aula 9 sedis filosofia da ciencia

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Juliana Mesquita Hidalgo Ferreira André Ferrer P. Martins História e Filosofia da Ciência Indução, empirismo e o método científico Autores aula 09 DISCIPLINA

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Page 1: Aula 9 sedis  filosofia da ciencia

Juliana Mesquita Hidalgo Ferreira

André Ferrer P. Martins

História e Filosofi a da Ciência

Indução, empirismo

e o método científi co

Autores

aula

09

D I S C I P L I N A

Page 2: Aula 9 sedis  filosofia da ciencia

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Secretária de Educação a DistânciaVera Lucia do Amaral

Secretaria de Educação a Distância – SEDIS

Page 3: Aula 9 sedis  filosofia da ciencia

Aula 09 História e Filosofi a da Ciência

1

2

3

4

1

Apresentação

Nas aulas anteriores, você teve acesso a temas da História da Ciência, numa visão

panorâmica que procurou abordar algumas das principais realizações científi cas do

passado, a partir de certos “episódios” da história da Física. Mas o foco, até aqui,

foi a História. A partir dessa aula, mudaremos esse foco, tratando de tópicos considerados

pertinentes à Filosofi a da Ciência e estabelecendo um diálogo com alguns dos episódios

históricos vistos nas demais aulas.

Objetivos

Apresentar certos “temas” de estudo da Filosofia da

Ciência, procurando contextualizar o que será abordado

nas aulas seguintes.

Problematizar a concepção comum do “método científi co”.

Apresentar o “método indutivo” e sua vinculação à

corrente fi losófi ca denominada de “empirismo”.

Reconhecer a possibilidade de uma “leitura empirista” de

episódios da História da Ciência.

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Aula 09 História e Filosofi a da Ciência2

Para começo de conversa...

Vimos na primeira aula o que é “História da Ciência”. Mas o que seria “Filosofi a da

Ciência”? Qual a diferença entre elas?

Usando as defi nições de Thomas Kuhn (1977), num ensaio em que ele discute as

diferenças entre essas áreas, podemos dizer que cada uma delas tem objetivos próprios,

distintos entre si. A História da Ciência tem função explicativa e praticamente não recorre a

generalizações. A pesquisa histórica tem como produto fi nal uma narrativa que deve tornar

plausível e compreensível os eventos passados. Já a Filosofi a da Ciência busca generalizações

de caráter universal, e não o que é particular a um período ou lugar. Assim, se um historiador

da ciência analisa determinado trabalho de Galileu, ele está interessado particularmente no

que esse pensador produziu e na ciência dessa época. Em contrapartida, se um fi lósofo da

ciência analisa o mesmo trabalho de Galileu, seu interesse é entender como funciona a ciência em si. Para um mesmo trabalho, diferentes olhares são possíveis.

Há uma frase bastante famosa, escrita pelo fi lósofo da ciência Imre Lakatos no início da

década de 1970, que diz: “a Filosofi a da Ciência sem a História da Ciência é vazia; a História da

Ciência sem a Filosofi a da Ciência é cega”. O dito de Lakatos se refere a um reconhecimento

da relevância mútua de ambas as áreas.

Ainda na década de 1960, quando a História da Ciência e a Filosofi a da Ciência costumavam

ser vistas como áreas divergentes, o fi lósofo da ciência Norwood Hanson já havia defendido

essa relevância mútua, afastando-se da tradição. Hanson alegou que a realização de um bom

trabalho em História da Ciência demandava um profundo conhecimento da Filosofi a da Ciência,

e que o contrário também era verdadeiro. Essa concepção foi desde então muito debatida, e

recebeu a atenção de fi lósofos como Kuhn, para quem a relevância mútua entre essas áreas

estava longe de ser simétrica. Pode-se dizer, no entanto, que ora abrandada, ora enfatizada, a

relevância mútua entre as áreas ganhou aceitação cada vez mais frequente desde então.

É por isso que, em alguns momentos das aulas anteriores sobre História da Ciência,

discutimos aspectos relativos à Filosofi a da Ciência e à natureza do conhecimento científi co, de

modo a evitarmos que o material histórico fosse tomado como algo “pronto e acabado”, que

está ali para ser “lido” (e não interpretado). Ao longo dessa sequência de aulas sobre Filosofi a

da Ciência algumas questões relativas à natureza da ciência serão, portanto, retomadas sob

uma nova ótica, ainda que haja certa sobreposição com elementos já abordados.

Iniciaremos com uma discussão acerca do “método científi co” e de sua relação (histórica)

com a indução e o empirismo.

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Aula 09 História e Filosofi a da Ciência 3

Um olhar sobre a natureza

do conhecimento científi co

A ciência parece ser um tipo de conhecimento “especial”. O desenvolvimento de modelos

e teorias, ao longo dos séculos, permitiu que a humanidade instrumentalizasse seu

diálogo com o mundo natural de maneira cada vez mais sofi sticada. Hoje em dia, as

teorias científi cas consideradas mais avançadas estão, no mais das vezes, muito distantes

de uma compreensão direta por parte do cidadão comum, dado o grau de abstração de seus

conceitos e – quase que invariavelmente – de sua formulação matematizada.

Por outro lado, a “imbricação” da ciência e da tecnologia que, em maior ou menor

grau, sempre existiu ao longo dos séculos, parece haver assumido, na atualidade, um nível

de profundidade sem precedentes. Vivemos cercados por uma parafernália tecnológica cujo

desenvolvimento remonta, muitas vezes, a pesquisas básicas no campo da Física teórica mais

abstrata. A própria indústria cria suas demandas particulares, realimentando o processo de

produção de conhecimento a partir da prática e do saber “aplicado”.

Tudo isso faz a ciência ser um conhecimento valorizado socialmente. O mundo

globalizado é, em certa medida, fruto da ciência. Essa, por sua vez, faz-se presente em nosso dia

a dia das mais variadas formas, implícita ou explicitamente. Nos bancos escolares, por exemplo,

estudamos ciência. Se há disciplinas como Física, Química e Biologia nos currículos é porque

nossa sociedade conserva e quer transmitir esse tipo de saber, que pertence a nossa cultura.

A ciência também pode ser vista em jornais diários (“competindo” com outras abordagens

não tão científi cas...) e na mídia em geral, onde “ser científi co” costuma ser usado como fator

de credibilidade para algo que se queira vender ou validar (quem nunca se deparou com uma

propaganda de creme dental ou de outro produto “testado cientifi camente”?).

Mas... por que a valorização desse conhecimento? O que ele tem de “especial”? Como se

constitui? Que diferenças existem entre ciência e outras formas de conhecimento?

Essas são questões próprias do campo da Filosofi a (e Sociologia) da Ciência. Detalhando

um pouco mais, diríamos que, numa primeira aproximação, compete à Filosofi a da Ciência

estabelecer um olhar sobre esse empreendimento humano chamado “ciência”, procurando

compreender a natureza desse conhecimento e de sua produção. Assim, dentre os múltiplos

aspectos relacionados a esse campo, poderíamos citar os seguintes:

Que método(s) a ciência utiliza em seu desenvolvimento?

Em que circunstâncias podemos afi rmar que uma teoria científi ca foi “provada”?

O conhecimento científi co pode ser considerado “verdadeiro”?

Page 6: Aula 9 sedis  filosofia da ciencia

Aula 09 História e Filosofi a da Ciência4

As teorias científi cas “evoluem”? É possível falar em “progresso da ciência”?

Que papel devemos atribuir aos experimentos na construção do conhecimento científi co?

E à razão?

Há “experiências cruciais”?

A ciência refl ete o real de forma objetiva?

Qual o papel da comunidade científi ca e do contexto histórico na construção desse

conhecimento?

É possível estabelecer critérios claros para dizer o que é – e o que não é – ciência?

Obviamente não pretendemos, no restante das aulas desse curso, abordar com detalhes

todos esses temas. A Filosofi a da Ciência é um campo vastíssimo do conhecimento, com

uma história própria e variadas perspectivas teóricas. Em função disso, optamos por fazer um

“recorte” particular, escolhendo discutir certos pontos relativos à natureza do conhecimento

científi co a partir da apresentação das visões de alguns autores desse terreno. Além disso,

procuraremos fazer o “exercício” de resgatar parte do que foi discutido nas aulas anteriores, de

História da Ciência propriamente ditas, buscando interpretar tais episódios à luz dos elementos

de Filosofi a da Ciência apresentados.

O “método científi co”

Uma boa forma de iniciarmos nossa busca por compreender as características do

conhecimento científi co é tentarmos investigar a maneira como ele é construído. Em outras

palavras, devemos voltar nossa atenção para o modo como os cientistas trabalham e

produzem conhecimento.

Se você pensar a esse respeito, conversar com outras pessoas ou consultar livros em

geral (não especializados em Filosofi a da Ciência), é quase certo que irá se deparar com a

seguinte ideia: existe um método – denominado “método científi co” – que é seguido pelos

cientistas em seu trabalho cotidiano. Pensando especifi camente nas Ciências Naturais, esse

método é usado com a intenção de descobrir as leis que regem os fenômenos da natureza.

Não é muito difícil, também, identifi carmos as etapas (ou passos) associadas ao “método

científi co”. Embora haja algumas variações na descrição dessas etapas, as características

centrais do método encontram-se a seguir:

Page 7: Aula 9 sedis  filosofia da ciencia

Aula 09 História e Filosofi a da Ciência

Não confirmação

da hipótese

OBSERVAÇÃO

ACÚMULO DE DADOS

HIPÓTESES

COMPROVAÇÃO / VERIFICAÇÃO

RESULTADOS

CONCLUSÕES

5

O método se inicia com a observação do fenômeno que se deseja investigar. Essa

observação não é um puro e simples “olhar”. Pode envolver a realização de experimentos

controlados que forneçam dados (quantitativos) ou quaisquer outras informações relevantes,

que são registrados, sistematicamente. O trabalho de outros cientistas, com o mesmo

fenômeno, faz com que se acumulem dados sobre ele.

O acúmulo de dados permite que se formulem hipóteses explicativas. Essas hipóteses são

enunciados gerais que tentam descrever adequadamente o conjunto de dados e estabelecer

relações causais que propiciem a explicação do fenômeno. A etapa seguinte é a comprovação

/ verifi cação das hipóteses, ou seja, busca-se realizar novos experimentos e observações para

que se verifi que a validade ou não das hipóteses. Os experimentos geram resultados.

Uma vez que os resultados confi rmem certa hipótese, chega-se a uma lei científi ca

que pode ser aplicada em casos semelhantes (generalização). A investigação de fenômenos

correlacionados pode levar à construção de novas leis e, de um ponto de vista mais geral, de uma

teoria científi ca. Por outro lado, a não comprovação das hipóteses faz com que se retorne a etapas

anteriores do método, com a realização de novas observações, hipóteses, experimentos etc.

Essa sequência de etapas descrita acima aparece com várias denominações: método indutivo, método empírico-indutivista ou simplesmente método científi co. A ideia de

“indução” está associada ao fato de se partir de enunciados particulares para se chegar a um

enunciado geral (voltaremos a isso a seguir). Já a denominação “empírico-indutivista” salienta

a ênfase dada pelo método aos experimentos, ao empírico.

Há uma série de características do chamado “método científico” que vale a pena

destacarmos aqui. Ele é linear, composto por uma sequência de passos encadeados que parece

dar pouco espaço a outros procedimentos ou ações, que representariam “ramifi cações” do

Page 8: Aula 9 sedis  filosofia da ciencia

Aula 09 História e Filosofi a da Ciência

Atividade 1

1

2

6

Responda a questão colocada no balão acima, a partir de suas refl exões e concepções

pessoais.

Alan Chalmers, no livro “O que é ciência afi nal?”, apresenta o que considera uma

visão de ciência amplamente aceita:

Conhecimento científi co é conhecimento provado. As teorias científi cas são derivadas

de maneira rigorosa da obtenção dos dados da experiência adquiridos por observação

e experimento. A ciência é baseada no que podemos ver, ouvir, tocar etc. Opiniões ou

preferências pessoais e suposições especulativas não têm lugar na ciência. A ciência é

objetiva. O conhecimento científi co é conhecimento confi ável porque é conhecimento

provado objetivamente (CHALMERS, 1993, p. 22).

Será que os cientistas, em suas pesquisas, seguem fi elmente esse método?

método. Isso nos leva a uma segunda característica: a rigidez, que faz com que o método seja

pouco sensível a modifi cações, assemelhando-se a uma “receita de bolo”. O método também

pressupõe que as observações sejam neutras e objetivas, ou seja, que não haja qualquer tipo

de interferência dos cientistas e de seu contexto histórico-cultural nos fenômenos a estudar.

Além disso, o método científi co, tal como descrito acima, pretende ser universal, ou

seja, aplicado a qualquer tipo de investigação científi ca e sempre da mesma maneira. E, sendo

único, serve como critério de demarcação entre o que pode e o que não pode ser considerado

científi co. Um conhecimento, para ser científi co, deve resultar da aplicação do método, e vice-

versa: aplicando-se o método, chega-se a um conhecimento válido do ponto de vista científi co.

Por fi m, o conhecimento gerado a partir do método tem a pretensão de ser um conhecimento

seguro, comprovado e verdadeiro. Aliás, essas são palavras que costumamos associar ao

conhecimento científi co: “prova”, “verdade” etc. Você já deve ter se deparado com alguma frase

do tipo: “A ciência acaba de provar que...” ou “Foi comprovado cientifi camente que...”. Quase

sempre está implícito, em afi rmações dessa natureza, a ideia de que foi aplicado um método para

se chegar a essa “comprovação”, que subentende um conhecimento defi nitivo e “verdadeiro”.

Mas...

Page 9: Aula 9 sedis  filosofia da ciencia

Aula 09 História e Filosofi a da Ciência 7

a) Você concorda com a visão de ciência apresentada pelo autor? Explicite pontos de

concordância e de discordância.

b) Que relações podemos estabelecer entre a visão apresentada por Chalmers, nesse trecho,

e a ideia de método científi co trabalhada nesta aula?

Indução e empirismo

A Filosofi a da Ciência, principalmente no último século, questionou profundamente o

uso e a validade do “método científi co”, tal como exposto na seção anterior. Mas, antes de

procedermos a essa crítica, valeria a pena tecer alguns comentários (de modo não exaustivo!)

sobre as origens desse método.

A questão da busca de um caminho para se chegar a um conhecimento seguro é tão

antiga quanto a própria Filosofi a. Em Platão e Aristóteles podem ser encontradas profundas

refl exões sobre isso. No entanto, a origem do “método científi co” costuma estar associada ao

nome do fi lósofo inglês Francis Bacon (1561-1626).

Figura 1 – Francis Bacon (1561-1626)

Bacon é um personagem da “virada” do século XVI para o XVII, que foi bastante

infl uenciado pelas grandes transformações do seu tempo, momento em que a ciência moderna

adquire maturidade e promove uma verdadeira revolução na forma de pensar do homem

ocidental. É o período que compreende, como vimos na história da mecânica, nomes como

Copérnico, Bruno, Galileu, Kepler, entre outros.

Caminho

Etimologicamente,

a palavra ‘método’

associa-se à ideia

de ‘caminho’.

Page 10: Aula 9 sedis  filosofia da ciencia

Aula 09 História e Filosofi a da Ciência8

É importante que se diga que, embora Bacon enfatize a utilidade do conhecimento,

não nega a importância dos conhecimentos teóricos. Nesse sentido, fazia

distinção entre experimentos “frutíferos” (com consequências práticas diretas)

e “lucíferos” (que auxiliam na descoberta de causas e axiomas). Vale, ainda,

ressaltar que os historiadores costumam frisar que Bacon estava falando da

utilidade do conhecimento como um todo, que dizia respeito a uma melhor

compreensão e dominação da natureza.

Era jurista e homem público, tendo exercido atividade política. Preocupou-se em refl etir

sobre o conhecimento, partindo do princípio de que ele deveria estar a serviço do ser humano.

O domínio da natureza pelo homem, por meio da compreensão de suas leis, resultaria em

benefícios práticos à vida cotidiana. Para ele, um sistema fi losófi co deve ser julgado pelos frutos

que é capaz de dar. Nesse sentido, Bacon defende que o conhecimento deva voltar-se para a vida

prática. Em sua mais conhecida obra (Novum Organum), ele afi rma: “A verdadeira e legítima meta

das ciências é a de dotar a vida humana de novos inventos e recursos” (BACON, 1997, p. 64).

Aforismo

No Novum Organum,

Bacon utiliza “aforismos”

(espécie de “máxima”

ou “sentença moral

breve”). Nas citações a

seguir, indicaremos, além

da página, o número

do aforismo [afor.]

que aparece na obra.

A linguagem da época,

mesmo traduzida, contém

em geral alguns termos

incomuns na linguagem

cotidiana. Preocupe-se em

compreender o sentido

geral das citações.

Perspectiva

aristotélica

Aliás, o próprio nome

dessa obra de Bacon

(Novum Organum ou

Verdadeiras indicações

acerca da interpretação

da natureza) foi dado em

contraposição direta ao

Organon de Aristóteles.

Segundo o fi lósofo, houve (até a sua época) poucos avanços na ciência porque os

homens, além de gastarem tempo, orgulho e dinheiro em coisas e estudos sem importância

e utilidade, não tinham um método adequado de investigação da natureza:

[...] advertimos de modo claro e fi rme que com os atuais métodos não se podem lograr

grandes progressos nas doutrinas e nas indagações sobre ciências, e bem por isso

não se podem esperar signifi cativos resultados práticos (BACON, 1997, p. 96, Livro I,

afor. CXXVIII).

Os “atuais métodos” criticados por Bacon relacionam-se à perspectiva aristotélica

de obtenção de axiomas gerais a partir da análise de poucos casos particulares. Para ele, a

passagem do particular ao geral não deveria se dar por um “salto”, mas de modo gradativo e

fundamentado em fatos, experimentos e uma ampla gama de observações:

Só há e só pode haver duas vias para a investigação e para a descoberta da verdade.

Uma, que consiste no saltar-se das sensações e das coisas particulares aos axiomas mais

gerais e, a seguir, descobrirem-se os axiomas intermediários a partir desses princípios

e de sua inamovível verdade. Esta é a que ora se segue. A outra, que recolhe os axiomas

dos dados dos sentidos e particulares, ascendendo contínua e gradualmente até alcançar,

em último lugar, os princípios de máxima generalidade. Este é o verdadeiro caminho,

porém ainda não instaurado (BACON, 1997, p. 36, Livro I, afor. XIX).

E continua Bacon:

Tanto uma como a outra via partem dos sentidos e das coisas particulares e terminam

nas formulações da mais elevada generalidade. Mas é imenso aquilo em que discrepam.

Enquanto uma perpassa na carreira pela experiência e pelo particular, a outra aí se detém

de forma ordenada, como cumpre. Aquela, desde o início, estabelece certas generalizações

abstratas e inúteis; esta se eleva gradualmente àquelas coisas que são realmente as mais

comuns na natureza (BACON, 1997, p. 36, Livro I, afor. XXII).

Page 11: Aula 9 sedis  filosofia da ciencia

Aula 09 História e Filosofi a da Ciência 9

A proposta de Bacon funda-se, pois, na indução, cujo princípio é a ascensão gradativa

do particular ao geral, via observação e experiências. Em outras palavras, devemos observar

a natureza, realizar experimentos e, a partir dos resultados disso, procedermos a uma gradual

e contínua generalização. Uma vez obtidos os axiomas gerais, Bacon alerta-nos que:

Na constituição de axiomas por meio dessa indução, é necessário que se proceda a um

exame ou prova: deve-se verifi car se o axioma que se constitui é adequado e está na

exata medida dos fatos particulares de que foi extraído, se não os excede em amplitude e

latitude, se é confi rmado com a designação de novos fatos particulares que, por seu turno,

irão servir como uma espécie de garantia. Dessa forma, de um lado, será evitado que se

fi que adstrito aos fatos particulares já conhecidos; de outro, que se cinja a sombras ou

formas abstratas em lugar de coisas sólidas e determinadas na sua matéria. Quando esse

procedimento for colocado em uso, teremos um motivo a mais para fundar as nossas

esperanças (BACON, 1997, p. 81, Livro I, afor. CVI).

Outro aspecto interessante do método indutivo baconiano é a proposta de construção de

tabelas para o estudo de um determinado fenômeno, correspondendo a três “índices”: o “índice

de presença”, apontando as situações na qual o fenômeno ocorre; o “índice de ausência”,

destacando quando ele não ocorre; e o “índice de gradação”, apontando as variações do

fenômeno. Como exemplo disso, Bacon propõe-se a investigar a natureza do calor. Constrói,

inicialmente, uma lista com 28 itens referentes à “presença”:

1. Os raios do Sol, sobretudo no verão e ao meio-dia.

2. Os raios do Sol refl etidos e condensados, como entre montes ou por muros e sobretudo

sobre espelhos.

3. Meteoros ígneos.

4. Raios fl amejantes. [...]

(BACON, 1997, p. 110, Livro II, afor. XI)

Segue-se a lista de “ausência”, com 32 itens:

1. Os raios da lua, das estrelas e dos cometas não trazem calor ao tato, mas, ao contrário,

é no plenilúnio que se observam os frios mais rigorosos. [...]

2. [...] Os raios solares na chamada região intermediária não produzem calor. [...]

3. [...] A refl exão dos raios do sol nas regiões próximas dos círculos polares é muito

fraca e inefi caz em calor. [...]

(BACON, 1997, p. 112, Livro II, afor. XII)

E, por último, uma lista com 41 itens de “graus ou comparação do calor”. Bacon pretendia

compreender um determinado fenômeno (nesse caso, a natureza do calor) por meio da

consideração de listas desse tipo e da ajuda da indução. Como vemos, esse método baconiano

não é facilmente aplicável, e nunca chegou a ser usado plenamente.

Por fi m, nessa breve exposição do pensamento de Francis Bacon, cabe um destaque

referente a uma de suas ideias. Em sua discussão sobre o conhecimento humano, Bacon

chama a atenção para as noções falsas que impediriam que a verdade fosse alcançada. Essas

Page 12: Aula 9 sedis  filosofia da ciencia

Aula 09 História e Filosofi a da Ciência

Atividade 2

1

2

3

10

Quais as principais características do método proposto por Francis

Bacon para obtenção do conhecimento?

Por que esse método é denominado de indutivo?

Que relações você estabelece entre o método baconiano e o método

científi co discutido anteriormente?

noções são identifi cadas com erros que podem ser cometidos ao se produzir conhecimento.

A elas, Bacon dá o nome de ídolos, que seriam de quatro tipos: ídolos da tribo, da caverna,

do foro e do teatro.

Os primeiros seriam falhas associadas ao uso direto e imediato dos sentidos, que podem

distorcer e corromper as coisas se não forem corrigidos pela experimentação. Esses ídolos da tribo estão fundados na própria natureza humana (daí o seu nome). Afi rma Bacon que:

Na verdade, os sentidos, por si mesmos, são algo débil e enganador; nem mesmo os

instrumentos destinados a ampliá-los e aguçá-los são de grande valia. E toda verdadeira

interpretação da natureza se cumpre com instâncias e experimentos oportunos e

adequados, onde os sentidos julgam somente o experimento e o experimento julga a

natureza e a própria coisa (BACON, 1997, p. 44, afor. L).

Os ídolos da caverna correspondem a equívocos advindos da subjetividade do próprio

investigador, ao carregar seus preconceitos, hábitos, história de vida etc. na análise de um

determinado fenômeno. Pois, segundo Bacon, cada homem “tem uma caverna ou uma cova

que intercepta e corrompe a luz da natureza” (BACON, 1997, p. 40, afor. XLII). Já os ídolos do foro representam falhas decorrentes das limitações que nos são impostas pela linguagem na

compreensão das coisas. Por último, os ídolos do teatro são relativos à admissão de falsos

sistemas fi losófi cos e teorias por parte do investigador. São os métodos errados usados na

busca do conhecimento.

É interessante como Bacon afasta-se de uma visão “indutivista ingênua”, ao tratar dos

ídolos como obstáculos a serem evitados, deliberadamente, na busca pela verdade (há uma

forte relação entre essas ideias de Bacon e a noção de obstáculo epistemológico de Gaston

Bachelard, como veremos na Aula 13). A mente humana não é, nesse sentido, algo vazio a ser

preenchido com os dados diretos da observação.

Page 13: Aula 9 sedis  filosofia da ciencia

Aula 09 História e Filosofi a da Ciência 11

A continuidade do programa empirista

A ênfase dada por Bacon à experimentação faz com que seu nome seja associado a

uma corrente fi losófi ca denominada de empirismo. Grosso modo, pode-se dizer que, para

os empiristas, a origem de todo o conhecimento está na experiência, seja ela a experiência

sensível ou a experiência “controlada”. Como vimos, Bacon reforça essa ideia ao propor um

método que parte da observação, dos fatos e das experiências particulares em direção aos

axiomas e ao conhecimento geral.

O método indutivo proposto por Bacon ainda não é o “método científi co” tal como

exposto por nós no início dessa aula. No entanto, é possível ver muitas relações entre eles,

determinadas, principalmente, pelo movimento que vai do particular ao geral e pela ênfase na

experiência. Daí que o “método científi co” também seja denominado de empírico-indutivista.

Ele é herdeiro de uma tradição fi losófi ca que teve em Bacon um de seus expoentes, ainda que

tenha sofrido modifi cações ao longo da história.

Além de Bacon, outros pensadores podem ser considerados partícipes do programa

empirista. Dentre eles, podemos citar John Locke (1632-1704), George Berkeley (1685-1753)

e David Hume (1711-1776), todos britânicos. Há diferenças signifi cativas nas propostas de

cada um deles em relação ao conhecimento humano. Locke, por exemplo, defende que nossas

ideias são formadas no espírito, mas não são inatas na mente. A experiência seria a fonte

das “ideias de sensação”, enquanto as operações da própria mente gerariam as “ideias de

refl exão”. Berkeley, por sua vez, enfatiza tanto os sentidos e a percepção que chega a negar a

existência da matéria e de todas as coisas fora da mente, desenvolvendo uma estranha mistura

de idealismo e empirismo. Já Hume fará uma importante crítica à indução (como veremos na

aula seguinte), embora defenda que a fonte do conhecimento está na percepção.

Figura 2 – John Locke (1632-1704) Figura 3 – George Berkeley (1685-1753)

Britânicos

Devido à forte presença

de britânicos na corrente

empirista, é comum

vermos referência a

esse grupo como

“empiristas ingleses”.

Page 14: Aula 9 sedis  filosofia da ciencia

Aula 09 História e Filosofi a da Ciência12

É importante perceber que, ao associarmos certos nomes a uma visão empirista,

não queremos dizer que, no pensamento de tais autores, não há espaço para

a razão. Apesar de ser, em certa medida, uma simplificação, esse tipo de

classifi cação nos ajuda a identifi car aspectos centrais de uma determinada

perspectiva fi losófi ca. Mas vale lembrar: o pensamento de um fi lósofo é sempre

mais complexo do que uma primeira apresentação sugere!

Não pretendemos, obviamente, abordar as concepções desses autores tão rapidamente...

o parágrafo anterior serve, apenas, para não deixarmos a impressão de que o empirismo é

algo “monolítico” e que segue inalterado desde Bacon. Ao contrário, a concepção empirista se

sofi sticou com o passar dos séculos, tendo sido incorporada pelo pensamento positivista que

marcou a segunda metade do século XIX. Aliás, a ideia do “método científi co” deve muito aos

positivistas, sendo contestada mais forte e consistentemente somente no início do século XX.

A essa altura você pode estar se perguntando:

Afi nal, qual o problema com a indução?

Qual o problema com o empirismo?

As experiências não são fundamentais em ciência?

Figura 4 – David Hume (1711-1776)

Page 15: Aula 9 sedis  filosofia da ciencia

Aula 09 História e Filosofi a da Ciência 13

Deixaremos para as próximas aulas o aprofundamento dessa discussão. Por ora,

interessa-nos investigar a seguinte questão: é possível usarmos a ideia de método indutivo

ou de método científi co, tal como apresentados nessa aula, para fazermos uma análise de

episódios da História da Ciência? Em outras palavras: podemos fazer uma leitura empirista

da História da Ciência?

Uma leitura empirista da História

A resposta a essa última questão é, em princípio, “sim”. Aliás, a visão empirista dominou

durante um bom tempo as análises históricas do empreendimento científi co e ainda tem

predominado na visão de senso comum a respeito da ciência.

Um personagem, em particular, que é frequentemente citado como referência de uma

postura empirista é Galileu Galilei. O pensador italiano, que foi um dos responsáveis pela

derrocada do sistema de mundo aristotélico-ptolomaico e pela transição que levou à nova

mecânica, tem o seu nome associado a grandes experimentos, tais como o do plano inclinado

e o da queda dos corpos do alto da torre de Pisa.

Galileu, em seus livros, descreve de modo razoavelmente detalhado alguns dos

experimentos que teria realizado. Em uma de suas obras mais famosas (Discurso sobre Duas

Novas Ciências), escrita na forma de diálogos entre três personagens (Salviati, Sagredo e

Simplício), ele relata a experiência do plano inclinado, por meio da qual teria chegado à lei de

queda dos corpos graves. No trecho abaixo, Salviati (que representa Galileu) afi rma:

Pelo que se refere às experiências, o autor não deixou de fazê-las; e para assegurar-se de que

a aceleração dos graves, que caem de modo natural, acontece na proporção acima afi rmada,

encontrei-me muitas vezes em sua companhia, procurando tal prova da seguinte maneira.

Numa ripa ou, melhor dito, numa viga de madeira com um comprimento aproximado de

12 braças, uma largura de meia braça de um lado a três dedos no outro, foi escavada uma

canaleta neste lado menos largo com pouco mais que um dedo de largura. No interior

dessa canaleta perfeitamente retilínea, para fi car bem polida e limpa, foi colada uma folha

de pergaminho que era polida até fi car bem lisa; fazíamos descer por ele uma bola de

bronze duríssima perfeitamente redonda e lisa. (GALILEI, 1988, p. 175).

Galileu continua descrevendo o aparato e, em seguida, os resultados obtidos com ele,

para várias inclinações do plano. Na sequência, relata a maneira pela qual media o tempo do

movimento da bola ao longo da descida:

No que diz respeito à medida do tempo, empregávamos um grande recipiente cheio de

água, suspenso no alto, o qual, por um pequeno orifício feito no fundo, deixava cair um

fi no fi o de água, que era recolhido num pequeno copo durante todo o tempo em que a bola

descia pela canaleta ou por suas partes. As quantidades de água assim recolhidas eram

a cada vez pesadas com uma balança muito precisa, sendo as diferenças e proporções

entre os pesos correspondentes às diferenças e proporções entre os tempos; e isto com

tal precisão que, como afi rmei, estas operações, muitas vezes repetidas, nunca diferiam

de maneira signifi cativa. (GALILEI, 1988, p. 176).

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Aula 09 História e Filosofi a da Ciência14

Embora o relato de Galileu seja bastante limitado, incompleto e impreciso, para padrões

científi cos atuais, é certamente a descrição de uma experiência que parece ter sido realizada.

Conforme discutido nas aulas referentes à história da mecânica, os historiadores tendem a

concordar que ele realizou o experimento do plano inclinado (mas não o da torre de Pisa, cujo

resultado entraria em confl ito com suas ideias acerca da queda dos corpos...).

Diversos pesquisadores ao redor do mundo já tentaram reproduzir essa experiência,

utilizando, inclusive, materiais e técnicas semelhantes às que Galileu teria usado. Boa parte

deles conclui que o pensador italiano seria capaz de obter os resultados que descreve em

seu livro. Mas, independentemente da realização ou não do experimento, uma questão

importante para a Filosofi a da Ciência passa a ser: será que Galileu obteve a lei de queda

dos graves a partir desse experimento? Em outras palavras: o experimento foi o ponto de partida para a obtenção da lei?

As leituras empiristas da História da Ciência dizem que sim. Para os empiristas, foi a

partir da experiência que Galileu chegou às suas principais conclusões acerca da lei de queda

dos corpos, da relatividade do movimento etc. O uso que Galileu fez da luneta reforçaria

essa interpretação: teria sido por meio das observações das crateras da Lua, dos satélites

de Júpiter, das fases de Vênus e das manchas solares que Galileu obteve os dados a favor

do modelo copernicano.

Se voltarmos à ideia do “método científi co” tal como exposto no início dessa aula,

podemos refazer esse questionamento da seguinte maneira: será que Galileu usou o método

científi co em suas pesquisas? Ele cumpriu a “sequência de etapas” propostas no método

empírico-indutivista? Se o método é, de fato, uma descrição de como os cientistas trabalham,

é lícito perguntarmos se Galileu partiu da observação, acumulou dados e – somente depois

disso – criou hipóteses, testou-as e confi rmou-as.

E então?

O pensamento dominante na Filosofi a da Ciência do último século discorda de uma leitura

empirista, tal como caracterizada nessa seção! Teremos a oportunidade de, a partir da próxima

aula, discutirmos por que e em que sentido a visão empirista não é majoritária. Note que isso

se estende ao método científi co, ou seja, a Filosofi a da Ciência atual também discorda que

haja um método único que possa ser identifi cado com um procedimento padrão de produção

do conhecimento científi co.

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Aula 09 História e Filosofi a da Ciência

Atividade 3

Atividade 4

Resumo

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O que signifi ca fazer uma leitura empirista da obra de Galileu? Que argumentos

podem ser usados em favor dessa visão?

Realize uma breve pesquisa na internet sobre John Locke, George Berkeley e

David Hume, colocando esses nomes em um sítio de busca. Mesmo levando-se

em consideração as limitações desse tipo de pesquisa (endereços não confi áveis,

confl itos de afi rmações etc.), procure identifi car algumas das principais ideias

desses pensadores, assim como características do período em que viveram e

aspectos de suas biografi as.

Nessa aula, você foi apresentado a alguns dos temas relativos à Filosofi a da

Ciência. Em particular, iniciamos a discussão acerca da noção de “método

científi co”, tratando do método empírico-indutivista em sua formulação comum,

bem como buscando suas origens históricas no pensamento do fi lósofo Francis

Bacon. A continuidade do programa empirista foi apontada, assim como a

possibilidade de realizarmos uma leitura empirista da História da Ciência.

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Aula 09 História e Filosofi a da Ciência

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Referências

ANDERY, M. A. et al. Para compreender a ciência. Rio de Janeiro: Garamond, 2007.

BACON, F. Novum organum (Coleção “Os Pensadores”). São Paulo: Nova Cultural, 1997.

CHALMERS, A. F. O que é ciência, afi nal? São Paulo: Brasiliense, 1993.

GALILEI, G. Duas Novas Ciências. São Paulo: Nova Stella, 1988.

NEVES, M. C. D. et al. Galileu fez o experimento do plano inclinado?. Revista Electrónica de Enseñanza de las ciências, v.7, n.1, p.226-242, 2008.

ROSA, L. P. Tecnociências e Humanidades. São Paulo: Paz e Terra, v.1, 2005.

SILVEIRA, F. L.; PEDUZZI, L. O. Q. Três episódios de descoberta científi ca: da caricatura empirista

a uma outra história. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 23,n. 1, p. 26-52, 2006.

ZANETIC, J. FMT405 - Evolução dos conceitos da física - notas de aula. São Paulo: Instituto

de Física da USP (mimeo), 2008.

ZYLBERSZTAJN, A. Galileu: um cientista e várias versões. Caderno Catarinense de Ensino de Física, v. 5 (número especial), p. 36-48, 1988.

Autoavaliação

Com base na leitura dessa aula e nas Atividades desenvolvidas por você, refl ita sobre as

seguintes questões:

Compreendo as principais questões de interesse da Filosofi a da Ciência? Saberia

citar algumas?

O meu entendimento acerca do “método científi co” foi alterado em função da leitura

dessa aula? Como?

Compreendo as principais características do método indutivo e do empirismo?

Sou capaz de avaliar a relação de Francis Bacon com a indução e o empirismo?

Tenho argumentos para defender que Galileu tenha sido um “empirista”?

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