avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

120
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE UFCSPA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HEPATOLOGIA Gabriela Zanatta Port Avaliação Nutricional Bioquímica de Pacientes Portadores de Cirrose com Carcinoma Hepatocelular Porto Alegre 2012

Upload: tranquynh

Post on 07-Jan-2017

230 views

Category:

Documents


5 download

TRANSCRIPT

Page 1: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE – UFCSPA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HEPATOLOGIA

Gabriela Zanatta Port

Avaliação Nutricional Bioquímica de Pacientes Portadores de Cirrose com Carcinoma Hepatocelular

Porto Alegre

2012

Page 2: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

I

Gabriela Zanatta Port

Avaliação Nutricional Bioquímica de

Pacientes Portadores de Cirrose com Carcinoma Hepatocelular

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Hepatologia da Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre como requisito para a obtenção do grau de Mestre.

Orientadora: Dra.Cristiane Valle Tovo

Porto Alegre

2012

Page 3: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

II

Catalogação na Publicação

Bibliotecário Vladimir Luciano Pinto - CRB 10/1112

P839a Port, Gabriela Zanatta

Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de cirrose com carcinoma hepatocelular / Gabriela Zanatta Port. – 2012.

110 f. : gráficos, tabelas ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) -- Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Programa de Pós-Graduação em Hepatologia, 2012.

“Orientadora: Dra. Cristiane Valle Tovo”.

1. Hepatologia. 2. Avaliação nutricional. 3. Cirrose hepática. 4. Carcinoma hepatocelular. 4. Vírus da hepatite C. I. Título.

CDD 616.994362 CDU 616.36-006.6

Page 4: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

III

DEDICATÓRIA

Dedico esta pesquisa aos pacientes. Indivíduos que colaboram com a ciência,

com a nobreza de trazer melhores perspectivas de vida ao próximo.

Page 5: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

IV

AGRADECIMENTOS

À Prof. Dra. Cristiane Valle Tovo, minha orientadora, meu grande exemplo de

profissional, pela sua maneira de ser, pela compreensão e carinho desde que

nos conhecemos, pelo apoio e amizade em todos os momentos.

Ao meu noivo Francisco, pelo seu amor, companheirismo e dedicação

insuperáveis à nossa pequena família.

Aos meus pais Débora e Cléo, exemplos de amor e atenção infinitos e por

terem priorizado a educação e o caráter de suas filhas.

À minha irmã Lívia pela sua existência que me incentiva a crescer para sempre

ser seu exemplo.

À tia Sônia por demonstrar sua paixão pelo ensino, me motivando a optar pela

vida acadêmica.

Às tias Silvana, Graziela e tio Hilton pelo constante incentivo ao estudo,

aprimoramento e crescimento intelectual.

Aos meus avós meus exemplos de integridade e caráter.

Aos meus sogros Paulo e Lídia, por me acolherem em sua família como uma

filha.

Aos professores deste curso pela excelência no ensino, em especial aos

Professores Cláudio Marroni e Angelo Mattos pelas valiosas contribuições à

esta pesquisa.

Às minhas amigas que compreenderam minha ausência e a Ane por ser um

exemplo de dedicação e foco.

À nutricionista Kalinca pelo auxílio na coleta de dados e por sua amizade.

Aos colegas Jonathan, Sabrina, Lilian, Flávia, pelo apoio e valiosas discussões

para o enriquecimento profissional.

A todos que contribuíram para a realização deste trabalho.

Page 6: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

V

RESUMO

Contexto - Os pacientes cirróticos portadores de carcinoma hepatocelular

(CHC) apresentam alterações nutricionais e desordens metabólicas, com

impacto negativo sobre o prognóstico. Objetivo - observar a presença de

alterações do metabolismo dos macro e micronutrientes entre os pacientes

cirróticos com e sem CHC e sua relação com o escore CTP e estadiamento

BCLC. Métodos - estudo transversal analítico, onde foram avaliados 31

pacientes no grupo CHC e 48 no grupo CI. Foram realizados exames

laboratoriais: glicose, colesterol total, colesterol HDL, triglicerídeos, albumina,

creatinina, ácido úrico, saturação de transferrina, ferro, ferritina, hematócrito,

hemoglobina, cobre, zinco, magnésio, vitamina B12, ácido fólico. Avaliou-se a

existência de associação entre os parâmetros bioquímicos e a gravidade da

doença, bem como presença de CHC. Resultados – O perfil metabólico-

nutricional de pacientes portadores de cirrose pelo vírus da hepatite C e

carcinoma hepatocelular apresenta-se alterado em relação ao perfil lipídico

(colesterol total, HDL e triglicerídeos), proteico (albumina, creatinina e ácido

úrico), ferro (saturação da transferrina, ferro e ferritina), hematócrito e

hemoglobina, zinco e vitamina B12. O diagnóstico de CHC foi relacionado com

piores resultados de colesterol HDL, hematócrito e aumento nos níveis séricos

de ferro e ferritina. Houve correlação entre marcadores bioquímicos nutricionais

e a classificação de CTP, bem como com o estadiamento BCLC. Conclusões -

Considerando a existência de alterações no metabolismo dos macro e

micronutrientes nos pacientes cirróticos com e sem CHC e sua relação com o

prognóstico das doenças e que os métodos convencionais de avaliação

nutricional apresentam limitações para esta população, os exames laboratoriais

bioquímicos são válidos para complementar o diagnóstico do estado nutricional

de maneira rápida e prática.

DESCRITORES: Cirrose hepática. Carcinoma hepatocelular. Desnutrição.

Avaliação nutricional.

Page 7: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

VI

ABSTRACT

Context – Liver cirrhosis patients (CI) with hepatocellular carcinoma (HCC)

present nutritional alterations and metabolic disorders, with negative impact on

the prognosis. Objective – observing the presence of alterations in the

metabolism of macro and micronutrients among liver cirrhosis patients with and

without HCC and their relation with the Child-Turcote-Pugh (CTP) score and

Barcelona Clinic Liver Cancer (BCLC) staging. Methods – analytical transversal

study in which 31 patients from group HCC and 48 patients from group CI were

assessed. The following laboratorial exams were carried out: glucose, total

cholesterol, HDL cholesterol, triglycerides, albumin, creatinine, uric acid,

transferrin saturation, iron, ferritin, hematocrit, hemoglobin, copper, zinc,

magnesium, vitamin B12, folic acid. The existence of an association between

the biochemical parameters and the disease severity, as well as the presence

of HCC, was assessed. Results – The metabolic-nutritional profile of patients

with liver cirrhosis caused by the hepatitis C virus and hepatocellular carcinoma

is altered, specifically the lipid (total cholesterol, HDL and triglycerides), protein

(albumin, creatinine and uric acid), iron (transferrin, iron and ferritin saturation),

hematocrit and hemoglobin, zinc and vitamin B12 profiles. The HCC diagnosis

was related to the worst results of HDL cholesterol, hematocrit and increase in

the serum levels of iron and ferritin. There is a relation between nutritional

biochemical markers and the CTP classification, as well as BCLC staging.

Conclusions – Considering the existence of alterations in the metabolism of

macro and micronutrients in liver cirrhosis patients with and without HCC and

their relation with the diseases prognosis, and also that conventional nutritional

assessment methods present limitations for this population, the biochemical

laboratorial exams are valid to complement the diagnosis of the nutritional state

in a quick and practical way.

DESCRIPTORS: Liver cirrhosis. Hepatocellular Carcinoma. Malnutrition.

Nutritional Assessment.

Page 8: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

VII

LISTA DE FIGURAS E GRÁFICOS

Figura 1 – Estratégia de tratamento BCLC .........................................................6

Artigo em português:

Gráfico 1 – Marcadores nutricionais bioquímicos segundo valores de média e

mediana: CHC x CI ...........................................................................................56

Gráfico 2 – Associação entre alteração dos parâmetros bioquímicos e

estadiamento da doença ...................................................................................58

Artigo em inglês:

Graphic 1 – Biochemical nutritional markers according to mean and median

values: HCC x CI ..............................................................................................87

Graphic 2 – Association between biochemical parameters alteration and

disease staging .................................................................................................89

Page 9: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

VIII

LISTA DE TABELAS

Artigo em português:

Tabela 1 – Caracterização da amostra ............................................................52

Tabela 2 – Análise dos marcadores nutricionais bioquímicos segundo valores

de normalidade: comparação entre os grupos CHC x CI .................................54

Tabela 3 – Análise dos marcadores nutricionais bioquímicos segundo valores

de média e mediana: comparação entre os grupos CHC x CI .........................55

Tabela 4 – Associação entre os parâmetros bioquímicos e a gravidade da

doença por grupo em estudo ............................................................................57

Artigo em inglês:

Table 1 – Sample Characterization ..................................................................83

Table 2 – Biochemical nutritional markers assessment according to the

normality values: comparison between groups HCC x CI .................................85

Table 3 – Biochemical nutritional markers assessment according to the mean

and median values: comparison between groups HCC x CI ….........................86

Table 4 – Association between the biochemical parameters and disease

severity per studied group .................................................................................88

Page 10: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

IX

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

Anti-VHC = anticorpo contra o VHC

ASG = Avaliação subjetiva global

BCLC = Barcelona Clinic Liver Cancer

CHC = Carcinoma Hepatocelular

CI = Cirrose

CTP = Child Turcotte Pugh

DM = Diabete Melito

DPE = Desnutrição proteicoenergética

ELISA = Enzyme Linked ImmunoSorbent Assay

Fe = Ferro

Hb = Hemoglobina

Ht = Hematócrito

IMC = Índice de massa corporal

LSN = Limite superior da normalidade

PCR = Reação em cadeia da polimerase

PEPI = Programs for Epidemiologists

PST = Perfomance Status Test

SPSS = Statistical Package for the Social Sciences

TCLE = Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TNM = Tumor Node Metastasis

UFCSPA = Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre

VHB = Vírus da Hepatite B

VHC = Vírus da Hepatite C

Zn = Zinco

Page 11: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

X

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1

1.1 Epidemiologia da infecção pelo vírus da hepatite C (VHC) .......................... 1

1.2 História natural da infecção pelo vírus da hepatite C (VHC) ........................ 3

1.3 Carcinoma hepatocelular...............................................................................4

1.4 O fígado e a nutrição .................................................................................... 7

1.5 Alterações nutricionais e metabólicas no paciente cirrótico ......................... 9

1.6 Alterações nutricionais e metabólicas no paciente oncológico ................... 11

1.7 Avaliação nutricional na doença hepática e câncer .................................... 13

1.7.1 Métodos subjetivos .................................................................................. 14

1.7.2 Métodos objetivos ................................................................................... 15

2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 28

3 OBJETIVO ..................................................................................................... 29

3.1 Objetivo geral ............................................................................................. 29

3.2 Objetivos específicos ................................................................................. 29

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 30

5 ARTIGO CIENTÍFICO - VERSÃO EM PORTUGUÊS ................................... 45

6 ARTIGO CIENTÍFICO - VERSÃO EM INGLÊS ............................................. 76

7 CONCLUSÃO .............................................................................................. 107

8 ANEXOS ..................................................................................................... 108

ANEXO A – QUESTIONÁRIO: AVALIAÇÃO NUTRICIONAL BIOQUÍMICA DE

PACIENTES PORTADORES DE CIRROSE COM CHC ................................ 108

ANEXO B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ....... 109

Page 12: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

1

1 INTRODUÇÃO

1.1 Epidemiologia da infecção pelo vírus da hepatite C (VHC)

A infecção pelo vírus da hepatite C impõe-se atualmente como um

grande desafio para a saúde pública: estima-se que cerca de 3% da população

mundial esteja infectada cronicamente. O VHC é tido como agente etiológico

em aproximadamente 20 % dos casos de hepatite aguda e 70 % dos casos de

hepatite crônica no mundo (14, 20).

O VHC é a causa mais comum de doença hepática crônica na

população. Existem aproximadamente 180 milhões de portadores crônicos no

mundo com risco de desenvolver sérias complicações, como cirrose e

carcinoma hepatocelular (113).

Dados da Sociedade Brasileira de Hepatologia (84), a partir do uso dos

testes ELISA (Enzyme Linked ImmunoSorbent Assay) de segunda (ELISA II) e

terceira geração (ELISA III) em doadores de sangue, apontaram uma

prevalência de 1,2% em 1.173.406 doadores de sangue avaliados. Deve-se

considerar, entretanto, que a prevalência do VHC em doadores de sangue não

reflete sua prevalência na população geral, visto que se trata de uma

população selecionada (84).

Um inquérito nacional foi realizado pelo Ministério da Saúde do Brasil

com base populacional nas capitais do país. Em Porto Alegre, a prevalência de

hepatite C é de 1,98% (70).

Page 13: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

2

A mais eficiente forma de transmissão do VHC ocorre através de

repetidas exposições percutâneas, como transfusões de sangue ou a utilização

de produtos derivados do sangue, ou mesmo uso compartilhado de

seringas/agulhas entre usuários de drogas injetáveis (20).

Nos Estados Unidos da América, observa-se que a importância da

transfusão de sangue e do uso de drogas injetáveis como forma de

transmissão do VHC modificou-se substancialmente nos últimos anos. A

transfusão de sangue, que há mais de 10 anos correspondia a uma proporção

considerável das causas de infecção pelo VHC, atualmente propicia um

número menor de infecções adquiridas. Este fato se deve à pesquisa rotineira

do anti-VHC em doadores de sangue, que reduziu em mais de 50% a

incidência da hepatite C pós transfusional. Por outro lado, o uso de drogas

injetáveis tem correspondido a uma maior proporção de infecções pelo VHC,

sendo atualmente responsável por 60% da transmissão (19).

Desde que se tornou disponível na prática, a pesquisa do anti-VHC

passou a ser incluída na rotina dos bancos de sangue e, no Brasil, tornou-se

obrigatória a partir de 1993 (84).

Várias são as formas de transmissão do vírus, sendo a prevalência do

anti-VHC variável, conforme os subgrupos avaliados: usuários de drogas

injetáveis (60 a 90%), pacientes em programa de hemodiálise (10 a 30%),

indivíduos com comportamento sexual de alto risco e contatos sexuais

intrafamiliares com pessoas com infecção crônica pelo VHC (1 a 10%),

exposição esporádica percutânea, como no caso de trabalhadores da área da

saúde (1 a 2%) (14).

Page 14: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

3

1.2 História natural da infecção pelo vírus da hepatite C (VHC)

Após a sua descoberta em 1989, o conhecimento da história natural da

hepatite C permanece ainda limitado, mas sabe-se que a doença possui

progressão lenta e evolui após vários anos para fibrose hepática significativa

(80).

A forma aguda é pouco diagnosticada, por ser frequentemente

assintomática, com apenas 20% dos pacientes apresentando icterícia. A

ocorrência de hepatite fulminante é rara. A doença hepática crônica pode

evoluir de forma lenta e silenciosa até o surgimento de sintomas de doença

hepática terminal, o que dificulta a definição do tempo de infecção (20).

Aproximadamente 20% dos pacientes atingem a cura espontânea da

infecção aguda pelo VHC, com perda do RNA do VHC no soro. Cerca de 75%

a 85% dos pacientes progridem para infecção crônica e, desses, 20 a 30%

desenvolvem cirrose, com uma chance de evolução para carcinoma

hepatocelular de 2 a 5% ao ano após o diagnóstico de cirrose. A infecção

crônica pode desenvolver-se com ou sem a alteração de aminotransferases,

associada ou não à inflamação crônica e fibrose hepática progressiva (80,113).

Cirrose e carcinoma hepatocelular podem ocorrer, respectivamente, em

um período de tempo entre 11 e 31 anos e 16 a 42 anos após a transmissão do

vírus C por transfusão sanguínea. Pacientes infectados por outras vias

demonstram evolução mais benigna da hepatite C, com pouca evidência de

progressão para cirrose e nenhuma complicação fatal relacionada com doença

hepática em 20 anos de evolução. Fatores que parecem acelerar a progressão

da infecção pelo VHC são: idade mais avançada no momento da infecção,

sexo masculino, uso abusivo de álcool, co-infecção com vírus da hepatite B

Page 15: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

4

(VHB) e com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) e presença de alanina

aminotransferase (ALT) elevada (14,80).

A progressão da fibrose começa a acelerar a partir dos 50 anos de

idade, independente da duração da infecção, mas a idade na data de

contaminação pelo vírus C parece ser o maior preditor de evolução (80).

Em um período de 20 anos, aproximadamente 6% dos pacientes

desenvolverão descompensação hepática devido à cirrose, 4% desenvolverão

carcinoma hepatocelular, e 3 a 4% terão óbito relacionado à hepatopatia ou

necessitarão de transplante hepático (14).

1.3 Carcinoma hepatocelular

O carcinoma hepatocelular (CHC) é o quinto tumor maligno mais

frequente em todo o mundo (5º em homens e 8º em mulheres) e é responsável

por quase dois terços das mortes por câncer (76,112). No Brasil é a sétima

principal causa de morte relacionada a câncer. O CHC representa 80 a 90%

dos casos de câncer primário de fígado, sendo um dos principais problemas de

saúde pública em todo o mundo, com estimativa de incidência variando entre

quinhentos mil e um milhão de novos casos anualmente (32).

Embora aproximadamente 80% dos novos casos de CHC

sejam relatados no mundo em desenvolvimento, a incidência do CHC é

crescente no hemisfério ocidental (65).

Nos homens as taxas de CHC são 2 a 4 vezes maiores que nas

mulheres, com idade média de 54,7 anos (31). O principal fator predisponente

para o desenvolvimento do CHC é a presença de cirrose: 80 a 90% dos casos

Page 16: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

5

se desenvolvem no fígado cirrótico (25, 32) e 80% dos casos são atribuídos à

infecção viral crônica, quer com hepatite B ou hepatite C. Na Europa e na

América do Norte, os principais fatores de risco são a infecção pelo vírus da

hepatite C e o uso de álcool (32). Na Ásia e na África, a infecção pelo vírus da

hepatite B é o principal fator de risco. Portadores crônicos de VHB têm

um risco cem vezes maior de desenvolvimento de CHC, com uma incidência

anual de 2 a 6% nos pacientes cirróticos. Infecção pelo vírus da hepatite C é o

principal fator de risco nos países ocidentais e no Japão (48).

Outras causas de CHC incluem cirrose hepática alcoólica e aflatoxina B.

O aumento da incidência de CHC, especialmente nos países ocidentais, é

explicado em parte pela aumentada prevalência de esteatohepatite não

alcoólica (NASH). NASH e CHC parecem estar particularmente relacionados

em pacientes com obesidade mórbida, cujo risco relativo de morte por CHC é

1,7 vezes maior nas mulheres e 4,5 vezes maior nos homens, com índice de

massa corporal (IMC) (114) maior ou igual que 35 (11).

Em países desenvolvidos, 30 a 40% dos pacientes com CHC são

diagnosticados nos estadios iniciais da doença, quando podem receber

tratamento curativo. O prognóstico, sem tratamento específico, é ruim e a

sobrevida média nos pacientes com tumores precoces e avançados é de 6 a 9

e 1 a 2 meses respectivamente (6,32,56).

Diversos sistemas de estadiamento têm sido propostos para a

classificação clínica do CHC, como a classificação de Okuda Staging System

(Japão) (73), GRETCH (Groupe d’Etude et de Traitement du Carcinome

Hépatocellulaire – França) (13), CUPI (Chinese University Prognostic Index –

China) (52), CLIP (Cancer of the Liver Italian Program – Itália) (103), BCLC

Page 17: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

6

(Barcelona Clinic Liver Cancer – Espanha) (56), JIS (Japan Integrated Staging –

Japão) (46,47), Tokyo Scoring System (Japão) (102) e ALCPS (Advanced Liver

Cancer Prognostic System – China) (116).

A American Association For The Study of Liver Diseases (AASLD) (6,7)

sugere que a classificação BCLC é o mais adequado sistema de estadiamento

para CHC.

O estadiamento BCLC foi publicado em 1999 por Llovet et al. e emergiu

como padrão de classificação para o manejo clinico do CHC (56,57). Esta

classificação tem validação externa (61) e é endossada pela AASLD e European

Association For The Study Of The Liver (EASL) (6,7), pois associa o estadio do

tumor com a estratégia de tratamento. (Figura 1).

Fonte: Llovet JM, Bru C, Bruix J. Prognosis of hepatocellular carcinoma: the BCLC staging classification. Semin Liver Dis 1999;19:329-38 (56).

Figura 1 – Estratégia de Tratamento BCLC

Page 18: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

7

A classificação de BCLC (56) compreende cinco estadios para a seleção

dos candidatos para as melhores terapias atualmente disponíveis. O estadio

zero, muito precoce, compreende pacientes com nódulos únicos menores de 2

cm. O estadio precoce (A) inclui pacientes com tumores pequenos

assintomáticos, adequados para terapias radicais como ressecção, transplante

ou tratamento percutâneo. O estadio intermediário (B) compreende pacientes

com CHC multinodular, assintomático. O estadio avançado (C) inclui pacientes

com tumores sintomáticos e/ou tumores invasivos (invasão vascular/

proliferação extra-hepática). Os pacientes em estadios B e C podem receber

tratamentos paliativos, como quimioembolização ou novos agentes

terapêuticos. O estadio terminal da doença (D) abrange pacientes com

prognóstico muito ruim e que recebem apenas tratamento dos sintomas (56).

As principais modalidades de tratamento são a ressecção cirúrgica, o

transplante hepático, a ablação por radiofrequência, a injeção percutânea de

etanol, a quimioembolização arterial e o uso de novos agentes como o

sorafenibe.(7,23). Quando são aplicados protocolos de rastreamento em

pacientes com cirrose, até 68% dos indivíduos com o diagnóstico estabelecido

de carcinoma hepatocelular realizam tratamento com intenção curativa ou

paliativa (4,6).

1.4 O fígado e a nutrição

O fígado exerce funções essenciais na metabolismo, armazenamento,

transporte e ativação de nutrientes. Suas principais funções incluem:

metabolismo de macronutrientes e micronutrientes, síntese de proteínas

Page 19: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

8

plasmáticas, formação e excreção da bile, conversão da amônia em uréia,

metabolização de esteróides, homeostasia do sódio e da água (38, 53).

No metabolismo dos carboidratos e lipídeos, o fígado atua na regulação

da disponibilidade de energia, proveniente da glicose e dos corpos cetônicos.

Nas situações anabólicas, promove o armazenamento de glicose na forma de

glicogênio (glicogênese) e a síntese de fosfolipídeos, triglicerídeos, colesterol e

de lipoproteínas. Nas situações de estresse metabólico (estado catabólico), o

fígado contribui para o atendimento das necessidades energéticas do

organismo, aumentando a disponibilidade de glicose através da glicogenólise

(metabolização do glicogênio) e da gliconeogênese (produção de glicose a

partir de aminoácidos e glicerol), sendo um mecanismo regulador crucial para a

manutenção dos níveis glicêmicos e promovendo a formação de corpos

cetônicos a partir dos ácidos graxos provenientes da metabolização dos

triglicerídeos no tecido adiposo (36,38).

O fígado desempenha um papel importante na síntese e metabolismo do

colesterol, participa do processo de síntese, absorção intracelular,

esterificação, transporte, hidrólise, retorno para a corrente sanguínea, síntese e

secreção de ácidos biliares (53).

Importantes vias do metabolismo de proteínas ocorrem no fígado. A

transaminação e a desaminação oxidativa são vias que convertem os

aminoácidos em substratos que são utilizados na produção de energia e

glicose. Já os ácidos graxos da dieta e tecido adiposo são convertidos no

fígado em acetilcoenzima A para produzir energia com formação dos corpos

cetônicos. (30,36).

Page 20: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

9

Grande parte da metabolização dos micronutrientes para a sua forma

ativa ocorre no fígado, além do armazenamento de ferro, magnésio, zinco e

cobre e das vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) e B12 entre outros (36,53,68,115).

1.5 Alterações nutricionais e metabólicas no paciente cirrótico

As distorções da arquitetura do parênquima hepático que ocorrem na

cirrose resultam na perda progressiva da forma e da função hepática,

comprometendo, em graus variáveis, o estado nutricional e a homeostasia

corporal dos pacientes portadores de cirrose (27). A desnutrição

proteicoenergética (DPE) tem sido descrita em 60 a 100% dos pacientes com

cirrose descompensada e em pelo menos 20% daqueles com cirrose

compensada (17,37,79).

A patogênese da desnutrição na cirrose é multifatorial, sendo os fatores

contribuintes a ingestão inadequada de nutrientes, alterações digestivas,

absortivas e metabólicas (101). A ingestão inadequada de nutrientes está

associada às restrições dietéticas prolongadas, a sensação de saciedade

precoce (devido à presença de ascite volumosa) (30); anorexia, náuseas,

encefalopatia hepática. Má digestão e má absorção dos nutrientes podem

resultar da deficiência de sais biliares, crescimento bacteriano intestinal,

gastropatia portal hipertensiva, alterações da motilidade intestinal, lesões da

mucosa e aumento da permeabilidade intestinal (88,90,108). Entre as

complicações da cirrose que aumentam o gasto energético estão as infecções,

carcinoma hepatocelular (8), sangramento de varizes esofágicas (62) e

encefalopatia hepática (12, 71,79).

Page 21: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

10

A contribuição do tecido adiposo para a produção de energia durante o

jejum de curta duração é 30% superior em cirróticos quando comparados aos

indivíduos saudáveis, devido à redução das vias glicogenolíticas para a

produção de energia imediata (63,85). Ocorre diminuição na síntese e utilização

do glicogênio hepático, o que prejudica a utilização de glicose como fonte de

energia e exige a metabolização de maiores quantidades de ácidos graxos (89).

Considerando que importantes vias do metabolismo proteico ocorrem no

fígado e que a desnutrição proteicoenergética é altamente prevalente nos

pacientes cirróticos, alguns autores sugerem que a DPE levaria à deterioração

mais rápida da função hepática, formando um ciclo vicioso, onde a desnutrição

agrava a doença e esta o estado nutricional, onde observa-se redução da

síntese e absorção de proteínas e aumento da excreção de nitrogênio urinário

(21,64,87).

Deficiências de vitaminas e minerais prevalecem na disfunção hepática,

principalmente associadas às alterações nos processos metabólicos e na

biodisponibilidade de micronutrientes (63). As principais deficiências de

micronutrientes presentes em pacientes hepatopatas são ferro, cálcio, zinco,

magnésio e selênio, vitaminas B12, B6, C, A, D, E, K (54,55,63).

A desnutrição moderada-grave é um achado frequente em pacientes

com doença hepática avançada, considerando que a desnutrição desempenha

um papel importante na patogênese da lesão hepática e tem como

consequência um impacto negativo sobre o prognóstico (22), estando associada

ao maior desenvolvimento de complicações, incluindo sangramento de varizes,

ascite, aumento da morbidade e mortalidade cirúrgica, redução da sobrevida e

agravamento da função hepática (9,49,94).

Page 22: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

11

1.6 Alterações nutricionais e metabólicas no paciente oncológico

A caquexia pode ser observada antes dos sinais e sintomas

relacionados ao tipo de tumor, sendo relatada desnutrição em

aproximadamente 40% dos pacientes que recebem terapia antineoplásica e 22

a 33% de mortalidade relacionada à desnutrição (41,109).

No Brasil, a incidência de desnutrição em pacientes com câncer e suas

consequências foram abordadas em estudo multicêntrico nacional (109), onde

foram analisados 4000 pacientes internados pela rede do Sistema Único de

Saúde com incidência de 47,6% de desnutrição, e destes, 19,9% eram

pacientes com câncer (109).

As principais alterações metabólicas no pacientes com câncer envolvem

estimulo da gliconeogênese a partir do lactato, aumento da captação de glicose

pelas células tumorais e mobilização das reservas orgânicas (33). Fatores

relacionados com o próprio paciente como liberação de citocinas, aumento do

gasto energético e redução da ingestão alimentar, associados a fatores

tumorais que incluem liberação de substâncias catabólicas, priorização dos

substratos energéticos e proteicos para a proliferação celular, podem levar ao

desenvolvimento da caquexia (41,105).

Pacientes com câncer desenvolvem importantes alterações no

metabolismo dos carboidratos, secundárias ao intenso turnover da glicose

corpórea devido ao uso preferencial deste nutriente como fonte de energia

pelas células tumorais. Observa-se alta taxa de glicólise anaeróbica, redução

do uso da glicose pelo tecido muscular, aumento da captação de glicose pelas

células tumorais (relacionadas com grau de malignidade e poder de invasão

celular do câncer) levando ao aumento da liberação de lactato na circulação

Page 23: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

12

sanguínea e consequente estimulação do Ciclo de Cori, de forma a compensar

a acidose metabólica comum nos pacientes com câncer. No Ciclo de Cori, o

lactato proveniente da glicólise anaeróbica, liberado pelos tecidos extra-

hepáticos, é reciclado no fígado, com alto custo energético (95).

No paciente com câncer são observadas diversas alterações no

metabolismo lipídico como estímulo à mobilização lipídica (lipólise), menor

utilização de ácidos graxos para síntese de energia em relação à glicose,

decréscimo da lipogênese e do clareamento plasmático pela reduzida ação da

lipoproteína lipase, resultando geralmente no quadro de caquexia e

hiperlipidemia (41).

Uma das consequências metabólicas mais significativas no paciente

com câncer é a perda de proteína corpórea, refletida pelo aumento da excreção

de nitrogênio urinário e presença de balanço nitrogenado negativo. A

diminuição de massa muscular durante condições de estresse, como o câncer,

está relacionada principalmente com o aumento da degradação proteica,

levando à intensificação da liberação de aminoácidos (principalmente alanina e

glutamina) que, quando liberados, são captados pelo fígado para iniciar ou

regular a síntese de proteínas de fase aguda e gliconeogênese. A inibição da

síntese de proteínas pode contribuir para o aumento do catabolismo muscular

(78,105).

O paciente cirrótico com carcinoma hepatocelular pode ser assintomático

ou apresentar sinais/sintomas inespecíficos como anorexia, náuseas, vômitos,

flatulência, diarréia, desidratação, fraqueza, dispnéia, ascite, perda de peso

progressiva, febre baixa, fatores estes que contribuem para o agravamento da

desnutrição. As consequências da desnutrição podem ser graves e

Page 24: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

13

relacionadas com maior incidência de morbi-mortalidade e maior tempo de

internação hospitalar (109).

O carcinoma hepatocelular não tratado pode levar à morte em curto

período de tempo (24). O suporte nutricional pode desempenhar papel relevante

no manejo do paciente com cirrose hepática associada ao carcinoma

hepatocelular avançado, pois estes pacientes geralmente apresentam

deficiências nutricionais (100,110).

1.7 Avaliação nutricional na doença hepática e câncer

A avaliação nutricional permite determinar o estado nutricional,

quantificando e qualificando o nível de desnutrição, com o objetivo de identificar

riscos nutricionais que influenciem a morbidade e mortalidade e que possam

ser modificados com condutas nutricionais específicas (101). Essas, em

pacientes portadores de cirrose, contribuem para a diminuição da frequência

e/ou gravidade das complicações, reduzindo a mortalidade desta população de

pacientes (107).

A avaliação nutricional inclui a classificação do estado nutricional e a

obtenção das necessidades nutricionais. Os métodos de avaliação nutricional

mais utilizados na prática clínica podem ser divididos em subjetivos (avaliação

subjetiva global e exame físico) e objetivos (parâmetros antropométricos,

composição corporal, consumo alimentar e parâmetros bioquímicos) (44).

No paciente cirrótico a avalição nutricional é considerada difícil, pois não

existe, até o momento, um padrão-ouro para estimar o grau de desnutrição.

Não existem métodos aceitos ou padronizados para o diagnóstico e

classificação da desnutrição nesses pacientes (60,67). Embora os métodos

Page 25: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

14

clássicos de avaliação nutricional, tais como os parâmetros antropométricos e

bioquímicos, sejam citados como indicadores de desnutrição, em pacientes

com doença hepática avançada é reconhecido o fato de que a cirrose hepática

pode alterar a maioria destes parâmetros (2,9,10,47).

Para o paciente com câncer, vários parâmetros antropométricos, clínicos

e bioquímicos estão disponíveis para avaliar o estado nutricional, porém não

existe método ideal, sendo indicada com frequência a avaliação subjetiva

global (16,18,78).

Considerando as limitações apresentadas pelos diversos métodos de

avaliação nutricional, a recomendação atual é que esta seja a mais abrangente

possível (50).

1.7.1 Métodos subjetivos

A avaliação subjetiva global (ASG) proposta por Detsky et al. em 1987

(18) é um método simples, rápido e de baixo custo, não invasivo e indicador

complexo do estado nutricional com excelente correlação com o prognóstico.

Os parâmetros a serem avaliados são a variação de peso nos últimos seis

meses, a variação na ingestão alimentar, o tipo de dieta ingerida, os sintomas

gastrointestinais, a capacidade funcional física, o grau de estresse, a reserva

adiposa, a reserva muscular, o edema sacral, a ascite, o edema de tornozelo.

Estes parâmetros são observados e pontuados, classificando o paciente em

bem nutrido, moderadamente desnutrido, gravemente desnutrido (18).

Page 26: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

15

Nos pacientes hepatopatas os distúrbios hidroeletrolíticos geralmente

culminam em retenção hídrica (edema e ascite), gerando dificuldades na

avaliação real do estado nutricional destes pacientes (107).

Para o paciente oncológico, Ottery et al, (74) desenvolveram uma

adaptação da ASG, chamada avaliação subjetiva global produzida pelo próprio

paciente, dividindo-a em duas partes: a primeira respondida pelo paciente com

questões referentes à perda de peso, alteração da ingestão alimentar e

alterações da capacidade funcional; a segunda parte é preenchida pelo

profissional que aplica o questionário com questões semelhantes à ASG

original (74).

O exame físico é o método clínico utilizado para detectar sinais

associados à deficiências nutricionais específicas. Esses sinais se

desenvolvem apenas em estágios avançados da depleção nutricional, além

disso, algumas doenças apresentam sinais semelhantes aos da desnutrição.

Por esta razão, o diagnóstico nutricional não deve ser baseado exclusivamente

neste método (44).

1.7.2 Métodos objetivos

1.7.2.1 Parâmetros antropométricos

A antropometria avalia de maneira estática os diversos compartimentos

corporais, incluindo medida de peso corpóreo, altura, pregas cutâneas e

circunferência dos membros (44). Nos pacientes cirróticos a presença de edema

Page 27: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

16

de membros inferiores e ascite interferem na aferição, devido à oscilação

relacionada com a retenção de sódio e água (107).

1.7.2.2 Composição Corporal

A avaliação da composição corporal por meio de bioimpedância elétrica

vem sendo estudada como bom parâmetro de classificação do estado

nutricional de pacientes cirróticos (26). Porém, os resultados podem ser afetados

por fatores como alimentação, ingestão de líquidos, desidratação ou retenção

hídrica (44).

1.7.2.3 Consumo Alimentar

Os métodos de avaliação do consumo alimentar refletem a adequação

da ingestão alimentar às recomendações nutricionais. Dependem da habilidade

do profissional e da cooperação e compreensão do paciente. Podem ser

restrospectivos ou prospectivos (44,60).

1.7.2.4 Parâmetros Bioquímicos

Os exames bioquímicos são as medidas mais objetivas do estado

nutricional, usados para detectar deficiências subclínicas e para confirmação

diagnóstica (24), com a vantagem de possibilitar seguimento de intervenções

nutricionais ao longo do tempo (5).

Page 28: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

17

Várias medidas bioquímicas têm sido propostas, objetivando a detecção

precoce de deficiências proteicas subclínicas e marginais. Pesquisas

realizadas na avaliação nutricional de pacientes, e em estudos populacionais,

têm consagrado a utilidade de alguns destes indicadores bioquímicos, bem

como apontado a ineficácia de outros. Os exames laboratoriais de uso mais

frequente na prática clínica são descritos a seguir (60).

Carboidratos

A dosagem de glicose no sangue tem como finalidade diagnosticar e

acompanhar o tratamento de portadores de algum distúrbio no metabolismo de

carboidratos que levem a situações de hipo ou hiperglicemia (69).

O excesso de glicose é armazenado na forma de glicogênio no fígado e

nas células musculares. A falha dos mecanismos homeostáticos na doença

hepática pode resultar em hipoglicemia ou intolerância à glicose. Em geral, a

hipoglicemia é observada na doença hepática aguda e grave, e a intolerância à

glicose mais tipicamente na doença hepática crônica e cirrose (68).

O método de dosagem de glicose pode sofrer interferência de altas

taxas de bilirrubinas, podendo fornecer resultados erroneamente baixos. A

hipoglicemia é observada em três condições no paciente portador de

hepatopatias: na insuficiência hepática aguda grave (“hepatite fulminante”), na

hipoglicemia induzida pelo álcool e no paciente com ascite e sepse grave. O

paciente com cirrose hepática tem capacidade de armazenamento de

glicogênio diminuída e, portanto, sofre mais precocemente as consequências

do jejum, não manifestadas por hipoglicemia (66, 117).

Page 29: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

18

A classificação e os critérios diagnósticos de diabete melito (DM) são:

quadro clínico de DM associado a uma glicemia casual de 200 mg/dL; glicemia

de jejum superior a 126 mg/dL; glicemia 2 horas após sobrecarga oral maior do

que 200 mg/dL.(1).

Lipídios

Os lipídios são componentes necessários para o controle e homeostase

das funções celulares. O fígado exerce papel essencial na síntese,

metabolismo e transporte dos lipídios. O perfil lipídico é composto pelas

dosagens de colesterol total, triglicerídeos, HDL colesterol e LDL colesterol (97).

Diante de disfunções hepáticas, o perfil lipídico apresenta-se alterado;

diminuição nos níveis séricos de colesterol e triglicerídeos são encontradas

com frequência devido à redução na biossíntese de lipoproteínas (28).

Tem sido relatada correlação entre progressão de lesão hepática com a

redução dos níveis séricos de lipídios, sendo sugerido que os níveis séricos de

lipídios podem ser utilizados para estimar o prognóstico dos pacientes com

cirrose (28,34).

Colesterol Total: É um esterol encontrado em todos os tecidos animais.

Desempenha importantes funções fisiológicas, incluindo a síntese de ácidos

biliares, vitamina D, hormônios esteróides e constituintes da dupla camada das

membranas celulares. O colesterol está presente na parede intestinal, oriundo

de três fontes: dieta, secreção biliar e intestinal e células (3).

O colesterol total apresenta-se aumentado na hipercolesterolemia

Page 30: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

19

primária e secundariamente na síndrome nefrótica, no hipotireoidismo, no DM,

na cirrose biliar primária e na hipoalbuminemia. Níveis baixos podem ser

encontrados na desnutrição, no hipertireoidismo e na doença hepática

avançada, podendo ser utilizado como fator prognóstico para pacientes

cirróticos (34,91).

Colesterol HDL: Algumas situações podem contribuir para a diminuição

dos níveis séricos de HDL-colesterol, como sedentarismo, tabagismo, DM,

fatores genéticos, obesidade e diversos fármacos. O exercício e o uso

moderado de flavonóides têm sido apontados como fatores que ajudariam a

elevar os níveis séricos do HDL-colesterol (28).

Nas hepatopatias e no carcinoma hepatocelular os níveis séricos do

HDL colesterol podem estar diminuídos (28,50).

Triglicerídeos: Representam a maior quantidade de gordura no

organismo, são provenientes da dieta (fonte exógena) e do fígado (fonte

endógena). Sua função primária é armazenar e fornecer energia para as

células. As concentrações de triglicerídeos no plasma variam conforme a idade

e o sexo (1).

Altas concentrações podem ocorrer com hipoparatireoidismo, síndrome

nefrótica, doenças de depósitos de glicogênio, DM. Concentrações elevadas de

triglicerídeos são encontradas em casos de pancreatite aguda. Alguns autores

encontraram aumento nos níveis de triglicerídeos nos pacientes portadores de

carcinoma hepatocelular (1,106), enquanto outros referem redução dos mesmos

nesta população de pacientes (43,117).

Page 31: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

20

Proteínas

A diminuição da concentração sérica das proteínas de síntese hepática é

reconhecidamente um bom índice de DPE. As proteínas séricas mais

frequentemente avaliadas para determinação do estado nutricional são

albumina, transferrina, pré-albumina e creatinina (95). A queda na concentração

dessas proteínas pode indicar diminuição da biossíntese hepática em virtude

do limitado substrato energético e proteico, comumente associado à

desnutrição. Portanto, sua deficiência pode refletir tanto a desnutrição,

diminuição da síntese hepática ou perda renal, limitando a aplicação para

pacientes cirróticos (29, 44).

Albumina: O objetivo da dosagem de albumina é auxiliar no diagnóstico

de doença hepática, deficiência proteica, desordens renais, doenças

neoplásicas e gastrointestinais (69). O método é considerado melhor marcador

de doença e de desnutrição, por não depender de perda de peso, como os

métodos antropométricos (29).

A albumina é uma das variáveis mais frequentemente utilizada para

compor índices prognósticos e a sua concentração sérica de albumina depende

de muitos fatores (16,18): 1) síntese hepática: depende da função do hepatócito e

da ingestão e absorção de substratos proteicos; 2) perda de albumina: doença

renal (síndrome nefrótica), eclâmpsia, enteropatia perdedora de proteína e

queimaduras; 3) catabolismo aumentado: estresse, hipermetabolismo,

síndrome de Cushing e algumas neoplasias; 4) trocas entre os compartimentos

com seqüestro para o extravascular como trauma e infecção; 5) volume de

Page 32: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

21

distribuição: afetado pelo estado de hidratação (15, 95).

A albumina, geralmente considerada parâmetro fiel na avaliação

nutricional (15), por ser sintetizada no fígado, tem sua síntese diminuída, por

catabolismo acelerado, diminuindo a confiabilidade do teste para avaliação

nutricional de pacientes cirróticos. Dosagem sérica de albumina, bem como de

creatinina e tempo de protrombina são avaliados em pacientes com cirrose

para determinar a gravidade da doença hepática pelo escore de Child (82). São,

portanto, menos apropriadas para serem marcadores independentes do estado

nutricional em cirróticos (101), embora alguns autores indiquem sua utilização

como marcador de desnutrição, mesmo em hepatopatas (107).

Creatinina: A creatinina é um produto final do metabolismo da creatina

que aparece no soro em quantidades proporcionais à massa muscular

corpórea; é formada e excretada em quantidades constantes, sendo utilizada

como um marcador do estado nutricional (69). O Índice creatinina-altura é um

parâmetro utilizado para avaliar a massa muscular corpórea baseando-se no

fato de que 98% da creatinina está armazenada nos músculos (15).

A cirrose está associada a uma síntese hepática reduzida de creatinina

e redução da massa muscular. Devido a essas limitações, a validade das

medidas baseadas em dosagens de creatinina (como creatinina urinária e o

índice creatinina/altura) como indicadores do estado nutricional em pacientes

cirróticos é limitada. Deve ser excluído da avaliação nutricional, no caso de

déficit de função renal, em uso de diuréticos, na falência cardíaca ou hepática,

limitando a aplicação deste método (15,18,86).

Page 33: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

22

Ácido úrico: É o produto final do metabolismo das purinas. É

armazenado no organismo em um pool de alto turnover, sendo oriundo do

catabolismo das proteínas, concentrando-se principalmente no fígado. Os

níveis séricos do ácido úrico são determinados pela relação entre a dieta, a

produção endógena e os mecanismos de reabsorção e de excreção (104).

A hiperuricemia pode ocorrer em diversas situações clínicas associadas

ao aumento da produção do ácido úrico ou diminuição da excreção renal como

insuficiência renal, etilismo, cetoacidose diabética, psoríase, pré-eclâmpsia,

dieta rica em purinas ou uso de medicamentos. Ocorre nas situações em que

há aumento do turnover de ácidos nucléicos (excesso de destruição celular),

como ocorre nas neoplasias e em vigência de quimioterapia e de radioterapia.

Diferentes autores descrevem a elevação sérica de ácido úrico nos pacientes

cirróticos (53,83).

A hipouricemia é incomum, podendo ser secundária a diferentes

situações patológicas como doença hepatocelular grave, que leva a diminuição

da síntese de purina; deficiência da reabsorção tubular de ácido úrico

congênita ou em dietas pobres em purina (104).

Minerais

Transferrina: É uma beta-globulina transportadora de ferro no plasma (95),

sendo uma proteína de vida média intermediária (aproximadamente oito dias)

entre a albumina e as proteínas de rápido turnover (16,95). A transferrina é a

principal carregadora de ferro entregando-o aos tecidos, especialmente para os

eritroblastos que o utilizam para a síntese de hemoglobina. Essa proteína é

Page 34: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

23

reutilizada e as hemácias, no final de sua sobrevida, são destruídas nos

macrófagos sendo o ferro liberado da hemoglobina (30). Suas concentrações

diminuem com as reações inflamatórias agudas, neoplasias malignas, doenças

vasculares do colágeno e doenças hepáticas (39).

Além de responder às proteínas da dieta, a concentração de transferrina

plasmática é controlada pelo tamanho da reserva de ferro. Quando as reservas

de ferro estão esgotadas, a síntese de transferrina aumenta. A concentração

de transferrina reflete tanto o estado proteico como o de ferro (30) e pode estar

envolvida no transporte de outros metais como alumínio, magnésio, cobre e

cádmio. Entretanto, devido à alta afinidade, o ferro é capaz de deslocar estes

metais quando ligados à proteína. A transferência do ferro da corrente

sanguínea para os tecidos depende da ligação da transferrina a receptores

específicos na superfície da membrana celular (111).

A precisão do índice de saturação da transferrina é limitada, pois

depende das concentrações de ferro e da capacidade latente de ligação do

ferro (75).

Ferro (Fe): É um elemento essencial na manutenção da homeostase

orgânica e no transporte de oxigênio. A maior parte do ferro corporal está

ligada à hemoglobina, ferritina e hemossiderina (principalmente na medula

óssea, baço e fígado). Sua manutenção no organismo depende de etapas

diversas de absorção, transporte, metabolismo e excreção, em um complexo

mecanismo de equilíbrio. Quando as reservas de ferro diminuem ou o nível de

eritropoiese aumenta, a taxa de absorção de ferro aumenta de forma

compensatória (77,93).

Page 35: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

24

A deficiência de ferro pode ocorrer por diferentes mecanismos: aumento

das necessidades, diminuição da ingestão, diminuição da absorção ou perda

excessiva. A perda sangüínea constitui a causa mais importante de deficiência

de ferro em adultos (3).

Os sinais clínicos da deficiência de ferro resultam de um longo período

de desequilíbrio no balanço de ferro (39).

Correlação entre aumento na dosagem sérica de ferro e ferritina e

alterações nos marcadores de função hepática foi descrita previamente (99).

Uma possível explicação seria o fato da absorção de ferro através dos

receptores de transferrina ser maior no carcinoma hepatocelular do que em

fígado normal, podendo ser considerada a transferrina um marcador da

presença de CHC (75,77).

A determinação concomitante do ferro sérico e da transferrina permite a

avaliação do percentual de saturação da transferrina, que é o melhor índice de

avaliação do armazenamento do ferro. A avaliação da capacidade de

combinação do ferro aumenta em resposta à diminuição do íon (75,104).

Ferritina: É uma proteína de armazenamento que sequestra o ferro

normalmente acumulado pelo fígado, baço e medula óssea. À medida que o

suprimento de Fe aumenta, o nível de ferritina intracelular se eleva para

acomodar a reserva de ferro, deixando cair uma pequena quantidade de

ferritina na corrente sanguínea (30).

Essa proteína é considerada um dos melhores marcadores para a

avaliação do estado de ferro corporal, pois analisa a quantidade estocada

desse mineral (75).

Page 36: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

25

Porém esse teste também possui desvantagens, pois sendo a ferritina

uma proteína de fase aguda, pode estar aumentada devido a processos

infecciosos ou inflamatórios não identificados (3).

Hematócrito e Hemoglobina: O exame de hematócrito mede a

porcentagem por volume de hemácias contidas em uma amostra de sangue

total (69). A hemoglobina é encarregada do transporte de oxigênio do pulmão

aos tecidos e de dióxido de carbono em sentido inverso. Em condições

normais, menos de 1% da hemoglobina existe em estado oxidado, graças à

atividade de enzimas redutases, que mantêm a hemoglobina no estado

reduzido, ativo (69).

Hematócrito e hemoglobina são considerados bons indicadores

nutricionais mesmo para hepatopatas, pois independem do metabolismo

hepático (16,51). No entanto, podem estar alterados em situações diversas como

hipertensão portal com hemorragia digestiva (86).

Zinco (Zn): desempenha papel catalítico, estrutural e regulatório de

enzimas (98); participa do metabolismo de macronutrientes e ácidos nucléicos;

está envolvido com receptores, como os dos hormônios do crescimento e da

tireóide; no funcionamento adequado do sistema imunológico, com ação na

transformação dos timócitos em linfócitos T ativos; na defesa antioxidante; na

função neurosensorial como a palatabilidade e a olfação e na transcrição e

tradução de polinucleotídeos (92).

Do ponto de vista nutricional, o zinco é um dos mais importantes

micronutrientes do organismo humano (45). A maior parte está concentrada nos

Page 37: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

26

músculos e ossos, atingindo aproximadamente 83% do zinco corporal total (40).

No sangue, cerca de 80% do Zn é encontrado nos eritrócitos e 16% no plasma,

ligado principalmente à albumina. Apesar de representar aproximadamente

0,1% do conteúdo corporal, o Zn plasmático é fonte primária desse mineral

para todas as células, com uma dinâmica rápida e sob controle homeostático

constante (45,58,59).

Os sintomas da deficiência de Zn dependem da idade e do sexo, assim

como da duração e intensidade da deficiência. Nos adultos está associada à

anorexia, perda do paladar e do olfato, alopecia, dermatite, prejuízo na

cicatrização, intolerância à glicose, imunossupressão, hipogeusia, alterações

psicológicas, desordens de memória e humor (40,58,59).

Alguns autores observaram redução significativa dos níveis de zinco em

pacientes com hepatite crônica, cirrose e carcinoma hepatocelular (54,72,81)

sugerindo que seja utilizado como biomarcador de prognóstico de CHC (54).

Entretanto apenas em deficiências nutricionais graves é que há redução

significativa dos níveis plasmáticos desse mineral (35).

Vitaminas

Vitamina B12 (Cobalamina): Em indivíduos adequadamente nutridos a

vitamina B12 é armazenada em quantidades suficientes, principalmente no

fígado e na circulação êntero-hepática (30).

A deficiência de vitamina B12 prejudica a divisão celular da medula

óssea e da mucosa intestinal e produz anormalidades neurológicas. A causa

mais comum de deficiência de vitamina B12 é a má absorção da vitamina

Page 38: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

27

decorrente da produção e secreção inadequadas de fator intrínseco gástrico.

Clinicamente, esta condição é chamada de anemia perniciosa, que pode

resultar da atrofia de células parietais gástricas, de deficiência hereditária na

síntese de fator intrínseco ou incapacitação autoimune de fator intrínseco (36).

A dosagem sérica de vitamina B12 é melhor avaliado pela medida da

concentração sanguínea dos metabólitos ácido metilmalônico e homocisteína,

que são dependentes desta vitamina. Mahan et al. (36) sugerem que

concentração sérica de B12 não é um bom indicador do estado nutricional.

Por outro lado, estudos sugerem que a vitamina B12 exerce efeito

hepatoprotetor nos pacientes cirróticos e que a dosagem dos níveis séricos

pode ser utilizada como marcador prognóstico no acompanhamento de

pacientes com CHC com níveis normais de alfa feto proteína (42). Lin et al. (54)

encontraram correlação positiva entre elevação nos níveis de vitamina B12 e

classificação internacional de tumores TNM (Tumor Node Metastasis)(96),

enquanto em outro estudo, Lin et al. (55) referem redução dos níveis de vitamina

B12 nos pacientes com CHC.

Page 39: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

28

2 JUSTIFICATIVA

O presente estudo foi idealizado na expectativa de documentar as

possíveis anormalidades no estado nutricional e metabólico em população de

pacientes portadores de hepatite crônica pelo vírus C com cirrose e carcinoma

hepatocelular nos diferentes estadios da doença através de avaliação

nutricional bioquímica.

A hipótese é que a presença de alterações no metabolismo dos macro e

micronutrientes seja mais acentuada entre os pacientes com pior prognóstico.

Page 40: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

29

3 OBJETIVO

3.1 Objetivo geral

Analisar o perfil metabólico-nutricional de pacientes portadores de cirrose

pelo vírus da hepatite C e carcinoma hepatocelular, através de análise

bioquímica.

3.2 Objetivos específicos

Observar a presença de alterações do metabolismo dos carboidratos,

lipídios, proteínas, minerais e vitaminas nos pacientes com e sem CHC

Avaliar a associação entre anormalidades dos nutrientes analisados e

presença de CHC

Correlacionar os exames bioquímicos utilizados para avaliação

nutricional com a classificação de CTP e com o estadiamento BCLC

Page 41: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

30

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Alsabti EA. Serum lipids in hepatoma. Oncology. 1979; 36:11-4.

2. American Diabetes Association (ADA). Blood Glucose Level. Disponível

em: http//:www.diabetes.org

3. Biesalski HK. Nutrição: Texto e Atlas. Porto Alegre: Artmed; 2007.

4. Bolondi L, Sofia S, Siringo S, Gaiani S, Casali A, Zironi G, Piscaglia F,

Gramantieri L, Zanetti M, Sherman M. Surveillance programme of

cirrhotic patients for early diagnosis and treatment of hepatocellular

carcinoma: a cost effectiveness analysis. Gut 2001; 48: 251-9.

5. Bottoni A, Oliveira GPC, Ferrini MT, Waitzberg DL. Avaliação nutricional:

exames laboratoriais. In: Waitzberg DL, ed. Nutrição oral, enteral e

parenteral na prática clínica. 3a. ed. São Paulo: Atheneu, 2000. p.279-

94.

6. Bruix J, Sherman M. Management of hepatocellular carcinoma.

American Association for the Study of Liver Disease AASLD. Practice

Guidelines Committee. Hepatology 2005;42:1208-36.

7. Bruix J, Sherman M. Management of hepatocellular carcinoma: an up to

date. Hepatology 2011; 53:1020-2.

8. Cabré E, Gassul MA. Nutritional aspects of liver disease and

transplantation Curr Opin Clin Nutr Metab Care 2001; 4: 581-99.

Page 42: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

31

9. Cabré E, Gassull MA. Nutritional and metabolic issues in cirrhosis and

liver transplantation. Curr Opin Clin Nutr Metab Care 2000; 3:345-54.

10. Cabré E, Gassull MA. Nutritional therapy in liver disease. Acta Gastro-

Enterologica 1994; 57:1-12.

11. Calle EE, Teras LR, Thun MJ. Obesity and mortality. N Engl J Med

2005;353:2197-9.

12. Charlton MR. Protein metabolism and liver disease. Baillieres Clin

Endocrinol Metab 1996;10:617-35.

13. Chevret S, Trinchet JC, Mathieu D, Rached AA, Beaugrand M, Chastang

C. A new prognostic classification for predicting survival in patients with

hepatocellular carcinoma. Groupe d’Etude et de Traitement du

Carcinome Hépatocellulaire. J Hepatol 1999;31:133-41.

14. Chindamo MC, Soares JAS, Coelho HSM. Hepatite Crônica pelo Vírus

C. In: Mattos AA, Dantas-Corrêa EB, editores. Tratado de Hepatologia.

Rio de Janeiro: Rubio; 2010. p 211-27.

15. Coppini LZ, Coppini A, Silva MLT, Waitzberg DL. Aplicação da análise da

impedância bioelétrica na avaliação nutricional. Rev Bras Nutr Clin 1998;

13:81-9.

16. Coppini LZ. Avaliação Nutricional no Paciente com Câncer. In: Waitzberg

DL. Dieta, Nutrição e Câncer. São Paulo: Atheneu; 2006. p.385-91.

Page 43: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

32

17. Crawford DH, Shepherd RW, Halliday JW, Cooksley GW, Golding SD,

Cheng WS, Powell LW. Body composition in nonalcoholic cirrhosis: the

effect of disease etiology and severity on nutritional compartments.

Gastroenterology 1994; 106:1611-7.

18. Detsky AS, McLaughlin JR, Baker JP, Johnston N, Whittaker S,

Mendelson RA, Jeejeebhoy KN. What is subjective global assessment of

nutritional status? J Parenter Enteral Nutr 1987;11:8-13.

19. Di Bisceglie AM. Hepatitis C. Lancet. 1998;351:351-5.

20. Di Bisceglie AM. Natural history of hepatitis C. Its impact on clinical

management. Hepatology 2000; 31:1014-8.

21. Dichi I, Burini RC. Metabolismo e regulação dos níveis plasmáticos de

albumina. Caderno de Nutrição 1991;3:99-127.

22. Donaghy A. Issues of malnutrition and bone disease in patients with

cirrhosis. Gatroenterol Hepatol 2002;17:462-6.

23. El-Serag HB, Marrero JA, Rudolph L, Reddy KR. Diagnosis and

treatment of hepatocellular carcinoma. Gastroenterology 2008;

134:1752-63.

24. Escott-Stump S. Nutrição relacionada ao diagnóstico e tratamento.

Barueri: Manole; 2007

25. Fattovich G, Stroffolini T, Zagni I, Donato F. Hepatocellular carcinoma in

cirrhosis: incidence and risk factors. Gastroenterology 2004; 127: 35-

350.

Page 44: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

33

26. Fernandes AS, Bassani L, Nunes FF, Aydos MED, Alves AV, Marroni

CA. Nutritional assessment in patients with cirrhosis. Arq Gastroenterol.

2012; 49:19-27.

27. Fleming KA, McGee J. Alcohol induced liver disease. Journal of Clinical

Pathology 1984; 37:721-33.

28. Ghadir RM, Riahin AA, Havaspour A, Nooranipour M, Habibineiad AA.

The Relationship between Lipid Profile and Severity of Liver Damage in

Cirrhotic Patients. Hepat Mon. 2010;10: 285-8.

29. Gibson RS. Precision in dietary assessment. In: Gibson RS. Principles of

nutritional assessment. New York: Oxford University Press; 1990. p.97-

116.

30. Goldbach, BA, Nickleach, J. Cuidado nutricional nas doenças do fígado,

sistema biliar e pâncreas exócrino. In: Mahan LK, Escott-Stump S,

editors. Alimentos Nutrição & dietoterapia. São Paulo: Roca; 2005.

p.657-673.

31. Gonçalves CS, Pereira FEL, Gayotto LCC. Hepatocellular carcinoma in

Brazil: report of a national survey (Florianopolis, SC, 1995). Rev Inst Med

Trop S Paulo 1997;39:165-70.

32. Gonçalves CS, Pereira FEL. Carcinoma hepatocelular: epidemiologia,

etiopatogenia e aspectos clínicos. In: Mattos AA, Dantas-Corrêa EB,

editores. Tratado de Hepatologia. Rio de Janeiro: Rubio; 2010. p 715-49.

33. Guppy M, Leedman P, Zu XL, Russell V. Contribution by different fuels

and metabolic pathways to the total ATP turnover of proliferating MCF-7

breast cancer cells. Biochem J 2002; 364:309-15.

Page 45: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

34

34. Habib A, Mihas AA, Abou-Assi SG, Williams LM, Gavis E, Pandak WM,

Heuman DM. High-density lipoprotein cholesterol as an indicator of liver

function and prognosis in noncholestatic cirrhotics. Clin Gastroenterol

Hepatol 2005; 3:286-91.

35. Hambige M. Biomarkers of Trace Mineral Intake and Status. J Nutr

2003;133:948-55.

36. Hasse JM, Matarese LE. Terapia Nutricional para distúrbio do fígado,

sistema biliar e do pâncreas. In: Mahan LK, Escott-Stump S, editors.

Alimentos Nutrição & dietoterapia. São Paulo: Roca; 2005. p.695-720.

37. Hehir DJ, Jenkins RL, Bistrian BR, Blackburn GL. Nutrition in patients

undergoing orthotopic liver transplant. J Parenter Enteral Nutr 1985;

9:695-700.

38. Herselman MG, Labadarios D, Rensburg CJV, Haffejee AA. Nutrição nas

doenças do fígado. In: Gibney MJ, Elia, M, Ljungqvist O, Dowsett J,

editores. Nutrição clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2007. p.

150-76.

39. Hoffbrand AV, Pettit JE, Moss PAH. Fundamentos em Hematologia.

Porto Alegre: Artmed; 2004.

40. International Zinc Nutrition Consultative Group (IZiNCG), Brown

KH, Rivera JA, Bhutta Z, Gibson RS, King JC, Lönnerdal B, Ruel

MT, Sandtröm B, Wasantwisut E, Hotz C. International Zinc Nutrition

Consultative Group (IZiNCG) technical document 1. Assessment of the

risk of zinc deficiency in populations and options for its control. Food Nutr

Bull 2004; 25:91-204.

Page 46: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

35

41. Inui A. Cancer anorexia-cachexia syndrome: current issues in research

and management. CA Cancer J Clin 2002; 52:72-91.

42. Isoda K, Kagaya N, Akamatsu S, Hayashi S, Tamesada M, Watanabe A,

Kobayashi M, TagawaYI, Kondoh M, Kawase M, Yagi K.

Hepatoprotective Effect Of Vitamin B12 On Dimethylnitrosamine-Induced

Liver Injury. Biol Pharm Bull.2008; 31:309-11.

43. Jiang M, Liu F, Xiong WJ, Zhong L, Xu W, Xu F, Liu YB. Combined

MELD and blood lipid level in evaluating the prognosis of

decompensated cirrhosis. World J Gastroenterology. 2010;16:1397-

1401.

44. Kamimura MA, Baxmann A, Sampaio LR, Cuppari L. Avaliação

Nutricional. In: Cuppari L. Nutrição Clínica no Adulto. São Paulo: Manole;

2005. p. 89-128.

45. King JC, Shames DM, Woodhouse LR. Zinc Homeostasis in Humans. J

Nutr. 2000; 130:1360-6.

46. Kitai S, Kudo M, Minami Y, Ueshima K, Chung H, Hagiwara S, Inoue T,

Ishikawa E, Takahashi S, Asakuma Y, Haji S, Osaki Y, Oka H, Seki T,

Kasugai H, Sasaki Y, Matsunaga T. A new prognostic staging system for

hepatocellular carcinoma: value of the biomarker combined Japan

Integrated Staging score. Intervirology 2008;51:86-94.

47. Kudo M, Chung H, Osaki Y. Prognostic staging system for hepatocellular

carcinoma (CLIP score): its value and limitations, and a proposal for a

new staging system, the Japan Integrated Staging score (JIS score). J

Gastroenterol 2003;38:207-15.

Page 47: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

36

48. Lau WY, Lai EC. Hepatocellular carcinoma: current management and

recent advances. Hepatobiliary Pancreat Dis Int 2008;7:237-57.

49. Lautz HU, Selberg O, Korber J, Bürger M, Müller MJ. Protein-calorie

malnutrition in liver cirrhosis. Clin Invest 1992; 70:478-86.

50. Le Cornu KA, McKiernan FJ, Kapadia SA, Neuberger JM. A prospective

randomized study of preoperative nutritional supplementation in patients

awaiting elective orthotopic liver transplantation. Transplantation 2000;

69: 1364-9.

51. Leitão AVA, Castro CLN, Basile TM, Souza THS, Braulio VB. Avaliação

da capacidade física e do estado nutricional em candidatos ao

transplante hepático. Rev Assoc Med Bras. 2003;49:424-8.

52. Leung TW, Tang AM, Zee B, Lau WY, Lai PB, Leung KL, Lau JT, Yu SC,

Johnson PJ. Construction of the Chinese University Prognostic Index for

hepatocellular carcinoma and comparison with the TNM staging system,

the Okuda staging system, and the Cancer of the Liver Italian Program

staging system: a study based on 926 patients. Cancer 2002;94:1760-9.

53. Lieber CS. Nutrição nos distúrbios hepáticos. In: Shils ME, Olson JÁ,

Shike M, Ross AK. Tratado de Nutrição Moderna na saúde e na doença.

São Paulo: Manole; 2003. p.1257-69.

54. Lin CC, Huang JF, Tsai LY, Huang YL. Selenium, Iron, Copper, and Zinc

Levels and Copper-to-Zinc Rations in Serum of Patients at Diferent

Stages of Viral Hepatic Diseases. Biol Trace Elem Res 2006; 109:15-24.

55. Lin CC, Yin MC. B Vitamins Deficiency and Decreased anti-oxidative

state in Patients in Liver Cancer. Eur J Nutr 2007; 46:293-9.

Page 48: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

37

56. Llovet JM, Bru C, Bruix J. Prognosis of hepatocellular carcinoma: the

BCLC staging classification. Semin Liver Dis 1999;19:329-38.

57. Llovet JM, Burroughs A, Bruix J. Hepatocellular carcinoma. Lancet 2003;

362:1907-17.

58. Lönnerdal B. Dietary factors influencing zinc absoption. J Nutr 2000;

130:1378-83.

59. Mafra D, Cozzolino SMF. Importância do zinco na nutrição humana.

Revista de Nutrição 2004; 17:79-87.

60. Maio R, Dichi JB, Burini RC. Sensibility of anthropometric-laboratory

markers of protein-energy malnutrition in cirrhotic patients. Arq

Gastroenterol 2004;41:93-9.

61. Marrero JA, Fontana RJ, Barrat A, Askari F, Conjeevaram HS, Su GL,

Lok AS. Prognosis of hepatocellular carcinoma: comparison of seven

staging systems in an American cohort. Hepatology 2005;41:707-16.

62. Marsano L, McClain CL. Nutrition and alcoholic liver disease. Journal

Parenteral Enteral Nutrition 1991;15:337-44.

63. Mazza RPJ, Pereira CCA, Waitzberg DL. Doenças Hepáticas. In:

Cuppari L. Nutrição clínica no adulto. São Paulo: Manole; 2005. p. 313-

48.

64. McCullough AJ. Malnutrition in liver disease. Liver Transpl. 2000;6: 85-

96.

Page 49: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

38

65. McGlynn KA, Tsao L, Hsing AW, Devesa SS, Fraumeni JF Jr:

International trends and paterns of primary liver cancer. Int J Cancer

2001;94:290-296.

66. Menezes MO, Tovo CV, Mattos AA. Associação entre a hepatite crônica

pelo vírus da hepatite C (VHC) e diabete melito em pacientes

monoinfectados pelo VHC e co-infectados com o vírus da

imunodeficiência humana. Revista da AMRIGS. 2008;52:17-23.

67. Merli M, Riggio O, Romiti A, Ariosto F, Mango L, Pinto G, Savioli M,

Capocaccia L. Basal energy production rate and substrate use in stable

cirrhotic patients. Hepatology 1990; 12:106-12.

68. Mezey, E. Liver disease and nutrition. Gastroenterology 1978; 74:770-83.

69. Miller O. Bioquímica do sangue. In: Miller O. Laboratório para o clínico.

São Paulo: Atheneu; 1999.

70. Ministério da Saúde do Brasil. Estudo de prevalência de base

populacional das infecções pelos vírus das hepatites A, B e C nas

capitais do Brasil, Brasil, 2010. Disponível em:

http://www.aids.gov.br/publicacao/2010/estudo_de_prevalencia_de_base

_populacional_das_infeccoes_pelos_virus_das_hepatites_b

71. Muñoz SJ. Nutritional therapies in liver disease. Seminars Liver Disease

1991;11:278-91.

72. Nazari MA, Malayeri SH, Pourhoseingholi MA, Mohebi SR, Zali MR.

Evaluation of Zinc Plasma Level in Iranian Cirrhotic Patients due to

Hepatitis B and Hepatitis C. Hepatitis Monthly. 2010;10: 62-4.

Page 50: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

39

73. Okuda K, Ohtsuki T, Obata H, Tomimatsu M, Okazaki N, Hasegawa H,

Nakajima Y, Ohnishi K. Natural history of hepatocellular carcinoma and

prognosis in relation to treatment. Study of 850 patients. Cancer

1985;56:918-28.

74. Ottery FD. Cancer Cachexia prevention, early diagnosis, and

management. Cancer Pract 1994;2:123-31.

75. Paiva AA, Rondo PHC, Guerra-Shinohara EM. Parâmetros para a

avaliação do estado nutricional de ferro. Revista de Saúde Pública 2000;

34:421-6.

76. Papiordanou F, Ribeiro-Jr MAF, Saad WA. Prevention of hepatocellular

carcinoma. Arq Bras Cir Dig 2009;22:115-9

77. Pascale RM, De Miglio MR, Muroni MR, Simile MM, Daino L, Seddaiu

MA, Pusceddu S, Gaspa L, Calvisi D, Manenti G, Feo F. Transferrin and

Transferrin Receptor Gene Expression and Iron Uptake in Hepatocellular

Carcinoma in the Rat. Hepatology.1998;27:452-61.

78. Pinho N. Manual de nutrição oncológica – bases clínicas. São Paulo:

Atheneu; 2004.

79. Piquet MA, Ollivier I, Gloro R, Castel H, Tiengou LE, Dao T. Nutritional

indices in cirrhotic patients. Nutrition 2006; 22:216-7.

80. Poynard T, Ratziu V, Charlotte F, Goodman Z, McHutchison J, Albrecth

J. rates and risk factors of liver fibrosis progression in patients with

chronic hepatitis C. J Hepatol 2001; 34:730-9.

Page 51: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

40

81. Pramoolsinsap C, Promvanit N, Komindr S, Lerdverasirikul P, Srianujata

S. Serum trace metals in chronic viral hepatitis and hepatocellular

carcinoma in Thailand. J Gastroenterol. 1994;29:610-5.

82. Pugh RNH, Murray-Lyon IM, Dawson JL, Pietroni MV, Williams R.

Transection of the oesophagus for bleeding oesophageal varices. Br J

Surg 1973;60:646-9.

83. Reis NT. Nutrição e alcoolismo. In: Simpósio Latino Americano Novos

Rumos do Alcoolismo. Brasília: OPAS; 1990. p.65.

84. Relatório do Grupo de Estudo da Sociedade Brasileira de Hepatologia.

Epidemiologia da infecção pelo vírus da hepatite C no Brasil. GED.

1999; 18 (supl 1): S3-8.

85. Riggio O, Angeloni S, Ciuffa L, Nicolini G, Attili AF, Albanese C, Merli M.

Malnutrition is not related to alterations in energy balance in patients with

stable liver cirrhosis. Clinical Nutrition 2003;22:553-9.

86. Ritter L, Gazzola J. Avaliação nutricional no paciente cirrótico: uma

abordagem objetiva, subjetiva ou multicompartimental? Arq

Gastroenterol. 2006;43:66-70.

87. Roongpisunthinpong C, Sobhonslidsuk A, Nantiruj K, Songchitsomboon

S. Nutritional assessment in various stages of liver cirrhosis. Nutrition.

2001;17: 761-5.

88. Sarfeh IJ, Aaronson S, Lombino D, Rypins EB, Mason GR, Dadufalza L,

Hollander D. Selective impairment of nutrient absorption from intestines

with chronic venous hypertension. Surgery 1986; 99:166-9.

Page 52: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

41

89. Scolapio JS, Bowen J, Stoner G, Tarrosa V. Substrate oxidation in

patients with cirrhosis: comparison with other nutritional markers. J

Parenter Enteral Nutr 2000; 24:150-3.

90. Selberg O, Böttcher J, Tusch G, Pichlmayr R, Henkel E, Müller MJ.

Identification of high and low-risk patients before liver transplantation: a

prospective cohort study of nutritional and metabolic parameters in 150

patients. Hepatology 1997; 25:652-7.

91. Selcuk H, Uruc I, Temel MA, Ocal S, Huddam B, Korkmaz M, Unal H,

Kanbay M, Savas N, Gur G, Yilmaz U, Haberal M. Factors prognostic of

survival in patients awaiting liver transplantation for end-stage liver

disease. Dig Dis Sci. 2007;52:3217-23.

92. Sena KCM, Pedrosa LFC. Efeitos da suplementação com zinco sobre o

crescimento, sistema imunológico e diabete. Revista de Nutrição 2005;

18:251-9

93. Shan Y, Lambrecht RW, Bonkovsky HL. Association of Hepatitis C Virus

Infection with Serum Iron Status: Analysis of Data from the Third National

Health and Nutrition Examination Survey. Clin Infect Dis 2005;40:834-41.

94. Siriboonkoom W, Gramlich L. Nutrition and chronic liver disease. Can J

Gastroenterol 1998; 12:201-7.

95. Smith JS, Souba WW. Nutritional Support. Supportive Care and Quality

of Life. In: DeVita Jr, Hellman S, Rosenberg AS, editors. Cancer &

Practice of Oncology. Pensilvania: JB Lippincott Company; 2001.

p.3012-31.

Page 53: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

42

96. Sobin LH, Wittekind C. TNM Classification of Malignant Tumours. New

Jersey: John Wiley & Sons; 2002.

97. Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). IV Diretriz Brasileira sobre

dislipidemias e prevenção da aterosclerose. Departamento de

aterosclerose da sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol

2007;88:2-19.

98. Stefanidou M, Maravelias C, Dona A, Spiliopoulou C. Zinc: a

multipurpouse trace element. Arch Toxicol 2006; 80:1-9.

99. Tajika M, Kato M, Mohri H, Miwa Y, Kato T, Ohnishi H, Moriwaki H.

Prognostic value of energy metabolism in patients with viral liver

cirrhosis. Nutrition. 2002;18:229-34.

100. Takeshita S, Ichikawa T, Nakao K, Miyaaki H, Shibata H, Matsuzaki T,

Muraoka T, Honda T, Otani M, Akiyama M, Miuma S, Ozawa E, Fujimito

M, Eguchi K. A snack enriched with oral branched-chain amino acids

prevents a fall in albumin in patients with liver cirrhosis undergoing

chemoembolization for hepatocellular carcinoma. Nutr Res 2009; 29:89-

93.

101. Tandon P, Gramlich L, Lipman TO, Bonis PAL. Nutritional assessment

in chronic liver disease. Up ToDate, 2010.

102. Tateishi R, Yoshida H, Shiina S, Imamura H, Hasegawa K, Teratani T,

Obi S, Sato S, Koike Y, Fujishima T, Makuuchi M, Omata M. Proposal of

a new prognostic model for hepatocellular carcinoma: an analysis of 403

patients. Gut 2005;54:419-25.

Page 54: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

43

103. The Cancer of the Liver Italian Program (CLIP) Investigators.

Prospective validation of the CLIP score: a new prognostic system for

patients with cirrhosis and hepatocellular carcinoma. Hepatology

2000;31:840-5.

104. Tietz NW. Clinical Guide to Laboratory Tests. Philadelphia: Saunders;

1995.

105. Tisdale MJ. Cancer anorexia and cachexia. Nutrition 2001; 17:438-42.

106. Tisdale MJ. Wasting in câncer. J Nutr 1999; 129:243-6.

107. Venegas, TLF; Holguin, MR; Yoza, YM; Mormontoy, LW; Jara, CT;

Polo, RC; Veja, CI. Evaluation and nutritional therapy in cirrhotic patients

of the “Edgardo Rebagliati Martins” hospital. Revista Gastroenterologia

Peru, v. 22, n.1, p. 13-18, 2002.

108. Vlahcevic ZR, Buhac I, Farrar JT, Bell CC, Swell L. Bile acid

metabolism in patients with cirrhosis. Kinetic aspects of cholic acid

metabolism. Gastroenterology 1971; 60:491-8.

109. Waitzberg DL, Alves CC, Torrinhas RSMM. Incidência da desnutrição

em câncer. In: Waitzberg DL. Dieta, Nutrição e Câncer. São Paulo:

Atheneu; 2006. p.269-78.

110. Wang YY, Lo GH, Lai KH, Cheng JS, Lin CK, Hsu PI. Increased serum

concentrations of tumor necrosis factor-alpha are associated with

disease progression and malnutrition in hepatocellular carcinoma. J Chin

Med Assoc 2003; 66:593-8.

111. Wessling-Resnick M. Biochemistry of iron uptake. Crit Rev Biochem

Molec Biol 1999;34:195-214.

Page 55: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

44

112. World Health Organization (WHO). Data and statistics. Causes of

death. Disponível em: http://www.who.int/research/en/

113. World Health Organization (WHO). Hepatitis C. Wkly Epidemiol Rec.

1997;72:65-9.

114. World Health Organization (WHO). Physical status: the use and

interpretation of anthropometry. Geneva. WHO, 1995 (WHO – technical

report series 854).

115. World Health Organization (WHO). Trace elements in human nutrition

and health. Geneva. WHO, 1996.

116. Yau T, Yao TJ, Chan P, Ng K, Fan ST, Poon RT. A new prognostic

score system in patients with patients with advanced hepatocellular

carcinoma not amendable to locoregional therapy: implication for patient

selection in systemic therapy trials. Cancer 2008;113:2742-51.

117. Zhao J, Zhao Y, Wang H, Gu X, Ji J, Gao C. Association between

metabolic abnormalities and HBV related hepatocellular carcinoma in

Chinese: A cross-sectional study. Nutrition Journal. 2011;10:1-8.

Page 56: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

45

5 ARTIGO CIENTÍFICO - VERSÃO EM PORTUGUÊS

Avaliação Nutricional Bioquímica de Pacientes Portadores de Cirrose com Carcinoma Hepatocelular

Gabriela Zanatta Port, Kalinca Oliveira, Jonathan Soldera, Cristiane Valle Tovo

Curso de PG-Hepatologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de

Porto Alegre (UFCSPA)

Formatado conforme as normas de publicação da Revista Arquivos de

Gastroenterologia

Endereço para correspondência: Gabriela Zanatta Port

Rua Professor Freitas Cabral, 370, 1003

Bairro Jardim Botânico

Porto Alegre-RS

CEP 90690-130

email: [email protected]

Page 57: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

46

RESUMO

Contexto - Os pacientes cirróticos portadores de carcinoma hepatocelular

(CHC) apresentam alterações nutricionais e desordens metabólicas, com

impacto negativo sobre o prognóstico. Objetivo - observar a presença de

alterações do metabolismo dos macro e micronutrientes entre os pacientes

cirróticos com e sem CHC e sua relação com o escore CTP e estadiamento

BCLC. Métodos - estudo transversal analítico, onde foram avaliados 31

pacientes no grupo CHC e 48 no grupo CI. Foram realizados exames

laboratoriais: glicose, colesterol total, colesterol HDL, triglicerídeos, albumina,

creatinina, ácido úrico, saturação transferrina, ferro, ferritina, hematócrito,

hemoglobina, cobre, zinco, magnésio, vitamina B12, ácido fólico. Avaliou-se a

existência de associação entre os parâmetros bioquímicos e a gravidade da

doença, bem como presença de CHC. Resultados – O perfil metabólico-

nutricional de pacientes portadores de cirrose pelo vírus da hepatite C e

carcinoma hepatocelular, apresenta-se alterado em relação ao perfil lipídico

(colesterol total, HDL e triglicerídeos), proteico (albumina, creatinina e ácido

úrico), ferro (saturação da transferrina, ferro e ferritina), hematócrito e

hemoglobina, zinco e vitamina B12. O diagnóstico de CHC foi relacionado com

piores resultados de colesterol HDL, hematócrito e aumento nos níveis séricos

de ferro e ferritina. Houve correlação entre marcadores bioquímicos nutricionais

e a classificação de CTP, bem como com o estadiamento BCLC. Conclusões -

Considerando a existência de alterações no metabolismo dos macro e

micronutrientes nos pacientes cirróticos com e sem CHC e sua relação com o

prognóstico das doenças e que os métodos convencionais de avaliação

nutricional apresentam limitações para esta população, os exames laboratoriais

bioquímicos são válidos para complementar o diagnóstico do estado nutricional

de maneira rápida e prática.

DESCRITORES: Cirrose hepática. Carcinoma hepatocelular. Desnutrição.

Avaliação nutricional.

Page 58: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

47

INTRODUÇÃO

O fígado exerce funções essenciais na digestão, absorção, metabolismo,

armazenamento, transporte e ativação de nutrientes. Suas principais funções

incluem: metabolismo de macro e micronutrientes, síntese de proteínas

plasmáticas, formação e excreção da bile, conversão da amônia em uréia,

metabolização de esteróides, homeostasia do sódio e da água (30,40).

No paciente cirrótico, as distorções da arquitetura do parênquima

hepático resultam na perda progressiva da forma e da função hepática,

comprometendo, em graus variáveis, o estado nutricional e a homeostasia

corporal desta população (22).

A desnutrição proteicoenergética tem sido descrita em 60 a 100% dos

pacientes com cirrose descompensada e em pelo menos 20% daqueles com

cirrose compensada (16,29). Pacientes com câncer apresentam aumento do

gasto energético, desnutrição, perda de peso e caquexia, sendo que pacientes

com carcionoma hepatolelular (CHC) estão em maior risco de desnutrição

(9,13,44,52).

A patogênese da desnutrição na cirrose é multifatorial, tendo como

principais fatores contribuintes a ingestão inadequada de nutrientes, alterações

digestivas, absortivas e metabólicas (69).

Considerando que a desnutrição desempenha um papel importante na

patogênese da lesão hepática e tem como consequência um impacto negativo

sobre o prognóstico (10,19,38,64), o presente estudo tem como objetivo observar a

ocorrência de alterações do metabolismo dos macro e micronutrientes entre os

pacientes com e sem CHC e sua relação com o prognóstico.

Page 59: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

48

Pacientes

Foi realizado um estudo transversal analítico. A população do estudo foi

constituída por dois grupos: um deles composto por pacientes com cirrose sem

CHC cuja etiologia é o vírus da hepatite C (VHC) (Grupo 1 - CI), e um grupo de

pacientes portadores de cirrose por VHC e carcinoma hepatocelular (Grupo 2 -

CHC), que frequentam o ambulatório de Hepatologia do Complexo Hospitalar

Santa Casa de Porto Alegre-RS.

Critérios de inclusão: A população de pacientes foi incluída de forma

consecutiva, sendo considerados os maiores de 18 anos de idade.

Grupo 1 - CI: Composto por pacientes portadores de infecção pelo vírus

da hepatite C e cirrose.

Grupo 2 - CHC: Foram incluídos os pacientes portadores de infecção

pelo vírus da hepatite C com cirrose e carcinoma hepatocelular.

Critérios de exclusão: Foram excluídos os pacientes portadores de

diabete melito diagnosticado pelos critérios estabelecidos pela American

Diabetes Association (ADA)(4), alcoolistas ativos, portadores de cirrose por

outras causas que não o VHC e coinfectados com o vírus da imunodeficiência

humana (HIV); os pacientes não deveriam ter tido hemorragia digestiva nos

últimos 6 meses antes da inclusão no estudo.

Page 60: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

49

Métodos

Os pacientes foram entrevistados e avaliados individualmente através de

formulário (Anexo A) onde foram coletadas informações sobre identificação do

paciente, idade, gênero, classificação por grupo (CI ou CHC).

O IMC foi calculado segundo a fórmula peso/altura2 (73).

A presença de ascite foi verificada através de exame físico ou de

imagem.

Foram realizados os seguintes exames laboratoriais: glicose, colesterol

total, colesterol HDL, triglicerídeos, proteínas totais, albumina, creatinina, ácido

úrico, saturação transferrina, ferro, ferritina, hematócrito, hemoglobina, cobre,

zinco, magnésio, vitamina B12, ácido fólico. Todos os exames foram coletados

após a inclusão no estudo e realizados de acordo com procedimentos de rotina

no laboratório central do Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre-RS.

O diagnóstico de infecção pelo VHC foi definido pelo resultado positivo

do anticorpo anti-VHC (teste ELISA III) confirmado pela técnica de reação em

cadeia da polimerase (PCR).

Cirrose hepática foi diagnosticada por métodos clínico-laboratoriais,

exames de imagem e histopatológico quando necessário. Os pacientes eram

classificados segundo o escore de Child-Turcot Pugh (CTP) (58).

O diagnóstico de carcinoma hepatocelular foi estabelecido segundo os

critérios do grupo BCLC (7).

O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa

do Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre-RS (parecer número

142/010 – protocolo 3270/10). Os pacientes foram informados e esclarecidos

sobre os objetivos da pesquisa e a forma de realização da coleta de dados.

Page 61: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

50

Assim, aqueles que se disponibilizaram a participar do estudo assinaram o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (Anexo B).

Análise Estatística

Para o cálculo de amostra, foi realizado estudo piloto com os primeiros

15 pacientes de cada grupo. Estipulando erro alfa de 5%, poder estatístico de

90% e um tamanho de efeito padronizado de 0,9 desvios padrão entre os

grupos, encontrou-se o número mínimo de 27 pacientes em cada grupo. O

cálculo foi realizado no programa PEPI (Programs for Epidemiologists) versão

4.0.

Os dados deste trabalho foram armazenados em planilha do MS Excel e

foram submetidos à análise estatística através do aplicativo SPSS (Statistical

Package for Social Sciences) versão 18.0.

As variáveis quantitativas são apresentadas em forma de média e desvio

padrão ou mediana e amplitude interquartílica. As variáveis qualitativas são

descritas por frequências absolutas e relativas.

Para avaliar a associação entre as variáveis qualitativas, o teste qui-

quadrado de Pearson foi aplicado. Para complementar essa análise, o teste

dos resíduos ajustados foi utilizado.

Para avaliar a associação entre os parâmetros bioquímicos e a

gravidade da doença foi utilizado o coeficiente de correlação de Spearman.

Para comparar médias entre os grupos, o teste t-student para amostras

independentes foi aplicado. Em caso de assimetria, o teste de Mann-Whitney

foi utilizado.

Foram considerados significativos valores de p≤ 0,05.

Page 62: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

51

RESULTADOS

Características da amostra

A caracterização da amostra está demonstrada na Tabela 1.

Foram analisados 31 pacientes no grupo CHC, com idade média 56,0

±7,6 anos sendo 67,7% do gênero masculino. A maioria dos pacientes do

grupo CHC foi classificada como CTP- A (61,3%). No estadiamento do tumor,

prevaleceram os pacientes com BCLC A (50,0%). O IMC médio do grupo CHC

foi de 25,5kg/m², classificado como sobrepeso. Ascite estava presente em 08

pacientes no grupo CHC (25,8%).

No grupo CI foram analisados 48 pacientes, com idade média 60,7 ±10,8

anos, sendo 56,3% do gênero masculino; a maioria dos pacientes foi

classificada como CTP-A (87,2%). O IMC médio do grupo CI foi de 28,4kg/m²,

classificado como sobrepeso. Ascite estava presente em 06 pacientes no grupo

CI (12,5%).

Os pacientes do grupo CHC foram significativamente mais jovens

(p=0,027).

Não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos na

análise do IMC e presença de ascite.

Page 63: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

52

Tabela 1 – Caracterização da amostra

Variáveis Grupo CHC

(n=31)

Grupo CI

(n=48)

Valor-p

Idade (anos) – Média ± DP 56,0 ± 7,6 60,7 ± 10,8 0,027

Gênero – n(%) 0,432

Masculino 21 (67,7) 27 (56,3)

Feminino 10 (32,3) 21 (43,7)

CHILD – n(%) 0,013

A 19 (61,3) 41 (87,2)#

B 09 (29,0) 06 (12,8)

C 03 (9,7)# 0 (0,0)

BCLC – n(%) -

A 15 (50,0) -

B 12 (40,0) -

C 03 (6,7) -

D 02 (3,3) -

IMC – Média ± DP 25,5 ± 4,3 28,4 ± 6,5 0,235

Ascite – n(%) 08 (25,8) 06 (12,5) 0,062

# associação estatisticamente significativa através do teste dos resíduos ajustados a 5% de

significância

Análise dos marcadores nutricionais bioquímicos: CHC x CI

Os dados referidos a seguir estão descritos nas Tabelas 2 e 3 e Gráfico

1.

Em relação aos níveis séricos de glicose, foi observado que 15 (57,7%)

pacientes do grupo CHC e 24 (52,2%) do grupo CI apresentaram valores acima

dos limites de normalidade (Tabela 2), sem haver diferença estatisticamente

significativa (p=0,837). Não houve diferença estatisticamente significativa nos

valores médios entre os grupos estudados (Tabela 3).

O colesterol HDL estava diminuído em 17 (70,8%) pacientes do grupo

CHC e em 20 (44,4%) do grupo CI (p=0,066) – Tabela 2. Os níveis séricos

Page 64: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

53

médios foram significativamente menores (p<0,001) no grupo CHC do que no

grupo CI (36,2 x 49,7 mg/dL) – Tabela 3 e Gráfico 1.

Os níveis séricos de triglicerídeos estavam dentro da normalidade nos

dois grupos – Tabela 2, embora apresentando valores médios com diferença

estatisticamente significativa (p=0,003), sendo mais baixos no grupo CI (104 x

75 mg/dL) – Tabela 3 e Gráfico 1.

Os níveis de ferro dos pacientes do grupo CHC estavam elevados em 10

pacientes (43,5%) e em 8 pacientes (18,2%) do grupo CI (p=0,011) – Tabela 2.

Os valores médios nos grupos CHC e CI foram respectivamente 136µg/dL e

101 µg/dL sem diferença estatisticamente significativa (p=0,373) – Tabela 3 e

Gráfico 1.

Os níveis de ferritina estavam elevados em 12 pacientes (52,2%) do

grupo CHC e em apenas 06 pacientes (13,6%) do grupo CI (p=0,002) – Tabela

2. Houve diferença estatisticamente significativa entre as médias (média 351 x

118 ng/mL) ao comparar grupo CHC e grupo CI (p=0,009) – Tabela 3 e Gráfico

1.

O hematócrito estava abaixo da normalidade em 17 (54,8%) pacientes

do grupo CHC e em 16 (33,3%) do grupo CI – Tabela 2 – sem diferença

estatisticamente significativa. Entretanto, os pacientes do grupo CHC

apresentaram hematócrito médio mais baixo que pacientes do grupo CI (36,2 x

39,2%) (p=0,042) – Tabela 3 e Gráfico 1.

Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre

os grupos nos demais parâmetros bioquímicos avaliados.

Page 65: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

54

Tabela 2 – Análise dos marcadores nutricionais bioquímicos segundo

valores de normalidade: comparação entre os grupos CHC x CI

Variáveis* Grupo CHC

n (%)

Grupo CI

n (%)

Valor-p

Abaixo

LSN

Normal Acima

LSN

Abaixo

LSN

Normal Acima

LSN

Glicose 0 (0,0) 11 (42,3) 15 (57,7) 0 (0,0) 22 (47,8) 24 (52,2) 0,837

Colesterol total 0 (0,0) 22 (88,0) 03 (12,0) 0 (0,0) 37 (82,2) 08 (17,8) 0,735

HDL 17 (70,8) 07 (29,2) 0 (0,0) 20 (44,4) 25 (55,6) 0 (0,0) 0,066

Triglicerídeos 0 (0,0) 23 (92,0) 02 (8,0) 0 (0,0) 41 (91,1) 04 (8,9) 1,000

Proteínas totais 0 (0,0) 19 (90,5) 02 (9,5) 0 (0,0) 37 (84,1) 07 (15,9) 0,706

Albumina 13 (43,3) 17 (56,7) 0 (0,0) 15 (31,3) 33 (68,8) 0 (0,0) 0,401

Creatinina 0 (0,0) 28 (90,3) 03 (9,7) 0 (0,0) 40 (83,3) 08 (16,7) 0,513

Ácido úrico 0 (0,0) 16 (66,7) 08 (33,3) 0 (0,0) 36 (81,8) 08 (18,2) 0,268

Saturação transferrina 03 (13,0) 10 (43,5) 10 (43,5) 08 (18,2) 27 (61,4) 09 (20,5) 0,139

Ferro # 05 (21,7) 08 (34,8) 10 (43,5) 04 (9,1) 32 (72,7) 08 (18,2) 0,011

Ferritina # 02 (8,7) 09 (39,1) 12 (52,2) 03 (6,8) 35 (79,5) 06 (13,6) 0,002

Hematócrito 17 (54,8) 14 (45,2) 0 (0,0) 16 (33,3) 32 (66,7) 0 (0,0) 0,097

Hemoglobina 12 (38,7) 16 (51,6) 03 (9,7) 11 (22,9) 35 (72,9) 02 (4,2) 0,146

Cobre 0 (0,0) 20 (90,9) 02 (9,1) 0 (0,0) 35 (81,4) 08 (18,6) 0,474

Zinco 07 (31,8) 14 (63,6) 01 (4,5) 14 (31,8) 27 (61,4) 03 (6,8) 0,934

Magnésio 0 (0,0) 24 (100) 0 (0,0) 01 (2,2) 44 (97,8) 0 (0,0) 1,000

Vitamina B12 0 (0,0) 17 (73,9) 06 (26,1) 01 (2,3) 36 (81,8) 07 (15,9) 0,485

Ácido Fólico 0 (0,0) 18 (78,3) 05 (21,7) 0 (0,0) 33 (75,0) 11 (25,0) 1,000

# associação estatisticamente significativa através do teste dos resíduos ajustados a 5% de

significância

Page 66: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

55

Tabela 3 – Análise dos marcadores nutricionais bioquímicos segundo

valores de média e mediana: comparação entre os grupos CHC x CI

Variáveis* Grupo CHC Grupo CI Valor-p

Glicose 109 (93 – 122) 102 (92 – 131) 0,995

Colesterol total 144,6 ± 40,1 153,9 ± 45,6 0,398

HDL # 36,2 ± 12,8 49,7 ± 14,6 <0,001

Triglicerídeos # 104 (86,5 – 122) 75 (65 – 100) 0,003

Proteínas totais 7,45 ± 0,68 7,33 ± 0,70 0,515

Albumina 3,50 ± 0,67 3,79 ± 0,60 0,056

Creatinina 1,12 ± 0,43 1,06 ± 0,28 0,457

Ácido úrico 6,18 ± 1,98 5,38 ± 1,60 0,077

Saturação transferrina 39 (21 – 65) 32,5 (22,3 – 49) 0,468

Ferro 136 (79 – 168) 101 (76 – 144) 0,373

Ferritina # 351 (122 – 593) 118 (68 – 256) 0,009

Hematócrito # 36,2 ± 7,0 39,2 ± 4,5 0,042

Hemoglobina 12,5 ± 2,6 13,4 ± 1,6 0,092

Cobre 123,7 ± 35,1 132,5 ± 32,1 0,314

Zinco 5,88 ± 0,89 5,93 ± 1,22 0,859

Magnésio 1,96 ± 0,20 1,99 ± 0,22 0,513

Vitamina B12 755 ± 246 702 ± 271 0,432

Ácido Fólico 13,1 ± 5,7 13,7 ± 4,6 0,667

* descritas por média ± desvio padrão ou mediana (percentis 25 – 75)

# associação estatisticamente significativa através do teste dos resíduos ajustados a 5% de

significância

Page 67: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

56

Associação entre alteração dos parâmetros bioquímicos e estadiamento

da doença

Todos os dados referidos a seguir estão descritos na Tabela 4 e Gráfico

2.

Quando avaliada a correlação entre o estadiamento da cirrose no grupo

CHC e parâmetros bioquímicos, observou-se que quanto maior a pontuação na

classificação CTP no grupo CHC, menores os valores médios de albumina

(p<0,001), hematócrito (p=0,006), hemoglobina (p=0,007) e zinco (p=0,023).

Ao analisar a correlação entre o estadiamento do CHC pela classificação

BCLC e parâmetros bioquímicos observou-se que apenas o hematócrito

(p=0,004) e a hemoglobina (p=0,004) estavam diminuídos nos pacientes com

doença mais grave pela classificação de BCLC.

Page 68: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

57

Nos pacientes com BCLC mais avançado foram encontrados níveis

séricos mais elevados de ácido úrico (p=0,011).

Na avaliação da correlação entre escore CTP no grupo CI e parâmetros

bioquímicos, os níveis de colesterol total (p=0,037), albumina (p=0,002),

creatinina (p=0,003) e zinco (p=0,008) apresentaram correlação negativa.

Foi encontrada correlação positiva estatisticamente significativa entre

maior pontuação na classificação CTP no grupo CI e aumento dos níveis de

saturação da transferrina (p=0,002), ferro (p=0,006) e vitamina B12 (p=0,016).

Tabela 4 – Associação entre os parâmetros bioquímicos e a gravidade da

doença por grupo em estudo

Variáveis

Grupo CHC Grupo CI

CTP

rs (p)

BCLC

rs (p)

CTP

rs (p)

Glicose 0,143 (0,487) 0,136 (0,517) -0,019 (0,901)

Colesterol total -0,055 (0,795) 0,100 (0,642) -0,316 (0,037) #

HDL -0,279 (0,186) -0,363 (0,089) -0,003 (0,985)

Triglicerídeos -0,066 (0,754) 0,033 (0,879) -0,166 (0,280)

Proteínas totais -0,352 (0,117) -0,052 (0,829) -0,258 (0,095)

Albumina -0,617 (<0,001) # -0,310 (0,102) -0,443 (0,002)

#

Creatinina 0,045 (0,808) 0,326 (0,079) -0,430 (0,003) #

Ácido úrico 0,108 (0,615) 0,520 (0,011) # -0,237 (0,126)

Saturação transferrina 0,142 (0,518) -0,218 (0,331) 0,459 (0,002) #

Ferro -0,043 (0,847) -0,284 (0,200) 0,412 (0,006) #

Ferritina 0,182 (0,406) 0,081 (0,719) 0,091 (0,563)

Hematócrito -0,484 (0,006) # -0,507 (0,004)

# -0,256 (0,082)

Hemoglobina -0,472 (0,007) # -0,513 (0,004)

# -0,226 (0,127)

Cobre -0,210 (0,349) 0,358 (0,111) -0,118 (0,455)

Zinco -0,483 (0,023) # 0,047 (0,838) -0,398 (0,008)

#

Magnésio 0,012 (0,954) 0,250 (0,249) -0,201 (0,191)

Vitamina B12 0,292 (0,177) -0,092 (0,683) 0,366 (0,016) #

Ácido Fólico -0,219 (0,315) -0,039 (0,863) 0,152 (0,330)

rs=coeficiente de correlação de Spearman

Page 69: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

58

CT=colesterol total; CREAT=creatinina; ÁC=ácido úrico; SAT TR=saturação da transferrina; HT=hematócrito; HB=hemoglobina; VIT B12=vitamina B12

DISCUSSÃO

A desnutrição nos pacientes cirróticos, bem como naqueles com

carcinoma hepatocelular é de origem multifatorial, podendo ser decorrente

tanto da ingestão alimentar insuficiente, quanto de fatores relacionados à

digestão e absorção intestinal deficientes, da possibilidade de associação com

enteropatias perdedoras de proteínas, distúrbios metabólicos e das constantes

abordagens dietéticas restritivas a que estes pacientes são submetidos (20,72).

Os distúrbios metabólicos, como as alterações no metabolismo de

carboidratos (resistência à insulina); de proteínas, devido à necessidade

aumentada e absorção diminuída com redução na síntese hepática; e de

gorduras, pelo aumento da lipólise e oxidação lipídica (62,66), bem como o

Page 70: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

59

hipermetabolismo que ocorre em 16 a 34% dos pacientes com doença hepática

crônica (59,62), podem favorecer o desenvolvimento de desnutrição.

Há muitos anos, a desnutrição vem sendo relacionada à pior evolução

clinica e a maior incidência de complicações em cirróticos como ascite,

encefalopatia hepática e infecções, a síndrome hepatorenal e o diabete melito

(50,51). É considerada fator de risco para morbidade e mortalidade a curto e

longo prazo (13,26,46,61,62,71), no pré e pós transplante e nas cirurgias abdominais

(11,26).

Por outro lado, a avaliação nutricional nesta população é difícil, tendo em

vista que os métodos de avaliação podem ser mascarados pela retenção

hídrica, edema e ascite. Muitos parâmetros, tradicionalmente mensurados,

como peso e exames bioquímicos, variam muito com a gravidade da doença

hepática, independente do estado nutricional (21). Não existe distinção clara

entre as alterações laboratoriais decorrentes da desnutrição daquelas

consequentes aos estadios mais avançados da doença hepática crônica (43).

Até o momento não existe um padrão-ouro definido para a avalição

nutricional no paciente cirrótico. Recentemente foi publicado estudo realizado

em nosso meio mostrando que a avaliação com bioimpedância apresenta

correlação com o índice CTP (20). Entretanto, estudos que avaliem alterações

nutricionais bioquímicas em pacientes cirróticos são escassos (39).

O IMC foi classificado como sobrepeso em ambos os grupos, podendo

estar relacionado com a presença de ascite, reforçando sua limitação como

método de avaliação nutricional para esta população.

No presente estudo, 08 (25,8%) pacientes do grupo CHC e 06 (12,5%)

pacientes do grupo CI tinham ascite, observada apenas naqueles CTP-B ou C,

Page 71: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

60

sem diferença estatisticamente entre os grupos, e, portanto, sem interferir nos

resultados de forma tendenciosa.

Dentre os pacientes avaliados na presente casuística, houve

predominância de CTP - A em ambos os grupos. Este achado provavelmente

deveu-se ao fato da coleta ter sido realizada em nível ambulatorial, onde são

atendidos pacientes mais estáveis clinicamente. O fato de o grupo CHC ser

composto por pacientes mais jovens está de acordo com a literatura, que

referência a idade média dos pacientes que desenvolvem CHC como sendo de

54,7 anos, bem como a predominância de pacientes masculinos em ambos os

grupos (25).

Em relação ao metabolismo dos carboidratos, estudos têm demonstrado

que pacientes cirróticos apresentam índices mais elevados de resistência a

insulina e DM do que não cirróticos, bem como maior risco de desenvolvimento

de CHC. Os mecanismos que podem relacionar DM com a carcinogênese na

infecção crônica pelo VHC permanecem desconhecidos (33,49,74). O presente

estudo corrobora estes resultados, pois mais da metade dos pacientes em

ambos os grupos avaliados apresentou elevação dos níveis de glicose.

A resistência insulínica nos tecidos periféricos (tecido muscular e

adiposo) desenvolve um papel central no metabolismo dos carboidratos. Pode

haver redução na captação de insulina devido ao dano hepatocelular e aos

shunts portossistêmicos, resultando em hiperinsulinemia (31). A etiologia da

cirrose é crucial no desenvolvimento do DM, pois fatores genéticos e

ambientais como VHC, álcool e o acúmulo de ferro prejudicam a atividade

secretora das células β do pâncreas (15).

Page 72: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

61

Tem sido observada correlação entre o escore de CTP em pacientes

com cirrose e a redução dos níveis séricos de lipídios, sendo sugerido que este

parâmetro possa ser utilizado para estimar o prognóstico dos pacientes com

cirrose (24).

Portadores de neoplasias malignas demonstram elevações nos níveis

séricos de triglicerídeos, glicerol e ácidos graxos livres à medida que perdem

tecido adiposo, caracterizando estado de lipólise e redução de síntese

periférica de lipídios (70). O desenvolvimento de CHC também está relacionado

à redução nos níveis séricos de triglicerídeos e colesterol total, havendo

correlação negativa entre o tamanho do tumor e os níveis de triglicerídeos (35).

Alguns autores observaram redução nos níveis séricos de colesterol total

ou HDL nos pacientes cirróticos (14,27,63) e naqueles com CHC (24,41). Da mesma

forma, níveis elevados de triglicerídeos nesta população de pacientes têm sido

relatados (3,70). No presente estudo, os níveis de colesterol total apresentaram

correlação negativa com a classificação CTP no grupo CI, estando o colesterol

HDL diminuído no grupo CHC. Os níveis séricos de triglicerídeos estavam

dentro da normalidade na maioria dos pacientes nos dois grupos, mesmo

assim apresentando valores médios mais baixos no grupo CI.

Resultados discordantes, mostrando redução nos níveis de triglicerídeos

e colesterol total nos pacientes com CHC, também têm sido descritos (2,35,74).

Disparidades raciais e discrepâncias na dieta são possíveis causas para a

diferença no metabolismo dos lipídios entre os estudos citados.

Alguns estudos avaliaram a importância prognóstica dos lipídios em

pacientes cirróticos, observando níveis séricos menores relacionados com

doença hepática mais avançada e maiores índices de mortalidade (27,63).

Page 73: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

62

Considerando que importantes vias do metabolismo proteico ocorrem no

fígado e que a desnutrição proteicoenergética (DPE) é altamente prevalente

nos pacientes cirróticos, alguns autores sugerem que a DPE levaria a

deterioração mais rápida da função hepática, formando um ciclo vicioso, onde a

desnutrição agrava a doença e esta, o estado nutricional (47,60).

No que tange à análise do metabolismo proteico, alguns autores relatam

correlação negativa entre os níveis de albumina e o escore CTP, índices de

morbidade e mortalidade (40,43,50,55,72), enquanto outros demonstraram que

pacientes classificados como CTP - A apresentaram níveis de albumina dentro

da faixa de referência de normalidade (43). Aumento dos níveis séricos de ácido

úrico nos pacientes com maior classificação TNM (Classification of Malignant

Tumours) (65) tem sido observado, além de correlação positiva com mortalidade

nos pacientes cirróticos (1,12,42). O presente estudo corrobora os achados da

literatura, sendo observada correlação negativa entre albumina e classificação

CTP em ambos os grupos, creatinina e CTP no grupo CI e correlação positiva

entre ácido úrico e classificação BCLC.

Apesar da limitação decorrente da meia vida prolongada, interferindo na

detecção de alterações agudas do estado nutricional, e de sofrer alterações por

diversas outras razões não nutricionais (18,40), os níveis séricos de albumina são

fortemente relacionados com aumento na morbidade (aumento no tempo de

internação, cicatrização deficiente) e da mortalidade em cirróticos (40). Este

marcador é utilizado na composição do escore CTP em pacientes com cirrose

para determinar a gravidade da doença. Além disso, níveis séricos de albumina

e creatinina são afetados pela disfunção hepática e, portanto, menos

apropriados para serem marcadores independentes do estado nutricional (69).

Page 74: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

63

Desta forma, a correlação entre o critério de CTP com os níveis de albumina e

creatinina já era esperada e tem pouca relevância na avaliação nutricional em

cirróticos.

As alterações digestivas e absortivas relacionadas à doença hepática

como a redução na síntese de ácido biliar, colestase e hipertensão portal

podem influenciar na digestão e absorção de nutrientes (62), resultando em

deficiências de vitaminas e minerais (37).

Diversos estudos encontram diferentes resultados nos níveis séricos dos

micronutrientes.

Alguns autores (23,54,57,67,68) afirmam haver aumento dos níveis de

saturação da transferrina, ferro e ferritina séricos correlacionados positivamente

com presença de VHC, cirrose e CHC, principalmente nos estadios mais

avançados das doenças citadas. Entretanto, outros não observaram alteração

dos níveis de ferro (6) ou referem redução em pacientes cirróticos e naqueles

com CHC (8,41). Hematócrito e hemoglobina também podem correlacionar-se

negativamente com a classificação CTP (72). Redução nos níveis séricos de

zinco tem sido relatada na presença de VHC, cirrose e CHC, principalmente

nos pacientes mais graves (32,41,45,56,53).

Correlação entre aumento na dosagem sérica de ferro e ferritina e

alterações nos marcadores de função hepática, foi descrita previamente (67). O

presente estudo demonstrou elevação dos níveis séricos ou correlação positiva

com CTP ou BCLC na saturação da transferrina (em CI), ferro (em CI e CHC) e

ferritina (em CHC), estando de acordo com o observado na literatura

(23,54,57,67,68).

Page 75: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

64

Uma possível explicação seria o fato da absorção de ferro através dos

receptores de transferrina ser maior no carcinoma hepatocelular do que em

fígado normal, podendo ser considerada a transferrina um marcador da

presença de CHC (54).

Grande parte dos parâmetros laboratoriais é afetada pela gravidade da

doença hepática e também pelos fatores etiológicos da doença; desta forma,

correlacionam-se mais com a gravidade da doença do que com a desnutrição

propriamente dita (39). Em busca de melhor equacionar este problema, um

estudo realizado no Brasil sugeriu a utilização de parâmetros de avaliação

nutricional que independam do metabolismo hepático, tais como a

determinação da hemoglobina e do hematócrito associada às medidas

antropométricas, como a circunferência do braço e a prega cutânea sub-

escapular (43), as quais não são alteradas por sinais clínicos da doença como

ascite e edema de membros inferiores. Apesar da hemoglobina e do

hematócrito serem independentes do metabolismo hepático, podem estar

alterados nos casos de hipertensão portal grave acompanhados de

esplenomegalia e hiperesplenismo, bem como na presença de hemorragia

digestiva (59).

Estudo realizado em 2010 encontrou correlação inversa entre

hemoglobina e hematócrito com a gravidade da cirrose avaliada pelo escore

CTP (72). Na presente casuística observou-se diminuição dos níveis séricos ou

correlação negativa com CTP e BCLC nos valores de hematócrito,

hemoglobina em pacientes com CI e CHC.

Alguns autores observaram redução significativa dos níveis de zinco em

pacientes com hepatite crônica, cirrose e carcinoma hepatocelular (41, 56, 53),

Page 76: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

65

sugerindo que seja utilizado como biomarcador de prognóstico de CHC (32).

Entretanto apenas em deficiências nutricionais graves é que há redução

significativa dos níveis plasmáticos desse mineral (28).

Um estudo sugere que a suplementação de zinco em pacientes

cirróticos com baixos níveis de zinco plasmático, podem diminuir a incidência

cumulativa de CHC e melhorar o desfecho a longo prazo (45). Os dados obtidos

na presente casuística quando analisado o zinco sérico corroboram a literatura.

Estudos sugerem que a vitamina B12 exerce efeito hepatoprotetor nos

pacientes cirróticos (34) e que a dosagem dos níveis séricos pode ser utilizada

como marcador prognóstico no acompanhamento de pacientes com CHC com

níveis normais de alfa feto proteína (36). Lin et al. (41) encontraram correlação

positiva entre elevação nos níveis de vitamina B12 e classificação TNM.

Enquanto em outro estudo, Lin et al. (42) referem redução dos níveis de vitamina

B12 nos pacientes com CHC. Confirmando os achados contraditórios da

literatura, o presente estudo observou correlação positiva estatisticamente

significativa entre maior pontuação na classificação CTP no grupo CI e

aumento dos níveis de vitamina B12.

Alguns autores sugerem que outros parâmetros bioquímicos como

cálcio, cobre, magnésio, folato, vitamina K, antioxidantes, podem ser utilizados

na avaliação conjunta do estado nutricional e metabólico (5,6,17,19,32,42,48).

Entretanto, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas

entre os grupos nos demais parâmetros bioquímicos (cobre, magnésio e ácido

fólico) avaliados no presente estudo. Uma possível justificativa para este fato é

que no grupo CI a população estudada era mais velha; apesar do câncer ser

Page 77: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

66

um fator de desnutrição, a idade mais avançada também é um potencial fator

de risco para desnutrição, podendo afetar os resultados negativamente.

Considerando a existência de alterações no metabolismo dos macro e

micronutrientes nos pacientes cirróticos com e sem CHC e sua relação com o

prognóstico das doenças, e que os métodos de avaliação nutricional

apresentam limitações para esta população, os exames laboratoriais são

válidos para complementar o diagnóstico do estado nutricional de maneira

rápida e prática, além de contribuírem para o acompanhamento do

desenvolvimento da cirrose e CHC.

Page 78: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

67

REFERÊNCIAS

1. Afzali A, Weiss NS, Boyko EJ, Ioannou GN. Association Between Serum

Uric Acid Level and Chronic Liver Disease in the United States.

Hepatology. 2010; 52:578-89.

2. Ahneku JE, Taylor GO, Olubuyde IO, Agbedana EO. Abnormal lipid and

lipoprotein patterns in liver cirrhosis with and without hepatocellular

carcinoma. J Pak Med Assoc. 1992;42:260-3.

3. Alsabti EA. Serum lipids in hepatoma. Oncology. 1979; 36:11-4.

4. American Diabetes Association (ADA). Blood Glucose Level. Disponível

em: http//:www.diabetes.org

5. Bae HM, Lee JH, Yoon JH, Kim YJ, Heo DS, Lee HS. Protein induced by

vitamin k absence or antagonist-ii production is a strong predictive

marker for extrahepatic metastases in early hepatocellular carcinoma: a

prospective Evaluation. BMC Cancer. 2011; 435:1-11.

6. Boige V, Castera L, de Roux N, Ganne-Carrie N, Ducot B, Pelletier G,

Beaugrand M, Buffet C. Lack of association between HFE gene

mutations and hepatocellular carcinoma in patients with cirrhosis. Gut

2003;52:1178-81.

7. Bruix J, Sherman M. Management of hepatocellular carcinoma: an up to

date. Hepatology 2011; 53:1020-2.

8. Buyukasik NS, Nadir I, Akin FE, Cakal B, Kav T, Ersoy O, Buyukafiik Y.

Serum iron parameters in cirrhosis and chronic hepatitis: Detailed

description. Turk J Gastroenterol. 2011; 22: 606-11.

9. Cabré E, Gassul MA. Nutritional aspects of liver disease and

transplantation Curr Opin Clin Nutr Metab Care 2001; 4: 581-99.

Page 79: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

68

10. Cabré E, Gassull MA. Nutritional and metabolic issues in cirrhosis and

liver transplantation. Curr Opin Clin Nutr Metab Care 2000; 3:345-54.

11. Carlson MS. Acute wound failure. Surgical Clinical North American.

1997; 77: 607-636.

12. Castaldo G, Oriani G, Lofrano MM, Cimino L, Topa M, Budilon G,

Salvatore F, Sacchetti L. Differential diagnosis between hepatocellular

carcinoma and cirrhosis through a discriminant function based on results

for serum analytes. Clin Chem. 1996;42:1263-9.

13. Charlton MR. Protein metabolism and liver disease. Baillieres Clin

Endocrinol Metab 1996;10:617-35.

14. Cicognani C, Malavolti M, Morselli-Labate AM, Zamboni L, Sama C,

Babara L. Serum lipid and lipoprotein patterns in patients with liver

cirrhosis and chronic active hepatitis. Arch Intern Med. 1997;157:792-6.

15. Compean-Garcia D, Jaquez-Quintana JO, Gonzales-Gonzales JA,

Maldonado Garza H. Liver cirrhosis and diabete: risk factors,

pathophisiology, clinical implications and management. World J

Gastroenterol. 2009;15:280-8.

16. Crawford DH, Shepherd RW, Halliday JW, Cooksley GW, Golding SD,

Cheng WS, Powell LW. Body composition in nonalcoholic cirrhosis: the

effect of disease etiology and severity on nutritional compartments.

Gastroenterology 1994; 106:1611-7.

17. Denisova NA, Booth SL. Vitamin K and sphingolipid metabolism:

evidence to date, Nutr Rev 2005; 63:11121.

18. Detsky AS, McLaughlin JR, Baker JP, Johnston N, Whittaker S,

Mendelson RA, Jeejeebhoy KN. What is subjective global assessment of

nutritional status? J Parenter Enteral Nutr 1987;11:8-13.

Page 80: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

69

19. Donaghy A. Issues of malnutrition and bone disease in patients with

cirrhosis. Gatroenterol Hepatol 2002;17:462-6.

20. Fernandes AS, Bassani L, Nunes FF, Aydos MED, Alves AV, Marroni

CA. Nutritional assessment in patients with cirrhosis. Arq Gastroenterol.

2012; 49:19-27.

21. Figueiredo FA, Dickson ER, Tousif P, et al. Impact of nutritional status on

outcome after liver transplantation. Transplantation. 2000;70:1347-52.

22. Fleming KA, McGee J. Alcohol induced liver disease. Journal of Clinical

Pathology 1984; 37:721-33.

23. Franchini M, Targher G, Capra F, Montagnana M, Lippi G. The effect of

iron depletion on chronic hepatitis C virus infection. Hepatol

Int. 2008;2:335–40.

24. Ghadir RM, Riahin AA, Havaspour A, Nooranipour M, Habibineiad AA.

The Relationship between Lipid Profile and Severity of Liver Damage in

Cirrhotic Patients. Hepat Mon. 2010;10: 285-8.

25. Gonçalves CS, Pereira FEL, Gayotto LCC. Hepatocellular carcinoma in

Brazil: report of a national survey (Florianopolis, SC, 1995). Rev Inst Med

Trop S Paulo 1997;39:165-70.

26. Gunsar F, Riamondo ML, Jones S, et al. Nutritional status and prognosis

in cirrhotic patients. Aliment Pharmacol Ther. 2006;24:563-72.

27. Habib A, Mihas AA, Abou-Assi SG, Williams LM, Gavis E, Pandak WM,

Heuman DM. High-density lipoprotein cholesterol as an indicator of liver

function and prognosis in noncholestatic cirrhotics. Clin Gastroenterol

Hepatol 2005; 3:286-91.

Page 81: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

70

28. Hambige M. Biomarkers of Trace Mineral Intake and Status. J Nutr

2003;133:948-55.

29. Hehir DJ, Jenkins RL, Bistrian BR, Blackburn GL. Nutrition in patients

undergoing orthotopic liver transplant. J Parenter Enteral Nutr 1985;

9:695-700.

30. Herselman MG, Labadarios D, Rensburg CJV, Haffejee AA. Nutrição nas

doenças do fígado. In: Gibney MJ, Elia, M, Ljungqvist O, Dowsett J,

editores. Nutrição clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2007. p.

150-76.

31. Hickman IJ, Macdonald GA. Impact of diabete on the severity of liver

disease. Am J Med. 2007;120:829-34.

32. Huang Y, Li LZ, Zhang CZY, Yi C, Liu LL, Zhou X, Xie GB, Cai MY, Li Y,

Yun JP. Decreased expression of zinc-alpha2-glycoprotein in

hepatocellular carcinoma associates with poor prognosis. Journal of

Translational Medicine. 2012; 10:106-21.

33. Hung CH, Wang JH, Hu TH, Chen CH, Chang KC, Yen YH, Kuo YH,

Tsai MC, Lu SN, Lee CM. Insulin resistance is associated with

hepatocellular carcinoma in chronic hepatitis C infection. World J

Gastroenterol. 2010; 16:2265-71.

34. Isoda K, Kagaya N, Akamatsu S, Hayashi S, Tamesada M, Watanabe A,

Kobayashi M, TagawaYI, Kondoh M, Kawase M, Yagi K.

Hepatoprotective Effect Of Vitamin B12 On Dimethylnitrosamine-Induced

Liver Injury. Biol Pharm Bull.2008; 31:309-11.

35. Jiang M, Liu F, Xiong WJ, Zhong L, Xu W, Xu F, Liu YB. Combined

MELD and blood lipid level in evaluating the prognosis of

decompensated cirrhosis. World J Gastroenterology. 2010;16:1397-

1401.

Page 82: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

71

36. Kane SP, Murray-lyon M, Paradinas J, Johnson J, Williams R, Orr H,

Kohn J. Vitamin b12 binding protein as a tumour marker for

hepatocellular carcinoma. Gut. 1978;19:1105-9.

37. Kondrup J. Nutrition in end stage liver disease. Best Pract Res Clin

Gastroenterol.2006;20:547-60.

38. Lautz HU, Selberg O, Korber J, Bürger M, Müller MJ. Protein-calorie

malnutrition in liver cirrhosis. Clin Invest 1992; 70:478-86.

39. Leitão AVA, Castro CLN, Basile TM, Souza THS, Braulio VB. Avaliação

da capacidade física e do estado nutricional em candidatos ao

transplante hepático. Rev Assoc Med Bras. 2003;49:424-8.

40. Lieber CS. Nutrição nos distúrbios hepáticos. In: Shils ME, Olson JÁ,

Shike M, Ross AK. Tratado de Nutrição Moderna na saúde e na doença.

São Paulo: Manole; 2003. p.1257-69.

41. Lin CC, Huang JF, Tsai LY, Huang YL. Selenium, Iron, Copper, and Zinc

Levels and Copper-to-Zinc Rations in Serum of Patients at Different

Stages of Viral Hepatic Diseases. Biological Trace Element Research.

2006;109:15-24.

42. Lin CC, Yin MC. B Vitamins Deficiency and Decreased anti-oxidative

state in Patients in Liver Cancer. Europe Journal of Nutrition.

2007;46:293-9.

43. Maio R, Dichi JB, Burini RC. Sensibility of anthropometric-laboratory

markers of protein-energy malnutrition in cirrhotic patients. Arq

Gastroenterol 2004;41:93-9.

44. Marsano L, McClain CL. Nutrition and alcoholic liver disease. Journal

Parenteral Enteral Nutrition 1991;15:337-44.

Page 83: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

72

45. Matsuoka S, Matsumura H, Nakamura H, Oshiro S, Arakawa Y, Hayashi

J, Sekine N, Nirei K, Yamagami H, Ogawa M, Nakajima N, Amaki S,

Tanaka N, Moriyama M. Zinc Supplementation Improves the Outcome of

Chronic Hepatitis C and Liver Cirrhosis. J Clin Biochem Nutr. 2003;45:

292–303.

46. Mattos AA, Coral GP, Menti E, Valiatti F, Kramer C. Infecção bacteriana

no paciente cirrótico. Arq Gastroenterol. 2003;40:11-15.

47. McCullough AJ. Malnutrition in liver disease. Liver Transpl. 2000;6: 85-

96.

48. McNulty H, Pentieva K. Folate bioavailablity. Proc Nutr Soc 2004;

63:529-36.

49. Menezes MO, Tovo CV, Mattos AA. Associação entre a hepatite crônica

pelo vírus da hepatite C (VHC) e diabete melito em pacientes

monoinfectados pelo VHC e co-infectados com o vírus da

imunodeficiência humana. Revista da AMRIGS. 2008;52:17-23.

50. Merli M, Romiti A, Riggio O, Capocaccia L. optimal nutritional indexes in

chronic liver disease. J Parenter Enteral Nutr. 1987; 11:130-4.

51. Morgan AG, Kelleher J, Walker BE. Nutrition in cryptogenic cirrhosis and

chronic aggressive hepatitis. Gut. 1976;17:113-8.

52. Muñoz SJ. Nutritional therapies in liver disease. Seminars Liver Disease

1991;11:278-91

53. Nazari MA, Malayeri SH, Pourhoseingholi MA, Mohebi SR, Zali MR.

Evaluation of Zinc Plasma Level in Iranian Cirrhotic Patients due to

Hepatitis B and Hepatitis C. Hepatitis Monthly. 2010;10: 62-4.

Page 84: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

73

54. Pascale RM, De Miglio MR, Muroni MR, Simile MM, Daino L, Seddaiu

MA, Pusceddu S, Gaspa L, Calvisi D, Manenti G, Feo F. Transferrin and

Transferrin Receptor Gene Expression and Iron Uptake in Hepatocellular

Carcinoma in the Rat. Hepatology.1998;27:452-61.

55. Piquet MA, Ollivier I, Gloro R, Castel H, Tiengou LE, Dao T. Nutritional

indices in cirrhotic patients. Nutrition 2006; 22:216-7.

56. Pramoolsinsap C, Promvanit N, Komindr S, Lerdverasirikul P, Srianujata

S. Serum trace metals in chronic viral hepatitis and hepatocellular

carcinoma in Thailand. J Gastroenterol. 1994;29:610-5.

57. Price L, Kowdley K. The role of iron in the pathophysiology and treatment

of chronic hepatitis C. Can J Gastroenterology. 2009; 23:822-28.

58. Pugh RNH, Murray-Lyon IM, Dawson JL, Pietroni MV, Williams R.

Transection of the oesophagus for bleeding oesophageal varices. Br J

Surg 1973;60:646-9.

59. Ritter L, Gazzola J. Avaliação nutricional no paciente cirrótico: uma

abordagem objetiva, subjetiva ou multicompartimental? Arq

Gastroenterol. 2006;43:66-70.

60. Roongpisunthinpong C, Sobhonslidsuk A, Nantiruj K, Songchitsomboon

S. Nutritional assessment in various stages of liver cirrhosis. Nutrition.

2001;17: 761-5.

61. Rosa H, Silvério AO, Perini RF, Arruda CB. Bacterial infection in cirrhotic

patients and its relationship with alcohol. Gastroenterology.

2000;95:1290-3.

62. Sam J, Nguyen GC. Protein-calorie malnutrition as a prognostic indicator

of mortality among patients hospitalized with cirrhosis and portal

hypertension. Liver International. 2009;29:1396-1402.

Page 85: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

74

63. Selcuk H, Uruc I, Temel MA, Ocal S, Huddam B, Korkmaz M, Unal H,

Kanbay M, Savas N, Gur G, Yilmaz U, Haberal M. Factors prognostic of

survival in patients awaiting liver transplantation for end-stage liver

disease. Dig Dis Sci. 2007;52:3217-23.

64. Siriboonkoom W, Gramlich L. Nutrition and chronic liver disease. Can J

Gastroenterol 1998; 12:201-7.

65. Sobin LH, Wittekind C. TNM Classification of Malignant Tumours. New

Jersey: John Wiley & Sons; 2002.

66. Stickel F, Inderbitzin D, Condinas D. Role of nutrition in liver

transplantation for endstage chronic liver disease. Nutrition in Clinical

Care. 2008;66:47-54.

67. Tajika M, Kato M, Mohri H, Miwa Y, Kato T, Ohnishi H, Moriwaki H.

Prognostic value of energy metabolism in patients with viral liver

cirrhosis. Nutrition. 2002;18:229-34.

68. Tan MGK, Kumarasinghe MP, Wang SM, Lucien LPJ, Aw SE, Hui KM.

Modulation of iron-regulatory genes in human hepatocellular carcinoma

and its physiological consequences. Exp. Biol Med. 2009;234:693-702.

69. Tandon P, Gramlich L, Lipman TO, Bonis PAL. Nutritional assessment in

chronic liver disease. Up ToDate, 2010.

70. Tisdale MJ. Cancer anorexia and cachexia. Nutrition 2001;17:438-42.

71. Voltarelli JC, Falcão RP. Imunodeficiências Secundárias. Ribeirão Preto:

Medicina;1995.

Page 86: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

75

72. Vulcano, DSB. Avaliação dos indicadores nutricionais em hepatopatas

crônicos e a relação com a etiologia e gravidade da doença.

[Dissertação de mestrado]. Botucatu: Faculdade de Medicina de

Botucatu, Universidade Estadual Paulista; 2010.

73. World Health Organization (WHO). Physical status: the use and

interpretation of anthropometry. Geneva. WHO, 1995 (WHO – technical

report series 854).

74. Zhao J, Zhao Y, Wang H, Gu X, Ji J, Gao C. Association between

metabolic abnormalities and HBV related hepatocellular carcinoma in

Chinese: A cross-sectional study. Nutrition Journal. 2011;10:1-8.

Page 87: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

76

6 ARTIGO CIENTÍFICO - VERSÃO EM INGLÊS

Biochemical Nutritional Assessment of Liver Cirrhosis Patients

with Hepatocellular Carcinoma

Gabriela Zanatta Port, Kalinca Oliveira, Jonathan Soldera, Cristiane Valle Tovo

Post-Graduation Course – Hepatology, Universidade Federal de Ciências da

Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)

Elaborated following the publication rules of the journal intitled Arquivos de

Gastroenterologia

Correspondence Address: Gabriela Zanatta Port

Rua Professor Freitas Cabral, 370, 1003

Bairro Jardim Bortânico

Porto Alegre - RS

CEP 90690-130

email: [email protected]

Page 88: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

77

ABSTRACT

Context – Liver cirrhosis patients (CI) with hepatocellular carcinoma (HCC)

present nutritional alterations and metabolic disorders, with negative impact on

the prognosis. Objective – observing the presence of alterations in the

metabolism of macro and micronutrients among liver cirrhosis patients with and

without HCC and their relation with the Child-Turcote-Pugh (CTP) score and

Barcelona Clinic Liver Cancer (BCLC) staging. Methods – analytical transversal

study in which 31 patients from group HCC and 48 patients from group CI were

assessed. The following laboratorial exams were carried out: glucose, total

cholesterol, HDL cholesterol, triglycerides, albumin, creatinine, uric acid,

transferrin saturation, iron, ferritin, hematocrit, hemoglobin, copper, zinc,

magnesium, vitamin B12, folic acid. The existence of an association between

the biochemical parameters and the disease severity, as well as the presence

of HCC, was assessed. Results – The metabolic-nutritional profile of patients

with liver cirrhosis caused by the hepatitis C virus and hepatocellular carcinoma

is altered, specifically the lipid (total cholesterol, HDL and triglycerides), protein

(albumin, creatinine and uric acid), iron (transferrin, iron and ferritin saturation),

hematocrit and hemoglobin, zinc and vitamin B12 profiles. The HCC diagnosis

was related to the worst results of HDL cholesterol, hematocrit and increase in

the serum levels of iron and ferritin. There is a relation between nutritional

biochemical markers and the CTP classification, as well as BCLC staging.

Conclusions – Considering the existence of alterations in the metabolism of

macro and micronutrients in liver cirrhosis patients with and without HCC and

their relation with the diseases prognosis, and also that conventional nutritional

assessment methods present limitations for this population, the biochemical

laboratorial exams are valid to complement the diagnosis of the nutritional state

in a quick and practical way.

DESCRIPTORS: Liver cirrhosis. Hepatocellular Carcinoma. Malnutrition.

Nutritional Assessment.

Page 89: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

78

INTRODUCTION

The liver is responsible for essential functions in nutrient digestion,

absorption, metabolism, storage, transportation and activation. Its main

functions include: macro and micronutrients metabolism, plasmatic proteins

synthesis, bile formation and excretion, ammonia conversion into urea, steroids

metabolization, and sodium and water homeostasis (30,40).

In liver cirrhosis patients, the distortions of hepatic parenchyma

architecture result in the progressive loss of the hepatic form and function,

compromising, in variable degrees, the nutritional state and body homeostasis

of this population (22).

Protein-energy malnutrition has been described in 60 to 100% of patients

with decompensated cirrhosis, and in at least 20% of patients with

compensated cirrhosis (16,29). Patients with cancer present increase in energy

expenditure, malnutrition, weight loss and cachexy, and patients with

hepatocellular carcinoma (HCC) have higher risk of malnutrition (9,13,44,52).

The pathogeneses of malnutrition in cirrhosis is multifactorial, having as

main contributive factors improper nutrient intake, digestive, absorptive and

metabolic alterations (69).

Provided that malnutrition has an important role in hepatic injury

pathogeneses and leads to a negative impact on the prognosis (10,19,38,64), this

study aimed at observing alterations in the metabolism of macro and

micronutrients among patients with and without HCC and their relation with the

studied diseases prognosis.

Page 90: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

79

Patients

An analytical transversal study was performed. The study population

consisted of two groups: one composed by liver cirrhosis patients without HCC,

whose etiology is the hepatitis C virus (HCV) (Group 1 – CI); and a group of

liver cirrhosis patients with HCV etiology and hepatocellular carcinoma (Group 2

– HCC), who attended the Hepatology ambulatory of Santa Casa de Porto

Alegre Hospital Complex, Rio Grande do Sul, Brazil.

Inclusion criteria: The patients population was included consecutively,

considering the patients over 18 years of age.

Group 1 – CI: Composed by patients infected by the hepatitis C virus and

cirrhosis.

Group 2 – HCC: Patients infected by the hepatitis C virus with cirrhosis

and hepatocellular carcinoma.

Exclusion criteria: Patients with diabetes mellitus diagnosed through the

criteria established by the American Diabetes Association (ADA), active

alcoholics, persons with cirrhosis caused by other routes than HCV and co-

infected with the human immunodeficiency virus; patients could not have had

digestive hemorrhage in the last 6 months prior to the inclusion in the study.

Page 91: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

80

Methods

The patients were interviewed and assessed individually through a form

which the information on the patient’s identification, age, gender, group

classification (CI or HCC) were obtained.

The body mass index (BMI) was calculated according to the formula

weight/height² (73).

Ascites was diagnosed by physical examination or image exam

(ultrasound).

The following laboratorial exams were performed: glucose, total

cholesterol, HDL cholesterol, triglycerides, total proteins, albumin, creatinine,

uric acid, transferrin saturation, iron, ferritin, hematocrit, hemoglobin, copper,

zinc, magnesium, vitamin B12, and folic acid. All exams were collected after the

inclusion in the study and were carried out in accordance with the routine

procedures of the central laboratory of Santa Casa de Porto Alegre Hospital

Complex, Rio Grande do Sul, Brazil.

The HCV infection diagnosis was defined by the positive result of the

anti-HCV antibody (ELISA III test) confirmed by the polymerase chain reaction

technique (PCR).

Hepatic cirrhosis was diagnosed through clinical and laboratorial

methods, image and histopathological exams, when needed. The patients were

classified according to the Child-Turcot Pugh score (CTP) (58).

Hepatocellular carcinoma was established according to the BCLC group

criteria (7).

The project was submitted and approved by the Research Ethics

Committee of Santa Casa de Porto Alegre Hospital Complex, Rio Grande do

Page 92: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

81

Sul, Brazil (approval number 142/010 – protocol 3270/10). The patients were

informed and clarified about the research objectives and the data collection

methods, and signed an Informed Consent Term.

Statistical Analysis

In order to calculate the sample, a pilot study with the first 15 patients of

each group was carried out, and a minimum number of 27 patients in each

group was established. The calculation was made in the PEPI software

(Programs for Epidemiologists), version 4.0.

The data from this work were stored in MS Excel spreadsheet and were

submitted to statistical analysis using the SPSS application (Statistical Package

for Social Sciences), version 18.0.

The quantitative variables are presented as mean and standard deviation

or median and interquartile range. The qualitative variables are described by

absolute and relative frequencies.

Pearson’s chi-square test was used to assess the association between

the qualitative variables. To complement this analysis, the adjusted residual test

was carried out.

Spearman’s correlation coefficient was used to assess the association

between the biochemical parameters and the disease severity.

To compare the means between the groups, t-student’s test for

independent samples was applied. In cases of asymmetry, Mann-Whitney’s test

was used.

Values were considered significant if p≤0.05.

Page 93: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

82

RESULTS

Sample characterization

Sample characterization is presented in Table 1.

Thirty-one patients from group HCC were assessed (average age of 56.0

± 7.6 years; 67.7% male). Most patients from group HCC were classified as

CTP-A (61.3%). In the tumor staging, there was a prevalence of patients with

BCLC A (50.0%).The mean BMI in group CHC was 25.5 kg/m2, classified as

overweight; ascites was present in 08 patients (25.8%).

In group CI, 48 patients were assessed (average age of 60.7% ± 10.8

years; 56.3% male). Most patients were classified as CTP-A (87.2%). The mean

BMI in group CI was 28.4 kg/m2, classified as overweight; ascites was present

in 06 patients (12.5%).

The patients from group CHC were significantly younger (p=0.027).

There was no significant difference between the groups considering the

BMI and presence of ascites.

Page 94: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

83

Table 1 – Sample characterization

Variables Group HCC

(n=31)

Group CI

(n=48)

p-value

Age (years) – Mean ± SD 56.0 ± 7.6 60.7 ± 10.8 0.027

Gender – n(%) 0.432

Male 21 (67.7) 27 (56.3)

Female 10 (32.3) 21 (43.7)

CHILD – n(%) 0.013

A 19 (61.3) 41 (87.2)#

B 09 (29.0) 06 (12.8)

C 03 (9.7)# 0 (0.0)

BCLC – n(%) -

A 15 (50.0) -

B 12 (40.0) -

C 03 (6.7) -

D

BMI (mean ± SD)

Ascites – n(%)

02 (3.3)

25.5±4.3

08 (25.8)

-

28.4±6.5

06 (12.5)

0.235

0.062

#statistically significant association through adjusted residual test at 5% significance

SD = standard deviation; BMI = body mass index

Biochemical nutritional markers analysis: HCC x CI

The following data are described in Tables 2 and 3 and Graphic 1.

Regarding the glucose serum levels, it was observed that 15 (57.7%)

patients from group HCC and 24 (52.2%) patients from group CI presented

values above the limits of normal (Table 2), without statistically significant

difference (p=0.837). No statistically significant difference in the mean values

between the studied groups was found (Table 3).

HDL cholesterol was decreased in 17 (70.8%) patients from group HCC

and in 20 (44.4%) from group CI (p=0.066) (Table 2). The mean serum levels

Page 95: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

84

were significantly lower (p<0.001) in group HCC, rather than group CI (36.2 x

49.7 mg/dL) (Table 3 and Graphic 1).

The triglycerides serum levels were within normality in both groups

(Table 2), although they presented mean values with statistically significant

difference (p=0.003), being lower in group CI (104 x 75 mg/dL) (Table 3 and

Graphic 1).

The iron levels in patients from group HCC were high in 10 patients

(43.5%) and in 8 patients (18.2%) from group CI (p=0.011) (Table 2). The mean

values in groups HCC and CI were, respectively, 136µg/dL and 101µ/dL without

statistically significant difference (p=0.373) (Table 3 and graphic 1).

The ferritin levels were high in 12 patients (52.5%) from group HCC and

in only 06 patients (13.6%) from group CI (p=0.002) (Table 2). There was a

statistically significant difference between the means (mean 351 x 118 ng/mL)

when comparing group HCC and group CI (p=0.009) (Table 3 and Graphic 1).

The hematocrit was below normal in 17 (54.8%) patients from group

HCC and in 16 (33.3%) from group CI (Table 2) without statistically significant

difference. However, the patients from group HCC presented lower mean

hematocrit than patients from group CI (36.2 x 39.2%) (p=0.042) (Table 3 and

Graphic 1).

No statistically significant differences were found between the groups in

the other assessed biochemical parameters.

Page 96: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

85

Table 2 – Biochemical nutritional markers assessment according to

the normality values: comparison between groups HCC x CI

Variables* Group HCC

n (%)

Group CI

n (%)

p-value

Below

ULN

Normal Above

ULN

Below

ULN

Normal Above

ULN

Glucose 0 (0.0) 11 (42.3) 15 (57.7) 0 (0.0) 22 (47.8) 24 (52.2) 0.837

Total cholesterol 0 (0.0) 22 (88.0) 03 (12.0) 0 (0.0) 37 (82.2) 08 (17.8) 0.735

HDL 17 (70.8) 07 (29.2) 0 (0.0) 20 (44.4) 25 (55.6) 0 (0.0) 0.066

Triglycerides 0 (0.0) 23 (92.0) 02 (8.0) 0 (0.0) 41 (91.1) 04 (8.9) 1.000

Total proteins 0 (0.0) 19 (90.5) 02 (9.5) 0 (0.0) 37 (84.1) 07 (15.9) 0.706

Albumin 13 (43.3) 17 (56.7) 0 (0.0) 15 (31.3) 33 (68.8) 0 (0.0) 0.401

Creatinine 0 (0.0) 28 (90.3) 03 (9.7) 0 (0.0) 40 (83.3) 08 (16.7) 0.513

Uric acid 0 (0.0) 16 (66.7) 08 (33.3) 0 (0.0) 36 (81.8) 08 (18.2) 0.268

Transferrin saturation 03 (13.0) 10 (43.5) 10 (43.5) 08 (18.2) 27 (61.4) 09 (20.5) 0.139

Iron # 05 (21.7) 08 (34.8) 10 (43.5) 04 (9.1) 32 (72.7) 08 (18.2) 0.011

Ferritin # 02 (8.7) 09 (39.1) 12 (52.2) 03 (6.8) 35 (79.5) 06 (13.6) 0.002

Hematocrit 17 (54.8) 14 (45.2) 0 (0.0) 16 (33.3) 32 (66.7) 0 (0.0) 0.097

Hemoglobin 12 (38.7) 16 (51.6) 03 (9.7) 11 (22.9) 35 (72.9) 02 (4.2) 0.146

Copper 0 (0.0) 20 (90.9) 02 (9.1) 0 (0.0) 35 (81.4) 08 (18.6) 0.474

Zinc 07 (31.8) 14 (63.6) 01 (4.5) 14 (31.8) 27 (61.4) 03 (6.8) 0.934

Magnesium 0 (0.0) 24 (100) 0 (0.0) 01 (2.2) 44 (97.8) 0 (0.0) 1.000

Vitamin B12 0 (0.0) 17 (73.9) 06 (26.1) 01 (2.3) 36 (81.8) 07 (15.9) 0.485

Folic Acid 0 (0.0) 18 (78.3) 05 (21.7) 0 (0.0) 33 (75.0) 11 (25.0) 1.000

#statistically significant association through adjusted residual test at 5% significance

ULN = upper limit of normal

Page 97: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

86

Table 3 - Biochemical nutritional markers assessment according to the

mean and median values: comparison between groups HCC x CI

Variables* Group HCC Group CI p-value

Glucose 109 (93 – 122) 102 (92 – 131) 0.995

Total cholesterol 144.6 ± 40.1 153.9 ± 45.6 0.398

HDL 36.2 ± 12.8 49.7 ± 14.6 <0.001

Triglycerides 104 (86.5 – 122) 75 (65 – 100) 0.003

Total proteins 7.45 ± 0.68 7.33 ± 0.70 0.515

Albumin 3.50 ± 0.67 3.79 ± 0.60 0.056

Creatinine 1.12 ± 0.43 1.06 ± 0.28 0.457

Uric acid 6.18 ± 1.98 5.38 ± 1.60 0.077

Transferrin saturation 39 (21 – 65) 32.5 (22.3 – 49) 0.468

Iron # 136 (79 – 168) 101 (76 – 144) 0.373

Ferritin # 351 (122 – 593) 118 (68 – 256) 0.009

Hematocrit 36.2 ± 7.0 39.2 ± 4.5 0.042

Hemoglobin 12.5 ± 2.6 13.4 ± 1.6 0.092

Copper 123.7 ± 35.1 132.5 ± 32.1 0.314

Zinc 5.88 ± 0.89 5.93 ± 1.22 0.859

Magnesium 1.96 ± 0.20 1.99 ± 0.22 0.513

Vitamin B12 755 ± 246 702 ± 271 0.432

Folic Acid 13.1 ± 5.7 13.7 ± 4.6 0.667

* described by mean ± standard deviation or median (percentiles 25 – 75)

#statistically significant association through adjusted residual test at 5% significance

Page 98: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

87

Association between biochemical parameters alteration and disease

staging

The following data are described in Table 4 and Graphic 2.

Evaluating the correlation between cirrhosis staging in group HCC and

the biochemical parameters, it was observed that the higher the CTP scoring

was in group HCC, the lower the mean values of albumin (p<0.001), hematocrit

(p=0.006), hemoglobin (p=0.007) and zinc (p=0.023) were.

Analyzing the correlation between HCC staging through BCLC

classification and the biochemical parameters it was observed that only

hematocrit (p=0.004) and hemoglobin (p=0.004) were decreased in patients

with more severe disease by BCLC classification.

Page 99: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

88

Higher uric acid serum levels (p=0.011) were found in patients with more

advanced BCLC.

In the correlation assessment between CTP in group CI and the

biochemical parameters, the total cholesterol (p=0.037), albumin (p=0.002),

creatinine (p=0.003) and zinc levels (p=0.008) presented negative correlation.

Statistically significant positive correlation was found between the highest

score in CTP classification in group CI and increase in transferrin saturation

(p=0.002), iron (p=0.006) and vitamin B12 levels (p=0.016).

Table 4 – Association between the biochemical parameters and disease

severity per studied group

Variables

Group HCC Group CI

CTP

rs (p)

BCLC

rs (p)

CTP

rs (p)

Glucose 0.143 (0.487) 0.136 (0.517) -0.019 (0.901)

Total cholesterol -0.055 (0.795) 0.100 (0.642) -0.316 (0.037) #

HDL -0.279 (0.186) -0.363 (0.089) -0.003 (0.985)

Triglycerides -0.066 (0.754) 0.033 (0.879) -0.166 (0.280)

Total proteins -0.352 (0.117) -0.052 (0.829) -0.258 (0.095)

Albumin -0.617 (<0.001) # -0.310 (0.102) -0.443 (0.002)

#

Creatinine 0.045 (0.808) 0.326 (0.079) -0.430 (0.003) #

Uric acid 0.108 (0.615) 0.520 (0.011) # -0.237 (0.126)

Transferrin saturation 0.142 (0.518) -0.218 (0.331) 0.459 (0.002) #

Iron -0.043 (0.847) -0.284 (0.200) 0.412 (0.006) #

Ferritin 0.182 (0.406) 0.081 (0.719) 0.091 (0.563)

Hematocrit -0.484 (0.006) # -0.507 (0.004)

# -0.256 (0.082)

Hemoglobin -0.472 (0.007) # -0.513 (0.004)

# -0.226 (0.127)

Copper -0.210 (0.349) 0.358 (0.111) -0.118 (0.455)

Zinc -0.483 (0.023) # 0.047 (0.838) -0.398 (0.008)

#

Magnesium 0.012 (0.954) 0.250 (0.249) -0.201 (0.191)

Vitamin B12 0.292 (0.177) -0.092 (0.683) 0.366 (0.016) #

Ácido Fólico -0.219 (0.315) -0.039 (0.863) 0.152 (0.330)

rs=Spearman’s correlation coefficient

Page 100: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

89

TC=total cholesterol; CREAT=creatinin; UA=uric acid; TR SAT=transferrin saturation;

HT=hematocrit; HB=hemoglobin; VIT B12=vitamin B12

DISCUSSION

Malnutrition in liver cirrhosis patients, as well as in the ones with

hepatocellular carcinoma, has a multifactorial origin, and it might be due to

either insufficient food intake, or factors related to deficient digestion and

intestinal absorption. It might also be associated to protein-losing enteropathies,

metabolic disorders and constant restrictive dietetic approaches to which these

patients are submitted.

Metabolic disorders, such as alterations in the metabolism of

carbohydrates (insulin resistance); proteins, due to increased needing and

decreased absorption with reduction in hepatic synthesis; and fat, by lipolysis

increase and lipid oxidation (62,66), as well as hypermetabolism, which occurs in

Page 101: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

90

16 to 34% of patients with chronic hepatic disease (59,62), can favor malnutrition

development.

For many years, malnutrition has been related to worse clinical evolution

and higher incidence of complications in liver cirrhosis patients such as ascites,

hepatic encephalopathy and infections, hepatorenal syndrome and diabetes

mellitus (50,51). It is considered a risk factor for short- and long-term morbidity

and mortality (13,26,46,61,62,71), in pre and post transplant and abdominal surgeries

(11,26).

On the other hand, nutritional assessment in this population is hard,

given that the assessment methods can be masked by water retention, edema

and ascites. Many traditionally measured parameters, such as weight and

biochemical exams, constantly vary according to the hepatic disease severity,

regardless of the nutritional state (21). There is no clear distinction between the

laboratorial alterations caused by malnutrition and the ones found in more

advanced stages of chronic hepatic disease (43).

So far, there is no defined golden-standard for nutritional assessment in

liver cirrhosis patients. A recently national study showed that the assessment

with bioimpedance presents correlation with the CTP score (20). However, there

are still few studies that assess biochemical nutritional alterations in liver

cirrhosis patients (39).

The BMI was classified as overweight in both groups, reinforcing its

limitation ato evaluate nutritional aspects in this population. In this study, few

patients presented ascites (similar proportion in both groups), therefore not

interfering the results tendentiously.

Page 102: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

91

Among the patients assessed in this casuistry, there was a

predominance of CTP – A in both groups. This finding was probably due to the

fact that the collection was carried out in an ambulatory, where more clinically

stable patients are treated. The fact that group HCC is composed by younger

patients is pursuant to the literature, which presents the mean age of 54.7 years

for patients who develop HCC, as well as the predominance of male patients in

both groups (25).

Regarding carbohydrate metabolism, studies have shown that liver

cirrhosis patients present higher insulin and diabetes mellitus resistance than

those without the disease, as well as higher risk of developing HCC. The

mechanisms that might relate diabetes mellitus with carcinogenesis in chronic

infection by HCV are still unknown (33,49,74). The present study corroborates such

results, since more than half of the patients in both assessed groups presented

increase in the glucose levels.

Insulin resistance in the peripheral tissues (muscular and adipose tissue)

develops an important role in carbohydrate metabolism. There can be a

reduction in the capteure of insulin due to hepatocellular damage and

portosystemic shunts, leading to hyperinsulinemia (31). Cirrhosis etiology is

crucial in diabetes mellitus development, once genetic and environmental

factors such as HCV, alcohol an iron accumulation harm the secreting activity of

β pancreas cells (15).

Correlation between the CTP score in liver cirrhosis patients and lipid

serum levels has been observed, suggesting that this parameter can be used to

estimate the prognosis of liver cirrhosis patients (24).

Page 103: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

92

Malignant neoplasia carriers present increased triglycerides, glycerol and

free fatty acids serum levels as they loose adipose tissue, characterizing a state

of lipolysis and lipid peripheral synthesis reduction (70). HCC development is

also related to the reduction in triglycerides and total cholesterol serum levels

decrease, with negative correlation between the size of the tumor and the

triglycerides levels (35).

Some authors have observed reductions in the total cholesterol or HDL

serum levels in liver cirrhosis patients (14,27,63) and in the ones with HCC (24,41).

Likewise, increased triglyceride levels in this population have been reported

(3,70). In the present study, the total cholesterol levels presented negative

correlation with the CTP score in group CI, while the HDL cholesterol was

decreased in group HCC. The triglyceride serum levels were within normality in

most patients from both groups, though they presented lower mean values in

group CI.

Different results showing reduction in the triglyceride and total cholesterol

levels in HCC patients have also been described (2,35,74). Racial disparities and

differences in the diet are possible causes for the difference in lipid metabolism

between the cited studies.

Some studies assess the prognostic importance of lipids in liver cirrhosis

patients, observing lower serum levels related to more advanced hepatic

disease and higher mortality rates (27,63).

Provided that important routes of the protein metabolism occur in the liver

and that protein-energy malnutrition (PEM) is highly prevalent in liver cirrhosis

patients, some authors suggest that PEM would lead to faster deterioration of

Page 104: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

93

the hepatic function, creating a vicious circle, in which the malnutrition

aggravates the disease and the disease aggravates the nutritional state (47,60).

Regarding the protein metabolism assessment, some authors report

negative correlation between the albumin levels and CTP score, morbidity and

mortality rates (40,43,50,55,72), while others show that patients classified as CTP–A

presented albumin levels within the reference normality rate (43). Increase in uric

acid serum levels in patients with higher TNM classification (Classification of

Malignant Tumours) (65) has been observed, besides positive correlation with

mortality in liver cirrhosis patients (1,12,42). The present study corroborates the

literature, observing negative correlation between albumin and CTP score in

both groups, creatinine and CTP in group CI, and positive correlation between

the uric acid and BCLC classification.

Despite the limitation resulting from its extended half-life, interfering in

the detection of acute alterations of the nutritional state, and the alterations for

several other non-nutritional reasons (18,40), the albumin serum levels are

strongly related to morbidity increase (increase in the hospitalization period,

deficient wound healing) and mortality in liver cirrhosis patients (40). This marker

is used in the composition of the CTP score in liver cirrhosis patients to

determine the disease severity. Moreover, albumin and creatinine serum levels

are affected by hepatic disorder and, therefore, are less appropriate to be

independent markers of the nutritional state (69). In this way, the correlation

between the CTP score with albumin and creatinine levels was already

expected and has little relevance in the nutritional assessment of liver cirrhosis

patients.

Page 105: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

94

Digestive and absorptive alterations related to hepatic disease, such as

reduction in bile acid synthesis, cholestasis and portal hypertension may

influence nutrients digestion and absorption (62), resulting in vitamin and mineral

deficiencies (37).

Several studies have found different results in micronutrients serum

levels.

Some authors (23,54,57,67,68) affirm that there is increase in serum

transferrin, iron and ferritin saturation levels, positively correlated with the

presence of HCV, cirrhosis and HCC, especially in more advanced stages of

the cited diseases. However, other authors have not observed alteration in the

iron levels (6) or refer reduction in liver cirrhosis patients and the ones with HCC

(8,41). Hematocrit and hemoglobin can also negatively correlate between

themselves with the CTP score (72). Reduction in the zinc serum levels has been

reported in the presence of HCV, cirrhosis and HCC, especially in more severe

patients (32,41,45,53,56).

Correlation between the increase in the serum dosage of iron and ferritin

and alterations in the hepatic function markers has been previously described

(67). The present study showed increase in the serum levels or positive

correlation with CTP or BCLC in transferrin (in CI group), iron (in CI and HCC

group) and ferritin saturation (in HCC group), which is in accordance with the

literature (23,54,57,67,68).

A possible explanation is the fact that the iron absorbance through

transferrin receptors is higher in hepatocellular carcinoma than in a normal liver,

making the transferrin a marker of the presence of HCC (54).

Page 106: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

95

Most laboratorial parameters are affected by the hepatic disease severity

and also by etiological factors of the disease; thus, they correlate higher to the

disease severity than malnutrition itself (39). Seeking for better equating this

problem, a study performed in Brazil suggested the use of nutritional

assessment parameters that are independent from the hepatic metabolism,

such as the hemoglobin and hematocrit determination associated to the

anthropometric measurements, such as spleen circumference and sub-scapular

skinfold (43), which are not altered by clinical signs of the disease such as

ascites and edema of inferior members. Although hemoglobin and hematocrit

are independent from the hepatic metabolism, they can be altered in cases of

severe portal hypertension followed by splenomegaly and hypersplenism, as

well as in the presence of digestive hemorrhage (59).

A study performed in 2010 found inverse correlation between hemoglobin

and hematocrit with cirrhosis severity assessed by the CTP score (72). In the

present study, a decrease in the serum levels or negative correlation with CTP

and BCLC in the hematocrit and hemoglobin values in patients with CI and HCC

was observed.

Some authors observed significant reduction in the zinc levels in patients

with chronic hepatitis, cirrosis and hepatocellular carcinoma (41,53,56), suggesting

that it should be used as a HCC prognosis biomarker (32). However, there is

significant reduction of the plasmatic levels of this mineral only in severe

nutritional deficiencies (28).

It has been suggested that zinc supplementation in liver cirrhosis patients

with low plasmatic zinc levels can decrease the cumulative incidence of HCC

Page 107: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

96

and improve long-term outcome (45). The data found herein regarding serum

zinc corroborate the literature.

Studies suggest that vitamin B12 has a hepatoprotective effect on liver

cirrhosis patients (34) and that the dosage of the serum levels can be used as

prognostic marker for follow-up of HCC patients with regular alpha-fetoprotein

levels (36). Lin et al. 2009 (41) found positive correlation between increase in

vitamin B12 levels and TNM classification; while in another study, Lin et al.,

2007 (42), observed reduction in vitamin B12 levels in HCC patients. Confirming

the contradictory findings of the literature, the present study observed

statistically significant positive correlation between the highest CTP score in

group CI and increase in vitamin B12 levels.

Some authors suggest that other biochemical parameters such as

calcium, copper, magnesium, folate, vitamin K, and antioxidants can be used in

the joint assessment of the nutritional and metabolic state (5,6,17,19,32,42,48).

Nevertheless, statistically significant differences were not found between the

groups in the other biochemical parameters (copper, magnesium and folic acid)

assessed herein. A possible justification for such fact is that, in group CI, the

studied population was older. Even though cancer is a malnutrition factor,

advanced age is also a potential risk factor for malnutrition, with chances of

affecting results negatively.

Considering the existence of alterations in macro and micronutrients

metabolism in liver cirrhosis patients with and without HCC and their relation

with diseases prognosis, and that the nutritional assessment methods present

limitations for this population, the laboratorial exams are valid to complement

Page 108: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

97

the diagnosis of the nutritional state in a quick and practical way, besides

contributing for cirrhosis and HCC development monitoring.

Page 109: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

98

REFERENCES

1. Afzali A, Weiss NS, Boyko EJ, Ioannou GN. Association Between Serum

Uric Acid Level and Chronic Liver Disease in the United States.

Hepatology. 2010; 52:578-89.

2. Ahneku JE, Taylor GO, Olubuyde IO, Agbedana EO. Abnormal lipid and

lipoprotein patterns in liver cirrhosis with and without hepatocellular

carcinoma. J Pak Med Assoc. 1992;42:260-3.

3. Alsabti EA. Serum lipids in hepatoma. Oncology. 1979; 36:11-4.

4. American Diabetes Association (ADA). Blood Glucose Level. Disponível

em: http//:www.diabetes.org

5. Bae HM, Lee JH, Yoon JH, Kim YJ, Heo DS, Lee HS. Protein induced by

vitamin k absence or antagonist-ii production is a strong predictive

marker for extrahepatic metastases in early hepatocellular carcinoma: a

prospective Evaluation. BMC Cancer. 2011; 435:1-11.

6. Boige V, Castera L, de Roux N, Ganne-Carrie N, Ducot B, Pelletier G,

Beaugrand M, Buffet C. Lack of association between HFE gene

mutations and hepatocellular carcinoma in patients with cirrhosis. Gut

2003;52:1178-81.

7. Bruix J, Sherman M. Management of hepatocellular carcinoma: an up to

date. Hepatology 2011; 53:1020-2.

8. Buyukasik NS, Nadir I, Akin FE, Cakal B, Kav T, Ersoy O, Buyukafiik Y.

Serum iron parameters in cirrhosis and chronic hepatitis: Detailed

description. Turk J Gastroenterol. 2011; 22: 606-11.

9. Cabré E, Gassul MA. Nutritional aspects of liver disease and

transplantation Curr Opin Clin Nutr Metab Care 2001; 4: 581-99.

Page 110: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

99

10. Cabré E, Gassull MA. Nutritional and metabolic issues in cirrhosis and

liver transplantation. Curr Opin Clin Nutr Metab Care 2000; 3:345-54.

11. Carlson MS. Acute wound failure. Surgical Clinical North American.

1997; 77: 607-636.

12. Castaldo G, Oriani G, Lofrano MM, Cimino L, Topa M, Budilon G,

Salvatore F, Sacchetti L. Differential diagnosis between hepatocellular

carcinoma and cirrhosis through a discriminant function based on results

for serum analytes. Clin Chem. 1996;42:1263-9.

13. Charlton MR. Protein metabolism and liver disease. Baillieres Clin

Endocrinol Metab 1996;10:617-35.

14. Cicognani C, Malavolti M, Morselli-Labate AM, Zamboni L, Sama C,

Babara L. Serum lipid and lipoprotein patterns in patients with liver

cirrhosis and chronic active hepatitis. Arch Intern Med. 1997;157:792-6.

15. Compean-Garcia D, Jaquez-Quintana JO, Gonzales-Gonzales JA,

Maldonado Garza H. Liver cirrhosis and diabete: risk factors,

pathophisiology, clinical implications and management. World J

Gastroenterol. 2009;15:280-8.

16. Crawford DH, Shepherd RW, Halliday JW, Cooksley GW, Golding SD,

Cheng WS, Powell LW. Body composition in nonalcoholic cirrhosis: the

effect of disease etiology and severity on nutritional compartments.

Gastroenterology 1994; 106:1611-7.

17. Denisova NA, Booth SL. Vitamin K and sphingolipid metabolism:

evidence to date, Nutr Rev 2005; 63:11121.

18. Detsky AS, McLaughlin JR, Baker JP, Johnston N, Whittaker S,

Mendelson RA, Jeejeebhoy KN. What is subjective global assessment of

nutritional status? J Parenter Enteral Nutr 1987;11:8-13.

Page 111: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

100

19. Donaghy A. Issues of malnutrition and bone disease in patients with

cirrhosis. Gatroenterol Hepatol 2002;17:462-6.

20. Fernandes AS, Bassani L, Nunes FF, Aydos MED, Alves AV, Marroni

CA. Nutritional assessment in patients with cirrhosis. Arq Gastroenterol.

2012; 49:19-27.

21. Figueiredo FA, Dickson ER, Tousif P, et al. Impact of nutritional status on

outcome after liver transplantation. Transplantation. 2000;70:1347-52.

22. Fleming KA, McGee J. Alcohol induced liver disease. Journal of Clinical

Pathology 1984; 37:721-33.

23. Franchini M, Targher G, Capra F, Montagnana M, Lippi G. The effect of

iron depletion on chronic hepatitis C virus infection. Hepatol

Int. 2008;2:335–40.

24. Ghadir RM, Riahin AA, Havaspour A, Nooranipour M, Habibineiad AA.

The Relationship between Lipid Profile and Severity of Liver Damage in

Cirrhotic Patients. Hepat Mon. 2010;10: 285-8.

25. Gonçalves CS, Pereira FEL, Gayotto LCC. Hepatocellular carcinoma in

Brazil: report of a national survey (Florianopolis, SC, 1995). Rev Inst Med

Trop S Paulo 1997;39:165-70.

26. Gunsar F, Riamondo ML, Jones S, et al. Nutritional status and prognosis

in cirrhotic patients. Aliment Pharmacol Ther. 2006;24:563-72.

27. Habib A, Mihas AA, Abou-Assi SG, Williams LM, Gavis E, Pandak WM,

Heuman DM. High-density lipoprotein cholesterol as an indicator of liver

function and prognosis in noncholestatic cirrhotics. Clin Gastroenterol

Hepatol 2005; 3:286-91.

Page 112: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

101

28. Hambige M. Biomarkers of Trace Mineral Intake and Status. J Nutr

2003;133:948-55.

29. Hehir DJ, Jenkins RL, Bistrian BR, Blackburn GL. Nutrition in patients

undergoing orthotopic liver transplant. J Parenter Enteral Nutr 1985;

9:695-700.

30. Herselman MG, Labadarios D, Rensburg CJV, Haffejee AA. Nutrição nas

doenças do fígado. In: Gibney MJ, Elia, M, Ljungqvist O, Dowsett J,

editores. Nutrição clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2007. p.

150-76.

31. Hickman IJ, Macdonald GA. Impact of diabete on the severity of liver

disease. Am J Med. 2007;120:829-34.

32. Huang Y, Li LZ, Zhang CZY, Yi C, Liu LL, Zhou X, Xie GB, Cai MY, Li Y,

Yun JP. Decreased expression of zinc-alpha2-glycoprotein in

hepatocellular carcinoma associates with poor prognosis. Journal of

Translational Medicine. 2012; 10:106-21.

33. Hung CH, Wang JH, Hu TH, Chen CH, Chang KC, Yen YH, Kuo YH,

Tsai MC, Lu SN, Lee CM. Insulin resistance is associated with

hepatocellular carcinoma in chronic hepatitis C infection. World J

Gastroenterol. 2010; 16:2265-71.

34. Isoda K, Kagaya N, Akamatsu S, Hayashi S, Tamesada M, Watanabe A,

Kobayashi M, TagawaYI, Kondoh M, Kawase M, Yagi K.

Hepatoprotective Effect Of Vitamin B12 On Dimethylnitrosamine-Induced

Liver Injury. Biol Pharm Bull.2008; 31:309-11.

35. Jiang M, Liu F, Xiong WJ, Zhong L, Xu W, Xu F, Liu YB. Combined

MELD and blood lipid level in evaluating the prognosis of

decompensated cirrhosis. World J Gastroenterology. 2010;16:1397-

1401.

Page 113: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

102

36. Kane SP, Murray-lyon M, Paradinas J, Johnson J, Williams R, Orr H,

Kohn J. Vitamin b12 binding protein as a tumour marker for

hepatocellular carcinoma. Gut. 1978;19:1105-9.

37. Kondrup J. Nutrition in end stage liver disease. Best Pract Res Clin

Gastroenterol.2006;20:547-60.

38. Lautz HU, Selberg O, Korber J, Bürger M, Müller MJ. Protein-calorie

malnutrition in liver cirrhosis. Clin Invest 1992; 70:478-86.

39. Leitão AVA, Castro CLN, Basile TM, Souza THS, Braulio VB. Avaliação

da capacidade física e do estado nutricional em candidatos ao

transplante hepático. Rev Assoc Med Bras. 2003;49:424-8.

40. Lieber CS. Nutrição nos distúrbios hepáticos. In: Shils ME, Olson JÁ,

Shike M, Ross AK. Tratado de Nutrição Moderna na saúde e na doença.

São Paulo: Manole; 2003. p.1257-69.

41. Lin CC, Huang JF, Tsai LY, Huang YL. Selenium, Iron, Copper, and Zinc

Levels and Copper-to-Zinc Rations in Serum of Patients at Different

Stages of Viral Hepatic Diseases. Biological Trace Element Research.

2006;109:15-24.

42. Lin CC, Yin MC. B Vitamins Deficiency and Decreased anti-oxidative

state in Patients in Liver Cancer. Europe Journal of Nutrition.

2007;46:293-9..

43. Maio R, Dichi JB, Burini RC. Sensibility of anthropometric-laboratory

markers of protein-energy malnutrition in cirrhotic patients. Arq

Gastroenterol 2004;41:93-9.

44. Marsano L, McClain CL. Nutrition and alcoholic liver disease. Journal

Parenteral Enteral Nutrition 1991;15:337-44.

Page 114: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

103

45. Matsuoka S, Matsumura H, Nakamura H, Oshiro S, Arakawa Y, Hayashi

J, Sekine N, Nirei K, Yamagami H, Ogawa M, Nakajima N, Amaki S,

Tanaka N, Moriyama M. Zinc Supplementation Improves the Outcome of

Chronic Hepatitis C and Liver Cirrhosis. J Clin Biochem Nutr. 2003;45:

292–303.

46. Mattos AA, Coral GP, Menti E, Valiatti F, Kramer C. Infecção bacteriana

no paciente cirrótico. Arq Gastroenterol. 2003;40:11-15.

47. McCullough AJ. Malnutrition in liver disease. Liver Transpl. 2000;6: 85-

96.

48. McNulty H, Pentieva K. Folate bioavailablity. Proc Nutr Soc 2004;

63:529-36.

49. Menezes MO, Tovo CV, Mattos AA. Associação entre a hepatite crônica

pelo vírus da hepatite C (VHC) e diabete melito em pacientes

monoinfectados pelo VHC e co-infectados com o vírus da

imunodeficiência humana. Revista da AMRIGS. 2008;52:17-23.

50. Merli M, Romiti A, Riggio O, Capocaccia L. optimal nutritional indexes in

chronic liver disease. J Parenter Enteral Nutr. 1987; 11:130-4.

51. Morgan AG, Kelleher J, Walker BE. Nutrition in cryptogenic cirrhosis and

chronic aggressive hepatitis. Gut. 1976;17:113-8.

52. Muñoz SJ. Nutritional therapies in liver disease. Seminars Liver Disease

1991;11:278-91

53. Nazari MA, Malayeri SH, Pourhoseingholi MA, Mohebi SR, Zali MR.

Evaluation of Zinc Plasma Level in Iranian Cirrhotic Patients due to

Hepatitis B and Hepatitis C. Hepatitis Monthly. 2010;10: 62-4.

Page 115: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

104

54. Pascale RM, De Miglio MR, Muroni MR, Simile MM, Daino L, Seddaiu

MA, Pusceddu S, Gaspa L, Calvisi D, Manenti G, Feo F. Transferrin and

Transferrin Receptor Gene Expression and Iron Uptake in Hepatocellular

Carcinoma in the Rat. Hepatology.1998;27:452-61.

55. Piquet MA, Ollivier I, Gloro R, Castel H, Tiengou LE, Dao T. Nutritional

indices in cirrhotic patients. Nutrition 2006; 22:216-7.

56. Pramoolsinsap C, Promvanit N, Komindr S, Lerdverasirikul P, Srianujata

S. Serum trace metals in chronic viral hepatitis and hepatocellular

carcinoma in Thailand. J Gastroenterol. 1994;29:610-5.

57. Price L, Kowdley K. The role of iron in the pathophysiology and treatment

of chronic hepatitis C. Can J Gastroenterology. 2009; 23:822-28.

58. Pugh RNH, Murray-Lyon IM, Dawson JL, Pietroni MV, Williams R.

Transection of the oesophagus for bleeding oesophageal varices. Br J

Surg 1973;60:646-9.

59. Ritter L, Gazzola J. Avaliação nutricional no paciente cirrótico: uma

abordagem objetiva, subjetiva ou multicompartimental? Arq

Gastroenterol. 2006;43:66-70.

60. Roongpisunthinpong C, Sobhonslidsuk A, Nantiruj K, Songchitsomboon

S. Nutritional assessment in various stages of liver cirrhosis. Nutrition.

2001;17: 761-5.

61. Rosa H, Silvério AO, Perini RF, Arruda CB. Bacterial infection in cirrhotic

patients and its relationship with alcohol. Gastroenterology.

2000;95:1290-3.

62. Sam J, Nguyen GC. Protein-calorie malnutrition as a prognostic indicator

of mortality among patients hospitalized with cirrhosis and portal

hypertension. Liver International. 2009;29:1396-1402.

Page 116: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

105

63. Selcuk H, Uruc I, Temel MA, Ocal S, Huddam B, Korkmaz M, Unal H,

Kanbay M, Savas N, Gur G, Yilmaz U, Haberal M. Factors prognostic of

survival in patients awaiting liver transplantation for end-stage liver

disease. Dig Dis Sci. 2007;52:3217-23.

64. Siriboonkoom W, Gramlich L. Nutrition and chronic liver disease. Can J

Gastroenterol 1998; 12:201-7.

65. Sobin LH, Wittekind C. TNM Classification of Malignant Tumours. New

Jersey: John Wiley & Sons; 2002.

66. Stickel F, Inderbitzin D, Condinas D. Role of nutrition in liver

transplantation for endstage chronic liver disease. Nutrition in Clinical

Care. 2008;66:47-54.

67. Tajika M, Kato M, Mohri H, Miwa Y, Kato T, Ohnishi H, Moriwaki H.

Prognostic value of energy metabolism in patients with viral liver

cirrhosis. Nutrition. 2002;18:229-34.

68. Tan MGK, Kumarasinghe MP, Wang SM, Lucien LPJ, Aw SE, Hui KM.

Modulation of iron-regulatory genes in human hepatocellular carcinoma

and its physiological consequences. Exp. Biol Med. 2009;234:693-702.

69. Tandon P, Gramlich L, Lipman TO, Bonis PAL. Nutritional assessment in

chronic liver disease. Up ToDate, 2010.

70. Tisdale MJ. Cancer anorexia and cachexia. Nutrition 2001;17:438-42.

71. Voltarelli JC, Falcão RP. Imunodeficiências Secundárias. Ribeirão Preto:

Medicina;1995.

Page 117: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

106

72. Vulcano, DSB. Avaliação dos indicadores nutricionais em hepatopatas

crônicos e a relação com a etiologia e gravidade da doença.

[Dissertação de mestrado]. Botucatu: Faculdade de Medicina de

Botucatu, Universidade Estadual Paulista; 2010.

73. World Health Organization (WHO). Physical status: the use and

interpretation of anthropometry. Geneva. WHO, 1995 (WHO – technical

report series 854).

74. Zhao J, Zhao Y, Wang H, Gu X, Ji J, Gao C. Association between

metabolic abnormalities and HBV related hepatocellular carcinoma in

Chinese: A cross-sectional study. Nutrition Journal. 2011;10:1-8.

Page 118: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

107

7 CONCLUSÃO

- O perfil metabólico-nutricional apresenta-se alterado nos pacientes

portadores de cirrose pelo vírus da hepatite C e carcinoma hepatocelular.

- Existe alteração no metabolismo lipídico (colesterol total, HDL e

triglicerídeos), proteico (albumina, creatinina e ácido úrico), do ferro (saturação

da transferrina, ferro e ferritina), hematócrito e hemoglobina, zinco e vitamina

B12, nos pacientes com e sem CHC;

- A presença de CHC está correlacionada com piores resultados de

colesterol HDL, hematócrito e aumento nos níveis séricos de ferro e ferritina

quando comparado aos pacientes cirróticos sem CHC;

- Existe correlação entre marcadores bioquímicos nutricionais e a

classificação de CTP, bem como com o estadiamento BCLC.

Page 119: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

108

8 ANEXOS

ANEXO A – QUESTIONÁRIO: AVALIAÇÃO NUTRICIONAL BIOQUÍMICA DE PACIENTES PORTADORES DE CIRROSE COM CHC

Data ___/___/___ Registro __________ ( ) Grupo 1 - CI ( ) Grupo 2 - CHC

IDENTIFICAÇÃO

Nome _______________________________ DN ___/___/___ Gênero ______

Telefone residencial ________________ Celular ________________

CLASSIFICAÇÃO

CTP ______ BCLC ______

Alcoolismo ( ) sim ( ) não Abstinente há mais de 6 meses ( )sim ( ) não

HIV ( ) sim ( ) não DM ( ) sim ( ) não

Peso atual ______ Altura ______ IMC ______ Ascite ( ) sim ( ) não

EXAMES LABORATORIAIS

Glicose

Colesterol total

Colesterol HDL

Triglicerídeos

Proteínas totais

Albumina

Creatinina

Ácido úrico

Saturação transferrina

Ferro

Ferritina

Hematócrito

Hemoglobina

Cobre

Zinco

Magnésio

Vitamina B12

Ácido Fólico

Page 120: Avaliação nutricional bioquímica de pacientes portadores de

109

ANEXO B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado a participar da pesquisa realizada pela

nutricionista pesquisadora Gabriela Zanatta Port com o objetivo de identificar o

estado nutricional de pacientes portadores de Carcinoma Hepatocelular. Esta

pesquisa corresponde à Dissertação de Mestrado do Curso de PG-Hepatologia

da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).

A sua avaliação ocorrerá através de formulário e exames de sangue

coletados no laboratório central do Complexo Hospitalar Santa Casa. Os

efeitos colaterais são os inerentes a uma coleta de sangue, ou seja, apenas um

desconforto ou eventualmente algum hematoma no local da punção. Você

poderá consultar os pesquisadores responsáveis sempre que entender

necessário e obter informações e/ou esclarecimentos sobre o projeto de

pesquisa e sua participação no mesmo. É livre a opção de desistência a

qualquer momento da presente pesquisa, sem nenhuma penalização e/ou

prejuízo no seu atendimento. A sua identidade será mantida em sigilo e os

dados coletados serão tratados estatisticamente e divulgados em função de

sua relevância cientifica. Possíveis publicações derivadas deste estudo

também manterão os mesmos cuidados e sigilos. A pesquisa será totalmente

custeada pelos pesquisadores sem qualquer ônus ao participante.

Este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi aprovado

pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Complexo Hospitalar Santa Casa de

Porto Alegre e deve ser assinado em duas vias, uma para o participante, outra

para o pesquisador.

Eu,_______________________________________________________,

fui devidamente informado sobre os objetivos desta pesquisa, de forma clara e

detalhada e autorizo a coleta de dados através de questionário, respondido

neste momento, e da coleta de sangue para análise laboratorial.

Pesquisadoras responsáveis: Nutricionista Gabriela Zanatta Port e Dra

Cristiane Valle Tovo. Telefones: (51)9279.9028 e (51)9189.3113.

______________________________________________ ___/___/___

Assinatura paciente Data

______________________________________________ ___/___/___

Assinatura pesquisador Data