aula0 ecologia conserv manejo biodiver te icmbio 70034

Upload: paulo-renan-franca

Post on 17-Feb-2018

231 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    1/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 1

    com grande prazer comearmos um curso que no somente pode nos ajudar

    a passar no Concurso do ICMBIO, mas tambm ampliar nosso conhecimento

    sobre a temtica ambiental.

    Meu nome Simone Ribeiro, trabalhei em uma OSCIP por 7 anos no Noroestemineiro, participando de projetos de Educao Ambiental e Aproveitamento de

    recursos nativos como o baru que recebeu recursos do PNUD (Programa das

    Naes Unidas para o Desenvolvimento). Ainda em Minas desenvolvi projetos

    de plantio agroflorestal na produo de leos essenciais, dentro de uma

    empresa de explorao de leos na qual sou scia.

    Nosso curso ser dividido em 06 aulas:

    ECOLOGIA,CONSERVAO EMANEJO DABIODIVERSIDADE

    Aula 00: Ecologia da paisagem. Fragmentao, efeito deborda e perda de biodiversidade.

    Aula 01: Corredores ecolgicos, disperso de fauna e florae trocas genticas. Introdues indesejadas de animaisexticos ou alctones e seus efeitos sobre populaes ecomunidades em ambientes naturais.

    Aula 02: Biomas e fitofisionomias brasileiros:caractersticas e evoluo da fauna e flora. Conservao emanejo de populaes e de metapopulaes in situ e exsitu. Estrutura de populaes e manejo sustentvel defauna na natureza e em semiliberdade. Estatsticaparamtrica e no paramtrica.

    Aula 03: Estratgias para conservao da diversidadebiolgica: hotspots(reas de alta biodiversidade) e centrosde endemismos. Estratgias de conservao de habitats ede espcies.

    Aula 04: Desenvolvimento econmico do pas econservao da biodiversidade amaznica. Poltica Nacionalda Biodiversidade, Decreto n 4.339/2002. Decreto n2.519/1998.

    Aula 05: Acesso ao patrimnio gentico, Medida Provisrian 2.186-16/2001 e Decreto n 6.159/2007. Lei n5.197/1967.

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    2/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 2

    BIODIVERSIDADE,ZOOLOGIA, BOTNICAE HISTRIA NATURAL

    Aula 06: Biodiversidade conhecida e desconhecida noBrasil. Classificao e taxonomia animal e vegetal. Fatoresbiolgicos determinantes de riscos de extino. Radiaoevolutiva (evoluo filogentica e filogeografia).

    Esta somente uma amostra das nossas futuras aulas para o curso

    preparatrio, visando o cargo de analista ambiental do Instituto Chico Mendes

    de Conservao da Biodiversidade - ICMBIO, com nfase nas provas do CESPE

    e de acordo com o edital de 2014.

    O assunto Ecologia da Paisagem (Ecologia de Paisagens) ser abordado

    somente nas aulas definitivas.

    Ento, vamos comear?

    AULA 00 ECOLOGIA DA PAISAGEM, FRAGMENTAO, EFEITO DE BORDA E

    PERDA DE BIODIVERSIDADE

    AULA 00

    Ecologia da paisagem

    0. Ecologia da paisagem

    1. Fragmentao2. Dinmica de populaes entre os fragmentos

    2.1 Teoria de biogeografia de ilhas

    2.2 Teoria sobre metapopulaes

    3. Causas naturais e artificiais de fragmentao

    4. Efeitos da fragmentao sobre a biodiversidade

    5. Concluso

    6. Glossrio

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    3/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 3

    FRAGMENTAO

    1.Compreendendo fragmentao

    O que te faz lembrar a palavra fragmentao? Se pensou em separao,acertou!

    Olhe bem as fotografias abaixo e procure pelas florestas ou pelo que restou

    delas:

    Provavelmente voc ir encontrar algumas partes ou fragmentos da floresta

    original que mais parecem manchas separadas por plantaes, no mesmo?

    Fragmentao nada mais do que a separao ou diviso de uma dada

    unidade do ambiente original de um lugar, e estas partes ou fragmentos

    passam a ter condies ambientais diferentes do seu entorno ou matriz.

    No caso das fotografias, as matrizes so as plantaes e os fragmentos ou

    remanescentes florestais so as partes das florestas originais.

    Esse processo tambm existe naturalmente, mas tem sido intensificado pela

    ao humana ou antrpicagerando muitos problemas ambientais.

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    4/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 4

    A fragmentao tambm pode ser considerada como a separao de um

    habitat,que seria o lugar ou tipo de local onde um organismo ou populao

    poderia ocorrer.

    A fragmentao o processo no qual um habitat contnuo (terrestre ouaqutico) dividido em manchas, ou fragmentos, mais ou menos isoladas.

    No caso de ambientes aquticos, os lagos ou reservatrios so considerados

    fragmentos, porque foram formados a partir do isolamento natural ou artificial

    do rio principal ou de seus tributrios (afluentes). Um bom exemplo de

    isolamento ou fragmentao artificial a construo de barragens.

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    5/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 5

    2.Compreendendo a dinmica de populaes entre os fragmentos

    2.1 Teoria de biogeografia de ilhas

    A consequncia da fragmentao a formao de manchas ou fragmentos de

    habitats, mais ou menos isolados dentro de uma matriz, que a rea

    circulante (ex. floresta que foi recortada e agora tem uma rea de pasto em

    seu entorno, a rea de pasto a matriz).

    Se voc observar atentamente esses fragmentos de florestas se tornam

    verdadeiras ilhas em um mar de modificaes antrpicas que constituem a

    matriz circulante.

    A rea em verde claro seria a matriz e as ilhas ou fragmentos de habitat

    seriam as manchas em verde escuro.

    Poderamos utilizar ento uma teoria que se aplica s ilhas martimas, a

    famosa teoria de biogeografia de ilhasproposto por McArthur e Wilson em

    1967 para compreendermos melhor o que acontece nesses habitats

    fragmentados.

    Essa teoria parte da premissa de que essas ilhas no funcionam como um

    sistema fechado, ou seja, nelas ocorrem migraes.

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    6/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 6

    Essa teoria comporta algumas observaes:

    1)Comunidades insulares (comunidades das ilhas) seriam mais pobres, em

    nmero de espcies, do que as comunidades continentais (comunidades

    do continente) equivalentes. Ento, as comunidades continentais

    seriam mais ricas em espciesdo que as comunidades das ilhas.

    2)Como vimos antes quando falamos em aumento de diversidade de

    espcies em reas de continentes, isso tambm se aplicaria as ilhas,

    porque a riqueza ou quantidade de espcies aumentaria com o

    tamanho da ilha. Um exemplo da relao entre riqueza de espcies e o

    tamanho da ilha o que ocorre nas ilhas de Aland (Finlndia):

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    7/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 7

    O grfico acima mostra uma relao direta entre o tamanho ou rea da ilha e aquantidade de espcies.

    Outra questo que como as populaes de ilhas pequenas tendem a ser

    menores, elas seriam consequentemente mais vulnerveis extino.

    A taxa de extino em funo do tamanho da ilha representada no grfico

    abaixo:

    A linha vermelha representa a taxa de extino e a linha azul a taxa de

    imigrao.

    3)Outra observao dentro da teoria de biogeografia de ilhas que a

    quantidade de espcies diminuiria com o isolamento da ilha,

    porque quanto mais distante uma ilha for da outra, mais difcil seria a

    migrao de espcies.

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    8/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 8

    A representao abaixo mostra a variao do nmero de espcies

    quanto ao isolamento e tamanho das ilhas:

    Deste modo a taxa de imigrao determinada em grande parte pelo grau de

    isolamento da ilha: quanto mais isolada, menor seria a taxa de imigrao.

    Consequentemente as populaes de ilhas isoladas tenderiam a ser

    menores, e assim elas tambm estariam mais susceptveis extino,

    como no grfico abaixo:

    A linha vermelha representa a taxa de extino e a linha azul a taxa de

    imigrao.

    4)A teoria do equilbrio da biogeografia de ilhas nos diz, alm disso, que o

    nmero de espcies presentes em uma ilha representado por um

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    9/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 9

    balano entre a taxa de imigrao e a de extino da mesma.

    Para qualquer ilha existiria uma taxa de extino e uma taxa de

    imigrao que entraria em equilbrio, mantendo assim o nmero

    total de espcies relativamente constante.Existiria ento um equilbrio dinmico entre extino e imigrao como

    no seguinte grfico:

    Nessa outra representao desse equilbrio, I a taxa de imigrao, E a taxa

    de extino e o nmero de espcies S para os quatro pontos de equilbrio so

    representados por: Ssm = nmero de espcies em uma ilha pequena; Slg =

    ilha grande; Snear = ilha prxima; Sfar = ilha distante:

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    10/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 10

    Relembrando que a teoria de biogeografia de ilhas tambm poderia ser

    aplicada aos fragmentos de habitat das regies continentais:

    Os grandes fragmentos ou ilhas grandes possivelmente seriam mais

    ricos em espcies.Em grandes fragmentos provavelmente encontraremos tanto espcies

    comuns como raras. Uma espcie considerada rara quando em qualquer

    amostragem em sua rea de distribuio geogrfica, ela estar sempre entre

    as 20% menos abundantes, ou quando comparada com outra de igual

    densidade populacional, mas tendo uma distribuio maior, a primeira seria

    assim considerada rara.

    Enquanto que em fragmentos pequenos teramos apenas espcies

    comuns, e em mdia populaes menores do que em fragmentos maiores.

    Um detalhe importante relacionado s pequenas populaes que, como visto

    na teoria de biogeografia de ilhas, estes fragmentos menores com populaes

    reduzidas tendem a ser mais vulnerveis extino.

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    11/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 11

    Um exemplo dessa relao entre tamanho do fragmento florestal e extino

    a existncia de vrios estudos desenvolvidos sobre fragmentao e o seu

    impacto na avifauna, que tm mostrado perda significativa de espcies quanto

    menor for a rea.

    Questes do CESPE (IBAMA 2002)

    22 - Em um estudo feito com quinze fragmentos florestais na bacia do rio Jacar-Pepira

    SP, alm de se analisar a diversidade contida nos fragmentos de diferentes tamanhos

    e diferentes graus de interconectividade, foi avaliada a relao entre a diversidade de

    espcies e a largura dos fragmentos riprios (corredores). A figura abaixo ilustra essa

    relao.

    Considerando esses dados e a fragmentao de hbitats, julgue os itens seguintes.

    1- Com base na biogeografia de ilhas, os fragmentos melhores seriam aqueles com uma

    menor relao rea/permetro. Errado, a relao rea/permetro tem a ver com a

    forma.

    4-No estudo apresentado, os fragmentos mais estreitos apresentam menos de 60% das

    espcies amostradas. Certo, s verificar no grfico.

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    12/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 12

    Questes do CESPE (IBAMA - 2005)

    Considere um projeto de construo de rodovia pavimentada de faixa dupla em regio

    de fragmentos remanescentes de vegetao nativa da Amaznia, na fronteira entre os

    estados do Acre e Rondnia. O traado previsto corta a rea de estudo em diagonal,

    na rea inferior esquerda, conforme mostra a figura acima.O empreendedor props como compensao pelos eventuais danos ambientais a

    criao de rea protegida privada, nos termos da Lei n. 9.985/2000, mediante

    aquisio e revegetao de uma das reas assinaladas como AAAA ou BBBB na figura

    acima. Considere, ainda, que as regies claras correspondem a reas agrcolas e que

    existe um curso dgua cuja nascente localiza-se junto ao traado da rodovia e

    penetra em F1, saindo desta prximo a AAAA, para, ento, correr entre F1 e AAAA e,

    depois, seguir margeando F1, que uma reserva biolgica.Diante dessa situao hipottica e na condio de tcnico que analisa o projeto,

    julgue os itens que se seguem.

    113 correto esperar que o resultado de um trabalho de levantamento de campo

    para estimar-se o ndice de diversidade biolgica relativamente riqueza de espcie

    indique que o fragmento F1 apresenta maior riqueza de espcie que os demais

    fragmentos. Certo, porque tem maior rea de habitat.

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    13/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 13

    Grupos de fragmentos florestais, de tamanhos semelhantes, isolados por

    grandes distncias ou por terrenos inspitos, tendem a ter menos espcies que

    fragmentos menos isolados, por duas razes:

    1-Relativamente, so poucos os indivduos de uma determinada espcieque iro imigrar para um fragmento isolado, e os que fazem so muito

    importantes porque podem ajudar a salvar populaes pequenas da

    extino, e repovoar populaes desaparecidas localmente;

    2-Espcies que so mveis o suficiente para usar um conjunto de

    fragmentos ou arquiplago de pequenas manchas de habitat, que

    coletivamente formam uma rea grande o suficiente, que corresponda

    sua rea de vida, so menos propensas a usar fragmentos isolados, por

    no haver necessidade de visit-los.

    2.2 Teoria sobre metapopulaes

    A teoria sobre metapopulaes tambm nos ajuda a entender como funcionaria

    a dinmica entre os fragmentos de habitats.

    As diversas populaes locais de uma mesma espcie ou

    subpopulaes que interagem constituem uma metapopulao, ou

    segundo Levins, um conjunto de subpopulaes interconectadas que

    funcionam como uma unidade demogrfica.

    Na representao abaixo temos representada uma metapopulao - conjunto

    de subpopulaes - de saguis interagindo em fragmentos de habitat

    favorveis:

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    14/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 14

    A migrao entre esses fragmentos depende tambm da espcie.

    Existem muitas espcies de aves, por exemplo, que no conseguem nem sair

    de um fragmento porque em reas mais abertas existem mais predadores, e

    elas se sentem ameaadas por eles.A qualidade e a distribuio espacial dos fragmentos podem facilitar

    ou dificultar a migrao. Estudos mostram que uma metapopulao pode

    ser limitada no espao, e que a recolonizao ocorrer provavelmente entre os

    fragmentos mais prximos.

    Grandes fragmentos de habitat (so considerados fonte ousourcequando o

    sucesso reprodutivo local for maior que a mortalidade local, assim produzindo

    um EXCEDENTE de indivduos, que precisam se dispersar de onde nasceram

    para se fixar e acasalar), servem como fonte permanente de emigrantes

    podendo recolonizar fragmentos menores.

    J em fragmentos menores (onde a mortalidade excede o sucesso reprodutivo

    e as populaes so mais frequentemente extintas) pode acontecer o efeito

    drenoou ralo que a migrao de organismos excedentes da mancha fonte

    para a mancha dreno ou sink.

    Esse tipo de configurao com fragmentos fontes e drenos caracteriza o

    modelosource and sinkou fonte - ralo:

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    15/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 15

    As populaes de uma espcie s podem subsistir em habitats que no

    so negativos.

    As populaes alm de necessitarem de habitats ideias, tambm precisam derecursos alimentares apropriados, podendo formar populaes locais onde

    existam condies favorveis e alimentao.

    Nessa colcha de retalhos ou mosaico ambiental, algumas partes ou habitats

    so melhores que outros com maiores chances de sobrevivncia e reproduo.

    A sobrevivncia dos seres mais adaptados ao ambiente em que se

    encontram seria a aptido darwiniana e a medida dessa "aptido" o

    nmero mdio de filhos teis (isto , que deixam filhos) no referido ambiente.

    Assim, considerando que algumas partes do nosso mosaico ambiental so

    boas, outras nem tanto e algumas ruins, a aptido (darwiniana) desses

    indivduos ser proporcional ao tempo que permanecer nesses lugares para

    realizar suas atividades vitais (alimentao, reproduo...).

    Os que permanecem mais tempo em ambientes no favorveis ou ruins tem

    proporcionalmente uma reduo em sua aptido. Ento, indivduos que ficam

    mais tempo em habitats bons aumentam sua aptido e indivduos que ficam

    mais tempo em habitats ruins ou at mesmo negativos reduzem sua aptido.

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    16/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 16

    A distribuio das manchas ou fragmentos pode facilitar ou dificultar a

    migrao.

    3.Causas da fragmentao

    a)Causas naturais

    Os fatores que causam a fragmentao naturalmente podem agir isoladamente

    ou combinados; alguns fragmentos naturais resultam da combinao de

    flutuaes climticas no passado, altitude e tipo de solo.

    Esse processo dinmico, mas ocorre numperodo de tempo muito mais

    longoque a fragmentao de causa antrpica ou humana.

    Numa escala geolgica de tempo, a fragmentao natural causa isolamento de

    populaes, o que pode levar diferenciao gentica e especiao, que seriaa formao de novas espcies.

    A fragmentao natural ento, ao contrrio da causada pela ao antrpica,

    ao longo de muitos anos durante o processo evolutivo, muito importante na

    gerao de diversidade biolgica.

    Os fatores e processos que produzem fragmentos de forma natural so:

    1-Flutuaes climticas, que podem causar expanso ou retrao de

    determinados tipos de vegetao;

    Questo do CESPE (ICMBIO - 2008)

    A respeito da relao entre os fatores determinantes de riscos de extino e a estrutura do

    ambiente onde se encontram e do conhecimento da biodiversidade, julgue os itens que se

    seguem.

    54 - No modelo source-sink, as reas sink (escoadouro ou sumidouro) so identificadas a

    partir de caractersticas particulares da rea, que atenderiam a um modelo de

    favorabilidade, e sempre apresentam taxa de crescimento populacional intrnseco muito

    baixos. Errado, no atenderiam um modelo de favorabilidade.

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    17/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 17

    2-Heterogeneidade de solos, com certos tipos de vegetao restritos a tipos

    especficos de solos como, por exemplo, as matas calcrias;

    3- Topografia, que pode formar ilhas de tipos especficos de vegetao em

    locais elevados, como os brejos de altitude no nordeste do Brasil;4- Processos de sedimentao e hidrodinmica em rios e no mar;

    5- Processos hidrogeolgicos que produzem reas temporariamente ou

    permanentemente alagadas, onde ocorrem tipos particulares de vegetao.

    b) Causas antrpicas

    As maiores causas de fragmentao provocadas por humanos identificadas e

    estudadas no Brasil foram: a extrao de madeira; a supresso da floresta por

    meio de queimadas; a substituio da cobertura florestal nativa por

    reflorestamento com espcies exticas (no nativas); a expanso das

    atividades agropecurias para formao de pastagens e reas de cultivo;

    prticas agrcolas mecanizadas; a ocupao de terras de forma desorganizada;

    o padro da estrutura fundiria existente que dificulta a proteo das florestas

    e propicia a aes que geram perturbaes nas reas dos remanescentes

    florestais; a poltica de Reforma Agrria do Ministrio do Desenvolvimento

    Agrrio/INCRA; o crescimento urbano desordenado; presso do turismo; a

    caa e a captura de animais silvestres e as obras que alteram cursos de rios,

    rebaixam o lenol fretico e o equilbrio hdrico, modificando a paisagem e

    criando fragmentos no meio aqutico.

    Questo de prova do CESPE (ICMBIO - 2008)

    Um bom exemplo de aplicao da filogeografia um estudo liderado pelo professor Eduardo

    Eizirik, da Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul. Os resultados mostraram

    que, tanto para jaguatiricas (Leopardus pardalis) quanto para o gato-maracaj (Leopardus

    wiedii), existem trs grupos principais de linhagens genticas, possivelmente separados pelo

    io Amazonas e pelo estreito do Panam. Internet: (com

    adaptaes). Estudos sobre a jaguatirica tm indicado que esse felino prefere habitat com

    coberturas densas de florestas, evitando os habitat de fisionomias mais abertas, exceto

    noite, quando ocasionalmente visita esses habitat. Considerando esses estudos, julgue ostens a seguir.

    45 - Os desmatamentos em ambientes florestais podem fragmentar os habitat da

    aguatirica, impactando sua distribuio. Certo, desmatamentos so um dos principais

    motivos de fragmentao.

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    18/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 18

    4. Efeitos da fragmentao sobre a biodiversidade

    4.1 Efeito borda

    Florestas fragmentadas h pouco tempo so muito influenciadas por efeitos de

    borda.

    O efeito borda modifica o microclima dos fragmentos de floresta.

    Questo de prova do CESPE (IBAMA - 2005)

    Na poca do estudo para a elaborao do EIA para projeto de construo de rodovia

    pavimentada de faixa dupla em regio de fragmentos remanescentes de vegetao nativada Amaznia, houve ampla divulgao do mapa Principais rotas terrestres utilizadas para o

    trfico de animais silvestres Brasil, regio Norte, que integra o primeiro relatrio

    nacional sobre o trfico da fauna silvestre, da rede nacional de combate ao trfico de

    animais silvestres (RENCTAS). No mapa, esto representadas as principais rodovias,

    aeroportos, capitais e pontos de coleta e venda de animais, que se localizam, em geral, ou

    nas margens das rodovias ou nas margens de rios que so acessveis por rodovias.

    Com base nas informaes acima, julgue os itens a seguir:97 - Com relao paisagem, a rodovia constitui elemento articulador de novas relaes

    espaciais e vetor de dinamizao de impactos ambientais, sobretudo de desmatamento.

    Certo, a construo de estradas um mecanismo de fragmentao.

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    19/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 19

    Entendendo mais a fundo...

    O microclima o clima ou as condies fsicas do ar perto do solo, e

    macroclima a condio da circulao geral da atmosfera em grande escala.

    A vegetao influencia diretamente o microclima.Esta alterao no microclima se deve ao fato de que a umidade atmosfrica

    tambm consequncia da evaporao das guas e da transpirao das plantas,

    fenmeno denominado evapotranspirao.

    Essa influncia pode ser facilmente observada em uma pequena rea de

    pastagem que foi reflorestada, porque esta consequentemente se torna mais

    sombreada, recebendo menos insolao, ficando menos quente e mais mida.

    Quanto maior a diversidade de plantas, maior a variao do clima

    naquele ambiente, plantas altas e baixas, que transpiram mais e outras que

    transpiram menos provocam variaes microclimticas no ambiente.

    Assim, quanto menor a variedade de plantas, menor a variao do clima. Por

    exemplo, uma pastagem tem uma menor variao climtica do que uma

    floresta nativa de vegetao heterognea.

    O efeito bordaocorre quando h fragmentao. Causada pela radiao solar

    e pelos ventos quentes e secos da matriz (rea que circula as bordas dosfragmentos de floresta) que penetram nas bordas dos fragmentos de floresta e

    modificam seu microclima.

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    20/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 20

    Alguns insetos, sapos, mamferos e aves insetvoras da floresta evitam as

    bordas, sendo mais prejudicados pela fragmentao.

    H tambm um aumento na mortalidade das rvores que esto mais prximas

    as bordas, possivelmente devido ao stress hdrico e aumento da turbulncia

    ambiental, o que provoca um aumento de clareiras, alterando a estrutura ecomposio da floresta.

    Fragmentos em reas mais secas so altamente vulnerveis a incndios,

    especialmente os que j foram explorados por madeireiras.

    Espcies de fauna como os grandes felinos, anta e muitos primatas seriam

    tambm aquelas muito ameadas pela caa e fragmentao.

    Fragmentos ou manchas de florestas prximos a pastagens so mais sensveis

    a efeitos de borda do que os que so circulados por florestas secundrias oureas agroflorestais. Sistema agroflorestal um modo de produo agrcola

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    21/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 21

    que prejudica menos o meio ambiente natural do que o modo tradicional, e

    floresta secundria aquela resultante de um processo natural de regenerao

    da vegetao de uma rea degradada.

    O efeito borda reduz o habitat disponvel para espcies climxicas, que

    so aquelas que germinam em ambientes mais densos e com maior tolerncia

    ao sombreamento.

    Por exemplo quando ocorre a fragmentao devido a construo de uma

    rodovia ou estrada de ferro, o habitat para plantas climxicas bastante

    reduzido.

    Na ilustrao abaixo a rea interna representa a rea disponvel para espcies

    climxicas antes e depois da construo hipottica de uma rodovia e uma

    estrada de ferro.

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    22/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 22

    Nesse caso ocorre a reduo do habitat para espcies climxicas em cerca da

    metade.

    Podemos nos utilizar do exemplo do que ocorre com as espcies climxicas

    para as demais espcies, assim desta forma podemos concluir que quanto

    maior a proporo de borda de um fragmento, menor ser a rea

    central, que a rea ainda til s espcies, sendo mais similar vegetao

    original.

    Quanto mais irregular a forma do fragmento, mais ele sofre o efeito borda.

    Considere, por exemplo, dois fragmentos com exatamente o mesmo tamanho,

    porm um deles com formato circular e outro com formato irregular.

    A forma afeta diretamente a relao permetro/rea desse fragmento. Quanto

    menor for esta relao, menor tambm ser a borda e quanto maior a relao,

    maior ser a borda. Mas, quando a relao analisada rea/permetro, quanto

    maior, menor o efeito borda.

    As formas mais circulares possuem uma relao permetro/rea ou borda-rea

    minimizada, sofrendo menos com o efeito borda.Qual ser o fragmento menos afetado? O primeiro (A), por ser mais

    circular, ser o menos afetado pelo efeito borda, j que possui uma menor

    razo entre o seu permetro e a sua rea.

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    23/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 23

    Por isso, determinar a distancia que o efeito de borda pode penetrar dentro do

    fragmento importante para conservao.

    Alguns modelos tm sugerido que o efeito de borda exerce forte influencia

    sobre o tamanho populacional das espcies, onde seus efeitos aumentam com

    a diminuio da distancia entre o centro do fragmento, ou a rea ncleo e a

    borda.

    Questes de provas do CESPE (ICMBIO - 2008)

    A respeito da relao entre os fatores determinantes de riscos de extino e a

    estrutura do ambiente onde se encontram e do conhecimento da biodiversidade,

    julgue os itens que se seguem.

    52 - A forma do fragmento no capaz de interferir na taxa de manuteno da

    populao no fragmento. Errado, a fragmentos de habitats mais prximos ao

    formato circular tm o efeito borda minimizado.

    53 - A probabilidade de extino est relacionada rea do fragmento, uma vez que

    o tamanho populacional depende da rea. Certo, quanto menor o fragmento, maior

    a influencia de fatores externos sobre ele. Em fragmentos pequenos, a dinmica doecossistema provavelmente determinada por foras externas e no internas.

    Questo do CESPE (IBAMA -2008)

    A fragmentao dos ecossistemas uma das consequncias das intervenes

    antrpicas nas paisagens naturais que acaba por introduzir novos fatores na

    evoluo de populaes naturais de plantas e animais. A fragmentao de hbitats uma das mais graves ameaas biodiversidade, caracterizando-se pela ruptura de

    uma unidade de paisagem que antes era contnua. A respeito da fragmentao de

    ecossistemas, julgue os itens a seguir.

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    24/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 24

    Questes de provas CESPE (ICMBIO - 2008)

    Considere um projeto de construo de rodovia pavimentada de faixa dupla em regio

    de fragmentos remanescentes de vegetao nativa da Amaznia, na fronteira entre os

    estados do Acre e Rondnia. O traado previsto corta a rea de estudo em diagonal, na

    rea inferior esquerda, conforme mostra a figura acima.

    O empreendedor props como compensao pelos eventuais danos ambientais a

    criao de rea protegida privada, nos termos da Lei n. 9.985/2000, medianteaquisio e revegetao de uma das reas assinaladas como AAAA ou BBBB na figura

    acima. Considere, ainda, que as regies claras correspondem a reas agrcolas e que

    existe um curso dgua cuja nascente localiza-se junto ao traado da rodovia e penetra

    em F1, saindo desta prximo a AAAA, para, ento, correr entre F1 e AAAA e, depois,

    seguir margeando F1, que uma reserva biolgica.

    Diante dessa situao hipottica e na condio de tcnico que analisa o projeto, julgue

    os itens que se seguem.

    110 Os fragmentos F2, F3 e F4, por apresentarem a mesma rea superficial,

    contribuem de forma equivalente para a preservao de espcies da fauna silvestre no

    seu interior.Errado, a forma do fragmento favorece o no o efeito borda.

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    25/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 25

    A fragmentao prejudica a locomoo de animais, como muitas espcies de

    pssaros, mamferos e insetos do interior do fragmento que no atravessam

    nem mesmo faixas estreitas de ambiente aberto, devido o risco de predao.

    Isso prejudica a disperso de muitas espcies de animais econsequentemente a disperso de sementes de plantas que dependem

    da desses animais.

    Esta dependncia das plantas est relacionada em alguns casos ao aumento da

    sobrevivncia das sementes e ao estabelecimento da plantas jovens a alguma

    distncia da planta-me, j que nas redondezas da planta-me h uma intensa

    predao por insetos e mamferos. Somando-se a isto h uma alta competio

    pelos recursos com a prpria planta-me.

    A fragmentao de habitats pode afetar negativamente a relao mutualstica

    entre plantas e animais, se estes tornarem-se localmente extintos nos

    fragmentos. No decorrer do processo de fragmentao h evidncias de

    substituio de espcies especialistas por generalistas, adotando tambm sua

    funo no ecossistema.

    Assim que espcies se tornam extintas nos fragmentos, por flutuaes

    populacionais (quando a densidade demogrfica varia drasticamente de uma

    gerao para outra) e sucesso, novas espcies deixam de entrar no

    fragmento devido a essas barreiras de disperso.

    A fragmentao tambm reduz a capacidade de alimentao dos animais

    nativos, porque pode incapacitar a migrao por recursos alimentares. Quando

    uma rea desmatada acontece comumente um aumento, por exemplo, na

    densidade de aves o que faz aumentar a mortalidade, porque algumasespcies comeam a defender seu territrio at a morte.

    Quanto mais parcelado um habitat se tornar, maior o nmero de extines

    causadas pela destruio anterior. Devido ao fato dessas extines ocorrerem

    algumas geraes aps a fragmentao, elas representam uma espcie de

    dvida de custo de um futuro ecolgico da destruio do hbitat atual. Esse

    fenmeno conhecido por dbito de extino.

    A maioria dos fatores impactantes para ambientes aquticos fragmentadosesto relacionados ao uso e ocupao da bacia hidrogrfica: introduo de

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    26/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 26

    espcies de outros pases (exticas) e espcies que podem at ser de regies

    prximas, mas no so do ambiente aqutico original (alctones) que

    competem com as espcies nativas; aos empreendimentos tecnolgicos que

    provocam a fragmentao, somados contaminao por produtos qumicos eorgnicos e ao aporte de efluentes urbanos e da agricultura, os quais

    contribuem para o processo de eutrofizao que leva a limitao de atividades

    biolgicas.

    Outro efeito da fragmentao que ao dividir uma populao existente em

    larga escala em duas ou mais subpopulaes menores, essas populaes

    reduzidas so mais vulnerveis reduo da variabilidade gentica o que leva

    a uma vulnerabilidade maior frente aos efeitos genticos deletrios.

    Efeito da fragmentao na comunidade:Como uma comunidade formada

    por conjuntos (ensembless) de espcies, que se renem ao acaso ou por

    regras de montagem (assembly rules) da natureza em um lugar.

    As regras de reunio so determinadas por fatores dependentes das

    densidades das espcies e dos habitats existentes de um lugar.

    Existem regras de entrada para uma nova espcie, porque a combinao de

    espcies j existentes pode impedir, ou favorecer, a entrada de novas

    espcies.

    Assim, a perda de habitats no processo de fragmentao leva ao

    desaparecimento de algumas espcies o que pode impedir outras de

    persistirem ou de recolonizarem o fragmento.

    As atividades humanas dentro da matriz tambm provocam efeitos dentro nos

    fragmentos: atividade madeireira, a caa, atividades pecurias que contribuempara a disperso e o estabelecimento de espcies de plantas no

    caractersticas da vegetao (exticas ou alctones) nos fragmentos e que

    competem com as nativas, alm de outras atividades que desgatam os

    fragmentos, como o emprego irracional de agrotxicos e do fogo.

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    27/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 27

    Recapitulando...

    Fragmentao o processo que faz um habitat contnuo ser dividido em

    fragmentos ou manchas menores, mais ou menos isolados. a transformao

    do ambiente ou habitat original em paisagens semelhantes a um mosaico,composto por manchas ou fragmentos isolados.

    Os fragmentos so afetados por problemas direta e indiretamente relacionados

    fragmentao, tais como o efeito da distncia entre os fragmentos; o

    tamanho e a forma do fragmento; o tipo de matriz circundante e as atividades

    humanas dentro dessa matriz.

    Resultados de estudos em diversos ecossistemas tm demonstrado que a

    compreenso de somente uma ou de poucas caractersticas dos fragmentos,

    no suficiente para entender ou prever como a biodiversidade ser afetada.

    , portanto, essencial compreender os diversos fatores que podem estar

    atuando simultaneamente ou em conjunto sobre a vegetao dos fragmentos

    tais como o tamanho, a forma, a idade, o uso e a matriz, entre outros.

    Retomando questes do CESPE

    Um bom exemplo de aplicao da filogeografia um estudo liderado pelo professor EduardoEizirik, da Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul. Os resultados mostraram

    que, tanto para jaguatiricas (Leopardus pardalis) quanto para o gato-maracaj (Leoparduswiedii), existem trs grupos principais de linhagens genticas, possivelmente separados pelo

    rio Amazonas e pelo estreito do Panam. Internet: (com

    adaptaes). Estudos sobre a jaguatirica tm indicado que esse felino prefere habitat comcoberturas densas de florestas, evitando os habitat de fisionomias mais abertas, exceto noite,

    quando ocasionalmente visita esses habitat. Considerando esses estudos, julgue os itens aseguir.45 - Os desmatamentos em ambientes florestais podem fragmentar os habitat da jaguatirica,

    impactando sua distribuio. CertoA respeito da relao entre os fatores determinantes de riscos de extino e a estrutura do

    ambiente onde se encontram e do conhecimento da biodiversidade, julgue os itens que seseguem.52 - A forma do fragmento no capaz de interferir na taxa de manuteno da populao nofragmento. Errado53 - A probabilidade de extino est relacionada rea do fragmento, uma vez que o tamanho

    populacional depende da rea. Certo54 - No modelo source-sink, as reas sink (escoadouro ou sumidouro) so identificadas a partir decaractersticas particulares da rea, que atenderiam a um modelo de favorabilidade, e sempreapresentam taxa de crescimento populacional intrnseco muito baixos.Na poca do estudo para a elaborao do EIA para projeto de construo de rodoviapavimentada de faixa dupla em regio de fragmentos remanescentes de vegetao nativa da

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    28/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 28

    Amaznia, houve ampla divulgao do mapa Principais rotas terrestres utilizadas para otrfico de animais silvestres Brasil, regio Norte, que integra o primeiro relatrio

    nacional sobre o trfico da fauna silvestre, da rede nacional de combate ao trfico de animais

    silvestres (RENCTAS). No mapa, esto representadas as principais rodovias, aeroportos,capitais e pontos de coleta e venda de animais, que se localizam, em geral, ou nas margens das

    rodovias ou nas margens de rios que so acessveis por rodovias.Com base nas informaes acima, julgue os itens a seguir:97 - Com relao paisagem, a rodovia constitui elemento articulador de novas relaes espaciais evetor de dinamizao de impactos ambientais, sobretudo de desmatamento. Certo

    Considere um projeto de construo de rodovia pavimentada de faixa dupla em regio defragmentos remanescentes de vegetao nativa da Amaznia, na fronteira entre os estados do

    Acre e Rondnia. O traado previsto corta a rea de estudo em diagonal, na rea inferioresquerda, conforme mostra a figura acima.

    O empreendedor props como compensao pelos eventuais danos ambientais a criao de

    rea protegida privada, nos termos da Lei n. 9.985/2000, mediante aquisio e revegetao deuma das reas assinaladas como AAAA ou BBBB na figura acima. Considere, ainda, que as

    regies claras correspondem a reas agrcolas e que existe um curso dgua cuja nascentelocaliza-se junto ao traado da rodovia e penetra em F1, saindo desta prximo a AAAA, para,

    ento, correr entre F1 e AAAA e, depois, seguir margeando F1, que uma reserva biolgica.

    Diante dessa situao hipottica e na condio de tcnico que analisa o projeto, julgue os itensque se seguem.

    110 Os fragmentos F2, F3 e F4, por apresentarem a mesma rea superficial, contribuem de formaequivalente para a preservao de espcies da fauna silvestre no seu interior. Errado

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    29/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 29

    113 correto esperar que o resultado de um trabalho de levantamento de campo para estimar-se ondice de diversidade biolgica relativamente riqueza de espcie indique que o fragmento F1apresenta maior riqueza de espcie que os demais fragmentos. Certo

    (IBAMA 2002)QUESTO 22

    22 - Em um estudo feito com quinze fragmentos florestais na bacia do rio Jacar-Pepira SP,alm de se analisar a diversidade contida nos fragmentos de diferentes tamanhos e diferentes

    graus de interconectividade, foi avaliada a relao entre a diversidade de espcies e a largura

    dos fragmentos riprios (corredores). A figura abaixo ilustra essa relao.Considerando esses dados e a fragmentao de hbitats, julgue os itens seguintes.

    1-Com base na biogeografia de ilhas, os fragmentos melhores seriam aqueles com uma menorrelao rea/permetro. Errado

    4-No estudo apresentado, os fragmentos mais estreitos apresentam menos de 60% das espciesamostradas. Certo

    (Analista Ambiental - Ordenamento dos Recursos Florestais e Pesqueiros - IBAMA -2008)A fragmentao dos ecossistemas uma das consequncias das intervenes antrpicas naspaisagens naturais que acaba por introduzir novos fatores na evoluo de populaes naturais

    de plantas e animais. A fragmentao de hbitats uma das mais graves ameaas biodiversidade, caracterizando-se pela ruptura de uma unidade de paisagem que antes era

    contnua. A respeito da fragmentao de ecossistemas, julgue os itens a seguir.69- Quanto menor o fragmento, menor ser a influncia dos fatores externos sobre ele, que afetam adinmica externa do ecossistema. Errado

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    30/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Prof. Simone Ribeiro de Paula www.pontodosconcursos.com.br 30

    Pequeno Glossrio

    Biodiversidade diversidade de espcies;

    Condies abiticas - (prefixo a significa negao e bio significa vida, assim

    a palavra abitica significa ausncia de vida), condies abiticas seriamcondies no vivas ou fatores fsicos e qumicos do ambiente;

    Espcie - membros de populaes que cruzam, ou tem potencial para cruzar,

    naturalmente e so geralmente muito parecidos fisicamente;

    Espcie endmica - quando uma espcie somente ocorre em uma determinada

    regio;

    Habitat - condies ambientais (abiticas) relacionadas a uma dada espcie;

    Modificaes antrpicas (prefixo antro=homem, sufixo trpica= ligada

    ao, antrpicas significa ligadas ao homem) modificaes antrpicas

    significam modificaes realizadas por humanos;

    Tributrios nessa apostila, tributrio o nome dado ao rio ou curso de gua

    menor que desgua em um rio principal, tendo assim o mesmo significado que

    afluente.

    Bibliografia:

    1-Ministrio do Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e Florestas

    Braslia DF Fragmentao de Ecossistemas: Causas, efeitos sobre a biodiversidade e

    recomendaes de polticas pblicas / Denise Maral Rambaldi, Daniela Amrica Surez de

    Oliveira (orgs.) Braslia: MMA/SBF, 2003.

    510 p. ISBN 87166-48-4 CDU 57 2-Acta Botanica Brasilica Print versionISSN 0102-3306

    Acta Bot. Bras. vol.22 no.2 So Paulo Apr./June 2008 Efeitos de borda sobre a vegetao e

    estruturao populacional em fragmentos de Cerrado no Sudoeste Goiano, Brasil Edge effects

    on vegetation and population structure in Cerrado fragments of Southwest Gois, Brazil

    Matheus de Souza Lima-Ribeiro Universidade Federal de Gois, Centro de Cincias Agrrias eBiolgicas, Departamento de Biologia, Campus de Jata, BR 364, Km 192, Setor Industrial,

    75800-000 Jata, GO, Brasil ([email protected]) 3- Biota Neotropica On-

    line versionISSN 1676-0603 Biota Neotrop. vol.10 no.1 Campinas Jan./Mar.20

    10 ARTIGOS Efeito do tamanho do fragmento na disperso de sementes de Copaba (Copaifera

    langsdorffiiDelf.) Effect of fragment size on Copaifera langsdorffii seeds dispersal Ananza

    Rabello; Flvio Nunes Ramos; rica Hasui*Laboratrio de ecologia de fragmentao Ecofrag,

    Departamento de Cincias Biolgicas e da Terra, Universidade Federal de Alfenas UNIFAL,

    Rua Gabriel Monteiro, 700, CEP 37130-000 Alfenas, MG, Brasil 4- Biologia da ConservaoPrimack e Rodrigues 5- A EVOLUO DOS SERES VIVOS* Newton Freire-Maia Depto. de

  • 7/23/2019 Aula0 Ecologia Conserv Manejo Biodiver TE ICMBIO 70034

    31/31

    ECOLOGIA, CONSERVAO E MANEJO DA BIODIVERSIDADEProfessora: Simone Ribeiro de Paula

    Gentica. UFPR 6- Modelos de metapopulao DOUGLAS F. M. GHERARDI Instituto Nacional

    de Pesquisas Espaciais INPE, Diviso de Sensoriamento Remoto, So Paulo, Brasil. 7-

    CONHECENDO O ALGORITMO GARP Adair Santa Catarina Curso de Informtica Unioeste

    Campus de Cascavel PR Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INPE So Jos dos Campos

    2008 SENSIBILIDADE DE MODELOS DE DISTRIBUIO DE ESPCIES A ERROS DE

    POSICIONAMENTO DE DADOS DE COLETA Fbio Iwashita Dissertao de Mestrado do Curso de

    Ps-Graduao em .Sensoriamento Remoto, orientada pelos Drs. Silvana Amaral Kampel e

    Antonio Miguel Vieira Monteiro, aprovada em 30 de maro de 2007. INPE So Jos dos Campos

    2008 8- Perguntas e Respostas sobre RESERVA PARTICULAR DO PATRIMNIO NATURAL

    Ministrio do Meio Ambiente Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade Braslia

    / DF Setembro / 2012 9- SCIENTIA FORESTALIS n. 57, p. 123-139, jun. 2000 Efeitos da

    fragmentao florestal na estrutura gentica de populaes de Esenbeckia leiocarpa Engl.

    (Guarant) Forest fragmentation effects in population genetic structure of Esenbeckia leiocarpa

    Engl. (Guarant) Carlos Eduardo Scoli Seoane Paulo Yoshio Kageyama Alexandre Magno

    Sebbenn 10- VI Seminrio Latino-Americano de Geografia Fsica II Seminrio Ibero-Americano

    de Geografia Fsica Universidade de Coimbra, Maio de 2010 O desafio da gesto ambiental de

    zonas de amortecimento de unidades de conservao Marta Foeppel Ribeiro Instituio:

    Universidade do Estado do Rio de Janeiro IVIG/COPPE/Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Email: Marcos Aurlio Vasconcelos de Freitas Vivian Castilho da Costa Instituio:

    Universidade do Estado do Rio de Janeiro 11- O QUE ECOLOGIA DE PAISAGENS ? Resumo

    Laboratrio de Ecologia de Paisagens e Conservao LEPaC Departamento de Ecologia,Instituto de Biocincias USP Rua do Mato, 321, travessa 14 05508-900, So Paulo, SP -

    http://www.ib.usp.br/~delitti/projeto/Alexandre/metapopulacao.htm13https://www.portaledua

    cao.com.br/biologia/artigos/27414/conceito-demicroclima14http://www.dpi.inpe.br/referata

    /arq/11_MiltonCezar/EcoPDPotEspSelacAP_120707_ppt.pdf15-http://www.semarh.se.gov.br/

    srh/modules/tinyd0/index.php?id=816http://www.mma.gov.br/estruturas/chm/_arquivos/frag

    ment.pdf17http://eco.ib.usp.br/lepac/eco_paisagem/5_biogeo_metapop.Pdf18http://nead.ues

    c.br/arquivos/Biologia/modulo_8bloco_1/uni_biodiversidade_ecologia/material_apoio/M8EBU2

    _fragmentacao_e_ecologia_de_paisagens.pdf19-http://www.cpap.embrapa.br/agencia/simpan/sumario/resumos/asperctos/pdf/abiotico/113RADantas1OK.PDF20http://uc.socioambiental.

    org/prote%C3%A7%C3%A3o-integral/reserva-biol%C3%B3gica21-http://www.coccidia.icb.us

    p.br/disciplinas/BMP222/aulas/Prefixos_e_sufixos.pdf22-http://www.ib.usp.br/evosite/evo101

    /VA1BioSpeciesConcept.shtml23http://cmbbc.cpac.embrapa.br/vegetacao.htm24http://dx.doi.

    org/10.1590/S0102-33062008000200020