atualizaÇao ressusitaÇaoempediatria

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Enfermagem, emergência em ressuscitação pediátrica.

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  • Rev Ped Cear - 2 (1) - Janeiro a abril/2001 5

    ATUALIZAO

    Revista de Pediatria do CearPublicao Oficial da Sociedade

    Cearense de Pediatria

    Abstract

    Most often, cardiorespiratory arrest in children is the

    final result of the deterioration of the respiratory or

    circulatory functions. As a consequence, the most

    common terminal cardiac rhythm is bradycardia with

    progression to asystole. Sudden primary cardiac

    arrests are rare events in pediatrics. In childhood,

    cardiopulmonary resuscitation is indicated in cardiac

    arrest and in bradycardia with hypoperfusion. This

    article will describe the new recommendations on

    pediatric cardiopulmonary resuscitation. These new

    guidelines, created by experts from many countries,

    were reported in august 2000. Experts from different

    resuscitation councils reviewed the 1992 guidelines

    and, based on new published data, prepared the 2000

    recommendations. American Heart Association,

    Australian Resuscitation Council, European

    Resuscitation Council, Heart and Stroke Foundation

    of Canada, Interamerican Heart Foundation,

    Brazillian Heart Foundation (FUNCOR), New

    Zeland Resuscitation Council, and Resuscitation

    council of Southern Africa participated in this

    International Pediatric Resuscitation Guideline.

    Resumo

    Mais comumente, parada cardiorrespiratria em

    criana o resultado da deteriorao da funo

    respiratria ou circulatria. Como conseqncia, o

    ritmo cardaco terminal bradicardia com progresso

    para assistolia. Paradas cardacas primrias so

    eventos raros em pediatria. Na infncia, ressuscitao

    cardiopulmonar est indicada na parada cardaca e

    na bradicardia com hipoperfuso. Esse artigo

    descrever as novas recomendaes em ressuscitao

    cardiopulmonar peditrica. Essas novas normas,

    criadas por especialistas de muitos pases, foram

    publicadas em agosto de 2000. Especialistas de

    diferentes conselhos de ressuscitao revisaram as

    normas de 1992 e, com base em novos dados

    publicados, prepararam as recomendaes do ano

    2000. American Heart Association, Australian

    Resuscitation Council, European Resuscitation Council,

    Heart and Stroke Foundation of Canada, Interamerican

    Heart Foundation, Brazillian Heart Foundation

    (FUNCOR), New Zeland Resuscitation Council, e

    Resuscitation Council of Southern Africa participaram

    nessa Norma Internacional de Ressuscitao

    Peditrica.

    Ressuscitao Cardiopulmonar em Pediatria

    Amlia Gorete Reis1, Elaine Xavier Prestes2, Lcia Helena Coutinho dos Santos3

    Nilzete Liberato Bresolim4, Valria Bezerra Silva 5

    1. Coordenadora do Curso Suporte Avanado de Vida em Pediatria (PALS) da Sociedade Brasileira de Cardiologia e Sociedade de Ped iatria de

    So Paulo. Membro do Comit da Aliana Internacional em Ressuscitao (ILCOR). Doutora em Pediatria pela Faculdade de Medicina da

    Universidade de So Paulo

    2. Coordenadora do Curso Suporte Avanado de Vida em Pediatria (PALS) da Sociedade Paraense de Pediatria. Mestranda em Pediatri a pela

    Universidade Federal de So Paulo em convnio com a Universidade do Estado do Par

    3. Coordenadora do Curso de Suporte Bsico de Vida do Stio de Treinamento do Hospital Universitrio da PURCP-Cajuru. Coordenadora do

    Curso Suporte Avanado de Vida em Pediatria do Stio de Treinamento do Hospital Universitrio da PURCP-Cajuru. Professora Adjun ta do

    Departamento de Pediatria da Universidade Federal do Paran

    4. Coordenadora do Curso Suporte Avanado de Vida em Pediatria (PALS) da Sociedade Catarinense de Pediatria. Membro efetivo do Departamento

    de Nefrologia Peditrica da Sociedade Brasileira de Pediatria. Pediatra, especialista em Nefrologia e Terapia Intensiva pela So ciedade

    Brasileira de Pediatria

    5. Vice-presidente da Sociedade de Pediatria de Pernambuco. Chefe da Unidade Peditrica do Hospital Baro de Lucena em Recife. Coordenadora

    do Curso Suporte Avanado de Vida em Pediatria (PALS) da Sociedade de Pediatria de Pernambuco no binio 1998 e 1999

    Cardiopulmonary Ressuscitation in Pediatrics

  • Rev Ped Cear - 2 (1) - Janeiro a abril/20016

    Ressuscitao Cardiopulmonar em Pediatria

    Figura 1. Corrente de sobrevivncia peditrica.

    Fonte: Circulation. 2000;102 (suplI): I-253 a I-290. American Heart Association. Inc

    Introduo

    Em pediatria a ressuscitao cardiopulmonar

    (RCP) est indicada na parada cardiorrespiratria e

    na bradicardia sintomtica. O reconhecimento da

    parada cardiorrespiratria (PCR) feito com base

    em trs sinais: ausncia de pulso central, apnia ou

    respirao agnica e insconscincia. A bradicardia

    sintomtica observada quando os pulsos centrais

    apresentam uma freqncia menor que 60 impulsos

    por minutos associada hipoperfuso orgnica como,

    enchimento capilar aumentado, hipotenso e alterao

    do nvel de conscincia. Freqentemente a bradicardia

    sintomtica precede a parada cardiorrespiratria.

    Na faixa etria peditrica so muitas as causas

    que podem levar a parada cardiorrespiratria por

    falncia respiratria e choque (pneumopatias, trauma,

    sepse, etc). Raramente a PCR um evento sbito

    em crianas e lactentes. Na maioria das vezes

    resultado da deteriorao progressiva da funo

    respiratria e/ou circulatria. Independentemente do

    evento inicial ou do processo patolgico a via final

    comum dessa deteriorao o desenvolvimento da

    falncia cardiopulmonar. Caso resulte em parada

    cardaca o prognstico sombrio, com mdia de

    sobrevivncia de 10%, sendo que muitas das crianas

    ressuscitadas evoluem com danos neurolgicos

    permanentes1-9. Quando o ritmo cardaco

    reconhecido em vtimas de parada cardaca, a maioria

    tem bradiarritmia, assistolia ou atividade eltrica sem

    pulso e, aproximadamente 10% dos relatos de parada

    cardaca em pacientes peditricos tem fibrilao

    ventricular (FV) ou taquicardia ventricular (TV) sem

    pulso. Embora eventos cardacos primrios sejam

    incomuns no grupo peditrico, arritmias podem ser

    observadas como conseqncia de hipoxemia,

    acidose e hipotenso. Crianas com miocardiopatias,

    miocardites e aps cirurgia cardaca tem risco

    aumentado de arritmia. Alm disso, um nmero

    considervel de drogas em nvel txico ou teraputico

    pode causar arritmias.

    A taxa de sobrevida maior se a fibrilao

    ventricular (FV) for o ritmo inicial detectado no

    monitor cardaco. A fibrilao ventricular tem sido

    descrita em 10% a 19% dos pacientes com idade at

    19 anos de vida, em parada cardaca fora do hospital.

    Alguns autores4 observaram a FV como ritmo

    inicial em 17% dos pacientes de 0-4 anos, 11% de 5-

    9 anos, 28% de 10-14 anos e 19% de 15-19 anos. As

    causas de FV neste estudo estavam entre vrias

    condies mdicas, incluindo intoxicaes e uso de

    drogas ilcitas, quase-afogamento e trauma, em apenas

    2 pacientes com doenas cardacas congnitas. Neste

    grupo 17% dos pacientes receberam alta sem seqelas

    neurolgicas ou com seqelas leves, contrastando com

    2% para pacientes em assistolia ou atividade eltrica

    sem pulso. Em contraste, a parada somente respiratria

    associada a uma taxa de sobrevivncia, excedendo

    50% quando a ressuscitao imediata providenciada

    e a maioria dos pacientes sobrevive com funo

    neurolgica intacta.

    Agressivos suporte bsico de vida - SBV

    (ressuscitao bsica) pr-hospitalar e suporte

    avanado de vida - SAV (ressuscitao avanada)

    tm contribudo para uma melhor evoluo das vtimas

    de parada cardaca sem pulso. Para obter sucesso na

    ressuscitao, em todas as crianas extremamente

    importante que todos os profissionais envolvidos no

    cuidado de crianas e seus pais estejam habilitados a

    reconhecer os sinais de falncia respiratria e choque

    precocemente, de forma a atuar rapidamente, evitando

    a evoluo para parada cardaca. nfase deve ser

    dada ao atendimento pr-hospitalar, na tentativa de

    prover ventilao e oxigenao eficazes o mais

    prontamente possvel.

    A corrente da sobrevivncia peditrica

    (lactentes e crianas at 8 anos de idade)

    A corrente da sobrevivncia (figura 1) representa

    os elementos que compem o conceito dos sistemas

    de Servio Mdico de Emergncia (SME) e

    representa a melhor seqncia da ressuscitao

    cardiopulmonar (RCP).

  • Rev Ped Cear - 2 (1) - Janeiro a abril/2001 7

    Reis AG, Prestes EX, Santos LHC, Bresolim NL, Silva VB

    O 1o elo a preveno. O trauma a principal

    causa de morte prevenvel em crianas acima de um

    ano e adultos jovens. Os programas de preveno do

    trauma sero mais efetivos se enfocarem os traumas

    mais freqentes e graves e para os quais esto

    disponveis estratgias de preveno. Os seis tipos

    mais comuns de trauma fatal em crianas e

    adolescentes de todo o mundo so: acidentes

    automobilsticos, atropelamentos, acidentes com

    bicicletas, afogamentos, queimaduras e ferimentos por

    arma de fogo (incluindo leses no intencionais,

    homicdio e suicdio). A preveno destas causas

    reduziria substancialmente as mortes e seqelas na

    infncia.

    O 2o elo a RCP precoce. O socorrista deve

    rapidamente avaliar a presena ou extenso da leso

    e definir se a criana est consciente. O nvel de

    resposta determinado tocando a criana e falando

    alto para provocar a resposta. A vtima no deve ser

    movimentada desnecessariamente, ou sacudida se h

    suspeita de leso medular, pois esta manipulao pode

    agravar a leso. Se a criana no responde, mas

    respira ou tem dificuldade para respirar, o SME deve

    ser acionado para que a criana possa ser rapidamente

    transportada para um servio que fornea o suporte

    avanado de vida. Crianas com desconforto

    respiratrio, geralmente se posicionam de forma a

    manter permeveis as vias areas, parcialmente

    obstrudas, e devem ser mantidas nesta posio, de

    mais conforto para elas. Uma vez determinada a no

    resposta (inconscincia), o socorrista que se encontra

    sozinho, deve gritar por socorro e iniciar o SBV na

    criana, se necessrio, por aproximadamente 1 minuto

    antes de ativar o SME. Uma vez que a PCR em

    criana mais freqentemente secundria a

    hipoxemia o suporte de socorro pode restaurar a

    oxigenao e ventilao, ou pode prevenir que a

    criana com parada respiratria desenvolva parada

    cardaca. Se no houve trauma, o socorrista pode

    deslocar a criana pequena para perto do telefone, a

    fim de que o SME possa ser mais facilmente

    contatado e o atendente do SME possa orientar o

    socorrista em relao RCP. obrigatria a

    locomoo da criana se a mesma for encontrada

    em um local perigoso (por ex., um prdio em chamas)

    ou se a RCP no puder ser realizada no local onde

    ela foi encontrada. A RCP mais eficiente quando

    iniciada imediatamente aps o colapso da vtima e o

    melhor tratamento que uma criana em parada

    cardaca pode receber, at a chegada do SAV. A RCP

    efetuada por um voluntrio treinado raramente

    prejudica a vtima. Porm, apesar da sua importncia,

    uma conduta temporria e perde seu valor se os

    prximos elos no se seguirem rapidamente (acesso

    do SME e SAV). Por isto se um segundo socorrista

    estiver presente durante a avaliao inicial da criana,

    ele deve ativar o SME to logo tenha sido constada a

    inconscincia, desencadeando o 3o elo da corrente

    da sobrevivncia peditrica.

    O 3o elo o acesso ao SME. Inclui, na criana, o

    ocorrido entre o momento de colapso, o incio da RCP

    precoce e a notificao da equipe do SME -

    identificao precoce do colapso do paciente;

    realizao se SBV por uma pessoa treinada por

    aproximadamente 1 minuto, quando necessrio;

    chamar o SME rapidamente; reconhecimento rpido

    por parte do SME de uma parada cardaca potencial;

    instrues claras por parte dos atendentes do SME

    aos voluntrios para condutas at a sua chegada ao

    local; anotaes claras e objetivas sobre o local onde

    est a vtima; chegada rpida dos socorristas ao

    endereo; atendimento do paciente pelo SME;

    identificao do estado de parada cardaca.

    O 4o elo o SAV imediato. O suporte avanado

    de vida inclui equipe treinada em suporte bsico de

    vida, uso de equipamentos auxiliares (ex. intubao),

    obteno de acesso vascular, administrao de fluidos

    e drogas, manejos de arritmias cardacas e cuidados

    ps ressuscitao. Estas equipes podem ser divididas

    em dois nveis dependendo das normas das diferentes

    cidades e pases: profissionais da rea de sade no

    mdicos trabalhando com protocolos bem definidos e

    equipes onde h mdicos. A superviso mdica

    imprescindvel. Como a corrente tem vrios elos a

    eficcia do sistema no pode ser avaliada pelo exame

    de um elo individualmente. Se um dos elos for

    inadequado os ndices de sobrevivncia sero baixos.

    O ndice de sobrevivncia na alta do paciente tem

    sido o "padro ouro" para avaliar a eficcia do

    tratamento da parada cardaca. A corrente ser to

    forte quanto o mais frgil dos seus elos.

  • Rev Ped Cear - 2 (1) - Janeiro a abril/20018

    Ressuscitao Cardiopulmonar em Pediatria

    A ressuscitao cardiopulmonar, feita

    adequadamente e prontamente, pode ajudar vtimas

    a sobreviverem at que o tratamento com tcnicas

    mdicas mais avanadas esteja disponvel. O SBV

    peditrico inclui avaliaes seqenciais e habilidades

    motoras especficas para manter ou restaurar a

    ventilao e a circulao efetivas na criana em

    parada respiratria ou cardiorrespiratria. O SBV

    pode ser executado por qualquer pessoa treinada e

    essencial para a recuperao da vtima. Quando a

    PCR est presente ou iminente, requerido tambm

    o pronto acesso ao suporte avanado de vida (SAV).

    A avaliao utilizando a abordagem ABC

    Suporte Bsico de Vida em Pediatria

    usada na RCP, identificando as condies que

    implicam em risco de vida com vistas na manuteno

    da ventilao, oxigenao e perfuso. Isto realizado

    atravs de uma avaliao em etapas seguida de

    suporte s vias areas, respirao e circulao, se

    necessrio, usando o formato de perguntas crticas/

    aes crticas. Em cada etapa, uma avaliao

    direcionada e rpida seguida por intervenes

    essenciais e reavaliao subseqente a fim de definir

    se a interveno corrigiu a anormalidade antes de

    passar prxima etapa. Na tabela 1 a seguir

    descrevemos as intervenes utilizadas em cada etapa

    de acordo com a faixa etria.

    Participe do Curso PALS

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    Fone: 261.5849

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  • Rev Ped Cear - 2 (1) - Janeiro a abril/2001 9

    Reis AG, Prestes EX, Santos LHC, Bresolim NL, Silva VB

    A checagem de pulso realizada como um dos "sinais de circulao" por profissionais de sade. Leigos procuram por outros sinais de circulao, mas no checam o pulso.

    Fonte: Circulation. 2000;102 (suplI): I-253 a I-290. American Heart Association. Inc

    TABELA 1. Comparao das Manobras de Ressuscitao entre os Grupos de Idade

  • Rev Ped Cear - 2 (1) - Janeiro a abril/200110

    O suporte avanado de vida em pediatria se refere

    avaliao e sustentao das funes respiratria e

    circulatria no perodo anterior parada cardaca,

    durante a mesma e na ps ressuscitao. De acordo

    com a cadeia de sobrevivncia (figura 1) o SAVP deve

    abranger a preveno das causas de parada atravs da

    deteco e tratamento precoce da criana criticamente

    doente ou politraumatizada.

    De forma mais detalhada e especfica pode-se

    listar os componentes do SAVP da seguinte forma:

    1. Aperfeioamento do suporte bsico de vida

    2. Utilizao de equipamento e tcnicas especiais para

    alcanar e manter oxigenao, ventilao e perfuso

    efetivas

    3. Deteco de arritmias atravs da monitorao

    clnica e eletrocardiogrfica

    4. Aquisio e manuteno de acesso vascular

    5. Tratamento de emergncia para a criana em parada

    respiratria e ou cardaca

    6. Tratamento de pacientes com trauma, choque,

    insuficincia respiratria e outras situaes pr parada

    cardaca

    Suporte Ventilatrio

    Na parada cardaca, um nmero de fatores

    contribui para hipoxia tissular progressiva e necessidade

    de administrao de oxignio 10. Quando realizada

    adequadamente, a ventilao boca-a-boca prov 11 a

    17% de O2 com tenso alveolar mxima de O

    2 de

    80mmHg. Compresses torcicas timas provm

    apenas uma frao do DC normal, comprometendo de

    forma acentuada tanto o fluxo sangneo, quanto o

    transporte de O2 para os tecidos. Assim, ressuscitao

    cardiopulmonar (RCP) est associada com shunt

    pulmonar direito-esquerdo devido a ventilao-perfuso

    inadequadas. Desta forma, o atendimento de uma

    criana em parada respiratria ou cardiorrespiratria

    requer abertura de vias areas, suporte ventilatrio (VA)

    e oferta de oxignio (O2) de preferncia umidificado

    para prevenir ressecamento e espessamento da secreo

    pulmonar que pode causar obstruo de VA.

    A via area orofarngea est indicada quando as

    manobras para abertura de vias areas falharam. No

    est indicada em crianas conscientes devido ao risco

    de induzir vmito. Est disponvel em vrios tamanhos

    e, o tamanho ideal corresponde distncia entre o

    incisivo central e o ngulo da mandbula. O tamanho

    Suporte Avanado de Vida em Pediatria

    inadequado pode falhar em separar a lngua da faringe

    posterior ou mesmo provocar obstruo das vias areas.

    As vias areas nasofarngeas, de vrios tamanhos

    peditricos10 tambm podem ser teis. No entanto, as

    pequenas vias areas nasofarngeas, so facilmente

    obstrudas por secrees e debris e, por isso, seu uso

    pouco seguro. Em crianas com grandes adenides

    pode haver dificuldade na sua passagem, risco de trauma

    ou sangramento e, aps sua colocao, risco de

    compresso que pode aumentar a resistncia na via area

    e torn-la no efetiva.

    Ventilao Bolsa-Mscara

    H dois tipos de bolsas de ventilao, tambm

    chamadas, ressuscitadores manuais (RM): as auto-

    inflveis e as fluxo-inflveis. As bolsas de ventilao

    usadas em ressuscitao devem ser auto-inflveis e

    adequadas ao tamanho e faixa etria do paciente.

    A bolsa de ventilao neonatal (250ml) pode ser

    inadequada para prover o volume corrente efetivo e o

    tempo inspiratrio de durao adequada para recm-

    natos e lactentes13 e, portanto, devem ser utilizadas

    bolsas com volume mnimo de 450 a 500ml para recm-

    natos de termo, lactentes e crianas. Observar que

    volume e presso excessivos podem comprometer o

    DC por aumento da presso intratorcica, distenso

    alveolar e barotrauma. Volume excessivo pode, tambm,

    causar distenso gstrica comprometer a ventilao e

    aumentar o risco de regurgitao e aspirao. Em

    pacientes com trauma de crnio e ps-parada, volume

    e freqncia respiratria excessivos podem provocar

    hiperventilao com efeitos adversos potenciais sobre

    o prognstico neurolgico endossando a recomendao

    para que estes casos recebam ventilao e oxigenao

    fisiolgicas.

    As vlvulas de liberao de presso nos RM

    quando presentes devem permitir ultrapassar altas

    presses torcicas, sempre que necessrio, para se obter

    expansibilidade principalmente nas situaes de

    obstruo de vias areas superiores ou inferiores e

    complacncia pulmonar diminuda.

    As bolsas auto-inflveis ofertam apenas o ar

    ambiente (21% de O2) a menos que sejam suplementadas

    com O2. Com um fluxo de 10L/min, um RM peditrico,

    sem reservatrio de O2, oferta de 30 a 80% de O

    2 ao

    paciente. Para ofertar concentraes significantemente

    maiores (60-95%), deve-se utilizar RM com

    Ressuscitao Cardiopulmonar em Pediatria

  • Rev Ped Cear - 2 (1) - Janeiro a abril/2001 11

    reservatrio de O2. Nos RM peditricos o fluxo mnimo

    de O2 requerido de 10 a 15L/min 12 e nos RM de

    adulto pelo menos 15L/min.

    A ventilao bolsa-mscara depende da abertura

    da via area e da realizao de um selo adequado

    mscara-face. Na ausncia de suspeita de trauma cervical

    isto conseguido com a chamada manobra "gancho E-

    C" que consiste em inclinar a cabea do paciente para

    trs, enquanto o terceiro, quarto e quinto dedos so

    posicionados abaixo do ngulo da mandbula elevando-

    a para cima e para frente, (formando um E); o polegar e

    o indicador so colocados sobre a mscara,

    pressionando-a para trs e criando um selo (formando

    um C). A mscara deve envolver a boca e nariz, sem

    cobrir os olhos ou ultrapassar o queixo.

    Nas situaes de obstruo grave de vias areas

    ou complacncia pulmonar diminuda pode ser necessria

    a tcnica de ventilao bolsa-mscara com duas pessoas.

    Um socorrista abre as vias areas e segura a mscara na

    face, e o outro comprime a bolsa.

    Como a distenso gstrica pode comprometer a

    ventilao e aumentar o risco de regurgitao e aspirao.

    Para minimiz-la, na criana inconsciente ou obnubilada,

    deve-se aumentar o tempo inspiratrio necessrio para

    ofertar determinado volume corrente, diminuindo o pico

    de presso inspiratria. Alm disso, importante manter

    freqncia respiratria ritmada e assegurar tempo

    expiratrio adequado13. Outra alternativa para minimizar

    a distenso estomacal aplicar uma presso sobre a

    cricide14, essa manobra no deve ser excessiva para

    no provocar compresso traqueal e obstruo ou

    distoro das vias areas. Aps ventilao prolongada, a

    distenso gstrica pode ser aliviada com uma sonda

    nasogstrica ou orogstrica. Nos casos de intubao

    traqueal a passagem da sonda gstrica deve seguir a

    insero do tubo traqueal.

    Nos pacientes inconscientes a via area larngea

    (VAL) uma opo para assegurar a via area. Consiste

    de um tubo com uma mscara semelhante a um cuff

    projetada em sua extremidade distal. Deve ser introduzida

    na faringe, avanando at que surja uma resistncia e o

    tubo se localize na hipofaringe. O cuff ento insuflado

    e ocorre selo com a hipofaringe, deixando a abertura

    distal do tubo posicionada imediatamente acima da

    abertura gltica, assegurando uma via area livre e segura.

    VALs so comumente utilizadas em salas cirrgicas como

    meio efetivo de ventilao e oxigenao e podem ser

    teis principalmente em pacientes com vias areas

    difceis; tendo sido usadas com sucesso no controle

    emergencial de via area de adultos dentro e fora do

    hospital11 . No entanto, esto contra-indicadas em

    crianas e lactentes com reflexo de engasgo intacto. O

    domnio desta tcnica de passagem pode ser mais fcil

    que da intubao endotraqueal15.

    Embora VAL possa ser uma alternativa efetiva em

    parada cardaca ou respiratria h dados limitados em

    RCP peditrica no permitindo recomend-la com

    segurana. Apesar da VAL ser uma alternativa

    interessante para ventilao do paciente inconsciente,

    seu custo elevado e h dificuldade de mant-la durante

    o movimento do paciente, dificultando assim seu uso

    durante transporte.

    Intubao Endotraqueal

    Quando realizada por pessoa treinada, a intubao

    endotraqueal o mtodo mais seguro e efetivo de

    assistncia ventilatria. Suas vantagens incluem desde

    o isolamento da via area assegurando ventilao e

    oxigenao adequadas, com controle do tempo e pico

    de presso inspiratrios e possibilidade de obteno de

    presso positiva no final da expirao (PEEP), at

    facilidade de aspirao de secrees.

    Em relao via area do adulto, a da criana

    apresenta particularidades que fazem com que seja

    necessrio treinamento para intubao endotraqueal;

    caso contrrio recomenda-se manter a ventilao com

    bolsa-mscara ou mscara larngea. O menor dimetro

    da via area da criana localiza-se logo abaixo das cordas

    vocais, e por isso tubos sem cuff so usados para

    crianas menores de 8 anos. H, no entanto, tubos

    traqueais com cuff para crianas menores e deve-se

    destacar que em circunstncias nas quais altas presses

    inspiratrias so esperadas (como asma e SARA) os

    mesmos podem ser apropriados.

    Para estabelecer os tamanhos dos tubos traqueais

    e das sondas de aspirao nas diferentes idades, existem

    tabelas especficas. No entanto, para crianas maiores

    de 1 ano, o tamanho do tubo sem cuff pode ser estimado

    dividindo-se a idade (em anos) por 4 e somando-se 4

    [(idade em anos/4)+4] e, para tubos com cuff dividindo-

    se a idade (em anos) por 4 e somando-se 3 [(idade em

    anos/4)+3].

    Durante a intubao tubos 0,5cm maiores e

    menores que o tamanho estimado devem estar

    disponveis. Embora o dimetro interno do tubo traqueal

    possa ser estimado pelo tamanho do dedo mnimo da

    vtima, este um mtodo duvidoso. Devido variao

    normal do peso e tamanho da via area para uma

    determinada idade, a escolha do tamanho do tubo

    traqueal seria mais confivel se fosse baseada no

    tamanho do paciente e, neste caso, as fitas de

    Reis AG, Prestes EX, Santos LHC, Bresolim NL, Silva VB

  • Rev Ped Cear - 2 (1) - Janeiro a abril/200112

    ressuscitao podem ser teis em crianas com peso

    at 35 Kg16,17.

    Antes de iniciar a intubao endotraqueal deve-se,

    sempre, oxigenar a criana e disponibilizar, alm do

    material necessrio sua realizao, um detector de

    CO2 expirado (colorimtrico ou capnogrfico) ou, em

    crianas mais velhas e adolescentes, detector esofgico.

    Se uma seqncia rpida de intubao (SRI) for

    antecipada, deve-se evitar ventilao assistida que

    freqentemente distende o estmago e aumenta o risco

    de vmito e aspirao. Se houver suspeita de trauma de

    cabea e pescoo ou politraumatismo, a coluna cervical

    deve ser imobilizada durante a intubao.

    Devido aos riscos de hipoxia secundria, as

    tentativas de intubao no devem exceder 30 segundos

    e a freqncia cardaca e oximetria devem ser

    continuamente monitoradas. A intubao deve ser

    interrompida em qualquer das seguintes situaes:

    bradicardia (queda sbita da FC ou FC 2 anos :

    [(idade em anos/2) + 12].

    Uma vez que o tubo traqueal esteja posicionado,

    deve-se prover ventilao com presso positiva, e para

    checar a posio adequada do tubo, alm do exame

    clnico, monitorar o CO2 expirado, especialmente em

    crianas com ritmo cardaco e pulsos presentes. Na

    dvida, usar o laringoscpio e visualizar a passagem do

    tubo atravs da abertura gltica. Nos pacientes

    monitorados continuamente com oximetria de pulso, a

    saturao de oxignio tipicamente aumenta aps

    intubao adequada a menos que haja alterao da difuso

    atravs do alvolo ou grave alterao da relao

    ventilao-perfuso. Aps a intubao realizar de

    radiografia torcica para identificar e corrigir a posio

    do tubo.

    Uma vez que o tubo traqueal esteja fixado, em

    paciente responsivo, considerar a passagem de uma via

    orofarngea, que no desencadeie o reflexo do engasgo,

    adjacente ao tubo traqueal para prevenir que a criana

    morda o tubo e obstrua as VA.

    Como j mencionado, embora o mtodo mais

    seguro e efetivo de ventilao seja a intubao

    endotraqueal (ET), esta requer maior treinamento que

    a ventilao bolsa-mscara. Em atendimento pr-

    hospitalar, um nico estudo peditrico randomizado,

    demonstrou que a ventilao bolsa-mscara foi to

    efetiva quanto a intubao endotraqueal, e que, no

    subgrupo com insuficincia respiratria, esteve

    associada com melhora da sobrevida9,10. Este estudo

    refora a necessidade de treinamento na tcnica de

    ventilao bolsa-mscara como mtodo primrio de

    suporte ventilatrio, no suporte bsico de vida,

    particularmente se o tempo de transporte for curto.

    Quando se opta por prover intubao endotraqueal,

    importante o uso de um dispositivo que confirme a

    colocao adequada do tubo, tanto no local de

    atendimento do paciente, quanto durante o transporte,

    e tambm no hospital, j que os riscos de intubao

    inadequada so inaceitavelmente elevados, e os sinais

    clnicos que confirmam a colocao do tubo na traquia

    no serem totalmente confiveis10. A partir de dados

    que demonstram que a deteco de deslocamento e

    obstruo do tubo atravs da oximetria de pulso,

    alterao na freqncia cardaca ou presso arterial, pode

    demorar mais de 3 minutos 18, a confirmao da

    adequada colocao do tubo traqueal, atravs da

    deteco de CO2 expirado, fortemente recomendada

    em lactentes e crianas que no estejam em parada

    cardaca e recomendada no enfaticamente em

    pacientes com parada cardaca.

    Monitorao Respiratria No Invasiva

    O oxmetro de pulso um importante monitor,

    no invasivo, de crianas com insuficincia respiratria,

    por permitir monitorao contnua da saturao de O2

    arterial. Pode indicar precocemente deteriorao

    respiratria causando hipoxemia (como perda de via

    area artificial, desconexo da fonte de O2, falncia

    respiratria real ou iminente) e, por isso, deve ser usado

    durante estabilizao e transporte. Se a perfuso

    perifrica for inadequada (como no, choque ou parada

    cardaca), a oximetria no possvel, pois requer

    presena de fluxo sangneo pulstil. Alm disso, se o

    paciente for hiperoxigenado antes da intubao, a

    posio incorreta do tubo pode no ser reconhecida

    por um perodo varivel de tempo que depende da taxa

    de consumo de oxignio18.

    Como a confirmao clnica da posio adequada

    do tubo pode ser difcil, recomenda-se a deteco de

    CO2 expirado usando um dispositivo colorimtrico ou

    capnografia contnua em crianas. Uma alterao

    positiva na cor ou a presena de uma onda na

    capnografia mostrando o CO2 expirado confirma a

    Ressuscitao Cardiopulmonar em Pediatria

  • Rev Ped Cear - 2 (1) - Janeiro a abril/2001 13

    localizao do tubo na traquia quando acessado aps

    6 ventilaes19. So recomendadas 6 ventilaes para

    limpar o CO2 que pode estar presente no estmago e

    esfago aps ventilao bolsa-mscara. Observe que o

    CO2 pode ser detectado com intubao seletiva, desta

    forma, a deteco de CO2 no exclui a necessidade de

    exame clnico e radiolgico para confirmar a localizao

    adequada do tubo.

    No paciente em parada cardaca, o CO2 expirado

    confirma a localizao traqueal do tubo, mas a sua

    ausncia no confirma, nem exclui a localizao

    esofgica do tubo. Pacientes em parada cardaca podem

    apresentar fluxo sangneo pulmonar limitado e assim

    CO2 expirado indetectvel apesar da colocao

    adequada do tubo na traquia19,20. A baixa especificidade

    da monitorao do CO2 expirado em parada cardaca

    limita sua recomendao 20. Na dvida avaliar

    clinicamente e por exame larngeo direto.

    Se o detector de CO2 estiver contaminado por

    contedo gstrico cido ou por drogas cidas, tais como

    epinefrina administrada endotraqueal, a utilizao do

    detector colorimtrico pode no ser confivel. Alm

    disso, administrao de bolus endovenosos de epinefrina

    tambm pode reduzir, transitoriamente, o fluxo

    sangneo pulmonar e reduzir o CO2 expirado abaixo

    do limite de deteco nos paciente em parada cardaca21.

    Estudos em animais e em adultos 22 demonstram

    que se o tubo traqueal estiver adequadamente localizado

    CO2 expirado baixo ou ausente correlaciona-se com

    prognstico ruim da parada cardaca. Em adio,

    esforos que melhorem a compresso torcica

    produzem aumento do CO2 expirado coincidindo com

    dados que correlacionam DC com concentrao de CO2

    expirado. Dados limitados relacionando CO2 expirado

    com prognstico em parada cardaca peditrica, no

    permitem recomend-lo para predizer o prognstico em

    crianas.

    Os dispositivos de deteco esofgica baseiam-se

    na capacidade imediata de aspirar ar, atravs do tubo

    traqueal, da cartilagem de suporte da traquia por atrair

    o ar das vias areas inferiores. Se o tubo traqueal estiver

    localizado no esfago, a parede esofgica colapsa

    durante a aspirao pelo detector esofgico, impedindo

    o enchimento de uma seringa ou um bulbo de borracha

    auto-inflvel10. Em adultos que no esto em parada,

    esses detectores so muito sensveis em identificar

    localizao esofgico do tubo23. Em crianas, embora

    tenham sido utilizados com sucesso27, no parecem

    confiveis em menores de 1 ano 10 e, dados em

    intubaes emergenciais em lactentes e crianas so

    insuficientes para recomendar seu uso rotineiro.

    Quanto ao uso de dispositivos de monitorao

    respiratria aps intubao, alguns pontos devem ser

    considerados: nenhuma tcnica de confirmao 100%

    segura em tais circunstncias, os mesmos devem ser

    utilizados nos paciente que no estejam em PCR e ps

    parada cardaca para complementar o exame clnico. A

    deteco de CO2 expirado o mtodo mais especfico

    e sensvel para verificar a posio do tubo, que uma

    vez fixado deve ter sua posio ao nvel do lbio ou

    dente registrada, alm disso, repetio da confirmao

    e monitorao contnua so altamente recomendadas

    durante a fase de estabilizao e transporte.

    Se um paciente intubado deteriorar, considerar as

    possibilidades que podem ser lembradas pelo mnemnico

    DOPE: Deslocamento do tubo, Obstruo do tubo,

    Pneumotrax, e falha do Equipamento.

    Miscelnea de Acessrios Para Vias Areas e

    Ventilao

    Dispositivos de aspirao (portteis ou instalados)

    devem estar disponveis na sala de emergncia para

    aspirao farngea e traqueal e devem ter um regulador

    de aspirao ajustvel para crianas e pacientes

    intubados24.

    Quando a ventilao com bolsa-valva-mscara for

    impossvel e a intubao no puder ser realizada, (ex,

    trauma de face extenso) ventilao com cateter

    transtraqueal pode ser tentada, embora em pediatria os

    relatos com esta tcnica sejam incertos 10.

    Cricotireotomia percutnea com agulha, prov suporte

    de oxigenao efetivo, embora a eliminao de CO2

    possa no ser adequada. Em lactentes a pequena extenso

    da membrana cricotireodea limita a realizao da

    tcnica, que realizada com um cateter sobre agulha

    de dimetro grande (ex, 14) para puncionar atravs da

    pele a membrana cricotireodea. Aps alcanar o lmen

    traqueal a agulha removida e o cateter conectado

    bolsa-valva atravs de um adaptador padro de tubo

    traqueal (3mm).

    Suporte Circulatrio

    O suporte circulatrio, no contexto do suporte

    avanado de vida, envolve procedimentos que visam

    melhorar a perfuso tecidual, ou seja, aperfeioamento

    das compresses torcicas durante a parada cardaca,

    obteno de acesso venoso, utilizao de fluidos

    expansores do volume intra-vascular e utilizao de

    medicamentos.

    Reis AG, Prestes EX, Santos LHC, Bresolim NL, Silva VB

  • Rev Ped Cear - 2 (1) - Janeiro a abril/200114

    Compresses torcicas

    As tcnicas de compresso torcica j foram

    citadas na parte do suporte bsico de vida, entretanto

    algumas consideraes devem ser feitas. A

    ressuscitao cardiopulmonar deve ser realizada no local

    onde ela ocorre, assim se a parada cardaca ocorrer em

    um leito de hospital, um suporte firme deve ser colocado

    debaixo das costas do paciente. Uma prancha que se

    estenda desde o ombro at cintura e ocupe toda a

    largura do leito oferece timo suporte. Pranchas de

    estabilizao de coluna vertebral, devem ser usadas em

    ambulncias e unidades mveis de suporte de vida para

    os casos de trauma. Tambm em lactentes, uma firme

    superfcie deve ser usada sob as costas,na tcnica dos

    dois polegares uma das mos colocada sob as costas

    fornece suporte adequado.

    Dispositivos mecnicos para compresso torcica

    e RCP com compresso abdominal interposta no so

    recomendados para pacientes peditricos j que foram

    desenhados e testados somente em adultos. A

    toracotomia com compresso cardaca direta, embora

    seja uma tentativa tardia na parada cardaca, no pode

    ser rotineiramente recomendada devido ausncia de

    dados clnicos adequados mostrando efeito benfico

    em crianas.

    Obteno de Acesso Vascular

    Para que no ocorra perda de tempo, a equipe de

    ressuscitao deve usar um protocolo pr-estabelecido

    para obter acesso vascular na RCP, procedimento

    essencial para administrao de fluidos e drogas. Durante

    a parada cardaca o acesso preferido a veia mais

    acessvel que no requeira interrupo da ressuscitao.

    Se um cateter venoso central est instalado no

    momento da PCR, esta via deve ter preferncia. Embora

    no tenham sido observados, em modelos peditricos

    de ressuscitao, incio de ao mais rpido e nem pico

    mais elevado das drogas quando administradas

    centralmente, esse um acesso mais seguro por diminuir

    a chance de infiltrao de solues irritantes em tecidos

    perifricos.

    A venopuno perifrica nos braos, mos,

    pernas ou ps se alcanado rapidamente extremamente

    til. Infuso de bolus de cristalide (5 a 10 ml) deve

    seguir a administrao da droga. Em lactentes e crianas

    em choque descompensado, condies pr-parada e

    PCR deve-se estabelecer acesso intra-sseo se o acesso

    venoso no for conseguido imediatamente. Em crianas

    acima de 6 anos e adultos a taxa de sucesso de

    canalizao intra-ssea tende a ser menor, mas ainda

    representa uma boa alternativa quando o acesso vascular

    no pode ser alcanado rapidamente.

    Se o acesso vascular no rapidamente obtido

    em pacientes em parada cardaca e que j ento com

    tubo endotraqueal, drogas lipossolveis (epinefrina,

    lidocana, atropina, naloxone) podem ser administradas

    por via endotraqueal.

    Drogas usadas na ressuscitao

    Epinefrina

    Epinefrina uma catecolamina endgena com

    potente ao alfa e beta adrenrgica. Na parada

    cardaca, a vasoconstrio alfa adrenrgica a ao

    farmacolgica mais importante. Esta, aumenta a presso

    diastlica da aorta e conseqentemente melhora a

    perfuso coronariana25. A melhora da presso de

    perfuso coronariana associada s compresses

    torcicas aumenta a oferta de oxignio para o corao;

    aumenta a contratilidade do corao; estimula contrao

    espontnea e aumenta o sucesso da desfibrilao.

    O ritmo mais comumente observado na parada

    cardaca de crianas a assistolia e bradiarritmia 26.

    Na criana com bradicardia sintomtica, que no

    responde com ventilao efetiva e suplementao de

    oxignio, a epinefrina pode ser dada na dose de 0,01

    mg/kg (0,1 ml/kg da soluo 1:10.000) por via

    intravenosa ou intra-ssea ou 0,1 ml/kg (0,1 ml/kg da

    soluo 1:1000) por via traqueal. Epinefrina contnua

    (0,1 a 0,2 mg/kg/min, titulada para alcanar o efeito)

    pode ser considerada para bradicardia refratria.

    Altas doses de epinefrina (10 a 20 vezes a dose

    de rotina) aumentam o fluxo sangneo cerebral e

    miocrdico em animais em parada cardaca. Um nico

    estudo com 20 crianas com parada cardaca

    testemunhada, altas doses de epinefrina (0,2 mg/kg)

    foram associados com melhora de sobrevida e melhor

    resultado neurolgico27. Estudos multicentricos em

    adultos28, estudos animais bem controlados29, e dados

    peditricos retrospectivos no controlados30, falharam

    em mostrar qualquer benefcio com altas doses de

    epinefrina. Por outro lado, altas doses de epinefrina tm

    efeitos adversos, incluindo aumento de consumo de

    oxignio pelo miocrdio, estado hiperadrenrgico com

    taquicardia, hipertenso e ectopia ventricular aps a

    ressuscitao, necrose miocrdica e acentuao da

    disfuno miocrdica ps-parada 29. A grande

    variabilidade de resposta individual s catecolaminas faz

    com que a dose adequada de epinefrina para cada

    paciente seja provavelmente muito varivel31.

    A dose inicial de epinefrina recomendada na

    Ressuscitao Cardiopulmonar em Pediatria

  • Rev Ped Cear - 2 (1) - Janeiro a abril/2001 15

    ressuscitao 0,01 mg/kg (0,1 ml/kg da soluo de

    1:10.000) dada por via intra-ssea ou intravenosa;

    repetidas doses so recomendadas a cada 3 a 5 minutos.

    A mesma dose de epinefrina recomendada para

    segunda dose e doses subseqentes para assistolia no

    responsiva e parada sem pulso, mas altas doses de

    epinefrina (0,1 a 0,2 mg/kg; 0,1 a 0,2 ml/kg da soluo

    1:1000) por via intravascular devem ser consideradas.

    Se o paciente tem monitorizao contnua de presso

    intra-arterial durante RCP, doses subseqentes de

    epinefrina podem ser tituladas para o efeito desejado.

    Se monitorizao central disponvel, doses padres

    de epinefrina so adequadas se a presso diastlica

    artica maior que 20 mmHg, e altas doses de epinefrina

    devem ser empregadas se a presso diastlica mais

    baixa.

    A epinefrina absorvida por via endotraqueal,

    embora sua concentrao no plasma seja imprevisvel32.

    A dose traqueal recomendada 0,1 mg/kg (0,1 ml/kg

    da soluo 1:1000). Assim que o acesso vascular

    obtido, administrar epinefrina na dose 0,01 mg/kg, se a

    criana permanece em parada cardaca.

    Quando a circulao espontnea restaurada,

    infuso contnua de epinefrina pode ser til. Infuso de

    dose baixa (0,3 m/kg/min) resulta em vasoconstrio

    alfa e beta mediada.

    A epinefrina deve ser administrada num acesso

    vascular seguro, preferencialmente em veia central. Se

    a droga infiltrar nos tecidos, pode causar isquemia,

    levando a leso tissular e ulcerao. Epinefrina (e outras

    catecolaminas) podem ser inativadas por solues

    alcalinas e nunca devem ser misturadas com bicarbonato

    de sdio. Em virtude da ao das catecolaminas

    diminurem com acidose e hipoxemia33, essencial

    ateno ventilao e circulao.

    Atropina

    Sulfato de atropina, droga parasimpaticoltica,

    acelera o n sinoatrial e aumenta a conduo no trio-

    ventricular. Atropina recomendada no tratamento de

    bradicardia sintomtica causada por bloqueio AV ou

    aumento da atividade vagal, como a que ocorre durante

    a intubao. Pequenas doses de atropina podem

    desencadear bradicardia paradoxal 34; a dose

    recomendada 0,02 mg/kg, sendo o mnimo de 0,1

    mg e a dose mxima de 0,5 mg para crianas e 1,0 mg

    para adolescentes34. Altas doses de atropina endovenosa

    podem ser necessrias em algumas situaes especiais

    de ressuscitao, como intoxicao por

    organofosforados35. Se no h acesso venoso disponvel,

    pode ser administrado por via traqueal, apesar da

    absoro no ser confivel.

    Aps administrao de atropina pode ocorrer

    taquicardia, que geralmente bem tolerada pelo paciente

    peditrico. O uso de atropina para bloquear o reflexo

    vagal durante as manobras de intubao no

    recomendada de rotina por ter efeito de mascarar a

    bradicardia da hipoxia.

    Vasopressina

    um hormnio que atua em receptores

    especficos que causam vasoconstrio sistmica (V1

    receptor) e reabsoro de gua no tbulo renal (V2

    receptor). A vasopressina produz aumento do fluxo

    sangneo cardaco e cerebral em modelos

    experimentais de parada cardaca20, diminuio do fluxo

    sangneo esplncnico ocorre com altas doses. Um

    pequeno estudo em adultos com FV resistente

    desfibrilao revelou que a administrao de epinefrina

    mais vasopressina foi associada com maior

    sobrevivncia a em 24 horas36. No h dados para avaliar

    sua eficcia e segurana em crianas e lactentes at o

    momento.

    Clcio

    Clcio essencial no mecanismo de excitao e

    contrao miocrdica, no entanto no observada

    melhora no prognstico da parda cardaca com a

    administrao de clcio37 e a administrao de clcio de

    rotina em pacientes em assistolia no preconizada. O

    acmulo de clcio citoplasmtico que ocorre aps

    isquemia e durante a fase de reperfuso, est implicado

    com a via final da comum morte celular. Clcio

    reservado no tratamento da hipocalcemia documentada

    da hipercalemia, hipermagnesemia e superdosagem de

    bloqueadores de canal de clcio. H pouca informao

    sobre a dose de clcio na emergncia, sendo

    recomendada a dose de 5 - 7 mg/kg de clcio elementar.

    Cloreto de clcio a 10% a preparao de escolha

    porque mais biodisponvel que gluconato de clcio. A

    dose, na parada, pode ser infundida em bolus de 10 a

    20 segundos e repetida a cada 10 min se necessrio.

    Magnsio

    O magnsio o maior ction intracelular e atua

    como co-fator em inmeras reaes enzimticas.

    Promove o relaxamento de msculos lisos e vem sendo

    usado no tratamento da asma aguda grave. Devido ao

    Reis AG, Prestes EX, Santos LHC, Bresolim NL, Silva VB

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    seu efeito sobre o canal de clcio e talvez sobre outras

    membranas, tem sido til no tratamento de taquicardia

    ventricular torsades de pointes38. Os estudos clnicos

    comprovam sua ao na hipomagnesemia e torsades

    de pointes, embora venha sendo usado na prtica para

    diminuir arritmias ventriculares ps-infarto do

    miocrdio38. A dose recomendada 25 a 50 mg/kg (at

    2 g) atravs de infuso intravenosa em 10 a 20 minutos.

    Glicose

    Devido aos depsitos reduzidos de glicognio e

    s elevadas necessidades de glicose, as crianas

    desenvolvem hipoglicemia na presena de agravos.

    Assim, a concentrao sangunea de glicose precisa

    ser monitorada beira do leito durante os estados de

    coma, choque, ou falncia respiratria. A hipoglicemia

    deve ser tratada com glicose a 25% na dose de 2 a 4

    ml/kg que oferece 0,5 a 1,0 g/kg de glicose ou soluo

    a 10% na dose de 5 a 10 ml/kg que libera similar

    quantidade de glicose. Cuidado deve ser tomado, j que

    glicose hipertnica pode provocar aumento abrupto da

    osmolaridade srica, levando a diurese osmtica.

    Hiperglicemia antes de isquemia cerebral piora o

    prognstico neurolgico embora o efeito da

    hiperglicemia sobre a funo neurolgica aps isquemia

    seja desconhecido. Se hipoglicemia suspeitada ou

    confirmada, deve ser prontamente tratada com

    administrao de glicose intravenosa, conforme descrito

    acima.

    Dados de pacientes adultos demonstram que a

    administrao combinada de glicose, insulina e potssio

    aps insulto isqumico pode ser benfica em reduzir

    complicaes aps infarto do miocrdio. Na ausncia

    de dados convincentes mostrando benefcio ou

    malefcio da hiperglicemia ps parada cardaca, a

    recomendao atual para manter glicemia normal

    durante a ressuscitao evitar hipoglicemia ps-

    ressuscitao.

    Bicarbonato de sdio

    Como em crianas a falncia respiratria a

    principal causa de parada cardaca, a prioridade prover

    adequadas ventilao, suplementao de oxignio e

    restaurao da de perfuso sistmica. A infuso de

    bicarbonato pode piorar a acidose respiratria prvia

    por elevar o CO2. Uma vez que a ventilao e as

    compresses torcicas estejam efetivas e a epinefrina

    tenha sido administrada, o bicarbonato de sdio pode

    ser considerado para o paciente em parada cardaca

    prolongada.

    Apesar de estudos clnicos em adultos tenham

    falhado em demonstrar efeito benfico do bicarbonato

    de sdio sobre o estado hemodinmico, a despeito da

    melhora da acidose metablica39, o bicarbonato tambm

    pode ser considerado quando o choque associado com

    grave acidose metablica documentada. A deciso em

    administrar bicarbonato de sdio deve ser baseada em

    cada caso em particular. Por exemplo, no choque por

    cetoacidose diabtica, na grande maioria das vezes, o

    bicarbonato de sdio no est indicado mas sim fludos

    e insulina.

    Bicarbonato de sdio recomendado para

    tratamento de pacientes com hipercalemia sintomtica,

    hipermagnesemia, intoxicao por antidepressivos

    tricclicos ou bloqueadores de canais de clcio40.

    Quando indicado, a dose inicial do bicarbonato

    1 mg/kg (1 ml/kg da soluo 8,4%) por via intravenosa

    ou por via intra-ssea. A diluio 4,2% (0,5 mEq/ml)

    preconizada par neonatos.Na parada a mesma dose

    pode ser repetida a cada 10 minutos. Sempre que

    possvel a infuso de bicarbonato deve ser baseada na

    anlise de gases sangneos.

    Os efeitos adversos do bicarbonato so alcalose

    metablica, desvio do potssio para o espao intracelular,

    diminuio da concentrao de clcio ionizado, prejuzo

    da funo cardaca, hipernatremia e hiperosmolaridade.

    O bicarbonato leva precipitao do clcio e inativao

    de catecolaminas, assim deve-se evitar a mistura dessas

    solues.

    Ressuscitao cardiopulmonar de acordo com o

    ritmo cardaco

    A maioria das crianas vtimas de parada cardaca,

    a maioria tem bradiarritmia, assistolia ou atividade

    eltrica sem pulso e, aproximadamente 10% dos

    pacientes peditricos tem fibrilao ventricular (FV) ou

    taquicardia ventricular (TV) sem pulso.

    Em crianas com parada cardaca no traumtica,

    a FV foi relatada em apenas 3% de crianas de 0 a 8

    anos de idade, mas foi observada em 17% de vtimas

    de 8 a 30 anos de idade41. essencial reconhecer e

    tratar prontamente fibrilao ventricular e a taquicardia

    ventricular sem pulso, uma vez que os resultados da

    ressuscitao adequada nesses ritmos so melhores que

    na assistolia42.

    Os princpios bsicos da ressuscitao, como

    ventilao, oxigenao, compresso torcica e

    administrao de epinefrina, so os mesmos para todos

    os pacientes em parada cardaca (ausncia de pulso

    central), entretanto h algumas peculiaridades e

    prioridades na conduta que depende do ritmo observado

    no monitor cardaco. Assim o reconhecimento do ritmo

    cardaco atravs da monitorizao precoce essencial

    e pode ditar condutas que determinam o prognstico

    (ver fluxograma 1).

    Ressuscitao Cardiopulmonar em Pediatria

  • Rev Ped Cear - 2 (1) - Janeiro a abril/2001 17

    Fonte: Circulation. 2000;102 (suplI): I-253 a I-290. American Heart Association. Inc

    Reis AG, Prestes EX, Santos LHC, Bresolim NL, Silva VB

    Fluxograma 1

    Parada Cardaca sem Pulso

  • Rev Ped Cear - 2 (1) - Janeiro a abril/200118

    Bradiarritmias so os ritmos pr-terminais mais

    comuns observados em crianas e lactentes. Vrias so

    as situaes que levam bradicardia: hipoxemia,

    hipotermia, acidose, hipotenso, hipoglicemia, excessivo

    reflexo vagal e agresses ao sistema nervoso central. A

    bradicardia tambm pode ocorrer devido a bloqueio

    cardaco, e, nestes casos considerar causas induzidas

    por drogas, tais como intoxicao por digoxina e leso

    infamatria aguda do miocrdio. Crianas e lactentes

    com histria de cirurgia cardaca tambm tm risco

    aumentado de bradicardia devido a bloqueios em algum

    ponto do sistema de conduo.

    Bradicardia significante, definida como freqncia

    cardaca menor que 60 bpm ou uma rpida queda da

    freqncia cardaca associada com sinais de

    hipoperfuso sistmica, deve ser tratada imediatamente

    (ver fluxograma 2). O tratamento inicial deve ser

    Bradiarritmias

    (fluxograma 2)

    ventilao e oxigenao adequadas e se no houver

    resposta imediata compresses cardacas e uso de

    drogas. A droga de escolha na criana e lactente a

    epinefrina, embora atropina possa ser usada para tratar

    bradicardia acompanhada de perfuso inadequada ou

    hipotenso, a, epinefrina mais efetiva nestas situaes.

    Na bradicardia causada por bloqueio de ramo ou por

    aumento do tnus vagal deve-se utilizar a atropina. Se a

    bradicardia persiste a infuso contnua de epinefrina ou

    dopamina pode ser necessria.

    Em casos selecionados de bradicardia causada por

    bloqueio cardaco e funo anormal do n sinusal, o

    marca-passo transtorcico pode salvar vidas43. O marca-

    passo no til em crianas com bradicardia secundria

    a miocrdio isqumico ps-parada ou falncia

    respiratria44. Tambm no foi efetivo no tratamento de

    assistolia em crianas44.

    Ressuscitao Cardiopulmonar em Pediatria

    Distrbios do Ritmo Cardaco

    Taquicardia sinusal

    Taquicardia supraventricular

    Taquicardia ventricular

    Assistolia ventricular

    Fibrilao ventricular

    Fibrilao ventricular

  • Rev Ped Cear - 2 (1) - Janeiro a abril/2001 19

    Fluxograma 2

    Bradicardia

    Fonte: Circulation. 2000;102 (suplI): I-253 a I-290. American Heart Association. Inc

    Reis AG, Prestes EX, Santos LHC, Bresolim NL, Silva VB

  • Rev Ped Cear - 2 (1) - Janeiro a abril/200120

    Ressuscitao Cardiopulmonar em Pediatria

    Atividade eltrica sem pulso e assistolia

    AESP um estado clnico caracterizado por

    atividade eltrica organizada observada no monitor ou

    ECG na ausncia de dbito cardaco detectvel (pulsos).

    Este estado clnico freqentemente representa uma

    condio pr-terminal que precede assistolia.

    Freqentemente representa o final da atividade eltrica

    organizada de uma hipoxia grave, acidose miocrdica,

    e usualmente caracterizado no monitor como um ritmo

    de complexo largo e lento numa criana com hipoxemia,

    isquemia e hipercarbia. O tratamento o mesmo da

    assistolia e essencial detectar e corrigir possveis

    causas reversveis: 4 H's [hipovolemia, hipoxemia,

    hipotermia, hipercalemia (e outras alteraes

    metablicas como hipoglicemia e distrbios cido-

    bsicos)] e 4 T's [tenso no trax (pneumotrax),

    tamponamento cardaco, toxinas e tromboembolismo].

    Se o paciente permanece sem pulso, aps ter sido

    estabelecido ventilao, oxigenao e compresses

    torcicas, administra-se epinefrina (0,01 mg/kg). Muitas

    das causas reversveis de atividade eltrica sem pulso

    (pneumotrax, tamponamento cardaco, hipovolemia)

    podem ser pelo menos parcialmente corrigidas com

    administrao de bolus de fluidos de soro fisiolgico ou Ringer

    Lactato. O precoce reconhecimento e efetivo tratamento

    da AESP (e outros distrbios de ritmos associados com

    parada cardaca) melhoram a sobrevida45.

    Fibrilao Ventricular e Taquicardia V entricular

    Sem Pulso

    TV e FV so incomuns na criana. Quando

    observadas, considerar cardiopatia congnita,

    cardiomiopatia ou doena inflamatria do miocrdio

    (miocardite), uso de drogas (antidepressivos tricclicos;

    superdosagem de digoxina e toxicidade da combinao

    de antibiticos macroldeos com cisaprida) e causas

    metablicas (hipercalemia, hipocalcemia;

    hipermagnesemia); ou hipotermia.

    Choque para produzir desfibrilao a teraputica

    definitiva da FV/TV sem pulso, e deve ser realizado

    imediatamente. Ventilao, oxigenao, compresses

    torcicas e acesso vascular devem ser realizados at

    que o desfibrilador seja carregado, mas estas

    intervenes no devem retardar o choque. Se no

    houver reverso aps 3 choques , administre epinefrina

    na dose de 0,01 mg/kg (ou 0,1 mg/kg por via traqueal)

    e nova tentativa de desfibrilao em 30 a 60 segundos.

    Se FV ou TV sem pulso continua aps epinefrina e o

    choque, pode ser usada amiodarona na dose de 5 mg/

    kg em bolus intravenoso rpido, seguida por outra

    desfibrilao dentro de 30 a 60 segundos. Aps cada

    droga compresso torcica deve ser realizada para levar

    a droga ao stio de ao. Lembrar que o padro de

    tratamento aps os 3 choques iniciais : RCP-droga-

    choque podendo tambm ser aceito o RCP-droga-

    choque-choque-choque. Recomenda-se no mais que

    30 a 60 segundos de circulao artificial antes do

    prximo choque.

    TV/FV resistente ao choque considerada aquela

    que requer epinefrina e o quarto choque, ou que recorre

    aps desfibrilao inicial. Nesse caso amiodarona pode

    prevenir a recorrncia aps choque com sucesso.

    Bretlio no considerado uma droga apropriada

    por causa do risco de hipotenso 46 e ausncia de

    demonstrao de efetividade no tratamento da TV47 e

    ausncia de estudos publicados para seu uso em

    crianas.

    Em virtude de no poder ser administrada

    rapidamente, a procainamida tambm no considerada

    droga apropriada nesta situao. Embora sotalol no

    seja disponvel nos Estados Unidos em preparao

    endovenosa, esta droga pode ser considerada em outros

    pases.

    Amiodarona um antiarrtmico lipossolvel com

    farmacologia complexa, difcil de ser classificada. A

    forma oral da droga mal absorvida e a preparao

    endovenosa foi aprovada desde 1995; seu uso vem

    crescendo no tratamento de arritmias atrial e ventricular

    em adultos e crianas48. um inibidor no competitivo

    tanto de receptores alfa e beta adrenrgicos 49 e

    secundariamente a esse bloqueio simpatomimtico, a

    administrao endovenosa de amiodarona produz

    vasodilatao50 e supresso do nodo AV; tambm inibe

    o potssio, prolongando o intervalo QT, o que se pensa

    ser a maior ao nas arritmias agudas, mas pode tambm

    aumentar a propenso para arritmias ventriculares

    polimrficas. Amiodarona tambm inibe os canais de

    clcio, levando a baixa conduo do miocrdio

    Ritmos associados ausncia de pulso

    (Fluxograma 1)

  • Rev Ped Cear - 2 (1) - Janeiro a abril/2001 21

    ventricular e prolongamento da durao do QRS51. Essa

    droga tem sido usada mais para tratamento de ectopia

    atrial ou taquicardia ectpica juncional ps-cirurgia

    cardaca52 e em TV em ps-operatrio de pacientes com

    doena cardaca de base. A dose de 5 mg/kg em infuso

    de poucos minutos a 1 hora, dependendo da necessidade

    de se alcanar um rpido efeito da droga, e pode-se

    necessitar de repetidas doses, perfazendo no total de

    15 mg/kg/dia. O principal efeito colateral a hipotenso

    e em longo prazo pode haver interferncia com

    hormnios da tireide, levando a hipo ou

    hipertireoidismo53, pneumonia intersticial, microdepsito

    corneal, descolorao cinza da pele e elevao das

    transaminases hepticas. SARA incomum, mas pode

    ser observada em pacientes em uso prolongado de

    amiodarona, submetidas a procedimento cirrgico

    cardaco ou pulmonar, porm no tem sido relatado em

    crianas, mas j tendo sido relatada a fibrose pulmonar.

    A lidocana um bloqueador do canal de sdio e

    suprime arritmia ventricular. Embora lidocana tenha

    sido recomendada h muito tempo para o tratamento

    de arritmias ventriculares no lactente e na criana, no

    h dados que comprovem a sua eficcia. Lidocana pode

    ser considerada em crianas com FV ou TV sem pulso

    resistente ao choque eltrico. A dose recomendada

    1mg/kg por via endovenosa seguida por uma infuso

    de 20 a 50 ug /kg/min. Se houver um espao maior que

    15 min entre a 1a. dose e o incio da infuso, uma

    segunda dose de 0,5 a 1,0 mg/kg deve ser administrada

    para que se restaure rapidamente o nvel teraputico.

    Efeito colateral devido alto nveis da droga so a

    diminuio do dbito cardaco, falncia heptica ou renal.

    Excessiva concentrao plasmtica pode causar

    depresso circulatria e miocrdica e possvel sintomas

    do sistema nervoso central, incluindo desorientao e

    convulses.

    A procainamida um bloqueador de canal de sdio

    que prolonga o perodo refratrio atrial e ventricular e

    diminui a velocidade do sistema de conduo. A despeito

    do longo tempo de uso h poucas informaes de sua

    utilizao em crianas54 Procainamida precisa ser em

    baixa infuso para evitar toxicidade como bloqueio

    cardaco, depresso miocrdica, e prolongamento do

    intervalo QT (que predispe a taquicardia tosades de

    pointes), no indicada na TV sem pulso e fibrilao

    ventricular. Em crianas com ritmo de perfuso

    associada com TV, a procainamida pode ser considerada

    (classe IIb; LOE 5, 6, 7). Devem ser infundidos 15 mg/kg

    em 30 a 60 segundos com monitorizao contnua do

    ECG. Se o QRS alagar mais que 50% do basal ou ocorrer

    hipotenso, pare a infuso. No deve ser usada com

    outros agentes que aumentem o intervalo QT como a

    amiodarona.

    Vasoconstritor deve ser considerado quando FV/

    TV resistente ao choque, j que a vasoconstrio pode

    ser inadequada e a presso de perfuso coronariana

    limitada o que faz com que o miocrdio no responda

    ao choque. Por esta razo, alta dose de epinefrina (0,1

    a 0,2 mg/kg) pode ser considerada. Vasopressina pode

    ser til em FV e TV sem pulso, mas os dados so

    insuficientes para recomendaes rotineiras em crianas.

    Desfibrilao

    Desfibrilao a despolarizao do miocrdio

    atravs de choque eltrico, que poder ento reassumir

    despolarizao espontnea, especialmente se o miocrdio

    est oxigenado, com temperatura normal e sem acidose

    grave. A p do desfibrilador um dos determinantes da

    impedncia torcica, que encaminham a corrente eltrica

    atravs do trax. As ps de adultos (8 a 10 cm) so

    recomendadas para crianas acima de 10 kg

    (aproximadamente 1 ano), e deve ser selecionada para

    abranger maior rea possvel a fim de diminuir a

    impedncia e aumentar o fluxo de corrente atravs do

    trax. Para conduo da corrente pode ser usado soro

    fisiolgico, gel de eletrodos, no devendo ser usado gel

    de ultra-som porque pobre condutor. As ps devem

    ser colocadas firmemente sobre o trax, sendo uma na

    parte superior do lado direito e a outra no pice (

    esquerda do mamilo esquerdo) do corao.

    A dose tima para produzir desfibrilao no est

    conclusivamente estabelecida, mas dados disponveis

    sugerem uma dose inicial de 2 J/kg55 Se a dose no for

    suficiente para provocar desfibrilao, poder ser

    dobrada para 4 J/kg. As 3 primeiras tentativas de

    desfibrilao devem ocorrer em rpidas sucesses, com

    pausa suficiente somente para observar (no monitor)

    se a FV persiste.

    Aps 3 tentativas de desfibrilao, proceder a RCP,

    corrigir acidose, hipotermia e hipoxemia, administrar

    epinefrina, e tentar nova desfibrilao. Se o 4o choque

    ineficaz, est indicada amiodarona ou lidocana ou

    alta dose de epinefrina e repetio de choque 4 J/kg

    aps 30 a 60 segundos de cada droga.

    Desfibrilador Externo Automtico na Criana (DEA)

    DEAs so utilizados em quites de atendimento pr-

    hospitalar para determinar ritmo cardaco e liberar

    choques para produzir desfibrilao em adultos. Eles

    podem ser usados para identificao de ritmo para

    Reis AG, Prestes EX, Santos LHC, Bresolim NL, Silva VB

  • Rev Ped Cear - 2 (1) - Janeiro a abril/200122

    Ressuscitao Cardiopulmonar em Pediatria

    crianas maiores de 8 anos de idade, mas no so

    recomendados para lactentes e crianas menores. A

    carga de energia liberada pelos DEAs monofsicos ou

    bifsicos disponveis excede a recomendada de 2 a 4 J/

    kg para a maioria das crianas

  • Rev Ped Cear - 2 (1) - Janeiro a abril/2001 23

    nestes pacientes. O dbito urinrio um indicador

    importante da perfuso renal e deve ser monitorado

    atravs da instalao de um sonda de demora.

    A avaliao laboratorial destes pacientes inclui

    dosagem srica dos gases, eletrlitos, glicose e clcio.

    A radiografia de trax importante tambm para se

    avaliar o tamanho do corao, presena de choque

    cardiognico, sinais de edema pulmonar, e outras

    alteraes pulmonares.

    As classes de agentes usados para manter a funo

    circulatria podem ser divididas em: inotrpicos,

    vasopressores e vasodilatadores. A indicao mais

    precisa destas drogas alcanada quando se consegue

    ter uma exata noo da situao cardiovascular do

    paciente, o que no fcil, sendo necessrio muitas

    vezes o emprego de exames invasivos como a

    monitorao da presso venosa central, presso capilar

    pulmonar, e dbito cardaco.

    A infuso de epinefrina est indicada no tratamento

    de qualquer choque com perfuso sistmica diminuda

    que no tenha respondido ressuscitao fludica. Ela

    pode ser prefervel dopamina em pacientes com

    instabilidade hemodinmica profunda. A infuso

    geralmente iniciada com 0,1-0,3 ug/kg/min e titulada

    at 1 ug/kg/min, de acordo com a resposta clnica.

    A dopamina, em baixas doses (0,5-2 ug/kg/min)

    aumenta o fluxo renal e esplncnico, com pequeno efeito

    hemodinmico, embora tenham sido demonstrados

    aumento da presso sangunea e dbito cardaco em

    neonatos mesmo com o emprego dessas doses.57 Em

    doses maiores que 5ug/kg/min, a dopamina causa tanto

    a estimulao direta dos receptores cardacos b-

    adrenrgicos quanto a estimulao indireta atravs da

    liberao dos estoques de norepinefrina das terminaes

    simpticas do corao. No entanto os estoques de

    norepinefrina esto diminudos nas doenas cardacas

    congestivas crnicas e nas crianas nos primeiros

    meses de vida, e por isto nestas condies, o efeito da

    dopamina pode ser menor. Como possui efeito inotrpico

    e vasopressor, usada no tratamento do choque

    circulatrio aps ressuscitao, ou quando o choque

    no responde a administrao fludica, com baixa

    resistncia vascular. Geralmente inicia-se com 2-5 ug/

    kg/min, e pode ser aumentada at 10-20 ug/kg/min. Se

    um maior efeito inotrpico for necessrio, prefervel

    a infuso de dobutamina ou epinefrina, a uma dose maior

    que 20 ug/kg/min de dopamina. Se um maior efeito

    vasopressor for necessrio, deve-se dar preferncia a

    infuso de epinefrina ou norepinefrina.

    A dobutamina um agente inotrpico seletivo,

    aumentando a contrao miocrdica, e diminuindo o

    tnus muscular perifrico. A dobutamina

    particularmente til no tratamento do baixo dbito

    cardaco secundrio a uma funo miocrdica

    diminuda58, tal como se segue parada cardaca.

    Geralmente infundida em uma dose que varia de 2-20

    ug/kg/min.

    A norepinefrina um potente agente inotrpico,

    que tambm ativa os receptores a e b adrenrgicos.

    Nos nveis de infuso usados clinicamente os efeitos a

    adrenrgicos predominam e da resultam os efeitos

    positivos e negativos da norepinefrina. Como tem

    potente ao vasoconstritora , a norepinefrina usada

    em pacientes com baixa resistncia vascular sistmica,

    que no responde ressuscitao fludica. Dados

    clnicos em adultos mostram que ela melhora a perfuso

    renal e esplncnica em pacientes com hipotenso ou

    choque sptico, especialmente se combinada com

    dobutamina59. Outros dados mostram que uma

    combinao de baixas doses de dopamina com

    norepinefrina melhora o fluxo esplncnico e renal, e

    no provoca vasoconstrio excessiva. A infuso de

    norepinefrina deve ser oferecida a uma titulao de 0,1-

    2,0 ug/kg/min., Esta dose deve ser ajustada at se

    alcanar o efeito desejado em presso sangunea e

    perfuso.

    O nitroprussiato de sdio um vasodilatador que

    reduz o tnus em todo o leito vascular, estimulando a

    produo local de xido ntrico. No tem nenhum efeito

    direto no miocrdio quando infundido em doses

    teraputicas, mas o dbito cardaco aumenta por conta

    da diminuio da resistncia vascular sistmica e

    pulmonar. Portanto est indicado no tratamento do

    choque ou estados de baixo dbito com alta resistncia

    vascular. Tambm usado no tratamento da hipertenso

    grave. Em pacientes com choque cardiognico, atua

    diminuindo a resistncia vascular de forma que a presso

    sangunea estabiliza. Se o paciente estiver desidratado,

    o nitroprussiato est contra-indicado porque provocar

    hipotenso.Deve ser infundido de forma continua em

    soluo glicosada, iniciando-se com 1 ug/kg/min e

    ajustando-se a dose at 8 ug/kg/min.

    Os inodilatadores combinam a ao inotrpica

    sobre o corao com a ao vasodilatadora nos leitos

    sistmico e pulmonar. Os agentes disponveis so a

    amrinona e a milrinona. So usados para tratar crianas

    com disfuno miocrdica e resistncia sistmica e

    pulmonar aumentadas. So teis no tratamento da

    falncia cardaca congestiva no ps-operatrio de

    cirurgia cardaca, da miocardiopatia dilatada do choque

    Reis AG, Prestes EX, Santos LHC, Bresolim NL, Silva VB

  • Rev Ped Cear - 2 (1) - Janeiro a abril/200124

    Ressuscitao Cardiopulmonar em Pediatria

    sptico, ou da disfuno miocrdica com alta resistncia

    vascular sistmica. A amrinona infundida em uma

    dose inicial de 0,75-1,0 mg/kg por 5 minutos. Caso o

    paciente tolere bem esta dose, ela pode ser repetida at

    2 vezes perfazendo uma dose de ataque total de 3 mg/

    kg, seguida por uma infuso de 5-10 ug/kg/min.

    Algumas condies mudam o efeito da amrinona, como,

    por exemplo, a idade, e a funo renal. Se ocorrer

    hipotenso durante a dose de ataque, deve se infundir

    um bolus de 5-10 ml/kg de soluo salina, posicionando

    o paciente com a cabea mais baixa, em decbito ventral.

    Caso isto no seja suficiente, ento um agente

    vasopressor deve ser usado, e a infuso da amrinona

    suspensa. Se a funo renal no estiver boa, a droga

    vai se acumular, e os efeitos de hipotenso e

    vasodilatao excessiva sero notados em um perodo

    de 12-24 horas. Outro efeito importante da amrinona

    uma maior destruio plaquetria, por isto recomenda-

    se a contagem de plaquetas a cada 12-24 horas, aps o

    incio da infuso. A milrinona tem as mesmas indicaes

    j citadas para a amrinona, com uma meia vida mais

    curta e com menos efeito sobre as plaquetas, sendo

    assim preferida. Deve ser infundida em bolus na dose

    de 50-75ug/kg, seguida de uma infuso de 0,5-0,75ug/

    kg/min60.

    Suporte neurolgico

    A disfuno neurolgica pode contribuir ou resultar

    da parada cardaca. A chave para a preservao

    neurolgica uma rpida restaurao e manuteno da

    oferta adequada de oxignio para o crebro, e a

    preveno de dano secundrio aos neurnios. Portanto

    diante da evidncia de depresso do sistema nervoso

    central, a manuteno da via area deve ser assegurada

    com a intubao e ventilao mecnica. Os dados atuais

    no apoiam o uso de hiperventilao de rotina em

    pacientes com leso cerebral, podendo inclusive

    prejudicar a recuperao neurolgica, devido a uma

    combinao de efeitos adversos no dbito cardaco,

    retorno venoso cerebral e tnus vascular cerebral.

    Manter ventilao normal, com nveis de PaCO2 entre

    35 a 40 mm Hg deve ser o objetivo. Hiperventilao

    est justificada nos casos de hipertenso intracraniana

    enquanto a conduta definitiva no est disponvel.

    Dados recentes sugerem que a hipotermia ps-

    parada ou ps-isquemia (temperaturas de 33-36C) pode

    ter efeito benfico sobre a funo neurolgica61. No

    existem, porm, dados suficientes para que se

    recomende a aplicao de hipotermia de rotina, mas

    pacientes ps-parada, que tiverem uma temperatura

    inferior a 37,50C e maior que 33 0C no devem ser

    aquecidos. Se a temperatura for menor que 330C devem

    ser aquecidos at 340C apenas. No paciente com leso

    neurolgica, ou aps a parada, com dbito cardaco

    comprometido, deve-se corrigir a hipertermia com

    resfriamento, at atingir uma temperatura normal.

    Tremores devem ser tratados, pois aumentam a demanda

    metablica, inclusive sedao pode ser utilizada para

    atingir este objetivo, at mesmo bloqueio neuromuscular

    pode ser necessrio.

    Crises convulsivas podem ocorrer aps a parada

    cardaca devido intensa agresso hipxico-isquemica,

    entretanto, necessrio investigar e controlar possveis

    distrbios metablicos e eletrolticos. Como as

    convulses aumentam a demanda metablica cerebral,

    o seu tratamento deve ser agressivo, sendo os

    benzodiazepnicos as drogas iniciais. No existe

    evidncia da necessidade de se usar anticonvulsivante

    para se prevenir a crise convulsiva de rotina. Caso o

    paciente com leso neurolgica ou ps-parada necessite

    de bloqueio neuromuscular, necessrio monitorar a

    atividade cerebral, e caso isto no seja possvel, pode-

    se administrar um anticonvulsivante tal como fenitona

    ou fenobarbital, em uma tentativa de se evitar convulses

    no detectveis clinicamente.

    Transporte

    Idealmente o paciente gravemente enfermo deve

    ser transferido para uma unidade de cuidados intensivos,

    aps sua estabilizao. A melhor equipe para transportar

    este paciente seria aquela com treinamento especfico

    e experincia no manuseio do paciente peditrico em

    estado grave, sob a superviso de um pediatra

    especializado em emergncias ou cuidados intensivos.

    As condies do tempo, a distncia, e a condio clnica

    do paciente vo determinar o meio de transporte mais

    seguro para cada caso. O equipamento especfico deve

    estar disponvel para este transporte.

    Presena da famlia durante a ressuscitao

    De acordo com as pesquisas nos EUA e Inglaterra,

    a maioria dos familiares gostaria de estar presente

    durante as tentativas de ressuscitao de um ente

    querido. Familiares leigos relatam que bastante

    confortante estar presente nos ltimos instantes de vida

    dos que amam62. Geralmente eles no pedem para

    estarem presentes, mas os profissionais de sade devem

  • Rev Ped Cear - 2 (1) - Janeiro a abril/2001 25

    oferecer esta oportunidade, quando for pertinente e as

    condies de assistncia forem adequadas.

    Quando os familiares estiverem presentes os

    profissionais de sade devem se mostrar sensveis a

    esta presena, e, quando a ressuscitao ocorrer no

    hospital, se possvel algum da equipe deveria prestar

    assistncia ao familiar, oferecendo informaes, e

    palavras de conforto.

    Trmino da Ressuscitao

    Apesar dos esforos empregados, freqentemente

    a maioria das crianas que apresenta parada cardaca,

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    no sobrevive. Pode haver um retorno da circulao

    espontnea, mas a morte ocorre, com freqncia na

    U.T.I.. Se a criana no responder a pelo menos 2 doses

    de epinefrina, com retorno da circulao espontnea,

    h pouca probabilidade de sobrevivncia63. Na ausncia

    de fibrilao ventricular ou taquicardia ventricular sem

    pulso refratria ou recorrente, ou histria de exposio

    a drogas, ou hipotermia primria, as tentativas de

    ressuscitao devem ser descontinuadas se no ocorrer

    retorno de circulao espontnea aps as intervenes

    de suporte avanado de vida, que em geral no

    ultrapassam 30 minutos.

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