um esforço mais efetivo de análise do pro-cesso de desenvolvimento capitalista no Brasil, daformação e transformação histórica das classes so-ciais e da luta entre elas. E de reelaboração e dis-cussão do programa estratégico para o Brasil, in-cluindo a questão do poder, do papel das diferentesformas de luta que a burguesia pode impor ao povobrasileiro e dos diferentes instrumentos organizati-vos das classes trabalhadoras.

Para preparar-se e tornar-se efetivamente capazde ser força política hegemônica na sociedade bra-sileira e conquistar a direção do poder político comoum todo, o PT precisa de uma clara hegemonia in-terna, em torno do programa e da estratégia demo-

crático-popular e socialista, reiterandoseu caráter de classe, de massas, de lutae internamente democrático. Deve, ain-da, ampliar sua presença institucional esocial e revigorar sua vida partidária,com atenção primordial a suas bases or-ganizativas. E superar a prolongada su-bestimação da formação política de diri-gentes e militantes, utilizando tal forma-ção inclusive como primeiro passo parao ingresso no partido e a ocupação decargos de direção.

O PT deve, também, formular e exe-cutar uma política de cultura, educação ecomunicação de massas, tendo em vista

construir uma hegemonia das ideias democráticas,populares e socialistas no meio do povo, hoje vítimade uma violenta ofensiva do ideário conservador.

No caso específico da comunicação, trata-se de1) democratizar a comunicação social; 2) ampliar arede de meios de comunicação (televisões, rádios,internet e imprensa) dirigidos pelo campo democrá-tico-popular; 3) construir os instrumentos do pró-prio Partido, com destaque para um jornal diário demassas, que seja o núcleo central de produção doconteúdo que será repercutido através dos demaismeios, especialmente das redes sociais.

Esta é, portanto, a conduta geral que nós da Arti-culação de Esquerda adotamos na disputa de rumosdo Partido dos Trabalhadores: continuamos traba-lhando para que ele assuma um papel de vanguar-da, não apenas na luta pelo governo, mas tambémna luta pelo poder; não apenas na luta pelo desen-

Trabalhamospara que o PT

assuma um papelde vanguarda,não apenas na

luta pelo governoe pelo

desenvolvimento,mas também naluta pelo poder,

por reformasestruturais e pelo

socialismo.

Page 12: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

12

volvimento, mas também na luta por re-formas estruturais e pelo socialismo.

Evidentemente, a disputa pelos rumosdo PT se trava em condições muito maisdifíceis hoje do que em 1993. Em partepor erros e insuficiências de nossa par-te; em parte por erros e insuficiências deoutras tendências da antiga esquerda pe-tista; em parte devido a atitudes de ou-tros setores do PT; em parte devido àscircunstâncias em que atuamos; é preci-so dizer claramente que se torna cada vezmais difícil mudar a estratégia atualmen-te hegemônica no PT – ainda que, con-traditoriamente, a necessidade desta mu-dança torne-se cada vez mais evidente para muitossegmentos do Partido.

Isto gera, em alguns setores da es-querda petista, três atitudes que consi-deramos totalmente condenáveis.

A primeira delas é capitular ao modusoperandi dos setores de centro e direitado Partido. A segunda delas é desistir doPartido dos Trabalhadores. A terceira de-las é assumir uma atitude de seita, substi-tuindo a disputa política pela reafirmaçãode posições minoritárias, que não preten-dem nunca se tornar majoritárias.

A Articulação de Esquerda recusa es-tas três condutas. Continuamos na dis-puta do PT, não abrimos mão de nossasposições programáticas e estratégicas,

mantemos a flexibilidade tática indispensável paramanter posições conquistadas e acumular forças.Mas para que tenhamos alguma chance de êxito,será necessária maior criatividade e consistência ide-ológica e teórica; maior capacidade de elaboraçãopolítica; maior força social, especialmente junto àsclasses trabalhadoras; mais disciplina e centralismomilitante por parte da nossa tendência.

O segundo congresso da AE retoma a propostade um Congresso Nacional da Esquerda Socialistado PT, com o objetivo de dar o máximo de visibili-dade, coesão política e organicidade para o petismosocialista e revolucionário.

Como dissemos antes, não consideramos que aAE seja capaz de dar conta sozinha das imensas ta-refas postas diante do PT. Acreditamos que em to-das as tendências petistas haja militantes compro-metidos com as ideias que defendemos. Estamos

A Articulação deEsquerda é uma

tendênciaformada por

petistas que lutampelo socialismoe defendem um

programa e umaestratégia

democrático-popular

e socialista.

Page 13: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

13

dispostos a cooperar com todos e todas neste senti-do. Ao mesmo tempo, aprendemos desde 1993 quea existência de uma tendência como a nossa, comtodas as suas limitações, é essencial. Por isto, aomesmo tempo que reafirmamos nossa disposição demarchar juntos com todos aqueles que desejam cons-truir o Partido dos Trabalhadores, reafirmamos tam-bém nossa decisão de continuar construindo a ten-dência petista Articulação de Esquerda.

A tendência petistaArticulação de Esquerda

1. A Articulação de Esquerda é uma tendênciapetista. Portanto, para integrar a Articulação de Es-querda é necessário filiar-se ao PT. Simpatizantesda Articulação de Esquerda são convidados a partici-par de nossas atividades, sem o direito devotar e ser votados.

2. A Articulação de Esquerda é for-mada por petistas que lutam pelo so-cialismo. Nosso objetivo final é cons-truir um Brasil e um mundo baseado napropriedade social dos meios de produ-ção, uma sociedade onde os trabalhado-res e as trabalhadoras decidam o quê pro-duzir, como produzir e como distribuiras riquezas, superando a opressão e a ex-ploração, o Estado e a divisão da socie-dade em classes. Combatemos toda for-ma de exploração, opressão e intolerân-cia, seja étnica, religiosa, de gênero, deorientação sexual ou geracional.

3. A Articulação de Esquerda reúne petistasque defendem um programa e uma estratégiademocrático-popular e socialista, a partir dosquais atuamos em todas as dimensões da luta declasses, inclusive na disputa de rumos do PT e dosgovernos encabeçados pelo Partido.

4. A Articulação de Esquerda sustenta um pro-grama democrático-popular e socialista para o Bra-sil, combinando reformas estruturais de natureza demo-crática e popular com medidas de transição socialista.

5. A Articulação de Esquerda sabe que, paraexecutar este programa, a classe trabalhadorabrasileira necessita conquistar o poder e cons-truir um Estado de novo tipo. Nosso caminho para opoder exige articular luta cultural, luta social, lutainstitucional, organização do campo democrático-popular e organização do PT.

6.A Articulação de Esquerda com-preende que a cultura, a comunica-ção e a educação são parte fundamen-tal de nossa estratégia de transforma-ção do Brasil. É com esta visão que par-ticipamos ativamente dos movimentossociais vinculados a essas temáticas, de-fendemos políticas públicas que demo-cratizem as três áreas e – naquilo quenos diz diretamente respeito – mantemosuma página eletrônica e atuamos nas cha-madas redes sociais; editamos mensal-mente o jornal Página 13; editamos trêsvezes ao ano a revistaEsquerda Petista;e realizamos semestralmente uma jorna-da nacional de formação.

A AE é umatendência

militante, quedefende um

PT militante,devendo sua

militância serparticipanteativa da luta

política e socialdesenvolvidapela classe

trabalhadora.

Page 14: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

14

7.A Articulação de Esquerda contribui paraarticular luta social e luta institucional, comoparte do acúmulo de forças da classe trabalha-dora na luta por conquistar o poder e construirum Estado de novo tipo. É por isto que participa-mos organizadamente das atividades do PT, da CUT,das entidades sindicais, populares, estudantis, demulheres, jovens, negros, indígenas, LGBT e todasas demais formas de organização das classes traba-lhadoras. É por isto, também, que participamos dosprocessos eleitorais através de candidaturas indicadaspelo Partido dos Trabalhadores.

8.A Articulação de Esquerda de-fende um PT militante. Portanto, cadamilitante da AE deve ser filiado/a e mili-tante do Partido, participante ativo/a daluta política e social desenvolvida pelaclasse trabalhadora. A militância da AEdeve integrar e/ou assistir regularmenteas atividades de alguma instância parti-dária, como por exemplo: ser membrode núcleo de base ou setorial; ser inte-grante de coordenação ou secretariasetorial; compor direção ou coletivo par-tidário em qualquer nível etc. E deve atu-ar de maneira sistemática na luta da clas-se trabalhadora, através das organizaçõese movimentos sociais, dos sindicatos e da CUT, daluta eleitoral, dos governos e parlamentos, da frentecultural e ideológica etc.

9. A Articulação de Esquerda é uma tendên-cia militante. Combatemos a lógica que converteas tendências petistas em extensão dos mandatos

parlamentares e em lobby para disputa de posiçõesem governos, bem como o espírito de seita e a dinâ-mica que coloca em primeiro lugar as disputasinternas. Nossa militância deve estar vinculada eparticipar com alguma regularidade das instânciasda tendência: núcleos de base, coordenações setori-ais, comissões de ética, coletivos de trabalho, dire-ções municipais, estaduais e nacionais. Deve parti-cipar regularmente de nossas atividades de forma-ção política, sendo obrigatória a realização do curso“Resoluções do PT e da AE”, oferecido em nossas

jornadas nacionais de formação.10. A Articulação de Esquerda é

uma tendência democrática. Reuni-mos regularmente nossas instâncias paradebater a conjuntura, nossa tática e polí-ticas setoriais. No máximo de dois emdois anos reunimos nosso Congresso,para debater questões programáticas, es-tratégicas e organizativas. Nossa militân-cia debate e delibera, devendo cumpriraquilo que é aprovado democraticamen-te em nossas instâncias. O histórico, asresoluções dos congressos e conferênci-as realizadas pela Articulação de Esquer-da desde 1993, assim como o regulamen-to do 2º Congresso podem ser consulta-

dos no endereço www.pagina13.org.br.11. A Articulação de Esquerda autofinancia

suas atividades com recursos provenientes de trêsfontes: 1) contribuição anual obrigatória dos/as mi-litantes; 2) venda de materiais; 3) atividades e cam-panhas especiais de arrecadação. Além disso, nos-

A AE é umatendência petistaque se propõe afazer aquilo que

deve ser feitopelo conjunto doPT e da esquerdabrasileira: lutarpor um mundo,uma AméricaLatina e um

Brasil socialistas.

Page 15: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

15

sas direções estaduais, municipais e setoriais po-dem e devem promover atividades financeiras pró-prias, sempre ficando claro que a contribuição anu-al individual dos/as militantes é obrigatória.

12. A Articulação de Esquerda defende o fimdo financiamento empresarial das campanhaseleitorais e dos partidos políticos. Consideramosque o ideal seria, inclusive, o fim do financiamentopúblico para partidos (baseado no mesmo critériogeral segundo o qual a CUT critica o Imposto Sindi-cal e segundo o qual a esquerda critica o uso de di-nheiro público para financiar religiões). Todos nósdefendemos a sustentação financeira militante para oPT. Logo, temos que pôr à prova nossas convicções,sustentando de maneira militante nossa tendência.

13. A Articulação de Esquerda é uma tendên-cia petista que se propõe a fazer aquilo que em nos-sa opinião deve ser feito pelo conjunto do PT e daesquerda brasileira: lutar por um mundo, uma Amé-rica Latina e um Brasil socialistas.

A trajetória da tendênciapetista Articulação de Esquerda

A maioria dos petistas filiou-se aoPartido depois de 2005. Ou seja, nãovivenciou a construção do Partido dosTrabalhadores na época em que fazía-mos oposição à ditadura, à transição con-servadora e aos governos neoliberais.

De maneira similar, parcela importan-te dos atuais militantes da Articulação deEsquerda entrou na tendência depois de

2005. Não participou, portanto, dos processos quenos levaram a criar a tendência.

Por estes motivos, consideramos importante ofe-recer à nossa militância uma visão panorâmica denossa trajetória, que constitui um aspecto da histó-ria do próprio PT. Este é o sentido do texto a seguir,que não constitui uma resolução, mas sim um rotei-ro para estudo.

O surgimento da AE

No período 1980-1989, de luta contra a ditaduramilitar e contra a “transição conservadora para ademocracia”, o PT foi aos poucos sendo hegemoni-zado pelas posições que tomariam corpo numa ten-dência denominada Articulação dos 113. Esta ten-dência foi criada em 1983 e recebeu seu nome devi-do a um documento com 113 assinaturas, embora onúmero de signatários fosse 112 (uma pessoa assi-nou duas vezes).

No período 1990-2002, de oposiçãoaos governos neoliberais, as tendênciaspetistas experimentam um realinhamentopolítico. Como parte deste processo,ocorreu uma cisão na Articulação dos113, surgindo a “Unidade na Luta” e a“Articulação de Esquerda”.

A Articulação de Esquerda foi fun-dada oficialmente nos dias 18 e 19 desetembro de 1993.

Contribuíram para sua criação os de-bates realizados no interior do PT, espe-cialmente no período entre 1990 e 1993,

Contribuírampara a criação da

Articulação deEsquerda, maisespecificamente,

os debatesocorridos durante

o 8º EncontroNacional do PT

(agosto de 1993).

Page 16: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

16

quando se constituíram, em âmbito na-cional, inclusive dentro da Articulaçãodos 113, dois grandes blocos no Partido:os “moderados” e os “radicais” (que cer-ta imprensa denominava de “xiitas”).

Contribuíram para a criação da Arti-culação de Esquerda, mais especifica-mente, os debates ocorridos durante o 8ºEncontro Nacional do PT (agosto de1993), tanto nos encontros estaduais pré-vios quanto no encontro nacional propria-mente dito.

Um marco destes debates foi o lan-çamento, no dia 4 de fevereiro de 1993,de um manifesto intitulado “A hora daverdade”.

A história da tendência petista Articulação deEsquerda (de 1993 até este ano de 2015) pode serdividida em quadro períodos:

1)1993-1995, quando dirigimos a maioria doDiretório Nacional do PT;

2)1995-2005, quando nos opusemos ao chama-do “Campo Majoritário”;

3)2006-2007, quando nenhuma tendência era iso-ladamente majoritária no Diretório Nacional do PT.Neste momento, apesar de minoritária, a Articulaçãode Esquerda possuía uma influência importante;

4) 2008-2015, quando a Articulação de Esquer-da se opõe ao “novo campo majoritário” que se cons-titui no Diretório Nacional do PT. Este “novo cam-po majoritário” assume diversas formas. No início,trata-se de uma aliança entre os grupos “Construin-do um Novo Brasil” e “Mensagem ao Partido”.

Depois, uma aliança entre “Construindoum Novo Brasil”, “Novos Rumos” e “PTde Luta e Massa”. Finalmente, em 2015,por ocasião do processo de eleições di-retas das direções partidárias, forma-seuma aliança ainda mais ampla incluin-do, além dos grupos já citados, as ten-dências “Movimento PT” e “EPS”.

Vejamos a seguir mais detalhes so-bre cada um destes momentos.

O primeiro momento: 1993-1995

Após a eleição presidencial de 1989, amaior parte da cúpula da Articulação dos113 decide “girar para a direita”.

A cúpula da Articulação dos 113 tem como princi-pais aliados naquele giro à direita dois setores proveni-entes da antiga esquerda petista: a Nova Esquerda (ex-Partido Revolucionário Comunista) e setores da an-tiga Vertente Socialista (ex-Poder Popular e Socia-lismo). As principais expressões destes setores são,respectivamente, José Genoíno e Eduardo Jorge.

O “giro para a direita” se materializa numa oposi-ção inicial ao Fora Collor, numa tentativa de restrin-gir o Fora Collor a temas éticos, num apoio de fato aogoverno Itamar e na defesa do parlamentarismo.

Estas posições são derrotadas por ampla maio-ria da base do Partido. O maior exemplo disso foi oplebiscito sobre sistema de governo: 70% da dire-ção defendia o parlamentarismo, 70% da base vo-tou pelo presidencialismo na consulta interna entãorealizada.

Como reaçãoao giro à direita

da cúpula daArticulação dos113, um outrosetor constituia “esquerda

da Articulação”,que se agrupa

ao redordo manifesto

“A horada verdade”.

Page 17: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

17

O “giro para a direita” foi acompanhado da ten-tativa de construir um “campo” para dirigir o Parti-do, unindo a Articulação dos 113 a outros setorespartidários.

A cúpula da Articulação dos 113 apresentava aformação deste campo como uma atitude “não-hegemonista”. Mas a iniciativa servia para tentarquebrar a influência, na Articulação dos 113 e nadireção do Partido, daqueles setores com posiçõesmais à esquerda.

A divisão na Articulação dos 113 fica evidentedurante o Primeiro Congresso do PT, quando aque-la tendência se divide publicamente em diversas vo-tações, uma das quais é simbólica: a legitimidadeda violência revolucionária.

Como reação ao giro à direita da cúpula da Arti-culação dos 113, um setor daquela tendência cons-titui a “esquerda da Articulação”, que em grandeparte se agrupa ao redor de um texto co-nhecido como “Manifesto A hora da ver-dade”.

Por causa do nome daquele Manifes-to, em muitos estados a Articulação deEsquerda foi durante certo tempo conhe-cida pelo acrônimo ”HV”.

No 8º Encontro Nacional do PT(agosto de 1993), em aliança com a DSe outros setores, a esquerda da Articula-ção lança a chapa “Opção de Esquerda”.

A aliança entre a Opção de Esquerdae a chapa “Na luta PT” (composta entreoutros pelas tendências “O Trabalho”,“Brasil Socialista” e “Força Socialista”)

consegue a maioria absoluta do Diretório Nacionaleleito no 8º Encontro Nacional do PT.

O 8º Encontro Nacional do PT elegeLula, consensualmente, para ser o pre-sidente nacional do PT, sem integrar ne-nhuma das chapas. Rui Falcão, entãoprincipal dirigente do que logo mais se-ria chamado de Articulação de Esquer-da, é eleito vice-presidente nacional do PT.No 9º Encontro Nacional, em 1994, quan-do Lula se licenciará para ser candidato àPresidência da República, Rui Falcão as-sumirá a presidência do Partido.

Nos dias 18 e 19 de setembro de1993, logo após o 8º Encontro Nacionaldo PT, é criada oficialmente a Articula-ção de Esquerda, afirmando o propósito

Logo apóso 8º Encontro

Nacional do PT,é criada

oficialmentea Articulaçãode Esquerda,

afirmandoo propósitode combater

a domesticaçãodo PT.

Page 18: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

18

de combater a domesticação do PT, ou seja, tentarimpedir que a existência de uma nova situação his-tórica – marcada pela crise do socialismo, pela he-gemonia neoliberal e pela transformação do PT emalternativa presidencial – levasse a maioria do Par-tido a abandonar o núcleo fundamental das formu-lações originais do petismo: partido da classe traba-lhadora, com ampla democracia interna, com umaestrutura de massas e de quadros, dotado de umaestratégia democrático-popular e socialista, combi-nando luta social e disputa eleitoral.

A maioria de esquerda existente no DiretórioNacional do PT consegue impedir que a bancada doPartido na Câmara dos Deputados embarque na re-visão constitucional ampla proposta pelos partidosde direita.

Mas, ao mesmo tempo, tem muitas dificuldadese apresenta enormes contradições na condução dacampanha presidencial de 1994.

Nesta campanha, a imensa maioria do PT foisurpreendida pelo Plano Real e pela força da candi-datura FHC. Mas, no momento em que foi feito obalanço da derrota petista nas eleiçõesde 1994, a fatura foi cobrada integral-mente da direção de esquerda.

No 10º Encontro Nacional do PT, re-alizado em Guarapari (ES), confrontam-se duas chapas.

Uma chapa, denominada Socialismoou Barbárie e encabeçada por HamiltonPereira, reúne toda a esquerda do PT.

A outra chapa, encabeçada por JoséDirceu e apoiada por Lula, expressa as

posições da direita da Articulação e de seus aliados.Destaca-se, entre os apoios desta chapa, uma dele-gação organizada a ferro e fogo por José Augusto,que depois de ser prefeito de Diadema pelo PT seráexpulso do Partido e acabará nos braços tucanos.

A tese apresentada pela chapa “moderada” ga-nha por apenas 2 votos. Dirceu e sua chapa são igual-mente vitoriosos, mas também por pequena mar-gem: cerca de 16 votos. E mesmo esta pequena di-ferença só foi possível porque a candidatura de JoséDirceu recebeu o apoio de setores e dirigentes queaté então participavam da Articulação de Esquerda,tais como Rui Falcão, Cândido Vaccarezza, SílvioPereira e outros.

O segundo momento: 1995-2005

A maioria do Diretório Nacional eleito no Encontrode Guarapari (ES) indica Cândido Vaccarezza, ex-mi-litante da AE, como secretário-geral do Partido.

Em protesto contra este desrespeito à proporciona-lidade, os 49% minoritários retiram-se durante várias

semanas da composição da Executiva.Paradoxalmente, este gesto de pro-

testo deixa o campo livre para que a novamaioria moderada se instale livrementee estabeleça seu controle sobre a dire-ção partidária, inaugurando um períodode hegemonia que vai se estender de1995 até 2005.

A partir de 1995 se instala no partidouma maioria em torno de uma política quepodemos sintetizar assim: “alianças da es-

Adotado no2º Congresso do

PT (1999), o PEDesvaziou o debatepolítico realizado

nos encontrose estimulouas filiaçõesem massa.

Page 19: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

19

querda com o centro, em torno de um pro-grama alternativo ao neoliberalismo, vi-sando conquistar o governo federal”.

De 1995 a 2002, esta maioria foihegemonizando o partido, às vezes pormeios legítimos, outras vezes adotandométodos condenáveis (como é o caso daintervenção no Rio de Janeiro, para obri-gar o PT a apoiar a candidatura a gover-nador de Anthony Garotinho).

Note-se que a intervenção no PT doestado do Rio de Janeiro foi feita a pre-texto de garantir o apoio de LeonelBrizola (PDT) à candidatura de Lula à presidênciada República em 1994.

Originalmente Lula não queria ser candidato àpresidência em 1994. Especulava-se sobre as pos-síveis pré-candidaturas de Cristovam Buarque eTarso Genro, sem falar em balões de ensaio exter-nos ao Partido.

Lula acaba aceitando ser candidato à presidência,em parte por pressão da própria esquerda petista, es-pecialmente durante o 11º Encontro Nacional do PT,realizado em 1997 no Hotel Glória (Rio de Janeiro).

A candidatura de Lula em 1994 pode tersido essencial para manter o fio da meada que noslevaria em 2002 a, finalmente, vencer a eleição pre-sidencial.

Um momento fundamental para o processo dehegemonização do Partido pela maioria moderadafoi o Segundo Congresso do PT, realizado em BeloHorizonte em 1999, quando se adotou a eleição di-reta para direções partidárias.

O processo de eleição direta das di-reções partidárias, mais conhecido pelasigla PED, esvaziou o debate políticorealizado nos encontros e estimulou asfiliações em massa.

As opiniões partidárias e as respecti-vas maiorias deixaram de ser formadasprincipalmente no processo de debate epassaram a ser formadas basicamente nodia da votação. Foram favorecidos aque-les setores partidários capazes de filiarmais e levar mais filiados para votar. Acapacidade de convencimento e o enrai-

zamento social perdiam espaço, frente à logística eà capacidade de mobilizar recursos financeiros, in-clusive para realizar pagamentos coletivos das con-tribuições partidárias. Nos encontros, diminuiu mui-to o número de delegados/as sem alinhamento pré-vio, dispostos a formar sua opinião e a votar de acor-do com o que ouvisse nos debates.

A proposta das eleições diretas para escolher asdireções partidárias teve, entre seus protagonistas,o governador Cristovam Buarque, que anos depoissairia do PT e chegaria a votar em Aécio Neves naseleições de 2014.

Apesar de aprovar as eleições diretas, o setormoderado passou por apuros durante o II Congressodo PT, tendo que se desdobrar para que não fosseaprovada uma resolução simpática à palavra de or-dem Fora FHC. Em encontros e congressos posteri-ores, repetiram-se situações deste tipo, mostrando quea democracia partidária lutava por sobreviver aosmétodos administrativos de formação de maioria.

Mais importanteque estasrupturas,

entretanto,foi a polêmicatravada com

aqueles setoresque decidiram

construira “ConsultaPopular”.

Page 20: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

20

Durante o período 1995-2002, a Ar-ticulação de Esquerda buscou unir a es-querda petista, para resistir e derrotar amaioria moderada.

Além da AE, esta esquerda petista eracomposta por diversos grupos e indiví-duos, com destaque para duas tendênci-as: a “Democracia Socialista” (DS) e a“Força Socialista” (FS).

No interior da Articulação de Esquer-da, grande parte das polêmicas existen-tes nestes sete anos dizia respeito exata-mente ao que podemos denominar denossa “política de alianças” interna ao PT.

Em 1995, como já foi citado, sofremos uma rup-tura provocada por aqueles que defendiam uma ali-ança entre a Articulação de Esquerda e a Articula-ção Unidade na Luta. Os que saíram da AE naquelemomento constituíram a tendência Novos Rumos.

Em 1997, saíram da Articulação de Esquerdaaqueles que defendiam que no movimento sindicaldevíamos continuar participando da Articulação Sin-dical. Ou seja: defendiam que deveríamos partici-par junto aos militantes sindicais vinculados à Uni-dade na Luta em uma mesma “tendência” na CUT,embora estivéssemos em tendências distintas no ter-reno partidário. Quando o 5º Seminário Nacional daArticulação de Esquerda rejeitou esta visão e deci-diu criar um setorial sindical da AE, o deputadofederal Arlindo Chinaglia liderou uma ruptura queo levou, posteriormente, a participar da criação datendência “Movimento PT”.

Em 2002, saiu da Articulação de Esquerda um

grupo de militantes que defendia comoprioridade a “auto-construção” da AE,motivo pelo qual criticavam a priorida-de dada à aliança com as demais tendên-cias da esquerda petista, especialmentecom a Democracia Socialista. Este gru-po, denominado Polo Socialista e locali-zado principalmente no sul do país,apoiou Tarso Genro contra Olívio Dutranas prévias que o PT gaúcho realizou em2002 para escolher seu candidato a go-vernador. Posteriormente, o Polo Socia-lista aliou-se à mesma DS e mais recen-

temente alinhou-se na tendência Socialismo XXI,que de “socialista” tem certamente a denominação.

Mais importante que estas rupturas, entretanto,foi a polêmica travada com aqueles setores que de-cidiram construir a “Consulta Popular”.

A partir de 1996, um grupo de militantes petis-tas descontentes com os rumos do Partido decidiuinvestir na construção de uma organização partidá-ria não eleitoral, que em nosso entendimento subes-timava o papel da luta eleitoral e institucional noatual momento da história do Brasil.

A formação da Consulta implicou num afasta-mento da militância direta no PT, contribuindo dire-tamente para o enfraquecimento daqueles setoresda esquerda petista (como a AE) que defendiam dis-putar os rumos do Partido.

Hoje, parte da militância da Consulta Popularpermanece formalmente filiada e/ou milita, em pe-ríodos eleitorais, em favor de candidaturas petistas.Mas do ponto de vista interno ao Partido, sua postu-

A luta internaque estava

ocorrendo nointerior dastendências

da esquerdapetista ocorria

simultaneamentea disputa

de rumos dopróprio PT.

Page 21: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

21

ra objetivamente não contribui para o fortalecimen-to da esquerda petista.

Em 2002, a eleição de Lula é apresentada pelosetor moderado do Partido como a confirmação doacerto de sua “estratégia de centro-esquerda”.

A realidade é muito mais complexa do que isto.Mas, do ponto de vista prático, o setor moderadoteve pleno êxito em apropriar-se daquela vitória elei-toral construída coletivamente. Apropriação que se deuno terreno ideológico, mas também no que se refereao controle de importantes estruturas de governo.

Após a vitória de 2002, houve uma intensa lutainterna nas três principais tendências da esquerdapetista. Luta interna protagonizada por aqueles se-tores que defendiam, com maior ou menor nitidez,a adoção de uma tática de oposição ao governo Lulae, no limite, a ruptura com o PT.

A luta interna que estava ocorrendo no interiordas tendências da esquerda petista ocorria simulta-neamente a disputa de rumos do próprio PT. Estaluta foi especialmente intensa na banca-da do PT na Câmara dos Deputados. Aomesmo tempo, havia conflitos no interi-or do campo majoritário do Partido e nointerior do próprio governo.

A causa de grande parte destes con-flitos era a política hegemônica no go-verno, de conciliação com o neolibera-lismo. Aquela política era protagonizadaprincipalmente pelo então ministro An-tonio Palocci, mas era apoiada, mesmoque com crescente contragosto, pelo con-junto do “Campo majoritário”.

No final de 2003, o “Campo majoritário” deci-diu dar um exemplo de “compromisso” com a polí-tica do governo e expulsou quatro parlamentarespetistas: a senadora Heloísa Helena, a deputada fe-deral Luciana Genro e os deputados federais Babáe João Fontes.

A alegação para a expulsão foi a de que estesparlamentares haviam ultrapassado os limites do queseria uma divergência aceitável e rompido totalmentecom a disciplina partidária. A Articulação de Esquer-da votou contra as expulsões, sem deixar de obser-var que tratava-se de um jogo até certo ponto com-binado, pois os parlamentares expulsos não acredi-tavam mais na possibilidade de disputar os rumosdo PT.

A expulsão de Heloísa Helena é o catalisador paraque um setor da tendência Democracia Socialistasaia do PT, entre o final de 2003 e o início de 2004.No mesmo período, saem duas outras tendências: o“Movimento de Esquerda Socialista” (MES) e a

“Corrente Socialista dos Trabalhadores”(CST). Desfiliam-se do PT, também,muitos outros militantes, entre os quaisMilton Temer, Leandro Konder e CarlosNelson Coutinho, oriundos do antigoPCB. O destino de todos eles será for-mar um novo partido: o PSOL.

Os que foram para o PSOL coincidi-am na ideia de que o PT já teria se esgo-tado. Mais ou menos a mesma avaliaçãofeita, em 1990, pela antiga Convergên-cia Socialista, que após ser expulsa criao PSTU.

O resultado doprimeiro turnoevidenciou que

a esquerda tinhacondiçõesde eleger

o presidentenacional do PT

no segundo turnodo PED 2005.

Page 22: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

22

A partir de 2003, a Articulação de Esquerda tam-bém realiza um intenso debate acerca do PT e dacaracterização do governo Lula. Este debate esteveno centro: da V Conferência Nacional, realizada emnovembro/dezembro de 2002; da VI ConferênciaNacional, realizada em duas etapas no ano de 2003(setembro, em Campinas; novembro, em Belo Ho-rizonte); e da VII Conferência Nacional da AE, rea-lizada em dezembro de 2004, em São Bernardo doCampo (SP).

Ao final da VII Conferência, um setor rompe coma Articulação de Esquerda. Parte sai imediatamentedo PT; outra parte sairá após o PED de 2005, tendocomo destinos o PCB, o PSOL ou a militância sem-partido. O motivo da ruptura é a avaliação feita acer-ca do governo Lula e do PT, que eles não conside-ram mais “em disputa”.

O terceiro momento: 2005-2007

Em 2005, a crise vivida pelo PT le-vou muita gente, inclusive altos dirigen-tes e lideranças públicas, a acreditar queo PT estaria liquidado. Mas isto nãoaconteceu, principalmente devido à rea-ção da militância petista, que compare-ceu em massa para votar no PED de2005.

Em parte por diferenças legítimas, emparte por pretensões e ilusõeshegemonistas dentro da própria esquer-da, em parte antecipando movimentosfuturos que levariam uns a sair do PT e

outros a sair da esquerda, no PED 2005 a esquerdapetista dividiu-se em várias chapas e candidaturaspresidenciais.

Do ponto de vista eleitoral, esta divisão ajudou aderrotar o “campo majoritário” no primeiro turnodo PED de 2005. Mais candidatos criticaram, maisalternativas foram apresentadas e mais votos foramrecebidos pelas chapas que faziam oposição ao cam-po majoritário.

Matematicamente, o resultado do primeiro turnoevidenciou que a esquerda tinha condições de ele-ger o presidente nacional do PT no segundo turnodo PED.

Mas foi exatamente neste momento, entre o pri-meiro e o segundo turno, que uma parte da esquer-da petista decidiu sair do Partido. Saíram, entre ou-tros, Plínio de Arruda Sampaio. Saiu também a ten-

dência “Ação Popular Socialista” (nomeadotado pela já citada “Força Socialis-ta”). A saída destes setores talvez tenhasido o principal fator que impediu a vi-tória da esquerda petista, no segundo tur-no do PED de 2005.

A Articulação de Esquerda teve umbom desempenho político no PED de2005. Este desempenho foi possível, emgrande medida, devido ao acerto das re-soluções aprovadas na VII ConferênciaNacional da AE (dezembro de 2004),que construiu uma linha política que nospermitiu criticar os setores moderadosdo Partido e a linha hegemônica no go-verno, ao mesmo tempo em que defen-

O oligopólioda mídia,

a oposiçãode direita e

o grande capitaldeixaram claroque pretendiam“acabar com

a raça do PT”,mas não

apostaramno impeachment

de Lula.

Page 23: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

23

díamos o PT e o governo dos ataques dadireita durante a crise de 2005.

Nosso desempenho político e eleito-ral no PED contribuiu para que tivésse-mos uma influência importante no Dire-tório Nacional ali eleito, sob cuja dire-ção realizou-se a campanha presidencialde 2006.

Como sabemos, o oligopólio da mí-dia, a oposição de direita e o grande ca-pital deixaram claro que pretendiam “acabar com araça do PT”, mas não apostaram no impeachment deLula, confiando que recuperariam “pacificamente”a presidência em 2006. Não foi o o que ocorreu:Lula foi reeleito e o segundo mandato fez uma in-flexão à esquerda.

No Partido, entre 2005 e 2007, nenhuma tendên-cia ou campo era isoladamente majoritário na dire-ção. E a Articulação de Esquerda jogou um papelpolítico superior a seu tamanho.

O momento atual: 2007-2015

Embora limitadas, as mudanças ocorridas a par-tir do PED 2005 melhoraram o ambiente no Parti-do, contribuíram para que o governo Lula fizesseuma inflexão à esquerda e nos permitiram vencer aseleições presidenciais de 2006 e 2010. Mas a estra-tégia partidária continuou a mesma. Aliás, algunssetores (inclusive da esquerda petista) interpretaramos resultados positivos da inflexão iniciada em 2005como demonstração de que não era necessário mu-dar de estratégia.

Quem mais se esforçou em elaborara respeito foi a tendência “DemocraciaSocialista” e a chamada Mensagem aoPartido – grupo constituído no processoda crise de 2005, ao qual se agregaramsetores que romperam com o antigo“campo majoritário”.

A constituição da Mensagem ao Par-tido representou, na prática, um “giro aocentro” por parte da DS. Uma das ex-

pressões deste giro ao centro foi a chamada “revo-lução democrática”: uma tentativa de atualizar semrupturas a estratégia adotada pelo campo majori-tário entre 1995 e 2005.

Os integrantes do antigo Campo Majoritário,reconvertido agora na tendência “Construindo umNovo Brasil”, pareciam não ter mais os meios inte-lectuais necessários para “recauchutar” a antiga es-tratégia. Talvez por isto, concentraram-se na tenta-tiva de construir uma nova maioria, ou seja, de as-segurar o controle da direção, que haviam de fatoperdido no período 2005-2007.

Várias tentativas foram feitas no sentido de cons-truir uma nova maioria absoluta no Diretório Naci-onal do PT. No início, há uma aliança entre os gru-pos “Construindo um Novo Brasil” e “Mensagemao Partido”. Depois, uma aliança entre “Construin-do um Novo Brasil”, “Novos Rumos” e “PT de Lutae Massa”. Finalmente, em 2015, por ocasião do pro-cesso de eleições diretas das direções partidárias,forma-se uma aliança ainda mais ampla incluindo,além dos grupos já citados, as tendências “Movi-mento PT” e “EPS”.

Várias tentativasforam feitas no

sentido deconstruir umanova maioriaabsoluta noDiretório

Nacional do PT.

Page 24: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

24

Paralelamente a estes movimentos in-ternos ao Partido, agudiza-se a disputano interior da bancada federal; a disputapela influência sobre o governo, seja nosegundo mandato Lula ou no primeiromandato Dilma; e as disputas eleitoraismunicipais e estaduais.

No PED de 2007, a Articulação deEsquerda teve o mesmo desempenhoeleitoral de 2005, mas com um desempenho políti-co inferior. Este resultado deveu-se a quatro moti-vos principais.

1) a saída da Força Socialista e aliados do PT ocor-reu após o primeiro turno do PED de 2005. Isto querdizer que as vagas eleitas com seus votos foram ocu-padas por pessoas de sua própria chapa, que haviamdecidido permanecer no PT. Mas no PED de 2007 e

seguintes, aqueles milhares de votos nãoexistiam mais. Ao mesmo tempo, cres-cia o número global de filiados ao PT,por ações dos grupos majoritários;

2) a opção feita pela Democracia So-cialista, de “virar ao centro” e criar umanova tendência com egressos do antigoCampo Majoritário, não teve êxito polí-tico nem eleitoral: enquanto Raul Pont,

representando a DS, havia ficado em segundo lugarno PED 2005, José Eduardo Cardozo, candidato daMensagem/DS, termina em terceiro lugar no PED2007. O que tem efeitos colaterais ainda mais nega-tivos sobre o desempenho da Articulação de Esquer-da, que fica praticamente isolada na defesa das po-sições históricas da esquerda petista;

3) a tendência “Construindo um novo Brasil”capitaliza no PED 2007 o êxito do partido na reelei-ção de 2006, bem como a inflexão à esquerda dosegundo mandato de Lula, o que neutraliza partedas críticas da esquerda petista e reduz suas possi-bilidades de crescimento;

4) a Articulação de Esquerda foi incapaz de reu-nir, em uma só chapa, o restante das tendências deesquerda. Isto deveu-se, em parte, a posturas sectári-as de setores que em 2005 haviam integrado a chapade Plínio e que não aceitaram compor uma chapaencabeçada pela Articulação de Esquerda. Mas de-veu-se, também, a erros cometidos pela própria AE.

Apesar de não ter obtido êxito eleitoral, a táticada Mensagem teve desdobramento num “acordo dedireção” com a chapa “Construindo um Novo Bra-sil”. Graças a isto, Cardozo, apesar de ter encabe-

Os resultadosobtidos nas duastarefas centrais

da direção eleitapelo PED 2007

foramcontraditórios.

Page 25: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

25

çado a chapa que ficou em terceiro lugar no PED,tornou-se secretário-geral, desbancando Jilmar Tatto,encabeçador da segunda chapa.

A direção eleita pelo PED 2007 teve como tare-fas centrais conduzir o partido nas eleições munici-pais de 2008 e na escolha da candidatura presiden-cial de 2009. Os resultados obtidos nestas duas ta-refas foram contraditórios.

O PT não obtém uma vitória nas eleições muni-cipais de 2008. E a direção nacional do Partido so-fre uma derrota estratégica em Belo Horizonte, ondese impôs uma aliança de fato entre o PT de Pimentele o PSDB de Aécio Neves.

O PT também não é fator decisivo na escolha dacandidatura às eleições presidenciais de 2010. Estefato pesará bastante no momento seguinte, em queo Partido enquanto tal cumprirá papel secundáriono comando da campanha, apesar de ali estar for-malmente representado.

Apesar disto, a inflexão à esquerda do governoLula, iniciada com o PAC e aprofundada nos anosseguintes, rompendo com o dogma da “estabiliza-ção financeira a qualquer custo” foi ca-paz de enfrentar com relativo sucesso osefeitos da crise mundial que se abriu em2008. O que, do ponto de vista interno,neutralizou parte das críticas da esquer-da petista.

O ex-presidente Lula, seu círculomais próximo, bem como a CNB e ou-tros segmentos do Partido foram os quecapitalizaram melhor o fato de o gover-no estar implementando, ao menos em

parte, políticas similares àquelas defendidas, antes,pela esquerda petista.

Isso se refletirá no PED 2009, de três maneirasprincipais:

1) o crescimento do número de votantes, que be-neficiou de maneira desproporcional a chapa da CNB,vista como a chapa autenticamente “governista”;

2) o reagrupamento, numa única chapa, de qua-se todos os antigos integrantes do finado “campomajoritário”, inclusive Jilmar Tatto e CandidoVaccarezza. Isto apesar do fato de, apenas dois anosantes, lideranças importantes da CNB terem se opos-to ferozmente a que Jilmar Tatto assumisse a secre-taria geral nacional do Partido.

3) a redução do interesse e o empobrecimentodo debate político no PED.

Neste contexto difícil e apesar de ter conseguidomontar uma chapa única com outros setores da es-querda petista, reduziu-se a participação proporcionalda Articulação de Esquerda no Diretório Nacional doPT. A chapa da CNB, encabeçada por José EduardoDutra, vence o PED 2009 já no primeiro turno.

Entretanto, a existência de uma novamaioria não é acompanhada da consti-tuição de uma nova hegemonia. E a es-colha de Dilma Rousseff como sucesso-ra de Lula torna mais complexa e inclu-sive mais confusa a dinâmica interna dopoder no PT. Tendências que se apro-fundariam no início do segundo manda-to Dilma.

No período 2009-2015, o PT não con-seguiu resolver, nem mesmo debater a con-

A incapacidadede enfrentar

o debateestratégico

era acompanhadapor uma apostana “ocupaçãode espaços”em eleições.

Page 26: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

26

tento, seus dilemas estratégicos. Ironica-mente, a recusa dos setores moderados emenfrentar o debate estratégico contribuiu,no médio prazo, para ameaçar a estraté-gia de “ser governo para ser poder”.

A incapacidade de enfrentar o debateestratégico era acompanhada por umaaposta na “ocupação de espaços”, tanto naseleições majoritárias e legislativas, quantonas eleições sindicais e internas ao PT.

Realizado neste contexto, o 1º Con-gresso da Articulação de Esquerda ter-mina com a cisão da tendência.

Independentemente das intenções ori-ginais de quem participou desta cisão,os fatos posteriores comprovaram que 1) houve uminvestimento financeiro externo à tendência, paratentar compor uma maioria artificial no Congresso;2) o discurso em favor da “renovação” da tendênciaconduziu, na prática, à capitulação frente à maioriamoderada do Partido.

No PED 2013, os que racharam com a AE apoi-aram a mesma candidatura à presidência nacionalapoiada pelos setores majoritários do Partido. O quenão foi suficiente para garantir os votos necessáriospara que o grupo responsável pela cisão ocupassenem mesmo uma única cadeira no Diretório Nacio-nal do PT.

Hoje, passada a difícil eleição presidencial de2014, existe uma “super-maioria” no PT, resultadodas amplas alianças encabeçadas por Rui Falcão noPED 2013. Mas continua não existindo uma políticacapaz de enfrentar e superar com êxito os problemas

estratégicos vividos pelo Partido. No in-terior da “maioria” há importantes desa-cordos em torno de quais são estes pro-blemas estratégicos e suas soluções.

É neste cenário que a AE vai realizarseu 2º Congresso, de 2 a 5 de abril de 2015.

Uma síntese provisória

Nossa tendência possui cerca de 22anos de vida (1993-2015).

Estamos presentes em 24 estados bra-sileiros e no Distrito Federal. EmRoraima e Acre, não existimos. Em ou-tros estados, como Santa Catarina, temos

militantes mas não estão organizados.Atuamos e influenciamos diversos movimentos

sociais (sindical, estudantil, educação, de luta pormoradia, mulheres, LGBT, pessoas com deficiência,combate ao racismo, do campo etc.).

Destaca-se, em particular, nossa presença conti-nuada na direção da UNE e nossa crescente presen-ça na direção da CUT.

Estamos também presentes em prefeituras, go-vernos estaduais e no governo federal, assim comotemos parlamentares nos três níveis.

Na frente internacional, influenciamos os deba-tes e a construção de alternativas de esquerda, es-pecialmente a latino-americana.

Participamos ativamente, com chapas e candida-turas presidenciais nos municípios, estados e nacio-nalmente, do Processo de Eleições Diretas das dire-ções partidárias em 2001, 2005, 2007, 2009 e 2013.

As opções da AE,da esquerda

petista, do PT,da esquerda

política e socialbrasileira e dos

povos da AméricaLatina, são muitoimportantes naação da classetrabalhadora e

na luta pelosocialismo.

Page 27: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

27

Mantemos um jornal mensal e uma revistaquadrimestral, realizamos jornadas semestrais deformação política e buscamos participar do debatede ideias, tanto no PT quanto no conjunto da es-querda brasileira.

Nosso peso no PT, nos parlamentos, executivose movimentos sociais é, hoje, proporcionalmentemenor do que em 1993, com exceções como a domovimento sindical.

Por outro lado, hoje estamos mais conscientesdos desafios programáticos, estratégicos e táticosda esquerda brasileira e mundial.

Neste cenário, trabalhamos para ampliar nossaforça e presença na vida partidária, nas disputas elei-torais, na ação institucional, nas lutas sociais, dis-tintas dimensões da luta de classes.

Isto porque seguimos acreditando, como em1993, que as opções da AE, da esquerda petista, doconjunto do Partido dos Trabalhadores eda esquerda política e social brasileira,bem como dos povos da América Lati-na, jogam um papel muito importante naação da classe trabalhadora e na luta pelosocialismo.

Regulamento interno da tendênciapetista Articulação de Esquerda

A Articulação de Esquerda é constitu-ída por: 1) filiados/as e militantes do Par-tido dos Trabalhadores; 2) que participamregularmente de alguma instância da ten-dência, contribuindo para suas formula-

ções e respeitando nossas deliberações coletivas; 3)dando sustentação material para a AE, divulgandosuas posições e contribuindo para a realização de suasatividades.

A Articulação de Esquerda (AE) é uma tendên-cia petista. Lutamos para que o PT volte a ser hege-monizado pelo programa e pela estratégia demo-crático-popular e socialista: um PT de massas, deluta, socialista, revolucionário e democrático.

As posições da AE estão detalhadas nas resolu-ções dos seminários, conferências e congressos querealizamos desde 1993.

A formação política da AE aborda os fundamen-tos ideológicos e teóricos do petismo, do socialismoe do marxismo. Não somos e não pretendemos ser,entretanto, uma tendência composta por afinidadedoutrinária. Somos e queremos continuar sendo umatendência composta por afinidade política, ou seja,

por pessoas que concordam com as re-soluções políticas aprovadas por nossasinstâncias deliberativas, mesmo que nãoobrigatoriamente concordem com as pre-missas teóricas e ideológicas que fun-damentam tais resoluções.

A AE considera fundamental que amaioria de nossa militância esteja vincu-lada à produção e não recebendo saláriopara exercer atividade política. Defende-mos a necessidade de dirigentes profissio-nalizados e combatemos o “basismo”.Mas consideramos que a composição so-cial tem um peso importante nos rumosde uma organização. E queremos evitar

A AE estimula osdirigentes e

militantes a nãofazer da atividade

políticaremunerada uma

“profissão”.Queremos

“revolucionáriosprofissionais”,não “políticosprofissionais”.

Page 28: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

28

os riscos tanto da domesticação burocrática quantodo esquerdismo proveniente da falta de enraizamen-to junto à classe trabalhadora real.

Por isto a AE estimula os dirigentes partidários,os dirigentes de movimentos sociais, os parlamen-tares e executivos a não fazer da atividade políticaremunerada uma “profissão”. Queremos “revolucio-nários profissionais”, não “políticos profissionais”.Pelos mesmos motivos, estimulamos a juventude datendência a concluir sua formação e iniciar tão logopossível uma vida profissional, até porque isto é fun-damental para ampliar nossa influênciajunto à classe trabalhadora assalariada.

O petista que quiser ingressar na AEdeve formalizar esta intenção junto a umainstância da tendência. Cabe a esta ins-tância realizar a apresentação política daAE. Em seguida, cabe à instância apro-var ou não, em reunião convocada paraeste fim, o ingresso de cada militante. Adecisão da instância deve ser comunicadaa toda tendência, cabendo recurso da de-cisão às instâncias superiores.

Só podem votar e ser votados nos processos deli-berativos internos, em todos os níveis, os militantes daAE que estejam em dia com sua contribuição financei-ra e que tenham um ano de militância na tendência.

Instâncias da AE

A tendência possui os seguintes níveis de deci-são e de direção em âmbito nacional, estadual emunicipal: Congresso, Conferência, Plenária, Dire-

ção, Coordenação, Secretariado, Comissão de Éti-ca e Núcleo.

Os Congressos da AE são convocados pela dire-ção nacional da tendência, no intervalo máximo dedois anos, para debater questões programáticas eestratégicas.

As Conferências da AE podem ser convocadas peladireção nacional da tendência, a qualquer momento,para debater questões táticas, políticas setoriais eorganizativas. As direções estaduais e municipais po-dem convocar conferências em seu respectivo âmbi-

to de atuação.Os Congressos e as Conferências são

integrados por delegados/as eleitos/as nosníveis inferiores, na proporção e forma de-terminada na respectiva convocatória.

As direções e coordenações da ten-dência, em qualquer nível, podem con-vocar plenárias de militantes. As delibe-rações de uma plenária têm caráter con-sultivo e precisam ser homologadas pelarespectiva direção.

Os congressos, conferências e plenáriasda AE são abertas à participação da militância petista.

A direção, o secretariado, a comissão de ética e acoordenação setorial são eleitos pela conferência oupelo congresso convocados com este fim.

A Comissão de Ética será composta por quatromilitantes, eleitos pelo voto secreto dos/as delega-dos/as do respectivo congresso ou conferência. Asdireções da tendência, em todos os níveis, só apre-ciarão casos de infração à ética com base em pare-cer prévio das respectivas comissões de ética.

As instânciasda AE devemreunir-se nomínimo umavez por mês

para debater asituação políticae deliberar sobrenossa atuação.

Page 29: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

29

Qualquer militante da AE tem o direito e o deverde – verificado o descumprimento das condições po-líticas que definem um militante da Articulação deEsquerda, bem como a infração às orientações da ten-dência – encaminhar uma solicitação à respectiva co-missão de ética, a quem caberá analisar o caso e emi-tir um parecer, que será aprovado, reformado ou re-jeitado pela respectiva direção, cabendo recurso àsinstâncias superiores. Similar ao que é previsto noestatuto do PT, a direção nacional da AE estámandatada a adotar procedimentos extraordinários,se disto depender a integridade da tendência.

A coordenação, a direção, o secretariado e a co-missão de ética são eleitos, em cada nível, pelos/ asrespectivos/as delegados/as, através de voto secreto.Caso não exista acordo na composição deuma lista única, a votação pode ser indi-vidual ou por chapas. Em caso de disputade chapas, não haverá proporcionalidade.

No caso da juventude, as conferênciasdevem ser realizadas anualmente e fa-zer uma renovação parcial ou total dasrespectivas coordenações.

Todas as direções da AE, em qualquernível, devem ter paridade de gênero.

As instâncias da AE devem reunir-seno mínimo uma vez por mês para debatera situação política e deliberar sobre nossaatuação no partido; nos movimentos so-ciais; nos governos; nos parlamentos; nosprocessos eleitorais e institucionais.

Os núcleos da AE são integrados pormilitantes que atuam num determinado

local de trabalho, de moradia e de estudo. Sua exis-tência deve ser comunicada para e homologada pelainstância imediatamente superior.

A AE possui setoriais e não tendências autôno-mas que atuam num determinado movimento.

Ao secretariado nacional cabe implementar asdecisões da Direção e demais instâncias, tendo comotarefas permanentes as Jornadas de Formação, ojornalPágina 13, a revista Esquerda Petista, a pá-gina eletrônica e a difusão de conteúdo nas redessociais, as finanças nacionais. Cabe ao secretaria-do, também, construir uma política de organização,coordenar nossa atuação na frente de massas e nafrente institucional, bem como supervisionar nossaatuação no Partido, em particular no Diretório Na-

cional e na Fundação Perseu Abramo.

Finanças

A contribuição nacional militante éresponsabilidade individual. Não podeser paga por terceiros. Deve ser deposi-tada pessoalmente por cada militante naconta bancária da tesouraria nacional.

À tesouraria nacional caberá informarregularmente, de preferência uma vezpor mês, através da lista nacional da ten-dência, a relação nacional de quem pa-gou integralmente e de quem está pagan-do parceladamente, indicando os nomes,estado e valores pagos.

Quem não constar deste cadastro na-cional de militantes em dia não possui

A integridadepolítica e

organizativa datendência

depende de suaorientação geral,

que estávinculada à suaindependência

material:atividades

da tendênciamantidas pelacontribuição

militante.

Page 30: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

30

os direitos do militante da AE, pois nãocumpre um de seus deveres. Logo, diri-gentes e militantes da tendência que nãoconstem do cadastro serão suspensos dasinstâncias, perdendo o direito a votar eser votados, até que paguem; e nas mes-mas circunstâncias, deixam de fazer par-te da lista nacional de correios eletrôni-cos da AE. Quem não paga a contribui-ção anual obrigatória não é militante datendência, não tendo direito a voz nem avoto em nossas atividades.

A integridade política e organizativada tendência depende de sua orientaçãogeral, que por sua vez também está vin-culada à sua independência material. Por isto nossoesforço para que as atividades da tendência sejammantidas pela contribuição de nossa militância.

Cada militante decide qual o valor de sua contri-buição anual obrigatória. Ou seja, cada militante deveanalisar a tabela de contribuição proporcional aprova-da pela direção da tendência, verificar qual sua faixade contribuição e fazer o devido pagamento.

Não é preciso comprovar rendimentos, nem darjustificativas. O valor deve ser pago em uma, emduas ou em três parcelas. Havendo necessidade demaior parcelamento, a tesouraria nacional tem au-tonomia para negociar. Toda dificuldade pessoal élevada em consideração. Caso o militante não tenhafonte de renda, deve pagar sua contribuição ven-dendo assinaturas do jornal Página 13 e/ou revistasEsquerda Petista, em número determinado pela te-souraria nacional. A única coisa que não se admite é

a falta de compromisso com a sustenta-ção material da tendência.

Os recursos arrecadados (através dacontribuição militante, mais os que sãofruto de venda de materiais e arrecada-ção de contribuições de simpatizantes) sãoutilizados basicamente nas seguintes des-pesas correntes: 1) impressão e distribui-ção do jornal mensal Página 13; 2) im-pressão e distribuição da revistaquadrimestral Esquerda Petista; 3) ma-nutenção da página eletrônicawww.pagina13.org.br; 4) publicações eimpressos variados; 5) jornadas semes-trais de formação política (nos meses de

janeiro e julho); 6) ajuda de custo para dirigentes;6) viagens de dirigentes; 7) repasses para os esta-dos; 8) gastos de manutenção administrativa da As-sociação de Estudos Página 13.

A tabela de contribuições adota o critério da pro-gressividade (quem ganha mais, paga mais), distri-buída em grande número de faixas. A partir destatabela, cada militante calcula o valor do seu saláriolíquido da seguinte forma: depois de abater contri-buições legais, contribuição para com o Partido, pen-são alimentícia etc., verifica em qual faixa se encaixae determina assim o valor de sua contribuição anual.

O valor devido é pago uma única vez ao ano. Con-forme já ressaltado, não há necessidade de compro-var nada, nem de justificar os valores. O único “con-trole” que se fará é a divulgação, na lista nacional daAE, do valor das contribuições e da situação (em dia,parcelado, atrasado).

É tarefa datesouraria daAE, em todos

os níveis, proporpara debate

e deliberaçãoum orçamento

anual, com baseno plano

de trabalhoaprovado pela

respectivainstância.

Page 31: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

31

Uma vez por ano, pelo voto favorável de 4/5 deseus integrantes, a direção nacional deve atualizar atabela para cálculo da contribuição única anual, po-dendo vir a alterar tanto o valor da contribuição mí-nima quanto as faixas de contribuição.

A tabela para fins de cálculo da contribuição noano de 2015 é a seguinte:

pondentes à atuação da/o militante que fez o paga-mento, na proporção de 50% para cada instância.

A tesouraria nacional começará a realizar os repas-ses para os estados somente depois que tiver arrecada-do o suficiente para garantir a publicação do Página13 e a manutenção da www.pagina13.org.br.

Não havendo instância estadual e municipal, ovalor da contribuição ficará integralmente com atesouraria nacional.

É tarefa da tesouraria da AE, em todos os níveis,propor para debate e deliberação um orçamento anual,com base no plano de trabalho aprovado pela res-pectiva instância. É tarefa da tesouraria, também,propor campanhas especiais de arrecadação, tendocomo diretriz: “Nós financiamos nossas ideias”.

As direções estaduais e municipais, bem comoas coordenações e núcleos da AE têm autonomiapara estabelecer sua política de finanças comple-mentar, observando a progressividade e a necessi-dade de criar uma cultura permanente de contribui-ção financeira militante. Tais políticas complemen-tares não incidirão sobre a condição de militante dosmembros da AE.

Nas Conferências e Congressos da AE, haveráum relatório da direção que encerra o seu mandato.No caso da Tesouraria, haverá um relatório especí-fico, apresentado para um colegiado composto depreferência pelos tesoureiros estaduais, que devemse reunir durante o respectivo Congresso/Conferên-cia, para debater o relatório.

Periodicamente, a tesouraria nacional repassará umpercentual do que for arrecadado para as tesourariasestaduais e municipais. Os percentuais serão defini-dos e atualizados anualmente pela direção nacional.

No que se refere às alíquotas vigentes para 2015,de cada real recolhido pela tesouraria nacional a títu-lo de pagamento da contribuição anual obrigatória,60% ficará com a instância nacional e 40% serão re-vertidos para a direção estadual e municipal corres-

Até 1 salário mínimo: pagamento de 90 reais.

De 1 a 3 salários mínimos: 12% do salário líquido mensal.

De 4 a 6 salários mínimos: 13% do salário líquido mensal.

De 7 a 9 salários mínimos: 14% do salário líquido mensal.

De 10 a 12 salários mínimos: 15% do salário líquido mensal.

De 13 a 15 salários mínimos: 16% do salário líquido mensal.

De 16 a 18 salários mínimos: 17% do salário líquido mensal.

De 19 a 21 salários mínimos: 18% do salário líquido mensal.

De 22 a 24 salários mínimos: 19% do salário líquido mensal.

De 25 a 27 salários mínimos: 20% do salário líquido mensal

De 28 a 30 salários mínimos: 21% do salário líquido mensal

De 31 a 33 salários mínimos: 22% do salário líquido mensal.

De 34 a 36 salários mínimos: 23% do salário líquido mensal.

De 37 a 39 salários mínimos: 24% do salário líquido mensal.

De 40 a 42 salários mínimos: 25% do salário líquido mensal.

Page 32: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

32

Organização

A AE trabalha para existir regular-mente nos 27 estados do país, ter dire-ções municipais nas maiores cidades decada estado, constituir coordenaçõessetoriais nos principais movimentos so-ciais e ter o conjunto de sua militâncianucleada.

Cabe à direção nacional visitar regu-larmente os estados e municípios. Cabeaos dirigentes em todos os níveis difun-dir o jornal Página 13, a revista Esquer-da Petista, bem como nossos livros enossas publicações nas redes sociais.

Para facilitar a comunicação com amilitância da AE, a direção nacional dis-põe de várias listas de debates na internet. A mode-ração da lista terá autonomia para suspender damesma, imediatamente, quem não obedecer aospadrões de civilidade e urbanidade. A moderaçãoda lista será de responsabilidade de um integranteda DNAE.

As direções estaduais, municipais e setoriais de-vem adotar procedimento similar.

Formação Política

A construção de uma cultura socialista de mas-sas é um componente importante de nossa estraté-gia. Para tal, é preciso travar uma luta teórica e ide-ológica contra muitas ideias atualmente hegemôni-cas na sociedade e inclusive na esquerda brasileira.

A luta teórica passa por compreen-der as tendências do capitalismo atual,no mundo, no continente e no Brasil;passa por um balanço da luta e das ten-tativas de construção do socialismo noséculo XX; e passa, finalmente, pela ela-boração de uma estratégia de luta pelosocialismo, no século XXI.

A luta ideológica passa por difundiresta compreensão teórica, através daanálise crítica e da orientação políticaconcreta frente a cada episódio da lutade classes.

Tanto a luta teórica, quanto a luta ide-ológica, possuem uma dimensão indi-vidual: o militante que estuda e que de-fende os pontos de vista do socialismo.

Mas precisam assumir uma dimensão coletiva: quan-do estes pontos de vista se materializam no trabalhode uma organização político-partidária.

Para dar conta destes objetivos, a AE tem comometa construir uma Escola de Quadros, que esti-mule a produção teórica e forneça formação políti-ca para nossa militância.

Caberá a esta escola organizar e oferecer um con-junto de seminários e cursos de caráter nacional. Ade-mais, dará apoio para a realização de cursos e semi-nários descentralizados, nos estados e regiões. Oscursos propostos deverão oferecer a formação míni-ma obrigatória para os/as dirigentes da AE.

A Escola de Quadros será responsável, ainda, pororganizar ou apoiar a organização de semináriossobre temas específicos ou gerais, tais como: parla-

Tanto a lutateórica, quanto

a luta ideológicadevem assumiruma dimensão

coletiva: quandoos pontos de vista

do socialismose materializam no

trabalho de umaorganização

político-partidária.

Page 33: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

33

mentares e executivos, movimento secundarista, ba-lanço setorial do governo federal, juventude, movi-mento sindical, capitalismo e meio-ambiente, mu-lheres, LGBT, portadores de deficiência, combateao racismo, reforma urbana, questão agrária.

A Escola de Quadros deverá formar um coletivode professores/as que possa desenvolver as ativida-des nos estados, de maneira descentralizada e sob aorientação das direções estaduais, municipais e se-toriais. A atividade da Escola de Quadros deve serpermanente, com uma programação no mínimo se-mestral, as chamadas Jornadas de Formação.

As atribuições políticas e organizativas referen-tes à Escola de Quadros e ao conjunto do trabalhode formação da tendência serão de responsabilida-de da secretaria nacional de formação po-lítica, a quem cabe constituir um coleti-vo de formação.

O coletivo de formação deve não ape-nas acompanhar o trabalho desenvolvi-do acima, mas também debater os temasvinculados à formação política do PT eda Fundação Perseu Abramo.

As direções estaduais e municipais daAE devem constituir coletivos de forma-ção política, que promoverão cursos ejornadas de formação, organizarão ati-vidades de apresentação da AE paraquem pretende ingressar na tendência,organizarão grupos de estudos sobre asresoluções do PT e da AE, sobre a con-juntura nacional e internacional, bemcomo demais temas de interesse.

Comunicação

A AE difunde ou pode difundir suas orientaçõesatravés de vários mecanismos, entre os quais: ojornal Página 13; a revista Esquerda Petista; as pu-blicações da Editora Página 13; a páginawww.pagina13. org.br; a publicação periódica deartigos e entrevistas em outros meios de comunica-ção, por parte de nossos dirigentes.

O objetivo do jornal Página 13 é informar o pon-to de vista da tendência para dois públicos: a) os eas militantes da AE, que devem ser estimulados aler e debater seu conteúdo, para que o jornal sirvacomo instrumento de orientação política da tendên-cia em nível nacional; b) toda a militância de es-

querda que influenciamos politicamen-te, no Partido, no parlamento, nos go-vernos e nos movimentos sociais.

Para atingir este público, o Página13 precisa dispor de meios financeiros,editoriais e de distribuição. Deve cons-truir um projeto editorial e gráfico com-patível com os objetivos descritos, alémde ter como meta constituir uma equipecomposta por um editor profissionaliza-do, uma equipe de redação voluntária,um conselho editorial político e corres-pondentes fixos nas diversas frentes deatuação da tendência.

A distribuição do jornal deve ser fei-ta por três canais diferentes:

a) via correio (físico), para os/as as-sinantes;

A AE difundesuas orientações

por meio dojornal Página 13;

da revistaEsquerda Petista;

da EditoraPágina 13;do portal

www.pagina13.org.br; e

a publicação deartigos

e entrevistasem outros meios.

Page 34: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

34

b) através da distribuição direta feitapelos/as militantes da tendência;

c) distribuição digital, feita pelos mi-litantes via redes sociais.

A revista Esquerda Petista tem comopropósito ser um espaço para o debate demaior fôlego ideológico, teórico, progra-mático e estratégico. É editada sob res-ponsabilidade da tendência petista Arti-culação de Esquerda, mas aberta a mili-tantes de esquerda que não integram nos-sa tendência. Como no jornal Página 13,cada autor é responsável pelo que escre-ve e suas posições não necessariamentecoincidem com as posições da tendência.

O jornal Página 13 e a revista Es-querda Petista são publicações da As-sociação de Estudos Página 13. Além do jornal Pá-gina 13 e da www.pagina13.org.br, a Associaçãode Estudos Página 13 é responsável pela publica-ção das resoluções, documentos e demais materiaispara a divulgação das ideias da tendência, atravésda Editora Página 13.

A página eletrônica da Articulação de Esquerda(www.pagina13.org.br) é um meio de divulgação

das informações públicas de interesse datendência.

Um dos objetivos da página eletrô-nica é produzir e oferecer, aos meiosde comunicação, artigos opinativos e in-formativos de dirigentes da tendência.Neste sentido, a página eletrônica tam-bém será uma modesta agência de no-tícias e funcionará como uma espéciede assessoria de comunicação coletivada tendência.

As atribuições políticas e organizati-vas referentes à função editorial da As-sociação de Estudos Página 13, ao jor-nal e à página eletrônica ficarão sob aresponsabilidade da secretaria nacionalde comunicação, a quem cabe constituir

um coletivo de comunicação.Este coletivo de comunicação terá como objeti-

vos acompanhar o trabalho de comunicação descri-to acima, organizar a política de comunicação datendência em nível nacional e regional e organizarnossa luta por um sistema de comunicação de es-querda, incluindo TV, rádio, redes sociais e diver-sas publicações, inclusive um jornal de massas.

A Associação deEstudos Página13 é responsávelpela publicaçãodas resoluções,

documentose demais

materiais paraa divulgação

das ideiasda tendência,

atravésda EditoraPágina 13.

Page 35: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

35

Plano de trabalho 2015-2016

A evolução da conjuntura internacio-nal e nacional, assim como os dilemasdo governo e do Partido confirmaram noessencial as opiniões políticas defendi-das pela Articulação de Esquerda acer-ca das grandes disputas estratégicas doatual momento histórico, no âmbito in-ternacional, no Brasil e no PT.

No mundo, prossegue a disputa entredois blocos e duas vias de desenvolvimen-to capitalistas, cabendo à esquerda petis-ta contribuir para que o socialismo voltea ser um dos polos alternativos.

No continente americano, prosseguea disputa entre dois projetos de integra-ção regional, cabendo à esquerda petista contribuirna defesa e implementação de uma integração lati-no-americana e caribenha, anti-imperialista e quetenha como horizonte o socialismo.

No Brasil, prossegue a disputa entre as vias con-servadora e democrática de desenvolvimento capi-talista, cabendo à esquerda petista defender umaalternativa democrático-popular e socialista.

No governo, prossegue a disputa en-tre neoliberalismo, social-liberalismo,nacional-desenvolvimentismo e social-desenvolvimentismo. Cabe à esquerdapetista lutar para que os neoliberais se-jam afastados do estratégico ministérioda Fazenda; e para que o conjunto dogoverno se oriente em favor das refor-mas estruturais.

No Partido dos Trabalhadores, instalou-se uma crise profunda, resultado do esgo-tamento da “estratégia” que visava “me-lhorar a vida do povo através de políticaspúblicas”, “acumular forças prioritaria-mente através da via eleitoral” e “transfe-

rir para o governo o centro de decisões políticas”.Cabe à esquerda petista convencer o conjunto do

Partido da necessidade de mudar de estratégia: fazerque o Partido volte a ser o centro de decisões políti-cas, acumular forças combinando luta social/cultu-ral/eleitoral, melhorar a vida do povo através de re-formas estruturais democrático-populares, articularnossa estratégia com a luta pelo socialismo.

Cabe à esquerdapetista lutarpara que os

neoliberais sejamafastados doestratégico

ministério daFazenda; e paraque o conjuntodo governo se

oriente em favordas reformasestruturais.

Page 36: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

36

Cada uma das grandes disputas estra-tégicas do atual momento histórico (nomundo, no continente, no Brasil, no go-verno e no PT) obedece a um ritmo pró-prio. Mas está cada vez mais claro que ostempos estão se sincronizando e se acele-rando. A esquerda petista precisa se pre-parar para diferentes cenários, dos quaisdecorrem estratégias também diferentes.

Neste sentido, reiteramos a importân-cia de nossa militancia ampliar seu co-nhecimento sobre o capitalismo do sé-culo XXI, sobre as tentativas de cons-trução do socialismo no século XX esobre as estratégias de luta pelo socia-lismo no Brasil e também na América Latina. Esteesforço integra o objetivo de construir uma escola

de pensamento socialista no Brasil, en-tendendo por escola uma corrente depensamento baseada num forte movi-mento político-social, capaz de recolocaro socialismo como uma alternativa prá-tica para a sociedade brasileira.

Reiteramos, em especial, a necessi-dade de nossa militância conhecer asclasses e a luta de classes no Brasil, pro-fundamente alterada desde o período ne-oliberal; assim como precisamos conhe-cer melhor a situação da classe trabalha-dora, suas organizações e movimentossociais, os partidos políticos e sua rela-ção com a intelectualidade.

Reiteramos, especificamente, a importância denossa militância compreender em que medida astendências internas do PT refletem as diferentes fra-ções de classe e as diferentes tendências políticasexistentes na classe trabalhadora. Assim como – parapoder melhor combatê-los – compreender em quemedida setores da esquerda brasileira e do próprioPartido estão convertendo-se em porta-vozes de se-tores e interesses empresariais.

Reiteramos, finalmente, que a militância da Ar-ticulação de Esquerda deve estudar e difundir asresoluções de nossos Congressos, Conferências eSeminários, publicadas por exemplo nos livros So-cialismo ou Barbárie, Novos rumos para o gover-no Lula e Resoluções da Décima Conferência daArticulação de Esquerda.

Além de melhorar nossa compreensão acerca dasituação mundial, regional, brasileira, do governo e

Cada uma dasgrandes disputasestratégicas doatual momento

histórico obedecea um ritmo

próprio, mas écada vez mais

evidente que ostempos estão sesincronizando ese acelerando.

Page 37: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

37

do Partido, precisamos ganhar musculatura. Pelosmotivos explicados no texto “A trajetória da ten-dência petista Articulação de Esquerda”, a presen-ça da esquerda petista na direção nacional do PTreduziu-se muito nos últimos anos. No caso especí-fico da Articulação de Esquerda, nossa presença caiudesde um patamar inicial de 30% em 1993, paraum patamar de 10% em 2005 e de 5% em 2013.

O objetivo central de nosso plano de trabalho noperíodo 2012-2014 foi deter a queda e voltar a cres-cer. Este continua sendo o objetivo do plano de tra-balho para o período 2015-2016.

Ressaltamos que trata-se de crescer com baseem nossa política e utilizando nossos métodos.

A dependência em relação a contribuições exter-nas, empresariais ou de aparatos políticos, gera maiscedo ou mais tarde deformações programáticas e po-líticas que – como estamos vendo na história recente– são capazes de converter setores da esquerda emagentes de lobby a serviço de interessespessoais, de grupo ou mesmo para-em-presariais. Além de expor o conjunto doPartido a acusações de “corrupção”, “fi-siologismo” e “carreirismo”. Por estesmotivos, é essencial, neste sentido, que aArticulação de Esquerda seja capaz deauto-financiar sua atividade política.

Campanha financeira

As atividades nacionais da AE aolongo do ano de 2015 custarão pelomenos R$ 290 mil. Este valor inclui os

gastos com a edição do jornal Página 13 e da re-vista Esquerda Petista, a manutenção da páginaeletrônica, a realização das jornadas de formação,a visita aos estados e o apoio aos dirigentes da ju-ventude, a participação nos congressos da CUT,UNE, UBES, PT e JPT.

No início de abril de 2015, a tesouraria nacionaldispõe em caixa de R$ 130 mil. Portanto, temos umdéficit de R$ 160 mil.

Propomos cobrir este déficit da seguinte maneira:a) campanha de arrecadação de contribuições

junto aos simpatizantes;b) campanha de arrecadação de contribuições

junto a potenciais militantes que estão em atraso comuma ou mais contribuições desde 2012;

c) campanha de arrecadação suplementar juntoaos militantes em dia.

Aos simpatizantes pediremos doações para sus-tentar o Página13, a Revista Esquerda Petista e as

Jornadas Nacionais de Formação. Seráproduzido um bônus-rifa para este fim eum sistema de doação via internet.

Aos potenciais militantes em atrasoserá proposto que paguem uma cota úni-ca referente ao valor de 2015.

Aos militantes que já contribuíramserá solicitado que busquem dobrar suascontribuições ou que, pelo menos, pa-guem o equivalente ao valor médio pagonos anos anteriores.

Deter a quedae voltar a crescer,

com base emnossa políticae utilizando

nossos métodos,é o objetivodo plano de

trabalho parao período

2015-2016.

Page 38: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

38

Construção da AEe construção do PT

Somos uma tendência petista, que tem como prin-cipal objetivo interno tornar hegemônica no PT aestratégia democrático-popular e socialista. O for-talecimento da AE supõe o fortalecimento do PT.

Nossa capacidade de atingir este objetivo depen-de de que tenhamos mais força dentro do PT. E for-ça significa, mais que tamanho numérico, capacida-de de incidência política.

Isso inclui, por um lado, fortalecer aArticulação de Esquerda, da forma e coma orientação política descrita neste Planode Trabalho e nas resoluções do SegundoCongresso da AE. Inclui, por outro lado,um diálogo com diversos setores do Par-tido que mantém pontos de contato comnossas opiniões programáticas, estratégi-cas, táticas e organizativas.

Propomos a estes setores realizar em2015 um encontro nacional e encontros es-taduais do conjunto das forças sociais e po-líticas petistas comprometidas com o pro-jeto democrático-popular & socialista.

Metas para 2015-2016

No período de 2015-2016, os mili-tantes da Articulação de Esquerda de-vem trabalhar para alcançar os seguin-tes objetivos:

1) Manter uma campanha permanente de

filiações ao PT, trazendo para o Partido nossa basesocial e eleitoral, dando a esta base mecanismos quepermitam uma atuação orgânica e politizada;

2) Incidir ativamente na vida partidária, organi-zando núcleos, intervindo nas reuniões das direçõesem todos os níveis, contribuindo nas secretarias esetoriais, disputando rumos na juventude partidá-ria, participando dos encontros, congressos e da elei-ção das direções partidárias;

3) Atuar com protagonismo na articulação de umafrente popular em defesa da democracia e das re-

formas. Um esforço especial deve serfeito para dialogar com o petismo social,aquilo que alguns chamam de “naçãopetista”;

4) Incidir na política de reflexão e deformação do PT, bem como no debatede ideias junto à intelectualidade de es-querda, através da participação ativa naFundação Perseu Abramo e na EscolaNacional de Formação;

5) Participar ativamente dos debatespreparatórios e da plenária final do 5º Con-gresso do Partido dos Trabalhadores;

6) Ampliar nossa bancada no Con-gresso da CUT em 2015 e, de maneirageral, ampliando nossa presença na clas-se trabalhadora, especialmente junto ajuventude, mulheres, negros e negras.Temos como meta ter núcleos de basenas principais categorias;

7) Organizar nossa presença nos movimentospopulares, com destaque para os movimentos de tra-

Propomosrealizar em 2015

um encontronacional

e encontrosestaduais

do conjuntodas forças

sociaise políticas

petistascomprometidascom o projetodemocrático-

populare socialista.

Page 39: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

39

balhadores rurais e para os movimentosde moradia;

8) Crescer nossa incidência junto asorganizações da juventude em geral, comdestaque para a UNE e para a UBES;

9) Realizar a 4ª Conferência das Mu-lheres da AE, nos níveis municipais, es-taduais, distrital e nacional. A etapa na-cional será em julho de 2015 (data ten-tativa), em local e com regimento defi-nido pela Direção Nacional da AE;

10) Realizar a 1ª Conferência de Saú-de da Articulação de Esquerda, cabendo à DireçãoNacional definir a data, o local e o regimento inter-no, que deve prever mecanismos que possibilitem amais ampla participação, com direito a voz, de pe-tistas e simpatizantes que atuam em defesa do SUS;

11) Realizar em novembro de 2015 (data tenta-tiva) a 1ª Conferência Nacional de Cultura da AE,em data, local e regimento a ser definido pela Dire-ção Nacional da AE;

12) Realizar, entre maio de 2015 e junho de 2016,plenárias e conferências dos demais setores em quea AE atua, tais como sindical, juventude, educação,moradia, agrária, combate ao racismo, LGBT, meio-ambiente, governos & parlamentos;

13) Organizar nossa participação nos encontrossetoriais do PT no primeiro semestre de 2016, vi-sando ampliar nossa presença nos secretarias e co-ordenações e contribuir para o fortalecimento dossetoriais e a atuação dos petistas nos movimentossociais. É necessário atualizar as plataformas seto-riais, especialmente no sentido de relacionar estas

pautas com as demais reivindicações daclasse trabalhadora;

14) Disputar o III Congresso da JPTapresentando a defesa de uma juventu-de socialista, autônoma, militante e demassas;

15) Ampliar a circulação do jornalPágina 13, da revista Esquerda Petista,ampliar os acessos à www. pagina13.org.br e nossa presença nas redes sociais;

16) Lançar um material de apresen-tação da tendência petista Articulação de

Esquerda, principalmente para uso no debate comos militantes que pretendam ingressar na AE. Pros-seguir o trabalho da Editora Página 13;

17) Consolidar e capilarizar nosso processo deformação política, avançando na construção da Es-

Ampliar acirculação do

jornal Página 13,da revista

Esquerda Petista,ampliar osacessos à

www.pagina13.org.bre nossa presençanas redes sociais.

Page 40: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

40

cola de Quadros da AE. Realizar a XVjornada nacional de formação em julhode 2015, a XVI jornada nacional em ja-neiro de 2016 e a XVII jornada nacionalem julho de 2016. Iniciar a produção domaterial pedagógico, incluindo ferra-mentas de ensino à distância;

18) Realizar a partir de maio de 2015uma jornada da direção nacional da AEnos 27 estados do país, realizando emcada capital pelo menos um debate aberto a todo oPartido e pelo menos uma reunião com cada direçãoestadual, para discutir a conjuntura e os desafios doPT. Temos como meta ter direções organizadas emtodos os estados e nas 100 principais cidades do país;

19) Participar dos processos eleitorais, buscan-do eleger maior número de prefeitos e vereadoresem 2016. E planejar desde já nossa participação naseleições de 2018. Nesta perspectiva, realizar umseminário nacional sobre propostas democráticas epopulares para as cidades brasileiras.

Direção nacional

Para implementar este plano de trabalho, é eleitaa direção nacional, o secretariado e a comissão deética a seguir:

Direção Nacional da AE:

Adriano de Oliveira/RS Adriele Manjabosco/RS Adriana Miranda/DF

Ananda de Carvalho/RS André Vieira/PR Bárbara Hora/ES Bruno Elias/DF Damarci Olivi/MS Daniela Matos/DF Eduardo Loureiro/GO Eleandra Raquel Koch/RS Eliane Bandeira/RN Elisa Guaraná de Castro/DF

Emílio Font/ES Fernando Feijão/PI Giovane Zuanazzi/RS Gleice Barbosa/MS Iole Ilíada/SP Izabel Cristina Gomes da Costa/RJ Ivonete Almeida/SE Jandyra Uehara/SP Joel de Almeida/SE José Gilderlei/RN Karen Lose/RS Leirson Silva/PA Lício Lobo/SP Múcio Magalhães/PE Olavo Carneiro/RJ Patrick Araújo/PE Rafael Tomyama/CE Rodrigo Cesar/SP Rosana Ramos/DF Silvia Vasques/RS Sônia Aparecida Fardin/SP Valteci Mineiro de Castro/MS Valter Pomar/SP

Para implementareste plano

de trabalho,é eleita a direção

nacional,o secretariadoe a comissão

de ética.

Page 41: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

41

Secretariado Nacional:

Adriano de Oliveira (RS) Adriele Manjabosco (RS) Bruno Elias (DF) Damarci Olivi (MS) Iole Ilíada (SP) Jandyra Uehara (SP) Lício Lobo (SP) Rodrigo Cesar (SP)

Rosana Ramos (DF) Valter Pomar (SP).

Comissão de ética nacional:

Ana Affonso (RS) Iriny Lopes (ES) Jonatas Moreth (DF) Júlio César de Quadros (RS)

Page 42: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

42

De pé! Ó vítimas da fomeDe pé! famélicos da terraA indolente razão ruge e consomeA crosta bruta que a soterra!De pé! De pé não mais senhores!Se nada somos em tal mundo,Sejamos todos, ó produtores!

RefrãoBem unidos, façamos,Nesta luta final.Uma terra sem amo,A Internacional!

Messias, Deus, chefes supremos, Nada esperamos de nenhum! Sejamos nós que conquistemos A terra mãe livre e comum! Para não ter protestos vãos, Para sair deste antro estreito, Façamos nós por nossas mãos, Tudo que a nós nos diz respeito

Refrão

A Internacional

Façamos guerra de soldados! Somos irmãos, trabalhadores, Se a raça vil cheia de galas, Nos quer a força canibais, Logo verá que as nossas balas São para os nossos generais.

Refrão

Somos os povos dos nativos. Trabalhador forte e fecundo. Pertence a terra aos produtores Ó parasita deixa o mundo! O parasita que te nutres Do nosso sangue a gotejar, Se nos faltarem os abutres, Não deixa o sol te fulgurar!

Refrão

Crime de rico, a lei o cobre, O Estado esmaga o oprimido, Não há direitos para o pobre, Ao rico tudo é permitido À opressão não mais sujeitos! Somos iguais todos os seres: Não mais deveres sem direitos Não mais direitos sem deveres!

Refrão

Abomináveis na grandeza Os reis das minas e da fornalha Edificaram a riqueza Sobre o suor de quem trabalha, Todo o produto de sua A corja rica o recolheu! Querendo que ela restitua, O povo só quer o que é seu.

Refrão

Fomos do fumo embriagados! Paz entre nós, guerra aos senhores!

Canção escrita por Eugène Pottier, um trabalhador do setor de transportes e membro daComuna de Paris, em junho 1871. Inicialmente era cantada ao ritmo da Marselhesa e sóem 1888 recebeu música própria, composta por Pierre Degeyter, um operário anarquista.

Page 43: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora

43

O Segundo Congresso elegeu uma nova direção na-cional para a AE, composta pelos seguintes compa-nheiros e companheiras: Adriano de Oliveira/RS Adriele Manjabosco/RS Adriana Miranda/DF Ananda de Carvalho/RS André Vieira/PR Bárbara Hora/ES Bruno Elias/DF Damarci Olivi/MS Daniela Matos/DF Eduardo Loureiro/GO Eleandra Raquel Koch/RS Eliane Bandeira/RN Elisa Guaraná de Castro/DF Emílio Font/ES Fernando Feijão/PI Giovane Zuanazzi/RS Gleice Barbosa/MS Iole Ilíada/SP Izabel Cristina Gomes da Costa/RJ Ivonete Almeida/SE

Jandyra Uehara/SP Joel de Almeida/SE José Gilderlei/RN Karen Lose/RS Leirson Silva/PA Lício Lobo/SP Múcio Magalhães/PE Olavo Carneiro/RJ Patrick Araújo/PE Rafael Tomyama/CE Rodrigo Cesar/SP Rosana Ramos/DF Silvia Vasques/RS Sônia Aparecida Fardin/SP Valteci Mineiro de Castro/MS Valter Pomar/SP

Também foram eleitos, para a comissão de ética na-cional: Ana Affonso/RS Iriny Lopes/ES Jonatas Moreth/DF Júlio César de Quadros/RS

Direção Nacional da Articulação de Esquerda

Page 44: ATUAÇÃO E ORGANIZAÇÃO5c912a4babb9d3d7cce1-6e2107136992060ccfd52e87c213fd32.r10.cf5.rackcdn.com/... · da classe, nenhum partido é eterno. Mas sem partido, a luta da classe trabalhadora