avaliação de genótipos de heliconia spp. sob cultivo a pleno sol e

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ LÚCIO MAURO HOHLENWERGER ARGÔLO AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE HELICONIA spp. SOB CULTIVO A PLENO SOL E CABRUCA. ILHÉUS-BAHIA 2009

Author: haxuyen

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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

    LCIO MAURO HOHLENWERGER ARGLO

    AVALIAO DE GENTIPOS DE HELICONIA spp. SOB CULTIVO A PLENO SOL

    E CABRUCA.

    ILHUS-BAHIA 2009

  • ii

    LCIO MAURO HOHLENWERGER ARGLO

    AVALIAO DE GENTIPOS DE HELICONIA spp. SOB CULTIVO A PLENO SOL E CABRUCA.

    Dissertao apresentada, para obteno do ttulo de mestre em Produo Vegetal, Universidade Estadual de Santa Cruz. rea de concentrao: Produo Vegetal Orientadora: DSc. Norma Eliane Pereira

    ILHUS-BAHIA 2009

  • iii

    LCIO MAURO HOHLENWERGER ARGLO

    AVALIAO DE GENTIPOS DE HELICONIA spp. SOB CULTIVO A PLENO SOL

    E CABRUCA. Ilhus- BA, 20/06/2009

    Norma Eliane Pereira DSc. UESC

    (Orientadora)

    Drio Ahnert PhD UESC

    Joo Sebastio de Paula Arajo PhD. UFRRJ

    Fernanda Vidigal Duarte Souza DSc EMBRAPA-CNPMF

  • iv

    DEDICATRIA

    A minha esposa Poliana e meu filho Luan, ao meu pai Dilson e minha me Nadir,

    meu sogro Jos e minha sogra Maria Vitoria, alm de minhas irms Mrcia e Liu e

    sobrinhos Igor e Isa, sem esquecer da minha tia Beatriz e meu tio Ramiro que, com

    muito carinho e apoio no mediram esforos para que eu chegasse at esta etapa

    de minha vida, dedico.

  • v

    AGRADECIMENTOS

    Deus que, que sempre me guiou nas minhas conquistas me acalentando nos

    momentos de aflio.

    Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), pela oportunidade de realizao do

    Curso de Mestrado e a disponibilidade da rea para a implantao do experimento.

    Ao Programa de Ps-Graduao em Produo Vegetal (PPGPV) da Universidade

    Estadual de Santa Cruz.

    CAPES, pela bolsa que viabilizou parte dos estudos.

    Ao produtor e aluno de graduao Luciano Lima, pela doao do material vegetal.

    Em especial ao funcionrio de campo e amigo Esmeraldino Rosa dos Santos pelo

    valoroso esforo e apoio disponibilizado durante todo o perodo.

    Aos amigos e colegas de mestrado Isamire, Diego, Mayana e Junea, pelo dialogo,

    apoio e conforto oferecido nas horas difceis.

    A professora Norma Eliane Pereira pelo auxlio em todas as etapas deste trabalho.

    Aos professores Srgio Jos Ribeiro de Oliveira e Jos Cludio Faria pelas

    sugestes e anlises estatsticas deste trabalho.

    A todos, que de alguma forma, contriburam para a realizao deste trabalho.

    Deixo aqui meu muito obrigado!

  • vi

    AVALIAO DE GENTIPOS DE HELICONIA spp. SOB CULTIVO A PLENO SOL E CABRUCA.

    RESUMO

    O presente trabalho teve como objetivo avaliar diferentes acessos de helicnia sob

    dois ambientes de cultivo (pleno sol e cabruca). Para tal, seis caracteres botnicos

    foram analisados em quatro diferentes intervalos de avaliao (210, 255, 300 e 345

    dias aps a instalao do experimento). Os dados foram submetidos a anlise

    multivariada Biplot. As variveis altura de pseudocaule (ALTPC), rea da seo

    transversal do pseudocaule (AREPC), comprimento do pecolo (COMP),

    comprimento do limbo foliar (COMLF) e largura do limbo foliar (LARLF)

    apresentaram correlao entre si e no foram correlacionados com a varivel

    nmero de perfilhos (NUMP), com exceo da varivel COMLF, que apresentou

    correlao significativa com NUMP nas primeiras avaliaes e diminui seu grau de

    relao com a mesma ao longo das avaliaes. As variveis ALTPC, COMP,

    COMLF e LARLF mostraram-se altamente correlacionados nos dois ambientes

    experimentais. As espcies que apresentaram maiores valores para a varivel

    ALTPC, AREPC, COMP, COMLF e LARLF foram Heliconia wagneriana, seguida de

    H. latispatha Bentham cv. Orange Gyro e H. pendula nos ambientes pleno sol e

    cabruca; as espcies que apresentaram menores valores para estas mesmas

    variveis foram Heliconia psittacorum, H. nickerensis e Heliconia psittacorum var.

    Sassy sob cabruca. As espcies cultivadas no ambiente cabruca obtiveram

    desempenho inferior que as cultivadas no ambiente pleno sol para a varivel NUMP

    em todas as avaliaes. As espcies H. psittacorum L.f. x H. spathocircinata

    Aristeguieta cv. Alan Carle, H. psittacorum L.f. x H. spathocircinata Aristeguieta cv.

    Golden Torch, H. wagneriana e H. nickerensis (H. psittacorum x H. marginata) em

    ambiente pleno sol foram as que apresentaram maior NUMP, j os piores

    desempenhos foram verificados para espcies H. pendula, H. latispatha Bentham cv.

    Orange Gyro, H. episcopalis e Heliconia psittacorum var. Sassy sob cabruca. O

    ambiente pleno sol apresentou maior variao para a varivel NUMP que o ambiente

    cabruca, separando as espcies quanto a habilidade de perfilhamento; enquanto o

    ambiente cabruca apresentou maior variao que o ambiente pleno sol para as

    variveis mtricas, separando as espcies pelas dimenses dos caracteres

    botnicos e seu porte.

  • vii

    Palavras-chave: Heliconiaceae, desenvolvimento, componentes principais,

    germoplasma, biplot.

  • viii

    EVALUATION OF HELICONIA spp. GENOTYPES GROWN IN THE FULL SUN AND UNDER CABRUCA.

    ABSTRACT

    The objective of this investigation was to evaluate different heliconia accessions

    under two growing environments (full sun and cabruca). To accomplish that, six

    botanical characters were analyzed at four different evaluation intervals (210, 255,

    300, and 345 days after installation of the experiment). The data were submitted to a

    multivariate analysis Biplot. The variables pseudostem height (PSH), pseudostem

    transverse section area (PSTSA), petiole length (PTL), leaf blade length (LBL), and

    leaf blade width (LBW) showed correlation with one another but were not correlated

    with number of shoots (NSH), with the exception of variable LBL, which showed

    significant correlation with NSH in the initial evaluations and then decreased its

    degree of correlation with time. The variables PSH, PTL, LBL, and LBW were highly

    correlated in both experimental environments. The species with the highest values for

    variables PSH, PSTSA, PTL, LBL, and LBW were Heliconia wagneriana, followed by

    H. lattispatha Bentham cv. Orange Gyro, and H. pendula in the full sun and cabruca

    environments; the species with the lowest values for the same variables were

    Heliconia psittacorum, H. nickerensis, and Heliconia psittacorum var. Sassy under

    cabruca. In all evaluations, the species grown in the cabruca environment achieved a

    poorer performance for variable NSH than those grown in the full sun environment.

    The species H. psittacorum L.f. H. spathocircinata Aristeguieta cv. Alan Carle, H.

    psittacorum L. f. H. spathocircinata Aristeguieta cv. Golden Torch, H. wagneriana,

    and H. nickerensis (H. psittacorum H. marginata) in the full sun environment

    showed the highest NSH values; the poorest performances were observed for the

    species H. pendula, H. latispatha Bentham cv. Orange Gyro, H. episcopalis, and

    Heliconia psittacorum var. Sassy under cabruca. The full sun environment showed

    greater variation for the NSH variable than the cabruca environment, thus separating

    the species with regard to their shooting ability; the cabruca environment, in turn,

    showed greater variation than the full sun environment for metric variables,

    separating the species by their botanical characters dimensions and by their size.

    Keywords: Heliconiaceae, development, principal components, germplasm, biplot.

  • ix

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Aspecto morfolgico da planta de Heliconia psittacorum................ 8 Figura 2 Hbitos de crescimento das helicnias: A) muside; B) canide;

    C) zingiberide................................................................................ 9 Figura 3 Caractersticas das inflorescncia: A) Em espiral ereta; B) Dstica

    e pendente....................................................................................... 11 Figura 4 Dez espcies de helicnias utilizadas no experimento:

    A) Heliconia psittacorum cv. Suriname Sassy; B - H. psittacorum X H. spathocircinata Aristeguiela cv. Golden Torch; C - H. episcopalis; D - H. psittacorum; E - H. pendula; F - H. nickerense; G H. wagneriana; H - H. latispatha Orange Gyro; I - H. psittacorum X H. spathocircinata Aristeguiela cv. Alan Carle e J - H. richardiana................................................................................. 27

    Figura 5 rea de cabruca aonde foi implantado o experimento.................... 28 Figura 6 Temperatura e precipitao mdia de maro de 2008 a abril de

    2009 em Ilhus, Bahia. Fonte:CPTE/INPE. http://www.cptec.inpe.br/.................................................................

    34

    Figura 7 Temperatura mdia nos ambientes pleno sol e cabruca no dia 08/04/2009 na Fazenda Santa Cruz (UESC) em Ilhus, Bahia......

    36

    Figura 8 Radiao fotossinteticamente ativa no dia 08/04/2009 em pleno sol e cabruca na Fazenda Santa Cruz (UESC) em Ilhus, Bahia...

    36

    Figura 9 Biplot da relao entre 6 descritores(ALTPC=altura de pseudo-caule, AREPC=rea do pseudo-caule, COMP=comprimento de pecolo, COMLF=comprimento de limbo, LARLF= largura de limbo e NUMP=nmero de perfilho, 9 espcies de Heliconia, dois ambientes (smbolos em preto= cabruca, smbolos em cinza=pleno sol) nas avaliaes aos 210 DAP...............................

    40 Figura 10 Biplot da relao entre 6 descritores(ALTPC=altura de pseudo-

    caule, AREPC=rea do pseudo-caule, COMP=comprimento de pecolo, COMLF=comprimento de limbo, LARLF= largura de limbo e NUMP=nmero de perfilho, 9 espcies de Heliconia, dois ambientes (smbolos em preto= cabruca, smbolos em cinza=pleno sol) nas avaliaes aos 255 DAP.............................. 41

    Figura 11 Biplot da relao entre 6 descritores(ALTPC=altura de pseudo-caule, AREPC=rea do pseudo-caule, COMP=comprimento de pecolo, COMLF=comprimento de limbo, LARLF= largura de limbo e NUMP=nmero de perfilho, 9 espcies de Heliconia, dois ambientes (smbolos em preto= cabruca, smbolos em cinza=pleno sol) nas avaliaes aos 300 DAP............................... 42

    Figura 12 Biplot da relao entre 6 descritores(ALTPC=altura de pseudo-caule, AREPC=rea do pseudo-caule, COMP=comprimento de pecolo, COMLF=comprimento de limbo, LARLF= largura de limbo e NUMP=nmero de perfilho, 9 espcies de Heliconia, dois ambientes (smbolos em preto= cabruca, smbolos em cinza=pleno sol) nas avaliaes aos 345 DAP............................... 43

  • x

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Argumentos da funo decomposio de valor singular (svd) do ambiente R .................................................................... 31

    Tabela 2 Resultados da funo svd do ambiente R.................. 31 Tabela 3 Autovalores, variao acumulada e variao total aos 210, 255, 300

    e 245 DAP............................................................................................ 37 Tabela 4 Componentes principais das avaliaes aos 210, 255, 300 e 345

    dias aps plantio(DAP)........................................................................ 38 Tabela 5 Valores mdios das variveis altura de pseudo-caule (ALTPC), rea

    do pseudo-caule (AREPC), comprimento de pecolo (COMP), comprimento de limbo (COMLF), largura de limbo (LARLF) e nmero de perfilho (NUMP) das diferentes espcies de heliconia aos 210 DAP........................................................................................

    45 Tabela 6 Valores mdios das variveis altura de pseudo-caule (ALTPC), rea

    do pseudo-caule (AREPC), comprimento de pecolo (COMP), comprimento de limbo (COMLF), largura de limbo (LARLF) e nmero de perfilho (NUMP) das diferentes espcies de Heliconia aos 255 DAP........................................................................................

    47 Tabela 7 Valores mdios das variveis altura de pseudo-caule (ALTPC), rea

    do pseudo-caule (AREPC), comprimento de pecolo (COMP), comprimento de limbo (COMLF), largura de limbo (LARLF) e nmero de perfilho (NUMP) das diferentes espcies de Heliconia aos 300 DAP........................................................................................

    48 Tabela 8 Valores mdios das variveis altura de pseudo-caule (ALTPC), rea

    do pseudo-caule (AREPC), comprimento de pecolo (COMP), comprimento de limbo (COMLF), largura de limbo (LARLF) e nmero de perfilho (NUMP) das diferentes espcies de Heliconia aos 345 DAP........................................................................................

    50

  • xi

    SUMRIO

    Resumo..................................................................................................... vi Abstract ................................................................................................... Viii 1. INTRODUO........................................................................................... 1 2. REVISO DE LITERATURA..................................................................... 4 2.1. Origem e Distribuio das Helicnias........................................................ 4 2.2. Classificao Taxonmica......................................................................... 5 2.3. Descrio Botnica.................................................................................... 7 2.3.1. Planta......................................................................................................... 7 2.3.2. Inflorescncias........................................................................................... 9 2.3.3. Rizomas..................................................................................................... 12 2.3.4. Propagao................................................................................................ 13 2.4. Exigncias Climticas e Manejo do Cultivo.............................................. 13 2.5. Explorao Comercial, Colheita e Ps-Colheita........................................ 17 2.6. Causas da eroso gentica e perda de diversidade gentica do gnero

    heliconia no Brasil...................................................................................... 20

    2.7. Importncia Econmica da Floricultura...................................................... 21 2.8. Interao Gentipos por ambientes........................................................... 23 2.9. Cabruca...................................................................................................... 24 3. MATERIAL E MTODOS.......................................................................... 26 3.1 Material Vegetal......................................................................................... 26 3.2. Ambiente Cabruca..................................................................................... 26 3.3. Ensaio Experimental.................................................................................. 28 3.4 3.5

    Tratos Culturais e Manejo Cultural............................................................. Anlise Estatstica......................................................................................

    29 30

    3.5.1. Anlise Multivariada................................................................................... 30 3.5.2. Estimativa de Correlao Simples............................................................. 32 4. RESULTADOS E DISCUSSO................................................................. 34 4.1. Fatores Ambientais.................................................................................... 34 4.2. Biplot.......................................................................................................... 37 4.2.1. Relao entre as variveis......................................................................... 38 4.2.2. Associao entre as espcies e variveis................................................. 43 4.2.3. Influncia dos ambientes........................................................................... 47 5. CONCLUSES.......................................................................................... 52 REFERNCIAS.......................................................................................... 54 ANEXOS....................................................................................................

    ... 61

  • 1

    1. INTRODUO

    O mercado mundial de flores movimenta aproximadamente US$ 60 bilhes

    por ano, sendo a Holanda o principal exportador e produtor mundial de flores com

    48% das exportaes, seguido da Colmbia com 6%. Holanda, Itlia, Alemanha e

    Japo tm grande tradio no cultivo e consumo de flores, porm novos centros de

    produo tm surgido na Amrica Latina, frica e sia (BUNAINAN; BATALHA,

    2007; JUNQUEIRA; PEETZ, 2008; SHEELA, 2008).

    O Agronegcio de flores no Brasil tem ampliado sua rea, mercado, qualidade

    e ramificao nas regies do pas, com uma estimativa de aumento de produo de

    20% a cada ano (BUNAINAN; BATALHA, 2007). O principal mercado da floricultura

    brasileira o interno, que em 2007 atingiu 1,3 bilhes de dlares e, apesar de

    exportar para mais de 40 pases, esta exportao representou somente 0,22% do

    mercado internacional e 3% da produo nacional (BUNAINAN; BATALHA, 2007).

    No eixo Sul-Sudeste se concentram, atualmente, aproximadamente 70% da

    produo de flores no Brasil. Entretanto nos ltimos anos o Nordeste tem ampliado

    sua rea de produo com destaque para os estados de Pernambuco, Cear,

    Alagoas e Bahia, na produo de flores tropicais. A produo de flores tropicais na

    Bahia se concentra nos litorais Norte e Sul, sendo que, neste ltimo o municpio de

    Ilhus se destaca com mais de 40 ha plantados com heliconias, alpneas, basto do

    imperador, tapeinquilo, antrios, alm de outras espcies (BRAINER; OLIVEIRA,

    2006; JUNQUEIRA; PEETZ, 2008).

    A famlia Heliconiaceae, da ordem Zingiberales, representada por um nico

    gnero, Heliconia, com mais de 350 variedades. As helicnias apresentam

    perspectivas promissoras como flores de corte por possurem caractersticas

  • 2

    fundamentais comercializao como beleza, resistncia ao transporte e

    durabilidade aps a colheita (CASTRO, 1993; SHEELA, 2008).

    A radiao solar influencia diretamente os processos metablicos que

    determinam o crescimento e a produo de heliconias. Cada espcie tem diferentes

    necessidades de luminosidade para florescer, mas em geral preferem pleno sol ou

    sombreamento parcial (BERRY; KRESS, 1991; SHEELA, 2008). A produo de

    inflorescncias em Heliconia pode reduzir consideravelmente com a diminuio da

    luminosidade. O hbrido de Heliconia psittacorum x H. sparthocircinata var. Golden

    Torch chega a produzir 130 inflorescncias touceira/ ano a pleno sol, j com 37% de

    luminosidade mdia produziu 35 inflorescncias touceira/ ano nas condies do

    Havai (KRESS et al., 1999). Alm disto, a intensidade luminosa influencia na

    espessura da lmina foliar e do mesfilo, que se tornam mais delgados medida

    que a disponibilidade de luz diminui, j que a quantidade de clorofila aumenta para

    captar energia suficiente para realizar fotossntese (KATTAN; GUARIGUATA, 2002).

    Na regio Sul da Bahia, a maior parte das lavouras de cacau foi implantada

    sob a floresta nativa raleada em um sistema conhecido como cabruca. Nesse

    sistema retira-se o sub-bosque e parte das rvores de dossel da floresta,

    conservando-se as rvores de maior porte para sombrear o cacau (FRANCO et al.,

    1994). O cacau-cabruca pode ser conceituado como um sistema agrossilvicultural,

    onde uma cultura de valor econmico implantada sob a proteo das rvores

    remanescentes de forma descontnua e circundada por vegetao natural,

    estabelecendo relaes estveis com os recursos naturais associados (LOBO et

    al., 1997).

    Dentre os vegetais encontrados no sistema cacau-cabruca trs espcies de

    interesse floricultura tropical se destacam: as helicnias, pertencentes famlia

  • 3

    Heliconiaceae; as bromlias, epfitas, pertencentes famlia Bromeliaceae; e por fim

    as orqudeas, epfitas, pertencentes famlia Orquidaceae. Estas trs espcies

    apresentam um grande potencial florstico, que pode ser utilizado de forma racional e

    sustentvel, gerando lucros significativos para a regio, graas ao grande interesse

    nacional e internacional por estas plantas (ALMEIDA FILHO et al., 2002).

    O presente trabalho teve como objetivo avaliar acessos de helicnia da

    coleo de germoplasma da UESC quanto ao seu comportamento em diferentes

    pocas de avaliao, cinco caracteres botnicos e um agronmico, sob duas

    condies ambientes, cabruca e pleno sol.

  • 4

    2. REVISO DE LITERATURA

    2.1.Origem e Distribuio das Helicnias

    A famlia Heliconiaceae amplamente distribuda na Amrica Central e do

    Sul, ilhas Caribenhas e algumas ilhas do Pacfico Sul, sendo que a diversidade

    observada sugere como o centro de origem do gnero o noroeste da Amrica do

    Sul, regio caracterizada pelo elevado ndice pluviomtrico e com altitudes que vo

    de 0 a 2000 metros, embora poucas sejam aquelas restritas regies mais altas

    (ANDERSON, 1989; SHEELA, 2008). Criley (1988) estima entre 120 e 250 espcies

    de Heliconias nos trpicos. Na Colmbia estima-se que existam mais de cem

    espcies de heliconia. As helicnias predominantemente se adaptam melhor em

    regies midas, mas h espcies adaptadas s reas de secas peridicas (CRILEY;

    BROSCHAT, 1992). Algumas espcies so encontradas em florestas montanhosas,

    ainda que as mais exuberantes encontram-se em terras baixas tropicais,

    especialmente as espcies colonizadoras de crescimento contnuo, ao longo de

    estradas, beira de rios e em clareiras de florestas midas, matas ciliares e

    matas de galeria. Em habitat de campo aberto, caracterizado por alta irradiao

    solar, as helicnias podem apresentar mais de seis metros de altura e formam

    densos agrupamentos com 50 perfilhos ou mais (RUNDEL et al., 1998). Como

    resultado do cultivo comercial e sua popularizao como flor de corte e uso no

    paisagismo, as helicnias so hoje encontradas em todas as regies tropicais

    do mundo, mesmo em reas onde no so nativas, como Hawai e nas Ilhas

    Fidji, onde se adaptaram to bem que so encontradas naturalmente (BERRY;

    KRESS, 1991).

  • 5

    2.2 Classificao Taxonmica

    A famlia Heliconiacea parte da ordem Zingiberales (Scitamineae,

    Scitaminales), sendo uma das oito famlias que compem esta ordem junto com:

    Zingiberaceae, Costaceae, Marantaceae, Cannaceae, Lowiaceae, Musaceae e

    Strelitziaceae (CASTRO, 1995b). H vrias caractersticas que fazem desta, uma

    ordem de fcil reconhecimento, destacando-se as folhas largas e grandes, pecolos

    longos, brcteas e inflorescncia com cores vistosas (BERRY; KRESS, 1991).

    Originalmente includo na famlia Musaceae (a famlia das bananeiras), o

    gnero Helicnia mais tarde passou a constituir a famlia Heliconiaceae como nico

    representante. Ocorrem em altitudes que variam de 0 a 2.000m, embora poucas

    sejam aquelas restritas s regies mais altas. As helicnias so plantas de origem

    neotropical conhecidas por nomes regionais como bananeira-de-jardim, bico-de-

    guar, falsa-ave-do-paraso, bico-de-papagaio e paquevira, entre outros

    (ANDERSON, 1989).

    O nome do gnero foi estabelecido por Lineu, em 1771, numa aluso ao

    Monte Helicon, na Becia, Grcia, local onde residiam Apolo e as Musas, segundo a

    mitologia (WATSON; SMITH, 1979).

    Segundo Castro e Graziano (1997), o gnero foi subdividido em quatro

    subgneros: Taeniostrobus (Kuntze) Griggs - grupo com brcteas amplas;

    Stenochlamys Baker - grupo com brcteas estreitas; Heliconia (Platychlamys Baker)

    - no qual foram mantidas espcies de relaes incertas; Pendulae Griggs - um grupo

    com inflorescncia pendentes.

    Castro et al. (2007) apresentam modificaes feitas no gnero que passou a

    se constituir por cinco subgneros: Heliconia,Taeniostrobus, Stenochlamys,

  • 6

    Heliconiopsis e Griggs. O subgenro Heliconia compreende 45 espcies, distribudas

    nas Sees: Episcopales (1 espcie), Heliconia (10 espcies), Tortex (17 espcies),

    Tenebria (2 espcies), Farinosae (12 espcies) e Complanatae (3 espcies). As

    Sees Episcopales, Tenebria e Complanatae compreendem apenas espcies com

    distribuio sul-americana. As demais Sees tm espcies com ampla distribuio

    pelo trpico americano com endemismo para duas espcies da Seo Heliconia,

    nove espcies em Tortex e oito em Farinosae. Na Seo Farinosae esto reunidas

    algumas das principais espcies de ocorrncia natural do Brasil, as H. farinosae, H.

    sampaioana, H. velloziana e H. kautzikiana, sendo as trs primeiras muitas vezes

    encontradas no comrcio, nos Estados do Rio de Janeiro e de So Paulo.

    O subgnero Taeniostrobus possui 4 espcies de ocorrncia natural na

    Amrica Central; o subgnero Stenochlamys possui 47 espcies que se distribuem

    nas Sees: Lanea (18 espcies), Stenochlamys (6 espcies), Proximochlamys (1

    espcie), Lasia (5 espcies), Cannastrum (9 espcies) e Zingiberastrum (8

    espcies). As Sees Proximochlamys e Lasia compreendem apenas espcies com

    distribuio sul-americana. Em Lasia observa-se uma espcie endmica da

    Colmbia. As demais Sees tm espcies com ampla distribuio pelo trpico

    americano com endemismo para nove espcies da Seo Lanea (KRESS, 1990),

    que inclui as espcies das ilhas do Oceano Pacfico. O subgnero Heliconiopsis,

    compreende apenas seis espcies todas originrias de Ilhas do Pacfico e com certo

    grau de endemismo. O subgnero Griggsia (antigo Pendulae Griggs), o maior em

    nmero de espcies, 80 no total, todas com inflorescncias pendentes e distribudas

    em 11 Sees.

    Em seu levantamento Castro et al. (2007) estima que existam 176 espcies

    de helicnias, de ocorrncia na regio neotropical e seis espcies nas Ilhas do

  • 7

    Pacfico, perfazendo 182 espcies, distribudas nos 5 subgneros e 23 sees. O

    maior nmero de espcies e subespcies descritas tem ocorrncia na Colmbia

    (94), seguindo-se em ordem decrescente Equador (60) Panam (56), Costa Rica

    (47), Brasil (37), Peru (32), Venezuela (26), Nicargua (22), Guatemala (16), Bolvia

    (15), Honduras e Mxico (14) e Suriname (13).

    O grande nmero de espcies na Amrica do Sul confirma a regio como um

    dos centros de diversificao do gnero. Das espcies conhecidas, 94 so

    apontadas como endmicas de determinada regio, o que mostra uma grande

    fragilidade do gnero com relao conservao de germoplasma. O maior grau de

    endemismo ocorre na Colmbia com 36 espcies. Seguem-se Equador (21),

    Panam (13), Costa Rica (8), Brasil (6), Peru (5), Mxico (3) e Guatemala, Ilhas

    Salomo, Samoa, Fiji e Venezuela, as cinco ltimas com uma espcie endmica

    (CASTRO et al., 2007).

    No Brasil foram identificadas duas reas de distribuio geogrfica e

    diversidade: a bacia amaznica (21 espcies) e a Mata Atlntica costeira ou

    litornea (20 espcies) (KRESS, 1990).

    2.3 Descrio Botnica

    2.3.1. Planta

    As helicnias so plantas herbceas, variando de 0,5 m a 6,0 ou 7,0 m de

    altura, quando medidas do solo at o ponto mais alto das folhas (CRILEY;

    BROSCHAT, 1992; SHEELA, 2008). Apresentam extensivo crescimento rizomatoso

    (Figura 1), com capacidade de perfilhamento varivel, podendo t-las agrupadas ou

  • 8

    adensadas, ou seja, com emisso de perfilhos afastados ou prximos ao

    pseudocaule da planta que originou (COSTA, 2005).

    Face abaxial

    Nervura central

    Folha superior

    Face adaxial

    Bainha foliar Pecolo Lmina foliar

    Pseudocaule Olho Perfilho

    Razes

    Rizomas

    As folhas das helicnias so geralmente esverdeadas e podem apresentar

    cerosidade na face abaxial. Segundo Berry e Kress (1991) as helicnias so

    classificadas quanto disposio das folhas na planta, como: musides (folhas so

    orientadas verticalmente em relao ao pseudocaule, pecolos longos, hbito de

    crescimento semelhante s bananeiras, ocorrncia na maioria das espcies);

    zingiberides (folhas tm um posicionamento mais horizontal, pecolos curtos,

    formato semelhante aos gengibres) e canides (pecolo curto ou de mdio

    alongamento, com posio oblqua haste, formato semelhante as espcies do

    gnero Cannas L. (Figura 2).

    Figura 1 Aspecto morfolgico da planta de Heliconia psittacorum.

  • 9

    A B C

    2.3.2. Inflorescncias

    As partes que todos crem que so flores na realidade, so as brcteas

    coloridas que envolvem as flores. As flores so hermafroditas e insignificantes pelo

    ponto de vista comercial (SCHWARTZ; BLUMENT-HAL, 2001).

    A inflorescncia terminal, ereta ou pendente (Figura 3), constituda de

    brcteas arranjadas disticamente ou em espiral. As brcteas, estruturas da planta

    que lhe do valor comercial, so folhas modificadas com colorao, tamanho,

    formato, disposio, textura, nmero e outros detalhes que variam muito, sendo

    estas caractersticas utilizadas na classificao botnica. As brcteas se unem por

    Figura 2 - Hbitos de crescimento das helicnias: A) muside; B) canide; C) zingiberide.

  • 10

    meio da rquis e podem estar dispostas em um ou mais planos, devido toro da

    rquis, ficando com forma espiralada (BERRY; KRESS, 1991).

    Quanto forma, as inflorescncias de helicnias podem ser subdivididas em

    quatro grupos:

    1. Eretas num nico plano (Grupo 1). Este grupo pode ser

    subdividido em:

    1.1 - Inflorescncia de pequeno porte (Grupo 1A)

    1.2 - Inlforescncia de grande porte (Grupo 1B)

    2. Eretas, em mais de um plano (Grupo 2)

    3. Pendente num nico plano (Grupo 3)

    4. Pendente em mais de um plano (Grupo 4)

    As inflorescncias de pequeno porte (Grupo 1A) pesam menos que as de

    grande porte, dos Grupos 1B, 2, 3 e 4. As inflorescncias em um mesmo plano

    (Grupos 1 e 3) so mais fceis de embalar do que em planos diferentes

    (Grupos 2 e 4) (CASTRO, 1995b).

    As flores de helicnias so hermafroditas, com cores variando de amarelo

    a branco (BERRY; KRESS, 1991). O perianto composto de trs spalas

    externas e trs ptalas internas, as quais apresentam diferentes graus de fuso,

    formando um tubo aberto de comprimento variado, dependendo da espcie. As

    flores apresentam seis estames, cinco frteis e um modificado em estaminide

    estril, filete e anteras lineares (CRILEY, 1995). O tamanho, forma e insero dos

    estames so caractersticas utilizadas para identificao das espcies. As anteras

    ficam localizadas acima ou no nvel final do perianto. O plen fica maduro durante o

    dia, na maioria das espcies. O estilete acompanha a curvatura do perianto e o

  • 11

    ovrio nfero, trilocular, com placentao basal, com um vulo por lculo

    (SIMO et al., 2006).

    Para caracterizao das estruturas das inflorescncias de helicnias, o

    comprimento no deve incluir o pednculo. O tamanho da rquis tomado da parte

    inferior da brctea mais alta at a parte superior da brctea mais baixa (CRILEY;

    BROSCHAT, 1992). Os frutos de helicnia so drupas, indeiscentes com endocarpo

    lignificado e colorao azul escura quando maduro (SIMO et al., 2006). O fruto

    geralmente abriga em torno de trs sementes, com aproximadamente 1,5 cm de

    dimetro cada uma (DANIELS; STILES, 1979).

    A

    B Figura 3 - Caractersticas das inflorescncia: A) Em espiral ereta; B) Dstica e pendente.

  • 12

    2.3.3. Rizomas

    Os rizomas so caules especializados que crescem horizontalmente, logo

    abaixo da superficie do solo. So utilizados como forma de propagao e servem

    tambm como fonte de reservas de nutrientes e gua, o que torna as plantas que

    possuem estes rgos subterrneos mais resistentes s condies adversas

    (RUNDEL et al., 1998).

    Segundo CRILEY (1995) a recomendao para plantio so os segmentos de

    rizoma bem desenvolvidos, com pseudocaules de 15 a 30 cm e remoo de todas as

    razes velhas e folhas, deixando a unidade propagativa limpa.

    O crescimento das helicnias bastante vigoroso e frequentemente formam

    uma grande populao monoclonal (CRILEY; BROSCHAT, 1992). Dentro de uma

    mesma espcie pode ocorrer grande variao quanto ao porte, dependendo da

    variedade, cultivar ou forma de conduo (BERRY; KRESS, 1991).

    O crescimento e distribuio dos rizomas podem variar quanto distncia e

    direo entre os novos e velhos brotos, sendo eles eretos ou oblquos dividindo-se

    em quatro grupos:

    Espaado: os pseudocaules brotam muito separados devido ao fato do

    rizoma crescer de 20 a 40cm paralelo a superfcie do solo, normalmente

    acorre em espcies que crescem em lugares muito midos como a

    Heliconia episcopalis.

    Semi-espaado: crescem um pouco separados, porm em menor

    proporo que as plantas citadas acima. muito caracterstico em

    espcies que crescem a sol pleno como a Heliconia latispatha.

  • 13

    Agrupado: os pseudocaules crescem um prximo ao outro e com o

    passar do tempo vo formando um crculo ao nvel do solo ( Ex.: Heliconia

    griggsiana).

    Muito agrupado: so rizomas compactos e os pseudocaules se

    desenvolvem de forma muito agrupada, normalmente so espcies que se

    adaptam a solos muito inclinados (Ex.: Heliconia mutisiana) (BERRY;

    KRESS, 1991).

    2.3.4 Propagao

    O meio de propagao mais utilizado no cultivo de helicnias por meio do

    plantio de rizomas, o que faz com que estas plantas tenham uma baixa diversidade

    gentica. Outro meio de propagao utilizado por sementes, entretanto a

    germinao ocorre no prazo de 120 dias para a maioria das espcies, e algumas

    podem demorar at trs anos para germinar. Isto se d devido ao fato das sementes

    serem envolvidas por um endocarpo muito duro (MARQUES et al, 2004).

    2.4. Exigncias Climticas e Manejo do Cultivo

    A radiao solar influencia diretamente sobre os processos metablicos que

    determinam o crescimento e a produo destas plantas. Cada espcie tem

    diferentes necessidades de luminosidade para florescer, mas em geral pode-se dizer

    que elas preferem pleno sol ou sombreamento parcial. A plena exposio ao sol faz

  • 14

    com que a planta necessite de mais gua e fertilizantes (BERRY; KRESS, 1991;

    SHEELA, 2008).

    Dados sobre a exigncia de luminosidade de algumas espcies e cultivares

    de helicnia na Colmbia foram apresentados por Berry e Kress (1991), tais como:

    Heliconia wagneriana Petersen., Heliconia psittacorum L.f , Heliconia episcopalis

    Vellozo.; Heliconia psittacorum L.f. cv. Sassy, Heliconia psittacorum L.f. x H.

    spathocircinata Aristeguieta cv. Golden Torch, Heliconia pendula Wawra, Heliconia

    richardiana Miquel, Heliconia x nickeriensis Maas & de Rooij (H. psittacorum x H.

    marginata) e Heliconia psittacorum L.f. x H. spathocircinata Aristeguieta cv. Alan

    Carle. Todas apresentam hbito de crescimento muside, a maioria com

    inflorescncias eretas, exceto Heliconia pendula que pendente. Podem ser

    cultivadas a pleno sol ou sob sombreamento, que pode variar a depender da

    espcie, de 20 a 70%.

    Algumas espcies de helicnia florescem durante todo o ano, como H.

    psittacorum. Outras so espcies fotoperidicas que necessitam de estmulo de

    luminosidade para florescer. Assim, H. wagneriana, H. rostrata e H.stricta cv.Dwarf

    Jamaica so consideradas espcies de dias curtos (DC), enquanto H. angusta

    considerada uma espcie de dias longos (DL)(CRILEY;SAKAY, 1997; MACIEL;

    CRILEY, 2000; SHEELA, 2008).

    A pleno sol o crescimento e florescimento das helicnias so altamente

    afetados pelos nutrientes. Entretanto, sob condies de sombreamento a luz o

    fator limitante e o aumento da quantidade de nutrientes no aumenta a produo de

    flores (BROSCHAT; DONSEIMAN, 1983).

    Entre as prticas de manejo, recomenda-se a remoo das folhas velhas e

    doentes, e dos caules secos das plantas que j floresceram, a fim de favorecer o

  • 15

    desenvolvimento da touceira e melhorar a aerao no seu interior.

    recomendvel o desbaste das touceiras de helicnias aps o segundo ano do

    plantio, pois o raleamento da touceira permite uma maior entrada de luz, que resulta

    no aumento da produo de perfilhos e futuras hastes florais (DONSELMAN;

    BROSCHAT, 1986; FERNANDES, 2000). Sob um sombreamento de 63%, por

    exemplo, a luz torna-se um fator limitante para o cultivo comercial, mesmo que a

    fertilizao seja aumentada, pois no ocorrer aumento de produo de

    inflorescncias (BROSCHAT et al.,1985). Quando o agrupamento de plantas

    comea a comprometer a produtividade, pode ser feita a diviso das touceiras para

    a renovao do plantio e obteno de mudas (COSTA, 2005).

    O espaamento para o cultivo de helicnias depender da espcie e/ou

    cultivar a ser utilizada. Para espcies produtoras de inflorescncias leves e eretas,

    trs plantas por metro linear a densidade de plantio mais recomendada, em

    espaamento de 30 cm entre plantas. O plantio efetuado no centro de canteiros

    com largura de 0,9 m. Canteiros mais largos levam a um uso ineficiente do espao e,

    os mais estreitos, no s dificultam a colheita das inflorescncias como concorrem

    para o desenvolvimento de plantas estioladas nas linhas centrais, devido a

    dificuldade na entrada de luz atravs da folhagem (DONSELMAN; BROSCHAT,

    1986; FERNANDES, 2000).

    Segundo Costa et al (2006), as helicnias de pequeno porte, como, por

    exemplo, as cultivares e hbridos de H. psittacorum perfilha mais que as helicnias

    de grande porte. Em geral, os gentipos que perfilham muito, apresentam expanso

    mais rpida da touceira, sendo definidos como de crescimento aberto (CRILEY,

    1988). Estes devem ser plantados em espaamentos maiores que 1,5 x 3,0 m, caso

    contrrio ser necessrio desbaste de perfilhos para que no haja invaso nas

  • 16

    entrelinhas. Espaamentos reduzidos acarretam o rpido adensamento das plantas

    necessitando renovar o plantio em intervalos de tempo menores. Gentipos de

    grande porte com inflorescncias eretas e crescimento agrupado como, por exemplo

    H. wagneriana, no devem ser plantadas em espaamento menores que o citado

    anteriormente pois mostram tendncia ao tombamento da planta, levando

    formao de inflorescncias inclinadas em relao haste, caracterstica indesejvel

    para a comercializao devido dificuldade de embalagem e transporte. Costa et al.

    (2006) realizaram estudos de perfilhamento com diversas espcies de helicnia,

    concluindo que a adoo de um nico espaamento para diferentes espcies de

    heliconia no recomendado.

    Outro fator determinante para algumas espcies a drenagem. O carter

    higrfilo tambm pode ser encontrado em altitudes mdias onde a precipitao

    maior que 2000 mm anuais em ecossistema de montanhas, e precisamente esse o

    fator mais importante e serviu como ponto de partida para estudos realizados na

    Colmbia sobre helicnias ou mesmo com a ordem zingiberales, j que o

    desenvolvimento dos rizomas, tamanho, nmero e colorao das inflorescncias

    dependem dos parmetros climticos. No so muitas as espcies que sobrevivem

    em plena sombra dentro da selva, a maioria est em lugares abertos, onde recebem

    uma mdia de seis horas dirias de sol (MACIEL, 2003).

    O estresse hdrico notado nestas plantas pelo enrolamento longitudinal das

    folhas. A melhor forma de irrigar sob asperso, com aspersores instalados ao nvel

    do solo (AUERBACH; STRONG, 1991). Adicionalmente, segundo Castro (1995), os

    melhores mtodos de irrigao so o gotejamento e a asperso baixa, pois evitam

    que gua se acumule nas brcteas das inflorescncias eretas e com isto apodrea

    as flores e prolifere insetos.

  • 17

    O vento outro fator, que dependendo da intensidade, pode ser prejudicial ao

    cultivo de helicnias. Segundo Ometto e Caramori (1981), em condies de

    velocidade alta de vento, a ao mecnica sobre as plantas promove a queda de

    folhas, de flores, de frutos e quebra de galhos, alm de provocar ferimentos que

    favorecem a entrada de patgenos como bactrias, vrus e fungos, e diminuem a

    eficincia fotossinttica.

    De acordo com MOREIRA (1987), ventos com velocidades de 7 a 10 m. s-1

    causam fendilhamento e dilacerao das folhas, com possibilidades da rea foliar

    reduzir a apenas 20%. Se a velocidade do vento atingir 20 m. s-1, poder ocorrer o

    rompimento do sistema radicular, se for maior do que 30 m. s-1 h riscos de quebra

    do pseudocaule ou o acamamento da planta. No entanto, para Soto (1985), esses

    limites de velocidade do vento so menores, constatando que velocidades de vento

    a partir de 15 m. s-1 j provocam a destruio total da plantao de bananas.

    2.5. Explorao Comercial, Colheita e Ps-Colheita

    As espcies do gnero heliconia so muito apreciadas em funo da

    aparncia extica das inflorescncias e grande variao de cores e formas, com

    produo de flores contnua, em grande quantidade e com alta durabilidade aps o

    corte. Apresentando perspectivas promissoras como flores de corte e plantas para

    paisagismo, tambm h relatos de seu uso como palha para cobertura de telhados,

    e seus rizomas e folhas tem sido testados para explorao medicinal (CASTRO E

    GRAZIANO, 1997; SHEELA, 2008)

    As hastes florais devem ser colhidas enquanto no esto completamente

    abertas sendo necessrio empacot-las em recipientes que retenham a umidade e

  • 18

    suporte o peso das hastes evitando assim que se danifiquem durante o trnsito. As

    inflorescncias podem sofrer danos por temperaturas demasiadamente baixas, as

    quais seriam normais para outros tipos de flores de corte e de folhagens (CRILEY,

    1988).

    A colheita das helicnias deve ser feita em horrios com temperaturas mais

    amenas, para evitar a desidratao, recomendando-se que logo aps a colheita, as

    inflorescncias sejam colocadas em recipientes com gua, em local protegido do sol

    (MOSCA; CAVALCANTI, 2005). Nowak e Rudnicki (1990) recomendam que a

    colheita de hastes florais deve ser feita pela manh, porque os tecidos apresentam

    maior turgidez, as temperaturas so mais amenas e a intensidade luminosa menor,

    embora, durante tarde as hastes apresentem maior nvel de carboidratos

    armazenados.

    Aps o corte, normalmente no ocorre abertura adicional das brcteas (TJIA,

    1985; BROSCHAT, 1985; DONSELMAN; BROSCHAT, 1986), entretanto, nota-se

    que a abertura adicional de brcteas e inflorescncias de vrias espcies de

    helicnias colhidas no estdio de uma a duas brcteas basais expandidas

    pode ocorrer se estas forem mantidas em soluo conservante base de

    sacarose, cido ctrico e 8-hidroxiquinolina (CASTRO, 1993).

    Durante a colheita de helicnias, sugere-se que, seja realizada pr-seleo,

    observando-se o tamanho da haste floral e sua qualidade (defeitos e ponto de

    colheita). As hastes devem ser cortadas prximas ao solo, quando as inflorescncias

    apresentarem de duas a cinco brcteas abertas (MOSCA; CAVALCANTI, 2005).

    Logo que separada da planta me, e apesar da demanda energtica ser grande

    nesta fase, a flor de corte no recebe mais nutriente, e por isso depende

  • 19

    inteiramente de suas reservas de carboidratos (PAULIN, 1986; HALABA; RUDNICKI,

    1986; MARISSEN, 2001; DRUEGE, 2001).

    Em algumas flores de corte possvel que a reserva de carboidratos contida

    na haste, possa ser utilizada pela flor. Essa reserva estende o potencial de

    longevidade das flores (KAYS, 1991). Para algumas espcies, os carboidratos

    presentes na flor sugerem um aumento da durabilidade ps-colheita desta,

    entretanto em outras espcies no suficiente para suprir o metabolismo da

    haste floral aps o corte, podendo os carboidratos serem translocados das

    folhas para a flor (MARISSEN, 2001).

    Criley e Broschat (1992) afirmaram que o reduzido perodo de ps-colheita de

    algumas helicnias o principal fator limitante para seu uso como flor de

    corte, no impedindo a sua utilizao no meio paisagstico. Aspectos como pr-

    colheita, mtodos de hidratao, reduo da perda de colorao e aumento do

    perodo ps-colheita devem ser pesquisados. As novas espcies introduzidas

    tambm devem ser avaliadas quanto s caractersticas de ps-colheita.

    Com a adequao e o aprimoramento das tcnicas de produo, colheita e

    ps-colheita, o produtor obter inflorescncias de melhor qualidade podendo, assim,

    disponibiliz-las com perodo maior de conservao e qualidade superior,

    valorizando o seu produto na comercializao .

  • 20

    2.6. Causas da Eroso Gentica e Perda de Diversidade Gentica do Gnero

    Heliconia no Brasil

    De 60% a 80 % da populao brasileira vive na regio abrangida

    originalmente pela Mata Atlntica, desfrutando de seus remanescentes. A ocupao

    antrpica faz com que muitas espcies desapaream sem que sejam identificadas.

    Na Mata Atlntica, 50% das espcies vegetais so endmicas, isto , s podem ser

    encontradas nesta regio de abrangncia. Infelizmente, na rea originalmente

    abrangida por esta Floresta, atualmente se distribuem cidades e os principais plos

    agrcolas, industriais, qumicos, petroleiros, porturios, tursticos e at nucleares.

    Acrescido a isto, observa-se uma explorao indiscriminada dos recursos vegetais

    acelerando os processos de extino das espcies nativas (SOS MATA

    ATLNTICA,2009 ; GOYANO, 2002).

    Estudos de Bruna (1999) demonstraram que reconstituio vegetal de

    fragmentos de floresta Amaznica (Floresta Tropical mida) por meio seminal com a

    espcie Heliconia acuminata foram pouco eficientes para reconstituio florestal de

    ambientes fragmentados, podendo levar ao insucesso devido dificuldade de

    estabelecimento da semente ou da plntula por motivos diversos, sendo mais

    eficiente este mtodo em florestas continuas. Para evitar tal fato, a estratgia de

    manter estas espcies em colees ex situ visa preservar o gnero e o risco de

    eroso gentica do mesmo, alm de possibilitar maiores estudos de seu potencial

    florstico e ornamental ou em programas de melhoramento.

  • 21

    2.7. Importncia Econmica da Floricultura

    O agronegcio de flores e plantas ornamentais vem se expandindo no Pas,

    devido principalmente as condies climticas do Brasil que favorecem o cultivo de

    flores de clima temperado e tropical. Devido a isto, possvel produzir flores,

    folhagens e outros derivados, todos os dias do ano a um custo reduzido. O mercado

    consumidor de plantas ornamentais e flores de corte dos pases do primeiro mundo

    alcanaram US$ 90 bilhes, com uma taxa de crescimento estimada da ordem de

    12% ao ano (LAMAS, 2002).

    O Brasil movimenta, anualmente, aproximadamente US$ 1 bilho no negcio

    de flores, em uma rea cultivada de aproximadamente 5.250 hectares, gerando

    cerca de 200.000 postos de trabalho. As exportaes brasileiras de flores e plantas

    ornamentais, em 2004, atingiram US$ 23,5 milhes, valor que superou em 20,96%

    os resultados de 2003, confirmando todas as expectativas sobre o grande

    desempenho do setor exportador da floricultura brasileira. De janeiro a setembro de

    2006, foi registrado um crescimento de 16,1% em relao ao mesmo perodo em

    2005, atingindo o valor de US$ 24,2 milhes, enquanto em 2007, as exportaes

    obtiveram um aumento de 9,1% em relao a 2006, atingindo o valor de US$ 35,3

    milhes, segundo dados da Secretaria de Comrcio Exterior do Ministrio do

    Desenvolvimento Indstria e Comrcio Exterior. J as importaes somaram US$

    6,8 milhes em 2006, apresentando variao positiva de 56,5% em relao aos

    mesmos meses de 2005 e em 2007 teve crescimento expressivo de 23,2% em

    comparao ao valor do ano anterior (IBRAFLOR, 2004; KYIUNA et al., 2006 e

    2008).

  • 22

    Apesar do grande valor de investimento inicial, a floricultura tropical surge

    como uma boa alternativa de investimento na Agricultura, devido ao fato desta

    atividade necessitar de pouca rea para ser implantada e as plantas terem um ciclo

    relativamente curto, conciliado ainda, ao fato destas plantas terem um grande valor

    agregado, permitindo rpido retorno do capital investido (LAMAS, 2002).

    Estima-se que o agronegcio de flores gera entre 3 e 6 empregos diretos e

    fixos por hectare. Adicionalmente, cada hectare plantado, com flores, gera renda

    entre US$ 2 mil a US$ 25mil contra menos de US$ 500 das culturas tradicionais,

    gerando com isto, receitas tributrias, reduzindo o xodo rural e atenuando os

    problemas de exploso populacional nos grandes centros urbanos (STRINGUETA,

    2003).

    A floricultura no Brasil, restrita at recentemente aos estados do Sudeste,

    vem ampliando suas fronteiras. No Nordeste j existem grandes plantaes de flores

    tropicais, com destaque para os estados de Pernambuco e Alagoas, que j exportam

    suas flores para outras partes da Federao (LAMAS, 2004) e Bahia. Esta regio

    propicia condies favorveis para o cultivo de uma grande diversidade de espcies

    tropicais, como por exemplo, as helicnias (LOGES et al., 2005).

    No Nordeste brasileiro, em 2005, utilizou-se uma mdia de 19,02

    trabalhadores por unidade produtiva, sendo 89,6 % permanentes e 10,4 %

    temporrios. Considerando que a rea mdia de 1,73 hectare cultivado com

    floricultura, conclui-se pelo emprego de 10,99 trabalhadores por hectare, sendo 9,85

    permanentes. Destes 9,85 trabalhadores permanentes, a mo-de-obra familiar

    correspondia a 8,61% e a assalariada a 91,39%, com predominncia de

    remunerao na faixa de um a dois salrios mnimos mensais (BRAINER;

    OLIVEIRA, 2006).

  • 23

    2.8. Interao Gentipo por Ambientes

    O conhecimento da variabilidade gentica existente nas populaes naturais

    de fundamental importncia para conhecer a diversidade e obter informaes

    sobre a evoluo das espcies (BRAMMER, 1993).

    Entretanto, para entender a estrutura gentica das populaes, deve-se

    conhecer a variao de um determinado carter, saber como esse carter afetado

    por muitos alelos e muitos locos, qual a sua freqncia na populao, ou em que

    grau e como eles segregam no genoma afetando o carter em questo, assim como

    tambm, em que extenso a ao do gene influenciada pelo ambiente (BROWN et

    al., 1978).

    Um dos princpios bsicos no estudo da herana de caracteres mtricos de

    que o valor de um fentipo determinado por dois componentes bsicos: o gentipo

    e uma contribuio do ambiente especfico onde o indivduo se encontra (CHAVES,

    2001).

    Segundo Fehr (1987), diferentes tipos de solos, nveis de fertilidade,

    temperaturas e prticas culturais, so variveis que podem ser descritas como um

    conjunto de fatores ambientais. Parte destes fatores ambientais podem ser fatores

    previsveis como fotoperodo, tipo de solo, fertilidade do solo, toxidade por alumnio,

    poca de semeadura e prticas agrcolas. Entre os fatores no previsveis,

    destacam-se a: distribuio pluviomtrica, umidade relativa do ar, temperatura

    atmosfrica e do solo, patgenos e insetos, potenciais fatores que afetam o

    desenvolvimento fenolgico das plantas, causando uma diferena de desempenho

  • 24

    nesta populao, estando associados com a interao gentipo por ambientes

    (ALLARD; BRADSHAW, 1964).

    Estes fatores podem ser avaliados individualmente ou coletivamente por suas

    interaes com os gentipos. Os estudos podem considerar a relao gentipo por

    tipo de solos, gentipo por crescimento espacial, gentipo por poca de plantio e

    gentipo por interao de populao de plantas alm de outros (FEHR , 1987).

    2.9. Cabruca

    Na regio Sul da Bahia, a maior parte das lavouras de cacau foi implantada

    sob a floresta nativa, raleada em um sistema conhecido como cabruca. Esse sistema

    se constitui pela retirada do sub-bosque e parte das rvores de dossel da floresta,

    conservando-se as rvores de maior porte para sombrear o cacau (FRANCO et al.,

    1994).

    A palavra cabruca , possivelmente, uma adaptao do verbo brocar (abrir), a

    qual originou, o termo cabrocar ou cabrucar (LOBO; SETENTA, 2002; LOBO et

    al., 2007).

    O cacau-cabruca pode ser conceituado como um sistema agrossilvicultural,

    onde uma cultura de valor econmico implantada sob a proteo das rvores

    remanescentes, de forma descontnua e circundada por vegetao natural,

    estabelecendo relaes estveis com os recursos naturais associados (LOBO et

    al., 1997).

    Os levantamentos fitossociolgicos feitos em cabruca (SAMBUICHI, 2002;

    ROLIM; CHIARELLO, 2004) apontaram que essas reas podem se constituir em

    importantes bancos genticos de espcies arbreas nativas, ainda que, essas

    espcies nativas de florestas primrias no estejam sendo bem conservadas nessas

  • 25

    reas. Rolim e Chiarello (2004), no Esprito Santo, encontraram uma significativa

    quantidade de espcies ocorrendo em cabrucas, entretanto observaram uma grande

    quantidade de espcies de estgios iniciais de sucesso, alertando que algumas

    espcies maduras esto morrendo. Isso indica que as reas de cabruca apresentam

    srios problemas de regenerao natural, e que as espcies clmax, que

    caracterizam as florestas menos perturbadas, no esto conseguindo regenerar

    novos indivduos nessas reas. Indica tambm que em relao a composio

    florstica, as cabrucas, esto se tornando cada vez mais prximas de capoeiras e

    reas degradadas, distanciando-se das florestas originais, causando um grande

    empobrecimento de espcies na regio.

    Dentre os vegetais encontrados no sistema cacau-cabruca, trs espcies de

    interesse floricultura tropical se destacam: as helicnias, pertencentes famlia

    Heliconiaceae; as bromlias, epfitas, pertencentes famlia Bromeliaceae; e por fim

    as orqudeas, epfitas, pertencentes famlia Orquidaceae. Estas trs espcies

    apresentam um grande potencial florstico, que pode ser utilizado de forma racional e

    sustentvel, gerando lucros significativos para a regio (ALMEIDA FILHO et al,

    2002).

    O objetivo do presente trabalho foi avaliar o desenvolvimento de dez espcies

    de helicnias sob dois ambientes de cultivos, sendo um a pleno sol e outro sob

    cabruca.

  • 26

    3. MATERIAL E MTODOS

    3.1. Material Vegetal

    As espcies utilizadas no experimento foram: Heliconia psittacorum cv.

    Suriname Sassy, H. psittacorum X H. spathocircinata Aristeguieta cv. Golden Torch,

    H. episcopalis, H. psittacorum, H. pendula, H. nickerense, H. wagnerina, H.

    latispatha var. Orange Gyro, H. psittacorum X H. spathocircinata Aristeguiela cv.

    Alan Carle e H. richardiana, oriundas na coleo de germoplasma de heliconia da

    Universidade Estadual de Santa Cruz, Fazenda Santa Cruz e de propriedades

    particulares dos municpios de Ilhus, Una e Uruuca, Bahia.

    3.2. Ambiente Cabruca

    A rea de cabruca escolhida para implantao do experimento na Fazenda

    Santa Cruz (Campus da UESC) apresenta uma declividade em torno de 5% e

    apresenta um sombreamento mdio de 70 % por cacaueiros (Theobroma cacao L.),

    jaqueiras (Artocarpus heterofolia ), cajazeiras (Spondias lutea), eritrinas (Eritrina sp.),

    imbabas (Cecropia leucocoma) e jequitibs (Cariniana sp.), alm de outras

    espcies. Esta rea foi selecionada por apresentar condies de luminosidade

    contrastantes em relao rea de pleno sol, alm de apresentar nas proximidades

    heliconias nativas como parte da composio vegetal do ambiente.

  • 27

    Figura 4 - Dez espcies de helicnias utilizadas no experimento: A -Heliconia psittacorum cv.

    Suriname Sassy; B - H. psittacorum X H. spathocircinata Aristeguiela cv. Golden Torch; C - H. episcopalis; D - H. psittacorum; E - H. pendula; F - H. nickerense; G H. wagneriana; H - H. latispatha Orange Gyro; I - H. psittacorum X H. spathocircinata Aristeguiela cv. Alan Carle e J - H. richardiana.

    A B

    C D

    E F

    G H

    I J

  • 28

    Figura 5 - rea de cabruca aonde foi implantado o experimento.

    3.3 Ensaio Experimental

    No dia 19 de abril de 2008 foi implantado na Fazenda Santa Cruz (Campus da

    UESC), localizada ao nvel do mar, nas coordenadas 144746,52 Sul e

    391028,18 Oeste e clima tropical mido, um experimento fatorial disposto no

    delineamento em blocos ao acaso composto por: dois ambientes: pleno sol e em

    rea de cultivo de cacau sob cabruca (Mata raleada) e dez espcies. Cada unidade

    experimental foi composta por seis plantas de cada espcie em anlise, dispostas

    em espaamento 1,5 x 1,0m.

    Foram realizadas quatro avaliaes aos 210, 255, 300 e 345 dias aps

    plantio, considerando-se os seguintes descritores morfologicos: altura de pseudo-

    caule (ALTPC), rea do pseudo-caule (AREPC), comprimento de pecolo (COMP),

  • 29

    comprimento de limbo (COMLF), largura de limbo (LARLF) e nmero de perfilho

    (NUMP).

    AREPC foi medida a uma altura de 10 centmetros do solo com paqumetro

    digital, onde se tomou a largura e espessura do pseudocaule, sendo a rea o

    produto das mesmas, enquanto que para o comprimento de folha, largura de folhas,

    comprimento de pecolo e comprimento de pseudocaule (estabelecido do solo at a

    base do pecolo da ltima folha expandida), foram medidos com uma trena na

    mesma folha em cada avaliao, sendo escolhida a cada avaliao a folha mais

    expandida da touceira. O nmero de perfilhos foi estabelecido por contagem na

    touceira.

    3.4 Tratos Culturais e Manejo Cultural

    Foi aplicado no plantio cinco litros de esterco bovino por planta. A adubao

    qumica foi realizada a cada sessenta dias de acordo com a anlise de solo, sendo

    que as quantidades aplicadas foram de 49,3 Kg/ha de uria, 34,7 kg/ha de cloreto de

    potssio e 92 kg/ha de super fosfato simples.

    No estgio inicial do experimento foi detectado ataque de fungos das

    espcies Dreschlera sp, Bipolaris spp. e Colethotricum gloeosporidides nas plantas a

    pleno sol, e por isso, mensalmente foi aplicado Carbendazin na concentrao de 1

    grama por litro de soluo. Tais patologias no foram observados nas plantas sob

    cabruca. Realizou-se a aplicao de formicida para controle de formigas cortadeiras

    em ambos os ambientes. Os demais tratos culturais foram realizados sempre que

    necessrios.

  • 30

    3.5 Anlise Estatstica

    3.5.1 Anlise Multivariada

    O mtodo de anlise multivariada utilizado, biplot, proposto por Gabriel

    (1971), se constitui em uma anlise exploratria com o auxlio de grficos. Um biplot

    uma representao grfica da informao de uma matriz de dados n x p. O bi se

    refere aos dois tipos de informaes contidas na matriz de dados. A informao das

    linhas diz respeito a mdia das amostras ou espcies em anlise, e as colunas

    pertinentes as variveis. A proposta do biplot apresentar em grfico de

    componentes principais informaes sobre as variveis, isto permite resumir as

    informaes e inspecionar a estrutura entre as unidades amostrais (espcies) e

    variveis (LARA et al., 2005; JOHNSON; WINCHERN, 2007). O tipo de biplot

    utilizado foi o HJ-Biplot, proposto por Galindo (1986), que permite uma melhor

    representao simultnea de objetos e variveis. A proximidade entre indivduos se

    interpreta como similaridade, o ngulo entre os vetores de duas variveis, como

    correlao e a proximidade de marcadores filas com marcadores coluna, como

    preponderncia. Alm disto, projetando-se os indivduos sobre os vetores das

    variveis tem-se em uma dimenso aproximada de sua posio frente a estas

    variveis.

    O biplot de uma matrix n x p projeta, em um mesmo grfico, as marcas das

    linhas (associadas aos n objetos) e as marcas das colunas (associadas s p

    variveis).

    As marcas so computadas pela decomposio em valores singulares, svd (n

    x p), e subsequente fatorao.

  • 31

    A funo svd, computada pelo ambiente R, tem os seguintes argumentos:

    svd(X, nu=min(n, p), nv=min(n, p))

    onde: Tabela 1 - Argumentos da funo decomposio de valor singular (svd) do ambiente

    R

    X Uma matrix real ou complexa cuja SVD decomposio ser computada.

    nu O nmero de vetores singulares esquerda a serem computados. Deve ser entre 0 e n=nrow(X).

    nv O nmero de vetores singulares direita a serem computados. Deve ser entre 0 e p=ncol(X).

    mi Mnimo

    Considerando o resultado de

    svd (nX p)

    Tabela 2 - Resultados da funo svd do ambiente R

    d Um vetor contendo os valores singulares de X. Dimenso: min(n, p).

    u Uma matriz contendo nas colunas os vetores singulares esquerda. Dimenso: nunu.

    v Uma matriz contendo nas colunas os vetores singulares direita. Dimenso: pvnp.

    e tambm que,

    s2=diag ( d ) n=nrow ( X )

    possvel uma aproximao de n x p:

    X pn X m= g.h

    de vrias formas. O mtodo por fatorao computados pela funo bpca so:

    HJ - Simtrico, Galindo (1986): g=u . s2

    h=s2. v '

    SQRT Simtrico raiz quadrada, Gabriel (1971): g=u . s2

    h=. s2. v '

    JK Mtrica das linhas preservada, Gabriel (1971): g=u . s2 h=v '

  • 32

    GH Mtrica das colunas preservada, Gabriel (1971): g= s21. u

    h= 1 s2. v ' n1 onde : nrow: nmero de linhas ncol: nmero de colunas diag: matrix diagonal Considerando que

    X pn X m

    possvel deduzir que se o rank (r) da matriz X pn maior que m, a representao

    biplot de X ser uma aproximao, e exata apenas no caso em que r = m.

    Por preservar ambas as mtricas (objetos e variveis), na anlise dos dados

    da dissertao, foi utilizado o mtodo de HJ - simtrico, proposto por Galindo (1986).

    3.5.2. Estimativas De Correlao Simples

    Para anlise da correlao linear simples de Pearson, que baseada

    na variabilidade total de uma varivel, que pode ser explicada atravs da funo

    linear de outra varivel (CRUZ; REGAZZI, 1994), foram utilizados os dados

    morfolgicos das nove espcies, nos dois ambientes isolados e em conjunto. As

    correlaes entre os seguintes caracteres foram estimadas: altura de pseudo-caule

    (ALTPC), rea do pseudo-caule (AREPC), comprimento de pecolo (COMP),

    comprimento de limbo (COMLF), largura de limbo(LARLF) e nmero de perfilho

    (NUMP).

    r= cov (X,Y) = XiYi

    [(V(X) V(Y))]1/2 (Xi2 Yi

    2)

  • 33

    cov (X,Y)= xiyi ; V(x)= xi ; V(y)= yi

    n-1 n-1 n-1

    onde:

    xi= Xi X ; yi= Yi Y

    r= estimador do coeficiente de correlao fenotpica entre os caracteres

    X e Y.

    Xi e Yi= valores fenotpicos dos gentipos para os caracteres X e Y,

    respectivamente;

    X e Y= mdia dos gentipos para os caracteres X e Y,

    respectivamente;

    Teste t

    Utilizado como teste de significncia do coeficiente de correlao de

    Pearson e em anlises de comparaes de mdias.

    T= r (n-2) 1/2

    (1-r2)1/2

    As anlises citadas foram realizadas utilizando-se os programas SAS (SAS

    Institute, 2003) procedimentos CORR e ttest. Para anlise multivariada foi utilizado o

    ambiente computacional R (R Development Core Team, 2009) e o pacote bpca

    (FARIA et al., 2009)

  • 34

    4. RESULTADOS E DISCUSSO

    4.1 Fatores Ambientais

    Na Figura 6 pode-se observar dados de temperatura e pluviosidade mensal

    durante o perodo de conduo do experimento, em Ilhus-BA. A temperatura

    mdia variou de 20,5C 25,9C; de maro de 2008 abril de 2009, enquanto a

    pluviosidade mnima verificada no perodo foi de 4mm em setembro de 2008, e a

    mxima de 275,8mm em abril de 2009. A diminuio de temperatura observada nos

    meses de abril a julho de 2008 ocasionou um lento crescimento inicial das espcies,

    devido a isto, as coletas de dados foram iniciadas aps 6 meses da implantao do

    experimento, em setembro de 2008. A partir de outubro de 2008, com o aumento da

    temperatura, a maior parte das espcies a pleno sol iniciaram o florescimento, com

    exceo da Heliconia richardiana e H. pendula. No ambiente cabruca at os 345

    dias de avaliao do experimento nenhuma espcie havia

    florescido.

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    mar/08

    abr/08

    mai/08

    jun/08jul/08

    ago/08

    set/08

    out/08

    nov/08

    dez/08

    jan/09

    fev/09

    mar/09

    abr/09

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    PRECIPITAO

    TEMP MEDIA

    Figura 6 - Temperatura e precipitao mdia de maro de 2008 a abril de 2009 em Ilhus, Bahia. Fonte: CPTE/INPE. http://www.cptec.inpe.br/

  • 35

    A espcie H. richardiana foi retirada da anlise devido ao seu fraco

    desenvolvimento a pleno sol e alta suscetibilidade ao ataque de fungos Dreschlera

    sp, Bipolaris spp. e Colethotricum spp., o que no foi observado no ambiente

    cabruca, onde esta espcie se desenvolveu normalmente sem apresentar sintomas

    de doenas e nem perdas de plantas. Com isto nas anlises somente nove espcies

    foram consideradas. Ao contrrio do que afirma Castro e Graziano (1997),

    considerou-se que esta espcie no tolera ambientes a pleno sol, e plantio sob estas

    condies devem ser feito sob rigoroso controle fitossanitrio com o risco de perda

    de plantas pela ocorrncia de doenas.

    Na Figura 7 observam-se as variaes de temperatura nos dois ambientes no

    dia 08 de abril de 2009 das 8:10 s 16:30h. No ambiente pleno sol a temperatura

    variou 27,91C a 34,01C, enquanto as temperaturas no ambiente cabruca variaram

    de 25,17C a 31,93C, sendo os picos de temperatura verificados entre 11:30 s

    14:30h. Em mdia, a temperatura do ar no ambiente cabruca foi inferior em relao

    ao ambiente a pleno sol, aproximadamente em torno de 2C.

    Quanto a radiao fotossinteticamente ativa (Figura 8), o ambiente pleno sol

    apresentou superior a 1166,3 mol.m-2.s-1 a partir do momento inicial, o mximo

    deste ambiente foi de 2306,3 mol.m-2.s-1 observado aps s 12:57 h, enquanto no

    ambiente cabruca valores baixos de radiao fotossinteticamente ativa foram

    verificados no incio e no final do dia, sendo os maiores valores observados entre

    12:20 e 15:40 h, com o pico de aproximadamente 1826,3 mol.m-2.s-1 s 12:58 h.

    As oscilaes de radiao fotossinteticamente ativa verificadas durante o dia no

    ambiente pleno sol foram atribudas a nebulosidade na ocasio, e no ambiente

    cabruca, alm deste fato, observou-se que as copas das rvores existentes, tanto

    dentro quanto fora do experimento, contriburam para diminuir a luminosidade,

  • 36

    principalmente jaqueiras e jequitibs com altura superior a 10 metros. Considerou-se

    o ambiente pleno sol com 100% de luminosidade e verificou-se que o ambiente

    cabruca apresentou mdia de 27% de luminosidade com relao ao ambiente pleno

    sol.

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    08:1009:0

    009:5

    010:4

    011:3

    012:2

    013:1

    014:0

    014:5

    015:4

    016:3

    0

    horas

    Temp do ar (C)

    PLENO SOL

    CABRUCA

    Figura 7 - Temperatura mdia nos ambientes pleno sol e cabruca no dia 08/04/2009 na Fazenda Santa Cruz (UESC) em Ilhus, Bahia.

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    2500

    08:1009:0

    009:5

    010:4

    011:3

    012:2

    013:1

    014:0

    014:5

    015:4

    016:3

    0

    horas

    M m

    ol d

    e fotns

    PLENO SOL

    CABRUCA

    Figura 8 - Radiao fotossinteticamente ativa no dia 08/04/2009 em pleno sol e

    cabruca na Fazenda Santa Cruz (UESC) em Ilhus, Bahia.

  • 37

    4.2 Biplot

    As Figuras 9,10,11 e 12 apresentam as variveis de resposta e as espcies

    nos ambientes pleno sol e cabruca nas quatro avaliaes (dias aps plantio, DAP)

    realizadas. J na Tabela 3 constam seus autovalores, variao acumulada e total.

    Pode-se observar que em todas as avaliaes a componente principal 1 (CP1)

    (Tabela 4) representada pelo somatrio das variveis morfolgicas das espcies:

    altura de pseudo-caule (ALTPC), rea do pseudo-caule (AREPC), comprimento de

    pecolo (COMP), comprimento de limbo (COMLF) e largura de limbo(LARLF). Estas

    explicam 72,5%, 75,9%, 72,2% e 69%, da variao verificada aos 210, 255, 300 e

    345 DAP, respectivamente. A varivel nmero de perfilho (NUMP) foi a que mais

    contribuiu para a variao da componente principal 2 (CP2) (Tabela 4),

    contrastando com a varivel COMP na maior parte das avaliaes, exceto aos 345

    DAP, em que NUMP respondeu sozinha pela variao da CP2. As duas

    componentes juntas representaram 90,4%, 94,1%, 91,6 e 88,3% da variao total

    nas avaliaes aos 210, 255, 300 e 345 DAP, respectivamente (Tabela 3).

    Tabela 3 - Autovalores, variao acumulada e variao total aos 210, 255, 300 e 245 DAP.

    AVALIAES

    DAP 1 2 3 4 5 6 AUTO VALORES 8, 60 4, 27 2, 28 1, 55 1, 28 0, 55 VARIAO ACUMULADA 0, 73 0, 90 210 VARIAO TOTAL 0, 90

    AUTO VALORES 8, 80 4, 31 1, 73 1, 38 0, 86 0, 60 VARIAO ACUMULADA 0, 76 0, 94 255 VARIAO TOTAL 0, 94 AUTO VALORES 8, 58 4, 45 2, 08 1, 48 1, 20 0, 73 VARIAO ACUMULADA 0, 72 0, 92 300 VARIAO TOTAL 0, 92 AUTO VALORES 8, 39 4, 44 2, 24 2, 03 1, 43 0, 86 VARIAO ACUMULADA 0, 69 0, 88 345 VARIAO TOTAL 0,88

    DAP= dias aps plantio; = componentes principais.

  • 38

    Tabela 4 - Componentes principais das avaliaes aos 210, 255, 300 e 345 dias aps plantio (DIAE).

    AVALIAES (DAP) 210 255 300 345 VARIAVEIS CP1 CP2 CP1 CP2 CP1 CP2 CP1 CP2 ALTPC 0.46 -0.12 0.44 -0.20 0.45 -0.08 0.42 0.29 AREPC 0.40 -0.21 0.44 0.08 0.44 0.20 0.46 0.09 COMP 0.43 -0.36 0.41 -0.41 0.41 -0.40 0.42 -0.29 COMLF 0.44 0.24 0.45 0.13 0.47 0.10 0.47 -0.07 LARLF 0.45 0.04 0.45 0.02 0.45 -0.10 0.45 -0.28 NUMP 0.19 0.87 0.17 0.87 0.13 0.88 0.14 0.86 DAP= dias aps plantio. ALTPC=altura de pseudo-caule, AREPC=rea do pseudo-caule, COMP=comprimento de pecolo, COMLF=comprimento de limbo, LARLF= largura de limbo e NUMP=nmero de perfilho CP1= componente principal 1 CP2= componente principal 2 4.2.1 Relao entre as Variveis

    As variveis ALTPC, AREPC, COMP, COMLF, LARLF so as mais

    correlacionadas entre si, o que pode ser visto pelos ngulos reduzidos entre os

    vetores das mesmas (Figuras 9,10,11 , 12 e anexos A, B, C, e D). As correlaes

    entre estas variveis foram mais altas no ambiente cabruca que no pleno sol

    (anexos E, F, G e H), o que provavelmente foi associado ao lento desenvolvimento

    das plantas no ambiente cabruca. COMLF apresenta correlao maior com LARLF,

    que decresce de ALTPC a COMP conforme os vetores destas variveis se

    distanciam do vetor da mesma na avaliao aos 210 DAP( Figura 9).

    Observa-se que a correlao entre as variveis se modifica ao longo das

    avaliaes, sendo mais expressivas a alta correlao entre ALTPC e LARLF aos 300

    DAP(Figura 11), no auge do vero e do florescimento da maioria das espcies e

    hbridos com H. psittacorum, no ambiente pleno sol em janeiro de 2009, e entre

    LARLF e COMP aos 345 DAP(Figura12), que se deu em maro de 2009.

    LARLF, ALTPC, AREPC e COMP no apresentaram correlao significativa

    com a varivel NUMP (Anexos A, B, C e D), principalmente a varivel COMP durante

  • 39

    todas as avaliaes, evidenciado pela proximidade de 90 do ngulo entre os

    vetores destas variveis e NUMP. J a varivel COMLF, apresenta correlao

    significativa com NUMP aos 210 e 255 DAP (Anexos A e B) e vai diminuindo seu

    grau de relao com a mesma ao longo das avaliaes e desenvolvimento vegetal.

    Isto evidenciado pelo deslocamento do vetor da varivel COMLF da primeira

    avaliao aos 210 DAP at 345 DAP do quadrante superior da CP2 para o inferior,

    aproximando-se do vetor da varivel COMP. Isto provavelmente se deveu ao

    aumento e distino quanto a habilidade de perfilhamento entre as espcies, e ao

    incio do florescimento de algumas destas espcies no ambiente pleno sol, alm do

    fato que a cada avaliao uma nova folha era selecionada como referncia, o que

    demonstrava como o ambiente interferiu no desenvolvimento de cada espcie

    vegetal para esta varivel. Respostas correlacionadas entre duas variveis so teis

    quando uma delas tem importncia econmica e ambas so correlacionadas

    genticamente (CRUZ e REGAZZI, 1994).

    Na avaliao de germoplasma respostas correlacionadas permitem diminuir o

    trabalho do pesquisador, pois quando suas variveis so altamente correlacionadas,

    a de maior importncia pode ser priorizada em uma avaliao desconsiderando-se a

    outra. No presente trabalho observa-se que a correlao entre as variveis ALTPC,

    COMP, COMLF e LARLF, so altas e consistentes nos dois ambientes, indicando

    que qualquer uma delas poderia ser priorizada em uma avaliao em detrimento

    da(s) outra(s) na avaliao de espcies de heliconias, em especial quanto ao porte.

    Porm cuidados devem ser tomados quanto a diferena das taxas de crescimento

    das espcies dentro e entre ambientes contrastantes.

  • 40

    -4 -2 0 2 4

    -4-2

    02

    4210 dias

    CP1 (72.56%)

    CP2 (17.87%)

    ALTPC

    AREPC

    COMP

    COMLF

    LARLF

    NUMP

    H. episcopalisH. psittacorumH. wagnerianaH. pendulaH. lattispathaH. nickerensisH. psittacorum x H. spathocircinata var. Allan CarleH. psittacorum var. SassyH. psittacorum x H. spathocircinata var. Golden Torch

    Figura 9 - Biplot da relao entre 6 descritores(ALTPC=altura de pseudo-caule, AREPC=rea do pseudo-caule, COMP=comprimento de pecolo, COMLF=comprimento de limbo, LARLF= largura de limbo e NUMP=nmero de perfilho, 9 espcies de Heliconia, dois ambientes dois ambientes (smbolos em preto= cabruca, smbolos em cinza=pleno sol) nas avaliaes aos 210 DAP

  • 41

    -4 -2 0 2 4

    -4-2

    02

    4255 dias

    CP1 (75.93%)

    CP2 (18.19%)

    ALTPC

    AREPC

    COMP

    COMLF

    LARLF

    NUMP

    H. episcopalisH. psittacorumH. wagnerianaH. pendulaH. lattispathaH. nickerensisH. psittacorum x H. spathocircinata var. Allan CarleH. psittacorum var. SassyH. psittacorum x H. spathocircinata var. Golden Torch

    Figura 10 - Biplot da relao entre 6 descritores(ALTPC=altura de pseudo-caule, AREPC=rea do pseudo-caule, COMP=comprimento de pecolo, COMLF=comprimento de limbo, LARLF= largura de limbo e NUMP=nmero de perfilho, 9 espcies de Heliconia, dois ambientes dois ambientes (smbolos em preto= cabruca, smbolos em cinza=pleno sol) nas avaliaes aos 255 DAP

  • 42

    -4 -2 0 2 4

    -4-2

    02

    4300 dias

    CP1 (72.21%)

    CP2 (19.44%)

    ALTPC

    AREPC

    COMP

    COMLF

    LARLF

    NUMP

    H. episcopalisH. psittacorumH. wagnerianaH. pendulaH. lattispathaH. nickerensisH. psittacorum x H. spathocircinata var. Allan CarleH. psittacorum var. SassyH. psittacorum x H. spathocircinata var. Golden Torch

    Figura 11 - Biplot da relao entre 6 descritores(ALTPC=altura de pseudo-caule, AREPC=rea do pseudo-caule, COMP=comprimento de pecolo, COMLF=comprimento de limbo, LARLF= largura de limbo e NUMP=nmero de perfilho, 9 espcies de Heliconia, dois ambientes dois ambientes (smbolos em preto= cabruca, smbolos em cinza=pleno sol) nas avaliaes aos 300 DAP

  • 43

    -4 -2 0 2 4

    -4-2

    02

    4345 dias

    CP1 (69.01%)

    CP2 (19.31%)

    ALTPC

    AREPC

    COMP

    COMLF

    LARLF

    NUMP

    H. episcopalisH. psittacorumH. wagnerianaH. pendulaH. lattispathaH. nickerensisH. psittacorum x H. spathocircinata var. Allan CarleH. psittacorum var. SassyH. psittacorum x H. spathocircinata var. Golden Torch

    4.2.2 Associaes entre as Espcies e Variveis

    A Componente Principal 1 (CP1) representa essencialmente o somatrio

    entre as variveis: ALTPC, AREPC, COMP, COMLF e LARLF. Assim, na avaliao

    Figura 12 - Biplot da relao entre 6 descritores(ALTPC=altura de pseudo-caule, AREPC=rea do pseudo-caule, COMP=comprimento de pecolo, COMLF=comprimento de limbo, LARLF= largura de limbo e NUMP=nmero de perfilho, 9 espcies de Heliconia, dois ambientes dois ambientes (smbolos em preto= cabruca, smbolos em cinza=pleno sol) nas avaliaes aos 345 DAP

  • 44

    realizada aos 210 DAP (Tabela 5) as espcies que apresentam maiores mdias

    esto localizadas direita das figuras 9,10,11 e 12. Heliconia wagneriana sob

    cabruca e pleno sol, seguidas pela espcie H. latispatha pleno sol e cabruca e H.

    pendula pleno sol e cabruca, isto pode ser visto na Tabela 5, onde observa-se que

    as trs espcies apresentaram altos valores mdios das diferentes variveis, em

    especial no ambiente pleno sol, com ALPC variando de 58,17 cm (Heliconia

    wagneriana cabruca) a 43 cm (H. pendula pleno sol), aos 210 DAP.

    Segundo Costa et al. (2006) as espcies de heliconia podem ser classificadas

    quanto ao porte, de acordo com a altura das mesmas, sendo Heliconia wagneriana e

    H. pendula grandes e H. latispatha de mdio porte. Nas avaliaes aos 255, 300 e

    345 DAP (Tabelas 6, 7 e 8) as mesmas espcies continuaram a apresentar as

    maiores mdias, e todas as demais espcies tambm apresentaram mdias

    crescentes a cada avaliao, porm observou-se que H. pendula sob cabruca

    apresentou uma menor taxa de crescimento quando comparada as outras espcies

    em estudo, em especial Heliconia wagneriana e H. latispatha sob cabruca,

    demonstrado pelo deslocamento da mesma do lado direito do quadrante inferior

    para a poro mediana (Figuras 9,10,11 e 12), prximo a um grande bloco de

    espcies de pequeno porte, crescidas na cabruca.

    As espcies Heliconia psittacorum, H. nickerensis e Heliconia psittacorum var.

    Sassy, sob cabruca, apresentaram as menores mdias para as variveis mtricas

    (ALTPC, AREPC, COMP, COMLF e LARLF) ao longo das quatro avaliaes.

    Heliconia wagneriana, H. latispatha, em pleno sol e cabruca, e H. episcopalis

    apresentaram maior estabilidade quanto s variveis mtricas nos dois ambientes,

    sendo suas medidas, dentro de cada espcie e para estas variveis, muito prximas.

  • 45

    Tabela 5 - Valores mdios das variveis altura de pseudo-caule (ALTPC), rea do pseudo-caule (AREPC), comprimento de pecolo (COMP), comprimento de limbo (COMLF), largura de limbo (LARLF) e nmero de perfilho (NUMP) das diferentes espcies de heliconia aos 210 DAP.

    210 DAP Espcies ALTPC AREPC COMP COMLF LARLF NUMP Epis-S 20,55 6,00 8,25 26,07 12,87 3,40 Psit S 30,99 1,73 6,74 28,80 7,03 2,83 Wa-S 51,72 9,15 12,47 65,85 19,25 7,82 Pend-S 48,53 6,12 14,70 36,12 14,22 5,02 Latt-S 55,47 5,65 15,30 52,12 18,60 3,47 Nick-S 15,650 1,30 4,62 28,62 8,72 5,50 Alan-S 41,45 7,45 10,87 47,60 13,65 9,57 Sassy-S 22,27 2,45 6,02 29,15 6,55 2,90 Golden-S 24,67 2,42 7,05 33,95 11,40 6,97 Epis-C 21,72 2,85 9,45 25,75 12,37 1,77 Psit C 11,27 0,4 3,70 17,70 5,72 1,70 Wa-C 58,17 16,42 20,32 49,62 18,17 2,27 Pend-C 43,00 11,62 14,67 33,52 12,30 2,35 Latt-C 52,97 3,10 17,17 44,72 14,12 2,75 Nick-C 13,70 0,65 4,65 20,25 7,12 2,82 Alan-C 27,62 2,40 8,82 29,97 9,87 3,10 Sassy-C 17,55 0,65 7,00 23,42 5,17 1,55 Golden-C 20,90 0,92 7,90 25,40 8,70 2,72 Epis = H. episcopalis Vellozo.; Psit =H. psittacorum L.f; Wa = Heliconia wagneriana Petersen; Pend = H. pendula Wawra; Latt= H. latispatha; Nick = H. x nickeriensis Maas & de Rooij (H. psittacorum x H. marginata); Alan = H. psittacorum L.f. x H. spathocircinata Aristeguieta cv. Alan Carle; Sassy = H. psittacorum L.f. cv. Sassy; Golden = H. psittacorum L.f. x H. spathocircinata Aristeguieta cv. Golden Torch. S= ambiente pleno sol; C=ambiente cabruca.

    Heliconia wagneriana e H. latispatha, pleno sol, e Heliconia wagneriana e H.

    latispatha sob cabruca aumentaram de tamanho a cada avaliao, em especial

    ALPC, COMP e COMLF, promovido por fenmenos distintos. As da cabruca pelo

    ambiente de baixa luminosidade, as de pleno sol devido ao adensamento de

    touceira, proporcionado pelo vigoroso perfilhamento. J para H. episcopalis no h

    evidncias que este fenmeno tenha sido similar ao verificado em Heliconia

    wagneriana e H. latispatha, pois seu perfilhamento foi inferior s mesmas, sendo

    uma das espcies em estudo que apresentou o menor perfilhamento aos 345 DAP.

    Todas as demais espcies ficaram em uma posio mediana, demonstrando uma

    similaridade de comportamento entre elas.

  • 46

    Broschat e Svenson (1994), observaram o mesmo fenmeno de elongamento

    do pseudo-caule nas espcies Heliconia stricta dwarf Jamaican e H. caribaeae

    Lamarck Purpurea, devido ao aumento da touceira. Segundo Taiz e Zeiger (2004),

    plantas que crescem em ambientes de baixa luminosidade so geralmente altas e

    afiladas e tem crescimento conhecido como estiolado e na ausncia de luz utiliza

    principalmente reservas estocadas. Catley e Brooking (1996), em estudos sobre

    efeito da luminosidade e temperatura no hbrido H. psittacorum L.f. x H.

    spathocircinata Aristeguieta cv. Golden Torch, sob ambiente controlado, observou

    que sob baixo fluxo de ftons (475 mol.m-2.s-1) o pseudocaule apresenta menor

    dimetro. Da mesma forma, no presente experimento observou-se tambm que H.

    psittacorum L.f. x H. spathocircinata Aristeguieta cv. Golden Torch apresentou no

    ambiente cabruca menor rea da seo transversal do pseudocaule que no

    ambiente pleno sol.

    Sabe-se que determinadas espcies tm plasticidade suficiente para se adaptar a

    determinada amplitude de regime de luz, crescendo como plantas de sol em reas

    ensolaradas e como plantas de sombra em habitats escuros (TAIZ; ZEIGER, 2004).

    Espcies de heliconia apresentam diferenas quanto a exigncia de luminosidade

    (BERRY; KRESS, 1991), algumas espcies possuem mecanismos compensatrios

    de tolerncia a alta luminosidade (TAIZ; ZEIGER, 2004), como pode-se observar,

    nas espcies de pequeno porte Heliconia psittacorum var. Alan Carle e Heliconia

    psittacorum var. Golden Torch se constituem um grupo, e o outro grupo composto

    por espcies de grande e mdio porte como Heliconia wagneriana e H. latispatha,

    apresentaram maior perfilhamento mdio e conseqentemente maior adensamento

    vegetal no ambiente pleno sol, sendo este um mecanismo compensatrio que

    evitou a ocorrncia de fotoinibio destas espcies.

  • 47

    Tabela 6 - Valores mdios das variveis altura de pseudo-caule (ALTPC), rea do pseudo-caule (AREPC), comprimento de pecolo (COMP), comprimento de limbo (COMLF), largura de limbo (LARLF) e nmero de perfilho (NUMP) das diferentes espcies de Heliconia aos 255 DAP.

    255 DAP Espcies ALTPC AREPC COMP COMLF LARLF NUMP Epis-S 21,00 5,00 8,62 28,25 14,47 4,60 Psit S 25,72 1,45 5,87 25,40 9,17 5,27 Wa-S 56,29 7,17 15,90 66,85 20,32 11,17 Pend-S 51,48 6,60 17,60 41,52 13,42 7,42 Latt-S 54,65 6,72 15,05 52,82 19,00 6,02 Nick-S 15,33 1,42 4,82 27,05 8,35 10,45 Alan-S 41,60 6,37 10,22 48,07 15,20 16,67 Sassy-S 21,03 2,17 6,50 27,52 6,65 5,87 Golden-S 24,81 2,75 7,55 33,30 11,47 12,52 Epis-C 22,05 3,40 10,87 24,45 10,62 1,65 Psit C 10,30 0,47 4,17 16,55 5,12 1,87 Wa-C 62,37 6,22 21,30 50,60 18,45 3,40 Pend-C 45,02 3,60 16,15 33,40 12,60 2,60 Latt-C 57,37 3,65 16,82 45,00 14,42 2,90 Nick-C 13,30 0,75 5,32 22,22 7,07 3,15 Alan-S 28,92 3,50 10,57 29,65 29,65 4,15 Sassy-C 17,35 0,77 7,25 22,57 5,50 1,65 Golden-C 20,20 1,17 8,60 25,27 8,70 4,22 Epis = H. episcopalis Vellozo.; Psit =H. psittacorum L.f; Wa = Heliconia wagneriana Petersen; Pend = H. pendula Wawra; Latt= H. latispatha; Nick = H. x nickeriensis Maas & de Rooij (H. psittacorum x H. marginata); Alan = H. psittacorum L.f. x H. spathocircinata Aristeguieta cv. Alan Carle; Sassy = H. psittacorum L.f. cv. Sassy; Golden = H. psittacorum L.f. x H. spathocircinata Aristeguieta cv. Golden Torch. S= ambiente pleno sol; C=ambiente cabruca.

    4.2.3 Influncia dos Ambientes

    Por meio da Componente Principal 1 (CP1) pde-se separar as helicnias de

    grande e mdio porte, como Heliconia wagneriana, H. latispatha e H. pendula, das

    espcies de pequeno porte, o que ocorreu tanto no ambiente pleno sol, quanto na

    cabruca. As espcies Heliconia psittacorum e hbridos interespecficos desta com

    outras espcies, como H. psittacorum L.f. x H. spathocircinata Aristeguieta cv. Alan

    Carle; H. psittacorum L.f. x H. spathocircinata Aristeguieta cv. Golden Torch e H.

    nickerensis, ficaram prximas no grfico.

  • 48

    Tabela 7 - Valores mdios das variveis altura de pseudo-caule (ALTPC), rea do pseudo-caule (AREPC), comprimento de pecolo (COMP), comprimento de limbo (COMLF), largura de limbo (LARLF) e nmero de perfilho (NUMP) das diferentes espcies de Heliconia aos 300 DAP.

    300 DAP Espcies ALTPC AREPC COMP COMLF LARLF NUMP Epis-S 28,65 6,350 9,85 37,05 16,25 7,37 Psit-S 54,70 3,42 13,02 41,80 9,32 7,10 Wa-S 72,25 11,17 19,82 79,05 21,85 15,40 Pend-S 60,95 5,70 16,92 44,25 14,55 9,75 Latt-S 74,52 10,90 17,20 70,47 22,80 8,30 Nick-S 34,57 2,37 8,42 41,87 12,32 16,60 Alan-S 72,27 11,32 17,77 66,85 17,42 23,47 Sassy-S 49,65 3,02 7,07 42,07 8,42 7,57 Golden-S 49,05 3,92 10,00 50,27 14,90 20,35 Epis-C 30,08 4,17 12,27 34,12 14,12 2,42 Psit-C 20,44 1,55 10,02 23,10 5,85 2,27 Wa-C 95,64 9,80 30,97 81,67 33,62 3,40 Pend-C 49,79 4,17 19,37 38,97