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CENTRO UNIVERSITÁRIO MONTE SERRAT
Diego Marques Alexandre Marcelo Lopes de Farias Rafael Dias de Carvalho
Thiago Monteiro da Costa
AVALIAÇÃO DO NÍVEL E SINTOMAS DE ESTRESSE
EM SURFISTAS DURANTE A COMPETIÇÃO
Santos 2008
Diego Marques Alexandre Marcelo Lopes de Farias Rafael Dias de Carvalho
Thiago Monteiro da Costa
AVALIAÇÃO DO NÍVEL E SINTOMAS DE ESTRESSE EM SURFISTAS DURANTE A COMPETIÇÃO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Monte Serrat como exigência parcial para a obtenção do Título de Licenciatura Plena em Educação Física. Orientador: Marcelo Vasques Casati Co-orientador: Marcelo Árias Dias Danucalov
Santos 2008
Alexandre, Diego M, 1985 A381a Avaliação do nível e sintomas de estresse em surfistas durante a
competição/ Diego Marques Alexandre... et al. Santos: 2008. 45 f.: il. color. ; 30 cm Orientadores: Prof. Ms. Marcelo Vasques Casati e Prof. Ms. Marcelo Árias Dias Danucalov. Trabalho de conclusão de curso (Licenciatura Plena), Centro Universitário Monte Serrat, Curso de Educação Física, 2008. 1. Origem do surfe. 2. Estresse. 3 A pesquisa de campo materiais e métodos. I. Vasques, Marcelo C. e Danucalov, Marcelo Árias D. II. Avaliação do nível e sintomas de estresse em surfistas durante a competição.
Diego Marques Alexandre Marcelo Lopes de Farias Rafael Dias de Carvalho
Thiago Monteiro da Costa
AVALIAÇÃO DO NÍVEL E SINTOMAS DE ESTRESSE EM SURFISTAS DURANTE A COMPETIÇÃO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Monte Serrat como exigência parcial para a obtenção do Título de Licenciatura Plena em Educação Física. Orientador: Marcelo Vasques Casati Co-orientador: Marcelo Árias Dias Danucalov
BANCA EXAMINADORA: ___________________________________________________________________ Nome do examinador: Titulação: Instituição: ___________________________________________________________________ Nome do examinador: Titulação: Instituição:
Local: Centro Universitário Monte Serrat – UNIMONTE
Data da aprovação :
AGRADECIMENTOS
Agradecemos primeiramente a Deus, por estar sempre do nosso lado, nos
ajudando e iluminando em todos os momentos e por estar sempre colocando boas
pessoas em nossos caminhos.
Ao professor Ms. Marcelo Vasques Casati e Marcelo Árias Dias Danucalov
pela orientação neste trabalho e pela amizade.
A professora Ms. Nádia Ibrahim M. Castro pela correção dos questionários e
também por ter dado valiosas informações para a elaboração deste.
A todos os professores que contribuíram e contribuem para o nosso
conhecimento durante todo o curso.
Agradecimentos de Diego : Obrigado pai e mãe, que são os meus primeiros
mestres. Obrigado por proporcionar-me mais essa conquista, por compartilhar os
meus ideais, os suprindo e incentivando-me em prosseguir nessa jornada, fossem
quais fossem os obstáculos. Obrigado pelo amor e educação dados e a confiança
depositada no meu potencial. Por isso e muito mais, sou grato e dedico essa
conquista a vocês com a mais profunda admiração, respeito e amor, pois ela é tão
minha quanto vossa.
Ao meu irmão que com muito amor e paciência, sempre me apoio e
incentivou-me ao conhecimento e vivência de experiências de vida. Obrigado por
tudo.
Aos professores que desde o início me receberam preocupados em alertar-
me sobre as responsabilidades que tenho que assumir, mostrando que aprendizado
é interminável e que é preciso sempre estudar um pouco mais. Obrigado pelo
incentivo e transmissão da grande variedade de conhecimentos.
Aos amigos e colegas do curso, obrigado por esses quatro anos intensos de
convívio, lembrarei de vários momentos que se tornaram inesquecíveis para mim.
Aos amigos de infância, obrigado pelo amor existente entre nós, agradeço
pela compreensão e paciência que vocês tiveram por mim e pela minha ausência
em alguns momentos.
Aos meus pastores e irmãos em Cristo Jesus, obrigado pela intercessão e
orações, e principalmente pelo amor que vocês demonstraram por mim todo esse
tempo, sendo um refrigério para o meu coração. Gloria a Deus pela vida de vocês.
Aos funcionários e coordenação do Centro Náutico São Vicente, obrigado
pelo incentivo e compreensão.
Agradecimentos de Marcelo : Em primeiro lugar, agradeço a Deus por me
dar oportunidade e sabedoria para concluir mais um desafio da minha vida.
Agradeço também a minha esposa Vaneza, que teve muita paciência durante
a graduação, principalmente quando ficava ausente nos horários das aulas e pela
ajuda nos estudos quando precisei.
Ao meu pai e minha mãe, por todas as lições e orientações sobre a vida,
principalmente em relação aos estudos.
Aos professores Marcelo Casati, Marcelo Árias, Roberto, Elny, Verônica,
Carlos Alberto, Jacqueline, Lara, Ney Mauricio, José Renato Borges (me incentivou
a fazer este curso, quando tive dúvida e o consultei).
A todos os professores que passaram no nosso curso, também a minha turma
de classe, que realmente foi muito boa e apesar das divergências, sempre teve um
bom nível de amizade e humildade, especialmente ao Rafael, que sempre me
ajudou, mesmo depois de negar minha ajuda, com isso conquistando sincera
amizade e lealdade.
Agradecimentos de Rafael : São muitas as pessoas para agradecer, mas
sempre falta alguém. Agradeço muito ao Vitor Lanza e toda a sua família pela
oportunidade de estudar no Centro Universitário Monte Serrat – UNIMONTE, como
bolsista. Em seguida ao Miltão e ao Professor José Renato, o “Mosquito”, pela
concessão de bolsa atleta, sem essa oportunidade não sei nem se estaria
estudando.
Aos meus amigos que no início dos meus estudos me receberam em Santos,
Adams e Marcelo, o “Piracicaba”. Logo depois aos irmãos Nilton e Pereira. Ao meu
grande amigo Rêne Oliveira e sua namorada Thaís pelas palavras de otimismo,
estadias e dias de surfe no Guarujá. A amiga Soraya que também me recebeu em
sua casa quando eu estava praticamente sem lugar para morar em Santos, pela
ajuda e informações sobre os dados deste trabalho. E outro grande amigo, irmão e
parceiro durante o curso que também abriu as suas portas para mim, o Marcelão,
me ajudou e ajuda muito. Obrigado mesmo!
Aos atletas que contribuíram para esta pesquisa.
Aos amigos do curso de Oceanografia pela ajuda na tabulação dos dados.
Amigos, parceiros e professores por tudo o que passamos juntos esses
quatro anos.
A minha namorada Vivian pela contribuição nas coletas das referências
bibliográficas e pelos momentos de felicidades. Amo você linda!
Aos meus pais, pelo caráter, força, honestidade, determinação e educação.
Amo vocês!
Agradecimentos de Thiago : Agradeço aos meus pais Eliete e Moacir que
estão sempre me apoiando.
Aos meus amigos e em especial os que fiz durante todo o curso, que sempre
estavam ao meu lado nos momentos que pensei que eu não iria concluir o curso.
Aos professores, familiares e a minha namorada Thaís que sempre esteve ao
meu lado, nos momentos de alegria e tristeza e desde que iniciei na faculdade
sempre me ajudou. Um muito obrigado a todos e que Deus abençoe a todos vocês.
Aqui também fica o nosso perdão para aquelas pessoas que nós esquecemos
de agradecer.
E um muito obrigado a todos que de forma direta ou indireta colaboraram para
a concretização deste trabalho.
I Coríntios 9: 24-26 "... Vocês sabem que numa corrida, embora todos os corredores tomem parte,
somente um ganha o prêmio. Portanto, corram de tal maneira que ganhem o prêmio. Todo atleta que está treinando agüenta exercícios duros porque quer
receber uma coroa de folhas de louro, uma coroa que, aliás, não dura muito. Mas nós queremos receber uma coroa que dura para sempre. Por isso corro direto para
a linha final."
RESUMO
Trata-se o surfe de um esporte que surgiu há muitos anos e indica a literatura que os
primeiros foram os polinésios. No Brasil, os primeiros surfistas, apareceram no final
da década de 30, na cidade de Santos e hodiernamente, é um esporte bem
organizado, contando com muitos adeptos no mundo todo. Em relação ao estresse
em praticantes do surf, e principalmente aos atletas de carreira competitiva, que
ficam mais expostos a agentes estressores, nada foi encontrado, diferindo de outras
modalidades. Então, para melhor compreender a modalidade e quais fatores podem
interferir no desempenho do atleta, realizamos a pesquisa. O principal objetivo foi o
de avaliar o nível e os sintomas de estresse em surfistas que estavam competindo
em uma etapa da divisão de acesso à elite do surfe mundial, o circuito World
Qualifying Series (WQS), na praia de Pitangueiras, no Guarujá, São Paulo, em
Junho de 2008. Nesta pesquisa, foi utilizado o Inventário de Sintomas de Estresse
para Adultos de Lipp (2005). Observou-se, nos resultados, que alguns surfistas
estavam estressados, todos com predominância de sintomas psicológicos.
Evidencia-se, portanto, que os atletas estão mais bem preparados na parte física,
pois o estresse está mais intimamente relacionado a sintomas psicológicos. Para
tanto, sugerimos estudos mais aprofundados, com um número maior de
participantes e que os atletas façam um trabalho específico não só na parte física,
mas também no controle do estresse e da concentração, para melhorar o
desempenho durante as competições.
Palavras-chaves: Surfistas. Competição. Estresse
ABSTRACT
The surf has been practiced since a long time ago, the literature indicates the first
surfers came from Polynesia. In Brazil, the first ones arose in the end of 30´s, in
Santos city and nowadays this sport has a good structure with many followers
throughout the world. Nothing was found regarding the stress on surfers, even for
those who are in a competitive career and consequently are more exposed to
stressors agents. For others sports this situation is different. In order to improve our
knowledge about it, we realized this research about surf and what factors can
interfere with its performance. The aim was to evaluate the level and stress
symptoms in surfers who were playing in an important professional worldwide
competition, called World Qualifying Series (WQS), in June 2008 at Pitangueiras
Beach, Guarujá city, state of São Paulo. This research was based on Lipp´s Stress
Symptoms for Adults Inventory (2005). The results showed that some surfers were
stressed, with prevalence of psychological symptoms. It’s in evidence that the surfers
are better prepared in the physical part, because the stress is more closely related to
psychological symptoms. Then, we suggest further studies with a larger number of
participants and these athletes do a particular job in not only the physical but the
control of stress and concentration to improve performance during their competitions
too.
Keywords: Surfer. Competition. Stress.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – “Surfistas pioneiros nos mares do sul” ...................................................16
Figura 02 – Osmar Gonçalves em Santos, 1939.......................................................18
Figura 03 – Sintomas físicos experimentados nas últimas 24 horas por atletas
profissionais ..............................................................................................................33
Figura 04 – Sintomas psicológicos experimentados nas últimas 24 horas por atletas
profissionais ..............................................................................................................34
Figura 05 – Sintomas físicos experimentados na última semana por atletas
profissionais ..............................................................................................................34
Figura 06 – Sintomas psicológicos experimentados na última semana por atletas
profissionais ..............................................................................................................35
Figura 07 – Sintomas físicos experimentados experimentados no último mês por
atletas profissionais...................................................................................................35
Figura 08 – Sintomas psicológicos experimentados no último mês por atletas
profissionais ..............................................................................................................36
Figura 09 – Sintomas físicos experimentados nas últimas 24 horas por atletas
amadores ..................................................................................................................36
Figura 10 – Sintomas psicológicos experimentados nas últimas 24 horas por atletas
amadores....................................................................................................................37
Figura 11 – Sintomas físicos experimentados na última semana por atletas
amadores................................................................................................................... 37
Figura 12 – Sintomas psicológicos experimentados na última semana por atletas
amadores....................................................................................................................38
Figura 13 – Sintomas físicos experimentados no último mês por atletas amadores.38
Figura 14 – Sintomas psicológicos experimentados no último mês por atletas
amadores....................................................................................................................39
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 – Distribuição de entrevistados com e sem estresse por categoria.........32
Quadro 02 – Atletas com e sem estresse .................................................................32
Quadro 03 – Porcentagem de entrevistados com e sem estresse por fase ..............32
Quadro 04 – Prevalência dos sintomas de estresse nos entrevistados ....................32
SUMÁRIO
Introdução ..............................................................................................13
1. Origem do surfe .................................................................................15
1.2 O surfe no Brasil.....................................................................................17
1.3 O surfe de alto rendimento.......................................................................19
2.Estresse ...............................................................................................22
2.1Fases do estresse...................................................................................23
2.2 Alterações fisiológicas relacionadas ao estresse..........................................24
2.3 Reações e efeitos do estresse sobre o nosso corpo.....................................25
2.4 Estresse no esporte................................................................................25
2.5 Como controlar o estresse.......................................................................28
3. A Pesquisa de campo materiais e métodos ....................................30
3.1 Público avaliado.....................................................................................30
3.2 Instrumento de coleta de dados................................................................30
3.3 Procedimento para coleta de dados...........................................................31
3.4 Análise e interpretação dos resultados.......................................................32
4. Considerações Finais .......................................................................41
Referências bibliográficas ....................................................................42
13
Introdução
O surfe teve sua origem há muitos anos atrás, provavelmente os polinésios
foram os primeiros que tiveram o prazer de deslizar sobre as ondas. Após muitas
descobertas começaram a praticar no Havaí e assim o esporte foi crescendo e se
desenvolvendo.
No Brasil, o surfe começou a ser praticado no final da década de 1930,
passou por muitas dificuldades e barreiras, pois os surfistas não eram bem vistos
pela sociedade. Hoje em dia essa imagem está mudando, pois a modalidade vem
conquistando muitos adeptos e competidores e os brasileiros vem conquistando
excelentes resultados nas competições internacionais, divulgando ainda mais o
esporte no nosso país.
Embora essa evolução venha num ritmo significativo, os estudos sobre esse
esporte apontam que ainda não estão em ritmo ideal, pois ficam bem atrás de outras
modalidades como futebol e basquetebol.
A ciência tem uma contribuição essencial para evolução das modalidades
esportivas, resultados de pesquisas vem dando um melhor entendimento aos
profissionais do esporte, que então, conseguem planejar um treinamento adequado
para os atletas e com isso obter melhores resultados.
De acordo com Base et al. (2007) a literatura científica sobre esse esporte é
escassa, tendo apenas poucos autores e trabalhos relacionados a essa modalidade
esportiva, a maioria estão relacionados a incidência de lesões, sendo esse assunto
abordado pelo autor e seus colaboradores.
O estresse vem sendo pesquisado por muitos autores atualmente, os agentes
estressores estão presente no nosso cotidiano e o tipo de vida que as pessoas estão
levando, com muitos afazeres, preocupações e problemas podem acarretar algumas
alterações em nosso organismo, podendo causar desde uma simples irritabilidade
até uma grave doença que nos leve a morte.
No esporte também não é diferente, pois o estresse vem afetando também os
atletas, devido ao excesso de treinamento, falta de preparação física e psicológica,
muitas competições ou medo de não alcançar os seus objetivos.
Existem algumas pesquisas realizadas com atletas de modalidades coletivas
e individuais para verificar os agentes e situações de estresse, porém no surfe
14
competitivo, não foi encontrado nada em relação ao assunto e então com intuito de
compreender melhor esse esporte e verificar se esses atletas são afetados por
agentes estressores ou se encontram estressados durante a competição buscamos
desenvolver essa pesquisa, sem antes imaginar os resultados.
Para isso no primeiro capítulo desenvolvemos um breve estudo da origem do
surfe no mundo, que provavelmente iniciou-se na Polinésia. O histórico do surfe no
Brasil, tendo os seus primeiros praticantes na cidade de Santos em São Paulo e
para finalizar esse capítulo apresentamos algo sobre o surfe de alto rendimento,
onde abordamos o surfe competitivo e fatores que possam interferir no
desenvolvimento e realização do atleta durante a sua carreira de competidor.
No segundo capítulo abordamos o tema estresse, onde citamos alguns
autores e definições, descrevemos as fases, alterações, efeitos e formas de controle
do estresse. Nesse mesmo capítulo apresentamos também o estresse no esporte,
pois o atleta também pode passar por inúmeras situações de estresse, independente
da modalidade que ele pratica.
No terceiro capítulo apresentamos a pesquisa, onde detalhamos o público
avaliado, o instrumento para coleta de dados, o procedimento para realização da
mesma, a forma de análise e interpretação dos resultados e por fim discutimos os
resultados.
E para finalizar este trabalho não realizamos a conclusão, mas sim as
considerações finais, pois com certeza existiram estudos posteriores sobre esse
estudo.
15
1. Origem do Surfe
Em qual lugar realmente o surfe se originou alguns autores não sabem
exatamente, pois a sua prática é milenar. Provavelmente os Polinésios foram os
primeiros que deslizaram sobre as ondas.
Para Gutemberg (1989, p. 13) os polinésios talvez sejam descendentes de
índios peruanos que se aventuravam pelas correntes do Oceano Pacífico.
Ou quem sabe de habitantes do litoral da África Ocidental, pois as ondas e os
arco-íris eram uma das coisas mais adoradas por esses povos (KAMPION E
BROWN, 1998, p. 29).
Na costa norte do Peru os nativos desciam as ondas sobre embarcações
feitas de fibra de junco, que eram chamadas também de cabalos de totora (FINNEY
E HAUSNTON, apud ÁRIAS, 2002, p. 3).
Os Polinésios eram excelentes pescadores, mergulhadores e construtores de
embarcações. O mar era a única forma de trabalho para eles, navegavam em
qualquer condição. Desenvolveram embarcações especiais para o desembarque em
terra firme e em um dado momento alguém decidiu utilizar tábuas de madeira para
deslizar e se divertir sobre as ondas (GUTEMBERG, 1989, p. 13).
A intenção dos Polinésios era de conquistar o Pacífico. Os mesmos se
aventuravam em viagens de descobertas tanto para o norte quanto para o sul e
numa dessas viagens encontraram o arquipélago havaiano, isso ocorreu por volta do
século X, com ondas excelentes e ilhas paradisíacas, deram origem então a uma
nova civilização e cultura do surfe.
16
Figura 1: “ Surfistas pioneiros nos mares do sul”. Fonte: Fluir (1989, p. 13) Com a chegada dos primeiros navegadores ao arquipélago o surfe começou a
surgir no Havaí, o primeiro grupo praticava deitado sobre uma pequena prancha
arredondada, esse modo de deslizar sobre as ondas tinha o nome de Paipo e um
outro grupo que foi chegando logo após, esses vinham do Taiti desciam as ondas de
pé, sendo que esse outro estilo ficou conhecido como Paka (ARAÑA E ÁRIAS, 1996,
p. 8).
A partir da metade do século XVIII os havaianos estavam inteiramente ligados
ao surfe, desde a sua pratica até a sua cultura.
Segundo Kampion e Brown (1998, p. 30), o Capitão James Cook relatou ter
visto um nativo deslizar várias vezes sobre as ondas, ficando surpreendido com o
fato, isso ocorreu por volta de 1778, durante uma de suas viagens as ilhas
havaianas.
James Cook era inglês e foi um grande navegador e explorador dos mares
naquelas épocas (ÁRIAS, 2002, p. 4).
De acordo com Araña e Árias (1996, p. 8), o surfe começou a entrar em
extinção no final do século XIX, pois naquela época, a prática era feita sem roupa,
fazendo com que os missionários que ali chegavam condenassem os praticantes. As
17
doenças que vieram junto com os homens brancos foi outro fator que abalou e
quase extinguiu a população nativa.
A partir do século XX o surfe começou a ser resgatado novamente e teve
como principal responsável o atleta havaiano Duke Paoa Kahanamoku, que era
nadador medalhista olímpico e quando viajava para os outros países para competir
também surfava. Com isso a modalidade foi se disseminando mundo afora
(KAMPION e BROWN, 1998, p.37- 41).
Conforme o surfe foi evoluindo e o número de praticantes foi aumentando as
pranchas passaram a ser fabricadas com outros materiais, ganhando novas formas
e tamanhos, tornando então mais fácil a sua prática. Hoje em dia o surfe é praticado
por muitas pessoas na maioria das praias que oferecem condições ao redor do
nosso planeta, seja por lazer ou trabalho.
1.1 O Surfe no Brasil
Muitos nem imaginam, mas foi em Santos no Litoral Sul do Estado de São
Paulo que o surf começou a ser praticado em nosso país, isso há quase 70 anos
atrás ou talvez um pouco mais, pois alguns autores não sabem exatamente quem foi
o primeiro surfista.
Segundo Sarli (2001) citado por Zeni (2002 p. 8) o santista Tomas Rittscher,
afirmava não ter visto ninguém surfar no Brasil antes dele.
Tomas Rittscher era um americano naturalizado brasileiro e também dizia ter
sido fundamental para o desenvolvimento do surf no país, isso entre 1934 e 1936
(ÁRIAS, 2002, p.3).
De acordo com Gutemberg (1989, p. 23-24), um grupo de amigos, entre eles
Silvio Malzoni, João Roberto Suplicy e Osmar Gonçalves que freqüentavam a praia
do Gonzaga resolveram construir uma prancha, a primeira do Brasil, pois o pai de
Osmar teria trago uma revista dos Estados Unidos e lhe dado de presente, na
mesma tinha uma matéria que ensinava como fazer uma prancha.
Com base nos dados da revista e depois de alguns meses de trabalho, isso
entre Dezembro de 1938 e Janeiro de 1939 eles construíram uma verdadeira tábua
18
havaiana, que media cerca de 3,60 metros e pesava em média uns 80 quilos. Foram
eles então durante alguns anos os primeiros surfistas do Brasil.
Figura 2 : Osmar Gonçalves em Santos, 1939.
Fonte: Encarte Revista Alma Surf, n. 12 (2002 p. 3)
O que se sabe é que eles foram fundamentais para a história do surf. Foram
privilegiados, porém não conseguiram transformar o esporte em uma cultura, se
tornado então um fato isolado, mas que deve ser lembrado para sempre (ÁRIAS,
2002, p. 3-4).
A partir da década de 1950 o surf começou a ser praticado de uma forma
mais assídua no Rio de Janeiro, sem nenhum contato com Santos. A principal praia
foi a do Arpoador, começou também por um grupo de amigos, Paulo Preguiça, Jorge
Paulo e Irency Beltrão que naquela época tentavam surfar em precárias pranchas de
madeiras. Apareceu também outro grupo, esses gostavam das atividades aquáticas,
como o mergulho, Bruno Hermanny, George Grande, Domingos Castelo Branco e
Rubens Torres, diziam que quando o mar estava revolto e com pouca visibilidade se
divertiam pegando ondas de peito e em seguida com pequenas tábuas.
Fora esses dois grupos que foram os pioneiros do surf carioca, ainda dizem
que existiu um outro surfista, o Luis Carlos Vital em 1947, o mesmo teria ficado em
pé sobre uma prancha oca, que tinha como apelido DC-4, que era o maior avião
comercial da época. Após esse período o surf começou a ganhar mais adeptos e a
partir da década de 1960, algumas pessoas que costumavam viajar para o exterior
19
começaram a trazer algumas pranchas em suas bagagens (GUTEMBERG, 1989, p.
27-32).
Após o ano de 1964, com a apresentação de surf do australiano Peter Troy na
praia do Arpoador, que o esporte começou a ser praticado com mais freqüência e de
uma forma melhor, pois os brasileiros ficaram deslumbrados ao verem uma nova
técnica de surf, de como aproveitar melhor as ondas e também outros modos e
técnicas de fabricação de pranchas com fibra de vidro (ARÃNA E ÁRIAS, 1996,
p.12).
E depois de passar por muitos obstáculos, entre eles a Ditadura Militar, onde
os surfistas eram tachados como vagabundos e irresponsáveis o surf começou a ser
praticado em outras regiões, com destaque para a capital catarinense, devido aos
eventos sediados a partir da década de 1980 e em seguida passando para a região
nordeste (GUTEMBERG, 1989, p. 41).
Hoje em dia os surfistas brasileiros estão se destacando cada vez mais entre
as competições internacionais e o esporte está presente até nas novelas globais.
De acordo com Zeni (2002, p. 9), o Brasil é a terceira maior potência do surf
mundial, ficando atrás apenas dos EUA e Austrália. Existem muitos praticantes e
pessoas que queiram aprender, com isso também podemos encontrar diversas
escolinhas onde se ensinam o esporte em nosso litoral.
O surf está crescendo tanto em nosso país que já tem lugar até nas
universidades, seja na graduação ou na pós. (ÁRIAS, 2002, p. 21-22).
O esporte está bem estruturado, com a maioria dos estados litorâneos
possuindo uma federação que é filiada a Confederação Brasileira de Surfe (CBS),
sendo esta filiada a International Surfing Association (ISA) e ligada ao Comitê
Olímpico Brasileiro.
1.3 O Surfe de alto rendimento
O surfe vem se expandindo cada vez mais e com isso também surgem as
competições, de vários níveis, em várias regiões, estados e países, para crianças,
jovens e adultos. Chegar e se manter entre os melhores do mundo não é nada fácil,
pois o surfista percorre um longo caminho entre uma competição e outra desde
muito jovem.
20
De acordo com Steinman (2003, p. 417) o surfista campeão não surge do
nada, totalmente pronto, às vezes pode até surgir, mas se o mesmo não se dedicar
e não se envolver totalmente no esporte com certeza não seguirá muito a diante.
O surfista pode ser ajudado por muitos especialistas para buscar um
desenvolvimento completo de si mesmo, tanto a parte física quanto a mental, entre
eles médicos, preparadores físicos, nutricionistas e psicólogos. Pois apenas surfar
várias horas por dia sem auxílio de um especialista que o oriente da maneira correta
em seus hábitos e atitudes fora e dentro do mar talvez não adiante.
Carlet et al. (2007, p.7) concluíram em uma pesquisa realizada com atletas
participantes do Circuito Brasileiro de Surfe Amador que muitos treinam de forma
inadequada, sem alguém que planeje e acompanhe da maneira correta seus
treinamentos. Destacaram também que todo surfista necessita de um treinamento
adequado a modalidade, pois o surf é um esporte de intensidade moderada a alta,
exigindo então do atleta uma boa preparação física para enfrentar variações que
aparecerão de um evento a outro.
Muitas vezes o surfista não depende apenas de si próprio, ele acaba tendo
que enfrentar situações adversas da natureza, como o frio, o vento ou a chuva e
esses fatores, junto com outros citados abaixo podem deixar o atleta de alguma
forma estressado.
O atleta, às vezes, sofre com a pressão de ter a obrigatoriedade de vencer e
apresentar bons resultados ao seu patrocinador para fazer jus ao investimento
financeiro do mesmo.
Também ocorrem situações em que ele está acostumado a treinar apenas em
praias de fundo de areia e não em lugares onde as ondas quebram sobre pedras ou
corais. Geralmente essas ondas são mais fortes e com isso o atleta acaba não se
adaptando rapidamente ao lugar, necessitando então de mais dias e horas de surfe
antes da competição.
Alguns surfistas fazem uso de ótimos equipamentos, estão bem preparados e
se destacam nas horas de treino, porém quando estão diante de uma competição,
acabam perdendo por pouco, devido à falta de concentração, dificuldade de tomar
decisão e controle de si próprio (STEINMAN et. al., 2003, p 417).
Além disso, o atleta ainda pode enfrentar de um a seis atletas, que muitas
vezes tentam prejudicá-lo durante a competição, em um tempo que pode variar de
quinze a vinte e cinco minutos, ou mais, dependendo da competição e o nível
21
(amador ou profissional). O atleta amador no surfe é aquele que ainda não está
filiado a Associação Brasileira de Surfe Profissional.
O surfe é um esporte onde o atleta é julgado por um quadro de árbitros, que
às vezes acertam ou erram no julgamento, raramente ocorre uma competição onde
algum atleta não reclame de suas notas, pois sempre alguém vai dizer que foi
prejudicado.
Em nível mundial, os atletas participam do circuito World Qualifying Series
(WQS) e competem com três, dois ou um adversário, num tempo de 25 minutos ou
mais, dependendo da pontuação e premiação que a competição oferece, buscando
a sua classificação para o principal circuito mundial o World Championship Tour
(WCT).
O atleta que compete no circuito WQS, visando buscar a sua vaga no WCT,
tem que estar inteiramente preparado para lidar com situações estressantes que
surgirão ao longo de sua carreira competitiva, pois vai estar sempre viajando para
outros países, longe de casa, dos amigos e da família. Muitas vezes na mesma
semana o atleta vai de um continente ao outro praticamente sem descanso, mal se
hospeda e treina em outra praia e já tem que competir.
O surfe que para uns pode ser lazer, forma de distração e relaxamento, para
outros é trabalho sério, de rotina e durante a competição pode se tornar estressante.
Como em todo esporte o surfista deve ser dedicado e procurar sempre
melhorar as suas capacidades e habilidades, buscando sempre construir o perfil de
um bom atleta. Os que estiverem mais bem preparados para reagir diante de
situações indesejáveis, como o estresse durante a competição, com certeza
alcançaram o sucesso.
No capítulo seguinte o tema estresse será discutido de uma forma mais
detalhada, tanto no esporte quanto na vida diária.
22
2. Estresse
Todos nós já nos deparamos com alguma situação e de alguma forma
ficamos abalados ou como muitos falam estressados, essas situações englobam
vários estímulos no nosso corpo e na nossa mente e então acabam alterando o
nosso equilíbrio interno. Esquecer ou eliminar os fatores que acabam nos
estressando na maioria das vezes não é fácil, principalmente na sociedade em que
vivemos hoje em dia, onde a maioria das pessoas vivem sobre pressão, com muitos
afazeres e responsabilidades.
O estresse, tanto em atletas como em não atletas vem sendo pesquisado por
muitos autores, Machado (1997), Samulski (2002), Barreto (2003), Lipp (2005),
Danucalov e Simões (2006), Nahas (2006), entre outros, destacam também Hans
Selye como o grande pesquisador e descobridor do estresse, introduzindo-o
inclusive na discussão médica a partir da década de 1940.
Com o passar do tempo inúmeras definições foram surgindo, como a
seguinte:
Estresse é uma reação do organismo com componentes psicológicos, físicos, mentais e hormonais que ocorre quando surge a necessidade de uma adaptação grande a um evento ou situação de importância. Este evento pode ter sentido negativo ou positivo (LIPP 2005, p. 1).
De acordo com Pinel (2005, p. 459) quando nos sentimos ameaçados ocorre
em nosso organismo inúmeras alterações fisiológicas que costumamos chamar de
resposta ao estresse, podendo ser psicológico como o desânimo devido à perda de
um bom emprego ou físico, devido à exposição prolongada ao frio ou ao calor, que
acabam então produzindo algumas alterações em nosso organismo.
Para entendermos melhor o estresse, precisamos saber também o que é
homeostase.
Segundo Cannon (1932), homeostase é uma característica fundamental para
nós, sendo o conjunto de mecanismos regulatórios que mantém a manutenção do
meio interno dentro dos limites toleráveis para a sobrevivência do organismo,
permitindo que o mesmo se adapte e funcione em diversas condições do meio em
que vivemos. Esses mecanismos são responsáveis por detectar e corrigir variações
em diversos parâmetros orgânicos, como pressão arterial, volume sanguíneo,
temperatura, concentração, ph, entre outros.
23
De acordo com Nahas (2006, p. 201-204), a nossa homeostase pode ser
alterada constantemente por qualquer estímulo que crie um desequilíbrio no nosso
meio interno.
O mesmo autor descreve que existem dois tipos de estresse, o eustresse,
esse podemos dizer que é o estresse bom e geralmente ocorre quando estamos
diante de uma situação boa para nós. E o distresse que é prejudicial para nós.
Na rotina diária passamos por muitas situações e acontecimentos, como
alegrias ou aborrecimentos, no trânsito, no trabalho, em casa, nos estudos ou
durante algum treinamento, isso pode então acabar influenciando no meio interno de
nosso organismo.
2.1 Fases do estresse
Podemos ficar estressados para solucionar algo que está acontecendo ou que
vai acontecer, porém não podemos deixar que isso nos atrapalhe, então diante de
uma situação estressante o nosso organismo pode passar por três fases que foram
propostas por Hans Selye, citado por Lipp (2005, p. 11), mais conhecido como a
Síndrome Geral de Adaptação (SGA), sendo o resultado de todas as reações não
específicas que surgirão em resposta a um estímulo ameaçador, para tornar mais
claro o desenvolvimento do estresse e de como vamos reagir diante do mesmo.
A primeira fase é a de alerta, que podemos considerá-la boa, geralmente
ocorre quando nos deparamos com o agente estressor, o organismo geralmente
libera adrenalina e os principais sintomas são a sudorese, taquicardia e
hiperventilação.
Na segunda fase, a de resistência o nosso organismo tenta lidar com os
agentes estressores para manter o nosso equilíbrio, tendo alguns sintomas como
cansaço constante e irritação, porém se os mesmos continuarem pode ocorrer uma
quebra da nossa resistência.
E então o estresse passa para a fase de quase-exaustão, essa fase foi
identificada pela autora em suas pesquisas e estudos posteriores, durante essa fase
geralmente nós não conseguimos nos adaptar ou resistir aos agentes estressores, e
então podem ocorrer indícios de algumas doenças.
24
Não havendo um meio para aliviar o estresse, o mesmo pode chegar a sua
fase final, a de exaustão, onde nosso organismo já vai estar deteriorado e as
doenças vão se agravando podendo ser fatais, como o enfarte.
A autora também relata que o estresse pode ser positivo, que é quando
nos encontramos na fase de alerta, em ideal, ocorre quando sabemos lidar com os
agentes estressores. E negativo, quando já estamos estressados em excesso e
nosso organismo já se encontra debilitado.
2.2 Alterações fisiológicas relacionadas ao estress e
Como já foi dito acima, durante essas fases ocorreram inúmeras alterações,
entra elas as alterações fisiológicas, como a liberação de hormônios, principalmente
os Glicocorticóides, que visam aumentar a nossa resistência frente ao estresse
físico. Esses hormônios visam proteger o nosso organismo e deixá-lo em
homeostasia contra eventuais situações de estresse que possam nos afetar.
Quando ocorre uma contusão ou lesão dolorosa a algum tecido do nosso corpo,
devido algum acidente ou doença, os mesmos são liberados, o principal hormônio a
ser liberado é o cortisol (GUYTON, 1988, p. 476-477).
Durante a situação de estresse ocorre à comunicação entre o córtex e a
amígdala, que em seguida entra em contato com o hipotálamo que acaba liberando
corticotropina (CRH), que estimula a hipófise que então libera o hormônio (ACTH),
em seguida o mesmo vai em direção das adrenais que então liberam o cortisol. No
mesmo instante em que tudo isso ocorre o sistema nervoso simpático é ativado pelo
tronco encefálico. Com isso a adrenalina é liberada pelas glândulas adrenais.
Este hormônio age sobre alguns órgãos como o coração e pulmão,
aumentando o débito cardíaco e a respiração, nos preparando para uma possível
fuga ou luta. Se o estresse aumentar ou continuar a secreção desses hormônios
também continua, podendo então induzir o organismo a uma possível degradação
(DANUCALOV E SIMÕES, 2006, p. 121).
O estresse produz uma interação muito grande entre o corpo e a mente. A
liberação de alguns hormônios, que fazem parte da resposta do nosso organismo
em relação ao estresse, desencadeia não só uma série de alterações físicas, mas
25
também emocionais. Os sintomas são reversíveis, o que não pode acontecer é
deixarmos que ele chegue na última fase, a de exaustão. (LIPP, 2003, p. 18).
2.3 Reações e efeitos do estresse sobre o nosso cor po
O estresse crônico acaba afetando o nosso sistema imunológico, que é
responsável pelas defesas do nosso organismo contra eventuais infecções, pois
devido à constante liberação de hormônios como o cortisol o nosso organismo
acaba ficando mais frágil (NAHAS, 2006, p. 205-206).
Wilkinson (2001, p. 17-19) relata que várias partes do nosso corpo podem ser
afetadas devido ao estresse, tornando-o então mais frágil e suscetível tanto às
doenças físicas como as mentais. Segue abaixo algumas reações emocionais e
físicas que estão relacionadas ao estresse segundo o autor.
_ Sentir-se sobre pressão;
_ Sentir-se tenso ou incapaz de relaxar;
_ Sentir- se mentalmente exausto;
_ Aumento da irritabilidade e de queixas;
_ Frustração e agressão;
_ Torna-se mais nervoso, abatido ou desconfiado;
_ Tensão muscular;
_ Batimento cardíaco rápido ou desigual;
_ Respiração ofegante;
_ Dores de cabeça;
_ Cansaço ou fraqueza;
_ Inquietação e movimentos constantes;
As doenças cardíacas como hipertensão arterial aparecem em destaque.
Úlceras e alergias são outras doenças que estão ligadas ao estresse (NAHAS, 2006,
p.206).
2.4 Estresse no Esporte
Muitas pessoas estão buscando através do esporte, melhorar as suas
capacidades físicas, seja por lazer ou para buscar alguma conquista. E na maioria
26
das vezes quando estamos praticando algum esporte e percebemos que outras
pessoas estão nos avaliando isso já pode representar uma ameaça digna de um
bom trabalho físico e psicológico (MACHADO, 2006, p. 96-97).
O estresse faz parte das nossas experiências e está ligado a muitos fatores,
desde emoções, cansaço físico e psicológico, dor, medo, tensão muscular, irritação
ou falta de concentração. O atleta que compete em busca da vitória também pode
estar passando por situações de estresse (SAMULSKI, 2002, p. 161).
Para o atleta alcançar o melhor resultado é necessário que ele esteja
preparado totalmente na parte física, técnica, tática e psicológica, pois assim o
mesmo vai se mostrar capaz para demonstrar suas habilidades e qualidades durante
as competições (DE ROSE, 2003, p. 290).
Segundo o mesmo autor, qualquer que seja o nível de competição, sempre
vai exigir do atleta uma preparação adequada e muito sacrifício, para que o mesmo
consiga atingir seu objetivo. Muitos desafios e situações causadoras de estresse
surgirão, o atleta precisa então treinar muito para saber lidar com essas situações.
Barreto (2003, p. 192), destaca que todo atleta durante a sua carreira
esportiva, estará sujeito a enfrentar diversos tipos de estresse.
De acordo com Martens (1987) citado por Wenberg e Gould (2001, p. 102-
103), quanto mais importante for a competição e quanto maior o grau de incerteza
do atleta em relação ao resultado que ele vai obter ou a sentimentos e avaliações de
outras pessoas, maior será a ansiedade-estado e estresse.
O esporte competitivo se torna um evento estressor para um atleta, pois
durante a competição o mesmo precisa demonstrar as suas habilidades da melhor
forma possível, colocar em prática tudo o que ele treinou. Seja para um determinado
público, patrocinador ou outro competidor, que muitas vezes também tentará
dificultar as suas ações.
O atleta pode se estressar durante uma competição quando percebe que não
conseguirá enfrentar algumas situações com sucesso, o mesmo acaba então
antecipando conseqüências negativas. Ocorre também quando ele consegue
cumprir as suas metas com sucesso, porém deve manter o mesmo ritmo por algum
tempo e logo em seguida deve melhorar para superar a si mesmo ou outro atleta. Se
for o caso de esportes individuais ou durante um campeonato de esportes coletivos,
quando os jogos ocorrem em vários dias seguidos (MACHADO, 2006, p. 97).
27
Segundo Bompa (2002, p. 214-216) o estresse pode ocorrer em função do
treinamento e da competição e se não for administrado da maneira correta pode
acarretar problemas no comportamento e desempenho do atleta. Os atletas passam
pelo estresse biológico, psicológico e social, que são produzidos, por espectadores,
amigos, família, pressão do técnico e intensidade do treinamento, os mesmos são
submetidos a um maior nível de estresse quando as competições se tornam
freqüentes e também quando as mesmas se tornam muito importantes.
Muitos autores ao perceberem que o estresse pode afetar no desempenho do
atleta começaram a realizar várias pesquisas. Entre eles De Rose Jr. et al. (1999, p.
220-227), verificaram fatores competitivos que causavam estresse em jogadores(as)
de basquetebol.
Perceberam então que os mesmos apresentavam estresse relacionado com
questões individuais (estados psicológicos e aspectos físicos), que dependem
apenas do atleta e situacionais que são aqueles que ocorrem independentemente da
ação dos atletas.
Dentre as questões individuais, de fatores psicológicos estão situações como
não saber lidar com o erro e pensamentos negativos sobre a sua carreira, entre os
fatores físicos estão à falta de repouso e o mal preparo físico. Na questão
situacional, os jogos mais decisivos, má avaliação por parte da arbitragem e rotina
de treinamento estão entre os fatores que podem causar estresse.
Em outra pesquisa com jogadores de basquetebol, handebol e voleibol, De
Rose Jr. et al. (2004, p. 389) verificaram situações semelhantes de estresse
relatadas pelos atletas, entre elas se destacaram, perder um jogo praticamente
ganho, errar em momentos decisivos e a arbitragem prejudicar a equipe.
Szeneszi e Krebs (2007, p. 55) analisaram os níveis e sintomas de estresse
em triatletas durante o treinamento para o Ironman e concluíram que os mesmos
apresentaram mais estresse psicológico do que físico. Nervosismo, dúvida quanto a
si próprio, pensar ou falar constantemente em um só assunto e perda do senso de
humor foram um dos sintomas psicológicos mais relatados entre os atletas.
Sensação de desgaste físico constante, tensão muscular e insônia estavam entre os
principais sintomas físicos.
Segundo De Rose (2003, p. 290) a competição é um fator que está ligado ao
ser humano e está presente no dia-dia de muitas crianças e jovens, em qualquer
atividade que elas participem.
28
Quando ganhamos ficamos alegres e felizes e quando perdemos na maioria
das vezes ficamos tristes ou até deprimidos.
De acordo com Machado (2006, p. 94-99), para executarmos uma atividade,
necessitamos de um certo nível de excitação, cujo o aumento pode melhorar a
performance e o excesso pode nos prejudicar. Cada atleta reage de uma forma aos
agentes estressores de acordo com as suas experiências próprias e os mesmos
podem ser superados. Nem sempre o estresse é algo negativo para nós, o mesmo
existe para que tenhamos a capacidade de usufruirmos da vida, desde que ele seja
controlado.
O mesmo autor destaca que diante de uma competição onde vamos perder
ou ganhar, a melhor coisa a fazer é analisar a situação, pois assim não vamos nos
fragilizar diante de tanto esforço e pouco rendimento.
Existem muitas formas de controlar o estresse, a Psicologia do Esporte junto
com os treinadores e técnicos podem preparar o atleta de uma forma global. É
necessário que o técnico deixe alguns dias de recuperação após as competições e
retorne aos treinamentos apenas quando os atletas estiverem praticamente
recuperados (BOMPA, 2002, p. 216).
2.5 Como controlar o estresse
Para qualquer pessoa, seja ela atleta ou não, sobreviver totalmente sem
estresse hoje em dia, não é nada fácil, pois algumas situações não conseguimos
evitar. Porém existem formas de nos prepararmos tanto na parte psicológica, como
na parte física, para agirmos de uma forma melhor frente ao agente estressor. Essas
formas são de grande importância para o atleta.
De acordo com Wilkinson (2001, p. 34) para nos defendermos do estresse
precisamos saber também quais as fontes estressoras. Manter uma boa forma física
e mental são as ferramentas necessárias.
Muitas pessoas preocupas em manter a boa forma e fugir do estresse estão
buscando ajuda em spas, academias, livros e nas práticas meditativas como o yoga
(DANUCALOV E SIMÕES, 2006, p. 113).
Nahas (2006, p. 209-211) relata algumas formas de controlar o estresse,
entre elas o relaxamento muscular progressivo, conhecido também como
29
relaxamento profundo que pode ser realizado de diversas maneiras, de preferência
em um ambiente confortável, com pouca luz e em silêncio. Essa técnica foi
desenvolvida na década de 30 pelo fisiologista americano Edmund Jacobson, utiliza-
se a contração muscular seguida de relaxamento, de diversos grupos musculares,
iniciando nos membros, depois tronco e cabeça, a técnica deve durar no mínimo 20
minutos.
O princípio do biofeedback que está na integração entre a mente e o corpo. A
pessoa ao perceber uma situação de tensão nervosa ou ansiedade, utiliza-se formas
simples de relaxamento, tais como a respiração controlada.
A meditação, onde a pessoa se concentra estando numa posição relaxada e
confortável e então tenta esvaziar a mente de todos os pensamentos, voltando à
atenção para dentro de si.
Outra técnica muito eficiente de combate ao estresse é a massagem, que traz
benefícios para muitas pessoas.
O treinamento cognitivo, através de diálogo interno e visualização onde a
pessoa busca antecipar a situação competitiva e o seu bom desempenho, com o
objetivo de sempre alcançar o sucesso.
Por último, citam-se as atividades físicas que devem variar de intensidades
leves a moderadas sempre com o auxílio de um profissional habilitado.
De acordo com Mello e Tufik (2004, p. 102), Wilkinson (2001, p. 34) o sono é
um importante aliado a nossa recuperação física e mental.
Lipp (2006, p. 3-4) recomenda que uma boa alimentação, estabilidade
emocional e qualidade de vida são fatores essenciais para se proteger do estresse.
30
3. A Pesquisa de campo materiais e métodos
O principal objetivo da pesquisa científica é de contribuir para o nosso
conhecimento em todas as áreas, seja ela da ciência pura, ou aplicada, da
matemática, agricultura, tecnologia ou literatura (MEDEIROS, 2003, p. 42).
3.1 Público avaliado
Nesta pesquisa foram entrevistados 26 atletas do sexo masculino, sendo
dezenove profissionais e sete amadores. Todos estavam competindo em uma etapa
de divisão de acesso à elite do surfe mundial, o World Qualifying Series (WQS), que
no final de cada ano classifica os 15 melhores surfistas do ranking para o principal
circuito mundial, o WCT (World Championship Tour). Esse evento foi realizado na
Praia de Pitangueiras, no Guarujá, Litoral Sul do Estado de São Paulo, entre os dias
24 e 29 de Junho de 2008. Desde 1996 o Guarujá não sediava uma etapa do WQS.
Os atletas tinham idade entre 17 e 40 anos, sendo que entre os profissionais
a média de idade era de 23,1 anos, com desvio padrão de 4,9 e a média de idade
dos amadores era de 20,7 anos, com desvio padrão de 3,3.
Após cada atleta ser informado do que se tratava esse estudo, assinaram um
termo de consentimento a respeito da utilização dos dados informados por eles e da
garantia de sigilo absoluto, passaram então a responder as perguntas.
3.2 Instrumento de coleta de dados
Para a realização desta pesquisa foi utilizado o Inventário de Sintomas de
Estresse para adultos de Lipp (2005).
É um instrumento fácil de ser aplicado e é composto por três quadros,
referente às quatro fases do estresse: alerta, resistência, quase-exaustão e
exaustão. Diagnostica em que fase a pessoa estressada se encontra, indica qual o
sintoma mais freqüente e se há predominância de sintomas físicos ou psicológicos
(LIPP, 2005, p.12).
31
O quadro um se refere à fase de alerta do estresse, é composto por doze
questões sobre sintomas físicos e três psicológicos, onde o avaliado reponde ou
assinala aqueles que tenha sentido nas últimas 24 horas.
O quadro dois indica a fase de resistência ou quase-exaustão, sendo esta
fase proposta pela autora do próprio inventário, contém dez questões sobre
sintomas físicos e cinco sobre psicológicos, quando a pessoa indica os sintomas que
sentiu na última semana.
No quadro três encontram-se doze questões referentes aos sintomas físicos e
onze psicológicos, esse quadro avalia se a pessoa encontra-se na fase de exaustão
e os sintomas experimentados no último mês. Alguns sintomas que aparecem no
quadro um também aparecem no quadro três, porém com uma intensidade maior.
O Inventário é composto por 37 questões que contém sintomas físicos e 19
psicológicos. Foi validado por Guevara e Lipp em 1994. Muitos pesquisadores vem
utilizando-o em trabalhos relacionados com o estresse, sendo aplicado em jovens e
adultos (LIPP, 2005, p. 14).
3.3 Procedimento para coleta de dados
O inventário foi aplicado por um dos componentes do grupo, que se mostrou
atencioso e disposto a esclarecer dúvidas que poderiam surgir durante a aplicação,
sem tentar interferir nas respostas dos atletas pesquisados.
Os atletas estavam à espera de participar da competição quando foram
abordados. A maioria dos atletas concordou com a participação e durante a
execução da tarefa surgiram algumas dúvidas, logo resolvidas.
Devido à fácil aplicação do inventário ele pode ser executado por pessoas
que não tenham formação em Psicologia, mas apenas um Psicólogo deve fazer a
correção e interpretação dos resultados (LIPP, 2005, p.14). Para tanto solicitamos a
ajuda de Nádia Ibrahim M. Castro, mestre, professora universitária e psicóloga, que
corrigiu e analisou os questionários junto com o grupo.
32
3.4 Análise e interpretação dos resultados
Os resultados foram interpretados de acordo com protocolo do próprio teste.
A média e o percentual de cada fase do estresse foram calculados, juntamente com
os sintomas que foram relatados por cada atleta.
Com base nos dados verificou-se que apenas dez atletas estavam
estressados, a maioria deles se encontravam na fase de resistência, tanto os
profissionais quanto amadores, conforme mostram os dados a seguir:
Categoria entrevistados % Profissionais 19 73% Amadores 7 27% Total 26 100%
Quadro 1 : Distribuição de entrevistados por categoria Fonte : Os autores (2008). Sem estresse % Com
estresse % Total %
Profissionais 14 74% 5 26 % 19 100% Amadores 2 29% 5 71% 7 100% Pessoas 16 62% 10 38 % 26 100% Quadro 2: Atletas com e sem estresse. Fonte: Os autores (2008). Sem estresse Alerta Resist. Quase
Ex. Exaustão Total
Profissionais 74 % 5 % 21% ou 4 - - 100% Amadores 29% 29% 29% ou 2 - 14% 100% Pessoas 62% 7 % 27 % 4 % 100% Quadro 2 : Porcentagem de entrevistados com e sem estresse por fase. Fonte: Os autores (2008). Sintomas N % Sem stress 16 62 % Físicos 0 - Psicológicos 8 30% Físicos + psicológicos 2 8 % Total 26 100% Quadro 4 : Prevalência dos sintomas de estresse nos entrevistados. Fonte: Os autores (2008).
33
Observou-se que os atletas amadores estão mais estressados que os profissionais, pois de sete atletas pesquisados cinco estavam com estresse, todos eles com predominância de sintomas psicológicos. Dois destes atletas amadores estavam na fase de alerta, dois na de resistência e um na fase de exaustão. Já os profissionais, de 19 atletas, apenas cinco estavam com estresse, dois com predominância de ambos os sintomas e três com predominância de sintomas psicológicos. Quatro atletas profissionais estavam estressados na fase de resistência e apenas um na fase de alerta. Quanto aos sintomas apresentados às figuras com os gráficos abaixo mostrarão a análise feita.
Figura 3: Sintomas físicos experimentados nas últimas 24 horas por atletas profissionais. Fonte: Os autores (2008).
Observa-se no gráfico acima que a maioria dos atletas profissionais relataram
sintomas de tensão muscular, 14 ou 73,68% dos profissionais. Um sintoma não
relatado foi à taquicardia e pressão alta passageira.
34
Figura 4: Sintomas psicológicos experimentados nas últimas 24 horas por atletas profissionais. Fonte: Os autores (2008).
Evidencia-se no gráfico acima que a maioria dos atletas profissionais, 14 ou
73,68%, relataram aumento súbito de motivação, 12 ou 63,16% relataram vontade
súbita de iniciar novos projetos e com menor incidência de escolha no item de
entusiasmo súbito 6 ou 31,58% dos atletas.
Figura 5: Sintomas físicos experimentados na última semana por atletas profissionais. Fonte: Os autores (2008).
35
No gráfico acima 12 ou 63,16% dos atletas profissionais relataram sensação
de desgaste físico constante e não houve relatos para problemas de pele, pressão
alta e aparecimento de úlcera.
Figura 6: Sintomas psicológicos experimentados na última semana. Fonte: Os autores (2008).
Observamos no gráfico acima que o sintoma psicológico mais relatado pelos
atletas profissionais, 9 ou 47,37%, pensaram constantemente em um só assunto e
nenhum atleta relatou que ficou sem vontade de sexo na última semana.
Figura 7: Sintomas físicos experimentados no último mês por atletas profissionais. Fonte: Os autores (2008).
36
O sintoma físico mais relatado pelos atletas profissionais no último mês foi
excesso de gases com 9 ou 47,37% dos atletas se queixando do sintoma, não
houve relato de dificuldade sexual, pressão alta continuada, mudança extrema de
apetite, úlcera ou enfarte.
Figura 8: Sintomas psicológicos experimentados no último mês por atletas profissionais. Fonte: Os autores (2008).
No gráfico acima, observa-se que 11 ou 57,89% dos atletas relataram que
sentiram cansaço excessivo e angústia ou ansiedade diária no último mês e apenas
uma atleta relatou que ficou impossibilitado de trabalhar.
Figura 9: Sintomas físicos experimentados na última semana por atletas profissionais. Fonte: Os autores (2008).
37
Observa-se no gráfico acima que 5 ou 71,43% dos atletas amadores relataram que sentiram tensão muscular nas últimas 24 horas. Não houve relato para aumento de sudorese, aperto da mandíbula, diarréia e pressão alta passageira.
Figura 10: Sintomas psicológicos experimentados nas últimas 24 horas por atletas amadores. Fonte: Os autores (2008).
No gráfico acima se observa que os 7 ou 100% dos atletas amadores
relataram aumento súbito de motivação, 5 ou 71,43% relataram vontade súbita de
iniciar novos projetos e apenas 3 ou 42,86% relataram entusiasmo súbito.
Figura 11: Sintomas físicos experimentados na última semana por atletas amadores. Fonte: Os autores (2008).
38
Observa-se no gráfico acima 3 ou 42,86% dos atletas amadores relataram
que tiveram sensação de desgaste físico constante e mudança de apetite na última
semana. Não houve relato para formigamento das extremidades, problemas de pele,
pressão alta e aparecimento de úlcera.
Figura 12: Sintomas psicológicos experimentados na última semana por atletas amadores. Fonte: Os autores (2008). O sintoma psicológico que os atletas amadores, 6 ou 85,74, mais relataram
na última semana foi que pensaram constantemente em um só assunto e nenhum
atleta relatou que ficou sem vontade de sexo na última semana.
Figura 13 : Sintomas físicos experimentados no último mês por atletas amadores. Fonte: Os autores (2008)
39
Observa-se no gráfico acima que o sintoma físico mais relatado foi insônia,
sendo sentida por 3 ou 42,86% dos atletas amadores, não houve relato para diarréia
freqüente, náusea, pressão alta continuada, problemas de pele prolongados,
excesso de gases, úlcera e enfarte.
Figura 14: Sintomas psicológicos experimentados no último mês por atletas amadores. Fonte: Os autores (2008). No gráfico acima se observa que dois sintomas psicológicos aparecem em
destaque, pensar ou falar constantemente em um só assunto e angústia ou
ansiedade diária, sendo relatado por 6 ou 85,74% dos atletas amadores, apenas 1
ou 14,29% dos atletas relatou que ficou impossibilitado de trabalhar e sentiu-se
irritado sem causa aparente.
Após analisarmos todos os gráficos, verificamos que os sintomas físicos mais
relatados por ambos os atletas foram tensão muscular, sensação de desgaste físico
constante, excesso de gases e insônia, sendo que os dois primeiros provavelmente
seja devido as viagens constantes que alguns atletas fazem de um evento ao outro,
principalmente os profissionais.
E os sintomas psicológicos mais relatados por ambos os atletas foram
aumento súbito de motivação, vontade súbita de iniciar novos projetos, pensar
constantemente em um só assunto, cansaço excessivo e angústia ou ansiedade
diária. Percebemos que a maioria dos atletas estavam bem motivados para
40
competir, outros estavam ansiosos e pensando em um só assunto, principalmente
os amadores, tudo indica que seja a falta de experiência em um evento tão
importante.
41
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebemos ao final deste trabalho que nos dias atuais está ficando cada vez
mais difícil levar uma vida tranqüila, sem estresse, porém existem formas que
podemos utilizar para não nos sentirmos tão estressados ou deixar que o estresse
destrua a nossa vida.
Em um esporte tão maravilhoso quanto o surfe, onde o surfista interage com a
natureza o tempo todo em lugares e paisagens mágicas ainda foi possível verificar
que alguns competidores dessa modalidade estavam estressados durante a
competição, como pode acontecer em muitas outras.
O surfista que compete necessita de um acompanhamento de profissionais
durante seus treinamentos e competições, seja ele amador ou profissional, para que
seja desenvolvido um treinamento que beneficie o atleta de uma forma global de
acordo com o esporte.
Verificou-se que os atletas necessitam de um treinamento ou
acompanhamento para desenvolverem métodos de concentração e controle do
estresse, pois os que estavam estressados apresentavam uma maior predisposição
para sintomas psicológicos, sendo esses também os mais relatados por todos os
atletas, portanto os atletas estão com um preparo físico melhor que o psicológico.
Percebemos também que o surfe é uma modalidade esportiva em grande
expansão, porém existe uma carência de estudos e pesquisas científicas, para que
seja planejado um treinamento mais específico para cada atleta.
Esperamos que as informações contidas neste trabalho sejam úteis para
pesquisas posteriores e também para consulta de atletas ou profissionais da área.
Para tanto também sugerimos que realizem estudos mais aprofundados e com um
maior número de participantes.
42
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