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AVM FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
O PEDAGOGO EMPRESARIAL E AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM
INSTITUIÇÕES NÃO-ESCOLARES
Autora:
Nathália Barbosa Terra
Orientador: Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho
Niterói
2011
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AVM FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
O PEDAGOGO EMPRESARIAL E AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM
INSTITUIÇÕES NÃO-ESCOLARES
OBJETIVOS:
Esta publicação atende a complementação
didático-pedagógica de metodologia da
pesquisa e motivação em ambiente
empresarial, para o curso de pós-graduação em
Pedagogia Empresarial.
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AGRADECIMENTOS
Ao orientador Vilson Sérgio que me ajudou na
construção deste trabalho, aos meus pais, meu
namorado, minha família e a todos que contribuíram
para a elaboração desse trabalho acadêmico.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais, José Américo e
Vera, a minha irmã Luanna, ao meu namorado Arthur,
as minhas amigas Andrea, Keila e Girlan, que tanto me
ajudaram na realização desta monografia. A todos que
idealizaram este curso, pois com certeza acreditam e
trabalham por uma educação de qualidade para todos.
Nathália Terra
4
RESUMO
Tanto na Pedagogia quanto na Empresa percebe-se que o seu processo
caminha em direção à realização de idéias e objetivos definidos, e como a
pedagogia a relação se dá entre seres humanos também, portanto, a
necessidade de se trabalhar a pessoa de forma integral, buscando mudanças
se necessárias no comportamento deste ser humano e não olhá-la como uma
peça dentro da empresa. Esse processo de mudança provocada, no
comportamento das pessoas em direção a um objetivo, chama-se
aprendizagem e é a especialidade da Pedagogia e do Pedagogo. A pedagogia
conta com o Pedagogo empresarial dentro da empresa, visando sempre
melhorar a qualidade de prestação de serviços. Na atualidade, a empresa tem
aberto espaço para que este profissional possa, de maneira competente e
consciente, formular hipóteses, solucionar problemas e elaborar projetos,
mostrando que a sua atuação visa a melhoria dos processos instituídos na
empresa, como garantia da qualidade do atendimento aos seus clientes e ao
funcionário, contribuindo para a instalação da cultura institucional da formação
continuada dos empregados, orientando na gestão do melhoramento dos
processos. O trabalho vai além das investigações relacionadas ao problema,
procura defender, esclarecer, de forma sucinta, questões, como o que
representa essa Pedagogia e em que ela se diferencia da escolar? Como as
práticas pedagógicas podem ser desenvolvidas na empresa? Qual a
importância desta pedagogia para as empresas? E mostra o vasto campo que
um pedagogo pode atuar nos dias de hoje, desde que esteja formada
criticamente onde sua principal missão é formar um individuo desenvolvendo
suas potencialidades e fazendo com que ele descubra novos caminhos.
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METODOLOGIA
O trabalho será desenvolvido através de pesquisas bibliográficas,
elucidando temas relevantes ao tema em questão, com análise crítico-reflexiva
das referências. Pesquisando, reformulando questões, fazendo um
levantamento referencial teórico, organizando os dados levantados e por fim a
elaboração da monografia com base em todo material de pesquisa.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I 10
O PEDAGOGO
1.1 O pedagogo e a qualificação profissional 12
1.2 As modificações e reflexos na qualificação profissional 12
CAPÍTULO II 18
O TRABALHO DO PEDAGOGO
2.1 Planejamento 22
2.2 Comunicação e informação 24
2.3 A aprendizagem 26
2.4 O processo de aprendizagem dentro da empresa 30
CAPÍTULO III 33
O PEDAGOGO EM ESPAÇOS NÃO-ESCOLARES
3.1 O pedagogo empresarial 36
3.2 As práticas do pedagogo empresarial 37
3.3 Pedagogo: crítico-reflexivo no ambiente empresarial 38
CAPÍTULO IV 42
AMPLO CAMPO PEDAGÓGICO
4.1 Universidade corporativa 46
4.2 Como implementar a universidade corporativa 46
4.3 Proporcionar aprendizagem para dar sustentação aos objetivos
empresariais 47
4.4 Educação na empresa entrelaçada a gestão do conhecimento 48
CONCLUSÃO 49
BIBLIOGRAFIA 50
7
INTRODUÇÃO
Com a mudança no currículo deste curso, de Pedagogia, vem a ser
necessário que se faça discussões e que se pense como este processo
transformou as perspectivas tanto de alunos que estão fazendo a graduação
como também dos profissionais que já estão formados nesta área. Entre as
mudanças destaca-se a que ampliou o campo de trabalho do Pedagogo,
fazendo com que este pense a “Educação” além das escolas.
Neste novo olhar o pedagogo terá que entender que, Educação não é
única, e sim que podemos encontrar vários tipos de educação como a formal,
informal e não-formal sendo que podem ocorrer em diferentes espaços como:
escolar, hospitalar, empresarial entre outros. Surgem então questões como: O
que fazer para conquistar este espaço? O que se fazer neste espaço? Qual a
minha função?
Atualmente no novo currículo da Pedagogia na Universidade, existem
disciplinas que tratam da educação em ambiente não-escolar, uma teórica e
outra prática. A teórica dá pincelada em textos que falam de todos os
ambientes ao mesmo tempo: hospitalar, empresarial e social. A prática em
ambiente não-escolar disciplina difícil, pois os espaços principalmente
empresariais ainda são muito restritos aos alunos de Pedagogia, muitas
empresas não aceitam a presença dos alunos de Pedagogia em seu espaço,
assim o aluno e profissional se frustram tendo que se contentar apenas com
palestras que trazem à luz o tema, nos espaços universitários.
Percebe-se hoje a necessidade de se fazer pesquisas, escrever sobre o
tema, pois precisa ser esclarecido para que o próprio Pedagogo sinta-se
seguro ao está no ambiente empresarial.
Pode-se começar pensando sobre o que vem a ser Pedagogia. Esta, de
acordo com Libâneo (1997), é uma área do conhecimento que investiga a
realidade educativa no geral e no particular, onde a ciência pedagógica pode
postular para si, isto é, ramos de estudos próprios dedicados aos vários
âmbitos da prática educativa, complementados com a contribuição das demais
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ciências da educação. Ou seja, a atuação do pedagogo é ampla e vai além de
aplicação de técnicas que apenas visam a estabelecer políticas educacionais
no contexto escolar. (Libâneo, 2009).
Há uma diversidade de prática educativa na sociedade, e em todas elas,
desde que se configurem intencional, está presente a ação pedagógica. A
contemporaneidade mostra uma “sociedade pedagógica” (Beillorot 1985),
mostrando amplos campos de atuação pedagógica. A partir de indicações
desse autor, podem-se definir para o pedagogo dois ambientes de ação
educativa: escolar e extra-escolar.
O pedagogo desempenha suas atividades basicamente em espaço
escolar, porém, a partir da década de 70, com as dificuldades apresentadas por
trabalhadores dentro das empresas, mostravam que a escola formal não
estava mais conseguindo atender as perspectivas do mercado, começou então
o processo de formação profissional no próprio local de trabalho e passou a ser
de grande importância proporcionando uma demanda grande de treinamentos.
A educação sofreu mudanças em seu conceito, saindo do ambiente escolar
partindo para diferentes e diversos segmentos.
A pedagogia tem como objeto a Educação, o pedagogo aparece como
sendo o melhor profissional para atuar nesta área, mas para isso seria
necessário haver mudanças na formação deste profissional, que não estava
preparado para atuar dentro das empresas, já que o público não é mais
crianças ou adolescentes e sim pessoas adultas. Mas, as transformações em
relação ao curso de Pedagogia ocorrem de forma lenta, a tal ponto que as
verdadeiras mudanças ocorreram há pouco tempo e continuam acontecendo.
Sob um novo olhar, surge a Pedagogia Empresarial, ainda bastante
complexa mesmo para docentes do curso de Pedagogia, buscando com isto
informações e conhecimentos sobre o tema, ainda pouco encontrados nas
literaturas que tem como objeto a educação.
Em busca de leituras especificas referentes ao tema encontram-se
muitas dificuldades, tornando a pesquisa penosa e árdua. Porém, precisamos
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ser pesquisadores e buscar de alguma forma, referenciais em várias fontes
como revistas especializadas, livros, artigos entre outras.
Dando ênfase a pedagogia empresarial usarei a visão de Rosane
Ribeiro, em um artigo com o título Pedagogia Empresarial e Aprendizagem
Organizacional inserido no livro Pedagogia em conexão, de ZORZO (2004),
nele Rosane afirma que “é um curso que visa formar educadores de adultos,
que ocorre no ambiente organizacional”, sendo que este profissional deverá ter
como objetivo a construção de processos educacionais que garante a
participação ativa do trabalhador na sua própria aprendizagem.
Entende-se que o pedagogo dentro desse novo horizonte, em que está
inserido, deverá beber em várias fontes além da pedagogia, como na área de
administração, psicologia, filosofia, para ter acesso a conhecimentos
importantes que deverão ser utilizados no espaço empresarial. A pedagogia
nos ensina ter um olhar humano, aprender a nos conhecer e querer também
conhecer o outro, nos ensina a planejar, a organizar planos, a sistematizar, a
fomentar e elaborar projetos, pontos estes positivos que ajudaram o pedagogo
na empresa.
Ao analisar uma Empresa verifica-se como a Pedagogia e o seu
processo caminham em direção à realização de ideais e objetivos definidos, e
como a pedagogia, a relação se dá entre seres humanos também, portanto, a
necessidade de se trabalhar a pessoa de forma integral, buscando mudanças
se necessárias no comportamento deste ser humano. Esse processo de
mudança provocada, no comportamento das pessoas em direção a um
objetivo, chama-se aprendizagem e aprendizagem é a especialidade da
Pedagogia e do Pedagogo.
O presente texto procura informar, de forma sucinta, questões, como o
que representa essa Pedagogia e em que ela se diferencia da escolar? Como
as práticas pedagógicas podem ser desenvolvidas na empresa? Qual a
importância desta pedagogia para as empresas?
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CAPÍTULO I
O PEDAGOGO
Segundo Franco (2002), a docência é uma profissão com identidade e
estatuto epistemológico próprios, e que em si, o ensino é uma das
manifestações da práxis educativa, definir o pedagogo como professor (e das
séries iniciais) é reduzir a potencialidade de sua inserção na práxis educativa.
Por outro lado, dizer que enquanto pedagogo ele pode também ser
docente das séries iniciais (para o que ele tem que ser formado e preparado,
através do conjunto das disciplinas e atividades que compõem o curso,
orientadas por docentes de várias áreas que tenham a educação e o ensino
como objeto de estudo), significa garantir o único espaço adequado na
universidade para a formação dos professores e pesquisadores para esse nível
de escolarização (lembrando que o curso normal médio está em extinção e
lembrando que onde se faz pesquisa é na Universidade).
Essas considerações apontam caminhos que poderão orientar a
elaboração de diretrizes curriculares nacionais para os cursos de pedagogia
que retirem o pedagogo do campo profissional e identitário em que se
encontra.
Entendendo que o pedagogo é um profissional que domina
determinados saberes, que, em situação, transforma e dá novas configurações
a estes saberes e, ao mesmo tempo, assegura a dimensão ética dos saberes
que dão suporte à sua práxis no cotidiano do seu trabalho, e que a Pedagogia
se aplica ao campo teórico-investigativo da educação e ao campo do trabalho
pedagógico que se realiza na práxis social, entendo que, o curso de graduação
em Pedagogia forma (deva formar) o Pedagogo com uma formação integrada
para atuar na docência nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, na Educação
Infantil e nas disciplinas pedagógicas dos cursos de formação de professores e
na gestão dos processos educativos escolares e não-escolares, assim como na
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produção e difusão do conhecimento do campo educacional (proposta de
Diretrizes, Fórum 2004).
Essa proposta de diretrizes, além de avanços construídos pela
Comissão de Especialistas, enfrenta, estrategicamente, a importância da
formação dos professores das séries iniciais no curso de pedagogia, único
espaço em nível superior para se proceder sua formação com a qualidade
desejada, entendendo-a como uma das inserções profissionais possíveis dos
pedagogos, e entendendo que essa formação não se reduz a sala de aula, mas
inclui a gestão das políticas e dos espaços de ensino e aprendizagem, sejam
eles escolares ou não.
Considerando a complexidade dessa educação, admite-se áreas de
aprofundamento para uma formação mais voltada para a criança de 0 a 05
anos (Educação Infantil) e para a criança de 06 a 10 anos (séries iniciais do
Ensino Fundamental). Portanto, tendo a pedagogia como base para a formação
docente.
Um curso de pedagogia não dá conta de formar pedagogos para se
inserirem em inúmeras áreas de atuação como hoje se constata com as várias
modalidades de currículo existente nas universidades e nas demais instituições
de ensino superior. Daí se assumir com tranqüilidade o que seria o essencial
da formação do pedagogo, o que o identifica epistemológica e
profissionalmente em todo o território nacional. Mas vamos também assumir
que sua formação se dá com pesquisa que confronta o real e o produzido
sobre o real, que aponta possibilidades e perspectivas de transformação da
realidade existente, que supere a visão fragmentada dos espaços escolares e
não-escolares. Mas assumir que as áreas e demandas específicas, como
educação de pessoas com necessidades, educação no campo, de indígenas,
para a inserção nas mídias, etc. se faça fora do curso de pedagogia, como
aprofundamentos, enriquecimento curricular, especialização, etc., e não no
curso em que atualmente se apregoa em preparar o pedagogo em quatro anos.
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1.1 - O pedagogo e a qualificação profissional
Geralmente, o pedagogo tem-se caracterizado como profissional
responsável pela docência e especialidades da educação, como: Direção,
Supervisão, Coordenação e Orientação Educacional, entre outras atividades
específicas da escola. Podemos dizer que, dificilmente, encontra-se o
profissional da educação desvinculado da escola propriamente dita, e inserido
em outras atividades do mundo do trabalho, como em empresas, ainda que
esse trabalho refira-se à educação, mas em uma perspectiva extra-escolar.
Ao analisar a estrutura de organização das disciplinas do curso de
Pedagogia nota-se que não há direcionamento específico para a atuação do
pedagogo em empresas, fato esse que dificulta a inserção e conhecimento das
possibilidades de atuação desse profissional nos processos produtivos. Por
essa razão e, também, porque a escola constitui-se um local de trabalho
bastante conhecido dos pedagogos, esses profissionais limitam sua procura a
essas instituições.
Nesse momento, em que o curso de pedagogia passa por um processo
de reestruturação com propostas divergentes de diretrizes curriculares e,
também, considerando as modificações ocorridas no processo produtivo, faz-se
importante contemplar a possibilidade de atuação desses profissionais em
outros setores do mundo do trabalho.
1.2 - As modificações e reflexos na qualificação profissional
Na atual sociedade capitalista, os processos produtivos têm sofrido
profundas transformações no que se refere ao modo como está organizada a
produção, devido, sobretudo, ao avanço tecnológico, bem como a própria
necessidade de manutenção do capitalismo.
A qualificação profissional inserida nesse contexto de transformação, por
um lado, é alterada e ampliada havendo maior valorização do componente
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intelectual dando perda do manual. As exigências do mercado de trabalho
apontam para uma maior qualificação e, para tanto, o pedagogo pode
contribuir, nesse processo, na qualificação do trabalhador.
A qualificação profissional tem sofrido evoluções históricas delineadas
pelas diferentes concepções e modos de organizar a produção. Na
denominada Segunda Revolução Industrial, a implementação do trabalho nos
moldes tayloristas tem como objetivo a racionalização e contenção de
desperdícios nos locais de produção, então Taylor desenvolveu técnicas que
parcelarizam ao máximo a produção e as atividades exercidas pelos
trabalhadores, controlando e cronometrando até mesmos os movimentos
exigidos para a realização de tarefas específicas, assim como o tempo
destinado a essa realização.
Esses métodos e técnicas intensificaram o ritmo do trabalho e
aumentaram a rigidez do produto (produto - padrão) e da mão - de - obra
destinada a realizar tarefas fixas, repetitivas e monótonas, as quais são
controladas por uma rígida supervisão. Nesse modelo o processo de
elaboração é realizado por um quadro de especialistas.
Uma grande aplicação de Ford na indústria automobilística foi a
utilização da esteira rolante que aliada às operações parceladas, as quais
existiam desde a manufatura, contribuiu significativamente na desqualificação
do trabalhador, seja por não exigir e inibir qualquer capacidade de pensar,
como também por conceber o trabalhador como extensão da máquina aquele
trabalhador, antes necessário no processo de montagem era eliminado. Em
seu lugar surgia um novo homem cuja função era repetir indefinidamente
movimentos padronizados, desprovidos de qualquer conhecimento profissional,
que para Ford nada tem de desagradável. (VARGAS, 1987, p.24).
A rigidez do Ford ismo diante a crise do Estado de bem-estar-social
emperrou sua hegemonia enquanto sistema de organização do trabalho,
apesar de não ter sido excluído da sociedade mundial sua incapacidade de
articulação com a sociedade do trabalho deu margem ao aparecimento de um
novo modelo denominado por Harvey (1992, p. 123) de acumulação flexível.
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Tanto no modelo fordista como no taylorista de produção a falta de
autonomia para realizar tarefas parcelarizadas e a utilização preponderante do
componente manual faz com que se aprofunde a situação na qual o
trabalhador encontra-se expropriado do saber na produção e plenamente
desqualificado, executando tarefas possíveis de serem executadas por
máquinas.
O fenômeno que Harvey denomina de acumulação flexível tem
abrangência mais geral na sociedade, mas também, no interior das fábricas
configurando novas formas de organizar a produção, geralmente, utilizando
maquinários com tecnologia avançada.
O acelerado avanço tecnológico, nas últimas décadas, provém das
necessidades competitivas e das próprias lutas operárias por melhores
condições de trabalho. A tecnologia e o avanço informacional tornam-se
condições essenciais para a sobrevivência das empresas, uma vez que ela traz
vantagens significativas à produção integrando as modificações na organização
de um trabalho menos hierarquizado e voltado para a integração tanto da
máquina como dos trabalhadores.
Diferentemente do tipo de força de trabalho que se requer na
organização taylorista-fordista, os modelos organizacionais como o Just-in-
time/Kamban e o Toyotismo, entre outros, inovam modificando a disposição
dos meios de produção e a utilização da mão-de-obra.
Em ambos os modelos passa-se a requerer do trabalhador um maior
potencial intelectual e comportamental, principalmente no que se refere a
capacidade de trabalhar em equipe, conhecer a totalidade do processo
produtivo, criatividade para propor inovações, capacidade para resolução de
problemas, comunicação e expressão, conhecimentos gerais e de idioma, entre
outros geralmente não conta com tecnologias ultramodernas como robôs e
controle por central de computadores, pois o fracasso ao não atingir ganhos de
produtividade deve ser atribuído às antiquadas estruturas organizacionais
incapazes de acomodar as novas tecnologias não adianta gastar dinheiro com
as novas tecnologias e utilizá-la de maneira antiga. (RIFIKIN, 1996, p.99).
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O Just-in-time envolve a produção como um todo: trabalhadores,
gerência e fornecedores em uma política de redução de estoques, já que se
produz somente o que for solicitado pelo departamento de vendas. Os
maquinários encontram-se dispostos em linhas de produção, de modo a
racionalizar a produção eliminando os estoques e proporcionando linearidade e
continuidade sem quebras no processo.
A experiência da indústria automobilística Toyota, embora não se
apresente em oposição ao Just-in-time tem-se caracterizado pela
implementação de alta tecnologia, aperfeiçoando a exploração do trabalhador e
a diminuição da hierarquia na fábrica, além de possuir uma elevada tendência
de socialização no trabalho, no qual os engenheiros do chão de fábrica deixam
de ter um papel estratégico e a produção é controlada por grupos de trabalho,
a empresa investe muito em treinamento, participação e sugestão para
melhorar a qualidade e produtividade (ANTUNES, 1995, p.29).
Podemos perceber que, além da flexibilização nas relações de trabalho,
as empresas para garantir a competitividade no mercado global, como
demonstra Market (1999, p.149), têm implementado modelos de produção que
permitem maior flexibilização na produção de bens, baseado na demanda
pelos clientes.
Essa tendência de focalizar o cliente ou regular a produção da empresa
pelo departamento de vendas exige uma organização diferenciada da empresa,
ou seja, para se atingir uma produção mais flexível e voltada para a clientela há
a exigência de uma estruturação realizada de maneira mais integrada, como
cita Market (1999), estabelecendo comunicações entre o departamento de
planejamento da produção, administrativo e de vendas.
Sendo assim, as necessidades organizacionais da empresa voltam-se para a
qualificação dos seus quadros profissionais, a fim de que eles captem e
implementem as modificações rapidamente.
Ao mesmo tempo em que a implementação tecnológica altera a prática
produtiva tanto na diminuição da hierarquia, como na necessidade de um
profissional mais polivalente, ela também funciona como divisor de águas.
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Entre aqueles profissionais desprovidos do mínimo de escolaridade e
aqueles que possuem nível de formação institucional e técnico, os quais
necessitam de maior qualificação para controlar, interferir e articular essas
novas tecnologias dentro das situações concretas de produção.
As relações que se estabelecem no âmbito da sociedade capitalista são
marcadas pela contradição, como ocorre com o fenômeno da reestruturação
produtiva. A implementação tecnológica possui uma dimensão perversa
principalmente nos países pobres e a exclusão recai sobre uma considerável
parcela dos trabalhadores, em geral, daquela que possui baixa escolaridade e
pouco conhecimento técnico, obtendo qualificação basicamente nos moldes da
organização taylorista/fordista.
Ainda que a qualificação mais ampla dos trabalhadores não ocorra de
forma homogênea, podemos dizer que uma categoria dos profissionais parece
ser privilegiada com as modificações tecnológicas, especialmente no que se
refere a aproximação dos técnicos aos quadros como podemos observar na
abordagem de Lojkine (1990) ao dizer que a ruptura brutal existente entre a
gerência que pensa e planeja e o operário que simplesmente executa tarefas,
sem poder de interferência, está propensa a diluir-se. Nessa diluição, o homem
passa a exercer o papel de protagonista do trabalho que realiza, não apenas
alimentando a máquina, contudo a controlando em todo seu percurso, da
concepção ao produto final.
Na perspectiva de Lojkine e Shaff (LOJKINE, 1990, p.17; SHAFF, 1990,
p.3), há um progressivo desaparecimento do trabalho manual, fazendo com
que o homem cada vez mais incumba-se da realização de um trabalho com um
potencial criativo, deixando de executar tarefas possíveis de serem executadas
por máquinas.
À medida que para trabalhar o trabalhador precisa de mais
conhecimento, conseqüentemente ele se torna capaz de compreender o
processo produtivo como um todo, então a secular diferença entre trabalho
manual e intelectual, agora, aproxima-se de um trabalho de certa forma mais
cooperativo e criativo. No momento em que o componente intelectual do
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profissional é mais valorizado, esse profissional adquire maior autonomia na
realização do seu trabalho que não se limita à execução, mas a capacidade de
elaboração.
Os profissionais com maior autonomia favorecem a cooperação entre
categorias profissionais no interior da fábrica já que necessitam discutir, trocar
idéias sobre o trabalho para estabelecer diretrizes conjuntas para aplicar na
produção. Essa cooperação entendida enquanto troca de conhecimentos
teóricos e prático dá-se no estreitamento entre engenheiro e os demais
quadros de profissionais (os técnicos) e ambos têm de dialogar entre si, trocar
experiência da prática do trabalho subsidiada de conhecimento teórico das
atividades que realizam.
As novas formas de organização do trabalho parecem requerer o
trabalhador com potencial mais criativo e participativo, já que as equipes de
trabalho propõem inovações, soluções aos problemas que surgem e a
tendência é se incumbir cada vez mais de responsabilidades que requerem um
certo desenvolvimento intelectual.
18
CAPÍTULO II
O TRABALHO DO PEDAGOGO
Surge a possibilidade de um novo campo de atuação para o pedagogo,
pouco explorado. Para discutir-se a presença do pedagogo nos processos
produtivos, foram escolhidos três aspectos constitutivos da especificidade do
trabalho desse profissional que nos parece interessantes serem aproveitados
nos locais de produção, sendo eles: a interação com o sujeito, a reflexão sobre
a prática do trabalho e a elaboração de programas instrucionais que priorizem
a totalidade do processo de trabalho.
O fazer desenvolvido pelo profissional da educação (o pedagogo) refere-
se a oferecer instrumentos para que o sujeito aprenda a desvendar a realidade.
Para que o conhecimento aconteça por parte do sujeito, o educador tem um
papel fundamental que é o de oferecer subsídios teórico-prático para que a
partir da ação o sujeito interfira na realidade.
Nesse ponto, o educador não é apenas um mero transmissor de
conhecimento, percebe-se que a função essencial do educador está em
oferecer além dos conteúdos, os instrumentos que possibilitem e estimulem a
busca do conhecimento por parte do sujeito. Nos processos produtivos, não
pretende ensinar a fazer o trabalho, mesmo porque ele não possui
competência técnica para esse tipo de conteúdo específico e, ainda, essa
concepção contradiz com a formação do sujeito criativo e ativo.
“Os meios de representação não podem ser ensinados,
assim como não se pode ensinar a forma de ensinar, e
aprender significa ter compreendido e compreender. A
afirmação de que a forma pode ser ensinada só pode parecer
verdadeira a um intelecto grosseiro.” (CARISTI, 1999, p. 249).
No campo de trabalho a necessidade de um conhecimento de caráter
mais criativo e ativo, então a interação entre os profissionais responsáveis pela
produção demonstra ser essencial. Essa interação diz respeito à troca
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recíproca de conhecimento, de um lado, os técnicos, com o saber adquirido
pelos anos de experiência na profissão e alguma formação institucional, de
outro, os engenheiros e outros profissionais com formação de nível mais
elevado, mas que muitas vezes se encontram desprovido de condições para
socializar esse conhecimento com os demais. Assim, esses últimos acabam
por centralizar em si a escolha dos procedimentos a serem utilizados na
produção, perdendo a contribuição prática dos trabalhadores e atado a
organização da empresa de acordo com as novas formas de organização do
trabalho.
As empresas hoje utilizam como estratégia para a qualificação de seus
quadros profissionais o programa de multiplicadores de treinamento, o qual
requer do profissional maior responsabilidade e conhecimento, já que terá de
dominar além de seu trabalho específico todo o processo de produção. Esse
tipo de programa requer do profissional, outras habilidades como capacidade
de compreensão e exposição de idéias, utilização e seleção de materiais
didáticos para atingir fins determinados, capacidade de oratória entre outros.
A necessidade do mercado parece que não se encontra mais
fundamentada na divisão entre planejar e executar, por isso os treinamentos
realizados simplesmente com suporte técnico não são mais suficientes. Para
trabalhar nas novas formas de organização do trabalho, faz ser necessário o
desenvolvimento intelectual e comportamental visando o trabalho conjunto.
Para que se consiga avanço na formação do trabalhador, Therrien julga
oportuno, as interações sociais como processo de socialização e de linguagem,
proporcionam a elaboração conjunta dos significados em situações,
desvelando a natureza parcial e completa do saber construído. (THERRIEN,
1996, p. 67).
Como parte de uma equipe interdisciplinar, o pedagogo por
compreender o processo pode contribuir na aprendizagem do profissional
aguçando o desenvolvimento das potencialidades individuais através da
interação entre os profissionais na seleção de metodologias adequadas
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proporcionando condições para que ocorra a aprendizagem por meio do
trabalho.
Outro aspecto da formação do pedagogo refere-se à reflexão sobre a
prática, aliando teoria e prática. No âmbito da escola, a práxis é bastante
discutida como elemento essencial na prática cotidiana da sala de aula. Ao
falar sobre a valorização do saber produzido nas relações sociais, Therrien
menciona que o pedagogo como profissional que faz das situações concretas
que vive o seu instrumento de reflexão e elabora saber, esse mesmo saber faz
com que o docente se relacione mais profundamente com o conhecimento.
(THERRIEN, 1996, p. 67).
Nesse momento da sociedade capitalista tudo indica que seja oportuno
para os setores produtivos estreitarem as relações existentes entre teoria e
prática, canalizando essa união em benefício da qualificação profissional, ainda
que, contraditoriamente, o interesse das empresas capitalista com a formação
profissional seja a acumulação de capital.
Como citado, juntamente com a tendência a uma maior proximidade
entre categorias profissionais na produção, parece possível dizer que o diálogo
visando a troca de experiência e, sobretudo, a capacidade de olhar para a
produção extraindo dessa mesma realidade as necessidades práticas para
encontrar novos caminhos constitui-se em um elemento importante para a
empresa, como também, para despertar a capacidade criativa e de
compreensão profissional.
Encontramos em Carvalho (1993), uma situação proveniente de
levantamento de dados empírico bastante relevante para compreendermos a
importância da reflexão sobre a prática que quanto maior é a complexidade do
processo maior o período de experiência necessário para adquirir tais
qualificações de operações.
O trecho acima evidencia que o ato de executar encontra-se dissociado
do ato de planejar, alienando o trabalhador da compreensão do processo
produtivo. Sendo assim, é oportuno que as experiências práticas estejam
ligadas a instrumentos educacionais que, além de proporcionarem a
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participação dos trabalhadores no planejamento, execução e avaliação, levem
o sujeito a perceber as situações provenientes da prática e as alternativas
cabíveis para solucionar os problemas que surgem e propor inovações.
Para recomendar inovações na produção, o componente intelectual
demonstra ser indispensável, pois tudo parece indicar que somente com uma
articulação de nível intelectual poderemos avançar no âmbito da qualificação
profissional. Essa articulação compreende a interação com a realidade através
do questionamento constante das práticas empregadas na produção, de modo
a incorporar ou rejeitar as experiências que surgem.
“A importância de subsidiar as experiências provenientes
da prática de suporte educacional, já que os pedagogos do
trabalho na indústria metalmecânica na Alemanha têm
desenvolvido e aplicado o conceito de qualificação profissional
com base na capacidade e conhecimento para compreender o
processo de produção, aprendizagem direcionada às
experiências surgidas no trabalho, objetivos que são
orientados no processo total da produção incluindo
planejamento, execução e controle do trabalho em
cooperação, em seguida são desenvolvidas diretrizes
didáticas que contemplam esses conceitos.” (MARKET, 1999,
p. 157).
Como demonstram o estudo de Market à necessidade de desenvolver
um conceito de qualificação profissional com base na nova forma de organizar
a produção, e também, os novos modelos organizacionais parecem requerer
que as experiências adquiridas na prática do trabalho estejam a contribuir com
suporte educacional a fim de traduzir o momento no qual o trabalhador
despende sua força de trabalho em ganhos individuais e que as equipes de
trabalho inovem, troquem experiências e interajam entre si, não apenas em
uma perspectiva de execução, mas de concepção do trabalho.
Outro aspecto do trabalho que o pedagogo pode vir realizar na empresa
se refere à elaboração de programas instrucionais ou diretrizes didáticas. Nas
empresas podemos constatar que todas elas fazem um planejamento prévio
22
das etapas de treinamento contendo conteúdos, objetivos, técnicas e
avaliação, porém esse planejamento é realizado sem suporte educacional,
ainda que o objetivo seja a qualificação dos trabalhadores, que por mais restrito
que se entenda esse conceito, em geral, refere-se a aquisição de
conhecimentos do processo produtivo e desenvolvimento de capacidades
intelectuais e comportamentais no sujeito que aprende determinado conteúdo.
A organização sistemática das atividades a serem aplicadas no
treinamento demanda um tipo de conhecimento específico da prática
educativa, como a elaboração e seleção de materiais didáticos,
instrumentalização didática dos profissionais e, ainda, a seleção de
metodologia apropriada para conduzir a execução do treinamento.
A prática educativa pressupõe a superação dos elementos formais do
programa de aprendizagem, não os excluindo, mas ultrapassando a simples
organização formal para uma organização educativa, na qual o objetivo, o
conteúdo, a metodologia e a avaliação são vistos interligados, sofrendo
modificação, seleção e adaptação de modo a interferir na organização
intelectual do sujeito.
2.1 - Planejamento
Planejamento é prever, ele ajuda a alcançar a eficiência e visa também a
eficácia. O planejamento pode ser de curto ou de longo prazo, consideram-se
de curto prazo, os planos de até um ano, e de longo prazo aqueles acima de
um ano. Claro que é melhor estender o planejamento e termos de tempo do
que limitá-lo a períodos muito curtos. A essência do planejamento e do controle
é a tomada de decisões. Esta por sua vez, depende de informações oportunas,
de conteúdo adequado e confiável.
Fazendo um levantamento de pesquisa, verifica as necessidades dos
funcionários sendo um ótimo começo. Pode-se começar a planejar, mexendo
nas possibilidades de diminuir a carga horária de trabalho para aqueles que
23
queiram completar os seus estudos podendo haver possibilidades desse
estudo ser na própria empresa.
Compreende no planejamento a seleção dos objetivos da organização e
das áreas, e a determinação dos meios para atingi-los. Pode-se fazer uma
análise permitindo-nos refletir na perspectiva das relações institucionais,
sobretudo sobre os papéis e funções da pedagogia empresarial dentro de um
contexto onde as verdades se relatam na busca de conhecimentos e
aprendizados.
“O pedagogo que atua na empresa precisa ter
sensibilidade suficiente para perceber quais estratégias podem
ser usadas em que circunstâncias para que não se desperdice
tempo demais aplicando numerosos métodos e com isso
perca de vista os propósitos tanto da formação quanto da
empresa. Ao planejar um programa de formação/treinamento a
seleção de métodos obedece ao princípio do desenvolvimento
concomitante de competências técnicas e de relacionamento
social“. (RIBEIRO, 2003, p. 260).
No planejamento estratégico, o conceito de competências foi introduzido
por Prahalad (1990) e Hamel (1995) e é introduzido como um conjunto de
habilidades e tecnologia que permite a uma empresa oferecer um determinado
benefício ao cliente, diferente do de sua concorrência.
O que fazer se na empresa não há um planejamento formal?
FASE 1: Descoberta
Entrevista-se pessoas que representem as várias interfaces da
organização e nos mostrem uma circunstancia específica de negócio.
FASE 2: Construção
Nessa fase são definidas as competências organizacionais, de acordo
com as necessidades estratégicas e as circunstâncias levantadas.
24
FASE 3: Assessment
Precisam ser desenvolvidos estudos de caso para cada situação. No
caso da utilização de testes, inventários e etc., é importante que a escolha seja
criteriosa, que leve em consideração os recursos e os produtos de cada um e
as necessidades particulares do assessment.
FASE 4: Implantação
O momento de "fazer acontecer". Nessa fase, a primeira atividade, de
suma importância, é o detalhamento de implantação da administração de
recursos humanos por competências.
Quanto mais pudermos planejar nossas ações e estabelecer, a priori, o
tempo, os recursos e as responsabilidades necessárias, mais aumentaremos
nossas possibilidades de uma implantação bem sucedida.
Medir, monitorar, redirecionar e replanejar são atividades vitais para a
otimização das energias e emoções existentes num determinado grupo de
trabalhadores. Criar a cultura da avaliação, implementar instrumentos e
processos coerentes e objetivos validados, e compartilhar todos esses
resultados é uma competência muito valorizada.
2.2 - Comunicação e informação
Projetando em um sistema de informação que apóie o planejamento e o
controle, é necessário compreender as necessidades de informação que por
sua vez exigem a compreensão dos processos decisórios praticados pela
empresa.
A qualidade da comunicação é sempre a diferença entre o sucesso e o
fracasso, ou, pelo menos, entre sucesso e mais sucesso. A arte de comunicar
esta em identificar os aspectos favoráveis. Na comunicação empresarial existe
o conceito já aprovado na prática, de que a política de comunicação de uma
empresa será tão boa e eficiente quanto for à sensibilidade comunicativa de
25
seus principais dirigentes. Isto quer dizer que independentemente da qualidade
dos comunicadores e dos recursos materiais e tecnológicos já existentes,
nenhuma empresa pode prescindir de uma estratégia de comunicação,
abrangente e que reflita seu objetivo de ação como um todo, e não seus
executivos isoladamente.
Insere-se a comunicação empresarial num conceito de permanência, e
deriva da cultura da empresa. Quer dizer que, quanto mais esclarecida for a
empresa sobre o papel social, mais apta estará a informar.
“A que se denomina comunicação empresarial é, assim o
conjunto de modelos ou instrumentos de ação que a empresa
utiliza para falar e se fazer ouvir. Interna ou externamente, a
informação prestada por ela correspondente a uma
estratégia.” (BAHIA, 1995, p. 9).
Mas do que uma atividade a comunicação empresarial é um conceito
que atravessa todas as atividades da empresa, suas relações com a
comunidade, fornecedores, compradores e governos em geral. Trata-se de
uma política e de uma estratégia que tem sua expressão na postura da
empresa diante do mercado e dos consumidores, de seus trabalhadores, se
reflete na qualidade e apresentação de seus produtos e, ou serviços e em
todas as suas mensagens informativas, tanto para dentro como para fora da
empresa.
A medida que mais e mais venha a ser utilizada a comunicação como
instrumento da moderna gestão de pessoas, em um mercado crescentemente
competitivo, irá exigir profissionais melhor preparados, talento para a atividade,
através de uma seleção cada vez mais rigorosa no mercado de trabalho. Esses
são os especialistas que o mercado de trabalho irá solicitar, capazes de
orientar e executar a política da comunicação das organizações empresariais.
Deve-se implantar o projeto, as etapas intermediárias, pesquisa de
avaliação e feedback, onde permitirá correções e, eventualmente, a introdução
de novas práticas e veículos de informação, com a finalidade de despertar mais
26
interesse e adesões, incentivar a participação do público-alvo somando
esforços para alcançar objetivos traçados pela empresa.
Uma empresa deve atribuir estímulos a educação criando oportunidades
e condições de ensino para melhorar os padrões produtivos e gerenciais da
empresa. A comunicação é o principal instrumento da política dos recursos
humanos em uma empresa e, portanto, fator inestimável de eficiência e
produtividade. É claro que se a política de recursos humanos da empresa for
ineficiente, não há comunicação que melhore sua imagem.
Não seria irresponsável dizer que em um dos maiores problemas de
novas empresas é a comunicação. Não que faltem fontes, redatores, repórteres
e acessorias eficientes de comunicação. O grande problema é o "entendimento
das pessoas". Nunca houve dúvida de que as pessoas é que fazem a diferença
no contexto empresarial.
A comunicação deve permitir amplas possibilidades de expressão entre
os integrantes para que possam rever seus estilos, suas normas, criar espaço
à redefinição da auto-regulamentação, não apenas ao nível das atitudes e
percepções, motivações individuais ou grupais. Um dos pressupostos básicos
para a aprendizagem é o entendimento.
2.3 - A aprendizagem
Faz-se hoje nas empresas urgências as instalações de um sistema de
mudança, em busca do aprimoramento organizacional. Capacitando-se e
experimentando a busca de novas alternativas para enfrentar os desafios do
meio onde atuam, desenvolvendo um contínuo aprendizado como filosofia de
vida organizacional.
Razão esta pela qual as empresas precisam adaptar-se às alterações,
porque passa a sociedade como um todo nesse começo de um novo século. E
elas só podem criar, sustentar e ampliar estratégias de crescimento e até
27
mesmo de sobrevivência se fizerem do aprendizado um modo de ser
permanente e em sintonia com o seu tempo.
No planejamento, cabe alertar ao pedagogo empresarial para não
confundir planejamento educacional com o planejamento de atividades a serem
desenvolvidas no âmbito das empresas. O que se deve fazer no caso da
empresa é desenvolver habilidades de comunicação, leitura e audição, assim
como aprimorar atitudes e conhecimentos, e na empresa há que se ter cuidado
de oferecer ao receptor o mecanismo de funcionamento do código de
mensagem, dando a necessidade da escolha adequada das palavras e da
organização adequada dessas palavras em frases.
A aprendizagem é como um processo de mudança, como instrumento
de ação libertadora, a consciência crítica do ser humano no processo de sua
aprendizagem leva a reconhecer o seu estado de transição e de limitação. A
aprendizagem constitui-se na direção de atingir determinados objetivos lidando
com eles com determinação, perseverança e entusiasmo.
A educação é um processo amplo que permite ao indivíduo desenvolver-
se como um todo e em todas as dimensões, cujos objetivos buscam muito mais
do que acumular técnicas.
“Desenvolver pessoas não é apenas dar-lhes informação para
que elas aprendam novos conhecimentos, habilidades e
destrezas e se tornem mais eficientes naquilo que fazem. É,
sobretudo, dar-lhes a formação básica para que elas
aprendam novas atitudes, soluções, idéias, conceitos e que
modifiquem seus hábitos e comportamentos e se tornem mais
eficazes naquilo que fazem. Formar é muito mais do que
simplesmente informar, pois representa um enriquecimento da
personalidade humana.” (CHIAVENATO, 1999, p. 290).
Educação vem da capacidade do indivíduo em assimilar, usar e gerar
informações. A aprendizagem, então, só se completa na medida em que a
posse de conhecimento pela pessoa permita a mudança de comportamento por
causa da experiência.
28
“(...) na visão bancária de educação, o "saber" é uma
doação dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber
(...). Se o educador é o que sabe, se os educandos são os que
nada sabem, cabe àquele dar, entregar, levar, transmitir o seu
saber aos segundos.” FREIRE (apud LIMA, 1996)
Na educação o conceito de competências este ligado a formação das
pessoas, ao desenvolvimento das habilidades e a estimulação das atitudes
(GRANT, 1975), razão pela qual sua definição é um conjunto de habilidades e
comportamentos dos indivíduos passível de treinamento.
Dessa maneira Senge (1990), propõe um modelo de empresa em que a
aprendizagem além de ser contínua, precisa ser acumulativa e "distribuída"
para todos.
Os nascedouros do conceito de "competência" ambos foram
convenientes para uma transposição e uma nova forma de administrar os
recursos humanos nas empresas: a junção da vertente educacional, voltada
para o aprimoramento das pessoas, e da vertente estratégica, calcada na
identificação e no desenvolvimento das competências organizacionais a fim de
que as empresas obtenham competitividade. Organizações estruturadas
solicitam a explicitação de um contrato baseado em resultados e na
aprendizagem contínua. Desse modo, fica claro que a carreira das pessoas
depende da adaptação rápida ao ambiente competitivo pós-empreendedor. As
organizações estão bastante interessadas na construção do conhecimento
pelos seus colaboradores construtivismo e pela construção do conhecimento
pela própria organização.
Será feita uma comparação entre o treinamento, desenvolvimento e
educação. Muitas vezes ao tratar o assunto, profissionais nomeiam
indistintamente essas práticas, que são bastante diversas, como demonstram
Marisa Eboli e Marcelo Fernandes (2001), que elaboraram uma distinção entre
treinamento, desenvolvimento e educação vinculados ao trinômio
conhecimento, habilidades e atitudes.
29
O conhecimento (saber fazer) está no campo do treinamento, seu
objetivo é o desempenho, seu foco é a tarefa, seu alcance é o curto prazo, sua
orientação são suas instruções, seu domínio são o psicomotor/cognitivo e o
tipo do problema envolvido é operacional e bem estruturado.
As habilidades (poder fazer) estão no campo do desenvolvimento, seu
objetivo é a capacitação, seu foco é a carreira, seu alcance é o médio prazo,
sua orientação são as políticas de gestão, seu domínio é o
cognitivo/comportamental e o tipo de problema envolvido é gerencial e
medianamente estruturado.
As atitudes (querer fazer) estão no campo da educação, seu objetivo é a
formação, seu foco é a vida, seu alcance é o longo prazo, sua orientação são
seus valores, seu domínio é o cognitivo/comportamental e o tipo do problema
envolvido é o estratégico e pouco estruturado.
O pedagogo suíço Pestalozzi, na virada do século XVIII para o século
XIX, pensava a aprendizagem como um processo que envolvia atividade das
mãos, da cabeça e do coração, representantes das funções psicomotora,
intelectual e moral do indivíduo. Conhecimentos, que são acumulados ao
longo da vida e que, agindo de modo interdependente com habilidades e
atitudes, permitem a realização de propósitos e desafios profissionais, isto é,
formam competências.
Habilidade é a capacidade de fazer o conhecimento funcionar. É o saber
como fazer algo.
As atitudes, quando relacionadas ao mundo do trabalho, são
referenciadas como o querer fazer, ou interesses e preferências em relação a
determinadas ações ou eventos.
A ação de desenvolvimento profissional tem suas dimensões filosóficas
e educacionais. Desenvolverão melhores as competências necessárias para a
gestão do desenvolvimento organizacional e profissional, os trabalhadores do
conhecimento ou os gestores de pessoas que possuírem domínios das áreas
cognitivas, afetivas e físicas, alem de tudo o mais que lhes é exigido
30
atualmente em termos de alinhamento às estratégicas empresariais, satisfação
do cliente e adaptação do cenário de mudanças permanentes e velozes.
A aprendizagem, para Pichon-Riviére, ”é sempre uma leitura crítica da
realidade, uma apropriação ativa, uma constante investigação, em que a
resposta conquistada já se constitui em princípio de nova pergunta“.
Aprender em grupo significa que, na ação educativa, estamos
preocupados não apenas com o produto da aprendizagem, mas com o
processo que possibilitou a mudança dos sujeitos. É uma ação formadora do
sujeito para a vida, rejeitando a simples transmissão de conversas de saber.
Aprendizagem, nessa perspectiva, é a capacidade de compreensão e de ação
transformadora de uma realidade.
Portanto, aprender, pode significar romper com modelo internalizado, ou
retirar um determinado personagem, uma determinada cena, e inserir outra.
Existe uma aprendizagem implícita e explícita na forma de ser homens e
mulheres, embora em diferentes padrões em todas as épocas. Nem tudo é
falado é transmitido pela palavra. Portanto, nem tudo é registrado só pela
linguagem oral. Tudo isso configura o início da aprendizagem.
2.4 - O processo de aprendizagem dentro da empresa
Assim que o ser humano nasce ele está inserido num processo de
aprendizagem, seja na família, na escola, na rua, na empresa ou outros
lugares. Por isso, podemos pensar que seria inconcebível o homem sem
aprendizagem, em qualquer âmbito de sua vida o homem deve está inserido
em um ambiente de aprendizagem permanente. Neste contexto, é que aparece
a figura do Pedagogo Empresarial. Cada vez mais as empresas descobrem a
importância da educação no trabalho e começam a desvendar a influência da
ação educativa do Pedagogo na empresa.
A pedagogia conta com o Pedagogo Empresarial dentro da empresa,
visando além de melhorar a qualidade de prestação de serviços melhorar a
31
vida pessoal do individuo. Atualmente, a empresa começa abrir espaço para
que este profissional possa, de maneira consciente e competente, proporcionar
um ambiente que se esteja solucionando problemas, elaborando projetos,
formulando hipóteses, visando à melhoria dos processos instituídos na
empresa, garantindo a qualidade do atendimento, contribuindo para instalação
da cultura institucional da formação continuada dos empregados. O Pedagogo
poderá atuar na empresa produzindo e difundindo conhecimento, assim,
exercendo o seu papel de educador.
Ribeiro (2003), argumenta que os trabalhadores para manterem-se
competitivos vêm aumentando de forma considerável, seus patamares de
educação e aspirações, ao mesmo tempo em que os trabalhos passam a ter
um papel central em suas vidas. O processo de aprendizagem nas empresas
está cada vez mais presente em nossa sociedade chamada também de
sociedade ou era do conhecimento. Habilidade ou competência é a capacidade
de executar, analisar e desenvolver com sucesso uma tarefa e para
desenvolver habilidades torna-se importante abordar como se dão os
processos de aprendizagem, ou ainda como os processos cognitivos se tornam
realidade, permitindo a transformação nos indivíduos.
O pedagogo empresarial no processo de aprendizagem nas empresas
deve ter habilidade, o olhar, a consciência de que está desenvolvendo trabalho
com seres humanos e não com objetos, lembrando que são seres humanos
adultos, que precisam torna-se parte ativa neste processo. Ao desenvolver
projetos de aprendizagem deve-se levar em consideração a real necessidade
do individuo, o que realmente ele necessita e não o que o pedagogo acha
melhor para a pessoa ou só para a empresa.
Cabe destacar que como a educação, também há variadas formas de
aprendizagem, para esclarecer melhor esta questão será utilizado os tipos
adotados por Libâneo. De acordo com Libâneo (2002, p. 28), os indivíduos se
deparam ao longo da vida com diferentes formas de aprendizagem entre as
quais cita-se:
32
• ”Aprendizagem formal: claramente estruturada, propiciada por
entidades que pertencem ao chamado sistema formal de educação e
treinamento, reconhecido por entidades governamentais, oferecendo
certificação”;
• “Aprendizagem não formal: visivelmente estruturada, propiciada por
instituição que não pertencem ao chamado sistema formal de educação e
treinamento, como associações, ONGs e a própria empresa”;
• “Aprendizagem informal: que acontece em lugares não estruturados
para esse fim; ela ocorre ao longo de toda a vida, adquirida através de contatos
pessoais, observação de situações, uso do computador, etc”.
Assim podemos, dizer que no ambiente empresarial será utilizado a
aprendizagem não formal, que apesar de não pertencer a um sistema formal de
educação, acaba tendo características visivelmente estruturadas, tendo no seu
desenvolvimento, planejamento, objetivo e avaliação e a torna bem próximo da
aprendizagem formal.
33
CAPÍTULO III
O PEDAGOGO EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES
Abre no século XXI um novo cenário da educação com novas
perspectivas para o profissional que se insere no mercado de trabalho, sob
diversas abrangências, uma nova estrutura se firma na sociedade, a qual exige
profissionais cada vez mais qualificados e preparados para atuarem neste
cenário competitivo.
Eventos, empresas, hospitais, ONGs, associações, igrejas, emissoras de
transmissão (rádio e TV), e outros formam hoje o novo cenário de atuação
deste profissional, que transpõe a escola, para prestar seu serviço nestes
locais que são espaços até então restritos a outros profissionais. E esta atual
realidade vem quebrando preconceitos e idéias de que o pedagogo está apto
para exercer suas funções na sala de aula. Onde houver uma prática
educativa, existe aí uma ação pedagógica.
Mediante a realidade em que se encontra a sociedade, a educação tem
se transformado no principal, para enfrentar os desafios que se articulam
dentro dela e em todos os seus segmentos, desafios gerados pela globalização
e pelo avanço tecnológico, a tão inovadora e desafiadora era da informação. A
educação é também principal para transformar a situação de miséria, tanto
intelectual quanto econômica, política e social do povo, promovendo acesso à
sociedade daqueles que são vistos como os excluídos. Possibilitando assim a
transformação da sociedade numa sociedade mais justa e igualitária.
“Os efeitos da crise econômica globalizada e a rapidez
das mudanças na era da informação levaram a questão social
para o primeiro plano, e com ela o processo da exclusão
social, que já não se limita à categoria das camadas
populares”. (GOHN, 2001, p. 9).
Sendo assim, a educação sofre mudanças em seu conceito, pois deixa
de ser restrita ao processo ensino-aprendizagem em espaços escolares
34
formais, se transpondo a escola, para diferentes e diversos segmentos como:
ONGs, família, trabalho, lazer, igreja, sindicatos, clubes etc. Abre-se aqui um
novo espaço para a educação, dando uma estrutura interessante à educação
não formal.
Com esta nova proposta e possibilidade de atuação, o profissional
Pedagogo também se transforma, se adequando a esta nova realidade, se
posicionando como profissional capacitado para caminhar junto a esta
transformação da sociedade. O Pedagogo deixa de ser o mesmo Pedagogo do
século XVIII, XIX e até mesmo século XX, neste novo cenário.
Mostrando-se agora como agente de transformação para atuar nesta
nova realidade, hoje o profissional pedagogo está sendo inserido em um
mercado de trabalho mais amplo e diversificado possível, porque a sociedade
atual, exige cada vez mais profissionais capacitados e treinados para atuarem
nas diversas áreas. Não sendo comum um profissional ser qualificado apenas
para exercer uma determinada função, e sim para atuar nas diferentes áreas
existentes no mercado de trabalho, seja ele qual for.
Toda transformação relacionada à atuação do Pedagogo se dá ao fato
de que, hoje vivemos o processo que reflete a transformação de valores e
pensamentos de uma sociedade voltada para valores mais específicos, como a
cultura de seu povo, valor diferente daquele que até pouco tempo se primava
pelo valor econômico. Ou seja, a cultura hoje tem o seu papel melhor definido e
mais importante para a sociedade do que situação econômica, propriamente
dita.
Nesta era de mudança e viabilizando uma atuação deste profissional é
que abrimos espaço para esta discussão, pautando o estudo na atuação do
Pedagogo em espaços não escolares, suas habilidades e competências para
atuação nestes espaços, as várias de possibilidades que hoje se abre deixando
para trás a idéia primária de que este profissional está preparado somente para
atuar em espaços escolares, e que pouco ou quase nada podendo aproveitar
de suas habilidades para atuar em outros espaços.
35
Portanto, este profissional que atravessa séculos, executando o seu
papel de perceptor, de transformador do conhecimento e do comportamento
humano, chegando ao século XXI, com uma nova proposta, sua efetiva
atuação em espaços também não escolares, e que, no entanto, visam a
aprendizagem e a transformação do comportamento humano, tanto quanto
dentro da educação formal.
“Este assunto tornou-se desafiador a partir do momento
em que verificamos através de discussões realizadas em sala
de aula, seminários, mesa redonda, através de leituras
compartilhadas, visualizamos um horizonte se abrindo para
esta área do conhecimento, discussões que estão
fundamentadas em teóricos conceituados e pela própria
sociedade que chega ao século XXI com novas perspectivas
para a educação formal e também para a educação não
formal, discussão que até bem pouco tempo era desconhecida
para a maioria de nossas escolas de formação, e também dos
profissionais”. (RIBEIRO, 2003, p. 20).
Verifica-se hoje, uma ação pedagógica múltipla na sociedade. O
pedagógico perpassa toda a sociedade, extrapolando o âmbito escolar formal,
abrangendo esferas mais amplas da educação informal e não-formal.
(LIBÂNEO, 2002, p. 28).
É de suma importância ressaltar como a educação formal e a não formal
caminham paralelamente e, portanto, a necessidade de agregar ao ensino
formal, ministrado nas escolas, conteúdos da educação não-formal, como os
conhecimentos relativos às motivações, à situação social, à origem cultural,
etc. Por isto, esta nova perspectiva de atuação do Pedagogo, sua qualificação
vem filtrando cada vez mais, buscando uma relação estreita entre as diferentes
propostas de educação existentes na sociedade.
É relevante este assunto para este projeto, à medida que foram se
mostrando as grandes possibilidades de pesquisas e também por apresentar
um assunto que vem transformando a idéia de uma educação restrita em uma
36
educação ampla e sem fronteiras. Este tem se tornado um assunto desafiador
para tantos quanto se interam do mesmo.
3.1 - O pedagogo empresarial
Dando ênfase a preocupação com o destino que os educadores dariam
à Pedagogia, Libâneo (1996), apresentou uma proposta no VI Encontro
Nacional da ANPOFE (Associação Nacional pela formação dos Profissionais da
Educação). O 4º item da proposta dizia o seguinte:
“O pedagogo (escolar ou não), (...) seria considerado um
profissional especializado em estudos e ações relacionados
com a ciência pedagógica, pesquisa pedagógica e
problemática educativa, abordando o fenômeno educativo em
sua multidimensionalidade. Nesse sentido, o curso de
Pedagogia ofereceria formação teórica, científica e técnica
para sua atuação em diferentes setores de atividades: nos
níveis centrais e intermediários do sistema de ensino, (...) na
escola, (...) nas atividades extra-escola, (...) nas atividades
ligadas à formação e capacitação de pessoal nas empresas.”
Além dos conhecimentos gerais que são proporcionados pelos cursos de
Pedagogia, outros conhecimentos do pedagogo fazem com que ele seja
importante para as empresas e podem ser assim identificados: conhece
recursos auxiliares de ensino, entende do processo de ensino-aprendizagem,
sabe avaliar seus programas, estudou didática, sabe elaborar projetos. Além
desses pré-requisitos que são indispensáveis à função, outros se fazem
necessários para uma boa atuação profissional.
“O Pedagogo Empresarial precisa de uma formação filosófica,
humanística e técnica sólida a fim de desenvolver a capacidade de atuação
junto aos recursos humanos da empresa”. (RIBEIRO, 2003, p. 10).
A formação do pedagogo inclui disciplinas como: Didática Aplicada ao
Treinamento, Jogos e Simulações Empresariais, Administração do
37
Conhecimento, Ética nas Organizações, Comportamento Humano nas
Organizações, Cultura e Mudança nas Organizações, Educação e Dinâmica de
Grupos, Relações Interpessoais nas Organizações, Desenvolvimento
Organizacional e Avaliação do Desempenho.
O pedagogo deve buscar este novo horizonte, esse novo espaço, tendo
a consciência e seu papel dentro da empresa, pois só tem a ganhar com a
existência de outros espaços de atuação, fora do espaço escolar e a
contribuição que o mesmo pode trazer às empresas que se preocupam com os
seres humanos presentes nestes espaços.
3.2 - As práticas do pedagogo empresarial
Atividade nenhuma é puramente administrativa, nem burocrática, nem
social, nem técnica, nem pedagógica. Dentre as atividades pedagógicas,
podemos mencionar as atividades relacionadas ao ensinar-aprender,
envolvendo os funcionários da empresa. Sobre esta questão, não é de hoje
que as escolas têm sido solicitadas para dar conta das qualificações básicas
dos trabalhadores.
De acordo com Franco (1995), há mais de dez anos naquele contexto, a
educação e os conhecimentos adquiridos eram vistos como elementos
fundamentais para o desenvolvimento econômico, político e social. E a escola,
desde então, passou a ser cobrada não só quanto ao conteúdo, mas também
quanto à forma de lidar com o conhecimento, matéria-prima da educação, uma
vez que ele significa uma estratégia para a inserção do país no quadro geral
dos desenvolvidos.
O pedagogo empresarial pode atuar na área de Recursos Humanos da
empresa, ajudando na seleção de pessoal e na área do desenvolvimento
humano. Pela formação na área da gestão escolar, especialmente na área de
planejamento, o pedagogo tem condições de ajudar a empresa na elaboração
de declaração de sua missão, em que constem suas metas e aspirações, seus
38
valores, sua cultura e estratégias a serem utilizadas, envolvendo funcionários e
colaboradores. Posto em lugar visível, este documento deve conter a
declaração de valores e princípios éticos da empresa, como solidariedade,
honestidade, justiça, compromisso, respeito ao próximo, integridade, lealdade.
Também, o curso de Pedagogia trabalha bastante com a gestão participativa
na escola, que pode ser devidamente adaptada à empresa.
As atividades que se desenvolvem na empresa passam pela
administração geral. Assim, já foram concebidas e planejadas pelos órgãos
centrais, que podem delegá-las ao pedagogo para que sejam executadas. Uma
atividade importante que pode ser desenvolvida pelo pedagogo, em sintonia
com a administração, é a que trata de envolver parceiros e funcionários nos
projetos da empresa. Sendo assim, percebe as várias atividades que podem
ser desenvolvidas pelo pedagogo na empresa, lembrando sempre que esta
prática deve acontecer com responsabilidade e com muita humanidade.
3.3 - Pedagogo: crítico-reflexivo no ambiente empresarial
Nesse novo espaço para o pedagogo empresarial, cabe a ele investir em
constante manutenção de sua atualização, sem comodismo deverá ir ao
encontro de novos conhecimentos, novos cursos de especialização, com a
consciência que necessita ser olhado, respeitado e reconhecido. Na empresa o
pedagogo encontra-se ao nível de ascensão, a procura de seu espaço, tendo
diante de si uma grande responsabilidade e também várias opções de trabalho,
tendo como papel fundamental cuidar da educação de adultos para integrá-los,
e reconhecê-los em primeiro lugar como seres humanos que atuam em uma
organização e que precisam se reconhecer e serem reconhecidos como tais,
garantindo um melhor padrão de dignidade pessoal e profissional. Nesta nova
perspectiva pressupõe que o pedagogo deverá a continuar a construção de um
perfil cada vez mais atualizado que desponta com distintas capacidades de
trabalhar coletivamente e pedagogicamente no ambiente empresarial.
39
A qualificação, a aprendizagem, e o conhecimento nos tornam seres
humanos livres e reflexivos, capazes de ter uma visão para além de obstáculos
que muitas vezes são colocados por nós mesmos. O indivíduo, após passar
por um processo de aquisição de um determinado conhecimento, jamais terá a
mesma visão de antes, pois está adquirindo novos conhecimentos. E, com
certeza, contribuirá para o seu desenvolvimento e, consequentemente, um
avanço maior da empresa para a qual trabalha. É necessário inovar, motivar e
buscar sempre algo novo, diferente, pois é evidente a existência de cobrança
do mercado de trabalho, principalmente por profissionais qualificados,
habilitados e com energia para exercer o seu cargo adequadamente, com
serenidade e autonomia, fazendo com que o indivíduo se torne mais
participativo nas tomadas de decisões no seu ambiente de trabalho.
Buscar um Pedagogo reflexivo e atuante deve se ter como base o
projeto pedagógico no qual ele, ao elaborar, executar, acompanhar e avaliar irá
buscar maneiras de realização de uma prática educativa de qualidade e
reflexiva aos trabalhadores, que muitas vezes, não sabem o “porquê” de
estarem inseridos em uma sala de aula no seu ambiente de trabalho, que por
razões da ordem capitalista, significa buscar aumentar a competitividade
através do aumento dos conhecimentos, ou informações de seus
colaboradores, o que não deixa de ser um caminho para o desenvolvimento do
país e uma possível melhoria da qualidade de vida de todos. Assim estará
buscando novas práticas para a satisfação pessoal e profissional.
Nos dias hoje, as empresas estão voltadas para a aprendizagem que
buscam não apenas treinar os seus empregados, mas, criar um ambiente de
aprendizagem contínua, no qual as pessoas possam criar, adquirir e transferir
conhecimentos, de forma a refleti-los na vida pessoal e profissional. Com isso,
as empresas buscam maneiras inovadoras de enfrentar os problemas e de
propor soluções adequadas à realidade e ao contexto que vivenciam. Isso leva
a concluir que o que ocorre nas empresas hoje, em termos de aprendizagem, é
muito mais complexo do que aquilo que se buscava alcançar com a utilização
do treinamento.
40
“Todo conhecimento envolve também interesses que
criam ideologias que são formas de justificação e também de
encobrimento. Ser crítico é tirar a máscara dos interesses
escusos e trazer à tona as conexões ocultas. Que interesses
estão por detrás dos muitos saberes acadêmicos,
especialmente os técnico-científicos? Que tecnologias são
propiciadas e a quem servem?” (BAYMA, 2004, p. 9).
A educação no âmbito organizacional ou em qualquer outro posto na
sociedade deve ser um instrumento de participação ativa, cooperativa e crítica
do cidadão que vai construir uma sociedade mais justa e igualitária. A prática
que se diz crítico - reflexiva possibilita ao educando que, enquanto ser humano,
assuma-se como ser social histórico e participativo de uma História na qual ele
é sujeito.
Cabe, neste sentido, enfatizar que a prática pedagógica não pode estar
dentro do que aceita como fundamental o empresário quando julga ser o
suficiente para seu operário, o treino técnico; a prática do pedagogo pelo
contrário, deve propiciar que enquanto está no processo de formação, o
trabalhador possa se conceber como um cidadão na busca de uma sociedade
mais humana através do trabalho, o que não se constrói somente com sua
eficácia técnica, mas incentivando a cooperação, a criatividade humana e
acima de tudo a busca de conhecer a si próprio como um ser humano capaz de
se relacionar com outros seres humanos.
Após elaborar, executar e implantar o projeto pedagógico, o que inclui
certamente uma mudança na postura dos envolvidos nos processos
educativos, o Pedagogo, busca neste momento verificar o que pôde ser
aprendido e apreendido pelos educandos e o que a empresa havia solicitado
através do levantamento das suas necessidades, o que é verificável durante as
práticas cotidianas da organização.
Deve conceber o pedagogo a educação como forma de humanizar os
indivíduos, criar condições para que o trabalhador reconheça suas condições
em processos de desenvolvimento; o pedagogo ao estar inserido neste
contexto, deve “olhar” do ponto de vista de quem vai passar pelo processo
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educativo, e assim, assumir o seu lugar, e procurar favorecer processos de
humanização enquanto processos de formação, visto que sua prática não é
neutra uma vez que é política. O pedagogo estará envolvido em um espaço
que se busca automaticamente resultados econômicos, eficácia nas atividades
das pessoas, habilidades, e agilidades na produção e na sua mão-de-obra, por
isso que não se deve como pedagogo fechar os olhos a este fato, sabendo
assim, desenvolver da melhor forma projetos que abranjam além da prática do
funcionário como também a sua aprendizagem, educação e sua autonomia
dentro da empresa.
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CAPÍTULO IV
AMPLO CAMPO PEDAGÓGICO
Hoje o campo da Pedagogia ultrapassa a docência devido as
reformulações curriculares iniciadas nos últimos anos. Apresentando-se então
como uma ciência com prática complexa e multireferencial. Um dos fenômenos
mais significativos dos processos sociais contemporâneos é a ampliação do
conceito de educação. Mas é evidente que as transformações contemporâneas
contribuíram para consolidar o entendimento da educação como fenômeno
plurifectado, ocorrendo em muitos lugares, institucionalizado ou não, sob várias
modalidades.
Atualmente cresce cada vez mais o conceito de educação, decorrente
da complexidade da sociedade e da diversificação das atividades educativas, e
isso não poderia deixar de afetar a Pedagogia, tomada como teoria e prática da
educação. Em várias esferas da sociedade surge a necessidade de
disseminação e internalização de saberes os modos de ação, levando as
práticas pedagógicas. Nas empresas há atividades de supervisão do trabalho,
orientação de estagiários, formação profissional de serviços, recrutamento e
seleções, treinamento de funcionários que se relacionam as ações
pedagógicas. As empresas reconhecem a necessidade de formação geral e
continuada como requisito para enfrentamento da intelectualização do
processo produtivo. Com a velocidade de intensas transformações e inovações
tecnológicas em vários campos acabam levando a introdução no processo
produtivo, de nossos sistemas de organização do trabalho, mudança no perfil
profissional e novas exigências de qualificação dos trabalhadores, que acabam
afetando os sistemas de ensino.
De modo que com a "intelectualização" do processo produtivo, o
trabalhador não pode ser mais improvisado. São requeridas novas habilidades,
mais capacidade de abstração, um comportamento profissional mais flexível.
Assim, repõe-se a necessidade de formação geral, implicando reavaliação dos
43
processos de aprendizagem, familiarização com os meios de comunicação e
com a informática, desenvolvimento de competências comunicativas, de
capacidades criativas para análise de situações novas e modificáveis,
capacidade de pensar e agir com horizontes mais amplos.
Nota-se, uma ação pedagógica múltipla na sociedade. O pedagógico
repassa toda a sociedade, passando do âmbito escolar formal, abrangendo
esferas mais amplas da educação informal e não-formal. Por razões ainda
pouco esclarecidas que boa parte dos sociólogos, filósofos e psicólogos que
tem seus empregos, mobilizam-se pela desativação dos estudos específicos da
Pedagogia. Mas nós pedagogos, sabemos o quanto foi importante toda essa
mudança até os dias de hoje em nossa grade curricular. Porque abrangeu o
nosso campo de atuação e qualificou-se mais, deixou de ser aquela mera
"formação de professores” muito falada.
Não se nega os aportes das ciências da adequação para a construção
do objeto de estudo da pedagogia, a prática educativa, que por natureza, é
pluridimencional. O que a teoria pedagógica faz é integrar num todo articulado
os diferentes processos analíticos que correspondem aos objetos específicos
de estudo de cada uma das ciências da educação, e é exatamente por isso que
a Pedagogia é o curso mais completo e mais qualificado a ocupar o cargo e
função no setor de gestão de pessoas. Mas é necessário mobilizar a sociedade
com esse conhecimento, porque ainda existe a analogia de que a Pedagogia é
somente para a área escolar.
A Pedagogia tem um campo amplo de conhecimento que intervém do
desenvolvimento humano dos indivíduos e grupos na sua relação ativa com o
meio natural e social, num determinado contexto de relações entre grupos e
classes sociais. O campo educativo é bastante vasto, porque a educação
ocorre no trabalho, na família, na rua, na fábrica, nos meios de comunicação,
na política. Sendo a educação uma relação de influencias entre pessoas, há
sempre uma intervenção voltada para fins desejáveis do processo de
formação, conforme opções do educador quanto a concepção de homem e
44
sociedade, ou seja, existe sempre uma intencionalidade educativa, implicando
escolhas, valores, compromissos éticos.
“O curso de Pedagogia deve formar o pedagogo stricto senso,
isto é, um profissional qualificado para atuar em vários campos
educativos para atender demandas socio-educativas de tipo
formal e não-formal e informal, decorrentes de novas
realidades - novas tecnologias, novos atores sociais,
ampliação das formas de lazer, mudanças nos ritmos de vida,
presença dos meios de comunicação e informação, mudanças
profissionais, desenvolvimento sustentado, preservação
ambiental - não apenas da gestão, supervisão e coordenação
pedagógicas de escolas, como também na pesquisa, na
administração dos sistemas de ensino, no planejamento
educacional, na definição da políticas educacionais etc.”
(LIBÂNEO, 2002).
Mediante a idéia de que Pedagogia é uma área de conhecimento que
investiga a realidade educativa, no geral e no particular. Diante dos
conhecimentos científicos, filosóficos e técnico-profissionais, ela busca a
explicitação de objetos e formas de intervenção metodológica e organizativa
em instancias da atividade educativa implicadas no processo de
transmissão/apropriação ativa de saberes e modos de ação.
O fato educativo requer, uma abordagem pluridisciplinar. O que se
defende é a peculiaridade da Pedagogia de responsabilizar-se para reflexão
problematizadora e unificadora dos problemas educativos, para além dos
aportes parcializados das demais ciências da educação. Portanto, a
multiplicidade dos enfoques e análises que caracteriza o fato educativo não
torna desnecessário a Pedagogia, como querem alguns intelectuais; ao
contrário precisamente em razão disso, ela institui-se como campo próprio de
investigação para possibilitar um tratamento globalizante e intencionalmente
dirigido dos problemas educativos.
A argumentação exposta aqui é para a reflexão e reconhecimento de
que o trabalho pedagógico não se reduz ao trabalho escolar e docente.
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Justamente em razão do vínculo necessário entre a ação educativa intencional
e a dinâmica das relações entre classes e grupos sociais, é que ela investiga
os fatores que contribuem para formação humana em cada contexto histórico-
social, pelo que vai constituindo e recriando seu objeto próprio de estudo e seu
conteúdo - a educação.
“Este é o método de toda ciência moderna: conhecer a
realidade através da construção de uma nova realidade. A
definição de pedagogia que aqui propomos assume
precisamente esse caráter. Trata-se do conhecimento da
realidade educativa mediante a participação na criação das
formas mais adequadas às necessidades da civilização em
desenvolvimento e as tarefas que a humanidade deve
solucionar nestas condições. Ao considerar a Pedagogia como
uma ciência sobre atividade transformadora da realidade
educativa, temos a possibilidade de uma nova determinação
dos objetivos da educação e de suas categorias
fundamentais.“ (SUCHODOLSKI , 1977, p.19)
Verifica-se uma visão verdadeiramente crítica do ensino, do ponto de
vista histórico-social, não pode simplesmente suprimir a Pedagogia, sob pena
de afirmar-se a recusa à formulação de objetivos sócio-políticos e formativos e
a abordagem crítica dos conteúdos culturais. Todos os educadores seriamente
interessados nas ciências da educação, entre elas a Pedagogia, precisam
concentrar esforços em propostas de intervenção pedagógica nas várias
esferas do educativo para enfrentamento dos desafios colocados pelas novas
realidades do mundo contemporâneo.
A Pedagogia na condição de ciência para a educação, sintetiza as
contribuições das demais ciências da educação, dando unidade à
multiplicidade dos enfoques analíticos do fato educativo. Com isso, reconhece-
se que os processos educativos ocorrentes na sociedade são complexos e
multifacetados, não podendo ser identificado à luz de apenas uma perspectiva
e muito menos reduzido ao âmbito escolar. Ao mesmo tempo, é em razão da
multiplicidade das dimensões do educativo que se torna necessário o enfoque
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propriamente educativo da realidade educacional, perante uma reflexão
problematizadora que integre os enfoques parciais providos pelas demais
ciências sociais. A prática educativa é um fato constante e universal inerente à
vida social, é um âmbito da realidade possível de ser investigado, é uma
atividade humana real, ela se constitui como objeto de conhecimento,
pertencendo a Pedagogia.
4.1 - Universidade corporativa
Gerenciar o conhecimento no ambiente organizacional é vital para
sobrevivência das organizações. Depois de cometer erros por ignorar a
importância do conhecimento, muitas empresas estão agora lutando para
entender melhor o que sabem, o que precisam saber e o que fazer com este
conhecimento. Surgem nesse contexto, as Universidades Corporativas.
O compromisso da empresa com a educação e o desenvolvimento dos
funcionários é uma necessidade das organizações que procuram a garantia do
seu sucesso por um diferencial rápido e sustentável. Para criar este diferencial
as organizações estão fazendo a gestão do conhecimento com ações de
desenvolvimento que privilegiem atitudes, posturas e habilidades do seu capital
intelectual e não apenas conhecimento técnico e instrumental.
Hoje, a universidade é considerada um diferencial imprescindível para as
empresas que estão buscando vantagem competitiva pela única fonte
sustentável: o seu capital intelectual.
4.2 - Como implantar a universidade corporativa
Segundo Jeanne Meister descreve alguns princípios-chave do modelo
da Universidade Corporativa que constituem a base do poder, no sentido de
movimentar os funcionários para que eles formem uma força de trabalho de
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altíssima qualidade, necessária para que a organização tenha sucesso no
mercado global.
“Oferecer oportunidades de aprendizagem que dêem
sustentação às questões empresariais mais importantes da
organização. Considerar o modelo da universidade corporativa
um processo e não um espaço físico destinado à
aprendizagem. Elaborar um currículo que incorpore os três
"Cs": Cidadania Corporativa, Estrutura Contextual e
Competências Básicas. Treinar a cadeia de valor e parceiros,
inclusive clientes, distribuidores, fornecedores de produtos
terceirizados, assim como universidades que possam fornecer
os trabalhadores de amanhã.” (JEANNE MEISTER, 1999).
4.3 - Proporcionar aprendizagem para dar sustentação aos
objetivos empresariais
Peter Senge em seu livro A Quinta Disciplina: Arte e Prática da
Organização que aprende, afirma; "expandir continuamente a capacidade de a
organização criar seu futuro".
Atualmente a base para todos os sistemas de Recursos Humanos são
as competências desejáveis para ela e vincula a aprendizagem a essas
necessidades. A partir do mapeamento das competências, pode-se identificar
as necessidades da organização e desenvolvê-las. Sendo, assim integra-se a
avaliação do desenvolvimento pessoal, com um guia de planejamento para
cada cargo, satisfazendo as expectativas do cargo e contribuindo para a
melhoria do desempenho organizacional.
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4.4 - Educação na empresa entrelaçada à gestão do
conhecimento
O mercado de trabalho, do ponto de vista do empregado, é altamente
seletivo. Levou a uma política institucional que transfere para o mesmo, por sua
educação continuada e gerenciamento da própria carreira, vinculando auto-
desenvolvimento, ascensão profissional e resultados empresariais. A demanda
dos profissionais por programas educacionais, em conseqüência de tal política,
conforme a consciência das organizações quanto ao valor do conhecimento
como vantagem competitiva, e leva à criação de estruturas e programas de
educação corporativa nas organizações de maior porte, podendo-se
exemplificar com outras mais Universidades corporativas existentes.
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CONCLUSÃO Atualmente algumas empresas já reconhecem a importância de se ter
um Pedagogo, por ser uma formação com prática social da educação. Embora
algumas pessoas ainda acham que a Pedagogia está estritamente relacionada
a área educativa ou docente, sabe-se que esta graduação habilita o
profissional também a atuar na supervisão, orientação e projetos de recursos
humanos. Percebeu-se também que é mais lucrativo e vantajoso manter um
funcionário melhor qualificado, pois assim, o motivará a crescer e a produzir
mais dentro da própria empresa e na vida pessoal. Nota-se que o Pedagogo
está muito mais preparado, mais capacitado para assumir tal cargo, com uma
bagagem mais completa abordado com vários campos e conceitos que levam
ao senso crítico de estar sempre mudando, transformando e planejando.
Podemos dizer que a especificidade do trabalho do Pedagogo pode contribuir
com os processos produtivos e a tendência é ampliar-se à medida que se
desenvolvam as transformações produtivas em curso, e se passe a requerer
maior potencial intelectual. Acredita-se que unindo forças e conhecimentos,
construiremos empresas e competências de grande porte formando cidadãos
críticos para tal. O desafio desse novo profissional requer muito trabalho, como
de observações cuidadosas, principalmente as que se referem ao capital
humano, para que sejam desenvolvidas estratégias que venham favorecer a
humanização dentro da empresa.
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