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AVALIAÇÃO DA TECNOLOGIA DE GESSO PROJETADO Mariana Franco Pacheco (1) ; Camilla Pompêo de Camargo e Silva (2) ; Aline Valverde Arrotéia (3) ; Helena Carasek (4) ; Maria Carolina Gomes de Oliveira Brandstetter (5) (1) Programa de Pós-Graduação em Geotecnia, Estruturas e Construção Civil, Escola de Engenharia Civil, Universidade Federal de Goiás, e-mail: [email protected] (2)PPGGECON/UFG, e-mail: [email protected] (3) PPGGECON/UFG, e-mail: [email protected] (4) PPGGECON/UFG, e-mail: [email protected] (5) PPGGECON/UFG, e-mail: [email protected] RESUMO O gesso para revestimento interno, em substituição ao revestimento de argamassa, tem sido bastante utilizado como material para acabamento de diversas edificações em construção. Esse material propicia algumas vantagens como resistência ao fogo, isolamento térmico e acústico, elevada aderência, facilidade nos acabamentos, entre outras, ressaltando-se também quanto a grande disponibilidade dessa matéria-prima no país, sendo encontrado em larga escala na região nordeste. Diante deste quadro, o presente artigo tem como objetivo avaliar quantitativamente, por medição da produtividade das equipes executoras do processo de projeção do gesso, e qualitativamente, por análise visual, o processo da tecnologia do gesso projetado mecanicamente, utilizado como revestimento interno de paredes. Os dados foram analisados em uma obra de um empreendimento residencial de médio padrão localizado na cidade de Goiânia. Para a medição de produtividade cartões de produção foram criados e adaptados ao cotidiano da obra para melhor acompanhamento e registro dos dados, além de observações diretas, registros fotográficos e entrevistas com as equipes de execução e com o corpo gerencial da obra. Entre os principais resultados, pode-se apontar o efeito do aprendizado a partir da segunda semana da tecnologia na obra, tornando-se vantajosa em termos de rapidez de execução. Quanto à análise qualitativa dos resultados, foram observadas fissuras no revestimento em alvenarias, entre as etapas de sarrafeamento e acabamento final. Além disso, observou-se a pequena quantidade de resíduos gerados pela aplicação de gesso projetado. Palavras-chave: Revestimento, Gesso, Projeção, Produtividade. Abstract The plaster lining, replacing the coat of mortar, has been widely used as material for finishing several buildings under construction. This material provides some advantages such as fire resistance, thermal and acoustic insulation, high grip, easy finish, among others, as well as emphasizing the wide availability of this raw material in the country, found largely in the Northeast. The process of projection is considered very important, since the machine makes all the work necessary to prepare this material, making the mixture homogeneous and easy projection. This paper aims to evaluate quantitatively, by measuring the productivity of teams executing the process of projection of the plaster, and qualitatively by visual analysis, the technology process of gypsum mechanically designed, used as lining. The data base were analyzed from a residential building construction medium standard in the city of Goiânia. To measure productivity, production cards were created and adapted to the routine of work for better monitoring and recording of data, and direct observations, photographs and interviews with staff and implementing team. Among the main results, we can point out the learning effect from the second week of technology in the work, making it advantageous in terms of XIV ENTAC - Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído - 29 a 31 Outubro 2012 - Juiz de Fora 3625

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AVALIAÇÃO DA TECNOLOGIA DE GESSO PROJETADO

Mariana Franco Pacheco(1); Camilla Pompêo de Camargo e Silva(2); Aline Valverde Arrotéia(3); Helena Carasek(4); Maria Carolina Gomes de Oliveira Brandstetter(5)

(1) Programa de Pós-Graduação em Geotecnia, Estruturas e Construção Civil, Escola de Engenharia Civil, Universidade Federal de Goiás, e-mail: [email protected]

(2)PPGGECON/UFG, e-mail: [email protected](3) PPGGECON/UFG, e-mail: [email protected]

(4) PPGGECON/UFG, e-mail: [email protected](5) PPGGECON/UFG, e-mail: [email protected]

RESUMOO gesso para revestimento interno, em substituição ao revestimento de argamassa, tem sido bastante utilizado como material para acabamento de diversas edificações em construção. Esse material propicia algumas vantagens como resistência ao fogo, isolamento térmico e acústico, elevada aderência, facilidade nos acabamentos, entre outras, ressaltando-se também quanto a grande disponibilidade dessa matéria-prima no país, sendo encontrado em larga escala na região nordeste. Diante deste quadro, o presente artigo tem como objetivo avaliar quantitativamente, por medição da produtividade das equipes executoras do processo de projeção do gesso, e qualitativamente, por análise visual, o processo da tecnologia do gesso projetado mecanicamente, utilizado como revestimento interno de paredes. Os dados foram analisados em uma obra de um empreendimento residencial de médio padrão localizado na cidade de Goiânia. Para a medição de produtividade cartões de produção foram criados e adaptados ao cotidiano da obra para melhor acompanhamento e registro dos dados, além de observações diretas, registros fotográficos e entrevistas com as equipes de execução e com o corpo gerencial da obra. Entre os principais resultados, pode-se apontar o efeito do aprendizado a partir da segunda semana da tecnologia na obra, tornando-se vantajosa em termos de rapidez de execução. Quanto à análise qualitativa dos resultados, foram observadas fissuras no revestimento em alvenarias, entre as etapas de sarrafeamento e acabamento final. Além disso, observou-se a pequena quantidade de resíduos gerados pela aplicação de gesso projetado. Palavras-chave: Revestimento, Gesso, Projeção, Produtividade.AbstractThe plaster lining, replacing the coat of mortar, has been widely used as material for finishing several buildings under construction. This material provides some advantages such as fire resistance, thermal and acoustic insulation, high grip, easy finish, among others, as well as emphasizing the wide availability of this raw material in the country, found largely in the Northeast. The process of projection is considered very important, since the machine makes all the work necessary to prepare this material, making the mixture homogeneous and easy projection. This paper aims to evaluate quantitatively, by measuring the productivity of teams executing the process of projection of the plaster, and qualitatively by visual analysis, the technology process of gypsum mechanically designed, used as lining. The data base were analyzed from a residential building construction medium standard in the city of Goiânia. To measure productivity, production cards were created and adapted to the routine of work for better monitoring and recording of data, and direct observations, photographs and interviews with staff and implementing team. Among the main results, we can point out the learning effect from the second week of technology in the work, making it advantageous in terms of

XIV ENTAC - Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído - 29 a 31 Outubro 2012 - Juiz de Fora

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execution speed. As for the qualitative analysis, were observed cracks in the masonry coating, between the process production stages. Furthermore, there was a small amount of waste generated by the application of projected plaster.Keywords: Plastering, Gypsum, Projection, Productivity.

1. INTRODUÇÃOA busca pela redução de custos e otimização de processos construtivos no mercado da construção civil permite o conhecimento de novas técnicas ou métodos que visem trabalhos mais eficientes, melhorando o prazo das obras, com menor custo e que possam ser utilizados em larga escala. O revestimento interno com gesso projetado mecanicamente constitui uma das tecnologias que estão sendo empregadas nas construções em substituição ao sistema de revestimento de argamassa (ANTUNES et al, 1999; JOHN, CINCOTTO, 2010).A utilização do gesso como revestimento aplicado mecanicamente substitui, com uma única aplicação, as etapas de chapisco, emboço, reboco e massa corrida do sistema de revestimento de argamassa, comumente encontrado nas obras, e propicia uma maior produtividade da mão de obra, devido ao seu sistema de aplicação mecanizado. Entretanto, a utilização dessa tecnologia ainda é relativamente pequena, principalmente devido à falta de mão de obra especializada e ao baixo conhecimento sobre tal tecnologia.Diante deste quadro, o presente artigo tem como objetivo avaliar quantitativamente, por medição de produtividade da mão de obra, e qualitativamente, por análise visual, o processo da tecnologia do gesso projetado mecanicamente, utilizado como revestimento interno em uma obra na cidade de Goiânia, por meio de seu acompanhamento e registro, além de entrevistas e observações realizadas.

2. GESSO PROJETADO: PROCESSO EXECUTIVO A execução do gesso projetado para o revestimento de tetos e paredes é iniciado mediante a projeção mecânica do material, por um equipamento específico para o processo de produção que realiza a mistura, o bombeamento e a aplicação do material por meio da mangueira projetora. A argamassa de gesso é um produto industrializado embalado em sacos, preparado na obra com o auxílio de um equipamento que faz a dosagem da água necessária de forma automática e homogeneíza a argamassa para ser aplicada diretamente ao substrato, em substituição ao sistema tradicional aplicado manualmente. Esta técnica proporciona maior economia na obra, pois reduz o desperdício e aumenta a produtividade da mão de obra. Porém, não se recomenda a aplicação do gesso em áreas molhadas, porque o material não apresenta boa resistência à umidade.

O revestimento não tem função de corrigir as imperfeições do substrato, tais como irregularidades superficiais, desvios de planicidade, de alinhamento e de prumo da alvenaria e estrutura. Sendo assim, é necessário que se tenha o controle no processo de execução, obedecendo às tolerâncias recomendadas para não implicar no aumento da espessura do revestimento. Um possível superdimensionamento das espessuras do revestimento leva ao consumo desnecessário do material, bem como ao aumento do tempo gasto na execução, em razão das várias camadas de projeção. De acordo com Farinho e Barros (2002), é necessário que se faça a checagem de alguns procedimentos anteriormente ao processo de execução do gesso projetado: suprimento de água e energia elétrica; transporte e estocagem dos materiais; andaimes; segurança e disponibilidade de ferramentas.

Além do equipamento de projeção, a tecnologia de produção de gesso projetado exige outras ferramentas igualmente importantes para a qualidade do revestimento final. Essas ferramentas

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com funções específicas são: a régua de alumínio H, a desempenadeira de aço, a espátula, o carril e o facão, as quais deverão estar disponíveis para o início dos serviços. O método de execução do gesso projetado pode ser dividido de acordo com o fluxograma da Figura 1.

Figura 1 – Fluxograma com etapas do processo executivo de gesso projetado

3. METODOLOGIA DE PESQUISAPara a realização da pesquisa, houve um acompanhamento do processo de aplicação do gesso projetado mecanicamente em uma obra na cidade de Goiânia, a qual o utilizou como revestimento interno nas áreas secas, substituindo o sistema de revestimento de argamassa. De forma a avaliar qualitativamente o processo, utilizou-se como instrumentos registros fotográficos, entrevistas e observações participantes, que permitiram a avaliação, por meio de análises visuais, de aspectos de qualidade, perdas, limpeza e organização da tecnologia.Para avaliar quantitativamente essa tecnologia, o instrumento utilizado foi um cartão de medição de produção, permitindo a análise do desempenho da mão de obra, a partir da geração do indicador RUP (Razão Unitária de Produção), expresso na razão matemática que relaciona a quantidade de homens horas demandados para uma determinada produção física. O trabalho utiliza três tipos de RUPs: diária, cumulativa e potencial. A diária é calculada a partir dos valores de homem-hora e quantidades de serviços relativos ao dia em análise. A cumulativa é calculada a partir dos valores de homem-hora e quantidades de serviços relativos ao período que vai do primeiro dia em que se estudou a produtividade até o dia em questão. A potencial é definida matematicamente como a mediana das RUPs diárias cujos valores estejam abaixo do valor da RUP cumulativa ao final do período de estudo (SOUZA, 2006). A coleta de dados ocorreu em vinte e quatro dias consecutivos, englobando quatro pavimentos do empreendimento. A mão de obra envolvida variou entre duas e quatro pessoas por equipe.

3.1. Caracterização do empreendimentoA obra acompanhada para a realização desse estudo de caso é de um empreendimento residencial, localizado na cidade de Goiânia (Figura 2). A planta baixa do apartamento é apresentada na Figura 3 onde são demonstradas as paredes com este revestimento.

Figura 2 – Empreendimento do estudo de caso Figura 3 - Planta baixa do apartamento com a demarcação das

paredes que recebem o revestimento

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O empreendimento possui 4 torres com 24 pavimentos cada, sendo 2 torres com apartamentos de 2 quartos, com 1 suíte e outras 2 torres com apartamentos de 3 quartos, com 1 suíte, somando um total de 384 unidades. A medição de produção do gesso projetado foi realizada na torre 1, a qual possui apartamentos com área de 67 m², de 2 quartos.

3.2. Cartão de medição de produçãoPara a medição de produtividade da mão de obra dessa tecnologia, foi criado um cartão de medição de produção, o qual possuía como dados de entrada as horas diárias destinadas à realização desse serviço, bem como a quantidade de pessoas envolvidas na tarefa e a área executada pela equipe, em metros quadrados, com o intuito de se obter como dados de saída a produção diária das equipes destinadas ao serviço de projeção do gesso. Esse cartão possuía ainda um espaço destinado ao registro de eventuais acontecimentos, os quais poderiam influenciar a produtividade ou impedir a execução do serviço, como a falta de materiais. A medição foi realizada no primeiro semestre de 2011.

4. ANÁLISE DE RESULTADOSOs resultados apresentam as análises quantitativa e qualitativa do serviço de gesso projetado.

4.1. Análise quantitativa do processoA análise quantitativa pode ser visualizada pelo gráfico da Figura 4 que apresenta a medição da produtividade segundo o cálculo da RUP (medições diárias, cumulativa e potencial) e referem-se à produtividade média diária incluindo todas as equipes.

Figura 4 – Gráfico de RUPs relativas às equipes de execução do gesso projetado

Por meio da análise do gráfico da Figura 4, pode-se inferir que houve uma curva de aprendizagem com o passar do tempo. A RUP cumulativa no início da medição era 0,12Hh/m2 e a partir do quinto dia teve uma tendência de queda chegando a 0,06 Hh/m2, no final do período observado, se aproximando do indicador de RUP potencial de 0,05 Hh/m2.

Pelas RUPs diárias percebem-se paradas na produção em seis dias da medição. Esse fato foi explicado por falta de material ou água. Algumas quedas na produtividade, que não duraram um dia inteiro, mas que influenciaram no desempenho da equipe foram ocasionadas em geral devido à falta de energia, o que impossibilitava o uso da máquina. Outro fator que foi

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observado é que na decorrência de falta de água, além da paralização da projeção, a máquina entupia, atrasando ainda mais o serviço, pois a equipe precisava esperar o abastecimento de água para desentupir o equipamento e, por fim, voltar a projetar o gesso.

4.2. Análise qualitativa do processoDe forma qualitativa observou-se o processo da aplicação do gesso projetado em aspectos de organização, limpeza e desperdícios gerados por essa tecnologia. Na realização do processo de aplicação, observou-se que a realidade da obra é um pouco diferente da vista na bibliografia, pois algumas etapas descritas na literatura do tema não foram realizadas pela equipe da obra visitada, como a execução das mestras.

Durante o processo, também foram observadas fissuras no revestimento (Figura 5) entre as etapas de sarrafeamento e o acabamento final, o que pode ser explicado pela possível absorção da água da pasta de gesso pelo substrato, no caso de bloco cerâmico, pois essas fissuras não foram encontradas em áreas de elementos estruturais de concreto, como vigas e pilares, e sim somente nas de alvenaria; porém estudos aprofundados para maiores esclarecimentos são necessários. Quanto aos aspectos de qualidade do processo, observou-se que a aplicação de gesso projetado gera uma quantidade pequena de resíduos (Figura 6).

Figura 5 – Fissuras no revestimento entre as etapas de sarrafeamento e acabamento final

Figura 6 – Resíduo gerado pela aplicação da tecnologia em um pavimento inteiro

A Figura 7 apresenta o resíduo gerado pela aplicação da tecnologia em uma parede e a Figura 8 ilustra o aspecto liso da superfície no acabamento final.

Figura 7 – Resíduo gerado pela aplicação da tecnologia em uma parede

Figura 8 – Aspecto da superfície no acabamento final

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Cabe ressaltar-se que aspectos de organização, limpeza e desperdício dependem da equipe e sua capacidade de aproveitar o material, bem como das condições oferecidas a ela, levando a percepção de que o treinamento dessa mão de obra é importante e necessário para a realização da técnica com eficiência. Quanto ao acabamento final, o aspecto da superfície é bem liso, porém tal característica também depende da equipe e do seu conhecimento da técnica, pois conforme os resultados obtidos, a aplicação de massa corrida e pintura se tornam desnecessárias. Esse foi outro ponto encontrado na obra em divergência com a literatura (MAEDA; SOUZA, 2000), pois após o acabamento do gesso, nesse caso, ainda há a aplicação de massa PVA e pintura acrílica, o que pode ser explicado pela possibilidade do aumento da durabilidade e proteção desse revestimento. Outro aspecto do acabamento final observado na obra foi quanto à sua necessidade de corrigir imperfeições da base, no caso, falta de prumo das alvenarias, não sendo essa sua função, o que pode prejudicar o seu acabamento final.

5. CONSIDERAÇÕES FINAISA utilização do gesso projetado como revestimento é de grande valia para o mercado da construção civil, pois possui algumas vantagens como a rapidez da execução do serviço, qualidade de acabamento final e redução de custos e desperdícios. Porém, como ainda é uma tecnologia recente no Brasil, há a necessidade, primeiramente, de aceitação dessa tecnologia por parte da mão de obra tradicional, bem como a de treinamento da mesma, já que o conhecimento da técnica permite a qualidade do processo de aplicação e do acabamento final desse revestimento, garantindo assim o objetivo de sua utilização.Outro aspecto que precisa ser revisto para garantir a eficiência desse sistema é o fornecimento de condições favoráveis às equipes, como o de abastecimento de materiais e ferramentas adequado, pois como observado, a falta de materiais e de água e energia prejudicam a execução. A qualidade de serviços precedentes também é outro ponto de fornecimento de condições favoráveis, como exemplo o prumo das alvenarias, já que não é função do revestimento corrigir tais imperfeições, levando à perda de produtividade e aumento do consumo e desperdício de materiais.

Por último, há ainda a necessidade de estudos das consequências dessa tecnologia a curto, médio e longo prazo, como o possível aparecimento de manifestações patológicas, sendo esse um campo aberto ao desenvolvimento de novas pesquisas e estudos, e necessário para a análise de desempenho e eficiência dessa tecnologia.

REFERÊNCIAS ANTUNES, R. P. do N.; JOHN, V. M.; ANDRADE, A. C. de. Produtividade dos revestimentos em gesso:influência das propriedades do material. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GESTÃO DA QUALIDADE E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO, 1., 1999, Recife. Anais... Recife, 1999. 9 p.

FARINHO, F. T.; BARROS, M. M. S. B. de. Revestimento de gesso projetado. Revista Techné, n. 60, mar. 2002. p. 59-63.

JOHN, V. M.; CINCOTTO, M. A. Gesso de Construção Civil. In: ISAIA, G. C. (Ed.). Materiais de Construção Civil e Princípios de Ciência e Engenharia de Materiais. 2. ed. São Paulo: IBRACON, 2010. p. 727-759. v.1.

MAEDA, F. M.; SOUZA, U. E. L. Produtividade da mão-de-obra e materiais na execução de revestimento em pasta de gesso aplicado sobre paredes internas de edificações. In: ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 8., 2000, Salvador. Anais... Salvador, 2000. v.1, p.611-618.

SOUZA, U. E. L. Como aumentar a eficiência da mão de obra – Manual de gestão da produtividade na construção civil. São Paulo: Pini, 2006.

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