aula 07 - a macroeconomia keynesiana

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    Aula 7 : A Macroeconom ia Keyn esiana

    Nesta nossa 7 aula, ns estaremos entrandono cerne da macroeconomia propriamente dita,introduzindo a chamada teoria macroeconmicakeynesiana cuja principal caracterstica o papeldo governo e de sua poltica fiscal (impostos egastos governamentais) na determinao do nveldo produto e da renda agregados. Trata-se deuma teoria desenvolvida em funo da grande

    depresso de 1929-33 e que ainda se mantm namoda nos dias de hoje, sendo rotineiramenteobjeto de questes nas provas de macro-economia dos concursos pblicos. Ento, vamosl!

    1 .I n t roduo : O Equ i l b r i o com Desem prego : Clss icos x Keynesian os

    At a grande depresso de 1929-33, a questo do desemprego nocausava maiores preocupaes. A maioria dos economistas formadosna tradio clssica acreditava que, eventualmente, poderia surgiralgum desemprego, mas era um fenmeno temporrio que, logo, seriaeliminado pelo prprio mecanismo e atuao livre das foras demercado.

    Esta crena dos clssicos de que o pleno emprego da mo-de-obraera a situao natural e normal da economia, baseava-se,fundamentalmente, na chamada Lei de Say, segundo a qual a oferta

    cria sua prpria demanda.Em outras palavras, por trs da Lei de Say est o raciocnio de que

    os indivduos s ofertam seus recursos produtivos como os servios demo-de-obra porque desejam comprar bens e servios. Assim, se umaumento da oferta de servios de um indivduo produzisse 10 unidadesde produtos adicionais, haveria automaticamente um aumento dademanda por bens e servios no mesmo montante. Em conseqncia,

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    tudo o que fosse produzido seria consumido, no havendo razes parasub-produo ou super-produo. No sobraria nem faltaria produto.

    1.1 . A poupana e o i n ves t im ento no s is tem a c lssi co

    Como se poderia conciliar esta posio dos economistas clssicoscom a existncia evidente de poupana? Se as pessoas poupam porque optaram por no gastar toda a renda que obtiveram no processoprodutivo. Conseqentemente, a oferta de produtos (que deu origem renda) ser maior que a demanda.

    A explicao clssica para a poupana (S) a de que os indivduossomente estaro dispostos a adiar o consumo, ou seja, a poupar, casolhes seja pago um prmio ou recompensa (juros) por este sacrifcio. Aquantidade poupada ser, ento, maior ou menor quanto maior oumenor for a taxa de juros (r).

    Em outras palavras, existe uma relao direta e positiva entre S e r.Se r se eleva (cai), a poupana se eleva (se reduz). Esta relao estilustrada na Figura 1, abaixo:

    I

    Figura 1 Figura 2

    Mas, os bancos s oferecero uma taxa de juros maior, pelapoupana do pblico, se houver, por parte dos tomadores deemprstimos, isto , as empresas, uma demanda satisfatria. Nomodelo clssico, as firmas demandaro estes recursos para compraremnovas mquinas, ou seja, para realizarem seus investimentosprodutivos. Mas, s o faro se os retornos esperados dessesinvestimentos excederem o custo dos emprstimos dado pela taxa de

    juros. Da, pode-se concluir que a quantidade de investimentos (I) que

    r

    S

    S

    r

    I

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    ser efetivada (isto , a demanda por recursos da poupana) variarinversamente taxa de juros. Se r estiver baixa, haver maisinvestimentos; se r estiver alta, haver menos investimentos. Estarelao inversa ou negativa entre I e r est mostrada na Figura 2.

    Observe, agora, a Figura 3, que mostra as curvas de I e S, juntas.Nesta figura esto marcadas trs taxas de juros (r1, r0 e r2). Se, poracaso, a taxa de juros estiver num nvel muito elevado, digamos r1,haver um excedente de poupana sobre os investimentos e, emconseqncia, os bancos reduziro o prmio (r) que pagam pelapoupana. Com um r menor, a poupana deve se reduzir e oinvestimento aumentar. Se, ao contrrio, r estiver muito baixo,

    digamos, se r2, haver muita demanda por investimentos, e faltarpoupana. Em conseqncia, os bancos aumentaro r para atrair maispoupana. Com r se elevando, S aumenta e I cai. No final desteprocesso, teremos um nvel de r tal que igualar S e I. Na Figura 3, estenvel r

    0.

    Figura 3

    H duas anotaes importantes a serem feitas com relao aosistema clssico: primeiro, neste sistema, o valor da taxa de juros determinado pela oferta de fundos (poupana) e pela demanda porestes fundos (investimentos). Esta uma concluso diferente da que foiproposta na teoria keynesiana que diz que a taxa de juros determinada no mercado monetrio, pela oferta e demanda de moeda.Segundo, pela teoria clssica, a igualdade entre S e I ocorre sempre aonvel da renda de pleno emprego (Yf).

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    1.2. A c r t i ca keyn es iana

    Esta viso clssica dos problemas econmicos sempre foi aceita semmaiores contestaes at a Grande Depresso do incio dos anos 30.Com o aprofundamento da crise econmica de 1929-33 e no havendoqualquer sinal de que a economia americana (e europia) poderia serecuperar atravs da atuao das foras de mercado, os pressupostosda teoria clssica comearam a ser questionados. Isto propiciou oaparecimento de uma nova teoria para explicar, de forma maisconvincente, o fenmeno da crise e sua conseqncia mais evidente edireta: o desemprego em massa.

    Esta nova escola, que deu uma verdadeira guinada na forma deenfocar os problemas macroeconmicos, teve seus princpios epressupostos expostos no livro Teoria Geral do Emprego, dos Juros eda Moeda, publicado em 1936 pelo economista ingls John MaynardKeynes e que provocou uma verdadeira revoluo no pensamentoeconmico. Esta nova interpretao dos fenmenos macroeconmicosmodernos conhecida como Teoria Keynesiana e que ser objeto denosso estudo a seguir se assenta em trs proposies importantesrelativamente simples, a saber:

    I - Desemprego: ao contrrio dos economistas clssicos, Keynesargumentou que as foras de mercado de uma economiapoderiam no ser suficientemente fortes para levar a economia aopleno emprego. Na realidade, o equilbrio macroeconmicopoderia ocorrer em um nvel com desemprego em grande escala;

    II- Causa do desemprego: na interpretao de Keynes, odesemprego era o resultado de gastos muito baixos em bens eservios; ou seja, o desemprego era devido essencialmente auma demanda agregada insuficiente;

    III- Remdio para o desemprego: para acabar com odesemprego, a nica sada aumentar a demanda agregada. E,para Keynes, a melhor maneira para isso era aumentar os gastosgovernamentais.

    Com esta introduo, passamos agora ao estudo da determinaodo nvel da renda de equilbrio, de acordo com a teoria keynesiana.

    2. A Dem anda e a o fe r t as agregadas

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    A teoria keynesiana est voltada para a chamada determinao do

    nvel da renda nacional de equilbrio no sentido de que a ofertaagregada isto , a produo total de bens e servios de uma economia seja igual demanda agregada ou seja, os dispndios dacoletividade com estes bens e servios. Invertendo o pressuposto da Leide Say (a oferta cria sua prpria demanda), a abordagem keynesianaafirma que a demanda agregada determina o nvel da oferta agregadae, conseqentemente, o nvel da renda de equilbrio.

    Mais importante ainda, este equilbrio entre oferta e demandaagregadas pode ocorrer (e geralmente ocorre) em um ponto abaixo do

    nvel de pleno emprego (Yf). Ou seja, a economia est em equilbriomas com desemprego de mo-de-obra e com fbricas produzindoaqum de sua capacidade de produo. Para que a economia atinja onvel do pleno, necessrio que a demanda agregada seja aumentadaatravs do aumento de qualquer de seus componentes.

    Mas, o que vem a ser demanda agregada? O que chamamos dedemanda agregada (DA) o resultado da soma das compras dediferentes agentes econmicos, a saber:

    a) gastos de consumo privado (C ) - que so os dispndios dosindivduos em bens e servios, como alimentao, vesturio,automveis, viagens, lazer, etc.

    b) investimentos (I) - que so as compras de mquinas eequipamentos e edificaes pelas empresas, mais as adiesdesejadas ou voluntrias de estoques (no incluindo, portanto,o aumento no-planejado de estoques, isto , os produtos no-vendidos devido a uma insuficiente demanda);

    c) gastos do governo (G) - a includos os dispndiosgovernamentais com compras de bens e servios e com opagamento de funcionrios, para o bom funcionamento daadministrao pblica;

    d) exportaes (X) - traduzidas nas vendas de bens e servios aoexterior.

    Ou seja,

    DA = C + I + G + X (1)

    De outro lado, temos a oferta agregada (OA) tambm chamadade oferta global (OG) - compreende todos os produtos disponveispara venda no mercado interno, seja oriundos da produo interna, seja

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    oriundos das importaes. Em outras palavras, a oferta agregada (OA)se compe da soma do produto interno bruto, a preos de mercado (Y),mais as importaes de bens e servios (M). Ou:

    OA = Y + M (2)

    Lembrando que, em equilbrio, a oferta agregada deve ser igual demanda agregada, temos:

    Y + M = C + I + G + X (3)

    e,

    Y = C + I + G + X - M (4)

    sendo (X-M) as chamadas exportaes lquidas.

    Recordando que, pelas identidades das contas nacionais, o valor doproduto corresponde ao valor da renda gerada, podemos concluir, apartir da equao (4) que, sabendo-se os valores dos diversoscomponentes da demanda agregada, encontraremos o valor da renda ouproduto nacional1 de equilbrio (Y).

    Assim, nosso objetivo passa a ser o de estudar um modelo que nospermita encontrar este nvel de equilbrio da renda. Para facilitar nossoentendimento, dividiremos a anlise em trs etapas:

    i) primeiro, excluiremos de nosso modelo o governo e o setorexterno;

    ii) depois, incluiremos o governo; e,iii) finalmente, completaremos o modelo com a incluso do setor

    externo.

    3. Mode lo s imp les de do is se tores : economia

    fechada e sem governo

    Numa economia muito simples, sem governo e sem setor externo,isto , sem transaes com o exterior, a renda nacional (Y) ser

    1 Como j mostramos na Aula 4, a diferena entre o produto interno e o nacional, e entre a rendainterna e a nacional reside na renda lquida enviada ao exterior. Para os nossos objetivos aqui, estadiferena irrelevante e os dois conceitos podem ser usados de forma intercambivel, sem prejuzo daanlise e de suas concluses. No caso do presente texto, estaremos, doravante, usando os termos rendanacional de equilbrio ou produto nacional de equilbrio, ao invs de interno por serem aqueles de usomais freqente nos livros textos de macroeconomia.

    Comentrio:

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    destinada apenas ao consumo das famlias (C) e poupana (S), j que,no havendo governo, no h impostos. Temos, ento:

    Y = C + S (5)

    Da mesma forma, o produto nacional (Y) se destinar ao consumodas famlias (C) e aos investimentos das empresas (I), ou seja:

    Y = C + I (6)

    Pela equao (5), a poupana (S) ser dada pela diferena entre arenda nacional (Y) e o consumo (C). Sendo a poupana um no-gasto,poder-se-ia imaginar, a princpio, que a poupana seria

    contraproducente para a economia, uma vez que, se a renda no forgasta por quem a recebeu, haver formao indesejada de estoques deprodutos numa ou noutra empresa. Esta sobra de produtos far comque estas empresas cortem produo no momento seguinte, reduzindoo emprego e a renda nacional. Se assim , por que, ento, a poupana bem vista por todos e at estimulada pelo governo? A resposta muitosimples: a poupana financia os investimentos produtivos das empresas.Sem poupana no h investimentos. Mas, importante entender que,para que o nvel da renda nacional esteja em equilbrio, necessrioque a poupana planejada pelas famlias seja igual ao investimento

    planejado pelas empresas. Isto significa que, em equilbrio,

    S = I (7)

    De acordo com a equao (6), se soubermos os valores de C e deI, ou de C e S, na equao (5), encontraremos o nvel da renda nacionalde equilbrio. Vejamos como calcul-la, comeando pelo consumo (C):

    3.1 . A funo consum o

    Seguindo o raciocnio de Keynes, parece razovel afirmar que o

    principal determinante do consumo a renda disponvel (Yd), isto , omontante que as pessoas dispem para gastar aps retirados osimpostos e acrescidas as transferncias governamentais. No casopresente, como estamos supondo, por enquanto, que no existegoverno nessa economia, no h impostos nem transfernciasgovernamentais e, portanto, a renda disponvel (Yd) igual, pordefinio, renda nacional (Y). Assim, se a renda cresce ou se reduz, omesmo ocorrer com o consumo, mas no necessariamente no mesmomontante.

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    A funo consumo mostra a relao existente entreo nvel das despesas de consumo e o nvel da rendadisponvel.

    Empiricamente, descobriu-se que o consumo corresponde a umaproporo e da renda e que esta proporo entre consumo e rendadisponvel altamente estvel.

    Mas, ser que o valor do consumo total determinadoexclusivamente pela renda disponvel corrente? Como se explica, ento,que pessoas que no dispem de renda no momento presente, como ocaso daquelas que se encontram desempregadas, consomem ummnimo que seja? Na realidade, quando se olha no agregado, percebe-se que uma parte do consumo total independe do nvel de renda oupelo menos do nvel da renda corrente ou presente. Se assim ,podemos definir a funo consumo do seguinte modo:

    C = a + bYd (8)

    onde, a = parte autnoma do consumo,2 isto , a parcela queno depende da renda;

    b = frao da renda que gasta.

    Esta frao b chamada de propenso marginal a consumir (PMC)- que, na verdade, se constitui num dos mais importantes conceitosintroduzidos por Keynes na anlise da determinao do nvel da renda.O termo marginal sempre significa, em economia, um extra ou

    adicional qualquer decorrente de um acrscimo qualquer ocorrido emum varivel. No caso presente, significa o adicional de consumodecorrente de um aumento na renda. Tecnicamente, a propensomarginal a consumir definida pela razo entre a variao no consumo(C) decorrente de uma variao na renda disponvel (Yd) e estavariao na renda. Ou seja,

    2 O trao horizontal sobre a letra significa que um valor dado, autnomo, isto , que no depende de outravarivel.

    (9)Yd

    CbPMC

    ==

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    O valor de b situa-se no intervalo entre 0 e 1, valendo notar queeste valor, como j se disse, bastante estvel ao longo do tempo,significando dizer que se a PMC de uma sociedade , digamos, 0,8 ( oque equivale dizer que corresponde a 80% da renda disponvel), estevalor tende a permanecer em torno desse valor por vrios anos.3

    3.2 . A funo poupan a

    Nem toda a renda pessoal disponvel se destina ao consumo. Umapequena parcela se destina poupana (S). Podemos dizer que a

    poupana corresponde parcela da renda disponvel que no gasta.Ou:

    Renda disponvel = consumo + poupana

    e,

    Poupana = renda disponvel - consumo

    Em notao abreviada, temos:

    Yd = C + S (10)

    S = Yd - C (11)

    Para acharmos a funo poupana basta substituirmos na equao(11) o valor do consumo dado pela equao (8), ou:

    S = Yd - (a + bYd)

    S = -a +Yd - bYd

    e,

    S = -a + Yd (1-b) (12)

    Tal como no consumo, um conceito importante com relao poupana a chamada propenso marginal a poupar (PMP) ou (s) e quepode ser definida como sendo a razo entre a variao na poupana,

    3 O estudante no deve confundir o conceito de PMC com um outro conceito semelhante que a propensomdia a consumir (PMeC). Esta ltima dada pela razo entre o consumo total e a renda disponvel, isto ,PMeC = C/Yd ou ainda, PMeC = a+bYd/Yd

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    decorrente de uma variao na renda disponvel, e esta variao narenda disponvel, ou:

    PMP = s =S/Yd (13)

    Note-se que, pela equao (10), a renda pessoal disponvel sedestina ao consumo e poupana. Donde se conclui que qualquer

    variao na renda disponvel (Yd) ser distribuda entre consumo epoupana, ou:

    Yd = C + S (14)

    Dividindo-se todos os termos da equao (14) por Yd, tem-se:

    ou,

    1 = PMC + PMS (15a)

    ou ainda,

    1 = b + s (15b)

    e,

    s = 1 b (15c)

    Todos esses conceitos desenvolvidos at aqui esto sumarizados naTabela 1 que apresenta, na primeira coluna, dados hipotticos dediversos nveis de renda disponvel. Na segunda coluna, aparecem osdados de consumo. Como se pode ver, o consumo cresce medida emque a renda disponvel cresce. Deve ser observado que quando a rendasalta de 400 para 900 (ou Yd = 500), o consumo pula de 500 para 900(ou C = 400). Dividindo-se C por Yd, temos uma propensomarginal a consumir igual a 0,8. O mesmo ocorre quando a rendaaumenta de 900 para 1.400, com o consumo passando de 900 para1.300. Se dividirmos a variao no consumo pela variao na rendadisponvel, para cada nvel de renda, encontraremos uma propenso

    Yd

    S

    Yd

    C

    Yd

    Yd

    +

    =

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    marginal a consumir (b) igual a 0,8, mostrado na terceira coluna. Aquarta coluna nos fornece o montante da poupana - dado peladiferena da renda disponvel e respectivo consumo. Importanteobservar que quando a renda muito baixa, o consumo supera a rendadisponvel e, portanto, a poupana negativa (igual a -100, no caso).J a ltima coluna nos d a propenso marginal a poupar. Se a PMC =0,8, ento, por definio, a PMS 0,2.

    TABELA 1

    Renda, consumo e poupana

    Rendadisponvel

    Consumo PMC (=b) Poupana PMP(=s)

    400 500 -100

    900 900 0,8 0 0,2

    1.400 1.300 0,8 100 0,2

    2.000 1.780 0,8 220 0,2

    2.800 2.420 0,8 380 0,2

    3.800 3.220 0,8 580 0,2

    5.000 4.180 0,8 820 0,2

    Deve ser enfatizado que os dados de consumo que aparecem nacoluna 2 foram calculados sob a hiptese de que a propenso marginal aconsumir, b, constante ao longo do tempo - uma hiptese que feitapara tornar o clculo mais fcil. Empiricamente, sabe-se que bapresenta-se relativamente estvel mas no necessariamenteconstante. Registre-se que o prprio Keynes tinha srias dvidas comrelao constncia de b, chegando mesmo a sugerir que a propenso

    marginal a consumir pode declinar medida que a renda atinge nveismais elevados.

    Tanto a funo consumo como a funo poupana podem sermelhor visualizadas atravs de grficos. Assim, por exemplo, aFigura 4 mostra a funo consumo, C = a + bYd, e a funo poupana(S) supondo que no h governo e, portanto, T = 0.

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    Na Figura 4a. ns medimos a renda disponvel no eixo horizontal eo nvel do consumo no eixo vertical. A linha de 45, por ser eqidistantedos dois eixos, tem a propriedade de representar, em todos os seuspontos, igualdade entre o nvel de renda e a demanda agregada (nocaso presente, medida pelo consumo). Observe que a funo consumo,C = a + bYd, no parte da origem do grfico e, sim, um pouco acima,no eixo vertical. A distncia entre o ponto zero do grfico e o interceptoda funo consumo no eixo vertical corresponde ao consumo autnomo,a. J a inclinao da reta do consumo dada por b =C/Yd.

    Na Figura 4b. est retratada a funo poupana, S = -a + Yd (1-b).Graficamente, a funo poupana derivada da diferena vertical entrea linha de 45 e a linha do consumo. A baixos nveis de renda, como jse observou, a poupana negativa, devido parcela do consumoautnomo, a. Tambm aqui, ns medimos no eixo horizontal a rendadisponvel, enquanto o eixo vertical mede o nvel da poupana (negativaou positiva).

    C

    1000a

    1000 15000

    S

    45

    C

    1000 1500-a

    S

    S

    Figura 4

    (a)

    (b)

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    3.3. Clcu lo da ren da de equ i l br io

    Temos, agora, todos os ingredientes para achar o valor da renda de

    equilbrio (Ye) neste modelo simples onde, por hiptese, a demandaagregada tem apenas dois componentes - o consumo e o investimento.Para tanto, vamos retomar a equao (6):

    Y = C + I (6)

    Para determinar o nvel da renda de equilbrio, devemos substituirna equao os valores de C e de I. No caso do consumo, seu valor estdefinido na equao (8). Quanto ao investimento, poderamos supor queseu valor est associado ao nvel da renda ou taxa de juros. Noentanto, como estamos trabalhando, ainda, com um modelo deeconomia muito simples, vamos supor que o valor do investimento dado exogenamente, isto , no depende de nenhuma outra varivel e,assim, pode ser representado por (I). Mais frente relaxaremos estahiptese e faremos o investimento funo direta do nvel de renda e/ouinversa da taxa de juros. Assim, por enquanto, o valor do investimento

    ser dado por:I = I (16)

    Substituindo, ento, os valores de C e de I na equao (6), temos:

    Y = a + bYd + I (17)

    A renda disponvel (Yd) , por definio, igual renda nacional (Y)menos os impostos (T) mais as transferncias governamentais (R), ou:

    Yd = Y - T + R (18)

    Na hiptese de uma economia sem governo, no h impostos nemtransferncias governamentais e, portanto, a renda disponvel igual

    Comentrio:

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    renda nacional. Assim, podemos substituir Yd por Y na equao (17),ficando:

    Y = a + bY + I (19)

    Agora, para achar o valor de Y, basta operar a equao (19),assim:

    Y - bY = a + I

    Y(1-b) = a + IY = (a + I)/ (1-b)

    ou,

    Y = 1/1-b . (a + I) (20)

    Ou seja, pela equao (20), o valor da renda ou produto deequilbrio (Y) dado pela soma dos gastos autnomos - no caso, (a + I)- multiplicado por um valor k definido por:

    k = 1/1-b (21)

    valendo lembrar que (1-b) equivale propenso marginal a poupar(s).

    Vejamos um exemplo numrico:

    Suponha que a funo consumo seja dada por: C = 100 + 0,8Y eque o investimento seja: I = 500. Qual ser, ento, o valor de Y deequilbrio?

    Substituindo esses valores na equao (6), obtm-se:

    Y = 100 + 0,8Y + 500Y - 08Y = 600

    Y(1-0,8) = 600

    Y = 1/0,2 . 600

    e

    Y = 5 x 600 = 3.000

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    Assim, o nvel da renda de equilbrio ser 3.000. E por que sabemosque este o nvel de equilbrio? Para entender o porqu, vamos suporque, por alguma razo, a produo total corrente esteja situada em3.500, ao invs de em 3.000. Neste caso, os produtores estarooferecendo no mercado bens e servios no valor de 3.500, enquanto ademanda total de somente 3.400 - consistindo esta de 2.900 deconsumo (= 100 + 0,8x3.500) mais um investimento igual a 500. Comoresultado, os estoques de bens no-vendidos vo se acumular,ocorrendo o que os economistas denominam de investimento emestoques no-desejado.. Em conseqncia, os comerciantes vo reduziro volume de seus pedidos s fbricas e estas, por seu turno, vo cortarproduo. Neste processo, a economia regredir at o nvel de 3.000,

    que o nvel de produo equivalente soma de C e I.Mas, devemos atentar para o fato de que durante o perodo anterior

    ao ajustamento, a economia estava em desequilbrio, produzindo 3.500.Ocorre que toda produo isto , os 3.500 do exemplo - deve sedestinar ao consumo ou ao investimento (uma vez que, por hora, ogoverno e o setor externo esto excludos do modelo). Mas, como podehaver 3.500 de consumo e investimento quando j vimos que ademanda total de consumo e investimento situa-se abaixo disso?

    Para responder esta questo, ns devemos fazer uma distinoentre investimento desejado e investimento efetivo. O investimentoefetivo representa os expanso da fbrica, aquisies de mquinas e

    equipamentos e aumentos de estoques - independentemente daacumulao de estoques ser desejada ou no. Assim, com umaproduo corrente de 3.500, a demanda de consumo seria 2.900 e oinvestimento efetivo seria 600. Mas, o investimento desejado - isto , ademanda de investimento - alcanaria somente 500. Ou seja, haveriaum investimento no-desejado em estoques no montante de 100. esta acumulao indesejada de estoques que levar reduo naproduo em direo ao nvel de equilbrio de 3.000!

    Ainda nessa mesmalinha de raciocnio, valelembrar que, nessesmodelos de determinaodo nvel da renda ouproduto de equilbrio,parte-se, em geral, dahiptese de que o

    DA

    300

    45

    C+I

    C

    a

    I

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    consumo efetivo igual demanda por consumo(isto , o consumodesejado), j que osconsumidores no podemser forados a comprarbens. Eles compramsimplesmente o que elesdesejam comprar. Seassim , o equilbrio, nestemodelo de dois setores,ocorre somente onde e quando o investimento desejado igual ao

    investimento efetivo, isto , quando no h acumulao indesejada deestoques.

    Todo esse raciocnio pode ser melhor visualizado atravs da Figura 5que mostra a curva de consumo (C) e, paralela a esta, a curva dademanda agregada (DA), que corresponde soma de C + I. Adistncia vertical entre a curva de consumo e a da demanda agregada dada pelo valor do investimento (I). O equilbrio ocorre no ponto emque a demanda agregada intercepta a linha de 45, isto , onde ademanda agregada igual renda ou produto nacional (Y). Tomandoos exemplo numrico acima, o equilbrio ocorre quando a demandaagregada e a renda ou produto nacional so iguais a 3.000. A esse nvel

    de renda, o consumo 2.500 (ou: C = 100 + 0,8 x 3.000) e oinvestimento 500.

    3.4. O mul t ip l i cador dos gas tos e as var iaes no nve l da

    renda ou do p rodu to de equ i l b r i o

    Podemos constatar, no exemplo numrico acima, que o valor dosgastos autnomos (600) foi multiplicado por 5, que, no caso, o valorde k - o chamado multiplicador dos gastos4. Pela equao (21), o valordeste multiplicador depende do valor de b, isto , da propenso

    marginal a consumir. Assim, se:b = 0,9 k = 10;

    b = 0,8 k = 5;

    b = 0,75 k = 4.

    4 Tambm chamado, s vezes, de multiplicador keynesiano dos gastos.

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    Donde se conclui que, quanto maior a PMC, maior ser o valor domultiplicador e vice-versa.

    Pela equao (20), qualquer variao nos gastos autnomos (a+I),provocar uma variao do nvel da renda de equilbrio. Esta variao donvel da renda ser, porm, ampliada pelo multiplicador desses gastos.Assim, voltando aos dados do exemplo numrico anterior, suponha queos empresrios decidam elevar seus investimentos para 700 - ou seja,um acrscimo de 200. O novo valor de equilbrio de Y ser:

    Y = 100 + 0,8Y + 700

    Y - 0,8Y = 800Y(1-0,8) = 800

    Y = 1/0,2 x 800

    e,

    Y = 5 x 800 = 4.000

    Ou seja, um aumento de 200 nos investimentos provocou umacrscimo de 1.000 no nvel da renda de equilbrio, devido aomultiplicador dos gastos. Donde se conclui que a variao - positiva ounegativa - que se pretenda dar ao nvel da renda depender damagnitude do multiplicador (k) e da magnitude da variao do gastoautnomo (GA), isto :

    Y = k . GA (22)

    Mas, como se explica que um aumento de 200 nos gastos deinvestimentos provoque um aumento de 1.000 no nvel da renda deequilbrio? Ou seja, de onde surge o multiplicador?

    A existncia do multiplicador pode ser explicada da seguintemaneira: um aumento no investimento provoca, num primeiromomento, um aumento no nvel da renda; este aumento na renda, porsua vez, provoca, num segundo momento, um aumento no consumo (jque o consumo depende da renda); o aumento no consumo, por seuturno, provoca um novo aumento em Y ( porque Y = C + I), e assim pordiante.

    A equao (22) nos d uma soluo para o problema de polticaeconmica bastante comum: o que pode ou deve ser feito quando onvel corrente da renda de equilbrio estiver abaixo ou acima do

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    chamado nvel da renda de pleno emprego (Yf)? - lembrando que Yf, emoutras palavras representa o nvel de produo mxima possvel quandotodos os recursos existentes no pas esto empregados.

    Se o nvel corrente da renda de equilbrio estiver abaixo de Yf, ademanda agregada dever ser estimulada; se estiver acima, dever serreduzida. Trata-se dos chamados hiatos deflacionrios e inflacionrios,que sero analisados mais frente, depois que introduzirmos o governoem nosso modelo de demanda agregada.

    3.5 . A poupana e o i nvest im ento : o paradoxo da parcimnia

    Como j foi dito, neste modelo de dois setores, o equilbrio ocorrequando a poupana igual ao investimento desejado. Mas, importanteque, embora a poupana e o investimento desejado sejam iguais emequilbrio, os valores da poupana e do investimento desejado sodeterminados de forma independente um do outro e bom enfatizarque a poupana n o causa o investimento. Poupana , simplesmente,o que sobra da renda, aps realizado o consumo. J o investimentodesejado depende da lucratividade esperada da nova fbrica e dosnovos equipamentos e estoques.

    Agora, suponha que a poupana mostre uma tendncia paraexceder o investimento desejado. Imaginemos, como no exemplonumrico anterior, que o investimento desejado seja R$ 700 e que arenda se situe no nvel de desequilbrio de R$ 5.000 - acima do nvel deequilbrio que, digamos, seria de R$ 4.000. Com uma funo consumo C= 100 + 0,8Y e a

    renda situando-se em R$5.000, a poupana seriaR$ 900, superando,portanto, o investimentodesejado. Neste caso, onvel da renda cairia at

    S+I

    S1

    Figura 6

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    que a poupana se igualecom o investimentodesejado.

    Se isto fato, seriamais apropriado dizer queo investimento desejadocausa a poupana, e no ocontrrio, pelo menos nocaso de uma economiaque enfrenta desempregoem larga escala. Se oinvestimento aumentasse,atingindo, portanto, R$800 o nvel de equilbrio da renda passaria, ento, para R$4.500, com apoupana saltando para R$800. Em outras palavras, um aumento nademanda de investimento aumenta a renda e, da, a poupana se eleva.

    Mas, h um ponto mais curioso ainda nesta anlise: o que deverocorrer caso, por exemplo, o pblico decida, por uma razo qualquer,aumentar sua taxa de poupana? A resposta simples, emboraparadoxal: na prtica, a poupana, longe de aumentar, provocar umaqueda no nvel da renda e do emprego at que o pblico retorne ao seunvel anterior de poupana.

    Esta concluso pode ser melhor visualizada atravs da Figura 6. Emnosso exemplo, com o investimento desejado em R$ 700, caso o pblicoaumente sua taxa de poupana para 25% da renda (ou seja, a PMCpassa para 0,75), a renda cair para R$ 3.200. A este nvel de renda, apoupana se igualar ao investimento desejado (ambos sero R$ 700).Ou seja, o aumento no desejo de poupar no conduziu a um aumentono volume da poupana de equilbrio, mas, sim, a uma queda no nvelda renda!

    Na realidade, oargumento pode sercolocado de forma maisdrstica ainda: caso ademanda por investimentoseja uma funo direta epositiva da renda - isto ,

    700

    0

    S0

    3200 3500

    I

    S+I

    700S1

    I=iY

    So

    S1

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    o investimento cresce medida que a renda cresce- ento, um aumento nodesejo de poupar (ou seja,uma reduo da PMC)provocar, de fato, umaqueda no volume dapoupana de equilbrio, talcomo mostrado na Figura7, onde a um aumento nataxa de poupana faz comque a linha da nova funo

    poupana (S1) cruza com a curva de investimentos ao nvel da renda deequilbrio igual a Y1, reduzindo, em conseqncia, a poupana paraS1 (projetada no eixo vertical). A explicao para tanto muitosimples:

    A tentativa dos consumidores de aumentar sua taxa de poupanaresultar em formao indesejada de estoques de produtos nas fbricas,uma vez que a produo exceder a demanda agregada.Conseqentemente, a renda cai at atingir um novo nvel de equilbrio.Como resultado do aumento no desejo de poupar, poupana, de fato,cair. Este o conhecido paradoxo da parcimnia que, pode assim serdescrito:

    Paradoxo da Parcimnia: Se, por hiptese, oinvestimento for uma funo direta e positiva da renda, umaumento no desejo de poupar por parte do pblico acaba porreduzir o nvel da renda de equilbrio e, conseqentemente, reduza poupana a um nvel abaixo do nvel que vigorava antes.

    De todo modo, deve ser enfatizado que o paradoxo daparcimnia s se aplica a uma economia em recesso, com desempregoem larga escala. Numa economia com excesso de demanda agregada e

    inflao, uma queda na demanda de consumo liberar recursos parainvestimentos. Neste caso, um aumento no desejo de poupar podeassim causar um aumento na poupana e investimento de equilbrio.

    4 . A econom ia com governo

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    4.1 . Efe i t os do govern o na econom ia

    Vamos, agora, tornar nossa economia um pouco mais realista,incluindo o governo em nosso modelo. A introduo do governo nomodelo ir afetar a determinao do valor da renda de equilbrio de trsformas:

    i) as compras de bens e servios, pelo governo, iro alterar o valorda demanda agregada;

    ii) a arrecadao de impostos (T) alteram o valor da rendadisponvel (Yd) que, agora, ser diferente da renda nacional; e,

    iii) o consumo privado (C) passa, agora, a ser funo da rendadisponvel, de fato, e no mais da renda nacional.

    Numa economia com governo, a renda nacional (Y) ser destinadaao consumo (C), poupana (S) e aos impostos (T) , ou

    Y = C + S + T (23)

    Da mesma forma, sob a outra tica, o produto nacional (Y) sedestinar ao consumo privado (C), aos investimentos empresariais (I) e

    s compras do governo (G), ou seja:

    Y = C + I + G (24)

    Assim, pelas equaes (22) e (23), temos:

    C + S + T = Y = C + I + G

    E a condio de equilbrio da renda passa a ser:

    C + S + T = C + I + GOu melhor, ainda:

    S + T = I + G (25)

    Desta forma, conhecendo-se os valores de C, I e G (ou os valoresde C, S e T), acha-se o valor da renda de equilbrio.

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    Tomemos, por exemplo, o valor de Y dado pela equao (24).Como j foi dito, a funo consumo, agora, no depende da rendanacional (Y), mas, sim, da renda disponvel (Yd), ou

    C = a + bYd (26)

    A renda disponvel, por seu turno, igual renda nacional (Y)menos os impostos (T), ou

    Yd = Y - T5 (27)

    Observe-se que os impostos (T) podem assumir trs formasdiferentes, a saber:

    i) um valor autnomo, independente do nvel da renda, isto :T = T (28)

    ii) um valor relacionado renda, isto , um percentual (t) da renda,ou:

    T = tY (29)

    ii) um valor misto, incluindo as duas formas anteriores, ou seja:T = T + tY (30)

    Para comear, vamos supor, por enquanto, que os impostosindependem do nvel da renda, isto , T = T. Mais adiante, usaremos oimposto relacionado renda e veremos como isto afeta o valor domultiplicador dos gastos (k). Agora, suponhamos, mais, que o governogaste um valor qualquer, G, e os empresrios decidam investir um dadovalor, I.

    Para acharmos o valor da renda de equilbrio, vamos substituirestes valores na equao (24), encontrando:

    Y = a + b(Y - T) + I + G (31)

    5 Observe-se que estamos desconsiderando as transferncias governamentais ( R). Caso fssemos incluir estastransferncias, a Yd seria igual renda nacional (Y) menos os impostos (T) lquidos das transferncias ( R),ou: Yd = Y - (T-R) ou, ainda, Yd = Y T + T + R

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    Para se achar o valor da renda de equilbrio, s operar a equao

    (31), assim:

    Y = a + bY - bT + I + G

    Y - bY = a - bT + I + G

    Y(1-b) = a - bT + I + G

    e,

    Y = (1/1-b) (a - bT + I + G) (32)

    Ou seja, o valor da renda de equilbrio, mais uma vez, ser dadopela soma dos gastos autnomos (GA) vezes o multiplicador, k.

    Pela equao (32), podemos observar que, quando os impostos noesto relacionados renda, isto , quando no so uma frao darenda, o valor do multiplicador (k = 1/1-b) igual ao do multiplicadorsimples de uma economia sem governo, visto anteriormente. Naverdade, a introduo do governo no modelo altera somente o lado dosgastos autnomos que, agora, incluem o valor do imposto, com sinalnegativo (-bT), e o valor dos gastos do governo (G).

    Vejamos um exemplo numrico:Suponha que uma economia apresentou os seguintes dados:

    C = 100 + 0,9Yd; T = 500; I = 400 e G = 600.

    Com base nesses dados, calcule o valor da renda corrente deequilbrio (Y).

    Para acharmos o valor de Y, poderamos substituir esses dadostanto na equao (31) como na equao (32). No entanto, julgamosmais conveniente faz-lo na equao (31) - que a equao bsica domodelo - enquanto a equao (32) derivada daquela e depende dos

    itens que naquela aparecerem.Substituindo os dados do problema na equao (31), temos:

    Y = 100 + 0,9(Y - 500) + 400 + 600

    Y = 100 + 0,9Y - 450 + 400 + 600

    Y - 0,9Y = 650

    0,1Y = 650

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    Y = 1/0,1 x 650Y = 10 x 650 = 6.500

    Conclui-se, assim, que o valor do multiplicador dos gastos (k) 10e o nvel da renda de equilbrio (Y) 6.500.

    4.2. Os d iversos mul t ip l i cadores das var iaes dos gas tos

    a u t n o m o s

    Pela equao (32), podemos deduzir que qualquer variao numdos componentes dos gastos autnomos provocar uma mudana novalor de equilbrio da renda que ser igual variao do gasto vezes omultiplicador, k.

    Ocorre que, ainda pela equao (32), enquanto as variaes em Ge em I so ampliadas diretamente pelo multiplicador, as variaes nosimpostos (T) sero multiplicadas por -b e, depois, por k. Assim, osimpactos de um aumento ou reduo de G ou de I sobre o nvel darenda de equilbrio sero de intensidade diferente dos impactos de umaumento ou corte dos impostos (T). A partir desta constatao,podemos derivar os diversos multiplicadores das variaes dos gastos

    autnomos, a saber:

    i) Mul t ip l i cador das var iaes em G ou em I :

    k = 1/1-b e Y = k . G ou, Y = k . I (33)

    ii) Mul t i p l i cador das va r i aes em T (quando no- re lac ionado renda) :

    kt = (1/1-b) . (-b) ou, kt = -b/1-b e Y = kt . T (34)

    Note-se que o sinal do multiplicador dos impostos negativo. Issoocorre porque um aumento dos impostos reduz a renda disponvel, oque, por sua vez, reduz o consumo e, da, a demanda agregada, comimpacto negativo sobre o nvel da renda de equilbrio.

    Antes de prosseguirmos, interessante observarmos a relaoexistente entre esses dois multiplicadores. Para tanto, vamos calcular os

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    valores dos multiplicadores das variaes em G (ou em I) e dasvariaes em T, supondo que a propenso marginal a consumir (b) seja:

    i) 0,9; ii) 0,8; iii) 0,75.

    Usando as frmulas dadas pelas equaes (33) e (34), temos:

    i) k = 1/1-0,9 = 10; e kt = -0,9/1-0,9 = -9

    ii) k = 1/1-0,8 = 5 e kt = -0,8/1-0,8 = -4

    iii) k = 1/1-0,75 = 4 e kt = -0,75/1-0,75 = -3

    Pelos exemplos acima, conclui-se que o valor do multiplicador dosimpostos (no-relacionados renda, voltamos a repetir) uma unidademenor que o multiplicador dos gastos (G e I), e tem o sinal negativo.

    iii) O m u l t i p l i ca d o r d o o r am e n t o e q u i li b ra d o :

    Oramento equilibrado ocorre quando o governo gasta exatamenteo que arrecada de impostos. Caso o governo persiga este objetivo,qualquer aumento de suas despesas dever ser financiado por um igualaumento de impostos.

    A questo que, agora, se coloca a seguinte: - qual deve ser oefeito lquido sobre o nvel da renda de equilbrio se o governo aumentarseus gastos em G e, para tanto, aumentar os impostos no mesmomontante do aumento em G, isto , G = T?

    Lembre-se que um aumento em G provoca um aumento em Y iguala k . G, enquanto um aumento em T provoca uma queda em Y igual akt . T. Ento, o efeito final sobre Y ser a soma desses dois efeitos, ou:

    Y = k . G + kt . T

    Y = (1/1-b) G + (-b/1-b) T

    Como

    G =

    T, podemos substituir

    T por

    G:Y = (G/1-b) + (-b. G/1-b)

    Y = G(1-b/1-b)

    e,

    Y = G

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    Ou seja, a variao no nvel de renda (Y) ser igual variao dogasto do governo (G). Donde se conclui que, se o governo aumentarseus gastos e os impostos no mesmo montante (G=T), provocar umaumento na renda de equilbrio num valor igual variao oramentria(Y=G=T). Este fato conhecido na teoria macroeconmica como oTeorema do Oramento Equilibrado.

    Mas, resta a pergunta: qual a magnitude do multiplicador do oramento equilibrado? Para responder esta pergunta devemosrecordar que Y = k . G. Como Y=G, ento, neste caso, k = 1!

    Vale lembrar que esta concluso de que o multiplicador (k) dooramento equilibrado igual a 1 s vlida na hiptese de os impostos

    (T) no serem relacionados renda. Como se ver mais adiante, casoos impostos sejam relacionados renda, o multiplicador do oramentoequilibrado , ainda, positivo, sendo, porm, menor que 1!

    4 .3. Hia to de f l acionr io e h ia to i n f l acionr io

    Um importante conceito macroeconmico o de renda de plenoemprego (Yf) - que corresponde quele nvel ao qual todos os fatoresde produo, particularmente a mo-de-obra, esto empregados. Atingir

    e permanecer ao nvel da renda de pleno emprego o objetivo maior detodos os governos e, geralmente, as polticas e medidas governamentaisesto voltadas para este fim.

    Ocorre, no entanto, que, por vrias razes, o nvel corrente darenda de equilbrio pode estar, em determinado momento ou perodo,abaixo ou mesmo acima do nvel da renda de pleno emprego,decorrendo dessa constatao dois conceitos importantes:

    i) Hiato deflacionrio - corresponde diferena entre o nvelda renda de pleno emprego (Yf) e o nvel da renda corrente deequilbrio, estando esta aba ixo daquela. Tal situao implica

    que parte dos recursos produtivos da economia estodesempregados, e geralmente decorrente de uma demandaagregada deficiente. Para se atingir o pleno emprego, faz-senecessrio, ento, que se estimule a demanda agregada, oque, na teoria keynesiana, se traduz na adoo de medidasfiscais, como:

    a) aumento dos gastos do governo (G); e/ou

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    b) reduo de impostos (T)6.

    E qual dever ser a magnitude dessas medidas? Isto vai dependerdo valor do multiplicador dos gastos (ou dos impostos) e da magnitudedo hiato deflacionrio. Lembre-se que neste caso, o hiato inflacionriocorresponder variao na renda corrente - isto , Y - necessriapara que se atinja o nvel da renda de pleno emprego.

    ii) Hiato inflacionrio - corresponde tal hiato diferena entre onvel da renda de pleno emprego e o nvel corrente da rendade equilbrio, estando esta acima daquela. Isto decorre do fato

    de que a demanda agregada est exacerbada, situando-seacima da oferta agregada mxima possvel da economia. Aocontrrio do que alguns poderiam imaginar, tal situaoacarreta muitos inconvenientes como, por exemplo, osurgimento de presses inflacionrias e junto com estas vmas incertezas e instabilidades macroeconmicas. Tambm aquifaz-se necessria a adoo de medidas fiscais - segundo omodelo keynesiano - voltadas para reduo da demandaagregada, citando-se:

    a) corte ou reduo dos gastos do governo; e/ou

    b) aumento dos impostos.

    Mais uma vez, a magnitude dessas medidas depender do valordo multiplicador e de quanto ser necessrio reduzir o nvel da rendacorrente para que esta retorne ao nvel da renda de pleno emprego.

    4.4 . A h ip tese dos im pos tos re lacionados rend a

    At agora, vimos tratando os impostos como se fossemautnomos, isto , independentes do nvel da renda. Tal hiptese foiadotada para uma melhor e mais fcil compreenso do processo de

    determinao do nvel da renda de equilbrio e da atuao dosmultiplicadores das variaes dos gastos e dos impostos.

    No entanto, devemos admitir que, no mundo real, raramente nosdefrontamos com impostos especficos ou autnomos. Maisrealisticamente devemos supor que os impostos sejam relacionados

    6 Eventualmente, at mesmo um aumento nas transferncias governamentais ( R) poderia provocar umaumento no consumo e, da, um aumento na demanda agregada, elevando, via multiplicador, o nvel da rendade equilbrio.

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    com ou dependentes do nvel de renda. Mais realista ainda seria suporque os impostos tm dois componentes: um componente autnomo (T)e um componente que uma funo t da renda, ou seja:

    T = T + tY (35)

    Com essa hiptese, a equao (31) ficaria assim:

    Y = a + b(Y -T -tY) + I + G (36)

    Para se achar o valor da renda de equilbrio, basta operar a

    equao (36), assim:Y = a + bY - bT - btY + I + G

    Y - bY + btY = a + bT + I + G

    Y (1 - b + bt) = a - bT + I + G

    Verifica-se, pela equao (37) que, com a introduo do impostocomo funo da renda, o multiplicador se altera. Antes, o multiplicadorera dado por:

    k = 1/1-b

    Agora, o multiplicador teve seu denominador ampliado e, emconseqncia, o valor da frao se reduziu, sendo dado por:

    k = 1/1-b+bt (38)

    4.5. Os es tab i l i zador es aut om t icos

    Foi visto que, quando o governo aumenta seus gastos ou mesmoquando os empresrios aumentam seus investimentos, um processo demultiplicao desses gastos entra em funcionamento, ampliando seusefeitos finais sobre o nvel da renda ou produto de equilbrio. Caso, noentanto, os impostos sejam relacionados renda, o efeito domultiplicador enfraquecido pois todo aumento que se verificar narenda provocar um aumento nas receitas tributrias, reduzindo a rendadiponvel e, da, o consumo induzido. No final das contas, com o imposto

    (37)))(1

    1( GIbta

    btbY ++

    +=

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    relacionado renda, o impacto na renda de equilbrio decorrente de umaumento nos gastos do governo acaba sendo menor do que seria, casoos impostos fossem autnomos.

    O mesmo ocorre na hiptese oposta, isto , de uma reduo dosgastos do governo ou dos gastos de investimento o que reduzir arenda de equilbrio. Mas, sendo os impostos relacionados renda, aarrecadao tributria automaticamente cair, reduzindo o impacto dareduo dos gastos sobre o nvel da renda de equilbrio. Por reduzir oimpacto sobre a renda decorrente dessas variaes nos gastos dogoverno ou nos gastos de investimentos, costuma-se chamar o impostoassociado renda de estab i li zador au tom t i co .

    H vrios outros estabilizadores automticos, como, por exemplo,a contribuio previdenciria que aumenta quando a renda aumenta ese reduz quando a renda se reduz. Um outro exemplo o auxliodesemprego. Num recesso, com desemprego, a renda cai bastante,reduzindo, da, o consumo agregado. No entanto, a queda na renda compensada, parcialmente, pelos pagamentos do auxlio desemprego. Oinverso ocorre quando o emprego cresce e a renda cresce.

    5 . O m ode lo com governo e a econom ia aber ta

    Quando abrimos a economia, devemos introduzir no modelo asexportaes lquidas de bens e servios (X-M) e, assim, teremos omodelo completo, tal como definido na equao (4), do incio destecaptulo:

    Y = C + I + G + X - M (4)

    As funes consumo, investimento e gastos do governopermanecem como na equao (31). Os impostos podem ou no ser

    funo da renda. No caso presente, permaneceremos com a hiptese deque os impostos so funo da renda (tY) e ainda tm um componenteautnomo (T)

    Assim, resta apenas definir as variveis X e M. Em princpio,podemos supor que as exportaes dependem exclusivamente dademanda externa e, como tal, seu valor determinado exogenamente,

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    isto , fora do modelo7. Neste caso, podemos definir o valor dasexportaes como sendo um dado autnomo, ou:

    X = X (39)

    Quanto s importaes, os registros histricos mostram que elasso altamente dependentes do ritmo da atividade econmica, ou seja,so uma funo do nvel da renda (mY), mas, tambm, apresentam umcomponente autnomo (M), no relacionado renda. Assim,

    M = M + mY (40)

    A exemplo da funo consumo, o coeficiente m denominado depropenso marginal a importar.

    J temos, agora, as definies de todas as variveis e podemos,ento, achar o valor da renda de equilbrio. Para tanto, basta substituiros valores de C, I, G, X e M na equao (4), obtendo, ento:

    Y = a + b(Y - T - bY) + I + G + X - M mY (41)

    Y = a + bY - bT - btY + I + G + X - M - mY

    Y - bY + btY + mY = a - bT + I + G + X - MY(1 - b + bt + m) = a - bT + I + G + X - M

    Y = (1/1-b+bt+m) (a - bT + I + G + X - M) (42)

    Pela equao (42), podemos verificar que, com a introduo dasimportaes como funo da renda, o denominador foi acrescido docoeficiente m e, com isso, o valor do multiplicador se reduziu, tornando-se, portanto, menor do que o encontrado para uma economia fechada.

    Desta ltima afirmativa podemos tirar outra conclusoimportante: a magnitude do multiplicador k depende, em ltima anlise,das variveis da demanda agregada que forem funo do nvel darenda. Assim, por exemplo, ao introduzirmos a hiptese de que osimpostos eram funo de Y, o multiplicador se reduziu pelo acrscimo,no denominador do multiplicador, do coeficiente dos impostos, t. Damesma forma, fazendo as importaes uma funo m da renda, o

    7 Atente-se para o fato de que em modelos macroeconmicos mais complexos, alm da demanda externa, asexportaes so tambm influenciadas pela relao de preos domsticos vis a vis os preos externos e pelataxa de cmbio vigente.

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    multiplicador tornou-se menor ainda, com a adio deste coeficientequele denominador. Neste raciocnio, podemos imaginar a hiptese deserem os investimentos tambm uma funo da renda, assumindo, porexemplo, um formato do tipo

    I = I + iY (43)

    onde, I = componente autnomo dos investimentos, e

    i = coeficiente que poderia ser chamado de propensomarginal a investir, que define o volume de investimentos em funo

    da renda.Adotando-se esta hiptese em nosso modelo, o valor do

    multiplicador, k, ser novamente alterado. E, sendo os investimentosfuno do nvel de renda, qual ser o novo valor de k? Deixamos aresposta a cargo do aluno.

    * * *Com essas colocaes, encerramos esta nossa 7 Aula. A seguir, e como

    sempre, so apresentados alguns exerccios de reviso e fixao sobre os modeloskeynesianos de determinao do nvel da renda de equilbrio.

    Nossa prxima aula versar sobre o modelo IS-LM que uma continuao

    natural do que vimos nesta 7 aula. At l.________________________

    EXERCCIOS DE REVISO E FIXAO (Gabarito no final)

    11.. DDee aaccoorrddoo ccoomm aa LLeeii ddee SSaayy::

    aa)) aa ddeemmaannddaa ccrriiaa ssuuaa pprrpprriiaa ooffeerrttaa..bb)) aa ppoouuppaannaa ddeeppeennddee eexxcclluussiivvaammeennttee ddoo nnvveell ddee rreennddaa..

    cc)) aa ooffeerrttaa ccrriiaa ssuuaa pprrpprriiaa ddeemmaannddaa..

    dd)) oo nnvveell ddoo pprroodduuttoo ddeeppeennddee ss ddaa ddeemmaannddaa aaggrreeggaaddaa..ee)) oo iinnvveessttiimmeennttoo ddeeppeennddee ddee eessttmmuullooss ddoo ggoovveerrnnoo..

    22.. DDee aaccoorrddoo ccoomm aa tteeoorriiaa ccllssssiiccaa::

    aa)) aa ppoouuppaannaa ddeeppeennddee ddaa rreennddaa ee oo iinnvveessttiimmeennttoo ddeeppeennddee ddaa ttaaxxaa ddee jjuurrooss..

    bb)) aa ppoouuppaannaa ddeeppeennddee ddaa ttaaxxaa ddee jjuurrooss ee oo iinnvveessttiimmeennttoo ddeeppeennddee ddaa rreennddaa..cc)) aa ttaaxxaa ddee jjuurrooss iinnfflluueenncciiaa ddiirreettaammeennttee oo nnvveell ddoo pprroodduuttoo ee ddaa rreennddaa..

    dd)) ssoommeennttee oo iinnvveessttiimmeennttoo ddeeppeennddee ddaa ttaaxxaa ddee jjuurrooss..ee)) ttaannttoo aa ppoouuppaannaa ccoommoo oo iinnvveessttiimmeennttoo ssoo ffuunneess ddaa ttaaxxaa ddee jjuurrooss..

    33.. NNoo mmooddeelloo kkeeyynneessiiaannoo,, aa ffuunnoo ccoonnssuummoo::

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    aa)) aaeess ddoo ggoovveerrnnoo ppaarraa mmooddeerraarr aa qquueeddaa ddaa rreennddaa;;bb)) aauummeennttooss ddooss ggaassttooss ggoovveerrnnaammeennttaaiiss ppaarraa aalliivviiaarr aa ssiittuuaaoo ddooss ddeesseemmpprreeggaaddooss;;cc)) mmuuddaannaass aauuttoommttiiccaass nnaass rreecceeiittaass ttrriibbuuttrriiaass ee nnaass ttrraannssffeerrnncciiaass qquuaannddoo aa eeccoonnoommiiaa ssee

    aaffaassttaa ddoo nnvveell ddoo pplleennoo eemmpprreeggoo;;

    dd)) mmuuddaannaass ddiissccrriicciioonnrriiaass nnooss ggaassttooss aauuttnnoommooss;;ee)) mmuuddaannaass ddiissccrriicciioonnrriiaass nnooss iimmppoossttooss..

    3300.. SSuuppoonnhhaa qquuee uummaa eeccoonnoommiiaa aapprreesseennttaa ooss sseegguuiinntteess ddaaddooss::CC== 6600 ++ 00,,88YYdd;; TT== 5500 ++ 00,,22YY;; II== 110000 ++ 00,,22YY;; GG == 220000;; XX== 4400 ee MM== 2200 ++ 00,,0044YY.. NNeessttee

    ccaassoo,, oo vvaalloorrddoo mmuullttiipplliiccaaddoorr((kk)) ee oo nneell ddaa rreennddaa ddee eeqquuiillbbrriioo sseerroo,, rreessppeeccttiivvaammeennttee

    aa)) 11 ee 11..330000;; bb)) 22 ee 11..440000;; cc)) 33 ee 11..550000;; dd)) 44 ee 11..660000;; ee)) 55 ee 11..770000

    _______________________

    GABARITO:

    1. c; 2. e; 3. b; 4. a; 5. d; 6. c;7. c; 8. b; 9. a; 10. c; 11. d; 12. c;13. c; 14. e; 15. e; 16. b; 17. b; 18. d;19. d; 20. c; 21. d; 22. a; 23. d; 24. a;25. e; 26. b; 27. d; 28. a; 29. c; 30. e.