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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE NÚCLEO REGIONAL DE CURITIBA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ ÁREA: GESTÃO ESCOLAR NESILDA TEREZINHA WILLMS AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL: UM CONCEITO EM CONSTRUÇÃO CURITIBA 2009

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

NÚCLEO REGIONAL DE CURITIBA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

ÁREA: GESTÃO ESCOLAR

NESILDA TEREZINHA WILLMS

AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL: UM CONCEITO EM

CONSTRUÇÃO

CURITIBA

2009

2

NESILDA TEREZINHA WILLMS

AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL: um conceito em

construção

Trabalho de conclusão de curso do professor PDE, apresentado à Secretaria de Estado da Educação, Superintendência da Educação como requisito à conclusão de curso e certificação do Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná.

Orientador: Profª Drª Andréa Barbosa

Gouveia

CURITIBA

2009

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AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL: um conceito em construção

NESILDA TEREZINHA WILLMS

RESUMO

Nesse artigo relata-se um processo de avaliação Institucional em um estabelecimento de ensino da rede publica de ensino e foi motivada pela evidencia de alto índice de reprovação e aprovação por Conselho de Classe no estabelecimento. Buscou-se com isso, utilizar os resultados dessa avaliação para o monitoramento do próprio sistema de ensino acreditando-se que os índices obtidos contribuam para uma reflexão coletiva no interior da escola e se traduzam em alternativas para o processo ensino aprendizagem, garantindo melhores resultados. A reflexão permitiu conhecerem-se alguns aspectos que emperram o processo pedagógico e ofereceu sugestões para melhoria da qualidade de ensino, bem como estratégias para a continuidade da pesquisa em anos posteriores.

Palavras chave: Avaliação; qualidade de ensino; gestão da escola

ABSTRACT

In this article tells a process of Institucional evaluation in an educational establishment of the net publishes of education and was motivated by evidences of high index of reprovação and approval for Advice of Classroom in the establishment. One searched with this, to use the results of this evaluation for the monitoramento of the proper system of education being given credit itself that the gotten indices contribute for a collective reflection in the interior of the school and if they translate alternatives for the process education learning, guaranteeing better resulted. The reflection allowed to know some aspects that emperram the pedagogical process and offered suggestions for improvement of the quality of education, as well as strategies for the continuity of the research in posterior years.

Words key: Evaluation; quality of education; management of the school

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AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL: Um conceito em construção

1. INTRODUÇÃO

A partir de 1995, o MEC assim como os governos estaduais e municipais tem

dado ênfase às ações para avaliar o Sistema Educacional, ou seja, avaliação do

desempenho dos alunos como medida do trabalho pedagógico desenvolvido nos

estabelecimentos de ensino.

O objetivo principal é que os resultados desta avaliação possibilitem o

monitoramento do próprio sistema de ensino. E em um segundo momento esses

índices contribuam para uma reflexão coletiva no interior da escola, e se traduzam

em alternativas para o processo de ensino-aprendizagem garantindo melhores

resultados. A primeira coleta de dados realizada pelo SAEB (Sistema de Avaliação

da Educação Básica) teve por objetivo:

“avaliar conhecimentos e habilidades dos alunos em diferentes séries e áreas do currículo, verificando fatores relacionados à organização e funcionamento da escola, aos professores, e diretores, à prática pedagógica e aos alunos, que se acredita tenham influência na qualidade do ensino ministrado” (Mec. / Inep. 1998).

2. REVISÃO DE LITERATURA

A partir da 3ª avaliação, o Saeb inclui em suas pesquisas, questionário para

os alunos buscando assim conhecer as questões socioeconômicas e culturais e

hábitos de estudos dos alunos. O que se percebeu foi preocupante com os

resultados nada animadores. Em itens básicos como ler e escrever corretamente e

realizar cálculos básicos em matemática deixaram muito a desejar, demonstrando

serem necessárias intervenções urgentes para que se modifique esse quadro.

Nas duas primeiras edições do Saeb, foram avaliadas amostras de alunos da

1ª, 3ª, 5ª e 7ª séries do ensino fundamental, abordando conteúdos de Língua

Portuguesa, Matemática e Ciências. A partir da 3ª aplicação do Saeb, foram

testadas as chamadas séries conclusivas, 4ª e 8ª séries do ensino fundamental e 3ª

série do ensino médio, inclusive de escolas privadas. A avaliação em larga escala

nem sempre contribui para que se detectem as causas dos baixos resultados nos

estabelecimentos de ensino. Nesse contexto é possível pensar em se inserir o

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mecanismo da Avaliação Institucional embora se saiba que no Brasil, a modalidade

denominada “Avaliação Institucional” é recente e mais utilizada por universidades e

cursos, e ainda existe certa resistência a esse processo de avaliação local, restrito a

um estabelecimento de ensino baseado em sua realidade.

A Avaliação Institucional é um processo, inserido nas escolas públicas ou

privadas, com a finalidade de avaliar as instituições, visando uma reflexão coletiva

que possibilite uma gestão democrática e comprometida com a transformação

social, e leve os educadores a unir esforços no sentido da efetivação da melhoria da

qualidade do ensino.

Existe certo tabu em relação à Avaliação Institucional: é um assunto que muitos temem, alguns consideram difícil, outros acham que é politicamente proibido. Estas relações dificultam a construção de um processo avaliativo confiável, voltado para a qualidade do ensino, a recuperação da dignidade profissional do educador e a autonomia da escola. (Fernandes, 2007.p. 15).

A Avaliação Educacional aliada à Avaliação Institucional trarão possibilidades

de se discutir a situação da escola, os problemas existentes e suas potencialidades.

É imprescindível que a partir dessas discussões sejam traçadas metas e

estabelecidos planos para que se chegue ao ponto desejado. Sempre que se fizer

necessário essas discussões devem ser retomadas, ver o que deu certo, o que

necessita ser redirecionado. Torna-se necessário compreender os fatores que estão

emperrando o trabalho pedagógico na escola, conhecer mais a fundo os entraves ao

processo de ensino-aprendizagem, e que muitas vezes provoca uma sensação de

impotência ao professor. Tal proposta pode se percebida na opinião de um professor

do GTR que se refere à necessidade de não só conhecer-se as causas da baixa

qualidade do ensino, mas principalmente encontram-se meios para combatê-las.

_______________________ Os grupos de Trabalho em rede – constituem-se numa atividade do PDE e caracterizam-se pela interação virtual entre o professor PDE e os demais professores da rede pública estadual, e busca efetivar o processo de formação continuada já em curso, promovido pela SEED/PDE

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“Lidamos com pessoas e por isso é tão difícil e quase inatingível a tão propalada busca da qualidade e produtividade do ensino. As causas do nosso problema são de fato muitas e reagir e contra atacar com coerência a estas causas é mais importante do que apenas saber quais são A avaliação Institucional deve ser feita sem paixões, sem medo, sem interesses de quem quer que seja; deve ser coerente, corajosa, sábia e com o objetivo de se constituir em subsídios para tomada de decisões para melhorar a instituição.” (grupo GTR 2009. Unidade I)

O Estado do Paraná com o intuito de melhorar a qualidade do ensino público,

promoveu debates com educadores paranaenses, no campo da educação e de sua

gestão dando ênfase à avaliação. De tais debates surgiu um documento sobre a

Avaliação da Rede Pública Estadual de Educação Básica, com a finalidade de

orientar o processo de Avaliação Institucional, para todas as escolas do Estado do

Paraná.

Consta nesse documento a seguinte consideração sobre Avaliação

Institucional:

AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL: Processo que busca avaliar a instituição de forma global, ou seja, contemplando os vários elementos que a constituem em função de sua finalidade. Através de instrumentos que permitam a manifestação de suas características próprias (identidade, e que também a localizem dentro da globalidade do sistema, sem deixar de articular identidade e globalidade com o contexto social (...). A avaliação expressa nesse instrumento pretende ser formativa e emancipadora, descarta assim todas as formas de classificação e estabelecimento de rankings ou premiação. Busca-se conhecer a realidade e os seus resultados devem se constituir em subsídios para a tomada de decisões no sentido de avançar na melhoria da educação escolar pública do nosso Estado. (...) tem o propósito de mobilizar as escolas através da reflexão e discussão coletivas, a fim de criar uma cultura de avaliação institucional como forma de autoconhecimento e de comprometimento em torno da principal função da escola, que é a efetivação do processo ensino-aprendizagem. (SEED, 2003-2006 p. 2 – 3

Para essa tão desejada efetivação da aprendizagem além de se descobrir os

problemas, deve-se atacar as causas, traçar metas coerentes para administrar os

problemas. Paro faz uma importante reflexão sobre a relação com o bem estar do

aluno nos aspectos social, econômico, e cultural, essa relação pode ser observada

na seguinte princípio: “Isso tudo tem implicações mais do que importantes para uma

educação escolar que tenha por finalidade a formação humana”. (Paro, 1998). E a

formação humana depende diretamente da educação escolar, daí a importância de

um ensino de qualidade com objetivos que vão além da simples pretensão de se

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aprovar para o vestibular, mas que acima de tudo prepare o aluno para a vida a fim

de que este possa exercer sua cidadania de forma consciente e responsável,

cumpridor de seus direitos, sem esquecer-se de seus deveres.

A qualidade do ensino depende também da avaliação da aprendizagem que

deve ter como foco o aluno considerando-se os seguintes aspectos: o que aprendeu,

o quanto aprendeu, enfim, o nível de conhecimento desse aluno, definido pelos

diversos instrumentos de avaliação usados pelo professor como diagnóstico e

orientação de ações futuras, com vistas a modificar o quadro que possa estar

interferindo na aprendizagem.

Já a Avaliação Institucional, é um processo mais amplo, uma vez que

abrange toda a escola, ou seja, todos os atores que compõe a comunidade escolar,

todos são avaliados e ao mesmo tempo avaliadores. A avaliação Institucional

realiza-se em três etapas: o diagnóstico, o desenvolvimento ou ato de avaliar (o

processo propriamente dito) e a análise dos resultados. Podem-se identificar duas

correntes de pensamento dentro da Avaliação Institucional conforme explica

Fernandes (2007): A meritocrática ou avaliação para controle e a avaliação para a

transformação e aperfeiçoamento.

A meritocrática fundamenta-se no mérito, quem é o melhor, em rankings

usados para premiar ou para aplicar sanções a professores ou escolas.

A avaliação para a transformação e aperfeiçoamento, tem como meta a

reflexão sobre a realidade e a definição de ações para a melhoria do ensino.

Avaliar é um processo complexo, não existem fórmulas prontas, é preciso que

se analise a realidade, cada escola é única e possui características próprias, por

isso, nem sempre o que dá certo pra alguns estabelecimentos de ensino, surte efeito

em outros estabelecimentos. A realidade de uma escola nem sempre implica na

realidade de outra tornando assim as ações ineficientes ocasionando perda de

tempo.

“planejar um sistema de controle genuíno é uma tarefa complexa que envolve uma cuidadosa definição de responsabilidade, além de um bem elaborado conjunto de medidas para avaliar a eficácia da escola e o progresso dos estudantes. Toda tentativa de implementar um sistema de controle em uma grande escola urbana, deve envolver três questões: Quem é o responsável? Pelo que? E para quem?” (Wise e Genler apud Hammond e Ascher, 2006 p. 18)

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Todo sistema de controle deve ser bem planejado a fim de se obter subsídios

reais para a melhoria do ensino e evitar-se desperdício de tempo. A padronização de

normas de controle para as escolas não são produtivas, uma vez que cada

estabelecimento possui características próprias, sendo assim a “gestão centrada nas

escolas” sugere decisões tomadas pelos diversos atores que compõe a comunidade

escolar.

Quando o Estado regula os resultados por via de testes padronizados, o seu esforço para se produzir igualdade na educação acaba degradando a aprendizagem para todos. “Individualidade, criatividade e profundidade são perdidas, tudo o que sobra é uniformidade, convencionalidade e trivialidade (Wise e Gendler apud Hammond e Ascher, 2006, p.36).

Não se pretende com isso, afirmar que os Estados não devam avaliar as

escolas, a questão é como e quais medidas usar e se elas estão coerentes aos

objetivos que se propõe, buscando instrumentos que possibilitem condições de

melhoria, assim estimulando uma educação responsável e comprometida.

Para isso, deve-se também evitar situações como, por exemplo, as de

selecionar os melhores estudantes para fazer os testes, ou ainda que se faça

treinamento prévio com a finalidade de se conseguir melhores resultados. Dessa

forma mascaram-se os índices apenas para questões de melhorar o IDEB

descaracterizando um ensino de qualidade.

Ao se escolher instrumentos de controle deve-se levar em conta a

realidade a ser avaliada e tais instrumentos precisam ser capazes de demonstrar

claramente o progresso individual dos alunos e sugerirem formas de mudanças para

uma melhor aprendizagem.

Entretanto, se as escolas devem ser mais responsáveis e abertas às mudanças, elas precisam encontrar caminhos - como outras organizações profissionais tem feito – para que a avaliação faça parte das suas atividades cotidianas (Hammond e Ascher 2006 p. 38).

Um sistema de avaliação pode oferecer informações úteis ao contexto

escolar desde que seja bem planejado e usado com critérios. Assim, serve como

incentivo para a melhoria das escolas, para identificar necessidades e problemas e

sirvam como base para uma escolarização responsável. Também podem ajudar

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professores e alunos a monitorar a qualidade e a igualdade de oportunidades. A

esse respeito destaca-se a opinião de um participante do (GTR 2009).

“A avaliação institucional deve ser feita sem paixões, sem medo, sem interesses de quem quer que seja. Deve ser coerente, corajosa, sábia e com o objetivo de se constituir em subsídios para tomada de decisões para melhorar a instituição.” (GTR 2009)

Sabe-se que, tanto a avaliação da aprendizagem, quanto a avaliação

institucional, interfere diretamente na qualidade do ensino. Mas, o que se entende

por qualidade de ensino?

Pode se dizer que o termo “qualidade” apresenta diversas interpretações.

Oliveira, (1996), afirma que a questão da qualidade na educação assumiu o centro

do debate, dessa forma, busca observar em que medida se a idéia de qualidade nos

anos de 1990 assume um sentido novo.

(...) é importante salientarmos que a questão da qualidade, ou a temática da qualidade, substitui a temática mais tradicional da igualdade e da igualdade de oportunidades, e nessa perspectiva ela funda um novo centro para a elaboração de políticas educacionais. (Oliveira, 1996, p. 61)

A qualidade de ensino pode ser mencionada com dois sentidos:

O primeiro sentido seria o direito de acesso à escola pública, gratuita de

qualidade para todos, com igualdade de oportunidades.

Já o segundo como restrição de direitos contrapondo a idéia de igualdade à

idéia de qualidade. Nessa perspectiva a qualidade privilegia um grupo de alunos, e

por outro lado, excluem outros reforçando as diferenças sociais.

O domínio capitalista exige qualidade na formação para o mercado de

trabalho que exige cada vez mais mão-de-obra especializada e preparo para as

mudanças tecnológicas que surgem em ritmo vertiginoso.

. .a lógica neoliberal, ao enfatizar a qualidade da educação, tem transformado a política da educação, tem transformado a política educacional no Brasil em política de Exclusão, de restrição de direitos. Sob esta qualidade só será uma questão relevante, uma questão central para nós, a partir do momento em que ela não for exceção, a partir do momento que ela não for distribuída desigualmente na sociedade. (OLIVEIRA, 1996 p. 70).

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Bebby, (1967), aborda a questão da qualidade e a relação com o aumento de

vagas. Segundo o autor não necessariamente o aumento na quantidade significa

redução de qualidade, e quanto ao conceito de qualidade de educação explica:

O conceito de educação varia, para qualquer finalidade objetiva, com o estágio de desenvolvimento do sistema escolar e dos professores que o servem. Contudo, o ônus pertence a qualquer um que se refira à ‘qualidade’ para descrever os limites dentro dos quais o termo será usado, e este talvez seja um bom argumento para a sua aplicação. (Bebby, 1961, p.21).

Ao abordar os problemas de quantidade e qualidade na educação torna-se

necessário deixar claro que os dois fatores não podem estar dissociados um do

outro, o fato de se aumentar o número de crianças nas escolas sem um ensino de

qualidade poderá ter como resultado alto número de repetência e abandono.

A baixa qualidade de ensino é apenas um dos fatores responsáveis pelo

fracasso escolar, podendo-se citar também outras causas prováveis

Os educadores experimentados que conhecem essas áreas, parecem

concordar que o ensino medíocre deve assumir grande parte da culpa. Pobreza, saúde precária, freqüência irregular, apatia dos pais e a procura de trabalho de menores são, indubitavelmente, causas que contribuem para isso, mas tanto pais como filhos estariam dispostos a fazer sacrifícios para uma boa instrução se não esperassem uma educação escolar que leva somente ao tédio e a estagnação (Bebby, 1967 p.27,28).

Vitor Paro (1998) afirma que o conceito de qualidade da educação tem a ver

com uma concepção de produto educacional, que vai além de uma mera exposição

de conteúdos, mas, que resulte em uma prática social que possibilite ao aluno,

apropriar-se do saber historicamente produzido e que esses conhecimentos,

técnicas, valores, comportamentos, atitudes que configuram esse saber, seja

repassado de geração para geração. O aluno não deve ser preparado apenas para o

vestibular ou para o mercado de trabalho, mas, para a vida com um ensino que

seduza o aluno fazendo com que este tenha prazer em aprender.

Vista dessa forma, a educação leva a uma visão do homem histórico, criador

de sua própria humanidade pelo trabalho, (Paro, 1998) não como fim em si mesmo,

mas para que o homem vá além da mera necessidade em busca do viver bem, ou

seja, do preparo para a vida e desfrute dos bens criados social e culturalmente.

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Muitos autores falam sobre a qualidade da educação, porém ainda não

existem parâmetros claros para se medir essa qualidade, devido à extrema

complexidade que envolve sua avaliação, pois os efeitos da qualidade nem sempre

são imediatos, estes ocorrem ao longo do processo escolar do indivíduo. Portanto,

só basear a qualidade nos índices de aprovações e reprovações, avaliações

externas ou provas nem sempre se obterão resultados reais ou verdadeiros quanto à

qualidade de ensino.

Não obstante a importância da educação para a constituição do indivíduo histórico, mormente na sociedade atual, a escola é uma das únicas instituições cujo produto só se pode dar, garantindo-se o bom processo. Isso relativiza enormemente, as aferições de produtividade da escola, baseadas, apenas nos índices de aprovação e reprovação ou nas tais provas realizadas pontualmente. (PARO, 1998, p.301).

O ensino e aprendizagem se constituem em condições indispensáveis para

uma boa escola, partindo-se da compreensão que só há ensino se houver

aprendizagem, assim o professor só pode dizer que ensinou determinado conteúdo

se os alunos aprenderam se houve assimilação, caso contrário foi tempo perdido; é

imprescindível que o professor tenha sensibilidade para perceber se esta havendo

compreensão ou não e sempre que necessário, mudar as estratégias de trabalho as

metodologias e técnicas para atingir o que deveria ser o seu objetivo maior “a

aprendizagem do estudante. A escola tem como tarefa inicial levar o aluno a

aprender e manter um acompanhamento do trabalho escolar, garantindo assim um

bom produto de qualidade”. (PARO, 1998, p.)

O autor afirma que os problemas que atingem a educação, não podem ser

atribuídos ao desinteresse de administradores e demais profissionais que atuam na

escola, mas, ao descaso do Estado, ao sucateamento dos nossos estabelecimentos

de ensino inviabilizando uma educação de qualidade. Em discussão no GTR 2009,

sobre a qualidade de ensino, pode-se destacar a seguinte reflexão:

...”educação de qualidade é: instituições bem equipadas, bem administradas, políticas educacionais consistentes, professores e profissionais da área com formação superior e continuada, bons salários, talento e disposição para ensinar.” (GTR 2009)

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A aplicação de métodos e técnicas de empresas capitalistas para as escolas

é incoerente, pois, os fins das empresas são antagônicos aos fins de uma educação

emancipadora com intenção de uma formação humana e não apenas técnica/

teórica.

Qualidade não significa apenas acesso à escola, (o acesso é uma condição

inicial da qualidade). A qualidade não deve ser exceção, ou seja, privilégio de

algumas camadas sociais mais favorecidas, pois, educação pública e de qualidade é

dever do Estado e direito de todos.

Percebe-se que o número de vagas nas escolas aumentou

consideravelmente trazendo grande número de alunos, cabendo às escolas

repensar ou reestruturar suas ações levando em conta a diversidade que se

apresenta a fim de que se efetive a aprendizagem desses alunos, apesar de todas

as adversidades que se enfrenta nos estabelecimentos de ensino. Há que se levar

em conta as diversas dimensões que interferem nesse processo de efetivação da

aprendizagem: Condições físicas e materiais, a pratica pedagógica no

estabelecimento, ambiente educativo, gestão, avaliação e desenvolvimento

educacional, formação continuada, entre outros que tem influencia no processo

ensino aprendizagem.

Diante da possibilidade de garantir qualidade, considerando o processo

construído em cada escola, a avaliação institucional apresenta-se como um

instrumento de monitoramento das práticas escolares. Parece possível discutir a

construção de proposta de avaliação institucional que dialoguem com os resultados

das avaliações do sistema como, por exemplo, o IDEB, porém incorporando também

informações discutidas e organizadas pela própria escola.

A construção de um processo de avaliação institucional precisa envolver os

diferentes sujeitos. Uma primeira informação deste processo pode ser pensada, a

partir de um conjunto de questões que provoque os diferentes segmentos na escola

a refletirem sobre a sua prática.

Os estudos que levaram a uma proposta de Avaliação Institucional têm como

base os resultados finais obtidos pelos alunos do estabelecimento no ano 2007, em

que houve um número significativo de reprovações e aprovações por Conselho de

Classe, fato que gerou insatisfação no que se refere à qualidade do ensino.

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2- METODOLOGIA

Implementação passo a passo de uma proposta de Avaliação Institucional.

A implementação da proposta na escola teve início com a elaboração dos

instrumentos e testagem desses instrumentos por amostras de cada segmento.

Após o teste utilizando questões abertas, concluiu-se que a aplicação do

instrumento neste formato para toda a comunidade escolar tornaria inviável a

tabulação. Optou-se assim por um formato com questões fechadas e algumas

questões abertas (questionário final em anexo).

Finalmente o instrumento foi aplicado para oito das dezesseis turmas de 5ª a

8ª séries e os pais dos alunos dessas turmas. Foram distribuídos 240 questionários

para alunos e cada um levou o questionário para seus pais, para os funcionários

forma entregues 10, para professores 25, três para pedagogos e um para diretor da

escola.

A proposta inicial da pesquisa previa uma reunião com os alunos e com os

pais para explicar a pesquisa, mas, imprevistos acontecem, e, nesse caso o

obstáculo foi a reforma da escola onde está sendo realizada a pesquisa, assim não

se dispunha de local adequado para receber as pessoas. Assim os alunos

responderam as questões em sala quando tinham aulas vagas devido à falta de

professor. Para os pais, os questionários foram enviados através dos filhos, com

uma carta explicando a proposta e os objetivos do trabalho para que os pais

respondessem.

Aos funcionários, professores, direção e pedagogos, explicou-se o que era a

pesquisa, e o objetivo da mesma, argumentou-se que cada um deveria responder

sem receio e sem reservas, se fosse para sentir-se mais à vontade, não haveria

necessidade de identificar-se.

Aplicados os questionários, procederam-se as seguintes etapas, que são a

organização dos dados e a discussão dos resultados na escola.

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2.1 ORGANIZAÇÃO DOS DADOS

Os agentes de serviços gerais colaboraram, com boa receptividade. Os

funcionários da secretária da escola, não devolveram a pesquisa, não foi possível,

descobrir ao certo os motivos, sempre justificavam que haviam se esquecido,

possivelmente por insegurança ou por não querer apontar os aspectos negativos

para não ficar mal perante as pessoas.

A direção do estabelecimento respondeu prontamente com colocações

interessantes expondo sua forma de trabalho, e administração do seu tempo.

Uma pedagoga também colaborou com a pesquisa com informações

referentes ao seu trabalho, outra não respondeu. Também com a justificativa de que

esqueceu.

O segmento dos professores foi o que mais relutou, e ainda cerca de 30%

deles deixou de responder a pesquisa.

A tabulação dos resultados foi bastante trabalhosa, por ser composta de

questões aberta e outras questões fechadas, mas foi empolgante, quando se

escreve na ausência da pessoa que vai ler, há probabilidade de mais autenticidade

nas respostas.

As questões fechadas direcionam os assuntos mas, não atendem totalmente

as necessidades dos entrevistados,o fato foi observado quando muitos

respondentes dos diferentes segmentos que compõe a comunidade escolar ainda

complementaram com comentários e/ou assinalaram mais de uma questão que

atendia sua realidade. As questões abertas proporcionam maiores possibilidades de

expressão, mas aumentam a complexidade para a tabulação.

Após essas observações pensou-se em uma forma de organização desses

dados. Elaborou-se uma planilha comparativa por assuntos para que se tivesse uma

idéia do que pensam os diferentes segmentos da comunidade escolar.

Os critérios para a elaboração das planilhas foi o de temas afins, com os

diferentes segmentos da comunidade escolar, iniciando-se pelos que mais

preocupam e que motivaram a pesquisa na escola, como, a violência, a indisciplina,

o desinteresse pelos estudos, a participação das famílias na vida escolar dos filhos,

conhecimento do Projeto Político Pedagógico, Regimento Escolar por parte de

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professores pais e funcionários, entre outros temas que poderão ser encontrados na

planilha em anexo.

Podem-se destacar respostas surpreendentes, detalhadas, com observações

que nos levam a refletir e a analisar o comportamento dos alunos em sala. Diz o

seguinte:

“A indisciplina em sala de aula tem a ver com o imediatismo dos alunos, cada um tem uma necessidade em tempos diferentes e a gente não dá conta de tudo. As necessidades individuais como, emprestar material, lembrar de coisas, precisam falar com urgência com vários colegas, a dificuldade de se concentrar e finalizar as tarefas, ou precisam fazer as tarefas da próxima aula que não foi feita em casa... aliado a isso vem à falta de limites e valores e a pouca importância dada à educação formal e também a formação dos professores, onde a indisciplina não é tratada como componente do trabalho pedagógico” (Avaliação Institucional 2009 segmento dos professores).

Observou-se que as questões abertas atendem melhor ao propósito do

projeto, já as questões fechadas direcionam o assunto, mas, limitam as respostas

deixando escapar detalhes importantes para a pesquisa.

Diante disso obtiveram-se os seguintes resultados:

A avaliação Institucional na Escola Estadual Monsenhor Ivo Zanlorenzi,

apresenta resultados positivos no sentido de se perceberem aspectos positivos e

negativos, sugestões para mudanças, enfim as fragilidades do/no estabelecimento

de ensino.

A condição de acesso à escola critério básico para a qualidade ocorre

basicamente na 5ª série, quando os alunos das escolas municipais são

encaminhados pela SEED, para matricular-se no estabelecimento. A rotatividade de

alunos não chega a ser algo significante, por esse motivo não temos muitos alunos

matriculados em outras séries durante o ano letivo. A escola é bastante procurada, e

sempre tem lista de espera que é seguida por ordem de inscrição.

Os alunos em grande número têm chegado na 5ª série com déficit de

aprendizagem, até mesmo em leitura e operações básicas, comprovando os relatos

do Saeb já apresentados no início do texto. Como as turmas são montadas

aleatoriamente são compostas por uma diversidade muito grande e ai encontra-se

problemas de toda espécie, muitos alunos com laudo de, TDHI (Transtorno do

Déficit de Atenção com Hiperatividade) e outros laudos. A grande dificuldade é que

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geralmente esses “problemas” são supervalorizados pelos pais e pela própria

criança e às vezes até confundidos com falta de limites, de valores, respeito, etc.

fazendo com que a turma toda seja prejudicada favorecendo um quadro de

indisciplina. Há também o oposto quando os pais não aceitam que o filho apresente

determinadas dificuldades e que necessitam de atendimento especializado deixando

a criança enfrentar suas dificuldades sem apoio, uma vez que a escola não terá

muito a fazer além de atendê-la dentro de suas possibilidades.

Quando encontramos professores preparados e comprometidos os obstáculos

são menores, mas como a escola não tem como escolher os professores e existe

certa rotatividade de profissionais, e nem sempre a formação destes profissionais é

a ideal, aliado ao descompromisso com a educação torna-se bastante complicado

conduzir o trabalho de forma eficaz. Quando o ano se inicia, faz-se todo um

trabalho com os professores no sentido de organização, cooperação, quando o

grupo está coeso, dentro do que se espera, o ano chega ao fim e muitos professores

não voltam e no ano seguinte começa-se tudo novamente.

Não raramente observa-se o professor dizer para os pais: ...“x pontos ele

conseguiu só por estar com o caderno em ordem, é só fazer as tarefas...” E esse

fato também é sentido em outros estabelecimentos de ensino, fato comprovado pela

colocação no grupo de discussões GTR.

“... o comportamento do aluno não deve ser critério para nota, mas sim, condição para uma boa aprendizagem. Mas o que acontece com o aluno dentro da sala de aula é que ele acha que manter a disciplina é ser “careta” e o seu “grupo” não aceita isso e bate constantemente de frente com o professor, tentando-o e provocando-o para desestabilizá-lo. Aí o aluno ganha a “parada” e menospreza o professor. Esta é a prática constante na sala de aula, surge com isso uma face da educação: professor despreparado para lidar com os alunos que não conhecem limite, educação, gentileza, amor, companheirismo e vontade de aprender. Devido a tudo isso o professor para manter mais ou menos tão propalada disciplina, passa a premiar os alunos comportados, com notas altas em detrimento dos conhecimentos e aprendizagens cognitivas.”

A permanência do aluno na escola também é um fator complicado, não é

grande o nº de alunos, mas, todos os anos “perdem-se” alguns deles, apesar de

recorrer-se a pais, e órgãos responsáveis, torna-se difícil o resgate dos mesmos.

Considerando-se o que nos diz (Bebby, 1967. P.27. 28) ao referir-se às

condições sociais como causa do fracasso escolar. O Estado oferece apoio escolar

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em contra turno para alunos de 5ª série que apresentam déficit de aprendizagem e

sala de recursos para alunos com dificuldade de aprendizagem, mas a questão é

que muitos ficam direto na escola e sem condições de almoçar, a escola por sua

vez, além de questões financeiras também apresenta falta de pessoal para atender

esses alunos no período entre o fim das aulas da manhã e o início da tarde. Se for

para ir para casa tem a questão financeira, também a necessidade dos pais

trabalharem e a criança em período contrário cuidar dos irmãos. Alguns pais quando

pressionados, assinam termo de responsabilidade e não mandam os filhos para

esse apoio, muitas vezes causando a reprovação dos filhos.

Os índices de reprovação são significativos nas 5ª séries, reduzindo

gradativamente nas séries posteriores. As condições de trabalho na escola, no que

depende da direção, são favoráveis, porém outros fatores emperram a obtenção de

um melhor ambiente: como por exemplo, a falta de espaço físico cancha coberta

para atividades físicas, laboratório para experiências, etc.

A pesquisa apresentou como pontos positivos da escola a disciplina, os

professores, a organização, o ensino, apoio da equipe técnico-pedagógica aos

professores, alunos, etc. O que causa “curiosidade” é que quando uma das grandes

queixas de professores, alunos e pais é a indisciplina, os alunos consideram a

disciplina na escola como fator importante.

O quadro abaixo demonstra os números de respostas referentes à questão da

indisciplina como obstáculo à aprendizagem

Tabela 1-Resultado da pesquisa com respostas referentes à indisciplina

Segmento Consideram a dis-ciplina como ponto positivo da escola.

Reclamam da indisci-plina na escola.

Atribuem a causa da indisciplina a questões familiares, (falta de limites...

Pais 34 64 50 Alunos 79 52 00 Professores/diretor pedagoga

02 17 14

Fonte: Questionário aplicado pela autora.

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Aspectos negativos, novamente os alunos consideram o desrespeito com

professores e funcionários um dos pontos negativos, que prejudica os demais alunos

uma vez que, geralmente os professores tomam medidas mais sérias envolvendo a

turma inteira, assim os “bons” alunos se sentem prejudicados, sugerindo expulsão

de determinados colegas.

A lei LDB, (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) que estabelece

as diretrizes e bases da educação, traz determinações totalmente contrárias à

“expulsão” do aluno da escola por entender ser uma posição extrema, que leva a

negação do direito de todos à educação. Mas pais e alunos que demonstram mais

interesse pela vida escolar dos filhos são radicais em suas colocações -“não quer

estudar, fique em casa e deixe os outros aprender”.

Para os professores, equipe pedagógica e direção, a exclusão significa

frustração. Pois quando se perde um aluno tem-se a sensação de impotência ou de

perda. Por outro lado pergunta-se: o que fazer? Como fazer para resolver as

questões sociais, como por exemplo, fome, drogas, violência entre outros que gera a

desestrutura familiar e social e em consequência o desinteresse e a banalização dos

estudos levando os alunos que querem aprender a sugerir que se excluam esses

alunos.

É questionada a falta de respeito de alguns professores como ponto negativo

por pais e alunos.

Os aspectos a serem melhorados giram em torno da questão falta de respeito

do aluno para com o professor e vice-versa, seguido pela inadequação do espaço

para atividades físicas, cobrou-se maior interesse e comprometimento de alguns

professores para com os alunos, não só fazendo-os copiar as matérias, mas

explicando-as adequadamente para que haja compreensão e assimilação. Alguns

pais também pedem que os professores mandem mais lições para os filhos.

Quanto à participação da família na escola 125 alunos responderam que são

as mães que comparecem na escola quando necessário, 52 são os pais e 13

citaram outras pessoas, todos consideram importante essa participação e 29 deles

disse que ninguém comparece a escola, nem mesmo em reuniões para receber os

boletins.

Perguntado aos alunos se tem um horário especifico para estudos, 77

responderam que sim, 104 responderam que não e 58 citaram outras respostas

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A opinião dos professores é a de que quase sempre os pais atendem as

chamadas, mas como existem problemas referentes à estrutura familiar, a presença

dos pais nem sempre resolve a situação de imediato, pois são questões que

necessitam de investimento a logo prazo, muitas vezes esses problemas se

estendem por muito tempo ou durante a vida escolar da criança sem que sejam

tomadas providencias pelos pais.

2.2 A DISCUSSÃO DOS RESULTADOS NA ESCOLA

Os resultados da pesquisa foram apresentados aos professores, funcionários

e direção da escola por ocasião da Semana Pedagógica, quando o grupo estava

reunido. As respostas já tabuladas foram apresentadas em transparências para

facilitar o trabalho, cada item poderia ser revisto discutido, e analisado pelos

presentes.

A receptividade pelos resultados foi diferente da observada por ocasião da

distribuição dos questionários para serem respondidos, quando parecia haver certa

insegurança, ou quem sabe receio quanto ao que se faria com os dados da

pesquisa, na incerteza de que haverá bom senso, ao se tratar dos possíveis

problemas detectados na realidade escolar, que essas informações não servissem

como método repressor e sim como instrumento para uma melhor qualidade de

ensino.

“... um processo de descrição, análise de uma dada realidade visando transformá-la... visando provocar a crítica, de modo a libertar o sujeito de condicionamentos deterministas... O compromisso principal dessa avaliação emancipatória é o de fazer com que as pessoas direta ou indiretamente envolvidas em uma ação educacional escrevam a sua ‘própria história’ e gerem as suas próprias alternativas de ação... a tarefa da avaliação é facilitar um processo plural e democrático mediante o esclarecimento e a informação de seus participantes”. (SAUL, 1988, p.47e61).

O segmento que mais surpreendeu pela receptividade foi o dos alunos,

percebeu-se claramente que se sentiram valorizados com a possibilidade de

poderem expressar-se sem ser reprimidos e ter o retorno posterior às suas

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colocações. A importância dada pelos estudantes ao fato de se dar a eles abertura

para se expressarem pode ter relação com a expectativa em poderem dizer o que

pensam das escolas sem serem repreendidos pelo que venham a dizer. Pode ser

também expressão da necessidade do aluno ver-ser reconhecido como sujeito no

processo educacional. Diante disso deve-se levar em consideração o fato de o

professor ter uma turma numerosa e um rol de conteúdos a cumprir, aulas

fragmentadas, nem sempre consegue manter uma relação de confiança e interação

entre professor e aluno.

Na medida em que cada um sente que pode participar e que sua contribuição

é considerada, vai empenhar-se e investir cada vez mais naquela que considera sua

escola. Se o professor se demonstrar imediatista, preocupado, apenas em cumprir

os conteúdos sem disponibilizar tempo para ouvir seus alunos, pode ocorrer que

este se desestimule e até desencadeie um processo de indisciplina.

Levar os alunos a argumentar, é fazê-los entrar em contato com opiniões, diferente são meios eficientes de aprimorar a capacidade de reflexão. A escola explora pouco esse “pensar junto” que compartilha conhecimento, divide responsabilidades na tomada de decisões, soluciona problemas mais facilmente, se aprende com as idéias alheias e ainda o aluno se sente valorizado e participativo. Quando a escola escuta seu aluno, o ensina a trocar experiências e a ser mais humano. Ele aprende a falar sobre seus conflitos e a tentar encontrar formas de resolvê-los. (Grupo GTR-2009

Fatos curiosos ocorreram, por exemplo: as 5as séries e uma das 6as séries

foram às turmas que mais se demonstraram interessadas, discutindo os resultados

questionando, trocando idéias, e contribuindo positivamente com a pesquisa ao

passo que outras turmas consideradas melhores não deram tanta importância ao

trabalho.

Dos instrumentos de pesquisa a serem respondidos pelos pais alguns não

foram devolvidos, os alunos alegaram ter se esquecido de entregar, outros que os

pais não tinham tempo de responder, o número devolvido foi satisfatório. Dos 240

distribuídos, 175 foram devolvidos.

Situações curiosas em que os pais dizem não saber, o porquê das atitudes de

indisciplina, desinteresse, falta de atenção e não realização das tarefas por parte

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dos alunos e concordam que os filhos fazem parte desse grupo de alunos

indisciplinados e desinteressados, e mais se mostram impotentes diante do quadro.

A grande maioria diz ser importante a participação na vida escolar dos filhos,

outros justificam o não comparecimento na escola devido ao trabalho, ou não ajudar

nas tarefas por falta de conhecimento dos conteúdos.

O número de pais que conhecem o Projeto Político Pedagógico é mínimo, não

há compreensão do que seja e para e para existe, alguns pais responderam que

iriam até a escola para colocar-se a par do assunto.

O segmento dos professores foi o mais difícil de conseguir colaboração sendo

necessário pedir várias vezes, e alguns com respostas superficiais em

compensação, houve respostas surpreendentes, e muito interessantes.

A tabulação dos resultados foi bastante trabalhosa, mas empolgante, quando

se escreve na ausência da pessoa que vai ler a probabilidade de mais autenticidade

nas respostas.

As questões fechadas não atendem totalmente as necessidades e alguns

respondentes dos diferentes segmentos que compõe a comunidade escolar ainda

complementaram com comentários e/ou assinalaram mais de uma questão que

atendia sua realidade. As questões abertas proporcionam maiores possibilidades de

expressão, mas aumentam a complexidade para a tabulação.

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo da avaliação Institucional desenvolvido na escola foi interessante,

e serviu de base para a continuidade da pesquisa nos próximos anos. Percebe-se a

necessidade de um grupo de pessoas para auxiliar na condução das atividades. Foi

positivo a questão da colaboração por parte das pessoas de um modo geral

expressando-se livremente, com críticas, sugestões ou elogios e o apoio por parte

da direção da escola e da comunidade escolar.

Os pontos mais abordados foram os que se referem à indisciplina dos alunos

em geral que prejudica a todos, a responsabilidade ou irresponsabilidade dos pais

na educação dos filhos, deixando claro que a função da escola é transmitir

conhecimentos, a questão de respeito e diálogo entre professor e aluno, alguns

entrevistados também ressaltam a necessidade de dedicação e motivação dos

professores. No que se refere ao aspecto físico da escola a maior queixa é sobre a

necessidade de um espaço apropriado para atividades físicas.

Algumas ações, ou sugestões apresentadas pela comunidade escolar já

estão sendo estudadas pela direção do estabelecimento e pelo corpo docente para

se por em prática, outras ainda dependem de mais tempo e “amadurecimento” das

idéias, e outras ainda são inviáveis. As colocações dos entrevistados possibilitaram

reflexões sobre diferentes aspectos relacionados à escola como um todo.

A intenção é dar continuidade à pesquisa com adequação dos instrumentos e

estratégias, afinal a busca por caminhos que nos levem a melhoria da qualidade é

incessante, a caminhada continua rumo ao futuro e o que se espera são instituições

bem equipadas, bem administradas, políticas educacionais sérias professores bem

formados, bem remunerados e com talento para ensinar.

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4. REFERÊNCIAS

AFONSO, Almerindo Janela. Avaliação educacional: regulação e emancipação: para uma sociologia das políticas aval iativas contemporâneas 3. ed.-São Paulo: Cortês, 2005

BEBY, C. E. Educação e Desenvolvimento Econômico . Rio de Janeiro: Zaar, 1967.

CAMPOS, MARIA MALTA. A qualidade da educação em debate. Estudos em avaliação educacional , São Paulo: n. 22, p. 5-36, jul./dez., 2000

DARLING-HAMMOND, L; ASCHER, C. Construindo Sistemas de Controle

em Escolas Urbanas. In: Estudos em Avaliação Educac ional, v.17, n. 35, set./dez. 2006

FERNANDES, MARIA ESTRELA ARAUJO. Avaliação institucional da escola e do sistema educacional: base teórica e construção do p rojeto . Fortaleza, Demócrito Rocha, 2007. GTR – Grupo de trabalho em rede 2009. Avaliação Institucional: uma busca pela

qualidade de ensino.

INEP, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, disponível em: <http://www.inep.gov.br./. Acesso em 18/06/2008.

OLIVEIRA, R. P. A questão da qualidade na educação . Revista Brasileira de Administração da Educação, Brasília, v. 12, p. 61-70, 1996.

PARO, Vitor Henrique. A gestão da Educação ante as exigências de qualidade e produtividade da escola pública. In SILVA, Luiz Heron da, org. A Escola cidadã no contexto da globalização. Petrópolis, Vozes, 1998 p. 300-307 SEED, SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. Avaliação Institucional da Educação Básica no Paraná: Processo de Auto Avaliaç ão - Escola. SEED, 2003 -2006.

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SOUZA, ÂNGELO RICARDO DE [... et al.]; Gestão e Avaliação da Educação Escolar Universidade federal do Paraná, Pró-reitoria de Graduação e Ensino Profissionalizante, Centro interdisciplinar de Formação Continuada de Professores; Ministério da educação, secretaria de educação Básica- Curitiba: Ed da UFPR. 2005 Vol. 4

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ANEXOS