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JORGE WENDA
AVALIAÇÃO DE FUROS OBTIDOS POR
FRESAMENTO HELICOIDAL SOB
DIFERENTES CONDIÇÕES DE
USINAGEM
Curitiba, Dezembro 2009
Trabalho apresentado na disciplina TM-202 Trabalho de graduação IV como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Mecânico, no Curso de Graduação de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Dalberto Dias da Costa.
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AVALIAÇÃO DE FUROS OBTIDOS POR FRESAMENTO
HELICOIDAL SOB DIFERENTES CONDIÇÕES DE USINAGEM
Jorge Wenda
Universidade Federal do Paraná Bloco IV do Setor de Tecnologia, Centro Politécnico
Campus II Bairro Jardim das Américas Cx. 19011, CEP 81531-990, Curitiba, PR
Resumo: Não é de hoje que “onde há concorrência não há tempo a perder” através
desta idéia as empresas visam reduzir custos e aumentar a qualidade por meio da
otimização dos processos de fabricação. Um dos processos de usinagem mais utilizados
na fabricação de diversos componentes do setor metal mecânico é a furação, e esta é a
responsável por grande parte do tempo de corte efetivo na usinagem, o que a torna um
processo complexo influenciando diretamente nos custos produtivos e improdutivos.
Equivalente aos processos convencionais de usinagem tem-se a recomendação dos
fabricantes de ferramentas pelo fresamento helicoidal interpolado como uma opção
para abertura de furos de grande diâmetro. O propósito principal deste trabalho é
apresentar e discutir a qualidade de furos obtidos por fresamento helicoidal
interpolado (FHI) em aço AISI P20, sob diferentes condições de usinagem desta forma
um estudo observacional foi realizado com o intuito de estudar a influência das
variáveis: velocidade de corte, avanço axial e a velocidade de avanço do movimento
circular, assim as variáveis independentes no processo serão: dois modelos de centros
de usinagem, dois tipos de fresa, e condições de corte. Como formas de avaliação dos
furos realizados pelo FHI serão realizados ensaios em cheio posteriormente
reutilizando estes mesmos corpos de prova na condição de pré-furo para acabamento
através de fresas com insertos intercambiáveis em metal duro. Para analisar a
qualidade dos furos sob ponto de vista do erro de forma será avaliado a cilindricidade
e a circularidade, e para quantificar segundo a qualidade superficial será avaliada a
rugosidade (Ra, Rz e Ry). Esperam-se como conclusão deste trabalho definir o FHI
com um processo de furação vantajoso onde os custos em relação ao processo
convencional de furação sejam reduzidos obtendo qualidade superficial e de forma.
Palavras-chave: fresamento helicoidal interpolado, qualidade superficial, centro de
usinagem.
1. INTRODUÇÃO
O processo de furação esta presente no nosso dia a dia e é comumente utilizado no
setor metal mecânico para atender requisitos de projetos em peças e componentes
realizando as mais variáveis funções nos elementos usinados. Este método usinagem
exige elevado número de ferramentas, pois, para cada diâmetro de furo é necessário
uma broca correspondente. Surgem ainda mais problemas no processo de furação
quando se necessita abrir furos em diâmetros superiores, pois, necessitam de pré-
furação ou quando as tolerâncias dimensionais envolvidas são mais restritas, além da
qualidade superficial requerida.
Ressalta-se também que para a abertura de furos pode ser utilizada uma técnica que
cresce a cada dia, onde utilizamos centros de usinagem para abertura de furos através de
interpolação helicoidal.
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Assim neste trabalho foi utilizado o processo de fresamento de topo com pastilhas
intercambiáveis onde as condições de usinagem para desbaste e de acabamento foram
diferentes respeitando as condições de corte entre as máquinas ferramentas foram
equivalentes. Assim tem por objetivo comparar dois centros de usinagem através da
avaliação da qualidade de furos realizados por fresamento helicoidal interpolado (FHI)
em aço AISI P20. Onde os parâmetros utilizados para esta avaliação foram a
cilindricidade, circularidade, rugosidade média Ra, Rmáx, e Rz para isto serão
utilizadas ferramentas estatísticas e gráficas que analisarão os dados coletados dos
corpos de prova. Este trabalho ainda visa à possibilidade da redução do inventário de
ferramentas e consequentemente redução dos tempos improdutivos, que serão
convertidos em redução de custos para as indústrias que utilizam processos de furação
através de máquinas com comando numérico.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O fresamento helicoidal interpolado (FHI) ou freso furação é uma técnica que
consiste no avanço da ferramenta em um trajeto espiral na direção axial do fuso.
Este tipo de processo de usinagem geralmente ocorre com apenas uma
ferramenta e sem problemas de quebra, escoamento de cavaco ou vibrações uma vez
que é considerado o diâmetro da ferramenta menor que o diâmetro do furo a ser
usinado. Também para este tipo de processo se pode usar máquinas de menor porte e
com potência limitada para abertura de furos e cavidades equivalentes as produzidas por
máquinas de uma capacidade maior. Desta forma o fresamento helicoidal interpolado é
empregado principalmente na fabricação de moldes e matrizes, apresentando grandes
vantagens na usinagem de furos com diâmetros elevados.
Realizando uma breve análise das forças sobre a ferramenta, e a peça, talvez o
um ponto negativo do processo seja a flexão da ferramenta devido à força radial durante
a interpolação helicoidal, o que compromete as características geométricas do furo.
Entretanto, este ponto negativo pode ser contornado de algumas formas como,
realizando o FHI em duas etapas, sendo a primeira através de uma operação de desbaste
e a segunda por meio com o acabamento do furo, tornando o processo equivalente a
técnica de furação convencional com pré-furo, uma segunda alternativa para minimizar
as forças atuantes sobre a ferramenta consiste na utilização uma fresa de diâmetro
maior.
O aspecto sob ponto de vista dos parâmetros de corte são os mesmos utilizados
para o fresamento comum de maneira que a técnica FHI pode ser bastante rápida em
materiais que permitam altos valores de velocidade de corte e de avanço.
A velocidade de avanço, no entanto, será limitada a máquina ferramenta
utilizada e ao diâmetro do furo. Outro limitante do processo FHI é a profundidade do
furo, pois, através da utilização de fresas de topo existe a relação L/D, isto é
profundidade sobre diâmetro.
Para uma melhor compreensão do processo a figura 1A representa
esquematicamente o avanço da ferramenta num trajeto em espiral na direção axial (Z)
do fuso, donde se pode comparar com o processo de abertura de roscas onde o passo da
hélice no processo de rosqueamento corresponde ao (fa) no caso do fresamento
helicoidal.
Em sua maioria os comandos numéricos utilizados em centros de usinagem já
possuem ciclos para fresamento helicoidal pré-determinados. O caminho da ferramenta
é obtido controlando a velocidade axial com o movimento planetário (NXY).
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Este movimento planetário é o resultado da rotação da ferramenta de corte e do
avanço circular, como exemplificado na Figura 1B. O movimento linear do sentido
axial (Z) é mostrado na figura 1A. Esquematicamente na vista inferior do fresamento
helicoidal interpolado Figura 1B se pode observar o diâmetro da fresa (dt), o diâmetro
do furo a ser interpolado (dx), o diâmetro do furo (dh), e se nota que na direção
tangencial do circulo interpolado se tem o movimento de corte mostrado pela expressão
da velocidade de corte (Vc) dada pela equação (1) assim a taxa de avanço periférica
circular (Vfp) determina da por (2) na segunda relação tirada da figura 1B.
𝑉𝑐 =𝜋 × 𝐷𝑡 × 𝑁
1000
𝑚
𝑚𝑖𝑛 (1)
Vc = Velocidade de corte [m/min].
Dt = Diâmetro da fresa [mm].
N = Rotação da fresa no eixo [RPM].
A segunda relação obtida através da figura 1B é determinado como:
𝑉𝑓𝑝 = 𝑘 × 𝑓𝑥𝑦 × 𝑁 𝑚𝑚
𝑚𝑖𝑛 (2)
Vfp= Taxa de avanço periférico circular [mm/min].
fxy = Avanço por dente do movimento circular [mm/rev].
N = rotação [RPM].
k = é o número de dentes da ferramenta.
Pode-se encontrar o diâmetro do circulo a ser interpolado através da subtração
do diâmetro do furo pelo diâmetro da fresa expressão (3).
𝑑𝑥𝑦 = (𝑑ℎ − 𝑑𝑡) 𝑚𝑚 (3)
dxy= mostra o diâmetro do furo interpolado a uma taxa de avanço constante [mm].
dh = representa o diâmetro do furo final[mm].
dt= representa o diâmetro da fresa [mm].
Vfxy definida como velocidade de avanço no plano cartesianos xy mostrado através da
equação (4).
𝑉𝑓𝑥𝑦 = 𝑉𝑓𝑝 ×𝑑𝑥𝑦
𝑑ℎ 𝑚𝑚/𝑚𝑖𝑛 (4)
A taxa de avanço axial (Vfz) para uma ferramenta de corte com K dentes pode
ser encontrada através da expressão (5).
𝑉𝑓 = 𝑘 × 𝑓𝑧 × 𝑁𝑥𝑦 𝑚𝑚/𝑚𝑖𝑛 (5)
Sendo
fz = avanço axial por dente (mm/min)
Ainda é possível calcular o tempo de corte pela expressão (6) para um
comprimento de furo Lh.
5
𝑡𝑐 =𝐿ℎ
𝑉𝑓𝑧 𝑚𝑚/𝑚𝑖𝑛 (6)
Figura 1 Representação dos movimentos no fresamento helicoidal interpolado
Após a usinagem se torna necessário
a verificação da qualidade dos furos
obtidos através do fresamento
helicoidal, desta forma os furos de uma
maneira geral estão diretamente ligados
a fatores como o material, o tipo de
ferramenta, modo de fixação da peça, da
máquina em si, do processo utilizado e
dos parâmetros de corte escolhidos.
Com este número de variáveis é
muito difícil obter um furo ideal, no
entanto é possível obter um furo
aceitável dentro das tolerâncias
dimensionais e de forma.
As tolerâncias de forma estão
relacionadas com a geometria dos furos
e as tolerâncias dimensionais estão
relacionadas com a medida nominal e a
medida real encontrada no furo.
Além disso, as peças apresentam
tolerâncias geométricas onde é
considerado os desvios das formas da
superfície teórica em relação à real.
Estes desvios descritos acima
apresentam ainda uma subclassificação
onde se tem os desvios macro
geométricos como a cilindricidade e a
circularidade e os desvios micro
geométricos onde a rugosidade
superficial é levada em consideração.
Através desta previa abordagem
pode se enfatizar os dois parâmetros
observados.
O campo da tolerância de
cilindricidade é limitado por dois
cilindros coaxiais, distantes em “t”, a
diferença entre estes cilindros coaxiais é
a cilindricidade segundo (NBR 6409 :
1997).
A tolerância para o desvio de
circularidade também é classificada de
forma macro geométrica onde apresenta
uma relação com os diâmetros
encontrados na peça. Tais relações são
as diferenças do círculo real para o
círculo teórico denominadas
genericamente de ovalizações.
A circularidade é referenciada no
campo de tolerância no plano
considerado é limitado por dois círculos
concêntricos e distantes de “t,
sucintamente a tolerância de
circularidade é a variação entre duas
circunferências do ponto mais próximo
do centro, ao ponto mais afastado.
Segundo (NBR 6409:1997),
Em muitos casos as variações na
superfície de trabalho são
imperceptíveis a olho nu, devido a vales
e cristas formadas pela ação do gume de
6
corte da ferramenta. Estas variações na
superfície são causadas pelas vibrações
e variações no processo, pelo desgaste
no gume de corte, ou ainda por defeito
no material. Assim estas imperfeições
na superfície são conhecidas como
rugosidade sendo definidas com base na
ABNT NBR 6405.
Rugosidade média (Ra): é a média
aritmética dos valores absolutos das
ordenadas de afastamento, dos pontos
do perfil de rugosidade em relação à
linha média, dentro do percurso de
medição (µm).
Este parâmetro foi utilizado, pois as
principais vantagens do Ra é que ele é
aplicável na maioria dos processos de
fabricação e devido a sua grande
utilização, quase todos os equipamentos
apresentam esse parâmetro. Dentre suas
principais desvantagens são
apresentadas segundo o valor de Ra em
um comprimento de amostragem onde
indica a média da rugosidade, desta
forma se um pico ou vale não típico
aparecer na superfície, o valor da média
não sofrerá grande alteração, ocultando
o defeito, outra desvantagem deste
parâmetro é o fato de não fazer
nenhuma distinção entre picos e vales.
Rugosidade máxima (Ry ou Rmax):
está definida como o maior valor das
rugosidades parciais (Zi) que se
apresenta no percurso de medição.
Dentre as suas principais vantagens ele
informa sobre a máxima deteriorização
da superfície vertical da peça além de
fornecer informações complementares
ao parâmetro Ra (que dilui o valor dos
vales e picos). A desvantagem deste
parâmetro esta ligada ao fato de
individualmente não apresenta
informação suficientes a respeito da
superfície.
Rugosidade (Rz) Corresponde à média dos cinco valores de rugosidade parcial
dentre suas vantagens principais do parâmetro Rz destaca-se informando a distribuição
média da superfície vertical, além de fácil obtenção em equipamentos que fornecem
gráficos, onde em perfis periódicos, definem muito bem a superfície. Sua desvantagem
principal é o fato de que nem todos os equipamentos apresentam este parâmetro.
3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Para a avaliação dos furos realizados por fresamento helicoidal interpolado foi
utilizado dois tipos de centro de usinagem o tipo (A) Centro de Usinagem marca Romi
modelo 4022 sediado na Universidade Federal do Paraná e tipo (B) Centro de Usinagem
Cincinatti modelo Milacron Arrow 500 sediado na Pontifícia Universidade Católica do
Paraná os quais tem sua comparação observada na tabela 1 abaixo.
Máquina (A) (B)
Marca Romi Cincinatti
Modelo 4022 Milacron Arrow 500
Comando Mach 9 Acramatic 2100
Curso x y z respectivamente 560 x 406 x 508 500 x 500 x 500
Rotação máxima (rpm) 10000 6000
Cone ISO. 40 50 Tabela 1 Comparativo de máquinas
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A fixação da ferramenta se deu através de um dispositivo que age como uma
interface intercambiável entre fuso de uma máquina ferramenta e uma ferramenta de
corte, de maneira que não seja diminuída a eficiência dos elementos mencionados, desta
forma o porta ferramentas nos dois centros de usinagem se deu através de cone Weldon
de mesma marca, uma diferença na fixação da ferramenta entre as máquinas foi em
relação ao tipo de fuso cone ISO 40 no tipo de maquina (A) e ISO 50 no tipo de
maquina (B).
Com as ferramentas de corte utilizadas, o processo de fresamento de topo foi
empregado como desbaste na condição inicial em cheio e posteriormente,
reaproveitando os corpos de prova na condição de pré-furo onde foi realizado o
acabamento, mantendo as condições de corte equivalente entre as máquinas e adotando
dois tipos de fresas que são comparados na tabela 2. A fresa tipo (A) R300-020B25L-
10L Toroidal e a fresa (B) R390D-020A20-11L ambas com quebra cavaco e raio de
ponta 0,8 mm, após usinagem de cada furo foi realizada inspeção visual e trocada a
aresta de corte quando se julgou necessário.
Seus comprimentos foram diferentes proporcionando ao sistema maior deflexão
axial no caso da figura 2A e consequentemente uma menor deflexão sofrida pela fresa
da figura 2B.
Ferramentas
Marca Sandvik Sandvik
Diâmetro 20 19,7
Arestas de corte 2 3
Código Fresa R300-020B25L-10L R390D-020A20-11L
Código Pastilha R300 10 32E 08-PM 1030 R390-11 T3 08M-PM 4230
Fixação Weldon Weldon Tabela 2 Comparativo de ferramentas
Figura 2 Comparativo de ferramentas
Fixação do corpo de prova para
usinagem teve duas etapas, sendo a
primeira da morsa na mesa da máquina
e a segunda através de gabarito que
ficou fixo nos mordentes na morsa.
Um detalhe importante na
avaliação dos furos e na usinagem dos
corpos de prova é a orientação no plano
cartesiano, ilustrado na figura 3, sendo
que posteriormente na etapa da medição
de circularidade e cilindricidade o corpo
de prova deve respeitar a mesma
orientação a fim de minimizar
discordâncias entre a usinagem e a
metrologia.
Figura 3 Fixação do corpo de prova.
Como a técnica de fresamento
helicoidal interpolado é utilizada com
maior frequência em ferramentarias,
8
onde ocorre à fabricação de matrizes
para estampagem e fundição, além de
moldes para injeção os corpos de prova
deste trabalho foram comprados de
material AISI P20 em barra com
diâmetro de 4” na sua condição de
dureza comercial fornecida esta entre
280 – 320 HB.
Os aspectos relevantes para a
confecção do modelo do corpo de prova
são os instrumentos disponíveis para
avaliação dos dados coletados através
do circularimetro e rugosimetro, a
utilização de gabarito proporcionando
troca rápida entre os corpos de prova,
uma melhor distribuição de carga axial.
Deste modo se optou por confeccionar
um corpo de prova no formato
cilíndrico como mostrado na figura 4.
Figura 4 Dimensões do corpo de prova.
Os corpos de prova foram usinados inicialmente em cheio na condição de corte
para desbaste onde foi utilizado fluido de corte emulsão de 20% de óleo e 80% de água
direcionada a ponta da ferramenta e foi realizado o fresamento helicoidal de 35 mm de
diâmetro posteriormente reutilizando os mesmos corpos de prova na condição de pré-
furação adotando-se um valor interpolado de Ø 38 mm executou-se operação de
acabamento. Esta faixa de valores para os diâmetros dos furos foi escolhida com base
no diâmetro das fresas disponíveis procurando minimizar custos e também buscando um
furo de diâmetro elevado, quando comparado a furação com brocas de aço rápido e
tendo por base trabalhos como os de: D.D.Costa[1]
, Denkena B[2]
e R.T. Coelho[3]
.
Para as condições de desbaste detalhadas na tabela 3 foram utilizadas as duas
ferramentas da tabela 2, em três diferentes condições de corte.
Na reutilização dos corpos de prova para a condição de pré-furo realizando
acabamento condições de corte são disponibilizadas na tabela 4.
Na geração do código CN se empregou o programa FHI desenvolvido na UFPR
onde este programa permite o controle simultâneo de vários eixos, através de uma lista
de movimentos escrita atraves de código G. Desta forma informamos ao programa
alguns parâmetros como o comprimento do furo Lf o diâmetro do furo a ser interpolado
dh, o diâmetro da fresa dt, seu número de arestas n° arestas, alem do passo fxy, o
avanço por dente fz, a velocidade de corte Vc e por ultimo a aproximação de segurança
que corresponde a quanto à ferramenta ficará afastada da peça antes do início da
usinagem, ainda é possível inserir no programa a posição da ferramenta no magazine da
máquina bem como o número do corretor de ferramenta, além do tipo de fresamento
concordante ou discordante e fluido de corte ON ou OFF.
O programa nos retorna o código CN para o comando Acramatic 2100 da
máquina Cincinatti Milacron Arrow 500 ou comando Mach9 para o centro de usinagem
Romi 4022 como exemplo ilustrado na Figura 5.
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Figura 5 Programa Fresamento Helicoidal Interpolado.
Os corpos de prova um, dois e três, foram usinados tanto no desbastes como no
acabamento através da máquina A e os corpos de prova quatro, cinco e seis, nas
condições equivalentes foram usinados pela máquina B.
Corpo de prova 1 2 3 4 5 6
velocidade de corte vc (m/min) 110 110 110 110 110 110
n (RPM) 1750 1750 1777 1750 1750 1777
vfc (mm/min) 0,0018 0,0012 0,0018 0,0018 0,0012 0,0018
fa (mm/v) 0.4517 0.4507 0.4507 0.4517 0.4507 0.4507
Diâmetro da fresa (mm) 20 20 19,7 20 20 19,7
n° arestas 2 2 3 2 2 3
Máquina (A) Máquina (B)
Tabela 3 Condições de corte para desbaste
Utilizando sentido horário de rotação da fresa “Fresamento discordante” e
mantendo constantes as condições de velocidade de corte, rotação, velocidade de
avanço circular constante se usinou seis furos reutilizando os corpos de prova na
condição de acabamento segundo as condições de corte mostradas na tabela 4.
Corpo de prova 1 2 3 4 5 6
vc (m/min) 110 110 110 110 110 110
n (RPM) 1750 1750 1777 1750 1750 1777
vfc (mm/min) 0,0018 0,0018 0,001162 0,0018 0,0018 0,001162
fa (mm/v) 0,445 0,446 0,445 0,445 0,445 0,445
Diâmetro da fresa (mm) 20 20 19,7 20 20 19,7
n° arestas 2 2 3 2 2 3
Tabela 4 Condições de corte para acabamento
Máquina (A) Máquina (B)
MÁQUINA ROMI COMANDO MACH9
G99.
G90.
G71.
G17.
G66.
GZO
T1 M6
O0 S1777. M3
M8
G0 X-7,650 Y0,000
G0 Z2,000
F799.
G22 Z-31,000 I0,000 J0,000 K0,300
G1 X0,0 Y0,0
M9
GZO
M5
M2
10
Como forma de mensurar a
qualidade superficial dos furos obtidos,
os corpos de prova foram avaliados
segundo os desvios micro geométricos
onde a rugosidade superficial é levada
em consideração. Desta maneira para
medição da rugosidade, os corpos de
prova foram posicionados no
circularimetro de mesa Taylor Hobson
modelo TalySurf Series 2 e orientados
na posição vertical, onde a agulha se
desloca na direção axial coletando
pontos na geratriz do furo. Seu cut-off
foi ajustado em 0,8 mm e a agulha
coletou pontos num percurso de 40 mm
de comprimento.
Para medir a rugosidade, o corpo
de prova sofreu rotação no sentido
radial com quatro incrementos de 90°
até finalizar rotação completa de 360°
em torno de seu eixo. A figura 6
representa as quatro posições medidas e
o percurso da agulha na coleta dos
dados onde os parâmetros avaliados
foram Ra, Rmax e Rz.
Figura 6 Medição de rugosidade
Na obtenção da circularidade e
cilindricidade bem como em todo o
procedimento experimental, procurou-
se realizar cada etapa nas mesmas
condições para que houvesse uma
uniformização nos procedimentos
realizados, esperando com isso obter
resultados melhores e mais confiáveis.
Desta forma para a medição de
circularidade e da cilindricidade os
corpos de prova foram colocados no
circularimetro marca Taylor Hobson
modelo Talyrond 252 e orientados
segundo o mesmo sistema cartesiano
utilizado na operação de usinagem, e
com o auxilio apalpador se realizou três
leituras em alturas “Z” diferentes
utilizando filtro Gaussian 1-50 upr.
Os valores para referencia de
altura “Z” são Z1=43 mm e Z3=33 mm
como os valores das extremidades e
Z2=38 mm sendo o valor médio. Estes
valores de altura Z foram referenciados
a partir do zero máquina como
ilustrados na figura 7
Figura 7 Alturas para medição de circularidade
e cilindricidade.
4. RESULTADOS
A influência dos parâmetros de corte sobre a rugosidade foi determinada por meio
das medições expressas através do valor médio e de Ra, Ry e Rz, além da determinação
do seu desvio padrão como uma forma de avaliar a dispersão dos dados colhidos e
representados na tabela 5 para a operação de desbaste e na tabela 6 abrangendo os
valores coletados no acabamento.
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Tabela 5 Valores do FHI_Desbaste Tabela 6 Valores do FHI_Acabamento
Os valores dos desvios da rugosidade média (Ra) estão comparando a operação de
desbaste e acabamento mostrados através do gráfico 1.
Gráfico 1 Comparação rugosidade média (Ra)
A apresentação dos valores referentes aos desvios da rugosidade máxima (Ry) no
FHI_Desbaste e FHI_Acabamento foi comparado através do gráfico do gráfico 2.
Gráfico 2 Comparação rugosidade máxima (Ry)
Por fim os valores dos desvios da media dos cinco valores de rugosidade parcial é
dado pela Rugosidade média (Rz) desbaste e acabamento estão explícitos através do
gráfico 3.
Gráfico 3 Comparação rugosidade média (Rz)
Corpo de prova XRa SRa XRy SRy XRz SRz Corpo de prova XRa SRa XRy SRy XRz SRz
1 1,542 0,188 14,643 2,555 9,804 1,019 1 1,267 0,147 6,303 0,483 5,593 0,352
2 1,237 0,178 6,641 0,722 5,514 0,622 2 1,468 0,095 6,642 0,465 6,193 0,330
3 1,200 0,331 6,777 3,415 4,876 1,517 3 0,967 0,336 6,331 1,408 4,927 1,334
4 1,567 0,276 8,866 1,629 6,750 1,393 4 1,683 0,103 7,429 0,626 6,387 0,275
5 1,656 0,189 10,035 1,983 8,136 1,322 5 1,555 0,112 7,403 0,568 6,458 0,379
6 1,673 0,132 10,674 0,337 8,743 0,335 6 0,242 0,026 1,740 0,790 1,331 0,376
FHI_AcabamentoFHI_Desbaste
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A cilindricidade compreende desvios de forma ao longo da seção longitudinal do
furo realizado, e a circularidade pode ser entendida como qualquer divergência entre a
peça construída e a peça teoricamente exigida com tolerância especificada assim através
da média dos valores de Z1 Z2 e Z3 os dados referentes a circularidade mostrados na
tabela 8 e representados através do gráfico 6 e os resultados da medição de
cilindricidade podem ser observados na tabela 7, bem como seu gráfico 7. Os gráficos 4
e 5 representam corpo de prova seis na condição de acabamento.
CP FHI_Desbaste µm FHI_Acabamento µm CP FHI_Desbaste µm FHI_Acabamento µm
1 66,70 29,40 1 39,97 14,97
2 46,50 23,65 2 36,70 20,38
3 40,90 30,85 3 38,50 27,55
4 25,75 27,60 4 23,42 19,83
5 56,20 17,85 5 17,40 14,60
6 22,25 20,30 6 24,02 14,22
Cilindricidade Circularidade Média
Tabela 7 Valores medidos de cilindricidade Tabela 8 Valores médios de circularidade
Gráfico 4 Corpo de prova 6 FHI_Acabamento Gráfico 5 Valor de Z1 no FHI_Acabamento
Gráfico 6 Comparação da Circularidade Média
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Gráfico 7 Comparação da Cilindricidade
5. ANALISE
Tanto para a condição de pré-furo com diâmetro de Ø 38 mm como para a condição
onde ocorreu o fresamento em cheio com Ø35 mm os corpos de prova 3 e 6 utilizando a
fresa de topo R390D-020A20-11L nas condições de corte, Vc=110 e rotação do eixo
arvore de 1777 RPM, segundo os parâmetros de rugosidade Ra, Ry, e Rz, se mostrou
superior quando comparada a ferramenta toroidal de duas arestas de corte.
Na operação de acabamento do corpo de prova 6, donde ocorreu a situação de
aumento de Ø35 mm para Ø38 mm, nas condições de corte fa=0,445, Vfc=0,001162, e se
mantendo constante a rotação do eixo árvore, e a velocidade de corte da condição de desbaste,
se pode observar através dos parâmetros de rugosidade Ra, Ry, e Rz, uma considerável
discrepância, tendo o valor de rugosidade Ra igual a 0,242 µm que foi atingido pela
ferramenta de Ø19,5. Como referência foi tomado o segundo valor mais baixo que foi
obtido no corpo de prova 3 com Ra igual 0,967 µm usinado pela maquina “A”.
A discrepância do valor de Ra, para o acabamento se torna mais evidente quando é
comparado com a mesma ferramenta de corte, e o mesmo corpo de prova usinado na
condição de desbaste alcançando seu valor de “Ra” igual a 1,673 µm o que representa
um valor quase 7 vezes superior. Uma possível causa desta discrepância se deve troca
de pastilhas por um novo jogo, uma vez que com um menor desgaste ocorreu uma menor
vibração da fresa obtendo uma rugosidade inferior, pois foi mantida constante a tanto a
altura da fresa R390D-020A20-11L, quanto o fluido de corte, uma vez que as condições de
corte não sofreram alterações significantes.
O maior valor da rugosidade foi avaliado pelo parâmetro Ry onde no desbaste a
fresa esférica foi seguida da fresa de topo reto com um valor próximo nas condições
ensaiadas pela maquina A. Já na operação de pré-furo novamente a máquina B
desempenhou melhor usinagem utilizando a fresa de três arestas.
Através dos gráficos da cilindricidade como da circularidade, se pode afirmar que a
máquina “A” apresenta desempenho inferior a máquina “B” tanto para o acabamento
quanto para o desbaste utilizando para isto a fresa de Ø19,7mm.
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6. CONCLUSÕES
Através da qualidade dos furos obtidos pelo FHI é possível avaliar de forma
observacional qual máquina e qual ferramenta desempenhou o melhor papel ao realizar
o fresamento helicoidal interpolado segundo as condições aplicadas no experimento.
Assim conclui-se que a máquina “B” teve desempenho superior que a máquina “A”
quando comparado com as mesmas ferramentas em condições equivalentes de corte.
Também é possível afirmar que a fresa de topo reto R390D-020A20-11L se mostrou
superior a fresa toroidal devido ao formato do inserto e a menor vibração ocorrida no
sistema.
7. REFERENCIAS
[1] Da Costa, DD, Gomes, OL e Pangracio, ML. Análise de qualidade de furos
realizados por fresamento helicoidal interpolado. Maquinas e Metais 485 (2006) pp 34-
51.
[2] Denkena B, Boehnke D, Dege, JH. Fresamento helicoidal de CFRP-titânio. CIRP
Journal of Manufacturing Science and Technology (2008) p64–69. Institute of
Production Engineering and Machine Tools, Leibniz Universita ¨t Hannover, An der
Universita ¨t 2, 30823 Garbsen, Germany.
[3] Coelho R.T, Watanuki H.M, Arai R. Furação com fresa de topo usando estratégia
helicoidal em aço endurecido AISI H13 Metal mecânica, Brasil, p49–58, 01 ago. 2006.
[4] Iyer R, Koshy P, o Ng E. Fresamento Helicoidal: Uma tecnologia que permite a
usinagem de precisão furação em aço ferramenta AISI D2. Diário internacional de
Ferramenta elétrica e Fabrica.
[5] Sandvik – Manual Técnico de Usinagem, 2006 D3 - D185.
[6] Sandvik - de Ferramentas rotativas, 2003 A67, A248.