avaliação de carcaças bovinas

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Page 3: Avaliação de carcaças bovinas

CIÊNCIAS AGRÁRIAS

Tecnologias e Perspectivas

Organizadores Odair José Kuhn

Ricardo Vianna Nunes

José Renato Stangarlin

Leandro Rampim Rubens Fey

Neumárcio Vilanova da Costa Patrícia Barcellos Costa

Vandeir Francisco Guimarães

Maximiliane Alavarse Zambom

Universidade Estadual do Oeste do Paraná Marechal Cândido Rondon

Março 2015

Page 4: Avaliação de carcaças bovinas

Copyright ©

Centro de Ciências Agrárias/ Unioeste 1ª Edição 2015 Organização: Odair José Kuhn Ricardo Vianna Nunes José Renato Stangarlin Leandro Rampim Rubens Fey Neumárcio Vilanova da Costa Patrícia Barcellos Costa Vandeir Francisco Guimarães Maximiliane Alavarse Zambom Universidade Estadual do Oeste do Paraná Rau Pernambuco 1777, Centro 85.960-000 – Marechal Cândido Rondon – PR – Brasil Fone: (45) 3284 7878 www.unioeste.br Reitor Paulo Sergio Wolff Diretor do Campus de Marechal Cândido Rondon Paulo José Koling Diretor do Centro de Ciências Agrárias Ricardo Vianna Nunes

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

(Biblioteca da UNIOESTE – Campus de Marechal Cândido Rondon – PR., Brasil)

Ciências agrárias: tecnologias e perspectivas / organizado por Odair José Kuhn et al C574c Marechal Cândido Rondon: Universidade Estadual do Oeste do Paraná, 2015.

360 p.

ISBN: 978-85-68205-03-7

1. Agricultura. 2. Fitopatologia. 3. Pragas – Controle biológico. 4. Alimentação dos

animais. I. Kuhn, Odair José et al. II. Título.

CDD – 22.ed. 630

CIP-NBR 12899

Ficha catalográfica elaborada por Marcia Elisa Sbaraini Leitzke CRB-9ª/539

Capa elaborada por Vinícius Mattia e Leamdro Rampim

Contracapa: Araucária, árvore símbolo do Paraná - propriedade rural em Larangeras do Sul-PR

Page 5: Avaliação de carcaças bovinas

APRESENTAÇÃO

As ciências agrárias desempenham papel imprescindível no crescimento da

nação brasileira, por ser um país essencialmente agrícola, grande produtor de

alimentos para si e para o mundo. O conhecimento de métodos, técnicas e

tecnologias modernas para produtividades adequadas ao patamar de excelência,

depende desta ciência que vem ao longo de décadas não só produzindo pesquisa

de ponta, mas ensino e extensão, favorecendo o desenvolvimento do rural brasileiro,

elevando os rendimentos sejam de empresários ou famílias rurais, cuja função social

é produzir alimentos e matérias primas renováveis.

Neste contexto a Universidade Estadual do Oeste do Paraná, através de seu

Centro de Ciências Agrárias tem desenvolvido o Congresso de Ciências Agrárias da

Unioeste (SECIAGRA) que na sua sétima edição propôs debater assuntos

relacionados a tecnologia e suas perspectivas, reunindo pesquisadores, professores

e técnicos especializados que compartilharam seus conhecimentos no VII

SECIAGRA – Congresso de Ciências Agrárias da Unieste conjuntamente com o IV

ERCA – Encontro Regional de Controle Alternativo de Pragas e Doenças, ocorrido

no mês de junho de 2014. Deste encontro elaborou-se esta obra agrupando a

maioria das paletras em forma de capítulos sendo uma preciosa fonte para

consultas.

Nesta obra são abordados temas como geotecnologias para o meio rural,

agricultira conservacionista para conservação dos solos, aplicação de modelagem

matemática na recomendação de adubação, método de calagem com base na

participação de cálcio e magnésio no comlexo de troca, fixação biológica de

nitrogênio, Helicoverpa armigera como uma nova praga agrícola, perspectivas para

o controle biológico de doenças, fitoquímicos no controle alternativo de nematoides,

tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas, secagem de grãos, zootecnia de

precisão, tecnologias para produção de forragens, alimentos funcionais, alimentos

Page 6: Avaliação de carcaças bovinas

alternativos para suínos, modelagem para simulação de crescimento de suínos,

coprodutos na alimentação de ovinos, alimentação de vacas de alta produção de

leite e avaliação de carcaça bovina.

O objetivo desta obra é manter disponível os assuntos debatidos no VII

SECIAGRA e IV ERCA, valorizando o trabalho desenvolvidos pelos pesquisadores,

professores, tornando a informação da pesquisa disponível para consulta pelas

comunidades acadêmica, técnica e rural fomentando a formação continuada exigida

pelo mercado de trabalho nos ramos das Ciências Agrárias.

Page 7: Avaliação de carcaças bovinas

SUMÁRIO

1 Geotecnologia para o meio rural: avanços e potencial de

utilização da de veículos aéreos não tripulados (VANTs)

Vanildo Heleno Pereira;Adriana Maria De Grandi; Luciano Lizzoni; Henrique Botan

Bauermann ......................................................................................................................

1

2 Agricultura conservacionista como alternativa para minimizar

processos físicos de degradação do solo Cezar Francisco Araujo-Junior; Fábio Rogério Trizotti Rosa; Paola Caroline Lammel;

Bruno Henrique Martins ...................................................................................................

19

3 Aplicação de modelagem matemática na recomendação de

adubação fosfatada e potássica na cultura da soja em sistema de

agricultura de precisão

Leandro Rampim; Maria do Carmo Lana; Jean Sérgio Rosset; Marcos Vinicius

Mansano Sarto .................................................................................................................

33

4 Calagem: determinação da quantidade de calcário com base na

participação do cálcio e magnésio no complexo de troca Alfredo Richart; Evertom Dutra Gressele; Daniel Schwantes; Jeferson Klein; Ricardo

Menon; Rubens Fey; Leandro Rampim; Jacir Daga; João Edson Kaefer; Martios Ecco;

Alexandre Luís Müller .......................................................................................................

59

5 Inoculantes contendo bactérias fixadoras de nitrogênio para

aplicação na cultura do milho Veronica Massena Reis; Gabriela Cavalcanti Alves ........................................................

82 6 Uso de Bactérias diazotróficas no Oeste do Paraná: eficiência

agronômica de bactérias promotoras de crescimento de plantas

dos gêneros Azospirillum e Herbaspirillum em gramíneas

Vandeir F. Guimarães; Leandro Rampim; Jeferson Klein; Andréia C. P. Rodrigues-

Costa; Débora K. Klein; Artur S. P. Junior; Adriano M. Inagaki; Janaina Dartora; Luan

F. O. S. Rodrigues; Deniele Marini; André G. Battistus; Lucas G. Bulegon; Luiz C.

Offemann; Juliane M. Lemos; Elisiane I. D. Chaves; Walkyria Neiverth; Aline K. P.

Souza ...............................................................................................................................

98

7 Fixação biológica de nitrogênio e efeitos do tratamento químico

das sementes na sua eficiência Rubens Fey; Gabriel Felipe Vogel; Lais Martinkoski; Alfredo Richart; Leandro Rampim;

Jeferson Klein ...................................................................................................................

139

8 Helicoverpa armigera: Nova praga na Agricultura

Lúcia Madalena Vivan; Crébio José Ávila; Germison Vital Tomquelski ...........................

171

Page 8: Avaliação de carcaças bovinas

2

9 Perspectivas do controle biológico de doenças de plantas no

Brasil Flávio Henrique Vasconcelos de Medeiros; Fernando Pereira Monteiro ......................

182

10 Fitoquimicos como controle alternativo de nematoides Sidiane Coltro-Roncato; Edilaine Della Valentina Gonçalves; Omari Dangelo Forlin

Dildey; José Renato Stangarlin; Odair José Kuhn ...........................................................

188

11 Tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas: inovações.

Jose Antonio Brandão Bonadio; Rafael Arcuri Neto; Neumárcio Vilanova da Costa;

João Ricardo Pompermaier Ramella ...............................................................................

207

12 Secagem de Grãos

Adriano Divino Lima Afonso .............................................................................................

226

13 Ferramentas utilizadas em Zootecnia de Precisão

Silvia Regina Lucas de Souza, Daniela Jorge de Moura; Arilson José Oliveira Júnior ...

240

14 Novas tecnologias aplicadas na produção e qualidade de

forragens

Bruno Borges Deminicis ...................................................................................................

247

15 Alimentos funcionais

Paula Toshimi Matumoto-Pintro; Denise Félix da Silva ...................................................

257

16 Alimentos Alternativos para Suínos

Paulo Levi de Oliveira Carvalho; Tiago Junior Pasquetti; Dani Perondi; Silvana Teixeira

Carvalho ...........................................................................................................................

272

17 Modelos de simulação do crescimento suíno

Vladimir de Oliveira; Bruno Neutzling Fraga ....................................................................

304

18 Utilização de coprodutos na alimentação de ovinos

Hélio de Almeida Ricardo; Marco Antonio Previdelli; Orrico Junior Alexandre Rodrigo

Mendes Fernandes...........................................................................................................

320 19 Alimentação de vacas de alta produção

João Arlindo Gouveia Gonçalves; Maximiliane Alavarse Zambom...................................

336

20 Avaliação de carcaças bovinas

Ana Maria Bridi; Ana Paula de Souza Fortaleza ..............................................................

349

Page 9: Avaliação de carcaças bovinas

Capítulo 1

Geotecnologia para o meio rural: avanços e

potencial de utilização de veículos aéreos não

tripulados (VANTs)

Vanildo Heleno Pereira

Adriana Maria De Grandi

Luciano Lizzoni

Henrique Botan Bauermann

Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável - PPGDRS. Universidade Estadual do

Oeste do Paraná - UNIOESTE. Campus de Marechal Cândido Rondon. Rua Pernambuco, 1777, Marechal

Cândido Rondon – PR. E-mail: [email protected]

Introdução

As geotecnologias são o conjunto de tecnologias para coleta, processamento,

análise e disponibilização de informações georreferenciadas. Basicamente são compostas

por soluções de hardware, software e o componente humano, que somados constituem-se

em poderosas ferramentas para apoio à tomada de decisões, neste caso para o meio rural.

Fazem parte do arcabouço de ferramentas de geotecnologias os Sistemas de

Informações Geográficas (SIG), Sensoriamento Remoto, Sistema de Navegação por Satélite

(GNSS/GPS), aerofotogrametria e demais técnicas de geoprocessamento, bem como de

cartografia, geodésia e topografia.

À medida que as técnicas e o emprego das geotecnologias vêm evoluindo,

diferentes aplicações têm sido identificadas e em relação ao meio rural essa tecnologia pode

ser usada em diversas áreas de atuaçãol, como agricultura e pecuária, meio ambiente,

serviços públicos em geral e gestão pública no meio rural.

Dentre as diferentes ferramentas de geotecnologias estão as técnicas de

sensoriamento remoto.

Segundo Novo (2008) sensoriamento remoto corresponde à utilização de sensores

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Geotecnologia para o meio rural

2

para a aquisição de informações sobre objetos ou fenômenos sem que haja contato direto

entre eles. De maneira mais específica Schowengerdt (2007) descreve sensoriamento

remoto como o processo de medição de propriedades de objetos da superfície terrestre

usando dados adquiridos de aeronaves e satélites.

Até o final do século XX a utilização de sensoriamento remoto em sua maior parte se

dava principalmente pelo emprego de sensores orbitais, através de satélites de observação

terrestre. A tecnologia de satélites de observação terrestre sofreu substancial avanço a partir

da década de setenta (1970dc) até chegar ao início dos anos 2000 com a capacidade de

geração de imagens de alta resolução (espectral, espacial e temporal).

No período citado anteriormente e até os dias atuais a agricultura e o meio rural

como um todo são grandes consumidores de imagens oriundas de sensoriamento remoto

orbital. Atualmente existem dezenas de satélites de observação terrestres cujo uso

específico é o imageamento terrestre, incluindo as áreas rurais, com vistas à obtenção de

mapeamento agroambiental para fins de monitoramento e controle agrícola, bem como de

análises de estimativas de safra.

Paralelamente ao desenvolvimento dos satélites de observação, outro importante

meio empregado para suportar sensores de imageamento terrestre são os aviões.

Aeronaves tripuladas sempre foram utilizadas para imageamento terrestre, tendo seu auge

com o desenvolvimento das tecnologias relacionadas aerofotogrametria, onde se utiliza

câmeras fotográficas para geração de aerofotos, que dentre os diversos usos também é

utilizado para mapeamento agroambiental.

Um vôo aerofotogramétrico pode ser realizado utilizando tanto câmeras

convencionais que geram imagens convencionais (RGB) como também com câmeras

especiais, que possuem sensores que operam outras faixas do espectro eletromagnético,

como exemplo: sensores infravermelho e termal. As imagens geradas por esses sensores

podem ser utilizadas não somente como base para mapeamento e monitoramento, mas

também para realizar cálculos através de algoritmos específicos que permitem estimar a

quantidade de biomassa e em determinado ciclo da cultura, realizar de maneira antecipada

estimativas de produção para a mesma.

E mais recentemente, observa-se uma verdadeira revolução tecnológica no que diz

respeito à observação terrestre e a utilização de seus produtos pelas geotecnologias, trata-

se do uso de VANTs (Veículos Aéreo Não Tripulado) para imageamento. Certamente esse

será um divisor de águas no desenvolvimento e no uso das geotecnologias, pois muda-se o

patamar da coleta de dados por imageamento aéreo, no mínimo o usuário passa a ter uma

nova opção (e muito poderosa) para realização desse tipo de aerolevantamentos, neste

caso, do meio rural.

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Pereira et al.

3

Veículos Aéreo Não Tripulado – VANT

VANT (Veículo Aéreo Não Tripulado), do inglês UAV (Unmanned Aerial Vehicle) é

qualquer tipo de aeronave em que não há piloto embarcado para navegação. Podem ser

controlados através de comunicação em rádio frequência, ou navegar de forma autônoma

após um plano de vôo definido anteriormente.

Há três classificações para aeronaves sem pilotos, excluindo os mísseis, que são

considerados armamentos. Segundo Fahlstrom e Gleason (2012). Os VANTs, o VARPs

(Veículos Aéreo Remotamente Pilotado) e os chamados “drones”. A princípio todos são

considerados VANTs, pois este termo é genérico e serve para qualquer aeronave sem piloto

a bordo. O VARP obrigatoriamente possui um piloto em base terrestre que controla

remotamente a aeronave em tempo real. A trajetória, a altitude e a velocidade, são

ajustadas por dispositivos com alavancas que transmitem os comandos por rádio

frequência. Em se tratando de um VARP com objetivo de lazer, é denominado de

aeromodelo, um hobby amplamente praticado em todo o mundo.

Por outro lado, o termo “drone” foi incluso pela imprensa e público em geral para

qualquer aeronave não tripulada, desde militar até para uso pessoal. O correto para o termo

“drone” é somente aeronaves com funcionalidades limitadas, persistentemente maçantes,

monótonos, de forma indiferente, com a principal serventia ser um avião de alvo

(FAHLSTROM; GLEASON, 2012).

Histórico da Tecnologia

O desenvolvimento dessas aeronaves se intensificou nas últimas duas décadas,

sobretudo devido ao estrondoso avanço tecnológico que se tem observado principalmente

no que diz respeito à eletrônica, a robótica, a fabricação de materiais especiais e as TICs

(Tecnologias da Informação e Comunicação). As TICs, da qual fazem parte a informática e a

Internet, tem permitido uma verdadeira revolução no que diz respeito à disseminação do

conhecimento e compartilhamento de informações, que tem promovido uma rápida

popularização da tecnologia.

Mas apesar dos avanços tecnológicos mais significativos em relação aos VANTs

serem recentes, essa é uma indústria cujo esforço de desenvolvimento vem de mais longe.

Os estudos sobre VANT iniciaram em 1911, quando Elmer Sperry, inventor do

giroscópio, intrigou-se com a aplicação de aeronaves rádio controladas. Sperry obteve

suporte financeiro da Marinha, e em 1915, junto com Dr. Peter Cooper Hewitt, conhecido

pelo seu trabalho com rádio, iniciaram suas pesquisas (KEANE; CARR, 2013).

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Geotecnologia para o meio rural

4

Neste período iniciou-se a Primeira Guerra Mundial, e Nikola Tesla, importante

cientista e inventor (naturalizado americano) acreditava que aeronaves armadas e sem

pilotos poderiam ser utilizados para defender os EUA (DEMPSEY, 2014). O primeiro vôo de

um VANT foi durante a Primeira Guerra Mundial, em 1918, patrocinada pela Força Aérea

Americana. O protótipo Kettering Bug, criado por Charles Kettering, era denominado de

“torpedo aéreo”, pois consistia em um míssil com asas duplas com um lançador rudimentar.

Foi o primeiro VANT que não era necessário um piloto dentro do veículo (KATZ, 2014).

Em 1935, Reginal L. Denny, veterano da Primeira Guerra Mundial, fundou a

Radioplane Corporation, com o objetivo de desenvolver VANTs relativamente grandes como

alvo de treinamento para artilharia antiaérea (KATZ, 2014).

Os VANTs foram utilizados para fins militares tanto na primeira como segunda guerra

mundial, porém, teve grandes avanços na década de 60 em missões na guerra da Korea

(KEANE, CARR, 2013). Mas o mercado de VANTs no setor bélico consolidou-se em 1985

com a criação da aeronave não tripulada Pionner, que participou em mais de 300 missões

durante a Operação Tempestade no Deserto (DEMPSEY, 2014).

No Brasil, o primeiro VANT foi desenvolvido pela extinta Companhia Brasileira de

Tratores (CBT) em parceria com o Centro Tecnológico da Aeronáutica (CTA). O CBT BQM-

1BR, com peso de 61 kg e velocidade máxima de 560 km/h, foi fabricado em 1982 com o

objetivo de mapear e vigiar áreas perigosas e principalmente servir de alvo aéreo para

treinamento militar (Figura 1.1).

Figura 1.1 Protótipo do VANT CBT BQM-1BR fabricado pela CBT no

Brasil.

Fonte: http://www.museutam.com.br/aeronaves_detalhe.php?id=88596

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Pereira et al.

5

Outro projeto que iniciou os experimentos sobre VANT no Brasil foi o Acauã,

desenvolvido pelo Centro Técnico Aeroespacial (CTA). Uma aeronave rádio controlada com

5,1 metros de envergadura com peso de 120 kg e velocidade máxima 100 km/h. Este

projeto foi paralisado por falta de recursos, mas foi precursor para os futuros projetos no

Brasil (ANAC, 2014).

Em 1996, o Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA) com apoio do Ministério

da Ciência e Tecnologia do Governo Federal Brasileiro, idealizou o projeto Aurora com o

objetivo de desenvolver um VANT autônomo, utilizando dirigíveis como plataforma. Este

projeto iniciou as operações no Brasil para sensoriamento remoto, pois um dirigível em

escala menor pode voar em baixa altitude e velocidade, tem capacidade de pairar, alta

manobrabilidade e principalmente baixo custo (ANAC, 2014).

Com o avanço da tecnologia e abertura de mercado de vários países, a utilização de

VANTs passou a tomar conta no mercado civil. Circuitos integrados em escala reduzida,

motores elétricos mais econômicos e menores, e o grande avanço no armazenamento de

energia em baterias leves, permitiram que não só indústrias como pessoas construírem seu

próprio VANT.

Situação atual do mercado

Segunda uma pesquisa da Teal Group (2014), empresa de pesquisa sobre a

indústria aeroespacial e de defesa, estima-se que o orçamento para desenvolvimento de

VANTs para a próxima década seja em torno de 91 bilhões de dólares, sendo 86% de uso

militar e 14% de uso civil.

No Brasil, há diversas empresas que entraram no ramo de drones atendendo

objetivos variados, algumas delas especializadas na prestação de serviços para a

agricultura, porém, a maioria é construtora de VANTs e disponibilizam no mercado seus

protótipos.

Devido ao crescimento do hobby pelo aeromodelismo, houve um crescimento na

indústria de peças de reposição a nível mundial. O Brasil é um grande importador de peças

dos Estados Unidos e China. Este crescimento impactou no desenvolvimento de VANTs

caseiros de baixo custo.

O mercado brasileiro

Algumas empresas brasileiras são destaques no desenvolvimento de VANTs. A

XMobots, por exemplo, foi a primeira empresa a ganhar autorização da ANAC a fazer vôos

experimentais. Seu produto atual, o Echar 20B (Figura 1.2), é um VANT com asa fixa com

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Geotecnologia para o meio rural

6

envergadura pouco mais de 2 metros indicado para um monitoramento de propriedades

rurais com áreas de 1 hectare a 2000 hectares.

Figura 1.2 VANT Echar 20B sob sua plataforma de lançamento.

Fonte: http://www.xmobots.com/Versions/BR/Sistemas/VANT/VANT.html

Por outro lado, a SkyDrones desenvolve microVANTs desde 2008, especializados

em plataformas multirotores que são também conhecidos como Quadricópteros e

Hexacópteros. Seus drones possuem a capacidade de gerar fotografias georeferenciadas

para a agricultura de precisão (Figura 1.3).

Figura 1.3 VANT SPYDER XL.

Fonte: http://www.skydrones.com.br/content/skydrones/produtos.aspx?pid=9

Seu modelo mais atual, o Zangão V (Figura 1.4) possui plataforma de asa fixa com

envergadura de 1,60 metros e autonomia de 30 a 60 minutos. Ainda, permite um vôo

autônomo após um pré-planejamento de vôo.

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Pereira et al.

7

Figura 1.4 VANT Zangão V em sobre sua plataforma de lançamento e em vôo.

Fonte: http://skydrones.com.br/content/skydrones/produtos.aspx?pid=12

Outra empresa brasileira de destaque internacional é a Flight Tech. Seus produtos

foram desenvolvidos em parceria com as Forças Armadas Brasileiras visando também

atender o mercado privado. A FT foi a primeira empresa brasileira a fazer um VANT voar

autonomamente, sendo responsável pela tecnologia de pouso e decolagem automática. É

pioneira em exportação de VANTs (Figura 1.4).

Figura 1.5 VANT Horus FT100 utilizado pelo

Exército Brasileiro.

Fonte:http://www.defesanet.com.br/laad2011/noticia/5

30/Flight-Technologies--agora-parte-do-grupo-

Synergy-Defesa-e-Seguranca/

Já a Harpia Sistemas tem como meta ser a Embraer das aeronaves remotamente

pilotadas. Esta empresa foi concebida a partir de três empresas atuantes no segmento:

Embraer Defesa e Segurança, AEL Sistemas e Avibras. Sua característica comparada com

as demais é a utilização de tecnologia de ponto. Ela desenvolve VANTs de várias categorias

para diversas finalidades.

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Geotecnologia para o meio rural

8

E por último, outra empresa brasileira, a AGX, também tem desenvolvido tecnologia

nacional na fabricação e controle de VANTs agrícolas, bem como em softwares de

tratamento de imagens. A AGX trabalha em projetos com parceria da Embrapa e USP,

ambas de São Carlos - SP (Figura 1.6).

Figura 1.6 VANT AGPlane.

Fonte: http://www.agx.com.br/n2/pages/?opt=airplane_history

Em relação a empresas estrangeiras que se destacam no Brasil, a SenseFly é líder

em atuação nacional. Além de revender seus VANTs para o consumidor final, diversas

empresas tem adquirido sua solução para prestar serviços aos agricultores. A solução

específica para a agricultura é o drone “eBee Ag“ (Figura 1.7), que possui cinco tipos de

câmeras com funcionalidades diferentes, como para indicação de biomassa, discriminação

de culturas e acompanhamento de crescimento, medição de estresse da planta, etc.

Figura 1.7 VANT eBee Ag juntamente com seu aparato de imageamento.

Fonte: https://www.sensefly.com/drones/ebee-ag.html

Page 17: Avaliação de carcaças bovinas

Pereira et al.

9

Produtos gerados pelos VANTs

O emprego de VANTs em geral é diverso o que permite uma ampla gama de

aplicações, indo desde os usos militares (exemplo: reconhecimento de alvos e ataques com

misseis) até a utilização civil mais popular como geração de fotografias panorâmicas e

filmagens de evento.

Atualmente, em geral os produtos oriundos das ações dos VANTs mais utilizado são

as imagens aéreas, sejam fotografias ou vídeos (que podem ser transmitido em tempo real).

As diversas aplicações que se tem notícia trabalham basicamente com esses dois tipos de

dados.

Fotografias aéreas

Essas imagens podem ser geradas já georreferenciadas caso o VANT e/ou a câmera

possua sistema GPS integrado. Caso não possua GPS, as imagens podem ser

georreferenciadas posteriormente através de correção geométrica em softwares

convencionais. Existem softwares específicos para georreferenciamento e ortorretificação de

imagens de imagens oriundas de VANTs, inclusive tais software são oferecidos juntamente

com a aeronave.

Mosaico de imagens aéreas

Como resultado do imageamento, são produzidas diversas cenas de foto e essas

precisam ser mosaicadas para a obtenção de uma visualização de toda a área imageada

(Figura 1.8). Podem ser utilizados softwares convencionais de processamento digital de

imagens ou os softwares oferecidos no pacote comercial dos VANTs.

Figura 1.8 Cenas de fotografias aéreas de VANT e mosaico gerado.

Fonte: http://www.geoagri.com.br/sensefly/fotos.html

Page 18: Avaliação de carcaças bovinas

Geotecnologia para o meio rural

10

Geração vídeos aéreos

Assim como para as fotografias os vídeos (Figura 1.9) podem ser gerados e

armazenados na memória da câmera para posteriormente serem visualizados ou podem ser

transmitidos em tempo real. Para a transmissão em tempo real, é necessário que haja uma

estrutura que permita transmissão e recepção, via rádio, wireless, etc. (Figura 1.10).

Figura 1.9 Exemplo de vídeo gravado com VANT para

monitoramento panorâmico de lavouras.

Fonte: www.youtube.com/watch?v=OP93qa1ExZU

Figura 1.10 Exemplo de estrutura para transmissão

em tempo real com First Person View (FPV).

Fonte: Adaptado de http://www.droneimages.com.br/

noticias/transmissao-ao-vivo-de-imagens-aereas-com-drone

Potencial de aplicação no meio rural

O potencial de utilização desta tecnologia no meio rural é grande. O meio rural em si

já é vasto, portanto, vasta também é a gama de possibilidades de aplicações utilizando

VANTs, sobretudo no que diz respeito à utilização de imagens áreas.

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Pereira et al.

11

O uso de fotografias aéreas oriundas de vôos com aeronaves convencionais é

utilizado desde o início do século passado para ações de reconhecimento, monitoramento e

mapeamento de áreas rurais.

Já no final do século XX iniciou-se outro tipo de imagens que passaram a ser

utilizadas, que são as oriundas de satélites de observação, que passam a gerar imagens por

meio de sensores especiais, que veem além do visível ao olho humano. Dentre esses

sensores, estão os que operam na região (comprimento de onda) do infravermelho médio e

próximo e os termais. À utilização e manipulação desse tipo imagens dá-se o nome de

sensoriamento remoto.

Apesar das aerofotos e das imagens de satélite ser cada uma em seu tempo uma

revolução tecnológica, proporcionaram uma visão diferenciada da superfície terrestre,

contudo, essas tecnologias possuem algumas limitações. Dentre as limitações estão o custo

do imageamento, seja ele por avião ou satélite, uma vez que as câmeras são caras, no caso

de avião, sem falar no custo da aeronave em si. No caso dos satélites, o custo e a

complexidade de desenvolvimento bem como de lançamento são altíssimos, o que implica

em risco elevado. E ambos, satélite e avião, possuem outra limitação importante que é a

climática, principalmente em relação a chuvas e cobertura de nuvens, que podem inviabilizar

completamente o imageamento em períodos específicos.

Com o advento da utilização dos VANTs para imageamentos, cria-se mais uma

opção para realização deste tipo de levantamento, ou seja, os VANTs vêm para somar,

sendo mais uma alternativa de altíssima tecnologia para os trabalhos de mapeamento e

monitoramento, sejam eles com imagens comuns ou de sensoriamento remoto.

Dessa forma o geoprocessamento, o ramo da geografia e da cartografia que trata do

processamento de informações geográficas, passa a contar com mais uma ferramenta, os

drones ou VANTs. E dentro da vastidão do meio rural a utilização das técnicas de

geoprocessamento podem fornecer importantes subsídios para contribuir com seu

desenvolvimento sustentável.

Agricultura

Na agricultura as técnicas de geoprocessamento podem apoiar à tomada de

decisões de agricultores e técnicos, de diversas maneiras.

Monitoramento agrícola

O monitoramento pode ser realizado de várias formas, que podem ser por vídeo

oriundo de sobrevoo dos talhões para vistoria ou acompanhamento do desenvolvimento das

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Geotecnologia para o meio rural

12

culturas (Figura 1.9). Essa possibilidade permite ampliar a visão do técnico ou do agricultor,

de modo que possam ver o comportamento da cultura, diferentemente da visão que se tem

estando em solo. Além da geração de vídeos de sobrevoo, podem ser feitas fotografias da

área em questão, que são processadas posteriormente. No caso das fotografias, quando

processadas em um sistema de informação geográfica (SIG) ou sistemas de desenho

assistido por computador (CAD) é possível realizar análises temporais comparando os

diferentes estágios de desenvolvimento e inclusive comparar fases de uma safra com outra.

Para a agricultura o grande diferencial da utilização de VANTs para imageamento é a

possibilidade de realizar diversos vôos durante todos os estádios de desenvolvimento da

cultura, sem ter que aguardar a passagem do satélite, que tem período de revisita longo e

predeterminado, podendo ainda coincidir com existência de nuvens.

Algumas verificações automatizadas podem ser realizadas em softwares específicos

utilizando as imagens geradas por VANTs, para mapeamento de falhas nas linhas de plantio

(Figura 1.11).

Figura 1.11 Mapeamento de falhas nas linhas de plantio.

Fonte: http://droneng.com.br/wp-content/uploads/2015/02/DronENG_Agricultura.pdf

Integração com sistemas de Agricultura de precisão.

Além de ter a função de monitoramento um levantamento com VANT, desde que

possua os instrumentos necessários, pode servir como importante ferramenta de apoio às

técnicas de agricultura de precisão. Pois através das imagens é possível verificar a

existência de manchas ou reboleiras não vistas ao nível do solo, permitindo assim o

georreferenciamento das mesmas para análise e enventual correção localizada.

Apenas utilizando câmeras comuns (RGB) isso é possível de ser feito, mas podem

ser utilizadas também câmeras com sensores especiais, como os de infravermelho próximo

(NIR) ou multispectrais, que permitem medir as condições de saúde da planta em termos de

quantidade de biomassa, atividade fotossintética, etc.

Page 21: Avaliação de carcaças bovinas

Pereira et al.

13

Uma das técnicas que permitem esse medição é a geração do indíce de vegetação

(NDVI) (Figura 1.12 e 1.14). De posse desse índice é possível, inclusive, a realização de

estimativas de safra com relativa antecedência.

Figura 1.12 Mapa com índice vegetação de um talhão de cana-de-

açúcar revelando a existência de falhas e machas (áreas em vermelho)

e a produção estimada.

Fonte: http://www.geoagri.com.br/sensefly/fotos.html

Figura 1.13 Índice de vegetação revelando nível de

stress em plantações (áreas em amarelo e vermelho).

Fonte: http://droneng.com.br/wp-content/uploads/2015/ 02/

DronENG_Agricultura.pdf

Page 22: Avaliação de carcaças bovinas

Geotecnologia para o meio rural

14

Outra técnica importante que pode auxiliar técnicos e agricultores na condução de

uma cultura é a detecção de plantas invasoras, que dependendo do estádio de

desenvolvimento da mesma, não é possível ser visualizada em nível de solo. Como o

comportamento espectral de uma espécie tende a ser diferente da outra é possível

diferenciar a invasora.

Figura 1.14 Detecção de plantas invasoras (em verde claro)

em um talhão agrícola.

Fonte: Embrapa CNPDIA http://www.cnpm.embrapa.br/

projetos/agspec/apres/vants.pdf

Pecuária

As possíveis aplicações do uso de VANTs epecificamente para a pecuária ainda são

poucas, apesar de possível a utilização de parte das técnicas utilizadas em agricultura e

meio ambiente, pela similaridade dos meios, podendo ser aplicado para a contagem de

amimais em pastejo (Figura 1.15).

Figura 1.15 Contagem de bovinos em pasto.

Fonte: http://www.xmobots.com/Content/Photos/AerialSurvey/IMG_2672.JPG

Page 23: Avaliação de carcaças bovinas

Pereira et al.

15

Meio ambiente

No campo ambiental há uma série de aplicações que pode ser empreendidas com

VANTs, seja em tarefas de mapeamento, monitoramento, vigilância e apoio a missões de

fiscalização.

Alguns exemplos do potencial de utilização de VANTs em aplicações relacionadas a

meio ambiente:

Mapeamento agroambiental.

Mapeamento e monitoramento de APPs (área de preservação permanente).

Monitoramento de áreas de mananciais.

Monitoramento de uso e ocupação do solo.

Monitoramento de reservas e parques.

Monitoramento de rios e lagos.

Vigilância para detecção de invasão em áreas protegidas em geral.

Apoio à fiscalização ambiental em geral (ex: desmatamento).

Apoio à fiscalização de e de uso do solo.

Apoio à fiscalização de mineração ilegal.

Figura 1.16 Área com exploração mineral ilegal.

Fonte: CORDEM/DNPM - UNB http://wiki.dpi.inpe.br/lib/exe/fetch.php?media=

workshopvants:workshopvants:vant_dnpm_sjc2.pdf

Page 24: Avaliação de carcaças bovinas

Geotecnologia para o meio rural

16

Figura 1.17 Dragagem ilegal de areia.

Fonte: CORDEM/DNPM - UNB http://wiki.dpi.inpe.br/lib/exe/fetch.php?

media=workshopvants:workshopvants:vant_dnpm_sjc2.pdf

Aplicações em geral para o meio rural

Além de aplicações voltadas especificamente para a agropecuária e meio ambiente,

os VANTs podem ser muito úteis para outros fins no meio rural.

A administração pública pode utilizar os VANTs para ações que auxiliam na gestão

pública do meio rural, como por exemplo:

Mapeamento de uso e ocupação do solo para subsidiar a elaboração de planos e

políticas municipais.

Mapeamento e monitoramento de estradas rurais.

Reconhecimento de áreas e acompanhamento de obras.

Acompanhamento de eventos climáticos (desastres, enchentes, etc.).

Empresas e cooperativas agropecuárias também podem utilizar VANTs para

mapeamento de suas áreas atuação.

Considerações finais

Os VANTs ou drones e todo o seu potencial de utilização em qualquer segmento,

sem dúvida nenhuma, já é considerado como uma impressionante revolução tecnológica.

Page 25: Avaliação de carcaças bovinas

Pereira et al.

17

A possibilidade do emprego de VANTs em aplicações voltadas ao meio rural marcará

um importe avanço no que diz respeito à gestão e controle do meio rural, seja em atividades

mapeamento e monitoramento ou mesmo de fiscalização.

Tal tecnologia evoluiu muito rapidamente nas últimas décadas e permitiu a essas

aeronaves substituir o uso de instrumentos e meios até então utilizados, como aviões

convencionais e satélites.

Os VANTs são capazes de executar o mesmo tipo de serviço dos demais e com

custo de aquisição e operação muito inferior. Além disso, tem a facilidade de operação

devido ao tamanho reduzido e também a capacidade de voar em baixa altitude e podendo

ser operados em espaços reduzidos. Tudo isso proporcionando menor risco para pessoas,

animais e edificações.

Obviamente que tais aparelhos também possuem desvantagens em relação ao seu

uso e operação, como menor estabilidade de vôo, exigindo a restrição de vôo em

determinadas condições de vento, bem como algumas dificuldades e pousos e decolagens

para alguns modelos de aeronaves. Também possuem limitações em relação altitude de

vôo, pois possuem condições inferiores a de uma aeronave convencional e principalmente a

limitação quanto à autonomia de vôo, uma vez que a maioria dos VANTs de uso civil

utilizam baterias elétricas, diferentemente de alguns drones de emprego militar ou policial

que utilizam combustível especial, tendo assim maior autonomia.

Porém mesmo considerando as desvantagens que até então são observadas, o uso

de VANTs no meio rural é absolutamente promissor, e isso já pode ser observado em

trabalhos que algumas instituições de pesquisas vêm desenvolvendo, como a Embrapa

(CNPDIA - São Carlos/SP e CNPM - Campinas/SP), a USP São Carlos/SP entre outras.

Além das empresas de geotecnologias e agricultura de precisão que já comercializa esse

tipo de equipamento, inclusive já prestando serviços a clientes do meio rural.

Sendo assim, com base no estudo apresentado neste artigo, sugere-se que as

instituições de ensino e de pesquisa incorporem o tema VANT ou os produtos e serviços

relacionados ao mesmo, como parte de ementas cursos e como motivo de pesquisa

científica, para que os benefícios propostos pela tecnologia sejam efetivamente

empregados.

Referências consultadas

ANAC. Projeto Aurora. Disponível em <http://www2.anac.gov.br/certificacao/svant/Apresetacoes/ 10_Projeto%20Aurora_CenPRA.pdf> Acesso em: 15 out. 2014.

DEMPSEY, M. E. Eyes of the Army: U.S. Army Roadmap fro Unmanned Aircraft Systems 2010-2035. Disponível em:<http://www-rucker.army.mil/usaace/uas/ US%20Army%20UAS%20RoadMap%202010%202035.pdf> Acesso em: 13 out. 2014.

Page 26: Avaliação de carcaças bovinas

Geotecnologia para o meio rural

18

FAHLSTROM, P.; GLEASON, T. Introduction to UAV Systems. 4. Ed. Chichester: John Wiley & Sons, 2012.

KATZ, K. P. Before Predator: The History os USAF Remotely Piloted Aircraft. Disponível em <http://www.sfte2013.com/files/75234565.pdf> Acesso: 13 out. 2014.

KEANE, J. F.; CARR, S. S. A Brief History of Early Unmanned Aircraft. Johns Hopkins APL Technical Digest. v. 32, n. 3, p. 558-571, 2013.

NOVO, E. M. L. M. Sensoriamento Remoto, Princípios e Aplicações. 3ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2008. 363p.

SCHOWENGERDT, R. A. Remote Sensing - Models and Methods for Image Processing. 3ed. San Diego: Academic Press, 2007. 515p.

TEAL GROUP. Teal Group Predicts Worldwide UAV Market. Disponível em < http://www.tealgroup.com/index.php/about-teal-group-corporation/press-releases/118-2014-uav-press-release> Acesso: 10 out. 2014.

Page 27: Avaliação de carcaças bovinas

Capítulo 2

Agricultura conservacionista como alternativa

para minimizar processos físicos de

degradação do solo

Cezar Francisco Araujo-Junior1

Fábio Rogério Trizotti Rosa2

Paola Caroline Lammel3

Bruno Henrique Martins4

1 Pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR, Rodovia Celso Garcia Cid, km 375, CEP: 86047-902

Londrina, Paraná, e-mail: [email protected]; Professor do curso de pós-graduação em Agricultura

Conservacionista do IAPAR e coordenador da Área de Concentração Manejo Conservacionista dos Recursos

Naturais. 2 Engenheiro Agrônomo, Mestrando em Agricultura Conservacionista do Instituto Agronômico do Paraná -

IAPAR, Bolsista da CAPES. e-mail: [email protected] 3 Engenheira Agrônoma, Mestranda em Agricultura Conservacionista do Instituto Agronômico do Paraná -

IAPAR. e-mail: [email protected] 4 Químico, Doutor em Química, Bolsista do Programa Nacional de Pós-Doutorado – PNPD / Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES vinculado ao Programa de Pós-Graduação em

Agricultura Conservacionista do IAPAR. . e-mail: [email protected]

__________________________________________________________________________________________

Introdução

A Agricultura Conservacionista (AC) é definida como um sistema de produção

agrícola baseado no manejo integrado do solo, água e recursos agrícolas (Food and

Agriculture Organization of the United Nations – FAO, 2002). Tal sistema tem por objetivo

fazer melhor uso dos recursos naturais por meio do manejo integrado do solo, água e

recursos biológicos combinado com entradas externas limitadas (fertilizantes minerais,

defensivos agrícolas e etc.).

A prática agrícola de caráter conservacionista contribui para a preservação ambiental

e para a sustentabilidade agrícola da produção pela manutenção permanente ou

semipermanente de cobertura orgânica do solo, nesse sentido, a Agricultura

Conservacionista tem surgido como uma alternativa à agricultura convencional (preparo do

Page 28: Avaliação de carcaças bovinas

Agricultura conservacionista como alternativa para minimizar...

20

solo, uso indiscriminado de defensivos agrícolas, fertilizantes e maquinários), os quais,

resultam em perdas na produtividade do solo devido à processos de degradação do solo tais

como, erosão, compactação, encrostamento superficial, depleção da matéria orgânica,

perda da biodiversidade, acidificação, lixiviação entre outros.

A Agricultura Conservacionista é considerada uma abordagem holística para o

manejo e conservação do solo e da água e preservação dos recursos naturais (REICOSKY;

SAXTON, 2007). O sistema de semeadura direta de qualidade é a prática da Agricultura

Conservacionista mais difundida e eficiente para o manejo integrado do solo e da água. Este

sistema implica na interação de práticas biológico-culturais com práticas mecânico-químicas,

pressupondo os requisitos básicos deste sistema (MUZILLI, 2006) similares aos princípios

básicos da Agricultura Conservacionista.

Os princípios básicos da agricultura conservacionista propostos pela FAO e adotados

amplamente na literatura são: (i) redução crítica ou inexistência de quaisquer distúrbios no

solo (ii) preservação de cobertura permanente ou semipermanente (resíduos de culturas) e

(iii) rotação de culturas economicamente viáveis (FAO, 2002; CASÃO JUNIOR et al., 2006;

REICOSKY; SAXTON, 2007; GOVAERTS et al., 2009; DERPSCH, 2013). Conforme relata

Derpsch (2013) o quarto princípio, consiste na manutenção das raízes sempre vivas no

campo e tem recebido atenção crescente devido ao papel destas estruturas na manutenção

da atividade biológica e regulagem de processos entre o solo e a atmosfera.

Além dos princípios atrelados aos sistemas conservacionistas de produção, a

sustentabilidade do sistema de semeadura direta depende de fatores relacionados às

culturas envolvidas no sistema de produção, às condições edafoclimáticas e ambientais

(SOANE et al., 2012) bem como, suas interações.

Benefícios proporcionados pela agricultura conservacionista

Os resíduos de culturas remanescentes na superfície de solo e redução de distúrbios

mecânicos do solo minimizam a taxa de decomposição de coberturas vegetais e

mineralização de matéria orgânica do solo - MOS, reduzem o fluxo de gases de efeito estufa

emitido em áreas submetidas às atividades agrícolas e os processos de degradação físicos

do solo. Práticas de agricultura conservacionista tem o potencial de aumentar o conteúdo de

MOS e carbono acumulado no solo na ordem de 1,0 Mg ha-1 ano-1 em regiões de clima

tropical (BLANCHART et al., 2007) e 0,4 Mg ha-1 ano-1 em temperado (OORTS et al., 2007).

A proteção trazida pela cobertura do solo é decisiva sobre formação da matéria

orgânica do solo a temperatura e umidade do solo, reduzindo as oscilações de temperatura

da camada superficial do solo, e como reflexo a menor evaporação e maior disponibilidade

de água às plantas (DERPSCH et al., 1991). Além disso, a matéria orgânica do solo

Page 29: Avaliação de carcaças bovinas

Araujo Júnior et al.

21

desempenha função crucial para a manutenção da produtividade em solos tropicais,

atuando como fonte de energia, geradora de cargas dependentes de pH, além de promover

a diversidade biológica, auxiliando na qualidade do solo e composição dos ecossistemas.

A definição clássica de MOS é a de conjunto heterogêneo de substâncias (húmicas e

não húmicas) derivadas da decomposição microbiana de resíduos de plantas e animais

(JENKINSON, 1988). Segundo Trumbore (1997), a fração não-húmica da MOS é, por

convenção, dividida em três parcelas, sendo: (i) parcela ativa com taxa de decomposição de

anos (exsudatos de raiz, resíduos de plantas rapidamente decompostos), (ii) parcela

intermediária com taxa de decomposição de décadas e, (iii) parcela passiva com período de

decomposição de séculos ou milênios, constituída por matéria orgânica estabilizada por

mecanismos físicos ou químicos.

A MOS pode ser caracterizada em definição mais contemporânea como sendo

mistura complexa de substâncias parcialmente decompostas (moléculas orgânicas, tais

como polissacarídeos, lignina, biopolímeros alifáticos, taninos, lipídeos, proteínas e amino

açúcares) derivadas tanto de resíduos de plantas e animais, quanto de biomassa microbiana

(STOCKMANN et al., 2013). Existe uma série de fatores ambientais interdependentes que

influenciam diretamente em sua composição, tais como: tipo de solo, condições climáticas,

topografia da região, vegetação, microbiota do solo e práticas de uso (VEUM et al., 2014).

A cobertura vegetal resultante de palhada de trigo picada aplicada em superfície em

Cambissolo Háplico com 70 g kg-1 de argila, influenciaram a compactação do solo, a

nodulação e a fixação biológica de nitrogênio em soja (SICZEK; LIPIEC, 2011). Estes

autores concluíram que o efeito benéfico da cobertura na fixação biológica de nitrogênio

caracterizado pela atividade da nitrogenase poderia em grande parte ser devido a melhoria

no regime hídrico. Além do regime hídrico, a cobertura aplicada na superfície reduz a

amplitude térmica e o conteúdo de água no momento da semeadura o que pode contribuir

para aumentar a eficiência da nodulação e fixação de nitrogênio.

Após 125 dias, a aplicação de palha de aveia até 20 Mg ha-1 em Latossolo Vermelho

eutroférrico muito argiloso (680 g kg-1 de argila) de Cascavel – PR, contribuiu para menores

índices de vazios textural, o que pode estar relacionado ao aumento na porosidade

estrutural (PEREIRA et al., 2013). Os benefícios proporcionados pela aplicação de altas

quantidades de palha na estrutura podem estar relacionados à elevada relação C/N (> 30),

grande volume radicular e alta capacidade de aprofundamento das raízes no perfil do solo

como ressaltado por Muzili (2006) para a aveia preta IAPAR 61.

Page 30: Avaliação de carcaças bovinas

Agricultura conservacionista como alternativa para minimizar...

22

Processos de degradação físicos do solo

A principal causa dos processos de degradação do solo é o uso intensivo e

inadequado, o que acelera a degradação da matéria orgânica, causa alterações nas

propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, reduz a produtividade das culturas, que

nessas condições não conseguem expressar todo seu potencial genético (CALEGARI,

1995).

No Estado do Paraná, os processos físicos de degradação dos solos tem sido uma

ameaça constante à maioria dos sistemas de produção. Dentre os principais processos de

degradação físico do solo pode-se citar o encrostamento superficial, erosão hídrica

acelerada, a compactação do solo, depleção da matéria orgânica pela oxidação do carbono

orgânico do solo.

O encrostamento superficial é caracterizado por modificações específicas da

estrutura do solo na superfície, devido ao impacto direto das gotas de chuva que promove a

quebra dos agregados e o entupimento dos poros (FARIA et al., 1998; PAGLIAI, 2007). Sua

espessura varia de menos de 1 mm até 5 cm a partir da superfície do solo (PAGLIAI, 2007).

Em Argissolo Vermelho-Amarelo com 510 g kg-1 de argila na camada de 0―10 cm, mantido

sem vegetação pela associação dos herbicidas de pré e pós-emergência, o encrostamento

superficial foi observado até 15 mm (FARIA et al., 1998).

As modificações da estrutura na superfície do solo causadas pelo impacto direto das

gotas de chuva são resultantes da redução no tamanho e na quantidade dos poros, na

condutividade hidráulica do solo saturado (PAGLIAI, 2007), no aumento da resistência

mecânica do solo, medida pela resistência à penetração ou outro índice de resistência do

solo, bem como, aumento nos valores de capacidade de suporte de carga, os quais podem

ser utilizados na identificação do encrostamento superficial (ARAUJO JUNIOR et al., 2008).

Em Latossolo Vermelho distroférrico com 520 g kg-1 de argila, a utilização constante

de herbicidas de contato e ou de translocação (herbicidas de pós-emergência) apresentam a

vantagem de deixar uma cobertura morta que protege o solo contra erosão, além de

conservar a umidade do solo, contribuindo para a sustentabilidade do sistema. Em

contrapartida, a utilização de herbicidas de pré-emergência em cultivos perenes, promove

redução no teor de matéria orgânica, aumento na densidade do solo, redução no volume

total de poros e menor estabilidade de agregados, além de permitir a formação do

encrostamento superficial e de apresentar baixa argila dispersa em água, indicando alta

dispersão seguida de processo erosivo (ALCÂNTARA; FERREIRA, 2000).

A compactação do solo é definida como deformação volumétrica resultante da

expulsão de ar dos poros quando submetido à pressões externas. A compactação do solo

tem sido identificada como uma das principais causas de degradação do solo ao redor do

Page 31: Avaliação de carcaças bovinas

Araujo Júnior et al.

23

mundo, ameaçando a produtividade do solo, aumento da erosão e do escorrimento

superficial (CANILLAS; SALOKHE, 2001).

Nos anos 70, o rápido crescimento da agricultura no Estado do Paraná trouxe

também o aumento da erosão hídrica. Para contornar o problema, programas estaduais

passaram, então, a incentivar a construção de terraços, geralmente comunitários. No

entanto, o problema principal de degradação das terras naquele momento era a

compactação do solo causada pelo uso intensivo, por dezenas de anos, de grades aradoras.

Embora o tamanho dos terraços tenha aumentado, chegando a barreiras gigantes

chamadas “murundus” bastante eficazes em barrar o escorrimento de água sobre a

superfície do terreno, não se resolveu definitivamente o problema, porque os terraços não

têm efeito sobre a compactação (CASTRO FILHO et al., 2002).

A cobertura presente na superfície do solo no sistema de semeadura direta tem por

finalidade a proteção do solo contra o impacto das gotas de chuva e do escorrimento

superficial durante o período chuvoso, reduzindo os efeitos da erosão e auxiliando na

recuperação das propriedades físicas e químicas do solo (BERTONI; LOMBARDI NETO,

2012).

A cobertura do solo com resíduos vegetais é o fator mais importante que influi sobre

a infiltração da água no solo, independente do tipo de preparo utilizado (DERPSCH;

CALEGARI, 1985). As plantas de cobertura auxiliam a infiltração da água também pela

redução da velocidade de escoamento da enxurrada e a formação de canalículos após a

decomposição das raízes (bioporos), agindo como subsolador biológicos nas camadas

adensadas e/ou compactadas do solo por meio do sistema radicular agressivo (KEMPER;

DERPSCH, 1981).

Além da influência da cobertura vegetal, o processo erosivo é afetado por muitos

outros fatores tais como método de preparo do solo e nível de declividade do solo (Cogo et

al., 2003). Em áreas extremamente degradadas pelo processo erosivo com a presença de

voçorocas, ocorre a exposição do horizonte B, baixo conteúdo de carbono orgânico do solo

e ausência de vegetação em Cambissolo Húmico alumínico com 700 g kg-1 de argila

(THOMAZ, 2012). O autor observou que a erosão nas ravinas foi caracterizada como

transporte limitado, embora a perda de solo registrada na área degradada tenha sido, em

média, de 394 g m-2 em cada simulação.

A atividade agrícola deliberada modifica substancialmente o conteúdo de matéria

orgânica do solo, devido às alterações estruturais do solo inerentes à prática. Ainda, o setor

agrícola, em função de suas peculiaridades, é extremamente vulnerável aos efeitos de

mudanças climáticas, distinguindo-se dos demais setores no que se refere ao tratamento do

tema. Em decorrência desta característica, há maior decomposição e mineralização em

regiões de clima tropical, causando perdas significativas de carbono orgânico do solo.

Page 32: Avaliação de carcaças bovinas

Agricultura conservacionista como alternativa para minimizar...

24

Nas últimas décadas, práticas de agricultura conservacionista, tais como: sistema de

semeadura direta, manejo integrado de plantas daninhas, consórcio de culturas

diversificadas, utilização de resíduos de culturas, minimização de operações de manejo, têm

sido empregadas como ferramenta de manutenção de estrutura, fertilidade e qualidade do

solo e, também, como práticas com potencial de mitigação de emissão de gases de efeito

estufa. Neste contexto, o sistema de semeadura direta se destaca como uma das principais

técnicas da agricultura conservacionista para mitigar os efeitos antropogênicos de uso e

manejo do solo, bem como técnica capaz de reduzir os impactos das mudanças climáticas

globais.

O sistema de semeadura direta é definido como sendo um sistema de plantio /

semeadura em solo sem preparo pela abertura de um sulco, trincheira ou cova com largura

e profundidades suficientes para proporcionar uma cobertura adequada das sementes ou

raízes com ausência de qualquer outro preparo (DERPSCH et al., 1991).

Na Europa, Soane et al. (2012) estabeleceram que para caracterizar o sistema de

semeadura direta, o revolvimento do solo deve ser inferior a cinco centímetros (5 cm) após a

passagem dos órgãos ativos da semeadora, os quais mantém de 30% a 100% da superfície

do solo coberta com resíduos das plantas. Além disso, ressaltaram que a sustentabilidade

do sistema de semeadura direta na Europa depende de fatores edafoclimáticos, das culturas

e ambientais. Nesta região, a compactação do solo também tem sido apontada como crítica

à sustentabilidade do sistema além dos resíduos das culturas e a competição por plantas

daninhas são os principais fatores que influenciam negativamente a produtividade das

culturas em sistema semeadura direta.

Apesar dos efeitos nocivos ao crescimento e ao desenvolvimento de plantas e danos

ambientais, a compactação do solo nem sempre é nociva. Alguns autores relatam que certo

nível de compactação pode ser benéfico por aumentar a área de contato entre as raízes e

as partículas sólidas do solo, o que promove aumento na disponibilidade de nutrientes e na

retenção e absorção de água (NHANTUMBO; CAMBULE, 2006). Para distinguir o nível de

compactação benéfico e nocivo ao crescimento e desenvolvimento de plantas, Gupta;

Allmaras (1987) propuseram o termo compactação excessiva.

Dentre os fatores que influenciam o uso, manejo e conservação do solo e da água

bem como a sustentabilidade do sistema de semeadura direta e sistemas conservacionistas

de produção, destacam-se a declividade e a forma do relevo, pois estes atributos

geomorfológicos influenciam utilização de máquinas (trafegabilidade e trabalhabilidade).

Assim sendo, mapas de declividade dos solos do Estado de Paraná e

potencialidades à mecanização tem sido gerados por meio de técnicas de

geoprocessamento (HӦFIG; ARAUJO-JUNIOR, 2014) para estabelecer relações entre

classes de declividade e potencialidades à mecanização (Figura 2.1), os quais podem ser

Page 33: Avaliação de carcaças bovinas

Araujo Júnior et al.

25

utilizados para estabelecer relações entre a ocorrências e severidade de processos de

degradação físicos do solo causados pela erosão hídrica e compactação do solo.

Os resultados indicaram que 39,41% das terras do município de Marechal Cândido

Rondon são extremamente aptas à mecanização (declividades entre 0―5%), 40,88% são

muito aptas (declividades entre 5,1―10%), 11,91% são aptas (declividades entre

10,1―15%), 4,65% são moderadamente aptas (declividades entre 15,1―20%) e apenas

3,15% das áreas não são recomendadas ou restritas a mecanização. Os dados

apresentados para o município de Marechal Cândido Rondon demonstram o elevado

potencial à mecanização dos solos deste município quanto à declividade. Além disso,

ressalta-se que para o Estado do Paraná de forma geral, 86% dos solos são recomendados

para mecanização, por possuírem declividades menores que 20% (HӦFIG; ARAUJO-

JUNIOR, 2014). Além dos aspectos de potencialidade à mecanização, a declividade

influencia as perdas de solo e água por erosão (COGO et al., 2003), os teores de matéria

orgânica e a compactação do solo (IORI et al., 2014).

O aumento da erosão com a declividade do terreno se deve ao aumento da

capacidade erosiva da enxurrada nos declives mais acentuados (COGO et al., 2003).

Perdas de solo reduzem os teores de matéria orgânica e alteram propriedades físicas como

a microporosidade e a estabilidade dos agregados em água (IORI et al., 2014).

Figura 2.1 Mapa de declividade com seus respectivos potenciais à mecanização para o município de Marechal Cândido Rondon, Paraná. Fonte: “Adaptado de Hӧfig; Araujo-Junior, 2014”

Page 34: Avaliação de carcaças bovinas

Agricultura conservacionista como alternativa para minimizar...

26

As plantas de cobertura ou resíduos de plantas daninhas nas entrelinhas de culturas

perenes podem agir como protetoras da estrutura do solo, minimizando o impacto direto das

máquinas e implementos das gotas de chuva e também atuando como melhoradoras da

estrutura degradada, pela redução da energia cinética da gota que é quebrada pela

cobertura do solo, seja pelas plantas em estado vegetativo, ou pelos restos culturais

deixados por elas, dessa forma evitando a desagregação do solo e o encrostamento

superficial (BERTONI; LOMBARDI NETO, 2012).

Os bioporos derivados das raízes decompostas fazem parte do processo natural de

melhoria das propriedades do solo, devendo ser desenvolvidos e explorados, por possuírem

ótimo potencial para melhorar as propriedades do solo a custos moderados (DEXTER,

1991). Plantas com maior habilidade em penetrar suas raízes em camadas compactadas e

sistemas radiculares mais desenvolvidos em profundidade, oferecem melhores condições de

funcionarem como processos naturais de melhoria das propriedades do solo, aumentando o

número de bioporos após seu cultivo, o que favorece o desenvolvimento das culturas em

sequência e proporciona a recuperação da estrutura do solo em subsuperfície (MÜLLER et

al. 2001).

O comprimento radicular estimado pelo método da parede do perfil do solo alcançou

11,7 km m-2 para a chicória cultivada por dois anos consecutivos, em que, 95% do sistema

radicular encontra-se distribuído na camada de 0―180 cm. Para uma pastagem perene de

clima temperado da família Poaceae - festuca alta (Festuca arundinacea Schreb) a qual

possui um sistema radicular fibroso após cultivo de aveia (Avena sativa L. `Max`) o

comprimento radicular para esta espécie alcançou 10,4 km m-2 com 95% do sistema

radicular na camada 0―80 cm (PERKONS et al., 2014). Estes autores demonstraram que

no geral, o número de bioporos por unidade de área superficial reduziu com a profundidade.

Além disso, observaram que apenas os bioporos com diâmetro superior a 5 mm

aumentaram de 45―55 mm de profundidade. Portanto, os bioporos são fundamentais na

condução de água no perfil do solo (KEMPER; DERPSCH, 1981), e no crescimento das

culturas cultivadas posteriormente (DEXTER, 1991) pois, são responsáveis pelos processos

de troca de gases entre o perfil do solo e a atmosfera.

O grau de compactação ou compactação relativa é um parâmetro mais útil que

densidade do solo ou a porosidade em estudos de degradação física do solo e nas

respostas das raízes e das culturas (LIPIEC; HATANO, 2003). Neste texto, o termo grau de

compactação foi utilizado para expressar a relação entre a densidade do solo no

minirhizotrons e a densidade do solo máxima obtida pelo ensaio de Proctor com energia

intermediária de compactação.

A relação entre o crescimento radicular e diferentes estados de compactação em

subsuperfície pode ser estudada em minirhizotrons, os quais são tubos de observação

Page 35: Avaliação de carcaças bovinas

Araujo Júnior et al.

27

transparentes (Figura 2.2). Pela Figura 2.2, observa-se que o sistema radicular da ervilhaca

peluda (Vicia villosa R.) é do tipo fasciculado ou em cabeleira em que, a raiz principal

atrofia-se precocemente e todas as raízes são semelhantes. Ressalta-se ainda, que o

sistema radicular explora diferentemente as colunas de solo dependendo do grau de

compactação (GC) estabelecido em subsuperfície (GC = 66%; GC = 80% e GC = 93%).

Para estabelecer os diferentes graus de compactação, amostras deformadas da

camada subsuperficial de um Latossolo Vermelho-Amarelo, muito argiloso (670 g kg-1 de

argila) de Arapongas-PR foram submetidas a esforços de compactação sob diferentes

conteúdos de água no solo em minirhizotrons com dimensões de 14 cm de diâmetro interno

por 50 cm de altura e foram compactadas utilizando o soquete com massa de 4,55 kg, altura

de queda de 45,7 cm e diâmetro de 5,08 cm do ensaio de Proctor com energia intermediaria

de compactação (Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, 1986) (Figura 2.2). O

experimento foi instalado em casa de vegetação na sede do Instituto Agronômico do Paraná

- IAPAR em Londrina, PR, entre os meses de agosto (semeadura) a outubro (florescimento)

de 2012, com temperatura ambiente controlada entre 20―30 ºC.

Figura 2.2 Ervilhaca peluda submetida a diferentes graus de compactação em subsuperfície de um Latossolo Vermelho distrófico – LVd, muito argiloso, em minirhizotron. Da esquerda para direita, densidade do solo Ds = 1,0 kg dm-3, Ds = 1,2 kg dm-3 e Ds = 1,4 kg dm-3. GC é o grau de compactação obtido pela relação entre a densidade nas colunas de solo e densidade do solo máxima obtida pelo Ensaio de Proctor com energia intermediária de compactação. Fonte: “Fotografia Paola Caroline Lammel, 2012”

LVd

Arapongas - Paraná

Ds = 1,0 kg dm-3

GC = 66 %

LVd

Arapongas - Paraná

Ds = 1,2 kg dm-3

GC = 80 %

LVd

Arapongas - Paraná

Ds = 1,4 kg dm-3

GC = 93 %

SEMEADURA: 09/08/2012 FOTOGRAFIA: 03/10/2012

Page 36: Avaliação de carcaças bovinas

Agricultura conservacionista como alternativa para minimizar...

28

Em cada minirhizotron, seis sementes de ervilhaca peluda (Vicia villosa R.) foram

semeadas a cinco centímetros de profundidade e a irrigação foi controlada para 60% do

volume total de poros a partir do controle diário da massa dos vasos. A água foi aplicada na

superfície de modo a manter a umidade adequada. Após a emergência, realizou-se o

desbaste mantendo quatro plantas por coluna até o estádio de florescimento.

Este estudo (Figura 2.2) auxiliou estabelecer um valor de referência para o estado de

empacotamento das partículas sólidas do solo que pode ser obtido pelo grau de

compactação (relação entre a densidade máxima obtida em laboratório pelo ensaio de

Proctor com energia intermediária de compactação e a densidade do solo na coluna de

solo), para definir o grau de compactação benéfico ou excessivo ao crescimento e

desenvolvimento das plantas de cobertura e das culturas comerciais.

O aumento do grau de compactação reduziu a massa seca de raízes da ervilhaca

peluda na camada superficial 0―10 cm (Figura 2.3). Assim, tanto a parte aérea como o

sistema radicular das plantas cultivadas bem como, das plantas de cobertura são

comprometidas pelo processo de compactação do solo.

Figura 2.3 Massa seca de raízes em Latossolo Vermelho Distrófico – LVA, muito argiloso nas diferentes camadas do minirhizotrons submetido graus de compactação em sub-superfície (10―30 cm). GC é o grau de compactação obtido pela relação entre a densidade nas colunas de solo e densidade do solo máxima obtida pelo Ensaio de Proctor com energia intermediária de compactação. GC = 60 % (Densidade do solo - Ds = 1,0 kg dm-3); GC = 80 % (Ds = 1,20 kg dm-3) e GC = 93 % (Ds = 1,40 kg dm-3). Fonte: Cezar Francisco Araujo-Junior (dados não-publicados).

LVd - ARAPONGAS

ERVILHACA PELUDA

670 g kg-1

de argila

MASSA SECA DE RAÍZES, g vaso-1

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

PR

OF

UN

DID

AD

E, cm

0

10

30

45

GC = 60 %

CG = 80 %

GC = 93 %

Page 37: Avaliação de carcaças bovinas

Araujo Júnior et al.

29

Além dos fatores do solo, o processo de compactação do solo é influenciado pelos

fatores relacionados às máquinas, equipamentos e da operação propriamente dita. Assim, o

maior grau de compactação é obtido quando a carga por eixo é maior com maior pressão de

contato média entre os rodados e o solo combinado a maiores intensidade de tráfego

(CANILLAS; SALOKHE, 2001). Estes autores observaram que os maiores efeitos da

compactação ocorrem nas três primeiras passadas do pneu. Destaca-se ainda, que para

qualquer conteúdo de água no solo e resíduo na superfície o estado de empacotamento das

partículas sólidas será maior com o aumento das cargas de compactação (BARZEGAR et

al, 2000).

Para o manejo da compactação do solo, o conteúdo de água no solo no momento do

tráfego das máquinas e implementos é o fator principal controlador da deformação do solo

(DIAS JUNIOR; PIERCE, 1996). Além disso, o conteúdo de água no perfil do solo determina

a reação do solo ao preparo. Entre as propriedades físicas, o conteúdo de água no perfil do

solo é a mais importante para a interação solo-máquina, uma vez que, controla a

consistência do solo (HILLEL, 1998). Outro aspecto que vale ser observado, é que a água

no solo também age como um lubrificante e ligante entre as partículas sólidas do solo

afetando a estabilidade estrutural e a resistência mecânica (TOPP; FERRÉ, 2002).

Considerações finais

Pelo exposto neste texto, verifica-se que a sustentabilidade de sistemas

conservacionistas de produção depende de fatores ambientais, ações antropogênicas e das

condições edafoclimáticas, os quais influenciam a ocorrência e a severidade dos processos

de degradação físicos do solo. Além disso, os princípios da Agricultura Conservacionista são

essenciais para minimizar os processos físicos de degradação do solo que ameaçam a

sustentabilidade de sistemas conservacionistas de produção independente das condições

edafoclimáticas.

Os principais processos de degradação do solo que ameaçam a sustentabilidade de

sistemas conservacionistas de produção são: a compactação do solo, a erosão hídrica

acelerada, o encrostamento superficial e a depleção da matéria orgânica do solo. Dentre os

aspectos a serem considerados para minimizar tais processos de degradação do solo

destacam-se o controle do tráfego e da umidade do solo no momento da realização das

operações mecanizadas, o revolvimento mínimo do solo e a utilização de plantas que

propiciam cobertura vegetal permanente ou semipermanente do solo e sistemas que

mantenham as raízes sempre vivas no solo.

Portanto, sistemas conservacionistas de produção são as maneiras mais eficientes

para o manejo integrado e conservação do solo e da água, incrementos da matéria orgânica

do solo e fixação dos estoques de carbono orgânico no solo.

Page 38: Avaliação de carcaças bovinas

Agricultura conservacionista como alternativa para minimizar...

30

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Page 41: Avaliação de carcaças bovinas

Capítulo 3

Aplicação de modelagem matemática na

recomendação de adubação fosfatada e

potássica na cultura da soja em sistema de

agricultura de precisão

Leandro Rampim1

Maria do Carmo Lana2

Jean Sérgio Rosset3

Marcos Vinicius Mansano Sarto4

1 Engenheiro Agrônomo, Doutor, Pesquisador Científico CAPES/PNPD, Centro de Ciências Agrárias, Programa

de Pós-graduação em Agronomia - PPGA, Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste, campus

Marechal Cândido Rondon, Rua Pernambuco, 1.777, Caixa Postal 1.008, Centro, 85.960-000, Marechal Cândido

Rondon, PR; [email protected]; 2

Engenheira Agrônoma, Doutora, Docente, Professora Associado-B do Centro de Ciências Agrárias, Unioeste;

[email protected]; 3

Engenheiro Agrônomo, Doutorando Unioeste, Docente, Professor Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia do Paraná, Avenida Cívica, Centro Cívico, CEP 85935-000, Assis Chateaubriand, PR;

[email protected]; 4

Engenheiro Agrônomo, Doutorando, Universidade Paulista Júlio de Mesquita Filho – Unesp, Fazenda Lageado,

Rodovia Alcides Soares, km 3, CEP 18610-300, Botucatu, SP; [email protected]

Introdução

A intensificação do levantamento de informações sobre as áreas de cultivo com o

uso de tecnologias de amostragem de solo, e obtenção de dados de produtividade para

conhecer a variabilidade de cada sistema de cultivo, abre espaço para utilizar as técnicas de

modelagem matemática para a recomendação de adubação fosfatada e potássica na cultura

da soja em sistema de agricultura de precisão, permitindo aumentar a eficiência do

aproveitamento da reserva de nutrientes presentes no solo, resíduos vegetais e, aplicar a

dose de fertilizante adequada para cada local e expectativa de produtividade específica para

cada cultura.

Page 42: Avaliação de carcaças bovinas

Aplicação da modelagem matemática na adubação...

34

Agricultura de precisão

Na agricultura brasileira, a maior parte das áreas de produção de grãos são

consideradas homogêneas quanto a variabilidade química do solo. Desta forma, a

necessidade média de utilização dos insumos promove o uso de doses iguais de

fertilizantes, podendo resultar em desequilíbrio nutricional além da baixa produtividade em

outros locais deficientes. Como consequência, há desbalanço no uso de fertilizantes,

comprometendo o rendimento das lavouras e tornando alto o custo de produção, além de

prejudicar o ambiente com a aplicação em excesso de fertilizantes (FOLEY et al., 2011).

Portanto, é necessário avaliar cada sistema de cultivo, pois, ao utilizar tabelas de

recomendação, indicações semelhantes para locais diferentes podem resultar em nível

elevado de alguns nutrientes. Neste contexto, também há possibilidade de repor os

nutrientes exportados pelas culturas para cada sítio específico, principalmente em sistema

de agricultura de precisão (AP) ou suprimir a adubação.

Desta forma, diversas técnicas tem sido avaliadas com a possibilidade de aplicar a

AP para aumentar a produção de grãos, em busca do manejo sustentável, sendo capaz de

maximizar a produção de forma racional, com uso adequado de insumos (GUEDES et al.,

2008; INAMASU et al., 2011).

A preocupação com a variabilidade do solo tem sido amplamente estudada,

principalmente em sistema de AP, para definir o formato adequado para dividir a área para

realizar o monitoramento do solo, podendo utilizar glebas (RAIJ, 2011), malha/”grids”

(DALCHIAVON et al., 2012), célula (GIMENEZ, 2012), zonas de produtividade (INAMASU et

al., 2011), zonas de manejo (QUEIROZ, 2013) e unidades de manejo (POVH ; GIMENEZ,

2011).

A utilização de unidade de manejo (UM) ou células proporcionam condições para

monitorar a evolução do sistema de produção ao longo dos anos em áreas menores, assim

como acompanhar as características químicas, físicas e produtividade, palhada para cada

local, reduzindo os efeitos das avaliações ao longo do tempo, as quais podem proporcionar

mapas diferentes a cada ano, ao utilizar a metodologia de malha. Para Rampim et al.

(2012), a definição de unidades de manejo pode ser realizada ao utilizar os conhecimentos

agronômicos assim como as condições edafoclimáticas regionais e específicas de cada

propriedade, permitindo capturar a variabilidade da fertilidade do solo intrínseca de cada

local.

A aplicação da AP no manejo de nutrientes é fundamentado em esquema de

amostragem de solo, permitindo o mapeamento da variabilidade e necessidades do solo,

possibilitando otimizar interpretação e recomendações para aplicações de insumos em

áreas menores e mais homogêneas, tanto quanto a tecnologia e os custos envolvidos o

Page 43: Avaliação de carcaças bovinas

Rampim et al.

35

permitam, reduzindo a contaminação ambiental, uniformizando e/ou elevando a

produtividade (CARVALHO et al., 2008).

Adubação fosfatada e potássica

Devido à importância da cultura da soja para o Brasil, são contínuos os estudos em

busca da elevação da produtividade para atingir o teto produtivo de cada cultivar. Para

Malavolta (2006), a utilização de fertilizantes fosfatados e potássicos na adubação está

entre as práticas culturais que podem proporcionar maior incremento na produtividade de

grãos.

De fato, recentemente, Foloni e Rosolem (2008) identificaram incremento da

produtividade de grãos em soja cultivada em Latossolo Vermelho distroférrico de textura

média, em Botucatu/SP com dose de 90 kg ha-1 de K2O e Gonçalves Júnior et al. (2010)

verificaram incremento de produtividade em soja com doses de 160 kg ha-1 de P2O5 e 120 kg

ha-1 de K2O em Palotina/PR em Argissolo Vermelho-Amarelo eutrófico com teor de 12,23 mg

dm-3 de P e 0,12 cmolc dm-3 de K e 242 g kg-1 de argila

Contudo, tem-se obtido respostas diferenciadas em todo o Brasil, principalmente,

sendo identificado ausência de resposta a adubação fosfatada e potássica em

produtividade, tanto no sulco de semeadura quanto à lanço, que está relacionada ao tipo de

solo, teores adequados dos nutrientes no solo e condução da cultura da soja em sistema

plantio direto (SPD) (RICHART et al., 2006; SFREDO, 2008a; GUARESCHI et al., 2008;

BERNARDI et al., 2009; FONTOURA et al., 2010; PAULETTI et al., 2010; VIEIRA et al.,

2013; SCHIAVO et al., 2013), não sendo detectada influência na produtividade de grãos de

soja ao testarem doses crescentes em solo com nível adequado de P e K (SCHIAVO et al.,

2013).

Moterle et al. (2009) ao realizarem estudos em Argissolo Vermelho eutroférrico de

textura argilosa, com 10 mg dm-3 de P e 0,3 cmolc dm-3 de K, encontraram resultados

semelhantes ao utilizar adubação formulada com as doses recomendadas de P e K, tanto

com aplicação na linha à 3 e 7 cm de profundidade, na entre linha à 7 cm de profundidade e

na superfície. Vieira et al. (2013) verificaram que teor de P > 6 mg dm-3 e de K > 0,30 cmolc

dm-3 possibilitou estabelecer rendimento relativo acima de 90% para a cultura da soja na

ausência da adubação fosfatada e potássica, em 15 experimentos realizados em Latossolo

Bruno com mais de 15 anos de plantio direto.

Em estudos realizados por Broggi et al. (2011), as características dos solos que

melhor se correlacionaram com a taxa de recuperação do fósforo (P) aplicado, foram o P

remanescente (P-rem). Segundo Vilar et al. (2010), quanto maior P-rem menor é a adsorção

de fósforo pelo solo, demandando menores doses de P na adubação para manter a

Page 44: Avaliação de carcaças bovinas

Aplicação da modelagem matemática na adubação...

36

disponibilidade de P adequada ao desenvolvimento das plantas. Neste sentido, uma das

metodologias usadas para recomendar a adubação fosfatada é a utilização do P-rem em

conjunto com o teor de P no solo (ALVAREZ V. et al., 2000; SOUSA et al., 2004), assim

como para interpretar os níveis de P nas diferentes classes texturais do solo (RIBEIRO et

al., 1999; EMBRAPA, 2011).

Quanto ao K, os Latossolos caracterizam-se por pouca ou nenhuma reserva mineral

de K nas frações mais grossas (NOVAIS et al., 2007), porém teores importantes tem sido

constatados nas frações silte e argila (SILVA et al., 1995). De fato, para Kaminski et al.

(2007), o suprimento de K parece ser mais dependente das características do próprio solo

do que da adição de fertilizantes potássicos. Para Yamada e Roberts (2005), a soja

apresenta grande capacidade de utilização de reservas não-trocáveis de K, mas a

capacidade de usar esta fração é variável entre cultivares e diminui com a adubação

potássica.

A ausência de efeitos com a adubação fosfatada e potássica, provavelmente está

relacionada aos níveis dos atributos químicos no solo em conjunto com a utilização do

sistema de semeadura direta (MUZILLI, 1983; COSTA et al., 2011) que intensifica a

ciclagem de nutrientes (BISSANI et al., 2004) e aumenta a taxa de difusão de P (MUZILLI,

1983; COSTA et al., 2011), principalmente em condição de umidade elevada no solo

(MUZILLI, 1983). Para Povh e Gimenez (2011), há situações em que a adubação uniforme

em toda a área de cultivo pode ser boa estratégia, pois há casos em que as variações locais

e dos atributos químicos podem ter menor impacto na produtividade do que a flutuação de

clima de um ano para outro, além da distribuição de plantas da linha de semeadura e

espaçamento diferenciado entre cultivares (TOURINO et al., 2002; SANGOI et a., 2012;

HÖRBE et al., 2013; D’AVILA, 2013).

Contudo, é preciso ressaltar a importância da correção do solo e adubação em solos

de fertilidade reduzida, principalmente durante o período de implantação do sistema plantio

direto. De modo que, recentemente, Veronese et al. (2012) verificaram respostas da

adequação da fertilidade do solo, com elevação dos teores de P foliar e também no

incremento da produtividade da cultura da soja em solo de baixa fertilidade.

Formas de recomendação de adubação

A recomendação de adubação de base em tabelas de recomendação relacionam a

disponibilidade do nutriente no solo para definir dose a ser aplicada e atingir produtividade

correlacionada aos níveis no solo e teor na planta (CQFS-RS/SC, 2004; RIBEIRO et al.,

1999; MALAVOLTA, 2006; EMBRAPA, 2009; EMBRAPA, 2011; RAIJ, 2011). CQFS-RS/SC

(2004) consideram a produtividade na recomendação da dose. No entanto, desconsideram

Page 45: Avaliação de carcaças bovinas

Rampim et al.

37

as condições edafoclimáticas regionais e específicas a cada microclima, apresentando

ampla faixa de suficiência para interpretar os níveis dos atributos químicos no solo e

também nutrientes no tecido foliar. Para Kurihara et al. (2013), as faixas de suficiência

necessitam de adequações, ao considerar diferenças na eficiência de absorção dos

nutrientes e o potencial produtivo atual das cultivares para cada região.

Neste sentido, diversos trabalhos tem sido realizados para oferecer alternativa para

recomendar corretivos e fertilizantes para culturas anuais como no algodão (POSSAMAI,

2003), milho (CARVALHO et al., 2006) e soja (SANTOS et al., 2008a), com a utilização de

modelagem matemática para determinar a disponibilidade e absorção dos nutrientes pelas

plantas para alcançar a produtividade esperada de cada cultivar, região e sistema de

manejo utilizado.

O sistema de recomendação de corretivos e fertilizantes para a cultura da soja

(SIRSo) utiliza modelagem (SANTOS et al., 2008a). A modelagem matemática tem como

princípio o balanço nutricional, ou seja, a recomendação se faz a partir da diferença entre o

requerimento de nutrientes pela planta e o suprimento de nutrientes pelo solo, por resíduos

orgânicos, por fertilizantes e pela calagem. O sistema considera ainda o fator

sustentabilidade, visando manter uma quantidade de nutriente no solo capaz de garantir

produtividade mínima em cultivo subsequente.

Recomendação de adubação em sistema de agricultura de precisão

Em testes realizados no Paraná, durante o cultivo da soja na safra 2012/13, foram

selecionadas cinco UM (Unidades de manejo) inseridas em um sistema de AP com 127 UM.

O solo presente nas UM é classificado como Latossolo Vermelho eutroférrico de textura

muito argilosa (EMBRAPA, 2013a). Os atributos químicos e granulométricos do solo de cada

UM estão dispostos na Tabela 3.1. As UM selecionadas para realizar a validação da

recomendação de adubação apresentam altitude compreendida entre 260 a 320 metros.

As UM selecionadas apresentavam níveis dos atributos químicos menores dentre as

127 UM, simulando a realização de adubação com semeadoras à taxa variável em cada

UM. As cinco UM selecionadas são cultivadas em sistema de semeadura direta por: 20 anos

na UM 1; 15 anos na UM 25; 17 anos nas UM 45; e 26 anos nas UM 79 e 111, com a

utilização de soja no verão e trigo/milho no inverno (Tabela 3.1).

As três formas de recomendação estabelecidas para recomendar a adubação

fosfatada e potássica para a cultura da soja nos ensaios nas UM, conforme Tabela 3.2,

foram:

1- Embrapa (omissão de adubação, pois as UM se enquadraram em sistema de

sucessão de culturas soja com trigo/milho segunda safra, e em solo com teor de argila > 400

Page 46: Avaliação de carcaças bovinas

Aplicação da modelagem matemática na adubação...

38

g kg-1, teor de P > 9 mg dm-3 e K > 0,3 cmolc dm-3¸ permitindo a recomendação do cultivo

sem de adubação com P e K) (EMBRAPA, 2011 p.88-89);

2- adubação com base na tabela oficial de recomendação para cultura da soja,

considerando a disponibilidade de P e K no solo nas UM (todas as UM apresentaram teor de

P > 6 mg dm-3 e K > 0,3 cmolc dm-3), sendo recomendado a dose de 60 kg ha-1 P2O5 e 40 kg

ha-1 K2O para as cinco UM na linha de semeadura (EMBRAPA, 2011 p. 87);

3- recomendação de adubação na linha de semeadura baseado no balanço

nutricional com uso da modelagem, através do programa SIRSo (Sistema de recomendação

de corretivos e fertilizantes para a cultura da soja) (SANTOS et al., 2008a), com o auxílio do

programa NutriSoja 1.5 (SANTOS et al., 2008b).

Tabela 3.1 Atributos químicos e granulométricos do Latossolo Vermelho eutroférrico coletado na camada de 0-0,20 m, nas cinco unidades de manejo cultivadas com a cultura da soja na safra 2012/13 em sistema de AP, Paraná, 2012

(1)

MO (K2Cr2O7 com H2SO4); pH (Extrator CaCl2, relação 1:2,5); P, K, Cu, Zn, Fe e Mn (Extrator Mehlich-1); S (Extrator Ca (H2PO4)2 500 mg L

-1 de P em HOAc 2 mol L

-1); Ca, Mg e Al (Extrator KCl 1

mol L-1

); H+Al (Extrator acetato de cálcio 0,5 mol L-1

pH 7,0) em amostragem realizada em setembro de 2012 (EMBRAPA, 2009);

(2) P-rem (CaCl2 0,01 mol L

-1 com 60 mg L

-1 de P) (ALVAREZ V. et al., 2000) com dados de

amostragem de solo realizada em setembro de 2010; (3)

argila, silte e areia (Método densímetro) (EMBRAPA, 1997). FONTE: dos autores.

Na recomendação pelo SIRSo foi considerada algumas especificidades:

1 – nível de K+ e P (Mehlich-1) e P-rem (P remanescente), conforme Tabela 3.1;

2 - produtividade esperada de 4000 kg ha-1, visto que no cultivo da soja no estado do

Paraná tem alcançado níveis mais elevados em anos com condições climáticas adequadas

(SEAB, 2013);

3 - profundidade efetiva das raízes de 0-0,20 m;

Unidade de

Manejo MO (1) pH V P S Ca

2+Mg

2+K

+Al

3+ H+Al SB CTC

-- g dm-3

-- -- CaCl2 -- --- % ---

1 30,07 5,08 53,38 15,27 19,32 3,89 1,32 0,47 0,10 4,96 0.00 0.00

25 30,07 5,58 70,88 24,08 31,09 6,46 2,06 0,78 0.00 3,82 0.00 0.00

45 41,01 5,89 76,21 25,00 27,72 7,46 2,22 1,02 0.00 3,34 0.00 0.00

79 20,51 5,56 75,05 25,40 25,71 8,61 1,56 1,05 0.00 3,73 0.00 0.00

111 23,24 5,78 76,91 16,23 13,04 7,98 2,22 0,66 0.00 3,26 0.00 0.00

Micronutrientes

Cu Zn Fe Mn

-- g dm-3

--

1 36,56 12,00 4,40 6,90 32,80 39,00 184.00 34,57 630 190 180

25 49,23 15,70 5,90 15,60 26,30 23,60 399.00 25,81 650 220 130

45 53,13 15,81 7,26 14,90 24,30 23,40 368.00 31,82 600 270 140

79 57,60 10,43 7,02 17,10 33.00 19,60 366.00 22,15 680 200 120

111 56,51 15,72 4,60 19,80 27.00 15,90 411.00 20,28 660 200 140

KCa

-------------- %CTC --------------- ------------------- mg dm-3

------------------

------ mg dm-3

------ ---------------------------------- cmolc dm-3

--------------------------------------

-------------- g kg-1

--------------

Mg P-rem (2)

Argila (3) Silte Areia

Page 47: Avaliação de carcaças bovinas

Rampim et al.

39

4 - fator de sustentabilidade para produzir 2000 kg ha-1 ao instalar o próximo cultivo

sem adubação, semelhante às menores produtividades obtidas nos locais utilizados para

instalar os testes;

4 - resíduos da cultura de milho;

5 - além de ter sido considerado a aplicação de 100% da demanda de K em

aplicação única, caso fosse necessário, de fato os teores de K no solo em conjunto com

aqueles disponibilizados pelos resíduos orgânicos foram suficientes para fornecer o K

necessário para o desenvolvimento da cultura de soja para todos os experimentos.

Tabela 3.2 Dose da adubação utilizada em cada experimento tanto pela utilização de tabela de recomendação quanto através do SIRSo oriundo de modelagem para cada experimento corresponde às informações da análise química do solo da respectiva unidade de manejo, em sistema de agricultura de precisão, Paraná, 2012

(1)

Embrapa (omissão de adubação, pois as UM se enquadraram em sistema de sucessão de culturas soja com trigo/milho segunda safra, e em solo com teor de argila > 400 g kg

-1, teor de P > 9 mg dm

-3 e

K > 0,3 cmolc dm-3

¸ permitindo a recomendação do cultivo sem de adubação com P e K) (EMBRAPA, 2011); (2)

adubação com base na Tabela oficial de recomendação para cultura da soja, considerando a disponibilidade de P e K no solo nas unidades de manejo (todas as UM apresentaram teor de P > 6 mg dm

-3 e K > 0,3 cmolc dm

-3), sendo recomendado a dose de 60 kg ha

-1 P2O5 e 40 kg ha

-1 K2O para

os cinco experimentos na linha de semeadura (EMBRAPA, 2011); (3)

recomendação de adubação na linha de semeadura baseado no balanço nutricional com uso da modelagem, através do programa SIRSo (Sistema de recomendação de corretivos e fertilizantes para a cultura da soja) (SANTOS et al., 2008a), com o auxílio do programa NutriSoja 1.5 (SANTOS et al., 2008b). FONTE: dos autores.

O cálculo dos resíduos da cultura do milho utilizados no cálculo da recomendação

SIRSo foi baseado na produtividade de milho de cada local, conforme Tabela 3.3, a qual foi

considerada à cada UM. Para obter os resíduos produzidos pela cultura do milho, foi

considerado índice de colheita de 40%, conforme Dourado Neto e Fancelli (2000) e

Brambilla et al. (2009), com o qual obteve-se a matéria seca total (grãos e resíduos) e por

diferença foi obtido a massa de resíduos (em kg) para cada experimento.

P2O5 K2O P2O5 K2O P2O5 K2O

linha lanço linha lanço linha lanço

1 0 0 60 40 183 0

25 0 0 60 40 163 0

45 0 0 60 40 155 0

79 0 0 60 40 158 0

111 0 0 60 40 199 0

Modelagem SIRSo (3)

Formas de recomendação de adubação

Embrapa (1)

----------------------------------------------------- kg ha-1

--------------------------------------------------------

Unidades de

Manejo

Tabela Embrapa (2)

Page 48: Avaliação de carcaças bovinas

Aplicação da modelagem matemática na adubação...

40

Desta forma, conforme os dados de cada UM (Tabelas 3.1, 3.2 e 3.3), foi definida a

dose de fertilizante para as diferente formas de recomendação de adubação fosfatada e

potássica (Tabela 3.2).

Tabela 3.3 Produtividade de grãos, matéria seca total e resíduos de milho cultivado no inverno, anteriormente à instalação nas cinco unidades de manejo (UM), em sistema de agricultura de precisão, Paraná, 2012

(1)

índice de colheita de 40%, conforme Dourado Neto e Fancelli (2000) e Brambilla et al. (2009);

(2) produtividade média de grãos obtidos em cada local;

(3) considerando que os grãos colhidos foram apenas 40% da matéria seca total;

(4) produtividade obtido pela diferença entre matéria seca total e produtividade de grãos.

FONTE: dos autores.

Disponibilidade de fósforo no solo

Em áreas com níveis adequados de P no solo pode haver ausência de

recomendação de adubação fosfatada pela Embrapa, pois os teores de P no solo são

superiores a 6 mg dm-3 de P, sendo adequado para a cultura da soja (EMBRAPA, 2011;

VIEIRA et al., 2013), não ocorrendo incremento de P oriundo da adubação fosfatada no

tecido foliar e sem alterar a produtividade da cultura.

Contudo, é sabido que a adubação fosfatada incrementa níveis de P no solo com a

utilização de fosfatos solúveis de alta disponibilidade do P, como superfosfato simples

(BISSANI et al., 2004; COSTA et al., 2011; LUCHINI et al., 2012), independente da forma de

aplicação em solo argiloso manejado com SPD (YAMADA; ROBERTS, 2005; GALVANI et

al., 2008; MOTERLE et al., 2009; ALTMANN, 2012).

Níveis elevados de P no tecido foliar podem ser observados, sendo relacionado ao

mecanismo de transporte de nutrientes no solo até as raízes, que no caso do P ocorre

principalmente através da difusão (SILVA et al., 2008; COSTA et al., 2009), o qual é

potencializado com o desenvolvimento das raízes e pelo aumento da umidade no solo

(FAGERIA, 1998; SAMPAIO et al., 2010; TAIZ; ZEIGER, 2013). Costa (1998) verificou que o

fluxo difusivo de P e K no solo aumentou 4x e 5x, respectivamente, ao alterar a condição de

Matéria seca total (3)

resíduos (4)

(grãos + resíduos)

1 0,40 6198,35 15495,87 9297,52

25 0,40 5528,93 13822,31 8293,39

45 0,40 5256,20 13140,50 7884,30

79 0,40 6595,04 16487,60 9892,56

111 0,40 6371,90 15929,75 9557,85

------------------------------------ kg ha-1

---------------------------------

Produtividade de grãos

de milho no inverno (2)

Unidade de

Manejo

Índice de

colheita (1)

Page 49: Avaliação de carcaças bovinas

Rampim et al.

41

umidade do solo de 20% para 80% da porosidade; de fato Novais et al. (2007) evidencia a

superioridade do transporte de P e K por difusão em solo úmido.

A ausência de efeito da adubação fosfatada pode estar relacionada também pelos

níveis de P no solo, principalmente quando se tem manejo adequado da calagem, que

interfere nas propriedades químicas do solo, mantendo o pH alto, e consequentemente

favorece a disponibilidade de P (ZAMBROSI et al., 2007). Tal situação foi constatada por

Viviani et al. (2010), sendo observado elevação de P no solo até pH 7 em CaCl2. Por outro

lado, tem sido constatado que, a utilização do gesso agrícola também pode adicionar e/ou

disponibilizar P no solo (CAIRES et al., 2011; RAMPIM et al., 2013), podendo ser

aproveitado pelas plantas.

Outro fator importante na absorção de P pelo solo está relacionado a acidificação da

rizosfera da soja ao absorver elementos catiônicos (MARSCHNER, 2012); fato que, em

situações de pH acima da faixa adequada, devido à alcalinização da rizosfera provocada

pela cultura de trigo e milho (HAYNES, 1990), permite conter tal elevação do pH na rizosfera

e assim aumentar a disponibilidade de P para a cultura, visto que pode ocorrer valores de

pH acima da faixa adequada, a qual também indisponibiliza P no solo (NOVAIS et al., 2007),

principalmente ao observar os níveis elevados de pH nas unidade de manejo 25 e 111.

Disponibilidade de potássio no solo

Ao observar os índices de saturação dos cátions Ca+2, Mg+2 e K+ no solo, no qual fez-

se ensaios de recomendação de adubação (Tabela 3.1), é possível constatar níveis

inferiores a 20% para o Mg+2 para todos as UM e níveis superiores de K+ para as UM 25, 45

e 79, e próximo a 5% nas UM 1 e 111. Quanto ao Ca+2, a UM 25 apresentou índice próximo

a 50%, as UM 45, 79 e 111 foram superiores e exceção foi a UM 1, com 36,56%,

evidenciando desequilíbrio entre os cátions. Para Sfredo (2008b), a saturação destes

cátions no complexo de troca catiônica (CTC) é o parâmetro que mais representa o

equilíbrio destes no solo, tanto que cita valores para equilíbrio em solos com CTC ≥ 8 cmolc

dm-3, sendo valores de 50% de Ca+2, 20% de Mg+2 e 5% de K+.

Em adição, solos cultivados com SPD tem sido constatado maior presença de Ca

ligado a matéria orgânica, aumentando sua disponibilidade (ZAMBROSI et al., 2007), além

da liberação de K+ pelos resíduos vegetais, os quais também prejudicam o Mg+2 na relação.

Watanabe et al. (2005) evidenciaram que a aplicação de CALPOT, produto obtido com a

mistura de calcário com potássio, adequaram a relação Ca+2:Mg+2:K+, resultando em

elevação da produtividade. Enquanto, Scherer (1998) observou aumento do teor de Mg nas

folhas da soja com a redução na disponibilidade de K+ no solo. Gerendás e Führs (2013), ao

detectar deficiência de Mg, recomendam avaliar a relação entre Ca+2:Mg+2:K+, sendo que a

Page 50: Avaliação de carcaças bovinas

Aplicação da modelagem matemática na adubação...

42

resposta à adubação tem ocorrido em situações de níveis adequados de P no solo e com

água livre no solo, sendo necessário realizar a avaliação de cada sistema de cultivo para a

recomendação do produto e dose adequada.

Ao comparar os teores de K+ no solo das UMs, acima de 0,47 cmolc dm-3 (Tabela

3.1), constata-se o nível elevado de K nas UMs utilizadas para o ensaio, evidenciando a

ausência de recomendação de adubação potássica pela modelagem. Steiner et al. (2009)

encontraram relação direta dos níveis de K+ no solo com o K acumulado em plantas de soja

avaliadas aos 42 dias após a emergência, com níveis no solo variando de 0,13 até 0,5 cmolc

dm-3, o qual já é considerado elevado (EMBRAPA, 2011).

Tal fato evidencia o quão elevados são os teores de K trocável encontrados nas UM,

que também são constatados com a % K, principalmente para as UM 25, 45 e 79 (Tabela

3.1). Provavelmente, os níveis expressivos de K+ podem estar relacionados a formação dos

solos, mesmo se tratando de solo altamente intemperizado, caso dos Latossolos, que

também podem apresentar minerais contendo K (SILVA et al., 1995; MELO et al., 2004;

VILLA et al., 2004), além do K não trocável, que também pode disponibilizar K+, quando

ocorre redução de K+ (VILLAR et al., 2004; MELLO et al., 2004).

Além dos níveis adequados de K+ no solo, tem-se destaque à utilização de plantas

de cobertura, que em SPD tem incrementado a reciclagem de K, principalmente com

gramíneas, como no consórcio com a cultura de milho (PACHECO et al., 2013), condição

evidenciada na Tabela 3.3, com os níveis de resíduos proporcionados pela cultura de milho,

variando de 7.884,30 a 9.892,56 kg ha-1. Tanto que, Heinzmann (2009) verificou que a

aplicação de 150 kg ha-1 de K2O à lanço em pré-plantio e em cobertura quanto Schiavo et al.

(2013) com 800 kg ha-1 de K2O à lanço no estádio V4 da cultura da soja não interferiu na

produtividade em Latossolo Vermelho Eutroférrico em SPD.

Por outro lado, a adubação potássica com doses até 180 kg ha-1 de K2O na cultura

da soja em Latossolo com nível médio de K+, 0,2 cmolc dm-3, proporcionou incremento em

produtividade tanto ao ser utilizada na pré-semeadura, pré-semeadura+cobertura, sulco

quanto em sulco+cobertura (BERNARDI et al., 2009). Yamada e Roberts (2005) verificaram

que níveis abaixo de 0,3 cmolc dm-3 no solo e teor de K foliar inferior a 20 g kg-1 na soja

incrementam a produtividade.

A adição do K lavado da palhada (ROSOLEM et al., 2007) pode causar problemas

nutricionais, devido ao desequilíbrio entre Ca+2:Mg+2:K+, prejudicando a absorção de Mg e

intensificando a deficiência de Mg no tecido foliar, principalmente em solo com elevado nível

de Ca+2 e K+ (Tabela 3.1). Segundo Zambrosi et al. (2007), em estudo realizado em

Latossolo Vermelho distrófico textura argilosa, encontraram 60% do cálcio como Ca+2 e 40%

como Ca-Corgânico,e 90% do magnésio como Mg+2 e 10% como Mg-Corgânico., mostrando que

Page 51: Avaliação de carcaças bovinas

Rampim et al.

43

mesmo em SPD, onde ocorre maior acúmulo de matéria orgânica (MO), pode ocorrer maior

liberação de Ca devido a ligação com o Corgânico.

Monitoramento da adubação pelo balanço nutricional do tecido foliar

Neste contexto, o Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação (DRIS)

(BEAUFILS, 1973) é uma ferramenta importante para monitorar a interferência da adubação

nas plantas. A diagnose pelo DRIS tem sido utilizada na cultura da soja (CASTAMANN et

al., 2012) para avaliar o equilibro nutricional, e avaliar a probabilidade de excesso ou

deficiência dos nutrientes (WADT, 2005), podendo ser verificado através do potencial de

resposta à adubação (LANA et al., 2010). Assim, a utilização do DRIS permite identificar o

desequilíbrio nutricional (WAIREGI; ASTEN, 2011). Nas cinco UMs cultivadas na safra

2012/13 em sistema de AP é possível observar o balanço nutricional com os Índices DRIS e

Índice de Balanço Nutricional médio (IBNm) a partir do tecido foliar da cultura da soja

(EMBRAPA, 2013b) e potencial de resposta à adubação (LANA et al., 2010) (Tabela 3.4).

É importante ressaltar os resultados obtidos por Stalenga (2007) durante a

identificação de problemas nutricionais na cultura de trigo pelo DRIS. Os autores verificaram

índice DRIS excessivo para o K ao utilizarem a adubação mineral com N, P e K; contudo na

adubação orgânica + rotação de culturas houve índice deficiente ao K; e no caso da

utilização conjunta de adubação orgânica + rotação de culturas + adubação mineral

encontraram equilíbrio nutricional para o nutriente K; mas nos três sistemas de adubação

ocorreu deficiência de N e excesso de P.

Sfredo (2008b), Prochnow (2010) e Salvador et al. (2011) destacam a importância da

relação entre Ca:Mg:K na agricultura brasileira. De maneira que, segundo Oliveira Júnior et

al. (2013), para realizar a recomendação de adubação potássica é importante analisar a

relação Ca+2:Mg+2:K+, em conjunto com as faixas de suficiência e balanço nutricional DRIS.

Destaca-se o caso do Mg+2, pois sua deficiência na planta, além de suas funções diretas,

também pode prejudicar o transporte de P dentro das células (MARSCHNER, 2012).

É crescente o número de produtores que tem realizado a semeadura da cultura da

soja sem a aplicação de fertilizantes fosfatados e potássicos, devido aos níveis adequados

de P e K+ no solo, conforme recomendação da Embrapa (2011). Nesta situação, reduz-se a

disponibilidade K e Ca na linha de semeadura, pois são constituintes de fertilizantes

(YAMADA; STIPP-ABDALLA, 2004). Além do fato, de que a ausência de fertilizantes de alta

solubilidade próximo às raízes pode proporcionar condições favoráveis ao equilíbrio entre

Ca+2, K+ e Mg+2 no solo, facilitando a absorção de Mg+2, consequentemente elevação dos

teores foliares de Mg e maior equilíbrio no balanço nutricional, com provável aumento na

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Aplicação da modelagem matemática na adubação...

44

produtividade (SANTI et al., 2012), principalmente ao constatar deficiência de Mg (Tabela

3.4, 3.5 e 3.6).

Tabela 3.4 Balanço nutricional com os Índices DRIS e IBNm a partir do tecido foliar da

cultura da soja na cultivar Vmax RR (EMBRAPA, 2013b) e potencial de resposta à adubação

LANA et al., 2010) nas cinco unidades de manejo conforme as recomendação de adubação

da Embrapa (ausência de adubação) e tabela da Embrapa (EMBRAPA, 2011) e modelagem

SIRSo (SANTOS et al., 2008a; SANTOS et al., 2008b) cultivada na safra 2012/13 em

sistema de AP, Paraná, 2012

Recomendação de adubação Índice DRIS

N P K Ca Mg S Zn Mn Fe Cu IBNm

Unidade de Manejo 1

Embrapa (0) -70,5 19,3 -11,6 -34,0 -8,9 -1,6 1,6 -1,0 -9,8 60,7 21,9

Tabela Embrapa 5,1 10,2 -14,6 21,2 -8,8 -6,3 -2,4 -1,0 -6,4 15,1 9,1

Modelagem 1,1 5,3 -18,5 18,8 -11,2 -10,6 5,8 -5,1 -8,2 34,9 11,9

Unidade de Manejo 25

Embrapa (0) -2,3 3,7 -31,6 7,4 -24,1 -20,2 8,1 -11,5 -17,5 100,2 22,7

Tabela Embrapa 1,5 6,6 -23,4 14,7 -12,8 -11,1 4,6 -11,7 -12,4 56,2 15,5

Modelagem -0,2 -1,0 -23,1 10,6 -15,3 -12,2 9,5 -6,3 -19,8 69,9 16,8

Unidade de Manejo 45

Embrapa (0) -16,8 -9,5 -29,0 4,4 -34,6 -18,9 -4,0 -10,6 -27,6 158,9 31,4

Tabela Embrapa 5,6 7,4 -12,1 5,9 -12,0 4,0 7,9 -4,4 -3,4 13,1 7,6

Modelagem 5,3 8,5 -10,2 5,9 -0,7 -0,4 -4,3 -5,4 -1,8 15,3 5,8

Unidade de Manejo 79

Embrapa (0) 10,5 19,3 -25,5 17,2 -18,9 -7,5 -0,9 -8,5 -2,7 29,1 14,0

Tabela Embrapa -4,8 1,6 -22,3 4,9 -26,0 -22,3 3,4 -5,9 -6,3 89,9 18,7

Modelagem 18,8 15,4 -17,7 22,7 -17,3 2,2 -0,1 -10,1 3,4 -4,9 11,3

Unidade de Manejo 111

Embrapa (0) 13,6 15,4 -1,9 25,5 -27,0 2,0 0,0 2,7 -4,1 -14,1 10,6

Tabela Embrapa 8,2 12,7 -10,5 17,0 -1,6 -0,4 0,6 1,3 -5,1 -10,2 6,8

Modelagem -3,6 12,9 -16,2 23,1 -42,3 -5,8 -17,0 -0,7 -24,0 85,9 23,2

Potencial de resposta à adubação:

Positiva (P)

Positiva ou nula (PZ) Nula (Z)

Negativa ou nula (NZ) Negativa (N)

Resposta Positiva (P) – tem probabilidade de ocorrer quando o índice DRIS do nutriente mais negativo for

maior, em módulo, que o IBNm (Índice de Balanço Nutricional Médio) (DRIS<0; DRIS>IBNm; maior valor ‘negativo’); Resposta Positiva ou Nula (PZ) – tem probabilidade de ocorrer quando o índice DRIS do nutriente for maior em módulo que o IBNm e não for o mais negativo (DRIS<0; DRIS>IBNm); Resposta Nula (Z) – tem

probabilidade de ocorrer quando o índice DRIS do nutriente em módulo for menor ou igual ao IBNm (demais); Resposta Negativa ou Nula (NZ) – tem probabilidade de ocorrer quando o índice DRIS do nutriente for maior em módulo que o IBNm, porém sem ser o índice DRIS de maior valor (DRIS>0; DRIS>IBNm); Resposta Negativa (N) – tem probabilidade de ocorrer quando o índice DRIS do nutriente for maior que o IBNm e maior

que todos os índices DRIS (DRIS>0; DRIS>IBNm; maior valor ‘positivo’) (LANA et al., 2010a); FONTE: dos autores.

Page 53: Avaliação de carcaças bovinas

Rampim et al.

45

Adubação fosfatada e aproveitamento de resíduos

É importante comentar sobre a recomendação de doses elevadas de P baseado no

balanço nutricional com uso da modelagem SIRSo (Tabela 3.2), pois a modelagem

matemática considera a retenção de P pelo solo, que está relacionado à capacidade

máxima de adsorção de P no solo (VILAR et al., 2010), principalmente devido à presença de

óxidos de ferro e alumínio no solo (SANTOS; KLIEMANN, 2005; COSTA et al., 2009) quanto

ligado ao Ca após cultivo de soja (OLIBONE; ROSOLEM; 2010), sendo avaliada pelo P-rem

(ALVAREZ V. et al., 2000; BROGGI et al., 2011). Assim, em níveis de P-rem encontrados

em solos do Paraná em sistema de AP (Tabela 3.1), indicam elevada demanda de P para

suprir a adsorção do solo, fato que ocorre principalmente em solos com elevada quantidade

de argila (RIBEIRO et al., 1999; ALVAREZ V. et al., 2000; CORRÊA et al., 2011).

A importância do fornecimento do P foi destacada por Machado et al. (2011), que

identificaram incremento de P disponível ao utilizar até 400 kg ha-1 de P2O5 na forma de

fosfato monoamônico em solo argiloso com elevada capacidade de adsorção de P (P-rem

de 4,38 mg dm-3) e nível baixo de P. Semelhantemente, Fageria (1998) verificaram aumento

crescente na produtividade de soja até 400 kg ha-1 de P2O5 com platô até 1200 kg ha-1 de

P2O5, sendo os efeitos evidenciados em presença de água.

De fato, em casa de vegetação, Steiner et al. (2012) identificaram acúmulo linear

crescente de P em plantas de soja até o nível mais elevado de P no solo testado

(50 mg dm - 3, extrator Mehlich-1), demonstrando que, em situações de elevada precipitação

pluviométrica realmente ocorre intensificação da absorção de P pelas plantas, pois aumenta

o fluxo difuso (SILVA et al., 2008; COSTA et al., 2009), ampliado pela interceptação

radicular.

Neste contexto, destaca-se a influência dos resíduos na recomendação de adubação

pelo SIRSo (Tabela 3.2). De maneira que, a utilização de braquiária (Brachiaria ruziziensis),

no consórcio com a cultura de milho tem se destacado, principalmente no cultivo de milho no

inverno, intensificando a produção de resíduos com ciclagem de nutrientes (BRAMBILLA et

al., 2009), principalmente quanto ao K (RAMELLA et al., 2013); simulando a “produção dos

nutrientes” no próprio sistema de cultivo. Tem sido observado também que a utilização de

braquiária em consórcio com a cultura de milho reduz a produtividade da cultura principal

(BRAMBILLA et al., 2009; CRUZ et al., 2009), contudo, o fornecimento de nutrientes pelo

aumento da produção de matéria seca pode reduzir ou até mesmo permitir a omissão da

adubação, intensificando o SPD e atingindo a sustentabilidade do sistema de cultivo.

Vale a pena destacar que tem sido observado ausência de efeito na produtividade da

cultura de milho, ao realizar a semeadura da braquiária à lanço na época de adubação de

cobertura na cultura de milho (CHIODEROLI et al., 2010; RAMELLA et al., 2013),

Page 54: Avaliação de carcaças bovinas

Aplicação da modelagem matemática na adubação...

46

demonstrando o potencial da utilização da consorciação na redução de adubação, por

elevar os resíduos, potencializando a ciclagem de nutrientes, e reduzindo a adubação.

Forma de aplicação dos adubos

Em relação a forma de adubar, é pertinente fazer alguns comentários. A adubação à

lanço tem proporcionado produtividade semelhante à adubação no sulco de semeadura

(YAMADA; ROBERTS, 2005; GALVANI et al., 2008; MOTERLE et al., 2009; ALTMANN,

2012), contudo alertam para o acúmulo de P na camada superficial com a aplicação em

superfície total (SANTOS et al., 2008c; FRANCISCO et al., 2013), além de possíveis perdas

de P e K por escorrimento superficial (BERTOL et al., 2011). Aliado a situação de que, ao

realizar a adubação com Ca e K no sulco de semeadura também pode prejudicar a relação

entre Ca:Mg:K (SFREDO, 2008b; SALVADOR et al., 2011; GERENDÁS; FÜHRS, 2013) em

solo com níveis adequados.

Desta forma, é possível sugerir a utilização de adubação de sistema (ALTMANN,

2012), aumentando o rendimento operacional durante a semeadura da soja, ao direcionar à

adubação para apenas o cultivo de inverno; sendo necessário fornecer nutrientes deficientes

para elevar a produtividade e intensificar a produção de resíduos (FONSECA et al., 2011),

elevando a ciclagem de nutrientes, melhorando o sistema plantio direto, e ampliando a

sustentabilidade do sistema de AP.

Ao realizar toda a adubação necessária para as culturas implantadas no sistema de

cultivo soja/trigo, especificamente na cultura de trigo, tanto com a dose recomendada para a

cultura de trigo (IAPAR, 2013) quanto adicionar a dose recomendada para a cultura de soja

(EMBRAPA, 2011) e/ou utilizar os dados de quantidade de nutrientes exportados, conforme

Tabela 3.5. Desta forma, estabelece a adubação de sistema (ALTMANN, 2012), visto que o

nível crítico de P para a cultura de trigo é 9 mg dm-3 de P, valor maior que o da soja, 6 mg

dm-3 (RCTT, 2013) e aproveitando os nutrientes disponíveis no solo (EMBRAPA, 2011;

IAPAR, 2013).

Outro ponto importante está relacionado com a distribuição do fertilizante na linha de

semeadura de trigo, com a aplicação de doses menores em cada linha, pois a cultura do

trigo é cultivada em espaçamento de 0,17 m enquanto a cultura de soja em 0,45 m, ou seja,

o acúmulo do fertilizante necessário para os dois cultivos não implicam em doses elevadas

no sulco de semeadura da cultura do trigo. Neste sentido, LIMA et al. (2013) verificaram que

o elevado fornecimento de nutrientes à cultura de trigo com a aplicação de 3000 kg ha-1 de

cama sobreposta de aves incrementou a produtividade; assim a aplicação da adubação para

a cultura de soja juntamente com a do trigo pode elevar a produtividade desta cultura.

Page 55: Avaliação de carcaças bovinas

Rampim et al.

47

Adubação pela exportação de nutrientes nos grãos e a produtividade

A recomendação da adubação conforme a exportação de nutrientes deve ser

utilizada de forma sustentável ao fornecer os nutrientes para as plantas, visto que com as

cultivares utilizadas atualmente em áreas conforme as UMs do sistema de AP utilizado nos

ensaios de recomendação de adubação (Tabela 3.1), os nutrientes disponibilizados pelo

solo são suficientes para atingir a produtividade média para o Estado do Paraná (SEAB,

2013), sendo adequado apenas realizar a reposição de nutrientes exportados pela cultura

de soja, atentando para níveis excessivos de nutrientes no solo.

Desta forma, UMs utilizadas em sistema de AP, também podem utilizar dados de

exportação de nutrientes obtidos durante o cultivo da soja, tanto seguindo as tabelas de

teores segundo a literatura, quanto obtido em condições regionais, como em áreas

manejadas em sistema de AP nas culturas de soja e trigo em Guaíra/Paraná (Tabela 3.5).

Sobretudo, mantendo sempre o monitoramento do tecido foliar com o DRIS, em busca do

equilíbrio nutricional.

Com a determinação dos teores dos nutrientes nos grãos pode-se realizar a

adubação de manutenção, considerando a ausência de resposta a adubação (RICHART et

al., 2006; SFREDO, 2008a; GUARESCHI et al., 2008; BERNARDI et al., 2009; FONTOURA

et al., 2010; PAULETTI et al., 2010; VIEIRA et al., 2013; SCHIAVO et al., 2013), relacionada

aos níveis adequados dos atributos químicos do solo para o desenvolvimento da cultura da

soja em diversas situações, semelhante às UMs utilizadas no ensaio de recomendação, com

UM dentro de sistema de AP (Tabela 3.1). Assim, com os teores nos grãos da Tabela 3.5,

permite repor os nutrientes extraídos relacionados às condições locais de cultivo, clima, tipo

de solo, proporcionando ao produtor rural maior eficiência no uso dos recursos financeiros,

adicionando apenas a quantidade extraída.

Também é necessário considerar a produtividade esperada, considerando o histórico

de produtividade das culturas nos últimos anos, pois tal informação incorpora problemas

climáticos que ocorrem na região, reduzindo a produtividade média ao longo dos anos, não

havendo necessidade de adubar conforme a produtividade desejada. Por outro lado, se o

produtor realizar a recomendação de adubação conforme produtividade desejada e

considerar os nutrientes exportados pelos grãos, gera altas doses com elevação dos custos,

pois desconsidera outros fatores que interferem na produtividade, fato que é ponderando ao

avaliar o histórico de produtividade.

Ao considerar que, as doses recomendadas pela Tabela da Embrapa e pelo SIRSo

(que considerou elevada produtividade, fator sustentabilidade e resíduos) (Tabela 3.2 e 3.3)

são superiores às doses recomendadas pela Tabela 3.6 para a cultura da soja; e também

por aqueles tratamentos testados (Tabela 3.2) não terem interferido diretamente na

Page 56: Avaliação de carcaças bovinas

Aplicação da modelagem matemática na adubação...

48

produtividade de grãos, é pertinente fazer considerações sobre a recomendação de

adubação utilizando o SIRSo em conjunto com exportação de grãos.

Tabela 3.5 Teores de nitrogênio (N), fósforo (P), enxofre (S), cálcio (Ca), magnésio (Mg), potássio (K), cobre (Cu), zinco (Zn), manganês (Mn) e ferro (Fe) nos grãos da cultura da soja safra 2011/12 e trigo na safra 2011 em 127 unidades de manejo em sistema de agricultura de precisão, para evidenciar a exportação de nutrientes pela colheita dos grãos, Paraná, 2013

(1)

Dados originados de avaliação de teor de nutrientes nos grãos na safra 2011/12 para a cultura da soja e safra 2011 para o trigo, a partir de 127 unidades de manejo em sistema de agricultura de precisão no Paraná; (2)

EMBRAPA (2011); (3)

PAULETTI (2004); (4)

COELHO et al. (2001); (5)

Valores exportados pela colheita dos grãos, tanto em g do nutriente para cada kg de grão ou kg do nutriente para cada tonelada de grão. FONTE: dos autores.

As alternativas de recomendação de adubação para as UM foram calculadas

conforme a produtividade média de 2900 kg ha-1 em áreas de cultivo com soja no Paraná

(Tabela 3.1), ao longo das safras 2003/04 a 2012/13, que estão sendo monitorados em 127

UM em sistema de AP. Tal produtividade é semelhante a produtividade média do estado do

Paraná de 2961 kg ha-1, obtida ao longo das safras 2007/08 a 2012 (SEAB, 2013).

N P S Ca Mg K

UM - Guaíra (1)

Soja 59,45 2,63 1,90 5,78 1,43 9,42

Trigo 25,60 2,09 2,22 3,92 0,99 3,82

Referência

Soja (2) 51,00 4,36 5,40 3,00 2,00 16,60

Soja (3) 59,20 5,50 3,00 2,90 2,30 18,80

Trigo (3) 17,20 1,30 1,40 0,20 0,80 2,00

Trigo (4) 21,50 3,35 1,20 0,60 2,50 3,34

Cu Zn Fe Mn

UM - Guaíra

Soja 32,44 81,47 104,24 29,96

Trigo 39,43 94,53 94,34 45,56

Referência

Soja (2) 10,00 40,00 30,00 70,00

Soja (3) 13,00 37,70 134,30 33,70

Trigo (3) 3,00 14,80 13,90 13,00

Trigo (4) 6,00 44,50 49,00 44,00

Macronutrientes (5)

Cultura

------------------------------ g Kg-1 ou kg (1000kg)-1 -----------------------------

-------------- mg Kg-1 ou g (1000kg)-1 ------------------

Micronutrientes

Page 57: Avaliação de carcaças bovinas

Rampim et al.

49

Tabela 3.6 Simulação da recomendação de adubação fosfatada (P2O5) e potássica (K2O) para as unidades de manejo 1, 25, 45, 79 e 111 em sistema de AP, Paraná, 2013

(1)

produtividade média obtida ao longo das safras 2003/04 a 2012/13 nos locais que são monitorados em 127 unidades de manejo (UM) em sistema de agricultura de precisão no Paraná; (2)

Recomendação de adubação SIRSo (SANTOS et al., 2008a), com o auxílio do programa NutriSoja 1.5 (SANTOS et al., 2008b), considerando os resíduos da cultura de milho cultivada anteriormente (Tabela 3.2) e sem fator sustentabilidade para o cultivo da próxima safra; (3)

Recomendação de adubação considerando a exportação de nutrientes pelos grãos com os dados médios de teores de nutrientes no grão obtidos da colheita na safra 2011/12 na cultura da soja, em 127 unidades de manejo em sistema de agricultura de precisão no Paraná (Tabela 3.9); (4)

Recomendação de adubação considerando a exportação de nutrientes pelos grãos com os teores de nutrientes no grão obtidos da colheita na safra 2011/12 na cultura da soja, especificamente para cada unidade de manejo em sistema de agricultura de precisão no Paraná. Teores de P no grão foram: 2,94; 2,77; 2,52; 3,64 e 1,52 g kg

-1 de P nas UM 1, 25, 45, 79 e 111, respectivamente; e teores de K no grão foram: 7,98; 9,92; 9,40; 9,95

e 11,85 g kg-1

de K nas UM 1, 25, 45, 79 e 111, respectivamente. FONTE: dos autores.

Modelagem matemática SIRSo

A situação descrita na Tabela 3.6, remete-se a recomendação de adubação pelo

SIRSo (SANTOS et al., 2008a) para as UMs estudadas em conjunto com valores dos

atributos químicos do solo (Tabela 3.1), considerando como intuito, atingir a produtividade

média de 2900 kg ha-1, sem fator de sustentabilidade, mas utilizando as informações de

resíduos do cultivo anterior e aplicar 100% da possível necessidade de K, conforme Tabela

3.2. Nesta situação houve ausência de recomendação de K, o qual está sendo suprido pelos

resíduos e níveis elevados de K nas UMs (Tabela 3.1) e recomendação da dose de P

inferior àquelas recomendadas para a cultura da soja de acordo com a Embrapa (2011)

(Tabela 3.3); com destaque para a possibilidade de recomendação específica da adubação

para cada UM inserida no sistema de AP.

Também é possível utilizar os dados de exportação de grãos de cada unidade de

manejo, e realizar recomendação específica para cada UM, retornando os nutrientes que

serão exportados na UM.

P2O5 K2O P2O5 K2O P2O5 K2O

1 53 0 17 33 20 28

25 25 0 17 33 18 35

45 23 0 17 33 17 33

79 16 0 17 33 24 35

111 53 0 17 33 11 41

Unidade de Manejo

(U.M.) SIRSo sem fator

Alternativas de recomendação de adubação

-------------------------------------------- kg ha-1

---------------------------------------

produtividade esperada de 2900 kg ha-1 (1)

Exportação grãos

média de 127 U.M. (3)

da respectiva U.M. (4)

sustentabilidade (2)

Page 58: Avaliação de carcaças bovinas

Aplicação da modelagem matemática na adubação...

50

Conforme os dados de teores de nutrientes nos grãos na cultura de soja da safra

2011/12 referente aos valores médios obtidos nas 127 unidades de manejo (Tabela 3.5)

pode ser realizada a recomendação de adubação para atingir produtividade de 2900 kg ha-1

de grãos de soja. Com os teores no grão de 2,63 g kg-1 de P e 9,42 g kg-1 de K, pode ser

recomendado 17 kg ha-1 de P2O5 e 33 kg ha-1 de K2O para todas as UMs com finalidade

“simplista” de repor os nutrientes exportados (Tabela 3.6), considerando apenas o

fornecimento dos nutrientes exportados pela adubação de reposição, ou seja,

desconsiderando o sistema de cultivo envolvido (Tabela 3.6).

Da mesma forma, ao considerar produtividade de 2900 kg ha-1 de soja e teores de P

e K no grão específico para cada unidade de manejo obtém-se a recomendação de P2O5 e

K2O para cada UM, conforme Tabela 3.6; logicamente com maior precisão de

recomendação, mas mantendo-se a recomendação de K.

Tais formas alternativas de recomendação mostram a utilização dos teores

exportados, sem considerar a disponibilidade de nutrientes no solo, como no caso do K, que

apresenta em níveis elevados no solo (Tabela 3.1), além de desconsiderar a disponibilidade

parcial do P adicionado pela adubação, o qual é influenciado por reações de adsorção no

solo. De fato, Oliveira Júnior et al. (2013) evidencia a importância do monitoramento do

balanço nutricional para realizar a recomendação de adubação adequada. Portanto, nos

dois casos de recomendação foi considerado apenas os teores de nutrientes nos grãos e

desconsiderado demais processos existentes no sistema de cultivo, como resíduos,

atributos químicos do solo, adsorção de nutrientes no solo, os quais são tão importantes

quanto avaliar os nutrientes exportados no grão pelas culturas.

Desta forma, verifica-se que a recomendação da Embrapa (2011) (Tabela 3.3), para

o K está mais relacionada aos valores de K exportados, assim como verificado na Tabela

3.5, que ao recomendar adubação foi considerado a exportação de grãos. Contudo, para o

P, a recomendação da Embrapa (2011) provavelmente considera a taxa de recuperação do

P aplicado, visto que a recomendação de P é superior à recomendação através dos teores

de nutrientes nos grãos da safra 2011/12 (Tabela 3.5).

De forma geral, ao considerar a recomendação apenas pela exportação de nutrientes

pelos grãos, com valores específicos para os locais ou para a UM (Tabela 3.6) não

demonstra recomendação pertinente, pois desconsidera peculiaridades do sistema de

cultivo, visto que na recomendação por SIRSo há elevada influência dos resíduos nas

recomendações.

Enfatiza-se a preocupação em recomendar a adubação fosfatada e potássica

utilizando apenas os valores de exportação nos grãos, pois pode aplicar nutrientes

Page 59: Avaliação de carcaças bovinas

Rampim et al.

51

desnecessários e ainda, prejudicar o equilíbrio de cátions no solo, ou até mesmo perder os

nutrientes disponibilizados pelos resíduos por escorrimento superficial.

Importância da modelagem matemática na recomendação de adubação em sistema de

agricultura de precisão

É válido ressaltar a oportunidade de utilizar o SIRSo na recomendação de adubação

para a cultura da soja (SANTOS et al., 2008a; SANTOS et al., 2008b), o qual considera a

produtividade média alcançada para cada UM ao longo dos anos (ao realizar o

monitoramento da produtividade em cada UM em sistema de AP, os nutrientes fornecidos

pelos resíduos e pelo solo, sendo opcional a inclusão do fator sustentabilidade. Este fato

pode ser importante, ao realizar a adubação para o próximo cultivo com o intuito de

aproveitar o momento de preços menores de insumos. Ainda, é necessário ressaltar que o

SIRSo considera os fatores de liberação de cada atributo químico no solo de acordo com as

reações que ocorrem no solo.

De maneira que, ao utilizar o SIRSo para a recomendação de adubação, pode-se

aperfeiçoá-lo conforme as peculiaridades de cada UM, ou seja, utilizar a produtividade,

resíduos, níveis no solo e agora sim, utilizar os teores de nutrientes exportados pelos grãos

para cada UM. Desta forma, a recomendação de adubação SIRSo pode trazer benefícios

para a sustentabilidade do sistema de cultivo para a cultura da soja.

Ressalta-se ainda que, em solos de elevada fertilidade, com as cultivares atuais,

deve-se adubar para manter a fertilidade do solo e/ou adequar o equilíbrio dos atributos

químicos do solo, pois níveis elevados no solo podem prejudicar o balanço nutricional da

cultura, consequentemente impedir alcançar o teto produtivo das cultivares em condição de

adequado sistema de semeadura e umidade adequada no solo.

É necessário salientar também que a aplicação, continuidade e evolução da

recomendação de adubação em sistema de AP precisa integrar profissionais de diversas

áreas. Segundo Bramley e Trengove (2013), os produtores rurais da Austrália tiveram

problemas com equipamentos e softwares, situação agravada pela baixa relação entre

produtor e prestadoras de serviços, fato que resultou na utilização dos conhecimentos

próprios pelo produtor para o manejo das culturas. Tal situação pode servir de alerta para a

agricultura brasileira, sendo necessário organizar grupos de profissionais, engenheiro

agrônomo, produtor e pesquisador, para avaliação da situação econômica, tecnológica,

sistema de cultivo, presença de terraços e relevo de cada propriedade, com elaboração de

protocolo para ser conduzido a campo; e em seguida contratar a empresa prestadora de

serviços para executá-los e, posteriormente, com o grupo de profissionais realizar a

recomendação dos procedimentos de recomendação de adubação. Certo que, D’Avila

Page 60: Avaliação de carcaças bovinas

Aplicação da modelagem matemática na adubação...

52

(2013) destaca a necessidade de parceria entre produtores, professores e pesquisadores

para atingir elevada produtividade na cultura da soja.

Considerações finais

A recomendação da Embrapa para omitir a adubação para a cultura da soja em solo

com teor de argila > 400 g kg-1 e com teor de P > 9 mg dm-3 e K > 0,3 cmolc dm-3 ou utilizar a

dose de 60 kg ha-1 P2O5 e 40 kg ha-1 K2O é válida para Latossolo Vermelho eutroférrico

perante produtividade média de 2900 kg ha-1, sendo necessário avaliar a possibilidade de

ocorrer níveis elevados de K+ no solo no Paraná.

A utilização da recomendação por modelagem no sistema de recomendação de

corretivos e fertilizantes para a cultura da soja (SIRSo) com fator sustentabilidade sugere

elevadas doses de fósforo, possibilitando a elevação dos níveis de P no solo, conforme a

capacidade de adsorção de P de cada solo.

A recomendação por modelagem SIRSo pode ser utilizada para otimizar a adubação

em unidades de manejo inseridas em sistema de agricultura de precisão com adubação em

taxa variável.

A utilização de metodologias de recomendação de adubação que englobam várias

especificidades de cada sistema de produção de grãos, como na cultura da soja, permite

aumentar a eficiência do uso dos fertilizantes com produtividade sustentável.

Em sistemas mais avançados como o sistema de agricultura de precisão, que pode

utilizar inúmeras informações georreferenciadas de cada local da propriedade rural,

necessita de formatos mais amplos de recomendação de adubação, como se faz com a

modelagem matemática SIRSo, a qual resgata diversas informações do sistema de

produção para definir a dose para a adubação fosfatada e potássica na cultura da soja.

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Page 61: Avaliação de carcaças bovinas

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Page 67: Avaliação de carcaças bovinas

Capítulo 4

Calagem: determinação da quantidade de

calcário com base na participação do cálcio e

magnésio no complexo de troca

Alfredo Richart1

Evertom Dutra Gressele2

Daniel Schwantes1

Jeferson Klein1

Ricardo Menon1

Rubens Fey3

Leandro Rampim4

Jacir Daga1

João Edson Kaefer1

Martios Ecco1

Alexandre Luís Müller1

1

Professor do curso de Agronomia da Escola de Ciências Agrárias e Medicina Veterinária da Pontifícia

Universidade Católica do Paraná, Campus Toledo. Avenida da União, 500, CEP: 85902-532. Toledo, Paraná. 2 Acadêmico do curso de Agronomia da Escola de Ciências Agrárias e Medicina Veterinária da Pontifícia

Universidade Católica do Paraná, Campus Toledo. Avenida da União, 500, CEP: 85902-532. Toledo, Paraná. 3

Professor da Universidade Federal Fronteira Sul, Campus de Laranjeiras do Sul, Paraná. BR-158, Km 7, CEP:

85.301-970, Laranjeiras do Sul – PR. 4 Pesquisador do Programa Nacional de Pós-Doutorado (PNPD) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná,

Campus de Marechal Cândido Rondon. Rua Pernambuco, 1777, CEP: 85960-000. Marechal Cândido Rondon,

Paraná.

__________________________________________________________________________

Introdução

O conhecimento agronômico comprova, de maneira irrevogável, que a prática de

manejo de correção da acidez, especialmente em solos situados nas regiões tropicais, com

acentuado grau de intemperismo, torna a prática da calagem uma das técnicas mais

importantes visando elevar produtividade com sustentabilidade econômica e socioambiental.

Page 68: Avaliação de carcaças bovinas

Calagem: determinação da quantidade de calcário...

60

A realização da calagem nos solos em que se diagnosticou excessiva acidez e

toxicidade do alumínio trocável livre (Al3+), por meio de competente análise laboratorial, é

prática de manejo que os produtores agrícolas devem se preocupar. A correção da acidez e

a inativação do Al3+ contribuem para pleno desenvolvimento radicular e, consequentemente,

melhorar as condições de nutrição da planta, condicionando-a à alta produtividade (VEGRO,

2013).

Em estudo conduzido por Oliveira et al. (1997), analisando os resultados do

levantamento de reconhecimento dos solos do Paraná (EMBRAPA, 1984), mostraram que

61% da área do Estado eram ocupadas por solos que apresentavam caráter álico ou

distrófico, indicando necessidade de aplicação de calcário para obtenção de rendimentos

economicamente viáveis às culturas.

O uso de corretivos da acidez com elevados teores de cálcio (Ca) ou magnésio (Mg),

pode interferir nas relações entre estes cátions, restringindo os efeitos benéficos esperados

na correção da acidez, por promover desbalanços entre o Ca2+ e o Mg2+ no solo,

prejudicando a absorção de nutrientes, causando desiquilíbrio nutricional de Ca e Mg nas

plantas. Assim, na escolha do corretivo, deve ser considerado o poder de neutralização da

acidez, bem como, sua proporção entre cátions acompanhantes, principalmente, relação

entre Ca/Mg presente no corretivo (ALBUQUERQUE et al., 2001).

Esta preocupação é pertinente, especialmente na região Oeste do Estado do Paraná,

pois, os produtores vêm utilizando exclusivamente nas correções da acidez, o calcário

dolomítico, o qual, tem provocado estreitamento da relação Ca/Mg, que com passar dos

anos, tem promovido desequilíbrios no solo, prejudicando absorção de Ca pelas plantas,

mas também, do potássio (K), uma vez que este nutriente tem sido adicionado em menores

quantidades nas adubações de manutenção, acarretando em deficiência do mesmo as

culturas anuais exploradas nesta região.

Outro fator que merece destaque está relacionado ao procedimento utilizado para

definir quantidade de calcário a ser aplicado, o qual normalmente é realizado interpretando-

se os resultados analíticos da análise de solo e a partir disto, realiza-se o cálculo para definir

a quantidade de calcário a ser aplicada ao solo. Para o Estado do Paraná, o método oficial

para recomendação de calagem é o da Saturação por Bases (OLIVEIRA, 2003). Este

método considera saturação por bases (V%) adequada para cada cultura, porém, esta

metodologia não permite ajuste individual de cada nutriente fornecido via calagem (Ca e

Mg). Além disso, não possibilita discriminar os solos pela participação dos cátions Ca, Mg e

K no complexo de troca. Em virtude desta limitação, surge a possibilidade de definir as

quantidades de calcário a serem aplicadas pelo ajuste estequiométrico entre os cátions Ca,

Mg e K. Nesta situação, para realização deste cálculo, leva-se em consideração a

participação do Ca, Mg e K na capacidade de troca catiônica (CTC), a qual foi estabelecida

Page 69: Avaliação de carcaças bovinas

Richart et al.

61

por Bear et al. (1945), visando atingir crescimento máximo das plantas, o qual somente

ocorre quando as concentrações trocáveis do solo de Ca, Mg e K são cerca de 65%, 10% e

5%, respectivamente.

Em termos de respostas das culturas agrícolas, às relações entre cátions básicos no

solo, tem sido verificado que relações equilibradas dos elementos Ca, Mg e K no complexo

de troca de um Latossolo Distroférrico de Cambé, PR, resultou em aumento de

produtividade da cultura da soja (WATANABE et al., 2005). Já para a cultura do milho em

solos do cerrado, os melhores rendimentos foram obtidos com relação Ca:Mg de 3:1

(SILVA, 1980).

Embora na literatura tenha informações de que estejam estabelecidas as

participações do Ca, Mg e K na CTC para as plantas, fica a dúvida entre os profissionais

que atuam na assessoria técnica, de como determinar o tipo e as quantidades de calcário a

serem adicionadas ao solo para promover a elevação dos teores destes nutrientes nos solos

cultivados na Região Oeste do Paraná. Assim, objetiva-se expor aos profissionais da

Ciências Agrárias como estes conceitos básicos envolvendo a participação do Ca, Mg e K

na CTC podem influenciar no desenvolvimento e produtividade das culturas; além de

demonstrar como podem ser determinados por meio de cálculos matemáticos o ajuste

estequiométrico entre este cátions buscando o equilíbrio ideal entre eles no solo.

Reservas minerais de cálcio e magnésio no Estado do Paraná

As rochas carbonáticas ou calcários, são rochas constituídas por calcita (carbonato

de cálcio) e/ou dolomita (carbonato de cálcio e magnésio). O termo “calcário” é empregado

para caracterizar grupo de rochas com mais de 50% de carbonatos. O calcário se destaca

entre os recursos minerais explorados no Paraná, tanto pela importância econômica quanto

pela diversidade de aplicações na indústria do cimento, cal e corretivo de solo. O calcário

representa cerca de 50% do volume e valor da produção mineral paranaense,

proporcionando terceiro estado produtor no Brasil (MINEROPAR, 2005).

No Estado do Paraná existem três faixas de ocorrência distintas em terrenos

metamórficos, Nordeste, Central e Sudeste, como mostra a Figura 4.1. As ocorrências da

faixa Nordeste (Formação Itaiacoca), constitui pacote metassedimentar de baixo grau com

predomínio de rochas dolomíticas, cuja história metamórfica complexa envolveu

metamorfismo regional em fácies xisto verde, metamorfismo associado a zonas de

cisalhamento regionais, metamorfismo de contato com o Complexo Granítico Cunhaporanga

e com os diques de diabásio do Arco de Ponta Grossa (SAUNITE et al., 2011).

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Calagem: determinação da quantidade de calcário...

62

Figura 4.1 Ocorrências de rochas calcárias no estado do Paraná.

Fonte: Mineropar (2005).

A Sudeste, ocorre a Formação Capiru, são constituídas exclusivamente por

dolomitos, ocorrendo pequenas lentes de calcários. Estas faixas apresentam teores de

MgCO3 entre 3,65 a 4,1% e CaCO3 entre 55% a 61%. As Formações Capiru, Votuverava e

Antinha podem ser subdivididas em pelo menos nove conjuntos litológicos diferentes. As

divisões feitas levam em conta tipos e associações de litologias, estruturas sedimentares,

características estruturais, aspectos morfológicos e, principalmente, as falhas de

cavalgamento, que quase sempre representam os limites de diferentes conjuntos litológicos

(Figura 4.2). A deformação do Grupo Açungui é heterogênea, havendo rochas muito

deformadas ao lado de pouco deformadas. Nessas últimas, é possível recuperar estruturas

sedimentares, que aliadas a outras evidências, permitem discutir ambientes de

sedimentação. A Formação Capiru engloba todos os metassedimentos do Grupo Açungui a

Sul da Falha da Lancinha. Pode ser subdividida em pelo menos três conjuntos litológicos

distintos, denominados de Juruqui, Rio Branco e Morro Grande (FIORI, 1991, 1992).

Page 71: Avaliação de carcaças bovinas

Richart et al.

63

Figura 4.2 Localização das formações geológicas que compõem os depósitos carbonáticos do Escudo paranaense. Fonte: Mineropar (2005).

O Conjunto Juruqui compõe-se basicamente por filitos avermelhados, com

intercalações não muito frequentes de quartzitos, com exceção de área próxima a Bocaiúva

do Sul. Já o Conjunto Rio Branco engloba mármores e/ou metacalcários e suas

intercalações de filitos e quartzitos, apresentando maior extensão areal dentre os conjuntos

litológicos da Formação Capiru, além de estar posicionada tectonicamente sobre a anterior,

através das falhas da Colônia Venâncio e das Aranhas. O Conjunto Morro Grande

caracteriza-se pela alternância de bancos ou camadas de quartzitos, filitos e mármores, com

espessuras da ordem de centenas de metros. Os filitos e os mármores são geralmente

bandados ou rítmicos e os quartzitos mais homogêneos. Posiciona-se tectonicamente sobre

o Conjunto Rio Branco, através das falhas de Tranqueira-Pessegueiro (FIORI; GASPAR,

1993).

A Formação Votuverava pode também ser subdividida em três conjuntos litológicos

distintos, designados de Bromado, Coloninha e Saivá. Em termos areais, o segundo é mais

importante e característico dessa formação. O Conjunto Bromado é composto por filitos,

Cobertura sedimentar mesozoica

Magmatismo mesozoico Cobertura sedimentar paleozoica

Escudo do Paraná Sedimentos cenozoicos

Page 72: Avaliação de carcaças bovinas

Calagem: determinação da quantidade de calcário...

64

quartzitos e metaconglomerados polimíticos, que, inclusive, representam sua litologia mais

característica, aparecendo em camadas relativamente contínuas, podendo atingir várias

centenas de metros de espessura. Correlaciona-se com a Formação Iporanga

(LEONARDOS, 1943), estando posicionado tectonicamente sobre o Conjunto Coloninha,

através da Falha do Bromado. Por outro lado, o Conjunto Coloninha é mais variado,

compreendendo meta-arenitos, metassiltitos, metarritmitos e metaconglomerados,

frequentemente com litologia gradando para a outra, com estruturas sedimentares e

sequências litológicas compatíveis com aquelas definidas por Bouma (1962) para turbiditos.

A Formação Antinha foi subdividida em três conjuntos litológicos, denominados de

Tacaniça, Capivara e Vuturuvu. O primeiro engloba as rochas clásticas das unidades A e B

de Dias e Salazar Jr. (1987), constituídas respectivamente por metarritmitos sílticos cinza,

com intercalações de metassiltitos arenosos e metarritmitos síltico-arenosos, meta-arenitos,

e metaconglomerados; o segundo, pelos metacalcários calcíticos, geralmente rítmicos e de

coloração cinza escuro, da Unidade C, ou Carbonática, dos autores supramencionados, e o

último, os metarritmitos arenosos, níveis de metaconglomerados, metassiltitos, quartzitos e

meta-argilitos da unidade D.

As ocorrências da faixa Central (Formação Votuverava) são constituídas por

calcários puros e calcários dolomíticos, englobando as localidades de Bateias, norte de Rio

Branco do Sul e Cerro Azul. Os teores variam entre 20,5% a 52,8% de CaO e 0,5% a 14,1%

de MgO. Outra faixa calcária, de origem sedimentar, é a Formação Irati na Bacia do Paraná,

cujo calcário dolomítico é utilizado como corretivo de solos (MINEROPAR, 2005). Portanto,

nestes locais apresentados, podem ser constatadas variações nos teores de CaO e MgO

nas rochas que compões a base geológica do Estado Paraná, como ilustrado nas Figuras

4.3 e 4.4.

Page 73: Avaliação de carcaças bovinas

Richart et al.

65

Figura 4.3 Mapa de distribuição do CaO (%) nas 43 amostras de solo no estado do Paraná. Fonte: Mineropar (2005).

Figura 4.4 Mapa de distribuição do MgO (%) nas 43 amostras de solo no estado do Paraná. Fonte: Mineropar (2005).

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Calagem: determinação da quantidade de calcário...

66

Manejo da calagem no sistema de plantio direto

O processo de semeadura em solo não revolvido e protegido por resíduos vegetais,

com rotação diversificada de culturas, nominado de Sistema de Plantio Direto (SPD),

destaca-se entre as estratégias mais eficazes para melhorar a sustentabilidade da

agricultura em regiões tropicais e subtropicais, contribuindo para minimizar perdas de solo e

de nutrientes por erosão (CAIRES, 2013).

A maior adoção deste sistema pelos agricultores ocorreu à partir da década de 1990,

ocupando área cultivada no Brasil em 2012 de aproximadamente 32 milhões de hectares,

conforme dados da FEBRAPDP (2014). A expansão do SPD no Brasil pode ser explicada,

também, pelo menor custo de produção e facilidades de operação de práticas de campo

neste sistema de cultivo, aliado à proteção do solo, água e fauna.

A adoção do SPD em substituição ao sistema de Preparo Convencional do solo (PC),

promove alterações na dinâmica de nutrientes e da acidez, principalmente na camada

superficial do solo. Os efeitos nocivos da acidez são minimizados em solos em médio e

longo prazo em SPD, sobretudo pelo incremento de matéria orgânica (CIOTTA et al., 2002).

Compostos orgânicos de alta (SALET, 1998) e baixa massa molecular (MIYAZAWA et al.,

1993; BAYER; AMARAL, 2003) atuam na complexação de formas monoméricas do Al3+, o

que possivelmente contribui para obtenção de altas produtividades de grãos no SPD em

solos com acidez elevada (SALET, 1998; FRANCHINI et al., 1999; VIEIRA et al., 2009).

Assim, as alterações que ocorrem na dinâmica da acidez e na disponibilidade dos nutrientes

em solos sob SPD, possivelmente influenciam a relação solo-planta, o que pode refletir nos

critérios de calagem e de adubação das culturas (SCHLINDWEIN; GIANELLO, 2004).

A amenização da acidez abaixo da camada de deposição do calcário somente ocorre

quando o pH em CaCl2 0,01 mol L-1, na zona de dissolução do calcário atinge valores da

ordem de 5,0 a 5,6 (RHEINHEIMER et al., 2000; CAIRES et al., 2005). Em outros estudos,

nos quais foram avaliadas camadas mais profundas de solo, abaixo de 20 cm, verificou-se

que calcário aplicado na superfície em SPD proporcionou melhoria nas condições de acidez

não só nas camadas superficiais, como também nas do subsolo (OLIVEIRA; PAVAN, 1996;

CAIRES et al., 2000a, 2008a).

Trabalhando com aplicação superficial de calcário dolomítico em SPD na região

Centro-Sul do Paraná, Caires et al. (2005) verificaram alterações no pH e nos teores de Al3+,

Ca2+ e Mg2+ trocáveis do solo, ocorrendo também aumento do pH e dos teores de Ca2+ e

Mg2+ trocáveis e redução do teor de Al3+ trocável em todo o perfil do solo. Nas camadas de

20 – 80 cm, a elevação no pH e nos teores de Ca2+ e Mg2+ trocáveis assim como redução do

Al3+ trocável mostraram que calcário aplicado na superfície exerceu correção da acidez no

subsolo. Estes resultados sugerem que ao longo do tempo, após a aplicação superficial de

Page 75: Avaliação de carcaças bovinas

Richart et al.

67

calcário em plantio direto, ocorre melhorias nos gradientes de acidez da superfície em

direção ao subsolo. Nesta condição, a reaplicação superficial de calcário em solo já corrigido

com calagem na superfície pode facilitar a movimentação do calcário em direção ao subsolo

e proporcionar melhoria ainda mais acentuada na acidez do perfil do solo.

Em outro estudo conduzido por Caires et al. (2008b), verificaram reduzida influência

da calagem superficial abaixo de 5 cm até três anos após a aplicação de 3 Mg ha-1 de

calcário em parcelas anteriormente sem calagem. Na camada superficial do solo (0-5 cm), o

efeito da aplicação de 3 Mg ha-1 de calcário, após três anos, ou da aplicação de 6 Mg ha-1 de

calcário, após 10 anos, foi semelhante. No entanto, após 10 anos da aplicação de 6 Mg ha-1

de calcário, o pH foi maior e os níveis de Al3+ trocável e de saturação por Al3+ foram mais

baixos que os do tratamento sem calagem, até a profundidade de 40 ou 60 cm, o que não

ocorreu após três anos da aplicação de 3 Mg ha-1 de calcário. Quando se realizou a calagem

(3 Mg ha-1) sobre as parcelas que já haviam recebido calcário (6 Mg ha-1), a reaplicação do

corretivo ocasionou aumento acentuado no pH até a profundidade de 60 cm, em relação ao

tratamento que havia recebido apenas 6 Mg ha-1 de calcário, indicando que ocorreu

movimentação do calcário reaplicado na superfície para maiores profundidades do solo

quando a acidez na camada mais superficial era menor. A reaplicação do calcário

(3 Mg ha-1) sobre as parcelas anteriormente calcariadas (6 Mg ha-1) resultou em níveis

baixos de Al3+ trocável (≤ 0,2 cmolc dm-3) e de saturação por Al3+ (≤ 5%) em todo o perfil do

solo (0-60 cm). A partir destes resultados, Caires (2013) sugere que os mecanismos que

podem estar envolvidos na melhoria das condições de acidez no subsolo por meio da

calagem na superfície em SPD são: (i) deslocamento vertical de partículas finas de calcário

decorrente de condições favoráveis de estruturação do solo, e (ii) mobilização química do

calcário nas formas inorgânicas, principalmente com sais de nitrato, sulfato e orgânicas.

Recomendações de calagem em uso no Brasil

Quanto as recomendações de calagem em uso no Brasil, as mesmas foram

desenvolvidas originalmente para o sistema de PC. Em função da manutenção de restos

culturais e nutrientes na superfície do solo sob SPD, alguns estados brasileiros têm

estabelecido modificações na metodologia de recomendação de calagem, porque tem sido

observado em solos cultivados sob SPD rendimentos adequados após longos períodos sem

reaplicação de calcário em solos com pH baixo e Al3+ alto (ANGHINONI; SALET, 2000).

Além disso, fatores dependentes da natureza do solo, das condições climáticas, do

grau de acidez original e da capacidade de reter água e nutrientes no solo, também podem

estar ocasionando respostas diferenciadas das culturas à prática da calagem. Assim, é

importante ressaltar que as características locais da região e a qualidade dos dados de

Page 76: Avaliação de carcaças bovinas

Calagem: determinação da quantidade de calcário...

68

pesquisa disponíveis são essenciais para auxiliar na escolha do método de recomendação

de calagem, que se adapte às peculiaridades da região considerada (NOLLA; ANGHINONI,

2004).

Apesar da relevante contribuição na produção agrícola nacional e atenção especial

ao manejo conservacionista do solo, o Paraná não possui sistema de recomendação de

adubação e de calagem desenvolvido para o SPD. Usualmente, são utilizadas indicações

técnicas para as culturas isoladamente ou os sistemas de recomendação desenvolvidos em

outros estados ou regiões, principalmente no Rio Grande do Sul e Santa Catarina

(CQFSRS/SC, 2004) e São Paulo (RAIJ et al., 1997). Além disso, a maioria dessas

recomendações foram originalmente desenvolvida para sistema de PC do solo (MUZILLI et

al., 1978; RAIJ et al., 1997; CQFSRS/SC, 2004; EMBRAPA, 2008a,b; EMBRAPA, 2009).

De maneira geral, a saturação por bases tem sido usada como critério de verificação

da necessidade de calagem, devido à flexibilidade de adaptação para diferentes culturas,

conforme suas exigências (RAIJ, 1991) e por ser método que sofre menores oscilações que

o pH especificamente (QUAGGIO, 2000). Além disso, a possibilidade da comparação dos

valores de pH com os de saturação por bases permite controle eficiente dos resultados de

laboratório. Outro motivo da utilização da saturação por bases, como índice de calagem é a

sua fundamentação teórica mais completa, pois engloba importantes conceitos agronômicos

para o desenvolvimento das plantas, tais como a soma de bases (englobando Ca, Mg e K),

a capacidade de troca de cátions (CTC) e a acidez potencial (H + Al) (RAIJ, 1991). Este

método é adotado nos estados de São Paulo, Paraná e alguns estados do Centro-Oeste do

Brasil para indicar se existe necessidade ou não de calagem (QUAGGIO, 1983; RAIJ, 1986;

SOUSA et. al., 1989; RAIJ et. al., 1997; QUAGGIO, 2000; RAIJ et. al., 2001).

Uma opção de recomendação de calagem utilizada para o SPD na região Centro-Sul

do Estado do Paraná estabelece critérios de tomada de decisão de calagem. A saturação

por bases igual a 65% e o pH de 5,6 em CaCl2 0,01 mol L-1, com amostragem do solo

efetuada na camada de 0-5 cm em solos argiloso (CAIRES et al., 1998 e 2000b),

recomenda-se 1/3 a 1/2 da necessidade de calcário baseada no método da saturação por

bases visando elevar a mesma aos critérios estabelecidos (amostragem na camada de 0-20

cm), aplicando-se máximo de 2,5 Mg ha-1 de calcário, e 1/2 para solos argilo-arenosos,

aplicando-se no máximo de 1,5 a 2,0 Mg ha-1 de calcário (SÁ, 1997).

Estabelecimento das relações entre cátions no solo

Conforme salientam Kopittke e Menzies (2007), o objetivo da análise química do solo

é fornecer medida da disponibilidade dos nutrientes, bem como, fornecer informações da

atuação do fator intensidade (nutriente imediatamente disponível na solução do solo), o fator

Page 77: Avaliação de carcaças bovinas

Richart et al.

69

quantidade (montante total disponível) e a influência da capacidade tampão (a taxa de

variação em quantidade em relação a intensidade). Estas informações recolhidas a partir de

análise química do solo são frequentemente utilizadas para orientar as práticas de

fertilização.

Os cátions Ca, Mg e K, estão presentes na solução do solo (fator intensidade), mas

são predominantemente adsorvido no complexo de troca do solo (fator quantidade). Haby et

al. (1990) constataram que, embora seja relativamente simples medir cátions trocáveis do

solo, é mais difícil relacionar os dados analíticos obtidos de disponibilidade no solo com o

crescimento das plantas. As concentrações de Ca, Mg e K no solo são geralmente,

interpretadas utilizando dois métodos diferentes: a suficiência de nutrientes disponíveis e o

conceito da relação básica de saturação de cátions (McLEAN, 1977).

De acordo com o conceito de nível de suficiência, há níveis definidos de nutrientes

acumulados no solo, abaixo do qual as culturas irão responder aos fertilizantes adicionados

e acima dos quais provavelmente não irá responder (ECKERT, 1987). Assim, uma vez que o

nutriente está presente em quantidade suficiente, o crescimento da planta será máximo em

toda uma gama de concentrações de nutrientes antes de, eventualmente, ocorrer a

diminuição quando os níveis de excesso/toxidez são atingidos.

Em contraste com o conceito de grau de suficiência, a relação básica de saturação

de cátions, também conhecida como "solo equilibrado", destina-se a fertilizar de acordo com

as necessidades do solo (ECKERT, 1987). O conceito da relação básica de saturação de

cátions afirma que há proporção equilibrada de cátions básicos (Ca2+, Mg2+ e K+) para

capacidade de troca catiônica do solo (CTC), e que o crescimento da planta vai ser reduzido

em solos que não contêm os cátions presentes na proporção especificada (McLEAN, 1977).

O conceito da relação básica de saturação de cátions para fazer recomendações de

aplicação de calcário e fertilizante potássico foi proposto por Bear et al. (1945). Este e outros

trabalhos foram realizados em Nova Jersey por Bear e Toth (1948), resultando no conceito

de "solo ideal". Conforme estes autores, solo ideal pode ser definido como solo que contém

o complexo de troca saturado com 65% de Ca2+, 10% de Mg2+, 5% de K+ e 20% de H+.

Estas saturações vão resultar em um solo com proporções de Ca/Mg de 6,5:1, Ca/K de

13:1, Ca/H de 3,25:1 e Mg/K de 2:1.

Estas percentagens de saturação de cátions e as relações sugeridas foram resultado

do crescimento de alfafa em 20 solos de New Jersey, experimentos estes conduzidos em

casa de vegetação por Bear et al. (1945). Nestes estudos, o calcário e os fertilizantes

potássicos foram aplicados como tentativa de atingir equilíbrio de bases adequado no solo,

porém, foi identificado que as relações Ca/Mg foram totalmente fora do equilíbrio sugerido

por Bear et al. (1951) por causa do K. No entanto, as relações Ca/K foram próximas do

ideal. Além disso, Bear e Toth (1948) descobriram que a calagem em solos ácidos até o

Page 78: Avaliação de carcaças bovinas

Calagem: determinação da quantidade de calcário...

70

ponto em que H+ trocável foi substituído por Ca2+ tendem a causar deficiências de

manganês em diferentes plantas perenes de raízes profundas.

Na busca pelo equilíbrio ideal entre os cátions, outros estudos foram desenvolvidos

por pesquisadores como Hunter et al. (1943), os quais verificaram que a alfafa cresceu bem

em relação Ca/K bem ampla, ocorrendo crescimento normal entre 1:1 e 100:1. Em

continuidade com suas pesquisas, Hunter (1949) verificou em casa de vegetação que o

rendimento de alfafa não foi afetado pelas relações Ca/Mg de 1:4 a 32:1, representando

proporções tanto maiores e menores do que normalmente encontrados em solos. Adams e

Henderson (1962) mostraram resposta ao Mg em cultivo de sorgo (Sorghum vulgare Pers.)

e trevo ladino (Trifolium repens L.) em casa de vegetação, quando a saturação de Mg foi

menor de 4% na CTC.

Este "solo ideal" proposto por Bear et al. (1945) foi amplamente promovido por

William Albrecht como "solo equilibrado", particularmente por meio de publicações, tais

como os papéis de Albrecht (ALBRECHT, 1975). Albrecht foi professor de Solos e

Presidente do Departamento de Solos da Universidade do Missouri (Escola Superior de

Agricultura), e fez excelente contribuição para a Ciência do Solo durante um longo período

de tempo. Embora vários valores tenham sido propostos para a relação entre os cátions,

eles geralmente caem dentro do seguinte intervalo aproximado (porcentagem de saturação

da CTC): 65% a 85% para o Ca, de 6% a 12% de Mg e de 2% a 5% de K (GRAHAM, 1959).

Vale ressaltar que Grahm e Fox (1971) chegaram a esses valores modificando os dados do

Bear et al. (1945) e Bear e Toth (1948) para ajustar as condições no Missouri, os quais têm

sido utilizados há muitos anos neste estado nos EUA.

Em experimento conduzido em casa de vegetação por McLean e Carbonell (1972),

buscaram avaliar crescimento do painço (Setaria italica L.) e alfafa (Medicago sativa L.) em

dois solos com saturações de Ca variando 75%; Mg de 5% a 55% de Ca e Mg 25% em dois

níveis K. Estes autores constataram que o rendimento do painço e da alfafa não foram

afetados pelo tratamento de qualquer solo nessas saturações. No entanto, os rendimentos

de alfafa mais do que duplicaram com o aumento das saturações Ca e Mg iniciais, a partir

de 3% e de 18% para 5% e 75%, respectivamente (aumento do pH de 4,5 para 6,8). Fisher

(1974) não encontraram nenhuma resposta a fertilizantes potássicos em solo do Missouri

(CTC = 8-10 cmolc dm-3) quando a saturação do K foi maior que 2,3%. Yuan et al. (1976)

avaliando três solos arenosos na Flórida com saturações de K menores de 3% constataram

que a planta não tinha respondido a fertilizante K e, atribui esta falta de resposta ao K

liberado de minerais como feldspatos e micas.

Frequentemente, conforme os resultados apresentados por McLean e Carbonell

(1972), Lierop et al. (1979), Liebhardt (1981) e Fox e Piekielek (1984), ocorre grande

variação na saturação por cátions na CTC do solo, a qual não influenciou ou teve pequena

Page 79: Avaliação de carcaças bovinas

Richart et al.

71

influência no rendimento de diversas espécies cultivadas. De maneira semelhante, a relação

entre Ca e Mg não apresentou influência no rendimento das culturas (FOY; BARBER, 1958;

MUCHOVEJ et al., 1986; OLIVEIRA, 1993). Por outro lado, Grant e Racz (1987) salientaram

ainda que as concentrações de Ca e Mg na solução do solo foram mais importantes para o

crescimento de cevada (Hordeum vulgare L.) do que as relações entre estes cátions na CTC

do solo. Todavia, Mostafa e Ulrich (1976) verificaram que a relação Ca:Mg pode ser um

limitante na nutrição de Ca para beterraba açucareira (Beta vulgaris L.)

No Brasil, Oliveira et al. (1994) observaram efeitos significativos do aumento da

saturação de Ca na CTC do solo sobre o rendimento de matéria seca de mudas de cafeeiro.

Além disso, Silva (1980) obteve os melhores rendimentos de matéria seca de milho com a

relação 3:1 entre Ca e Mg em solos com 60% a 70% da CTC saturada com Ca. Watanabe

et al. (2005) justificam que o uso de materiais corretivos com teores variáveis de Ca e Mg

pode produzir um desequilíbrio entre os cátions no solo, prejudicando o processo de

nutrição e crescimento das plantas, sendo que concentrações elevadas de Mg são mais

prejudiciais do que altas concentrações de Ca, pois o Mg inibe o crescimento das raízes

causando engrossamento e menor ramificação, possivelmente, isto se deve pela

competição entre estes cátions pelo sitio ativo, diminuindo desta forma à absorção do Ca.

Por outro lado, Mascarenhas et al. (1981) constatou que, quando a disponibilidade

de Ca e Mg é aumentada em relação à de K, devido à calagem, ocorreu menor absorção

deste último pelas plantas e atribui isto à competição entre os três cátions, decorrentes do

princípio de troca iônica (RAIJ, 1982), sugerindo que quanto maiores os teores em Ca e Mg

no solo, menor seria a disponibilidade de K para as plantas.

A interação entre Ca, Mg e K ocorre tanto nas plantas quanto no solo, e foi objeto de

vários estudos (REIS JÚNIOR, 1995). Íons cujas propriedades químicas são similares

competem por sítios de adsorção, absorção e transporte na superfície radicular, o que

normalmente ocorre entre K+, Ca2+ e Mg2+ (FAGERIA et al., 1991). Devido à dinâmica das

reações de troca iônica nos solos, é importante considerar as interrelações entre os íons K+,

Ca2+ e Mg2+, pois o excesso de um poderá prejudicar a capacidade de retenção do outro e,

consequentemente, influir diretamente nos processos de absorção pelas plantas

(ORLANDO FILHO et al., 1996).

Estes distúrbios nutricionais normalmente ocorrem em culturas cultivadas em solos

pobres em Mg ou em culturas que requerem grandes quantidades de K para uma alta

produção e boa qualidade dos produtos agrícolas; interações significativas do Ca com K

podem ocorrer quando um solo é deficiente em um ou ambos nutrientes (USHERWOOD,

1982). Rosolém et al. (1984) constataram a importância da relação entre teores de K, Ca e

Mg no solo sobre a resposta da produção de sorgo sacarino (Sorghum bicolor L.) à

adubação potássica. Os autores complementam relatando que, talvez, a relação entre estes

Page 80: Avaliação de carcaças bovinas

Calagem: determinação da quantidade de calcário...

72

três nutrientes possa explicar o fato de que alguns solos com teores médios de K

respondem à adubação potássica, enquanto que outros não.

Recomendação de calagem pelo ajuste estequiométrico entre cálcio e magnésio no

solo

Para correta interpretação dos resultados da análise química do solo, o profissional

de Ciências Agrárias necessita conhecer conceitos e componentes da mesma. Para isto, o

mesmo utilizar-se-á dos valores de referência, os quais são previamente estabelecidos para

cada Programa de Recomendação de Corretivos e Fertilizantes por meio de teste em casa

de vegetação e à campo, estabelecidos para cada estado ou região. Dentre os

componentes básicos de uma análise de solo, destaca-se:

– Os valores de acidez ativa (pH em água ou CaCl2 0,01 mol L-1), acidez trocável

(Al3+) e acidez potencial (H + Al);

– Matéria orgânica (M.O. = C x 1,724);

– Soma de bases (SB = Ca + Mg + K + Na)

– Capacidade de troca catiônica à pH 7,0 (CTC = SB + H + Al) e a efetiva

(CTCef = SB + Al3+);

– Saturação por bases [V% = (SB/T) x 100];

– Saturação por Al3+ [m% = (Al3+/t) x 100];

– Teores de macronutrientes primários (P e K) e secundários (Ca, Mg e S);

– Teores dos micronutrientes (Cu, Fe, Zn, Mn e B).

Neste caso, este conjunto de informações são necessários para diagnóstico

adequado da fertilidade de determinado solo e, por meio deles, tem-se o ponto de partida

para recomendação de adubação e correção do solo. Para melhor ilustração do cálculo

estequiométrico, partir-se-á de um exemplo baseado nas informações de dados hipotéticos

de uma análise química do solo, com os seguintes valores:

CTC = 13,54 cmolc dm-3

Ca = 5,82 cmolc dm-3

Mg = 1,36 cmolc dm-3

Primeiro passo: Determinar a quantidade de CaO a ser adicionada para o equilíbrio

desejado. Neste exemplo, deseja-se elevar participação do Ca para 65% da CTC, sendo

necessário determinar a quantidade de Ca em cmolc dm-3 a ser adicionada (q):

Ca = (CTC x %Ca desejado)/100

Ca = (13,54 x 65)/100

Ca = 8,80 cmolc dm-3

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Richart et al.

73

q = Ca desejado – Ca existente no solo

q = 8,80 – 5,82

q = 2,98 cmolc dm-3 de Ca

Uma vez encontrado este teor, agora calcula-se a quantidade de Ca a ser adicionada

em kg ha-1 (Q).

1,00 cmolc dm-3 ________________ 200 mg de Ca

2,98 cmolc dm-3 ________________ x

x = 586 mg dm-3 de Ca

Para sequência do cálculo, será considerado como profundidade de correção a

camada superficial (0 – 0,20 m) do solo. Neste caso, um hectare (ha) corresponde a:

1 ha = 100m x 100m

1 ha = 10.000m2

1 ha = 10.000 m2 x 0,20 m

1 ha = 2.000 m3

Para fins de cálculo, assumiremos que 1 kg = 1 dm3 = 1 L-1, ou seja, a densidade do

solo será igual à 1.

1 m3 ________________ 1.000 kg

2.000 m3 ________________ x

x = 2.000.000 kg

Logo:

1 m3 ________________ 1.000 kg

2.000 m3 ________________ x

x = 2.000.000 kg

1 dm3 ________________ 586 mg de Ca

2.000.000 dm3 ________________ x

x = 1.192 kg ha-1 de Ca

Transformar Ca para CaO:

Ca CaO

40 ___________ 56

1.192 ___________ x

x = 1.668,8 kg ha-1 de CaO

Page 82: Avaliação de carcaças bovinas

Calagem: determinação da quantidade de calcário...

74

Segundo passo: Determinar a quantidade de MgO a ser adicionada para o equilíbrio

desejado. Neste exemplo, deseja-se elevar participação do Mg para 15% da CTC, sendo

necessário determinar a quantidade de Mg em cmolc dm-3 a ser adicionada (q):

Mg = (CTC x %Mg desejado)/100

Mg = (13,54 x 15)/100

Mg = 2,03 cmolc dm-3

q = Mg desejado – Mg existente no solo

q = 2,03 – 1,36

q = 0,67 cmolc dm-3 de Mg

Uma vez encontrado este teor, agora calcula-se a quantidade de Mg a ser

adicionada em kg ha-1 (Q).

1,00 cmolc dm-3 ________________ 120 mg de Mg

0,67 cmolc dm-3 ________________ x

x = 80,4 mg dm-3 de Mg

1 dm3 ________________ 80,4 mg de Mg

2.000.000 dm3 ________________ x

x = 160,8 kg ha-1 de Mg

Transformar Mg para MgO:

Mg MgO

24 ___________ 40

160,8 ___________ x

x = 268 kg ha-1 de MgO

Terceiro passo: Determinar a quantidade de calcário a aplicar.

Quantidade a adicionar:

CaO = 1.668,8 kg ha-1 de CaO

MgO = 268 kg ha-1 de MgO

Propriedades dos Calcários utilizados:

Calcário calcítico: 45% CaO

4 % MgO

PRNT: 100%

Page 83: Avaliação de carcaças bovinas

Richart et al.

75

Calcário dolomítico: 29% CaO

20% MgO

PRNT: 100%

Para calcular a quantidade exata de cada calcário utiliza-se uma função de duas

incógnitas. Para isso a primeira função é data pelo valor total de CaO igualado a soma das

quantidades de CaO adicionado por cada calcário. Para a outra função repete-se o mesmo

processo, porém desta vez com o MgO.

Adota-se assim:

QDol= Quantidade de Calcário Dolomítico em kg ha-1

QCalc= Quantidade de Calcário Calcítico em kg ha-1

1.668,8 = [QCalc x (45/100)] + [QDol x (29/100)]

268,0 = [QCalc x (4/100)] + [QDol x (20/100)]

Logo:

1.668,8 = 0,45QCalc + 0,29QDol

268 = 0,04QCalc + 0,20QDol

Isola-se o QCalc da primeira função.

1.668,8 – 0,29QDol = 0,45QCalc

(1.668,8 – 0,29QDol)/0,45 = QCalc

QCalc = (1.668,8 – 0,29QDol)/0,45

Isola-se o QDol da segunda fórmula e substituímos nesta o QCal isolado a cima.

268 = 0,04QCalc + 0,20QDol

268 – 0,04QCalc = 0,20QDol

268 – 0,04 [(1.668,8 – 0,29QDol)/0,45] = 0,20QDol

268 – [(66,752 – 0,0116QDol)/0,45] = 0,20QDol

268 – (148,3378 – 0,026QDol) = 0,20QDol

268 – 148,3378 + 0,026QDol = 0,20QDol

268 – 148,3378 = 0,20QDol – 0,026QDol

119,622 = 0,174QDol

QDol = 119,622/0,174

QDol = 687,5 kg ha-1

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Calagem: determinação da quantidade de calcário...

76

Agora substitui-se QDol na segunda fórmula como QCalc isolado:

QCalc = [1.668,8 – (0,29QDol)/0,45]

QCalc = [1.668,8 – (0,29 x 687,5)/0,45]

QCalc = (1.668,8 – 199,38) / 0,45

QCalc = 1469,42/0,45

QCalc = 3.265 kg ha-1

Portanto, para elevar Ca para 65% e o Mg para 15% da CTC, deve-se adicionar:

Calcário Dolomítico = 687,5 kg ha-1.

Calcário Calcítico = 3.265 kg ha-1

Vale ressaltar que, as devidas quantidades devem ser corrigidas conforme PRNT do

produto utilizado, neste exemplo, o PRNT utilizado é de 100% para fins didáticos. Estes

cálculos podem ser realizados de maneira automática em softwares específicos para tal fim.

Considerações finais

Os critérios de recomendação de calagem são variáveis, segundo os princípios

analíticos e os objetivos propostos. A escolha de um determinado modelo de recomendação

de calagem está condicionada ao comportamento dos índices de acidez nos solos em

questão e à disponibilidade e qualidade dos resultados de pesquisa disponíveis. Assim, para

obter uma correta recomendação da quantidade de calcário a ser aplicada no solo, é

necessária uma amostragem representativa do solo considerado, uma adequada

interpretação da análise de solo, seguir a recomendação de calcário calibrada para a região

de cultivo e considerar as condições climáticas, forma de manejo do solo e o histórico de

produção dos cultivos da área estudada.

Desta maneira, para o manejo adequado da calagem, deve-se considerar não

apenas uma saturação por bases desejada para as culturas, mas sim, estabelecer o

equilíbrio entre os cátions Ca, Mg e K conforme sua participação no complexo sortivo do

solo. Esta pode ser uma estratégia importante, pois, permite ajustar individualmente cada

cátion conforme parâmetros preestabelecidos e assim, equilibrar o solo, melhorando o

suprimento dos mesmos para as plantas. Ainda, evita desequilíbrios entre estes cátions,

promovendo melhor absorção pelas plantas e proporcionando aumento na produtividade.

Portanto, no momento que o profissional das Ciências Agrárias efetua a intepretação

da análise de solo, a escolha do método para determinar a quantidade de calcário torna-se

importante, pois o mesmo definirá a dose mais adequada de corretivo de forma a atender

não só a necessidade da cultura, mas também o balanço do sistema de produção.

Page 85: Avaliação de carcaças bovinas

Richart et al.

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Page 90: Avaliação de carcaças bovinas

Capítulo 5

Inoculantes contendo bactérias fixadoras de

nitrogênio para aplicação na cultura do milho

Veronica Massena Reis1*

Gabriela Cavalcanti Alves2

1Pesquisador A. Embrapa Agrobiologia. Km 07 da BR 465, Seropédica, Rio de Janeiro, CEP 23890-000. E-mail:

[email protected]. *Autor para correspondência. 2Pós-doutor programa Capes-Embrapa. Embrapa Agrobiologia. Km 07 da BR 465, Seropédica, Rio de Janeiro,

CEP 23890-000. E-mail: [email protected]

Introdução

Ao redor de 78% do ar que respiramos é composto de nitrogênio e este elemento é o

terceiro mais importante à manutenção da vida no planeta, depois do carbono (C) e do

oxigênio (O). O grande paradoxo é que este gás inerte (N2) pode ser reduzido à forma

assimilável pelos vegetais (NH3+) de duas grandes formas: química através da quebra físico-

química utilizando grandes quantidades de energia e sendo a patente descrita em 1930

como processo Haber-

Bosch ou a redução biológica, feita por microrganismos unicelulares que sintetizam o

complexo enzimático denominado nitrogenase. Este processo é denominado de fixação

biológica de nitrogênio (FBN).

Os microrganismos que reduzem o N gás para amônio são denominados de

diazotrófos ou mesmo fixadores de nitrogênio e se associam a outros organismos incluindo

as plantas. O exemplo mais divulgado no Brasil e responsável pelo sucesso deste

agronegócio é a utilização do rizóbio aplicado na cultura de soja onde se recomenda a

redução de 100% da dose de N-fertilizante nesta cultura. Outro exemplo nacional e

recentemente incorporado a rotina de produção de cereais é a aplicação de outra bactéria

denominada Azospirillum brasilense, que foi descrita pela pesquisadora Johanna Döbereiner

em 1978, a partir de amostras de rizosfera de diversas plantas. Esta associação vem sendo

estudada por aproximadamente 60 anos e revelou que os diazotrófos, além de

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Reis & Alves

83

disponibilizarem N para as plantas, podem atuar no crescimento destas pela produção de

reguladores de crescimento, no biocontrole de fitopatógenos e na resposta da planta ao

estresse ambiental, com reflexos na produção e na redução do uso de N-fertilizante. São

descritas na literatura como bactérias diazotróficas promotoras de crescimento (BDPC) e a

nossa agricultura permite a comercialização destes microrganismos benéficos, onde a

simbiose clássica é visível pela formação de nódulos como na soja, não existe. O agricultor

que aplica Azospirillum não verifica este sintoma clássico e este tem sido o maior motivo de

seu atraso como produto comercial, especialmente no Brasil.

De todas as bactérias diazotróficas atualmente conhecidas, as do gênero

Azospirillum são as mais estudadas e as quais existem produtos para aplicação à campo em

diversos países. Este fator de conhecimento acumulado de um certo organismo, embora

não elimine a recomendação agrícola de outras espécies, determina a qualidade da

informação. Azospirillum tem muitas vantagens descritas pela pesquisa tais como: não está

relacionado a genomas (descrição de genes) que podem vir a causar doença à plantas ou

animais; é de fácil cultivo pois cresce muito rápido sendo facilmente identificada em

laboratório; sua origem que é brasileira, a partir de amostras colhidas no solo tropical. É uma

bactéria adaptada as nossas condições de solos pobres e não possui especificidade

hospedeira, podendo ser aplicada em várias plantas de interesse agrícola. Sua descoberta

incitou a comunidade científica da época a reconhecer que bactérias fixavam nitrogênio em

associação com plantas e em outros locais do vegetal que não fossem as estruturas

conhecidas como nódulos, como os que são observados nas raízes de soja, feijão, entre

outras plantas. Esta associação de ideias levou os pesquisadores a utilizar o mesmo modelo

de aplicação das bactérias diazotróficas no campo para outras plantas como os cereais e

assim tem sido utilizado até hoje, isto é, aplicar Azospirillum da mesma forma que se aplica

o rizóbio: cobrindo a semente com o produto inoculante.

No Brasil, produtos baseados em aplicação de bactérias vivas podem ser

classificados de duas maneiras: inoculantes para fixar nitrogênio ou promover o crescimento

vegetal e agente de controle biológico. Os denominados inoculantes referem-se à utilização

de microrganismos vivos, capazes de promover o crescimento vegetal de forma direta ou

indireta, através de diferentes mecanismos de atuação. Também são conhecidos como

biofertilizantes. A legislação brasileira, que normatiza esta aplicação, está descrita na página

do Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA) junto com fertilizantes e corretivos.

Que bactéria fixadora de nitrogênio é a ideal?

A pergunta que geralmente se faz aos microbiologistas é: Que bactéria seria a ideal

para aplicação agrícola? A resposta está baseada naquela que mais se conhece e que é

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Inoculantes contendo bactérias fixadoras de nitrogênio...

84

capaz de ser bioprocessada, isto é, tornar-se um produto viável para a comercialização. Por

esta razão as mais utilizadas são as do gênero Azospirillum, já que é o mais estudado

depois das do gênero Rhizobium.

Azospirillum foi primeiramente descrito por Tarrand et al. (1978) para descrever

diversos isolados obtidos de raízes de diferentes plantas e origens tais como: capim

digitaria, Panicum maximum, Cynodon dactylon, trigo, milho, sorgo, mileto e arroz que foram

colhidos de diferentes locais pela pesquisadora Johanna Döbereiner; que trouxe material

colhido em países como o Brasil, Peru, Nigéria, Colômbia e Senegal além de amostras

enviadas por outros pesquisadores dos Estados Unidos, Equador e Venezuela. Já neste

primeiro trabalho de descrição ficava evidente a sua ocorrência cosmopolita e a sua

importância na associação com plantas de interesse agrícola. Sabe-se que espécies deste

gênero são capazes de colonizar mais de 100 famílias de plantas e significativamente

influenciar o crescimento e a produtividade de diferentes culturas agrícolas (BASHAN; DE-

BASHAN, 2010).

Sua descoberta está associada a utilização de um meio de cultivo onde se omitiu a

adição de nitrogênio chamado de NFb e neste caso, se usa uma consistência denominada

de semi-sólida, isto é, utiliza dez vezes menos a quantidade de ágar para a sua confecção

em tubos ou vidros pequenos para o crescimento em condições de fixação de nitrogênio

(microaerofílica). Os meios de cultivo, descritos a partir da descoberta destas bactérias, são

mundialmente utilizados, pois permitem a expressão da enzima nitrogenase, a responsável

pela redução do N2 atmosférico que é sensível ao oxigênio. Usando esta simples estratégia

o gênero Azospirillum engloba atualmente 16 espécies descritas sendo as duas primeiras,

A. brasilense e A. lipoferum, as mais estudadas e que também são as utilizadas em

produtos comerciais para aplicação na agricultura. Este trabalho terá o enfoque de escrever

a história e a aplicação destas duas espécies.

Azospirillum

Azospirillum pertence a subclasse alfa de proteobactéria, a mesma do rizóbio da

soja. São bactérias Gram-negativas, muito móveis pela presença de vários flagelos que

permite a sua rápida disseminação no ambiente (MOENS et al., 1995). Possui grande

versatilidade metabólica, podendo utilizar diversas fontes de carbono e nitrogênio no seu

crescimento incluindo vários aminoácidos, amônio, nitrato e nitrito (HARTAMANN; ZIMMER,

1994). É excelente colonizadora da superfície de raízes, local onde foram obtidos os

primeiros isolados (DÖBEREINER; DAY, 1976). Algumas espécies são capazes de estender

esta colonização aos tecidos internos das plantas, colonizando os espaços intercelulares

que são denominados de apoplasto (ASSMUS et al., 1995). Esta localização interna das

Page 93: Avaliação de carcaças bovinas

Reis & Alves

85

plantas, sem causar sintomas de doenças, é descrito como endofitismo e no caso de

Azospirillum, ele é classificado como um endófito facultativo já que sua sobrevivência fora

da planta não é prejudicada (BALDANI; BALDANI, 2005). Em condições adversas de

limitação de água e nutrientes Azospirillum converte para uma forma de cisto, onde

apresenta um adensamento na camada de exopolissacarídeos a acumula substâncias de

reserva dentro das células na forma de grãos de poli-β-hidroxibutirato (PHB), que serve

como reserva de carbono e energia para a manutenção celular nas condições de estresse,

muito comuns no solo (TAL; OKON, 1985).

A. brasilense e A. lipoferum produzem uma série de reguladores de crescimento

como auxinas (PRINSEN et al., 1993), citocininas (TIEN et al., 1979), giberelinas (BOTTINI

et al., 2004), etileno (STRZELCZYK; KAMPER, 1994), ácido abscísico (COHEN et al., 2008)

e outras substâncias novas e pouco estudadas como por exemplo o ácido nitroso (CREUS

et al., 2005) e poliaminas (CASSÁN et al., 2009). Entretanto, são consideradas

especialmente como excelentes produtoras de auxinas principalmente quando cultivadas em

meio de cultura contendo triptofano (STEENHOUDT; VANDERLEYDEN, 2000; SPAEPEN et

al., 2009). Quantitativamente, o regulador produzido em maior quantidade é o ácido indol

acético (AIA) sendo um dos efeitos visíveis da inoculação de Azospirillum, principalmente

em condições controladas (SPAEPEN et al., 2007).

Devido a esta grande produção de auxinas pelo Azospirillum, a sua aplicação

modifica a arquitetura das raízes e este é o sintoma visível mais estudado. A inoculação

promove o alongamento da raiz (DOBBELAERE et al., 1999), além do desenvolvimento de

raízes laterais e adventícias (CREUS et al., 2005), pelos radiculares (HADAS; OKON, 1987),

em plantas de diferentes espécies e consequentemente melhoram a aquisição de água e

nutrientes.

Pelo menos quatro das seis vias de síntese conhecidas em microrganismos já foram

descritas em Azospirillum sendo três dependentes de triptofano (conhecidas como via IPyA -

indole-3-piruvato, IAM - indole acetamida e TAM-triptamida) descritas por Prinsen et al.

(1993) e Carreño-Lopez et al. (2000). Estas vias recebem os nomes de seus compostos

intermediários ou enzimas chaves. Destas seis vias, duas são as principais: IAM e IPyA

(LAMBRECHT et al., 2000).

Mas qual a importância destas vias para a planta em associação com Azospirillum?

O triptofano é um aminoácido exsudado pelas raízes, especialmente na região de

emergência (JAEGER et al., 1999). Outros aminoácidos também podem ser efetivos como a

tirosina e a fenilalanina (ROTHBALLER et al., 2005) tornando a exsudação radicular destas

substâncias um forte indicador de eficiência relacionada à variedade onde Azospirillum é

aplicado. Outras substâncias exsudadas pelas raízes também são de suma importância

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Inoculantes contendo bactérias fixadoras de nitrogênio...

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como vitaminas e ácidos orgânicos (SHUKLA et al., 2011) sendo estes compostos

relacionados à resposta de Azospirillum brasilense estirpe Sp 245 (ZAKHAROVA et al.,

2000), SOMERS et al., 2005).

Em condições adversas os exsudados radiculares podem ser limitados, sendo que,

este efeito pode ser sentido pela bactéria inoculada. A. brasilense aumenta a produção de

AIA nestas condições de limitação, desencadeando a formação de raízes laterais e pelos

radiculares e resultando em mais exsudação radicular o que pode, em parte, explicar o

efeito visível da aplicação desta bactéria em condições limitantes como, por exemplo, nas

doses baixas de fertilizante nitrogenado ou na ausência do mesmo (SPAEPEN et al., 2009).

Azospirillum na agricultura brasileira

O Brasil foi o berço desta descoberta, mas sua aplicação comercial só teve início em

2010, isto é, 32 anos após sua descoberta. Fica difícil de entender como o País que

descreveu a espécie, faz uso de inoculantes para a soja a mais de 50 anos, além de

descrever a importância destes organismos na agricultura, não faz uso efetivo deste

conhecimento e pode ser considerado atrasado na aplicação agrícola destas bactérias

benéficas. A resposta está, em parte, na variabilidade de resultados de pesquisa publicados,

na utilização de diferentes cepas ou estirpes, e na baixa qualidade dos produtos ou

diferenças na obtenção das células utilizadas nos ensaios de campo. Inoculante é um

produto que precisa levar até a semente uma quantidade elevada de bactérias vivas e

veiculadas em produtos de qualidade. A população ideal está na ordem de 1.000.000.000

(1. 109) células por cada grama ou mililitro de produto. Outro fator de importância

principalmente no Brasil foi a descoberta de muitas outras espécies e gêneros de bactérias

diazotróficas neste período e estes estudos, que são de longa duração, afastaram os

pesquisadores do setor industrial, que realmente leva até o campo o resultado do trabalho

de utilização agronômica destes microrganismos.

Mas quais são os resultados da aplicação de Azospirillum feitos ao longo destes 32

anos? Veresoglou e Menexes (2010) utilizaram os artigos científicos publicados na "web"

para fazer uma avaliação sobre o impacto do uso de Azospirillum na agricultura. Eles

avaliaram 59 artigos onde se aplicou esta bactéria em trigo. Nesta avaliação foi observado

um aumento de 8,9% na produção de grãos de trigo e 17,8% no aumento da biomassa seca

da parte aérea. Interessante notar que este aumento foi observado na ausência do N-

fertilizante e diferenciado entre espécies de Triticum sendo T. aestivum superior ao T. durum

e A. lipoferum superior resposta à inoculação comparado ao A. brasilense.

Esta variabilidade nos resultados de aplicação em outras culturas de cereais como

trigo, arroz, milho ou sorgo já foi descrita previamente. Sumner (1990) descreveu um

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levantamento de dados sobre a aplicação de estirpes de Azospirillum em diversas culturas

de cereais e observou que 32 ensaios de aplicação à campo naquela época apresentaram

respostas positivas à inoculação, enquanto que outros sete ensaios (a maioria com trigo)

mostraram resultados negativos na produção de grãos (dados entre os anos de 1983 a

1985). Já Okon e Labandera-Gonzalez (1994) descreveram que, de uma maneira geral,

60% a 70% dos experimentos citados na literatura mostravam incrementos de produção

com a inoculação, no entanto, somente 5% a 30% apresentavam respostas estatisticamente

significativas. Dobbelaere et al. (2001) apresentaram um sumário de experimentos

envolvendo a inoculação de Azospirillum conduzidos na década de 90 em diversos países

tais como: Israel, França, Bélgica, Argentina, Uruguai, México e África do Sul. Por exemplo,

na Bélgica a inoculação de A. brasilense estirpe Sp245 e de outra espécie, o A. irakense

KBC1, houve o aumento da biomassa seca de plantas de trigo em 62% e 46%

respectivamente (P=0,05). Outras revisões também apresentaram resultados do uso destes

produtos para a agricultura (BURDMAN et al., 2000; KENNEDY et al., 2004; LUCY et al.

2004). Mas sem dúvida, o maior esforço governamental para a utilização de inoculante para

gramíneas foi feito no México, onde 450.000 hectares de milho e 150.000 ha de sorgo, trigo

e cevada foram inoculados com uma mistura de estirpes de A. brasilense. Os resultados

mostraram incrementos da ordem de 26% em média na produção avaliando-se 171 locais

de plantio em 678 hectares. O maior efeito foi observado principalmente em locais onde o

uso de fertilizante foi menor, em solos arenosos e usando cultivares domésticos.

Respostas variáveis de aplicação

Esta variabilidade pode estar relacionada a várias fases do processo bem como ao

limitado conhecimento sobre o potencial de uso destes organismos. Neste processo, um dos

complicadores é a transferência do N fixado para a planta, que ocorre muito lentamente e

apenas uma pequena parte torna-se disponível para o vegetal (DOMMELEN et al., 1998).

A inoculação de Azospirillum na presença de pequenas doses de fertilizantes

nitrogenados tem mostrado uma maior eficiência para o sistema planta/bactéria quando

comparado com o uso isolado da bactéria. Didonet et al. (1996), observaram que a produção

de grãos de trigo inoculado com a estirpe JA04 de A. brasilense, e complementado com

15 kg de N ha-1, não diferiu estatisticamente do tratamento controle que recebeu a adubação

equivalente a 45 kg N ha-1, feita em cobertura. Dobbelaere et al. (2002) observaram ganhos

com a inoculação de A. brasilense estirpe Sp245 e A. irakense estirpe KBC 1 em plantas de

trigo (quatro experimentos) e milho sob condições de casa de vegetação. O efeito da

inoculação foi mais pronunciado na menor concentração de células (105-106 ufc planta-1)

estimulando o desenvolvimento radicular e a biomassa vegetal do trigo. Também foi

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Inoculantes contendo bactérias fixadoras de nitrogênio...

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observado que a dose de N mais baixa (150 mg planta-1) e intermediária (250 mg planta-1)

foram responsáveis pelos maiores ganhos de massa de raiz, da planta e dos grãos além de

uma maior eficiência da absorção de N pelas plantas de trigo. Já no caso do experimento de

milho, o número de células não interferiu. Neste caso a estirpe KBC 1 obteve melhores

resultados que a Sp245, inverso do trigo.

Produtos utilizando Azospirillum

Desde 1978 até o ano de 2010 muitos países fizeram a utilização agrícola de

Azospirillum principalmente em cereais. Nos Estados Unidos um produto com o nome de

Azo-GreenTM foi produzido pela companhia Gênesis Turfs Forages e recomendado para

aumentar o vigor da semente, estabelecimento do sistema radicular, resistência a geada e

uma melhoria geral da saúde da planta. Na Itália, Alemanha e Bélgica foi desenvolvido um

produto contendo uma mistura de A. brasilense (estirpe Cd) e A. lipoferum (estirpe Br17)

comercializado na forma de mistura com vermiculita ou em forma líquida. O nome comercial

do produto era Zea-NitTM, produzido pela companhia Heligenetics. Segundo os fabricantes,

este produto reduziria a aplicação do nitrogênio necessário à cultura em 30% a 40%. Na

França foi lançado um produto denominado AzogreenTM, a base de Azospirillum, estirpe

CRT1 produzido pela Lipha. O uso deste inoculante, em um experimento com milho na

Estação de Agbasar, a nordeste de Togo, na África e promoveu o aumento de 100% na

produção de grãos (FAGES; MULARD, 1988). A companhia Soygro, na África do Sul,

produziu de 1998 a 2001, um inoculante de Azospirillum para 150.000 ha de milho, 12.000

ha de trigo e experimentalmente para 500 ha de sorgo. Foi observado efeito de 10% a 30%

sobre o controle não inoculado durante 5 anos (1998-1999). Aproximadamente 15% da área

de 150.000 ha de leguminosas foram co-inoculados com Azospirillum brasilense neste país

(DOBBELAERE et al., 2001). No México, foi desenvolvido pela Universidade de Puebla, um

inoculante a base de Azospirillum, denominado “Fertilizante para Milho”, que foi usado com

sucesso visto a sua aplicação em 5.000 ha no ano de 1993 (OKON; LABANDERA-

GONZALEZ, 1994). Na Índia, várias indústrias produzem biofertilizantes contendo

Azospirillum tais como: “Manufacturers of Biofertilizers”, “Pro Solutions”, “Nikita Agro

Industries”, “Madras Fertilizers Ltda”.

No Brasil o primeiro produto recomendado para aplicação no milho começou a ser

vendido em 2010 (aprovado pelo MAPA em 2009) pela companhia Stoller® sendo chamado

de Masterfix L sendo também recomendado para arroz. No ano seguinte novas indústrias

também iniciaram a comercialização como a Total Biotecnologia com produto denominado

AzoTotal® e a BioSoja com o produto Biomax®. Com a demanda crescente novas indústrias

também passaram a comercializar o A. brasilense como o produto chamado de Nitro1000®,

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Reis & Alves

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a Novozymes BioAg Produtos Agrícolas lançou o AzoMax®. Todas as indústrias de

inoculantes no Brasil utilizam duas estirpes denominadas de AbV 5 e AbV 6, variantes de

laboratório de uma das primeiras estirpes identificadas como A. brasilense, a Sp7. A

Forquímica comercializa o produto chamado de Gramy Crop®, que neste caso utiliza a

estirpe Sp245. Todos são recomendados como promotores de crescimento sendo o efeito

hormonal o preconizado para a sua aplicação. O mesmo produto vendido pela Stoller do

Brasil hoje já é recomendado para o trigo. Com isto o Brasil começa a vender inoculantes

para cereais.

Inoculante de qualidade

Todo inoculante comercializado hoje é composto de estirpes selecionadas e

recomendadas e um veículo que mantenha a sua sobrevivência com a qualidade descrita no

rótulo do produto. A longevidade preconizada para produtos deve ser a maior possível e o

que se leva em consideração é o numero de células viáveis, contadas em meio de cultivo

descrito na normativa do MAPA.

Diversos estudos foram feitos no sentido de multiplicar células de forma a melhorar a

sobrevivência da bactéria nos inoculantes (BURDMAN et al., 1998; FALLIK; OKON, 1996).

Os estudos têm mostrado que o inoculante de Azospirillum pode apresentar uma queda no

número de células abaixo de 106 células por g de turfa (ou mL se for líquido) após quatro

meses de estocagem. O ideal seria que este número se mantivesse em torno de 109 células

por grama de veículo (turfa ou líquido) por seis meses, sendo este tempo alcançado para o

rizóbio nas mesmas condições de estocagem. Desta forma, estruturas de reserva podem

ajudar a manter a viabilidade celular. Bactérias do gênero Azospirillum são capazes de

acumular poli--hidroxibutirato (PHB), um material de reserva que permite às bactérias

resistirem às condições de estresses ambientais (TAL; OKON, 1985). Esta substância pode

acumular de forma diferenciada de acordo com o meio de cultivo utilizado e diversos estudos

foram feitos para que a estirpe apresentasse um conteúdo elevado de PHB por ocasião do

preparo do inoculante, visando maior longevidade celular (BURDMAN et al., 1998).

A competitividade com outras estirpes nativas ou mesmo outros componentes da

microbiota do solo, pode prevenir a colonização radicular por bactérias usadas como

inoculante, sendo este outro fator de importância para o sucesso da inoculação. De uma

forma geral busca-se selecionar estirpes competitivas em condições de solo natural e utilizá-

las em número elevado por ocasião da inoculação, permitindo que esta população

introduzida seja favorecida em detrimento de outras indesejáveis e em menor número no

solo.

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Inoculantes contendo bactérias fixadoras de nitrogênio...

90

O veículo deve ser: de fácil obtenção, de baixo custo, inerte, facilmente esterilizável

(autoclave ou radiação), proporcionar boa adesão à semente, manter as características de

infectividade e efetividade das estirpes inoculadas (SCHUH, 2005). O estado do veículo de

inoculação (sólido e líquido) é outro aspecto que deve ser considerado nos experimentos de

inoculação em gramíneas. O substrato sólido mais usado é a turfa estéril neutralizada,

baseado no conhecimento já adquirido com o inoculante desenvolvido para rizóbio e também

devido ao seu baixo custo. A mesma pode ser usada pura, na forma de pó ou granulada, e

em mistura com argilas (vermiculita) ou com carvão. Outros veículos também podem ser

utilizados como lignita, perlita, fosfato de rocha, poliacrilamida, entre outros. No caso dos

inoculantes líquidos, tem-se feito uso de óleo mineral que foi testado na década de 80-90,

mas que possui efeito deletério na germinação de sementes. Pode-se fazer uso de

polímeros como, por exemplo, o alginato (extratos de algas marinhas) e a goma xantana

(obtida pela multiplicação de Xanthomonas campestris), a goma arábica (exsudato de

plantas como a Acacia senegal) a goma jataí (extraída de plantas como a Algaroba ou

Prosopis), a goma Guar (extraída de Cyamopsis tetragonalobus), polivinilpirrolidona (PVP)

que é sintético e obtido a partir do formaldeído e acetileno, a carboximetilcelulose sódico

(CMC), entre outros (SCHUH, 2005). Estes veículos foram testados principalmente para o

rizóbio e pouco se conhece sobre a manutenção celular de Azospirillum. Estes compostos

promovem o encapsulamento das células e só a liberam após a degradação do polímero, e

assim previnem as células de estresses ambientais (JUNG et al., 1982). Este processo tem

como desvantagem a necessidade de mão de obra especializada e, consequentemente, o

custo elevado.

Azospirillum e a fixação biológica de nitrogênio

A quantificação do N que está sendo fixado por um certo organismo foi alvo da

pesquisa desde a descoberta destas bactérias. O primeiro método descrito foi o de redução

do acetileno, que é um inibidor competitivo da nitrogenase, sendo este método descrito

como uma medida indireta da atividade desta enzima (OKON, 1985). O uso do isótopo mais

pesado no nitrogênio (15N) é a metodologia capaz de medir a contribuição direta da

nitrogenase, sendo aplicado tanto em amostras de cultura pura como em estudos de campo

(BODDEY, 1987). Esta marcação pode ser feita através da utilização direta do adubo

marcado ou da incorporação de material marcado que tenha sido cultivado previamente em

um solo contendo 15N e após o corte é moído e misturado ao solo. Esta metodologia é mais

trabalhosa, mas permite uma maior homogeneidade de marcação.

A utilização de 15N se baseia na marcação do solo, que deve ser a mais estável

possível durante o tempo de cultivo para liberar a mesma quantidade de N em seu perfil de

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Reis & Alves

91

profundidade tanto em vasos como no solo e que a planta fixadora e controle sejam

compatíveis, isto é, explorem as mesmas profundidades de solo ao longo de seu

crescimento radicular (BODDEY et al., 1995). Com estas premissas pode-se estimar a

quantidade de N derivado do ar acumulado pela planta fixadora de nitrogênio em relação ao

controle.

Outra técnica é baseada na abundância natural do 15N no solo (SHEARER; KHOL,

1986). Esta técnica baseia-se no fato de que o N do solo é, geralmente, levemente

enriquecido com o isótopo 15N em comparação ao N2 do ar. O nitrogênio do ar apresenta

cerca de 0,3663% de 15N e o restante (99,6337%) de 14N (JUNK; SVEC, 1958). Contudo,

devido a discriminação isotópica que ocorre durante as transformações do nitrogênio no

sistema solo-planta, ambos podem apresentar valores de 15N um pouco maiores que os

encontrados na atmosfera, permitindo quantificar esta diluição da marcação natural do solo

na ordem de %o. Ambos os métodos isotópicos, seja o enriquecido ou o natural, possuem o

mesmo princípio da diluição isotópica, ou seja, quanto menor o valor de 15N encontrado no

material analisado, mais N é proveniente da FBN. Neste caso da marcação natural do solo

faz-se necessário a utilização de equipamentos mais sensíveis e também mais caros.

Baseada nestas metodologias e em outras como o balanço das entradas e saídas de

N dos sistemas em estudo foi demonstrada contribuições bastante variáveis da FBN para

gramíneas forrageiras e cereais, cultivadas em climas temperados e tropicais. Mesmo com

métodos isotópicos, que possuem grande sensibilidade de mensuração, muito pouco se

conhece sobre a contribuição real da FBN em estudos de campo, principalmente com milho.

Menos ainda no Brasil.

Garcia de Salomone e Döbereiner (1996) compararam a resposta de sete genótipos

de milho à inoculação com várias estirpes de Azospirillum obtidas de plantas de milho na

Argentina. Houve diferenças entre os genótipos e alguns responderam de forma negativa à

aplicação da bactéria inoculada. Dois genótipos mostraram respostas positivas no campo e

foram novamente cultivados em solo marcado com 15N e inoculados com as estirpes de

Azospirillum que obtiveram as melhores respostas nos primeiros ensaios. Os maiores

aumentos no acúmulo de N na planta foram associados a diluição significativa do

enriquecimento de 15N, sugerindo que estas respostas eram devidas a contribuição da FBN

(GARCIA DE SALOMONE et al., 1996). Estes dados mostraram a importância da seleção de

genótipos de plantas para favorecer o processo de fixar nitrogênio. Por outro lado, a análise

das experiências de inoculação realizados nos últimos 22 anos, utilizando híbridos

selecionados para a alta aplicação de N-fertilizante mostraram que o efeito da inoculação é

muito baixo ou negativo (OKON; LABANDERA-GONZALEZ, 1994).

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Inoculantes contendo bactérias fixadoras de nitrogênio...

92

A quantificação da FBN de plantas de milho já foi comprovada pelo método do gás N2

marcado com 15N em condições controladas (ALEXANDER; ZUBERER, 1989), pelo método

da diluição isotópica de 15N (RENNIE, 1980; GARCIA DE SALOMONE et al., 1996;) ou pelo

método da abundância natural de 15N com a inoculação de Herbaspirillum seropedicae, outro

diazotrófo também descrito no Brasil (BALDANI et al., 1986). Com a exceção do último,

todos os outros trabalhos não foram conduzidos no Brasil ou datam da época da descrição

de Azospirillum.

Um exemplo recente com a quantificação da FBN em milho foi descrito por Montanez

et al. (2009) que avaliaram 19 genótipos comerciais de milho, vendidos no Uruguai, usando

a técnica de diluição isotópica de 15N durante os primeiros 90 dias de crescimento em casa

de vegetação. Os mesmos autores também fizeram o isolamento das bactérias diazotróficas

e caracterizações parciais destes isolados. A contribuição da FBN nos genótipos testados

mostrou que de 12% a 24% do N foi derivado do ar usando um dos genótipos como controle

e apenas um isolado foi caracterizado com pertencente ao gênero Azospirillum. Temos aqui

dois resultados importantes: a resposta depende do genótipo e não existe uma única

bactéria responsável por esta contribuição.

Veja que, em ambos os casos, os trabalhos foram realizados no século passado e

desde lá muito pouco se fez. Avaliar a real contribuição da FBN à campo tem sido um

grande desafio, principalmente para plantas como o milho. As atuais doses de aplicação de

nitrogênio no Brasil são vinculadas as produtividades que tem aumentado nas últimas

décadas. Hoje temos plantios que produzem 12 toneladas de grãos, mas também recebem

250 kg de N. Neste cenário Azospirillum deve ser considerada uma promotora de

crescimento e dificilmente sua resposta será estatisticamente diferente da parcela não

inoculada. Para o futuro próximo, o melhoramento vegetal deve enfocar a melhor utilização

do N, selecionando plantas que respondam a doses menores e que sejam avaliadas desde

a escolha de seus cruzamentos, com a utilização de linhagens que se associem mais

eficientemente à bactérias diazotróficas. Este é um desafio que não se tem resposta da

melhor estratégia para vencer.

Perspectivas futuras

A pesquisa que visa incluir a utilização de inoculantes contendo bactérias

diazotróficas selecionadas para aplicação em cereais avançou em muitos aspectos ao longo

destes 30 anos. Descobriu-se que a diversidade microbiana não está vinculada a um grupo

que se pode dizer ser "o melhor ou mais efetivo" quanto a contribuição do processo natural

de reduzir o N2 gás em moléculas assimiláveis pelas plantas. Sabemos que o genótipo da

planta tem grande influência sobre a associação e mais ainda o sistema de produção

Page 101: Avaliação de carcaças bovinas

Reis & Alves

93

utilizado. Sendo um processo de elevado custo energético, onde pelo menos 16 ATP são

utilizados para uma única molécula ser reduzida, qualquer nitrogênio disponível ao redor da

célula será preferencialmente utilizado em detrimento da síntese da nitrogenase ou mesmo

a manutenção de seu funcionamento. A pesquisa avança na descrição de indivíduos, muitas

novas espécies de bactérias diazotróficas foram e serão descobertas, mas estamos

devendo explicações ao nosso produtor rural.

Em 2010 foi feita a primeira venda de inoculante contendo Azospirillum brasilense no

Brasil. As estirpes que foram recomendadas são variantes das originais que participaram do

trabalho de Tarrand et al. (1978), chamadas de AbV 5 e AbV 6 e selecionadas no trabalho

de Hungria et al. (2010) para milho. Temos uma estirpe famosa por sua utilização em

ensaios de inoculação e a mais estudada mundialmente especialmente pela produção de

reguladores de crescimento. A estirpe Sp245, isolada de trigo no Brasil por Baldani et al.

(1986) também faz parte da lista de recomendações do MAPA e é utilizada mundialmente

como modelo de inoculação de cereais e pela sua importância acadêmica e seu genoma já

foi totalmente sequenciado por diferentes grupos (CASSÁN et al., 2014, WISNIEWSKI-DYÉ

et al., 2011). Mesmo com toda esta informação acumulada não podemos recomendar esta

ou outra estirpe baseado em dados colhidos de solos brasileiros e afirmar que esta estirpe

contribui com uma parte significativa do N fixado a custo do ATP da planta, oriundo da

fotossíntese.

O que realmente falta é uma organização nacional das equipes de campo e

laboratório em uma rede que vise elucidar este assunto. Talvez o maior empecilho seja a

falta de uma ou mais metodologias que sejam capazes de fazer esta avaliação em solos

onde já se aplica N-fertilizante. Não temos este método, pois o fertilizante impede a

utilização da melhor técnica que é a marcação natural do N do solo. Nossos plantios atuais

são em rotação com soja, que também propicia a manutenção de elevadas quantidades de

N fixado biologicamente nas suas raízes para o próximo cultivo, impedindo medidas

confiáveis da contribuição à campo.

Mesmo que este cenário de elucidação não seja o melhor, o Brasil ainda não faz uso

efetivo destes organismos benéficos em larga escala. Nos três anos de venda do inoculante

de milho, atingimos um patamar de 2 milhões de doses frente a utilização de 20 milhões do

inoculante de soja. As poucas indústrias que vendem inoculante no Brasil não consideram

este como o principal produto devido ao baixo preço das doses (soja ainda custa os

mesmos R$ 5,00 de 10 anos atrás). Não tendo valor não se investe em formulações mais

caras, onde se transporta menos veículo como em formulações liofilizadas.

Outro fator imperativo é que o agrônomo formado no Brasil não tem disciplina de

microbiologia do solo. Ele aprende superficialmente sobre o rizóbio e muito sobre doses de

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Inoculantes contendo bactérias fixadoras de nitrogênio...

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fertilizantes. O profissional que recomenda fertilizante não conhece o Azospirillum, que dirá

a forma de aumentar a sua eficiência. Não temos tradição neste tipo de aplicação de

insumos biológicos na agricultura. Talvez seja este o começo da contribuição da pesquisa, e

com a disseminação deste conhecimento possamos aprender com a aplicação deste

primeiro produto para uso em cereais.

Agradecimentos

Autor agradece o financiamento da pesquisa projeto Embrapa no. 02.05.1.06.00.01 e

02.09.01.11.00.06, ao INCT/CNPq Proc. no. 573828/2008-3. Ao CNPq pela bolsa de

produtividade do primeiro autor e a Capes pela bolsa de pós-doutor do segundo autor.

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Page 106: Avaliação de carcaças bovinas

Capítulo 6

Uso de bactérias diazotróficas no Oeste do Paraná:

eficiência agronômica de bactérias promotoras de

crescimento de plantas dos gêneros Azospirillum e

Herbaspirillum em gramíneas

Vandeir F. Guimarães1

Leandro Rampim2

Jeferson Klein3

Andréia C. P. Rodrigues-Costa4

Débora K. Klein2

Artur S. P. Junior5

Adriano M. Inagaki5

Janaina Dartora5

Luan F. O. S. Rodrigues5

Deniele Marini5

André G. Battistus5

Lucas G. Bulegon5

Luiz C. Offemann5

Juliane M. Lemos5

Elisiane I. D. Chaves5

Walkyria Neiverth5

Aline K. P. Souza5

1 Professor Associado da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste, Campus Marechal Cândido

Rondon, Rua Pernambuco, 1.777, Caixa Postal 1.008, Centro, 85.960-000, Marechal Cândido Rondon, PR; [email protected] 2 Pesquisador Científico CAPES/PNPD, Programa de Pós-graduação em Agronomia, Universidade Estadual do

Oeste do Paraná – Unioeste; [email protected]; [email protected]; 3 Professor Auxiliar da Escola Politécnico, Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR, Campus Toledo;

[email protected] 4 Professora Adjunta da Universidade Estadual de Maringá, UEM, Campus Umuarama; [email protected]

5 Programa de Pós-graduação em Agronomia - PPGA, Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste;

Page 107: Avaliação de carcaças bovinas

Guimarães et al.

99

Introdução

Os sistemas de produção agrícola no Brasil são como a maioria dos sistemas

econômicos, baseado no capitalismo, são caracterizados pela produtividade. Os sistemas

agrícolas, anteriormente de baixa produtividade, foram substituídos por sistemas de alta

produtividade e dependentes de insumos químicos, notadamente agroquímicos e

fertilizantes, desencadeados com a atuação da Revolução Verde.

A modernização da agricultura impulsionou o desenvolvimento de nações

eminentemente agrícolas como o Brasil, pela capitalização e modernização da zona rural,

aumentando assim a receita proveniente das exportações. Entretanto, a preocupação

meramente econômica dos novos modelos de produção desconsiderou os efeitos e as

consequências das novas práticas agrícolas nos biomas originais. Com a expansão e

desenvolvimento agrícola, também surgiu à contaminação e degradação de solos e recursos

hídricos, redução da biodiversidade e desequilíbrios ecológicos, tornando insustentável a

produção agrícola a longo prazo.

Neste sentido, há possibilidade em utilizar práticas de produção agrícola sustentável,

baseando-se na utilização racional dos recursos naturais visando o atendimento das

necessidades das gerações presentes e futuras (setor agropecuário e florestal), diminuindo

a dependência por insumos químicos e aumentando a importância dos processos

biológicos, como a fixação biológica de nitrogênio (FBN) e a utilização de rizobactérias

promotoras de crescimento plantas (RPCPs), que vem ganhando destaque na comunidade

científica.

Microrganismos endofíticos

Microrganismos endofíticos são definidos como organismos que podem viver em

associação simbiótica com plantas, conferindo benefícios recíprocos entre plantas e

microrganismos (BALDANI; BALDANI, 2005), sobretudo Azospirillum spp. é endofitico

facultativo. Atualmente, observa-se importância de algumas culturas agrícolas para o Brasil,

como milho, trigo, soja, citros, café, mandioca e Brachiaria. Porém ainda poucos estudos

avaliam o possível impacto que os microrganismos endofíticos utilizados promovem para

elevar à produtividade ou substituir parte ou total a adubação nitrogenada, especialmente,

na fixação de N atmosférico (REIS JUNIOR, 2007). As espécies que apresentam maior

contribuição em relação ao processo de associação e benefícios com estes microrganismos

são algumas “leguminosas”, como é o caso da soja (DÖBEREINER, 1990). Pois, nem todos

os gêneros deste grande grupo de plantas respondem positivamente ao processo de fixação

Page 108: Avaliação de carcaças bovinas

Uso de bactérias diazotróficas no Oeste do Paraná

100

de N, como é o caso do feijão desde a década de sessenta (DÖBEREINER; RUSCHEL,

1961) e ervilha mais recentemente (AZEVEDO et al., 2002).

De acordo com Döbereiner (1992), a associação de Azospirillum com rizosfera de

gramíneas tem sido uma forma alternativa com relação à simbiose entre Bradyrhizobium e

Rhizobium em leguminosas. A identificação de várias espécies de Azospirillum, formando

associação com plantas não-leguminosas, expandiu as possibilidades de fixação biológica

de nitrogênio e promoção de crescimento para diversas espécies de cereais e gramíneas de

interesse econômico (DARTORA, 2012; MARINI, 2012; KLEIN et al., 2012; RAMPIM et al.,

2012; BULEGON, 2013; PINTO JUNIOR, 2013; DARTORA et al., 2013a; RODRIGUES,

2013; INAGAKI, 2014; RODRIGUES et al., 2014).

No entanto, o incremento por ação hormonal que vem ganhando mais impulsos por

parte dos pesquisadores desde a década de noventa (ARSHAD; FRANKENBERGER,

1998).

A fixação de nitrogênio já foi verificada em diversas espécies isoladas de raízes e

caules de gramíneas, da superfície de raízes (rizoplano) e da rizosfera (BDT, 2006), sendo

evidenciado que a fixação biológica de nitrogênio é um processo passível de exploração

tecnológica em gramíneas em larga escala.

Bactérias fixadoras de nitrogênio e promotoras de crescimento

No ano de 1886, um importante trabalho científico possibilitou novas expectativas

para a agricultura mundial, pois ficou confirmada empiricamente a FBN (EADY; LEIGH,

1994). Organismos denominados diazótrofos, apresentavam a capacidade de converter o

nitrogênio gasoso (N2) (DÖBEREINER, 1977), por meio da quebra da tripla ligação entre os

dois átomos de nitrogênio, formando outras espécies químicas nitrogenadas, principalmente

o NH3 (amônia) solúvel em água (EADY; LEIGH, 1994). Sendo a amônia a molécula

absorvida através dos pelos radiculares; mais tarde, descobriu-se que a FBN só é possível

graças à existência de um complexo enzimático, denominada nitrogenase, que existe

somente em alguns organismos procariontes (NUNES et al., 2003) e catalisa a reação

(PASSAGLIA et al., 1998).

A FBN é o processo primário através do qual o nitrogênio, quimicamente indisponível

para a maioria dos organismos, se torna fisiológica e metabolicamente disponível,

inicialmente sob a forma de amônia.

No caso das bactérias associativas, Baldani e Baldani (2005), classificam estes em

dois grupos: 1) endofíticos facultativos – podem colonizar tanto a rizosfera como o interior

das raízes; 2) endofíticos obrigatórios – podem colonizar apenas o interior das raízes. Entre

os endofíticos facultativos encontram-se bactérias do gênero Azospirillum spp. e entre os

Page 109: Avaliação de carcaças bovinas

Guimarães et al.

101

endofíticos obrigatórios, estão incluídas as espécies Herbaspirillum seropedicae,

Gluconacetobacter diazotrophicus e Azoarcus spp. Ao contrário das bactérias simbióticas,

as associativas excretam somente parte do N fixado diretamente para a planta associada;

sendo posteriormente, cedidos aportes adicionais de N às plantas pela mineralização das

bactérias (HUNGRIA, 2011).

Bactérias diazotróficas que se associam a monocotiledôneas podem possuir

capacidade de colonizar superfície das raízes, rizosfera, filosfera e tecidos internos das

plantas, sem causar danos (KLOEPPER, et al., 1989; MONTAÑEZ et al., 2009). De acordo

com Perin et al. (2003), o estabelecimento endofítico da bactéria, pode influenciar

eficientemente o crescimento das plantas quando comparado ao ambiente rizosférico, visto

que no interior do vegetal a interface de troca de metabólitos é mais direta, também por ter

competição microbiana em ambiente externo, além de flutuações ambientais que

influenciam a colonização bacteriana. Outro benefício obtido pelas plantas junto a

associação com os diazotróficos é a produção de reguladores de crescimento vegetal, tais

como: auxinas, giberelinas e citocininas (STRZELCZYK; POKOJSKA-BURDZIEJ, 1984).

Estas substâncias estimulam o crescimento vegetal, principalmente de raízes, que se dá

muitas vezes pela modificação de algumas características morfológicas, tais como,

comprimento, ramificação e incidência de pêlos radiculares, resultando em maior área de

solo explorada pelo sistema radicular (DOBBELAERE et al., 1999; MIYAUCHI, et al., 2008).

Esta exploração resulta em vários outros efeitos como incrementos na absorção da água e

minerais, maior tolerância a estresses hídricos e salinos, culminando em plantas mais

vigorosas e produtivas (BASHAN; HOLGUIN, 1997; DOBBELAERE et al., 2001; BASHAN et

al., 2004).

A utilização de bactérias diazotróficas tem sido alternativa de nutrição nitrogenada

em diversas espécies da família Poaceae (milho, trigo, arroz), podendo obter grandes

contribuições para essas culturas, suprindo até a metade do uso de fertilizantes

nitrogenados (DÖBEREINER, 1997).

A FBN pode ser uma alternativa para redução dos custos com fertilizantes

nitrogenados. A prática da inoculação de sementes de gramíneas com a bactéria A.

brasilense vem sendo difundida por se tratar de um microrganismo que se localiza na região

rizosférica e que geralmente encontra-se associado predominantemente ao trigo, segundo

Döbereiner e Pedrosa (1987). Reis et al. (2006) afirma que cerca de 20% do total de N

requerido pela cultura do trigo, pode ser assimilado por via da FBN.

O nitrogênio é absorvido em maior quantidade pelas plantas na forma de nitrato

(NO3-) que, após absorvido, pode ser assimilado nas raízes pelos plastídeos ou nas folhas

por cloroplastos (FERNANDES, 2006). Existe uma forte correlação entre a taxa de

Page 110: Avaliação de carcaças bovinas

Uso de bactérias diazotróficas no Oeste do Paraná

102

assimilação de NO3- na parte aérea das plantas com a fotorrespiração. Em estudos

realizados com trigo, observou-se que altas concentrações de CO2 ou baixas de O2 inibem a

assimilação de NO3- (EPSTEIN; BLOOM, 2006).

Novakowiski et al. (2011) avaliando o efeito residual da adubação nitrogenada

aplicada na pastagem, a inoculação do A. brasilense em sementes de milho proporcionou

produtividade superior ao tratamento sem inoculação mesmo sob o aumento das doses de

N aplicada na pastagem. No desenvolvimento inicial do milho, o endofítico H. seropedicae

proporcionou maior acúmulo dos macronutrientes (NPK) no tecido foliar, com destaque ao

maior acúmulo em até 30% de fósforo (BALDOTTO et al., 2012). A associação das

rizobactérias promotoras de crescimento plantas (RPCPs), A. brasilense e H. seropedicae,

proporcionaram aumento de 7% na produtividade de milho (DARTORA et al., 2013a).

Os microrganismos denominados RPCPs, podem estimular o crescimento das

plantas por diversas maneiras, sendo as mais relevantes: capacidade de fixação biológica

de nitrogênio (DÖBEREINER, 1966); influência na atividade do nitrato redutase em folhas de

diferentes linhagens de milho (BALDANI, et al., 1979); produção de hormônios como

auxinas, giberelinas (STRZELCZYK; POKOJSKA-BURDZIEJ, 1984) e etileno

(STRZELCZYK et al., 1994) e até mesmo solubilização de fosfato (MOREIRA et al., 2010).

Bactérias do gênero Azospirillum e Herbaspirillum

De todos os gêneros de bactérias diazotróficas, sem dúvida as bactérias do gênero

Azospirillum tem merecido atenção especial em gramíneas. Estes microorganismos são

heterotróficos, aeróbicos, Gram-negativos, em forma de bastonete e usualmente

uniflagelados, podendo ter apenas um flagelo polar ou também flagelos laterais (ROPER;

LADHA, 1995; ABDALLA et al., 2008). Baldani et al. (2009) descreveu espécies deste

gênero: A. lipoferum, A. brasilense, A. amazonense, A. halopraeferans, A. irakense, A.

largimobile, A. doebereinerae, A. oryzae, A. melinis, A. zeae e A. canadense.

O Azospirillum apresenta ampla distribuição nos solos de clima tropical e subtropical,

em associação com monocotiledôneas de grande importância econômica, como o trigo,

milho, arroz, diversas forrageiras e também com outras espécies vegetais (BALDANI, 1996).

Inicialmente estas bactérias foram classificadas como de vida livre, entretanto existem

relatos de que estes microorganismos podem crescer extensivamente na rizosfera de muitas

monocotiledôneas (KENNEDY; TCHAN, 1992), podendo também ser encontrados na

superfície ou crescendo endofíticamente nos espaços intercelulares. De acordo com Baldani

et al. (1997), este gênero de bactéria pode ser classificado como endofítico facultativo.

Os metabolismos de C e N apresentados pelas espécies de Azospirillum são

bastante versáteis, o que as tornam bem adaptadas para estabelecer ambiente competitivo

Page 111: Avaliação de carcaças bovinas

Guimarães et al.

103

na rizosfera. As fontes preferenciais de C são ácidos orgânicos como o malato, piruvato e

succinato e, também frutose e glicose. No caso do N, amônia, nitrato, nitrito e aminoácidos

constituem as fontes deste elemento utilizadas por estas bactérias, além do N atmosférico

(DÖBEREINER, 1992). Especificamente para a espécie A. brasilense, pode-se salientar a

incapacidade de utilização da glicose como fonte de C, devido à ausência de um

transportador específico na membrana plasmática e de enzimas glicolíticas (GOEBEL;

KRIEG, 1984).

Em condições desfavoráveis, tais como seca e limitação de nutrientes, têm sido

demonstrados que a bactéria apresenta vários mecanismos fisiológicos de proteção

(formação de cistos e produção melanina e poli-hidroxibutirato), auxiliando sua

sobrevivência (SADASIVAN; NEYRA, 1987).

Quando se trata de FBN em espécies gramíneas o efeito que o genótipo da planta

pode exercer sobre a eficiência da fixação de N2 é expressivo. Assim medidas como

identificação, seleção e uso de genótipos de milho mais tolerantes à deficiência de N e

eficientes na aquisição deste elemento constituem estratégias importantes (REIS JÚNIOR et

al., 2000). Nesse sentido, deve ser considerada a busca por genótipos que formem

associações mais eficientes com bactérias diazotróficas.

Segundo Sala et al. (2005), uma das variáveis que contribui para a complexidade das

respostas à inoculação é a interação do genótipo da planta e estirpe inoculada. Diferenças

de contribuição da FBN, de acordo com o genótipo de planta, são relatadas em diversos

trabalhos com monocotiledôneas. Oliveira (1994), aplicando o método de diluição isotópica

de 15N em 40 cultivares de arroz inundado, encontrou diferenças consideráveis entre as

variedades no que se refere à contribuição de N; este fato também foi observado para

ecótipos de Pannicum maximum e trigo (MIRANDA et al., 1990; ZAVALIN et al., 1997).

Em levantamento realizado pela Embrapa em áreas de produção de cana-de-açúcar

para verificar a contribuição da FBN, observou-se variação de 0 a 60%, com média de 32%

de contribuição, este resultado indica que fatores como genótipo da variedade cultivada e

adubação nitrogenada, podem afetar de forma expressiva o processo de FBN nesta cultura

(POLIDORO et al., 2001). Mais especificamente para a inoculação de Azospirillum,

Salomone e Döbereiner (1996) trabalhando com diferentes genótipos de milho em

condições de campo obtiveram respostas diferenciadas quanto à inoculação, onde certos

genótipos mostraram aumentos de até 100% na produção, demonstrando ocorrência de

interações entre genótipos de milho e bactérias diazotróficas.

O gênero Herbaspirillum foi estabelecido por Baldani et al. (1986), sendo H.

seropedicae a primeira espécie descrita. Inicialmente H. seropedicae foi considerada uma

Page 112: Avaliação de carcaças bovinas

Uso de bactérias diazotróficas no Oeste do Paraná

104

nova espécie de Azospirillum por ter apresentado características de crescimento em meio

de cultura semi-sólido (sem N) similares a esse gênero.

Espécies de Herbaspirillum são microaerofílicos, toleram drásticas mudanças no pH

(5,3-8,0) e uma concentração de oxigênio maior que as espécies de Azospirillum (BALDANI

et al., 1986). São também capazes de produzir elevados níveis de auxinas e giberelinas

(GRAY; SMITH, 2005), embora em menor quantidade em relação à linhagens de

Azospirillum (RADWAN et al., 2004).

H. seropedicae é um diazotrofo endofítico obrigatório que tem sido isolado do interior

de diversos grupos de plantas, desde gramíneas como milho, sorgo, arroz, cana-de-açúcar

e forrageiras diversas (BALDANI et al., 1986). Da mesma forma, algumas fruteiras como

bananeira e abacaxizeiro (CRUZ et al., 2001) até algumas palmeiras como o dendezeiro e a

pupunheira (FERREIRA et al., 1995). Trata-se da espécie que possui maior distribuição e

ocorrência dentre as espécies diazotróficas endofíticas estudadas, apresentando baixa

sobrevivência quando inoculada em solo natural ou esterilizado e desaparecendo em menos

de trinta dias após sua inoculação com grande número de células (BALDANI et al., 1996).

Herbaspirillum spp. são capazes de colonizar nichos específicos no interior dos

tecidos vegetais, o que os torna mais eficientes na transferência dos compostos

nitrogenados produzidos para a planta além de não sofrerem limitações de substâncias ricas

em carbono (OLIVARES et al., 1997). Por este motivo, encontram-se livres da competição

com outros microrganismos edáficos (MOREIRA et al., 2010).

Baldani (1996) utilizando H. seropedicae em experimentos genotobióticos e em

vasos demonstrou que 23 estirpes possuem capacidade de promover aumento na parte

aérea das plântulas de arroz, após trinta dias do plantio, em comparação com a testemunha

sem inoculação. Dentre estas, sete foram mais promissoras proporcionando um aumento na

FBN em cerca de 50% em relação ao tratamento controle.

A resposta positiva das plantas à inoculação pode ser atribuída a diversos fatores,

como a produção de substâncias promotoras do crescimento, resultando no aumento na

superfície de absorção das raízes (SALOMONE; DÖBEREINER, 1996), proteção contra

fitopatógenos, aumento da resistência das plantas ao estresse (HUERGO et al., 2008) e

aumento da taxa de acúmulo de matéria seca, principalmente na presença de elevadas

dosagens de N, o que parece estar relacionado com o aumento da atividade de enzimas

fotossintéticas e de assimilação de N (DIDONET et al., 1996).

Por outro lado, Campos et al. (2000) não observaram resposta significativa da

produtividade de grãos de milho em relação à inoculação com Azospirillum spp. Alves

(2007), detectou comportamento diferenciado entre genótipos de milho submetidos à

inoculação da estirpe ZAE 94 de H. seropedicae e doses de N

Page 113: Avaliação de carcaças bovinas

Guimarães et al.

105

Atuação das bactérias diazotróficas

O levantamento da ocorrência de bactérias diazotróficas associadas a genótipos da

cultura da cana-de-açúcar mostrou presença das bactérias Azospirillum lipoferum, A.

brasilense, A. amazonense, Herbaspirillum spp. e Acetobacter diazotrophicus tanto em

raízes (com maior frequência), colmos e folhas, com exceção de A. amazonense que não foi

isolado das folhas; sendo mais acentuada as bactérias do gênero Azospirillum em raízes,

mostrando o envolvimento dos genótipos de cana e das bactérias na fixação de nitrogênio

(REIS JUNIOR et al, 2000).

Trabalhos de pesquisas realizadas nas décadas de 60 a 80 evidenciaram a

contribuição considerável da FBN para a nutrição nitrogenada de algumas gramíneas

forrageiras. Pelo uso da técnica de diluição isotópica de N15, Boddey et al. (1983)

demonstraram que a gramínea Paspalum notatum cv. batatais obteve 10% de seu N

(20 kg ha-1 ano-1) via FBN. Boddey e Victoria (1986), usando essa mesma técnica,

observaram que Brachiaria humidicola e B. decumbens obtiveram 30% a 40 % de N via

FBN. Estes percentuais correspondem a 30 e 45 kg ha-1 ano-1 de N, respectivamente.

Em estudos realizados por Oliveira et al. (2004), foi avaliado o efeito da umidade do

solo na sobrevivência de espécies de bactérias diazotróficas (A. amazonense,

Gluconacetobacter diazotrophicus e A. brasilense), onde o teor de umidade apresentou

pouca influência na sobrevivência de A. brasilense, considerada uma espécie cosmopolita,

enquanto A. amazonense e G. diazotrophicus, consideradas endofíticas, aumentaram o

período de culturabilidade na presença de umidade no solo, ou seja, o teor de umidade do

solo possui maior influência nas espécies endofíticas obrigatórias em comparação às

endofíticas facultativas.

Também há comprovação da associação de bactérias do gênero Azospirillum com

raízes de trigo, onde promovem crescimento das plantas, nos quais a bactéria induz

alongamento e ramificação radicular em raízes de plântulas de trigo. As respostas à

inoculação com a bactéria podem estar associadas com a capacidade de algumas estirpes

de produzir ácido idolil-3-acético (AIA) e nitrito. A produção de AIA em Azospirillum ocorre

em pelo menos três vias biossintéticas: duas dependentes de triptofano, e uma outra

independente de triptofano (LAMBRECHT et al., 2000).

O AIA em plantas pode promover efeito de resposta rápida como o elongamento

celular e também de resposta lentas como a divisão e a diferenciação celular (TAIZ;

ZEIGER, 2013). O nitrito atua no crescimento de longa duração através do relaxamento e na

incorporação de material da parede celular (DIDONET et al, 1993). Kuss et al. (2007),

estudando a produção de AIA e de N in vitro, relatam que o A. brasilense teve resultados de

Page 114: Avaliação de carcaças bovinas

Uso de bactérias diazotróficas no Oeste do Paraná

106

5,04 e 41,09 µg mL-1, respectivamente. Costa et al. (2013), encontrou valor de 6,14 e

14,24 µg mL-1, em meio DYGS, com e sem adição de triptofano, respectivamente. Radwan

et al. (2004) em seu trabalho cita que a produção de AIA é aumentada quando se adiciona

fontes de amônio (NH4), mas é reduzida quando se adiciona nitrato (NO3).

Também há trabalhos que comprovam a associação entre Azospirillum e Brachiaria,

grande nicho ecológico com a possibilidade de inoculação de pastagens. O A. amazonense

associado a pastagens de Brachiaria implantadas no ecossistema Cerrados no Estado de

Goiás foi influenciado pelo período do ano, havendo maior homogeneidade durante o verão,

e tais isolados também foram capazes de produzir AIA. Sendo assim, um manejo adequado,

associado à escolha de plantas (genótipos), que, além de serem adaptadas a condições

edafoclimáticas vigentes, sejam também eficientes na captação do N2 atmosférico, sendo

importante para se alcançar sustentabilidade nos sistemas de pastagem (REIS JUNIOR et

al, 2004).

O aumento da aeração, mediante a agitação do meio de cultivo, propicia maior

produção de compostos indólicos, por bactérias diazotróficas, pertencentes aos gêneros

Azospirillum e Herbaspirillum. Entretanto foi possível observar que estirpes de Azospirillum

produzem mais compostos indólicos do que estirpes de Herbaspirillum (RADWAN et al,

2005).

Respostas fisiológicas às bactérias diazotróficas no Oeste do Paraná

Em Marechal Cândido Rondon/PR, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná,

Unioeste, inúmeros projetos de laboratório e à campo, tanto de caráter de iniciação

científica, mestrado, doutorado e pós doutorado estão sendo realizados desde 2010 pelo

Grupo de Estudos de Fixação Biológica de Nitrogênio (GE-FBN). Este grupo de

pesquisadores estão ligados diretamente ao Instituto de Ciência e Tecnologia (INCT). E,

engloba atualmente com 11 Instituições de ensino público ou privada.

Na Unioeste de Marechal Cândido Rondon/PR, bactérias do gênero Azospirillum e

Herbaspirillum são inoculadas em sementes de milho, trigo e até mesmo em soja sendo

testados: diferentes doses de microrganismos; épocas de aplicação; níveis de acidez no

solo; diferentes estirpes; diferentes genótipos de plantas; reinoculações; interações entre

diferentes microrganismos e épocas de avaliação e respostas da interação destes

microrganismos quanto a diferentes doses de nitrogênio e diferentes reguladores de

crescimento. Diversos parâmetros quantitativos são avaliados: germinação, emergência,

biométria, pigmentos fotossintetizantes, enzimas antioxidantes, recuperação de bactérias e

trocas gasosas de folhas de plantas.

Page 115: Avaliação de carcaças bovinas

Guimarães et al.

107

Diâmetro de colmo e altura de plantas

Em trabalho de campo realizado por Marini (2012), foi verificado influência de doses

de N no diâmetro de colmo de milho apenas em presença da inoculação de A. brasilense,

com ajuste de modelo linear crescente (Figura 6.1) proporcionando incremento de 0,07 mm

no diâmetro de colmo para cada kg de N adicionado ao solo, na média dos híbridos 30F53 e

CD386. Contudo, não houve alteração no diâmetro de colmo com as doses de N na

ausência de inoculação. Verona et al. (2010) em estudo sobre os efeitos da aplicação de

reguladores vegetais via semente associados à inoculação de Azospirillum spp. na cultura

do milho, também constataram que a inoculação proporcionou maior diâmetro de colmo na

fase vegetativa da planta em relação à testemunha.

Figura 6.1 Diâmetro de colmo de plantas de milho no estádio vegetativo em função da aplicação isolada de diferentes doses de N ou associada à inoculação ou não de A. brasilense. Unioeste, Marechal Cândido Rondon-PR, 2010/2011 (Obs. **: significativo a 1% pelo teste t). (MARINI, 2012).

Segundo Dartora (2012), a inoculação com as estirpes de A. brasilense e H.

seropedicae de forma isolada e combinada proporcionou efeito significativo sobre o diâmetro

basal do colmo nas fases vegetativa e reprodutiva (Tabela 6.1). A combinação das estirpes

AbV5 e SmR1 inoculada via sementes no ato da semeadura proporcionou os maiores

valores para o diâmetro basal do colmo em relação ao tratamento controle em ambas as

fases de avaliação, embora sem diferir das estirpes inoculadas de forma isolada na fase

vegetativa e da estirpe AbV5 na fase reprodutiva. O incremento proporcionado pela

inoculação combinada das estirpes no diâmetro basal do colmo em relação à testemunha foi

Page 116: Avaliação de carcaças bovinas

Uso de bactérias diazotróficas no Oeste do Paraná

108

de 15% na fase vegetativa e está associado ao efeito de promoção do crescimento

proporcionado pelas bactérias diazotróficas.

Tabela 6.1 Diâmetro basal do colmo e altura da planta nas fases vegetativa e reprodutiva,

de plantas de milho, híbrido 30R50, em função da inoculação das sementes, de forma

isolada e combinada, das estirpes de A. brasilense (AbV5) e H. seropedicae (SmR1).

Unioeste, Marechal Cândido Rondon – PR, 2010/2011 (DARTORA et al., 2013a)

Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, p<0,05. **Coeficiente de

variação (%).

Para Okon e Labandera-Gonzalez (1994) este efeito de promoção do crescimento no

desenvolvimento inicial da planta é notável, pois estes microrganismos estimulam a

densidade e o comprimento de pelos radiculares, assim como a taxa de aparecimento de

raízes laterais, resultando em aumento na superfície de contato radicular, o que potencializa

o aproveitamento e utilização de água e nutrientes minerais disponíveis no solo (BALDANI

et al., 1997). Tais constatações inferem aumento na taxa de crescimento da planta e podem

ser associadas ao maior diâmetro basal do colmo observado em plantas inoculadas com a

associação de estirpes de A. brasilense e H. seropedicae (AbV5 + SmR1).

Os resultados obtidos nestes estudos corroboram com Verona et al. (2010) que, em

estudo sobre os efeitos da aplicação de reguladores vegetais via semente associados à

inoculação de Azospirillum spp. na cultura do milho, constataram que a inoculação

proporcionou maior diâmetro de colmo na fase vegetativa da planta em relação ao

tratamento testemunha, porém com incremento inferior, de apenas 6%. Dotto et al. (2010),

por sua vez, avaliando os efeitos da inoculação de H. seropedicae e níveis de N sobre o

comportamento de híbridos de milho (AS 1540 e AS 1560) na mesma região do presente

estudo, observaram que a inoculação de H. seropedicae não promoveu efeito sobre o

diâmetro de colmo das plantas de milho.

Marini (2012) também verificou influência positiva da inoculação de A. brasilense nos

híbridos 30F53 e CD386, tanto para a área foliar e a massa de matéria seca total de plantas

Page 117: Avaliação de carcaças bovinas

Guimarães et al.

109

(Tabela 6.2). Quanto à área foliar observou-se que a inoculação com A. brasilense

proporcionou média de 101,59 dm2, enquanto o tratamento controle apresentou média de

91,26 dm2, ou seja, a inoculação proporcionou incremento de 11% na área foliar. Para a

massa de matéria seca total de parte aérea houve incremento de aproximadamente 12% ao

realizar a inoculação com A. brasilense. Reis Júnior et al. (2008) observaram incremento na

massa seca de raízes de milho inoculadas com Azospirillum spp. e consideraram que o

maior rendimento em massa seca por plantas inoculadas estava relacionado à produção de

substâncias promotoras de crescimento pelas bactérias. Bashan e Holguin (1997) relataram

que fitormônios, principalmente o ácido indol-acético (AIA), excretados por Azospirillum

desempenham papel essencial na promoção do crescimento de plantas.

Tabela 6.2 Altura de plantas (ALT), altura de inserção de espiga (AE), diâmetro de colmo de

plantas (DC), área foliar (AF), massas secas de colmo + bainha (MSCB), massa seca de

folha (MSF), massa seca de espiga (MSE) e massa seca total de parte aérea (MST) no

estádio reprodutivo da cultura do milho em função do híbrido de milho e da inoculação ou

não com A. brasilense. Unioeste, Marechal Cândido Rondon – PR, 2010/2011 (MARINI,

2012)

Médias seguidas da mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente entre si pelo teste F a p ≤ 0,05.

O diâmetro do colmo apresentou diferenças para os níveis de pH e também para os

tratamentos de diferentes bactérias; com o pH de 5,5 obteve 24,71 cm de diâmetro,

diferenciando dos demais níveis de pH (Tabela 6.3). A associação das estirpes AbV5 +

SmR1 proporcionaram maior diâmetro médio (24,20 cm) quando comparado à ausência de

inoculação (22,35 cm), obtendo incremento em torno de 7%. Essas características indicaram

que o pH 5,5 e A. brasilense + H. seropedicae podem proporcionar melhor condicionamento

para tolerar o acamamento de plantas, e também favorecer ao acúmulo de sólidos solúveis

(FANCELLI; DOURADO NETO, 2000), agregando à continuidade do desenvolvimento do

milho. Semelhantemente, em trabalho a campo com pH do solo 5,5, Dartora et al. (2013a)

relatou que a combinação das estirpes AbV5 e SmR1 proporcionou maior diâmetro basal do

Page 118: Avaliação de carcaças bovinas

Uso de bactérias diazotróficas no Oeste do Paraná

110

colmo na fase vegetativa em relação à testemunha, proporcionando aumento de 15%. A

interferência no diâmetro de colmo proporcionado pela utilização de bactérias diazotróficas

também pode estar relacionado a ocorrência e a localização das RPCPs, fato comprovado

na cultura do sorgo, sendo detectada presença de bactérias no tecido das plantas, dentre

elas, A. brasilense e H. seropedicae (BERGAMASCHI, 2006).

Em relação ao diâmetro do colmo das plantas de milho, observa-se que o tratamento

que utilizou 60 kg ha-1 de nitrogênio associado à inoculação das sementes com A. brasilense

(estirpes AbV5 + AbV6) na dosagem de 200 mL para 50 kg de sementes resultou em plantas

com colmos mais espessos (Tabela 6.11) (PINTO JÚNIOR, 2013). Segundo Cavallet et al.

(2000), a inoculação com A. brasilense modifica a morfologia do sistema radicular das

plantas, incrementando o diâmetro das raízes laterais e adventícias, bem como,

aumentando o número de pelos radiculares. Dessa maneira, o incremento do sistema

radicular das plantas em função da inoculação com A. brasilense proporciona maior

longevidade dos tecidos durante os períodos de seca, aumentando também a atividade

fotossintética, o acúmulo de fotoassimilados para os grãos ou ainda a absorção de

nutrientes pelas plantas (DIDONET et al., 2000). Além disso, sabe-se que a contribuição da

fixação biológica de nitrogênio por essa espécie de bactéria para culturas como milho e trigo

é entre 5% e 18%, se fazendo necessário considerar a ação dos mecanismos de promoção

do crescimento e não apenas a contribuição pela fixação biológica de nitrogênio (BASHAN

et al., 1989), o que explica as muitas respostas negativas em relação ao acúmulo de

nitrogênio nos tecidos das plantas inoculadas.

Quanto à altura da planta, Dartora et al. (2013a) não verificaram efeito da inoculação

com as estirpes de A. brasilense e H. seropedicae, sendo observados valores médios de

141,7 e 246,6 cm nas fases vegetativa e reprodutiva, respectivamente (Tabela 6.2), o que

pode estar associado a influência do fator genético sobre a altura de plantas (FANCELLI;

DOURADO NETO, 2000). Campos et al. (2000) e Cavallet et al. (2000), em diferentes

estudos testaram a eficiência agronômica do inoculante comercial “Graminante” a base de

Azospirillum spp. e aplicações de N em semeadura e cobertura na cultura do milho, e

também não verificaram resposta da altura de planta em relação à inoculação.

Índice relativo de clorofila - SPAD

Em trabalho realizado por Inagaki (2014), avaliando níveis de acidez do solo [pH

(CaCl2) de 4,5, 5,0 e 5,5] aliado a inoculação das sementes de milho com A. brasilense

(AbV5) e H. seropedicae (SmR1) isolado ou em associação, comprovou que a acidez do

solo proporciona menores valores de altura das plantas, matéria seca de raiz, diâmetro de

colmo, índice SPAD, indicando que o pH do solo pode minimizar os efeitos RPCPs.

Page 119: Avaliação de carcaças bovinas

Guimarães et al.

111

Segundo Inagaki (2014), a associação de AbV5 e SmR1 proporcionou maior teor

relativo de clorofila (17,59) em folhas SPAD 2, diferindo do tratamento sem inoculação

(15,00) (Tabela 6.3). As folhas novas são consideradas como órgão de dreno metabólico, ou

seja, não são capazes de suprir suas próprias demandas por carbono, sendo assim

necessitam de assimilados providos de órgãos ou “tecidos fonte” para o seu

desenvolvimento até que se tornem uma folha “auto-sustentável”, e ao iniciarem a

senescência, ocorre uma remobilização de nutrientes (TAIZ; ZEIGER, 2013). Desta forma, a

inoculação dos endofíticos A. brasilense e o H. seropedicae, predominantemente na

rizosfera e região interna das raízes, respectivamente, proporcionou maior teor relativo de

clorofila nas folhas medianas (fotossinteticamente ativas). Observou-se também que durante

o período avaliado as folhas médias (SPAD2), são propícias à avaliação do teor relativo de

clorofila, apresentando maiores médias do índice SPAD independente dos tratamentos.

As medidas observadas com o índice SPAD das folhas podem estar relacionados

diretamente à assimilação de nitrogênio pelas plantas. Em estudo realizado durante o

estágio vegetativo do milho inoculado com A. brasilense, foi obtido aumento de 7% no índice

SPAD quando comparado ao tratamento sem inoculação (QUADROS, 2009); o mesmo

autor também observou aumento proporcional quando submetido à adubação nitrogenada.

O aumento de concentração de clorofila nas folhas com leituras por SPAD, também foi

constatado tanto com acréscimo de doses de N em tomateiro (GUIMARÃES et al., 1999)

quanto com o incremento do teor foliar de N em algodoeiro herbáceo (NEVES et al., 2005).

Page 120: Avaliação de carcaças bovinas

Uso de bactérias diazotróficas no Oeste do Paraná

112

Page 121: Avaliação de carcaças bovinas

Guimarães et al.

113

Massa seca de parte aérea e raiz

Na Tabela 6.4, segundo Dartora (2012) e Dartora et al. (2013a) não foi verificado

efeito significativo da inoculação com estirpes de A. brasilense e H. seropedicae de forma

isolada e combinada para a massa seca da parte aérea na fase vegetativa, enquanto que,

na fase reprodutiva, a combinação das estirpes ou H. seropedicae isolado proporcionou

média superior à inoculação de A. brasilense, com valores mais elevados, sobretudo

semelhante aos tratamentos testemunha e inoculação isolada de SmR1. A resposta à

inoculação observada para o rendimento de massa seca de parte aérea das plantas

confirma novamente o efeito de promoção do crescimento proporcionado pelo incremento

da superfície de absorção das raízes, aumento na formação de pelos radiculares e raízes

secundárias, sendo estes efeitos positivos relacionados principalmente a capacidade que as

bactérias diazotróficas possuem de produzir fitormônios como auxinas, giberelinas e

citocininas (RADWAN et al., 2004). Além disso, outros efeitos como a solubilização de

fosfatos e a própria fixação biológica de nitrogênio podem contribuir para a promoção do

crescimento vegetal (GRAY; SMITH, 2005).

Embora sem diferir estatisticamente, destaca-se que na fase reprodutiva, a

inoculação combinada das estirpes proporcionou incremento de 12% (1.280 kg) na massa

seca da parte aérea das plantas em relação à testemunha, atingindo 12.032,9 kg ha-1 de

massa seca de parte aérea, sendo índicio do efeito positivo da interação planta-bactéria

(Tabela 6.4). Quadros (2009), avaliando o desempenho agronômico de híbridos de milho

inoculados com Azospirillum spp. em associação com a adubação nitrogenada, observou

incrementos ainda superiores, de até 53% (3.770 kg) no rendimento da massa seca da parte

aérea, caracterizando o efeito benéfico da inoculação. Verona et al. (2010) também

verificaram efeito positivo da inoculação sobre o incremento da massa seca da parte aérea

do milho, inclusive sob condição de estresse hídrico.

Corroborando, Pinto Júnior (2013) constatou que a inoculação das sementes com

200 mL de inoculante com A. brasilense (estirpes AbV5 + AbV6) associado a 60 kg ha-1 de

nitrogênio resultou em plantas com maior massa de matéria seca, exceto em relação à dose

de 120 kg ha-1 de nitrogênio que se manteve em igualdade (Tabela 6.11)

Durante experimento realizado por Rampim et al. (2012) para avaliar tratamento de

sementes com bioestimulante Stimulate (90 mg.L-1 de cinetina + 50 mg.L-1 de ácido

giberélico + 50 mg.L-1 de ácido indolbutírico), fungicida triadimenol e A. brasilense em

cultivares de trigo (CD 150, CD 116 e CD 104), foi verificado incremento do comprimento da

parte aérea com o uso de Stimulate, sendo superior em 18,7% em relação à testemunha e

115,7% em relação ao menor valor encontrado no tratamento com triadimenol para o cultivar

CD-150, além de verificar maior diâmetro de hipocótilo ao utilizar triadimenol (Tabela 5).

Page 122: Avaliação de carcaças bovinas

Uso de bactérias diazotróficas no Oeste do Paraná

114

Sobretudo, o uso associado de bioestimulante Stimulate e A. brasilense elevaram o

comprimenro de raiz para a cultivar CD 150, e aumentaram a massa seca de raiz da cultivar

CD 150 e CD 116, destacando as diferenças entre cultivares na resposta a inoculação.

Tabela 6.4 Massa seca da parte aérea e área foliar nas fases vegetativa e reprodutiva, de

plantas de milho, híbrido 30R50, em função da inoculação das sementes, de forma isolada e

combinada, das estirpes de A. brasilense (AbV5) e H. seropedicae (SmR1). Unioeste,

Marechal Cândido Rondon, PR, 2010/2011 (DARTORA, 2012; DARTORA et al., 2013)

Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey, p<0,05. **Coeficiente de variação (%).

Altura de iserção da espiga, comprimento e diâmetro de espiga

Dartora (2012), detectou redução da altura de inserção da espiga na cultura do milho

híbrido simples 30R50 HX ao realizar inoculação combinada das estirpes de A. brasilense

AbV5 e H. seropedicae SmR1, embora sem diferir estatisticamente da inoculação isolada de

cada estirpe, mas inferior a testemunha com ausência de inoculação (Tabela 6). Já Campos

et al. (2000) e Dotto et al. (2010) não observaram efeito da inoculação sobre a altura

inserção da espiga em seus respectivos estudos. Em trabalho realizado por Marini (2012)

também na região Oeste do Paraná não foi constatado efeito da inoculação de A. brasilense

nos componentes da produção como comprimento de espiga, diâmetro de espiga, número

de fileiras por espiga, número de grãos por fileira, massa de espiga, massa de 100 grãos e

produtividade da cultura de milho nos híbridos simples de milho, 30F53 e CD386. Tais

resultados podem estão relacionados à interação estirpe-híbrido (BRANDÃO, 1992; REIS

JÚNIOR et al., 2000; DOTTO et al., 2010). Vale ressaltar, no entanto, que a redução na

altura de inserção de espiga pode ser benéfica, uma vez que facilita a colheita mecanizada

da cultura e reduz o problema de acamamento de plantas (CASAGRANDE; FORNASIERI

FILHO, 2002).

Page 123: Avaliação de carcaças bovinas

Guimarães et al.

115

Page 124: Avaliação de carcaças bovinas

Uso de bactérias diazotróficas no Oeste do Paraná

116

Para comprimento e diâmetro da espiga, Dartora (2012) constatou efeito significativo

da inoculação das sementes (Tabela 6), sendo observado que a inoculação das sementes

com H. seropedicae, e a inoculação combinada desta com A. brasilense proporcionaram

médias superiores em relação à testemunha e à inoculação isolada de A. brasilense.

Quando avaliado o comprimento de espiga essa também foi verificado incremento quando

comparado a testemunha em relação a inoculação isolada de A. brasilense, essa se

apresentou 5% superior, ou seja de 18,5 cm para 19,4 cm. Estes resultados aproximam-se

dos obtidos por Cavallet et al. (2000), que constataram aumento médio significativo de 6%

no comprimento médio das espigas de milho submetido à inoculação de produto comercial a

base de A. brasilense.

Tabela 6.6 Altura de inserção da espiga (AI), comprimento da espiga (CE), diâmetro da

espiga (DE), número de fileiras por espiga (NF), número grãos por fileira (NG), massa da

espiga (ME) e produtividade (PROD) de plantas de milho, híbrido 30R50, em função da

inoculação das sementes com bactérias diazotróficas, de forma isolada e combinada, das

estirpes de A. brasilense (AbV5) e H. seropedicae (SmR1). Unioeste, Marechal Cândido

Rondon, PR, 2010/2011 (DARTORA, 2012)

Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey, p<0,05. **Coeficiente de variação (%).

Nitrogênio no tecido foliar

Em avaliação da qualidade nutricional de plântulas de trigo, realizada por Klein et al.

(2012), as quais foram submetidas aos tratamentos de sementes com bioestimulante

Stimulate, triadimenol e bactéria diazotrófica A. brasilense, foi verificado que o uso de

Stimulate + A. brasilense elevou conteúdo de nitrogênio na parte aérea e raiz em plântulas

de trigo no desenvolvimento inicial da cultivar CD 116 de trigo, com constatação de elevação

do teor de N apenas na parte aérea (Tabela 6.7). A cultivar CD-104 apresentou menores

teores de N ao utilizar Stimulate de forma isolada ou em associação com A. brasilense, nas

raízes das plântulas de trigo, provavelmente por ocorrer incremento na parte aérea (Rampim

et al., 2012).

Page 125: Avaliação de carcaças bovinas

Guimarães et al.

117

Porém observa-se que para as cultivares CD-150 e CD-104, o tratamento com

triadimenol proporcionou maior teor de N na parte aérea das plântulas de trigo. Já quando

se combinou triadimenol com A. brasilense, houve menor teor de N nas plântulas da cultivar

CD-150. Porém, conforme os mesmos autores foram observadas alterações na arquitetura

foliar destas plantas, o que proporcionou aumento na produtividade da cultura em mais de

25%. De forma geral, na Figura 6.2, pode ser observado a interferência promovida pelos

diferentes tratamentos no desenvolvimento inicial de plântulas de trigo, testatados por Klein

et al. (2012).

Tabela 6.7 Teor de nitrogênio (N) na parte aérea e raiz de trigo em função do tratamento de

sementes com triadimenol, regulador de crescimento e bactéria Azospirillum brasilense.

Marechal Cândido Rondon/PR, 2011 (KLEIN et al., 2012)

TRI = 150 g L

-1 de triadimenol; CGA = 90 mg L

-1 de cinetina+50 mg L

-1 de ácido giberélico+50 mg L

-1

de ácido indolbutírico e AZO = estirpes AbV5 e AbV6 de Azospirillum brasilense na concentração de 2,0 x 10

8 células viáveis mL

-1;

Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna (entre tratamentos) e maiúscula na linha (entre cultivares) não diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo Teste de Scott-Knott; ** significativo a 1% de probabilidade.

Segundo Dobbelaere e Croonenboghs (2002) e Marini (2012), o teor de N foliar não

foi influenciado pela inoculação de A. brasilense nas culturas de milho e trigo inoculados na

presença de matéria orgânica e de N mineral.

Entretanto, segundo Dobbelaere et al. (2001), aumento nos teores de N em plantas

inoculadas com Azospirillum spp. evidenciou fixação biológica de N2 e produção de

mecanismos de promoção do crescimento, que podem incrementar a capacidade das

plantas em absorver nitrogênio. Em trabalho realizado por Dartora (2012), a inoculação de

sementes de milho com A. brasilense incrementou os teores de N nos grãos e de P foliar.

Da mesma forma, Inagaki (2014) verificou que a inoculação das bactérias promotoras de

crescimento vegetal em plantas de milho promoveu maior acúmulo de N foliar.

Page 126: Avaliação de carcaças bovinas

Uso de bactérias diazotróficas no Oeste do Paraná

118

Figura 6.2 Efeito na germinação de trigo em função do tratamento de

sementes com triadimenol, regulador de crescimento Stimulate e bactéria

Azospirillum brasilense. Marechal Cândido Rondon/PR, 2011 (KLEIN et al.,

2012). Tratamentos: T0 (Testemunha); T1 (TRI); T2 (CGA); T3 (AZO); T4 (TRI

+ CGA); T5 (TRI + AZO); T6 (CGA + AZO) e T7 (TRI + CGA + AZO); 150 g L-1

de triadimenol (TRI); 90 mg L-1 de cinetina + 50 mg L-1 de ácido giberélico +

50 mg L-1 de ácido indolbutírico (CGA) e estirpes AbV5 e AbV6 de

Azospirillum brasilense (AZO) na concentração de 2,0 x 108 células viáveis

mL-1,

O teor de nitrogênio nas folhas de trigo na cultivar CD 150, cultivado em casa de

vegetação, não foi influenciado pelas doses de N, quando se utilizou A. brasilense na

semente e ácidos húmicos em aplicação foliar (RODRIGUES, 2013) (Figura 6.3). Porém,

nos demais tratamentos, o aumento na quantidade de N aplicado, elevou significativamente

o teor de N foliar, sendo o grupo controle mais responsivo as doses de N do que os demais.

Campos et al. (1999) verificaram que a inoculação de sementes de trigo com “Gramineante”

que tem em sua composição a combinação das estirpes AbV5 e AbV6 de A. brasilense,

Page 127: Avaliação de carcaças bovinas

Guimarães et al.

119

proporcionaram maior acúmulo de nitrogênio total nos grãos de trigo cultivado sob palhada

de soja ou milho.

De acordo com Delfine et al. (2005) concluíram que a pulverização foliar de ácido

húmico, pode ser utilizada como fonte imediata de N no enchimento dos grãos do trigo duro,

porém essa técnica não visa substituir totalmente a adubação nitrogenada. Sobretudo, Reis

et al. (2006) apontam como fatores responsáveis para a grande amplitude de absorções

obtidas pela inoculação com bactérias promotoras do crescimento vegetal; as diferenças

entre cada material vegetal adotado, o local de cultivo, método de estimativa da contribuição

e a estirpe do promotor que está sendo utilizado, além de diversos outros fatores abióticos

que possam influenciar os cultivos agrícolas.

Figura 6.3 Teor de nitrogênio (Nf1) nas folhas de plantas de trigo, cultivar CD 150, cultivadas

em casa de vegetação, submetidas ao uso combinado de ácido húmico (AH) e estirpe AbV5

de Azospirillum brasilense, em função de doses de nitrogênio. Marechal Cândido

Rondon/PR, 2011. (RODRIGUES, 2013).

Inagaki (2014) realizou testes com níveis de acidez do solo [pH (CaCl2) de 4,5, 5,0 e

5,5] e inoculação das sementes de milho híbrido 30F53H com A. brasilense (AbV5), H.

seropedicae (SmR1) e mistura das estirpes AbV5+SmR1, tendo observado maior média do

teor N foliar nas plantas inoculadas com H. seropedicae (7,77 g kg-1), sendo superior ao

tratamento sem inoculação (6,78 g kg-1) (Tabela 6.8). No entanto, na ausência total de

adubação nitrogenada, como é o caso do presente estudo, pode ter estimulado a FBN da

atmosfera. Apesar do baixo teor de MO (8,20 g dm-3) do solo, a inoculação combinada das

estirpes (AbV5 e SmR1) e o isolado AbV5 elevaram o teor de N foliar quando comparado à

testemunha, porém não diferindo significativamente. De fato, o Azospirillum spp.

desempenha papel essencial na promoção do crescimento, excretando ácido indolacético

Page 128: Avaliação de carcaças bovinas

Uso de bactérias diazotróficas no Oeste do Paraná

120

(AIA) (BASHAN et al., 2004), que pode melhorar a absorção de nutrientes e elevar a

eficiência do uso do nutriente disponível (HUNGRIA, et al., 2010).

O teor foliar de N não foi influenciado significativamente com a variação dos níveis de

pH do solo no presente ensaio (Tabela 6.8), contudo tem sido observado respostas

diferenciadas entre cultivares de milho quanto a adubação nitrogenada por bactérias

promotoras de crescimento (HUNGRIA et al., 2010; DARTORA et al., 2013a). Araújo et al.

(2013), ao estudarem o acúmulo de N foliar em 35 genótipos de milho em função de

inoculação das sementes com H. seropedicae sem adubação nitrogenada, verificaram que

apenas nove híbridos obtiveram ganho significativo de N foliar, em condições de pH (CaCl2)

de 5,3. Döbereiner et al. (1995) presumem que a contribuição de fixação de N atmosférico

realizada pelo gênero Herbaspirillum é a associação mais eficiente dentre as endofíticas,

especialmente nos trópicos do que nas associações rizosféricas.

Nas condições do presente estudo a inoculação de bactérias promotoras de

crescimento não forneceram N (Tabela 6.8), como ocorre com a adubação nitrogenada na

cultura de milho (DUETE et al., 2008). Sala et al. (2008) também não encontraram efeito na

substituição das doses de N, contudo detectaram aumento no acumulado de N na espiga e

incremento parcial da produtividade quando associaram bactérias promotoras de

crescimetno à adubação nitrogenada.

Tabela 6.8 Teor de nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K) no tecido foliar de plantas milho

submetido à inoculação de bactérias promotoras de crescimento de plantas associadas a

três níveis de pH do solo aos 41 DAS. Unioeste, Marechal Cândido Rondon/PR, 2012

(INAGAKI, 2014)

Tratamentos N (g kg

-1)

pH 4,5 pH 5,0 pH 5,5 x̄

Testemunha 6,56 7,00 6,78 6,78B

AZ 7,00 6,86 7,29 7,05AB

HE 7,87 7,84 7,58 7,77A

AZ+HE 8,53 7,29 6,41 7,41AB

x̄ 7,49 7,25 7,01

F (IN) 3,532*

F (pH) 1,408ns

F (IN) x (pH) 2,147ns

C.V. (%) 11,01

D.M.S (IN) 0,6932

D.M.S (pH) 0,8824

Testemunha: Sem inoculação; AZ: Inoculação Azospirillum brasilense; HE: Inoculação Herbaspirillum seropedicae; AZ+HE: Inoculação Azospirillum brasilense e Herbaspirillum seropedicae;

nsNão

significativo, * e

** Significativo a 0,05 e 0,01 de probabilidade respectivamente, pelo teste Tukey.

Page 129: Avaliação de carcaças bovinas

Guimarães et al.

121

Uso de Azospirillum brasilense associado a ácidos húmicos

Recentemente, Rodrigues et al. (2014) verificaram o efeito do uso combinado de A.

brasilense, ácidos húmicos e diferentes doses de nitrogênio nas características agronômicas

do trigo e concluiram que o uso combinado de AbV5 + ácido húmico promove principalmente

a produção de matéria seca de folhas e não é responsivo à adubação nitrogenada para os

demais componentes produtivos em estudo nem para a produtividade dos grãos

(Figura 6.4).

Com relação à matéria seca de folha (Figura 6.4) observa-se que apenas o

tratamento controle foi responsivo à adubação nitrogenada sendo que, com a dose de

90 kg ha-1 N foram produzidos, em média, 2,44 g. Para os demais tratamentos não houve

respostas à fertilização nitrogenada, porém se ressalta que a adição de ácido húmico à

inoculação de bactérias, sendo usado conjuntamente, tendo aumentado o desenvolvimento

da parte aérea em relação à ausência de inoculação, promovendo acúmulo de matéria seca

das folhas. Neste sentido, Sala et al. (2007) verificaram que a produção de matéria seca

pela parte aérea de plantas de trigo duplicou ao inocular com bactérias diazotróficas.

Desta forma, observou-se que ácidos húmicos atuaram como bioestimulante nas

plantas de trigo, sugerindo que os ácidos húmicos podem atuar como regulador vegetal,

haja vista terem verificado que ácido húmico são capazes de promover aumento na síntese

de H+-ATPases de membrana plasmática (MP) em mono e eudicotiledôneas, considerando-

se que esta enzima apresenta papel central na capacidade de adaptação das plantas ao

ambiente, uma vez que fornece energia por meio da formação de um gradiente

eletroquímico originado da hidrólise de ATP, necessário tanto para a ação dos

transportadores uniporteres e simporteres, como para o aumento da concentração de H+ no

apoplasto, gerando pH ácido suficiente para ação de hidrolases capazes de romper ligações

e favorecer o afrouxamento da parede celular e, por consequência, expansão de células,

tecidos e órgãos vegetais (FAÇANHA et al., 2002; CANELLAS et al., 2002).

As respostas positivas da associação de A. brasilense + ácido húmico, podem ter

ocorrido em razão do que foi observado por Marques Júnior et al. (2008), em condições

controladas, em que a inoculação de bactérias do gênero Herbaspirillum mais substâncias

húmicas em minitoletes da variedade RB72454 de cana-de-açúcar tratados termicamente,

mostraram efeito da inoculação, combinada ou não, com substâncias húmicas, sobre o

aumento populacional da bactéria inoculada, assim como na promoção do crescimento

radicular induzido por ambos, inoculação da bactéria selecionada e do ácido húmico

sugerindo novos modelos de utilização das bactérias diazotróficas em plantas.

Page 130: Avaliação de carcaças bovinas

Uso de bactérias diazotróficas no Oeste do Paraná

122

Figura 6.4 Matéria seca de folhas - MSF de trigo cultivar

CD 150, submetido ao uso combinado de ácido húmico

(AH) e estirpe AbV5 de Azospirillum brasilense, em

função de doses de nitrogênio (RODRIGUES et al.,

2014).

Relação das bactérias diazotróficas na fitossanidade

Souza et al. (2012), ao avaliar a qualidade sanitária de sementes de milho

provenientes do cultivo associado com A. brasilense e H. seropedicae e adubação

nitrogenada, foi utilizado sementes de milho do cultivar DKB 390 (Tabela 6.9).

Dentre os fungos de campo e armazenamento veiculados e encontrados nas

sementes de milho, o Fusarium moniliforme, Aspergillus spp. e Giberella spp. são os

encontrados com maior frequência devido as condições ambientais apresentadas no país

(REIS et al., 1995).

Considerando que o ataque de microrganismos pode afetar o peso, o tamanho e a

qualidade das sementes, busca-se sempre a presença de sementes que apresentem

elevados índices de sanidade (CARVALHO et al, 1993). Os patógenos transmitidos por

sementes podem servir de inóculo inicial para o desenvolvimento progressivo da doença no

campo, reduzindo o valor comercial da cultura; fazendo com que testes de quarentena e de

certificação para o comércio internacional possam ser necessários (BRASIL, 2009).

Outros estudos relatam que a utilização de A. brasilense via pulverização foliar,

aliado à outros métodos de controle, reduz significativamente a incidência de doenças

bacterianas em tomateiro (BASHAN; DE-BASHAN, 2002). Na cultura do morangueiro, o A.

brasilense se mostra efetivo no controle fitosanitário, sendo responsável pelo aumento de

Page 131: Avaliação de carcaças bovinas

Guimarães et al.

123

compostos fenólicos nas plantas inoculadas e apresentar pico de incremento de ácido

salicílico, substância que age na transmissão dos sinais para ativação de respostas de

defesa vegetal (TORTORA et al., 2012).

Também, rizobactérias como Azospirillum, auxiliam na indução de resistência,

demonstrado pelo elevado estímulo na atividade de peroxidase (SILVA et al., 2004),

conhecida enzima que integra vários processos fisiológicos importantes, como ser

responsável pela precursão da lignina, sendo que mudanças em seus níveis são

frequentemente relacionadas a respostas em patossistemas (SCHWAN-ESTRADA et al.,

2008).

Na Tabela 6.9 percebe-se que entre os principais fungos, o Penicillium spp. foi

encontrado em maior porcentagem mantendo-se presente na maioria das sementes, onde

em alguns casos ocorreu a contaminação de 100% dos tratamento, já os fungos Giberella

spp. e Fusarium spp. foram encontrados apenas em algumas sementes apresentando

porcentagens menores de infecção. Mariano (2004), trabalhando com bactérias promotoras

de crescimento verificou que através da inoculação as bactérias diazotróficas colonizam,

ocupando sítios essenciais para desenvolvimento, resultando em competição e dificultando

o acesso dos mesmos ao patógeno, podendo atuar no controle biológico e influenciando

respostas a estresses bióticos e abióticos, assim como no combate a outros

microrganismos.

As bactérias promotoras de crescimento geralmente são expostas a condições de

alta competição, seja dentro da planta no sistema vascular ou até mesmo na interface solo-

raiz, devido a isso as mesmas aprimoraram mecanismos de defesas que favorecem seu

desenvolvimento perante outros organismos, como antibióticos, enzimas e bacteriocinas

(SALA, 2002). Moreira e Siqueira (2006), concluiram que além desses mecanismos de

defesas, a capacidade que estas possuem em modificar as propriedades físico-químicas do

meio no qual colonizam, alterando-o, podendo controlar a flora microbiana. Essa competição

interespecífica por espaços intracelulares e nutrientes atribui a essas bactérias a capacidade

de poder atuar no controle de organismos fitopatogênicos (GLICK; BASHAN, 1997).

Segundo Dartora et al. (2013b), o tratamento de sementes com fungicidas-inseticidas

auxilia o desenvolvimento inicial das plântulas de milho e trigo, sendo compatível com a

inoculação de estirpes de A.brasilense, tendo sido realizado testado o fungicida fludioxonil-

metalaxyl e os inseticidas deltamethrin e pirimifós-metil, nas doses de 1,50; 0,08 e 0,03 mL

por kg de sementes, respectivamente na cultura do milho híbrido 30F53 e em ensaios com a

cultura do trigo cultivar CD 104 foram utilizados o fungicida carboxina-tiram e o inseticida

fipronil, nas doses de 0,2 L e 0,1 L para cada 100 kg de sementes, respectivamente.

Page 132: Avaliação de carcaças bovinas

Uso de bactérias diazotróficas no Oeste do Paraná

124

Tabela 6.9 Percentagem de contaminação de sementes de milho (DKB 390®) inoculadas

com Azospirillum brasilense (estirpe AbV5) e Herbaspirillum seropedicae (estirpe SmR1),

reinoculadas com Azospirillum brasilense pelos principais fungos de armazenamento

(SOUZA et al., 2012)

Médias seguidas da mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si

significativamente pelo teste de Tukey (P<0,05). CV – coeficiente de variação.

Produtividade de grãos

No trabalho desenvolvido por Dartora (2012), apresentado na Tabela 6.5, mesmo

não ocorrendo incremento na produtividade com a inoculação das sementes, observa-se

que o tratamento submetido à inoculação combinada das estirpes de AbV5 + SmR1

alcançou produtividade média de 11.573 kg ha-1, enquanto o tratamento testemunha

apresentou produtividade média de 10.651 kg ha-1. O aumento na produtividade

proporcionado pela inoculação combinada das estirpes neste caso foi de 922 kg ha-1,

sugerindo a aplicabilidade da inoculação para o cultivo do milho.

Pinto Junior (2013) verificou que a dosagem mais eficiente do inoculante utilizado foi

100 mL do inoculante para 25 kg de sementes, resultando em maiores incrementos na

produtividade de experimentos realizados em Marechal Cândido Rondon, PR e Pato

Bragado, PR na cultura de milho híbrido 30F53 na safra de verão 2011/12. Na Tabela 6.10

pode ser observado, que a inoculação da estirpe AbV7, e a associação entre as estirpes

AbV5 + AbV6, AbV6 + AbV7 e AbV5 + AbV6 + AbV7 demonstraram os maiores incrementos

na produtividade da cultura em ambos locais avaliados, apesar dos efeitos da deficiência

hídrica e altas temperaturas. Também podem ser destacadas as médias dos tratamentos

com a inoculação isolada da estirpe AbV6 e a associação entre AbV5 + AbV6 e AbV5 +

AbV7 que obtiveram médias iguais a dose máxima de nitrogênio (120 kg ha-1) e

superioridade quando comparadas as doses de 0 e 60 kg ha-1 de nitrogênio (Tabela 6.10).

Page 133: Avaliação de carcaças bovinas

Guimarães et al.

125

Resultados semelhantes foram obtidos por Díaz-Zorita et al. (2005) ao trabalharem

com a inoculação de A. brasilense nas culturas do milho e trigo em 221 localidades na

Argentina. Estes autores verificaram que 75% a 95% dos experimentos realizados

resultaram em respostas positivas para produtividade em ambas as culturas. Nesse sentido,

Hungria et al. (2010) verificaram, nas parcelas inoculadas com A. brasilense, incrementos

produtivos de 27% e 31% para as culturas do milho e trigo, respectivamente. Também,

Canellas et al. (2011) verificaram incrementos na produtividade da cultura do milho de 20% e

65% em relação ao tratamento controle para as plantas inoculadas com H. seropedicae,

associado a aplicação de substâncias húmicas.

Desta forma, os incrementos em relação à produtividade da cultura do milho com a

inoculação de bactérias diazotróficas estão relacionados em parte com a fixação biológica

do diazoto, bem como, com promoção do crescimento vegetal pela ação de substâncias

regulatórias (DEY et al., 2004; NARULA et al., 2006; CASTRO et al., 2008; HAYAT et al.,

2010; PATHMA et al., 2011).

A capacidade das bactérias do gênero Azospirillum em reduzirem os efeitos

deletérios causados pelo déficit hídrico vem sendo objeto de estudo de vários

pesquisadores. Nesse sentido, Sarig et al. (1992) verificaram que plantas de sorgo

inoculadas com Azospirillim spp. tiveram sua condutividade hidráulica aumentada entre 25%

e 40% em relação as plantas não inoculadas. Também Manoharam et al. (2012)

trabalhando com plantas de milho inoculadas com A. brasilense sob diferentes regimes de

irrigação, verificaram que a inoculação resultou em incrementos de 19%, 16% e 31% para

as variáveis de altura de planta, massa seca da planta e produtividade de grãos,

respectivamente. Reier Bakken (1997) descreve que a inoculação com Azospirillum spp.

propicia à planta um ambiente mais favorável reduzindo os estresses causados pela falta de

água, em função dos mecanismos promotores de crescimento relacionados a síntese

hormonal, resultando em plantas com sistema radicular de melhor qualidade e

consequentemente mais aclimatadas a estreses ambientais.

Vale destacar ainda que a grande maioria dos estudos relacionados à síntese de

hormônios vegetais pelo gênero Azospirillum estão envolvidos na produção de ácido indol-

acético (AIA) por este ser um dos principais reguladores de varias funções nas plantas

(ANTOUN; PRÉVOST, 2005; DODD et al., 2010). Esses microrganismos também sintetizam

ácido abscísico, sendo um hormônio relacionado a respostas da planta em condições de

deficiência hídrica (TAIZ; ZEIGER, 2013; PERRIG et al., 2007). Nesse sentido, Zawoznik et

al. (2011) trabalhando com a inoculação de A. brasilense em plantas de cevada submetidas

a diferentes níveis de salinidade, verificaram que as plantas inoculadas suportaram em

melhores condições o estresse induzido.

Page 134: Avaliação de carcaças bovinas

Uso de bactérias diazotróficas no Oeste do Paraná

126

Page 135: Avaliação de carcaças bovinas

Guimarães et al.

127

A produtividade do híbrido DKB 390 (Dekalb®) foi influenciada positivamente quando

realizou se a inoculação das sementes com a dose de 100 mL do inoculante formulado a

base das estipes AbV5 e AbV6 da bactéria A. brasilense para 25 kg de sementes, tendo

alcançado médias de produtividade significativamente superiores em relação aos demais

tratamentos utilizados (Tabela 6.11) (PINTO JÚNIOR, 2013).

Tabela 6.11 Médias para diâmetro do colmo (DC), massa seca total (MST), massa de 1000

grãos (M1000), número de grãos por fileira (NGF), teor de nitrogênio dos grãos (NGRA), teor

de nitrogênio das folhas (NF) e produtividade (PROD) de milho híbrido DKB 390, em função

da inoculação das sementes com diferentes doses do inoculante a base da bactéria

Azospirillum brasilense na dose de 100, 150 e 200 mL por 40 kg de semente e adubação

nitrogenada, Marechal Cândido Rondon, PR, 2010/2011 (PINTO JUNIOR, 2013)

Tratamentos D.C MST M1000 NGF NGRA NF PROD

Mm -------------g------------- -- -----g Kg-1

----- kg ha-1

0 N 24,19 c

96,72 d 340,68 c 33,20 b 32,23 47,01 5383 c

60 N 24,68 c 117,96 cd 373,63 b 35,07 ab 34,18 51,35 6094 bc

120 N 26,83 b 163,49 ab 386,96 a 35,15 ab 34,32 51,64 6191 bc

Az 100 26,19 b 137,11 bc 375,56 b 35,05 ab 33,96 51,47 6476 bc

Az 150 26,50 b 140,60 abc 390,07 a 36,35 a 35,64 49,36 6623 b

Az 200 29,10 a 169,68 a 392,10 a 37,52 a 34,17 49,71 8024 a

C.V. (%) 4,79 16,04 6,63 5,47 7,97 9,88 10,37

Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem significativamente pelo teste Tukey a 0,05%

de probabilidade.

Okon e Labandera-Gonzáles, (1994) ao avaliarem vinte anos de estudos com a

inoculação de Azospirillum spp. verificaram efeito positivo em 60% a 70% dos experimentos.

Nesse sentido, os efeitos benéficos da inoculação com A. brasilense vêm sendo difundidos

em diversos trabalhos na literatura (DÖBEREINER; BALDANI, 1982; REYNDERS;

VLASSAK, 1982; DÖBEREINER; SALOMONE, 1995; SALOMONE; DÖBEREINER, 1996;

CAVALLET et al., 2000; ZEHNDER et al., 2001; HUNGRIA et al., 2010), que atribuem o

maior desenvolvimento das plantas, bem como, os incrementos obtidos em produtividade,

as características que essas bactérias possuem em sintetizar fitormônios relacionados ao

crescimento vegetal como as auxinas, giberilinas e citocininas e ainda pela disponibilização

do N2 presente no solo em formas absorvíveis para as plantas. Além disso, as bactérias

fixadoras de nitrogênio podem controlar os níveis de etileno nas plantas, reduzindo efeitos

que o excesso desse hormônio pode causar (GOVINDASAMY et al., 2008; DUAN et al.,

2009).

Page 136: Avaliação de carcaças bovinas

Uso de bactérias diazotróficas no Oeste do Paraná

128

As rizobatérias promotoras do crescimento vegetal, incluindo as da espécie A.

brasilense são eficazes em influenciar a capacidade das plantas para que estas venham a

se restabelecer mais rapidamente sob condições estressantes (AZCÓN; BAREA, 2010).

Atividade enzimática

A atividade de enzima peroxidase (POX) que são responsáveis por participar de

vários processos de importância no metabolismo das plantas, principalmente em relação à

defesa da mesma quanto a agentes estranhos. Além de participar da formação da lignina,

outro ponto importante na defesa das plantas. Ainda pode-se citar que ela participa da

oxidação de AIA, hormônio este que pode ser produzido pelo A. brasilense.

Em trabalho realizado em vaso por Bulegon (2013), foi observado diferença durante

a fase inicial V4 (Tabela 6.12). Durante esta fase os tratamentos que continham a presença

de Triazo (AbV5+AbV6+AbV7) favoreceu o aumento da enzima POX em relação aos demais

tratamentos. Já em R4 não foi obtido diferenças entre os tratamentos. Esse pode estar

relacionado com o processo infeccioso das bactérias, uma vez que essas podem se

apresentar no interior dos tecidos. Assim, a planta possivelmente ativou suas defesas, até

reconhecê-lo como um organismo benéfico. Este fato pode ser importante, pois pode

aumentar a resistência das plantas ao ataque de pragas e doenças, em função da

inoculação com bactérias diazotróficas.

Tabela 6.12 Proteínas solúveis, atividade de fenilalanina amônia-liase (FAL) e peroxidase

(POX) de plantas de soja submetidas à inoculação e co-inoculação de bactérias

diazotróficas, nos estádios V4 e R4 da cultura. Marechal Cândido Rondon-PR, 2012

(BULEGON, 2013)

Tratamentos

Proteínas Solúveis

(µg mL-1

)

FAL (mg de ácido trans-cinâmico

h-1

mg proteina-1)

POX

(UA min-1

mg proteína-1

)

V4 R4 V4 R4 V4 R4

Testemunha 0,179 bc 0,175 b 2,168 ab 1,505 0,075 c 0,109

Nitrogênio 0,167 bc 0,226 ab 1,710 ab 1,621 0,098 c 0,137

B. japonicum 0,196 b 0,206 ab 1,493 b 1,793 0,154 ab 0,114

AbV5+AbV6 0,246 ab 0,245 ab 2,224 a 1,634 0,110 bc 0,131

Triazo 0,289 a 0,263 a 2,126 ab 1,815 0,162 a 0,148

Brad+AbV5+AbV6 0,101 bc 0,286 a 1,613 ab 1,939 0,063 c 0,154

Brad+Triazo 0,248 ab 0,238 ab 1,579 ab 1,592 0,162 a 0,150

C.V. (%) 17,77 15,62 16,57 16,45 17,75 17,90

D.M.S. 0,083 0,084 0,703 0,642 0,048 0,055

F 11,99** 4,00** 4,33** 1,18ns

16,13** 2,20ns

** - significativo a 1%, pelo teste F. ns

– não significativo. Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna,

não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05).

Page 137: Avaliação de carcaças bovinas

Guimarães et al.

129

Outro ponto que remete esses maiores valores de POX, está relacionado com as

observações de Marques et al., (2012), onde plantas equilibradas nutricionalmente

apresentaram maior capacidade de ativação de POX. Assim pode-se estimar a partir das

citações descritas por Pedrinho, (2009), onde diferentes estirpes de bactérias, mesmo

pertencentes ao mesmo gênero, apresentam comportamento diferente. Provavelmente por

estas estarem excretando diferentes níveis de hormônios e nutrientes, e apresentar maior

capacidade de infecção e colonização, ou até mesmo produzir diferentes compostos. Com

base nessas citações pode-se apontar que a estripe de AbV7 presente no inoculante Triazo

pode possuir maior potencial com soja e eficiência para essa cultura, aumentando a

atividade da enzima POX, podendo ser potencial para aumentar a resistência adquirida das

plantas ao ataque de pragas e patógenos.

Já a fenilalanina amônia-liase (FAL), que exerce importante função no metabolismo

secundário, participando na formação de vários compostos fenólicos. Os resultados

mostram que em V4 os tratamentos que receberam a inoculação com A. brasilense

apresentaram maior atividade dessa enzima, mas não diferenciando da testemunha e

plantas que receberam fertilização com N. Em R4 não foi possível se observar diferença

significativa entre os tratamentos (Tabela 6.12).

Os valores de POX e FAL encontrados nesse trabalho concordam com os

encontrados por Marques et al. (2012), trabalhando com déficit de potássio em plantas de

soja, e Bido et al. (2010), estudando o efeito da aplicação de flavonoides na cultura da soja.

Variabilidade de respostas

A variabilidade de respostas da inoculação de Azospirillum no milho pode estar

relacionada a diversos fatores, sendo o genótipo da planta um fator-chave para obtenção

dos benefícios oriundos da associação da bactéria com a planta (REIS JÚNIOR et al. 2000),

visto que existe um certo grau de especificidade de algumas bactérias em relação ao

hospedeiro. Dotto et al. (2010) relatam que a seleção de estirpes eficientes também é

fundamental para se obter efeito positivo da inoculação de bactérias diazotróficas em

gramíneas. Outro fatores ambientais, como temperatura, umidade, aeração, pH, salinidade

entre outros podem influenciar a atividade e a sobrevivência de bactérias no solo, além da

competição com outros microrganismos do solo (BRANDÃO, 1992). Ainda segundo Brandão

(1992), o pH pode prejudicar o crescimento de microrganismos no solo não somente quando

a concentração de íons H+ e OH- estiver elevada, mas também pelo seu efeito indireto na

disponibilidade de nutrientes e na penetração de compostos tóxicos presentes no meio nas

células microbianas.

Page 138: Avaliação de carcaças bovinas

Uso de bactérias diazotróficas no Oeste do Paraná

130

Portanto, mais estudos que avaliem a inoculação de Azospirillum spp. em diferentes

condições de cultivo associados a genótipos diferentes de milho necessitam ser realizados

para maior conhecimento da interação bactéria/genótipo/ambiente, evidenciando a

importância de grupos de pesquisas trabalhando nas mais diversas áreas.

Agradecimentos

À Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do

Paraná, afiliada à Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – SETI, á

CAPES/PNPD e ao CNPq/INCT-FBN, pelo suporte financeiro.

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Page 147: Avaliação de carcaças bovinas

Capítulo 7

Fixação biológica de nitrogênio e efeitos do

tratamento químico das sementes na sua

eficiência

Rubens Fey1

Gabriel Felipe Vogel2

Lais Martinkoski3

Alfredo Richart4

Leandro Rampim5

Jeferson Klein6

1 Universidade Federal da Fronteira Sul, Laranjeiras do Sul (UFFS), PR, [email protected]

2 Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Laranjeiras do Sul – PR, [email protected]

3 Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO), Guarapuava - PR,

[email protected] 4

Pontifícia Universidade Católica (PUC), Toledo – PR, [email protected] 5

Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Marechal Cândido rondon – PR – [email protected] 6

Pontifícia Universidade Católica (PUC), Toledo – PR, [email protected]

Introdução

O nitrogênio (N) é o elemento mais abundante da atmosfera, além de ser o segundo

composto elementar requerido em maiores quantidades pelas plantas. Este elemento é

responsável por várias reações e constituições de estrutura nas plantas, dentre elas a

clorofila, enzimas e proteínas (TAIZ; ZIEGER, 2004). Por ser um elemento essencial, seu

balanço pode afetar o desenvolvimento das plantas, principalmente nas taxas

fotossintéticas, formação e translocação de fotoassimilados. Pode interferir diretamente a

taxa de crescimento das folhas e raízes, afetando deste modo o crescimento das plantas e

alterando a produtividade (FAGAN et al., 2007).

As plantas podem obter o N de diversas fontes, por vias de fixação biológicas ou

não, destacando-se a decomposição da matéria orgânica, a utilização de fertilizantes

Page 148: Avaliação de carcaças bovinas

Fixação biológica de nitrogênio e efeitos do tratamento químico de sementes...

140

nitrogenados minerais e o processo de fixação biológica do nitrogênio atmosférico (N2)

realizado por bactérias fixadoras do N presente na atmosfera. O N oriundo da matéria

orgânica é bastante limitante no solo, isto é, sofrendo com fatores que aceleram seu

esgotamento, principalmente com elevadas temperaturas e umidade no solo, além de

fatores como lixiviação e volatilização, desta forma, resultando em solos com teores pobres

desse nutriente, capaz de fornecer em média apenas 10 a 15 kg ha-1 cultura-1. A fixação não

biológica, oriunda de descargas elétricas, combustão e vulcanismos contribuem com apenas

10% das entradas de N no solo (HUNGRIA et al., 2007).

A utilização de fertilizantes nitrogenados se desponta como a forma mais comum de

fornecimento de N as plantas, devido à rapidez no fornecimento de N disponível,

proporcionando respostas em curto prazo nas culturas (BARBOSA FILHO et al., 2004).

Dentre as principais fontes de fertilizantes nitrogenados utilizadas na agricultura, a uréia

(45% de N) se destaca pelo fato de apresentar maior concentração de N em relação ao

menor preço por quilograma do nutriente quando comparado às outras fontes disponíveis no

mercado (MARCHESAN, 2011).

Para que ocorra a síntese do N na forma de uréia, Malavolta et al. (2002) destacam

que é necessário um processo que consiste na reação de N2 e gás carbônico a elevada

pressão e temperatura junto a um catalisador. Hungria et al. (2007) destacam que um dos

fatores limitantes para produção de fertilizantes nitrogenados reside no seu elevado custo,

devido a necessidade de altos gastos com energia, especialmente energia oriunda de

petróleo. Outro fator a ser mencionado refere-se à baixa eficiência dos fertilizantes

nitrogenados, sendo que sua utilização pelas plantas não ultrapassa em média 50%,

dependendo do manejo adotado na área. Deste modo, metade do nitrogênio aplicado é

perdido via lixiviação, desnitrificação e volatilização (SANTOS; SILVA, 2002).

Conforme Döbereiner (1997) a agricultura no Brasil, e em especial as regiões dos

trópicos podem vir a ser dependentes da utilização de fertilizantes nitrogenados. Uma vez

que em grande parte destas áreas, o N pode ser perdido em função da rápida

decomposição da matéria orgânica, como consequência da elevada umidade do ar e

temperatura elevada, adequadas à decomposição, ou ainda a intempéries como as fortes

chuvas. Processo que acelera a decomposição, além de promover a erosão e maior

lixiviação de N, acarretando na contaminação de rios, lagos e lençóis freáticos.

Neste sentido a fixação biológica de N2 (FBN), realizada por alguns microrganismos

que habitam o solo, desponta-se como alternativa mais sustentável de fornecimento de N

para as plantas e redução de gastos com fertilizantes nitrogenados (VINHAL-FREITAS;

RODRIGUES, 2010). Em contexto amplo, a fixação biológica de nitrogênio contribui com a

Page 149: Avaliação de carcaças bovinas

Fey et al.

141

entrada de 65% do total deste nos sistemas, sendo superior a aplicação de fertilizantes

nitrogenados (25%) e fixação não biológica (10%) (HUNGRIA et al., 2007).

Diante desta situação, busca-se com este capítulo, ampliar o foco de uso das

bactérias diazostróficas na agricultura brasileira como uma alternativa para os agricultores

diminuírem seus custos de produção, aumentando a eficiência do N nos sistemas de

produção.

Processo de fixação biológica do nitrogênio

Ao avaliar o processo de FBN, Franche et al. (2009) descreve que este mecanismo é

muito complexo e não completamente elucidado, sendo explicado em vias gerais conforme

descreve a Equação 1. Alguns microrganismos que habitam o solo conseguem quebrar a

tripla ligação do N2 e convertê-lo em amônia (NH3) graças à ação das enzimas chamadas

dinitrogenase, com menor gasto de energia que o processo industrial, se tornando assim

mais sustentável ao ambiente (HUNGRIA et al., 2007).

N2 +16 MgATP + 8 e- + 8 H+ → 2NH3 + H2 + 16 MgADP + 16 Pi (1)

As bactérias com capacidade de converter N2 em (NH3) podem ser denominadas

como diazotróficas ou fixadoras de N2, as quais têm a capacidade de se associarem a

diferentes espécies de plantas. Estas bactérias também podem apresentar graus e

especificidades distintos, classificando-se como associativas endofíticas e simbióticas

(MOREIRA et al., 2010). Portanto, os estudos destas associações se destacam como sendo

de suma importância devido à contribuição das mesmas para o fornecimento de nitrogênio

em diferentes agroecossistemas, com retorno econômico e ambiental.

As bactérias diazotróficas podem promover o fornecimento de nitrogênio às plantas

tanto pela FBN como pela produção de substâncias que auxiliam o crescimento radicular

(MOREIRA et al., 2010; VOGEL et al., 2013). Entretanto, Rudnik et al. (1997) ressaltam que

este processo é regulado pela necessidade das bactérias fixadoras, variando em função da

espécie vegetal que está sofrendo a associação e do ambiente, uma vez que na presença

de amônio, a enzima nitrogenase, responsável pela redução do N2 é inativada.

Quanto à FBN, existem diferenças na fixação em plantas leguminosas e

monocotiledôneas. Em leguminosas (família Fabaceae), os rizóbios, ao entrarem em contato

nas raízes, induzem a formação de nódulos, favorecendo o processo de aproveitamento do

N2 por estes microrganismos, enquanto em monocotiledôneas (família Poaceae), o processo

de FBN não é tão eficiente como em leguminosas, pois a fixação se dá pelas bactérias que

vivem próximas às raízes ou no interior dos tecidos do vegetal, deste modo, implicam em

Page 150: Avaliação de carcaças bovinas

Fixação biológica de nitrogênio e efeitos do tratamento químico de sementes...

142

diferenças na eficiência do processo de FBN, ou seja, na quantidade de nitrogênio

disponibilizado às culturas (HARDARSON, 1993; CHI et al., 2005). Vogel et al. (2013)

ressalta que apesar de não substituir totalmente as necessidades de nitrogênio exigidas

pelas poáceas, a FBN para estas plantas é viável, pois auxilia na redução da quantidade de

N a ser aplicado e assim contribui com a busca de sistemas de produção agrícola

sustentável.

Atualmente, os inoculantes nacionais são direcionados para várias culturas dentre

elas a soja, o feijão, o milho e o trigo, entretanto, estas culturas apresentam bactérias

fixadoras especificas, isto é, que demonstram melhor capacidade de fixação de N,

melhorando o desempenho agronômico da cultura (HUNGRIA; VARGAS, 2000; GRAHAM;

VANCE, 2000; HUNGRIA et al., 2010; VOGEL et al., 2013).

Características gerais sobre inoculação

Neste contexto, devido à importância da FBN, a inoculação de bactérias

denominadas “diazotróficas” em sementes se tornou inovação tecnológica com ganhos

econômicos pelo fato de promover em algumas áreas a redução total, parcial e/ou melhor,

otimização do uso de fertilizantes nitrogenados para fabáceas e poáceas. Em soja, por

exemplo, segundo o último levantamento realizado em 2000 a inoculação resulta em

economia aproximada de 3 bilhões de dólares anuais ao país, quando se considera a

recomendação técnica de 240 kg de N para produção 3.000 kg ha-1 (SMITH, 1992;

HUNGRIA et al., 2000). Outro exemplo, Baldani et al. (2002) relatam que a inoculação em

arroz, com redução parcial de 25% da necessidade de N para esta cultura, resultaria em

economia de aproximadamente, 3 bilhões de reais/ano (custo médio da tonelada de uréia

R$ 1.200,00), de um total de 10 milhões de toneladas de adubos nitrogenados consumidos

anualmente para está cultura.

Sobre os métodos em disponibilizar as bactérias no sistema, Goulart (1998); Hungria

(2011) e Zilli et al. (2010a) descrevem que a inoculação sobre as sementes é a maneira

mais eficiente e conveniente que permite introduzir as bactérias fixadoras de N para a

superfície das sementes. Em fabáceas como soja e feijão, estas bactérias inoculadas irão

infectá-la, promovendo a produção de nódulos no sistema radicular, de forma que a planta

obtenha o nitrogênio necessário para o seu desenvolvimento, descrevendo como fixação

simbiótica (HUNGRIA et al., 2000). Com relação a fixação em poáceas e cereais, a

associação entre a bactéria diazotrófica e a planta é denominada comumente por fixação de

N2 associativa (KENNEDY et al., 2004). Apesar desta fixação não apresentar desempenho

tão significativamente como a simbiose em fabáceas, está fixação pode se tornar

importantes em termos globais quando considerar grandes extensões de áreas cultivadas

Page 151: Avaliação de carcaças bovinas

Fey et al.

143

com poáceas e cereais (MOREIRA et al., 2010). Dentro deste grupo podemos dividir em

dois grupos de acordo com Baldani et al. (1997), podendo ser endofíticos facultativos

(colonizam tanto a rizosfera como o interior das raízes) e os endofíticos obrigatórios

(colonizam apenas o interior das raízes). Entretanto, os inoculantes utilizados comumente

no mercado para disponibilizar bactérias associativas em poáceas destacam-se os

endofíticos facultativos como o gênero Azospirillum.

Vários veículos já foram testados com propósito de disponibilizar as bactérias sobre

as sementes de maneira mais eficiente, sendo utilizados alguns minerais, resíduos

industriais, além de polímeros naturais e sintéticos (DAZA et al., 2000; DENARDIN; FREIRE,

2000; BEN REBAH et al., 2002; BEN REBAH et al., 2007; FERNANDES JÚNIOR et al.,

2009). Entretanto, segundo Jardim Freire e Vernetti (1999) a utilização de inoculantes

líquidos e turfosos vêm se apresentando como as formas mais eficientes e práticas em

disponibilizar bactérias diazotróficas às plantas. Lupwayi et al. (2005) destacam ainda que a

turfa é considerada o veículo mais adequado, pois possibilita a manutenção do número de

bactérias viáveis, além de oferecer proteção física contra as adversidades do solo. No

entanto, o uso de inoculantes líquidos se destaca devido à facilidade de aplicação em

grandes culturas, facilitando a semeadura mecanizada (TITTABUTR et al., 2007;

ALBAREDA et al., 2008; LUPWAYI et al., 2005).

Zilli et al. (2010b) ressaltam que de acordo com a Legislação Brasileira, não há

restrição quanto à utilização de nenhum material como veículo de inoculante no Brasil,

desde que atenda as determinações técnicas do Ministério da Agricultura Pecuária e

Abastecimento (MAPA), a qual determina que estes materiais devem apresentar no mínimo

109 células viáveis por grama ou mililitro de produto até a data de seu vencimento, além de

fornecer no mínimo 600.000 células por semente, sendo que pesquisas indicam benefícios

na FBN de até 1.200.000 células por semente (SILVA; REIS, 2009; DENARDIN, 2010).

Fixação biológica de nitrogênio em soja

A soja (Glycine max (L.) Merrill) caracteriza-se por ser uma das culturas de maior

impacto econômico no mundo, o que se deve principalmente à utilização de seus grãos pela

agroindústria na produção de óleo vegetal, fabricação de rações para alimentação animal,

indústria química e de alimentos (COSTA NETO; ROSSI, 2000). Segundo Hungria et al.

(2001), o nitrogênio apresenta suma importância no desenvolvimento da cultura da soja,

lembrando que os grãos são ricos em proteínas, apresentando teor médio de 6,5% de N.

A FBN é uma característica importante por ser uma das fontes alternativas de

aquisição do nitrogênio sustentável para a cultura da soja, onde o N2 é convertido em NH4

pelas bactérias em simbiose às raízes da cultura (FRANCHE et al., 2009). No Brasil, as

Page 152: Avaliação de carcaças bovinas

Fixação biológica de nitrogênio e efeitos do tratamento químico de sementes...

144

taxas de fixação biológica de nitrogênio são estimadas entre 109 a 250 kg ha-1 de N,

equivalente entre 70% a 90% do N total acumulado pela planta de soja, podendo ser

observado o fornecimento de até 94 % do N requerido pelas cultivares mais produtivas de

soja, o que permite rendimentos superiores a 4.000 kg ha-1 (CAMPO; HUNGRIA, 1999;

HUNGRIA et al., 2006). Entretanto, diversos fatores inerentes entre a cultura da soja e a

bactéria afetam tais taxas, como os fatores físicos (temperatura, umidade, luz solar), e

genéticos e/ou nutricionais (ligados a planta), além da capacidade das estirpes de competir

e formar nódulo.

Dentre os microrganismos capazes de realizar o processo de FBN destacam-se as

bactérias do gênero Bradyrhizobium, as quais apresentam crescimento lento com tempo de

geração entre 7 a 13 horas em meio alcalino (SAHGAL; JOHRI, 2003). Apresentam forma

de bastonetes, são aeróbicas e Gram-negativas, necessitam de temperaturas entre 25 ºC a

30 ºC para seu desenvolvimento, sendo capazes de induzir a nodulação em leguminosas

tropicais e temperadas (ZAKHIA; LAUJUDIE, 2001; WILLEMS, 2006). Lopes et al. (1976) já

afirmavam na década de 1970 que este gênero se destaca, pois a soja apresenta alto grau

de especificidade em relação à bactéria que ela se associa, nodulando normalmente apenas

com a Bradyrhizobium japonicum e Bradyrhizobium elkanii.

As bactérias fixadoras N pertencentes ao grupo simbiótico se diferenciam de outras

bactérias diazotróficas, tais como as associativas e vida livre, devido a sua capacidade de

formar nódulos (SANTOS; REIS, 2008). Inicialmente, no solo ocorre troca de sinalizações

entre a planta e a bactéria hospedeira, na qual a planta libera compostos flavonóides pelos

exsudatos das raízes, induzindo o rizóbio à expressão de “operons” contendo genes “nod”

de forma altamente seletiva (AUSMEES et al., 2004). Estes genes codificam enzimas de

biossíntese e liberam fatores “Nod”, os quais são essenciais para o processo de infecção,

atuando no reconhecimento da planta e da bactéria (LÓPEZ-GARCÍA et al., 2002;

GRESSHOFF, 2003). Hungria et al. (2007) definem este processo de forma mais

simplificada, afirmando que ocorre um reconhecimento específico entre a bactéria e a planta

hospedeira, ocasionando a invasão dos rizóbios no tecido vegetal, resultando assim na

formação dos chamados nódulos.

De acordo com Fred et al. (1932) e Hungria et al. (2000) entre as décadas de 1930 a

1980 as bactérias que apresentavam alta capacidade em nodular a soja eram nomeadas de

Rhizobium japonicum. Entretanto, estas estirpes diferiam-se dos demais rizóbios por

apresentar crescimento lento e reação alcalina em meio de cultura que continha manitol

como fonte de carbono (CHUEIRE et al., 2003). Posteriormente, em 1982, diferenças

genéticas, bioquímicas e fisiológicas entre as diferentes estirpes deste grupo promoveram

nova classificação, reclassificando as bactérias com alta capacidade de fixação em soja

Page 153: Avaliação de carcaças bovinas

Fey et al.

145

para Bradyrhizobium japonicum (JORDAN, 1982; KUYKENDALL et al.,1992), mais

recentemente, com a descoberta de mais uma espécie, foram reclassificadas como

Bradyrhizobium japonicum e Bradyrhizobium elkanii (BARBARO et al., 2014).

Atualmente, dentre as espécies utilizadas em inoculantes comerciais com

capacidade de nodular a soja e desencadear o processo de FBN, destacam-se a

Bradyrhizobium japonicum com estirpes relacionadas ao Grupo I e Bradyrhizobium elkanii

com estirpes pertencentes ao Grupo II (KUYKENDALL et al., 1992). Ainda segundo estes

autores, as estirpes apresentam metabolismo diferenciado entre si, podendo influenciar na

quantidade de N fixado e acúmulo de matéria seca pela leguminosa.

No Brasil, atualmente dentre as estirpes utilizadas como inoculante, destacam-se na

espécie Bradyrhizobium japonicum as estirpes Semia 5079: CPAC 15 e Semia 5080:

CPAC 7, enquanto na espécie Bradyrhizobium elkanii são destacadas as estirpes Semia

587 e Semia 5019 (HUNGRIA; VARGAS, 2000; CHUEIRE et al., 2003). Entretanto, apesar

do gênero Bradyrhizobium apresentar alta capacidade de fixação de N2, existe grande

variabilidade entre as espécies e estirpes que nodulam a soja quando é avaliado a eficiência

no processo simbiótico, bem como a capacidade em competir com bactérias já

estabelecidas no solo (ARAÚJO; HUNGRIA, 1999). Minamisawa et al. (1993) destacam que

a espécie Bradyrhizobium japonicum tende a apresentar maior competitividade quando

comparado a Bradyrhizobium elkanii.

Hungria et al. (1998) afirmam que a B. japonicum, além de apresentar maior

nodulação e elevada taxa na fixação de N2, tende a promover maior rendimento às culturas

quando comparado a estirpes de Bradyrhizobium elkani. No entanto, vale ressaltar que a

competitividade entre espécies de bactérias pode sofrer influência de diversos fatores

externos. Suzuki et al. (2014) verificam que as estirpes de Bradyrhizobium japonicum

apresentam alta infecção e dominância nos nódulos por solos com baixas temperaturas (17

a 23 ºC), demonstrando efeito inverso a Bradyrhizobium elkanii, a qual apresenta melhor

adaptação em solos com altas temperaturas (27 a 33 ºC).

Apesar de haver diferenças em eficiência entre as duas espécies, vários benefícios

podem ser relatados com a utilização de B. japonicum e B. elkanii quando utilizados em

ação conjunta. De acordo com Araújo e Hungria (1999), em áreas com ausência desta

bactéria, a inoculação com estirpes de B. japonicum e B. elkanii além de aumentar o número

de nódulos em diferentes estádios vegetativos, promove maior rendimento e acúmulo de N

nos grãos. Tais condições demonstram assim alta capacidade em fixar nitrogênio, com

valores variando de 102,9 kg de N ha-1 a até 300 kg de N ha-1, dependendo do manejo

empregado, podendo assim substituir a utilização de fertilizante nitrogenado para a cultura

da soja (SMITH; HUME, 1987; HAROLD; FUDI, 1992; ALVES et al., 2006).

Page 154: Avaliação de carcaças bovinas

Fixação biológica de nitrogênio e efeitos do tratamento químico de sementes...

146

Alguns estudos vêm demonstrando resultados satisfatórios, a exemplo de Pereira et

al. (2010b) que destacam a inoculação como sendo capaz de influenciar de maneira positiva

características como a massa de matéria seca de raiz, altura da planta e produtividade da

soja. Sendo que em seus estudos foi constatado que a FBN supriu totalmente a

necessidade de nitrogênio exigida pela cultura. Embora em algumas situações tenha sido

observado que a aplicação de fertilizantes gera aumento na produtividade de grãos,

podendo chegar a 300 kg ha-1, estudos demonstram que ainda é economicamente inviável a

aplicação de nitrogênio na cultura da soja devido ao custo e benefício (PETTER et al.,

2012). Deste modo, verifica-se que a aplicação de nitrogênio suplementar não apresenta

benefícios econômicos que viabilizem a sua utilização no Brasil (ALVES et al., 2006;

MENDES et al., 2008), pelo contrário, prejudica a FBN (RUSCHEL et al., 1974; HUNGRIA;

VARGAS, 2000; MERCANTE; FRANCO, 2000; FAGAN et al., 2007; HUNGRIA et al., 2007;

FERNANDES JÚNIOR; REIS, 2008; BORTOLAN et al., 2009; DASTMALCHI;

DHAUBHADEL, 2014).

Não somente no Brasil já é comprovado que a utilização de bactérias fixadoras de N2

permite a não utilização de nitrogênio via adubação, mas também em outros países como a

Grécia já foi verificado que o rendimento da soja não é afetado pela adubação nitrogenada

em áreas onde as bactérias já se estabeleceram (SIMONIS; SETATOU, 1996). Hoque

(1993) ao estudar este efeito em regiões de Bangladesh encontrou resultados

demonstrando que a utilização de inoculante contendo bactérias do gênero Bradyrhizobium

promoveu aumento de 113% sobre rendimento da soja, em comparação a 49% de aumento

com utilização de uréia; deste modo, concluiu que a inoculação substitui totalmente a

necessidade de adubação nitrogenada (HOQUE, 1993). Segundo Alves et al. (2003), a

utilização de estirpes de Bradyrhizobium adequadas pode promover um sistema de FBN

eficiente, na qual as tentativas de aumento da produção através da adição de fertilizante

nitrogenado quase nunca são bem sucedidas.

Além da utilização de fertilizantes nitrogenados sobre a cultura da soja não beneficiar

economicamente o produtor, quando as sementes são inoculadas com bactérias B.

japonicum e B. elkanii, a utilização demasiada deste fertilizante ainda pode proporcionar

prejuízos à planta (ALBAREDA et al., 2009), como menor nodulação (YOUNG et al., 1988).

Segundo Hungria et al. (1998) a soja dispõe de grande quantidades de N fornecida via FBN,

sendo suficientes para seu completo desenvolvimento e produção satisfatória.

Ocasionalmente, observa-se que entre 10 a 12 dias após a emergência (DAE) a

cultura apresenta folhas com sinais de deficiência de N, pois nesta fase, as reservas

nutritivas das sementes estão sendo utilizadas na formação dos nódulos; constatação que

levou alguns estudos a sugerirem uma dose inicial de fertilizante nitrogenado ("dose de

Page 155: Avaliação de carcaças bovinas

Fey et al.

147

arranque") para auxiliar a planta a estabelecer mais rapidamente e, eventualmente, resultar

em rendimentos mais elevados, entretanto, esta dose inicial não apresenta efeito

significativo sobre o rendimento e a qualidade dos grãos (ALVES et al., 2003).

Segundo Ruschel et al. (1974) o efeito antagônico promovido pela utilização de N

mineral sobre a nodulação e a fixação N2 ocorre devido à redução na disponibilidade de

oxigênio para respiração nodular e da limitação de carboidratos ao metabolismo do nódulo.

Isto se deve provavelmente pela presença de nitrato e nitrito acumulado sobre os nódulos,

os quais podem inibir a fixação de nitrogênio e diminuem a atividade da nitrogenase,

reduzindo a disponibilidade de energia ao bactérióide (FAGAN et al., 2007). Da mesma

forma pode ocorrer ainda a redução da exsudação de flavonóides, sendo que estes são

responsáveis pela sinalização para a infecção da bactéria (FERNANDES JÚNIOR; REIS,

2008; DASTMALCHI; DHAUBHADEL, 2014). Segundo Mercante e Franco (2000) e Bortolan

et al. (2009) destacam a presença elevada de amônio como a principal responsável por

reprimir a indução do gene “nodD” e genes “nodABC”. Esta menor indução destes genes

tende a reduzir a fixação de nódulos, e assim consequentemente refletir em baixo

rendimento das plantas (HUNGRIA; VARGAS, 2000; HUNGRIA et al., 2007).

De fato, experimentos realizados por Hardarson et al. (1984) evidenciaram que a

utilização de fertilizante nitrogenados, precisamente com doses altas, em torno de

100 kg ha-1 de N, resultam em menor fixação de N2 pelas bactérias quando comparado a

doses menores, com 20 kg ha-1 de N.

Outro fator promovido pela utilização de fertilização nitrogenada é a redução no

número de nódulos, sendo que, autores como Young et al. (1988) observaram baixa

formação de nódulos em plantas de soja quando estas foram associadas a adubação

nitrogenada. Abdel Wahab e Abd-Alla (1996) avaliando o efeito das diferentes doses de

fertilizantes nitrogenados (0; 16; 32; 64 e 128 kg ha-1 N) sobre duas cultivares de soja,

verificaram que a nodulação e o crescimento da planta aumentou significativamente a

medida que o N foi aplicado em doses baixas. Resultados semelhantes foram encontrados

por Novo et al. (1999), que mencionam a adubação nitrogenada como capaz de afetar

negativamente o processo de nodulação e a fixação simbiótica de nitrogênio.

Deste modo, verifica-se que a inoculação da soja proporciona melhor relação

custo/benefício que a adubação com fertilizantes sintéticos, aumentando a produção de

grãos, e consequentemente elevando a competitividade da soja brasileira no agronegócio

internacional (MENDES, 2007).

Page 156: Avaliação de carcaças bovinas

Fixação biológica de nitrogênio e efeitos do tratamento químico de sementes...

148

Fixação biológica de nitrogênio em feijão

O Brasil é o terceiro maior produtor e também o maior consumidor de feijão

(Phaseolus vulgaris) do mundo, tendo o estado do Paraná como maior produtor nacional

(CONAB, 2014). As sementes ou grãos desta espécie se caracterizam como importante

fonte de proteína vegetal e de minerais, fazendo com que o feijão seja o alimento básico

para a população brasileira (MAPA, 2014).

Em um contexto geral, a utilização de inoculante do grupo rizóbio em plantas

leguminosas pode ser uma alternativa na substituição do nitrogênio devido à capacidade de

realizar a fixação biológica tal qual ocorre na soja (VLASSAK et al., 1996). Entretanto,

autores como Melo et al. (2010) e Zilli et al. (2008) destacam que apesar de o feijão

apresentar ampla capacidade de FBN, não são observados efeitos a campo com a utilização

de inoculantes. Neste sentido muitos fatores justificam a queda de desempenho das

bactérias fixadoras associadas a esta planta, principalmente relacionado ao baixo aporte

tecnológico e à baixa especificidade na nodulação que comprometem a eficiência e sucesso

da FBN em feijão.

Segundo Melo e Zilli (2009), diversas bactérias do gênero Rhizobium e dos gêneros

Azorhizobium, Burkholderia, Bradyrhizobium, Mesorhizobium, Sinorhizobium, dentre outros,

apresentam capacidade em nodular e estabelecer simbiose com o feijão. Deste modo, a

baixa especificidade desta planta em selecionar bactérias simbiontes, destaca-se como o

fator limitante na exploração tecnológica da FBN, uma vez que as bactérias com baixa

capacidade de nodular e em grande proporção numérica no solo já estão estabelecidas.

Consequentemente este mecanismo podem fazer com que ocorra competição pelos sítios

ativos da planta, o que é refletido na eficiência da inoculação e na produção final (HARA;

OLIVEIRA, 2007).

A espécie recomendada para produzir inoculantes para cultura do feijoeiro produzido

no Brasil é o Rhizobium tropici, o qual apresenta elevada adaptação nas condições dos

solos tropicais, demonstrando resistência a altas temperaturas, acidez do solo e elevada

competitividade. Ou seja, apresenta capacidade de formar grande quantidade de nódulos no

feijão e apresentar dominância sobre rizóbios nativos presente no solo (MARTINEZ-

ROMERO et al., 1991; VLASSAK et al., 1996; HUNGRIA et al., 2003). Castellane e Lemos

(2007) citam que dentre as estirpes de Rhizobium tropici comercializadas na forma de

inoculante destacam-se a SEMIA 4077 (CIAT 899) e SEMIA 4080 (PRF 81), sendo que

estas não se diferenciam entre si em relação à produtividade e número de nódulos. No

entanto, segundo Ferreira et al. (2000) outras estirpes como a CIAT 899 apresentam bom

desempenho na nodulação.

Page 157: Avaliação de carcaças bovinas

Fey et al.

149

O uso de Rhizobium tropici pode resultar em vários benefícios sobre rendimento em

plantas de feijão, podendo em algumas situações aumentar a produtividade em até 35%,

equivalente a uma aplicação de 50 kg ha-1 de N mineral (MARTINS et al., 2003). Novo et al.

(1999) e Hungria e Vargas (2000) relatam que a nodulação nas raízes em fabáceas

apresenta alta capacidade em suprir totalmente ou parcialmente a necessidade de N pelas

plantas. Entretanto, conforme a quantidade de N mineral aplicado sobre as áreas com a

cultura do feijão inoculadas com Rhizobium tropici. Este nutriente pode influenciar sobre a

eficiência da inoculação e afetar a FBN, consequentemente prejudicando a simbiose planta-

bactéria e comprometendo a produção devido ao efeito negativo do N mineral sobre a

nodulação (BASSAN, 2001; ROMANINI JÚNIOR et al., 2007).

De acordo com Pinto et al. (2007), apesar da utilização de inoculante contendo

Rhizobium tropici sobre a cultura do feijoeiro não substituir totalmente a necessidade de N

requerida pela cultura, sua utilização pode melhorar o aproveitamento total do nitrogênio.

Pelegrim et al. (2009) descreve que o uso de Rhizobium tropici das estirpes SEMIA 4077 e

CIAT 899 acrescida de 20 kg ha-1 de N apresenta produção equivalente quando comparado

em áreas com 160 kg ha-1 de N com apenas bactérias nativas, isto é, possibilita a redução

de 140 kg ha-1 de N, sem alteração no rendimento, proporcionando acréscimo na receita

liquida do produtor.

Araújo et al. (2007) destacam que a utilização de Rhizobium tropici sem presença de

N mineral, além de reduzir em 100 kg ha-1 a necessidade de adubação nitrogenada sem

alterar o rendimento produtivo, promove maior fixação de N e maior número e massa de

nódulo por planta quando comparado com a utilização de somente N mineral, ressaltando

ainda que os melhores desempenhos sobre o comprimento de vagem, número de grãos por

vagem e número de vagens por planta foram obtidos na ausência ou baixa disponibilidade

de N mineral.

Ressalta-se que para ocorrer o sucesso da FBN na cultura do feijão, em especial a

realizada pela bactéria Rhizobium tropici, é necessário avaliar fatores externos para

promover ambiente propício ao desenvolvimento deste rizóbio, como acidez do solo

(CAMPANHARO et al., 2010), temperatura (FERREIRA et al., 2000), N mineral (MOURA et

al., 2009), dentre outros.

Fixação biológica em monocotiledôneas

Martins et al. (2000) descreveram que em condições edafoclimaticas satisfatórias, a

fertilidade é considerada o fator mais determinante na produção agrícola, sendo que o

nitrogênio é o mineral mais consumido pelas espécies pertencentes à família Poaceae

(BODDEY et al., 1998). Este elemento participa em praticamente todo o metabolismo das

Page 158: Avaliação de carcaças bovinas

Fixação biológica de nitrogênio e efeitos do tratamento químico de sementes...

150

plantas, principalmente na composição de aminoácidos, proteínas, aminas, amidas, purinas,

alcalóides, coenzimas, vitaminas e pigmentos, além de interferir diretamente na fotossíntese

(BUSTAMANTE et al., 2006; MALAVOLTA, 1980).

Por outro lado, o N é o elemento com maior abundância na atmosfera, compondo

78% do total dos gases, estando em forma predominante em N2. Chi et al. (2005) destacam

que em fabáceas ocorre à formação de estruturas denominadas nódulos, na qual se

procede a fixação biológica de nitrogênio por bactérias simbióticas, deste modo, ocorre a

quebra de N2 para NH4, elemento assimilável pela planta (HUNGRIA et al., 2007; FRANCHE

et al., 2009). No entanto, segundo Hungria (2011), o mecanismo de fixação biológica em

gramíneas é diferenciado por ser formado de bactérias endofíticas ou associativas, nas

quais o complexo dinitrogenase promove a conversão do N2 em amônia. No entanto,

quando comparado às bactérias simbióticas, as associativas excretam somente parte do

nitrogênio fixado diretamente para a planta associada, deste modo, é importante salientar

que o processo de fixação biológica por estas bactérias consegue suprir apenas parte da

necessidade de N pela planta, sendo necessária adubação nitrogenada complementar.

Ressalta-se que a aplicação de fertilizantes nitrogenados se desponta como a

alternativa mais utilizada em grande escala para disponibilizar N às plantas, no entanto,

geralmente apresenta custo elevado (SANCHEZ, 1982; NOTTON, 1998). Visando maximar

a produção agrícola e reduzir os custos com adubação nitrogenada, o uso de insumos

biológicos especialmente com bactérias diazotróficas, torna-se alternativa viável,

promovendo redução do impacto ambiental e auxiliando na sustentabilidade do sistema

agrícola (BASHAN; BASHAN, 2005; HUNGRIA et al., 2007).

Hungria (2011) destaca que as bactérias promotoras de crescimento de plantas se

caracterizam por apresentarem capacidade de colonizar a superfície de raízes, rizosfera e

tecidos internos dos vegetais, apresentando benefícios à cultura. Atualmente, dentre os

estudos encontrados a respeito de bactérias com capacidade de se associar com poáceas,

prevalece o gênero Azospirillum, especialmente a espécie Azospirillum brasilense.

O gênero Azospirillum é caracterizado por conter bactérias gram-negativas, de vida

livre, metabolismo de carbono e nitrogênio bastante versáteis, alta competitividade durante

os estágios de colonização, e por utilizarem para seu metabolismo fontes de nitrogênio

como amônia, nitrato, nitrito, nitrogênio molecular e aminoácidos. Desta forma, por ser

considerado uma bactéria endofítica facultativa, disponibilizam nitrogênio tanto para o solo,

quanto no interior da planta, além de apresentar ótimo desenvolvimento com temperaturas

variando entre 28 e 41 ºC (ECKERT et al., 2001; TRENTINI, 2010).

Dentre as espécies pertencentes a este grupo, Hungria et al. (2010) destacam a

espécie Azospirillum brasilense por apresentar maior variedade de estudos, uma vez que

Page 159: Avaliação de carcaças bovinas

Fey et al.

151

esta bactéria apresenta resultados satisfatórios quando associados a plantas da família

poáceae. Estudos mostram que o uso desta bactéria associada a pequenas doses de

nitrogênio tem demonstrado alta eficácia tanto em relação a aspectos morfológicos quanto

em produtividade, com resultados semelhantes a tratamentos com altas doses de nitrogênio

(VOGEL et al., 2013). Segundo Hungria (2011) estima-se que a inoculação de Azospirillum

possa resultar em uma economia de 2 bilhões de dólares por ano, sendo que as estirpes

AbV5 e AbV6 da espécie A. brasilense se destacam como as mais utilizadas em inoculantes

comerciais com capacidade de fixar nitrogênio em poáceas, conforme demonstrado com

pesquisas em milho (SAIKIA et al., 2007; REIS JUNIOR et al., 2008; HUNGRIA et al., 2010;

BRACCINI et al., 2012), trigo (SANTA, et al., 2008; PICCINI et al., 2011; PICCINI et al.,

2013), arroz (EL-KHAWAS; ADACHI, 1999; KUSS et al., 2007b; SABINO et al. (2012) e

pastagens (OLIVEIRA et al., 2007; GUIMARÃES et al., 2011a).

A espécie Azospirillum brasilense tem demonstrado resultados satisfatórios, pois

quando presentes em quantidades apropriadas promovem a produção de ácido indol-

acético (AIA), giberilinas e citocininas que estimulam o crescimento vegetal, principalmente

no sistema radicular da planta (TIEN et al. 1979; REIS JUNIOR et al., 2008; VOGEL et al.,

2013). De acordo com Okon e Labandera-Gonzalez (1994), Dobbelaere et al. (1999) e

Perin et al. (2003), a produção de hormônios vegetais estimula modificações em algumas

características morfológicas da raiz, promovendo aumento no comprimento e ramificação

do sistema radicular, e ainda melhorias na formação de pêlos radiculares e na taxa de

raízes secundárias, refletindo no aumento da área superficial da raiz, e desta forma,

refletindo na arquitetura da planta e na produtividade final.

Para Cavallet et al. (2000) a busca por elevado rendimento na cultura do milho, faz

com que seja necessário alta dose de insumos, principalmente no que se refere a adubos

nitrogenados. Logo, o uso de inoculantes a base de A. brasilense se destaca devido aos

benefícios advindos sobre o desenvolvimento desta planta, no que se refere principalmente

a sua arquitetura e produtividade (BRACCINI et al., 2012). Atualmente, a interação entre

esta bactéria e a cultura do milho tem demonstrado vários resultados positivos relacionados

ao aumento da matéria seca, maior porte, elevada produtividade e maior acúmulo de

nitrogênio, maior absorção de nutrientes e água, além de apresentar maior tolerância a

estresses de maneira geral (REIS JUNIOR et al., 2008; DOBBELAERE et al., 2001 e 2003;

BASHAN et al., 2004; WAGATSUMA et al., 2012).

Segundo Hungria et al. (2010) referente ao rendimento de grãos, o uso A. brasilense

demonstra promover aumento de 16% a 30% na cultura do milho, além que Cavallet et al.

(2000) relatam aumento de 17% na produtividade de grãos de milho com a inoculação, ou

seja, passando de 5211 kg ha-1 para 6067 kg ha-1, promovendo ainda aumento de 16% no

Page 160: Avaliação de carcaças bovinas

Fixação biológica de nitrogênio e efeitos do tratamento químico de sementes...

152

comprimento médio das espigas. A ação da bactéria promove melhor aproveitamento deste

mineral, demonstrado aumento de 24% a 30% na produtividade de milho com o uso de A.

brasilense e nitrogênio em comparação à adubação nitrogenada isolada, podendo elevar o

rendimento de 662 a 823 kg ha-1 quando utilizada a mesma dose de N com inoculante

(FERREIRA et al., 2013).

No entanto, Hungria (2011) relata que tais resultados benéficos mencionados

anteriormente vão além da simples fixação biológica de nitrogênio, sendo reflexos do

aumento da superfície sistema radicular da planta, o que se deve à inoculação. Pois, além

de modificar a morfologia da planta, promove aumento nas radicelas e do diâmetro das

raízes laterais e adventícias, promovendo aumento no volume de substrato explorado

(CAVALLET et al., 2000; SAIKIA et al., 2007).

Na cultura do trigo, o nitrogênio é o macronutriente mais limitante na produtividade,

pois afeta claramente o número de perfilhos, além de ser essencial na fase de formação dos

nós durante o estágio de alongamento (SALA et al., 2007). A utilização de A. brasilense em

trigo demonstra vários benefícios, principalmente visando à redução na aplicação de

nitrogênio. Mendes et al. (2011) e Piccinin et al. (2011) verificam que o uso da bactéria em

trigo via tratamento de sementes apresenta eficiência agronômica satisfatória,

principalmente visando a redução parcial de adubação nitrogenada em cobertura. Tais

autores relatam que a inoculação demonstrou capacidade de reduzir em 50% a necessidade

de N em cobertura, apresentando ainda maior produtividade quando comparado a dose de

100 kg ha-1 N; de fato, os melhores resultados foram obtidos com 50 kg ha-1 N associado à

bactéria diazotrófica A. brasilense.

Estes resultados reforçam a hipótese da confirmação de que a inoculação com A.

brasilense na cultura do trigo tem capacidade de reduzir parcialmente a necessidade de N

em cobertura sem alterar as características produtivas (PICCININ et al., 2013a; VOGEL et

al., 2013). Independente do tipo de inoculante utilizado (líquido ou turfoso) quando seu uso é

associado à dose parcial de N, tem sido observado maior peso hectolitro dos grãos, com

valores acima de 78 kg hL-1 (PICCININ et al., 2013b). Tais condições ressaltam que este

valor enquadra o trigo como do tipo 1, maior valor na comercialização (COSTA et al., 2008).

Estudos demonstram que a inoculação de A. brasilense promove aumento no

acúmulo de N no grão, altura da planta, área foliar e massa seca da parte aérea,

proporcionando maior produtividade, especialmente na presença de N do fertilizante em

dose parcial a recomendada para a cultura (SANTA et al., 2004; SALA et al., 2007;

DARTORA et al., 2013). Tais resultados obtidos com o uso de inoculante para poáceas são

satisfatórios, pois a fixação biológica por bactérias promotoras de crescimento, além de

fornecer maiores quantidades de N a planta, elevam a área fotossintética e proporcionam

Page 161: Avaliação de carcaças bovinas

Fey et al.

153

aumento na quantidade de reservas acumuladas para translocação e enchimento de grãos

(ASSENG; VAN HARWAARDEN, 2003).

Outro fator que pode afetar beneficamente a estrutura da planta é o aumento do

sistema radicular ocasionado pelo A. brasilense (VOGEL et al., 2013). Tal fato é explicado

devido a estes microrganismos apresentarem elevada capacidade em estimular aumento da

densidade e no comprimento de raiz, além de influenciarem na taxa de aparecimento de

raízes laterais, proporcionando maior área de contato (RADWAN et al., 2004). Egorenkova

et al. (2000) descrevem que durante os estágios iniciais de colonização das células de A.

brasilense, verifica-se que a adsorção das cepas aos pêlos radiculares é maior nas

primeiras horas após a infecção. Este processo reflete em rápido estabelecimento da

bactéria na superfície do sistema radicular desta planta, acarretando em alterações

benéficas nos primeiros estádios de desenvolvimento. Consequentemente, potencializa o

aproveitamento de água e nutrientes, refletindo em maior desempenho da planta (BALDANI

et al., 1997).

Para cultura do arroz, a utilização de A. brasilense demonstra elevado potencial para

fixação biológica de N, contribuindo em para o desenvolvimento da planta, tais como

germinação, incremento no número de perfílhos, aumento no comprimento da parte aérea,

comprimento radicular (VALAZCO; CASTRO, 1999; RAMAMOORTHY et al., 2000; KUSS et

al., 2007a). Curá et al. (2005) verificaram efeitos positivos com a inoculação, sendo que aos

20 DAS ocorreu aumento na produção de massa verde e seca de arroz associado à

bactéria. Sabino et al. (2012) relatam que a inoculação associada a 50 kg ha-1 de nitrogênio

proporcionou maiores acúmulos de biomassa em plântulas de arroz.

Com relação à produtividade, o uso de A. brasilense tem demonstrado ser alternativa

promissora para o arroz, sendo que em determinadas situações ocorre aumento nos

rendimentos entre 34% e 80% quando comparado a sua ausência da inoculação (EL-

KHAWAS; ADACHI, 1999). Kuss et al. (2007b) verificaram que a utilização desta bactéria

com ausência de nitrogênio teve maior produção comparado ao tratamento com 120 kg ha-1

de N, reduzindo em até 100% a necessidade da adubação nitrogenada. De acordo com

estes mesmos autores, se a inoculação suprir 20% da necessidade de fertilizante

nitrogenado nas áreas de orizícola, a redução dos custos com uréia é de R$ 40,80 ha-1

(equivalente a US$ 18,05 ha-1), sendo que o custo relacionado ao inoculante (R$ 6,50 ou

US$ 2,87). Desta forma, se obtém lucro líquido de R$ 34,30 ha-1 (US$ 15,17 ha-1). Estas

informações colaboram com Bashan (1999), os quais citam que o uso de A. brasilense na

cultura do arroz pode reduzir os gastos da produção.

Em relação às pastagens forrageiras, ocorrem benefícios com o uso de A.

brasilense, de forma que esta bactéria fornece incremento aproximado de 40 kg N ha-1 ano-1

Page 162: Avaliação de carcaças bovinas

Fixação biológica de nitrogênio e efeitos do tratamento químico de sementes...

154

e aumento na matéria seca (MS) em estudos realizados sobre as espécies Pennisetum

americanum, Panicum maximum e Digitaria decumbens (OKON; LABANDERA-GONZALES

1994). Fallik e Okon (1996) e Itzigsohn et al. (2000) destacam aumento no crescimento da

panícula e na MS de espécies forrageiras. Em estudos buscando o efeito desta bactéria

sobre pastagem de Panicum maximum, Bouton e Zuberer (1979) relatam que aos 24 dias

após a inoculação as plantas apresentaram maior quantidade de massa seca, com valores

de 4,18 g planta-1, demonstrando este ser superior quando comparado aos 3,04 g planta-1 do

tratamento controle.

Oliveira et al. (2007) avaliando a utilização de inoculante em Brachiaria brizantha cv.

Marandu verificaram que somente inoculação apresentou desempenho superior quando

comparado à ausência de inoculante e de N. Estes resultados proporcionaram assim

aumento prolongado no pastoreio e elevando o perfilhamento nos estágios iniciais da

forrageira sem necessidade de recorrer a altas taxas de fertilizantes. O uso da bactéria

diazotrófica além de promover aumento na altura das pastagens quando comparado às

plantas com ausência da bactéria, demonstrou aumento em torno de 10% nos níveis de N

nas folhas (GUIMARÃES et al., 2011a; GUIMARÃES et al., 2011b).

Fatores envolvidos no desempenho das bactérias fixadoras de nitrogênio

Acidez do solo

Em grande parte dos solos brasileiros, especialmente em regiões tropicais, os

elevados índices pluviais fazem com que ocorra lixiviação de cátions solúveis em água,

principalmente de cálcio (Ca), magnésio (Mg) e potássio (K). A alta concentração de H+

oriundo da mineralização por microrganismos associado com a retirada de cátions via

lixiviação promove a liberação de alumínio (Al), manganês (Mn) e ferro (Fe). Estes então

ficam retidos nas cargas negativas do solo, proporcionando condições de acidez (MARSH;

GROVE, 1992; ECHART; CAVALLI-MOLINA, 2001; TANG et al., 2003). Watkin et al. (2000)

destaca que a acidez do solo pode influenciar negativamente o desenvolvimento das

plantas, bem como no desempenho de bactérias fixadoras de nitrogênio, uma vez que as

bactérias microssimbiontes e associativas são sensíveis aos reflexos promovidos pela ação

do pH.

O baixo pH além de restringir na produtividade da soja, afeta negativamente a

sobrevivência e o crescimento das bactérias diazotróficas (CLINE; KAUL, 1990). Segundo

Lapinskas (2007) vários trabalhos mostram correlação entre as bactérias diazotróficas e o

pH do solo, sendo que em um contexto geral, solos com pH em torno de 5,0 a 6,5

apresentam boa eficiência no desenvolvimento de bactérias fixadoras. Entretanto, vale

Page 163: Avaliação de carcaças bovinas

Fey et al.

155

salientar que alterações bruscas no pH do solo afetam diretamente sobre a fixação biológica

de nitrogênio por bactérias.

De acordo com Indrasumunar et al. (2011) e Taylor et al. (1991), na cultura da soja o

pH entre 5,0 a 6,8 apresenta amplo desenvolvimento das estirpes de Bradyrhizobium spp.,

Neste sentido, a queda do pH pode ocasionar diminuição do crescimento de algumas

estirpes simbióticas, na qual o pH 4,5 promove redução no número de determinadas

estirpes. Deste modo, pode ser observada menor capacidade de nodulação. Tal fator se

deve a interferência das altas concentrações de íons H+ na troca de sinais moleculares entre

as bactérias simbióticas e a estrutura radicular da planta (HUNGRIA; VARGAS, 2000).

Segundo Hungria e Stacey (1997) os solos com pH baixo cultivado com soja e feijão

apresentam menor produção do gene “Nod” quando comparado à áreas com pH 5,8.

Além da acidez ser problema complexo para FBN devido a elevada presença de íons

H+, a redução do pH para valores menores que 5 promove toxidez por Fe e Al (TANG et al.,

2003). Segundo Echart e Cavalli-Molina (2001), elevada concentração de Al3+ atua como

forte inibidor da simbiose, pois sua ação tóxica promove inibição do crescimento radicular da

planta, na qual há redução das raízes e dos pêlos radiculares, o que afeta diretamente o

processo de infecção e formação de nódulos.

Uma das alternativas eficientes de diminuição da acidez do solo é a prática da

calagem, a qual além de elevar o pH, disponibiliza maior quantidade de Ca para as plantas e

bactérias (JORIS et al., 2013). Em contexto amplo, a calagem também é capaz de reduzir a

toxicidade de Al e Mn, bem como aumentar a disponibilidade de Ca (CAIRES et al., 2004).

Segundo Idrasumunar et al. (2011) esta prática de manejo além de proporcionar maior

produtividade, aumenta o número de nódulos e massa fresca na planta. Silva et al. (2002)

verificam que a calagem promove maior simbiose em plantas de soja, aumentando a

quantidade e o número de nódulos. Entretanto, o mesmo autor ressalva que níveis elevados

de calcário podem apresentar efeito prejudicial sobre a simbiose, indicando necessidade de

controle da calagem, preferencialmente parcelando doses elevadas em diferentes épocas

de aplicação.

Tratamento de sementes

O tratamento de sementes com fungicidas e inseticidas se caracteriza como prática

que visa assegurar o estabelecimento da cultura mediante controle de patógenos e insetos-

praga (MACHADO, 2000; BRADLEY, 2008). Entretanto, apesar dos benefícios advindos

desta tecnologia, o tratamento de sementes associado à inoculação com bactérias

diazostróficas pode interferir na relação simbiótica planta-rizóbio, comprometendo o seu

desenvolvimento e sobrevivência e consequentemente reduzindo a nodulação e a FBN,

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Fixação biológica de nitrogênio e efeitos do tratamento químico de sementes...

156

além de influenciar na produtividade final (CAMPO; HUNGRIA, 2000; CAMPO et al., 2003;

ANNAPURNA, 2005). Desta forma, verifica-se a ocorrência de elevada taxa de mortalidade

de células de Bradyrhizobium ocasionadas pelo tratamento de sementes, reduzindo o

número de nódulos, e consequentemente, reduzindo a produtividade (HUNGRIA et al.,

2001).

Avaliando a toxicidade dos produtos sobre as bactérias diazostróficas, alguns

fungicidas e inseticidas podem gerar 80% de mortalidade (HUNGRIA et al., 2007). Pereira et

al. (2009) estudando a cultura da soja, demonstrou que o uso de fludioxonil + metalaxil-m

tem promovido redução nos números de nódulos em aproximadamente 18%, podendo

chegar a até 43,4% de células de Bradyrhizobium spp. quando comparado a sementes de

soja não tratadas quimicamente. Dentre as possíveis causas da diminuição no número de

nódulos na soja, há redução do número de unidade formadora de colônias (UFC) de

Bradyrhizobium spp. Campos et al. (2006) relatam que a aplicação de tratamento de

sementes pode reduzir em 50% a UFC quando aplicado três meses antes da inoculação, e

78% da UFC quando as sementes são tratadas quimicamente no dia da inoculação da

bactéria.

O uso de Carbendazin associado ao Thiram pode reduzir o número de nódulos em

soja na ordem de 45,8%, podendo chegar a 57,8%, além de ocasionar redução em 26% em

massa seca dos nódulos, quando comparado a sementes não tratadas quimicamente

(PEREIRA et al., 2010a; COSTA et al., 2013). Outro fator a ser mencionado descreve a

mortalidade das células bacterianas ocasionadas por este ingrediente ativo, podendo chegar

a 53% após 24 horas (CAMPO; HUNGRIA, 1999). Campos et al. (2006) descrevem que

Carbendazin + thiram reduziu em 93% a UFC de Bradyrhizobium spp., sendo superior a

outros tratamentos como fludioxonil + metalaxil-m e carboxin + thiram. Segundo Zilli et al.

(2009) o tratamento químico associado ao inoculante, além de diminuir em 50% o número

de nódulos quando comparado ao uso de inoculante somente, reduziu o rendimento em

grãos em até 700 kg ha-1.

Revellin et al. (1993) destaca que outros produtos usados em tratamento de

sementes, dentre eles o metalaxil, podem reduzir o número de células viáveis de

Bradyrhizobium japonicum em 61% em 1 hora após a inoculação das sementes. Dunfield et

al. (2000) destaca o tratamento de sementes com Captan, em que aplicação crescente do

ingrediente ativo reduziu as UFC de Bradyrhizobium spp. de forma significativa.

As Tabelas 7.1 e 7.2 evidenciam o uso de tratamento de sementes com fungicidas e

inseticidas sobre o efeito na estabilização da bactéria e formação de nódulos, o que acaba

refletindo na baixa fixação de N pelos nódulos, reduzindo o desempenho agronômico da

planta. As combinações de Benomil + Thiram; Carbendazin + Captan e Thiram + Carboxin

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Fey et al.

157

promovem mais de 40% de redução na nodulação da soja (CAMPO et al., 2009). Segundo

este mesmo autor, as combinações mais tóxicas resultam em diminuições de 70% a 88% na

nodulação, com destaque às misturas tiabendazol + tolilfluanida (88%) e tiabendazol +

Captan (87%).

A falta de pesquisa relacionando a interação entre uso fungicida e inseticida

utilizados no de tratamento de sementes em poáceas e cereais com as bactérias

associativas, especialmente com Azospirillum brasilense, ainda são escassos. Desta forma,

dificultando à busca de melhorias na eficiência da FBN. Gallori et al. (1991) verificam que

apesar de não ser possível chegar a consenso sobre os efeitos do uso de substâncias

tóxicas sobre a A. brasilense, uma vez que as informações disponíveis são insuficientes,

estudos promissores demonstram que o uso de pesticidas, dentre eles captan e thiram

utilizados de forma individual ou conjunta, afetam drasticamente a sobrevivência e a

viabilidade da célula bacteriana, reduzindo a atividade da nitrogenase em A. brasilense.

Tabela 7.1 Redução (%) no número de células inoculadas de Bradyrhizobium na superfície da semente de soja 2 h e 24 h após o tratamento com fungicidas, em relação ao controle (não tratado recebendo apenas inoculante)

Active ingredients 2 h 24 h

Benomyl+Captan 62 82

Benomyl+Thiram 41 64

Benomyl+Tolylfluanid 47 81

Carbendazin+Captan 60 87

Carbendazin+Thiram 64 83

Carbendazin+ Tolylfluanid 71 95

Carboxin+Thiram 49 81

Difenoconazole+ Thiram 62 90

Thiabendazole+ Captan 28 90

Thiabendazole+ Thiram 24 87

Thiabendazole+ Tolylfluanid 20 95

Fonte: Campo et al. (2009)

Tabela 7.2 Efeitos do tratamento de sementes com inoculantes Bradyrhizobium e fungicidas na nodulação (número de nódulos de plantas-1) e N total acumulado na parte aérea (TNS, mg N planta-1) e redução (%) em relação aos parâmetros em relação ao controle

Tratamentos Nodulação N Total de parte aérea

No. Redução Conteúdo N Redução

Non-inoculated control 0,0 -- 3,4 --

Inoculated 14,3 -- 164,4 --

I+Benomyl+Thiram 10,5 26,6 148,2 9,9

I+Benomyl+Captan 12,0 16,1 162,8 1,0

I+Thiabendazole+Captan 12,5 12,6 132,6 19,3

C. V.(%) 17,6 -- 14,5 --

Fonte: Campo et al. (2009)

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Fixação biológica de nitrogênio e efeitos do tratamento químico de sementes...

158

Produtos como captan, em um contexto geral, quando utilizados em concentrações

recomendadas, fazem com que as bactérias nitrificantes e as bactérias diazotróficas

aeróbicos sejam afetadas negativamente. Neste sentido, o seu efeito é fortemente

correlacionado com a dose do fungicida, deste modo, as aplicações frequentes de Captan

podem resultar em níveis elevados deste fungicida de solo, afetando negativamente a

disponibilidade de nitrogênio via fixação biológica, além de modificar o equilíbrio microbiano

do solo (MARTINEZ-TOLEDO et al., 1998).

Outros agrotóxicos utilizados no tratamento de semente mostram efeito sobre o

desenvolvimento de plantas quando inoculadas com FBN. O triadimenol em associação com

A. brasilense proporciona redução no comprimento da parte aérea, hipocótilo e número de

raiz (RAPIM et al., 2012). No entanto, vale ressaltar que os objetivos destes estudos visam

principalmente a escolha de produtos que apresentam menor efeito tóxico sobre o

desenvolvimento da bactéria. Pereyra et al. (2009) destaca que o uso de produtos a base de

tebuconazole não afetam significativamente o desenvolvimento celular durante seu

crescimento exponencial até as 14 horas após a inoculação, quando as bactérias atingiram

as melhores condições metabólicas para interagir com o sistema radicular e o colonizá-lo.

Pozo et al. (1994) e Gomez et al. (1999) relatam que o uso mancozeb, maneb,

profenofos e diazinon não afetaram o desenvolvimento das bactérias diazotróficas em

plantas de soja, mostrando que alguns grupos microbianos podem tolerar determinadas

doses destes fungicidas. Dartora et al. (2013) relatam que o uso do fungicida fludioxonil-

metalaxyl e dos inseticidas deltamethrin e pirimifós-metil não afetam os estágios iniciais no

desenvolvimento de plântulas de milho e trigo, sendo compatíveis com a inoculação de A.

brasilense.

No entanto, apesar dos problemas advindos do tratamento de semente a bactérias, é

necessário que se busquem mais pesquisas em torno de alternativas a este problema,

principalmente com relação à produção de inoculantes com bactérias eficientes sem causar

perda de viabilidade das bactérias.

Perspectivas para futuro

O conhecimento e as tecnologias existentes atualmente no cenário agrícola mundial

têm muito a promover no que se refere a melhorias sobre a FBN, sendo que o uso de

inoculantes de alta qualidade e o esclarecimento sobre o uso e benefícios da inoculação

com bactérias fixadoras de N pode contribuir significativamente para o desenvolvimento de

vários países (HAROLD; FUDI, 1992). Segundo Shantharam e Mattoo (1997) os esforços

das pesquisas para melhorar a FBN estão sendo aplicados tanto na área de produção

vegetal, pela prática de melhoramento de plantas, como na área de microbiologia do solo.

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Fey et al.

159

Enquanto são realizadas seleções de bactérias nodulantes eficazes e melhorias nas

técnicas de aplicação de inoculantes, a busca de genótipos de plantas que se adaptam a um

determinado inoculante também precisa ser realizada constantemente (DOYLE, 2011).

Dentre as problemáticas existentes no meio agrícola, alguns fatores podem interferir

futuramente no sucesso da FBN (BEATTY; GOOD, 2011). Para soja, alguns trabalhos

sugerem atenção a determinadas práticas de manejo realizadas, como no caso da

inoculação e reinoculação de sementes com Bradyrhizobium japonicum e Bradyrhizobium

elkanii onde há indícios de que as populações destas bactérias quando estabelecidas em

uma determinada área se apresentariam como principal entrave para a introdução de novas

cepas mais eficientes. Visto que espécies apresentam alto grau de competitividade e

especificidade quando comparado a outras espécies, levantando dúvidas sobre os

benefícios desta prática neste presente momento (BHATTACHARJEE et al., 2008).

Com relação às perspectivas para o futuro da inoculação em poáceas, apesar de

inúmeros trabalhos existentes comprovarem a eficácia da fixação de N2 por A. brasilense

(BOHLOOL et al., 1992; BODDEY; DÖBEREINER, 1995; SANTI et al., 2013) é necessário

vencer os desafios que existem para o desenvolvimento desta tecnologia, dentre eles a

busca por estirpes mais competitivas, com alta capacidade de fixação de nitrogênio,

resistência ao tratamento químico de sementes e resistente a estresses e mutações

gênicas. Bem como a concentração e dose adequada do inoculante e o melhoramento de

gramíneas levando em consideração a FBN (ABDALLA et al., 2008).

Outro fator a ser mencionado quanto à inoculação em poáceas refere-se ao

tratamento de sementes. Como relatado anteriormente, atualmente o problema mais sério

da inoculação em soja ocorre devido a compatibilidade entre os produtos utilizados no

tratamento de sementes e a bactéria (HUNGRIA et al., 2007). Deste modo, Hungria (2011)

descreve que esse será o maior desafio relacionado também à inoculação de Azospirillum,

sendo necessário realizar pesquisas verificando a compatibilidade com produtos que são

largamente empregados no tratamento de sementes.

Entretanto, a implementação de abordagens para melhorar a FBN na produção

agrícola deve receber atenção para melhorar o desempenho dos inoculante a fim de

alcançar o máximo rendimento agrícola com menor custo de produção, se faz necessário

também o aumento dos estudos científicos que buscam abordar outros fatores que podem

influenciar indiretamente sobre a fixação biológica de nitrogênio, como as práticas de

manejo, onde há influência direta sobre o potencial de rendimento e a demanda de N pela

planta (HAROLD; FUDI, 1992).

Em suma, é necessário identificar os problemas ainda existentes na pesquisa a fim

de desenvolver esta tecnologia altamente inovadora, a qual continuará trazendo inúmeros

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Fixação biológica de nitrogênio e efeitos do tratamento químico de sementes...

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benefícios ambientais e financeiros para a agricultura brasileira. O caminho ainda é longo

para alcançar eficiência nas culturas de soja, feijão, trigo, arroz, milho e forrageiras, mas

para chegar rapidamente a esta consolidação tecnológica é necessário englobar as

pesquisas de inoculação e de culturas agrícolas como um todo (ABDALLA et al., 2008).

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Page 179: Avaliação de carcaças bovinas

Capítulo 8

Helicoverpa armigera: nova praga na agricultura

Lúcia Madalena Vivan1

Crébio José Ávila 2

Germison Vital Tomquelski.3

1Fundação MT, Rondonópolis, MT;

2Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados, MS;

3Fundação Chapadão,

Chapadão do Sul.

A entomofauna de fitófagos associada ao plantio de soja no Brasil tem aumentado

nos últimos anos. Nos dias atuais, mais de 25 espécies são relatadas como pragas,

requerendo medidas de controle para evitar danos econômicos. Este aumento no número de

pragas, causando perdas substanciais, reflete a adaptação gradativa de herbívoros nativos

nessa cultura exótica (PANIZZI; CORRÊA-FERREIRA, 1997).

Helicoverpa (=Heliothis) armigera (Hübner) (Lepidoptera: Noctuidae) apresenta

ampla distribuição geográfica, sendo registrada na Europa, Ásia, África e Oceania (ZALUCKI

et al., 1986; GUO, 1997). Atualmente, ocorreu a infestação de lagartas Helicoverpa armigera

no Brasil, sendo identificada por Czepak et al. (2013a) e Specht et al. (2013). Essa espécie

até então era considerada praga quarentenária A1.

H. armigera é uma espécie extremamente polífaga, cujas larvas foram registradas

em mais de 60 espécies de plantas cultivadas e silvestres e em cerca de 67 famílias

hospedeiras, incluindo Asteraceae, Fabeaceae, Malvaceae, Poaceae e Solanaceae

(PAWAR et al., 1986, FITT, 1989; POGUE, 2004), podendo causar danos a diferentes

culturas de importância econômica, como o algodão, leguminosas em geral, sorgo, milho,

tomate, plantas ornamentais e frutíferas (REED, 1965; FITT, 1989; MORAL GARCIA, 2006).

Aspectos biológicos

As lagartas de H. armigera se alimentam de folhas e caules, contudo, têm

preferência por brotos, inflorescências, frutos e vagens (REED. 1965; WANG; LI, 1984),

causando danos tanto na fase vegetativa quanto reprodutiva. Segundo Lammers e MacLeod

Page 180: Avaliação de carcaças bovinas

Helicoverpa armigera: nova praga na agricultura

172

(2007), em todo o mundo, os custos anuais com controle e perdas de produção chegam a

US$ 5 bilhões. Na Índia e China, 50% dos inseticidas utilizados visam ao controle desta

praga. Na Espanha, H. armigera é uma das pragas mais nocivas ao cultivo de tomate para a

indústria (ARNÓ et al., 1999). Essa praga possui alto potencial reprodutivo, sendo que cada

fêmea tem a capacidade de ovipositar de 1.000 a 1.500 ovos, sempre de forma isolada,

sobre talos, flores, frutos e folhas, preferencialmente no período noturno. Para a postura,

prefere a face adaxial das folhas e superfícies pubescentes (EPPO, 1981). O período larval

é constituído por 5 a 6 instares e pode durar de 2 a 3 semanas, dependendo das condições

climáticas, e, no último instar, a lagarta possui de 30,0 mm a 40,0 mm de comprimento e

coloração variando do verde ao amarelo claro, marrom avermelhado ou preto (EPPO, 1981).

São detalhes característicos da lagarta a sua cápsula cefálica de cor parda clara, linhas

finas brancas laterais e a presença de pelos (MATTHEWS, 1999). A partir do quarto instar,

as lagartas apresentam, no primeiro segmento abdominal, o formato de “sela”, devido à

presença de tubérculos abdominais escuros e visíveis (MATTHEWS, 1999).

A fase de pupa ocorre no solo e, dependendo das condições climáticas, pode entrar

em diapausa (KARIM, 2000). O adulto apresenta, sobre as margens das asas anteriores,

uma linha com sete a oito manchas e, logo acima, uma faixa marrom ampla, irregular e

transversal, tendo, ainda, na parte central, uma marca em forma de vírgula. As asas

posteriores são mais claras, apresentando na extremidade apical, uma borda marrom

escura, com uma mancha clara no centro. Nesta espécie, ocorre acentuado dimorfismo

sexual, sendo que os machos apresentam o primeiro par de asas de cor cinza esverdeado e

as fêmeas pardo alaranjado (EPPO, 1981; EPPO, 1996).

Distribuição geográfica e plantas hospedeiras de H. armigera

H. armigera apresenta ampla distribuição geográfica pelo mundo, sendo registrada

em praticamente toda a Europa, Ásia, África, Austrália e Oceania (GUO, 1997; GUOQING et

al., 2001; ZALUCKI et al., 1986). Nas Américas, essa praga não havia sido detectada até

2013, quando sua ocorrência foi registrada em várias regiões agrícolas do Brasil (CZEPAK

et al., 2013a). Existe a possibilidade de que H. armigera já esteja disseminada por todo o

País, o que reforça a necessidade da realização de estudos de levantamento taxonômicos

visando a conhecer sua real distribuição geográfica no território brasileiro, em especial nas

regiões de importância agrícola. Essas informações, quando devidamente obtidas e

catalogadas, fornecerão subsídios para o planejamento e a implementação de estratégias

no manejo integrado dessa praga.

A grande capacidade de dispersão de H. armigera está estreitamente relacionada à

habilidade com que os adultos desta espécie apresentam de se dispersar em condições de

Page 181: Avaliação de carcaças bovinas

Vivan et al.

173

campo, podendo-se nesta fase migrar a uma distância de até 1.000 km (PEDGLEY, 1985).

Associado a isso, esta espécie também apresenta alta capacidade de sobrevivência em

condições ambientais adversas, tais como excesso de calor, frio ou seca, sendo possível ter

várias gerações ao longo do ano, uma vez que o ciclo de ovo a adulto pode ser completado

dentro de quatro a cinco semanas (FITT, 1989).

H. armigera é considerada uma espécie altamente polífaga, ou seja, que apresenta a

capacidade de se desenvolver em ampla gama de plantas hospedeiras. Suas larvas têm

sido registradas se alimentando e/ou causando danos em mais de 100 espécies de plantas,

sejam elas cultivadas ou não, compreendendo cerca de 45 famílias, incluindo Asteraceae,

Fabaceae, Malvaceae, Poaceae e Solanaceae (ALI; CHOUDHURY, 2009; FITT, 1989;

PAWAR et al., 1986; POGUE, 2004). No Brasil, as lagartas de H. armigera já foram

constatadas se alimentando de várias culturas de importância econômica, tais como

algodão, soja, milho, tomate, feijão, sorgo, milheto, guandu, trigo e crotalária, bem como em

algumas espécies de plantas daninhas. Pelo fato de ser uma espécie polífaga, além das

plantas hospedeiras preferenciais nas quais as fêmeas, normalmente, realizam as posturas,

outros hospedeiros alternativos presentes nos arredores das lavouras assumem papel

decisivo na sobrevivência e dinâmica sazonal da praga, uma vez que dão suporte à

manutenção de suas populações em determinada região (FITT, 1989).

Danos de H. armigera

As lagartas de H. armigera podem se alimentar tanto dos órgãos vegetativos como

reprodutivos de várias espécies de plantas de importância econômica. Estima-se que a

perda mundial causada por lagartas de H. armigera, nas diferentes culturas em que ataca,

chega anualmente a 5 bilhões de dólares (LAMMERS; MACLEOD, 2007). Sharma et al.

(2008) relataram que a perda anual causada por H. armigera supera 2 bilhões de dólares

apenas na região dos trópicos semi-áridos da Europa e que o custo anual da aplicação de

inseticidas nas lavouras, para o controle dessa praga, é de 500 milhões de dólares.

No Brasil, as maiores intensidades de danos econômicos causados por lagartas de

H. armigera têm-se verificado, até então, nas culturas de algodão, milho, soja, feijão, tomate

e sorgo.

As lagartas podem se alimentar de folhas e hastes dessas plantas, mas tem

preferência pelas estruturas reprodutivas como botões florais, frutos, maçãs, espigas e

inflorescências, causando deformações ou podridões nestas estruturas ou até mesmo a

queda das mesmas. Essa inerente capacidade de H. armigera causar danos nas partes

reprodutivas das culturas, em associação à sua habilidade de atacar grande número de

hospedeiros, são fatores que elevam o status de importância econômica da praga

Page 182: Avaliação de carcaças bovinas

Helicoverpa armigera: nova praga na agricultura

174

(CUNNINGHAM et al., 1999). Na Espanha, H. armigera é também considerada espécie

devastadora nos cultivos de tomate para a indústria (ARNÓ et al., 1999).

Na safra 2011/2012 foi registrado um grande surto de lagartas de H. armigera na

Região Oeste da Bahia, especialmente no algodoeiro, quando foram constatadas perdas de

até 80% da produção desta cultura, segundo relatos dos produtores. Outras culturas como a

soja e o milho, sejam estas transgênicas (Bt) ou não, também foram atacadas por essa

praga na ocasião. Na safra 2012/2013 foram verificadas novamente incidências de H.

armigera nos cultivos da Bahia, em especial nas lavouras de soja irrigada, algodão e feijão,

quando os produtores tiveram que realizar várias aplicações de inseticidas para o seu

controle.

Monitoramento de H. armigera

O monitoramento efetivo de ovos, lagartas, pupas e de adultos de H. armigera é

considerado o fator chave para a implementação com êxito das estratégias de manejo dessa

praga; através do conhecimento dessas informações é que as decisões ou as táticas de

controle serão definidas, como, por exemplo, a oportunidade de se executar ou não o

controle químico em um determinado momento, a escolha do produto e da dose a ser

empregada, o tipo de pulverização requerida, etc.

Os adultos de H. armigera podem ser monitorados, utilizando armadilhas luminosas,

como também armadilhas iscadas com o seu feromônio sexual. Nas armadilhas luminosas

são coletados machos e fêmeas do inseto, enquanto nas armadilhas de feromônio são

capturados apenas machos. A intensidade de captura de adultos de H. armigera numa

determinada área fornece previsão do potencial de ocorrência de ovos e de lagartas e,

consequentemente, dos danos nos cultivos da região.

Para que a captura de adultos nas armadilhas tenha importância como instrumento

orientador do manejo, é necessário que os valores dessa captura sejam correlacionados

com os valores de amostragens de ovos e de lagartas nas plantas da cultura, em tempo real

ou nos dias subsequentes a esta captura. Sharma et al. (2012) encontraram uma alta

correlação (r = 0,83) entre a captura de machos de H. armigera em armadilhas iscadas com

o seu feromônio sexual e a densidade de larvas nas plantas de grão-de-bico (Cicer

arietinum L.).

O feromônio sexual de H. armigera pode ser também empregado como estratégia de

controle dessa praga através da técnica de confundimento de machos. A impregnação deste

feromônio sexual em vários pontos da lavoura em que se deseja proteger desorienta o

inseto macho na busca da fêmea para acasalar e, consequentemente, de se reproduzir.

Todavia, apesar da disponibilidade no mercado do feromônio sexual de H. armigera, a sua

Page 183: Avaliação de carcaças bovinas

Vivan et al.

175

utilização não foi ainda devidamente implementada, necessitando, provavelmente, de

ajustes na composição e/ou formulação dos componentes do produto, visando obter melhor

bioatividade para as populações dessa praga no Brasil (CZEPAK et al., 2013b).

A estratégia de manejo de pragas em grandes áreas geográficas constitui alternativa

interessante e poderia também ser empregada para o controle de H. armigera nos diferentes

sistemas de cultivos, pois esse sistema é adequado para o manejo de insetos que

apresentam polifagia e grande mobilidade, como é o caso dessa praga. Dentre as

vantagens que esta abordagem de controle apresenta, destaca-se a reduzida ressurgência

da praga no ambiente manejado, a maximização do controle biológico natural e a redução

do número de aplicações de inseticidas nas lavouras.

Controle químico

O controle químico de H. armigera empregando-se inseticidas químicos tem sido

largamente utilizado nos ambientes agrícolas em que essa praga ocorre, em razão de ser,

muitas vezes uma alternativa de controle de ação rápida, confiável e econômica. Na Índia e

China cerca de 50% dos inseticidas utilizados na agricultura desses países são direcionados

ao controle de H. armigera (BUILDING; ARHABHATA, 2007).

Como estratégia complementar do manejo integrado de H. armigera recomenda-se a

utilização de inseticidas em tratamento de sementes visando ao controle de pragas iniciais,

tais como coleópteros desfolhadores, lagarta-elasmo, percevejo barriga-verde, pulgões,

tripes, etc. Os inseticidas aplicados nas sementes garantem o controle desse complexo de

pragas iniciais e, consequentemente, reduzem o número de pulverizações foliares durante

os estádios iniciais de desenvolvimento da cultura. Outra importante estratégia de manejo é

a possibilidade de retardar ao máximo a primeira aplicação de inseticida nas lavouras,

obedecendo sempre que possível os níveis de controle estabelecidos pela pesquisa.

Associado a isso, recomenda-se também utilizar, sempre, produtos seletivos aos inimigos

naturais até um determinado estádio da cultura, como, por exemplo, até os 70 dias após a

emergência do algodão ou até o início de florescimento da soja, evitando sempre o uso de

inseticidas fosforados e piretroides neste período, por serem considerados normalmente de

alta toxicidade para os inimigos naturais.

Essas ações seletivas de manejo permitirão o estabelecimento inicial dos inimigos

naturais (predadores e parasitoides) no agroecossistema, proporcionando reflexos positivos

nos estádios mais avançados das culturas, em razão da manutenção do equilíbrio biológico.

No início do ano de 2013, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)

aprovou, em caráter emergencial, o registro temporário de algumas substâncias, dentre elas

o inseticida benzoato de emamectina, para ser utilizado no controle de H. armigera.

Page 184: Avaliação de carcaças bovinas

Helicoverpa armigera: nova praga na agricultura

176

O controle de H. armigera tem sido sugerido quando houver predominância de

lagartas pequenas nas culturas. Este é o momento em que as lagartas estão mais expostas

e também mais suscetíveis à ação dos produtos químicos. Quando for constatada alta

infestação de H. armigera numa determinada cultura, especialmente quando houver

incidência de lagartas grandes, pulverizações sequenciais poderão ser necessárias visando

a obter melhor nível de controle da praga. Nas aplicações de inseticidas químicos, é de

importância fundamental rotacionar os modos de ação dos ingredientes ativos visando a

reduzir a pressão de seleção e o desenvolvimento de resistência dos insetos aos produtos.

O controle de adultos de H. armigera pode também ser realizado utilizando-se iscas

tóxicas à base de melaço ou açúcar + inseticida carbamato, podendo essas misturas serem

aplicadas nas bordaduras das lavouras.

Plantas transgênicas

A introdução da soja Bt no cenário agrícola nacional é acompanhada pela

preocupação da seleção de populações resistentes de lepidópteros suscetíveis e tolerantes

às toxinas de Bacillus thuringiensis (Bt). A pressão de seleção poder ser exercida pela soja-

Bt, assim como pelo algodão-Bt, que expressam a mesma toxina, Cry1Ac. Portanto a

avaliação da suscetibilidade/tolerância das diferentes espécies de noctuideos é de

fundamental importância para definir estratégias para monitorar e prevenir os possíveis

casos de resistência a Cry1Ac (SOSA-GOMEZ et al. 2011).

Na Austrália, monitoramento espécie Helicoverpa para resistência à toxina Cry2Ab

em algodão (Bt) segunda geração, tem como objetivo detectar os aumentos nas frequências

de resistência que podem levar a falhas de controle da tecnologia no campo. Anteriormente,

a adoção da tecnologia Bt2, a frequência dos alelos de resistência Cry2Ab era pelo menos

0,001 em H. armigera e H. punctigera (DOWNES et al. 2010).

Fitt (1989) relatou que H. armigera predomina entre os lepidópteros que atacam a

cultura do algodão do período médio a final do desenvolvimento da cultura. As larvas podem

ocasionar danos em todas as estruturas e estágios do algodoeiro, particularmente nas

estruturas reprodutivas como o botão floral e as maçãs jovens que, potencialmente,

reduzem a produção quando atacadas. Em relação a primeira geração do algodão Bt

INGARD na Austrália que expressa a proteína Cry1AC, foi testada a ação inseticida para H.

armigera e a reduzida toxicidade dessa cultivar proporcionou condições favoráveis para o

desenvolvimento de indivíduos resistentes à proteína Cry1AC, favorecendo a evolução da

resistência. Também com a tecnologia Bollgard II (Cry1AC/Cry2Ab) os trabalhos na

Austrália tem demonstrado que mais de 20% de larvas de H. armigera consideradas

suscetíveis tem sobrevivido nos materiais Bt2 na fase de maçãs ou cut-out. O mesmo

Page 185: Avaliação de carcaças bovinas

Vivan et al.

177

trabalho demonstrou que mais de 30% das larvas sobreviveram quando criadas em

materiais com a proteína Cry1AC, entretanto seu desenvolvimento até a fase de pupa foi

dez dias maior quando comparado com as criadas em algodão não-Bt (S. Dowes, dados

não publicados). Entretanto, Bollgard II usualmente oferece controle superior de H. armigera

(PYKE, 2008), uma vez que a proteína Cry2AB é expressa em níveis tóxicos em plantas

com estágios mais avançados. Dessa forma, durante o estágio de floração pulverizações

com inseticidas em campos de Bollgard II (WHITBURN; DOWNES, 2009) podem ser

necessárias. Atualmente no Brasil tem-se a tecnologia WideStrikeTM com as proteínas

Cry1Ac e Cry1F que asseguram proteção às plantas durante todo o ciclo da cultura contra

os danos provocados pela alimentação de larvas de lepidópteros. No entanto, em relação ao

controle de larvas de Helicoverpa sp. não se tem efetividade completa do controle, sendo

que alguns indivíduos sobrevivem nesse material.

Controle cultural

O controle cultural consiste na manipulação do ambiente da cultura ou do solo, de

maneira a torná-lo desfavorável para a praga que se deseja manejar e favorável para os

seus inimigos naturais (FATHIPOUR; SEDARATIAN, 2013). Considerando-se que H.

armigera é uma espécie que apresenta elevada capacidade reprodutiva e que se reproduz

em diferentes hospedeiros, a presença de pontes verdes durante o período da entressafra

de culturas como a soja, o algodão e o milho pode favorecer a sobrevivência das lagartas

neste período e servir de focos de infestações para os cultivos implantados em sucessão.

Neste sentido, o planejamento na entressafra de um período sem a presença de

plantas hospedeiras de H. armigera, estratégia essa conhecida como vazio sanitário, poderá

se constituir em importante alternativa complementar para o manejo dessa praga. Este vazio

sanitário deverá ser realizado entre os meses do ano com menor incidência de cultivos

agrícolas em uma determinada região, sendo o período de agosto a outubro o mais

adequado para a sua implementação, especialmente para as Regiões Norte, Nordeste e

Centro-Sul do Brasil. Cabe salientar que o sucesso da utilização do vazio sanitário como

estratégia de controle de pragas terá maior efeito se for normatizado por instrumento legal e

contar com a fiscalização dos agentes responsáveis pelo sistema de defesa vegetal da

região.

Uma nova estratégia de controle cultural de pragas, denominada de Push and Pull,

tem sido utilizada para o controle de H. armigera, especialmente em cultivos de algodão na

Austrália. Esta estratégia de manejo baseia-se na manipulação comportamental da praga

através da implementação de técnicas que repelem (Push) ou atraem (Pull) a mesma. Essa

manipulação é baseada em estímulos visuais e de compostos voláteis emitidos pelas

Page 186: Avaliação de carcaças bovinas

Helicoverpa armigera: nova praga na agricultura

178

plantas hospedeiras ou que são pulverizados sobre estas com o objetivo de intensificar ou

reduzir a oviposição e/ou alimentação do inseto nas plantas manejadas (FATHIPOUR;

SEDARATIAN, 2013). O sistema Push and Pull é constituído basicamente de duas culturas,

sendo uma considerada a cultura principal, a qual se deseja proteger contra a praga, e outra

a cultura armadilha, para onde a praga deverá ser atraída e, posteriormente, controlada.

Como exemplo, pode-se imaginar a cultura do algodão como cultura principal e o guandu

como a cultura armadilha plantada nas áreas adjacentes ao algodoeiro.

Quando se pulveriza azadiractina (óleo de neem) sobre o algodoeiro e açúcar ou

feromônio de agregação de H. armigera sobre as plantas de guandu, os adultos dessa

praga evitarão ovipositar no algodoeiro (efeito push) e intensificarão a oviposição nas

plantas de guandu (efeito pull). Da mesma forma, as lagartas que estiverem presentes no

algodoeiro terão dificuldade de se alimentar nesta cultura devido à ação fagodeterrente do

óleo de neem (efeito push), mas se alimentarão normalmente no guandu (efeito pull). Para

finalizar essa estratégia de manejo, as lagartas de H. armigera devem ser controladas na

cultura armadilha (guandu), antes que as mesmas atinjam o estágio de pupa, podendo para

isso utilizar um inseticida químico efetivo ou até mesmo um produto biológico como o

baculovírus de H. armigera, que apresenta seletividade aos inimigos naturais da praga.

Alguns produtos, quando aplicados na cultura principal que se deseja proteger, podem

afetar negativamente a capacidade de colonização de H. armigera. Mensah (1996) verificou

que pulverização do produto comercial Environfeast® na cultura do algodão reduziu

significativamente a intensidade de oviposição de H. armigera nesta cultura (efeito push)

quando comparado às áreas adjacentes de algodão pulverizadas com apenas água.

Outra estratégia de controle cultural importante é a possibilidade de os produtores de

uma determinada região estabelecerem um calendário organizado de plantio para as

diferentes culturas exploradas economicamente e que são hospedeiras de H. armigera.

Considerando o período inicial e final da época estipulada no calendário de plantio de uma

determinada cultura (ex.: soja, algodão, milho), quanto mais estreita for a janela de plantio

maior será o efeito desta estratégia no manejo da praga, pois a condensação dos plantios

contribuirá para reduzir a incidência e os danos da praga nas culturas.

Como estratégia complementar para o controle cultural de lagartas de H. armigera,

recomenda-se a eliminação de plantas tigueras e de rebrotas, especialmente da soja e de

algodão na pós-colheita, uma vez que essas plantas servem como substratos para o

desenvolvimento do inseto. O revolvimento do solo tem sido também recomendado para a

destruição de pupas de H. armigera em áreas com alta infestação da praga, especialmente

em sistemas irrigados, sendo o mês de agosto o mais adequado para realizar esta

operação. As pupas de H. armigera ficam normalmente localizadas cerca de 10 cm da

Page 187: Avaliação de carcaças bovinas

Vivan et al.

179

superfície do solo e a mortalidade dessas formas imaturas, quando se faz o revolvimento do

solo, é causada pela sua exposição ao calor e aos inimigos naturais.

Controle biológico

Embora ainda não tenham sido conduzidos no Brasil trabalhos científicos visando

avaliar a magnitude do controle biológico em ovos, lagartas e pupas de H. armigera, estas

informações são abundantes na literatura internacional. Fathipour e Sedaratian (2013)

relataram 36 parasitoides, 23 predadores e 9 patógenos associados às formas imaturas de

H. armigera, sendo constatados níveis de controle biológico natural por estes inimigos

naturais variando de 5% a 76%, dependendo da cultura e do estágio de desenvolvimento da

praga.

Segundo André Shimohiro (comunicação pessoal), na safrinha de milho de 2013 foi

constatada, no Estado do Paraná, uma elevada ocorrência de parasitismo em lagartas de

Helicoverpa, provavelmente H. armigera, quando se observou que cerca de 50% das

lagartas coletadas apresentaram-se parasitadas por moscas da família Tachinidae. Estes

resultados evidenciam o alto potencial de controle biológico natural que pode ser explorado,

especialmente quando se utilizam métodos de controle seletivos para o manejo de H.

armigera.

O controle biológico de H. armigera, utilizando-se táticas de conservação ou de

incremento dos inimigos naturais no agroecossistema, bem como pela implementação do

controle biológico clássico ou também através do controle biológico aplicado, é uma

realidade que necessita ser investigada e explorada nas condições brasileiras.

O baculovírus de H. armigera é um inseticida biológico que tem apresentado boa

eficiência no controle desta praga em vários países da Europa e da Ásia (SUN et al., 2004).

Esse vírus foi regulamentado pelo Mapa, para uso emergencial no controle de lagartas de

Heliothinae, podendo o produto estar disponível na próxima safra para uso no Brasil, uma

vez que várias empresas de defensivos já se prontificaram em realizar a sua importação.

Trabalhos na literatura evidenciam que os parasitoides do gênero Trichogramma

apresentam grande associação com ovos de espécies da subfamília Heliothinae, a qual

abrange H. armigera. Existe a possibilidade real de multiplicação e liberação a campo dos

parasitoides deste gênero, visando ao controle de ovos de H. armigera, especialmente em

cultivos de soja, milho e algodão, como já foi mencionado por especialistas que trabalham

com estes inimigos naturais durante o fórum regional de Helicoverpa, que aconteceu na

Bahia.

Considerando-se também que H. armigera é uma praga exótica para o Brasil,

esforços da pesquisa deveriam ser direcionados com o objetivo de buscar inimigos naturais

Page 188: Avaliação de carcaças bovinas

Helicoverpa armigera: nova praga na agricultura

180

exóticos nas regiões de origem de ocorrência dessa praga, para serem utilizados como

agentes biológicos de controle nos sistemas de produção agrícolas.

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Page 190: Avaliação de carcaças bovinas

Capítulo 9

Perspectivas do controle biológico de doenças

de plantas no Brasil

Flávio Henrique Vasconcelos de Medeiros

Fernando Pereira Monteiro

Programa de Pós-Graduação em Fitopatologia, Universidade Federal de Lavras, Departamento de Fitopatologia,

CP 3037, CEP 37200-000, Lavras, Minas Gerais.

Na agricultura moderna, buscam-se tecnologias sustentáveis mais efetivas,

compatíveis com as práticas de manejo da cultura. Neste contexto, os defensivos agrícolas

recentemente desenvolvidos têm sido cada dia mais seletivos, menos impactantes ao meio

ambiente, de custo comparável ou menor que a tecnologia já adotada, maximizando a

rentabilidade do produtor. Dentre estas tecnologias emergentes, o controle biológico talvez

seja aquela que mais tem crescido nos últimos anos.

O primeiro conceito proposto de controle biológico de doenças de plantas se baseou

no controle biológico de pragas, que é o controle de um organismo por outro organismo. De

fato, as primeiras observações de controle biológico relatadas cientificamente eram pústulas

de ferrugem parasitadas por fungos hiperparasitas. Contudo, se lembramos do triângulo das

relações patógeno-hospedeiro, há necessidade não apenas do patógeno virulento, mas

também do hospedeiro suscetível e do ambiente favorável para que ocorra a doença.

Portanto, um microrganismo que altere a suscetibilidade do hospedeiro ou, o ambiente

favorável para a ocorrência da doença, também pode ser considerado controle biológico. De

fato, um microrganismo agente de controle biológico pode agir por antibiose ou

hiperparasitismo. O primeiro conceito é descrito como a inibição direta do crescimento do

fitopatógeno pela produção direta de antibióticos e/ou enzimas hidrolíticas. O segundo é a

penetração direta nas estruturas do patógeno. Assim, os agentes de controle biológico agem

reduzindo o inóculo inicial, infecção de plantas ou progresso da doença. Esses

Page 191: Avaliação de carcaças bovinas

Medeiros & Monteiro

183

microrganismos podem agir também por indução de resistência e competição. Na indução

de resistência, a imunidade inata de plantas é ativada, resultando em redução na infecção

ou progresso da doença em um mecanismo indireto. Outro mecanismo indireto de controle é

a competição por espaço ou nutriente, neste caso, pode-se considerar que o agente de

controle biológico age pela alteração do ambiente favorável para ocorrência de doenças.

Se por um lado o controle biológico de pragas teve avanço rápido na pesquisa e

adoção pelo produtor, para doenças, a história andou mais lenta, com o primeiro produto

registrado apenas em 2008 e hoje ainda são apenas cinco os produtos registrados junto ao

Ministério da Agricultura como fungicidas microbiológicos, de acordo com consulta ao Agrofit

(http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons). Hoje várias são as

empresas produtoras de agentes de controle biológico de doenças de plantas, com produtos

cada dia mais eficientes, de melhor qualidade, preço acessível buscando registrar novos

produtos junto ao MAPA. Um relato da história do controle biológico de doença de plantas

no Brasil pode ser encontrado em Bettiol e Morandi (2009).

Certamente vários foram os avanços no controle biológico de doenças de plantas

que contribuíram para o sucesso atual da técnica. Um desses avanços se deu na

prospecção de antagonistas promissores. No passado, fazia-se a seleção prévia dos

antagonistas promissores baseado na inibição in vitro do patógeno pelo antagonista. Ora, se

mencionamos que o controle biológico pode se dar não apenas por antibiose, mas por

outros mecanismos, pela seleção apenas considerando um único mecanismo como critério

de pré-seleção, não se chegava a antagonistas promissores no campo ou até mesmo em

ensaios de seleção in vivo em casa de vegetação. De fato, os produtos comerciais mais

eficientes hoje contêm como princípio ativo microrganismos que atuam por mais de um

mecanismo de ação e a sua seleção não se baseou apenas em antibiose.

Neste sentido, hoje uma das áreas mais promissoras na pesquisa em controle

biológico é a busca por métodos que sejam eficientes na seleção massal de antagonistas,

de baixo custo, rápida e de fácil execução, e que garanta a reprodutibilidade dos resultados

em campo em diversas regiões, tipos de solo e sistemas de manejo da cultura.

Diversos foram os pesquisadores que propuseram e empregaram metodologias de

seleção massal de antagonistas diferentes. A mais recente e, em nossa opinião, a mais

promissora até o momento é aquela proposta por Köhl et al. (2011). Os autores listaram os

critérios de seleção de antagonistas para o controle de doenças de plantas que vão desde a

escolha do alvo biológico (critérios de viabilidade do ponto de vista técnico e comercial do

produto a ser gerado) até a possibilidade de multiplicação do antagonista. Estes passos

recomendados pelo autor para obtenção de um produto biológico promissor são os

seguintes:

Page 192: Avaliação de carcaças bovinas

Perspectivas do controle biológico de doenças no Brasil

184

1 – Avaliação da cultura alvo, doença e mercado (marketing, doença alvo);

2 – Origem e isolamento do antagonista candidato (ecologia, produção e mercado);

3 – Seleção de alto rendimento (produção, segurança e ecologia);

4 – Análise dos dados gerados;

5 – Bioensaio em plantas (casa de vegetação e campo);

6 – Avaliação preliminar da produção massal;

7 – Formulação e custos de registro;

8 – Otimização da produção massal (scale up) e testes mais amplo a campo;

9 – Integração da técnica com os diferentes sistemas de manejo da cultura já

adotados.

Outro avanço que temos visto como muito importante para maior aceitação do

controle biológico é trabalhar a expectativa do produtor. Se por um lado no controle químico

ou até mesmo no controle biológico de pragas, o produtor pode ver a praga morta,

parasitada ou mumificada, nem sempre fica evidente o efeito do agente de controle biológico

no manejo de doenças que estejam sendo controladas. Ambos fitopatógenos e agentes de

biocontrole são microrganismos, Na maioria das vezes, suas interações não são visíveis a

olho nu e os resultados de aumento de produtividade nem sempre são observados em uma

mesma safra. No controle biológico do mofo branco, por exemplo, o Trichoderma asperellum

ou T. harzianum quando aplicados, parasitam o escleródio de Sclerotinia sclerotiorum,

reduzindo tanto a germinação miceliogênica quanto carpogênica e, portanto, prevenindo a

infecção de plantas e a ocorrência do mofo branco. O problema é que, dependendo da

pressão de inóculo, ou seja, da quantidade de escleródios presentes na área, o parasitismo

dos escleródios pode não ser o suficiente para reduzir a doença abaixo do limiar de dano

econômico. Desse modo, a aplicação do produto biológico não resulta em aumento de

produtividade comparado ao manejo já adotado usando exclusivamente fungicida.

Pensando nisso, o Laboratório Farroupilha, uma das empresas que comercializa um produto

a base de agentes de controle biológico, desenvolveu um sistema de monitoramento da

qualidade e eficiência de aplicação de T. asperellum (Quality) muito interessante. Vinte dias

após a aplicação do produto, os técnicos da empresa entregam ao produtor uma placa de

Petri contendo um meio seletivo onde o produtor vai depositar escleródios encontrados

sobre o solo em sua área. Após alguns dias ele poderá ver se o escleródio teve germinação

miceliogênica ou não germina e o T. asperellum é quem cresce sobre a placa, não

permitindo a germinação do escleródio. Com a técnica o produtor pode acompanhar a

evolução do parasitismo de escleródios após as aplicações. Não apenas para o controle

biológico do mofo branco, mas para diversos outros patossistemas, como nematóides que

Page 193: Avaliação de carcaças bovinas

Medeiros & Monteiro

185

infectam as raízes de plantas, os benefícios de controle podem ser observados na safra

seguinte ou até três anos após a primeira aplicação do produto, como já observado por

Freitas et al. (2009) no controle do nematóide das galhas em jaborandi por Pasteuria

penetrans.

Mesmo para aqueles produtos registrados, ainda não há uma normatização de

produtos quanto à sua viabilidade. Esta preocupação é compartilhada por produtores,

órgãos de fiscalização (Defesa Estadual e Federal) e pela indústria de produtos. Ora,

empresas sérias que primam por altos padrões de qualidade acabam sofrendo uma

concorrência desleal com a inundação de produtos de menor custo, mas também com

menor qualidade, o que leva à descrença do controle biológico pelo produtor. Em relação ao

controle de qualidade de microrganismos, o projeto intitulado “Desenvolvimento de

metodologia analítica e amostral para avaliação de conformidade e da inocuidade de

produtos comerciais formulados à base de agentes microbianos de biocontrole”, financiado

pelo CNPq, sob coordenação do Dr. Wagner Bettiol da Embrapa Meio Ambiente, em

parceria com o Instituto Biológico, EPAMIG, Embrapa Arroz e Feijão, UFPel e Ceplac,

organiza periodicamente, treinamentos sobre as metodologias validadas pelo grupo na

Embrapa Meio Ambiente.

Tanto para avaliação da viabilidade, quanto presença de contaminantes e estudos de

interações tem crescido enormemente a contribuição de técnicas moleculares. Estas

técnicas estão cada dia mais acessíveis, tanto do ponto de vista de custo quanto de

facilidade na execução, o que, sem sombra de dúvida, deverá fazer parte da rotina da

indústria de controle biológico, como já o faz nos laboratórios de quarentena vegetal e

qualidade de alimentos.

Na avaliação de contaminantes, por exemplo, a pesquisa já pode identificar e

quantificar contaminantes no produto biológico (empregando técnicas como microarranjo ou

next generation sequencing), rastrear a distribuição do agente de controle biológico aplicado

(TaqMan qPCR), estudar os efeitos de produtos biológicos com a planta combinado ou não

às interações com o ambiente ou práticas culturais (empregando técnicas de

transcriptômica) e descobrir novos potenciais de uso de produtos biológico.

Outra possível aplicação é baseada na biologia molecular, onde são utilizadas

ferramentas para identificar problemas na linha de produção, como por exemplo, a

expressão do gene que codifica para hydrophobin (LORITO et al., 2010), uma proteína

envolvida na esporulação de Trichoderma spp. Com isso, quando se tem problemas com

esporulação do fungo no sistema de produção, pode-se usar a expressão deste gene como

marcador para rastrear em que etapa ou condição de incubação do fungo, está havendo a

interrupção da esporulação e consequentemente a esporulação.

Page 194: Avaliação de carcaças bovinas

Perspectivas do controle biológico de doenças no Brasil

186

Estas técnicas ainda permitem a elucidação de mecanismos de ação de agentes de

controle biológico e determinação de novos usos. Em estudo com o patossistema algodão e

Rhizoctonia solani, envolvendo o controle biológico com Bacillus subtilis UFLA 285, além da

menor severidade da doença foi também observado um maior aporte de raízes em relação a

testemunha. Outros trabalhos, estudando a regulação dos genes do algodão em resposta ao

tratamento com Bacillus subtilis UFLA 285 e a inoculação com R. solani revelaram 30 genes

relacionados á defesa, nove genes moduladores da parede celular e seis genes

relacionados com o estresse (MEDEIROS et al., 2011).

Estes resultados com pesquisa básica em controle biológico devem sempre serem

atreladas a aplicações práticas no futuro. Deste modo os problemas encontrados no campo

e solucionados no laboratório voltam para o campo visando alternativas para controlar o

problema, melhorando assim o sistema produtivo. Pesquisas envolvendo agentes de

controle biológico sem a intenção de uso prático têm sido cada vez mais desencorajadas

pelos órgãos de fomento nacionais. Dentre as pesquisas com grande aplicação prática na

atualidade, aquela que visa avaliar as interações do controle biológico com outras práticas

de manejo e com o ambiente são as mais próximas de uma aplicação prática, pois vai

fomentar o argumentário técnico e posicionamento de produto frente às diferentes

condições. Um exemplo prático é a contribuição de variações de temperatura na eficácia do

controle biológico. Será que um mesmo produto funciona da mesma forma no inverno e

verão? Ou melhor, será que o produto biológico controle a doença na época de maior

pressão de inóculo. Neste sentido, podemos citar o trabalho desenvolvido por Paula Junior

et al. (2012). Estes pesquisadores avaliaram a eficácia de vários produtos biológicos a base

de Trichoderma spp. para o manejo do mofo branco na produção de feijão irrigado de

inverno, situação onde a doença causa as maiores perdas. Ficou claro que a eficácia do

produto foi inferior que o tratamento exclusivo com fungicida, tanto para a variável

severidade da doença quanto produtividade. No trabalho não foi considerada a aplicação do

produto em outras épocas ou ensaio realizado em mais de uma safra, mas isto é um

indicativo tanto da necessidade de se considerar a combinação do controle biológico com o

químico no manejo da doença, quanto à limitação de ação do Trichoderma spp. no inverno

em aplicação exclusiva para o manejo da doença.

Ainda em relação ao estudo de interações, abordagens multidisciplinares são cada

vez mais desejados na pesquisa. Quando se faz a aplicação de um microrganismo que

coloniza a rizosfera e interfere na fisiologia da planta, além da esperada redução na

severidade da doença, pode-se observar promoção de crescimento e interferência na

nodulação. Em trabalhos utilizando duas cultivares de feijão (cv. Pérola e cv. Agreste) para

estudar a influência do B. amyloliquefaciens ALB 629 no número de nódulos incitados por

Page 195: Avaliação de carcaças bovinas

Medeiros & Monteiro

187

Rhizobium leguminosarum foi observado que na cultivar Agreste o número de nódulos

formados foi estatisticamente diferente do tratamento controle (Martins et al., dados ainda

não publicados).

Finalmente, o controle biológico de doenças de plantas vem ganhando cada dia

maior aceitação, a adoção desta técnica de controle tende a crescer ainda mais com os

avanços tanto na pesquisa quanto do interesse por parte da indústria e principalmente pela

maior aceitação por parte do produtor, mas talvez o maior desafio na atualidade seja o

treinamento de profissionais para a correta recomendação de uso do produto, devendo-se

incluir a disciplina ou pelo menos uma noção de controle biológico de doenças de plantas

nos cursos de agronomia e agroecologia no Brasil e no mundo.

Referências bibliográficas

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Page 196: Avaliação de carcaças bovinas

Capítulo 10

Fitoquímicos como controle alternativo de

nematoides

Sidiane Coltro-Roncato

Edilaine Della Valentina Gonçalves

Omari Dangelo Forlin Dildey

Odair José Kuhn

José Renato Stangarlin

Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Estadual do Oeste do

Paraná, CEP 85960-000, Marechal Cândido Rondon, Paraná.

Introdução

Dentre as espécies de nematóides fitoparasitas, os formadores de galhas radiculares

(Meloidogyne spp.), os nematoides de lesões radiculares (Pratylenchus spp.), o cavernícola

(Radopholus similis), e reniforme (Rotylenchulus reniformis), são importantes fitonematóides

que provocam grandes prejuízos econômicos em diversas culturas, causando danos de até

100% no rendimento (INOMOTO, 2001; SILVA et al., 2003).

De maneira geral, a interferência do nematoide no desenvolvimento da planta

hospedeira, está relacionada ao aproveitamento e desvio de nutrientes da planta para sua

própria alimentação. Estes organismos modificam e danificam o sistema radicular das

plantas, alterando sua absorção e translocação de água e nutrientes e, consequentemente,

a diminuição do crescimento das raízes e o desenvolvimento da planta (HUSSEY;

WILLIAMSON, 1998). A visibilidade dos sintomas causados pelos nematoides iniciam-se

pela ocorrência de reboleiras, que são caracterizadas por plantas menores e cloróticas,

murchas nas horas mais quentes do dia e menos produtivas (DINARDO-MIRANDA, 2005).

A distribuição dos nematoides no solo se apresenta tipicamente em agregados, e sua

capacidade de disseminação por movimentação própria é limitada. Assim, quanto mais

próximo às plantas hospedeiras, as densidades populacionais dos nematoides são maiores

lhes servindo de alimento (FERRAZ; VALLE, 1997).

Page 197: Avaliação de carcaças bovinas

Coltro-Roncato et al.

189

Fitonematoides são patógenos de difícil controle e são muitas as espécies vegetais

atacadas por estes, são de tamanho reduzido e nem sempre apresentam sintomas visíveis

nas plantas, passando despercebido pelos agricultores, acarretando em aumento

populacional e consequentemente perdas.

Tal constatação deve se ao avanço dos sistemas de produção e como consequência da

maior ocorrência de doenças causadas por nematoides nas áreas cultiváveis, a utilização de

insumos químicos passou a ser uma prática comum entre os agricultores a fim de garantir o

potencial produtivo de sua lavoura.

Em decorrência do uso indiscriminado desses produtos, vários problemas no ambiente

passaram a ser cada vez mais evidentes. Além disso, maiores custos de produção foram

observados, principalmente pela seleção de raças de resistentes aos produtos químicos

(BONALDO et al., 2004).

Como geral conscientização sobre os efeitos nocivos dos insumos químicos, maior

atenção tem sido concedida a esta causa pelos centros de pesquisas e pela própria

população, devido às mudanças ocorridas no ambiente, além dos problemas de saúde

acarretados pelo seu uso excessivo nas áreas destinadas a produção de alimentos,

resultando em uma maior restrição a sua utilização.

Nesse sentido, outros métodos de controle, como cultural, biológico e físico são

empregados no controle de patógenos (STANGARLIN et al., 2010), visando construir uma

agricultura alternativa e sustentável (POPIA et al., 2007).

Uma das principais e mais importante alternativa de controle é evitar, primeiramente,

a introdução destes organismos nas áreas, uma vez que, após serem introduzidos, podem

ter sua população reduzida e mantida em níveis baixos. Por isso, deve-se atentar para um

conjunto de medidas, que além do manejo de desinfestação de máquinas agrícolas, controle

como uso de plantas antagonistas ou os extratos vegetais podem contribuir para reduções

das populações.

O emprego de plantas com propriedades nematicidas representam uma alternativa,

com valor prático e econômico, de maneira que, as plantas apresentam substâncias

advindas do metabolismo secundário que possuem várias funções, uma delas, proteger a

planta à agentes nocivos.

As práticas de manejo como a rotação de culturas com espécies não hospedeiras

e/ou antagonistas são consideradas alternativas efetivas para o controle de nematoides. Por

outro lado, a utilização de extratos de plantas antagonistas e com potencial indutor de

resistência em plantas, pode ser efetiva no controle de fitonematoides.

Diferentes espécies de plantas apresentam diversos potenciais para controle de

nematoides, assim como, a forma de aplicação, dose a ser utilizada e preparo dos extratos

Page 198: Avaliação de carcaças bovinas

Fitoquímicos como controle alternativo de nematóides

190

vegetais, esta complexidade no preparo determinará seu real potencial de aplicação. Além

disso, diferentes espécies de plantas podem proporcionar diferentes moléculas com

potencial nematicida, que através da purificação, identificação e isolamento, podem gerar

produtos à base das substancias isoladas e menos tóxicas.

Cabe ressaltar que essas moléculas podem ser separadas por técnicas

cromatográficas, de maneira que estudos têm apontado à importância do emprego da

cromatografia na purificação de moléculas como carboidratos, peptídeos, proteínas,

lipídeos, oligossacarídeos, glicoproteínas, oligopeptídeos e ácidos graxos (WALTERS et al.,

2005).

As plantas são essenciais como forma de auxiliar o difícil manejo de fitonematoides,

pois, além de apresentar uma vasta gama de substâncias tóxicas a estes organismos,

podem ser utilizadas de várias maneiras, como na rotação de culturas, incorporação da

planta no solo, na forma de extrato, e proporcionando ainda, a obtenção de substancias

através da purificação de compostos secundários para elaboração de produtos comerciais,

basta o desenvolvimento de pesquisas que aprimorem as práticas de uso.

Espécies vegetais antagonistas

Uma das estratégias possíveis para controle dos nematoides é o manejo adequado

das práticas agrícolas na propriedade, sendo de grande valor um programa de rotação de

cultura e o uso de cultivares com moderada resistência aos nematoides (WRIGHT; RICH,

2002; MONFORT, et al.,2008;).

O termo plantas antagonistas ou plantas antagônicas é aplicado para espécies de

plantas produtoras de compostos anti-helmínticos (PANDEY et al., 2003). São consideradas

plantas antagonistas, aquelas que afetam os nematoides diminuindo a população presente

no solo. Como exemplo as plantas-armadilhas, onde o nematoide penetra no tecido vegetal,

mas não completa seu desenvolvimento. Essas plantas possuem substâncias nematicidas

ou nematostáticas no interior dos seus tecidos que pode ser liberado no meio externo ou

apenas atuar no interior das plantas (FERRAZ; VALLE, 1997).

A propriedade antagônica de várias espécies vegetais tem sido usada como controle

de diversas espécies de nematoides, com destaque para as plantas de tagetes (Tagetes

patula), Família Asteraceae, mucuna-preta (Stizolobium aterrimum), crotalária (Crotalaria

sp.), feijão-guandu (Cajanus cajan (L.) Mill), (Família Fabaceae), braquiárias (Brachiaria sp.),

capim-mambaça (Panicum maximum cv. Mombaça), capim-pangola (Digitaria decumbens)

(Família Poaceae), mostarda (Brassica rapa) (Família Brassicaceae), sendo utilizadas em

plantio consorciado, em rotação de cultura ou em adubação verde.

Page 199: Avaliação de carcaças bovinas

Coltro-Roncato et al.

191

Na utilização de um sistema de rotação de culturas, quanto maior o intervalo de

cultivo de plantas suscetíveis, maior a chance de controle do patógeno. Por outro lado, só

com algum determinado tempo irá reduzir a população de nematoides, a qual não atinja o

nível de dano econômico. Esse tempo vai depender da sequência de plantas utilizadas para

a rotação do cultivo, da densidade inicial da população e da capacidade de sobrevivência

dos fitonematoides (Tabela 1), e fatores edafoclimáticos (BRIDGE, 1996; WRATHER et al.,

1992; FERRAZ et al., 2010).

Tabela 10.1 Tempo de sobrevivência no solo de algumas espécies de fitonematoides na ausência da planta hospedeira

Nematoide Sobrevivência na Ausência da Planta Hospedeira

Mesocriconema xenoplax 2 anos - solo inundado

Globodera rostochiensis, 10 a 15 anos

Globodera pallida 10 a 15 anos

Heterodera glycines 4 a 7 anos

Meloidogyne spp. 1 a 12 meses

Meloidogyne graminicola 5 meses - solo inundado

Pratylenchus coffeae 6 meses - solo nu

Radopholus similis 9 a 14 meses

Pratylenchus brachyurus 21 meses

Tylenchulus semipenetrans 3 a 10 anos

Rotylenchulus reniformis 2 anos - solo nu, 18 meses - solo seco

Fonte: FERRAZ et al., 2010.

Assim, a rotação de culturas com plantas antagonistas ou não hospedeiras, pode ser

vista como uma das principais alternativas para manejo e controle de nematoides. Da

mesma forma, a utilização dessas plantas como adubos verdes, além de promoverem a

redução da população dos nematoides, contribuem também para a qualidade físico-

químicas do solo (FILETI et al., 2011), e consequentemente, estimulando a atividade

microbiana, proporcionando a redução do potencial de inóculo dos microrganismos

patogênicos que vivem no solo (McSORLEY; GALLAHER, 1992; FERRAZ et al., 2010).

Vários trabalhos tem demonstrado à utilização de espécies de mucuna e crotalária

que comprovam a eficiência no controle da população destes fitonematoides (CALABRIA et

al., 2010; SANTANA et al., 2010), no caso das crotalárias, a planta é capaz de produzir

substâncias tóxicas, como a monocrotalina, que inibe o movimento dos juvenis (PINHEIRO

et al., 2009). Estudando o efeito de seis adubos verdes sobre Meloidogyne javanica e

Pratylenchus brachyurus, Inomoto et al. (2006), concluíram que feijão-guandu anão

(Cajanus cajan (L.) Mill), crotalária (C. breviflora e C. spectabilis) e mucuna-preta

(Stizolobium aterrimum) diminuíram a população de M. javanica, o mesmo que o feijão-

Page 200: Avaliação de carcaças bovinas

Fitoquímicos como controle alternativo de nematóides

192

guandu anão, C. breviflora e C. spectabilis reduziram também a população de P.

brachyurus.

Os exsudatos radiculares das plantas exibem atividade aleloquímica tóxica,

apresentando efeitos diretos na população do nematoide no solo. No caso dos exsudatos

radiculares da Tagetes patula esta apresentou atividade tóxica direta sobre a população de

Rotylenchulus renifonnis, no entanto, este efeito pode não estar atrelado aos compostos

orgânicos hidrofóbicos presentes nos exsudatos, responsáveis pelo efeito tóxico sobre o

nematoide (CASWELL et al., 1991).

Exsudatos de cultura de células de plantas de tomateiro (Solanum lycopersicum),

cafeeiro (Coffea arabica), alfafa (Medicago sativa), mostarda (Brassica rapa), batata doce

(Ipomoea batatas), fumo (Nicotiana tabacum), cenoura (Daucus carota) e Crotalaria juncea,

apresentam substâncias tóxicas com efeito antagônico a fitonematóides capazes de reduzir

a eclosão de juvenis (J2) (ROCHA; CAMPOS, 2004). Tal constatação se deve a ação da

enzima acetilcolinesterase que ao hidrolisar a acetilcolina afeta o sistema nervoso do

nematoide e diminui seus movimentos (NELMES, 1970). Outro efeito que pode ser

observado é que essas substâncias podem retardar o processo de degradação da camada

lipídica e da plasticidade do ovo que são necessários para a eclosão do J2 (DONCASTER;

SHEPHERD, 1967).

A menor motilidade de juvenis (J2) de M. incognita foi constatada pelo efeito

repelente do exsudato de células alfafa, feijão (Phaseolus vulgaris L.), ervilha (Pisum

sativum L.) e milho (Zea mays L.) (ZHAO et al., 2000).

Os exsudatos radiculares de tomate, café e feijão reduziram o número de ovos

eclodidos de M. incognita, cujos efeitos das substâncias produzidas pelos exsudatos têm

potencial efetivo contra o juvenil (J2) dentro do ovo, resultando em uma menor motilidade

e/ou morte do mesmo. De maneira geral, a entrada de substâncias dentro do ovo é

selecionada por uma membrana lipídica, porém não foi registrado a seletividade dos

exsudatos radiculares de feijão, café e tomate, o que por sua vez resultaram na morte do

juvenil no interior do ovo (ROCHA et al., 2005). De maneira complementar, sugere-se que a

morte do J2 se deve ao efeito tóxico de compostos fenólicos, ácido clorogênico e caféico

(SINGH; CHOUDHLURY, 1973).

Essas substâncias nem sempre causam a morte do J2, porém pode acarretar danos

ao sistema nervoso levando a imobilização do mesmo, além de conferir em uma menor taxa

de infecção dos nematoides nas plantas (ROCHA et al., 2005).

Plantas antagonistas, tais como Brachiaria brizantha e Panicum maximum cv. Guiné

possuem efeito em reduzir populações de fitonematoides por produzirem compostos

químicos, assim como, seus extratos reduzem a eclosão de ovos de Meloidogyne javanica e

Page 201: Avaliação de carcaças bovinas

Coltro-Roncato et al.

193

Heterodera glycines, no entanto, maior efeito está em Panicum maximum cv. Guiné (DIAS-

ARIEIRA et al., 2003).

Plantas pertencentes à família Brassicaceae, tais como: crambe (Crambe

abyssinica), mostarda (Brassica rapa), brócolis (Brassica oleracea), agrião (Nasturtium

officinale), couve (Brassica oleracea), canola (Brassica napus) e rabanete (Raphanus

sativus) contém glicosinolatos, que agem na defesa da planta (CLARKE, 2010; LEONI et al.,

1997; MOHN et al., 2007; FINIGUERRA et al., 2001). Os produtos derivados da hidrólise de

glicosinolato (Figura 1) apresentam-se nocivos aos nematoides (WALKER, 1996). Os

isotiocianato derivados dos glicosinolatos de brássicas apresentam efeito nematicida e além

de baixa toxicidade à organismos não alvos, não apresenta perigos de aplicação (WU et al.,

2011).

Figura 10.1 Estrutura geral de glicosinolatos (FONT et al., 2005).

A utilização no cultivo com rotação de espécies antagônicas apresenta diversas

vantagens, a exemplo: essa interação não prejudica os inimigos naturais dos fitonematoides

presentes no solo, em alguns casos, alteram a microbiota do solo, porém, favorecendo o

aumento da população de agentes de controle biológico (FERRAZ et al., 2010).

Algumas espécies antagônicas são capazes de fixar nitrogênio atmosférico e

fornecer ao solo, melhorando suas características físico-químicas, além de minimizar os

processos erosivos do solo e diminuir a incidência de plantas invasoras. As plantas

produtoras de compostos nematicidas auxiliam no maior controle dos nematoides com ação

eficiente, ao contrário de uma simples rotação de cultura ou o cultivo de plantas não

hospedeiras. Rodríguez-Kábana e Canullo (1992) denominaram “controle passivo de

nematoides” a utilização de plantas não hospedeira e “controle ativo” a utilização de plantas

com capacidade produtora de substâncias nematicidas, culminando no controle e/ou

redução da população de fitonematoides no solo. Da mesma forma, a rotação de algodão

Page 202: Avaliação de carcaças bovinas

Fitoquímicos como controle alternativo de nematóides

194

com amendoim ou mucuna-preta, consiste uma prática que aumenta a produção de algodão

e ainda ajuda a controlar Fusarium oxysporum f, sp. vasinfectum e M. incognita (FERRAZ et

al., 2010).

Entretanto, algumas desvantagens podem ser citadas ao uso de plantas

antagonistas: as espécies antagônicas utilizadas para o manejo não apresentam valor

comercial direto, podendo ser necessário o plantio de mais de um ciclo de cultivo para

reduzir significativamente a população dos nematoides (FERRAZ et al., 2010).

Nas áreas infestadas, deve-se ter conhecimento de qual espécie de nematoide está

presente e assim determinar a planta efetiva para o controle da espécie predominante ou

suscetível a outra planta. A planta de cobertura utilizada entre linhas é um fator importante

para considerar se a espécie vegetal a ser cultivada não prejudicará por efeito antagônico à

cultura principal. Herrera e Marbán-Mendoza (1999), demostraram que utilizando plantas de

Mucuna spp., como cobertura inibiram o crescimento de plantas de cafeeiro.

As espécies vegetais pertencem a várias classes de famílias botânicas, e

apresentam vários graus de eficiência no controle alternativo de diversos fitopatógenos, a

qual pode ser utilizada em sistemas de consorciamento entre uma cultura de interesse

comercial, em esquema de rotação de cultura ou como cobertura vegetal. Mesmo com uma

grande diversidade de plantas pesquisadas, os resultados expressos nesta área são

promissores e merecem maior atenção para servir como base para desenvolvimento de

novos compostos nematicidas, sendo uma alternativa, a fim de reduzir os impactos

ambientais ocasionados pelo uso de produtos químicos e com objetivo de reduzir os efeitos

danosos ao homem.

Extratos vegetais antagonistas

Alternativa de menor impacto ecológico para o controle de nematoides é o uso de

plantas antagônicas que produzem metabólitos com propriedades nematostáticas ou

nematicidas após a penetração, ou podem tê-los constitutivamente. Assim, como extratos

vegetais que apresentam propriedades nematicidas. O extrato da planta Leucaena

leucocephala apresenta potencial nematicida, na qual a purificação e análise por

cromatografia em camada delgada indica a presença de alcaloide, responsável por tal efeito

(CUNHA et al., 2003).

Várias são as plantas que possuem efeito antagônico à fitonematóides, seja pela

ação direta da planta, reduzindo ou impedindo a multiplicação dos nematoides, seja pela

ação indireta, por meio da aplicação de extratos ou seus produtos de decomposição

(MELLO et al., 2006).

Page 203: Avaliação de carcaças bovinas

Coltro-Roncato et al.

195

Espécies vegetais, como a canela (Cinnamomum aromaticum), e sua composição

com quitosana em forma de grânulos, apresentam propriedades nematicidas, inibindo a

eclosão de ovos de M. incognita (SEO et al., 2014). Tal efeito da canela é devido a presença

de acetato de cinamil, que purificado e isolado por cromatografia de camada delgada em

coluna de gel de sílica e identificado por espectrometria de massa, mostra alta atividade

nematicida contra M. incognita, também este composto presente no extrato, induz

resistência em folhas de pepino tratadas, por ativar proteínas relacionadas à patogênese,

como β-1,3-glucanase e peroxidase (NGUYEN et al., 2012).

Nematicidas à base de substâncias vegetais, apresentam amplo espectro de ação,

são vários os mecanismos envolvidos, diferenciam-se entre espécies de nematoides e

organismos benéficos do solo. Substâncias oriundas de espécies vegetais, tais como,

borneol (1,7,7-trimetil-biciclo [2.2.1] heptan-2-ona) é encontrado no óleo de alecrim

(Rosmarinus officinalis L.), p-anisaldeído (4-metoxibenzaldeído), benzaldeído (aldeído

benzóico) e cinamaldeído (3-fenil-2-propenal) são encontrados em erva-doce (Foeniculum

vulgare L.), amendoeira (Prunus dulcis L.) e na canela (Cinnamomum cassia L.),

respectivamente. Salicilaldeído (2-hidroxibenzaldeído) é obtido a partir de casca do

salgueiro (Salix alba L.), todos estes descritos acima apresentam efeito nematicida contra

Pratylenchus brachyurus. Timol (5-metil-2-isopropifenol) é obtido a partir do óleo essencial

de tomilho (Thymus vulgaris L.), assim como o carvacrol (5-isopropil-2-metil fenol), este é

encontrado também em óleo de orégano (Origanum vulgare L.), todos os compostos citados

acima afetam a infecção de algumas espécies de fungos micorrízicos, exceto o borneol

(CALVET et al., 2001).

Geraniol (trans-3,7-dimetil-2,6-octadien-1-ol) é produzido por rosa (Rosa spp.), citral

(3,7-dimetil-2,6-octadienal) é encontrado no óleo de capim-limão (Cymbopogon spp.) e em

bálsamo (Melissa officinalis L.). O ácido caprílico (ácido n-octanóico) um ácido carboxílico

não aromático é obtido do óleo de coco e de noz de palma, e o não aromático alil

mercaptano disulfide é produzido pelo alho (Allium sativum L.). Todos estes compostos

descritos por Calvet et al. (2001), apresentam efeito nematicida contra M. javanica. No

entanto, as melhores substâncias são aquelas que têm controle efetivo sobre o

fitonematoide alvo sem afetar os organismos benéficos no solo.

A microbiota do solo traz efeitos positivos para o desenvolvimento das plantas, tais

como a promoção de crescimento, proteção às plantas por atuarem em competição com

patógenos de solo, além de outros benefícios. Por isso, compostos nematicidas devem ser

avaliados quanto seus efeitos nos organismos do solo, tais como fungos micorrízicos

arbusculares. (CALVET et al., 2001).

Page 204: Avaliação de carcaças bovinas

Fitoquímicos como controle alternativo de nematóides

196

Diferentes partes da planta influenciam na constituição de substâncias nematicidas,

como exemplo, extratos da planta cravo-de-defunto (Tagetes patula). Extratos aquosos da

flor de Tagetes patula, seguido de folhas e raiz, apresentaram efeito nematicida,

nematostático e aumento da resistência das plantas de tomateiro ao nematoide Meloidogyne

incognita em ordem decrescente respectivamente, tal efeito pode estar relacionado à

presença de α-tertienil (FRANZENER et al., 2007).

O efeito ovicida in vitro de extratos de Tagetes filifolia contra M. incognita é devido a

presença de α-tertienil isolado de espécies do gênero Tagetes, T. erecta e T. patula

(LOAÍZA et al., 1996). O ovo dos nematoides é a fase mais resistente do ciclo de vida,

sendo a quitina responsável pela resistência do ovo e necessária para o desenvolvimento

normal dos nematoides, a remoção, atrasa a eclosão dos juvenis (FANELLI et al., 2005).

Extratos vegetais de manjericão e mucuna-preta aplicados via foliar em tomateiro,

promovem ação nematicida sistêmica, proporcionando um controle mais rápido, além de

que, o composto ativo pode ser aplicado em níveis mais baixos e consequentemente com

menor toxicidade. Porém, é necessário identificar quais substâncias atuam de forma

sistêmica nestes extratos vegetais e, se tais compostos são liberados via exsudatos

radiculares, protegendo assim, a planta contra fitonematoides (LOPES et al., 2005). A

mucuna-preta (Mucuna aterrima) apresenta efeito nematicida em juvenis de segundo

estádio em plantas de tomateiro contra M. incognita raça 3, sendo responsável por este

efeito dois produtos naturais bioativos, um álcool alifático (1-triacontanol) e um éster

(triacontil tetracosanato) (NOGUEIRA et al., 1996).

A forma de preparo dos extratos é de suma importância para obter resultados

promissores no difícil manejo de nematoides. Extrato fresco de Erva-de-Santa-Maria in vitro,

não mostra efeito nematicida, já quando incubado por 24 horas há liberação de substâncias

letais à P. brachyurus (MELLO et al., 2006).

Erva-de-Santa-Maria não é hospedeira de P. brachyurus, podendo ser utilizada em

rotação de culturas nas áreas com infestações deste organismo. Porém, quando a parte

área da planta é incorporada ao solo, deve-se atentar para fitotoxidez das culturas

sucessoras, pois em soja, é observada fitotoxidez, acarretando em menor aproveitamento

de fotoassimilados pela planta sucessora e pressupostamente menor produtividade,

desencadeado pela presença de substancias tóxicas e/ou alelopáticas. Os compostos

tóxicos presentes nas plantas podem não só afetar o organismo alvo, como também plantas

sucessoras que venham a ser cultivadas, trazendo prejuízos ao agricultor, por isso é

importante o estudo in vivo (MELLO et al., 2006).

A forma de extração de substâncias ativas contra nematoides nos extratos vegetais,

influência a eficiência nematicida, pois, o princípio ativo pode ser degradado. Há compostos

Page 205: Avaliação de carcaças bovinas

Coltro-Roncato et al.

197

que são altamente solúveis em água, sendo necessário outro tipo de solvente para extraí-los

e mantê-los ativos por mais tempo (GARDIANO et al., 2009).

O efeito nematicida dos óleos essenciais também se destaca entre os métodos

alternativos de controle de nematoides. A taxa de reprodução dos nematoides formadores

de galhas Meloidogyne artiellia, em plantas de grão de bico cv. PV 61 apresenta redução em

função da atividade nematicida dos óleos essenciais das flores das plantas de

Chrysanthemum coronarium. Ainda de maneira complementar as flores, folhas, raízes e

sementes da Calendula officinalis, Calendula suffruticosa e Calendula maritima também

conferem efeitos supressivos na taxa de reprodução da população de nematoides. Tal

resposta esta atrelada a atividade nematicida de Asteraceae, cujos compostos dos óleos

essenciais atuam na biologia do nematoide, interferindo na eclosão e na viabilidade dos

juvenis (J2), tal como reportado por outros compostos fitoquímicos que também exibem

atividade nematostática (PEREZ et al., 2003).

Extratos vegetais de hortelã (Mentha sp.), bardana (Arctium lappa), e mamona

(Ricinus communis), adicionados ao solo cultivado com tomateiro, apresentam eficiência na

redução do número de ovos por sistema radicular e galhas de M. javanica. A bardana possui

compostos nematicidas, mas não se sabem quais. A planta de hortelã possui compostos

com ação vermífuga, e atua na mobilidade e reprodução do nematoide em estudo, atuando

como nematostática, imobilizando o nematoide, reduzindo o número de galhas e ovos. A

mamona possui compostos como a ricina, que atuam contra fitonematoides (GARDIANO et

al., 2009; RICH et al., 1989).

Óleo de mostarda, possui substâncias como capsaicina, capsainóides e alil

isotiocianato que reduzem a eclosão de ovos de M. javanica (NEVES et al., 2009).

O pó das plantas de crambe e colza quando adicionados ao solo infestado com M.

arenaria, reduzem o número de galhas em tomateiro, porém, ambas são fitotóxicas a essa

cultura. O principal composto responsável pela fitotoxidez não foi identificado, mas presume-

se haver alguma forma de produtos da hidrólise de glicosinolatos pela enzima mirosinase.

Embora, sabe-se que isotiocianatos, tiocianatos e nitrilos são derivados dos glicosinolatos,

outras substâncias tais como, oxazolidinone, dissulfeto de carbono e sulfeto de hidrogênio

podem inferir na fitotoxidez e/ou nematicida, quer seja isoladamente ou em combinação

(WALKER, 1996).

Extratos de canela (Cinnamomum zeylanicum) e cravo-da-índia (Syzygium

aromaticum), apresentam efeito nematicida e na inibição da eclosão de ovos de M. exigua.

A este último extrato, dá-se o efeito ao composto eugenol, alterando os sistemas vitais dos

J2, afetando a multiplicação celular e as fases de desenvolvimento embrionário,

Page 206: Avaliação de carcaças bovinas

Fitoquímicos como controle alternativo de nematóides

198

multiplicação celular, troca de cutícula e saída do ovo paralisando a eclosão (SALGADO;

CAMPOS, 2003; BULLERMAN et al., 1977).

As sementes de Brassica napus apresentam diversos glicosinolatos após purificação

em HPLC (Figura 2). No entanto, mesmo com toda essa diversidade de glicosinolatos, não

há efeito nematicida direto sobre Heterodera schachtii, somente quando ocorre a hidrólise

do glicosinolato e liberação de subprodutos, é que se verifica a mortalidade dos nematoides,

porém quando avaliado os subprodutos contra H. schachtii, a atividade nematicida varia em

função da concentração e do tempo de exposição (LAZZERI et al., 1993).

Figura 10.2 Perfil de extrato de sementes de colza (Brassica napus) em cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC). Adaptado de LAZZERI et al., 1993.

Extratos vegetais são fontes alternativas aos químicos, possuem a vantagem de

apresentar poucos efeitos nocivos sobre organismos não-alvo e ao meio ambiente, além de

atuarem em múltiplos e novos locais alvos, reduzindo assim, o potencial de resistência do

fitonematóide. Ressaltando ainda que, vários grupos de pesquisa trabalham no

desenvolvimento de estratégias para controle de nematoides com fitoquímicos, uma vez

que, o custo econômico para pesquisa e registro de novos produtos químicos sintéticos para

nematoides é um grande obstáculo. Empresas de agroquímicos investem os gastos em

pesquisas com produtos de alto valor no mercado, como herbicidas e inseticidas, por isso,

não se esperam produtos da química sintética com vários princípios ativos para controle de

nematoides no futuro (CHITWOOD, 2002).

Page 207: Avaliação de carcaças bovinas

Coltro-Roncato et al.

199

Page 208: Avaliação de carcaças bovinas

Fitoquímicos como controle alternativo de nematóides

200

Separação de moléculas com atividade nematicida pela técnica de cromatografia

A cromatografia vem do termo grego “chroma+graphein” a qual em 1903 a técnica de

separação se destacou pelos trabalhos realizados pelo botânico Mikhail Semenovich Tswett.

Mikhail, considerado o pai da cromatografia, contribuiu com o desenvolvimento do método

pelos experimentos realizados, cujo objetivo foi promover a separação de moléculas a partir

de extratos de plantas por adsorção diferencial em colunas, utilizando como fase

estacionária o carbonato de cálcio e di-sulfureto de carbono como eluente. A formação de

bandas de diferentes cores separadas na coluna ocorreu devido à adsorção diferencial dos

pigmentos corados, sendo eluídos em velocidades diferentes resultando na separação dos

componentes (ETTRE, 2003).

A cromatografia é um método físico-químico de separação de moléculas, cujos

componentes de uma amostra são separados diferencialmente devido à interação destas

com a fase móvel e fase estacionária da coluna (COLLINS, 2006) estando fundamentada na

purificação de moléculas com caráter indutor de resistência das plantas como exemplo,

contra nematoides, em diversas culturas.

A cromatografia é utilizada na identificação de compostos, por comparação com

padrões previamente existentes, baseando-se para a purificação de moléculas, separando-

se as das substâncias indesejáveis.

A cromatografia de exclusão molecular

A cromatografia de exclusão molecular denominada também como filtração em gel é

uma forma de cromatografia líquida, de maneira que a matriz utilizada nas colunas esta

fundamentada na separação de moléculas por tamanho ou também pelo volume

hidrodinâmico (WINZOR, 2003). Uma das características desse método é que as moléculas

que apresentam maior volume hidrodinâmico são eluídas primeiramente quando

comparadas com as de menor volume hidrodinâmicos. Para que as moléculas de uma

amostra possam ser separadas, o meio que é uma matriz porosa apresenta partículas

esféricas, caminho pelas quais as moléculas são eluídas. Estas por sua vez percorrem a

matriz com auxílio da fase móvel, cuja finalidade é preencher os poros da matriz e o espaço

entre as partículas (Figura 1).

As moléculas de maior peso molecular, por apresentar maior tamanho, não penetram

nos poros da matriz percorrendo o caminho de eluição mais rapidamente que moléculas

menores que interagem com a matriz (YU et al., 2006; FARNAN et al., 2009). A filtração em

gel pode ainda ser utilizada para purificar uma amostra após a cromatografia de troca iónica.

Page 209: Avaliação de carcaças bovinas

Coltro-Roncato et al.

201

Figura 10.3 Processo de gel filtração. A) Figura esquemática de uma matriz com aumento de microscopia eletrônica. B) Exemplo esquemático de moléculas de diferentes tamanhos penetrando pelos poros da matriz. Figura retirada do manual de instruções da GE Healthcare “Gel Filtration: Principles and Methods”, disponível em: http://www.gelifesciences.com/gehcls_images/GELS/Related%20Content/Files/1314807262343/litdoc18102218_20140622214751.pdf

Cromatografia de troca-Iônica:

A purificação de moléculas pela cromatografia de troca-iônica esta baseada na

adsorção reversível e diferencial dos íons da fase móvel pelo grupo trocador da resina

(matriz), cujas diferenças entre as cargas elétricas determinam a afinidade entre os íons da

fase móvel e a matriz (SPADARO, 2006).

A cromatografia de troca iônica é uma técnica muito difundida e se caracteriza pela

sua confiabilidade e reprodutibilidade dos dados. Esta se enquadra dentro do grupo de

cromatografia líquida, a qual apresenta uma fase estacionária com grupos iônicos, podendo

ser estes trocadores aniônicos (grupos iônicos positivos ligados à matriz) ou trocadores

catiônicos (grupos iônicos negativos ligados à matriz) (SPADARO, 2006).

Figura 10.4 (a) Esquema de um trocador aniônico. O Sinal (+) representa o grupo

trocador ligado à matriz e o sinal (-) os ânions que são adsorvidos. (b) Esquema de

um trocador catiônico. O Sinal (-) representa o grupo trocador ligado à matriz e o

sinal (+) os cátions que são adsorvidos (SPADARO, 2006).

Page 210: Avaliação de carcaças bovinas

Fitoquímicos como controle alternativo de nematóides

202

Cromatografia líquida de alta eficiência - CLAE

Extração de compostos derivados do metabolismo secundário das plantas são

características de cada composto, devendo assim, o estudo para encontrar o melhor

método. Porém, a identificação assim como a quantificação, por meio da cromatográfica

liquida de alta eficiência, é eficaz e rápida, basta comparar com os padrões de cada

composto. Assim como, observado por Aissani et al. (2013), dentre vários padrões

utilizados, alil isotiocianato, benzil isotiocianato, metil isotiocianato, fenil isotiocianato, o alil

isotiocianato é que foi identificado em Armoracia rusticana por meio do HPLC.

HPLC (High-performance liquid chromatography) ou Cromatografia líquida de alta

eficiência, separa misturas que contém um grande número de compostos similares, nesse

sistema é empregado coluna e a fase móvel é eluída sob altas pressões, em escala de

tempo de poucos minutos, com alta resolução, eficiência e detectabilidade (JARDIM et al,

2006).

Considerações finais

Os compostos produzidos pelas plantas apresentam características fitoquímicas

ideais para o desenvolvimento de produtos nematicidas, além da possibilidade de produzir

derivados sintéticos que podem ser utilizados como um método de controle de nematoides,

contribuindo com a sustentabilidade do ambiente por não serem elementos nocivos. Neste

contexto técnicas de cromatografia são ferramentas indispensáveis e precisam ser mais

exploradas para o desenvolvimento do conhecimento e de tecnologia para manejo de

nematoides nos sistemas de cultivo agrícolas.

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Page 215: Avaliação de carcaças bovinas

Capítulo 11

Tecnologia de aplicação de defensivos

agrícolas: inovações

Jose Antonio Brandão Bonadio1

Rafael Arcuri Neto1

Neumárcio Vilanova da Costa2

João Ricardo Pompermaier Ramella2

1Máquinas Agrícolas Jacto S/A, CEP 17580-000, Pompeia, São Paulo.

2Programa de Pós-Graduação em

Agronomia, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, CEP 85960-000, Marechal

Cândido Rondon, Paraná.

Introdução

A eficiência da tecnologia de aplicação objetiva à colocação do produto no alvo para

que este atue com a eficácia desejada, seja no controle de pragas e doenças ou, na

fertilização foliar, cobrindo alvo com a máxima eficiência e o mínimo esforço.

Devido à crescente demanda mundial por alimentos, os produtores rurais necessitam

de tecnologias que favoreçam o ganho de produtividade e, além disso, propiciem baixo

custo com manutenção. Para tanto, juntamente com operadores e mecânicos, os produtores

precisam estar capacitados para realizar tarefas que garantam o uso correto e seguro do

implemento visando a mínima depreciação e máxima eficiência de uso.

Equipamento e manutenção

É de responsabilidade do proprietário o armazenamento do equipamento em local

adequado, a realização das manutenções preventivas e corretivas, estas realizadas por

técnicos capacitados, e fornecer treinamento ao operador do equipamento.

O treinamento do operador é essencial para que a tecnologia de aplicação forneça

máxima eficiência. O treinamento deve ser oportunizado pelo administrador agrícola para

que o operador inclua práticas adequadas que forneçam uniformidade, exatidão e

segurança nas operações de aplicação. Aliado à capacitação, a escolha correta do produto

Page 216: Avaliação de carcaças bovinas

Tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas: inovações

208

à ser aplicado é um fator-chave para que a aplicação obtenha sucesso, assim como a

qualidade da água utilizada na pulverização, sendo o pH e pureza da água essenciais para

o bom resultado final da aplicação.

Em Galli e Montezuma (2005) realizaram experimentos avaliando a estabilidade da

molécula de glifosato, e os resultados demonstraram que o produto manteve-se estável em

água com pH 3, 5, 6 e 9, em temperatura de 35 ºC. Kogan (1997), mostrou que se reduzir o

pH da solução do herbicida glifosato ao nível de 3,5, obtêm-se uma maior efetividade do

produto.

Preparo do equipamento

Toda manutenção ou verificação do equipamento deve ser realizada com a máquina

parada em local seguro e seus motores desligados. Estas operações devem ser realizadas

por técnicos ou operadores capacitados, os quais devem utilizar os equipamentos de

proteção individual (EPIs) adequados para cada operação. A inspeção periódica de

pulverizadores é uma importante ferramenta para melhorar a tecnologia de aplicação

(GIL, 2007).

Devem ser realizadas verificações externas ao equipamento a fim de inspecionar os

componentes mecânicos e, se necessário, promover o reparo ou troca. A máquina, para ser

acoplado ao trator, deve ser feito com auxílio de pinos e correntes de segurança

possibilitando movimentos e manobras sem ocorrer o desengate. Os acoplamentos da

tomada de força (TDF) e da bomba de pulverização devem estar ligados ao cardan do trator,

o qual deve estar lubrificado e devidamente envolvido pelas capas de proteção.

O estado de conservação do reservatório de calda, assim como do agitador

mecânico e das mangueiras de pulverização não devem apresentar vazamentos, acúmulo

de resíduos, rachaduras e desajustes (Figura 11.1). A limpeza dos filtros depende da

qualidade da água e do tipo de produto empregado na operação, recomendando-se a

limpeza do filtro principal a cada abastecimento e antes da colocação dos produtos químicos

no tanque, utilizando detergente neutro, escova de cerdas de nylon e/ou ar comprimido

quando necessário. Os níveis de óleo do hidráulico e da bomba de aplicação devem ser

verificados diariamente e serem completados ou trocados quando necessário.

O manômetro deve estar bem conservado, com seu ponteiro em pleno

funcionamento sendo possível a visualização da escala (Figura 11.2). Os filtros de linha

devem ser limpos sempre que se abastecer o pulverizador ou quando necessário, além

disso, devem ser verificados os anéis de vedação e seu posicionamento.

As pontas de pulverização e válvulas devem ser desentupidos com instrumento que

não danifique o orifício de vazão e nunca com a boca. Segundo os fabricantes, as pontas

Page 217: Avaliação de carcaças bovinas

Bonadio et al.

209

devem ser substituídas quando 10% do total das pontas de pulverização da barra

apresentarem vazão maior ou igual a 10% em relação à vazão nominal da ponta.

Figura 11.1 Mangueiras hidráulicas dobradas acopladas ao implemento.

A B

Figura 11.2 A- Manômetro com baixa visualização. B- Manômetro

com ponteiro em mau funcionamento.

Ao superar a vazão nominal, a ponta desgastada altera suas características podendo

prejudicar a pulverização. A escolha da ponta de pulverização influência na deposição das

gotas pulverizadas sobre os alvos. Galli e Arruda (1985) e Bauer e Raetano (2004), relatam

que a uniformidade na cobertura de pulverização e a dimensão das gotas dependem dos

pulverizadores, sendo a ponta de pulverização a parte mais importante do equipamento.

Christofoletti (1999) e Ozkan (2001), afirmam que dentre as técnicas de aplicação, a seleção

de pontas de pulverização mais adequadas representa uma das alternativas para redução

de deriva.

Page 218: Avaliação de carcaças bovinas

Tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas: inovações

210

Regulagem do pulverizador

A eficiência da aplicação de produtos associada à menor contaminação ambiental e

menor custo, depende de diversos fatores, sendo que entre eles destaca-se a escolha

adequada do equipamento, o funcionamento de seus componentes e sua calibração

(OZKAN, 1987). Para obter sucesso da aplicação de agroquímicos, a calibração adequada

do pulverizador é obrigatória, pois determinará as melhores condições operacionais da

máquina (GANDOLFO; OLIVEIRA, 2006).

Calibração do pulverizador

Na calibração é verificado o desempenho do pulverizador, se está regulado como o

previsto, e fazer os ajustes finos na pressão para as pontas de pulverização, avaliando seu

desgaste e determinando o modelo ideal para o tipo de aplicação, sendo este dependente

de variáveis como tipo de produto e alvo. A utilização de máquinas desreguladas, com

pontas não recomendados ou desgastadas, são fatores que contribuem para a ineficiência

das aplicações e contaminação ambiental (DORNELLES et al., 2009).

Antes de se iniciar a calibração devem ser revisados os filtros, mangueiras, comando

de aplicação, bomba e pontas. Após a revisão, a calibração pode ser realizada pelo método

convencional (a) ou com auxílio de fórmula (b).

a) Método convencional

A calibração do pulverizador pelo método convencional é feita coletando a vazão da

ponta com o copo calibrador durante o tempo em segundos que a máquina gastou para

percorrer 50 metros no terreno (Figura 11.3).

Coleta-se a vazão de uma ou duas pontas em cada seção de barra e faz-se a média

para todas as pontas, o que pode acarretar vários erros, entre eles os de leitura. A divisão

da escala do copo calibrador, que geralmente é de 20 em 20 mL, dificulta a leitura do valor

exato do volume.

Figura 11.3 Marcação da área percorrida pelo pulverizador para coleta de volume.

Page 219: Avaliação de carcaças bovinas

Bonadio et al.

211

Passos para a calibração convencional de pulverizadores:

1- Marque 50 m no terreno a ser tratado;

2- Abasteça o pulverizador até a metade do tanque com água limpa;

3- Posicione a máquina 5 m antes da primeira marca;

4- Acione a tomada de força a 540 rpm;

5- Escolha a velocidade de trabalho, a qual deve permanecer constante;

6- Após a máquina passar pela 1ª marca acione o cronômetro, parando-o quando

atingir a 2ª marca;

7- Anotar o tempo gasto para percorrer os 50 m (em terrenos irregulares realizar a

operação várias vezes e estimar média);

8- Com o pulverizador parado e na mesma rotação (540 rpm), libere a vazão para

as pontas e regule a pressão de acordo com o tipo de ponta utilizada;

9- Colete o volume da ponta durante o tempo que foi gasto para a máquina

percorrer os 50 m, repetir a operação em vários bicos e estipular a média (Figura

11.4);

10- Faça a leitura do volume no copo medidor na coluna que corresponde ao

espaçamento entre pontas.

A B

Figura 11.4 A- Coleta de volume com copo medidor. B- Copo medidor.

b) Método de volume de calibração (fórmula)

Os volumes de pulverização podem ser obtidos com auxílio da fórmula:

1600

Lha

pv

qQ

Onde:

Q= volume de pulverização (L ha-1)

q= vazão de um bico (L min-1)

p= espaçamento entre bicos na barra (m)

v= velocidade de trator (km h-1)

600= fator de conversão de unidades

Page 220: Avaliação de carcaças bovinas

Tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas: inovações

212

Exemplificando:

Vazão do bico: 1,5 L min-1 a 150 lbf pol-2

Espaçamento entre bicos: 0,6 m Velocidade do trator: 6,0 km h-1

12506,3

900

6,06

6005,1

LhaQ

Tecnologia de aplicação de agroquímicos

A tecnologia de aplicação consiste na divisão do líquido a ser aplicado em gotas

(pulverização), multiplicando o número de partículas (gotas) que conduzem os princípios

ativos na direção dos alvos. Portanto, entende-se como tecnologia de aplicação o emprego

de todos os conhecimentos científicos que proporcionem a correta colocação do produto

biologicamente ativo no alvo, em quantidade necessária, de forma econômica, com o

mínimo de contaminação de outras áreas (MATUO, 1998).

Sendo assim, torna-se fundamental o conhecimento de como otimizar a aplicação a

fim de minimizar os prejuízos e os problemas decorrentes das perdas por deriva e

evaporação, da velocidade de trabalho do pulverizador, do tamanho das gotas e de outros

fatores, e com isso, diminuindo os custos de produção e de contaminação ambiental.

Conceito de alvo

Alvo é aquilo que foi escolhido para ser atingido no processo de aplicação, sendo

que em função do tipo de alvo, a pulverização escolhida deverá ter características

específicas para melhor atingi-lo. São vários os tipos de alvo a serem cobertos em uma

aplicação, devendo-se realizar um estudo prévio das características dos alvos, analisando

fatores como: movimentação das folhas, estágio de desenvolvimento; cerosidade,

pilosidade, rugosidade, face da folha em que a cobertura é mais importante (abaxial/adaxial)

e arquitetura de dossel da planta.

O seu alvo é?

Qual a parte da planta que ele se

encontra?

Quais folhas?

Face da folha?

Qual a cobertura necessária para o

produto a ser aplicado?

SOLO FOLHAS

TODAS DE CIMA

DE BAIXO

ABAXIAL MENOR RAMOS

PLANTA FLORES

ADAXIAL MAIOR FRUTOS

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Bonadio et al.

213

Cobertura

A cobertura refere-se à intensidade de gotas depositadas no alvo no momento da

aplicação. As escolhas do tipo de produto a ser aplicado (Tabela 11.1), volume de

pulverização, tamanho da gota, uso de espalhante (surfactante) e redução das perdas estão

intimamente ligadas à cobertura.

O volume de pulverização é comumente utilizado para modificar a cobertura e

tamanho de gota, portanto ambas devem ser analisadas no momento da escolha da técnica

de pulverização para que a cobertura seja eficiente e desejada (Figura 11.5).

Tabela 11.1 Quantidade de gotas cm-2 em função do tipo de produto utilizado

PRODUTO GOTAS/CM2

Inseticida Sistêmico 20 a 30

Inseticida de Contato 50 a 70

Herbicidas Pré-Emergentes 20 a 30

Herbicidas Pós-Emergentes - Sistêmicos 20 a 30

Herbicidas Pós-Emergentes - Contato 30 a 40

Fungicidas - Sistêmicos 50 a 70

Fungicida - Contato Mais de 70

Figura 11.5 Tamanho de gotas em função do volume de

pulverização.

Condições climáticas

A adequação da tecnologia de aplicação às condições climáticas favorece a

eficiência da aplicação. Geralmente, devem ser evitadas as aplicação com umidade relativa

Page 222: Avaliação de carcaças bovinas

Tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas: inovações

214

do ar abaixo de 50% e temperatura ambiente superior aos 30 ºC. A velocidade do vento no

momento da aplicação influencia na deposição de gotas no alvo, sendo valores entre 3 e 10

km h-1 utilizados como referência para a maioria das aplicações. No caso de velocidade de

vento superior a 10 km h-1 pode ocorrer o aumento da deriva, principalmente quando

utilizadas gotas finas ou muito finas, implicando em perdas e aumento no custo da aplicação

(Tabela 11.2). Ausência de vento também pode ser prejudicial, em função da chance de

ocorrer ar aquecido ascendente, o que dificulta a deposição das gotas pequenas, o vento “0”

pode influenciar na diminuição da penetração das gotas no dossel da planta.

Tabela 11.2 Exemplo de relação prática entre as condições climáticas e a escolha do

tamanho das gotas

Fatores

Classes de gotas de acordo com as condições climáticas

Muito finas ou

Finas Finas ou Médias Médias ou Grossas

Temperatura Abaixo de 25ºC 25 a 28ºC Acima de 28ºC

Umidade relativa Acima de 70% 60 a 70% Abaixo de 60%

Penetração e arquitetura das plantas

A incidência de pragas e/ou doenças possui características particulares, variando os

locais de ataque e com isso, podendo dificultar a eficiência da aplicação, como em partes

baixas de uma planta com alta densidade foliar. Considerando-se o grau de

desenvolvimento vegetativo no momento das aplicações, muitas vezes com total

fechamento e grande área foliar, as técnicas de aplicação precisam oferecer a máxima

capacidade de penetração na massa de folhas e melhor cobertura possível, mesmo para a

aplicação de defensivos com características de ação sistêmica.

Plantas com padrão foliar mais ereto, como as gramíneas (trigo, milho, pastagem)

apresentam baixa resistência a penetração do produto quando comparadas com as

leguminosas (soja, feijão, amendoim). A arquitetura inclui diversos caracteres, como número

de hastes e ramos, estrutura de hastes ou ramos (número e comprimento dos entrenós), e

estrutura, tamanho e orientação de folhas (HUYGHE, 1998).

Volume e aditivos de calda

O volume de calda é essencial para atingir o sucesso na aplicação. Estipular o

volume de calda depende do tipo de alvo a ser atingido, do tamanho das gotas, da

Fonte: Antuniassi et al., (2005).

Page 223: Avaliação de carcaças bovinas

Bonadio et al.

215

necessidade de cobertura, do tipo de ação do produto aplicado e da tecnologia de aplicação.

Geralmente, as aplicações de volume muito pequeno acabam sendo realizado com gotas

muito finas, o que aumenta o risco de perdas, principalmente por evaporação ou deriva. Por

outro lado, volumes altos podem ocasionar saturação da calda por sobre as folhas e

escorrimento.

Recomenda-se que as aplicações utilizando volumes de calda muito baixos sejam

realizadas com auxílio de tecnologias de controle de evaporação da água, a substituição da

água por outro meio ou o uso de adjuvantes. Os adjuvantes podem atuar em todas as

etapas do processo de aplicação de um produto fitossanitário, desde a formação das gotas

(pulverização), até a ação biológica do ativo no alvo. Os espalhantes (surfatantes) tem como

função aumentar a área de contato das gotas com os alvos, melhorando o espalhamento da

calda e o molhamento da superfície tratada.

O uso de óleo na calda tem a função de melhorar a penetração e aderência do

produto aplicado no alvo. Os óleos também atuam na formação de gotas, ocasionando o

aumento no tamanho médio das gotas e reduzindo a formação de gotas muito finas e com

isso, a deriva. Ocasionalmente, o óleo pode melhorar o espectro de gotas, reduzindo a

variação no tamanho das gotas produzidas no processo de pulverização.

Burr e Warren (1972), estudaram o efeito de um óleo isoparafínico como carregador

do 2,4 D (ácido 2,4-diclorofenoxiacético) em folhas de tiririca, onde, após três dias,

aproximadamente 43% do herbicida foi absorvido quando aplicado juntamente com óleo,

enquanto que apenas 18% foi absorvido quando aplicado em água pura.

Características das pontas de pulverização

a) Nomenclatura

O uso de nomenclatura para diferenciar as pontas de pulverização serve para

auxiliar o usuário no momento da aquisição. Nome, ângulo e vazão são informações que

devem ser consideradas para que seja possível atender a necessidade do aplicador

(Figura 11.6).

Figura 11.6 Nomenclatura para diferenciar as pontas de pulverização.

Nome da ponta

Ângulo de aplicação

Galão americano min-1

Page 224: Avaliação de carcaças bovinas

Tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas: inovações

216

b) Vazão (Norma ISO 10625)

Na maioria, as pontas disponíveis no mercado apresentam vazões padronizadas

pela norma ISO, sendo esta identificada por meio de cores (Tabela 11.3). No caso de pontas

sem padronização ISO, é necessária a disponibilização da tabela de vazão pelo fabricante.

Tabela 11.3 Tabela de classificação de pontas de acordo com a vazão

Pressão Cor do Bico Vazão L min-1

3 Bar

Laranja (01) 0,4

Verde (0,15) 0,6

Amarelo (02) 0,8

Azul (03) 1,2

Vermelho (04) 1,6

Marrom (05) 2,0

Cinza (06) 2,4

Branco (08) 3,2

c) Distribuição da vazão

Corresponde a distribuição da calda ao longo da faixa de aplicação. Pode ser medida

individualmente por ponta ou na faixa de deposição das pontas na barra. Recomenda-se

aferir no momento da calibragem, evitando assim falhas no tratamento e na eficiência da

aplicação, ocasionado pela concentração ou ausência de produto em uma determinada

área.

Classes de gotas

As gotas produzidas por uma ponta podem ser classificadas em “muito finas”, “finas”,

“médias”, “grossas” e “muito grossas”. O tamanho de gotas pode influenciar a capacidade de

a pulverização cobrir o alvo de forma eficiente garantindo a penetração na massa das

folhas. Gotas de tamanhos menores oferecem maior número de gotas cm-2, assim como

maior capacidade de penetração, e são recomendadas quando é necessária boa cobertura

e boa penetração nos alvos. Porém, gotas menores podem ser mais suscetíveis à

evaporação e aos processos de deriva. Geralmente nos sistemas de produção, as gotas

mais grossas são preferíveis na aplicação de herbicidas de ação sistêmica (ex: Glifosato),

enquanto gotas finas são recomendadas na aplicação de fungicidas e inseticidas por estes

apresentam ação sistêmica menor que o herbicida.

Page 225: Avaliação de carcaças bovinas

Bonadio et al.

217

A gota gerada pela ponta de pulverização é o resultado de um planejamento

realizado através da análise de vários fatores como: alvo, cobertura, volume de calda,

penetração, entre outros. Para cada grupo de pontas é atribuída uma classe de gota, as

quais variam de muito fina a extremamente grossa (Figura 11.7), sendo influenciada pela

variação de pressão a ser exercida.

Muito Fina Fina Média

Grossa Muito Grossa Extremamente Grossa

Figura 11.7 Modelos de pontas e suas respectivas classes de gota.

Tipos de pontas

É importante ressaltar que o custo dos produtos aplicado no processo de

pulverização que passam pelas pontas, é muito maior que o custo das próprias pontas.

a) Tipo cone vazio e cone cheio

Ponta com orifício em forma circular e seguido de um tubo helicoidal (caracol), que

geram rotação ao escoamento do líquido. Apresentam distribuição circular, com pouca

presença de gotas no centro do cone (Figura 11.8). Apresentam ângulos que variam de 60º

a 100º.

Igualmente ao cone vazio, apresenta orifício em forma circular seguido de tubo

helicoidal, porém com preenchimento do cone. O produto é distribuído desde as

extremidades do cone até o centro, são caracterizados por terem ângulos entre 20º e 60º.

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Tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas: inovações

218

A B

Figura 11.8 Pontas de pulverização com jato cônico. A- Cone Vazio. B- Cone Cheio. Fonte: ANDEF (2004).

b) Tipo leque

Pontas em formas de fendas que apresentam jato plano e deposição de forma linear.

Geralmente trabalham em baixa pressão (15 a 60 psi). Este tipo de ponta apresenta duas

variações que influenciam na distribuição de seu volume, leque plano padrão e leque plano

uniforme (Figura 11.9).

O tipo plano padrão é um dos mais utilizados em equipamentos de barra. Como

característica particular há necessidade dos jatos se cruzarem no momento da pulverização,

além de adequar a altura da barra, o ângulo de aplicação da ponta e o espaçamento entre

pontas para que ocorra a sobreposição de forma ideal.

O leque de plano uniforme são pontas que apresentam distribuição uniforme ao

longo da faixa aplicada, não sobrepondo o jato. São comumente utilizados em

pulverizadores costais ou em aplicações dirigidas.

Figura 11.9 Ponta leque plano padrão e plano uniforme. Fonte: ANDEF (2004).

Avaliando a cobertura gerada por diferentes pontas de pulverização Cunha e Ruas

(2006), constataram que as pontas de jato plano padrão conferiram deposição média

superior nas folhas baixeiras das plantas de soja quando comparadas as pontas de jato

plano de pré-orifício.

Page 227: Avaliação de carcaças bovinas

Bonadio et al.

219

Soluções e inovações

Podemos dividir as tecnologias de aplicação em três grandes áreas:

Soluções para veículos;

Soluções para pulverizações;

Soluções para navegação/gerenciamento.

Para veículos as soluções abrangem motor, transmissão, freios, chassi, conforto e

segurança. Nas soluções para pulverizações incluem-se o controle de vazão, estabilidade

da barra de pulverização, altura de barra e pontas de pulverização. No caso de soluções

para navegação e gerenciamento, o software utilizado na navegação, monitor, controladores

eletrônicos de vazão precisos, telemetria, entre outros.

Sistema vortex (soluções para pulverizações)

Tecnologia com objetivo de aumentar a penetração das gotas no dossel da planta,

assim a cultura capta mais gotas na face abaixo (inferior) da folha devido à deflexão do ar

pela superfície do solo, aumentando a eficiência na aplicação de produtos que tenham como

alvo esta região da folha além de, atingir com maior precisão plantas daninhas suprimidas

por plantas cultivadas. Com a utilização de ventiladores com rotação variável no centro da

barra, produzindo um volume de ar que é distribuído na barra por um ducto inflado.

O sistema Vortex também diminui a deriva e exposição aos produtos, além de

aumentar o rendimento operacional das aplicações, pois gera menores volumes de calda e

reabastecimentos, maior velocidade de deslocamento e ampliação dos horários de

pulverização. O sistema proporciona uma melhor cobertura do alvo, pois possibilita com

gotas menores, minimizando as perdas por deriva (Figura 11.10).

Figura 11.10. Eficiência na cobertura de alvo com e sem o uso da

tecnologia Vortex.

A regulagem da rotação do ventilador (Figura 11.11A) e do ângulo das canaletas de

saída de ar (Figura 11.11B) são componentes essenciais para uma pulverização ideal. A

125 L ha-1

(com)

125 L ha-1

(sem)

Page 228: Avaliação de carcaças bovinas

Tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas: inovações

220

velocidade do ventilador de ar deve estar em conformidade com o alvo da aplicação, sendo

assim:

Início de desenvolvimento: Vê-se mais o solo do que folhas. Neste caso não

é necessária a utilização do ventilador;

Desenvolvimento intermediário: É possível visualizar o solo nas entrelinhas,

deve-se utilizar de 40 a 60% da velocidade total do ar;

Cultura com alta densidade de folhas: Não se observa o solo portanto,

recomenda-se utilizar acima de 80% da velocidade total de ar.

A B

Figura 11.11 Detalhes do sistema Vortex. A- ventiladores no centro da

barra. B- canaletas de saída de ar.

Segundo Raetano (2007), em lavouras de soja com presença de Phakopsora

pachyrhizi apresenta os sintomas iniciais no terço inferior do dossel, sendo necessária

aplicação de fungicida que atinja o alvo, pois muitos fungicidas de ação sistêmica de plantas

dicotiledôneas são translocados a pequenas distâncias dentro da folha, sendo necessária

boa cobertura para uma boa eficiência, o que é favorecido pelo uso do sistema Vortex.

Várias pesquisas mostram que a assistência de ar junto à barra de pulverização, reduz a

deriva, favorece a penetração das gotas no dossel da cultura e melhora a distribuição da

pulverização (TAYLOR et al., 1989; COOKE et al., 1990).

Em estudo sobre as diferentes velocidades da assistência de ar na barra de

pulverização, Raetano e Bauer (2003) concluíram que quando utilizado em plena

capacidade, o ventilador juntamente com o adequado, resultou melhores níveis de cobertura

na face abaxial dos folíolos baixeiros na cultura do feijão.

Veículo Ground Clearance (vão livre)

Os veículos com uma grande distância entre o eixo do chassi e o solo (vão livre), na

maioria com 140 cm e autopropelidos, permitem aplicações durante todo o desenvolvimento

Page 229: Avaliação de carcaças bovinas

Bonadio et al.

221

das culturas sem causar danos (Figura 12.12). O chassi desses pulverizadores tem

estruturas leves e resistentes, devendo ser o mais flexível possível para suportar e superar

as adversidades dos terrenos. As barras de pulverização podem ser instaladas na parte

frontal ou traseira dos pulverizadores autopropelidos, possuem acionamento hidráulico com

sistema autonivelante e medem de 15 até 48 m de comprimento.

O veículo com grande vão livre deve proporcionar uma elevada capacidade

operacional, baixo consumo de combustível, robustez, baixo custo de manutenção, conforto,

facilidade operacional, segurança e agilidade. Desde o assento, coluna de direção, até a

visibilidade da cabine e o acesso a ela, são itens que geram conforto na hora do trabalho.

Favorecendo a tecnologia de aplicação, a transmissão independente de cada roda evita

patinagem dentro da área cultivada, a velocidade de deslocamento pode atingir até

65 km h-1, dependendo das condições do trajeto e, velocidade de trabalho acima de

30 km h-1. Possibilitar um controle de rotação para proporcionar torque ideal para as

operações leva a uma economia de combustível e redução de custos operacionais.

Figura 12.12 Veículo autopropelido e grande vão livre.

Os pneus devem ser ideais para trabalhar com segurança apresentar, durabilidade,

maior raio (maior vão livre) e elasticidade para suportar mais carga e diminuir os

reabastecimentos. Sistemas de frenagem ABS, do tipo anti-bloqueio para evitar que as

rodas travem. Um sistema de suspensão pneumática independente confere maior

estabilidade ao conjunto de barras e eficiência na aplicação. O baixo custo de manutenção e

o acesso livre para inspecionar, diagnosticar, lubrificar e regular à mão é uma vantagem

para o operador, que pode realizá-los na lavoura, desde que esteja seguro.

No setor da pulverização, o controle eletrônico de vazão confere respostas mais

rápidas e precisas no controle da dosagem e garantem maior qualidade na aplicação dos

produtos. O circuito percorrido pelo produto também deve ser beneficiado para que o

Page 230: Avaliação de carcaças bovinas

Tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas: inovações

222

sucesso da aplicação seja alcançado, sendo assim, a facilidade na calibração, limpeza e

qualidade na aplicação do produto nas bordaduras, economizando tempo, insumos e

protegendo o meio ambiente. A altura de barras, seu comprimento e estabilização

proporcionam mais qualidade na aplicação mesmo em terrenos mais ondulados e com

culturas altas.

Atualmente, com a evidência da agricultura de precisão na agropecuária, algumas

tecnologias acopladas aos sistemas de aplicação são essenciais para o sucesso do

processo de pulverização. A possibilidade de utilizar serviços e informações para melhorar a

precisão das operações, gerenciar a qualidade e o rendimento operacional, reduzir custo,

minimizar impactos ambientais e maximizar o lucro, fazem da agricultura de precisão um

modelo a ser seguido e praticado em todos os sistemas produtivos. Um exemplo é o uso da

plataforma OTMIS (Jacto®), a qual gera soluções para a agricultura de precisão.

Algumas aplicações do sistema OTMIS®, como o controlador automático bico a bico,

permite configurar a largura de trabalho, a abertura e fechamento automático do bico

proporcionar, economia, precisão e menor impacto ambiental. Sensores de temperatura e

umidade possibilitam o monitoramento das condições atmosféricas para uma pulverização

de qualidade, medindo a umidade, temperatura, velocidade de vento, pressão e ponto de

orvalho.

Coletor de dados remoto

Telemetria é um sistema de transmissão e gerenciamento de informações

georeferenciadas que permite a transferência dos dados operacionais do veículo para o

software específico na web através de sinal de celular ou rede wireless (Wi-Fi).

A partir do acesso a estas informações na plataforma, é possível visualizar mapas

com diversas informações, gerenciar melhor as operações e precisar o processo de tomada

de decisão (Figura 11.13). O Coletor de dados remoto é um módulo eletrônico responsável

pelo gerenciamento e monitoramento de veículos através de tecnologias de comunicação

sem fio. As principais funções são:

Armazenar informações georeferenciadas e dados operacionais do veículo em

um banco de dados local;

Transmitir as informações mais recentes quando uma rede sem fio estiver

disponível (GPRS ou Wi-Fi);

Receber e processar atualizações disponíveis no servidor;

Priorizar a conexão entre as redes sem fio quando disponível (Wi-Fi ou GPRS).

Esses sistemas de informações são utilizados para manipular, sintetizar, pesquisar,

editar e visualizar informações, geralmente armazenadas em bases de dados

Page 231: Avaliação de carcaças bovinas

Bonadio et al.

223

computacionais. Essas informações permitem a manutenção de inventários, julgamento da

suscetibilidade de áreas para diferentes propósitos, auxílio a usuários na tomada de

decisões em processos de planejamento e realizar análises preditivas.

Figura 11.13 Processo de transmissão de informações e dados do veículo para um banco

de dados.

Considerações finais

O emprego de conhecimentos científicos na tecnologia de aplicação proporciona a

correta deposição do produto biologicamente ativo no alvo na quantidade adequada, de

forma econômica e como mínima contaminação ao meio ambiente. Desta forma, as técnicas

de pulverização exige a compreensão de que as variáveis como o alvo, a umidade,

temperatura, cultura e tipo de patógeno atuam de maneira integrada, portanto deve-se ter

acuidade na interpretação das variáveis, as quais são responsáveis pela eficácia no controle

do alvo.

A definição dos parâmetros que serão adotados em uma aplicação é de extrema e

fundamental importância para redução dos riscos que envolvem a atividade de aplicação de

defensivos. Por isso, sempre deve-se ter atenção máxima com relação as aspectos

fundamentais que norteiam as operações de pulverização de defensivos agrícolas.

Page 232: Avaliação de carcaças bovinas

Tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas: inovações

224

Referências bibliográficas

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Page 234: Avaliação de carcaças bovinas

Capítulo 12

Secagem de grãos

Adriano Divino Lima Afonso

Curso de Graduação em Engenharia Agrícola, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, CEP 85819-110,

Cascavel, Paraná.

Introdução

A preservação da quantidade física, química e biológica dos produtos agrícolas

durante as etapas de processamento e armazenamento é o principal objetivo de uma

unidade armazenadora de grãos. Há diversos fatores que interferem na preservação da

qualidade dos produtos, sendo que o teor de umidade é sem dúvida um dos mais

importantes, juntamente com a temperatura do produto. O produto agrícola apresenta uma

quantidade de água, quando atinge o ponto máximo de maturação fisiológica que é

incompatível com as boas práticas de armazenamento após a colheita. Assim, o produto ao

ser colhido com teor de umidade não recomendado para o armazenamento seguro deverá

ser imediatamente seco, objetivando reduzir a quantidade de água disponível para as

atividades biológicas das pragas, particularmente dos fungos, que são os principais

causadores de deterioração do produto agrícola armazenado. A redução da quantidade de

água presente no interior do grão permitirá que o mesmo seja conservado em silos ou

armazéns por longos períodos de tempo.

A forma mais comum de redução da quantidade de água disponível e,

consequentemente do teor de umidade do produto, é através do processo de secagem.

Esse processo pode ocorrer naturalmente no campo, sobe efeito das condições climáticas

naturais. No entanto, devido a diversos fatores que interferem na qualidade do produto

durante o processo de secagem natural no campo, tais como infestação de pragas e

condições climáticas adversas, o produto é colhido pelo produtor com teor de umidade

elevado, acima de 14% e, seco artificialmente com a utilização de equipamentos

denominados de secadores de grãos. Esses equipamentos são utilizados com finalidade de

reduzir rapidamente o teor de umidade do produto até o nível considerado seguro para o

armazenamento. O processo de secagem artificial pode ser realizado basicamente em duas

Page 235: Avaliação de carcaças bovinas

Afonso

227

condições de secagem: baixa temperatura e alta temperatura. O referencial limite entre as

duas situações é a temperatura do ar de secagem, sendo que, temperatura inferior a 40ºC é

considerado sistema de secagem a baixa temperatura e, acima desse valor, secagem a alta

temperatura.

Normalmente o processo de secagem a baixa temperatura é realizado quando se

objetiva um produto de qualidade superior, como no caso de sementes ou, quando o

processamento dispõe-se de tempo para que o mesmo seja realizado, como no processo de

secagem em propriedades agrícolas, onde a quantidade de grãos a ser processado é

relativamente pequena. No Brasil, a maioria do procedimento de secagem é realizada em

condições de alta temperatura, com exceção ao processo de secagem de produtos

agrícolas que se destinam a produção de sementes.

Para a realização do processo de secagem em alta temperatura utilizam-se

secadores de grãos com grandes capacidades de processamentos (acima de 20 toneladas

por hora) e elevadas temperaturas do ar de secagem, normalmente acima de 80ºC. Em

algumas situações são observados valores de temperatura do ar de secagem na faixa de

110 a 120ºC, visando reduzir o tempo de secagem e aumentar a capacidade de secagem do

secador. Esse procedimento realizado pelos operadores de secadores de aumentar a

temperatura de secagem poderá acarretar diversos danos aos produtos agrícolas, os quais

podem ser visíveis, como a presença de trincas, escurecimento ou queima superficial dos

grãos, ou danos imperceptíveis, como na redução de energia metabolizável disponível pelo

grão.

A Figura 12.1 mostra duas amostras de grãos de milho secas com baixa e alta

temperatura de secagem. Nota-se que o milho seco à alta temperatura do ar de secagem

apresenta-se na coloração escurecida, com grãos quebrados, lascados e trincados, bem

como maior presença de pó em sua superfície.

Figura 12.1 Grãos de milho seco a baixa temperatura e alta temperatura.

Page 236: Avaliação de carcaças bovinas

Secagem de grãos

228

Observa-se que na prática os operadores de secadores desconhecem os princípios

de secagem dos grãos e buscam unicamente a redução do tempo de secagem pelo

aumento da temperatura do ar de secagem.

Princípio de secagem de grãos

Para melhor entendimento do processo de secagem que ocorre no interior dos

secadores de grãos, o operador de secador ou o profissional responsável pela secagem

deve ter conhecimento de como se dá o processo de secagem na câmara de secagem e no

interior do grão. Esse conhecimento permitirá ao mesmo entender que processo de

secagem, que se constitui da retirada ou saída de água do interior do grão, é um processo

que demanda tempo e ocorre segundo princípios de termodinâmica, envolvendo fenômenos

de transferência de calor e massa entre o ar de secagem e o grão.

No processo de secagem há transferência de calor entre o ar de secagem e o grão.

O ar de secagem cederá energia nas formas de calor sensível, que será responsável pelo

aquecimento do grão e, calor latente de vaporização, que será responsável pela evaporação

da água livre presente nos poros do grão. Há ainda no processo de secagem a transferência

de massa entre o grão e o ar de secagem. Na transferência de massa o grão cederá água

na forma de vapor para o ar de secagem, resultando na secagem ou redução do teor de

umidade do grão.

A Figura 12.2 ilustra os processos de transferência de calor e massa entre o ar de

secagem e o grão. Antes do ar de secagem entrar em contato com o grão no interior da

câmara de secagem do secador, o mesmo possui determinada temperatura e umidade

relativa. Ao atravessar a câmara de secagem e entrar em contato com o grão, o ar de

secagem trocará calor e massa com o mesmo. O ar ao sair da câmara de secagem,

denominado de ar de exaustão, sairá com temperatura inferior ao de sua entrada e com

umidade relativa superior. No interior da câmara de secagem o ar cederá calor para o grão

na forma de calor sensível e latente de vaporização, o que resulta na redução da

temperatura do ar e aumento da umidade relativa, devido à absorção água do grão. Por

outro lado, o grão antes de entrar na câmara de secagem possui determinada temperatura e

teor de umidade. Ao entrar em contato com o ar de secagem no interior da câmara de

secagem, ocorrerão as trocas de calor e massa. Ao sair da câmara de secagem, o grão

sairá com temperatura superior a de sua entrada, devido à transferência de calor sensível

do ar de secagem para o grão. O grão sairá também da câmara de secagem com teor de

umidade inferior ao de sua entrada, pois transferirá água na forma de vapor d’água para o

ar, reduzindo o teor de umidade.

Page 237: Avaliação de carcaças bovinas

Afonso

229

Figura 12.2 Processo de transferência de calor de

massa entre o ar de secagem e o grão.

Como o processo de secagem envolve uma quantidade de ar necessária para

transferir calor e absorver água de determinada quantidade de grãos presentes no interior

da câmara de secagem, tão importante quanto à disponibilidade de calor para evaporar a

água é a vazão de ar, proporcionada pelos exaustores existentes no secador de grãos, que

deve ser condizente com a capacidade de remoção de água por intervalo de tempo. Além

disso, a velocidade do ar no interior da câmara de secagem também é um importante

componente no processo de secagem. A velocidade do ar em relação ao grão tem que ser

adequada para permitir as trocas de calor e massa entre o ar de secagem e o grão. Se a

velocidade do ar relativa ao grão for elevada, não ocorrerão as trocas de calor e massa na

intensidade adequada e, portanto, o rendimento e a eficiência energética do secador serão

baixos. Nesse caso, o ar de exaustão sairá nos exaustores ainda com potencial de

secagem, ou seja, com temperatura alta e umidade relativa baixa, indicando que as trocas

de calor e massa não ocorreram corretamente.

No final do processo de secagem o produto quando o mesmo é retirado do secador

com teor de umidade desejado ou recomendado para o armazenamento seguro, o grão

apresenta-se com gradiente de água em seu interior, sendo que a região externa próxima à

superfície apresenta-se mais seca, enquanto que a região central está mais úmida. O

gradiente de água se deve ao fato do processo de saída de água do grão ocorrer no sentido

da superfície para o seu interior, ou seja, quando o grão é retirado do secador com

determinado teor de umidade, por exemplo com 14%, o grão ainda tem uma quantidade de

água que está em maior quantidade ou concentração em seu interior ou centro do que

próximo a sua superfície. É comum verificar depois da retirada do produto do secador e seu

armazenamento no silo a ocorrência de um pequeno aumento no teor de umidade do grão

depois de decorrido determinado tempo de descanso. O pequeno aumento relativo do teor

Page 238: Avaliação de carcaças bovinas

Secagem de grãos

230

de umidade verificado pelos determinadores de umidade se deve principalmente a

redistribuição de água no interior do grão, através do processo de difusão, onde a água em

maior concentração na região central do grão flui para a região próxima a superfície do grão,

que se encontra mais seca. Dependendo do determinador de umidade e da temperatura do

grão no momento da determinação do teor de umidade, esse relativo aumento do teor de

umidade poderá ser maior ou menor. Portanto, não há um ganho de água do grão no interior

do armazém após o processo de secagem e sim, uma redistribuição de água no interior do

grão, tendo-se a falsa interpretação de que determinada quantidade de água foi absorvida

pelo grão.

Similar à existência do gradiente de água, o grão apresenta quando de sua retirada

ou saída do secador um gradiente de temperatura, sendo que a região próxima à superfície

apresenta-se mais quente, enquanto a região central encontra-se mais fria. Essa diferença

de temperatura se deve principalmente a três fatores. O primeiro é que a superfície do grão

está em contato direto com o ar de secagem, o que fará que a temperatura na superfície do

grão seja mais elevada. O segundo fator é que o processo de transferência de calor se dá

de fora para dentro e, conseqüentemente, a região mais externa do grão estará mais quente

do que a região interna. O terceiro fator e talvez o mais importante seja que, à medida que o

processo de secagem ocorre de fora para dentro no grão, a região mais externa é composta

relativamente de maior quantidade de matéria seca, pois a água nessa região foi retirada

primeiramente. O calor disponibilizado pelo ar de secagem é utilizado para aquecimento

(calor sensível) e evaporação de água (calor latente de evaporação); no entanto, como a

região superficial do grão está seca, maior quantidade de calor sensível será utilizada para

aquecimento do grão ou de sua matéria seca, sendo responsável pela maior temperatura na

região interna próxima a superfície do grão. Assim, as temperaturas da região mais externa

do grão e de sua superfície podem atingir valores suficientemente altos de tal forma a

causar danos no grão, como escurecimento de sua superfície, queima de constituintes

orgânicos que compõe a matéria seca, entre outros danos.

Representação do processo de secagem no gráfico psicrométrico

A representação do processo de secagem no gráfico psicrométrico é mostrada na

Figura 12.3. O processo de secagem é considerado na teoria um processo de resfriamento

adiabático, ou seja, é um processo onde ocorre o resfriamento do ar mantendo-se a entalpia

constante. Na prática verifica-se que a entalpia não permanece constante, devido às perdas

de energia para o ambiente externo, principalmente por condução através das chapas

metálicas que compõem a estrutura do secador.

Page 239: Avaliação de carcaças bovinas

Afonso

231

Considerando a entalpia constante no processo de secagem, o ar de secagem com

temperatura (Ts), umidade relativa (URs) e razão de umidade (W1) ao passar pela camada

de grãos no interior da câmara de secagem reduz a temperatura para a temperatura de

exaustão (Tex), aumenta a umidade relativa (URex) e a razão de umidade (W2). A diferença

– W1) significa a quantidade de água que foi

absorvida pelo ar para cada quilograma de ar seco que passou pelo produto na câmara de

secagem. A umidade relativa de exaustão (URex) e a temperatura de exaustão (Tex)

indicadas no Gráfico Psicrométrico da Figura 12.3 estão representando valores médios. De

maneira geral, no início do processo de secagem quando o grão apresenta maior teor de

umidade, a umidade relativa de exaustão é maior, podendo o valor se aproximar de 100% e,

a temperatura de exaustão é menor, com saída de ar úmido e mais frio no exaustor do

secador. À medida que o grão vai cedendo água para o ar, a quantidade de água evaporada

vai reduzindo e, conseqüentemente, a umidade relativa de exaustão decresce e a

temperatura de exaustão aumenta, saindo o ar mais seco e quente no exaustor do secador.

A variação da umidade relativa e da temperatura do ar de exaustão é devido à menor

quantidade de água no interior do grão à medida que o mesmo vai secando, sendo utilizada

menor quantidade de calor latente de vaporização e maior quantidade na forma de calor

sensível, que é responsável pelo aumento no aquecimento do grão a medida que o mesmo

encontra-se mais seco (teor de umidade inferior a 17%) e do ar de exaustão na saída do

exaustor do secador.

Figura 12.3 Representação gráfica do processo de secagem no

gráfico psicrométrico.

Portanto, a umidade relativa de exaustão e a temperatura de exaustão do ar na saída

do secador são valores variáveis e dependem fundamentalmente da temperatura e do teor

Page 240: Avaliação de carcaças bovinas

Secagem de grãos

232

de umidade do produto no interior da câmara de secagem, da velocidade do ar de secagem

relativamente à do grão e, das condições de temperatura e umidade relativa do ar de

secagem. Na prática a variação de temperatura do ar de exaustão pode ser comprovada

pela variação da temperatura do sensor instalado próximos aos exaustores de ar do secador

de grãos. Quanto maior a temperatura do ar de exaustão, maiores são as perdas de energia

no sistema de secagem, resultando na redução da eficiência energética do secador.

Processo de saída de água do interior do grão

O princípio fundamental que rege a saída da água do interior do grão é a diferença

de pressão de vapor d’água existente entre a água presente no ar de secagem e a água

presente no interior do grão. A água presente no ar de secagem encontra-se na fase de

vapor, assim possui determinada pressão de vapor d’água em função da temperatura e

pressão atmosférica. A água no interior do grão está na fase líquida. A água presente no

interior do grão ao ser aquecida pelo ar de secagem aumenta sua pressão de vapor d’água.

Se a pressão de vapor d’água no interior do grão for maior que a pressão de vapor d’água

do ar de secagem, a água em fase de vapor sairá do interior do grão (processo de

dessorção) e será absorvida pelo ar de secagem. Caso as duas pressões de vapor d’água

sejam iguais, diz-se que ocorreu o equilíbrio higroscópio entre o ar de secagem e o grão,

nesse caso, não haverá o processo de secagem do grão.

Há diversas teorias que explicam o processo ou a dinâmica de saída de água do

interior do produto. A teoria que melhor explica o processo de secagem divide o mesmo em

dois períodos, razão constante e decrescente. O período de razão constante não é

evidenciado na etapa de processamento de secagem comumente realizado nas unidades

armazenadoras. No período de razão constante o grão apresenta teor de umidade acima de

40%, com alguma presença de água livre na superfície do grão. Esse período é

evidenciado, por exemplo, no processo de secagem de café, onde o fruto ao ser colhido

apresenta quantidade de água superior à quantidade de matéria seca, além disso, o fruto

passa por um processo de separação com a utilização de água. Ao passar por esse

processo, o fruto de café apresenta-se com água livre em toda a sua superfície. De maneira

geral, nos demais produtos agrícolas evidencia-se o período de razão decrescente, onde o

teor de umidade decresce com o tempo de secagem.

A água liquida disponível para as atividades biológicas está distribuída internamente

no grão, preenchendo os poros do mesmo. Dependendo do teor de umidade do grão, a

água líquida poderá estar preenchendo inteiramente os poros, desde a região superficial até

o centro do grão. Dessa forma, ao iniciar o processo de secagem no período de razão

decrescente, evidenciam-se três fases (Figura 12.4).

Page 241: Avaliação de carcaças bovinas

Afonso

233

Primeira fase de razão decrescente:

Nessa fase, quanto o processo de secagem do grão é iniciado no interior do secador,

a água líquida contida nos poros na região superficial do grão começa a evaporar e a sair

dos poros em forma de vapor d’água, a qual será absorvida pelo ar movimentado pelos

exaustores do secador. O processo de evaporação de água ocorre no sentido da superfície

ou região externa do grão para o interior do mesmo. Nessa fase, a maior quantidade de

calor disponibilizado pelo ar de secagem é utilizada para evaporar a água do interior do grão

(calor latente de vaporização) e uma pequena quantidade de calor é utilizada para aquecer

o grão (calor sensível). Devido à maior quantidade de água presente na região mais externa

do grão relativamente à região mais interna do mesmo, a água sai do grão com maior

facilidade e maior rapidez, pois já está próxima a superfície do grão. Isso é evidenciado na

prática nos secadores de grãos, quando o produto agrícola mais úmido reduz o seu teor de

umidade mais rapidamente, em menor período de tempo de secagem.

Ainda nessa primeira fase de razão decrescente, há uma redução substancial do

volume do grão, ou seja, o grão reduz de volume devido principalmente a maior perda de

água nessa fase. Essa redução volumétrica dos grãos é evidenciada na prática nos

secadores, quanto se faz necessário à complementação da carga de grãos no interior do

secador enchendo o depósito superior, localizado imediatamente acima da câmara de

secagem. Por esse motivo, os secadores de grãos possuem na parte superior um depósito

que deve conter sempre grãos com finalidade de repor à quantidade de grãos equivalente a

redução volumétrica dos mesmos na câmara de secagem.

Segunda fase de razão decrescente:

Na segunda fase o processo de secagem é completado na região mais externa do

grão e inicia-se o processo de secagem em direção ao interior do grão. A quantidade de

energia disponibilizada pelo ar de secagem é igualmente dividida para evaporar a água e

para aquecer o grão. O aquecimento se dá principalmente na região mais externa ou

superficial do grão, onde não há presença de água, somente de matéria seca. Nessa fase

há uma redução da quantidade de água retirada no intervalo de tempo, com isso o teor de

umidade do produto reduz lentamente com o tempo de secagem. Essa redução lenta do teor

de umidade nessa fase é devido a três motivos principais: 1) a água encontra-se mais no

interior do grão, conseqüentemente, irá demorar mais tempo para que a mesma saia em

relação à água próxima da superfície; 2) há menor quantidade de água na região interna do

que na região mais externa, com isso, a redução do teor de umidade será mais lenta e; 3) a

transferência de calor até o interior do grão é um processo lento, pois o produto agrícola tem

Page 242: Avaliação de carcaças bovinas

Secagem de grãos

234

baixa condutividade térmica, conseqüentemente, o calor disponível para evaporar a água

contida na região mais interna do grão é menor.

Com relação à redução do volume do grão, nessa fase a redução continua, porém

em menor intensidade. A maior redução volumétrica é evidenciada na primeira fase de

secagem. Portanto, os operadores de grãos devem ter maior atenção na complementação

da carga do secador no início do processo, quando o produto agrícola apresenta-se com

maior teor de umidade e, conseqüentemente, ocorrerá maior redução volumétrica dos grãos.

Terceira fase de razão decrescente:

Nessa fase o processo de secagem alcança a região mais interna do grão. No

interior do grão há uma menor quantidade de água em relação à região externa do grão,

conseqüentemente, nessa fase há um aumento substancial no tempo de secagem. Além

disso, a quantidade de calor disponível para evaporar a água na região mais interna do grão

é menor devido à utilização de maior quantidade de calor para aquecimento da matéria seca

das regiões mais externas e medianas dos grãos, que já se apresentam secas. Portanto, se

a temperatura do ar de secagem é elevada e nessa fase é utilizada mais energia para

aquecer o grão (calor sensível), resultará em maior aquecimento e danos nos grãos e,

conseqüentemente, perda de qualidade e aumento de danos visíveis e imperceptíveis.

Nessa fase há uma pequena redução do volume dos grãos, praticamente insignificante em

relação à evidenciada na primeira e segunda fase.

1ª Fase

2ª Fase

3ª Fase

Figura 12.4 Fases verificadas de retirada de água no interior do grão durante o processo de

secagem.

Page 243: Avaliação de carcaças bovinas

Afonso

235

Curva de secagem do grão

É comum ocorrer questionamento do tempo de secagem de um produto agrícola,

visto que, por exemplo, para reduzir o teor de umidade do grão de 22% para 18% o tempo

de secagem é relativamente menor do que para reduzi-lo de 18% para 14%. Os dois

intervalos de redução do teor de umidade (de 22% para 18% e de 18% para 14%) são

iguais, ou seja, redução de 4 pontos percentuais no teor de umidade e, no entanto, observa-

se na prática que os tempos de secagem são consideravelmente diferentes para cada

intervalo. Essa observação prática é explicada pelo processo de secagem descrito pelas

três fases de razão decrescente.

Para melhor entendimento do processo de secagem no interior do grão e do que

ocorre na prática durante operação de um secador de grãos, considere um único grão de

soja, com as seguintes características médias: raio de 3,5 mm, peso de 0,144 g e, teor de

umidade de 18%. Considerando que a água esteja distribuída proporcionalmente em todo o

volume do grão de soja, tem-se que a quantidade total de água no interior do grão é de

0,026 g (18% de 0,144 g). Considerando ainda o formato do grão de soja similar a uma

esfera, tem-se que o volume total do grão é de 179,5 mm3 para o raio de 3,5 mm. O grão de

soja será dividido imaginariamente em subcamadas internas, com diferença de 0,5 mm de

raio entre cada subcamada. Dessa forma, têm-se sete subcamadas no grão de soja (3,5 –

3,0; 3,0 – 2,5; 2,5 – 2,0; 2,0 – 1,5; 1,5 – 1,0; 1,0 – 0,5; 0,5 – 0,0), ou seja, desde a

subcamada externa (3,5 – 3,0) até a camada mais interna (0,5 – 0,0), conforme a

Figura 12.5.

Figura 12.5 Representação do grão de

soja com as subcamadas internas.

Page 244: Avaliação de carcaças bovinas

Secagem de grãos

236

A Tabela 12.1 apresenta o volume de cada subcamada, a quantidade de água

proporcional ao volume de cada subcamada e, o percentual de água presente em cada

subcamada em relação à quantidade de água total no grão (18% de teor de umidade).

Tabela 12.1 Volume, quantidade de água e percentual de água em cada subcamada

Subcamada

Volume da

subcamada

(mm3)

Quant. de água na

subcamada

(g)

Percentual de água

na subcamada

(%)

1 (3,5 – 3,0) 66,5 0,00963 37,0

2 (3,0 – 2,5) 47,6 0,00689 26,5

3 (2,5 – 2,0) 31,9 0,00462 17,8

4 (2,0 – 1,5) 19,5 0,00282 10,8

5 (1,5 – 1,0) 9,8 0,00142 5,5

6 (1,0 – 0,5) 3,7 0,00054 2,0

7 (0,5 – 0,0) 0,5 0,00007 0,3

As Figuras 12.6 e 12.7 mostram, respectivamente, a distribuição proporcional de

água em cada subcamada e a distribuição percentual de água em cada subcamada em

relação em relação a quantidade de água total no grão de soja.

Figura 12.6 Distribuição proporcional de água em cada subcamada.

y = - 0,0052Ln(x) + 0,01 R2 = 0,9906

0

0,002

0,004

0,006

0,008

0,01

0,012

3,5 - 3 3 - 2,5 2,5 - 2 2 - 1,5 1,5 - 1 1 - 0,5

Ma

ss

a d

e á

gu

a n

a s

ub

ca

ma

da (

g )

Subcamadas no grão de soja

Page 245: Avaliação de carcaças bovinas

Afonso

237

Figura 12.7 Distribuição percentual de água em cada subcamada em relação

a quantidade de água total no grão de soja.

As reduções nas quantidades de água e dos percentuais de água em cada

subcamada seguem distribuições logarítmicas. Assim, a quantidade de água é maior nas

subcamadas mais externas, próximas à superfície do grão, enquanto que nas camadas

intermediárias e internas a quantidade de água presente no grão é menor. Como o processo

de secagem ocorre da subcamada mais externa (3,5 – 3,0) para a subcamada mais interna

(0,5 – 0,0), ou seja, o processo de secagem do grão ocorre de fora para dentro e não ao

mesmo tempo em todas as subcamadas, a primeira subcamada a secar é a mais externa e

é a que contem proporcionalmente maior quantidade de água. A água dessa subcamada

externa, por estar próxima a superfície do grão, sairá com maior facilidade e em maior

quantidade, reduzindo rapidamente o teor de umidade do produto no início do processo de

secagem. À medida que as subcamadas em seqüência vão secando, dá mais externa para

a interna, menor quantidade de água será retirada devido às subcamadas internas terem

menores quantidades de água, além da necessidade de maior tempo para que o calor

necessário para evaporar a água atinja as mesmas por condução. Como o produto agrícola

tem baixa condutividade térmica, a condução de calor até o centro do grão ocorrerá de

forma lenta, retardando o processo de retirada de água das subcamadas mais internas.

O perfil gráfico de redução da quantidade de água no interior do grão mostrado na

Figura 12.6 é similar ao perfil da curva de secagem de produtos agrícolas, conforme é

mostrado na Figura 12.8. Isso implica que o processo de secagem não é um processo de

redução linear do teor de umidade. Para reduzir o teor de umidade do produto, por exemplo,

em 4 pontos percentuais é necessário um intervalo de tempo (∆T1). À medida que o

y = - 19,987Ln(x) + 38,534 R2 = 0,9906

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

3,5 - 3 3 - 2,5 2,5 - 2 2 - 1,5 1,5 - 1 1 - 0,5

Pe

rce

ntu

al d

e á

gu

a n

a

su

bca

ma

da (

%)

Subcamadas no grão de soja

Page 246: Avaliação de carcaças bovinas

Secagem de grãos

238

processo de secagem ocorre no interior do grão ou que o mesmo esteja com menor teor de

umidade, para se retirar os mesmos 4 pontos percentuais de teor de umidade é necessário

um intervalo de tempo maior (∆T2).

Considerando os valores fictícios apresentados na Figura 12.7, observa-se

que a diferença na redução do teor de umidade entre os intervalos são iguais em 4 pontos

percentuais (de 22% para 18% e de 18% para 14%), no entanto os intervalos de tempos de

secagem são diferentes (∆T1 = 50 min e ∆T2 = 100 min). No início do processo de secagem

o grão está com maior quantidade de água e próxima a superfície do grão, por isso é mais

rápido o decréscimo do teor de umidade, conforme verificado no intervalo de 22% para 18%.

Continuando o processo de secagem no secador, visando reduzir o teor de umidade o grão

até 14%, o mesmo terá que perder mais água do seu interior. Nesse momento, a água está

presente mais no interior do grão é em menor quantidade. Assim, o tempo de secagem será

maior para reduzir o teor de umidade de 18% para 14%. Adiciona-se a esse processo de

secagem a lenta transferência de calor que existe em direção ao interior do grão, visto que

para evaporar a água do interior do grão necessita-se de calor latente de vaporização.

Como há menor quantidade de calor disponível na região mais interna do grão, há menor

evaporação de água, conseqüentemente, o processo de secagem é mais lento e demorado

na etapa final do processo de secagem.

Figura 12.8 Curva característica de secagem de grãos.

Em decorrência do maior tempo para finalizar o processo de secagem, os

profissionais que operam os secadores comumente aumentam a temperatura do ar de

secagem visando reduzir o tempo de secagem e aumentar o rendimento do equipamento. O

aumento da temperatura irá disponibilizar maior quantidade de energia ao ar de secagem,

Page 247: Avaliação de carcaças bovinas

Afonso

239

com conseqüente elevação da temperatura do grão devido ao maior aquecimento da

matéria seca (calor sensível), pois o grão na etapa final do processo de secagem encontra-

se mais seco e utilizará menor quantidade de calor latente de vaporização para evaporar

água. A conseqüência do aumento de temperatura do ar de secagem é que poderá

ocasionar danos ao grão, manifestados, por exemplo, pela perda de qualidade visual

(escurecimento, trincas, etc) e nutricional (alterações enzimáticas, alterações bioquímicas,

etc).

Referências consultadas

ANDERSON, M. S., PERRY, R. L., Agricultural Process Engineering. The Av. Plublishing Compny. INC, Westport, Connectiant.

BROOKER, D. B.; BAKKER-ARKEMA, F. W. and HALL, C. W. Drying cereal grain. Westport. The Aves Publishing Company, INC, 1992.

EVANGELISTA, J. Tecnologia de alimentos. Livraria Atheneu Editora, Rio de Janeiro, 1989. 652p.

HOSENEY, R. C.; FAUBION, J. M. Storage of cereal grains and their products. In. American Association of Cereal Chemists. St. Paul, Minnesota. 4

a ed. 1992. 615p.

LOEWER, O. J.; BRIDGES, T. C. On-farm drying and storage systems. Ed. American Society of Agricultural Engineers. ASAE Publication 9. 1994. 560p.

LORINI, I.; MIIKE, L.H.; SCUSSEL, V. M. Armazenagem de grãos. Campinas: IBG. 2002. 1000p.

SILVA, J de S., Pré-processamento de produtos agrícolas. Juiz de Fora: Instituto Maria, 1995. 509p.

SILVA, J. de S. Secagem e armazenagem de produtos agrícolas. Viçosa: Ed. Aprenda Fácil. 2000. 502p.

SUBRAMANYAM, B.; HAGSTRUM, D. W. Alternatives to pesticides in stored-product IPM. London: Kluwer Academic Publishers, 2000. 437p.

Page 248: Avaliação de carcaças bovinas

Capítulo 13

Ferramentas utilizadas em zootecnia de

precisão

Silvia Regina Lucas de Souza1

Daniella Jorge de Moura2

Arilson José Oliveira Júnior1

1Faculdade de Ciências Agrônomicas -Unesp- Botucatu, Engenharia Rural. Rua Dr. José Barbosa de Barros,

1780- Fazenda Experimental Lageado, Jardim Paríso - Botucatu, SP. E-mail: [email protected] 2Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Agrícola, Departamento de Construções Rurais.

Av. Cândido Rondon, 501, Cidade Universitária - Campinas, SP

Introdução

Quando falamos de redução de perdas em todos os sistemas produtivos, estamos

falando intuitivamente sobre a Zootecnia de Precisão. O conceito está relacionado com a

otimização e monitoramento de todo o processo produtivo levando-se em consideração o

bem-estar dos animais.

Novas tendências estão evoluindo dentro do setor produtivo e aproveitando este

processo evolutivo surgem pesquisas de monitoramentos e gerenciamentos das

informações tais como programas computacionais inteligentes e sensores biocompatíveis

para tomadas de decisões em cada segmento.

A intenção é que todos os sistemas de produção de animais se tornem cada vez

mais precisos e com decisões mais inteligentes.

Curtis (1983) se pronunciou a favor de que no futuro, precisaria haver regras e

normas, pois somente desta maneira os produtores ficariam atentos aos animais confinados

e quando se pensasse no animal teríamos que colocarmos no lugar deles.

Por meio do uso das técnicas de Zootecnia de Precisão, isto é, de ferramentas

aplicadas a esta técnica, é possível detectar de forma apropriada, vários níveis de bem-estar

e, com isso, assegurar o mercado futuro de proteína animal.

Page 249: Avaliação de carcaças bovinas

Souza et al.

241

Monitoramento do sistema produtivo como ferramenta em zootecnia de precisão

O processo da automação pode ser descrito como um sistema, que possui um

mecanismo capaz de registrar dados sobre o ambiente e um software capaz de interpretar

tais informações, sem a necessidade de um supervisor humano. Seguindo uma linha de

técnicas automatizadas, alguns sistemas foram desenvolvidos para o monitoramento do

comportamento animal, tais como o desenvolvido por Rutter et al. (1997) que demonstraram

que o Sistema de Posicionamento Global (GPS) pode ser utilizado para o monitoramento de

ovelhas à pasto.

Já em galpões de confinamento, a análise de imagens tem se mostrado uma boa

ferramenta para monitorar o comportamento animal (FROST et al.,1997).

Schlecht et al. (2004) utilizaram em seu experimento o GPS para avaliação do

comportamento de vacas em intervalos de 5 min, registrando a posição geográfica em

intervalos de 10s. Pedersen e Pedersen (1995) utilizaram detectores infravermelhos

passivos (PID’s) para medir a atividade de suínos, enquanto Bollhalder et al. (2002)

estudaram o uso de filtros infravermelhos instalados nas vídeo-câmeras, para observações

noturnas do comportamento de vacas leiteiras dentro de freestall.

Uso de análise de imagens como ferramenta em zootecnia de precisão para estudo do

comportamento animal

Com a análise de imagem, pode-se avaliar indiretamente o ambiente em que os

animais confinados estão inseridos, pela análise de sua resposta comportamental

minimizando os problemas inerentes ao método convencional de observação (XIN e SHAO,

2002).

Visão computacional

A visão computacional tem se tornado uma ótima ferramenta para avaliar o

comportamento dos animais. Em pesquisas realizadas por Souza et al. (2011), comparou-se

a eficiência de duas metodologias de análise de imagens, a visual indireta (observações na

tela do computador) e a computacional (via programa computacional), utilizadas para avaliar

a presença de vacas leiteiras em locais específicos no galpão de confinamento (Figura

13.1). Segundo os autores os resultados demonstraram que ambos os métodos são

eficientes para o registro das vacas em cada atividade.

Page 250: Avaliação de carcaças bovinas

Ferramentas utilizadas em zootecnia de precisão

242

Figura 13.1 Programa computacional para análise de comportamento.

Determinação das preferências térmicas através do monitoramento computacional

Através de um mapeamento das condições térmicas do galpão e a avaliação das

preferências térmicas dos animais, pode se identificar o espaço ocupado no galpão e as

condições de conforto térmico. A Figura 13.2 mostra as preferências térmicas de leitões

dentro do escamoteador com um piso alternativo, o piso de fibra de coco reciclado.

Figura 13.2 Imagens dos leitões dentro do escamoteador com piso de fibra de coco.

Page 251: Avaliação de carcaças bovinas

Souza et al.

243

Uso da lógica fuzzy como ferramenta em zootecnia de precisão para estimar o

conforto térmico

Para ambientes agrícolas controlados, como por exemplo, as instalações de

produção animal, torna-se necessário o uso de técnicas de controle das variáveis

ambientais. A Mineração de Dados e a lógica fuzzy, dentre outras ferramentas direcionadas

para a tomada de decisão e para ações mais precisas, têm contribuído para o avanço e a

velocidade das pesquisas em produção animal.

Brunassi et al. (2006) conseguiram encontrar 100% de eficiência na detecção de

estro em vacas leiteiras com um sistema baseado em lógica fuzzy.

Perissinotto et al., (2009) estimaram o conforto térmico de bovinos leiteiros

confinados a partir de duas variáveis fisiológicas: temperatura retal e frequência respiratória,

utilizando a lógica fuzzy (Figura 13.3).

Figura 13.3 Testes de conforto térmico como função da temperatura retal e da frequência respiratória, segundo a classificação fuzzy.

Uso de mapas de isolinhas como ferramenta em zootecnia de precisão para se

determinar a hogeneidade de instalações animais

Por meio da interpretação matemática dos pontos pode-se obter um mapa de

isolinhas, com o qual é realizada uma avaliação da distribuição espacial. A Figura 13.4

representa a distribuição espacial das variáveis ambientais (temperatura média), onde os

tons de vermelho são temperaturas mais quentes e tons de azuis são temperaturas mais

frescas.

Page 252: Avaliação de carcaças bovinas

Ferramentas utilizadas em zootecnia de precisão

244

Figura 13.4 Mapeamento de um galpão tipo freestall.

Uso do GPS como ferramenta em zootecnia de precisão para o monitoramento a

pasto de bovinos

Entender o comportamento dos bovinos no pastejo é um desafio para a comunidade

agrícola. Qualificar o quanto as condições do meio ambiente e a geografia local afetam um

rebanho é primordial para a melhoria do sistema de produção. O processo da automação

pode ser descrito como um sistema, que possui um mecanismo capaz de registrar dados

sobre o ambiente e um software capaz de interpretar tais informações. Com a utilização do

Sistema de Posicionamento Global (GPS), pode-se obter o monitoramento dos animais a

pasto, contribuindo para o seu bem-estar e aumentando as expectativas de produção.

Sendo assim, através da obtenção do mapa, Figura 13.5, pode-se identificar a área menos

utilizada, ou seja, improdutiva, e assim, dimensionar adequadamente o piquete.

Figura 13.5 Identificação da região efetiva produtiva

Page 253: Avaliação de carcaças bovinas

Souza et al.

245

Uso da técnica do CFD como ferramenta em zootecnia de precisão para o

monitoramento do microambiente em instalações de animais

Com a técnica de CFD (dinâmica do fluido computacional) é possível prever diversas

situações para um mesmo problema, mudando parâmetros, verificando resultados com

diferentes condições de contorno, analisando riscos com elevada confiança e rapidez.

O CFD tem sido usado amplamente em estudos para avaliar o comportamento de

algumas variáveis climáticas no interior de estruturas vegetais e animais (SUN et al., 2002).

A técnica também poderá ser utilizada para o monitoramento do ambiente aéreo em

instalações de alojamento. A Figura 6 mostra uma simulação realizado em um galpão de

aves de corte com o programa phoenix® para se conhecer o trajeto da amônia dentro da

instalação.

Figura 13.6 Simulação do trajeto da amônia dentro do galpão de aves de corte contendo oito exaustores.

Considerações finais

A inserção da Engenharia nos processos zootécnicos pode fornecer um conjunto de

tecnologias com enorme potencial para transformar a produção industrial de alimentos de

origem animal, tornando o uso mais eficiente dos nutrientes; identificando de forma imediata

problemas sanitários; reduzindo emissões de gases além de fornecer informações

importantes ao produtor.

Os projetos mais elaborados referentes às instalações, resfriamento, ventilação,

exaustão são de extrema importância para o bem-estar e a produtividade da indústria

animal. Um desafio maior é encontrar um meio-termo entre princípios básicos de bem-estar

e produtividade. Com uma base de dados consistente, visando à extração do conhecimento

e principalmente a modelagem dos processos de forma a agilizar tomadas de decisões em

Page 254: Avaliação de carcaças bovinas

Ferramentas utilizadas em zootecnia de precisão

246

tempo real. Além disso, a multidisciplinaridade é de suma importância para o sucesso das

pesquisas.

Referências bibliográficas

BOLLHALDER, H.; GYSEI, M.; KAUFMANN, R. Infrared Positioning System to Identify the location of Animals. ASAE Annual International Meeting/GIGR XVth World Congresso-Chicago, Illinois, paper

nº 023116, 2002.

BRUNASSI, L. A. et al. Teste de um sistema fuzzy de identificação de estro em uma fazenda comercial de vacas leiteiras. In: SIMPÓSIO DE CONSTRUÇÕES RURAIS E AMBIENTES PROTEGIDOS, SIMCRA 2006, Campinas, SP. Anais… Campinas: FEAGRI/UNICAMP, 2006.

CDRom.

CURTIS, S. E. Environmental management in animal agriculture. Iowa State: University Press,

Ames, Iowa, USA, 1983, 410p.

FROST, A. R.; SCHOFIELD, C. P.; BEAULAH, S. A.; MOTTRAN, T. T.; LINES, J. A.; WATHERS, C. M. A review of livestock monitoring and the need for integrated systems. Computers and Eletronics in Agriculture. v. 17, p. 139-159, 1997.

PEDERSEN, S.; PEDERSEN, C. B. Animal activity measured by infrared detectors. Journal of Agricultural Research. v. 61, p. 239-246, 1995.

PERISSINOTTO, M.; MOURA, D. J.; MOURA, D. J.; CRUZ, V. F.; LIMA, K. A.; MENDES, A. S.; SOUZA, S. R. L. Avaliação do Bem-estar Animal em Clima Subtropical pela Análise Fisiológica Através da Teoria dos Conjuntos FUZZY. Ciência Rural. Santa Maria, v. 39, p. 1492-1498, 2009.

RUTTER, S. M.; BERESFORD, N. A.; ROBERTS, G. Identification of the grazing areas of hill sheep. Computers and Eletronics in Agriculture. v. 17, p. 139-159, 1997.

SCHLECHT, E.; HÜLSEBUSCH, C.; MAHLER, F.; BECKER, K. The use of Differentially Corrected Global Positioning System to Monitor Activities of Cattle at Pasture. Applied Animal Behavior Science. v. 85. p. 185-202, 2004.

SOUZA, S. R. L.; NÄÄS, I. A.; MOURA, D. J. Análise de imagens para caracterização das atividades de vacas leiteiras dentro do galpão de confinamento. Engenharia Agrícola. Jaboticabal, v. 31, n. 6,

p. 1036-1043, 2011.

SUN, H.; STOWELL, R. R.; KEENER, H. M.; MICHEL JR. F. C. Two-dimensional computational fluid dynamics (CFD) modeling of air velocity and ammonia distribution in a high-rise hog building. Transactions of the ASAE. v. 45, n. 5, p. 1559-1568, 2002.

XIN, J.; SHAO, B. Real-Time Assessment of swine thermal comfort by computer vision. In: WORLD CONGRESS Of COMPUTERS IN AGRICULTURE AND NATURAL RESOURCES. Proceedings…

Brazil. ASAE. Paper n° 701PO301, p. 362-369, 2002.

Page 255: Avaliação de carcaças bovinas

Capítulo 14

Novas tecnologias aplicadas na avaliação

da produção e qualidade de forragens

Bruno Borges Deminicis

Zootecnista, D.Sc., Docente do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Espírito Santo.

[email protected]

Introdução

Para início de conversa tem-se que ter em mente que a palavra “Tecnologia” (do

grego "técnica, arte, ofício" e λογια — "estudo") é um termo que envolve o conhecimento

técnico e científico e a aplicação desta informação através de sua transformação no uso de

ferramentas, processos e materiais designados e/ou utilizados a partir de tal conhecimento.

Dependendo do contexto, a tecnologia pode ser: ferramentas e as máquinas que amparam

técnicas, conhecimentos, métodos, materiais, ferramentas e processos usados para resolver

problemas ou ao menos promover a solução dos mesmos; método ou processo de

construção e trabalho e aplicação de recursos para a resolução de problemas.

A tecnologia é de forma geral, um processo simples, tal como uma colher de madeira

e a fermentação da uva, até as ferramentas e procedimentos mais intricados já criados pelo

ser humano, tal como a Estação Espacial Internacional e a dessalinização da água do mar,

entre outros. A cada passo, a tecnologia entra em conflito com algumas preocupações

naturais de nossa sociedade, como o desemprego, a poluição e outras muitas questões

ecológicas, assim como filosóficas e sociológicas, já que tecnologia pode ser vista como

uma atividade que forma ou modifica a cultura.

A Forragem é definida como a biomassa de plantas herbáceas que se encontram

acima do nível do solo. Compreendem, por vezes, as partes comestíveis das plantas e

podem servir como alimento para animais em pastejo, sendo que o potencial de

produtividade das plantas forrageiras é determinado geneticamente, porém, dependem de

condições adequadas de temperatura, umidade, luminosidade, disponibilidade de nutrientes,

para que esse potencial genético seja alcançado.

Page 256: Avaliação de carcaças bovinas

Novas tecnologias aplicadas na avaliação da produção e qualidade de forragens

248

Desta forma, falar sobre novas tecnologias aplicadas na produção e qualidade de

forragens é um grande desafio, justamente porque a história da tecnologia é quase tão

antiga quanto à história da humanidade, e quanto a agricultura/pecuária, que se segue

desde quando os seres humanos começaram a usar ferramentas de caça, de proteção,

cultivo agrícola e criação animal. A história da tecnologia tem, consequentemente,

introduzida o arranjo do uso dos recursos naturais, porque, para serem criadas, todas as

ferramentas necessitaram, antes de qualquer coisa, do uso de um recurso natural

adequado. A história da tecnologia segue uma progressão das ferramentas simples e das

fontes de energia simples às ferramentas mais complexas. Neste fato, reside uma das mais

simples (teoricamente) tecnologias quando se fala de produção forrageira, ou seja,

pastagens, mas que, no entanto demanda certo entendimento apurado desta tecnologia, e

que muitas vezes é vista como inovadora.

Sem entrar no mérito filosófico sobre inovação, pode-se apenas relatar que a

“Inovação” significa novidade ou renovação. A palavra é derivada do termo latino innovatio,

e se refere a uma ideia, método ou objeto que é criado e que pouco se parece com padrões

anteriores. Hoje, a palavra inovação é mais usada no contexto de ideias e invenções assim

como a exploração econômica relacionada, sendo que inovação é invenção que chega no

mercado. Assim fica a pergunta: O que há de novo em fertilização de pastagens? O que há

de progresso?

Sabe-se que a fertilização de pastagens é prática agrícola que consiste na aplicação

de nutrientes ao solo para recuperar ou conservar a sua fertilidade, contudo, o que há de

novo nisso? Bem, embora seja estratégia de manejo tradicional e há muito tempo

reconhecida como fundamental para manter a sustentabilidade e, ou, incrementar a

produtividade da pastagem, nos últimos anos tem-se reconhecido que a adubação de

pastagens pode ser conduzida com base em novas estratégias, para alcançar novos

objetivos, ou a partir da utilização de novos produtos. Essa forma diferenciada e

contemporânea de realizar adubação em pastagens incide na inovação. Portanto, uma das

bases da inovação na área de fertilização de pastagens é a ininterrupta investigação

científica sobre a síntese de novos produtos e a eficiência de novas tecnologias de manejo

para o seu melhor aproveitamento. Ademais, a importância dos efeitos da aplicação de

nutrientes via fertilização nas marcadas etapas da produção animal em pastagem, conforme

um enfoque sistêmico, ajustado na sustentabilidade ambiental e para impetrar objetivos

específicos, também compõe estratégia inovadora e norteadora para o emprego de

fertilizantes no Brasil.

Page 257: Avaliação de carcaças bovinas

Deminicis

249

Fertilização de pastagens de acordo com o perfil do sistema de produção

Tradicionalmente, a fertilização de pastagens tem por objetivo aumentar a produção

de forragem por unidade de área da pastagem, fazendo com que seja comum associar

adubação de pastagens com sistemas de alto nível tecnológico ou intensivos. Contudo, esta

tecnologia pode ser arquitetada para ambicionar objetivos variáveis no sistema de produção.

A consideração dessa assertiva pode expandir as oportunidades de aumento relevante de

produtividade e eficiência nos sistemas pastoris. De fato, atualmente, têm-se exposto que,

ao lado de objetivos tradicionais, objetivos inovadores podem ser alcançados com a

fertilização de pastagens, possibilitando a flexibilização do manejo das pastagens; o

aproveitamento de resíduos agrícolas e, ou, industriais; o aumentando da eficiência do uso

da fertilização nitrogenada; o aumento da fixação de carbono e preservação de recursos

naturais.

Quanto a indicação de estratégias na adubação de pastagens específicas ao perfil

do sistema de produção também tem aumentado nos últimos anos, o que pode ser

ponderada como inovação, que ao se realizar devem-se levar em consideração dois

arquétipos básicos de sistemas produtivos: o extensivo e o intensivo.

Em sistemas extensivos, a sustentação dos níveis de fertilidade do solo depende da

ciclagem de nutrientes, e esta será adequada em situações em que a eficiência de pastejo

seja baixa, o que permite o desdobramento do teor de matéria orgânica no solo pela maior

contribuição de resíduos vegetais senescentes. Segundo Santos et al. (2004), a quantidade

mínima de nitrogênio necessária para avalizar a perenidade do pasto e sua frequência de

aplicação carecem ser mais bem definidas; todavia, uma adequada opção incide no

emprego de 50 kg ha-1 de N a cada dois ou três anos, em forma de rotação, adubando parte

dos pastos a cada ano. A introdução de leguminosas na pastagem também é alternativa

possível. Ainda é admissível enfatizar que, em sistemas extensivos, a prática de adubação

de pastagens pode ser empregada em associação à estratégia de pastejo diferido.

Quanto aos sistemas intensivos, é imperativa a utilização de plantas forrageiras com

alto potencial produtivo, que demandem grande quantidade de nutrientes do solo, sobretudo

na primavera e no verão. Assim, nesses sistemas, as doses de fertilizantes necessitam ser

elevadas, de forma que é necessário monitorar com mais constância a fertilidade do solo por

meio de análises químicas. Nestes sistemas, é mais evidente a convergência de se

recomendarem doses de fertilizantes com base na perspectiva de acréscimo da produção

animal, o que poderá ser possível com a utilização de programas computacionais, que

fazem uso da modelagem, ademais é claro a necessidade de utilização de metodologias

que evidenciem e caracterizem essa produtividade forrageira na prática.

Page 258: Avaliação de carcaças bovinas

Novas tecnologias aplicadas na avaliação da produção e qualidade de forragens

250

Métodos de avaliação da produtividade forrageira das pastagens

Existem vários métodos de avaliação sobre gramíneas. No entanto, qualquer um dos

métodos de avaliação utilizado deve reproduzir de forma concisa e precisa as condições

momentâneas daquela pastagem (LOPES et al., 2000). As metodologias de avaliação de

pastagens podem ser divididas em duas categorias. Uma baseia-se no estudo de forma

direta da pastagem, e a outra em estimativa visual desta. Desta forma, podem ser

empregados os métodos diretos ou destrutivos como o corte de toda a forragem e sua

pesagem, bem como cortes de áreas de tamanho conhecido; e os métodos indiretos que

correlacionam outras características mais facilmente mensuráveis com a massa de forragem

(SANTOS; FERREIRA, 2006). Já que muitos métodos de avaliação de massa forrageira

disponíveis admitem de maneira clara que compete ao pesquisador conhecer a

aplicabilidade e limitações de cada metodologia para realizar a melhor escolha de técnica

para o tipo de pastagem e da pesquisa a ser concretizada, bem como a acurácia desejada

nas avaliações e a escala de operação (DIFANTE, 2003).

Porém, um dos grandes problemas enfrentados para se trabalhar com forrageiras é a

falta de uniformidade adequada das metodologias para facilitar a obtenção e o intercâmbio

de resultados. Deste modo, Cóser et al. (1998), relataram que a caracterização da

pastagem, dos recursos humanos e da infraestrutura disponível determinará o método de

amostragem a ser empregado em cada estudo.

Método direto

O Método direto trata-se do método mais comumente utilizado, conhecido também

como amostragem destrutiva, devido ao fato de haver corte da forragem em uma área

delimitada por moldura metálica ou de madeira, que geralmente proporciona maior precisão,

no entanto, para áreas extensas de pastagens, fornece estimativa pobre sobre seu

rendimento, principalmente quando a variabilidade de produção dentro da pastagem é

grande e o aumento no número de amostras é inviável (PEDREIRA, 2002).

A área da moldura é conhecida, e o formato mais utilizado é o quadrado, por isso,

essa técnica é também conhecido por “Método do Quadrado”. As áreas variam de 0,10 m2

até 2,0 m2, sendo que as mais comuns são aquelas de 0,5 x 0,5 m (0,25 m2), porém

quadrados menores têm sido utilizados por pesquisadores em áreas de produção mais

uniforme. Quadrados maiores são recomendados quando as pastagens são muito

heterogêneas (CANESIN et al., 2006). Todavia, Mannetje (2000) destacou a dificuldade em

se abalizar a unidade amostral, devido ao deslocamento da vegetação pela alocação do

Page 259: Avaliação de carcaças bovinas

Deminicis

251

quadro. Esse quadro poderia empurrar para dentro ou para fora parte da vegetação a ser

cortada.

Devido a diferentes técnicas na alocação dos quadros, na técnica do corte, na

capacidade de observação ou pela fadiga, os operadores são indicados como causa erros

de obtenção de dados. Para que o viés seja evitado, seleciona-se igual número de unidades

amostrais dentro de cada tratamento para cada operador, assim as diferenças são

eliminadas ou confundidas no efeito dos blocos. Segundo Hodgson et al. (2000) torna-se

necessária a tomada da medição em 10 a 20 pontos por hectare da pastagem para

aumentar a confiabilidade da amostragem. Difante (2003) indicou que a altura que a

amostra deve ser cortada depende da espécie forrageira presente. Tradicionalmente,

quando se utiliza quadros, o corte tem sido feito ao nível do solo, mas ressaltou que isto

nem sempre é apropriado. Isto devido a algumas espécies de gramíneas tropicais e

subtropicais apresentarem hábito de crescimento estolonífero e o corte em alturas mais

elevadas é caracterizado como mais apropriado para estas gramíneas.

Métodos indiretos

Os métodos indiretos são chamados dessa forma por ter a característica de “não

destruir” as plantas forrageiras no ato da amostragem. Foi desenvolvido com o intuito de

minimizar as desvantagens dos métodos diretos em grandes áreas de pastagens, e com

isso vários pesquisadores vêm buscando o aprimoramento de métodos não destrutivos,

para viabilizar uma avaliação rápida, menos trabalhosa e com custo reduzido. Os métodos

indiretos de acordo com Zanine et al. (2006) possuem as seguintes vantagens: Redução da

quantidade de trabalho e equipamentos, tempo e/ou recursos, com consequente redução do

custo do processo de amostragem; Possibilidade de utilização em áreas com animais em

pastejo e/ou em locais de difícil acesso, onde não seria possível realizar a amostragem

adequadamente utilizando-se o método direto; Possibilidade de realização de amostragens

em áreas pequenas, onde procedimentos “destrutivos” (direto) poderiam afetar proporção

relativamente grande da área da parcela; Permitir classificação de tratamentos com grandes

diferenças comparativas; Promover guia para estimar massa de forragem em sistemas de

produção animal onde uma medida absoluta não fosse necessária. Os métodos indiretos

têm por base a técnica de dupla amostragem, ou seja, realizam-se dois métodos de

avaliação simultaneamente, um método direto e outro indireto, de maneira a gerar uma

calibração do referencial indireto (estimativa visual, altura da pastagem, capacitância entre

outros) a partir do direto (MANNETJE, 2000). Deste modo, Difante (2003) alertou que, as

amostragens indiretas devem ser calibradas contra valores reais de massa de forragem

medidos por amostragem direta (destrutiva). A calibração deve ser feita abrangendo a maior

Page 260: Avaliação de carcaças bovinas

Novas tecnologias aplicadas na avaliação da produção e qualidade de forragens

252

amplitude possível de valores de massa de forragem (PEDREIRA, 2000). Nesses locais,

portanto, faz-se a dupla amostragem. Dentre as técnicas indiretas tem-se a os mais

conhecidos são: Estimativa visual, Altura do dossel, Sonda Eletrônica, Disco medidor (“disk

meter") ou prato ascendente ("rising plate meter") e Rendimento visual comparativo.

Estimativa visual - Segundo Gardner (1986), este é o método mais simples para se

estimar a quantidade de forragem disponível na área. Essas técnicas necessitam de um

grande número de estimativas visuais de amostras e em poucos casos são realizados corte.

Para alcançar melhores estimativas é necessário que o operador-observador faça um

autotreinamento, onde ele irá selecionar dois quadros similares no campo de estudo. Assim,

ele fará estimativas visuais dentro de um quadro e no outro procederá com o corte,

separação manual das espécies, secagem e determinação da percentagem de cada uma. É

importante lembrar que o material morto da planta deve ser determinado e incluso na

composição botânica (GARDNER, 1986; PEDREIRA, 2002). Salman et al (2006) indicaram

que a estimativa visual tem sido utilizada de forma crescente, especialmente quando algum

elemento da amostragem direta a ela está associado, o que recebe a denominação de dupla

amostragem. Esses autores indicaram que por meio da relação que se estabelece entre as

notas e a produção de forragem dos “padrões”, o operador pode calcular a nota média de

todas as áreas avaliadas visualmente.

Altura de dossel - a “Altura do Dossel” é um procedimento semelhante à avaliação

visual que possibilita calibrar a altura como indicador de massa da forragem. Mostra-se

vantajosa por apresentar uma metodologia simples e não requerer equipamento sofisticado.

Todavia, o uso da altura para estimar a massa de forragem está, em geral, associado com

baixa precisão e baixa exatidão por medição, pois apenas uma aproximação é conseguida

em relação ao valor real de massa de forragem. (PEDREIRA, 2002). Salman (2006) advertiu

que utilizar a altura do dossel como medida indireta de estimativa de massa de forragem é

relacionada de forma mais precisa com a massa de forragem quando a densidade do dossel

estiver uniforme e constante ao longo de todo o perfil, o que geralmente é improvável. Isto

indica que a massa de forragem, por vezes, é superestimada. Mas Sollenberger e Burns

(2001) ressaltam que em geral a densidade varia menos em dosséis de leguminosas do que

de gramíneas e varia mais dentro de dosséis de gramíneas de clima temperado do que nos

de gramíneas de clima tropical. E, por esse motivo, recomenda-se que a técnica de altura de

dossel seja para uso de técnicos e extensionistas como método auxiliar no manejo

adequado das pastagens.

Sonda eletrônica - de acordo com Pedreira (2002), a medida é tomada a partir da

capacidade elétrica da forragem, com base no fato de que a capacitância do ar é baixa,

enquanto a da forragem é alta. Tem a desvantagem de que a capacitância da massa de

Page 261: Avaliação de carcaças bovinas

Deminicis

253

forragem depende de fatores como a espécie forrageira e da sua concentração de umidade,

tornando-se necessário executar calibrações para o tipo de forragem que está sendo

medida e também pelas estações do ano. Mas Gardner (1986) novamente reportou que este

tipo de medição não é apropriado quando utilizada a técnica em forrageiras tropicais por

apresentarem alta proporção de tecido vegetal morto e isto irá interferir na acurácia da

estimativa.

Disco medidor ou prato ascendente - de acordo com Carvalho (2008) “Rising Plate

Meter” (Prato ou Disco Medidor) é um prato de alumínio (normalmente feito em alumínio por

ser um material leve) com 900 cm2 e possui movimento livre por meio de uma coluna

graduada de 0,5 em 0,5 cm. Mas Salman (2006), no entanto, indica que a área do disco

pode variar de 0,2 a 1,0 m2. Este equipamento constituído por uma haste graduada e um

prato ou disco metálico de massa e área conhecidos confere sensibilidade às diferentes

alturas e densidades do dossel forrageiro a medida que é realizada a compressão da

forragem. O disco solto pode ser suavemente colocado na vegetação a uma altura pré-

determinada. A altura em que o disco é mantido pela forragem que está debaixo dele é

medida pela graduação que existe na vareta. Esse método é simples e objetivo, porém sua

utilização vai depender do tipo de forragem, sendo mais indicado para aquelas forrageiras

que apresentam crescimento uniforme e denso. Torna-se uma técnica mais eficiente para

medir a massa de forragem de relvados de porte médio a baixo, de espécies folhosas e

colmos macios. Apesar de a mensuração ser rápida e fácil, necessita-se de ser realizada em

muitos pontos para fornecer dados confiáveis (CARVALHO, 2008).

Rendimento comparativo - essa técnica possui a vantagem de não exigir experiência

do operador para a estimativa da disponibilidade de matéria seca, tornando-se um processo

simples ao se atribuir valores numa escala contínua de 1-5, proporcionando ao método altas

correlações. Quadros amostrais são marcados em toda área experimental, onde cada

operador avalia e atribui o escore visual a cada um destes quadros. Este procedimento é

feito logo depois de terminada a estimativa visual de toda área. A forragem delimitada pelos

quadros padrões é cortada, levados ao laboratório, onde são secos e pesados. A relação

existente entre escore visual e o peso seco da forragem é encontrado por meio de

regressão, que são utilizadas para ajustar os escores visuais calculados na pastagem

(HAYDOCK; SHAW, 1975; CARVALHO et al., 2008).

Diagnóstico nutricional das pastagens por imagens de satélite

O diagnóstico nutricional das pastagens pode permitir o emprego de ações de

manejo, especialmente o uso de fertilizantes, em tempo hábil para aperfeiçoar/maximizar a

sua produtividade. Esse diagnóstico é extraordinário, notadamente para o nitrogênio, cuja

Page 262: Avaliação de carcaças bovinas

Novas tecnologias aplicadas na avaliação da produção e qualidade de forragens

254

natureza dinâmica de suas alterações no solo dificulta o planejamento de um método capaz

de prevê-las. Igualmente, pesquisas inovadoras têm sido desenvolvidas para adaptar o

status nutricional relacionado ao N em diversas culturas, de forma dinâmica, prática e

menos dispendiosa.

Dentre as novas tendências de uso de tecnologias para fertilização e manejo de

pastagens destacam-se a automação em análises de fertilidade do solo. Existem fortes

argumentos que alentam o uso dessas novas tecnologias de avaliação das características

do solo, uma vez que ponderam que na agropecuária convencional a fertilização é

deliberada em valores médios para grandes aéreas, e a estimativa de quantidade de

fertilizantes a ser empregado é feita a partir de métodos dispendiosos e demorados, além de

problemas ambientais caracterizados pelo uso de reagentes que precisam ser rejeitados.

Diante da necessidade de se ajustar a produção animal ao mercado competitivo e

globalizado, obrigatoriamente as pastagens carecem ser mais produtivas e dirigidas de

forma ambiental e socialmente correta e economicamente viável. Considerando-se que a

agropecuária passa por uma era informatizada e que novas tecnologias tem sido

determinadas, novas tendências e novas técnicas vêm sendo pesquisadas e validadas.

Por tudo isso, técnicas para o acompanhamento em tempo real dos processos físico-

químicos que ocorrem nos solos estão sendo intensamente pesquisadas e difundidas,

gerando o conceito de agropecuária de precisão, que inclui tecnologias como o

sensoriamento remoto, o sistema de posicionamento global (GPS), sistemas de informações

geográficas (GIS), entre outros. Um dos procedimentos mais promissores são as técnicas

de sensoriamento remoto, que capturam informações espectrais dos pigmentos das plantas,

sem contato com estas, e mensuram a reflectância da cultura (SILVA Jr et al., 2008). Em

dosséis de plantas forrageiras tem sido possível estabelecer relações significativas entre as

variáveis espectrais, obtidas por sensoriamento remoto e variáveis agronômicas. Assim,

parâmetros espectrais são considerados bons descritores das condições de vigor e

desenvolvimento da planta forrageira (CUNHA, 2004). A reflectância do dossel de plantas

forrageiras tropicais também pode ser utilizada para discriminar diferentes concentrações de

nitrogênio foliar (MUTANGA et al., 2003). Essas informações permitem vislumbrar novas

perspectivas para a diagnose nutricional de pastos tropicais, ponto de partida para a

recomendação mais eficiente de fertilizantes em pastagens.

Considerações finais

A primeira mudança substancial é contemplar as necessidades atuais do produtor

baseados em pastagens. As inovações em forragicultura e pastagens têm advindo,

principalmente, no uso de corretivos e fertilizantes em pastagens, contribuindo para

Page 263: Avaliação de carcaças bovinas

Deminicis

255

utilização racional e otimizada destes insumos para produção de forragem de forma

sustentada, sendo suas implicações positivas intensificadas e ampliadas após os avanços

no conhecimento de técnicas de manejo do pastejo. O cultivo de leguminosas, a fertilização

com fontes orgânicas e a melhoria da ciclagem de nutrientes na pastagem, além da

associação entre gramíneas e bactérias fixadoras de N e o uso de forrageiras mais

eficientes na absorção de nutrientes, despontam como perspectivas para minimizar a

dependência pelos fertilizantes inorgânicos. Outro ponto forte é o desenvolvimento de

cultivares, resultando em maior produtividade animal, conjuntamente com a persistência

produtiva das pastagens associado à sustentabilidade do sistema.

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Page 264: Avaliação de carcaças bovinas

Novas tecnologias aplicadas na avaliação da produção e qualidade de forragens

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Page 265: Avaliação de carcaças bovinas

Capítulo 15

Alimentos funcionais

Paula Toshimi Matumoto-Pintro1

Denise Félix da Silva2

1Professora de Ciência e Tecnologia de Alimentos do Departamento de Agronomia da Universidade Estadual de

Maringá (UEM) 2Mestranda do Programa de Pós-graduação de Ciência e Tecnologia de Alimentos (UEM)

Introdução

Os estudos científicos têm demonstrado a eficiência dos alimentos funcionais e com

isto, o seu mercado tem crescido muito nos últimos anos devido a inúmeros fatores, sendo

o mais relevante à conscientização dos consumidores que desejam manter uma vida mais

saudável e ter maior longevidade. A definição para os alimentos funcionais pela Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é “o alimento ou o ingrediente bioativo que, além

das funções nutritivas básicas, produzem efeitos benéficos à saúde” (BRASIL/ANVISA,

1999c). Podem ser nutrientes isolados ou estar presentes em produtos de biotecnologia,

suplementos dietéticos, alimentos geneticamente modificados, alimentos processados

industrialmente ou alimentos derivados de plantas (POLLONIO, 2000; ROBERFROID,

2002; MORAES; COLLA, 2006). Devem ser consumidos juntamente com dietas

convencionais e aliados a práticas de exercícios físicos, mas possuem capacidade de

regular e/ou alterar funções corporais auxiliando no retardo e na prevenção de doenças

como hipertensão, diabetes, câncer, osteoporose e cardiovasculares (DEGÁSPARI;

WASZCZYNSKYJ, 2004).

Os alimentos funcionais ganharam destaque na década de 80 no Japão quando foi

lançado um programa governamental que objetivava desenvolver e descobrir alimentos

saudáveis para a sua população que envelhecia (ANJO, 2004). No Japão os alimentos

funcionais são definidos como “Alimentos para uso específico de saúde” (Foods for

Specified Health Use-FOSHU) e apresentam um selo de garantia na embalagem do

produto. No Reino Unido, o Ministério da Agricultura Pesca e Alimentos (MAFF) define

como “um alimento cujo componente incorporado oferece benefício fisiológico e não apenas

nutricional”. Os Estados Unidos da América definem alimentos funcionais como os

alimentos que se declaram ter benefícios além da nutrição básica. A FDA (Food and Drug

Page 266: Avaliação de carcaças bovinas

Alimentos funcionais

258

Administration) se baseia na utilização final do produto, na descrição presente nos rótulos

ou nos ingredientes classificando-os em alimento, suplemento alimentar, alimento para uso

dietético, especiais, alimento-medicamento ou droga (NOONAN; NOONAN, 2004).

O Ministério da Saúde do Brasil revela que as doenças cardiovasculares são as

principais causas de morte no país, superando inclusive o câncer e a AIDS (BRASIL/IBGE,

2009). Os padrões de vida das pessoas têm se modificado a cada dia e as doenças

relacionadas ao estresse, depressão, consumo excessivo de gorduras e de alimentos

industrializados tornaram-se mais comuns. O baixo índice dessas doenças em algumas

civilizações despertou o interesse de pesquisadores que observaram diferenças em suas

dietas. No oriente o costume de consumir frutas e vegetais como a soja que contem

fitoestrógenos, resultou em um baixo índice de câncer de mama e em uma redução do risco

de doenças coronarianas e de câncer, comprovados por dados epidemiológicos (SHUTLER

et al., 1987; ANJO, 2004). Já populações cuja alimentação é baseada em peixes e frutos do

mar, alimentos ricos em ácidos graxos poli-insaturados como o ômega 3 e 6, têm baixo

índice de doenças cardiovasculares. Assim como, os franceses que consomem

frequentemente vinho tinto rico em compostos fenólicos (LAW; WALD, 1999; GUARDA et

al., 2005; KARATZI et al., 2009).

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) regulamentou os

alimentos funcionais através das resoluções ANVISA/MS 16/99 a qual viabiliza

procedimentos para registro de alimentos e/ou novos ingredientes permitindo o registro de

novos produtos sem histórico de consumo no país e também novas formas de

comercialização para produtos já consumidos (BRASIL/ANVISA, 1999a); ANVISA/MS 17/99

que estabelece as diretrizes básicas para avaliação de risco e segurança de alimentos que

prova, baseado em estudos e evidências científicas, se o produto é seguro sob o ponto de

risco à saúde ou não (BRASIL/ANVISA, 1999b); ANVISA/MS 18/99 que estabelece as

diretrizes básicas para a análise e comprovação de propriedades funcionais e/ou de saúde,

alegadas em rotulagem de alimentos (BRASIL/ANVISA, 1999c) e ANVISA/MS 19/99 a qual

aprova o regulamento técnico de procedimentos para registro de alimentos com alegação

de propriedades funcionais e ou de saúde em sua rotulagem (BRASIL/ANVISA, 1999d).

O interesse das indústrias de alimentação humana e animal por alimentos de melhor

qualidade e funcional é cada vez maior. A ciência tem procurado tecnologias inovadoras

para produzir alimentos funcionais e ingredientes funcionais para a carne, ovo, leite e seus

derivados. O enriquecimento natural dos alimentos através da produção de animais

(bovinos, suínos, aves) com alimentação diferenciada em compostos bioativos, vem

demonstrando uma transferência dos mesmos para os produtos finais e também um

benefício a sua saúde e o bem estar dos animais (BOURRE, 2005; SANTOS et al., 2014).

Page 267: Avaliação de carcaças bovinas

Carvalho et al.

259

O enriquecimento de aditivos naturais no processo de derivados leva a um produto de

melhor qualidade para a conservação do produto e para o consumidor (JACOBSEN et al.,

2008; HAN et al., 2011; MATUMOTO-PINTRO, et al., 2011; SKRIVAN et al., 2012).

Principais grupos de compostos bioativos

Probióticos e prebióticos

Os probióticos são micro-organismos vivos que, quando administrados em

quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro, são conhecidos como

bioterapêuticos, bioprotetores e bioprofiláticos. Um micro-organismo para ser classificado

como probiótico, deve atender a alguns requisitos como resistir à passagem pelo trato

gastrointestinal, apresentar capacidade de se desenvolver no intestino humano, resistir a

ação de baixos pHs como os do suco gástrico, fluídos pancreáticos e da bile. A cultura

probiótica deve estar presente no alimento no mínimo 107 a 108 unidades formadoras de

colônia (UFC) por grama de produto sendo indicado ao consumidor o consumo diário de no

mínimo 100 g ou 100 mL do produto (SAAD et al., 2011).

A microflora predominante no intestino de um adulto saudável é composta por micro-

organismos promotores da saúde dos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium. A ANVISA

aprovou a alegação de propriedade funcional das seguintes culturas: Lactobacillus

acidophilus, Lactobacillus casei shirota, Lactobacillus casei var. rhamnosus, Lactobacillus

casei var. defensis, Lactobacillus paracasei, Lactococcus lactis, Bifidobacterium bifidum,

Bifidobacterium animallis (incluindo a subespécie B. lactis), Bifidobacterium longum, e

Enterococcus faecium com a seguinte alegação “O (indicar a espécie do micro-organismo

probiótico) contribui para o equilíbrio da flora intestinal. Seu consumo deve estar associado

a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis” (BRASIL/ANVISA, 2014).

As culturas probióticas trazem muitos benefícios aos consumidores como o controle

da microbiota intestinal saudável, reposição e estabilização da microbiota intestinal após

tratamentos médicos com antibióticos, aumento da resistência gastrintestinal à colonização

por patógenos, diminuição da concentração dos ácidos acético e lático bem como de

compostos antimicrobianos, promoção da digestão da lactose em indivíduos intolerantes à

lactose, estimulação do sistema imune, alívio da constipação e aumento da absorção de

minerais e vitamina (SAAD, 2006; FERREIRA; SILVA, 2010).

Os prebióticos são fibras de origem vegetal não digerível por enzimas digestivas,

porém fermentáveis e osmoticamente ativa (RODRÍGUEZ et al., 2003), podendo alterar a

atividade e a composição da microbiota intestinal e por consequência, ajudar na saúde do

hospedeiro. Os prebióticos estimulam o crescimento dos grupos endógenos de população

Page 268: Avaliação de carcaças bovinas

Alimentos funcionais

260

microbiana, tais como os Lactobacillus e as Bifidobacterium (BLAUT, 2002) e podem reduzir

a atividade de organismos patogênicos (ROBERFROID, 2002). Alguns dos benefícios

atribuídos aos prebióticos são a modulação de funções fisiológicas chaves, como a

absorção de cálcio, o metabolismo lipídico, a modulação da composição da microbiota

intestinal, e consequentemente a redução do risco de câncer de cólon (ROBERFROID,

2002). A maioria das pesquisas sobre efeitos prebióticos está relacionada aos

frutooligossacarídeos (FOS) e a inulina, nos quais diversos produtos comerciais estão

disponíveis no Brasil. Entretanto, existem outros prebióticos cujas alegações de

propriedades funcionais foram aprovadas pela ANVISA em 2008 (BRASIL/ANVISA, 2008).

A relação destes prebióticos e suas alegações estão descritas na Tabela 15.1.

Tabela 15.1 Alegações de propriedades funcionais de fibras alimentares aprovadas pela ANVISA

Fonte: BRASIL/ANVISA, 2008.

Vitaminas

As vitaminas são importantes na alimentação devido a sua capacidade antioxidante

que podem agir diretamente na neutralização da ação dos radicais livres ou participar

indiretamente de sistemas enzimáticos com essa função. Os radicais livres apresentam um

elétron isolado, livre para se ligar a qualquer outro elétron, e por isso são extremamente

reativos. Eles podem ser gerados por fontes endógenas ou exógenas. Por fontes

endógenas, originam-se de processos biológicos que normalmente ocorrem no organismo.

As fontes exógenas geradoras de radicais livres incluem tabaco, poluição do ar, solventes

Page 269: Avaliação de carcaças bovinas

Carvalho et al.

261

orgânicos, anestésicos, pesticidas e radiações (SOARES, 2002). Quando os radicais livres

são produzidos em quantidades moderadas, combatem as bactérias e vírus presentes no

organismo humano. O metabolismo humano produz inúmeras substâncias para neutralizar

os radicais livres, mas quando o sistema passa a produzi-los em excesso, tornam-se

prejudiciais, pois danificam as células saudáveis podendo desenvolver doenças crônicas

como arteriosclerose, hipertensão, diabetes, doença cardiovascular, cataratas, doença de

Alzheimer, cancro, artrite e envelhecimento precoce (MORAES; COLLA, 2006).

As principais vitaminas antioxidantes são a vitamina C e a vitamina E (SHAMI;

MOREIRA, 2004). A vitamina C ou ácido ascórbico é sintetizado nas plantas e na maioria

dos animais a partir da glicose e galactose, porém os seres humanos devem ingerir na

alimentação humana, pois não possuem a L-gulonolactona que é a enzima necessária para

a sua formação. A vitamina C é hidrossolúvel e antioxidante, ela reage diretamente com o

oxigênio simples e regenera a vitamina E, atua na fase aquosa como antioxidante, mas não

é capaz de inibir a oxidação lipídica. Ensaios biológicos com animais que consumiram a

vitamina C mostraram efeitos protetores contra os danos causados pela exposição às

radiações e medicamentos (BIANCHI; ANTUNES, 1999). Nos seres humanos, estudos

epidemiológicos atribuiram a vitamina C um papel de proteção no desenvolvimento de

tumores. Entretanto, alguns componentes orgânicos e inorgânicos nas células podem

mudar a atividade da vitamina C e afetar sua ação antioxidante, pois esta vitamina

apresenta a propriedade de ceder e receber elétrons (MORAES; COLLA, 2006; MONTERO

et al., 2014). A vitamina C é uma molécula usada na hidroxilação de várias reações

bioquímica sendo a principal a do colágeno, a proteína fibrilar que dá resistência aos ossos,

dentes, tendões e paredes dos vasos sanguíneos (PELUZIO et al., 2010).

A principal vitamina antioxidante transportada na corrente sanguínea pelas

partículas lipoprotéicas é a vitamina E (tocoferóis e tocotrienóis). Ela protege os lipídios da

peroxidação e pode reduzir o risco de doenças cardiovasculares, melhorar a condição

imune e modular condições degenerativas importantes associadas ao envelhecimento

(SOUZA et al., 2003). Essa vitamina está presente em óleos vegetais na forma de α, β, γ e

δ-tocoferol, sendo o α-tocoferol a forma antioxidante mais comumente encontrada nos

tecidos e no plasma. Há evidências que ela atua impedindo ou minimizando os danos

provocados pelos radicais livres associados com doenças específicas como o câncer,

artrite, catarata, diabetes, isquemia e o processo de envelhecimento. Sendo considerado

um dos principais mecanismos da defesa endógena do organismo (TRABER, 2001;

MORAES; COLLA, 2006).

Page 270: Avaliação de carcaças bovinas

Alimentos funcionais

262

Compostos fenólicos

Polifenóis são substâncias caracterizadas por possuírem uma ou mais hidroxilas

ligadas a um anel aromático. Eles são sintetizados em plantas como compostos

secundários em respostas ao stress durante o desenvolvimento das plantas causados por

insetos, patógenos, lesões físicas e radiações UV (HERMANN; NAGEL, 1989; NACZK;

SHAHIDI, 2004; MEHNI et al., 2014). Existe um grande interesse por esses compostos

devido aos seus potenciais efeitos benéficos à saúde, sua atividade antioxidante e seus

efeitos antimicrobianos (FAITH et al., 1992; NICHOLS; KATIYAR, 2010; RODRIGO et al.,

2011; GIAMPIERI et al., 2014).

Os compostos fenólicos podem ser classificados como flavonóides e não-

flavonóides. No grupo dos flavanóides estão a catequina, epicatequina, epigalocatequina,

caempferol, quercetina, miricetina, isoflavonas e antocianinas, e nos não-flavonóides

encontramos os ácidos fenólicos, hidroxibenzóicos, hidroxicinâmicos, estilbenos

(resveratrol), cumarina e taninos (BURNS, 2002; HEIM, et al., 2002; SOARES, 2002). Além

de seus atributos sensoriais característicos, todos esses compostos contribuem para

aumentar as propriedades benéficas dos frutos e seus derivados (DA SILVA et al., 2012).

Os flavonóides compõem uma ampla classe de substâncias de origem natural não sendo

sintetizado pela espécie humana. Entretando, esses compostos fenólicos apresentam

características importantes para os sistemas biológicos como antioxidante (LACOMBE et

al., 2010).

A uva é um bom exemplo de fruto rico em compostos fenólicos. As antocianinas são

responsáveis pelos atributos sensoriais na produção de vinhos e as catequinas e

epicatequinas são os principais compostos responsáveis pela adstringência de vinhos e

sucos de uva (CÔTÉ et al., 2011). Quercetina, caempferol e miricetina, também atuam no

desenvolvimento da coloração do vinho, atuando como co-pigmentos junto às antocianinas.

A partir de uma molécula simples de fenol podem se derivar substâncias simples ou

complexas. Porém, não é possível isolar e identificar todas elas nos tecidos vegetais.

As isoflavonas são encontradas em legumes, principalmente em grãos de soja

(ANJO, 2004). O consumo da soja tem sido considerado benéfico, com um efeito

potencialmente protetor contra um número de doenças crônicas como doença cardíaca

coronária, câncer de próstata, diabetes, osteoporose, deficiência cognitiva e doenças

cardiovasculares (MUNRO, 2003). Sua estrutura e atividade se assemelham ao estrógeno

humano e são conhecidas como fitoestrógenos, podendo proteger o organismo contra os

efeitos da menopausa e câncer de mama pela ação de estrógenos bloqueadores (ANJO,

2004). Os grãos de soja e os produtos alimentícios derivados da soja contêm, em sua

maioria, uma mistura de isoflavonas agliconas (genisteína, daidzeína e gliciteína) que são

Page 271: Avaliação de carcaças bovinas

Carvalho et al.

263

convertidas no intestino a fitoestrógenos e auxiliam na redução do colesterol LDL no sangue

(HWANG et al., 2009).

Ácidos graxos poli-insaturados

Alimentos como peixes de água fria (salmão, atum, sardinha, bacalhau), óleos

vegetais, sementes de linhaça, nozes e alguns tipos de vegetais são conhecidos por

conterem quantidade significativa de ácidos graxos poli-insaturados, os ômega 3 e 6. Os

principais ácidos graxos da família ômega 3 são o alfa-linolênico (C18:3), o

eicosapentanóico-EPA (C20:5) e o docasahexanóico-DHA (C22:6). O ácido linoleico

(C18:2) e o araquidônico (C20:4) são os ácidos graxos da família ômega 6 (PIMENTEL et

al., 2005).

Os ácidos graxos EPA e DHA são sintetizados nos seres humanos a partir do ácido

linolênico, sendo este o principal precursor das prostaglandinas, leucotrienos e

tromboxanos que apresentam atividade anti-inflamatória, anticoagulante, vasodilatadora e

antiagregante (RODRÍGUEZ et al.,2003; PIMENTEL et al.,2005). Os ácidos graxos EPA e

DHA podem ser sintetizados por algas marinhas e assim fazerem parte da cadeia alimentar

dos animais marinhos.

Pesquisas têm mostrado que o consumo de alimentos ricos em ácidos graxos poli-

insaturados tem surtido efeito favorável sobre os níveis de triglicerídeos, pressão

sanguínea, mecanismo de coagulação e ritmo cardíaco e na redução da incidência de

arteriosclerose (SOUZA et al., 2003). Os mecanismos pelos quais os ácidos graxos afetam

as concentrações do colesterol plasmático são: mudanças na composição das

lipoproteínas, na produção de LDL, na produção de VLDL (very low density lipoprotein) pelo

fígado e na atividade dos receptores do LDL. De acordo com alguns nutricionistas, os

ácidos graxos ômega 3 devem ser consumidos em uma proporção equilibrada de 5:1 com

os ácidos graxos ômega 6 (MORAES; COLLA, 2006).

No Brasil, somente os ácidos graxos ômega 3 provenientes de óleos de peixe (EPA -

ácido eicosapentaenóico e DHA – ácido docosahexaenóico) possuem alegação de

propriedade funcional aprovada pela ANVISA. A alegação diz “O consumo de ácidos graxos

ômega 3 auxilia na manutenção de níveis saudáveis de triglicerídeos, desde que associado

a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis” (BRASIL/ANVISA, 2008).

Os ácidos graxos ômega 6 estão presentes em óleos vegetais e são transformados

pelo organismo humano no ácido araquidônico e em outros ácidos graxos poli-insaturados.

Os ômega 6 derivados do ácido linoléico exercem importante papel fisiológico como

participa da estrutura de membranas celulares influenciando a viscosidade sangüínea,

permeabilidade dos vasos, ação antiagregadora, pressão arterial, reação inflamatória e

Page 272: Avaliação de carcaças bovinas

Alimentos funcionais

264

funções plaquetárias (BANNI, 2002). O ácido linoleico conjugado (CLA) pode ser sintetizado

por meio da isomeração alcalina do ácido linoleico encontrado no oléo de cártamo, por

exemplo. Esses compostos são encontrados naturalmente na gordura do leite e da carne de

animais ruminantes como resultado do processo de isomeração enzimática do ácido

linoleico conduzido pelas bactérias localizadas no intestino desses animais (BANNI, 2002;

SCHOGOR et al., 2014).

O CLA é permitido como ingrediente alimentício em alguns países. A FDA (USA)

aprovou o uso do CLA sintético como ingrediente em leite de soja, bebidas, barras de

cereal, produtos lácteos e sucos de fruta (FDA, 2014). Na União Europeia, o uso de CLA

em suplementos não requer avaliação de segurança, mas como ingrediente em outros

alimentos requer avaliação de segurança e autorização de uso. EFSA (European Food

Safety Authority) afirmou que e o CLA é seguro para adição em produtos destinados ao

consumo adulto, como leite, iogurte e produtos de fruta, com recomendação de ingestão de

3,5 gramas de CLA por dia, por no máximo seis meses. Porém, mesmo com essa

aprovação a Comissão Europeia não autorizou o uso desse ingrediente pelo fato de não

terem sido identificado medidas de gerenciamento do risco para garantir que o CLA não

será consumido por longos períodos. Sendo assim o uso do CLA não é autorizado como

ingrediente em alimentos no âmbito da União Europeia (EFSA, 2010; EFSA, 2012). Na

Austrália e Nova Zelândia, o Food Standard Australia New Zealand (FSANZ) rejeitou a

petição para autorização de uso de CLA em alimentos, com a finalidade de auxiliar em

programas de controle de peso e dietas (FSANZ, 2011).

No Brasil, a segurança de uso do CLA isolado ou como ingrediente em alimentos

tem sido avaliado desde 2003 sendo a última publicada em janeiro de 2013. A principal

justificativa dos interessados na aprovação consiste na necessidade de fornecer ácidos

graxos poli-insaturados essenciais ômega 6 para os consumidores. Entretanto, a presença

de duplas ligações na configuração trans e o fato das duplas ligações não serem separadas

por um grupo metileno, legalmente, o CLA é considerado uma gordura trans

(BRASIL/ANVISA, 2007) e não é considerado seguro para uso em alimentos. Sendo

necessário mais estudo sobre os mecanismos de ação dos diferentes isômeros e que

comprovem sua eficácia e segurança. Esta proibição também é valida para o aumento do

CLA naturalmente presente no leite e carne de animais ruminantes por meio de

modificações na dieta desses animais, uma vez que esses produtos também são

considerados novos alimentos ou ingredientes e necessitam de uma comprovação da

segurança de uso antes de sua comercialização (BRASIL/ANVISA, 2007).

Page 273: Avaliação de carcaças bovinas

Carvalho et al.

265

Carotenoides

Os carotenoides são pigmentos de cor vermelha, alaranjada ou amarela,

encontrados nas células dos vegetais e que atuam na fotossíntese. Estão presentes,

também nas células de protistas e fungos e não podem ser sintetizados pelos animais, mas

são compostos essenciais para a vida, portanto devem ser ingeridos através da

alimentação. As moléculas de carotenoides contêm 40 átomos de carbono, com um número

variável de duplas ligações conjugadas. São representados por beta-caroteno que são

altamente apolares e precursores de vitamina A, que atua na saúde da visão; por licopeno

que são altamente apolares e atua na prevenção do câncer da próstata e é antioxidante;

por xantofilas que são polares, com grupos oxigenados com hidroxilas ou cetonas; por

luteína e a zeaxantina que conferem cor verde escura a alguns alimentos; e pelo mixol,

osciloxantina e aloxantina (COSTA; ROSA, 2010).

Estudos recentes propõem a ingestão de carotenoides para a prevenção ou controle

do câncer de próstata (LAJOLO, 2002). Alguns mais específicos como a zeaxantina e a

luteína, presentes no brócolis e no espinafre, atuam na redução do risco de degeneração

macular dos olhos que ocorre com o envelhecimento. Ao serem absorvidos pelo organismo

humano, os carotenoides se clivam em ácido retinóico induzindo a cascata de genes e

promovendo a fagocitose de células nocivas na retina (HASLER, 2002). Outros benefícios

trazidos pelos carotenoides são aumento das funções das células imunológicas envolvidas

na detecção e eliminação de células tumorais reduzindo o surgimento de câncer e outras

doenças crônicas não transmissíveis (PAULA, et al. 2004). Os carotenoides com alegações

de propriedade funcional no Brasil são os licopenos, luteína e zeaxantina. De acordo com a

ANVISA suas alegações dizem “A luteína/zeaxantina/licopeno tem ação antioxidante que

protege as células contra os radicais livres. Seu consumo deve estar associado a uma

alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis” (BRASIL/ANVISA, 2008).

O licopeno é considerado o carotenoide com maior capacidade antioxidante

protegendo as moléculas de lipídios, lipoproteínas de baixa densidade (LDL), proteínas e o

DNA. Estudos epidemiológicos sugerem que o consumo de licopeno contribui para a

redução do risco de câncer de próstata. Os mecanismos pelos quais o licopeno atua são na

inibição da sinalização do fator de crescimento similar a insulina prostática, inibição da

expressão da interleucina 6 (IL-6) e na inibição da sinalização de andrógenos (WERTZ et

al., 2004). Estudos mostram que o licopeno pode ser mais eficientemente absorvido de

produtos de tomate processado como os molhos prontos e o ketchup (DAVIES; MORLAND,

2004) e são requeridos 35 mg de licopeno por dia para que o estresse oxidativo e os danos

celulares sejam minimizados (COSTA; ROSA, 2010).

Page 274: Avaliação de carcaças bovinas

Alimentos funcionais

266

A luteína e a zeaxantina são carotenoides mais polares devido a presença do grupo

hidroxil e não podem ser convertidas em vitamina A, porém existe uma forte relação entre o

consumo desses carotenoides e a proteção contra o desenvolvimento de doenças

oftalmológicas como a degeneração macular e catarata (MARES-PERLMAN et al., 2002) e

câncer (DOWNHAM; COLLINS, 2000).

Polióis

Os polióis são álcoois que contêm grupos hidroxilas. Esses compostos são usados

como edulcorantes pelas indústrias de alimentos e também na química de polímeros. Os

polióis mais importantes são o xilitol, manitol e o sorbitol que possuem alegação de

propriedades funcionais como “Manitol/Xilitol/Sorbitol não produz ácidos que danificam os

dentes. O consumo do produto não substitui hábitos adequados de higiene bucal e de

alimentação”, esta alegação é aprovada somente para gomas de mascar sem açucar

(BRASIL/ANVISA, 2008).

Os polióis não são fermentáveis por bactérias da flora bucal por isto não contribui

para a formação do ácido que ataca o esmalte dos dentes. Sua propriedade bacteriostática

o torna importante para a higiene oral sendo capaz de inibir o crescimento de Streptococcus

mutans, reduzindo a susceptibilidade à cárie (GRANSTRÖM et al. 2007). Além disso, o uso

contínuo de xilitol ajudará a seleção de formas menos virulentas e resultará em uma

microflora oral menos agressiva. Essa propriedade tem sido estudada desde a década de

setenta quando pesquisas com crianças que mascaram gomas contendo xilitol em

substituição à sacarose mostraram uma redução da incidência de cáries e remineralizarão

de lesões de cáries recém-formadas e também um efeito prolongado meses após os testes

(ISLAM, 2011). A FDA (EUA) aprovou o uso da afirmação “não provoca cáries” nos rótulos

para alimentos sem açúcar que contenham sorbitol (OLTMANNS et al., 2014).

Considerações finais

Inovação é o processo das atividades técnicas, concepção, desenvolvimento e

gestão que resulta na comercialização de produtos novos ou aprimorados (FREEMAN,

1982) e ela é importante para a dinâmica competitiva das indústrias alimentícias. Quanto a

inovação na indústria de alimentos, os alimentos funcionais são os que têm despertado um

grande interesse dos cientistas e da indústria alimentícia que se volta para atender a

demanda crescente da população interessada em resgatar hábitos saudáveis. Um alimento

funcional pode ser um alimento natural ou um alimento a partir do qual um componente foi

adicionado ou removido por meios tecnológicos ou biotecnológicos. A incorporação destes

Page 275: Avaliação de carcaças bovinas

Carvalho et al.

267

alimentos na dieta é altamente desejável e pode ter implicações consideráveis para a saúde

pública, pois atinge grupos populacionais amplos e reduz problemas de saúde pública que

implica em um custo elevado para a sociedade e os governos. O bem estar da população

leva ao desenvolvimento e envelhecimento com uma melhor saúde. Lembrando que a

população brasileira acima de 60 anos passou de 4% em 2000 para 10% em 2010

(BRASIL/IBGE, 2010).

A formulação e mistura ou enriquecimento dos alimentos tradicionais constitui uma

forma simples e tecnologicamente barata para desenvolver novos alimentos funcionais e

tem sido amplamente utilizada no processamento de alimentos. Por exemplo, alimentos

como o iodo em sal, enriquecimento de vitaminas A, D e C, ferro e ácido fólico em bebidas

e farinhas tornou-se prática comum no mundo. Estudos científicos mais recentes tem

demonstrado a eficiência de alimentos funcionais naturais como os a base de fibras e

moléculas bioativas (GUARDA et al., 2005; GIAMPIERI et al., 2014). Tem ainda

desenvolvido produtos de origem vegetal a base de soja (HWANG et al., 2009) e

enriquecidos com prebióticos como a inulina (SAAD, 2006). Além do desenvolvimento de

produtos de origem animal como leites enriquecidos com ômega 3 e antioxidantes naturais,

prebióticos e probióticos (HAN et al., 2011; MATUMOTO-PINTRO, et al., 2011), produtos

cárneos enriquecidos com antioxidantes (JIMÉNEZ-COLMENERO et al., 2010) e ovos

desidratados com antioxidantes (ABREU et al., 2014).

Os produtos de origem animal funcional podem ser produzidos naturalmente através

da alimentação diferenciada dos animais. Um dos enfoques é a busca de produtos com

maiores concentrações de moléculas bioativas (antioxidantes), menores teores de gordura,

com perfil de redução da taxa de ácidos graxos saturados:insaturados, que os caracterize

como alimento funcional, seja na carne, leite ou ovos (BOMFIM et al., 2011; CÔRTES et al.,

2010; SKRIVAN et al., 2012; KELLY et al., 2014). A utilização de alimentação diferenciada

na produção animal melhora a qualidade de saúde destes animais, fazendo com que eles

melhorem a sua fertilidade e reduza a mortalidade embrionária (PETIT; TWAGIRAMUNGU,

2006).

Estudos com moléculas bioativas em alimentos e ou em enriquecimentos devem ser

realizados para aumentar a compreensão e confirmar a efetividade da ação destas

moléculas e, aumentar assim a lista da autorização de produtos e alegação dos alimentos

funcionais no Brasil.

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Page 280: Avaliação de carcaças bovinas

Capítulo 16

Alimentos alternativos para suínos

Paulo Levi de Oliveira Carvalho1

Tiago Junior Pasquetti2

Dani Perondi3

Silvana Teixeira Carvalho1

1Docente do curso de Zootecnia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste – Campus de

Marechal Cândido Rondon. [email protected]; [email protected] 2Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá.

[email protected]; 3Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Estadual Paulista. – Unesp –

Jaboticabal. [email protected].

Introdução

A suinocultura é uma das atividades mais tradicionais do setor agropecuário. Dados

da ABIPCS (2012) mostram que produção mundial de carne suína, em 2011, foi de 101,127

mil toneladas de carcaça, e o Brasil é o quarto maior produtor de carne suína com 3.227 mil

toneladas produzidas em 2011, atrás apenas da China, União Europeia (27 países) e

Estados Unidos.

Na estatística nacional, Santa Catarina é o estado brasileiro com a maior produção

de carne suína, atingindo em 2011, 782,1 mil toneladas de carcaça, com crescimento de

5,99% em relação ao ano de 2010. Esta alta produção demanda grande quantidade de

insumos, além de exigir uma cadeia altamente especializada e com incremento tecnológico

constante para que se possa atingir maiores produções e eficiência produtiva.

A alimentação representa o item de maior custo, surgindo interesse contínuo na

busca por alimentos alternativos que possam reduzir os gastos com a alimentação e,

consequentemente, os custos de produção do suíno (OLIVEIRA et al., 2004). Em virtude

das constantes alterações nos preços do milho e do farelo de soja, principais componentes

das rações para suínos, torna-se essencial o conhecimento do valor nutricional dos

alimentos alternativos para que possam ser empregados como fonte de energia e proteína

na ração (BASTOS et al., 2006).

Page 281: Avaliação de carcaças bovinas

Carvalho et al.

273

Apesar de áreas suficientes para atender às diferentes demandas, as especulações

levam ao aumento dos preços destas commodities, e torna a produção de suínos inviável,

devido a alimentação representar aproximadamente 70% dos custos de produção, sendo a

ração responsável por 60% deste total (FIALHO, 2009).

De acordo com SINDIRAÇÕES (2011), em 2010, a produção brasileira de suínos

consumiu um total de 10,5 milhões de toneladas de milho, sendo este cereal o principal

componente das rações de suínos, e, responsável por até 40% dos custos de produção

(BELLAVER, 2004).

Segundo Girotto et al., (2003), a busca por ingredientes alternativos aumenta a

demanda e consequentemente o mercado passa a perder a vantagem diferencial que teriam

pela falta ou aumento de preço dos ingredientes tradicionais (soja e milho).

Para substituir os alimentos tradicionais (milho ou farelo de soja) por ingredientes

alternativos, deve-se obter o conhecimento da composição nutricional (valor nutricional), a

presença de fatores antinutricionais, o nível ideal de inclusão nas dietas, avaliação do

alimento e sua disponibilidade regional para obtenção de custos e posteriormente

viabilidade da inclusão. A maioria dos alimentos alternativos possuem sazonalidade, desta

forma torna-se interessante usa-los em épocas de maior oferta no mercado.

Exigências nutricionais dos suínos

A suinocultura tem considerável crescimento no Brasil, principalmente pela entrada

de híbridos comerciais de alto potencial genético. Esses animais são mais precoces e

devem receber uma atenção especial em relação a sua nutrição, para expressar seu

máximo rendimento (ROSTGANO et al., 2011).

Os híbridos modernos possuem peculiaridades em sua fisiologia do crescimento,

possuem maiores exigências para mantença e crescimento do tecido magro, e menor para

deposição de gordura na carcaça. Geralmente as tabelas apresentam as exigências dos

suínos separados em três categorias de acordo com o potencial genético (alto, médio e

baixo), devido ao aporte de material genético e das condições de ambiência e sanitárias

oferecidas aos animais, e a segunda divisão é pelo sexo (machos castrados e fêmeas),

onde machos castrados consomem mais ração, crescem mais rápido e apresentam pior

conversão alimentar em relação as fêmeas (BERTECHINI, 2013).

Segundo Fialho (2009), as alterações relativas aos padrões genéticos, às

instalações, à nutrição e ao manejo sanitário, nos sistemas de produção, podem ocasionar

mudanças nas exigências nutricionais nas diferentes fases do ciclo produtivo. Associado a

estes fatores são constatadas mudanças de processamento na obtenção dos diferentes

subprodutos utilizados na formulação de rações, as quais podem influenciar o metabolismo

Page 282: Avaliação de carcaças bovinas

Alimentos alternativos para suínos

274

dos nutrientes, provocando, assim, possíveis alterações nas exigências nutricionais dos

animais.

Desta forma, diversas pesquisas foram conduzidas com o objetivo de avaliar as

exigências nutricionais dos suínos, possibilitando formular as rações com menores custos

de produção. Ao longo do tempo, foram publicadas diversas tabelas (NRC, 1998;

ROSTAGNO et al. 2011), as quais mostram as exigências nutricionais dos suínos nas

diversas fases de crescimento e de produção.

Métodos para determinação da digestibilidade do conteúdo energético dos alimentos

para suínos

Coleta total de fezes (método tradicional)

Este método é utilizado para determinar a digestibilidade dos nutrientes e os valores

de energia digestível e metabolizável das rações e dos ingredientes para suínos e aves,

aplicados nas formulações e utilizados nas tabelas brasileiras de composição de alimentos e

exigências nutricionais para aves e suínos (ROSTAGNO et al., 2011).

Os animais são mantidos em gaiolas de metabolismo individuais, para coleta total de

fezes e urina. No período de coleta, as fezes são pesadas e armazenadas (-18 ºC)

diariamente para posterior homogeneização e retirada de amostras para análises

laboratoriais. Na coleta de urina, utilizam-se baldes coletores, nos quais são adicionados

20 mL de ácido clorídrico (1:1) com objetivo de evitar a perdas de nitrogênio por volatilização

e possível proliferação bacteriana. Diariamente é coletada uma alíquota de 20% da

produção diária de urina, sendo esta armazenada (-18 ºC).

Basicamente o método consiste na ingestão de um alimento (ingrediente), e

respectiva coleta da urina e fezes (Aves e Suínos) produzidas durante o período de cinco

dias. O ensaio envolve um período de adaptação de quatro a sete dias para estabilização do

consumo diário, seguida pela administração de um marcador (1% de óxido férrico) nas

rações no primeiro e último dia de coleta das fezes, sendo estas armazenadas em

congelador (-4 ºC). Posteriormente, procede-se com as análises laboratoriais de acordo com

as características do alimento teste, como: matéria seca, matéria mineral, energia bruta,

proteína bruta, fibra detergente neutro, fibra detergente ácido, entre outras (SAKOMURA;

ROSTAGNO, 2007).

Para determinação dos valores energéticos de um alimento, utilizam-se duas dietas,

base e teste. A dieta base chamada de referência é constituída por milho e farelo de soja, a

segunda (teste), é constituída pela substituição de uma determinada porcentagem da dieta

referência pelo ingrediente ou alimento em avaliação (alimento teste). A substituição

Page 283: Avaliação de carcaças bovinas

Carvalho et al.

275

dependerá do tipo de alimento teste, geralmente utiliza-se de 20% a 40% para alimentos

com características físicas e de composição próximas ao milho e farelo de soja. Entretanto,

alimentos fibrosos e líquidos recomenda-se a substituição de 7% a 10%, principalmente pela

alteração da forma da ração, no caso dos óleos o que dificulta a homogeneização das

rações, no caso dos alimentos fibrosos, estes acabam dificultando a formulação das rações,

influenciando o consumo e em níveis elevados podem afetar a digestibilidade (SAKOMURA;

ROSTAGNO, 2007).

Métodos indiretos: utilização dos indicadores

Este é um método alternativo, ou pode ser associado a coleta total, para estimar a

digestibilidade dos nutrientes, energia digestível e metabolizável de uma ração, ou

ingrediente em avaliação. Os indicadores são substâncias que não são digeridas ao longo

do trato digestivo, não são tóxicos aos animais, não exercem alterações fisiológicas no trato

digestivo, não se associam a outros nutrientes, devem ser totalmente recuperadas nas fezes

e devem apresentar de fácil análise laboratorial (SAKOMURA; ROSTAGNO, 2007).

Os indicadores são utilizados para determinar um fator de indigestibilidade afim de,

estimar a quantidade de fezes ou excretas que corresponde a uma unidade de ração

consumida (SAKOMURA; ROSTAGNO, 2007).

Segundo Sakomura e Rostagno, (2007), entre os principais indicadores utilizados em

ensaios de metabolismo, destaca-se o óxido crômico (Cr2O3), cujo indicador deve ser

adicionado na proporção de 0,5% na ração. Entretanto, o uso de óxido crômico apresenta

algumas desvantagens, como sua determinação na análise laboratorial, as características

eletrostáticas, sendo de difícil separação em dietas ricas em fibras e açúcar, além de ser

uma substância carcinogênica. Outro indicador importante é a cinza insolúvel em ácido

(CIA), que se trata de um mineral indigestível, composto em sua maioria por sílica. Em

alimentos que apresentam baixa concentração de CIA é necessário adicionar o produto

comercial Celite®, na proporção de 1% na dieta.

Métodos para determinação da digestibilidade da proteína e dos aminoácidos dos alimentos

para suínos

As proteínas são estruturalmente compostas por unidades básicas de aminoácidos,

unidos entre si por ligações peptídicas (NELSON; COX, 2011). São conhecidos 22

aminoácidos que compõem a proteína, mas apenas 10 são considerados essenciais para os

animais monogástricos (SAKOMURA; ROSTAGNO, 2007). Aminoácidos essenciais são

Page 284: Avaliação de carcaças bovinas

Alimentos alternativos para suínos

276

aqueles que não são sintetizados pelo organismo em velocidade suficiente para atender as

exigências para o máximo desempenho animal (BERTECHINI, 2013).

Gattás et al. (2012) avaliando níveis de lisina digestível, para suínos castrados dos

60 aos 100 dias, observaram aumento no ganho de peso e conversão alimentar a medida

em que houve aumento dos níveis de lisina digestível na ração, sendo que o mesmo ocorreu

com o rendimento de carcaça e a quantidade de carne. O conhecimento dos aminoácidos

essenciais é fundamental, uma vez que causam o maior impacto sobre o desempenho

animal. Assim torna-se necessário conhecer a composição em aminoácidos dos alimentos,

bem como o seu aproveitamento pelos animais.

A utilização de dietas com base em aminoácidos digestíveis tem sido utilizada,

principalmente para maximizar o uso das matérias primas, e a possibilidade de substituição

do milho e farelo de soja da dieta por ingredientes com perfil de aminoácidos conhecido e

suplementação dos aminoácidos limitantes (PARSONS, 1991).

A digestibilidade é determinada pela diferença entre a quantidade consumida e a

excretada nas fezes. A disponibilidade dos aminoácidos é determinada como a quantidade

de aminoácidos absorvidos e utilizada pelo animal (SAKOMURA; ROSTAGNO, 2007).

Digestibilidade Ileal: anastomose íleo-retal (uso da cânula T simples)

São utilizados animais na fase de crescimento (30 kg), os quais passam por um

procedimento cirúrgico para realizar a anastomose íleo-retal, segundo a técnica descrita por

Leão et al. (1988). Após a cirurgia os animais são alojados em gaiolas metabólicas, por sete

dias para adaptação. Em seguida, inicia-se o período de coleta de cinco dias (SAKOMURA;

ROSTAGNO, 2007).

De acordo com os procedimentos de Sakomura e Rostagno (2007), um grupo de

animais recebe uma dieta isenta de proteína (DIP), e uma segunda dieta contendo o

alimento teste em substituição a DIP, sendo a única fonte de proteína e aminoácidos. O

indicador (CIA ou óxido crômico) é adicionado nas dietas, e as mesmas são fornecidas com

base no peso metabólico. Para evitar perdas as rações são umedecidas na proporção de

1:1, facilitando o consumo e reduzindo o desperdício.

Além da anastomose íleo-retal, existe outro procedimento descrito por Sakomura e

Rostagno (2007), que consiste da implantação da cânula T simples. A técnica, adaptada de

Donkoh et al. (1994), deve ser realizada após jejum de 24 horas (para evitar a contaminação

pela digesta) e consiste na incisão vertical de 5-6 cm na parede do corpo, cerca de 3-4 cm

atrás da ultima costela, na linha mediana. O intestino delgado é então exteriorizado e uma

nova incisão de 2-2,5 cm é realizada, cerca de 10-15 cm anterior à junção íleo-cecal. Uma

sutura deve ser realizada ao redor da incisão, para a inserção da cânula. Após este

Page 285: Avaliação de carcaças bovinas

Carvalho et al.

277

procedimento a cânula é exteriorizada por meio de um corte de 1 cm de diâmetro, 3 a 4 cm

anterior à incisão inicial. Após o tratamento pós-operatório, os animais são alimentados com

dietas altamente digestíveis, em pequenas quantidades e aumentando gradativamente até o

consumo normal.

Após a cirurgia e reestabelecimento do consumo normal, os animais passam por um

período de cinco dias para adaptação as instalações e dois dias de coleta de amostras. São

utilizadas duas dietas, a primeira isenta de proteína (DIP), e a teste para substituição da DIP

pelo alimento teste. Em todas as dietas é adicionado indicador e estas são fornecidas duas

vezes por dia. As digestas são coletadas em diferentes horários ao longo do dia, e

acondicionadas em sacos plásticos amarrados diretamente nas cânulas e congeladas, para

posteriores análises laboratoriais.

Digestibilidade Ileal: método sacrifício

Neste método podem ser utilizados animais em crescimento e leitões desmamados.

São fornecidas duas dietas, uma dieta isenta de proteína para avaliar as perdas endógenas

e a dieta teste, em ambas é adicionado óxido crômico. Apolônio et al. (2002) descreveram o

protocolo correto para abate dos animais e coleta da digesta. No período de coleta é

realizado um jejum prévio de 40 horas, sendo os animais abatidos sete horas após a

ingestão da dieta, em que é retirado um segmento de 20 cm do íleo para a coleta da

digesta.

Classificação dos alimentos

Conceito de alimento: toda matéria capaz de ser transformada e utilizada pelos

animais. São constituídos de elementos denominados nutrientes que exercem papel

particular no organismo.

De forma geral, os alimentos são classificados em: energéticos (menos de 20% de

proteína), proteicos (mais de 20% de proteína), os quais são subdivididos em proteicos de

origem vegetal e animal, macrominerais, micromineirais, aditivos que atuam em processos

digestivos ou modificam a flora intestinal e outros ingredientes (Tabela 16.1).

Page 286: Avaliação de carcaças bovinas

Alimentos alternativos para suínos

278

Tabela 16.1 Principais ingredientes utilizados na fabricação de rações para suínos

Classificação Ingredientes

Energéticos

Milho, sorgo, milheto, trigo, triguilho, triticale, cevada, aveia, quirera de arroz, farelos de trigo e de arroz, mandioca e raspa de mandioca, caldo de cana, óleo de soja degomado, gorduras animais.

Proteicos de origem vegetal

Subprodutos do processamento de vegetais: farelos de soja, de glúten, de algodão, de amendoim, de girassol, de canola; leveduras de destilarias, polpa cítrica, quinoa, amaranto, ervilhas.

Proteicos de origem animal

Farinhas de carne e ossos, de carne, de peixes, de penas hidrolisadas, de vísceras, de sangue.

Macrominerais

Calcário calcítico, farinha de ossos calcinada, farinha de ostras, fosfatos mono e bicálcico, sal comum.

Microingredientes

Vitaminas, micro - minerais, L - lisina, DL – metionina, L-treonina, L-triptofano.

Ingredientes que auxiliam o processo digestivo e (ou) modificam a flora intestinal

Ácidos orgânicos, enzimas, antioxidantes, probióticos, prebióticos, extratos herbais.

Outros ingredientes

Antimicrobianos usados preventiva ou curativamente, Antiparasitários, antioxidantes, adsorventes de micotoxinas.

Adaptado de Bellaver e Ludke (2004)

Segundo Bellaver e Ludke (2004), como regra geral as alternativas de alimentação

de suínos, disponíveis para uso direto nas granjas, são restritas aos macroingredientes de

origem vegetal, sendo estes divididos em:

a) Ingredientes energéticos, como a raiz de mandioca (in natura, silagem da raiz,

raspa integral, farinha e farelo residual) e caldo de cana.

b) Energéticos idênticos ao milho como o sorgo, o milheto, grão de arroz e arroz na

forma de quirera. Apresentam a possibilidade de substituição total do milho causando

apenas pequenos ajustes na porcentagem dos demais ingredientes da ração.

c) Fornecedores de energia com nível de proteína mais elevado do que o milho (pelo

menos acima de 14%), como por exemplo, o farelo de arroz integral (muito sensível à

rancificação), a semente de girassol e a soja integral inativada (tostada, cozida, extrusada).

São os ingredientes que apresentam elevado teor de extrato etéreo e por esse motivo

apresentam maior densidade energética. São recomendados para substituir entre 75% a

100% da proteína fornecida pelo farelo de soja em dietas para matrizes em lactação.

Page 287: Avaliação de carcaças bovinas

Carvalho et al.

279

d) Fornecedores de proteína como o farelo de algodão, o farelo desengordurado de

arroz, o farelo de girassol e as sementes de leguminosas (em especial o guandú) entre

outros. São ingredientes aptos à inclusão em dietas de suínos em crescimento e terminação

e fêmeas em gestação, substituindo entre 50% a 75% da proteína oriunda do farelo de soja.

e) Fornecedores de proteína com baixa energia, a exemplo do feno de leucena, feno

da folha de mandioca que podem substituir parcialmente o farelo de soja, são ingredientes

preferenciais para serem incluídos em proporção definida (no máximo 10%) nas dietas de

fêmeas em gestação porque apresentam elevado teor de fibra bruta e baixa densidade

energética.

Alimentos energéticos

Sorgo (Sorgum vulgare)

O sorgo esta entre os cereais mais cultivados no mundo, usado também na produção

de amido industrial, farinha, cerveja e óleo comestível. Na alimentação animal, pode ser

utilizado em dietas de suínos, substituindo parcialmente ou totalmente o milho. O grão de

sorgo apresenta 8% a 9% de proteína bruta, geralmente um pouco superior ao do milho

(RIBEIRO et al., 2010). Entretanto, maiores níveis de proteína no sorgo não mantém a

mesma proporção de aminoácidos essenciais para a nutrição de suínos e aves. Esta

variação na composição do sorgo é causada principalmente pelas condições climáticas e

pelos diferentes tipos de solo onde é cultivado (ZARDO; LIMA, 1999).

Quanto ao aspecto nutricional, o sorgo é muito semelhante ao milho. Possui o

endosperma formado principalmente por amido, sendo 27% amilose e 73% amilopectina. A

diferença entre os dois grãos está no tipo de proteína que envolve o amido. No sorgo, a

proteína e o amido estão mais aderidos, o que diminui a digestibilidade do grão e

consequentemente da ração que contêm este nutriente. A energia digestível e metabolizável

do sorgo, para suínos, é cerca de 6% inferior ao milho.

Segundo Magalhães e Durães (2003), devido à ausência de proteção física para as

sementes, como a palha no caso do milho, a planta do sorgo produz vários compostos

fenólicos, utilizados como defesa contra patógenos, pássaros e outros competidores. Entre

estes compostos destaca-se o tanino condensado, que tem ação antinutricional

principalmente para animais monogástricos, devido sua complexação com as proteínas,

afetando a digestibilidade e alterando a palatabilidade. Fialho e Barbosa (1997) relatam que

a presença do tanino inibe a ação de algumas enzimas presentes no sistema digestivo e

prejudica a absorção intestinal dos nutrientes.

Page 288: Avaliação de carcaças bovinas

Alimentos alternativos para suínos

280

Pesquisas têm mostrado que nas rações de suínos, em crescimento e terminação, o

sorgo de baixo tanino pode substituir o milho em até 100% e o de alto tanino em até 85%,

sem prejudicar o desempenho dos animais. No entanto, quando isso acontece, verifica-se

uma tendência de aumento no consumo de ração e piora na conversão alimentar dos

suínos, em consequência do valor energético do sorgo ser inferior ao do milho (FIALHO,

2009).

Milheto (Pennisetum glaucum L.)

Originário da África, o milheto pérola (Pennisetum glaucum L.) apresenta elevada

resistência aos períodos de déficit hídrico prolongado, às temperaturas elevadas, e aos

solos de baixa fertilidade, em função da sua capacidade de extração de nutrientes, devido a

seu sistema radicular profundo (PEREIRA FILHO et al., 2003). O endosperma representa

75% do grão do milheto, enquanto que o gérmen representa 15% e o farelo 10%. O gérmen

constitui uma parte significativa do grão total do milheto, apresentando assim elevado teor

de proteína e óleo o que possivelmente explica seu elevado teor de energia bruta. Seu teor

de aminoácidos é superior ao do milho e do sorgo (FIALHO, 2009).

Em estudos de Nicolaiewsky e Prates (1987), verificou-se que a utilização do milheto

pode substituir em até 100% o milho, no entanto o balanceamento energético deve ser

corrigido, em função do menor valor energético do milheto em relação ao milho.

A concentração da energia digestível do milheto, para suínos, é cerca de 15% inferior

à do milho, fato que pode ser explicado pela maior quantidade de fibra em detergente neutro

e fibra em detergente ácido, presentes no milheto, o que proporciona redução no

aproveitamento da energia bruta (LAWRENCE et al., 1995). Mesmo com essa característica,

o grão de milheto pode ser considerado uma fonte viável de substituição ao milho em rações

de suínos, aves, peixes e bovinos, competindo com vantagens em relação ao sorgo, como

ingrediente alternativo ao milho (BASTOS et al. 2002).

Nutricionalmente, o milheto também possui características interessantes para

monogástricos, sendo seu teor proteico superior ao do milho e do sorgo (ADEOLA e

ORBAN, 1995). De acordo com Ejeta et al. (1987), a concentração de aminoácidos do

milheto é superior ao sorgo e ao milho e comparável a outros pequenos grãos, como a

cevada e o arroz.

Lawrence et al. (1995), em estudo com suínos na faixa de peso de 16,3 a 25,0 kg e

utilizando rações não isoenergéticas, observaram efeito quadrático dos níveis de milheto

sobre a ingestão diária de ração e ganho de peso, não apresentando diferenças na

conversão alimentar. O nível recomendado de inclusão do milheto foi de 25%.

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Carvalho et al.

281

Trabalhando com diferentes níveis de substituição do milho pelo milheto (0, 25%,

50%, 75% e 100%) em suínos na fase de crescimento, Nunes et al. (1997) não observaram

redução no desempenho.

Estudos conduzidos por Bastos et al. (2002) mostraram que a inclusão de até 60%

de milheto em rações para suínos nas fases de crescimento e terminação não reduziu o

desempenho, nem alterou as características de carcaça. Desta forma, o grão de milheto

pode ser considerado uma fonte viável de substituição ao milho em rações de suínos, aves,

peixes e bovinos, competindo com vantagens em relação ao sorgo, como ingrediente

alternativo ao milho.

Mandioca (Manihot sculenta L.)

A mandioca possui elevado teor de carboidratos e pode ser utilizada em substituição

ao milho para suínos nas fases de crescimento e terminação (FIALHO, 2009). As raízes,

principal matéria-prima da planta, apresentam a seguinte composição química: 60% a 65%

de umidade, 21% a 33% de amido, 1,0% a 1,5% de proteínas, 0,7% a 1,06% de fibras e

0,6% a 0,9% de cinzas (BUTOLO, 2002).

A raiz da mandioca é rica em energia com elevado coeficiente de digestibilidade,

possui baixa quantidade de fibras sendo pobre em proteína. Estudos mostram que pode ser

incluída na formulação de rações de animais domésticos, devido ao seu valor energético e à

sua palatabilidade, entretanto é necessária uma fonte proteica na formulação das dietas

(CARVALHO, 1986).

O fator limitante da utilização da mandioca na alimentação de suínos é a presença

do ácido cianídrico (HCN), um composto químico responsável por causar intoxicações e

casos clínicos. Este se constitui de parte estrutural dos glicosídeos, que ao se hidrolisarem e

em contato com a enzima Linamarase, liberam o HCN, que ao reagir com alguns minerais

inibe a atividade das metalo-enzimas, e consequentemente do transporte de O2, o que da

origem a uma anoxia históxica ao animal (FIALHO, 2009).

No Brasil, para a alimentação animal, são considerados dois tipos principais de

produtos da mandioca, a farinha integral e a raspa. A farinha integral consiste do tubérculo

desidratado e moído e a farinha ou farelo de raspa consiste do subproduto após a extração

do amido da mandioca (fécula) (BUTOLO, 2002).

Os principais métodos para eliminação da toxidez da mandioca consistem no

cozimento em água, secagem ao sol, torrefação e ensilagem da mandioca in natura.

Silva et al. (2010), em trabalhos com uso da silagem da raiz da mandioca contendo

ou não soja integral na alimentação de suínos, na fase de crescimento, verificaram que

animais alimentados com os dois tipos de silagem de mandioca tiveram melhor conversão

Page 290: Avaliação de carcaças bovinas

Alimentos alternativos para suínos

282

alimentar, provavelmente pela ausência de inibidores de tripsina, pela queda do pH na

silagem e devido ao perfil de amido da mandioca.

Arroz (Oryza sativa L.)

O arroz é mundialmente produzido para ser aproveitado na alimentação humana.

Devido ao custo de produção ser superior ao milho, apenas os subprodutos são utilizados

na alimentação animal (ANDRIGUETTO et al., 1983; TEIXEIRA, 1997). Entretanto, quando

não estiver dentro das especificações para tal ou quando razões econômicas o permitem,

pode ser utilizado na alimentação animal (RIBEIRO et al. 2010).

Os subprodutos do arroz, como a quirera de arroz, casca de arroz, farelo de arroz

desengordurado e integral, podem ser utilizados como excelentes fontes de nutrientes na

alimentação de suínos.

Farelo de arroz integral (FAI)

Na alimentação de suínos, o farelo de arroz integral (FAI) é um bom substituto do

milho por apresentar composição química e energética semelhantes. No entanto, devido à

falta de padronização no processamento do arroz, a composição química pode variar de

acordo com a incorporação de cascas e de grãos quebrados (FIALHO, 2009).

Cerca de 13% do peso dos grãos, consiste do pericarpo, gérmen, fragmentos de

arroz e pequenas quantidades de casca, com granulometria semelhante ao farelo. A

composição química é variável em função do tipo de processamento. Os teores de proteína,

fibra e gordura são superiores aos do milho, o amido e a gordura são as principais fontes de

energia deste ingrediente. O FAI possui alto teor em vitaminas do complexo B, como

tiamina, riboflavina e niacina. Alguns fatores antinutricionais limitam o uso do FAI na

alimentação de suínos, como a presença de casca que possui altos teores de celulose e

sílica, os oxalatos e fitatos, além da alta concentração do fósforo. O conteúdo de gordura

deste subproduto é elevado em ácidos graxos insaturados facilmente peroxidáveis, como o

ácido palmítico, linoleico e oleico (RIBEIRO et al., 2010). Devido ao alto teor de óleo, o FAI

pode rancificar facilmente, sendo necessária a adição de antioxidante nas rações, quando

armazenadas por mais de 10 dias.

Em pesquisas recentes, Gomes et al. (2012) verificaram que o farelo de arroz

integral pode ser utilizado até o nível de 30% em rações de leitões (43 a 67 de idade) sem

causar prejuízos no desempenho.

Estudo realizado por Bertol et al. (1990), com suínos nas fases de crescimento e

terminação, mostrou que o FAI pode substituir o milho em até 100% sem prejudicar o

Page 291: Avaliação de carcaças bovinas

Carvalho et al.

283

desempenho dos animais. Por outro lado, Campos et al. (2002) observaram que os suínos

(em crescimento e terminação) que consumiram FAI apresentaram desempenho inferior.

Farelo de arroz desengordurado (FAD)

É um subproduto da extração do óleo contido no FAI. Esse processamento permite

um tempo de armazenamento mais prolongado, entretanto, reduz seu valor energético. O

FAD também apresenta elevado conteúdo de fósforo fítico, o que justifica a utilização de

fitase nas dietas com FAD (FIALHO, 2009).

Segundo Ribeiro et al. (2010), o FAD representa aproximadamente 82% do peso do

farelo de arroz integral. Apresenta teores de proteína e fibra superiores e de gordura e

energia digestível inferiores, quando comparado ao milho. Devido ao baixo teor de gordura,

não apresenta problemas de deterioração, observados no farelo de arroz integral.

De forma geral, o FAD na alimentação de suínos é limitado pelo alto teor de fibra

bruta e de fósforo, podendo ser incluído em até 30% nas dietas de crescimento e

terminação.

Ludke et al. (2002) avaliando a inclusão de 30% do farelo de arroz desengordurado

em dietas de suínos em fase de crescimento e terminação, não obtiveram prejuízos no

desempenho dos animais.

Quirera de arroz (QA)

A QA é composta por grãos defeituosos e que foram quebrados após o polimento

para consumo humano, representando cerca de 10% do total processado. Pode ser

encontrada em graus variados de limpeza e os principais contaminantes são cascas de

arroz, sementes de capim-arroz (Equinocloa spp) e angiquinho (Aeschinomene spp). Possui

valor nutricional semelhante ao milho para suínos, podendo ser utilizado sem restrições nas

dietas de suínos em crescimento e terminação (RIBEIRO et al., 2010).

A quirera de arroz é um produto de alta qualidade que possui níveis de proteína e de

energia metabolizável semelhantes ao milho (ROSTAGNO et al., 2011). Embora apresente

um nível de gordura inferior ao milho, à quirera de arroz compensa essa carência com o

elevado teor de amido. Segundo o mesmo autor, a quirera de arroz, quando comparada com

o milho, apresenta nível de fibra bruta inferior, enquanto que para os aminoácidos lisina e

metionina, apresenta valores levemente superiores.

Segundo Butolo (2002), uma das vantagens da utilização de quirera de arroz na dieta

dos animais é a ausência ou nível muito reduzido de micotoxinas devido à forma de colheita

e processamento do arroz.

Page 292: Avaliação de carcaças bovinas

Alimentos alternativos para suínos

284

Em estudos utilizando níveis de 0, 20%, 40% e 60% de quirera de arroz, substituindo

o milho em rações de suínos em crescimento e terminação, Conci et al. (1996) não

obtiveram diferença estatística para os parâmetros de desempenho e concluíram que a

quirera de arroz pode substituir o milho em até 60%. Resultados semelhantes foram obtidos

por Menezes et al. (2000), os quais avaliaram o desempenho de suínos na fase de

terminação, alimentados com rações contendo 0, 25%, 50%, 75% e 100% de quirera de

arroz em substituição ao milho, e concluíram que a inclusão da mesma na alimentação de

suínos não prejudicou o desempenho, e portanto, este produto pode substituir o milho nas

rações na fase de terminação em até 100%.

Trigo (Triticum spp.)

O uso preferencial do trigo é na alimentação humana, entretanto quando destinado à

alimentação animal, são utilizados os grãos de qualidade inferior ou os subprodutos do

processamento industrial. Alguns fatores contribuem para o emprego do trigo na

alimentação de suínos, como o fator preço, aliado à composição nutricional. Considerando

que o trigo não compete com o milho em relação à infraestrutura produtiva da propriedade,

torna-se economicamente viável integrá-lo em um sistema de produção com milho e suínos

(ZARDO; LIMA, 1999).

No Brasil, a produção de trigo tem obtido um crescimento significativo, mas não é

suficiente para atender a demanda interna, o que torna este país um dos grandes

importadores. O trigo integral tem sido utilizado na alimentação animal somente quando as

condições climáticas desfavoráveis o tornam desqualificado para a produção de farinha

(BUTOLO, 2010).

O farelo de trigo, subproduto resultante da moagem do trigo, é um alimento

geralmente utilizado para fêmeas suínas em gestação e na fase de crescimento e

terminação. No entanto, em função do seu efeito laxativo sua utilização na ração para

matrizes próximas a parição não deve ultrapassar a 20%. Já na fase de crescimento e

terminação o nível recomendado é de 30% (FIALHO et al., 1986).

Como fatores antinutricionais, o farelo de trigo possui pentosanas (PNA) e inibidores

de tripsina e quimiotripsina. Os níveis destes fatores antinutricionais podem limitar sua

inclusão na ração de suínos, em substituição ao milho, uma vez que o desempenho dos

animais pode ser prejudicado devido ao menor aproveitamento dos nutrientes das rações

(RIBEIRO et al. 2010).

Page 293: Avaliação de carcaças bovinas

Carvalho et al.

285

Triticale (Triticosecale rimpaui Wittm)

O triticale é um cereal híbrido resultante do cruzamento entre o trigo duro (Triticum

durum) e o centeio (Secale cereale). Apresenta uma ampla gama de usos potenciais na

alimentação animal, especialmente para a pequena propriedade na forma de forragem

verde, silagem de plantas jovens, feno, silagem da planta adulta, silagem do grão úmido e

grão seco (ZARDO; LIMA, 1999).

O triticale apresenta as mesmas vantagens do trigo, em relação às condições de

produção nas propriedades suinícolas, como forma de minimizar os custos com a produção

de alimentos, e potencializar o uso dos fatores produtivos, especialmente a terra, mão de

obra e maquinários (ZARDO; LIMA, 1999).

Estudos conduzidos por Ferreira et al. (1991) evidenciaram que pode-se substituir

em até 100% o milho nas dietas de suínos por triticale, possibilitando ainda uma redução na

inclusão do farelo de soja nas rações.

Segundo Ribeiro et al. (2010) existem algumas limitações para o uso do triticale na

alimentação de suínos devido aos polissacarídeos não amiláceos (PNA). No entanto, a

adição de complexos multienzimáticos como celulases, hemicelulases e xilanases pode

viabilizar a substituição do milho por triticale em rações de suínos.

Cevada (Hordeum sativum)

Em alguns países a cevada tem participação expressiva na alimentação animal. No

Brasil destina-se para esse fim somente a cevada que não atende às normas exigidas pelas

indústrias produtoras de cervejas. Seus valores nutricionais de proteína bruta, lisina,

triptofano e aminoácidos sulfurados são inferiores ao milho, para suínos em crescimento e

terminação, embora contenha maiores quantidades do que este cereal. Possivelmente, isso

ocorre devido ao maior teor de fibra, e da incapacidade do suíno para consumir a

quantidade de energia necessária para seu máximo desempenho (FIALHO, 2009).

Fialho et al. (1992), concluíram que o nível máximo de inclusão de cevada foi de 80%

na alimentação de suínos em fases de crescimento e terminação.

Ainda no campo, a cevada pode ser alvo de fungos como Fusarium ou Giberella, que

em condições favoráveis de umidade e temperatura podem produzir micotoxinas. Um

indicativo disso pode ser a presença de grãos giberelados sendo recomendada a remoção

do produto, com auxílio de equipamentos de limpeza.

Page 294: Avaliação de carcaças bovinas

Alimentos alternativos para suínos

286

Casca de café seca e melosa

Na cultura do café, os principais resíduos são polpa, casca, mucilagem e água

residual (ROJAS et al., 2002). Em virtude da crescente preocupação com os problemas

ambientais, houve aumento do interesse sobre a destinação desses resíduos, gerados do

processamento agro-industrial do café (RIBEIRO FILHO, 1998).

A produção de casca integral é de aproximadamente 50% da produção total

(SOCCOL, 2000), sendo este resíduo formado por pergaminho, mucilagem e casca.

Dependendo do tipo de grão colhido e do processamento é possível obter duas frações

distintas de casca, a casca de café seca e a casca de café melosa. A casca de café seca é

constituída basicamente de pergaminho, que representa em média 32,4% da casca integral

e corresponde a fração mais leve e rica em carboidratos fibrosos (TEIXEIRA, 1999;

OLIVEIRA, 2001). A outra fração, a casca de café melosa é constituída de casca,

mucilagem e pequenas quantidades de pergaminho, diferindo-se da polpa de café por não

sofrer fermentação (VILELA et al., 2001).

A casca de café melosa apresenta níveis maiores de proteína bruta e níveis menores

de fibra detergente neutro e fibra em detergente ácido, quando comparada com os demais

componentes da casca, o que resultaria em melhor valor nutricional (VILELA et al., 2001).

Em função da ausência do pergaminho, componente altamente fibroso, esse subproduto é

viável para ser utilizado na alimentação de suínos (OLIVEIRA, 1999).

Segundo Bressani et al. (1972) o fruto de café é composto pelo grão ou endosperma

(54%), o pergaminho ou endocarpo (membrana que reveste o grão, 12%), capa

mucilaginosa (reveste externamente o pergaminho, 5%), a polpa ou mesocarpo (29%) e a

casca ou pericarpo/exocarpo, que é a membrana externa que recobre todo o fruto do café

que representa 46% da matéria seca grão. Assim, a partir de 1 kg de café cereja, com

34,5% de MS, obtém-se aproximadamente 191 g de grãos-de-café seco, 100 g de MS de

polpa, 17 g de MS de mucilagem e 41 g de MS de pergaminho.

Dentre os trabalhos mais relevantes, Oliveira (1999) utilizando níveis de inclusão

crescente de casca de café (0, 5%, 10% e 15%) em substituição ao milho, verificou redução

na digestibilidade e no desempenho dos suínos, concluindo que o nível viável

economicamente seria de até 5% de inclusão na ração. Em outros estudos Oliveira (2001),

utilizando casca de café melosa na alimentação de suínos em terminação, observou que

este subproduto apresenta baixos valores de digestibilidade e que propicia redução no

desempenho dos animais. Em estudos semelhantes Poveda Parra et al. (2008) verificaram

que casca de café melosa pode ser incluída em até 5% na ração na fase de crescimento e

9,5% para fase de terminação, sem redução no desempenho, sendo economicamente

viável, além de proporcionar carcaças mais magras.

Page 295: Avaliação de carcaças bovinas

Carvalho et al.

287

Por outro lado, Brand (1999) destaca que para o melhor aproveitamento da casca do

café na alimentação animal, é necessária a redução dos compostos antifisiológicos e

antinutricionais, tais como a cafeína, taninos e polifenóis. A existência destes compostos

reduz a ingestão, a digestibilidade das proteínas e a retenção do nitrogênio.

Em outra linha de pesquisas, Carvalho et al. (2009) e Carvalho et al. (2011)

trabalhando com inclusão da casca de café melosa ensilada na alimentação de suínos em

fases de crescimentos (15 a 90 kg), observaram que este resíduo pode ser utilizado em até

16% de inclusão nas dietas, sem prejudicar o desempenho dos animais, além do processo

de ensilagem propiciar redução na percentagem de cafeína na casca de café.

Silagem de grãos úmidos

A silagem de grãos úmidos é um método alternativo aos grãos secos, este

processamento tem por finalidade aumentar a disponibilidade da energia nas rações, evitar

problemas com micotoxinas e melhorar características de mistura para facilitar a

administração do alimento e melhorar o desempenho animal (OWENS et al. 1997).

Lopes et al. (2002) avaliando o efeito do processo de ensilagem nos grãos úmidos de

milho, descrevem que as alterações físicas e químicas ocorridas no endosperma e na

superfície dos grânulos de amido durante o processo fermentativo promoveu melhor valor

nutricional dos grãos, devido possivelmente a susceptibilidade dos grãos ao ataque

enzimático durante a digestão. Resultados semelhantes foram obtidos por Oliveira et al.

(2004) em trabalhos com leitões de 0 a 14 dias, que verificaram menor consumo de ração e

melhor conversão alimentar quando houve a substituição total de grão de milho seco (GMS)

pela silagem de grãos úmidos de milho (SGUM), comprovando que a silagem é uma

alternativa viável na alimentação de leitões.

Pesquisas realizadas na Universidade Estadual Paulista, com a utilização de silagem

de grãos úmidos de milhos na alimentação de leitões, Tofoli et al. (2006) testaram a SGUM

e GMS com diferentes níveis de inclusão de óleo e observaram uma melhora na conversão

alimentar comprovando que o processo de ensilagem melhora o valor nutricional do milho.

Além disso, o milho com alto teor de óleo é eficiente na alimentação de leitões,

especialmente nas duas primeiras semanas após o desmame. Em estudos semelhantes,

Tse et al. (2006) forneceram SGUM para leitões de 31 a 58 dias de idade e observaram uma

redução no consumo de ração e melhoria na conversão alimentar no desempenho dos

animais.

Silva et al. (2005) avaliando a digestibilidade e balanço metabólico da SGUM para

suínos na fase de crescimento em comparação ao GMS, observaram que os coeficientes de

digestibilidade aparente da silagem foi de 85% para a proteína bruta, 90% para a energia

Page 296: Avaliação de carcaças bovinas

Alimentos alternativos para suínos

288

bruta e 90% para matéria seca. Os autores concluíram que a substituição do GMS por

SGUM, na dieta de suínos, não afeta os balanços de nitrogênio e da energia, podendo a

SGUM apresentar teores digestíveis de MS, energia bruta e metabolizável, superiores.

Lopes et al. (2001) trabalhando com suínos na fase de crescimento e terminação,

verificaram que a utilização do milho na forma de silagem não afetou o ganho diário de peso

nas fases estudas, no entanto observaram menor consumo diário de ração e melhor

conversão alimentar nas fases de terminação e período total.

O uso de silagem de grãos úmidos de cereais na alimentação animal tem como

opção o grão de sorgo, que também é uma alternativa para a redução dos custos das

rações. Segundo Nunes et al. (2008), o sorgo possui adaptabilidade aos diversos tipos de

solos e climas do Brasil, podendo ser cultivado em áreas com menor disponibilidade hídrica.

O processo de ensilagem tem como finalidade aumentar a digestibilidade dos

nutrientes e reduzir os fatores antinutricionais presentes em alguns grãos, como o tanino

nos grãos de sorgo. Estudos conduzidos por Lopes et al. (2002) mostraram que leitões na

fase de creche apresentaram melhor desempenho quando alimentados com SGUS, com

baixo conteúdo de tanino, e que a silagem de grãos úmidos de sorgo, de alto conteúdo de

tanino, apresentou valor nutricional semelhante ao do GMS. Patrício et al. (2006) relataram

um aumento no consumo de ração para o tratamento com SGUS de baixo tanino,

comprovando que o processo fermentativo da ensilagem promove redução dos teores de

tanino e melhora a palatabilidade dos grãos de sorgo.

Resíduos Frutíferos

Atualmente as agroindústrias investem no aumento da capacidade de

processamento, gerando grandes quantidades de subprodutos, que em muitos casos são

considerados como custo operacional para as empresas ou fonte de contaminação

ambiental. Segundo Lousada Júnior et al., (2006) na indústria frutífera, em geral, calcula-se

que, do total de frutas processadas (manga, acerola, maracujá e caju) para a produção de

sucos e polpas, 40% são resíduos agroindustriais.

Nos últimos anos houve um aumento na busca por resíduos oriundos do

processamento de frutas para inclusão na alimentação animal. Estes são obtidos

principalmente da produção de sucos, geleias e polpas, por isso agregam valores a

produção, gerando menor potencial de impacto ambiental e contribuírem com a redução da

utilização dos alimentos tradicionais, como milho, do farelo de soja e outros grãos na

alimentação animal, os quais competem com a alimentação humana (ARAUJO et al., 2008).

Entre os principais resíduos do processamento de frutas utilizados nas dietas de

suínos destacam-se: o Farelo de Polpa Cítrica e o Farelo da Semente do Maracujá.

Page 297: Avaliação de carcaças bovinas

Carvalho et al.

289

Polpa Cítrica

O esmagamento da laranja gera cerca de 50% de um resíduo constituído de casca

(flavedo e albedo), polpa (resíduo do suco), bagaço (membranas) e sementes. O bagaço

úmido é o principal subproduto sendo este o resíduo integral da extração do suco. Já a

polpa cítrica, contém 90% de matéria seca e é considerado um coproduto oriundo do

processo de secagem do resíduo integral.

Após o processo de secagem do bagaço úmido obtém-se cerca de 85% de polpa

cítrica, sendo o restante constituído por farelo de citros e finos (BAMPIDIS; ROBINSON,

2006).

Em outros países, além da polpa de laranja, há disponibilidade da polpa de limão e

de beterraba. Essas têm como característica comum à presença de uma substância

denominada de pectina, derivada do ácido galacturônico (FIALHO, 2009).

Em estudo recente Watanabe et al. (2010), utilizando diferentes níveis de inclusão de

(10%, 20% e 30%) de polpa cítrica, para suínos na fase de terminação (83,7 a 130 kg),

determinaram, com base no ganho de peso diário, 10,79% como o melhor nível de polpa

cítrica.

Farelo da Semente do Maracujá

O Farelo de Semente do Maracujá é composto em sua grande maioria por sementes,

além da casca e mucilagem em menores proporções. Após a moagem apresenta coloração

escura, característica do tegumento da semente e um aspecto gorduroso, devido ao elevado

teor de extrato etéreo. Segundo Pereira et al. (2009), nos subprodutos do maracujá, a

presença de semente também interfere no conteúdo de extrato etéreo. O percentual de óleo

na semente de maracujá é de aproximadamente 28,9% do peso do farelo seco obtido, com

elevado teor de ácidos graxos insaturados, o que demonstra que este produto tem um bom

potencial para aproveitamento tanto na alimentação humana e animal, como em uso para

indústria de cosméticos.

De acordo com Oliveira et al. (2002) os principais subprodutos da extração do suco

de maracujá são as cascas e as sementes, que correspondem cerca de 60%-70% do peso

do fruto. Estudos de Ferrari et al. (2004) confirmam que na forma in natura, o maracujá é

constituído por 50,3% de casca, 23,2% de suco e 26,2% de sementes, as quais

representam cerca de 6% a 12% do peso total do fruto, com base na matéria seca.

Este subproduto tem sido pesquisado e se mostrado viável como fonte alimentar de

bom valor nutricional, reduzindo custos e, ao mesmo tempo, diminuindo o passivo ambiental

proveniente do processamento industrial (BERTIPAGLIA et al., 2008).

Page 298: Avaliação de carcaças bovinas

Alimentos alternativos para suínos

290

As sementes do maracujá caracterizam-se como boas fontes de óleo, carboidratos,

proteínas, minerais (TOCCHINI, 1994) e fibras alimentares, consistindo principalmente de

celulose, substâncias pécticas e hemicelulose (CHAU; HUANG, 2004). Entretanto, a

presença do alto conteúdo de celulose e lignina, nas sementes de maracujá, pode limitar

sua utilização na alimentação animal, principalmente de animais monogástricos.

De acordo com estudos de Togashi et al. (2007) as sementes de maracujá

apresentam: 3.312 kcal kg-1 de energia bruta; 14,45% de proteína bruta; 24,50% de extrato

etéreo e 1,40% de cinzas. Resultados similares foram obtidos por Perondi et al. (2014), os

quais utilizaram sementes de maracujá com 3.223 kcal kg-1 de EM; 12,20% de proteína

bruta; 19,45% de extrato etéreo e 2,59% de cinzas.

Togashi et al. (2008) verificaram a possibilidade da utilização em até 8% da semente

de maracujá, nas rações para frangos de corte, sem afetar o desempenho produtivo dos

animais, melhorando a conversão alimentar e promovendo redução dos teores de colesterol

na carcaça das aves.

Em estudo recente, Perondi et al. (2014) trabalhando com suínos na fase de

crescimento e terminação, verificaram que o farelo da semente de maracujá pode ser

utilizado em até 16% de inclusão nas dietas, sem prejuízos no desempenho e nas

características quantitativas e da qualidade da carcaça e da carne.

Este resíduo é uma excelente alternativa, pois possui elevado nível de energia bruta

e proteína bruta. Entretanto, na aquisição do resíduo este deve ser estocado com 10% a

12% de umidade, garantindo assim suas características nutricionais e sensoriais, evitando

proliferação de fungos. Na literatura atual são escassas as informações sobre a utilização do

farelo de maracujá na alimentação de aves e suínos. Togashi et al. (2008) não observaram

prejuízos no desempenho de frangos de corte, alimentados com 4% e 8% de farelo de

semente de maracujá.

Atualmente, pesquisas ainda em andamento, na Universidade Estadual de Maringá,

o grupo de pesquisa de Nutrição de Suínos sob orientação do Prof. Dr. Ivan Moreira, estão

desenvolvendo trabalhos com objetivo de determinar o valor nutricional e o nível ideal de

inclusão do farelo da semente de maracujá na alimentação de suínos. Dados preliminares

mostram que este subproduto pode ser uma alternativa viável na substituição dos alimentos

energéticos tradicionais nas dietas de suínos.

Glicerina: Coproduto da Produção do Biodiesel

O biodiesel é derivado de fontes renováveis, o qual pode ser obtido por meio do

processo de transesterificação de gorduras animais ou de óleos vegetais. No processo de

produção industrial do biodiesel, para cada 100 litros de biodiesel produzido são gerados 10

Page 299: Avaliação de carcaças bovinas

Carvalho et al.

291

litros de glicerina. Esta por sua vez, pode ser comercializada em diversos estágios de

purificação, como na forma bruta com alto conteúdo de ácidos graxos e 50% a 60% de

glicerol, na forma semipurificada (70% a 80% de glicerol), conhecida como “Loira”, e

também na forma purificada, conhecida como glicerina farmacêutica ou destilada, com 95%

a 99% de glicerol. Atualmente é proposta sua utilização como uma fonte de alto potencial

energético na alimentação de suínos.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), por meio da Resolução

386/1999, já colocava a glicerina como umectante na lista de aditivos permitidos para

alimentação humana e animal. Porém, não havia critérios de conformidade e de qualidade

para a glicerina destinada a este fim, nem a obrigação de registro prévio do produto. Em

maio de 2010, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) autorizou o

uso da glicerina (bruta e loira) como insumo para alimentação animal e estabeleceu um

padrão mínimo de qualidade, como: glicerol (mínimo de 800 g kg-1); umidade (máximo

130 g kg-1); metanol (máximo 159 mg kg-1) e sódio e matéria mineral (valores garantidos

pelo fabricante g kg-1, podendo variar pelo processo produtivo).

Segundo Waldroup (2007), deve-se ter atenção especial aos fatores de qualidade

relacionados com a produção da glicerina, entre estes os níveis residuais de sódio, potássio,

metanol e teor de umidade da glicerina.

A glicerina é um líquido doce, altamente energético e pode ser utilizada pelos suínos

como qualquer nutriente glicogênico ou lipogênico, dependendo do status energético do

animal (JAGGER, 2008).

Vários estudos foram desenvolvidos com o uso da glicerina na alimentação de

suínos. Groesbeck et al. (2008) destacam que os valores energéticos (energia

metabolizável) do milho, trigo e da glicerina são semelhantes. Em outros estudos, Tibble et

al. (2007) recomendam a utilização da glicerina na alimentação de leitões em idade precoce,

em que os autores destacam que a glicerina é uma ótima alternativa energética na

substituição dos cereais, como o milho ou trigo. Da mesma forma Zijlstra et al. (2009)

avaliando leitões recém-desmamados, observaram que o valor de energia digestível para a

glicerina semipurificada foi de 3.510 kcal kg-1. A inclusão de até 8% nas dietas beneficiou

estes animais.

Christopher (2009), em pesquisa com a substituição de lactose por glicerina, na

alimentação de leitões recém-desmamados, confirma que a glicerina, além de melhorar a

durabilidade do pellet, fluidez, eficiência e temperatura da peletizadora, pode ser adicionada

nas dietas em níveis de até 5% sem prejudicar o desempenho dos animais. Adicionalmente,

Lammers et al. (2008b) observaram declínio na capacidade de suínos (± 11 kg)

Page 300: Avaliação de carcaças bovinas

Alimentos alternativos para suínos

292

metabolizarem níveis acima de 10% de inclusão, pelas enzimas envolvidas no metabolismo

do glicerol.

Desde a década de 90, na Europa, a utilização da glicerina na alimentação de suínos

tem sido alvo de estudos visando os efeitos da glicerina, oriunda de diferentes fontes, sobre

o desempenho, características de carcaça e qualidade de carne de suínos. Mourot et al.

(1993), em trabalhos com a utilização em até 5% de glicerina proveniente de óleo de colza,

na alimentação de suínos em crescimento (35-100 kg), observaram redução na perda de

água na cocção no músculo Semimembranoso.

Em estudos com animais em fase de crescimento (até 138 dias), Lammers et al.

(2008a) afirmaram que a inclusão de até 10% de glicerina semipurificada (84,51% glicerol;

11,95% umidade; 2,91% cloreto de sódio e 0,32% metanol) não afetou o desempenho e as

características quantitativas e qualitativas da carcaça. Estes resultados são semelhantes

aos obtidos quando houve adição da glicerina em rações à base de cevada e farelo de soja

(KIJORA et al, 1995; KIJORA; KUPSCH, 1996) e de farelo de trigo e soja (MOUROT et al.,

1994).

Kijora e Kupsch (1996) também não verificaram efeito significativo nas características

de carcaça, como perdas por gotejamento e cocção quando a glicerina foi incluída em 10%

na alimentação de suínos.

Em pesquisas recentes, Mendoza et al. (2010) concluíram que a inclusão em até

15% de glicerina purificada em dietas de suínos em terminação não prejudicaram o

desempenho, características quantitativas e qualidade da carne.

Na mesma linha, pesquisas indicam que a inclusão em até 5% da glicerina

semipurificada, proveniente da gordura animal e óleo de colza, propicia melhorias nos

parâmetros quantitativos e qualitativos da carcaça, como redução na perda de água por

gotejamento e cocção, aumento do teor de lipídios e melhoria na qualidade sensorial nos

músculos Longissumus dorsi e Semimembranoso (MOUROT et al., 1993; MOUROT, 2009),

além do aumento no rendimento no cozimento do presunto (CERNEAU et al. 1994). Estes

resultados não foram confirmados por Berenchtein et al. (2010), utilizando glicerina

semipurificada proveniente de sebo bovino, por Della Casa et al. (2009) e Mendoza et al.

(2010), testando glicerina purificada.

Da mesma forma, Duttlinger et al. (2009) não detectaram efeitos nas variáveis força

de cisalhamento, perda por cocção e características sensoriais com utilização de glicerina e

ractopamina na alimentação de suínos em terminação.

No Brasil, nos últimos anos diversas pesquisas foram desenvolvidas com objetivo de

estimar o valor nutricional da glicerina e determinar o nível de inclusão ideal deste coproduto

nas rações dos suínos. Na Universidade Estadual de Maringá, desde 2008, vários estudos

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Carvalho et al.

293

foram conduzidos com a utilização da glicerina na alimentação de suínos. Em estudos

utilizando dois tipos de glicerina bruta, obtida do óleo vegetal e mista (óleo vegetal + gordura

animal), afirmam que este coproduto pode ser adicionado em até 12% na dieta de leitões

(CARVALHO et al. 2013) e suínos na fase de crescimento e terminação, sem prejuízos no

desempenho e na avaliação da carcaça (CARVALHO et al., 2012).

Resultados semelhantes foram obtidos em trabalhos utilizando glicerina

semipurificada (vegetal e mista) e glicerina semipurificada neutralizada na alimentação de

suínos de 15 a 90 kg (GONÇALVES et al., 2013; GONÇALVES et al., 2014; GOMEZ

GALLEGO et al., 2014).

Nas pesquisas desenvolvidas na Universidade Estadual de Maringá, os

pesquisadores citados acima sugerem algumas implicações no uso da glicerina na

alimentação de suínos:

Apesar dos órgãos governamentais definirem uma especificação técnica para

comercialização da glicerina pelas indústrias produtoras do biodiesel, recomenda-

se analisar, no mínimo, a glicerina quanto a concentração de metanol, cloreto de

sódio e ácidos graxos totais;

O produtor deverá estar atento à aquisição da glicerina bruta, pois esta possui

maior conteúdo de gordura, apresentando-se na forma sólida em baixas

temperaturas (inverno). Por esta razão, necessita-se de um aquecimento

controlado (30 a 40 ºC), o que pode dificultar o uso em algumas fábricas;

Em alguns casos, pode ocorrer o endurecimento da ração pronta, após a mistura

dos ingredientes da ração, entretanto é de fácil desintegração manual ou

mecânica. Entretanto, para facilitar o manuseio (evitar o “empelotamento” da

ração) na fábrica é útil fazer uma pré-mistura da glicerina com o farelo de soja,

antes de colocar no misturador junto com os demais ingredientes.

Alimentos Proteicos

Algodão (Gossypium hirsutum L.)

O farelo de algodão é o subproduto resultante da moagem do caroço do algodão no

processo industrial para extração do óleo para o consumo humano (FIALHO, 2009). A

avaliação deste subproduto como alimento alternativo ao farelo de soja visa sua inclusão

nas dietas para suínos nas diferentes fases de criação (PAIANO et al., 2006; PAIANO et al.,

2014).

O elevado teor de fibra e a presença de gossipol, pigmento amarelo, polifenólico,

encontrado nas glândulas do óleo do caroço de algodão, são os fatores limitantes quanto à

Page 302: Avaliação de carcaças bovinas

Alimentos alternativos para suínos

294

utilização desse ingrediente nas rações de monogástricos. Na maioria dos farelos, o

conteúdo de gossipol total, esta em torno de 1%, entretanto, desse total, somente 0,1% está

na forma de gossipol livre, que se liga quimicamente ao ferro da dieta, tornando-o

indisponível, causando problemas relacionados ao aparecimento de deficiência de ferro

(anemias). O restante do gossipol total é praticamente inerte, porém, sob condições de

excessivo aquecimento durante o processamento, o gossipol liga-se com a lisina, tornando-

a indisponível, através da reação de Maillard, portanto, reduzindo o valor nutricional da

proteína (BUTOLO, 2002).

Na literatura encontram-se diversos estudos com a utilização do farelo de algodão na

alimentação de suínos. Segundo Paiano et al. (2006), o nível máximo de inclusão de farelo

de algodão em dietas de leitões (15 a 30 kg) foi de 12%.

Resultados semelhantes foram obtidos por Moreira et al. (2006) em estudos com

suínos na fase inicial (15 a 30 kg), em que os autores confirmaram que o nível de inclusão

de 12% deste subproduto, não prejudicou o desempenho. Por outro lado, pesquisas

recentes Mello et al. (2012), ressaltam que a inclusão de 20% nas rações para suínos nas

fases de crescimento e terminação não afetou o desempenho. A tomada de decisão para

utilização do farelo do caroço de algodão deve ser baseado no preço do mesmo, quando

este apresenta valor de 55% do farelo de soja, acima deste torna-se inviável sua utilização

na alimentação de suínos.

Leveduras

Diversos grupos de microorganismos são utilizados como fonte de proteína

unicelulares e vitaminas, entre os quais se destacam as leveduras (YOURSI, 1982;

MOREIRA, 1984), consideradas importantes suplementos proteicos, em virtude do alto

conteúdo de lisina.

O uso da levedura na alimentação humana e animal possui diversas finalidades,

sendo que as espécies de leveduras mais utilizadas na produção de levedura alimentar são

a Torulopsis utilis (Candida utilis), Saccharomyces cerevisiae e Saccharomyces fragilis

(MIYADA, 1990).

A levedura obtida da indústria sucro-alcooleira é um alimento proteico composto por

células de levedura (Saccharomyces sp.) obtidas da fermentação anaeróbia do caldo de

cana ou do melaço (SCAPINELLO et al. 1996).

Em estudos com a utilização da levedura na alimentação de suínos Araújo et al.

(2006), observaram que a adição de níveis crescentes (0, 5%, 10% e 15%) de levedura

desidratada em dietas de suínos na fase inicial, não afetou o desempenho nem a morfologia

Page 303: Avaliação de carcaças bovinas

Carvalho et al.

295

intestinal (altura dos vilos, a profundidade das criptas e a relação vilosidade/cripta dos

leitões).

Na mesma linha de pesquisa, Moreira et al., (2002) avaliaram diferentes níveis de

levedura (Saccharomyces spp.) seca por spray dry (0, 7%, 14%, 21%) na alimentação de

suínos em crescimento e terminação, observando que a inclusão da levedura seca por spray

dry na fase de crescimento prejudicou a conversão alimentar, sem, contudo, influenciar o

consumo de ração e o ganho de peso.

Poveda Parra et al. (2013), afirmaram que a inclusão de até 20% de levedura mista

seca por spray dry em rações na forma farelada ou peletizada para leitões não interferiu no

consumo diário de ração, ganho diário de peso e a conversão alimentar.

Canola (Brassica napus L)

A canola é a terceira maior commodite mundial, sendo responsável por 16% da

produção de óleos vegetais (VIEIRA et al., 2010). O plantio da canola, como alternativa no

cultivo de inverno, propicia redução na ocorrência de doenças, contribuindo para que o trigo,

semeado no inverno, possua maior qualidade e menor custo de produção (TOMM, 2000).

A canola é uma oleaginosa melhorada da colza, que possui baixos níveis de

glucosinolatos na semente (< 3 μg g-1) e de ácido erúcico no óleo (< 2%) (BELL, 1993). No

Brasil, vem conquistando espaço na rotação de culturas de inverno, seu cultivo vem

aumentando a cada ano na região Sul do país, objetivando a produção de óleo rico em

ácidos graxos insaturados (SANTOS; BASSO, 1990).

O farelo de canola (FC) é o principal coproduto obtido da extração do óleo da

semente da canola (MUZTAR; SLINGER, 1982). Na literatura atual, diversas pesquisas

mostram este coproduto como um alimento proteico alternativo em rações para animais

monogástricos.

Moreira et al. (1995) verificaram que o nível máximo de inclusão de farelo de canola

em dietas de leitões, foi de 8,44%. Por outro lado, Moreira et al. (1996) trabalhando com

suínos em crescimento e terminação verificaram que a inclusão de níveis crescentes (7%,

14%, 21% e 28%) de FC na raçao proporcionou redução no desempenho dos suínos (61 a

141 dias).

Zanoto et al. (2009) observaram que o farelo de canola pode ser incluído nas dietas

de suínos em crescimento e terminação ao nível de substituição de 40% do farelo de soja.

Em pesquisas recentes, Peñuela Sierra (2011) descreve que o farelo de canola pode ser

adicionado em até 20% nas dietas dos suínos na fase inicial e em até 24% nas fases de

crescimento e terminação, sem interferir no desempenho e características da carcaça de

suínos.

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Alimentos alternativos para suínos

296

Considerações finais

A utilização dos alimentos alternativos na suinocultura proporcionará uma redução

significativa nos custos com alimentação, através da substituição parcial ou total de

ingredientes tradicionais, como milho e farelo de soja.

Entre as maiores dificuldades em seu uso na indústria esta escassez de informações

sobre a composição nutricional, a presença de fatores antinutricionais e o preço ofertado no

mercado dos alimentos disponíveis.

Outros pontos de destaque estão na dificuldade do uso diário nas fábricas de rações,

a disponibilidade sazonal, preços e o uso de aditivos nas dietas com intuito de aumentar

aproveitamento dos alimentos alternativos pelos suínos.

Assim, é de grande validade o conhecimento da composição química, dos valores

nutricionais e dos seus níveis adequados de inclusão dos alimentos alternativos nas rações

de suínos, o que poderá contribuir efetivamente para a redução dos custos de produção.

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Page 312: Avaliação de carcaças bovinas

Capítulo 17

Modelos de simulação do crescimento

suíno

Vladimir de Oliveira

Bruno Neutzling Fraga

Programa de Pós-Graduação, Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

E-mail: [email protected]

Introdução

Modelos matemáticos são estruturas teóricas constituídas de variáveis, constantes,

parâmetros e equações. Dentre as definições existentes, é possível pensar que modelos

representam uma abstração simplificada do mundo real. Sua elaboração visa descrever

sistemas, os quais podem ser vistos como um grupo de componentes inter-relacionados que

interagem dentro de um propósito comum e reagem, como um todo, a estímulos internos e

externos (SPEDDING, 1988).

O primeiro modelo de crescimento suíno foi divulgado há cerca de quatro décadas e,

desde então, muitos outros foram desenvolvidos, propiciando um enorme avanço na área. A

grande vantagem da utilização de modelos de simulação do crescimento é que permitem

compreender as muitas interações que ocorrem no complexo processo de produção suína,

possibilitando verificar como alterações nos componentes individuais afetam o todo.

O uso da modelagem na produção de suínos serve para dois propósitos principais:

como ferramenta de educação e pesquisa; e, para predizer o desempenho real de suínos

submetidos a condições variadas. Em ambos os casos é preciso ter uma descrição de três

componentes principais: o animal, dieta e ambiente. Existem diferenças conceituais entre os

modelos na representação desses componentes.

Todo o modelo tem um domínio no qual ele pode ser aplicado e, onde existe

expectativa de obter resultados com razoável acurácia. Por isso é necessário que o usuário

tenha entendimento básico do modelo, inclusive de suas limitações. A compreensão do

modelo determinará a confiabilidade que o usuário terá nos resultados. É importante

Page 313: Avaliação de carcaças bovinas

Oliveira & Fraga

305

perceber que com o avanço da ciência, disponibilização e incorporação de novas

informações científicas nos modelos, a acurácia preditiva tende a aumentar continuamente.

Não há dúvidas de que a visão integrada das consequências de fatores isolados

sobre o sistema como um todo, facilita a tomada de decisões. Por essa razão, acredita-se

que o desenvolvimento e aplicação de modelos de simulação do crescimento suíno devam

ganhar cada vez mais impulso, tanto no meio acadêmico como produtivo.

Conceitos iniciais

Normalmente os modelos são classificados em categorias de acordo com a forma

como o sistema é descrito e a natureza das respostas. Podem ser estáticos ou dinâmicos,

empíricos ou mecanicistas e, ainda, determinísticos ou estocásticos (LOVATTO; SAUVANT,

2001). Modelos estatísticos diferem dos dinâmicos por que os primeiros representam o

estado do sistema em apenas um único instante no tempo. A exigência de um determinado

aminoácido essencial de suínos entre 30 e 50 kg e 20 e 100 kg de peso corporal, calculada

por um modelo estático basicamente não difere, porque a média de peso dos grupos é a

mesma, ou seja 40 kg. Modelos de crescimento suíno dinâmicos predizem o estado do

suíno continuamente, empregando intervalos de iteração, geralmente, de um dia (de

LANGE, 1999).

Nos modelos empíricos, o sistema é descrito por meio de uma relação estatística,

que não implica causa e efeito, ou seja, nada sobre os mecanismos que controlam o

sistema é incluído na predição, ao contrário do que ocorre nos modelos mecanístico

(Figura 17.1). Grande parte das equações utilizadas para estimar o conteúdo energético de

alimentos para suínos são exemplos de modelos empíricos, uma vez que são selecionadas

de acordo com algum critério estatístico, sem preocupação com o significado biológico dos

parâmetros. Modelos empíricos normalmente não tem bom poder de predição fora das

condições utilizadas na sua elaboração. Contudo, mesmo os modelos de crescimento suíno

com maior reputação tem algum grau de empirismo, o que ocorre principalmente pela falta

de entendimento de alguns fenômenos biológicos. Em algumas situações, a modelagem

empírica produz bons resultados práticos, mas é pouco provável que fenômenos biológicos

de grande complexidade, como o crescimento suíno, possam ser descritos por relações

empíricas.

A diferença entre modelos determinísticos e estocásticos é que os primeiros

apresentam resultados para um suíno médio, enquanto modelos estocásticos acrescentam

a variação entre animais e objetivam representar a resposta populacional. Nos modelos

estocásticos, ao menos um parâmetro varia aleatoriamente, de acordo com alguma

distribuição pré-determinada, gerando uma resposta diferente toda vez que é simulado.

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Modelos de simulação do crescimento suíno

306

Dessa forma, pode-se determinar a probabilidade dos resultados estarem dentro de uma

faixa esperada.

Figura 17.1 Representação geral da decomposição de energia e proteína em um modelo de

crescimento. EILP = energia ingerida, isenta de proteína; Eg = energia disponível para ganho;

LD = taxa de deposição de lipídios; AAI = Aminoácido ingerido; AAg = aminoácido disponível

para ganho; PIDg = proteína ideal disponível para ganho; PDPOT = potencial de deposição de

proteína; PD = taxa de deposição de proteína; P0 = peso inicial; GP = ganho de peso; PF =

peso final. (Fonte: Adaptado de de LANGE (1995))

Algumas razões para considerar a variação entre animais na simulação do

crescimento suíno são destacadas por Knap (1995): 1) a lucratividade pode ser influenciada

significativamente pela variação nas características produtiva; 2) diferentes estratégias

podem ter pouca influência nas características médias de um sistema, mas grande efeito

nas suas variabilidades; e, 3) as diferenças entre sistemas podem ser descobertas mais

rapidamente quando a variação é visível. Por outro lado, Pomar et al. (2003) demonstraram

consequências da variação entre suínos sobre respostas biológicas de interesse, chamando

a atenção para a necessidade de considerar a variabilidade populacional na elaboração de

modelos.

Os modelos também diferem no grau de compartimentalização de seus

componentes. Isso significa que podem ser elaborados para representar o sistema com

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Oliveira & Fraga

307

diferentes graus de detalhamento. Modelos de crescimento suíno que predizem

acuradamente o desempenho e composição corporal em ampla gama de condições

ambientais e dietéticas poderiam ser elaborados considerando o nível metabólico (BLACK,

1995).

Histórico da modelagem de suínos

Os primeiros modelos de crescimento foram desenvolvidos entre o final dos anos de

1940 e 1960. Alguns deles eram modelos estáticos e se baseavam em equações fatoriais

para determinação das exigências de energia em diferentes pesos vivos (BLACK, 1995). O

modelo proposto por Whittemore e Fawcett (1976) foi o pioneiro na descrição do

crescimento suíno e essa proposta influenciou a pesquisa na área de utilização de energia e

proteína por muitos anos. Era essencialmente um conjunto de equações empíricas, embora

a utilização da proteína tenha sido representada de uma maneira mecanística. Desde a

publicação dos primeiros modelos de crescimento suíno, muitos outros foram elaborados

por diversos grupos espalhados pelo mundo todo.

Os primeiros pesquisadores brasileiros que publicaram modelos dinâmico-

mecanicistas do crescimento suíno foram Fialho (1997) e Lovatto (2000). O professor Paulo

Alberto Lovatto também foi um dos organizadores do I Simpósio Internacional de Nutrição

Animal e da 40ª Reunião Anual da SBZ, eventos que ocorreram na UFSM em 2001 e 2003,

respectivamente, e nos quais o tema modelagem do crescimento ganhou destaque. Além

disso, Lovatto foi idealizador e fundador do grupo de pesquisa em modelagem animal da

UFSM e teve atuação importante na formação de recursos humanos na área. Atualmente

tem-se conhecimento de outros profissionais que coordenam grupos de pesquisa e

possuem atividade destacada na modelagem aplicada a suinocultura, entre os quais citam-

se os professores Alexandre Kessler da UFRGS, Marson Bruck Warpechowisky da UFPR e

Luciano Hauschild da UNESP.

Características gerais de modelos de crescimento suíno

Em termos gerais, espera-se que um modelo seja capaz de predizer com boa

acurácia a resposta de um determinado animal, ingerindo uma determinada dieta e alojado

em um determinado ambiente (KYRIAZAKIS, 1996). Com isso surgem três componentes

básicos que precisam ser descritos para o modelo “rodar”: o animal, a dieta e o ambiente.

Existem diferentes propostas teóricas de como deve ser feita a descrição desses

componentes, e um excelente exemplo dessa discussão é encontrado em Luiting e Knap

(2006). A representação esquemática de uma proposta teórica da inter-relação do três

componentes do sistema é apresentada na Figura 17.2.

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Modelos de simulação do crescimento suíno

308

Figura 17.2 Representação esquemática da teoria que o animal consome para atender sua

exigência, mas é sujeito a restrições que podem impedi-lo de atingir seu propósito (Fonte:

EMMANS; OLDHAM, 1988).

É possível encontrar na literatura um grande número de modelos dinâmicos

desenvolvidos para predizer o crescimento suíno como um todo (BLACK et al., 1986;

MOUGHAN et al., 1987; van der PEET-SCHWERING et al., 1994; de LANGE, 1995;

EMMANS; KYRIAZAKIS, 1997; FIALHO, 1997; GREEN; WHITTEMORE, 2003; LOVATTO;

SAUVANT, 2003; van MILGEN et al., 2008, NRC, 2012). Na maioria dos modelos não há

intenção de predizer o crescimento em um senso absoluto, mas sim descrever

quantitativamente como os nutrientes ingeridos são utilizados para deposição de proteína e

lipídios corporais os quais, por sua vez, servirão para predizer o peso corporal, quantidade

de carne magra e espessura de toucinho (van MILGEN et al., 2008). Pode-se perceber que

a ideia geral é permitir uma representação simplificada, quantitativa e flexível do complexo

processo biológico que determina o crescimento em diferentes tipos (genótipos) de suínos e

variadas condições ambientais (de LANGE et al., 2008).

Existem diferenças conceituais entre modelos nos processos empregados na

quantificação da performance animal. Contudo, na maior parte desses modelos a premissa

básica é que o crescimento (deposição tecidual) pode ser predito com razoável acurácia a

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Oliveira & Fraga

309

partir de informações do animal, dieta e ambiente. Nesse texto nos limitaremos a discutir

aspectos da descrição do animal.

Descrição do animal

O potencial de crescimento suíno em função da idade é descrito por meio de

diversas funções matemáticas. Apesar de não haver consenso, a função de Gompertz

possui algumas características que a tornam uma opção recorrente na estimativa do

crescimento suíno (van MILGEN et al., 2008). A acurácia e o número de parâmetros são

vantagens citadas por WELLOCK et al. (2004) para recomendar o uso dessa função. Além

disso, os parâmetros de Gompertz possuem significado biológico, possibilitando utilizá-la na

comparação de diferentes genótipos (FERGUNSON; KYRIAZAKIS, 2003). O crescimento,

segundo a lógica de Gompertz, apresenta duas fases distintas e independentes, uma de

aceleração e outra de desaceleração. O ponto de inflexão indica o momento em que a taxa

de crescimento atinge seu valor máximo (FIALHO, 1999). Na função de Gompertz, o ponto

de inflexão é fixo e ocorre quando o animal alcança 36,8% do peso a maturidade (peso

máximo). A taxa de crescimento aumenta até atingir um máximo, quanto então declina a

zero, no momento que animal chega a maturidade (Figura 17.3).

Figura 17.3 – Massa corporal (a) e taxa de

crescimento (b) em função da idade, usando a

curva de Gompertz (FERGUNSON; GOUS,

1993).

Page 318: Avaliação de carcaças bovinas

Modelos de simulação do crescimento suíno

310

Suínos em crescimento aumentam seu peso corporal vazio (PCv) acumulando

principalmente proteína, lipídeo, cinzas e água (Tabela 17.1). Os carboidratos representam

uma pequena fração do conteúdo corporal e, por esse motivo, são desconsiderados na

estimativa do peso corporal vazio (Equação 1 e 2). A deposição de água é usualmente

predita utilizando-se uma relação com a proteína por meio de equação contendo dois

parâmetros [água corporal (kg) = a * proteína corporal b (kg)]. O parâmetro b assume valor

constante (0,855), enquanto a varia entre 4,90 e 5,62 (de LANGE et al., 2003). O conteúdo

de mineral é calculado com uma proporção constante da massa de proteína, isto é,

coeficiente de alometria igual a 1 (EMMANS; FISHER, 1986), [cinzas (kg) = c * proteína

corporal (kg)], com c variando entre 0,186 e 0,210. A deposição de lipídios é dependente da

energia ingerida e associada, de diferentes maneiras, com a proteína depositada, caso a

ingestão energética seja inferior ao necessário para atingir a máxima deposição de proteína

(PDmax). A energia ingerida acima da quantia para PDmax fica disponível para deposição

de lipídios.

GPCv = PD + LD + CD+ AD (1)

GPC = GPCv/FC conteúdo intestinal (2)

Onde GPCv = ganho de peso vazio; PD = taxa de deposição de proteína; LD = taxa

de deposição de lipídios; taxa de deposição cinzas; taxa de deposição de água; GPC =

ganho de peso corporal; FC = fator de correção.

A capacidade máxima de deposição de proteína (PDmax) é determinada em grande

parte pelo genótipo, sexo e peso corporal. Condições ambientais, incluindo o consumo de

nutrientes, presença de doenças subclínicas, densidade de alojamento e interação entre

animais podem impedir os suínos de atingir sua PDmax. A discussão anterior deixa claro

alguns motivos para a escolha da taxa de crescimento de proteína corporal como variável

central em grande parte dos modelos de crescimento suíno (KYRIAZAKIS; WHITTEMORE,

2006). Dada a grande variação na composição genética dos suínos e a grande sensitividade

dos modelos a este parâmetro, a estimativa acurada da PDmax é muito importante para o

êxito da aplicação de modelos e estimativas de ganho de peso, necessidades nutricionais,

por exemplo.

A PD é usualmente estimada por meio da equação de Gompertz que pressupõe 3

parâmetros: Massa proteica (P, kg), P na maturidade (Pm, kg) e crescimento relativo no

ponto de inflexão (B, kg-d) /kg)) (van MILGEN et al., 2008). As estimativas de Pm e B

descrevem as diferenças no potencial genético do animal e devem ser conhecidas para

quantificar as variações no ganho de proteína em função do peso. Diversos procedimentos

Page 319: Avaliação de carcaças bovinas

Oliveira & Fraga

311

podem ser utilizados para obtenção de Pm e B, entre os quais estão o de FERGUNSON;

KYRIAZAKIS (2003) e van MILGEN et al. (2008).

Grande parte dos modelos de crescimento suíno foram inicialmente elaborados com

o enfoque na nutrição e enfatizando a utilização da energia e proteína (aminoácidos).

Provavelmente isso tenha ocorrido porque a eficiência de produção de carne suína é

diretamente relacionada com a utilização de energia e aminoácidos. Além disso, a nutrição

representa a maior parte dos custos de produção de suínos.

A opção usual é destacar três processos que demandam energia: taxa de deposição

de proteína, manutenção e taxa de deposição de lipídeo (Equação 3). A taxa de deposição

de proteína direciona a partição da energia ingerida e é a primeira etapa da predição, sendo

então os outros fatores determinados. A exigência de manutenção é estimada em função do

peso metabólico que, por sua vez, é calculado elevando o peso corporal a um expoente

variável entre modelos. WHITTEMORE (1983) recomenda o uso do peso proteico ao invés

do peso corporal, sustentando maior acurácia desse preditor para o cálculo da energia de

manutenção. O tecido proteico representa a maior reserva corporal de aminoácidos (pool) e

é um tecido com alta atividade metabólica.

A energia ingerida acima das necessidades de manutenção fica disponível para

deposição de proteína e lipídios. O conceito linear-platô, originalmente proposto por

WHITTEMORE; FAWCETT (1976), e suas variações são utilizados para expressar essa

teoria. A deposição de proteína aumenta linearmente com a ingestão de energia até atingir

um valor máximo, denominado de PDmax. Abaixo da PDmax, o conteúdo de lipídios

depositado é associado com a deposição de proteína e, acima da PDmax, toda energia será

convertida em lipídios (Figura 17.4).

EI = EMAN + PD x EP / kP + LD x EL / kL (3)

Onde EI = energia ingerida; EMAN = energia de manutenção; EP = energia retida como

proteína; kP = eficiência de deposição da proteína; EP = energia retida como lipídios; kL =

eficiência de deposição de lipídios.

A quantidade de energia metabolizável atribuída a cada grama de PD e LD é variável

entre modelos, assim como ocorre variação nas eficiências energéticas de deposição de

proteína (kP) e lipídios (kL) (Tabela 17.2). É importante destacar que o uso do conceito de

energia líquida implica em eficiências diferenciadas de acordo com a origem dietética da

energia e tecido depositado (de LANGE; BIRKETT, 2005).

Page 320: Avaliação de carcaças bovinas

Modelos de simulação do crescimento suíno

312

Tabela 17.1 Composição química (%) do corpo vazio de suínos em diferentes pesos corporais (PC)

Componente

Nascimento

7 kg

25 kg

Aprox. 110 kg

Tipo banha

Genética Superior

Água 77 66 69 48 64

Proteína 18 16 16 14 18

Lipídios 2 15 12 35 15

Cinzas 3 3 3 3 3

Fonte: Adaptado de de LANGE et al. (2003)

Além de energia, a PD é dependente da quantidade de aminoácidos digestíveis da

dieta. Do total de aminoácidos digestíveis ingeridos (AADI), uma parte se destina a

manutenção e o restante fica disponível para PD. A estimativa de exigência para

manutenção é calculada empiricamente com base no peso corporal ou, em alguns casos,

utilizando um procedimento mecanístico que considera os principais determinantes das

exigências de nitrogênio e aminoácidos, como perdas endógenas basais de aminoácidos;

perdas de aminoácidos na pele e pelo; perdas devido ao turnover basal de aminoácidos

(MOUGHAN, 1999). A Tabela 17.3 contém estimativas para esses componentes conforme

van MILGEN et al. (2008).

Tabela 17.2 Eficiência de uso custo energético para deposição de proteína e lipídios em suínos

Custo energético de síntese (kcalEM/g)

Referência kP kL Proteína Lipídios

ARC (1981) 0,56 0,74 10,11 12,78

NRC (1998) 0,53 0,76 10,60 12,50

NRC (2012) 0,53 0,76 10,60 10,60

van MILGEN et al. (2001) 0,60 0,80 9,56 11,71

BIRKETT; de LANGE (2001) 0,49 0,69 11,46 13,61

Page 321: Avaliação de carcaças bovinas

Oliveira & Fraga

313

Figura 17.4 Deposição de proteína (PD) e deposição de lipídios (LD) em

relação ao consumo de energia metabolizável (EM). Para PD < PDmax,

PD = ƒ(MEI) = b1 x (EMI – b0). Adaptado de LUITING; KNAP (2006).

Os aminoácidos ingeridos acima da necessidade de manutenção ficam disponíveis

para deposição de proteína (Equação 4). O conceito de proteína ideal é empregado para

verificar qual é o aminoácido limitante e, assim, determinar se haverá deaminação, excreção

do nitrogênio e utilização dos esqueletos de carbono para geração de energia. A proteína

ideal não é utilizada com 100% de eficiência e uma perda metabólica média de 15% a 20%

é esperada (Tabela 17.3).

AAI = AAMAN + PD x AA PD / k AA (4)

Onde AAI = aminoácido ingerido; AAMAN = aminoácido utilizado para manutenção; PD

= taxa de deposição de proteína; AA PD = aminoácido retido nas proteínas corporais; k AA =

eficiência de deposição de aminoácido.

Diferentemente da energia, em que as exigências de manutenção representam entre

40% a 45% das exigências totais de energia para animais em crescimento, a maior parte

(>90%, em média) das exigências de aminoácidos para suínos destinados ao abate é

direcionada para deposição de proteína. Dessa forma, o conhecimento do padrão de

deposição de proteína é fundamental para elaborar estratégias nutricionais adequadas

técnica e economicamente.

Page 322: Avaliação de carcaças bovinas

Modelos de simulação do crescimento suíno

314

Tabela 17.3 Perfil ideal de aminoácidos, aminoácidos para manutenção, composição

corporal de aminoácidos e eficiência de deposição de aminoácidos para suínos

Aminoácido

Proteína ideal

%

Perdas de Integumentos

mg/kg

PV0,75

/d

Perdas devido

turnover basal mg/kg

PV0,75

/d

Perdas basais

endógenas g/kg MSI

Composição corporal

%

Máxima eficiência

%

Lisina 100 4,5 23,9 0,313 6,96 72

Metionina 30 1,0 7,0 0,087 1,88 64

Cistina n.a. 4,7 4,7 0,140 1,03 n.a.

Met+Cist 60 5,7 11,7 0,227 2,91 51

Treonina 65 3,3 13,8 0,330 3,70 61

Triptofano 18 0,9 3,5 0,117 0,95 57

Isoleucina 60 2,5 12,4 0,257 3,46 60

Leucina 100 5,3 27,1 0,427 7,17 76

Valina 70 3,8 16,4 0,357 4,67 71

Fenilanina 50 3,0 13,7 0,273 3,78 82

Tirosina n.a. 1,9 9,0 0,223 2,86 n.a.

Fen+Tiro 95 4,9 22,7 0,497 6,64 75

Histidina 32 1,3 10,2 0,130 2,79 93

Arginina 42 0,0 0,0 0,280 6,26 154

FONTE: Adaptado de van Milgen et al. (2008).

Aplicações de modelos

É possível imaginar muitas situações nas quais o emprego de modelos pode trazer

vantagens, inclusive na elaboração de estratégias alimentares para a suinocultura. A seguir

são apresentados e discutidos dois exemplos simples de aplicação de modelos de

simulação do crescimento suíno. Foi utilizado o InraPorc, modelo desenvolvido e mantido

pelo Institut National de la Recherche Agronomique (INRA), da França. Para utilização do

InraPorc é necessário caracterizar o perfil animal (estado inicial, desempenho e consumo

alimentar) no ambiente de criação (granja), descrever a composição da dieta e o programa

alimentar.

A situação 1 ilustra o caso hipotético de duas granjas (denominadas A e B)

localizadas a menos de 3 km uma da outra e que alojam animais da mesma genética e

utilizam a mesma nutrição. A granja A obtém os melhores resultados de desempenho, os

quais são muito próximos das metas previstas. Por outro lado, o histórico de desempenho

dos animais da granja B fica abaixo do esperado, embora a genética e nutrição sejam as

mesmas da granja A. A nutrição da granja B poderia ser reavaliada, pois os níveis de

aminoácidos oferecidos aos suínos da granja A são inadequados aos animais da granja B.

Page 323: Avaliação de carcaças bovinas

Oliveira & Fraga

315

Como ilustra a Figura 17.5, há excesso de lisina (e demais aminoácidos) na dieta dos suínos

da granja B, o que aumenta o custo das rações e o impacto ambiental dos dejetos (Tabela

17.4).

Figura 17.5 Exigência e oferta de lisina digestível de suínos de duas granjas que alojam animais da mesma genética e usam a mesma

nutrição (Simulado com o InraPorc)

Tabela 17.4 Balanço de nitrogênio (g/suíno/d) em duas granjas com animais da mesma genética e nutrição (detalhes no texto)

Balanço de Nitrogênio Granja A Granja B Diferença (B-A)

Nitrogênio ingerido 59,8 60,4 0,6

Nitrogênio fecal 4,4 4,3 - 0,1

Nitrogênio urinário 31,7 34,3 2,6

Nitrogênio retido 23,7 21,8 - 2,0

Page 324: Avaliação de carcaças bovinas

Modelos de simulação do crescimento suíno

316

Na situação 2 são apresentados os resultados de uma simulação do desempenho de

dois grupos de suínos entre 30 e 115 kg de peso corporal e submetidos a um programa

nutricional de duas dietas (Tabela 17.5). Nesse caso, embora não haja diferenças no ganho

de peso e consumo no período total, a precocidade entre os grupos difere, o que implica na

necessidade de quantidades distintas de lisina para os grupos, dependendo da fase de

crescimento (Figura 17.6).

Tabela 17.5 Parâmetros de suínos em crescimento e desempenho simulado pelo InraPorc®

Parâmetros do Modelo Crescimento Precoce Crescimento Tardio

Idade Inicial (dias) 75 75 Peso Inicial (kg) 30 30 Massa Proteica Inicial (kg) 4,48 4,48 Peso Final (kg) 115 115 Rendimento Carcaça (%) 79 79 Consumo Ad libitum EL = a x Peso b EL = a x Peso b A 1,72 1,72 B 0,606 0,600 Deposição Proteica Média (g.d-1) 113 113 Precocidade 0,010 0,014 Correção da Manutenção 1,00 1,00

Máxima Deposição Proteica (kg) 70 70

Resultados Simulados Crescimento Precoce Crescimento Tardio

Fase Crescimento (kg) 30-65 30-65 Ganho de peso (g.d-1) 766 700 Consumo de ração (kg.d-1) 1,76 1,79

Fase Terminação (kg) 65-115 65-115 Ganho de peso (g.d-1) 758 812 Consumo de ração (kg.d-1) 2,58 2,63

Fase Total 30-115 30-115 Ganho de peso (g.d-1) 762 762

Consumo de ração (kg.d-1) 2,24 2,25

EL= Energia Líquida; (adaptado de VAN MILGEN et al.; 2008).

Page 325: Avaliação de carcaças bovinas

Oliveira & Fraga

317

Figura 17.6 Exigências simuladas de lisina digestível para dois grupos

com o mesmo ganho e consumo diário, mas diferentes padrões de

crescimento (van Milgen et al., 2008)

Considerações finais

O desempenho de um suíno é resultado de muitos fatores que interagem entre si e

determinam a resposta final do animal. A medida que o conhecimento avança, novas

informações são disponibilizadas e integrá-las é fundamental para a tomada de decisão.

Nesse sentido, os modelos de simulação são ferramentas valiosas na elaboração de

estratégias alimentares que maximizem um determinado objetivo, podendo inclusive compor

um sistema informatizado que engloba uma parcela mais ampla do processo produtivo.

Acredita-se que o desenvolvimento e aplicação de modelos de simulação do crescimento

suíno devam ganhar cada vez mais impulso, tanto no meio acadêmico como produtivo.

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Page 328: Avaliação de carcaças bovinas

Capítulo 18

Utilização de coprodutos na alimentação de

ovinos

Hélio de Almeida Ricardo

Marco Antônio Previdelli Orrico Junior

Alexandre Rodrigo Mendes Fernandes

Faculdade de Ciências Agrárias (FCA), Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Rodovia Dourados à Itahum km 12, CP.533, CEP 79804-970, Dourados, Mato Grosso do Sul.

Introdução

A utilização de coprodutos da agroindústria apresenta duas vantagens principais, a

redução dos custos com a alimentação e o aproveitamento de resíduos do processamento

de alimentos, o que contribui com a sustentabilidade do sistema. Em muitos casos, as

propriedades rurais estão longe das regiões produtoras de milho e farelo de soja (principais

ingredientes das rações), sendo necessária a utilização de coprodutos, muitas vezes

regionais, na composição das dietas, para não elevar demais o custo de produção.

Muitos coprodutos podem ser utilizados sem limites de uso na composição da dieta,

no entanto alguns podem possuir características que limitam sua utilização pelos ovinos.

Entre estes fatores destacam-se: os teores de lipídeos, proteína, fibra e diversos princípios

anti-nutricionais que podem estar presentes nos coprodutos. Teores elevados de lipídeos na

dieta de ruminantes reduzem a digestão ruminal (efeito tóxico sobre a flora ruminal), o que

acaba levando a digestão incompleta do alimento, diarreia e queda no desempenho dos

animais. A fibra é essencial para o funcionamento correto do rúmen, no entanto em grande

proporção acaba limitando o consumo e reduz o desempenho, por isso quando se pretende

ganhos elevados o teor de fibra da dieta precisa ser reduzido (dietas com alta proporção de

concentrado). Os principais fatores antinutricionais encontrados nos alimentos são os

compostos polifenólicos, cianogênese e inibidores enzimáticos que juntos promovem o

desequilíbrios orgânicos nos animas e impedem o consumo do vegetal (estratégia vegetal

contra o ataque dos herbívoros). No caso dos ruminantes, partes destes compostos são

destruídas durante a digestão ruminal o que possibilita a ingestão de uma variedade de

espécies vegetais e torna os ruminantes resistentes a concentrações relativamente elevadas

Page 329: Avaliação de carcaças bovinas

Gonçalves & Zambom

321

de alguns fatores antinutricionais. No entanto, nem sempre estes fatores são totalmente

degradados e algumas substâncias antinutricionais têm seus efeitos potencializados no

rumem, o que merece atenção por parte dos técnicos.

Por isso, antes de fornecer aos animais um determinado coproduto é necessário o

pleno conhecimento de sua composição química e os níveis de inclusão recomendados.

Assim, é possível baratear a dieta sem causar problemas no desempenho e na qualidade da

carne dos animais.

Diante do exposto a presente revisão tem por objetivo reunir informações (dados de

desempenho, qualidade de carne, nível de inclusão e custo) referentes às principais

pesquisas realizadas no Brasil sobre a utilização de novos coprodutos na alimentação de

ovinos em substituição aos volumosos e concentrados tradicionais.

Principais coprodutos e subprodutos

Por definição coprodutos são os produtos de um processo de produção conjunta,

cujo faturamento é considerado significativo para a empresa, também chamando de

produtos principais (por exemplo, no processamento da soja há produção do óleo, farelo de

soja e casquinha de soja). No entanto muitas vezes o termo é utilizado para referenciar

“subprodutos” de um processo de produção com menos importância em relação ao

faturamento, ou seja, sua venda é praticamente certa, mas seu faturamento é insignificante

para a empresa (por exemplo, no processamento da cana-de-açúcar há produção do

bagaço). A grande vantagem da utilização destes subprodutos na alimentação está no preço

pago (muitas vezes só o custo do transporte), mas existem algumas desvantagens como

falta de compromisso da empresa em fornecer um produto de qualidade (produto não

padronizados, teores variáveis de MS, fermentado, armazenados no tempo) e produção

sazonal.

Na Tabela 18.1 estão apresentadas as composições químicas, níveis de inclusão e

efeitos sobre desempenho e qualidade de carne de ovinos com a utilização dos principais

coprodutos estudados nos últimos 10 anos no Brasil. Para melhor discussão os coprodutos

foram divididos em coprodutos substitutos de volumosos e coprodutos substitutos de

concentrado.

Page 330: Avaliação de carcaças bovinas

Nutrição de vacas de alta produção

322

Con

tin

ua

...

Page 331: Avaliação de carcaças bovinas

Gonçalves & Zambom

323

Con

tin

ua

...

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Nutrição de vacas de alta produção

324

Page 333: Avaliação de carcaças bovinas

Gonçalves & Zambom

325

Coprodutos substitutos de volumosos

Casca, bagaço e palhas

Esforços têm sido despendidos por pesquisadores com o objetivo de incrementar a

participação das cascas, bagaço e palhas de cereais na alimentação de ruminantes, uma

vez que se trata de material de baixo custo, frequentemente desperdiçado pelos

agricultores. A conversão destes resíduos em leite ou carne, por exemplo, resultaria em

produção de grande quantidade de alimentos de qualidade para o homem (DAMASCENO et

al., 2000).

O principal fator limitante é o baixo valor nutritivo, baixos teores de nitrogênio,

digestibilidade reduzida e consumo voluntário inadequado, resultando em desempenhos

insatisfatórios. Existem algumas maneiras práticas de melhorar o aproveitamento destes

materiais na alimentação animal, sendo o tratamento químico uma delas. Os tratamentos

químicos utilizados para melhorar a qualidade do bagaço e palhas visam eliminar ou

diminuir os efeitos prejudiciais da lignina sobre a degradação de compostos celulósicos

pelos micro-organismos do rúmen, promovendo a ruptura das complexas ligações químicas

daquele componente com a celulose e a hemicelulose, disponibilizando o material,

teoricamente, para adesão da população microbiana e ataque enzimático (VAN SOEST,

1994). O tratamento químico de alimentos volumosos tem crescido bastante nos últimos

anos e várias pesquisas têm evidenciado que o valor nutritivo de diferentes volumosos pode

ser melhorado com a utilização de produtos químicos.

De acordo com Damasceno et al. (2000), o nível de oferta de palha de arroz

amonizada não afeta a digestibilidade da MS e a digestibilidade e balanço do N para ovinos

adultos, machos, castrados, com peso médio de 63,8 kg. O consumo e excreção de N nas

fezes incrementam linearmente com o aumento na oferta de palha. Os autores recomendam

que para maximizar o desempenho animal por unidade de palha fornecida, deve-se ofertar

123,1 g/kg PC0,75.

Castro et al. (2007) reportaram que o custo operacional efetivo por quilograma de

carcaça produzida foi de R$ 3,68, R$ 3,49, R$ 3,23 e R$ 2,98, respectivamente, para dietas

com inclusão de 20%, 40%, 60% e 80% de feno de maniçoba, sendo que a inclusão de 80%

de feno de maniçoba em dietas completas possibilitou a obtenção de desempenho

satisfatório dos cordeiros e melhor retorno financeiro.

O bagaço de cana-de-açúcar é, sem dúvida, o resíduo agroindustrial obtido em maior

quantidade no Brasil, aproximadamente 280 kg t-1 moída. Segundo Burgi (1995) de cada

tonelada de cana-de-açúcar moída na indústria obtêm-se 700 litros de caldo e 300 kg de

bagaço (50% Matéria Seca), portanto, dos 500 milhões de toneladas moídas nas usinas e

Page 334: Avaliação de carcaças bovinas

Nutrição de vacas de alta produção

326

destilarias do Brasil, a cada ano, 75 milhões de toneladas de bagaço de cana são obtidos. O

bagaço triturado das destilarias mostrou-se de pouco valor na alimentação animal,

carecendo de suplementação e/ou tratamentos, em função do baixo consumo, afetado

principalmente pela baixa proteína e alta fibra. Com isso o nível máximo de aproveitamento

nas dietas tem sido de 25% (CARDOSO, 2006).

Resíduo de cervejaria

O processo industrial da cerveja consiste basicamente no preparo do mosto

(moagem do malte, mosturação, filtração, fervura e clarificação), processo fermentativo e o

acabamento da cerveja (filtração, carbonatação, modificações no aroma, sabor e cor, etc.).

No final deste processo industrial, além do produto principal a cerveja, obtém-se um volume

considerável de resíduo úmido de cervejaria (RUC). O RUC é obtido durante a etapa inicial

do preparo do mosto cervejeiro resultando na obtenção do bagaço de malte na etapa de

filtração e ao final do processo de fermentação do mosto nas dornas pela ação das

leveduras (Saccharomyces cerevisiae), obtém-se um rejeito sólido composto da matéria

prima usada na fermentação e a levedura que cresceu no meio (SANTOS; RIBEIRO, 2005).

Este coproduto pode ser uma alternativa como coproduto da agroindústria na alimentação

de ovinos, pois este resíduo é produzido em grande volume e, além disso, não apresenta

problemas com a sazonalidade de sua produção. No entanto Gilaverte et al. (2011)

observaram redução do ganho médio diário, peso corporal final e eficiência alimentar dos

animais quando as doses foram acima de 25% da dieta.

Casca de café

A casca de café vem sendo utilizada em algumas pesquisas substituindo tanto

alimentos volumosos (VILELA, 1999) quanto grãos de cereais (BARCELOS et al. 1997).

Furusho-Garcia et al. (2003) ao avaliarem os componentes corporais e órgãos internos de

cordeiros Texel × Bergamácia, Texel × Santa Inês e Santa Inês puros, terminados em

confinamento, com casca de café, tratada ou não com uréia, como parte da dieta,

observaram que os cordeiros que consumiram dietas contendo 15% de casca de café,

independentemente do tratamento químico com uréia, apresentam maior desenvolvimento

do retículo rúmen. Já o tratamento químico da casca de café com ureia provoca menor peso

no abomaso, fígado e pâncreas, órgãos ligados à digestão enzimática.

A utilização de casca de café também não pode apresentar influência sobre as

características da carcaça e dos cortes de ovinos. Segundo Furusho-Garcia, et al. (2003) a

utilização de 15% de casca de café, tratada ou não com uréia e grão de soja moído, em

Page 335: Avaliação de carcaças bovinas

Gonçalves & Zambom

327

dietas para cordeiros terminados em confinamento, não afetou de forma significativa os

pesos dos cortes da carcaça e a composição da paleta, do lombo e da perna. Os autores

encontraram peso médio de paleta e lombo de 1,787 e 0,778 kg entre os tratamentos, e

peso de pernil de 3,21, 3,04 e 2,96 kg para as dietas sem adição de casca de café, com

15% de casca de café in natura e com 15% de casca com uréia e grão de soja moído,

respectivamente. A relação músculo:gordura média do pernil entre as dietas foi de 3,75.

Casca de soja

Nutricionalmente, Restle et al. (2004) relataram que a casca de soja, por apresentar

elevado teor de fibra em detergente neutro (FDN), foi inicialmente estudada como uma

opção para substituição da fração volumoso da dieta de ruminantes. Entretanto, por

apresentar elevada digestibilidade da FDN, proporcionar elevada produção de ácidos graxos

voláteis no rúmen, em razão da excelente fermentabilidade da fibra no rúmen (BACH et al.,

1999) e dos benefícios decorrentes da digestão da fibra da dieta total sobre o pH ruminal

(GOMES, 1998), a casca de soja se destaca quanto ao seu potencial de uso na alimentação

de ruminantes em substituição aos grãos de cereais.

A casca de soja pode substituir o feno de coastcross em teores de até 33,7% da MS,

visto que essa substituição aumenta o consumo de MS e a retenção de N (g dia-1) sem

prejudicar a digestibilidade da MS, matéria orgânica e FDN e a concentração de ácidos

graxos de cadeia curta no rúmen (GENTIL et al., 2011). A densidade energética da casca de

soja é superior à do feno de coastcross. A casca apresenta 77,0% de NDT e o feno de

coastcross 53,0% de NDT (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 2007). Com a utilização da

casca de soja em substituição a parte da fonte de forragem, é possível aumentar a

densidade energética da dieta sem causar grandes reduções no fornecimento de FDN

(GENTIL et al., 2011). Santos et al. (2008) relatam que o aumento do nível de casca de soja

de 0 e 75% em substituição ao fubá de milho em dietas para ovinos em confinamento,

reduziu os gastos com alimentação e aumentou a margem bruta de R$ 10,89 para R$ 18,63

por animal, sem afetar o desempenho em confinamento.

Coprodutos substitutos de concentrado

Caroço de algodão

O adequado desempenho produtivo dos ruminantes está relacionado principalmente

ao consumo alimentar, que, por sua vez, depende do consumo de matéria seca e de sua

concentração energética. As oleaginosas são as fontes de lipídios mais usadas na dieta de

ruminantes, por proporcionarem alta densidade energética em substituição aos carboidratos

Page 336: Avaliação de carcaças bovinas

Nutrição de vacas de alta produção

328

rapidamente fermentáveis, favorecendo a fermentação ruminal e a digestão da fibra,

entretanto, não deve ser usado em excesso, devido ao seu conteúdo em óleo (TEIXEIRA;

BORGES, 2005).

O caroço de algodão é uma ótima alternativa para o uso em confinamento de

ruminantes, por ser um alimento com proteína de alto valor biológico e teor de energia,

facilitando a formulação de dietas de custo mínimo. Outra vantagem seria que a gordura

contida na carne produzida poderia ter um perfil mais insaturado, em razão de grande parte

da energia desse alimento estar na forma de gordura, promovendo menor incremento

calórico e resultando em melhor conversão alimentar (MEDEIROS et al., 2005).

Cunha et al. (2008) avaliaram as características quantitativas da carcaça de ovinos

alimentados com rações contendo diferentes níveis de caroço de algodão integral. O uso de

caroço de algodão proporcionou menor musculosidade de carcaça, demonstrada pela

relação músculo:osso, músculo:gordura e área de olho de lombo. Os níveis de 0, 20%, 30%

e 40% de inclusão de caroço de algodão, com base na MS, não influenciaram as

características e os rendimentos de cortes das carcaças de ovinos avaliados.

De acordo com Madruga et al. (2008), do ponto de vista nutricional, relacionado com

a composição de ácidos graxos e teor de colesterol de amostras de carne ovinos Santa

Inês, a utilização de caroço de algodão integral na dieta pode ser recomendada, durante

períodos curtos, em níveis de até 40% para ovinos em terminação.

Coprodutos da agroindústria de frutas

Atualmente, a produção de frutas destina-se a atender à demanda por frutas frescas,

no entanto, existe uma tendência mundial para o mercado de produtos transformados, como

conservas, sucos, geléias e doces. Entretanto, segundo Bártholo (1994), nos países em

desenvolvimento, como é o caso do Brasil, as perdas pós-colheita de frutas frescas são

estimadas em torno de 20% a 50%. Em geral, calcula-se também que, do total de frutas

processadas, sejam gerados, na produção de sucos e polpas, 40% de resíduos

agroindustriais para as frutas manga, acerola, maracujá e caju. Constantemente, as

agroindústrias investem no aumento da capacidade de processamento, gerando grandes

quantidades de subprodutos, que, em muitos casos, são considerados custo operacional

para as empresas ou fonte de contaminação ambiental (LOUSADA JÚNIOR et al., 2005).

Nesse contexto, os resíduos agroindustriais da fruticultura podem ser importantes na

alimentação de ruminantes, principalmente em situações de baixa disponibilidade de

alimento. Na avaliação do consumo e digestibilidade de alguns coprodutos da fruticultura

para ovinos, Lousada Júnior et al. (2005) determinaram que os coprodutos de abacaxi,

maracujá e melão caracterizaram-se por bom valor nutritivo, podendo ser utilizados na

Page 337: Avaliação de carcaças bovinas

Gonçalves & Zambom

329

alimentação de ruminantes, enquanto que existem limitações na utilização dos subprodutos

de acerola e goiaba devido ao baixo valor nutritivo dos coprodutos dessas frutas.

A polpa de caju (Anacardium occidentale L.) desidratada, cuja produção brasileira é

estimada em mais de um milhão de toneladas/ano, é produzida quase que totalmente na

Região Nordeste. Esse subproduto merece, portanto, atenção dos criadores e do meio

técnico-científico. A safra de caju no Nordeste ocorre na estação seca do ano, no período de

julho a janeiro, quando diminui a disponibilidade de forragem na região, forçando o produtor

a recorrer ao mercado de rações, compostas principalmente por milho e soja, produtos de

alto custo na região (DANTAS FILHO et al., 2007).

De acordo com os mesmos autores, na avaliação do desempenho, digestibilidade in

vivo e balanço de nitrogênio em ovinos mestiços Santa Inês em confinamento, a polpa de

caju desidratada incluída na dieta em níveis de até 30% proporciona melhor retorno

econômico. Em compensação, A inclusão de polpa de caju desidratada em rações para

ovinos em terminação reduziu a retenção de nitrogênio e afetou negativamente a

digestibilidade da MS, matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), FDN e fibra em

detergente ácido (FDA).

O coproduto de vitivinícolas apresenta alta concentração de carboidratos fibrosos e

teor de PB próximo dos 15% na MS. Nas regiões onde a indústria vinícola é desenvolvida,

este coproduto pode ser utilizado na alimentação de animais, inclusive pelo volume de

alimento que representa, pois, em peso, a quantidade de bagaço obtida equivale a,

aproximadamente, 25% do peso das uvas processadas para a produção de vinho.

Entretanto, esse alimento não apresenta valores elevados de digestibilidade da MS devido,

dentre outros fatores, aos elevados níveis de lignina e taninos (BARROSO, 2006).

Barroso et al. (2006) mostraram que a utilização do resíduo de vitivinícolas na

alimentação de ovinos em terminação pode ser boa alternativa volumosa quando associada

a diferentes fontes energéticas. As combinações do resíduo de vitivinícolas com o farelo de

palma e com o grão de milho moído apresentaram bons desempenhos, com média de

ganho diário de 117 e 132 g dia-1, respectivamente, superando a combinação do resíduo de

vitivinícolas à raspa de mandioca, com média de ganho diário de 71 g dia-1.

A polpa cítrica desidratada, subproduto da indústria citrícola, pode ser utilizada em

rações para ruminantes como ingrediente de alta densidade energética para animais em

crescimento e lactação e tem pouco ou nenhum efeito negativo na fermentação ruminal em

comparação a alimentos ricos em amido (BAMPIDIS; ROBINSON, 2006). No entanto, a

substituição de ingredientes tradicionais, como o milho, por subprodutos como a polpa

cítrica, pode alterar a composição e a qualidade da carne ovina, mesmo que o desempenho

Page 338: Avaliação de carcaças bovinas

Nutrição de vacas de alta produção

330

seja satisfatório, ocasionando mudanças em características como a cor e a maciez

(SCERRA et al., 2001).

Ao avaliarem os efeitos da substituição do milho por polpa cítrica sobre as

características de carcaça e a qualidade da carne de cordeiros em confinamento, Rodrigues

et al. (2008) determinaram que a substituição parcial ou total não afetou os rendimentos de

carcaça quente e fria, perda por resfriamento, espessura de gordura de cobertura, área de

olho de lombo, rendimentos de cortes, proporção músculo:gordura:osso, capacidade de

retenção de água, cor, perda de peso por cozimento e pH da carne. Entretanto, os autores

observaram que a substituição total do milho por polpa cítrica reduziu em 12,4% o teor de

gordura na carcaça. A substituição total (100%) do milho pela polpa cítrica promoveu

aumento de 177% na concentração de ácido linolênico (C18:3), enquanto a substituição

parcial (67%) resultou em aumento de 72% no ácido linoleico conjugado (C18:2 cis-9trans-

11), não havendo alteração na concentração total de ácidos graxos saturados,

monoinsaturados e poli-insaturados. Entretanto, a quantidade de gordura intramuscular do

Longissimus dorsi diminuiu com o aumento de polpa cítrica na ração, sem alterar os teores

de umidade, proteína e cinzas.

Coprodutos do processamento da mandioca

Alguns subprodutos da produção de farinha de mandioca, como casca de mandioca

e farinha de varredura, possuem potencial e disponibilidade para serem utilizados como

alimento energético na alimentação de ruminantes. A farinha de varredura é obtida durante

a limpeza de todo o material perdido no chão, formado por farinha, pó e fibra, e apresenta

elevados teores de amido (80,0%) e de MS (90,0%). A substituição do milho pela farinha de

varredura em rações para ovinos não afeta o consumo, a digestibilidade dos nutrientes, o

pH e a concentração de N amoniacal do líquido ruminal e os balanços de nitrogênio e de

energia. Nesse caso, a farinha de varredura pode substituir em 100% o milho na ração

desses animais (ZEOULA et al., 2003).

Coprodutos da extração do óleo vegetal e biodiesel

Como coprodutos alternativos para a alimentação de ovinos encontram-se na

literatura alimentos como resíduos de babaçu, mamona e pinhão-manso. Esses resíduos

caracterizam-se por serem produtos regionais e que ultimamente vem sendo empregados

na geração de biodiesel. O processo químico de produção de biodiesel também gera um

coproduto que pode ser utilizado na nutrição de ruminantes, a glicerina bruta.

Page 339: Avaliação de carcaças bovinas

Gonçalves & Zambom

331

O babaçu (Orbygnia sp.) é uma das espécies de palmeiras oleaginosas utilizadas na

indústria extrativista brasileira, que possui grande valor industrial e comercial, sendo

encontrada em extensas áreas em estados como Maranhão, Piauí e Tocantins. Na

industrialização do coco do babaçu para produção de óleo comestível são produzidos vários

subprodutos como farelo de mesocarpo do babaçu e farinha de mesocarpo, que

correspondem em média a 23% do peso do fruto (MIOTTO et al., 2012).

O farelo de babaçu é classificado como fonte protéica (BENEDETT; SPERS, 1995),

a variação na sua composição e o processamento são fatores que influenciam sua

composição final. No estado do Piauí, algumas indústrias demonstraram que o farelo de

babaçu possui 14% a 24% de PB e mais de 50% de FDN (XENOFONTE et al., 2008).

Sousa Júnior (2003) concluiu que o uso de farelo de babaçu até o nível de 20% não

interferiu nas características da carcaça de ovinos Santa Inês. Entretanto, Xenofonte et al.

(2009) determinaram que níveis de farelo de babaçu superiores a 10% na dieta podem

afetar negativamente os pesos e rendimentos, bem como os cortes comerciais e as medidas

lineares, de carcaças de ovinos sem padrão racial definido em terminação.

A mamona (Ricinus communis L.) é uma oleaginosa pertencente à família

Euforbiaceae, que produz sementes ricas em óleo glicídico solúvel em álcool. Do resíduo da

extração do óleo tem-se o farelo, que pode ter diversos usos, como fonte de alimento para

ruminantes e não ruminantes, e fonte de aminoácidos para os mais variados fins nutricionais

(BOSE; WANDERLEY, 1988).

Pompeu et al. (2012) não observaram efeito dos níveis de substituição (0, 33%, 67%

e 100%) do farelo de soja pela torta de mamona destoxificada sobre o peso vivo final, o

peso vivo ao abate em jejum, o peso corporal vazio, o peso da carcaça quente e o peso da

carcaça fria de ovinos mestiços de Morada Nova, machos não castrados, com peso corporal

de abate médio de 30,17 kg. Já o rendimento de carcaça quente foi afetado pelos níveis de

substituição do farelo de soja pela torta de mamona, mesmo comportamento observado

para o rendimento de carcaça fria. O peso da costela e os rendimentos da costela e da

paleta também foram influenciados pelos níveis de substituição do farelo de soja pela torta

de mamona destoxificada. O peso e o rendimento das demais regiões, no entanto, não

apresentaram diferenças entre níveis de substituição. Portanto, segundo os autores, a torta

de mamona destoxificada pode ser utilizada em níveis de até 67% de substituição ao farelo

de soja em dietas para ovinos.

O pinhão-manso (Jatropha curcas) é uma planta da família das Euforbiáceas, que se

destaca pelo seu potencial de produção de biodiesel. Nativa da América do Sul é explorada

com sucesso na América Central, Índia e África. A cultura é uma excelente opção para

regiões carentes e tem se adaptado muito bem à região Norte do país. Produz cerca de

Page 340: Avaliação de carcaças bovinas

Nutrição de vacas de alta produção

332

duas toneladas de óleo por hectare, em terras de pouca fertilidade, arenosas, com climas

desfavoráveis a várias culturas, necessitando, assim, de poucos cuidados. Devido às suas

características, o pinhão-manso tem sido considerado como boa opção para sistemas de

pequenas propriedades com mão de obra familiar (SATURNINO et al., 2005).

Na substituição ao óleo diesel, o pinhão-manso destaca-se, uma vez que produz

83,9% do valor calorífico do óleo diesel. Além disso, a produção do biodiesel a partir do fruto

do pinhão-manso gera como subprodutos a casca do fruto do pinhão-manso, a qual é

utilizada como carvão vegetal, e a torta de pinhão-manso, ambos com possibilidades de uso

na alimentação animal (ARAÚJO et al., 2010).

No entanto, na determinação da porcentagem ótima de inclusão da casca do fruto do

pinhão-manso à dieta de ovinos, em substituição ao feno de capim Mombaça (0, 15%, 30%,

e 45%), com avaliação do consumo de alimento e ocorrência de alterações clínicas e

histológicas, ARAÚJO et al. (2010) observaram que a casca do fruto do pinhão-manso não

deve ser utilizada na suplementação de ovinos, nas porcentagens usadas no estudo. Foi

observada redução considerável no consumo de matéria natural à medida que houve

aumento da inclusão de casca à dieta, com valores médios de 1.444,92, 298,48, 191,45 e

88,68 g dia-1 para inclusão de 0, 15%, 30% e 45% de casca, respectivamente.

Essa redução do consumo de alimento pode estar relacionada à presença de fatores

antinutricionais e/ou de princípios tóxicos, ainda não determinados na casca do fruto do

pinhão-manso, devido à ocorrência de alterações clínicas nos animais. O quadro clínico-

patológico foi caracterizado por desordens digestivas, hepáticas, renais, pulmonares e

cardíacas. Independentemente da porcentagem de inclusão da casca de pinhão-manso,

todos os animais que receberam pinhão-manso na dieta apresentaram, mesmo que em

diferentes graus, apatia, redução de apetite, redução do conteúdo e tensão ruminal, redução

da motilidade ruminal, emagrecimento acentuado, consistência e tamanho de cíbalas

alterados (ARAÚJO et al., 2010).

A glicerina bruta (coproduto da produção do biodiesel) vem sendo utilizada com

sucesso na nutrição de ruminantes. Grande parte da glicerina bruta é composta por glicerol,

que é absorvido diretamente pelo epitélio ruminal, metabolizado no fígado e direcionado

para a gliconeogênese pela ação da enzima glicerol quinase, que o converte em glicose.

Assim, a glicerina bruta apresenta potencial de aplicação como substrato gliconeogênico

para ruminantes (KREHBIEL, 2008). Com a perspectiva de redução nos preços, a glicerina

bruta tem surgido como opção para utilização como macroingrediente na dieta de cordeiros

em terminação, em substituição a concentrados energéticos (KERR et al.,2007).

Na avaliação do desempenho em confinamento pela substituição do milho pela

glicerina bruta na dieta de cordeiros Pantaneiros, machos não castrados, abatidos com peso

Page 341: Avaliação de carcaças bovinas

Gonçalves & Zambom

333

corporal médio de 30,96 kg, Orrico Júnior et al. (2012) não observaram diferenças entre as

doses de 0, 2,5%, 5% e 7,5% de glicerina bruta. Os animais apresentaram ganho médio

diário de 234,72, 207,50, 207,50 e 231,66 g dia-1 para as doses de 0, 2,5%, 5% e 7,5%,

respectivamente. Como também não houve diferença entre as doses de glicerina bruta para

a conversão alimentar, recomenda-se a adoção de glicerina bruta em substituição ao milho,

nas doses estudadas, objetivando a redução do custo de produção da atividade.

Ricardo et al. (2012) determinaram que a inclusão de glicerina bruta na dieta de

cordeiros Pantaneiros em confinamento (0, 2,5%, 5% e 7,5% de glicerina bruta em

substituição ao milho) não apresenta influência sobre as características da carcaça dos

animais. O peso corporal ao abate variou de 35,52 kg, para 2,5% de glicerina bruta, a

38,10 kg, para o tratamento sem inclusão. A área de olho de lombo dos animais variou entre

13,59 (5% de glicerina) e 14,30 cm2 (2,5% de glicerina), sem influência da utilização da

glicerina, enquanto que a espessura de gordura apresentou valores de 1,83, 1,81, 1,78 e

2,22 mm para doses de 0, 2,5%, 5% e 7,5% de glicerina bruta, respectivamente.

Considerações finais

Boa parte dos coprodutos pode ser aproveitada na alimentação dos ovinos, no

entanto são de extrema importância o conhecimento da composição química e as

recomendações de uso dos mesmos para que se possam formular as dietas. Muitas vezes

coprodutos com baixo valor de mercado apresentam baixo valor nutricional e podem

apresentar contaminantes que impedem sua utilização. Desta forma o acompanhamento

técnico é fundamental para auxiliar o produtor na escolha do coproduto que deve utilizar.

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Capítulo 19

Nutrição de vacas de alta produção

João Arlindo Gouveia Gonçalves

Maximiliane Alavarse Zambom

Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Estadual do Oeste do

Paraná, CEP 85960-000, Marechal Cândido Rondon, Paraná.

Introdução

As exigências nutricionais de animais leiteiros variam significativamente nas fases do

ciclo produtivo (período seco, pré-parto, início de lactação e pós-pico de lactação), devido às

diferenças na capacidade de ingestão de matéria seca (IMS), peso corporal e produção de

leite. Assim, na pecuária leiteira vacas de alta produção (acima de 28 litros diários no pico

de produção) demandam grandes quantidades de nutrientes para síntese do leite, sendo

necessário muitas vezes a utilização de parte de suas reservas corporais, principalmente

nos primeiros dias de lactação.

Para atender estas exigências nutricionais, as vacas dependem de um elevado

consumo de alimentos de alta qualidade e alta densidade energética. Essa demanda por

nutrientes se diferencia ainda em cada fase de lactação (NRC, 1989; NRC, 2001). Com um

manejo alimentar adequado poder-se-á obter de 500 a 1.000 litros de leite suplementar por

vaca/lactação/ano. Ao contrário, um manejo inadequado poderá provocar uma redução da

produção leiteira, uma diminuição da eficiência reprodutiva e um aumento de problemas

metabólicos durante o período pré e pós-parto (REIS et al., 2009).

As características físicas e químicas das dietas podem ter grande efeito sobre o

consumo e a produção de leite de vacas leiteiras. A sintonia fina é definida como a

necessidade de fazer pequenos ajustes para aumentar o nível de precisão ou acurácia de

um cálculo ou procedimento.

A composição das dietas mudou ao longo do tempo devido a diferenças na genética

e manejo, além de diferentes métodos de processamento de alimentos. O nível de ingestão

e a composição da dieta afetam a digestibilidade dos ingredientes da ração. A vaca

Page 345: Avaliação de carcaças bovinas

Gonçalves & Zambom

337

holandesa média nos EUA produz atualmente 3,5 vezes a manutenção, mas existe

significativa variação entre vacas e entre rebanhos. A composição da dieta também afeta a

digestibilidade dos ingredientes individuais. O melhor exemplo é o efeito negativo que níveis

excessivos de grãos (amido) têm sobre a digestibilidade das fibras. Uma determinada ração

pode ter sua digestibilidade diferente quando fornecida como parte de uma dieta rica em

forragem ou quando fornecida como parte de uma dieta com alto teor de grãos. Os valores

de energia de uma ração devem refletir tanto a variabilidade do nível de ingestão quanto de

composição da dieta (WEISS, 2005).

Sistemas de alimentação de vacas em lactação

O objetivo de qualquer sistema de alimentação, em propriedades leiteiras, deve ser

fornecer correta quantidade de nutrientes, necessária para satisfazer as exigências

individuais de vacas (ou outras categorias), bem como permitir diferentes práticas ou manejo

alimentar, de acordo com a preferência da propriedade (GONÇALVES et al., 2009). De

modo geral, os alimentos podem ser fornecidos de duas maneiras:

1) fornecimento separado de volumoso e concentrado;

2) dieta total ou ração total (forragem e concentrados misturados juntos).

Ainda, após formulação, a dieta (total ou separada) pode ser ofertada sob duas

formas (REIS et al., 2009):

1) individualmente: quando da utilização de canzis, baias individuais, sistema de

confinamento tipo “tie stall”, entre outros;

2) em grupos: quando da utilização de cochos ou pistas de alimentação coletivas,

alimentação a pasto, sistemas de confinamento tipo “free stall”, entre outros.

Dieta total

A chamada dieta ou ração total (TMR, do inglês “Total Mixed Rations”) é um tipo de

ração em que concentrado e forragem são misturados juntos e ofertados como alimento

completo. A utilização da dieta total tem muitas vantagens sobre os métodos convencionais

de fornecer concentrado na sala de ordenha e a forragem do lado de fora: as vacas variam

muito em seu consumo voluntário de forragens, quando esta é fornecida à livre escolha. No

entanto, na dieta total, cada bocado contém um balanço predeterminado de todos os

nutrientes essenciais.

O uso da dieta total permite à vaca consumir pequenas quantidades de uma refeição

balanceada com mais frequência durante o dia, fornecendo um suprimento mais constante

de nutrientes para os microrganismos ruminais, maior estabilidade do pH ruminal e

Page 346: Avaliação de carcaças bovinas

Nutrição de vacas de alta produção

338

eficiência de utilização da energia e proteína disponível no retículo-rúmen; há melhor

controle do valor nutricional da dieta total, podendo ser formulada para completar as

exigências de vacas para todos os nutrientes; uma larga variedade de alimentos pode ser

utilizada nas dietas totais. Alimentos menos palatáveis podem ser diluídos e não ser

selecionados pelos animais. A mudança dos ingredientes da dieta também é mais fácil de

ser executada; vacas alimentadas com dieta total são hábeis em alcançar e manter maior

consumo de MS após o parto, a dieta total pode ser usada em qualquer sistema de manejo,

em praticamente todas as propriedades.

Manejo em função do ciclo de produção

Os efeitos da nutrição na produção de leite e na atividade reprodutiva de vacas

leiteiras somente serão avaliadas, em sua potencialidade, se consideradas as relações entre

a ingestão de alimentos, condição corporal, peso vivo e produção de leite dentro de um

período equivalente ao intervalo entre dois partos, ou seja, um ciclo de lactação. Assim, o

ciclo produtivo de uma vaca pode ser dividido em quatro fases distintas, sendo estas:

período seco, início de lactação, meio de lactação e final de lactação (Figura 19.1).

Figura 19.1 Ciclo produtivo de vacas leiteiras

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Gonçalves & Zambom

339

No entanto, dentro das fases do ciclo produtivo, está compreendido o período de

transição o qual equivale ao período de tempo entre as três semanas pré-parto e três

semanas pós-parto (NRC, 2001; HEAD; GULAY, 2001). Recomenda-se que neste período

as rações sejam formuladas com os mesmos ingredientes que serão usados para formular a

ração de lactação. Isto permite uma adaptação da população microbiana, o que pode levar

de três a quatro semanas, além de aumentar a produção de ácidos graxos voláteis (AGV),

estimulando o crescimento das papilas ruminais, e assim, aumentando a absorção dos AGV

produzidos quando houver maior fornecimento de grãos.

O final da gestação é um período de transição metabólica, no entanto, estas mudanças

não ocorrem abruptamente e sim, gradualmente, pelo período de transição. Envolvendo

alterações no fígado, tecido adiposo, músculo esquelético, e ação de muitos hormônios que

estão envolvidos na lactogênese e manutenção da lactação (HEAD; GULAY, 2001).

A maximização da ingestão durante o período de transição é fundamental para

aumentar o suprimento de energia, de proteína e de AGV no rúmen, evitando a mobilização

de tecidos corporais e minimizando a possibilidade da ocorrência de doenças metabólicas

(HEAD; GULAY, 2001). A baixa ingestão no período pré-parto é devido à limitada

capacidade de ingestão, pois é no terço final da gestação que ocorre o maior crescimento

fetal, o que leva a uma redução no volume do rúmen, devido á compressão pelo útero,

podendo acarretar em reduções, para vacas, de 25% a 35% do consumo (Drackley, 1999).

No entanto, esta redução pode chegar a valores superiores para cabras em início de

lactação. Zambom et al. (2005) avaliando o ciclo produtivo de cabras Saanen em lactação

observaram uma redução de 67,45% na ingestão de matéria seca, em relação à fase inicial

de lactação.

De acordo com Head e Gulay (2001), a ingestão de matéria seca um dia antes da

parição foi correlacionado (r=0,54) ao consumo 21 dias após a parição. O consumo de

alimentos no pré-parto define o estágio de lactação. Portanto, há a necessidade de

maximizar o consumo de matéria seca, neste período. Normalmente, utiliza-se para este fim,

dieta com alto nível de concentrado; utilizando uma ração com altas quantidades de grãos

de milho (elevado teor de amido), o qual produz grande quantidade de ácido láctico e

consequentemente, diminuição do pH ruminal e queda na produção de leite. Desse modo, é

necessária a utilização de uma ração com alto valor energético, mas que proporcione uma

adequada manutenção da fermentação. Assim, a utilização de alimentos com altos teores

de carboidratos estruturais digestíveis (pectina e hemicelulose), como por exemplo, casca

do grão de soja e polpa de citrus peletizada, podem ser utilizadas com o objetivo de evitar a

produção excessiva de ácido láctico, diminuição de pH e assim manter a produção de leite,

garantindo maior produção na lactação total.

Page 348: Avaliação de carcaças bovinas

Nutrição de vacas de alta produção

340

O início de lactação é uma fase que requer muitos cuidados, principalmente quanto a

ingestão de alimentos, pois segundo Economides e Louca (1987), existe uma boa

correlação (r=0,81) entre a produção total na lactação e os dias de maior produção no início

de lactação.

A redução no consumo causa uma queda no nível de glicose sanguínea, o que

provoca um aumento na lipólise e redução da lipogênese no tecido adiposo. A redução da

lipogênese pode ocorrer em torno de duas semanas antes da parição, e isto leva à liberação

de ácidos graxos não esterificados (AGNE) no sangue. Estes ácidos podem ser retirados do

sangue pela glândula mamária, fígado e outros órgãos. No fígado, os AGNE podem ser

completamente oxidados para produção de energia, parcialmente oxidados para produzir

corpos cetônicos ou esterificados a glicerol e estocados como triacilgliceróis (TG). Em vacas

contendo no sangue altas concentrações de AGNE, baixas concentrações de insulina e de

glicose, o estrogênio pode causar o aumento da esterificação de AGNE em TG no fígado.

Então, maior ingestão de matéria seca durante o período do pré-parto, favorece a uma

menor acumulação de TG no fígado, assim, reduz a predisposição a doenças metabólicas

(HEAD; GULAY, 2001).

O principal objetivo na implantação de um manejo nutricional diferenciado no período

de transição é maximizar o consumo de alimentos no pós-parto, fornecendo ao animal

condições para aumentar a produção de leite. Assim, o pico de produção tende a ser maior,

além de haver uniformidade na produção, maior persistência de lactação e

consequentemente maior produção de leite na lactação.

A vaca ao parir deve estar em condição corporal próxima de 3,5 e, no máximo 4,0

pontos. Esta condição corporal pode ser considerada ideal para as vacas de alta produção,

muitas vezes alcançando pico de 35 a 40 litros/dia, com 4 a 6 semanas de lactação,

enquanto o pico de ingestão de alimento (matéria seca) somente é atingido por volta 70 a

120 dias (CHILLIARD et al., 1983; NRC, 2001), porém, com uma grande variabilidade

(HODEN; GIGER, 1984). No entanto, o dia de pico de lactação é influenciado muito pelo

nível energético da dieta, sendo que dietas com maiores teores de energia proporcionam

maior taxa de produção até o pico, pico mais tardio, maior produção no pico e assim, maior

produção de leite ao longo do ciclo produtivo (ZAMBOM et al., 2005).

A produção de leite tem uma taxa de crescimento superior a taxa de crescimento da

ingestão de matéria seca, atingindo o pico de lactação antes do pico de ingestão de matéria

seca, mesmo em dietas de alta qualidade. Assim, os nutrientes ingeridos pela vaca são

insuficientes para atender suas necessidades, desta forma a vaca perde peso. A perda de

peso vivo da vaca no início da lactação está intimamente ligada com a capacidade individual

de produção, uma vez que o animal mobiliza as suas reservas corporais para alcançar o seu

Page 349: Avaliação de carcaças bovinas

Gonçalves & Zambom

341

potencial de produção, resultando em perdas de peso consideráveis (Tabela 19.1). Assim, a

fase mais crítica na vida da vaca leiteira, situa-se nos primeiros 21 dias de lactação,

principalmente, tratando-se de vacas de alta produção (CHILLIARD et al., 1983).

A perda de peso vivo, traduzida na forma de pontuação da condição corporal da vaca

leiteira, não deve exceder a 1,25 pontos, entre o parto e 30 dias de lactação (SNIFFEN;

FERGUNSON, 1991). Portanto, a pontuação mínima de 2,25 a 2,5 pontos, nesta fase é a

chave mestra para a manutenção da atividade ovariana e de altos níveis de produção de

leite (HEINRICHS; O'CONNOR,1991).

Tabela 19.1 Variação de peso vivo da vaca leiteira no início da lactação em função de sua

produção máxima no pico de lactação

Produção de leite no pico (kg dia-1) Perda de peso vivo (kg)

20 15

25 12-20

30 35

35 50

40 70

Adaptado de INRA (1978)

A forragem predominante na alimentação da vaca seca entra em menor proporção,

na relação forragem-concentrado, no início da lactação, na dependência do nível de

produção de leite.

Admite-se que, na alocação dos nutrientes, a prioridade segue a ordem: mantença -

gestação - produção de leite - reservas corporais. Todavia, a prioridade entre produção de

leite e reservas corporais na partição da energia da dieta pode variar em função do potencial

produtivo do animal, do seu estágio de lactação e do seu estado corporal ao parto (ASSIS,

1982). Segundo Bines e Hart (1978), em vacas de alta produção e no início da lactação

existe maior prioridade para síntese de leite do que de reserva corporal, enquanto em vaca

de baixa produção e no final da lactação a situação se inverte. Haresign (1980) sugere que

vacas com baixa condição corporal ao parto alterem o mecanismo de partição de nutrientes

no início da lactação, dando prioridade ao restabelecimento das reservas corporais, em

detrimento da produção de leite potencial. Desta forma, o pico de produção de leite, deste

animal, vai ser muito aquém do seu potencial genético. Uma vaca pode deixar de produzir,

em função de sua condição corporal ao parto, se multiplicar o valor da produção de leite

obtida no pico da lactação pelo índice 230 (para vaca) e 250 (para novilhas), teremos assim

Page 350: Avaliação de carcaças bovinas

Nutrição de vacas de alta produção

342

o potencial de produção do animal, que ao ser comparado com a produção real obtida no

final da lactação, nos dá o quanto é devido a condição corporal (SOBERANES, 1989).

Manejo nutricional durante a lactação

A exigência da vaca leiteira varia em função da fase de lactação, assim as

recomendações são diferentes entre estas. Abaixo (Tabela 19.2) estão apresentadas as

exigências nutricionais de vacas da raça holandesa em diferentes fases do seu ciclo

produtivo (NRC, 2001).

Tabela 19.2 Exigências nutricionais para vacas da raça holandesa em diferentes fases do

seu ciclo produtivo

Item ou Nutriente

Vaca seca ----------------------------------

Vaca em lactação -------------------------------------------------------------

60-20 pré 20 - parto Recém Início Meio Fim

Peso vivo (kg) 680,00 680,00 680,00 680,00 680,00 680,00

Ingestão de MS (kg) 14,50 10,00 15,50 30,00 23,50 20,50

Produção Leite (kg) - - 35,00 54,00 35,00 25,00

PB (%) 9,90 12,40 19,50 16,70 15,20 14,10

PDR (%) 7,70 9,60 10,50 9,80 9,70 9,50

PNDR (%) 2,20 2,80 9,00 6,90 5,50 4,60

Proteína Metabolizável 6,00 8,00 13,80 11,60 10,20 9,20

ELl (Mcal/ kg MS) 1,32 1,52 2,22* 1,61 1,47 1,36

FDN (%) 40,00 35,00 30,00 28,00 30,00 32,00

FDA (%) 30,00 25,00 21,00 18,00 21,00 24,00

CNF (%) 30,00 34,00 35,00 38,00 35,00 32,00

Cálcio (%) 0,44 0,48 0,79 0,60 0,61 0,62

Fósforo (%) 0,22 0,26 0,42 0,38 0,35 0,32

Magnésio (%) 0,11 0,20 0,29 0,21 0,19 0,18

Cloro (%) 0,13 0,20 0,20 0,29 1,26 1,24

Sódio (%) 0,10 0,14 0,34 0,22 0,23 0,22

Potássio (%) 0,51 0,62 1,24 1,07 1,04 1,07

Enxofre (%) 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20

Vitamina A (KUI) 58,00 60,60 75,00 75,00 75,00 75,00

Vitamina D (KUI) 11,70 12,10 21,00 21,00 21,00 21,00

Vitamina E (UI) 1168,00 1211,00 545,00 545,00 545,00 545,00

Fonte: Adaptado do NRC (2001) * Estas vacas irão perder peso (valores acima de 1,80 Mcal/kg não podem ser alcançados) ** Exigências de microelementos minerais (expressos em ppm): Cobalto 0,11, Cobre 10 a 16,

Iodo 0,3 a 0,4, Ferro 13 a 30, Manganês 14 a 24, Selênio 0,30 e Zinco 22 a 70.

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Gonçalves & Zambom

343

A eficiente utilização dos alimentos pelos animais depende de um suprimento

adequado de energia. As causas de deficiência de energia podem estar associadas á baixa

ingestão e/ou qualidade dos alimentos, resultado, principalmente, do alto teor de fibra ou

baixo conteúdo de matéria seca no alimento.

A máxima ingestão de alimentos após o parto é assegurada por dietas com altas

concentrações energéticas, no entanto, o NRC (2001) sugere de 25% a 33% de fibra em

detergente neutro (FDN) para vacas em lactação, no entanto 75% desta FDN devem ser

provenientes de forragens. Assim, segue abaixo algumas considerações sobre o manejo

alimentar de vacas leiteiras:

em sistemas de semi-confinamento, além da silagem como forragem as vacas,

poderão ter acesso as pastagens, principalmente após a ordenha da manhã e entre

a ordenha da tarde e a da manhã do dia seguinte. As forragens de melhor qualidade

(silagens, feno, pastagens) deverão ser destinadas, prioritariamente, as vacas no

início da lactação;

a complementação forrageira deverá ser à base de ração concentrada, em função do

nível de produção de leite e das condições corporais. Sempre que possível fornecer

às vacas Ração Total Misturada (RTM), onde todos os alimentos (concentrados

como grãos de cereais, sementes de oleaginosas, farelos ou tortas, resíduos

agroindustriais, feno, silagem, minerais, vitaminas e aditivos, se necessário), são

cuidadosamente misturados, o que assegura um fornecimento mais constante de

elementos nutritivos às bactérias do rúmen, além de evitar flutuações indesejáveis do

pH do rúmen;

para as vacas de alta produção, nos primeiros 70 dias de lactação, pode-se fornecer

até 65% de matéria seca da dieta total a ingerir em 24 horas, em ração concentrada,

desde que a forragem não seja unicamente silagem de milho. Nestes casos, limitar o

fornecimento de concentrado à 55% do total da dieta. Na sequência da lactação e

em função do nível de produção, a relação forragem + concentrado vai se alterando.

Recomenda-se, também adicionar no concentrado substâncias tamponantes do

rúmen. A taxa de produção de saliva varia durante um mesmo dia. A taxa de

secreção durante a fase de ingestão é de 2 a 3 vezes mais elevado que durante a

fase de repouso, e em torno de 3,5 vezes mais elevado durante a fase de ruminação

que durante a fase de repouso (CPAQ, 1987). A saliva contém a maioria dos sais e

mais de 70% dos fluídos que entram no rúmen. E como o rúmen é um sistema fluido

(83% - 90% de água) parece evidente que a saliva contribui de forma significativa

Page 352: Avaliação de carcaças bovinas

Nutrição de vacas de alta produção

344

para a digestão microbiana no rúmen. A saliva é uma fonte muito importante de

tampão ruminal;

a ração concentrada deverá ser aumentada, no pós-parto, de forma gradativa até 10

dias de lactação. O desafio do fornecimento de concentrado permite obter um pico

de lactação maior, pois é nesta fase que a vaca pode responder melhor a

suplementação concentrada; o ideal é que a adaptação aos novos alimentos seja

iniciada no final do período seco, visando assim, um melhor funcionamento do

rúmen, com menor incidência de distúrbios metabólicos no inicio de lactação;

considerar sempre que cochos que permanecem vazios por mais de 4 horas num dia

reduzem o consumo. Dar forragens acima (em torno de 10%) do que as vacas

podem comer;

o ideal é que o arraçoamento seja realizado por categorias, sendo o rebanho dividido

no mínimo em: animais até o pico de lactação, animais em início de lactação (até

100 dias de lactação), animais no meio de lactação (101 a 200 dias de lactação),

animais em final de lactação e animais secos (sendo ainda subdivido em dois grupos

- início do período seco (da secagem até 20 dias antes do parto) e final do período

seco (3 semanas antes do parto);

o ajuste da dieta deverá ser feito quinzenalmente, ou no mínimo uma vez por mês;

aqueles animais que apresentarem-se nas fases de início e meio da lactação, com

condição corporal abaixo da pontuação 2,5 terão um abono e receberão uma

suplementação energética (podendo ser ração concentrada, cereais, resíduos da

agroindústria ou uma fonte de gordura protegida - sementes de oleaginosas ou

gordura protegida comercial) a mais até que alcancem uma pontuação ideal (3,0 a

3,5 pontos);

a administração de suplemento vitamínico mineral deverá ser fornecida juntamente

com a ração concentrada e complementado em cochos cobertos localizados em

lugares estratégicos;

a água deverá ficar próxima do local de alimentação, ser limpa e o bebedouro de

fácil higienização;

deve-se assegurar um nível mínimo de ingestão de fibra. O NRC (2001) sugere de

25% a 33% de fibra em detergente neutro (FDN), com no mínio 75% deste FDN

oriundo de forragem. Um nível máximo de 65% de concentrado, com base na

matéria seca da ração total (forragem + concentrado) respeitará este nível.

Page 353: Avaliação de carcaças bovinas

Gonçalves & Zambom

345

A vaca na fase final de lactação, deverá receber quantidades limitadas de

suplementos às forragens a fim de atender suas necessidades de mantença, produção e a

recuperação do peso perdido no início da lactação. É o momento ideal de fornecer os fenos

de qualidades inferiores, enquanto que os bons fenos devem ser distribuídos principalmente

no início da lactação e não de uma maneira uniforme a todas as vacas. A vaca, no momento

da secagem já deve ter alcançado uma condição corporal igual ou superior a 3,0 pontos.

Ao se aproximar o período seco, próximo aos 65 dias antes do parto é eliminado toda

a ração concentrada, diminuindo pela metade o fornecimento de silagem de milho e

limitando também, o consumo de forragens a 1,5 kg de MS por 100 kg de PV (5 kg de feno

para uma vaca de 600 kg) que propicia a ingestão de elementos nutritivos ao nível das

necessidades da vaca seca e ajudará na secagem do leite.

Aos 60 dias, sempre antes do parto, é feita a secagem do animal. As vacas que

estiverem produzindo por volta de 6 ou mais litros de leite por dia, e as vacas com

antecedentes de mastite, devem, no momento da secagem receber, em cada quarto, uma

solução de antibiótico específico para vacas secas, com liberação por várias semanas. Na

maioria das vezes, a secagem pode ser efetuada sem a necessidade do uso de antibiótico.

Todavia, alguns dias após a secagem, cada quarto do úbere deve ser examinado. O fato de

interromper momentaneamente a água durante um dia, quando possível, ajuda muito na

cessação da produção de leite das vacas de alto potencial, as quais ainda podem estar

produzindo mais de 20 kg no momento da secagem.

Ajuste da dieta

O balanceamento de dietas baseadas na relação volumoso:concentrado (V:C) com a

finalidade de balancear os carboidratos estruturais e não estruturais tem por objetivo

propiciar uma combinação de fontes de alimentos que resultarão num contínuo suprimento

de carboidratos fermentáveis após a ingestão. Os alimentos são rotineiramente analisados

para os teores de fibra em detergente neutro (FDN) que, de uma forma acurada, quantifica

os principais componentes da parede celular (celulose, hemiceluloses e lignina). Por meio

da fórmula de Sniffen et al. (1992), obtém-se o valor de carboidratos não fibrosos:

CNF (%) = 100 - (PB + FDN + EE + Cinzas) (01)

Na maioria dos alimentos/dietas, o amido representa a maior parte dos CNF, sendo

incluído nos parâmetros a serem avaliados em uma formulação. Outros representantes do

CNF são açúcares solúveis em água (CSA), pectina e glucanos, mas são os açúcares e o

amido os componentes com maior impacto na função retículo-ruminal. Uma vez que os

Page 354: Avaliação de carcaças bovinas

Nutrição de vacas de alta produção

346

teores de FDN e de CNF dos alimentos são conhecidos, as rações podem ser balanceadas

usando-se os níveis estabelecidos para cada um deles.

Existem fatores que interferem na ingestão de matéria seca da dieta que são:

O efeito das dietas no enchimento do rúmen

Fermentabilidade ruminal das dietas

Gordura insaturada que chega ao intestino

Outros nutrientes que limitam a produção de leite

Nesses casos o teor de FDN da dieta é muito importante por estar muito ligado a

esses fatores. O objetivo de formular dietas com base nos carboidratos é obter um baixo

enchimento ruminal, dietas altamente fermentáveis que resultam em uma fermentação

ruminal consistente ao longo do tempo.

O teor de FDN pode ser eficientemente utilizado para definir os limites inferiores de

relação V:C, quando misturas contendo forragens longas ou grosseiramente picadas são

fornecidas. Porém, quando são utilizadas forragens finamente picadas ou fontes de fibra não

forrageira, o teor de FDN é menos adequado (MERTENS, 1997).

Recomendações gerais de FDN dietético apontam para um nível ótimo (que

maximiza a ingestão de energia pelas vacas no início da lactação) entre 25% a 35% da MS.

O nível de FDN dentro desse intervalo está na dependência da vaca ou grupo de vacas, dos

alimentos disponíveis e do sistema de alimentação adotado. A Figura 19.2 ilustra os fatores

primários que afetam a concentração ótima de FDN da dieta ou ração total, e que serão

interpretados em seguida.

Considerações finais

Os diferentes fatores acima são importantes na formulação das dietas para

maximizar o consumo de energia e a produção da proteína microbiana. As dietas devem ser

formuladas avaliando a resposta da vaca às alterações na dieta e ajustando a dieta com

base nesta resposta (produção de leite, escore corporal).

Para um manejo adequado na lactação, deve-se levar em consideração a condição

corporal, fase da lactação e a produção de leite. O rebanho deve ter o fornecimento de

alimentos contendo níveis de proteínas não degradáveis no rúmen, compatíveis com cada

fase da lactação. Deverá ainda dobrar os cuidados com as vacas de alta produção,

sobretudo no período pré e pós-parto, onde reside a maioria dos problemas metabólicos e

Page 355: Avaliação de carcaças bovinas

Gonçalves & Zambom

347

sanitários, decorrentes de erros de manejo alimentar e nutricional, como acetonemia, febre

do leite, retenção de placenta, mastite, entre outros.

Figura 19.2 Concentrações dietéticas de FDN na ração total e procedimento nutricional a ser tomado nas diferentes situações de balanceamento e alimentação. Fonte: Adaptado de Allen (1995) e Gomes et al. (2007)

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Capítulo 20

Avaliação de carcaças bovinas

Ana Maria Bridi

Ana Paula de Souza Fortaleza

Universidade Estadual de Londrina, Centro de Ciências Agrárias,Departamento de Zootecnia. Rodovia Celso Garcia Cid (PR 445), Km 380 Campus Universitário, Londrina, PR

A população bovina no Brasil é de aproximadamente 209 milhões de cabeças (IBGE,

2014), quantidade que representa mais que o dobro da população de bovinos nos Estados

Unidos, que é de aproximadamente 87,7 milhões de cabeças. Entretanto, a produção de

carne brasileira é 36% inferior à norte americana e fatores como a baixa taxa de natalidade,

idade avançada ao abate (em torno de 3,5 anos) e carcaças com conformação inferior

contribuem para a menor eficiência de produção em nosso país.

Em 2013 o Brasil, maior exportador mundial de carne bovina, exportou 1,183 milhões

de toneladas de carne in natura, principalmente para países como Rússia, Hong Kong,

Egito, Venezuela e Chile (ABIEC, 2014). Apesar do grande volume de carne exportada, a

maior parte da produção brasileira, aproximadamente 87,6% é destinada ao consumo

interno (Contini et al., 2013). O consumo per capita apresentou aumento de 2% entre os

anos de 2012 e 2013 e estima-se que neste ano o consumo tenha sido de 40 kg/pessoa/ano

(ABIEC, 2013).

Para atender tanto as demandas quanto as exigências externas e internas é preciso

melhorar continuamente a qualidade das carcaças e da carne bovina produzida. Neste

contexto, a avaliação das características de carcaça dos bovinos abatidos é uma ferramenta

importante para avaliar se o país está ou não se adequando às exigências, não só dos

países importadores, mas também dos consumidores brasileiros que, a cada dia, exigem

carne de melhor qualidade.

No Brasil, os parâmetros utilizados para classificação de carcaças, segundo a

Instrução Normativa No 9 de 4 de maio de 2004 do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (Brasil, 2004) são: classe sexual, idade, peso da carcaça quente e a

avaliação subjetiva do grau de acabamento. Entretanto, outras medidas podem ser

utilizadas na avaliação das carcaças bovinas, como: conformação, quantidade de gordura

Page 358: Avaliação de carcaças bovinas

Avaliação de carcaças bovinas

350

interna, espessura de gordura, área de olho de lombo, rendimento de cortes, grau de

marmoreio e cor da carne.

A classe sexual (Tabela 20.1) é importante para a determinação da qualidade da

carcaça. Devido ao dimorfismo sexual, a deposição dos tecidos é diferente entre machos,

machos castrados e fêmeas. A taxa anabólica de deposição de tecido muscular é superior

nos machos em relação às fêmeas e a deposição de tecido adiposo é mais tardia.

Consequentemente, ao abate em idades semelhantes, as fêmeas apresentarão maior

quantidade de tecido adiposo em relação aos machos. Para os bovinos castrados, a taxa de

deposição do tecido adiposo é intermediária em relação a essas duas classes sexuais.

Tabela 20.1 Classes sexuais utilizadas para tipificar carcaças bovinas no Brasil, União

Européia e Estados Unidos da América

Brasil União Européia Estados Unidos da América

Macho inteiro Macho jovem sem castrar

(menos 2 anos)

Machos inteiros jovens

Macho castrado Outros machos sem castrar Novilhos

Novilha Machos castrados Machos castrados

Vaca de descarte Novilhas Novilhas

Outras fêmeas Vacas

Usualmente, a classe sexual é determinada por meio do exame dos caracteres

sexuais primários, no entanto, a avaliação das carcaças também permite a determinação do

sexo (Figura 20.1). Carcaças de machos possuem ligamento suspensor do pênis, o músculo

grácil é menor e mais circular que nas fêmeas e a tuberosidade púbica se apresenta mais

desenvolvida e curvada. Já as carcaças de fêmeas apresentam a cavidade pélvica mais

desenvolvida e gordura na região do úbere mais suave.

A idade ao abate determina a proporção dos tecidos que compõe a carcaça, bem

como, a qualidade da carne. De acordo com as curva de crescimento alométrico, o tecido

ósseo se desenvolve mais precocemente, seguido pelo tecido muscular e finalmente pelo

tecido adiposo. Desta maneira, a proporção de músculo na carcaça aumenta com o

incremento do peso corporal do animal, durante o período anterior ao acúmulo rápido de

gordura, para depois diminuir na fase de terminação, onde há aumento da proporção de

tecido adiposo.

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Bridi & Fortaleza

351

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Avaliação de carcaças bovinas

352

A maciez da carne também é influenciada pela idade dos animais. Com o avançar da

idade há aumento do número de ligações cruzadas intra e intermoleculares de

tropocolágeno, molécula que compõe as fibrilas do colágeno. Essas ligações, chamadas de

piridinolina, conferem maior estabilidade à molécula, mas em contrapartida, aumentam a

insolubilidade do colágeno tornando a carne mais dura.

A maturidade (idade) pode ser estimada pela avaliação da dentição, observando-se a

presença de dentes incisivos permanentes (Figura 20.2).

Animal zero dente Sem queda das pinças da

primeira dentição

Animal dois dentes Dois dentes definitivos

(pinças) sem queda dos primeiros médios

Animal quatro dentes Quatro dentes definitivos

(pinças e primeiros médios) sem queda dos segundos

médios

Menos de 24 meses 20 a 24 meses zebuínos

18 a 24 meses taurinos 30 a 36 meses Zebuínos 24 a 31 meses taurinos

Animal seis dentes

Seis dentes definitivos (pinças, primeiros médios e

segundos médios) sem queda dos cantos

Animal oito dentes Oito dentes incisivos

definitivos

Desgaste dos dentes Incisivos

42 a 48 meses zebuínos

32 a 43 taurinos 52 a 60 meses zebuínos

36 a 56 taurinos Bovinos com mais de 6 anos

Figura 20.2 Estimativa da idade dos bovinos através da avaliação dos dentes incisivos.

A maturidade dos bovinos também pode ser estimada pelo tamanho, formato, grau

de ossificação das cartilagens e pela cor e textura da carne do longissimus dorsi

(Tabela 20.2). Animais jovens possuem cartilagem no topo de cada osso da coluna vertebral

e nos discos intervertebrais, as quais durante o desenvolvimento vão gradualmente

ossificando. O processo se inicia pelas vértebras sacrais, passando pelas lombares e

finalizando nas torácicas. O formato dos ossos também se modifica com o avançar da idade.

Page 361: Avaliação de carcaças bovinas

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353

Os ossos de animais jovens são porosos e macios, a cartilagem apresenta coloração

perolada, as costelas são estreitas, a medula vermelha e as vértebras sacrais apresentam

separação distinta.

Em relação ao tecido muscular, em animais jovens sua coloração é vermelha clara

com textura fina. Textura mais grosseira e coloração mais escura são características do

tecido muscular de animais mais velhos.

O peso de carcaça, outro parâmetro para classificação das carcaças no Brasil, deve

ser verificado na carcaça quente. De acordo com Brasil (2004), entende-se por carcaça o

animal abatido, sangrado, esfolado, eviscerado, desprovido de cabeça (separada entre o

osso occipital e atlas), patas (seccionadas à altura das articulações carpo-metacarpiana),

rabada, órgãos genitais externos, gordura perirrenal e inguinal, ferida de sangria, medula

espinhal, diafragma e seus pilares.

A conformação indica a distribuição e a proporção de diferentes partes que compõem

a carcaça, indicando o desenvolvimento do animal e a proporção dos tecidos musculares e

adiposo em relação ao tamanho do esqueleto. Pode ser determinada de maneira objetiva,

através de medidas na carcaça, ou subjetivamente por meio de uma escala de pontuação

baseada em padrões fotográficos.

A análise subjetiva da conformação classifica as carcaças em convexa, sub-convexa,

retilínea, sub-retilínea e côncava. A União Européia utiliza uma escala de seis pontos:

Superior (S), Excelente (E), Muito Boa (U), Boa (R), Mediana (O) e Ruim (P), sendo que

cada categoria pode ser subdividida em três (E-, E, E+), totalizando 18 classes

(Figura 20.3).

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As raças zebuínas, extremamente difundidas no Brasil em virtude da adaptabilidade

às condições tropicais, apresentam conformação mediana de carcaça. No entanto, de

acordo com Warris (2000) o melhoramento genético tem sido direcionado para obtenção de

animais de melhor conformação, apresentando maior espessura de carne, músculos mais

definidos e maior produção de carne magra.

A conformação da carcaça pode ser objetivamente avaliada através de medidas

morfológicas como: comprimento de carcaça, profundidade da carcaça, espessura,

comprimento e perímetro de coxão, área do músculo longissimus dorsi e proporção de

carne, gordura e osso na carcaça (Figura 20.4).

O grau de acabamento é determinado de acordo com a distribuição e espessura da

gordura subcutânea, e é dividido em cinco classes: magra (1 = ausência total de gordura),

escassa (2 = cobertura de gordura de 1 a 3 mm), mediana (3 = cobertura de gordura de 3 a

6 mm), uniforme (4 = camada de 6 a 10 mm de gordura) e excessiva (5 = espessura de

gordura superior a 10 mm). Cada classe pode ser subdividida em três (uniforme -, uniforme

e uniforme +), totalizando 15 classes (Figura 20.5).

Baixo grau de acabamento na carcaça pode provocar, durante o resfriamento, maior

perda de peso da carcaça (desidratação), escurecimento da carne e o encurtamento celular

(sarcômeros), resultando em carne mais dura. Por outro lado o excesso de gordura, além de

indesejável nutricionalmente, diminui o rendimento da porção comestível e ocasiona maior

refile para posterior comercialização, aumentando o custo operacional e desperdícios.

Assim, carcaças classificadas com grau de acabamento entre 3 e 4, ou seja com espessura

de gordura subcutânea variando de 3 a 10 mm, são as mais indicadas.

A avaliação objetiva da quantidade de gordura de cobertura (subcutânea) pode ser

realizada na carcaça resfriada, entre a 12ª e 13ª costela, a três quartos do comprimento do

lombo a partir do osso.

A gordura intramuscular (marmoreio) garante à carne maior suculência, aroma, sabor

e maciez. Também confere valor nutritivo, como fonte de energia, de ácidos graxos

essenciais e de vitaminas lipossolúveis. A quantidade de gordura intramuscular é verificada

com o auxílio de um padrão fotográfico (Figura 20.6). Compara-se a amostra com o padrão,

atribuindo-lhe uma nota.

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Bridi & Fortaleza

357

Comprimento de carcaça

Corresponde à

distância do bordo

anterior do osso púbis

ao bordo cranial

medial da primeira

costela

Largura da carcaça

Representa a distância

do bordo inferior do

esterno ao bordo

inferior do canal

medular entre a quinta

e sexta vértebra dorsal.

Corresponde à

distância entre o ponto

médio da articulação

tarso-metatarsiana e o

bordo anterior da

sínfese isquio-pubiano

Comprimento da perna

Espessura e perímetro de coxão

Espessura do coxão:

distância entre as faces

lateral e medial da porção

superior do coxão

Perímetro do coxão:

O perímetro máximo da

perna é medido passando

pela estrela

Área de olho de lombo

• Avaliado entre a 12a e 13a costela

Porcentagem de carne, gordura e osso

• Dissecação da 9a, 10a e 11a

costelas (Hankins e Howe, 1946)

• Dissecação da 10a, 11a e 12ª

costelas (Adaptação de Muller et

al., 1973)

• Dissecação da 6a costela (Robelin

et al, 1975)

Figura 20.4 Medidas objetivas para avaliação da conformação de carcaças bovinas.

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Avaliação de carcaças bovinas

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Aferir o pH da carne de bovinos, 24 horas após o abate, é de suma importância.

Animais que sofreram estresse ou jejum muito prolongado antes do abate, têm suas

reservas de glicogênio muscular diminuídas e o pH irá permanecer, após 24 horas do abate,

acima de 6,0. A carne desses animais irá apresentar uma anomalia conhecida como DFD

(sigla do inglês Dark, Firm and Dry, que significa uma carne de cor escura, textura firme e

que retém muita água no seu interior). Entre sexos, os machos inteiros apresentam maior

incidência de DFD, porque são mais agitados no momento do abate.

Quando o pH está em torno de 6,0 as proteínas miofibrilares ficam muito acima de

seu ponto isoelétrico, o que aumenta o número de cargas negativas das proteínas. Assim, a

água se liga às proteínas miofibrilares, aumentando a capacidade de retenção de água da

carne. Por isso, a luz é pouco refletida dando a aparência escura à carne.

A carne DFD é rejeitada pelo consumidor quando é vendida in natura devido a sua

aparência. Também possui um prazo de validade menor porque seu pH é mais propício ao

desenvolvimento de bactérias. Entretanto, ela é muito útil para a confecção de produtos

cozidos, como salsichas e presuntos, por aumentar o rendimento tecnológico, perdendo

menos água durante seu processamento.

Considerações finais

A avaliação das carcaças bovinas objetiva separa-las em grupos homogêneos, o que

facilita a comercialização, tanto àquelas destinadas à exportação, como àquelas que serão

disponibilizadas ao mercado interno. Neste contexto tanto o consumidor como o produtor se

beneficiam. O consumidor por ter acesso às informações sobre a qualidade do produto que

está adquirindo e o produtor pela possibilidade de ser melhor remunerado.

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