avaliaÇÃo de polimorfismos de nucleotÍdeo simples … · 2016. 7. 5. · 11 resumo 12 abstract...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
BIOLOGIA DE AGENTES INFECCIOSOS E PARASITÁRIOS
AVALIAÇÃO DE POLIMORFISMOS DE NUCLEOTÍDEO SIMPLES
(SNPS) EM GENE CODIFICADORES DE CITOCINAS EM PACIENTES
COM SÍNDROME DE LIPODISTROFIA E DISLIPIDEMIA
ASSOCIADA A TERAPIA ANTIRETROVIRAL
THAIS CRISTINA MIRANDA FRANCO
Belém- Pará
2014
THAIS CRISTINA MIRANDA FRANCO
AVALIAÇÃO DE POLIMORFISMOS DE NUCLEOTÍDEO SIMPLES
(SNPS) EM GENE CODIFICADORES DE CITOCINAS EM PACIENTES
COM SÍNDROME DE LIPODISTROFIA E DISLIPIDEMIA
ASSOCIADA À TERAPIA ANTIRETROVIRAL
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários
do Instituto de Ciências Biológicas da
Universidade Federal do Pará como requisito para
a obtenção do grau de Doutor em Biologia de
Agentes Infecciosos e Parasitários.
Orientador: Prof. Dr. Juarez Antônio Simões
Quaresma.
Co- Orientador: Profa. Dra. Fabiola Elizabeth
Villanova.
Belém - Pará
2014
2
Dados Internacionais de Catalogação – na- Publicação (CIP)-
Biblioteca Central/ UFPA, Belém - PA
Franco, Thais Cristina Miranda.
Avaliação de polimorfismo de nucleotídeo simples (SNPS) em gene
codificadores de citocinas em pacientes com síndrome de lipodistrofia e dislipidemia
associado a terapia antirretroviral/Thais Cristina Miranda Franco. – 2014. Orientador:
Juarez Antônio Simões Quaresma; Coorientadora: Fabiola Elizabeth Villanova.
Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências
Biológicas, Programa de Pós – Graduação EM Biologia de Agentes Infecciosos e
Parasitários, Belém, 2014.
1. AIDS (Doença) Complicações e sequelas. 2. Síndrome de Lipodistrofia associado
ao
HIV. 3. Agentes antirretrovirais Efeitos Colaterais. 4. Polimorfismo (Genética). 5.
Citocinas. I. Título.
CDD 22.Ed.616.9792
3
THAIS CRISTINA MIRANDA FRANCO
AVALIAÇÃO DE POLIMORFISMOS DE NUCLEOTÍDEO SIMPLES
(SNPS) EM GENE CODIFICADORES DE CITOCINAS EM PACIENTES
COM SÍNDROME DE LIPODISTROFIA E DISLIPIDEMIA
ASSOCIADA À TERAPIA ANTIRETROVIRAL
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e
Parasitários do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará como
requisito para a obtenção do grau de Doutor em Biologia de Agentes Infecciosos e
Parasitários.
Orientador: Prof. Dr. Juarez Antônio Simões Quaresma
Núcleo de Medicina Tropical, UFPA
Co- Orientadora Profa. Dra. Fabiola Elizabeth Villanova
Núcleo de Medicina Tropical, UFPA
Banca Examinadora Profa. Dra. Ana Cecília Ribeiro Cruz
Biologia de Agentes Infecciosos, UFPA
Profa Dra Rita Catarina Medeiros de Sousa
Universidade Federal do Pará, UFPA
Profa. Hellen Thais Fuzii
Núcleo de Medicina Tropical, UFPA
Profa. Dra. Denise da Silva Pinto
Instituto Ciências da Saúde, UFPA
Belém, 05 de Setembro de 2014
4
“A menos que modifiquemos nossa maneira de pensar, não seremos capazes de resolver os
problemas causados pela forma como nos acostumamos a ver o mundo”. (Albert Einstein)
5
DEDICATÓRIA
“... Á Deus, quem efetua em nós tanto o querer como o realizar”.
Felipenses 2:13
À meus pais, cujo amor é incondicional, e o apoio foi fundamental em toda a minha
vida e me fizeram sempre perseverar e nunca desistir...
6
AGRADECIMENTO
À Deus, pelo dom da vida e pelas portas que sempre tem aberto durante a minha caminhada.
À meus pais, irmã e noivo, por todo aopio e ensinamentos necessario para o desenvolvimento
do meu caráter e por terem sempre me mostrado que eu poderia ir além.
Ao competente Prof. Dr. Juarez Quaresma, meu orientador, por ter confiado em mim e ter me
ajudado a dar os primeiros passos.
Ao Dr. Ariney Miranda, pelo incentivo e estímulo de nunca desistir.
À Profa. Dra. Fabíola Villanova, pelo apoio incondicional e contribuição essencial para que o
trabalho chegasse ao fim.
À Profa. Dra. Rosana Feio Libonati por sua contribuição valorosa.
Ao Grupo de Imunopatologia, pelos momentos de descontração e desespero, na realização das
técnicas laboratoriais, e pelas valorosas amizades que ganhei nesses anos de convivência.
À agência de fomentos CAPES, pelo auxilio para realização deste projeto.
Enfim, a todos aqueles, que mesmo não sendo citados tiveram uma importância significativa e
que sempre torceram e me incentivaram até o fim.
7
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS 09
LISTA DE FIGURAS
TABELA DE ABREVEATURAS
10
11
RESUMO
12
ABSTRACT 13
1 INTRODUÇÃO 14
2 REVISÃO DE LITERATURA 16
2.1 SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA 16
2.2 EPIDEMIOLOGIA 16
2.3 ETIOLOGIA 17
2.3.1 Genes estruturais 18
2.3.2 Genes reguladores 18
2.4 MECANISMO DE TRANSMISSÃO 20
2.5 TRATAMENTO 20
2.6 LIPODISTROFIA DO HIV 25
2.7 ALTERAÇÕES GLICÊMICAS E RESISTÊNCIA INSULÍNICA 29
2.8 ALTERAÇÕES LIPÍDICAS 30
3 CITOCINAS E MODULAÇÃO DA RESPOSTA IMUNOLÓGICA 32
4.1 INTERLEUCINA 6 ( IL 6) 33
4.2 INTERLEUCINA 10 (LI 10) 34
4.3 FATOR DE NECROSE TUMORAL –α ( TNF-α) 35
4.4 INTERLEUCINA 18 (IL-18) 36
5 POLIMORFISMOS GÊNICOS, CITOCINAS E INFECÇÃO PELO
HIV
37
6 JUSTIFICATIVA 39
7 OBJETIVOS 40
7.1 OBETIVO GERAL 40
7.2 OBETIVOS ESPECÍFICOS 40
8 MATERIAL E MÉTODOS 41
8
8.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO 41
8.2 POPULAÇÃO ALVO 41
8.3 METODOLOGIA 41
8.3.1 Critério de Inclusão 42
8.3.2 Critério de Exclusão 42
8.3.3 Coleta de Dados 42
8.4 DIAGNÓSTICO CLÍNICO DA SÍNDROME LIPODISTRÓFICA 43
8.5 AVALIAÇÃO DO POLIMORFISMO GENÉTICO DAS CITOCINAS IL-
10, IL-6, IL- 18, TNF-α.
43
8.6 ANÁLISE DE DADOS 47
9 RESULTADOS 48
10 DISCUSSÃO 63
11 CONCLUSÃO 69
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 70
ANEXOS E APENDICÊS
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Principais antiretrovirais: classificação, efeitos colaterais e toxicidade. 22
Tabela 2. Identificação dos SNPs dos genes da IL6, IL 10, TNFα, IL18. 46
Tabela 3. Frequência dos Genótipos da Citocina TNFα (-238) em pacientes
portadores de HIV e lipodistrofia e grupo Controle.
48
Tabela 4. Frequência Alélica da Citocina TNF-α -238 em pacientes portadores de
HIV e lipodistrofia e no grupo Controle.
49
Tabela 5. Equilíbrio de Hardy-Weinberg: Frequência genotípica observada e
encontrada da Citocina TNF-α -238 em pacientes portadores de HIV e
lipodistrofia e no grupo Controle.
49
Tabela 6. Frequência do Genótipo IL-6(-174) em pacientes portadores de HIV e
lipodistrofia e no grupo Controle.
50
Tabela 7. Frequência Alélica da IL-6 – 174 em pacientes portadores de HIV e
lipodistrofia e grupo Controle.
50
Tabela 8. Equilíbrio de Hardy-Weinberg: Frequência genotípica observada e
encontrada da IL-6 -174 em pacientes portadores de HIV e lipodistrofia
e no grupo Controle.
51
Tabela 9. Frequência dos genótipos da Citocina IL-18(-607) em pacientes
portadores de HIV e lipodistrofia e no grupo Controle.
51
Tabela 10. Frequência Alélica da IL-18 – 607 em pacientes portadores de HIV e
lipodistrofia e no grupo Controle.
52
Tabela 11. Equilíbrio de Hardy-Weinberg: Frequência genotípica observada e
encontrada da IL-18 -607 em pacientes portadores de HIV e
lipodistrofia e no grupo Controle.
52
Tabela 12. Frequência dos genótipos da Citocina IL-10 (-1082) em pacientes
portadores de HIV e lipodistrofia e no e grupo Controle.
53
Tabela 13. Frequência Alélica da IL-10 (-1028) em pacientes portadores de HIV e
lipodistrofia e no grupo Controle.
53
Tabela 14. Equilíbrio de Hardy-Weinberg: Frequência genotípica observada e
encontrada da IL-10 -1028 em pacientes portadores de HIV e grupo
Controle.
54
Tabela 15. Frequência das variáveis relacionadas ao risco cardiovascular nos
indivíduos HIV soropositivos com lipodistrofia.
54
Tabela 16. Correlação entre os genótipos da citocina TNF- 238 e variáveis
associadas nos indivíduos HIV soropositivos.
56
Tabela 17. Correlação entre os genótipos da citocina IL-06 -174 e as variáveis
associadas nos indivíduos HIV soropositivos.
58
Tabela 18. Correlação entre os genótipos da citocina IL-10 (-1082) e as variáveis
associadas nos indivíduos HIV soropositivos com lipodistrofia.
60
Tabela 19. Correlação entre os genótipos da citocina IL18 (-607) e as variáveis
associadas
62
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Organização do genoma proviral do HIV-1. 18
Figura 2. Ciclo da replicação do HIV. 24
Figura 3. Lipodistrofia facial. 25
Figura 4. Hipertrofia de gordura abdominal. 26
Figura 5. Hipertrofia da região dorso nucal. 26
Figura 6. Sistema Taqman: Identificação da base com uso de sondas marcadas
com fluoróforos.
45
11
LISTA DE ABREVIATURAS
HIV – Human Immunodeficiency Virus – vírus da imunodeficiência humana
HAART (Highly Active Antiretroviral Therapy)
SL - Síndrome de Lipodistrofia
SNPs - Polimorfismos de nucleotídeo simples
ITRN - Inibidores de transcriptase reversa análogos de nucleosídeo
ITRNN - Inibidor de transcriptase reversa não nucleosídeo
IP - Inibidor de protease
SREBP- I - Proteína de ligação elemento regulatória de esterol I
GM-CSF - Fator Estimulador de Colônias de Granulócitos e Monócitos
M-CSF - Fator Estimulador de Colônias de Monócitos
G-CSF - Fator Estimulador de Colônias de Granulócitos
LIF - Fator Inibidor da Leucemia
PAF- Fator Ativador de Plaquetas
12
RESUMO
O tratamento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida obteve avanços importantes
após a introdução da terapia antirretroviral combinada, HAART (Highly Active Antiretroviral
Therapy), a qual tem mudado drasticamente o curso da infecção pelo HIV. No entanto, o
tratamento é acompanhado de vários efeitos colaterais, dentre eles a Síndrome de
Lipodistrofia (SL) acompanhada de alterações morfológicas e metabólicas, incluindo
dislipidemia, resistência à insulina, alterações nos níveis hormonais e distribuição alterada da
gordura corpórea. Apesar da sua patogenia não ser totalmente esclarecida, é sabido que o
aumento de algumas citocinas inflamatórias está relacionado com o desenvolvimento da
Síndrome de lipodistrofia. Diversos sítios polimórficos têm sido descritos nos genes de
citocinas, que podem aumentar ou diminuir a produção destas. Diante disso, este estudo
avaliou os polimorfismos de nucleotídeo simples (SNPs) nos genes codificadores de citocinas
IL18 -607 (rs1946518); IL6 -174 (rs1800795) TNFα -238 (rs361525) e IL10 -1082
(rs1800896) em pacientes com síndrome de lipodistrofia e dislipidemia associada à terapia
antirretroviral. Foram avaliados 93 pacientes HIV soropositivo com síndrome lipodistrofica, e
89 indivíduos no grupo controle. Os polimorfismos foram avaliados por PCR em tempo real
utilizando sondas TaqMan. Após determinação dos diferentes genótipos para as quatro
citocinas avaliadas, não observamos diferença significativa entre os grupos. No entanto, para
o genótipo GA do TNFα -238 foi observada uma tendência (p=0,08) de ser mais frequente
nos controles (15,73%) do que nos casos (7,53%) e teria um efeito de proteção para o
desenvolvimento da lipodistrofia. Concluímos que nenhum dos polimorfismos das citocinas
avaliadas confere proteção ou susceptibilidade para o desenvolvimento da síndrome
lipodistrófica. Os SNPs da IL-6 (-174), IL-10 (-1082), IL-18 (-607) e TNFα (-238) não estão
associados aos fatores de risco avaliados (colesterol, diabetes, dislipidemia) relacionados a
síndrome neste grupo de pacientes. Em relação às variáveis clínicas estudadas, observou-se
uma predominância de síndrome mista para lipodistrofia, o aumento do nível de colesterol e a
presença de dislipidemia nos pacientes HIV soropositivo sob uso de HAART
Palavras Chaves: Polimorfismo genético, Lipodistrofia, Dislipidemia, HAART, HIV,
13
ABSTRACT
The Treatment of Acquired Immunodeficiency Syndrome has achieved important advances
since the introduction of combination antiretroviral therapy, HAART (Highly Active
Antiretroviral Therapy), which has dramatically changed the course of HIV infection.
However, treatment is followed by various side effects, including the Lipodystrophy
Syndrome (LS) accompanied by morphological and metabolic abnormalities, including
dyslipidemia, insulin resistance, changes in hormone levels and altered distribution of body
fat. Despite its pathogenesis is not fully understood, it is known that an increase of some
inflammatory cytokines is related to the development of lipoatrophy syndrome. Several DNA
polymorphic sites have been described in cytokines genes, which may increase or decrease
their production. Thus, this study evaluated single nucleotide polymorphisms (SNPs) in genes
encoding cytokines IL18 -607 (rs1946518); IL6 -174 (rs1800795) TNFα -238 (rs361525) and
IL10 -1082 (rs1800896) in patients with lipodystrophy syndrome and dyslipidemia associated
with antiretroviral therapy. Ninety three HIV seropositive patients with lipodystrophy
syndrome, and 89 individuals in the control group were evaluated. The polymorphisms were
evaluated by real time PCR using TaqMan probes. After determination of the different
genotypes for the four cytokines evaluated, no significant difference between groups were
seen. However, for the TNF -238 GA genotype tends to be more frequent in controls
(15.73%) than in cases (7.53%) ans possibly has a protective effect for the development of
lipodystrophy (p = 0.08). Therefore, we conclude that none of the evaluated cytokines
polymorphisms confer protection or susceptibility for the development of lipodystrophy
syndrome. SNPs of IL-6 (-174), IL-10 (-1082), IL-18 (-607) and TNFα (-238) are not
associated with the risk factors evaluated (cholesterol, diabetes, dyslipidemia) related to the
syndrome in this group of patients. Regarding clinical variables studied, there was a
predominance of mixed lipodystrophy syndrome, the increased level of cholesterol and the
presence of dyslipidemia in HIV-seropositive patients under HAART.
Key words: Genetic polymorphism, lipodystrophy, dyslipidemia, HAART, HIV
14
1. INTRODUÇÃO
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida causada pelo Vírus da Imunodeficiência
Humana (HIV) vem modificando profundamente a prática médica, a sociedade
contemporânea e as iniciativas em saúde pública em todo o mundo (Unaids, 2005; Scheld,
2005).
De acordo com estimativas do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre
HIV/AIDS (UNAIDS) em sua atualização de 2009, o número crescente da população que
vive com HIV reflete os efeitos das altas taxas de novas infecções e o impacto benéfico da
terapia antiretroviral. A partir de dezembro de 2008, cerca de 4 milhões de pessoas em países
de baixa e média renda estavam recebendo terapia anti-retroviral, representando um aumento
de dez vezes em cinco anos (Unaids, 2009).
Com a última atualização de 2013, globalmente, estima-se 35,3 (32,2-38,8) milhões de
pessoas viviam com o HIV em 2012. Um aumento de anos anteriores à medida que mais
pessoas estão recebendo a terapia antiretroviral. Havia 2,3 (1,9-2,7) milhões de novas
infecções pelo HIV no mundo, mostrando um declínio de 33% no número de novas infecções
de 3,4 (3,1-3,7) milhões em 2001. Ao mesmo tempo, o número de mortes por AIDS também
está em declínio, com 1,6 (1,4-1,9) milhão de mortes por AIDS, em 2012, uma queda de 2,3
(2,1-2,6) milhões em 2005(Unaids, 2013).
No Brasil, cerca de 41 mil novos casos de AIDS foram registrados em 2004. A
epidemia iniciou atingindo principalmente homens que mantinham relações sexuais com
homens e, em seguida, usuários de drogas injetáveis. No entanto, hoje a transmissão
heterossexual é responsável por uma proporção crescente de infecções, sendo as mulheres as
mais afetadas. Conjuntamente a isto, observa-se a interiorização progressiva desta epidemia a
qual foi iniciada na década de 90 (Melchior, 2006).
No ano de 2012, foram notificados 39.185 casos de AIDS no Brasil. Este valor vem
mantendo-se estável nos últimos 5 anos. A taxa de detecção nacional foi de 20,2 casos para
cada 100.000 habitantes. A maior taxa de detecção foi observada na Região Sul, 30,9/100.000
habitantes, seguida pela Região Norte (21,0), Região Sudeste (20,1), Região Centro-Oeste
(19,5) e Região Nordeste (14,8) (MS, 2013).
15
Há algumas décadas a AIDS era vista como uma doença que levava inevitavelmente
ao óbito pelo fato de não haver qualquer possibilidade de interferência farmacológica capaz
de alterar o seu curso. No entanto, o tratamento dessa enfermidade, que normalmente tinha
evolução fatal adquiriu avanços importantes após a introdução da terapia anti-retroviral
combinada, HAART (Highly Active Antiretroviral Therapy), a qual tem mudado
drasticamente o curso da infecção pelo HIV (Tin, 2005; Fernandes, 2005; Yu, 2005; Garcia,
2005).
O desenvolvimento da terapia antiretroviral, a partir de 1996, proporcionou a
melhoria no prognóstico e na qualidade e expectativa de vida dos portadores do HIV;
entretanto, fatores como a possibilidade do desenvolvimento de resistência viral aos
medicamentos, a potencial toxicidade dos fármacos no médio e no longo prazo e a
necessidade de adesão à terapia antiretroviral permanecem como principais empecilhos ao seu
sucesso. A sua prescrição deve ser individualizada, seguindo critérios como eficácia,
durabilidade e tolerabilidade (Kramer, 2009).
As complicações metabólicas, incluindo dislipidemia, resistência à insulina, alterações
nos níveis hormonais e distribuição alterada da gordura corpórea (caracterizada por perda do
tecido adiposo subcutâneo e um relativo aumento da gordura visceral) são comuns em adultos
infectados pelo HIV em uso de terapia antiretroviral. Essas complicações podem aumentar o
risco de doenças cardiovasculares ou eventos cerebrovasculares (Grinspoon & Carr, 2005).
Embora associada à melhoria da qualidade de vida dos portadores do HIV, a terapia
antiretroviral trouxe alterações cardiovasculares, pois é crescente o número de casos de
síndromes coronarianas e eventos vasculares periféricos relacionados tanto ao aumento da
sobrevida dos pacientes quanto à toxicidade da terapia. A terapia antiretroviral e
especialmente a classe dos inibidores de protease têm sido associados à dislipidemia,
resistência à insulina e diabete mellitus, que se constituem como fatores de risco para doença
cardiovascular; e, segundo alguns autores, o uso dessa classe de fármacos corresponde a 60%
das alterações metabólicas citadas. Estas alterações são conhecidas como Lipodistrofia, sendo
reconhecida pela perda ou redistribuição da gordura, observada nas características clinicas de
perda subcutânea da gordura em braços, pernas, nádegas. Enquanto há um depósito de
16
gordura no tecido adiposo e visceral, abdômen, peito, região dorso cervical e mama (Kramer
et al, 2009; Likanonsakul et al, 2013).
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA
A Síndrome da imunodeficiência adquirida é uma manifestação clínica avançada da
infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV-1 e HIV-2). Geralmente a infecção
pelo HIV leva a uma imunossupressão progressiva, especialmente da imunidade celular e a
uma desregulação imunitária. Tais desregulações e supressões imunitárias acabam por resultar
em infecções oportunistas, neoplasias e/ou manifestações (demência, caquexia,
trombocitopenia, etc.) que são condições definidoras de AIDS, quando em presença da
infecção pelo HIV (Nadler, 1997).
Em 1982, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida foi reconhecida a partir da
identificação de alguns casos de pneumonias extremamente graves e raras que logo chamaram
a atenção dos epidemiologistas do CDC (Centro de controle de doenças) nos Estados Unidos.
Até então, estas pneumonias somente eram observadas em pessoas com graus severos de
imunodeficiência, seja por quimioterapia ou mesmo por doenças congênitas. Esta pneumonia
era causada pelo Pneumocystis Jiroveci. Entre as pessoas acometidas havia denominadores
comuns: adultos jovens e sadios, homossexuais e usuários de drogas (Sepkowitz, 2001).
2.2 EPIDEMIOLOGIA
Apesar dos vírus, HIV-1 e HIV-2, apresentarem as mesmas vias de transmissão e
semelhantes quadros da AIDS bem como infecções oportunistas, observa-se diferenças na
distribuição geográfica. O HIV-1 é responsável pela maioria dos casos de AIDS no hemisfério
ocidental, Europa, Ásia, África Central (do Sul ao Oriente), enquanto que o HIV-2 encontra-
se predominantemente na África Ocidental (CDC, 2007).
17
Os últimos dados epidemiológicos indicam que, globalmente, a propagação do HIV
parece ter atingido o pico em 1996, quando 3,5 milhões [de 3,2 a 3,8 milhões] novas
infecções pelo HIV ocorreram. Em 2008, o número estimado de novas infecções pelo HIV foi
aproximadamente 30% inferior ao da epidemia de 12 anos antes (Unaids, 2009).
No Brasil de 1980 a junho de 2007, foram notificados 474.273 casos de AIDS, na
região Sudeste foram 289.074 casos, 89.250 no Sul, 53.089 no Nordeste, 26.757 no Centro
Oeste e 16.103 no Norte. Nas regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste, a incidência de AIDS
possui uma tendência à estabilização. Enquanto que no Norte e Nordeste, a tendência é de
crescimento. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil tem uma epidemia
concentrada, com taxa de prevalência da infecção pelo HIV de 0,6% na população de 15 a 49
anos (SESPA, 2010a).
No Estado do Pará, do primeiro caso notificado de AIDS, ocorrido em 1985, até 30 de
junho de 2009 foram notificados 9.426 casos, sendo 9.191 casos em adultos (97,5%) e 235 em
menores de 5 anos (4,04%). Estes dados consideram os casos notificados no SINAN,
SICLOM, SICEL e SIM. A relação homem/mulher vem reduzindo anualmente. Em 2008, esta
relação é de 15 homens com AIDS para cada 10 mulheres (1,5). Os três municípios de maior
incidência do Estado (Barcarena, 1º; Belém, 2º; Redenção, 3º) estão no ranking dos cem
municípios com 50 mil habitantes ou mais com maior taxa de incidência (por 100.000 hab.)
de casos de AIDS notificados no SINAN, declarados no SIM e registrados no
SISCEL/SICLOM no Brasil em 2007 (SESPA, 2010b).
2.3 ETIOLOGIA
O HIV foi isolado pela primeira vez em 1983. Em 1986 foi identificado o segundo
agente etiológico com características semelhantes ao HIV-1, denominado de HIV-2. Ambos
são capazes de infectar seres humanos e pertencem à família dos retrovírus (Sepkowwitz,
2001).
O HIV-1 e HIV-2 são membros da família retroviridae, na subfamília dos lentivírus.
Este grupo de vírus se caracteriza por infecção persistente, a despeito da resposta imune do
18
hospedeiro. Os retrovírus caracterizam-se por terem uma replicação dependente de um DNA
dupla-hélice intermediário (provírus) integrado ao genoma da célula hospedeira (Nadler,
1997).
O genoma do HIV (Figura 1) é constituído por duas moléculas iguais de RNA de
cadeia simples envolto por uma capa proteica, o capsídeo viral. Mais externamente existe
ainda uma matriz de natureza lipoprotéica, o envelope, que abriga as glicoproteínas virais. No
interior do nucleocapsídeo encontra-se também a enzima DNA polimerase dependente de
RNA (transcriptase reversa), a qual regula o processo inicial da replicação dos retrovírus,
quando ocorre a síntese de uma cadeia de DNA de cadeia simples, a partir do molde do RNA
viral. A partícula viral apresenta um capsídeo com simetria icosaédrica, forma esférica e um
tamanho final de aproximadamente 150nm (Leão et al., 1997).
Figura 1. Organização do genoma proviral do HIV-1. (Fonte: SIERRA et al, 2005).
19
2.3.1 Genes estruturais:
Gene env – codifica a síntese das proteínas do envelope do vírus, ou seja, gp160, cuja
quebra gera a gp120 e gp41.
Gene gag – ou gene do antígeno de grupo, que codifica a síntese das proteínas da
região central do vírus, ou seja, p55, cuja quebra gera a p24 e p17.
Gene pol – codifica as enzimas que atuam na replicação viral, ou seja, p66, p51 e p31
(Nadler, 1997).
2.3.2 Genes reguladores:
Gene tat – responsável pela transativação viral, isto é, pela transmissão de sinais
recebidos pela célula infectada e passados ao genoma viral.
Gene ver – responsável pela regulação da síntese de proteínas virais, isto é, regula a
proporção de produção de proteínas reguladoras em relação às estruturais.
Gene nef – regula negativamente a síntese das proteínas virais.
Gene vif – é conhecido como fator de virulência, por acreditar-se que sua presença
esteja associada a maior transmissibilidade da infecção.
Segmento LTR – ou Long Terminal Repeat, onde se situam várias seqüências gêmeas
ligadas à codificação de proteínas reguladoras do ciclo biológico viral.
As proteínas reguladoras são sintetizadas em concentrações menores e os métodos
sorológicos habituais não detectam anticorpos contra estas proteínas (Nadler, 1997).
20
2.4 MECANISMO DE TRANSMISSÃO
O HIV-1 e HIV- 2 apresentam os mesmos modos de transmissão, sendo reconhecida
pelo contato sexual, transmissão vertical de mãe para filho e exposição a produtos
contaminados com sangue, os usuários de droga podem infectar-se com HIV, assim como
profissionais de saúde e/ou áreas afins podem se infectar em acidentes de trabalho,
caracterizando a transmissão ocupacional (Brasil, 2006b).
Os mecanismos de transmissão do HIV estão claramente estabelecidos, sendo que o
contato sexual por relacionamento homossexual ou heterossexual é o principal, contribuindo
com mais de 60% dos casos. A transmissão sanguínea contribui com 30% dos casos, sendo
que a exposição a sangue e derivados vem apresentando decréscimo, dado o controle feito por
sorologia; por outro lado, em usuários de drogas injetáveis é crescente o número de
contaminados; este grupo de indivíduos é responsável pela maioria (80%) em que o risco foi
atribuído ao sangue. A transmissão perinatal, insignificante no início da epidemia, hoje
contribui com cerca de 3-5% dos casos com tendência ascendente em países
subdesenvolvidos, dado o grande número de mulheres contaminadas. O risco de transmissão
da mãe para o concepto, incluindo o período gestacional, trabalha de parto e amamentação é
genericamente estimado em 25%. A transmissão pode ser drasticamente reduzida com o uso
de terapia antiretroviral (Scheld, 2005).
2.5 TRATAMENTO
O tratamento da AIDS objetiva o combate específico ao HIV e prevenção e controle
de inúmeras infecções oportunistas que acometem o indivíduo, principalmente a partir do
momento em que apresente deficiência imunológica grave. A avaliação dessa deficiência
imunológica deve ser feita clínica e laboratorialmente, com mensuração periódica de
linfócitos T auxiliares (CD4+) e com a determinação da carga viral. Pacientes que apresentam
número de CD4+ menor que 200 células/mm3 têm maior probabilidade de desenvolver
qualquer uma dessas infecções. Paralelamente, considera-se que indivíduos com níveis de
carga viral acima de 20.000cópias/ml apresentarão rápida deterioração do sistema imune e
conseqüentemente deterioração clínica, caso inexista intervenção medicamentosa (Brasil,
2003).
21
O principal objetivo da terapia antiretroviral é retardar a progressão da
imunodeficiência e/ou restaurar, tanto quanto possível, a imunidade, aumentando o tempo e a
qualidade de vida da pessoa infectada (Rang et al., 2004).
O tratamento antiretroviral continua sendo indicado para todos os pacientes infectados
pelo HIV, sintomáticos ou assintomáticos, que apresentam contagem de linfócitos T CD4+
abaixo de 200/mm3. Quando o paciente assintomático apresenta contagem de linfócitos T
CD4+ entre 200 e 350/mm3, o início da terapia antiretroviral deve ser considerado conforme a
evolução de parâmetros imunológicos, virológicos (carga viral) e outras características dos
pacientes (motivação, capacidade de adesão, co-morbidades) (Brasil, 2003).
O uso de terapia anti-rretroviral existe desde 1987 com o uso da zidovudina, depois
com duas drogas e posteriormente, em 1997, com associação de três drogas ou mais
(HAART), que culminou na diminuição da mortalidade e a progressão da doença em
pacientes infectados com HIV. No entanto a morbidade secundária a esta terapia tem crescido
a longo prazo (Brasil, 2009b, Fernandes et al., 2005).
O uso de esquemas antiretrovirais altamente ativos (três ou mais drogas) está
recomendado para todos os pacientes em início de terapia. A terapia inicial geralmente é
composta por dois inibidores de transcriptase reversa análogos de nucleosídeo (ITRN)
associados a um inibidor de transcriptase reversa não nucleosídeo (ITRNN). Nos pacientes
com imunodeficiência mais grave, sintomáticos ou assintomáticos, o ITRNN deve ser
preferencialmente o efavirenz, e existe uma alternativa de, ao invés de um ITRNN, se utilizar
um inibidor de protease (IP) (Brasil, 2003).
Na escolha de ITRN para compor o esquema antiretroviral inicial com ITRNN ou IP,
estão recomendadas preferencialmente as associações AZT/3TC e d4T/3TC. As associações
AZT/ddI (com maior número de comprimidos), ddI/3TC (menos avaliada em estudos
clínicos) e ddI/d4T (com maior potencial de toxicidade) permanecem como opção de segunda
escolha (Brasil, 2003). No entanto, o uso desses fármacos associa-se a efeitos colaterais e
toxicidade (TABELA 1).
22
Tabela 1: Principais antiretrovirais: classificação, efeitos colaterais e toxicidade.
Fonte: Ministério da Saúde-DST-Aids (atualizado 06/08/2009)
CLASSIFICAÇÃO ANTIRRETROVIRAL EFEITO ADVERSO
Inibidores da
Transcriptase Reversa
Análago de
Nucleosídeos (ITRNs)
Zidovudina (AZT) Anemia, neutropenia, náusea, cefaléia,
insônia, dores musculares e astenia.
Lamivudina (3TC) Dores abdominais, náusea, diarréia,
exantema e pancreatite.
Estavudina (d4T)
Neuropatia periférica, cefaléia, diarréia,
náusea, insônia, anorexia, pancreatite, provas
de função hepática alteradas, anemia e
neutropenia.
Didanosina (ddI) Pancreatite, acidose lática, neuropatia,
diarréia, dores abdominais e náusea.
Abacavir (ABC)
Zidovudina/Lamivudina
Náusea, diarréia, anorexia, dores
abdominais, fadiga, cefaléia, insônia e
reações de hipersensibilidade.
Cefaléia severa, febre. Exantema. Náusea,
vômito, anorexia, diarréia, dor abdominal,
dispepsia. Pancreatite. Anemia, leucopenia.
Inibidores da
Transcriptase Reversa
Análago de Nucleotídeos
(ITRNs)
Tenofovir (TDF)
Nefrotoxicidade, náuseas, vômitos e diarréia.
Redução de peso e tamanho, osteopenia e
redução do fator de crescimento insulina-
smile em fetos de macacos expostos. Há
poucos dados em humanos
Inibidores da
Transcriptase Reversa
não Análagos de
Nucleosídeos (ITRNNs)
Nevirapina (NVP)
Exantema (incluindo casos da Síndrome de
Stevens-Johnson), febre, náuseas, cefaléia,
hepatite, e provas de função hepática
alteradas.
Efavirenz (EFV)
Exantema (incluindo casos da Síndrome de
Stevens-Johnson), insônia, sonolência,
tontura, distúrbio de concentração e
anormalidades do sono.
Inibidores de Protease
(IPs)
Indinavir (IDV) Náuseas, dores abdominais, nefrolitíase e
hiperbilirrubinemia indireta, lipodistrofia.
Nelfinavir (NFV) Diarréia, náuseas, dores abdominais, astenia
e exantema, lipodistrofia.
Ritonavir (RTV)
Astenia, diarréia, náuseas, parestesia
circumoral, alterações do apetite e aumento
do colesterol e dos triglicerídeos,
lipodistrofia.
Saquinavir (SQV)
Diarréia, dores abdominais, náuseas,
hiperglicemia e provas de função hepática,
alteradas.
Amprenavir (AMP) Náuseas, diarréia, exantema, parestesia
circumoral, alterações do apetite e depressão.
Lopinavir/Ritonavir (LPV/r) Diarréia, fadiga, cefaléia, náuseas e aumento
do colesterol e dos triglicerídeos.
Atazanavir (ATV) Hiperbilirrubinemia indireta, hematúria
microscópica.
Inibidores de Fusão Enfuvirtida (ENF ou T20) Há poucos dados, sendo admitido o seu uso
somente nos casos com multiresistencia.
23
Atualmente, o Brasil/Ministério da Saúde (2007) preconiza a terapia combinada
que é a associação de pelo menos três drogas da mesma classe farmacológica, ou de classes
diferentes no esquema Definir o melhor momento de quando se deve iniciar o tratamento
antirretroviral é fundamental na decisão para o acompanhamento do indivíduo que vive com
HIV.
Estima-se que 10 a 20% dos pacientes que iniciam o tratamento não conseguem
suprimir a viremia de forma satisfatória após alguns meses de terapia (falha virológica
primária) e cerca de 20 a 50% dos que apresentam boa resposta inicial apresentarão falha
virológica após um ano de tratamento (falha virológica secundária), sendo a taxa de resposta
virológica a tratamentos subseqüentes progressivamente menores (BRASIL, 2007b).
O ciclo de replicação do HIV sugere que pode haver muitos sítios de ação em relação
aos diferentes fármacos utilizados na terapia antiretroviral. A interferência em qualquer das
etapas do ciclo do HIV impede a multiplicação e/ou à liberação de novos vírus. Os fármacos
podem interferir na fusão da GP120 com o CD4 (inibidor de fusão T120); na função da
enzima RT, bloqueando a ação enzimática, que age convertendo o RNA 137 viral em DNA,
utilizando os inibidores da transcriptase reversa análogo de nucleosídeos ou nucleotídeos
(ITRNs) e inibidores de transcriptase reversa não análogos de nucleosídeos (ITRNNs); podem
atuar na integrase, impedindo que o provírus se ligue ao genoma da célula hospedeira; atuar
sob a protease, fundamental para clivagem das cadeias protéicas, produzidas pela célula
infectada, e finalmente em proteínas virais estruturais e enzimas que formarão cada partícula
do HIV, por meio dos inibidores de protease (IP) (Hardam & Limbird, 2003; Brasil, 2006 a).
24
Figura 2. Ciclo da replicação do HIV. Adaptado de Cunico, Gomes & Vellasco Jr
(2008).
O tratamento deve ser recomendado em indivíduos assintomáticos, com contagem de
linfócitos T-CD4+ (LT-CD4+) entre 200 e 350/mm 3. Quanto mais próximo de 200
células/mm3 estiver a contagem de T-CD4+, maior é o risco de progressão para AIDS,
especialmente se associada à carga viral plasmática elevada (maior que 100.000 cópias/mm3).
Nesses indivíduos, a decisão de iniciar o tratamento dependerá da tendência de queda de
contagem de linfócitos T-CD4+ e/ou de elevação da carga viral, da motivação do paciente
para iniciar o tratamento, sua capacidade de adesão e a presença de comorbidades. A
presença de manifestações clínicas associadas à imunodeficiência relacionada ao HIV sugere
a necessidade de iniciar o tratamento antiretroviral independentemente dos parâmetros
imunológicos, devendo esta decisão ser considerada individualmente (Brasil, 2008).
O uso de potente terapia anti-retroviral tem profundamente diminuído a mortalidade e
progressão da doença em pacientes infectados com HIV. No entanto, a morbidade secundária
a esta terapia em longo prazo tem crescido em importância. Entre estas complicações,
lipodistrofia, dislipidemia, ateroesclerose, resistência à insulina e a osteopenia são os efeitos
colaterais mais preocupantes, afetando tanto adultos, como crianças. Além do que, as
alterações na composição da gordura corporal (síndrome lipodistrófica) prejudicam a
25
autoimagem do paciente e podem interferir na aderência ao tratamento antiretroviral, levando
à falha terapêutica (Valente et al., 2005).
2.6 LIPODISTROFIA DO HIV
A lipodistrofia, caracterizada por aumento nos níveis séricos de colesterol, triglicérides
e de glicemia, está associada à resistência à insulina, e à mudança na distribuição da gordura
corporal, é uma síndrome associada à terapia anti-retroviral. Os sintomas da lipodistrofia
incluem hipertrofia de tecido adiposo com distribuição centrípeta, acúmulo de gordura no
abdômen, região peitoral e nas vísceras, surgimento de uma curvatura cervical denominada
“corcova de búfalo” e perda de tecido adiposo na face, nádegas e membros inferiores e
superiores. Embora a lipodistrofia tenha sido inicialmente associada ao uso de inibidores da
protease, esta síndrome também tem sido observada entre pacientes utilizando inibidores da
transcriptase reversa (Fernandes et al, 2007).
A lipodistrofia pode ser classificada clinicamente em três categorias: 1- Lipoatrofia:
caracterizada pela redução da gordura nas regiões periféricas, como braços, faces, pernas e
nádegas, podendo apresentar proeminência muscular e venosa relativas; 2- Lipo-hipertrofia:
caracterizada pelo acúmulo de gordura na região abdominal, presença de gibosidade dorsal,
ginecomastia e aumento das mamas em mulheres; 3- Forma mista: caracterizado pela
associação de componentes das duas formas anteriores descritas (Barsotti et al, 2007).
Figura 3. Lipodistrofia facial. Adaptado de Carr & Cooper (1998).
26
Figura 4. Hipertrofia de gordura abdominal. Adaptado de Carr e Cooper ( 1998)
Figura 5. Hipertrofia da região dorso nucal. Adaptado de Carr e Cooper ( 1998)
A patogenia dessa síndrome é amplamente desconhecida, embora os efeitos da terapia
antiretroviral no surgimento da lipodistrofia têm sido descritos. Adicionalmente, têm sido
relatado que a adequada adesão à terapia anti-retroviral pode estar fortemente associada com o
risco aumentado para a ocorrência da lipodistrofia (Fernandes et al, 2007).
O tipo, duração e uso corrente ou não de terapia anti-retroviral estão fortemente
associados com a severidade da lipodistrofia. A terapia combinada baseada no uso de dois
análogos nucleosídeos inibidores da transcriptase reversa e um inibidor da protease é
especialmente associada com a lipoatrofia severa (Grinspoon & Carr, 2005).
27
Muitos mecanismos patogênicos para a redistribuição da gordura corpórea estão em
estudo. Para lipoatrofia, os mecanismos incluem comprometimento na diferenciação de
adipócitos, apoptose de adipócitos mediada por citocinas pró-inflamatórias, como o fator de
necrose tumoral (TNF-), desregulação da 11- β-hidroxiesteróide desidrogenase (11-β-HSD)
e toxicidade mitocondrial (Lichtenstein, 2005).
Um fator sugerido para explicar a lipodistrofia é a proteína de ligação elemento
regulatória de esterol I (SREBP- I), é necessária para a diferenciação do adipócito. Estudos
em Vivo de pacientes com AIDS e lipoatrofia versus controle saudáveis demonstrou uma
maior proporção de pequenos adipócitos e uma reduzida expressão da SREBP-I em pacientes
com Lipoatrofia (Domingos, 2006).
O tecido adiposo pode ser dividido em subcutâneo e intra-abdominal, tanto a captura de
triglicerídeos quanto a resposta lipolítica a sinais do sistema nervoso simpático está
aumentada nos adipócitos intra-abdominais em relação ao subcutâneo. Os adipócitos intra
abdominais secretam níveis mais elevados de adpocinas, incluindo interleucina-6 (IL-6) e
inibidor de ativador de plasminogênio – 1 (PAI-1) e possivelmente níveis mais baixos de
adponectina. As adipocinas afetam adversamente o metabolismo glicêmico e lipídico, ativam
células endodetialiais, recrutando monócitos para o tecido adiposo fornecendo uma ligação
com adiposidade e inflamação (Domingos, 2006).
De um modo geral, a prevalência relatada de mudança na forma corporal relacionada
com PIs varia de 1,8% a 71%, em pacientes estudados após 3 a 24 meses de terapia. Em
estudo recente observaram que a terapia com PI induziu um aumento de duas a três vezes nos
níveis de apo-E e apo-C-III, associado a um incremento de até oito vezes de lipopartículas
contendo apo-B. Entre tais parâmetros, apenas a apo-C-III se associou fortemente à
ocorrência de lipodistrofia. Esta última estava presente em cerca de 50% dos pacientes
tratados (Castellar & Vilar, 1999).
O análogo de nucleosídeo (NA) mais fortemente associado à lipoatrofia é a estavudina,
particularmente quando usada em combinação com a didanosina. A lipoatrofia associada com
NA pode ser devido, em parte, à injúria mitocondrial resultante da inibição da α-DNA
polimerase e depleção do DNA mitocondrial de adipócitos, apesar da extensão e
especificidade desse efeito permanecer desconhecido. Os NAs podem inibir a adipogênese e a
28
diferenciação de adipócitos, promover a lipólise e exercer efeito tóxico sinérgico aos PIs in
vitro e in vivo (Grinspoon & Carr, 2005).
Além destes efeitos colaterais, também são observados alterações no metabolismo
ósseo dos indivíduos soropositivos. A prevalência relatada de diminuição da densidade
mineral óssea em adultos infectados pelo HIV tem sido 22-50% de adultos com osteopenia e
3-21% com osteoporose (Lima; Verdeal & Farias, 2005).
Para o diagnóstico da lipodistrofia podem ser utilizadas medidas antropométricas,
absormetria com dupla energia de Rx (DEXA), tomografia computadorizada e ressonância
nuclear magnética. Para avaliação da dislipidemia, dosagem dos níveis de colesterol total /
frações, e triglicerídeos. Para avaliação da resistência à insulina e diabetes, realização de
curva glicêmica (GTT) e dosagem da insulinemia basal (Valente et al., 2005).
Não existe terapia aprovada para nenhum componente da síndrome lipodistrófica, e a
decisão do tratamento vai depender de algumas variáveis: presença de sintomas; estado
clínico do paciente; tipo de anti-retrovirais utilizados; tempo de uso dos anti-retrovirais;
presença de um ou de mais fatores de risco cardiovascular (Oliveira & Lins, 2002).
Os resultados preliminares de estudos em que os PIs foram trocados por inibidores da
transcriptase reversa não-nucleosídeos (p.ex., nevirapina, efavirens) têm mostrado melhora
subjetiva e diminuição da gordura abdominal visceral, em alguns pacientes (Castellar & Vilar,
1999).
Pesquisa com pacientes soropositivos submetidos à terapia anti-retroviral durante 12,6
meses, nos EUA, demonstrou que os IP acarretam alterações significativas na composição
corporal. Considerando que os pacientes não estavam edemaciados e não houve aumento de
massa magra, esse ganho ponderal estaria relacionado ao aumento de massa gorda. Sugerindo,
que o aumento de gordura é proporcional à porcentagem de gordura corpórea do indivíduo
antes do início da terapia (Schwenk et al., 2000).
A dislipidemia relacionada aos IPs, provavelmente envolve uma predisposição
genética. Dados recentes evidenciam associação entre trigliceridemia e severo polimorfismo
29
encontrado no gene apo C-III. O estado nutricional e a predisposição genética parecem ter
papéis definidos no risco elevado para hiperlipidemia associado aos IPs (Domingos,2006).
2.7 ALTERAÇÕES GLICÊMICAS E RESISTÊNCIA INSULÍNICA
O primeiro registro de casos de hiperglicemia em pacientes soropositivos foi feito pelo
FDA que, em 1997 relatou sua ocorrência em 83 pacientes em uso de terapia anti-retroviral
com inibidores de protease.
Em 1998, Caar e colaboradores realizaram estudo de corte transversal onde verificou-
se que a lipodistrofia, hiperlipidemia e resistência insulínica eram complicações comuns dos
inibidores de protease nos pacientes HIV. Neste estudo, o diabetes não foi considerado um
evento comum.
A prevalência de diabetes melitus é quatro vezes mais comum em homens em terapia
antiretroviral comparado com homens não infectados. A incidência de pré-diabetes e diabetes
é de duas e três vezes respectivamente (Currier et al., 2004).
O tratamento de indivíduos não infectados pelo HIV com indinavir (IP) promoveu
instalação rápida de resistência insulínica, sem mudanças na composição corporal. No
entanto, é importante salientar que a resistência insulínica pode estar associada à própria
infecção pelo HIV, provavelmente pela ação direta do vírus na função das células beta
pancreáticas, assim como nos mecanismos de secreção insulínica (Valente et al., 2005).
O diabetes parece também contribuir para seqüelas neurológicas das infecções por
HIV. Um estudo de coorte examinou os fatores associados com várias funções cognitivas em
uma coorte de adultos infectados por HIV e encontrou que o diabetes foi mais comum entre
pessoas idosas e foi associada com piora global da função cognitiva e função psicomotora
após controle para idade, terapia anti-retroviral, níveis de colesterol elevados e fumo (Currier,
2004; Sweet, 2005).
30
A terapia anti-retroviral pode levar ao fluxo alterado de substratos, incluindo ácidos
graxos livres, bem como acúmulo de lipídio intramiocelular, alterações nos níveis de
adipocina e baixos níveis de adiponectina e redução da expressão de PPARγ em adipócitos
subcutâneo. A terapia anti-retroviral pode também contribuir para alteração da homeostase da
glicose. Inibidores de protease (incluindo indinavir, amprenavir, nelfinavir e ritonavir)
mostraram induzir resistência à insulina in vitro pela redução do transporte de glicose
mediado pelo transportador 4 de glicose, sem afetar a sinalização pós-receptor de insulina. Os
resultados de estudos clínicos têm sugerido que indinavir e lopinavir têm efeito adverso de em
curto prazo na sensibilidade à insulina. Inibidores de protease tais como atazanavir e
saquinavir podem ter mínimos efeitos na sensibilidade à insulina. Inibidores de protease
podem também reduzir a secreção de insulina pela célula beta pancreática, mas a resistência é
o efeito primário. Efeito direto dos análogos de nucleosídeos no metabolismo da glicose não
tem sido demonstrado, mas tais drogas podem contribuir para resistência à insulina
indiretamente através de mudanças na distribuição de gordura (Grinspoon & Carr, 2005).
Hadigan e colaboradores (2004) realizaram estudo randomizado, duplo-cego, com três
meses de seguimento, que avaliou os efeitos da roziglitazona na dose de 4mg/dia em pacientes
HIV com hiperinsulinemia e na lipoatrofia de 28 pacientes soropositivos em terapia anti-
retroviral. Encontrou-se melhora significativa na sensibilidade insulínica, elevação dos níveis
de adiponectina, redução dos ácidos graxos livres e aumento da gordura periférica com uso da
medicação em relação ao grupo placebo. Um estudo australiano com mesmo desenho não
observou alterações significativas na composição corporal em um seguimento de 12 meses.
Desta forma ainda são necessários novos estudos para avaliar os benefícios destes
medicamentos em pacientes infectados pelo HIV (Valente, 2005).
2.8 ALTERAÇÕES LIPÍDICAS
A dislipidemia em níveis associados com aumento do risco de doença cardiovascular
ocorre em aproximadamente 70% dos pacientes infectados pelo HIV-1 recebendo terapia
antirretroviral. As características da dislipidemia nesta síndrome incluem hipertrigliceridemia
severa, baixos níveis de lipoproteína de alta densidade (HDL) colesterol e elevação da
lipoproteína de baixa densidade (LDL) colesterol. Esta dislipidemia é mais importante entre
31
os pacientes recebendo inibidores de protease e entre aqueles com redistribuição de gordura
(lipoacumulação e lipoatrofia) (Montesori et al, 2004). Este padrão de dislipidemia é
extremamente aterogênico e somado com outros fatores presentes no paciente HIV, tais como
resistência à insulina e inflamação vascular leva ao aumento do risco para doenças
cardiovasculares prematuras (Grinspoon & Carr, 2005).
Muitos estudos postulam a associação entre hipercolesterolemia e/ou
hipertrigliceridemia e uso de inibidores de protease. Após cinco anos de seguimento de
pacientes soropositivos em terapia com IP observou-se uma incidência cumulativa de novos
casos de hipertrigliceridemia. Outro estudo mostrou que um grupo de pacientes que nunca
receberam inibidor de protease e que estava em tratamento com inibidores de transcriptase
reversa análogos de nucleosídeo apresentava níveis significativamente elevados de
triglicerídeos, sugerindo a existência de outros fatores implicados nestas alterações. As duas
principais combinações de drogas observadas foram zidovudina-lamivudina e estavudina-
lamivudina (Valente, 2005).
Fatores de risco tradicionais contribuem para doença cardiovascular em pacientes e
estes fatores de risco precisam de manejo agressivo. Pacientes HIV positivos parecem ter um
aumento do risco de doença coronariana, bem como para diabetes e hipertensão, todos
considerados fatores de risco maiores para doença cardiovascular. A terapia anti-retroviral
parece aumentar a progressão da resistência insulínica e dislipidemia. O tratamento dos
fatores de risco é complicado devido interações droga-droga e droga-doença (Sweet, 2005).
Estudo realizado por Haugaard e colaboradores (2005) sugere que pacientes HIV
soropositivo com normoglicemia apresentam diminuição no metabolismo da glicose e lipídios
em múltiplas vias envolvendo fígado, tecido muscular e alterações funcionais da célula β
pancreática.
Na ausência de um consenso específico para o tratamento de dislipidemia nos
indivíduos soropositivos, utilizam-se os mesmos critérios do National Cholesterol Education
Program para a população geral. Todos os pacientes adultos infectados pelo HIV necessitam
de dosagem anual de lipídios antes do início da terapia anti-retroviral e a cada dois meses
após a instituição do tratamento ou após qualquer mudança em seu esquema terapêutico. É
importante a investigação da presença de história familiar para dislipidemia e/ou diabetes,
32
bem como dos hábitos de vida do paciente: uso de álcool ou medicamentos como estrógeno.
Desta forma, a mudança no estilo de vida torna-se indispensável no tratamento da
dislipidemia. As estatinas como a sinvastatina, lovastatina e atorvastatina são metabolizadas
pelo citocromo P-450, isoforma 3ª4, o qual é inibido pelos inibidores de protease; entretanto,
a pravastatina e o ezetimibe podem ser boas alternativas pelo metabolismo alternativo. Nos
casos de associação entre as drogas anti-retrovirais e antilipemiantes (fibratos e/ou estatinas) é
fundamental uma rigorosa monitorização da função renal, das enzimas hepáticas e da
creatinofosfoquinase (CPK) pela potencialização dos efeitos nefrotóxicos, hepatotóxicos e
miotóxicos destas medicações (Valente, 2005; Grinspoon & Carr, 2005).
3. CITOCINAS E MODULAÇÃO DA RESPOSTA IMUNITÁRIA
As citocinas pertencem a uma família de proteínas solúveis de baixo peso molecular
envolvidas na regulação das atividades celulares, notadamente aquelas relacionadas às
respostas imunitárias e inflamatórias. São produzidas por vários tipos celulares,
principalmente linfócitos e macrófagos ativados, e sua síntese é deflagrada por estímulos
inflamatórios e/ou antigênicos. Usualmente as citocinas atuam por mecanismos parácrinos
e/ou autócrinos, pela ligação a receptores de alta afinidade nas células-alvo. Algumas
citocinas, entretanto, podem ser produzidas em quantidades suficientes para exercerem
atividade endócrina (Ledá, 2010).
Citocinas que medeiam a imunidade inata são produzidas principalmente pelos
macrófagos ativados e incluem TNFs, IL-1, IL-6, IL-10, IL-12 e as quimiocinas. Por outro
lado, as que medeiam a imunidade adquirida são produzidas principalmente por linfócitos T
ativados e incluem IL-2, IL-4, IL-5, IFN-γ. e TGF-β (Delves & Roitt, 2000).
Em resposta aos antígenos protéicos dos microrganismos, os linfócitos T auxiliares (T
helpers – TH) CD4 + podem se diferenciar em subpopulações que apresentam padrões
distintos de síntese de citocinas. O padrão de síntese denominado TH1 é estimulado na
infecção por bactérias intracelulares e vírus, situações melhor controladas pela resposta
imunitária celular, com ativação de macrófagos e linfócitos T citotóxicos. Por outro lado, o
padrão TH2 ocorre em resposta a helmintos e alérgenos que ocasionam estimulação crônica
33
dos linfócitos T e produção de anticorpos pelos linfócitos B. Em outras palavras, citocinas do
padrão TH1 (IL-2 e IFN-γ) favorecem principalmente a defesa contra infecções por
microrganismos intracelulares e a eliminação de células transformadas, enquanto as do padrão
TH2 (IL-4, -5, -6 e -10) estão particularmente envolvidas na imunidade humoral e nas reações
mediadas por IgE.
4.1 INTERLEUCINA 6 (IL-6)
A interleucina-6 (IL-6) é uma citocina com atuação tanto na resposta imune inata
como na adaptativa. É sintetizada por monócitos, células endoteliais, fibroblastos e outras
células em resposta a microrganismos e também à estimulação por outras citocinas,
principalmente interleucina-1 (IL-1) e fator de necrose tumoral (TNF-alfa). Constitui um
importante papel como marcador inflamatório. Entre os vários fatores que regulam a
expressão do gene da IL-6, estão o estrógeno e a testosterona. Após a menopausa ou
andropausa, os níveis de IL-6 são elevados mesmo na ausência de infecção, trauma ou
estresse (Gomes, et al. 2009).
A IL-6 desempenha papel importante no processo de ruptura ou erosão da placa de
aterosclerose e tem seus valores séricos aumentados nesses eventos. Esse aumento pode estar
relacionado ao aumento da proteína C- reativa, já que a IL-6 promove a síntese hepática desse
marcador, porém também a PCR tem seu efeito aterogênico mediado em parte pela síntese de
IL-6. Trata-se de um forte marcador independente do aumento da mortalidade por doença
coronariana aguda (DCA), prestando-se também à identificação de pacientes que se
beneficiam de uma estratégia invasiva precoce (Souza, 2008).
Segundo estudo feito por Jupiter, 2009, demonstrou o papel dos níveis de proteína C-
reativa como um importante fator de risco cardiovascular em população saudável. Entretanto
nos estudos de Gomez et al, 2009, contestam a associação de valores elevados da PCR com
fatores de risco cardiovascular. Pesquisa incluindo apenas idosos mostrou que a PCR e o
fibrinogênio podem não ser tão úteis quanto a IL- 6 e o TNF-α. Nos pacientes com idade ≥65
anos, a IL-6 e TNF-α têm se mostrado bons preditores de desfechos cardiovasculares.
34
Estudo recente, realizado no Brasil, demonstrou que o gene IL-6 é inequivocamente
associado com várias características compatíveis com o risco cardiovascular em idosos
aparentemente saudáveis do sexo feminino. De acordo com o mesmo estudo, a homozigose
dominante apresenta efeito mais deletério, e em contrapartida, a homozigose recessiva
apresenta efeito mais vantajoso (Tonet et al, 2008).
4.2 INTERLEUCINA 10 (IL-10)
A interleucina-10 é uma estrutura homodimétrica, sem a presença de carboidrato,
constituída por uma cadeia polipeptídica, que se estrutura em 4 α – hélices, pode ser
produzida por linfócitos Th2, Th0, células B, queratinócitos e células dendríticas. Trata-se de
uma citocina anti-inflamatória que inibe a síntese de vários mediadores inflamatórios,
normalmente secretados por monócitos/macrófagos ativados tais como: IL1α, IL1β, IL6, IL8,
GM-CSF (Fator Estimulador de Colônias de Granulócitos e Monócitos), M-CSF (Fator
Estimulador de Colônias de Monócitos), G-CSF (Fator Estimulador de Colônias de
Granulócitos), TNF-α, LIF (Fator Inibidor da Leucemia), PAF (Fator Ativador de Plaquetas)
(Fiorentino, 1991).
A IL-10 desempenha um papel crucial na regulação imune, predominantemente
através da inibição da produção de mediadores pró-inflamatórios. O papel regulador da IL-10
foi demonstrado por meio de sua expressão em algumas lesões ateroscleróticas, bem como na
demonstração de que a IL-10 exógena inibe a liberação de IL-12 induzida por LDL. Essa
citocina pode atuar inibindo a ação do fator nuclear kappa Β (NF- κB), com conseqüente
diminuição da produção de citocinas pró-inflamatórias, da inibição da apoptose de
macrófagos, da expressão do fator tecidual, do fibrinogênio e da proliferação de células
musculares lisas, mecanismos esses, diretamente relacionados com a progressão da
aterosclerose (Camacho et al, 2007).
35
4.3 FATOR DE NECROSE TUMORAL α (TNF-α)
O Fator de Necrose Tumoral α (Tumor necrosis factor alpha – TNF-α) foi
primeiramente descrito como uma glicoproteína induzida por endotoxina, capaz de causar
necrose hemorrágica em tumores. É uma citocina pró-inflamatória e angiogênica, que exerce
papel importante nas doenças inflamatórias e infecciosas, notadamente nas infecções virais.
Sua síntese é feita por macrófagos, células NK, linfócitos T, linfócitos B e mastócitos. Nos
macrófagos, a produção de TNF-α é estimulada por diversos patógenos, incluindo vírus,
bactérias e parasitas; e, também, por citocinas, como a IL-1, IL-12, IFN-γ. Por outro lado,
citocinas como a IL-4, IL-10 e TGF-β inibem a produção de TNF-α nessas células. A
produção crônica de TNF-α atenua as vias de sinalização de receptores para antígenos de
linfócitos T, diminuindo as funções dos linfócitos TH1 e TH2 (Ledá, 2010).
Em pacientes sadios, o TNF-α é usualmente indetectável, mas elevados níveis séricos
são detectados em pacientes com doenças inflamatórias ou infecciosas. Em indivíduos
infectados pelo HIV, por exemplo, níveis elevados de TNF-α são observados em todos os
estágios da doença, notadamente na vigência de outras infecções concomitantes. O TNF-α é
capaz de inibir a entrada do HIV nos macrófagos, mas não em linfócitos de sangue periférico.
Adicionalmente, proporciona diminuição da expressão de receptores CD4 e de CCR5 na
superfície celular e estimula a apoptose de linfócitos T CD4 + e T CD8 +. Por outro lado, a
produção TNF-α estimula a replicação do HIV nas células infectadas cronicamente, por meio
da ativação da via do NF-κB (Ledá, 2010).
O fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) é uma chave de citocinas pró-inflamatórias.
Pacientes com insuficiência cardíaca crônica têm alto nível de circulação dos níveis de TNF-
α, que se correlacionam com a gravidade de sua doença. TNF-α tem vários efeitos deletérios,
incluindo apoptose das células do miocárdio, ativação de genes fetais, disfunção endotelial, e
a produção de colágeno. Estes processos levam a avaria celular, diminuição da contratilidade
cardíaca e valorização do processo de remodelação e está associada com caquexia e ativação
do sistema renina-angiotensina e é um preditor independente de mortalidade (Offer et al,
2010).
36
Em pacientes soropositivos são observadas mudanças no estado nutricional associados
com o uso de terapias e o tempo de sobrevivência do paciente, sendo relatadas alterações na
glicose, triglicerídeos, colesterol, redistribuição corporal e o metabolismo dos lipídios tem
sido associado com as citocinas produzidas pela infecção. Contudo, estudos têm sido
realizados na tentativa de explicar essas alterações e seu possível envolvimento com a terapia
anti-retroviral e o sistema imune. Vários autores têm demonstrado o envolvimento de
Inibidores da protease (PI), com citocinas, tais como TNF-α, IL-6, e IL-12, na reconstituição
imunológica e manipulação de lipídios. Tais drogas podem suprimir a apoptose fisiológico
por inibição das proteases celulares e têm um impacto direto sobre a produção de citocinas
(Pontes-Cardoso, 2007).
Ledru et al, 1998, mostrou que o efeito direto de inibidores de protease tem que ser
considerado como um mecanismo que contribua para a acumulação de células T, os
produtores de TNF-α. Portanto, tal polarização de células T para sintetizar o TNF-α parece
favorecer lipodistrofia, contribuindo para mudanças no metabolismo lipídico. De fato,
importante correlações foram observadas entre o número absoluto de células T CD8,
produção de TNF-α e lipídios, incluindo alterações no colesterol, triglicerídeos.
4.4 INTERLEUCINA 18 (IL-18)
A interleucina 18 é citocina pró-inflamatória que potencializa respostas imunes do tipo
TH 1 e co-estimula a produção de outras citocinas pró-inflamatórias, como IFN-γ, TNF-α e IL
1. É produzida por vários tipos celulares como monócitos/ macrófagos, osteoblastos, células
de Kupffer, além de adipócitos. Alterações nos níveis de IL -18 em diversos distúrbios
metabólicos, associados ou não com infecção pelo HIV, a exemplo de obesidade, resistência a
insulina, diabetes mellitus, doença cardiovascular e da própria Síndrome lipodistrófica,
sugerem o seu envolvimento na patogênese dessa síndrome.
O gene IL-18 localizado no cromossomo 11q22. 2, apresenta em sua região promotora
vários polimorfismos. Dois SNPs localizados na posição – 607(C/A) e -137(C/G) são
conhecidos por influenciarem a ligação de fatores de transcrição e modificarem a atividade
transcricional do gene da IL-18.
37
Alterações nos níveis de IL-18 em diversos distúrbios metabólicos, associados ou não
com a infecção pelo HIV, a exemplo da obesidade, resistência à insulina, diabetes, doença
cardiovascular e a própria síndrome lipodistrófica, sugerem seu envolvimento com a
patogênese da síndrome (Castelar, 2008).
5. POLIMORFISMOS GÊNICOS, CITOCINAS E INFECÇÃO PELO HIV
A susceptibilidade de infecção pelo HIV e a progressão para a AIDS dependem da
eficácia da resposta imunitária do indivíduo infectado. No entanto, a resposta imunitária
durante a infecção pode variar consideravelmente entre os indivíduos portadores do vírus,
devido a diferentes fatores, incluindo os constitucionais, como os fatores genéticos.
Polimorfismos de nucleotídeo simples (Single Nucleotide Polymorphisms - SNPs) são
alterações genômicas, nas quais apenas uma base nitrogenada está alterada. São consideradas
as alterações mais comuns do genoma, ocorrendo a cada 1.000 a 1.200 pares de bases,
aproximadamente. No entanto, menos de 1% dos SNPs pode ocasionar alteração do produto
gênico. Acredita-se que esses polimorfismos sejam resultado da replicação imprecisa do
DNA; entretanto, sua maior estabilidade em relação a outras seqüências variantes os torna
menos susceptíveis a uma segunda mutação (Venter, et al, 2001).
Embora alguns SNPs sejam funcionais e altere o produto gênico de maneira
quantitativa ou qualitativa, a maioria deles não tem efeito biológico. Dentre os diversos tipos
de SNPs estão aqueles ocorrendo em regiões promotoras, que afetam a regulação e expressão
protéica; SNPs não sinônimos, capazes de gerar uma proteína com alterações na sequência de
aminoácidos; e SNPs em sítios de splicing, que geram proteínas diferentes. Muitos
polimorfismos vêm sendo detectados em sequências de genes codificadores de citocinas,
principalmente na região promotora. A presença de determinados SNPs pode influenciar a
susceptibilidade ao desenvolvimento ou o prognóstico de algumas doenças imunitárias,
infecciosas (Kwok, 2003).
Em relação a polimorfismos em genes de citocinas, já foi descrito importante
associação entre SNP na região promotora do gene da IL-10 na posição -592 e progressão
38
acelerada para AIDS em pacientes homozigotos para o alelo A. Adicionalmente, um SNP na
região promotora do gene da IL-6 foi associado a uma baixa contagem de linfócitos T CD4.
+ em indivíduos portadores do HIV sob tratamento antirretroviral (Fernandez, 2006).
Em relação a outros genes de citocinas, o gene codificador do TNF-α é altamente
polimórfico. De fato, diversos polimorfismos na sua sequência promotora já foram descritos,
incluindo SNPs nas posições -1031 T/C (rs1799964), -862 C/A (rs1800630), -857 C/T
(rs1799724), -308 G/A (rs1800629), e -238 G/A (rs361525) 73. O polimorfismo na posição -
862 (SNP/pTNF-α -862) já foi associado a alterações transcricionais no gene codificador de
TNF-α, conferindo aos portadores do alelo A menores níveis séricos da citocina.
Adicionalmente, o polimorfismo na posição -238 (SNP/pTNF-α -238) foi associado a uma
diminuição na atividade do promotor, resultando em menor produção de TNF-α nos
indivíduos portadores do alelo A. SNPs na região promotora do gene do TNF-α estão
associados a diversas doenças imunitárias, infecciosas e neoplásicas, incluindo a doença de
Alzheimer, a artrite reumatoide, o lúpus eritematoso sistêmico, a fibrose hepática em
pacientes infectados pelo vírus da hepatite C (HCV) (Kaluza et al, 2000; Fonseca et al, 2007).
A identificação de SNPs nos genes codificadores da IL-10 e do TNF-α pode ser útil
para o rastreamento de pacientes que apresentam alterações constitutivas na produção dessas
citocinas, o que, por sua vez, pode modular a resposta imunitária, tornando-a mais ou menos
eficiente no combate à infecções virais e ainda podem apresentar susceptibilidade
geneticamente determinada ao desenvolvimento de outras doenças associadas à AIDS.
39
6. JUSTIFICATIVA
Recentemente, estudos tem demonstrado a ocorrência crescente de casos da síndrome
lipodistrófica em portadores de HIV/AIDS. A lipodistrofia trata-se de uma síndrome que
ilustra a importância do funcionamento normal do tecido adiposo para a maioria dos
processos metabólicos vitais do organismo. Contudo, a fisiopatologia de suas alterações
endócrino-metabólicas, bem como seus agentes causais e sua possível associação à HAART
ainda não foram totalmente esclarecidas.
O advento da TARV permitiu a redução da carga viral do HIV para níveis não-
detectáveis, modificando a percepção da AIDS, de uma doença fatal para uma condição
crônica. A utilização da terapia combinada em regimes triplos reduziu drasticamente a
morbi/mortalidade entre os pacientes infectados pelo HIV. No Brasil, a ampla distribuição de
antirretrovirais também demonstra resultados altamente positivos. Apesar dos aspectos
positivos da terapia, o aparecimento de efeitos adversos vem comprometendo a adesão ao
tratamento e a qualidade de vida dos pacientes. Dentre os principais efeitos adversos da
TARV, a lipodistrofia e a dislipidemia destacam-se devido a sua alta prevalência, ocorrendo
em mais de 50% dos pacientes em tratamento. O surgimento da lipodistrofia é influenciado
pela atividade citocínica; os polimorfimos (SNPs) que promovem o aumento ou a diminuição
destas citocinas apresentam um potencial promissor para a identificação dos pacientes HIV
soropositivos susceptível ao surgimento da síndrome lipodistrófica durante o tratamento.
Para que se possa reduzir a morbimortalidade decorrente desta síndrome e ainda para
que se tenha mais conhecimento sobre a segurança dessa terapia, faz-se necessário
compreender a gravidade dos efeitos adversos e os fatores genéticos que possam estar
contribuindo com o surgimento da síndrome.
40
7. OBJETIVOS
7.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar os polimorfismos de nucleotídeo simples (SNPs) em gene codificadores de citocinas
em pacientes com síndrome de lipodistrofia e dislipidemia associada à terapia antirretroviral.
7.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Avaliar os polimorfismos de nucleotídeo único dos genes das citocinas IL18 –
607(rs1946518); IL6 - 174(rs1800795); TNF-238 (rs361525); IL10 - 1082 (rs1800896)
em pacientes com HIV/AIDS sob terapia antirretroviral e síndrome lipodistrófica e
dislipidemia e em controles saudáveis sem HIV e sem Lipodistrofia;
Determinar as frequências gênicas e genotípicas destas citocinas nos pacientes HIV
soropositivos e o grupo controle.
Correlacionar os polimorfismos genético das citocinas com parâmetros laboratoriais em
pacientes HIV soropositivos sob terapia antirretroviral com lipodistrofia;
Descrever o perfil clínico/laboratorial dos pacientes HIV soropositivo.
41
8. MATERIAL E MÉTODOS
8.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO
Trata-se de um estudo transversal analítico no qual a amostra foi constituída de
pacientes portadores de HIV positivos com síndrome lipodistrófica em uso de HAART,
encaminhados pela rede pública para o Ambulatório de Lipodistrofia do Hospital
Universitário João de Barros Barreto e amostras controle sem HIV. A coleta do material de
estudo foi realizada após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do
Núcleo de Medicina Tropical – UFPA; CAAE 18979313.4.0000.5172 (ANEXO 01).
8.2 POPULAÇÃO ALVO
A população de referência foi da Região Metropolitana de Belém, tendo em vista que,
além da capital paraense, foram incluídas pessoas advindas dos municípios de Ananindeua,
Marituba, Benevides e Santa Bárbara. A cidade de Belém contribuiu com mais casos, devido
à existência de triagem sorológica no hemocentro da capital (Fundação HEMOPA), bem
como serviços de acompanhamento de pacientes soropositivos para HIV do Hospital
Universitário João de Barros Barreto.
Foram incluídos na pesquisa amostras de sangue de 87 indivíduos coletados pelo
HEMOPA, que foram considerados como grupo controle e de 93 pacientes HIV soropositivos
em uso de HAART que presentem lipodistrofia.
8.3 METODOLOGIA
Após esclarecimento sobre os procedimentos e objetivos da pesquisa, foi solicitado
aos participantes que assinassem ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice
A).
42
Os procedimentos incluíram:
Informações sobre HAART e lipodistrofia, através de uma abordagem educativa que
minimize o temor do paciente em relação à aderência ao tratamento anti-retroviral e
possíveis falhas terapêuticas;
Preenchimento dos dados clínico-epidemiológicos contidos na ficha protocolar;
Solicitação de exames para avaliar o quadro clínico do paciente;
Punção venosa para coleta de 5 ml de sangue periférico.
8.3.1 Critérios de inclusão
Pacientes adultos (faixa etária de 18 a 60 anos) de ambos os sexos, com sorologia
positiva para HIV, em uso de terapia anti-retroviral intensamente ativa, com manifestações
clínicas sugestivas de lipodistrofia, atendidos no Hospital Universitário João de Barros
Barreto, que consentiram participar da pesquisa após terem assinado termo de consentimento
livre esclarecido.E para o grupo controle, amostras coletadas do HEMOPA com sorologia
negativa para o HIV.
8.3.2 Critérios de exclusão
Pacientes sem sorologia positiva para HIV, menores de 18 anos; pacientes HIV-
positivo, cujo regime terapêutico não seja HAART, bem como os pacientes com co-infecção
para o vírus da hepatite B e C.
8.3.3 Coleta de dados
Para coleta de dados foi utilizado um protocolo de atendimento para avaliação clínica,
epidemiológica e nutricional onde foram registradas informações sobre identificação do
paciente, condições sócio econômicas, antecedentes mórbidos pessoais e familiares, tempo de
diagnóstico de HIV, tempo de tratamento de TARV, medicação utilizada (TARV), carga
43
viral, níveis de CD4, história clínica, exames bioquímicos e avaliação da relação do
polimorfismo genético das citocinas IL-10, IL-6, TNF-α.
8.4 DIAGNÓSTICO CLÍNICO DA SÍNDROME LIPODISTRÓFICA
Ao exame físico, foram observadas e descritas as principais manifestações clínicas
relacionadas à síndrome, a fim de avaliar o grau de lipoatrofia, lipohipertrofia ou síndrome
mista.
8.5 AVALIAÇÃO DO POLIMORFISMO GENÉTICO DAS CITOCINAS IL-10, IL-6, IL-
18, TNF-α.
Para a determinação de polimorfismo de nucleotídeo único foi realizada punção
sangüínea de 5ml em veia braquial, acrescido de EDTA. Imediatamente após a punção
venosa, o sangue foi levado para análise no Laboratório de Imunopatologia do Núcleo de
Medicina Tropical da UFPA. O transporte foi realizado em meio de transporte apropriado
contendo gelo.
Métodos de biologia molecular
Extração do DNA
O DNA foi extraído seguindo o protocolo de laboratório e normas de biossegurança,
com orientações do kit de extração utilizado da Purelink™ Genomic DNA mini kit
(Invitrogen, Carlsbad, EUA).
Em um microtubo de 1,5 ml, foi adicionado 200 µl de esfoliado celular do colo
uterino, 20 µl de Proteinase K (20 mg/ml), 20 µl Rnase A (20 mg/ml). Logo em seguida, a
suspensão foi agitada no vortex e incubado durante 2 minutos. Em cada microtubo, foram
44
adicionados 200 µl de Tampão de Lise, levados ao vortex novamente e incubados em banho-
maria a 55ºC por 10 minutos. A seguir, adicionamos 200 µl de etanol absoluto. A próxima
etapa foi a transferência da amostra para a coluna do kit acoplada ao tubo coletor. As colunas
foram centrifugadas durante 1 minuto a 10.000 rotações por minuto (rpm) em centrífuga
(Eppendorf). Após a centrifugação o tubo coletor foi descartado e a coluna foi transferida para
novo tubo coletor. Em cada coluna foram adicionados 500 µl de Solução de Lavagem 1 e
nova centrifugação a 10.000 rpm durante 1 minuto. O tubo coletor foi descartado com
transferência da coluna para outro tubo coletor. Em seguida foram adicionados em cada
coluna 500 µl de Solução de Lavagem 2 e mais uma centrifugação a 13.000 rpm por 3
minutos. O tubo coletor foi descartado e a coluna transferida para microtubo de 1,5 µl.
Finalmente, foram adicionados 100 µl de água destilada/deioinizada em cada coluna para
eluição do DNA e centrifugação a 13.000 rpm durante 1 minuto. A coluna foi descartada e o
DNA extraído condicionado a -20ºC.
Genotipagem para determinação dos polimorfismos
Para identificação dos polimorfismos utilizou-se a técnica de identificação da base com
uso de sondas marcadas com fluoróforos (Taqman®) (figura 3), amplificação pela reação em
cadeia da polimerase (PCR) em tempo real e análise com o programa StepOne Plus.
45
Figura 6. Sistema Taqman: Identificação da base com uso de sondas marcadas com
fluoróforos.
Fonte: (http://www.asuragen.com/Services/services/gene_expression/ab_taqman.aspx)
Nesta abordagem além dos iniciadores oligonucleotídeos (primers) foram desenhadas
um par de sondas que se anelam sobre uma pequena seqüência de nucleotídeos que contém o
polimorfismo, sendo cada uma específica para um dos alelos descritos (polimórfico e
ancestral). Em uma das extremidades de cada sonda está fixada uma molécula fluorescente
(reporter), e na outra uma molécula não fluorescente, denominada seqüestrador (quencher).
Enquanto as sondas estão intactas, a interação entre os reporters e os quenchers impede que a
fluorescência seja emitida. Durante a reação de PCR, a Taq DNA polimerase, por sua ação
exonucleásica, quebra a sonda ligada ao fragmento, causando a liberação da molécula
fluorescente do repórter com a emissão da fluorescência.
Como apenas a sonda específica para um determinado alelo é capaz de se ligar a ele,
apenas a fluorescência emitida por ela será detectada. Como cada sonda é marcada com uma
fluorescência diferente, através da leitura da fluorescência emitida é possível determinar o
genótipo da amostra. Esta fluorescência é detectada pelo termociclador em tempo real ciclo a
ciclo permitindo a leitura da fluorescência em tempo real. A detecção da fluorescência
46
emitida na reação é feita por uma câmera CCD localizada no aparelho STEPONE PLUS
(Applied Biosystems), capaz de detectar diferentes comprimentos de onda e os genótipos são
determinados de acordo com o perfil de emissão das fluorescências ao final da reação de
PCR. Os oligos e sondas foram preparados pela empresa Applied Biosystems.
Para amplificação dos fragmentos desejados utilizamos as seguintes condições de reação:
5 µl do master mix taqman (contendo a sonda marcada), 0,25 µl de primer, 3,75 µl de água
destilada, deionizada e 1,0 µl de DNA, somando um total de 5 µl para cada reação. Para
amplificação realizamos 40 ciclos de 95°C por 15” e 60°C por 1’, precedidos por 2’ a 50°C, e
10’ a 95°C. O produto foi analisado por PCR em tempo real, que faz a discriminação alélica
através da emissão de luz em um comprimento de onda característico. Na tabela 2, observa-se
a identificação dos SNPs dos genes das citocinas que foram analisados.
Tabela 2. Identificação dos SNPs dos genes da IL6, IL 10, TNFα, IL18.
Genes Posição
SNPs
db SNP ID Sequência (5’ -3’ ) Sondas
IL-6 -174 rs1800795 CACTTTTCCCCCTAGTTGTGTCTTGC[C/T]ATG
CTAAAGGACGTCACATTGCACA
C:VIC
T:FAM
IL-10 -1082 rs1800896 ACAACACTACTAAGGCTTCTTTGGGA[A/G]GG
GGAAGTAGGGATAGGTAAGAGGA
A:VIC
G:FAM
TNFα -238 rs361525 TGGCCCAGAAGACCCCCCTCGGAATC[A/G]G
AGCAGGGAGGATGGGGAGTGTGAG
A:VIC
G:FAM
IL-18 -607 rs1946518 ACGGATACCATCATTAGAATTTTAT[G/T]TAA
TAATTTTTACACTTTCTGCAAC
G:VIC
T:FAM
47
8.5 ANÁLISE DE DADOS
Os resultados obtidos durante o presente estudo foram armazenados em planilhas
eletrônicas, utilizando o software Microsoft Excel 2000, e analisados usando os softwares
BioEstat 5.0 e/ou Epi-Info (versão 6.0), estabelecendo-se em 0,05 (5%) o nível alfa de
rejeição da hipótese de nulidade. As variáveis contínuas foram analisadas pelo estudo de
medidas de tendência central, como média e mediana, bem como por medidas de
variabilidade, como coeficiente de variança e desvio-padrão. As hipóteses foram avaliadas
pelos seguintes testes: qui-quadrado e/ou exato de Fisher, de acordo com os valores obtidos.
48
9. RESULTADOS
Neste estudo foram avaliados 93 pacientes HIV soropositivo com síndrome lipodistrófica,
na qual observou-se que 60,21% (56) eram do sexo masculino e 39,78% (37) do sexo
feminino e 89 indivíduos do grupo controle sem HIV e sem lipodistrofia para avaliação e
comparação dos grupos. Dentre os pacientes pode-se observar que o uso da terapia
antirretroviral variou em torno de 6 a 10 anos de uso.
As frequências dos genótipos observadas nos grupos em estudo (Grupo HIV com
lipodistrofia e Grupo controle) são demonstradas na tabela 3, a frequência dos genótipos de
TNF-α, comparados os grupos em estudo, observa-se uma frequência do genótipo GG de
92,47% no grupo HIV com lipodistrofia e 87,27% no grupo controle; para o genótipo
heterozigoto AG, uma frequência de 15,73% para o grupo controle sendo o dobro que o
7,53% encontrado para o grupo de HIV com lipodistrofia; o genótipo AA não foi encontrado
em nenhum dos dois grupos, observando uma tendência de p= 0,08 para uma diferença
significativa entre os grupos.
Tabela 3. Frequência dos Genótipos da Citocina TNFα (-238) em pacientes portadores de
HIV e lipodistrofia e grupo Controle
Na tabela 4 observa-se uma frequência expressiva para o alelo G tanto no grupo HIV
com lipodistrofia (97%), quanto no grupo controle (92%); já para o alelo A observa-se uma
frequência de 8 % para o grupo controle, evidenciando mais do dobro da frequência
TNF -238 HIV
(n / %) CONTROLE
(n / %) VALOR DE p
GG 86 / 92,47 75 / 84,27 0,08
AG 7 / 7,53 14 / 15,73
AA 0 / 0 0 /0
TOTAL 93 89
49
encontrada para o grupo HIV com lipodistrofia que foi de 3 % não havendo diferença
significativa entre eles. As frequências genotípicas observadas e esperadas não apresentam
diferença estatística significante, portanto a população encontra-se em equilíbrio de Hardy-
Weinberg como mostrado na Tabela 5.
.
Tabela 4. Frequência Alélica da Citocina TNF-α -238 em pacientes portadores de HIV e
lipodistrofia e no grupo Controle.
TNF-α -238 HIV
(n/%)
CONTROLE
(n/%)
VALOR DE p
G 170 (97) 164 (92) 0,1163
A 7 ( 3) 14 (8)
Tabela 5. Equilíbrio de Hardy-Weinberg: Frequência genotípica observada e encontrada da
Citocina TNF-α -238 em pacientes portadores de HIV e lipodistrofia e no grupo Controle.
TNF-α -238 HIV VALOR DE p
Observado
GG 86 0,5020
AG 7
AA 0
* Teste de Qui-quadrado; Grau de Liberdade = 1
Na tabela 6 estão detalhadas as frequências genotípicas para a IL-6 (-174).
Comparados os grupos em estudo observa-se que 93,68% dos pacientes apresentam o
genótipo TT para o grupo HIV com lipodistrofia e 89,77% para o grupo Controle. Os
pacientes do grupo controle com o genótipo heterozigoto CT apresentaram uma frequência de
10,23% e no grupo HIV com lipodistrofia foi do 6,32%; porém, as frequências identificadas
50
não apresentaram diferença significativa entre os grupos (p = 0,33). Não foi encontrado o
genótipo CC em nenhum dos grupos.
Tabela 6. Frequência do Genótipo IL-6(-174) em pacientes portadores de HIV e lipodistrofia
e no grupo Controle.
IL 06 - 174 HIV
(n / %) CONTROLE
(n / %) VALOR DE p
TT 89 / 93,68 79 / 89,77 0,33
CT 6 / 6,32 9 / 10,23
CC 0 / 0 0 /0
Na tabela 7 observa-se uma frequência expressiva para o alelo T tanto para o grupo
HIV com lipodistrofia 97%, quanto para o grupo controle 95%; já para o alelo C observa-se
para o grupo HIV com lipodistrofia uma frequência de 3 % e para o grupo controle uma
frequência de 5 %, sem diferença significativa entre eles. Na tabela 8 estão as frequências
genotípicas observadas e esperadas sem diferença estatística entre elas, concluindo portanto,
que encontra-se em equilíbrio de Hardy-Weinberg.
Tabela 7. Frequência Alélica da IL-6 – 174 em pacientes portadores de HIV e lipodistrofia e
grupo Controle.
IL-6-174 HIV
(n/%)
CONTROLE
(n/%)
VALOR DE p
T 184 (97) 167 (95) 0,4322
C 6 (3) 9 (5)
51
Tabela 8. Equilíbrio de Hardy-Weinberg: Frequência genotípica observada e encontrada da
IL-6 -174 em pacientes portadores de HIV e lipodistrofia e no grupo Controle.
IL-6 -174 HIV VALOR DE p
Observado
TT 89 0,72
CT 6
CC 0
* Teste de Qui-quadrado; Grau de Liberdade = 1
De acordo com o observado na tabela 9, as frequências encontradas para os três
genótipos, comparando o grupo HIV com o grupo controle os genótipos TT e GT aparecem
em maior frequência de 31,18% e 50,54%, respectivamente para o grupo HIV, e para o grupo
controle o genótipo GT aparece com maior frequência de 52,94%, porém pode ser observado
que não houve diferença significativa entre os três genótipos (p = 0,31).
Tabela 9. Frequência dos genótipos da Citocina IL-18(-607) em pacientes portadores de HIV
e lipodistrofia e no grupo Controle.
IL 18 -607 HIV
(n / %) CONTROLE
(n / %)
VALOR DE p
TT 29 / 31,18 19 / 22,35 0,31
GT 47 / 50,54 45 / 52,94
GG 17 / 18,28 21/ 24,71
52
Na tabela 10 observa-se uma frequência do alelo T de 56% para o grupo HIV e 49%
para o grupo controle, já para o alelo G, uma frequência de 44% para o grupo HIV e 51% para
o grupo controle sem diferença significativa entre os grupos. Na tabela 11 estão as frequências
genotípicas observadas e esperadas sem diferença estatística entre elas, concluindo portanto
que encontra-se em equilíbrio de Hardy-Weinberg.
Tabela 10. Frequência Alélica da IL-18 – 607 em pacientes portadores de HIV e lipodistrofia
e no grupo Controle.
IL-18 -607 HIV
(n/%)
CONTROLE
(n/%)
VALOR DE p
T 105 (56) 83 (49) 0,1675
G 81 (44) 87 (51)
Tabela 11 . Equilíbrio de Hardy-Weinberg: Frequência genotípica observada e encontrada da
IL-18 -607 em pacientes portadores de HIV e lipodistrofia e no grupo Controle.
IL-18 -607 HIV VALOR DE p
Observado
TT 29 0,189
GT 47
GG 17
* Teste de Qui-quadrado; Grau de Liberdade = 1
53
Na tabela 12 pode ser observada uma frequência do genótipo TT de 55,79% dos
pacientes com lipodistrofia e 50,57% para o grupo controle, já para o genótipo CT foi
encontrado uma frequência de 41,05% para pacientes com HIV e 40,23% para indivíduos
controle e uma frequência do genótipo CC de 3,16% e 9,20% para os pacientes HIV positivo
e grupo controle, respectivamente, no entanto não foi encontrada diferença significativa entre
os grupos com p=0,21
Tabela 12. Frequência dos genótipos da Citocina IL-10 (-1082) em pacientes portadores de
HIV e lipodistrofia e no e grupo Controle.
IL 10-1082 HIV
( n / % ) CONTROLE
( n / % ) VALOR DE p
TT 53/ 55,79 44 / 50,57 0,21
CT 39 / 41,05 35 / 40,23
CC 3 / 3,16 8 / 9,20
Na tabela 13 observa-se uma frequência do alelo T de 76% para o grupo HIV e 71%
para o grupo controle, já para o alelo C, uma frequência de 24% para o grupo HIV e 29% para
o grupo controle sem diferença estatística entre os grupos. Na tabela 14 estão anotadas as
frequências genotípicas observadas e esperadas e não havendo diferença significativa entre
eles, concluímos que a população estudada encontra-se em equilíbrio de Hardy-Weinberg.
Tabela 13. Frequência Alélica da IL-10 (-1028) em pacientes portadores de HIV e
lipodistrofia e no grupo Controle.
IL10 - 1028 HIV
(n/%)
CONTROLE
(n/%)
VALOR DE p
T 145 (76) 123 (71) 0,2357
C 45 (24) 51 (29)
54
Tabela 14. Equilíbrio de Hardy-Weinberg: Frequência genotípica observada e encontrada da
IL-10 -1028 em pacientes portadores de HIV e grupo Controle.
IL-10 ( -1082) HIV VALOR DE p
Observado
TT 53 0,926
CT 39
CC 3
*Teste de Qui-quadrado; Grau de Liberdade =1
De acordo com a Tabela 15, que identifica a frequência das variáveis relacionadas com
o risco cardiovascular nos 93 pacientes estudados, foi observado que 37,89% dos pacientes
estudados apresentavam elevação do colesterol com valores ≥ 200 mg/Dl, observa-se ainda
que 74,74% dos pacientes apresentavam valores de HDL ≤ 50 mg/Dl e 86,32% dos pacientes
com lipodistrofia apresentavam o quadro de dislipidemia, a outra variável estudada foi a
presença de diabetes, que evidenciou que 84,21% não apresentaram a patologia.
Tabela 15. Frequência das variáveis relacionadas ao risco cardiovascular nos indivíduos HIV
soropositivos com lipodistrofia.
Variáveis n %
Colesterol
≤ 200 mg/Dl 58 62.11%
≥ 200 mg/Dl 35 37,89%
HDL
≥ 50 mg/Dl 23 25.26%
≤ 50 mg/Dl 70 74,74%
HAS
Sim 17 17.89%
Não 76 82,11%
Dislipidemia
Sim 81 86,32%
Não 12 13,68%
Diabetes
Sim 14 15.79%
Não 79 84,21%
Fonte: Protocolo da pesquisa
55
Na tabela 16, são relacionadas as variáveis em estudo com a citocina TNFα -238.
Quanto ao tempo de uso da terapia antiretroviral (TARV) observa-se que as maiores
frequências foram verificadas em um tempo de uso da terapia de 6 a 15 anos e estão
associadas ao genótipo GG. Em relação à classificação da síndrome, foi identificado que tanto
o genótipo GG (60,47%), quanto para o genótipo AG (71,43%) a maior frequência encontrada
foi para a lipodistrofia de forma mista. Outro fator foi o tempo em que foi diagnosticada a
doença, 51,16% dos indivíduos com genótipo GG e 85,71% dos indivíduos com genótipo AG,
foram diagnosticados em um tempo maior que 11 anos.
Em se tratando das variáveis que são caracterizadas como fatores de risco para o mal
prognóstico da doença, dos indivíduos com o genótipo GG, 83,72% não apresentaram
diabetes, e 85,71% dos indivíduos com genótipo AG apresentaram diabetes. No caso de
hipertensão foi indiferente a presença ou ausência para os indivíduos com genótipo GG, e
para o genótipo AG, 85,71% não apresentaram hipertensão. Para o colesterol, os dois
genótipos apresentaram a maior frequência para valores ≥200mg/Dl, a presença de
dislipidemia e o nível HDL ≤ 50mg/Dl também foi identificada nos dois genótipos em estudo.
No entanto para todas as variáveis acima mencionadas não houve diferença significativa.
56
Tabela 16. Correlação entre os genótipos da citocina TNF- 238 e variáveis associadas nos
indivíduos HIV soropositivos.
Variáveis
TNF -238
p-valor GG AG
n Freq n Freq
TARV
≤ 5 anos 21 24,42% 2 28,57%
0,1669 6 a 10 anos 30 34,88% 4 57,14%
11 a 15 anos 32 37,21% 0 0,00%
> 15 anos 3 3,49% 1 14,29%
Síndrome Lipodistrófica
Lipoatrofia 8 9,30% 1 14,29%
0,3583 Hiperlipotrofia 26 30,23% 1 14,29%
Mista 52 60,47% 5 71,43%
Ano de diagnóstico
≤ 10 anos 42 48,84% 1 14,29% 0,0826
≥ 11 anos 44 51,16% 6 85,71%
Diabetes
Sim 14 16,28% 6 85,71%
0,6855 Não 72 83,72% 1 14,29%
HAS
Sim 14 16,28% 1 14,29%
0,2307 Não 72 83,72% 6 85,71%
Colesterol
≥ 200 53 61,63% 4 57,14%
0,5557 ≤ 200 33 38,37% 3 42,86%
HDL
≥ 50 24 27,91% 0 0,00%
0,1138 ≤ 50 62 72,09% 7 100,00%
Dislipidemia
Sim 74 86,05% 6 85,71% 0,6646
Não 12 13,95% 1 14,29%
57
Na tabela 17 são relacionados os genótipos em estudo com a citocina IL-06 -174.
Observa-se que, em relação ao TARV, não houve diferença significativa entre os genótipos e
os anos de utilização do tratamento, sendo maior o número de indivíduos que fizeram uso da
terapia por 6 a 10 anos.
Quando avaliado o tipo de síndrome lipodistrófica, tanto para o genótipo TT quanto
para o genótipo TC, observa-se uma síndrome mista com 59,55% e 83,33% de frequência
respectivamente. Em relação ao ano em que foi diagnosticada a doença as frequências se
equipararam. Quando avaliadas as variáveis diabetes e hipertensão, verifica-se que para os
dois genótipos estudados prevaleceu a ausência das duas patologias.
Para a variável colesterol observou-se uma frequência de 60,67% para o genótipo TT e
uma frequência de 83,33% para o genótipo TC, conferindo valores ≥ 200mg/Dl. Para a
variável HDL, identificou-se as frequências de 74,16% para o genótipo GG e 83,33% para o
genótipo AG, e ambas com valores ≤ 50mg/Dl. Os dois genótipos apresentaram uma
frequência maior para dislipidemia.
58
Tabela 17. Correlação entre os genótipos da citocina IL-06 -174 e as variáveis associadas nos
indivíduos HIV soropositivos.
Variáveis
IL6 -174
p-valor TT CT
n Freq n Freq
TARV
≤ 5 anos 22 24,72% 1 16,67% 0,8080
6 a 10 anos 33 37,08% 3 50,00%
11 a 15 anos 30 33,71% 2 33,33%
> 15 anos 4 4,49% 0 0,00%
Síndrome Lipodistrófica
Lipoatrofia 9 10,11% 0 0,00% 0,4466
Hiperlipotrofia 27 30,34% 1 16,67%
Mista 53 59,55% 5 83,33%
Ano de diagnóstico
≤ 10 anos 41 46,07% 3 50,00% 0,5883
≥ 11 anos 48 53,93% 3 50,00%
Diabetes
Sim 13 14,61% 2 33,33% 0,2393
Não 76 85,39% 4 66,67%
HAS
Sim 17 19,10% 0 0,00% 0,2955
Não 72 80,90% 6 100%
Colesterol
≥ 200 54 60,67% 5 83,33% 0,2592
≤ 200 35 39,33% 1 16,67%
HDL
≥ 50 23 25,84% 1 16,67% 0,5243
≤ 50 66 74,16% 5 83,33%
Dislipidemia
Sim 77 86,52% 5 83,33% 0,5971
Não 12 13,48% 1 16,67%
59
Na tabela 18, para a IL10 (-1082) observa-se que o tempo de TARV de 6 a 10 anos,
apresentou uma frequência de 37,74% para os indivíduos com genótipo TT, 41,03% para os
indivíduos com genótipo CT e para o genótipo CC as maiores frequências foram encontradas
acima de 11 anos de uso da terapia. Em relação à síndrome a classificação mista foi
encontrada nas maiores frequências para os três genótipos. O ano de diagnóstico da doença
foi verificada uma frequência de 50,94% para indivíduos com genótipo TT, 58,97% para
indivíduos com genótipo CT, ambos com o tempo de diagnóstico maior de 10 anos, porém
para os indivíduos com genótipos CC a frequência de 66,67% para um tempo de diagnóstico
menor que 10 anos.
No caso da variável diabetes foi observado um valor de p = 0,4 mostrando que não há
diferença significativa entre os três genótipos avaliados. Na variável hipertensão, observou-se
uma frequência maior para a ausência da doença nos três genótipos estudados. Em relação ao
colesterol, 62,26% dos indivíduos com genótipo TT, 58,97% dos genótipos CT e 100% dos
genótipos CC apresentaram níveis de colesterol maiores de ≥ 200 mg/DL. Em relação aos
níveis de HDL ≤ 50mg/DL para os três genótipos em estudo. E por fim uma frequência acima
de 80% de dislipidemia para os três genótipos estudados.
60
Tabela 18. Correlação entre os genótipos da citocina IL-10 (-1082) e as variáveis associadas
nos indivíduos HIV soropositivos com lipodistrofia.
Variáveis
IL 10 -1082
p-valor TT CT CC
n Freq n Freq n Freq
TARV
≤ 5 anos 12 22,64% 10 25,64% 1 33,33%
0,4372 6 a 10 anos 20 37,74% 16 41,03% 0 0,00%
11 a 15 anos 19 35,85% 12 30,77% 1 33,33%
> 15 anos 2 3,77% 1 2,56% 1 33,33%
Síndrome
Lipodistrófica
Lipoatrofia 6 11,32% 2 5,13% 1 33,33%
0,2319 Hiperlipotrofia 18 33,96% 9 23,08% 1 33,33%
Mista 29 54,72% 28 71,79% 1 33,33%
Ano de diagnóstico
≤ 10 anos 26 49,06% 16 41,03% 2 66,67% 0,3173
≥ 11 anos 27 50,94% 23 58,97% 1 33,33%
Diabetes
Sim 13 24,53% 1 2,56% 1 33,33%
0,4 Não 40 75,47% 38 97,44% 2 66,67%
HAS
Sim 11 20,75% 6 15,38% 0 0,00%
0,5723 Não 42 79,25% 33 84,62% 3 100,00%
Colesterol
≥ 200mg/DL 33 62,26% 23 58,97% 3 100,0%
0,3691 ≤ 200mg/DL 20 37,74% 16 41,03% 0 0,0%
HDL
≥ 50mg/DL 16 30,19% 8 20,51% 0 0,00%
0,3394 ≤ 50mg/DL 37 69,81% 31 79,49% 3 100,00%
Dislipidemia
Sim 46 86,79% 33 84,62% 3 100,00% 0,4108
Não 7 13,21% 6 15,38% 0 0,00%
61
De acordo com a tabela 19, quando analisamos a correlação entre os genótipos da
citocina IL-18 (-607) com as diferentes variáveis, a frequência dos anos de TARV variou
entre 41,38% para o genótipo TT, 52,94% para o genótipo GG com um tempo de uso de 6 a
10 anos e 36,17% para o genótipo GT com um tempo de uso de mais de 10 anos. A
classificação da síndrome apresentou a maior frequência para a síndrome mista nos três
genótipos estudados.
O ano de diagnóstico menor que 10 anos foi identificado com a frequência de 58,62%
para o genótipo TT, e as frequências de 55,32% e 64,71% para os genótipos GT e GG,
respectivamente para o tempo de diagnóstico maior que 10 anos. Para as variáveis diabetes e
hipertensão as maiores frequências estão associadas ao não aparecimento da doença nos três
genótipos estudados.
Em relação aos níveis de colesterol para os três genótipos foram identificados as
maiores frequências em níveis ≥200mg/DL. Para o HDL os três também apresentaram níveis
≤ 50mg/DL. E ainda as frequências acima de 80 % para variável dislipidemia nos três
genótipos estudados.
62
Tabela 19. Correlação entre os genótipos da citocina IL-18 (-607) e as variáveis associadas
nos indivíduos HIV soropositivos.
Variáveis
IL 18 -607
p-valor TT GT GG
N Freq N Freq N Freq
TARV
≤ 5 anos 4 13,79% 14 29,79% 4 23,53%
0,3442 6 a 10 anos 12 41,38% 14 29,79% 9 52,94%
11 a 15 anos 11 37,93% 17 36,17% 4 23,53%
> 15 anos 2 6,90% 2 4,26% 0 0,00%
Síndrome Lipodistrófica
Lipoatrofia 2 6,90% 5 10,64% 2 11,76%
0,6755 Hiperlipotrofia 10 34,48% 12 25,53% 6 35,29%
Mista 17 58,62% 30 63,83% 9 52,94%
Ano de diagnóstico
≤ 10 anos 17 58,62% 21 44,68% 6 35,29% 0,1542
≥ 11 anos 12 41,38% 26 55,32% 11 64,71%
Diabetes
Sim 4 13,79% 9 18,37% 2 11,76%
0,5389 Não 25 86,21% 40 81,63% 15 88,24%
HAS
Sim 5 17,24% 7 14,29% 5 29,41%
0,372 Não 24 82,76% 42 85,71% 12 70,59%
Colesterol
≥ 200 15 51,72% 35 71,43% 9 52,94%
0,1538 ≤ 200 14 48,28% 14 28,57% 8 47,06%
HDL
≥ 50 7 24,14% 12 24,49% 5 29,41%
0,9094 ≤ 50 22 75,86% 37 75,51% 12 70,59%
Dislipidemia
Sim 24 82,76% 40 85,11% 16 94,12% 0,338
Não 5 17,24% 7 14,89% 1 5,88%
63
10. DISCUSSÃO
A identificação da lipodistrofia associada ao HIV é fundamental no acompanhamento de
pacientes em uso de HAART, visto que sua presença aumenta o risco de diabetes e,
possivelmente, de eventos cardiovasculares. Neste estudo foram avaliados 93 pacientes HIV
soropositivo com síndrome lipodistrófica, na qual observou-se que 60,21% (56) eram do sexo
masculino e 39,78% (37) do sexo feminino, valores estes que estão de acordo com o
encontrado na literatura e 89 indivíduos do grupo controle sem HIV e sem lipodistrofia para
avaliação e comparação dos grupos em estudo. Considerando as diferentes formas clínicas da
lipodistrofia que esses pacientes apresentam, a que prevaleceu foi a lipodistrofia mista, outra
característica comum encontrada entre os pacientes foi o uso da terapia antirretroviral que
variou em torno de 6 a 10 anos de utilização.
Muitos estudos epidemiológicos já investigaram a associação entre aterosclerose e os
polimorfismos de genes de citocinas inflamatórias e em se tratando do risco de eventos
cardiovasculares, a inflamação das paredes da artéria desencadeia a produção de citocinas
pró-inflamatórias primárias como o Fator de Necrose Tumoral α (TNFα), que pode induzir a
citocina pró-inflamatória secundária (IL-6), a quimiocina (IL-8) (Arman et al, 2008).
Estudos sobre polimorfismos de citocinas tem demonstrado que o gene codificador do
TNF-α é altamente polimórfico. De fato, diversos polimorfismos na sua sequência promotora
já foram descritos, incluindo SNPs nas posições -1031 T/C (rs1799964), -862 C/A
(rs1800630), -857 C/T (rs1799724), -308 G/A (rs1800629), e -238 G/A (rs361525) (Ledá,
2010).
O polimorfismo na posição -238 (SNP/pTNF-a -238) foi associado a uma diminuição
na atividade do promotor, resultando em menor produção de TNF-α nos indivíduos portadores
do alelo A. Em relação à infecção pelo HIV, Maher, et al. (2002) relataram que o alelo -238A
esteve presente mais frequentemente nos portadores do HIV que desenvolveram lipodistrofia,
em relação aos pacientes portadores do HIV que não desenvolveram a doença. Assim, a
presença de -238A foi considerado um fator de risco para o desenvolvimento da síndrome.
Em nossos estudos como mostra a Tabela 4, foi observada uma frequência do alelo A bem
menos expressiva, com 3% para o grupo HIV com síndrome lipodistrofica e 8% para o grupo
controle, fato este que não está de acordo com o publicado na literatura. Porém em estudo
64
com pacientes infectados pelo HIV na Inglaterra, o genótipo GG foi identificado com a
frequência maior do que os genótipos AA e AG. Assim, as frequências dos genótipos do SNP
/ TNF-α -238, deste estudo que foi de 92,47% para o genótipo GG também estão de acordo
com as frequências publicadas na literatura. Kaluza et al. (2000) relataram que pacientes com
genótipos GA e AA apresentaram diminuição dos níveis de TNF - α em comparação com o
GG. Os autores sugerem que a presença do alelo A contribui para baixa produção de TNF- α.
O estudo de Ledá, 2010, revelou que as frequências entre genótipos GG e GA foram
significativamente distintas entre os pacientes sem terapia antiretroviral e os pacientes que
receberam HAART.
Segundo Silva, 2008 o aumento na produção de TNF-α está associado com o
desenvolvimento de dislipidemia e lipodistrofia, sendo que os resultados nas avaliações do
SNP do TNF-238 tem sido conflitantes, uma vez que autores sugerem que o alelo -238G está
associado com a alta produção de TNF, já em outros estudos prévios, reportam que a
frequência de GA está aumentada em pacientes com a síndrome, sugerindo então que o alelo -
238A é um fator de susceptibilidade, enquanto que o -238GG é um fator de proteção ao
desenvolvimento da síndrome. O que não pode ser observado no presente estudo já que a
frequência do genótipo GA é o dobro (15,73%) no grupo controle sem a síndrome do que no
grupo HIV (7,53%); portanto o genótipo GA do TNFα -238 tende a estar associado a um
efeito de proteção para o desenvolvimento da lipodistrofia (p= 0,08). Quando comparados os
resultados encontrados, que demonstra a correlação do TNF-α – 238 e as variáveis associadas
ao risco cardiovascular, observa-se que há uma influencia do Alelo A para o diagnóstico de
diabetes, uma vez que 85,71% dos pacientes que apresentaram genótipo AG, apresentavam
diabetes e 83,72% que apresentavam o genótipo GG não foram diagnosticado com diabetes.
Para a IL-6, IL-10 e IL-18 para todos os genótipos avaliados as maiores frequências
encontradas foi para ausência de Diabetes.
Outras moléculas que são avaliadas em diferentes estudos epidemiológicos são a
Proteína C reativa (PCR) e a interleucina-6 (IL-6). O aumento dos níveis plasmáticos destes
marcadores inflamatórios estão associados com a aterosclerose, o enfarte do miocárdio,
disfunção endotelial e pressão arterial elevada. A inflamação crônica desempenha um papel
chave na doença cardiovascular. A IL-6 estimula a proliferação de cultura de células do
65
musculo liso vascular indicando que esta interleucina pode ter um papel importante no
desenvolvimento de arterosclerose (Tanaka et al. 2005).
A interleucina (IL-6) é uma citocina inflamatória que normalmente encontra-se em
níveis baixos e aumenta durante a infecção, trauma ou stress e ainda com a idade. Os elevados
níveis de IL-6 estão associados com risco de morte por causa de doenças cardiovasculares em
idosos e com infarto do miocárdio (IM) em indivíduos de meia-idade (Jenny et al. 2002). A
concentração de IL-6 depende de muitos fatores genéticos e ambientais, um desses fatores é o
polimorfismo na região promotora -174 C/G. A presença do alelo G / G está relacionado à
maior concentração de IL-6 e é visto com mais frequência. Outras formas polimórficas, tais
como C / C ou G / C estão associadas a níveis mais baixos de IL - 6 (Jabłonowska, 2010). O
que se observa no nosso estudo é que a frequência do alelo C não é tão expressiva,
comparados os grupos em estudo. Os pacientes no grupo controle com o genótipo
heterozigoto CT apresentaram a frequência de 10,23%, praticamente o dobro que o
encontrado para o grupo de HIV com lipodistrofia (6%). No entanto, as frequências
identificadas não apresentaram diferença significativa entre os grupos, com valor de p = 0,33,
em ambos os grupos não foi encontrado nenhum genótipo CC. Ao correlacionar
polimorfismos de nucleotídeo único no gene da Interleucina -6 com pressão arterial e
aterosclerose em uma população japonesa não identificou nenhuma associação. Em um estudo
com indivíduos idosos, foi observada uma forte correlação de IL-6 com marcadores de doença
cardiovascular e a presença do alelo C associado com eventos cardiovasculares de não
fumantes, sustentando a hipótese de que o alelo C desempenha um papel importante no
desenvolvimento da aterosclerose mesmo em não fumantes (Tanaka et al; 2005).
O SNP da IL-6 - 174C / G tem sido amplamente estudado neste locus por causa de sua
funcionalidade reconhecida. Nos estudos de Shen et al, 2008, foi encontrada uma associação
estatisticamente significante entre a - 174C / G na concentração de IL-6; os indivíduos com
genótipo GG e GC apresentaram valores maiores de triglicerídeos em jejum (p = 0,025), do
que indivíduos com genótipo CC. Indivíduos portadores do alelo G também tinham níveis
mais baixos de HDL-colesterol em jejum (p=0,043). Em outro estudo com uma população de
brancos nos EUA, demonstrou que a presença do alelo G no IL6, responsável pela maior
expressão de IL – 6 foi associado com um perfil lipídico em jejum mais aterogênico. Dados
estes que se assemelham com o estudo atual, como mostra a tabela 17, na qual os indivíduos
que apresentaram o alelo G obtiveram uma frequência 83,33% tanto para o colesterol acima
66
de 200mg/DL, quanto para HDL menor 50mg/DL. Podendo então contribuir para o aumento
do risco de doença cardiovascular. Diferentes pesquisas tentam encontrar uma associação
entre os fatores de risco para a doença cardiovascular como diabetes, resistência insulínica,
síndrome metabólica e o polimorfismo na posição – 174 G> C do gene IL-6. No entanto, as
estimativas da associação apontam para direções inconclusivas, enquanto outros estudos sobre
essas características não foi observado nenhuma associação. O que se observa no estudo em
questão é que 66,67% dos indivíduos que apresentaram genótipo com o alelo C apresentaram
diabetes. Também foi observado que 100% dos que continham o mesmo alelo apresentavam
hipertensão, evidenciando assim a influencia do alelo C nas patologias (Hurt et al, 2013).
Outra citocina que apesar de pouco estudada tem sido avaliada em pacientes HIV+ é a
IL-18. Esta citocina vem sendo associada com várias alterações em indivíduos não portadores
de HIV, cujo mecanismo patogênicos são semelhantes a síndrome, incluindo resistência
insulínica, diabetes e doenças cardiovasculares (Castelar, 2008). O SNP localizado na posição
-607 (C/A) na região promotora do gene da IL-18 é conhecido por influenciar os níveis de
produção da citocina, indivíduos homozigotos para o alelo -607 C, expressam altos níveis de
IL-18, e na presença do alelo A, a atividade da região promotora é diminuída (Castelar, 2008).
Nos estudos de Song, 2006, não foi encontrado associação entre polimorfismo da região
promotora de IL-18 com níveis séricos da citocina nos pacientes portadores de HIV. Em
nosso estudo foi observada uma frequência maior do alelo -607 A para indivíduos com a
síndrome 56%, identificando uma maior susceptibilidade a doença, porém não houve
diferença significativa entre os grupos com HIV e controle sem HIV.
Vários estudos analisam a IL-10. Em um estudo de meta-análise foi encontrada
associação entre o polimorfismo na posição - 1082 A / G na região promotora do gene da IL-
10 com susceptibilidade de risco isquêmico em populações asiáticas. Porém cabe a
necessidade de estudos mais abrangentes (Jin et al, 2014). Nos estudos de Kingkeow (2011),
observou-se uma alta frequência (93,2%) do alelo A em pacientes infectados com HIV. Foi
encontrado frequências aproximadas em outras populações, 72,2% em índios,70% em
Africanos, norte americanos. Valores semelhantes foram encontrados em nosso estudo, como
mostra a Tabela 13, uma frequência de 76% do alelo -1082 A para o grupo HIV e 71% para
grupo controle, porém esta diferença não apresentou diferença significativa entre os grupos.
Estudos tem demonstrado que a elevada produção de IL-10 está associada ao genótipo -
1082G, enquanto que outros estudos mostram essa associação com IL-10-1082A. Estas
67
observações levaram à definir a influencia do SNPs IL-10 na progressão do HIV. Identificou-
se que o genótipo contendo o alelo G teve um modesto efeito benéfico sobre a progressão da
doença ou sobrevivência na fase final da infecção (Kingkeow, 2011).
Observa-se que o risco cardiovascular está associado com a presença de dislipidemia
encontrada nos pacientes infectados, ocorrendo em aproximadamente 70% dos pacientes.
Neste estudo, conforme pode ser visualizado na tabela 15, dos 93 pacientes estudados, 82
apresentaram dislipidemia o que demonstra uma frequência de 86,32% dos pacientes. Estudos
pré- HAART mostraram que progressão do HIV estava associada a altos níveis de
triglicerídeos e redução dos níveis e redução dos níveis de HDL. Com a HAART contendo IP
existe aumento dos níveis séricos de triglicerídeos, de colesterol total e de LDL colesterol.
Pacientes recebendo o regime antiretroviral com IP, a prevalência de dislipidemia variou de
28 a 80 % e incluiu hipertrigliceridemia na maioria dos casos, variando de 40 a 80 %, seguida
de hipercolesterolemia em 10 a 50 % dos pacientes (Domingos, 2006). As alterações do perfil
lipídico foram observadas desde cedo nos pacientes portadores de vírus da imunodeficiência
humana (HIV). Os achados iniciais descritos foram reduções no nível de HDL-colesterol
(HDL-c) e discreta elevação de triglicérides (TG). Estas modificações nas concentrações de
lipídios plasmáticos são bem mais acentuadas naqueles pacientes que recebem terapia anti-
retroviral com os inibidores de protease. A dislipidemia encontrada nestes pacientes,
geralmente é do tipo mista, caracterizada por níveis de TG notavelmente elevados, aumento
de colesterol total (CT) e de LDL-colesterol (LDL-c) plasmáticos e redução de HDL-c (Yu, et
al. 2005).
Tsiodras et al., em sua pesquisa, observaram que a hipercolesterolemia e/ou
hipertrigliceridemia está associada ao uso de inibidores de protease (IP). Após cinco anos de
seguimento de pacientes HIV positivos, em terapia com IP verificou-se uma incidência
cumulativa de 20% de casos de hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia. Madge et al.
verificaram em seus estudos que pacientes que nunca receberam IP, mas que estavam fazendo
uso de inibidores de transcriptase reversa análogos de nucleosídeo, também apresentaram
níveis elevados de triglicerídeos. O tempo de uso da HAART foi semelhante ao encontrado
neste estudo, para os pacientes infectados que apresentavam dislipidemia, faziam tratamento
entre 6 a 10 anos. Outro fator de risco encontrado é o nível baixo de HDL; estas lipoproteínas
podem ajudar na remoção do colesterol dos tecidos periféricos transportando-o para o fígado
efetuando o designado metabolismo do retorno de colesterol (Eça, 2010). O que se observa
68
nesta pesquisa é que 74,74% dos pacientes estudados apresentaram níveis de HDL ≤ 50
mg/DL, sendo este um fator preocupante para o desenvolvimento de doenças
cardiovasculares. Foi observada uma elevada prevalência de distúrbios metabólicos entre
pacientes com infecção pelo HIV, especialmente entre aqueles em uso de HAART. Diabetes
Mellitus tipo 2 foi o mais prevalente no grupo de pacientes em HAART versus Controle.
Diehl et al. (2008) em estudos com pacientes ambulatoriais brasileiros em uso de TARV
mostraram prevalência de 8 % de DM 2 entre os usuários de HAART. A prevalência de
diabetes em pacientes com HIV em outros estudos tem demonstrado uma frequência variando
de 6 a 14% (Brown et al, 2005; Chan et al,2010).
69
11. CONCLUSÕES
- Observou-se que não há diferença estatística entre os genótipos de IL18 (-607); IL6 (-
174); TNFα (-238) e IL10 (-1082) comparados os grupos HIV soropositivo com
lipodistrofia em uso de HAART e grupo controle; portanto, não achamos nenhum SNP
associado a predisposição/proteçao para o surgimento da síndrome de lipodistrofia nesta
amostragem populacional.
-Não achamos associação entre os outros SNPs da IL18 (-607); IL6 (-174); TNFα (-238)
avaliados com as variáveis estudadas (Colesterol, dislipidemia, diabetes) no HIV
soropositivo com lipodistrofia em uso de HAART nesta amostragem populacional.
-Referente ao perfil clínico/laboratorial dos pacientes HIV soropositivo com lipodistrofia
observou-se que 37,89% dos pacientes estudados apresentavam elevação do colesterol
com valores ≥ 200 mg/Dl; 74,74% dos pacientes apresentavam valores de HDL ≤ 50
mg/Dl e 86,32% apresentavam o quadro de dislipidemia, e aproximadamente 16% dos
pacientes apresentaram diabetes.
- Estudos controlados e com maior número de amostras são necessários para corroborarem
ou não os dados obtidos e apresentados no nosso estudo, com o intuito de traçar o perfil
genético dos pacientes HIV soropositivos e portadores de lipodistrofia em uso de
HAART.
70
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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78
ANEXO
ANEXO 01 – APROVAÇÃO COMITÊ DE ÉTICA
79
80
81
APÊNDICES
Apêndice A
AVALIAÇÃO CLÍNICA E NUTRICIONAL
1. IDENTIFICAÇÃO
Nome:___________________________________________ Matrícula: _________________
Endereço:________________________________________ Telefone: __________________
Sexo: ( ) Fem ( ) Masc Idade: _______ anos Profissão: __________________________
Grau de instrução: _________________________________ Estado civil: _______________
Procedência: ________________________________________________________________
2- CONDIÇÕES SOCIO-ECONOMICAS
Renda Familiar: R$ ________________________ Nº. de pessoas na família: _____________
3. HISTÓRIA CLÍNICA:
FATORES DE RISCO:
( ) Tabagismo
( ) Etilismo
( )Atividade física Qual: ____________________________________________________
( ) Raça: __________________________________________________________________
( ) Diagnóstico de HIV: ___________________ Tempo de tratamento: _________________
( ) Medicação utilizada: ______________________________________________________
( ) Antecedentes pessoais:_____________________________________________________
( ) Antecedentes familiares de Diabetes Mellitus: __________________________________
( ) Antecedentes familiares de Hipertensão Arterial: ________________________________
( ) Antecedentes familiares de Dislipidemia: ______________________________________
( ) Antecedentes familiares de eventos cardiovasculares: ____________________________
( ) Antecedentes familiares de eventos cerebrovasculares: ___________________________
( ) Uso de medicações que alteram os níveis lipídicos: ______________________________
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
( ) Lipoatrofia facial
( ) Lipoatrofia de membros
( ) Lipohipertrofia visceral abdominal
( ) Lipohipertrofia mamária
( ) Lipohipertrofia dorso-cervical
4. EXAME FÍSICO:
Inspeção geral:
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
Medidas antropométricas:
Altura: _________________________ cm
Peso atual: ______________________ kg
Peso Usual: _____________________ kg
Peso ideal: ______________________ kg
82
MPI: __________________________ % Em quanto tempo: ____________________
IMC: __________________________ kg/m2
Braço D: _______________________ cm
Braço E: _______________________ cm
Coxa E: ________________________ cm
Coxa D: ________________________ cm
Circ. Abdominal: ________________ cm
C/Q: ___________________________
Espessura da prega cutânea:
Tríceps:_________mm ____________ %Bíceps: _________mm %
Suprailíaca:______mm ____________ %
Subscapular:_____mm ____________ %
Média: _________________________ mm
CMB: _________________________ cm
TMB: __________________________ Kcal
VET: __________________________ Kcal
5. RESULTADOS DE EXAMES:
1. Hemograma:____________________________Em: ____/____/____
( ) Anemia (Hb<10) ___________________________________
( ) Leucocitose (>10.000) _______________________________
( ) Plaquetopenia (<140.000) ____________________________
( ) CD4: _____________________________________________
( ) Carga viral:________________________________________
2. Glicemia de jejum:_________________________________ Em: ____/____/____
3. Urina de rotina: ___________________________________ Em: ____/____/____
4. Colesterol: _______________________________________ Em: ____/____/____
5. Triglicerídeos: ____________________________________ Em: ____/____/____
6. LDL: ___________________________________________ Em: ____/____/____
7. HDL: ___________________________________________ Em: ____/____/____
8. HDL: ___________________________________________ Em: ____/____/____
9. TGO: ___________________________________________ Em: ____/____/____
10. TGP: ___________________________________________ Em: ____/____/____
11. Insulina basal: ____________________________________ Em: ____/____/____
12. Curva glicêmica: __________________________________ Em: ____/____/____
13. T4 livre: ________________________________________ Em: ____/____/____
14. TSH: ___________________________________________ Em: ____/____/____
15. LH: _____________________________________________ Em: ____/____/____
16. FSH: ____________________________________________ Em: ____/____/____
17. Prolactina: _______________________________________ Em: ____/____/____
18. Testosterona: _____________________________________ Em: ____/____/____
19. Cortisol: _________________________________________ Em: ____/____/____
20. Estrógeno: _______________________________________ Em: ____/____/____
21. Ácido úrico: ______________________________________ Em: ____/____/____
22. Uréia: ___________________________________________ Em: ____/____/____
23. Creatinina: _______________________________________ Em: ____/____/____
24. Mioglobinúria: ____________________________________ Em: ____/____/____
25. PCRas --------------------------------------------------------------------Em:------/------/-----
26. Homocisteína ------------------------------------------------------------Em:-----/------/------
27. Densitometria óssea: _______________________________ Em: ____/____/____
83
28. Eletrocardiograma: ________________________________ Em: ____/____/____
29. Ultrassonografia abdominal: _________________________ Em: ____/____/____
_____________________________________________________________________
30. Tomografia Computadorizada de Abdome: _____________ Em: ____/____/____
_____________________________________________________________________
6 .NÍVEIS DE TNF-
Em: ____/____/____ ______________________________________________________
Em: ____/____/____ ______________________________________________________
Em: ____/____/____ ______________________________________________________
Em: ____/____/____ ______________________________________________________
7. POLIMORFISMO NO GENE CODIFICADOR DO TNF-IL-10, IL-6:
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
Data da avaliação: ____/____/____
Responsável: _____________________________________________________________
Observações: _____________________________________________________________
84
Apêndice B
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título da Pesquisa: Avaliação de polimorfismos de nucleotídeo simples (snps) em gene
codificadores de citocinas em pacientescom síndrome de lipodistrofia e dislipidemia
associada a terapia antirretroviral.
Pesquisadora Responsável: Thais Franco/ Juarez Quaresma
Justificativa, Objetivos e Procedimentos da Pesquisa
O tratamento da AIDS, conhecido como terapia anti-retrovial, tem levado a uma
substancial redução na mortalidade dos pacientes infectados pelo vírus da imunodeficiência
humana (HIV) em todo o mundo. No entanto, pode causar alguns efeitos colaterais ao uso de
sua medicação como perda de peso, diabetes, dislipidemia (níveis alterados de colesterol e
triglicerídeos), gordura localizada, obesidade e problemas cardiovasculares.
Os pacientes podem apresentar apenas acúmulo e/ou diminuição de gordura, sugerindo
dois fenômenos distintos. Ou seja, o paciente não necessariamente vai apresentar os dois
sinais clínicos juntos.
Dentro deste contexto, para que se tenha mais conhecimento sobre a segurança dessa
terapia, faz-se necessário, através deste estudo, compreender a gravidade e as proporções dos
efeitos da terapia anti-retroviral, pois assim será possível garantir aos pacientes infectados um
regime terapêutico seguro e uma melhoria de sua qualidade de vida em curto e em longo
prazo.
Os pacientes portadores de HIV diagnosticados na cidade de Belém e apresentando
quadro sugestivo de lipodistrofia serão encaminhados ao Hospital Barros Barreto, para
avaliação e acompanhamento dessa síndrome.
Os procedimentos incluem:
a) Esclarecimento sobre o tratamento e seus efeitos colaterais, através de uma abordagem
educativa a fim de diminuir o temor à adesão a terapia anti-retroviral e possíveis
falhas;
b) Entrevista ao paciente para preenchimento dos dados clínico-epidemiológicos e
nutricionais contidos na ficha protocolar;
c) Solicitação de exames para avaliação do quadro clínico, sendo realizada punção
venosa para coleta de 5 ml de sangue periférico.
d) Realização de exame físico, onde serão avaliados: pressão, altura, peso, circunferência
abdominal, da coxa e braço em ambos os lados (através de fita métrica), além de
espessura da prega cutânea suprailíaca, subescapular e em bíceps e tríceps, utilizando-
se de adipômetro;
Os dados serão coletados em fichas protocolares durante o período estabelecido para
pesquisa (um ano) e encaminhados em relatórios parcial e final.
Desconforto e possíveis riscos e Benefícios associados à pesquisa
O risco neste projeto restringe-se ao sigilo a identificação do paciente, no entanto,
todos os cuidados serão tomados para preservar a sua identidade, não havendo maiores riscos
a este. E em caso de constrangimento os riscos serão amenizados com o encaminhamento ao
psicólogo.Em relação aos benefícios, busca-se a promoção de uma melhor qualidade de vida e
prognóstico da doença a esses pacientes que decorrem de complicações associados ao uso da
terapia anti-retroviral.
85
Forma de acompanhamento e Assistência
Quando necessário, o voluntário receberá toda a assistência médica aos agravos
decorrentes das atividades da pesquisa. Basta procurar os pesquisadores Thais Cristina
Miranda Franco, pelo telefone do 3237-0584 ou 8119-8603.
Esclarecimentos e Direitos
Em qualquer momento o voluntário poderá obter esclarecimentos sobre todos os
procedimentos utilizados na pesquisa e nas formas de divulgação dos resultados. Tem também
a liberdade e o direito de recusar sua participação ou retirar seu consentimento em qualquer
fase da pesquisa, sem prejuízo do atendimento usual fornecido pelos pesquisadores.
Confidencialidade e Avaliação dos Registros As identidades dos voluntários serão mantidas em total sigilo por tempo
indeterminado, tanto pelo executor como pela instituição onde será realizado o estudo e pelo
patrocinador. As fotos serão mantidas em absoluto sigilo, não sendo divulgadas, a não ser por
aprovação do participante.
Os resultados dos procedimentos executados na pesquisa serão analisados e alocados
em tabelas, figuras ou gráficos e divulgados em palestras, conferências, periódico científico
ou outra forma de divulgação que propicie o repasse dos conhecimentos para a sociedade e
para autoridades normativas em saúde nacionais ou internacionais, de acordo com as
normas/leis legais regulatórias de proteção nacional ou internacional.
Ressarcimento de Pesquisas e Indenizações
Não há qualquer tipo de despesa por parte do paciente e nem sequer qualquer forma de
indenização pelo mesmo pela sua participação neste estudo.
Eu, ________________________________________________________, portador da
Carteira de identidade nº ________________________________ expedida pelo Órgão
______________, por me considerar devidamente informado(a) e esclarecido(a) sobre o
conteúdo deste termo e a pesquisa Avaliação de polimorfismos de nucleotídeo simples (snps)
em gene codificadores de citocinas em pacientescom síndrome de lipodistrofia e dislipidemia
associada a terapia antirretroviral, a ser desenvolvida, livremente expresso meu consentimento
para inclusão, como sujeito da pesquisa. Recebi cópia desse documento por mim assinado.
_______________________________ ________/______/__________
Assinatura do Participante Voluntário
_______________________________ ________/______/__________
Assinatura do Responsável pelo Estudo
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