avaliação de genótipos de heliconia spp. sob cultivo a pleno sol e
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ
LCIO MAURO HOHLENWERGER ARGLO
AVALIAO DE GENTIPOS DE HELICONIA spp. SOB CULTIVO A PLENO SOL
E CABRUCA.
ILHUS-BAHIA 2009
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LCIO MAURO HOHLENWERGER ARGLO
AVALIAO DE GENTIPOS DE HELICONIA spp. SOB CULTIVO A PLENO SOL E CABRUCA.
Dissertao apresentada, para obteno do ttulo de mestre em Produo Vegetal, Universidade Estadual de Santa Cruz. rea de concentrao: Produo Vegetal Orientadora: DSc. Norma Eliane Pereira
ILHUS-BAHIA 2009
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LCIO MAURO HOHLENWERGER ARGLO
AVALIAO DE GENTIPOS DE HELICONIA spp. SOB CULTIVO A PLENO SOL
E CABRUCA. Ilhus- BA, 20/06/2009
Norma Eliane Pereira DSc. UESC
(Orientadora)
Drio Ahnert PhD UESC
Joo Sebastio de Paula Arajo PhD. UFRRJ
Fernanda Vidigal Duarte Souza DSc EMBRAPA-CNPMF
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DEDICATRIA
A minha esposa Poliana e meu filho Luan, ao meu pai Dilson e minha me Nadir,
meu sogro Jos e minha sogra Maria Vitoria, alm de minhas irms Mrcia e Liu e
sobrinhos Igor e Isa, sem esquecer da minha tia Beatriz e meu tio Ramiro que, com
muito carinho e apoio no mediram esforos para que eu chegasse at esta etapa
de minha vida, dedico.
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AGRADECIMENTOS
Deus que, que sempre me guiou nas minhas conquistas me acalentando nos
momentos de aflio.
Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), pela oportunidade de realizao do
Curso de Mestrado e a disponibilidade da rea para a implantao do experimento.
Ao Programa de Ps-Graduao em Produo Vegetal (PPGPV) da Universidade
Estadual de Santa Cruz.
CAPES, pela bolsa que viabilizou parte dos estudos.
Ao produtor e aluno de graduao Luciano Lima, pela doao do material vegetal.
Em especial ao funcionrio de campo e amigo Esmeraldino Rosa dos Santos pelo
valoroso esforo e apoio disponibilizado durante todo o perodo.
Aos amigos e colegas de mestrado Isamire, Diego, Mayana e Junea, pelo dialogo,
apoio e conforto oferecido nas horas difceis.
A professora Norma Eliane Pereira pelo auxlio em todas as etapas deste trabalho.
Aos professores Srgio Jos Ribeiro de Oliveira e Jos Cludio Faria pelas
sugestes e anlises estatsticas deste trabalho.
A todos, que de alguma forma, contriburam para a realizao deste trabalho.
Deixo aqui meu muito obrigado!
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AVALIAO DE GENTIPOS DE HELICONIA spp. SOB CULTIVO A PLENO SOL E CABRUCA.
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo avaliar diferentes acessos de helicnia sob
dois ambientes de cultivo (pleno sol e cabruca). Para tal, seis caracteres botnicos
foram analisados em quatro diferentes intervalos de avaliao (210, 255, 300 e 345
dias aps a instalao do experimento). Os dados foram submetidos a anlise
multivariada Biplot. As variveis altura de pseudocaule (ALTPC), rea da seo
transversal do pseudocaule (AREPC), comprimento do pecolo (COMP),
comprimento do limbo foliar (COMLF) e largura do limbo foliar (LARLF)
apresentaram correlao entre si e no foram correlacionados com a varivel
nmero de perfilhos (NUMP), com exceo da varivel COMLF, que apresentou
correlao significativa com NUMP nas primeiras avaliaes e diminui seu grau de
relao com a mesma ao longo das avaliaes. As variveis ALTPC, COMP,
COMLF e LARLF mostraram-se altamente correlacionados nos dois ambientes
experimentais. As espcies que apresentaram maiores valores para a varivel
ALTPC, AREPC, COMP, COMLF e LARLF foram Heliconia wagneriana, seguida de
H. latispatha Bentham cv. Orange Gyro e H. pendula nos ambientes pleno sol e
cabruca; as espcies que apresentaram menores valores para estas mesmas
variveis foram Heliconia psittacorum, H. nickerensis e Heliconia psittacorum var.
Sassy sob cabruca. As espcies cultivadas no ambiente cabruca obtiveram
desempenho inferior que as cultivadas no ambiente pleno sol para a varivel NUMP
em todas as avaliaes. As espcies H. psittacorum L.f. x H. spathocircinata
Aristeguieta cv. Alan Carle, H. psittacorum L.f. x H. spathocircinata Aristeguieta cv.
Golden Torch, H. wagneriana e H. nickerensis (H. psittacorum x H. marginata) em
ambiente pleno sol foram as que apresentaram maior NUMP, j os piores
desempenhos foram verificados para espcies H. pendula, H. latispatha Bentham cv.
Orange Gyro, H. episcopalis e Heliconia psittacorum var. Sassy sob cabruca. O
ambiente pleno sol apresentou maior variao para a varivel NUMP que o ambiente
cabruca, separando as espcies quanto a habilidade de perfilhamento; enquanto o
ambiente cabruca apresentou maior variao que o ambiente pleno sol para as
variveis mtricas, separando as espcies pelas dimenses dos caracteres
botnicos e seu porte.
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Palavras-chave: Heliconiaceae, desenvolvimento, componentes principais,
germoplasma, biplot.
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EVALUATION OF HELICONIA spp. GENOTYPES GROWN IN THE FULL SUN AND UNDER CABRUCA.
ABSTRACT
The objective of this investigation was to evaluate different heliconia accessions
under two growing environments (full sun and cabruca). To accomplish that, six
botanical characters were analyzed at four different evaluation intervals (210, 255,
300, and 345 days after installation of the experiment). The data were submitted to a
multivariate analysis Biplot. The variables pseudostem height (PSH), pseudostem
transverse section area (PSTSA), petiole length (PTL), leaf blade length (LBL), and
leaf blade width (LBW) showed correlation with one another but were not correlated
with number of shoots (NSH), with the exception of variable LBL, which showed
significant correlation with NSH in the initial evaluations and then decreased its
degree of correlation with time. The variables PSH, PTL, LBL, and LBW were highly
correlated in both experimental environments. The species with the highest values for
variables PSH, PSTSA, PTL, LBL, and LBW were Heliconia wagneriana, followed by
H. lattispatha Bentham cv. Orange Gyro, and H. pendula in the full sun and cabruca
environments; the species with the lowest values for the same variables were
Heliconia psittacorum, H. nickerensis, and Heliconia psittacorum var. Sassy under
cabruca. In all evaluations, the species grown in the cabruca environment achieved a
poorer performance for variable NSH than those grown in the full sun environment.
The species H. psittacorum L.f. H. spathocircinata Aristeguieta cv. Alan Carle, H.
psittacorum L. f. H. spathocircinata Aristeguieta cv. Golden Torch, H. wagneriana,
and H. nickerensis (H. psittacorum H. marginata) in the full sun environment
showed the highest NSH values; the poorest performances were observed for the
species H. pendula, H. latispatha Bentham cv. Orange Gyro, H. episcopalis, and
Heliconia psittacorum var. Sassy under cabruca. The full sun environment showed
greater variation for the NSH variable than the cabruca environment, thus separating
the species with regard to their shooting ability; the cabruca environment, in turn,
showed greater variation than the full sun environment for metric variables,
separating the species by their botanical characters dimensions and by their size.
Keywords: Heliconiaceae, development, principal components, germplasm, biplot.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Aspecto morfolgico da planta de Heliconia psittacorum................ 8 Figura 2 Hbitos de crescimento das helicnias: A) muside; B) canide;
C) zingiberide................................................................................ 9 Figura 3 Caractersticas das inflorescncia: A) Em espiral ereta; B) Dstica
e pendente....................................................................................... 11 Figura 4 Dez espcies de helicnias utilizadas no experimento:
A) Heliconia psittacorum cv. Suriname Sassy; B - H. psittacorum X H. spathocircinata Aristeguiela cv. Golden Torch; C - H. episcopalis; D - H. psittacorum; E - H. pendula; F - H. nickerense; G H. wagneriana; H - H. latispatha Orange Gyro; I - H. psittacorum X H. spathocircinata Aristeguiela cv. Alan Carle e J - H. richardiana................................................................................. 27
Figura 5 rea de cabruca aonde foi implantado o experimento.................... 28 Figura 6 Temperatura e precipitao mdia de maro de 2008 a abril de
2009 em Ilhus, Bahia. Fonte:CPTE/INPE. http://www.cptec.inpe.br/.................................................................
34
Figura 7 Temperatura mdia nos ambientes pleno sol e cabruca no dia 08/04/2009 na Fazenda Santa Cruz (UESC) em Ilhus, Bahia......
36
Figura 8 Radiao fotossinteticamente ativa no dia 08/04/2009 em pleno sol e cabruca na Fazenda Santa Cruz (UESC) em Ilhus, Bahia...
36
Figura 9 Biplot da relao entre 6 descritores(ALTPC=altura de pseudo-caule, AREPC=rea do pseudo-caule, COMP=comprimento de pecolo, COMLF=comprimento de limbo, LARLF= largura de limbo e NUMP=nmero de perfilho, 9 espcies de Heliconia, dois ambientes (smbolos em preto= cabruca, smbolos em cinza=pleno sol) nas avaliaes aos 210 DAP...............................
40 Figura 10 Biplot da relao entre 6 descritores(ALTPC=altura de pseudo-
caule, AREPC=rea do pseudo-caule, COMP=comprimento de pecolo, COMLF=comprimento de limbo, LARLF= largura de limbo e NUMP=nmero de perfilho, 9 espcies de Heliconia, dois ambientes (smbolos em preto= cabruca, smbolos em cinza=pleno sol) nas avaliaes aos 255 DAP.............................. 41
Figura 11 Biplot da relao entre 6 descritores(ALTPC=altura de pseudo-caule, AREPC=rea do pseudo-caule, COMP=comprimento de pecolo, COMLF=comprimento de limbo, LARLF= largura de limbo e NUMP=nmero de perfilho, 9 espcies de Heliconia, dois ambientes (smbolos em preto= cabruca, smbolos em cinza=pleno sol) nas avaliaes aos 300 DAP............................... 42
Figura 12 Biplot da relao entre 6 descritores(ALTPC=altura de pseudo-caule, AREPC=rea do pseudo-caule, COMP=comprimento de pecolo, COMLF=comprimento de limbo, LARLF= largura de limbo e NUMP=nmero de perfilho, 9 espcies de Heliconia, dois ambientes (smbolos em preto= cabruca, smbolos em cinza=pleno sol) nas avaliaes aos 345 DAP............................... 43
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Argumentos da funo decomposio de valor singular (svd) do ambiente R .................................................................... 31
Tabela 2 Resultados da funo svd do ambiente R.................. 31 Tabela 3 Autovalores, variao acumulada e variao total aos 210, 255, 300
e 245 DAP............................................................................................ 37 Tabela 4 Componentes principais das avaliaes aos 210, 255, 300 e 345
dias aps plantio(DAP)........................................................................ 38 Tabela 5 Valores mdios das variveis altura de pseudo-caule (ALTPC), rea
do pseudo-caule (AREPC), comprimento de pecolo (COMP), comprimento de limbo (COMLF), largura de limbo (LARLF) e nmero de perfilho (NUMP) das diferentes espcies de heliconia aos 210 DAP........................................................................................
45 Tabela 6 Valores mdios das variveis altura de pseudo-caule (ALTPC), rea
do pseudo-caule (AREPC), comprimento de pecolo (COMP), comprimento de limbo (COMLF), largura de limbo (LARLF) e nmero de perfilho (NUMP) das diferentes espcies de Heliconia aos 255 DAP........................................................................................
47 Tabela 7 Valores mdios das variveis altura de pseudo-caule (ALTPC), rea
do pseudo-caule (AREPC), comprimento de pecolo (COMP), comprimento de limbo (COMLF), largura de limbo (LARLF) e nmero de perfilho (NUMP) das diferentes espcies de Heliconia aos 300 DAP........................................................................................
48 Tabela 8 Valores mdios das variveis altura de pseudo-caule (ALTPC), rea
do pseudo-caule (AREPC), comprimento de pecolo (COMP), comprimento de limbo (COMLF), largura de limbo (LARLF) e nmero de perfilho (NUMP) das diferentes espcies de Heliconia aos 345 DAP........................................................................................
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SUMRIO
Resumo..................................................................................................... vi Abstract ................................................................................................... Viii 1. INTRODUO........................................................................................... 1 2. REVISO DE LITERATURA..................................................................... 4 2.1. Origem e Distribuio das Helicnias........................................................ 4 2.2. Classificao Taxonmica......................................................................... 5 2.3. Descrio Botnica.................................................................................... 7 2.3.1. Planta......................................................................................................... 7 2.3.2. Inflorescncias........................................................................................... 9 2.3.3. Rizomas..................................................................................................... 12 2.3.4. Propagao................................................................................................ 13 2.4. Exigncias Climticas e Manejo do Cultivo.............................................. 13 2.5. Explorao Comercial, Colheita e Ps-Colheita........................................ 17 2.6. Causas da eroso gentica e perda de diversidade gentica do gnero
heliconia no Brasil...................................................................................... 20
2.7. Importncia Econmica da Floricultura...................................................... 21 2.8. Interao Gentipos por ambientes........................................................... 23 2.9. Cabruca...................................................................................................... 24 3. MATERIAL E MTODOS.......................................................................... 26 3.1 Material Vegetal......................................................................................... 26 3.2. Ambiente Cabruca..................................................................................... 26 3.3. Ensaio Experimental.................................................................................. 28 3.4 3.5
Tratos Culturais e Manejo Cultural............................................................. Anlise Estatstica......................................................................................
29 30
3.5.1. Anlise Multivariada................................................................................... 30 3.5.2. Estimativa de Correlao Simples............................................................. 32 4. RESULTADOS E DISCUSSO................................................................. 34 4.1. Fatores Ambientais.................................................................................... 34 4.2. Biplot.......................................................................................................... 37 4.2.1. Relao entre as variveis......................................................................... 38 4.2.2. Associao entre as espcies e variveis................................................. 43 4.2.3. Influncia dos ambientes........................................................................... 47 5. CONCLUSES.......................................................................................... 52 REFERNCIAS.......................................................................................... 54 ANEXOS....................................................................................................
... 61
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1. INTRODUO
O mercado mundial de flores movimenta aproximadamente US$ 60 bilhes
por ano, sendo a Holanda o principal exportador e produtor mundial de flores com
48% das exportaes, seguido da Colmbia com 6%. Holanda, Itlia, Alemanha e
Japo tm grande tradio no cultivo e consumo de flores, porm novos centros de
produo tm surgido na Amrica Latina, frica e sia (BUNAINAN; BATALHA,
2007; JUNQUEIRA; PEETZ, 2008; SHEELA, 2008).
O Agronegcio de flores no Brasil tem ampliado sua rea, mercado, qualidade
e ramificao nas regies do pas, com uma estimativa de aumento de produo de
20% a cada ano (BUNAINAN; BATALHA, 2007). O principal mercado da floricultura
brasileira o interno, que em 2007 atingiu 1,3 bilhes de dlares e, apesar de
exportar para mais de 40 pases, esta exportao representou somente 0,22% do
mercado internacional e 3% da produo nacional (BUNAINAN; BATALHA, 2007).
No eixo Sul-Sudeste se concentram, atualmente, aproximadamente 70% da
produo de flores no Brasil. Entretanto nos ltimos anos o Nordeste tem ampliado
sua rea de produo com destaque para os estados de Pernambuco, Cear,
Alagoas e Bahia, na produo de flores tropicais. A produo de flores tropicais na
Bahia se concentra nos litorais Norte e Sul, sendo que, neste ltimo o municpio de
Ilhus se destaca com mais de 40 ha plantados com heliconias, alpneas, basto do
imperador, tapeinquilo, antrios, alm de outras espcies (BRAINER; OLIVEIRA,
2006; JUNQUEIRA; PEETZ, 2008).
A famlia Heliconiaceae, da ordem Zingiberales, representada por um nico
gnero, Heliconia, com mais de 350 variedades. As helicnias apresentam
perspectivas promissoras como flores de corte por possurem caractersticas
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fundamentais comercializao como beleza, resistncia ao transporte e
durabilidade aps a colheita (CASTRO, 1993; SHEELA, 2008).
A radiao solar influencia diretamente os processos metablicos que
determinam o crescimento e a produo de heliconias. Cada espcie tem diferentes
necessidades de luminosidade para florescer, mas em geral preferem pleno sol ou
sombreamento parcial (BERRY; KRESS, 1991; SHEELA, 2008). A produo de
inflorescncias em Heliconia pode reduzir consideravelmente com a diminuio da
luminosidade. O hbrido de Heliconia psittacorum x H. sparthocircinata var. Golden
Torch chega a produzir 130 inflorescncias touceira/ ano a pleno sol, j com 37% de
luminosidade mdia produziu 35 inflorescncias touceira/ ano nas condies do
Havai (KRESS et al., 1999). Alm disto, a intensidade luminosa influencia na
espessura da lmina foliar e do mesfilo, que se tornam mais delgados medida
que a disponibilidade de luz diminui, j que a quantidade de clorofila aumenta para
captar energia suficiente para realizar fotossntese (KATTAN; GUARIGUATA, 2002).
Na regio Sul da Bahia, a maior parte das lavouras de cacau foi implantada
sob a floresta nativa raleada em um sistema conhecido como cabruca. Nesse
sistema retira-se o sub-bosque e parte das rvores de dossel da floresta,
conservando-se as rvores de maior porte para sombrear o cacau (FRANCO et al.,
1994). O cacau-cabruca pode ser conceituado como um sistema agrossilvicultural,
onde uma cultura de valor econmico implantada sob a proteo das rvores
remanescentes de forma descontnua e circundada por vegetao natural,
estabelecendo relaes estveis com os recursos naturais associados (LOBO et
al., 1997).
Dentre os vegetais encontrados no sistema cacau-cabruca trs espcies de
interesse floricultura tropical se destacam: as helicnias, pertencentes famlia
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Heliconiaceae; as bromlias, epfitas, pertencentes famlia Bromeliaceae; e por fim
as orqudeas, epfitas, pertencentes famlia Orquidaceae. Estas trs espcies
apresentam um grande potencial florstico, que pode ser utilizado de forma racional e
sustentvel, gerando lucros significativos para a regio, graas ao grande interesse
nacional e internacional por estas plantas (ALMEIDA FILHO et al., 2002).
O presente trabalho teve como objetivo avaliar acessos de helicnia da
coleo de germoplasma da UESC quanto ao seu comportamento em diferentes
pocas de avaliao, cinco caracteres botnicos e um agronmico, sob duas
condies ambientes, cabruca e pleno sol.
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2. REVISO DE LITERATURA
2.1.Origem e Distribuio das Helicnias
A famlia Heliconiaceae amplamente distribuda na Amrica Central e do
Sul, ilhas Caribenhas e algumas ilhas do Pacfico Sul, sendo que a diversidade
observada sugere como o centro de origem do gnero o noroeste da Amrica do
Sul, regio caracterizada pelo elevado ndice pluviomtrico e com altitudes que vo
de 0 a 2000 metros, embora poucas sejam aquelas restritas regies mais altas
(ANDERSON, 1989; SHEELA, 2008). Criley (1988) estima entre 120 e 250 espcies
de Heliconias nos trpicos. Na Colmbia estima-se que existam mais de cem
espcies de heliconia. As helicnias predominantemente se adaptam melhor em
regies midas, mas h espcies adaptadas s reas de secas peridicas (CRILEY;
BROSCHAT, 1992). Algumas espcies so encontradas em florestas montanhosas,
ainda que as mais exuberantes encontram-se em terras baixas tropicais,
especialmente as espcies colonizadoras de crescimento contnuo, ao longo de
estradas, beira de rios e em clareiras de florestas midas, matas ciliares e
matas de galeria. Em habitat de campo aberto, caracterizado por alta irradiao
solar, as helicnias podem apresentar mais de seis metros de altura e formam
densos agrupamentos com 50 perfilhos ou mais (RUNDEL et al., 1998). Como
resultado do cultivo comercial e sua popularizao como flor de corte e uso no
paisagismo, as helicnias so hoje encontradas em todas as regies tropicais
do mundo, mesmo em reas onde no so nativas, como Hawai e nas Ilhas
Fidji, onde se adaptaram to bem que so encontradas naturalmente (BERRY;
KRESS, 1991).
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2.2 Classificao Taxonmica
A famlia Heliconiacea parte da ordem Zingiberales (Scitamineae,
Scitaminales), sendo uma das oito famlias que compem esta ordem junto com:
Zingiberaceae, Costaceae, Marantaceae, Cannaceae, Lowiaceae, Musaceae e
Strelitziaceae (CASTRO, 1995b). H vrias caractersticas que fazem desta, uma
ordem de fcil reconhecimento, destacando-se as folhas largas e grandes, pecolos
longos, brcteas e inflorescncia com cores vistosas (BERRY; KRESS, 1991).
Originalmente includo na famlia Musaceae (a famlia das bananeiras), o
gnero Helicnia mais tarde passou a constituir a famlia Heliconiaceae como nico
representante. Ocorrem em altitudes que variam de 0 a 2.000m, embora poucas
sejam aquelas restritas s regies mais altas. As helicnias so plantas de origem
neotropical conhecidas por nomes regionais como bananeira-de-jardim, bico-de-
guar, falsa-ave-do-paraso, bico-de-papagaio e paquevira, entre outros
(ANDERSON, 1989).
O nome do gnero foi estabelecido por Lineu, em 1771, numa aluso ao
Monte Helicon, na Becia, Grcia, local onde residiam Apolo e as Musas, segundo a
mitologia (WATSON; SMITH, 1979).
Segundo Castro e Graziano (1997), o gnero foi subdividido em quatro
subgneros: Taeniostrobus (Kuntze) Griggs - grupo com brcteas amplas;
Stenochlamys Baker - grupo com brcteas estreitas; Heliconia (Platychlamys Baker)
- no qual foram mantidas espcies de relaes incertas; Pendulae Griggs - um grupo
com inflorescncia pendentes.
Castro et al. (2007) apresentam modificaes feitas no gnero que passou a
se constituir por cinco subgneros: Heliconia,Taeniostrobus, Stenochlamys,
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Heliconiopsis e Griggs. O subgenro Heliconia compreende 45 espcies, distribudas
nas Sees: Episcopales (1 espcie), Heliconia (10 espcies), Tortex (17 espcies),
Tenebria (2 espcies), Farinosae (12 espcies) e Complanatae (3 espcies). As
Sees Episcopales, Tenebria e Complanatae compreendem apenas espcies com
distribuio sul-americana. As demais Sees tm espcies com ampla distribuio
pelo trpico americano com endemismo para duas espcies da Seo Heliconia,
nove espcies em Tortex e oito em Farinosae. Na Seo Farinosae esto reunidas
algumas das principais espcies de ocorrncia natural do Brasil, as H. farinosae, H.
sampaioana, H. velloziana e H. kautzikiana, sendo as trs primeiras muitas vezes
encontradas no comrcio, nos Estados do Rio de Janeiro e de So Paulo.
O subgnero Taeniostrobus possui 4 espcies de ocorrncia natural na
Amrica Central; o subgnero Stenochlamys possui 47 espcies que se distribuem
nas Sees: Lanea (18 espcies), Stenochlamys (6 espcies), Proximochlamys (1
espcie), Lasia (5 espcies), Cannastrum (9 espcies) e Zingiberastrum (8
espcies). As Sees Proximochlamys e Lasia compreendem apenas espcies com
distribuio sul-americana. Em Lasia observa-se uma espcie endmica da
Colmbia. As demais Sees tm espcies com ampla distribuio pelo trpico
americano com endemismo para nove espcies da Seo Lanea (KRESS, 1990),
que inclui as espcies das ilhas do Oceano Pacfico. O subgnero Heliconiopsis,
compreende apenas seis espcies todas originrias de Ilhas do Pacfico e com certo
grau de endemismo. O subgnero Griggsia (antigo Pendulae Griggs), o maior em
nmero de espcies, 80 no total, todas com inflorescncias pendentes e distribudas
em 11 Sees.
Em seu levantamento Castro et al. (2007) estima que existam 176 espcies
de helicnias, de ocorrncia na regio neotropical e seis espcies nas Ilhas do
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Pacfico, perfazendo 182 espcies, distribudas nos 5 subgneros e 23 sees. O
maior nmero de espcies e subespcies descritas tem ocorrncia na Colmbia
(94), seguindo-se em ordem decrescente Equador (60) Panam (56), Costa Rica
(47), Brasil (37), Peru (32), Venezuela (26), Nicargua (22), Guatemala (16), Bolvia
(15), Honduras e Mxico (14) e Suriname (13).
O grande nmero de espcies na Amrica do Sul confirma a regio como um
dos centros de diversificao do gnero. Das espcies conhecidas, 94 so
apontadas como endmicas de determinada regio, o que mostra uma grande
fragilidade do gnero com relao conservao de germoplasma. O maior grau de
endemismo ocorre na Colmbia com 36 espcies. Seguem-se Equador (21),
Panam (13), Costa Rica (8), Brasil (6), Peru (5), Mxico (3) e Guatemala, Ilhas
Salomo, Samoa, Fiji e Venezuela, as cinco ltimas com uma espcie endmica
(CASTRO et al., 2007).
No Brasil foram identificadas duas reas de distribuio geogrfica e
diversidade: a bacia amaznica (21 espcies) e a Mata Atlntica costeira ou
litornea (20 espcies) (KRESS, 1990).
2.3 Descrio Botnica
2.3.1. Planta
As helicnias so plantas herbceas, variando de 0,5 m a 6,0 ou 7,0 m de
altura, quando medidas do solo at o ponto mais alto das folhas (CRILEY;
BROSCHAT, 1992; SHEELA, 2008). Apresentam extensivo crescimento rizomatoso
(Figura 1), com capacidade de perfilhamento varivel, podendo t-las agrupadas ou
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adensadas, ou seja, com emisso de perfilhos afastados ou prximos ao
pseudocaule da planta que originou (COSTA, 2005).
Face abaxial
Nervura central
Folha superior
Face adaxial
Bainha foliar Pecolo Lmina foliar
Pseudocaule Olho Perfilho
Razes
Rizomas
As folhas das helicnias so geralmente esverdeadas e podem apresentar
cerosidade na face abaxial. Segundo Berry e Kress (1991) as helicnias so
classificadas quanto disposio das folhas na planta, como: musides (folhas so
orientadas verticalmente em relao ao pseudocaule, pecolos longos, hbito de
crescimento semelhante s bananeiras, ocorrncia na maioria das espcies);
zingiberides (folhas tm um posicionamento mais horizontal, pecolos curtos,
formato semelhante aos gengibres) e canides (pecolo curto ou de mdio
alongamento, com posio oblqua haste, formato semelhante as espcies do
gnero Cannas L. (Figura 2).
Figura 1 Aspecto morfolgico da planta de Heliconia psittacorum.
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A B C
2.3.2. Inflorescncias
As partes que todos crem que so flores na realidade, so as brcteas
coloridas que envolvem as flores. As flores so hermafroditas e insignificantes pelo
ponto de vista comercial (SCHWARTZ; BLUMENT-HAL, 2001).
A inflorescncia terminal, ereta ou pendente (Figura 3), constituda de
brcteas arranjadas disticamente ou em espiral. As brcteas, estruturas da planta
que lhe do valor comercial, so folhas modificadas com colorao, tamanho,
formato, disposio, textura, nmero e outros detalhes que variam muito, sendo
estas caractersticas utilizadas na classificao botnica. As brcteas se unem por
Figura 2 - Hbitos de crescimento das helicnias: A) muside; B) canide; C) zingiberide.
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meio da rquis e podem estar dispostas em um ou mais planos, devido toro da
rquis, ficando com forma espiralada (BERRY; KRESS, 1991).
Quanto forma, as inflorescncias de helicnias podem ser subdivididas em
quatro grupos:
1. Eretas num nico plano (Grupo 1). Este grupo pode ser
subdividido em:
1.1 - Inflorescncia de pequeno porte (Grupo 1A)
1.2 - Inlforescncia de grande porte (Grupo 1B)
2. Eretas, em mais de um plano (Grupo 2)
3. Pendente num nico plano (Grupo 3)
4. Pendente em mais de um plano (Grupo 4)
As inflorescncias de pequeno porte (Grupo 1A) pesam menos que as de
grande porte, dos Grupos 1B, 2, 3 e 4. As inflorescncias em um mesmo plano
(Grupos 1 e 3) so mais fceis de embalar do que em planos diferentes
(Grupos 2 e 4) (CASTRO, 1995b).
As flores de helicnias so hermafroditas, com cores variando de amarelo
a branco (BERRY; KRESS, 1991). O perianto composto de trs spalas
externas e trs ptalas internas, as quais apresentam diferentes graus de fuso,
formando um tubo aberto de comprimento variado, dependendo da espcie. As
flores apresentam seis estames, cinco frteis e um modificado em estaminide
estril, filete e anteras lineares (CRILEY, 1995). O tamanho, forma e insero dos
estames so caractersticas utilizadas para identificao das espcies. As anteras
ficam localizadas acima ou no nvel final do perianto. O plen fica maduro durante o
dia, na maioria das espcies. O estilete acompanha a curvatura do perianto e o
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11
ovrio nfero, trilocular, com placentao basal, com um vulo por lculo
(SIMO et al., 2006).
Para caracterizao das estruturas das inflorescncias de helicnias, o
comprimento no deve incluir o pednculo. O tamanho da rquis tomado da parte
inferior da brctea mais alta at a parte superior da brctea mais baixa (CRILEY;
BROSCHAT, 1992). Os frutos de helicnia so drupas, indeiscentes com endocarpo
lignificado e colorao azul escura quando maduro (SIMO et al., 2006). O fruto
geralmente abriga em torno de trs sementes, com aproximadamente 1,5 cm de
dimetro cada uma (DANIELS; STILES, 1979).
A
B Figura 3 - Caractersticas das inflorescncia: A) Em espiral ereta; B) Dstica e pendente.
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2.3.3. Rizomas
Os rizomas so caules especializados que crescem horizontalmente, logo
abaixo da superficie do solo. So utilizados como forma de propagao e servem
tambm como fonte de reservas de nutrientes e gua, o que torna as plantas que
possuem estes rgos subterrneos mais resistentes s condies adversas
(RUNDEL et al., 1998).
Segundo CRILEY (1995) a recomendao para plantio so os segmentos de
rizoma bem desenvolvidos, com pseudocaules de 15 a 30 cm e remoo de todas as
razes velhas e folhas, deixando a unidade propagativa limpa.
O crescimento das helicnias bastante vigoroso e frequentemente formam
uma grande populao monoclonal (CRILEY; BROSCHAT, 1992). Dentro de uma
mesma espcie pode ocorrer grande variao quanto ao porte, dependendo da
variedade, cultivar ou forma de conduo (BERRY; KRESS, 1991).
O crescimento e distribuio dos rizomas podem variar quanto distncia e
direo entre os novos e velhos brotos, sendo eles eretos ou oblquos dividindo-se
em quatro grupos:
Espaado: os pseudocaules brotam muito separados devido ao fato do
rizoma crescer de 20 a 40cm paralelo a superfcie do solo, normalmente
acorre em espcies que crescem em lugares muito midos como a
Heliconia episcopalis.
Semi-espaado: crescem um pouco separados, porm em menor
proporo que as plantas citadas acima. muito caracterstico em
espcies que crescem a sol pleno como a Heliconia latispatha.
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Agrupado: os pseudocaules crescem um prximo ao outro e com o
passar do tempo vo formando um crculo ao nvel do solo ( Ex.: Heliconia
griggsiana).
Muito agrupado: so rizomas compactos e os pseudocaules se
desenvolvem de forma muito agrupada, normalmente so espcies que se
adaptam a solos muito inclinados (Ex.: Heliconia mutisiana) (BERRY;
KRESS, 1991).
2.3.4 Propagao
O meio de propagao mais utilizado no cultivo de helicnias por meio do
plantio de rizomas, o que faz com que estas plantas tenham uma baixa diversidade
gentica. Outro meio de propagao utilizado por sementes, entretanto a
germinao ocorre no prazo de 120 dias para a maioria das espcies, e algumas
podem demorar at trs anos para germinar. Isto se d devido ao fato das sementes
serem envolvidas por um endocarpo muito duro (MARQUES et al, 2004).
2.4. Exigncias Climticas e Manejo do Cultivo
A radiao solar influencia diretamente sobre os processos metablicos que
determinam o crescimento e a produo destas plantas. Cada espcie tem
diferentes necessidades de luminosidade para florescer, mas em geral pode-se dizer
que elas preferem pleno sol ou sombreamento parcial. A plena exposio ao sol faz
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com que a planta necessite de mais gua e fertilizantes (BERRY; KRESS, 1991;
SHEELA, 2008).
Dados sobre a exigncia de luminosidade de algumas espcies e cultivares
de helicnia na Colmbia foram apresentados por Berry e Kress (1991), tais como:
Heliconia wagneriana Petersen., Heliconia psittacorum L.f , Heliconia episcopalis
Vellozo.; Heliconia psittacorum L.f. cv. Sassy, Heliconia psittacorum L.f. x H.
spathocircinata Aristeguieta cv. Golden Torch, Heliconia pendula Wawra, Heliconia
richardiana Miquel, Heliconia x nickeriensis Maas & de Rooij (H. psittacorum x H.
marginata) e Heliconia psittacorum L.f. x H. spathocircinata Aristeguieta cv. Alan
Carle. Todas apresentam hbito de crescimento muside, a maioria com
inflorescncias eretas, exceto Heliconia pendula que pendente. Podem ser
cultivadas a pleno sol ou sob sombreamento, que pode variar a depender da
espcie, de 20 a 70%.
Algumas espcies de helicnia florescem durante todo o ano, como H.
psittacorum. Outras so espcies fotoperidicas que necessitam de estmulo de
luminosidade para florescer. Assim, H. wagneriana, H. rostrata e H.stricta cv.Dwarf
Jamaica so consideradas espcies de dias curtos (DC), enquanto H. angusta
considerada uma espcie de dias longos (DL)(CRILEY;SAKAY, 1997; MACIEL;
CRILEY, 2000; SHEELA, 2008).
A pleno sol o crescimento e florescimento das helicnias so altamente
afetados pelos nutrientes. Entretanto, sob condies de sombreamento a luz o
fator limitante e o aumento da quantidade de nutrientes no aumenta a produo de
flores (BROSCHAT; DONSEIMAN, 1983).
Entre as prticas de manejo, recomenda-se a remoo das folhas velhas e
doentes, e dos caules secos das plantas que j floresceram, a fim de favorecer o
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desenvolvimento da touceira e melhorar a aerao no seu interior.
recomendvel o desbaste das touceiras de helicnias aps o segundo ano do
plantio, pois o raleamento da touceira permite uma maior entrada de luz, que resulta
no aumento da produo de perfilhos e futuras hastes florais (DONSELMAN;
BROSCHAT, 1986; FERNANDES, 2000). Sob um sombreamento de 63%, por
exemplo, a luz torna-se um fator limitante para o cultivo comercial, mesmo que a
fertilizao seja aumentada, pois no ocorrer aumento de produo de
inflorescncias (BROSCHAT et al.,1985). Quando o agrupamento de plantas
comea a comprometer a produtividade, pode ser feita a diviso das touceiras para
a renovao do plantio e obteno de mudas (COSTA, 2005).
O espaamento para o cultivo de helicnias depender da espcie e/ou
cultivar a ser utilizada. Para espcies produtoras de inflorescncias leves e eretas,
trs plantas por metro linear a densidade de plantio mais recomendada, em
espaamento de 30 cm entre plantas. O plantio efetuado no centro de canteiros
com largura de 0,9 m. Canteiros mais largos levam a um uso ineficiente do espao e,
os mais estreitos, no s dificultam a colheita das inflorescncias como concorrem
para o desenvolvimento de plantas estioladas nas linhas centrais, devido a
dificuldade na entrada de luz atravs da folhagem (DONSELMAN; BROSCHAT,
1986; FERNANDES, 2000).
Segundo Costa et al (2006), as helicnias de pequeno porte, como, por
exemplo, as cultivares e hbridos de H. psittacorum perfilha mais que as helicnias
de grande porte. Em geral, os gentipos que perfilham muito, apresentam expanso
mais rpida da touceira, sendo definidos como de crescimento aberto (CRILEY,
1988). Estes devem ser plantados em espaamentos maiores que 1,5 x 3,0 m, caso
contrrio ser necessrio desbaste de perfilhos para que no haja invaso nas
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16
entrelinhas. Espaamentos reduzidos acarretam o rpido adensamento das plantas
necessitando renovar o plantio em intervalos de tempo menores. Gentipos de
grande porte com inflorescncias eretas e crescimento agrupado como, por exemplo
H. wagneriana, no devem ser plantadas em espaamento menores que o citado
anteriormente pois mostram tendncia ao tombamento da planta, levando
formao de inflorescncias inclinadas em relao haste, caracterstica indesejvel
para a comercializao devido dificuldade de embalagem e transporte. Costa et al.
(2006) realizaram estudos de perfilhamento com diversas espcies de helicnia,
concluindo que a adoo de um nico espaamento para diferentes espcies de
heliconia no recomendado.
Outro fator determinante para algumas espcies a drenagem. O carter
higrfilo tambm pode ser encontrado em altitudes mdias onde a precipitao
maior que 2000 mm anuais em ecossistema de montanhas, e precisamente esse o
fator mais importante e serviu como ponto de partida para estudos realizados na
Colmbia sobre helicnias ou mesmo com a ordem zingiberales, j que o
desenvolvimento dos rizomas, tamanho, nmero e colorao das inflorescncias
dependem dos parmetros climticos. No so muitas as espcies que sobrevivem
em plena sombra dentro da selva, a maioria est em lugares abertos, onde recebem
uma mdia de seis horas dirias de sol (MACIEL, 2003).
O estresse hdrico notado nestas plantas pelo enrolamento longitudinal das
folhas. A melhor forma de irrigar sob asperso, com aspersores instalados ao nvel
do solo (AUERBACH; STRONG, 1991). Adicionalmente, segundo Castro (1995), os
melhores mtodos de irrigao so o gotejamento e a asperso baixa, pois evitam
que gua se acumule nas brcteas das inflorescncias eretas e com isto apodrea
as flores e prolifere insetos.
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O vento outro fator, que dependendo da intensidade, pode ser prejudicial ao
cultivo de helicnias. Segundo Ometto e Caramori (1981), em condies de
velocidade alta de vento, a ao mecnica sobre as plantas promove a queda de
folhas, de flores, de frutos e quebra de galhos, alm de provocar ferimentos que
favorecem a entrada de patgenos como bactrias, vrus e fungos, e diminuem a
eficincia fotossinttica.
De acordo com MOREIRA (1987), ventos com velocidades de 7 a 10 m. s-1
causam fendilhamento e dilacerao das folhas, com possibilidades da rea foliar
reduzir a apenas 20%. Se a velocidade do vento atingir 20 m. s-1, poder ocorrer o
rompimento do sistema radicular, se for maior do que 30 m. s-1 h riscos de quebra
do pseudocaule ou o acamamento da planta. No entanto, para Soto (1985), esses
limites de velocidade do vento so menores, constatando que velocidades de vento
a partir de 15 m. s-1 j provocam a destruio total da plantao de bananas.
2.5. Explorao Comercial, Colheita e Ps-Colheita
As espcies do gnero heliconia so muito apreciadas em funo da
aparncia extica das inflorescncias e grande variao de cores e formas, com
produo de flores contnua, em grande quantidade e com alta durabilidade aps o
corte. Apresentando perspectivas promissoras como flores de corte e plantas para
paisagismo, tambm h relatos de seu uso como palha para cobertura de telhados,
e seus rizomas e folhas tem sido testados para explorao medicinal (CASTRO E
GRAZIANO, 1997; SHEELA, 2008)
As hastes florais devem ser colhidas enquanto no esto completamente
abertas sendo necessrio empacot-las em recipientes que retenham a umidade e
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suporte o peso das hastes evitando assim que se danifiquem durante o trnsito. As
inflorescncias podem sofrer danos por temperaturas demasiadamente baixas, as
quais seriam normais para outros tipos de flores de corte e de folhagens (CRILEY,
1988).
A colheita das helicnias deve ser feita em horrios com temperaturas mais
amenas, para evitar a desidratao, recomendando-se que logo aps a colheita, as
inflorescncias sejam colocadas em recipientes com gua, em local protegido do sol
(MOSCA; CAVALCANTI, 2005). Nowak e Rudnicki (1990) recomendam que a
colheita de hastes florais deve ser feita pela manh, porque os tecidos apresentam
maior turgidez, as temperaturas so mais amenas e a intensidade luminosa menor,
embora, durante tarde as hastes apresentem maior nvel de carboidratos
armazenados.
Aps o corte, normalmente no ocorre abertura adicional das brcteas (TJIA,
1985; BROSCHAT, 1985; DONSELMAN; BROSCHAT, 1986), entretanto, nota-se
que a abertura adicional de brcteas e inflorescncias de vrias espcies de
helicnias colhidas no estdio de uma a duas brcteas basais expandidas
pode ocorrer se estas forem mantidas em soluo conservante base de
sacarose, cido ctrico e 8-hidroxiquinolina (CASTRO, 1993).
Durante a colheita de helicnias, sugere-se que, seja realizada pr-seleo,
observando-se o tamanho da haste floral e sua qualidade (defeitos e ponto de
colheita). As hastes devem ser cortadas prximas ao solo, quando as inflorescncias
apresentarem de duas a cinco brcteas abertas (MOSCA; CAVALCANTI, 2005).
Logo que separada da planta me, e apesar da demanda energtica ser grande
nesta fase, a flor de corte no recebe mais nutriente, e por isso depende
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inteiramente de suas reservas de carboidratos (PAULIN, 1986; HALABA; RUDNICKI,
1986; MARISSEN, 2001; DRUEGE, 2001).
Em algumas flores de corte possvel que a reserva de carboidratos contida
na haste, possa ser utilizada pela flor. Essa reserva estende o potencial de
longevidade das flores (KAYS, 1991). Para algumas espcies, os carboidratos
presentes na flor sugerem um aumento da durabilidade ps-colheita desta,
entretanto em outras espcies no suficiente para suprir o metabolismo da
haste floral aps o corte, podendo os carboidratos serem translocados das
folhas para a flor (MARISSEN, 2001).
Criley e Broschat (1992) afirmaram que o reduzido perodo de ps-colheita de
algumas helicnias o principal fator limitante para seu uso como flor de
corte, no impedindo a sua utilizao no meio paisagstico. Aspectos como pr-
colheita, mtodos de hidratao, reduo da perda de colorao e aumento do
perodo ps-colheita devem ser pesquisados. As novas espcies introduzidas
tambm devem ser avaliadas quanto s caractersticas de ps-colheita.
Com a adequao e o aprimoramento das tcnicas de produo, colheita e
ps-colheita, o produtor obter inflorescncias de melhor qualidade podendo, assim,
disponibiliz-las com perodo maior de conservao e qualidade superior,
valorizando o seu produto na comercializao .
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2.6. Causas da Eroso Gentica e Perda de Diversidade Gentica do Gnero
Heliconia no Brasil
De 60% a 80 % da populao brasileira vive na regio abrangida
originalmente pela Mata Atlntica, desfrutando de seus remanescentes. A ocupao
antrpica faz com que muitas espcies desapaream sem que sejam identificadas.
Na Mata Atlntica, 50% das espcies vegetais so endmicas, isto , s podem ser
encontradas nesta regio de abrangncia. Infelizmente, na rea originalmente
abrangida por esta Floresta, atualmente se distribuem cidades e os principais plos
agrcolas, industriais, qumicos, petroleiros, porturios, tursticos e at nucleares.
Acrescido a isto, observa-se uma explorao indiscriminada dos recursos vegetais
acelerando os processos de extino das espcies nativas (SOS MATA
ATLNTICA,2009 ; GOYANO, 2002).
Estudos de Bruna (1999) demonstraram que reconstituio vegetal de
fragmentos de floresta Amaznica (Floresta Tropical mida) por meio seminal com a
espcie Heliconia acuminata foram pouco eficientes para reconstituio florestal de
ambientes fragmentados, podendo levar ao insucesso devido dificuldade de
estabelecimento da semente ou da plntula por motivos diversos, sendo mais
eficiente este mtodo em florestas continuas. Para evitar tal fato, a estratgia de
manter estas espcies em colees ex situ visa preservar o gnero e o risco de
eroso gentica do mesmo, alm de possibilitar maiores estudos de seu potencial
florstico e ornamental ou em programas de melhoramento.
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2.7. Importncia Econmica da Floricultura
O agronegcio de flores e plantas ornamentais vem se expandindo no Pas,
devido principalmente as condies climticas do Brasil que favorecem o cultivo de
flores de clima temperado e tropical. Devido a isto, possvel produzir flores,
folhagens e outros derivados, todos os dias do ano a um custo reduzido. O mercado
consumidor de plantas ornamentais e flores de corte dos pases do primeiro mundo
alcanaram US$ 90 bilhes, com uma taxa de crescimento estimada da ordem de
12% ao ano (LAMAS, 2002).
O Brasil movimenta, anualmente, aproximadamente US$ 1 bilho no negcio
de flores, em uma rea cultivada de aproximadamente 5.250 hectares, gerando
cerca de 200.000 postos de trabalho. As exportaes brasileiras de flores e plantas
ornamentais, em 2004, atingiram US$ 23,5 milhes, valor que superou em 20,96%
os resultados de 2003, confirmando todas as expectativas sobre o grande
desempenho do setor exportador da floricultura brasileira. De janeiro a setembro de
2006, foi registrado um crescimento de 16,1% em relao ao mesmo perodo em
2005, atingindo o valor de US$ 24,2 milhes, enquanto em 2007, as exportaes
obtiveram um aumento de 9,1% em relao a 2006, atingindo o valor de US$ 35,3
milhes, segundo dados da Secretaria de Comrcio Exterior do Ministrio do
Desenvolvimento Indstria e Comrcio Exterior. J as importaes somaram US$
6,8 milhes em 2006, apresentando variao positiva de 56,5% em relao aos
mesmos meses de 2005 e em 2007 teve crescimento expressivo de 23,2% em
comparao ao valor do ano anterior (IBRAFLOR, 2004; KYIUNA et al., 2006 e
2008).
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Apesar do grande valor de investimento inicial, a floricultura tropical surge
como uma boa alternativa de investimento na Agricultura, devido ao fato desta
atividade necessitar de pouca rea para ser implantada e as plantas terem um ciclo
relativamente curto, conciliado ainda, ao fato destas plantas terem um grande valor
agregado, permitindo rpido retorno do capital investido (LAMAS, 2002).
Estima-se que o agronegcio de flores gera entre 3 e 6 empregos diretos e
fixos por hectare. Adicionalmente, cada hectare plantado, com flores, gera renda
entre US$ 2 mil a US$ 25mil contra menos de US$ 500 das culturas tradicionais,
gerando com isto, receitas tributrias, reduzindo o xodo rural e atenuando os
problemas de exploso populacional nos grandes centros urbanos (STRINGUETA,
2003).
A floricultura no Brasil, restrita at recentemente aos estados do Sudeste,
vem ampliando suas fronteiras. No Nordeste j existem grandes plantaes de flores
tropicais, com destaque para os estados de Pernambuco e Alagoas, que j exportam
suas flores para outras partes da Federao (LAMAS, 2004) e Bahia. Esta regio
propicia condies favorveis para o cultivo de uma grande diversidade de espcies
tropicais, como por exemplo, as helicnias (LOGES et al., 2005).
No Nordeste brasileiro, em 2005, utilizou-se uma mdia de 19,02
trabalhadores por unidade produtiva, sendo 89,6 % permanentes e 10,4 %
temporrios. Considerando que a rea mdia de 1,73 hectare cultivado com
floricultura, conclui-se pelo emprego de 10,99 trabalhadores por hectare, sendo 9,85
permanentes. Destes 9,85 trabalhadores permanentes, a mo-de-obra familiar
correspondia a 8,61% e a assalariada a 91,39%, com predominncia de
remunerao na faixa de um a dois salrios mnimos mensais (BRAINER;
OLIVEIRA, 2006).
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2.8. Interao Gentipo por Ambientes
O conhecimento da variabilidade gentica existente nas populaes naturais
de fundamental importncia para conhecer a diversidade e obter informaes
sobre a evoluo das espcies (BRAMMER, 1993).
Entretanto, para entender a estrutura gentica das populaes, deve-se
conhecer a variao de um determinado carter, saber como esse carter afetado
por muitos alelos e muitos locos, qual a sua freqncia na populao, ou em que
grau e como eles segregam no genoma afetando o carter em questo, assim como
tambm, em que extenso a ao do gene influenciada pelo ambiente (BROWN et
al., 1978).
Um dos princpios bsicos no estudo da herana de caracteres mtricos de
que o valor de um fentipo determinado por dois componentes bsicos: o gentipo
e uma contribuio do ambiente especfico onde o indivduo se encontra (CHAVES,
2001).
Segundo Fehr (1987), diferentes tipos de solos, nveis de fertilidade,
temperaturas e prticas culturais, so variveis que podem ser descritas como um
conjunto de fatores ambientais. Parte destes fatores ambientais podem ser fatores
previsveis como fotoperodo, tipo de solo, fertilidade do solo, toxidade por alumnio,
poca de semeadura e prticas agrcolas. Entre os fatores no previsveis,
destacam-se a: distribuio pluviomtrica, umidade relativa do ar, temperatura
atmosfrica e do solo, patgenos e insetos, potenciais fatores que afetam o
desenvolvimento fenolgico das plantas, causando uma diferena de desempenho
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nesta populao, estando associados com a interao gentipo por ambientes
(ALLARD; BRADSHAW, 1964).
Estes fatores podem ser avaliados individualmente ou coletivamente por suas
interaes com os gentipos. Os estudos podem considerar a relao gentipo por
tipo de solos, gentipo por crescimento espacial, gentipo por poca de plantio e
gentipo por interao de populao de plantas alm de outros (FEHR , 1987).
2.9. Cabruca
Na regio Sul da Bahia, a maior parte das lavouras de cacau foi implantada
sob a floresta nativa, raleada em um sistema conhecido como cabruca. Esse sistema
se constitui pela retirada do sub-bosque e parte das rvores de dossel da floresta,
conservando-se as rvores de maior porte para sombrear o cacau (FRANCO et al.,
1994).
A palavra cabruca , possivelmente, uma adaptao do verbo brocar (abrir), a
qual originou, o termo cabrocar ou cabrucar (LOBO; SETENTA, 2002; LOBO et
al., 2007).
O cacau-cabruca pode ser conceituado como um sistema agrossilvicultural,
onde uma cultura de valor econmico implantada sob a proteo das rvores
remanescentes, de forma descontnua e circundada por vegetao natural,
estabelecendo relaes estveis com os recursos naturais associados (LOBO et
al., 1997).
Os levantamentos fitossociolgicos feitos em cabruca (SAMBUICHI, 2002;
ROLIM; CHIARELLO, 2004) apontaram que essas reas podem se constituir em
importantes bancos genticos de espcies arbreas nativas, ainda que, essas
espcies nativas de florestas primrias no estejam sendo bem conservadas nessas
-
25
reas. Rolim e Chiarello (2004), no Esprito Santo, encontraram uma significativa
quantidade de espcies ocorrendo em cabrucas, entretanto observaram uma grande
quantidade de espcies de estgios iniciais de sucesso, alertando que algumas
espcies maduras esto morrendo. Isso indica que as reas de cabruca apresentam
srios problemas de regenerao natural, e que as espcies clmax, que
caracterizam as florestas menos perturbadas, no esto conseguindo regenerar
novos indivduos nessas reas. Indica tambm que em relao a composio
florstica, as cabrucas, esto se tornando cada vez mais prximas de capoeiras e
reas degradadas, distanciando-se das florestas originais, causando um grande
empobrecimento de espcies na regio.
Dentre os vegetais encontrados no sistema cacau-cabruca, trs espcies de
interesse floricultura tropical se destacam: as helicnias, pertencentes famlia
Heliconiaceae; as bromlias, epfitas, pertencentes famlia Bromeliaceae; e por fim
as orqudeas, epfitas, pertencentes famlia Orquidaceae. Estas trs espcies
apresentam um grande potencial florstico, que pode ser utilizado de forma racional e
sustentvel, gerando lucros significativos para a regio (ALMEIDA FILHO et al,
2002).
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o desenvolvimento de dez espcies
de helicnias sob dois ambientes de cultivos, sendo um a pleno sol e outro sob
cabruca.
-
26
3. MATERIAL E MTODOS
3.1. Material Vegetal
As espcies utilizadas no experimento foram: Heliconia psittacorum cv.
Suriname Sassy, H. psittacorum X H. spathocircinata Aristeguieta cv. Golden Torch,
H. episcopalis, H. psittacorum, H. pendula, H. nickerense, H. wagnerina, H.
latispatha var. Orange Gyro, H. psittacorum X H. spathocircinata Aristeguiela cv.
Alan Carle e H. richardiana, oriundas na coleo de germoplasma de heliconia da
Universidade Estadual de Santa Cruz, Fazenda Santa Cruz e de propriedades
particulares dos municpios de Ilhus, Una e Uruuca, Bahia.
3.2. Ambiente Cabruca
A rea de cabruca escolhida para implantao do experimento na Fazenda
Santa Cruz (Campus da UESC) apresenta uma declividade em torno de 5% e
apresenta um sombreamento mdio de 70 % por cacaueiros (Theobroma cacao L.),
jaqueiras (Artocarpus heterofolia ), cajazeiras (Spondias lutea), eritrinas (Eritrina sp.),
imbabas (Cecropia leucocoma) e jequitibs (Cariniana sp.), alm de outras
espcies. Esta rea foi selecionada por apresentar condies de luminosidade
contrastantes em relao rea de pleno sol, alm de apresentar nas proximidades
heliconias nativas como parte da composio vegetal do ambiente.
-
27
Figura 4 - Dez espcies de helicnias utilizadas no experimento: A -Heliconia psittacorum cv.
Suriname Sassy; B - H. psittacorum X H. spathocircinata Aristeguiela cv. Golden Torch; C - H. episcopalis; D - H. psittacorum; E - H. pendula; F - H. nickerense; G H. wagneriana; H - H. latispatha Orange Gyro; I - H. psittacorum X H. spathocircinata Aristeguiela cv. Alan Carle e J - H. richardiana.
A B
C D
E F
G H
I J
-
28
Figura 5 - rea de cabruca aonde foi implantado o experimento.
3.3 Ensaio Experimental
No dia 19 de abril de 2008 foi implantado na Fazenda Santa Cruz (Campus da
UESC), localizada ao nvel do mar, nas coordenadas 144746,52 Sul e
391028,18 Oeste e clima tropical mido, um experimento fatorial disposto no
delineamento em blocos ao acaso composto por: dois ambientes: pleno sol e em
rea de cultivo de cacau sob cabruca (Mata raleada) e dez espcies. Cada unidade
experimental foi composta por seis plantas de cada espcie em anlise, dispostas
em espaamento 1,5 x 1,0m.
Foram realizadas quatro avaliaes aos 210, 255, 300 e 345 dias aps
plantio, considerando-se os seguintes descritores morfologicos: altura de pseudo-
caule (ALTPC), rea do pseudo-caule (AREPC), comprimento de pecolo (COMP),
-
29
comprimento de limbo (COMLF), largura de limbo (LARLF) e nmero de perfilho
(NUMP).
AREPC foi medida a uma altura de 10 centmetros do solo com paqumetro
digital, onde se tomou a largura e espessura do pseudocaule, sendo a rea o
produto das mesmas, enquanto que para o comprimento de folha, largura de folhas,
comprimento de pecolo e comprimento de pseudocaule (estabelecido do solo at a
base do pecolo da ltima folha expandida), foram medidos com uma trena na
mesma folha em cada avaliao, sendo escolhida a cada avaliao a folha mais
expandida da touceira. O nmero de perfilhos foi estabelecido por contagem na
touceira.
3.4 Tratos Culturais e Manejo Cultural
Foi aplicado no plantio cinco litros de esterco bovino por planta. A adubao
qumica foi realizada a cada sessenta dias de acordo com a anlise de solo, sendo
que as quantidades aplicadas foram de 49,3 Kg/ha de uria, 34,7 kg/ha de cloreto de
potssio e 92 kg/ha de super fosfato simples.
No estgio inicial do experimento foi detectado ataque de fungos das
espcies Dreschlera sp, Bipolaris spp. e Colethotricum gloeosporidides nas plantas a
pleno sol, e por isso, mensalmente foi aplicado Carbendazin na concentrao de 1
grama por litro de soluo. Tais patologias no foram observados nas plantas sob
cabruca. Realizou-se a aplicao de formicida para controle de formigas cortadeiras
em ambos os ambientes. Os demais tratos culturais foram realizados sempre que
necessrios.
-
30
3.5 Anlise Estatstica
3.5.1 Anlise Multivariada
O mtodo de anlise multivariada utilizado, biplot, proposto por Gabriel
(1971), se constitui em uma anlise exploratria com o auxlio de grficos. Um biplot
uma representao grfica da informao de uma matriz de dados n x p. O bi se
refere aos dois tipos de informaes contidas na matriz de dados. A informao das
linhas diz respeito a mdia das amostras ou espcies em anlise, e as colunas
pertinentes as variveis. A proposta do biplot apresentar em grfico de
componentes principais informaes sobre as variveis, isto permite resumir as
informaes e inspecionar a estrutura entre as unidades amostrais (espcies) e
variveis (LARA et al., 2005; JOHNSON; WINCHERN, 2007). O tipo de biplot
utilizado foi o HJ-Biplot, proposto por Galindo (1986), que permite uma melhor
representao simultnea de objetos e variveis. A proximidade entre indivduos se
interpreta como similaridade, o ngulo entre os vetores de duas variveis, como
correlao e a proximidade de marcadores filas com marcadores coluna, como
preponderncia. Alm disto, projetando-se os indivduos sobre os vetores das
variveis tem-se em uma dimenso aproximada de sua posio frente a estas
variveis.
O biplot de uma matrix n x p projeta, em um mesmo grfico, as marcas das
linhas (associadas aos n objetos) e as marcas das colunas (associadas s p
variveis).
As marcas so computadas pela decomposio em valores singulares, svd (n
x p), e subsequente fatorao.
-
31
A funo svd, computada pelo ambiente R, tem os seguintes argumentos:
svd(X, nu=min(n, p), nv=min(n, p))
onde: Tabela 1 - Argumentos da funo decomposio de valor singular (svd) do ambiente
R
X Uma matrix real ou complexa cuja SVD decomposio ser computada.
nu O nmero de vetores singulares esquerda a serem computados. Deve ser entre 0 e n=nrow(X).
nv O nmero de vetores singulares direita a serem computados. Deve ser entre 0 e p=ncol(X).
mi Mnimo
Considerando o resultado de
svd (nX p)
Tabela 2 - Resultados da funo svd do ambiente R
d Um vetor contendo os valores singulares de X. Dimenso: min(n, p).
u Uma matriz contendo nas colunas os vetores singulares esquerda. Dimenso: nunu.
v Uma matriz contendo nas colunas os vetores singulares direita. Dimenso: pvnp.
e tambm que,
s2=diag ( d ) n=nrow ( X )
possvel uma aproximao de n x p:
X pn X m= g.h
de vrias formas. O mtodo por fatorao computados pela funo bpca so:
HJ - Simtrico, Galindo (1986): g=u . s2
h=s2. v '
SQRT Simtrico raiz quadrada, Gabriel (1971): g=u . s2
h=. s2. v '
JK Mtrica das linhas preservada, Gabriel (1971): g=u . s2 h=v '
-
32
GH Mtrica das colunas preservada, Gabriel (1971): g= s21. u
h= 1 s2. v ' n1 onde : nrow: nmero de linhas ncol: nmero de colunas diag: matrix diagonal Considerando que
X pn X m
possvel deduzir que se o rank (r) da matriz X pn maior que m, a representao
biplot de X ser uma aproximao, e exata apenas no caso em que r = m.
Por preservar ambas as mtricas (objetos e variveis), na anlise dos dados
da dissertao, foi utilizado o mtodo de HJ - simtrico, proposto por Galindo (1986).
3.5.2. Estimativas De Correlao Simples
Para anlise da correlao linear simples de Pearson, que baseada
na variabilidade total de uma varivel, que pode ser explicada atravs da funo
linear de outra varivel (CRUZ; REGAZZI, 1994), foram utilizados os dados
morfolgicos das nove espcies, nos dois ambientes isolados e em conjunto. As
correlaes entre os seguintes caracteres foram estimadas: altura de pseudo-caule
(ALTPC), rea do pseudo-caule (AREPC), comprimento de pecolo (COMP),
comprimento de limbo (COMLF), largura de limbo(LARLF) e nmero de perfilho
(NUMP).
r= cov (X,Y) = XiYi
[(V(X) V(Y))]1/2 (Xi2 Yi
2)
-
33
cov (X,Y)= xiyi ; V(x)= xi ; V(y)= yi
n-1 n-1 n-1
onde:
xi= Xi X ; yi= Yi Y
r= estimador do coeficiente de correlao fenotpica entre os caracteres
X e Y.
Xi e Yi= valores fenotpicos dos gentipos para os caracteres X e Y,
respectivamente;
X e Y= mdia dos gentipos para os caracteres X e Y,
respectivamente;
Teste t
Utilizado como teste de significncia do coeficiente de correlao de
Pearson e em anlises de comparaes de mdias.
T= r (n-2) 1/2
(1-r2)1/2
As anlises citadas foram realizadas utilizando-se os programas SAS (SAS
Institute, 2003) procedimentos CORR e ttest. Para anlise multivariada foi utilizado o
ambiente computacional R (R Development Core Team, 2009) e o pacote bpca
(FARIA et al., 2009)
-
34
4. RESULTADOS E DISCUSSO
4.1 Fatores Ambientais
Na Figura 6 pode-se observar dados de temperatura e pluviosidade mensal
durante o perodo de conduo do experimento, em Ilhus-BA. A temperatura
mdia variou de 20,5C 25,9C; de maro de 2008 abril de 2009, enquanto a
pluviosidade mnima verificada no perodo foi de 4mm em setembro de 2008, e a
mxima de 275,8mm em abril de 2009. A diminuio de temperatura observada nos
meses de abril a julho de 2008 ocasionou um lento crescimento inicial das espcies,
devido a isto, as coletas de dados foram iniciadas aps 6 meses da implantao do
experimento, em setembro de 2008. A partir de outubro de 2008, com o aumento da
temperatura, a maior parte das espcies a pleno sol iniciaram o florescimento, com
exceo da Heliconia richardiana e H. pendula. No ambiente cabruca at os 345
dias de avaliao do experimento nenhuma espcie havia
florescido.
0
50
100
150
200
250
300
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08jul/08
ago/08
set/08
out/08
nov/08
dez/08
jan/09
fev/09
mar/09
abr/09
0
5
10
15
20
25
30
PRECIPITAO
TEMP MEDIA
Figura 6 - Temperatura e precipitao mdia de maro de 2008 a abril de 2009 em Ilhus, Bahia. Fonte: CPTE/INPE. http://www.cptec.inpe.br/
-
35
A espcie H. richardiana foi retirada da anlise devido ao seu fraco
desenvolvimento a pleno sol e alta suscetibilidade ao ataque de fungos Dreschlera
sp, Bipolaris spp. e Colethotricum spp., o que no foi observado no ambiente
cabruca, onde esta espcie se desenvolveu normalmente sem apresentar sintomas
de doenas e nem perdas de plantas. Com isto nas anlises somente nove espcies
foram consideradas. Ao contrrio do que afirma Castro e Graziano (1997),
considerou-se que esta espcie no tolera ambientes a pleno sol, e plantio sob estas
condies devem ser feito sob rigoroso controle fitossanitrio com o risco de perda
de plantas pela ocorrncia de doenas.
Na Figura 7 observam-se as variaes de temperatura nos dois ambientes no
dia 08 de abril de 2009 das 8:10 s 16:30h. No ambiente pleno sol a temperatura
variou 27,91C a 34,01C, enquanto as temperaturas no ambiente cabruca variaram
de 25,17C a 31,93C, sendo os picos de temperatura verificados entre 11:30 s
14:30h. Em mdia, a temperatura do ar no ambiente cabruca foi inferior em relao
ao ambiente a pleno sol, aproximadamente em torno de 2C.
Quanto a radiao fotossinteticamente ativa (Figura 8), o ambiente pleno sol
apresentou superior a 1166,3 mol.m-2.s-1 a partir do momento inicial, o mximo
deste ambiente foi de 2306,3 mol.m-2.s-1 observado aps s 12:57 h, enquanto no
ambiente cabruca valores baixos de radiao fotossinteticamente ativa foram
verificados no incio e no final do dia, sendo os maiores valores observados entre
12:20 e 15:40 h, com o pico de aproximadamente 1826,3 mol.m-2.s-1 s 12:58 h.
As oscilaes de radiao fotossinteticamente ativa verificadas durante o dia no
ambiente pleno sol foram atribudas a nebulosidade na ocasio, e no ambiente
cabruca, alm deste fato, observou-se que as copas das rvores existentes, tanto
dentro quanto fora do experimento, contriburam para diminuir a luminosidade,
-
36
principalmente jaqueiras e jequitibs com altura superior a 10 metros. Considerou-se
o ambiente pleno sol com 100% de luminosidade e verificou-se que o ambiente
cabruca apresentou mdia de 27% de luminosidade com relao ao ambiente pleno
sol.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
08:1009:0
009:5
010:4
011:3
012:2
013:1
014:0
014:5
015:4
016:3
0
horas
Temp do ar (C)
PLENO SOL
CABRUCA
Figura 7 - Temperatura mdia nos ambientes pleno sol e cabruca no dia 08/04/2009 na Fazenda Santa Cruz (UESC) em Ilhus, Bahia.
0
500
1000
1500
2000
2500
08:1009:0
009:5
010:4
011:3
012:2
013:1
014:0
014:5
015:4
016:3
0
horas
M m
ol d
e fotns
PLENO SOL
CABRUCA
Figura 8 - Radiao fotossinteticamente ativa no dia 08/04/2009 em pleno sol e
cabruca na Fazenda Santa Cruz (UESC) em Ilhus, Bahia.
-
37
4.2 Biplot
As Figuras 9,10,11 e 12 apresentam as variveis de resposta e as espcies
nos ambientes pleno sol e cabruca nas quatro avaliaes (dias aps plantio, DAP)
realizadas. J na Tabela 3 constam seus autovalores, variao acumulada e total.
Pode-se observar que em todas as avaliaes a componente principal 1 (CP1)
(Tabela 4) representada pelo somatrio das variveis morfolgicas das espcies:
altura de pseudo-caule (ALTPC), rea do pseudo-caule (AREPC), comprimento de
pecolo (COMP), comprimento de limbo (COMLF) e largura de limbo(LARLF). Estas
explicam 72,5%, 75,9%, 72,2% e 69%, da variao verificada aos 210, 255, 300 e
345 DAP, respectivamente. A varivel nmero de perfilho (NUMP) foi a que mais
contribuiu para a variao da componente principal 2 (CP2) (Tabela 4),
contrastando com a varivel COMP na maior parte das avaliaes, exceto aos 345
DAP, em que NUMP respondeu sozinha pela variao da CP2. As duas
componentes juntas representaram 90,4%, 94,1%, 91,6 e 88,3% da variao total
nas avaliaes aos 210, 255, 300 e 345 DAP, respectivamente (Tabela 3).
Tabela 3 - Autovalores, variao acumulada e variao total aos 210, 255, 300 e 245 DAP.
AVALIAES
DAP 1 2 3 4 5 6 AUTO VALORES 8, 60 4, 27 2, 28 1, 55 1, 28 0, 55 VARIAO ACUMULADA 0, 73 0, 90 210 VARIAO TOTAL 0, 90
AUTO VALORES 8, 80 4, 31 1, 73 1, 38 0, 86 0, 60 VARIAO ACUMULADA 0, 76 0, 94 255 VARIAO TOTAL 0, 94 AUTO VALORES 8, 58 4, 45 2, 08 1, 48 1, 20 0, 73 VARIAO ACUMULADA 0, 72 0, 92 300 VARIAO TOTAL 0, 92 AUTO VALORES 8, 39 4, 44 2, 24 2, 03 1, 43 0, 86 VARIAO ACUMULADA 0, 69 0, 88 345 VARIAO TOTAL 0,88
DAP= dias aps plantio; = componentes principais.
-
38
Tabela 4 - Componentes principais das avaliaes aos 210, 255, 300 e 345 dias aps plantio (DIAE).
AVALIAES (DAP) 210 255 300 345 VARIAVEIS CP1 CP2 CP1 CP2 CP1 CP2 CP1 CP2 ALTPC 0.46 -0.12 0.44 -0.20 0.45 -0.08 0.42 0.29 AREPC 0.40 -0.21 0.44 0.08 0.44 0.20 0.46 0.09 COMP 0.43 -0.36 0.41 -0.41 0.41 -0.40 0.42 -0.29 COMLF 0.44 0.24 0.45 0.13 0.47 0.10 0.47 -0.07 LARLF 0.45 0.04 0.45 0.02 0.45 -0.10 0.45 -0.28 NUMP 0.19 0.87 0.17 0.87 0.13 0.88 0.14 0.86 DAP= dias aps plantio. ALTPC=altura de pseudo-caule, AREPC=rea do pseudo-caule, COMP=comprimento de pecolo, COMLF=comprimento de limbo, LARLF= largura de limbo e NUMP=nmero de perfilho CP1= componente principal 1 CP2= componente principal 2 4.2.1 Relao entre as Variveis
As variveis ALTPC, AREPC, COMP, COMLF, LARLF so as mais
correlacionadas entre si, o que pode ser visto pelos ngulos reduzidos entre os
vetores das mesmas (Figuras 9,10,11 , 12 e anexos A, B, C, e D). As correlaes
entre estas variveis foram mais altas no ambiente cabruca que no pleno sol
(anexos E, F, G e H), o que provavelmente foi associado ao lento desenvolvimento
das plantas no ambiente cabruca. COMLF apresenta correlao maior com LARLF,
que decresce de ALTPC a COMP conforme os vetores destas variveis se
distanciam do vetor da mesma na avaliao aos 210 DAP( Figura 9).
Observa-se que a correlao entre as variveis se modifica ao longo das
avaliaes, sendo mais expressivas a alta correlao entre ALTPC e LARLF aos 300
DAP(Figura 11), no auge do vero e do florescimento da maioria das espcies e
hbridos com H. psittacorum, no ambiente pleno sol em janeiro de 2009, e entre
LARLF e COMP aos 345 DAP(Figura12), que se deu em maro de 2009.
LARLF, ALTPC, AREPC e COMP no apresentaram correlao significativa
com a varivel NUMP (Anexos A, B, C e D), principalmente a varivel COMP durante
-
39
todas as avaliaes, evidenciado pela proximidade de 90 do ngulo entre os
vetores destas variveis e NUMP. J a varivel COMLF, apresenta correlao
significativa com NUMP aos 210 e 255 DAP (Anexos A e B) e vai diminuindo seu
grau de relao com a mesma ao longo das avaliaes e desenvolvimento vegetal.
Isto evidenciado pelo deslocamento do vetor da varivel COMLF da primeira
avaliao aos 210 DAP at 345 DAP do quadrante superior da CP2 para o inferior,
aproximando-se do vetor da varivel COMP. Isto provavelmente se deveu ao
aumento e distino quanto a habilidade de perfilhamento entre as espcies, e ao
incio do florescimento de algumas destas espcies no ambiente pleno sol, alm do
fato que a cada avaliao uma nova folha era selecionada como referncia, o que
demonstrava como o ambiente interferiu no desenvolvimento de cada espcie
vegetal para esta varivel. Respostas correlacionadas entre duas variveis so teis
quando uma delas tem importncia econmica e ambas so correlacionadas
genticamente (CRUZ e REGAZZI, 1994).
Na avaliao de germoplasma respostas correlacionadas permitem diminuir o
trabalho do pesquisador, pois quando suas variveis so altamente correlacionadas,
a de maior importncia pode ser priorizada em uma avaliao desconsiderando-se a
outra. No presente trabalho observa-se que a correlao entre as variveis ALTPC,
COMP, COMLF e LARLF, so altas e consistentes nos dois ambientes, indicando
que qualquer uma delas poderia ser priorizada em uma avaliao em detrimento
da(s) outra(s) na avaliao de espcies de heliconias, em especial quanto ao porte.
Porm cuidados devem ser tomados quanto a diferena das taxas de crescimento
das espcies dentro e entre ambientes contrastantes.
-
40
-4 -2 0 2 4
-4-2
02
4210 dias
CP1 (72.56%)
CP2 (17.87%)
ALTPC
AREPC
COMP
COMLF
LARLF
NUMP
H. episcopalisH. psittacorumH. wagnerianaH. pendulaH. lattispathaH. nickerensisH. psittacorum x H. spathocircinata var. Allan CarleH. psittacorum var. SassyH. psittacorum x H. spathocircinata var. Golden Torch
Figura 9 - Biplot da relao entre 6 descritores(ALTPC=altura de pseudo-caule, AREPC=rea do pseudo-caule, COMP=comprimento de pecolo, COMLF=comprimento de limbo, LARLF= largura de limbo e NUMP=nmero de perfilho, 9 espcies de Heliconia, dois ambientes dois ambientes (smbolos em preto= cabruca, smbolos em cinza=pleno sol) nas avaliaes aos 210 DAP
-
41
-4 -2 0 2 4
-4-2
02
4255 dias
CP1 (75.93%)
CP2 (18.19%)
ALTPC
AREPC
COMP
COMLF
LARLF
NUMP
H. episcopalisH. psittacorumH. wagnerianaH. pendulaH. lattispathaH. nickerensisH. psittacorum x H. spathocircinata var. Allan CarleH. psittacorum var. SassyH. psittacorum x H. spathocircinata var. Golden Torch
Figura 10 - Biplot da relao entre 6 descritores(ALTPC=altura de pseudo-caule, AREPC=rea do pseudo-caule, COMP=comprimento de pecolo, COMLF=comprimento de limbo, LARLF= largura de limbo e NUMP=nmero de perfilho, 9 espcies de Heliconia, dois ambientes dois ambientes (smbolos em preto= cabruca, smbolos em cinza=pleno sol) nas avaliaes aos 255 DAP
-
42
-4 -2 0 2 4
-4-2
02
4300 dias
CP1 (72.21%)
CP2 (19.44%)
ALTPC
AREPC
COMP
COMLF
LARLF
NUMP
H. episcopalisH. psittacorumH. wagnerianaH. pendulaH. lattispathaH. nickerensisH. psittacorum x H. spathocircinata var. Allan CarleH. psittacorum var. SassyH. psittacorum x H. spathocircinata var. Golden Torch
Figura 11 - Biplot da relao entre 6 descritores(ALTPC=altura de pseudo-caule, AREPC=rea do pseudo-caule, COMP=comprimento de pecolo, COMLF=comprimento de limbo, LARLF= largura de limbo e NUMP=nmero de perfilho, 9 espcies de Heliconia, dois ambientes dois ambientes (smbolos em preto= cabruca, smbolos em cinza=pleno sol) nas avaliaes aos 300 DAP
-
43
-4 -2 0 2 4
-4-2
02
4345 dias
CP1 (69.01%)
CP2 (19.31%)
ALTPC
AREPC
COMP
COMLF
LARLF
NUMP
H. episcopalisH. psittacorumH. wagnerianaH. pendulaH. lattispathaH. nickerensisH. psittacorum x H. spathocircinata var. Allan CarleH. psittacorum var. SassyH. psittacorum x H. spathocircinata var. Golden Torch
4.2.2 Associaes entre as Espcies e Variveis
A Componente Principal 1 (CP1) representa essencialmente o somatrio
entre as variveis: ALTPC, AREPC, COMP, COMLF e LARLF. Assim, na avaliao
Figura 12 - Biplot da relao entre 6 descritores(ALTPC=altura de pseudo-caule, AREPC=rea do pseudo-caule, COMP=comprimento de pecolo, COMLF=comprimento de limbo, LARLF= largura de limbo e NUMP=nmero de perfilho, 9 espcies de Heliconia, dois ambientes dois ambientes (smbolos em preto= cabruca, smbolos em cinza=pleno sol) nas avaliaes aos 345 DAP
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44
realizada aos 210 DAP (Tabela 5) as espcies que apresentam maiores mdias
esto localizadas direita das figuras 9,10,11 e 12. Heliconia wagneriana sob
cabruca e pleno sol, seguidas pela espcie H. latispatha pleno sol e cabruca e H.
pendula pleno sol e cabruca, isto pode ser visto na Tabela 5, onde observa-se que
as trs espcies apresentaram altos valores mdios das diferentes variveis, em
especial no ambiente pleno sol, com ALPC variando de 58,17 cm (Heliconia
wagneriana cabruca) a 43 cm (H. pendula pleno sol), aos 210 DAP.
Segundo Costa et al. (2006) as espcies de heliconia podem ser classificadas
quanto ao porte, de acordo com a altura das mesmas, sendo Heliconia wagneriana e
H. pendula grandes e H. latispatha de mdio porte. Nas avaliaes aos 255, 300 e
345 DAP (Tabelas 6, 7 e 8) as mesmas espcies continuaram a apresentar as
maiores mdias, e todas as demais espcies tambm apresentaram mdias
crescentes a cada avaliao, porm observou-se que H. pendula sob cabruca
apresentou uma menor taxa de crescimento quando comparada as outras espcies
em estudo, em especial Heliconia wagneriana e H. latispatha sob cabruca,
demonstrado pelo deslocamento da mesma do lado direito do quadrante inferior
para a poro mediana (Figuras 9,10,11 e 12), prximo a um grande bloco de
espcies de pequeno porte, crescidas na cabruca.
As espcies Heliconia psittacorum, H. nickerensis e Heliconia psittacorum var.
Sassy, sob cabruca, apresentaram as menores mdias para as variveis mtricas
(ALTPC, AREPC, COMP, COMLF e LARLF) ao longo das quatro avaliaes.
Heliconia wagneriana, H. latispatha, em pleno sol e cabruca, e H. episcopalis
apresentaram maior estabilidade quanto s variveis mtricas nos dois ambientes,
sendo suas medidas, dentro de cada espcie e para estas variveis, muito prximas.
-
45
Tabela 5 - Valores mdios das variveis altura de pseudo-caule (ALTPC), rea do pseudo-caule (AREPC), comprimento de pecolo (COMP), comprimento de limbo (COMLF), largura de limbo (LARLF) e nmero de perfilho (NUMP) das diferentes espcies de heliconia aos 210 DAP.
210 DAP Espcies ALTPC AREPC COMP COMLF LARLF NUMP Epis-S 20,55 6,00 8,25 26,07 12,87 3,40 Psit S 30,99 1,73 6,74 28,80 7,03 2,83 Wa-S 51,72 9,15 12,47 65,85 19,25 7,82 Pend-S 48,53 6,12 14,70 36,12 14,22 5,02 Latt-S 55,47 5,65 15,30 52,12 18,60 3,47 Nick-S 15,650 1,30 4,62 28,62 8,72 5,50 Alan-S 41,45 7,45 10,87 47,60 13,65 9,57 Sassy-S 22,27 2,45 6,02 29,15 6,55 2,90 Golden-S 24,67 2,42 7,05 33,95 11,40 6,97 Epis-C 21,72 2,85 9,45 25,75 12,37 1,77 Psit C 11,27 0,4 3,70 17,70 5,72 1,70 Wa-C 58,17 16,42 20,32 49,62 18,17 2,27 Pend-C 43,00 11,62 14,67 33,52 12,30 2,35 Latt-C 52,97 3,10 17,17 44,72 14,12 2,75 Nick-C 13,70 0,65 4,65 20,25 7,12 2,82 Alan-C 27,62 2,40 8,82 29,97 9,87 3,10 Sassy-C 17,55 0,65 7,00 23,42 5,17 1,55 Golden-C 20,90 0,92 7,90 25,40 8,70 2,72 Epis = H. episcopalis Vellozo.; Psit =H. psittacorum L.f; Wa = Heliconia wagneriana Petersen; Pend = H. pendula Wawra; Latt= H. latispatha; Nick = H. x nickeriensis Maas & de Rooij (H. psittacorum x H. marginata); Alan = H. psittacorum L.f. x H. spathocircinata Aristeguieta cv. Alan Carle; Sassy = H. psittacorum L.f. cv. Sassy; Golden = H. psittacorum L.f. x H. spathocircinata Aristeguieta cv. Golden Torch. S= ambiente pleno sol; C=ambiente cabruca.
Heliconia wagneriana e H. latispatha, pleno sol, e Heliconia wagneriana e H.
latispatha sob cabruca aumentaram de tamanho a cada avaliao, em especial
ALPC, COMP e COMLF, promovido por fenmenos distintos. As da cabruca pelo
ambiente de baixa luminosidade, as de pleno sol devido ao adensamento de
touceira, proporcionado pelo vigoroso perfilhamento. J para H. episcopalis no h
evidncias que este fenmeno tenha sido similar ao verificado em Heliconia
wagneriana e H. latispatha, pois seu perfilhamento foi inferior s mesmas, sendo
uma das espcies em estudo que apresentou o menor perfilhamento aos 345 DAP.
Todas as demais espcies ficaram em uma posio mediana, demonstrando uma
similaridade de comportamento entre elas.
-
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Broschat e Svenson (1994), observaram o mesmo fenmeno de elongamento
do pseudo-caule nas espcies Heliconia stricta dwarf Jamaican e H. caribaeae
Lamarck Purpurea, devido ao aumento da touceira. Segundo Taiz e Zeiger (2004),
plantas que crescem em ambientes de baixa luminosidade so geralmente altas e
afiladas e tem crescimento conhecido como estiolado e na ausncia de luz utiliza
principalmente reservas estocadas. Catley e Brooking (1996), em estudos sobre
efeito da luminosidade e temperatura no hbrido H. psittacorum L.f. x H.
spathocircinata Aristeguieta cv. Golden Torch, sob ambiente controlado, observou
que sob baixo fluxo de ftons (475 mol.m-2.s-1) o pseudocaule apresenta menor
dimetro. Da mesma forma, no presente experimento observou-se tambm que H.
psittacorum L.f. x H. spathocircinata Aristeguieta cv. Golden Torch apresentou no
ambiente cabruca menor rea da seo transversal do pseudocaule que no
ambiente pleno sol.
Sabe-se que determinadas espcies tm plasticidade suficiente para se adaptar a
determinada amplitude de regime de luz, crescendo como plantas de sol em reas
ensolaradas e como plantas de sombra em habitats escuros (TAIZ; ZEIGER, 2004).
Espcies de heliconia apresentam diferenas quanto a exigncia de luminosidade
(BERRY; KRESS, 1991), algumas espcies possuem mecanismos compensatrios
de tolerncia a alta luminosidade (TAIZ; ZEIGER, 2004), como pode-se observar,
nas espcies de pequeno porte Heliconia psittacorum var. Alan Carle e Heliconia
psittacorum var. Golden Torch se constituem um grupo, e o outro grupo composto
por espcies de grande e mdio porte como Heliconia wagneriana e H. latispatha,
apresentaram maior perfilhamento mdio e conseqentemente maior adensamento
vegetal no ambiente pleno sol, sendo este um mecanismo compensatrio que
evitou a ocorrncia de fotoinibio destas espcies.
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Tabela 6 - Valores mdios das variveis altura de pseudo-caule (ALTPC), rea do pseudo-caule (AREPC), comprimento de pecolo (COMP), comprimento de limbo (COMLF), largura de limbo (LARLF) e nmero de perfilho (NUMP) das diferentes espcies de Heliconia aos 255 DAP.
255 DAP Espcies ALTPC AREPC COMP COMLF LARLF NUMP Epis-S 21,00 5,00 8,62 28,25 14,47 4,60 Psit S 25,72 1,45 5,87 25,40 9,17 5,27 Wa-S 56,29 7,17 15,90 66,85 20,32 11,17 Pend-S 51,48 6,60 17,60 41,52 13,42 7,42 Latt-S 54,65 6,72 15,05 52,82 19,00 6,02 Nick-S 15,33 1,42 4,82 27,05 8,35 10,45 Alan-S 41,60 6,37 10,22 48,07 15,20 16,67 Sassy-S 21,03 2,17 6,50 27,52 6,65 5,87 Golden-S 24,81 2,75 7,55 33,30 11,47 12,52 Epis-C 22,05 3,40 10,87 24,45 10,62 1,65 Psit C 10,30 0,47 4,17 16,55 5,12 1,87 Wa-C 62,37 6,22 21,30 50,60 18,45 3,40 Pend-C 45,02 3,60 16,15 33,40 12,60 2,60 Latt-C 57,37 3,65 16,82 45,00 14,42 2,90 Nick-C 13,30 0,75 5,32 22,22 7,07 3,15 Alan-S 28,92 3,50 10,57 29,65 29,65 4,15 Sassy-C 17,35 0,77 7,25 22,57 5,50 1,65 Golden-C 20,20 1,17 8,60 25,27 8,70 4,22 Epis = H. episcopalis Vellozo.; Psit =H. psittacorum L.f; Wa = Heliconia wagneriana Petersen; Pend = H. pendula Wawra; Latt= H. latispatha; Nick = H. x nickeriensis Maas & de Rooij (H. psittacorum x H. marginata); Alan = H. psittacorum L.f. x H. spathocircinata Aristeguieta cv. Alan Carle; Sassy = H. psittacorum L.f. cv. Sassy; Golden = H. psittacorum L.f. x H. spathocircinata Aristeguieta cv. Golden Torch. S= ambiente pleno sol; C=ambiente cabruca.
4.2.3 Influncia dos Ambientes
Por meio da Componente Principal 1 (CP1) pde-se separar as helicnias de
grande e mdio porte, como Heliconia wagneriana, H. latispatha e H. pendula, das
espcies de pequeno porte, o que ocorreu tanto no ambiente pleno sol, quanto na
cabruca. As espcies Heliconia psittacorum e hbridos interespecficos desta com
outras espcies, como H. psittacorum L.f. x H. spathocircinata Aristeguieta cv. Alan
Carle; H. psittacorum L.f. x H. spathocircinata Aristeguieta cv. Golden Torch e H.
nickerensis, ficaram prximas no grfico.
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Tabela 7 - Valores mdios das variveis altura de pseudo-caule (ALTPC), rea do pseudo-caule (AREPC), comprimento de pecolo (COMP), comprimento de limbo (COMLF), largura de limbo (LARLF) e nmero de perfilho (NUMP) das diferentes espcies de Heliconia aos 300 DAP.
300 DAP Espcies ALTPC AREPC COMP COMLF LARLF NUMP Epis-S 28,65 6,350 9,85 37,05 16,25 7,37 Psit-S 54,70 3,42 13,02 41,80 9,32 7,10 Wa-S 72,25 11,17 19,82 79,05 21,85 15,40 Pend-S 60,95 5,70 16,92 44,25 14,55 9,75 Latt-S 74,52 10,90 17,20 70,47 22,80 8,30 Nick-S 34,57 2,37 8,42 41,87 12,32 16,60 Alan-S 72,27 11,32 17,77 66,85 17,42 23,47 Sassy-S 49,65 3,02 7,07 42,07 8,42 7,57 Golden-S 49,05 3,92 10,00 50,27 14,90 20,35 Epis-C 30,08 4,17 12,27 34,12 14,12 2,42 Psit-C 20,44 1,55 10,02 23,10 5,85 2,27 Wa-C 95,64 9,80 30,97 81,67 33,62 3,40 Pend-C 49,79 4,17 19,37 38,97