azulejo-almanaque # 05 - summeredition

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1 ALMANAQUE CULTURAL 05 Jul/Ago/Set´10

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Azulejo almanaque is a local2global creative mag

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Page 1: azulejo-almanaque # 05 - SummerEdition

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ALMANAQUE CULTURAL

05Jul/Ago/Set´10

Page 2: azulejo-almanaque # 05 - SummerEdition
Page 3: azulejo-almanaque # 05 - SummerEdition

Editorial 03Caixademúsica 04BlocodeNotas 10BoomFestivalem5minutos 14SaberDireito 14MomentoVerde 18Saberdireito 20Frutas&Hortaliças 22Origami 24Oficinad´Artes 28ContodeVerão 34PésdeSal 38Polaroid 42ReportAgem 44Zoorb 48...dosLeitores 52Pisca 53Receita 58NoComment 60Viagem 62KiteSurf 64

Ficha TécnicaDirecção

Luis RibeiroCoordenação

Luis Ribeiro, Pedro Lopes, Rui Pedro Lamy, Lígia Claro

Design João Alçada, Lígia Claro

EditorPositiva Media

FotografiaLígia Claro, Pedro Lopes

Redacção:Ana Isabel Silva, Lígia Claro

Impressão:Tipoarte Lda

Periodicidade:TrimestralTiragem:

6000 exemplaresDistribuição:

Gratuitaissuu.com/azulejo.almanaque

[email protected]

Capa: Rua da Fonte

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Liberdade Total

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Chegas à beira-mar e sentes o cheiro a maresia,

repousas numa sombra frondosa e refrescas a mente do bulício diário, dormes a sesta porque

não há horários para ninguém e fundes dia e noite

como se fossem um só.Aproveitas ao máximo porque o futuro é agora,

e és o guerreiro em merecido descanso, segues o

ritmo do Verão e percorres este rectângulo de lés

a lés, embalado por sons e sabores estivais.Segues o ciclo do Sol e retiras da natureza a força

que te fará chegar a bom porto, vives por vezes

no limiar do desespero quando fugazmente te lembras de que este Verão chegará inevitavel-mente ao fim.

Neste nosso querido mês de Agosto recordas, odores e sabores, locais e recantos e revês velhos

companheiros, fazes novos amigos e esperas tran-

quilamente pela edição de Outono do Azulejo.Até lá vive e disfruta… segue o teu sonho… sê totalmente livre.

Liberdade Total

p.3

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BILAN

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Chegaste a Portugal em 2000 e desde aí tens vin-do a traçar um percurso musical. Como foi esse percurso?

És cabo-verdiano e a música já te está no sangue, pois tens contigo uma linhagem musical respeitá-vel na família. Imagino que sejas influenciado por essas raízes. Em que aspecto, dentro da tua música, do teu trabalho, esta força se manifesta, por outras palavras, onde está mais visível?

Tudo começou com esta minha vontade de fazer música, e desde de então mantenho-me nessa caminhada. Portugal para além das ligações com a história de Cabo Verde, minha terra na-tal, pareceu-me ser uma boa plataforma difuso-ra para alcançar outros horizontes.

As raízes são a minha base, pre-servam a minha identidade, canto em crioulo para me sentir próximo das minhas tradições, contudo não acredito em nacionalismos, muitas das vezes o que me surge musicalmente é o re-flexo do meu dia a dia.

Foto

grafi

a: Lig

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o Tex

to: A

na is

abel

Silva

Page 8: azulejo-almanaque # 05 - SummerEdition

Sabemos que o teu percurso musical passou por diferentes estilos e influências, como os blues, a bossa-nova e até o rock… fala-nos um pouco sobre esta miscigenação de estilos.

Em relação à estética musical existe uma tendência natural, na composição da tua música, ao lado urbano. E é nos teus primeiros trabalhos que nos deparamos com uma influência notória do rock ou do experimentalismo. Como explicas isto?

Adoro esta “com-fusão” de estilos, tocar e fazer música de forma despre-ocupada. Procuro retirar bocados das estéticas musicais onde aprendo muito e selecciono as mi-nhas influências. As vezes penso nisso como um puzzle e tento encaixar as peças umas nas outras. Por outro lado, também está o lado profissional, que me leva ao encontro de outras bandas, outros músicos, e diferentes estilos.

Tudo começou com a primeira banda que eu tive ainda em Cabo Verde aquela que o musi-

co nunca se esquece, a nossa primeira vez (risos). Com um toque de irreverência pelo meio, tentamos

contrariar o panorama musical tradicionalmente co-nhecido, por umas quantas canções dessa cultura global

que é o rock, carregadinhas de distorção, orgulho-me de ter feito parte deste movimento alternativo. Muitos da mi-

nha geração adoravam essa diferença, daí criarmos o nosso próprio espírito Rock n` Rola. Yeahhhhhhh…

Ainda tenho comigo uma pontinha desse veneno.

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É esta fusão de estilos e influências que realmente define Bilan?

Fala-me sobre o teu novo trabalho! Em que difere do anterior?

Fazer o que me sai naturalmente, é que define as minhas ideias, mas também sigo as minhas linhas para criar a minha estética. Hoje em dia já trabalho um bocadinho mais a minha sonoridade dando-lhe a minha personalidade.

A ideia é gravar um Álbum “a la Bilan” (risos) e dar continuidade ao projecto. A nível musical a minha primeira abordagem em disco reflectiu-se de uma forma mais intimista, bem mais tranquilo que muitas destas novas canções, onde a vertente “Afro” vai aparecer em força.

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Imagino que quando tens espectáculos ao vivo, deve-se sentir no espaço uma boa atmosfera. Sentes isso? E o público? Como achas que é a reacção do público ao ouvir Bilan?

Já tocaram em salas conceituadas no norte, como a Tertúlia Castelense na Maia ou mesmo no restauran-te da Casa da Música e este verão vão estar no Ecos da Terra em Celorico de Bastos. A vossa actuação di-fere consoante a variação de espaço? Onde preferem tocar, em locais abertos, ou espaços fechados?

Num futuro próximo, o que tem em agenda? E um próximo álbum? Falem-me dos vossos projectos.

www.myspace.com/bilansong

Cada concerto é um concerto cada espaço tem a sua energia própria, o mesmo funciona para o público… penso que cada pessoa deve sentir a minha musica

de forma diferente.

Onde houver espaço para a musica.

No futuro próximo é continuar a acreditar, é fazer e refazer, empreender forças para que as coisas an-dem para frente, sobretudo mostrar o trabalho e dar a conhecer às pessoas.

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Já ouviram falar das chamadas “discusões de merda” ? Aquelas que nascem por

causa de um pormenor, um grão de areia, e crescem como ervas daninhas transfor-

mando-se num autêntico areal. Aquelas que se estendem, que se alongam desde as

mais díspares futilidades até aos eventos do passado, desde as características insólitas

e desprezíveis da personalidade dos interlocutores, às cobranças dos mais robustos

afectos, respeitos, confianças... Já ouviram?

Aquelas que nos violam os sentidos, inflamam-nos, fazem-nos descobrir em nós e

nos outros a face de Adamastor, um rosto de terror! Já viram aqueles olhos inchados de

veias, o cenho franzido de indignação, as bochechas escarlates de raiva, a tez púrpura

do asco, o peito balofo de dor, os ombros corcundas de inveja..Já?

Sabem do que falo? Já participaram? Pois. Não, com certeza! Assistiram, claro! Com

A besta que há em nós!

p.10

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familiares, amigos, vizinhos, sim! Compreendo! Então percebem o que quero dizer!!!

Caros cidadãos do mundo, restar-me-á, quanto a esta matéria, bradar aos céus

uma chuva de palavras sábias, relâmpagos clarividentes, uivos!, uivos de luz, de paz

e de serenidade.

Esse tipo de argumentações fazem-me divagar...correr atrás das Filosofias, das Psi-

cologias, das Sociologias e eu sei lá mais de quem! O que somos, afinal? Quem preten-

demos ser? Melhor do que isso: como queremos que o outro seja? Por que raios e coriscos

desejamos que o outro possua a nossa forma, seja ela circular, triangular, quadrangu-

lar?... Porquê? Se bem dentro da nossa igualdade somos todos tão diferentes...

Amigos, confesso-vos que, por vezes, brindo com asco a raça humana! Sim, asco!

Sinto o odor...as entranhas do nosso ego! E vocês? Não sentem essa massa nausea-

bunda? Conseguem, nessas alturas, afirmar peremptoriamente que o Homem é su-

perior ao Animal? Não sentem a culpa queimar-vos por dentro? Creio que as vossas

respostas, a estas questões naturalmente retóricas, não divergem das minhas! É,

portanto, urgente a mudança!

Text

o: A

na B

raga

Fot

o: L

igia

Clar

o

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Se ambicionas ser alguém melhor (e se não o desejas, algo vai mal contigo!) devias

pensar seriamente em fazer por sê-lo. Faz diferente, porque reflectiste. Faz melhor,

porque lutaste contigo mesmo e venceste uma batalha. Sim, uma batalha, apenas,

porque a guerra durará toda a tua vida.

Aceitas uma sugestão deste projecto de escritora imatura? Mesmo que não a aceites

eu sugiro-te, para já, uma única coisa. O quê? É simples: não cedas, nem permitas

que alguém ao teu lado

ceda a uma “discussão de

merda”! Já ouviste falar?

Aquelas que nascem por

causa de um pormenor,

um grão de areia...

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boom festival 2010 em 5 minutosO que é o Boom Festival?O Boom é um festival bienal de cultura indepen-dente e expressão artística.Quando se realiza?A 8ª edição do Boom Festival realiza-se entre 18 e 26 de Agosto de 2010.Onde é?Realiza-se em Idanha-a-Nova, nas margens da barragem Marechal Carmona, que se insere no Geopark Naturtejo, integrante da rede mundialde parques naturais da Unesco.

CINCO CARACTERíSTICASDO BOOM FESTIVA L1. O Boom é um festival multidisciplinar. A sua programação inclui artes performativas, mú-sica, multimédia, pintura, bioconstrução, teatro, cinema, conferências, workshops ou instalações – cerca de 800 artistas de todos os continentes - a maior junta multidisciplinar dos festivaisde Verão em Portugal.2. O Boom é um evento intercultural.É o festival mais internacional em Portugal e um dos festivais mais interculturais do mundo. Às suasedições acorrem pessoas de todo o planeta – em 2008 estiveram presentes 25.000 pessoas de 85 países diferentes.

3. Festival Sustentável. O Boom é pioneiro mundial na sustentabilidade ambiental em festi-vais. Reconhecido pelas boas prácticas na ONU na área de sustentabilidade em eventos, o Boom Environmental Program desenvolve projectos em áreas como energia, saneamento, tratamen-to de águas, limpeza e educação. O Boom tem como parceiro o Ecocentro IPEC, do Brasil, ins-tituto consultor da ONU, Fundação Banco do Brasil ou MIT.4. Cultura Independente: O Boom nãorecorre ao sistema de “sponsoring”.É um festival sem logótipos comerciais. As recei-tas são advindas das vendas de bilhetes, bares e alugueres de espaços. Defende-se a importânciade dar cultura de forma independente e não como uma ferramenta de marketing.5. O Boom é transgeracional. Ao Boom acorrem pessoas de todas as idades,sendo que este não é um evento exclusivo das ca-madas etárias mais jovens.

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sustentabilidade ambiental

BOOM LABProjecto criado em 2010 tendo com objectivo o desenvolvimentos de soluções sustentáveis para eventos.No seu ano inaugural, o Boom Lab desenvolveu:1. Cinco unidades móveis de energia solar2. Duas unidade fixas de energia solar3. Um módulo de hidrogénio para integração em geradores (movidos a óleo vegetal usado)4. Um purificador de água de tecnologia orgone

O SEU ÓLEO É MúSICAParte dos geradores do Boom 2010 são alimen-tados a óleo vegetal usado. Em 2008 foi criado o projecto “O Seu Óleo É Música”, em parceria com a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, para recolher o óleo em domicílios e organismos públi-cos nas 17 freguesias do Concelho.O resultado foi a utilização de 45 000 lt de óleo vegetal usado poupando a emissão de 117 000 kg de CO2 para a atmosfera.Em 2010 o óleo vegetal continua a ser um dos com-bustíveis mas com uma nova novidade: hidrogénio.

ÁGUASTAR Sistema Tratamento Águas Residuais O Boom introduz este ano um sistema de trata-mento das águas residuais assente em plantas, inserção de minerais e evapotranspiração. Esta tecnologia serve de ponto de partida para novosmodelos de reutilização de águas residuais para demonstrar ao público as diversas etapas do ciclo natural de purificação da água.

BIODIVERSIDADEEstão a ser criadas novas áreas de jardins, numa tentativa de fomentar a consciencialização pela biodiversidade.

GESTÃO RESíDUOSA gestão de resíduos é fomentada pela respon-sabilidade individual. Começando pelo consumo consciente até centenas de pessoas a trabalha-rem na Ecoteam, para o festival ser um exemplo de limpeza.Todos os resíduos orgânicos são compostados e reutilizados no enriquecimento do solo agrícola.

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GESTÃO RECURSOSO Boom desenvolve um programa de desmonta-gem de outros eventos para reciclagem de materiais.Pela segunda vez o Boom celebrou um acordo com o Rock in Rio Lisboa para reutilização de equipamentos.

CONSUMO CONSCIENTEO Boom incentiva a consciência nas acções. Um espaço livre de logótipos corporativos encoraja uma cultura de mudança, consciência e responsabilidade.Os restaurantes que oferecem alimentação são se-leccionados para garantir diversidade e qualidade.Grande parte da economia Boom está baseada na criatividade e bio-regionalismo, fortalecendo a economia local.

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ARTEComo festival multidisciplinar, o Boom convida vários artistas de todo o mundo. Da “trash-art” à pintura digital, da arte em suporte video à mais criativa “land art” – explora-se o conceito de arte pública em cada edição.

Artistas convidadosAndroid Jones - androidjones.viewbook.comAmanda Sage - visionaryartgallery.weebly.com/amanda-sage.htmlCarey Thompson - www.galactivation.comCosmic Walkers - cosmicwalkers.comGamelatron - gamelatron.comGerard Minakawa - bamboodna.comHarlan eMYL Gruber - transportals.org/home.htmlJonathan Cory-Wright - canyaviva.comLe Moulin Aux Chimeres - phenomenephemere.site.voila.frMichael Christian - michaelchristian.comShrine - shrineon.comBroll Jholl - brolljholl.comLUGU - youtube.com/user/lugutestareaRam - theramiro.comXavi - myspace.com/artbyxavi

UN MUSIC & ENVIRONMENTSTAkEHOLDER INITIATIVEO BOOM FESTIVAL foi convidado pela ONU para fazer parte da United Nations Music & En-vironmental Stakeholder Initiative (M&E).A iniciativa foi lançada no dia 22 de Março de 2010 na cidade de Arendal, Noruega, e contou com a presença dos festivais com melhores programas ambientais em todo o mundo. Apenas 10 festivaisforam convidados pelas Nações Unidas, o BOOM FESTIVAL é o único evento português.O objectivo da United Nations Music & Environ-mental Stakeholder Initiative (M&E) – projecto criado pela United Nations Environment Pro-gramme (UNEP) - é de utilizar a popularidade da música para promover a consciência ambiental junto do público.Segundo as Nações Unidas o BOOM FESTIVAL é encarado como um dos líderes mundiais de so-luções sustentáveis para eventos. “O Boom é um ‘case study’ junto da ONU”, refere a esse propó-sito Meegan Jones, autora do primeiro manual sobre sustentabilidade em eventos, “SustainableEvent Management”. O BOOM FESTIVAL, paraalém de ser o único evento português a ser con-vidado pelas Nações Unidas, é também o único festival de cultura independente, sem apoios co-merciais, a fazer parte da United Nations Environ-mental and Music Stakeholder Initiative (M&E).

Informações detalhadas:www.boomfestival.org/boom2010/arts-culture/the-drop/visionary-art-gallery

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p.18

Quais serão

os motivo

s que levam alg

umas pesso

as a provocar

um incêndio?

Interesse económico

pessoal

Queima-s

e a propried

ade do viz

inho para prote-

ger a própria

propriedade.

Queima-s

e porque a

lguém pagou para

isso.

Queima-s

e para

melhorar

as past

agens e c

outadas.

Interesse económico

indirecto

Para obrig

ar a populaç

ão a vender m

adeira.

Para dest

ruir prag

as.

Para obter

trabalh

o no local.

Para desv

aloriza

ção de u

m terren

o.

Objectivo ou sa

tisfação pesso

al

Por desr

espeito

ou inveja e

m relaçã

o a outro

s

proprietário

s.

Por conflito

s com os v

izinhos.

Pela co

nvicçã

o de que

é bom que

as mata

s ardam

.

Impulso

s pess

oais e e

mbriaguez.

Perturbações m

entais e im

aturidade

Piromaníac

os (ou incen

diários).

Diminuídos mentais

.

Crianças

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O sol de verãoEncoberto, parecendo que irá chover

O diabo desceu a terraHomens de Deus acorrem ao que podem

Fazendo frente contra o inimigoMas é impossível

Ele é mais forte que elesO meu e nosso país

Que outros classificam de bonitoCom bastante luz solar

Se está a tornar negro e cinzentoTodos os anos o mesmo inferno

Qualquer dia não temos ar puroAlguém tem tomar medidas

Os governantes estão de fériasA água não abunda

Seca extremaSerá que estamos perto do fim do mundo?

Por este andamento deve estar pertoMais uma vez a culpa é do Homem

Ou pagos para o fazeremOu por um descuido

Ou por falta de limpezaOu por sermos pouco civilizados

Mente antiquada a nossaQuando vou a conduzirPor essas estradas fora

Observo as matasSó lixo avisto

Papéis, garrafas, latas, cadeiras…Objectos não identificados voam pela janela

Por vezes sinto-me triste ser portuguêsSó impondo regras e coimas

É que abram os olhosNão têm brio pessoal

Depois vem chorar para a tvQue tudo está a arder.

Que já não sabem o que fazer.A reestruturação tem começar por baixo

E não por cima.Tal como uma casa…

Assim deveria ser o nosso país…

Pedro NobreLer mais: http://www.luso-poemas.net/modules

/news/article.php?storyid=16436#ixzz0tTqqfw5OaFoto

grafi

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Saldos, promoções e liquidações são modalidades dis-tintas de práticas comerciais com redução de preços.

«Os Saldos» - Como venda de produtos, prati-cada em fim de estação, a um preço inferior ao anteriormente praticado no mesmo estabeleci-mento comercial, com o objectivo de promover o escoamento acelerado das existências só pode realizar-se nos períodos compreendidos entre 28 de Dezembro e 28 de Fevereiro e entre 15 de Ju-lho e 15 de Setembro.Já as «Promoções» -venda promovida a um pre-ço inferior ou com condições mais vantajosas que as habituais, com vista a potenciar a venda de de-terminados produtos, o lançamento de produtos não comercializados anteriormente, bem como o desenvolvimento da actividade comercial, podem ocorrer em qualquer momento considerado opor-tuno pelo comerciante, desde que não se realizem em simultâneo com uma venda em saldos.No que concerne à venda de produtos em «Liqui-dação» - venda com carácter excepcional destinada ao escoamento acelerado a preço reduzido, da to-talidade ou de parte das existências do estabeleci-mento, por motivos que determinem a interrupção da venda ou da actividade no estabelecimento, esta só pode ocorrer nos seguintes casos: Venda efec-tuada em cumprimento de uma decisão judicial;

Cessação total ou parcial da actividade comercial; Mudança de ramo; Trespasse ou cessão de explo-ração do estabelecimento comercial; Realização de obras que inviabilizem a prática comercial no esta-belecimento durante o período de execução das mesmas; Danos provocados, no todo ou em parte, nas existências por motivo de força maior.Ao comprar em saldos, reduções ou liquidações, os consumidores não poderão ver os seus direitos diminuídos, como tantas vezes acontece. Por isso esteja atento aos pequenos alertas que o “Azule-jo” aqui lhe deixa:-Sempre que exista uma redução de preços, esta deverá ser anunciada, de forma aos consumido-res perceberem de forma clara e inequívoca se se trata de uma situação de saldos, promoções ou liquidações, bem como a data do seu início e o período de duração. - As reduções devem ser verdadeiras, por referên-cia aos preços a praticar no futuro (quando se tra-te de um produto novo) e nos restantes casos por referência aos preços anteriormente praticados, no mesmo local de venda, nos 30 dias anteriores ao início do período de redução (cabe ao vendedor provar esse preço anterior através de documentos).- Os preços devem estar afixados de forma visí-vel em letreiros, etiquetas ou listas, onde constem o novo preço e o anteriormente praticado e/ou a percentagem de redução. Só assim o consumidor poderá avaliar a verdadeira redução.- As regras a praticar no período de venda com re-dução de preços, como a recusa de trocas ou a não aceitação de pagamentos com cartões de crédito ou de débito e/ou cheques, deverão estar visivelmente afixadas para que o cliente esteja esclarecido no acto de opção de compra nas condições propostas.

saibaDIREITO

p.20

Sabiaque:

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- A troca de um produto com defeito em época de saldos, promoções e/ou liquidações, é um direito que assiste ao consumidor, tal como nas vendas praticadas fora desses períodos. A venda com redução de preços, não é sinónimo de venda de artigos com defeitos. O consumidor poderá optar por um dos direitos que lhe são conferidos por lei, a saber: “Reparação do bem;Redução do preço do bem; Substituição do mesmo ou; Resolução do contrato”, com as consequências legais inerentes, ou seja: devolução do bem e respectiva entrega do dinheiro pago pelo mesmo.-A venda de produtos com defeito deve realizar-se fazendo constar esta circunstância, de forma inequívoca, em rótulos, letreiro ou cartazes (visivel-mente assinalados). Dispondo o consumidor dessa informação prévia e sabendo em consciência o que está a adquirir e quais as qualidades dos produtos a adquirir, esses artigos não estarão sujeitos a troca. - Por outro lado, e fora das situações já analisadas (venda de bens com defeito), os comerciantes não são obrigados a efectuarem trocas durante determi-nado período após a aquisição do bem. Se é corren-te essa prática, deve a mesma ser entendida como uma regalia que os comerciantes oferecem aos con-sumidores, não sendo, no entanto, obrigados a tal.Não obstante, legalmente, a substituição do pro-duto independentemente do motivo, terá sempre que obedecer às seguintes condições: O estado de conservação do produto deverá corresponder ao do momento em que o mesmo foi adquirido no es-tabelecimento pelo consumidor; Apresentação do respectivo comprovativo da compra com indicação expressa da possibilidade de efectuar a substituição do produto; Ser efectuada pelo menos nos primei-ros cinco dias úteis a contar da data da sua aquisição

e sem prejuízo da aplicação do regime jurídico das garantias dos bens de consumo, a que se refere o Decreto-Lei nº 67/2003, de 8 de Abril e das rega-lias oferecidas pelo comerciante nomeadamente prazo mais alargado. - Pode haver produtos em saldo misturados com outros. Contudo, para que o consumidor não seja induzido em erro o comerciante deverá assinalar os produtos que não estão em saldo.- Em caso do não cumprimento das regras, o con-sumidor pode reclamar junto da Autoridade de Se-gurança Alimentar e Económica (ASAE), que tem delegações em todas as capitais de distrito.Por isso, esteja atento … saiba “direito” os seus di-reitos e reclame … apenas se a razão estiver com as suas compras!!!

Bibliografia Consultada: Revista “Comércio de Lisboa”, nº 101, Maio/Junho “Gabinete Jurídico”, disponível no site www.uacs.pt .Decreto-Lei n.º 70/2007, DR 60 Série I de 26 de Março de 2007.

Joana SantiagoAdvogada

[email protected] Rua 19 n 465, 1º andar

4500-256 Espinho

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NãoconfundamosPartículasElementarescomafísicadepartículas.Falamosdacompanhia

deteatrodemarionetasquecontacomseteanosdeexistência.SãooriundosdonortemastemsedeemOvar.PartículasElementarespro-jectamamagiadasmarionetaspelopaísfora,

semfundosmascommundosadesvendar.

Leonor Bandeira e Carlos Silva conheceram-se em Viana do Castelo, a primeira já tinha experi-ência em teatro, e estava envolvida num projecto da área; o segundo, com o curso de design paisa-gístico, que nunca exerceu, já dava cartas numa companhia de teatro de marionetas de Viana. Ela precisava de ajuda para levar uma peça às escolas de Valpaços, ele acompanhou-a. Desde aí não se desgrudam e levaram o acaso a dar cartas em ob-jectivos comuns. O primeiro espectáculo em cena foi o Mosquito Z, cujo texto de autoria de Orlando Neves foi premiado pelo Inatel. “Era suposto fazer um es-pectáculo para apresentar no Natal em Trás-os-Montes”, afirma Leonor Bandeira. No entanto não pararam mais desde aí. “Fizemos cada vez mais espectáculos”. Surge uma ponte entre Viana do Castelo e Valpaços, cidades onde vendiam os es-pectáculos. Esta circunstância deu-se com o facto

p.28

Partículas Elementares

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de o par ter conhecimentos nas cidades, o que acabou por ser “um mote para nos mantermos em Viana do Castelo durante algum tempo”. Porém a companhia foi crescendo e a necessida-de de um espaço maior era urgente. Rumaram ao centro do país. A intenção era procurar em Aveiro ou ílhavo, mas a carrinha, que conduziam, avariou em Ovar. Literalmente.Encontraram em Maceda o apoio da Junta de Freguesia que lhes cedeu, generosamente, o pri-meiro andar do espaço M. Posteriormente investi-ram no lugar e equiparam-no. A Junta ofereceu as cadeiras que acabaram por compor a sala. Foi nessa altura, há cerca de quatro anos, que Partículas Elementares ficou mais consistente. Com oficina, escritório e local de ensaios, faltou acrescentar elementos à associação. Surge assim Nuno Clemente, na iluminação cénica e na sono-plastia; Rui Bandeira e Marco Freire, conhecido

por FECk, na música. A composição e realização está a cargo de Rui Bandeira, estudante de música no ESMAE, Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo, integra também a Orquestra Euro-peia de Jazz. A música mostra-se indispensável quer no que preza à concepção, quer ao vínculo com a peça. O trombone e a tuba são os principais instrumentos que se ouve do palco. Desde que se iniciou neste projecto, a associação compreendeu que não dependeriam de apoios, para viver desta arte teriam que fazer um esforço maior e dar tudo de si. “Uma das nossas linhas fun-damentais e de actuação é o facto de não depen-dermos de subsídios”, conta, brioso, Carlos Silva. Isto “faz com que as coisas andem devagar, mas também nos dá outra dinâmica que facilitou muito o nosso crescimento”. O reconhecimento é válido, o que proporcionou, em 2006, a atribuição pela organização SALPODIUM,

Text

o: A

na Is

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Silva

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o Prémio de Melhor Associação do Ano. Galardão que serve para divulgar e reconhecer pessoas e asso-ciações que se tenham distinguido em diversas áreas na região do Alto Tâmega.Começaram a vender espectáculos em esco-las, e hoje são essas mesmas instituições que os contactam. Para além deste público já cativam outros interessados: “depois das escolas vieram as bibliotecas, e depois os teatros e os festivais”, ex-plica Carlos Silva, que também integra a UNIMA

(Union Interna-tionale de la Ma-

rionnette). A trabalhar geografi-

camente em todo o país, e com quatro pessoas efec-

tivas na associação, conseguem fazer uma média de 20 a 30 espectáculos num mês alto, como é o caso de Dezembro. Partículas Elementares não compram nada fei-to, são os próprios que constroem os cenários e criam as marionetas. “Como se costuma dizer a necessidade faz o engenho”, brinca Carlos Silva. É comum visitarem feiras de velharias onde encon-tram objectos que reinventam e transformam em marionetas com vida. Tudo serve para criar cená-rios, adaptar personagens, e conceber marionetas de manipulação directa, que estão sempre a serem substituídas conforme os espectáculos em cena.

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Leonor é responsável pelas vestes dos títeres, e pelas cenografias, muito apreciadas pelo público e por outras companhias do género. No entanto recebe sempre uma mão dos colegas das Partí-culas, visto que o trabalho de equipa é levado a sério. Em relação aos textos, são adaptados à cir-cunstância da peça “pegamos sempre em textos conhecidos e que façam parte do Plano Nacional de Leitura e depois transformamo-los”, explica a actriz. “A história está lá sempre mas damos o nos-so cunho ao texto”, interpela Carlos.A par dedicam-se ao artesanato. Planeta Zorg é a designação do projecto. Produzem marionetas, com fim funcional ou decorativo, na oficina que montaram em casa, e depois percorrem as feiras de artesanato do país.O dinheiro que ganham, na venda dos espectá-culos, já tem destino, como declara Leonor Ban-deira: “ganhamos um dinheirito e compramos um

projector, um amplificador…”.”O que nos impul-siona não é o dinheiro, mas sim o gozo que nos dá, e o que nos diverte é gastar dinheiro em fer-ramentas” para concretizar o trabalho. Desde que surgiram têm construído um pequeno império de marionetas. Por detrás do palco existe muita de-dicação e seriedade, e a ambição passa por terem um espaço, que pertença à associação, onde pos-sam adequar a residência, o trabalho, a oficina e tudo o que envolve esta iniciativa. Mais! Aspiram à formação de um pequeno festival de marionetas em Ovar. Por enquanto é apenas um desejo, do qual não estão ainda reunidas as condições.O próximo espectáculo está já a ser preparado. “O Rei Vai Nú” estreia em Dezembro, mas Partí-culas Elementares já consideram dar continuidade a esta peça adaptando-a a um público adulto. “O Rei Vai Completamente Nú” será o nome do espec-táculo que poderá estar em cena no Verão de 2011.

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Esta será também uma estreia para a companhia, visto que até agora dedicaram-se a uma plateia mais jovem. Segundo Carlos Silva trata-se de “mudar a estratégia porque temos que ter traba-lho para viver, e já andamos a adiar há dois anos”. Encaram isto como um desafio, e sugerem que “um espectáculo deste género demora cerca de quatro meses”.No entanto, lembram que até agora estiveram mais vocacionados para “fazer teatro de marione-tas para infância”: “conhecemos muito bem aquele

mundo, aquela linguagem, e vamo-nos rindo e mantendo os espectáculos”.É desta forma que a companhia de teatro de ma-rionetas gosta de trabalhar, a criar cumplicidades com crianças e adultos, através de simples histó-rias envolvidas em poesia. Partículas Elementares pretende ser “um forte instrumento de enriqueci-mento do imaginário infantil”, actuando assim “na formação de cidadãos criativos”. Nesta ambiência é “tudo muito próximo e mágico”, despertando sorrisos nas crianças e nos adultos.

www.particulasmarionetas.comwww.elementomarioneta.blogspot.com

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A gota de água que queria matar a sede ao mundoConto de Verão

Era uma vez uma gota de água...uma gota de água perfeitinha,orgulhosamente pura e bem tratada que vivia num reservatório cercada de milhares de outras gotas iguais.A nossa gota de água tinha um sonho...e não era um sonho pequenino,era um sonho gigantesco.Ela não se lembrava bem da luz do dia,mas sabia por ter ouvido algumas gotas a segredar que tinha nas-cido de uma nuvem que bailava à beira mar.Como ela gostava de dar a volta ao mundo numa nuvem assim...percorrer quilómetros e quilómetros abençoada por uma brisa qualquer.A gota de água sabia que no mundo inteiro exis-tiam manchas de terra que mais pareciam deser-tos..que muitas crianças morriam antes de serem avós sem uma gota de água para beber.Mas esta gota de água sentia que tinha nascido para fazer a diferença em todas as tristezas do mundo e por isso decidiu que assim que pudesse ia dar a volta ao mundo e espalhar-se por aí em mil e uma gotas iguais a ela e riscaria a palavra sede do dicionário do mundo inteiro.

Então,passava os dias encavalitada em cima de ou-tras gotas..empurrando..empurrando só para conse-guir chegar bem lá na frente e pingar da torneira.E tanto se esforçou, que um dia a sua sorte lá chegou com rosto de menina traquina e a gotinha lá pingou da torneira...apesar de um pouco confusa com tan-tos solavancos , ela lá foi mergulhada num pequeno fio de água que desaguou num copo de vidro.A luz do dia era forte e cegava a gota de água mas mesmo assim ela conseguia ver o chão do mundo e as folhas do jornal abandonado na cadeira de baloiço.Ela fez uma tentativa para ler a folha da frente mas logo desistiu porque a folha só tinha desgraças e ela era uma gota cheia de esperança..ia mudar o mundo.Para quê perder tempo a ler notícias que em breve já seriam passado?Estava a gotinha de água distraída no meio dos seus pensamentos quando de repente sentiu a boca a encher-se de um gosto estranho...e logo ela percebeu que sabia a sabão.A menina pegou no copo de água e mexeu com

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A gota de água que queria matar a sede ao mundo

força todo a água que no copo se apertava corren-do veloz para o jardim.Então, a menina sentou-se no banco de pedra ..mergulhou um objecto estranho que a gota de água não conhecia mas que fazia cóceguinhas no seu nariz e a menina soprou..soprou..soprou com tanta força que milhares de bolas de sabão se es-palharam em todas as direcções .E foi com espanto que a nossa gotinha de água se viu envolvida numa enorme bola de sabão que reflectia todas as cores que o céu pintava nas sombras.Feliz, a gotinha de água pediu ao vento que a em-balasse nas suas costas e a levasse para bem lon-ge dali sem nunca a deixar cair porque ela tinha o mundo inteiro para descobrir.E a gotinha de água mascarada de bolinha de sabão,lá foi alegremente a cantarolar ao vento mundo fora...e tanta coisa a bolinha de sabão viu lá do alto. Passou rentinho aos ramos das árvores mas nunca lhes tocou,apenas acenava de longe e deitava sorrisos às folhas.Flutuou por entre pedras

aguçadas ...mãos de crianças..brincou com os bi-cos dos passarinhos mas ninguém a demoveu do seu sonho de apagar a sede ao mundo..por isso todas as criaturas a ajudavam a subir sempre mais alto soprando-a com carinho para não a magoar e a bolinha de sabão nunca sentiu dor.Mas um dia a bolinha de sabão olhou para o chão e chorou com o que viu...A Terra mãe gemia nas chamas e um fogo imenso todas as verdes árvores engolia...A gotinha bem tentou convencer todas as gotas de água enrosca-das na bola de sabão a saltarem cá para fora para apagar o incêndio,mas todas lhe diziam que tinham medo de evaporar em nome de nada.Diziam que eram todas demasiado pequenas para afogar um fogo tão grande assim e o vento que atentamente as ouvia soprava a bola de sabão para longe das labaredas deixando a gotinha de água desolada.Então ela segredava ao vento que sabia que con-seguia salvar o mundo,bastava desejá-lo com mui-ta força e o vento lá lhe explicava que não era bem assim...

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Depois a bola de sabão viaja a bom vapor e a pai-sagem depressa mudava …Foi então que a gotinha de água viu um pedaço de terra virado ao contrário com todas as casas de pernas para o ar e milhares de pessoas a ca-minhar sedentas no meio de um mundo que mais parecia um deserto. E mais uma vez a gotinha de água,empurrou as suas companheiras de viagem tentando convencê-las a juntarem-se a alguma nu-vem de chuva que por elas passasse...E mais uma vez as gotinhas de água disseram à pequena gota que elas juntas de nada valiam..que não tinham força para erguer as casas da poeira nem para regar a sede de tanta gente.Era melhor fechar apenas os olhos e esquecer a tristeza que viam ali.Mas a gotinha de água não queria fechar os olhos..nem fingir que nada via e deixou-se ficar suspensa com os olhos rasos de água a ver o céu escurecer.Já nada no mundo era desconhecido para a pe-quena gotinha de água quando a noite chegou...mas nada no mundo mudou com a força do seus desejos e a gotinha de água chorou com o coração destroçado. Talvez ela não conseguis-se mesmo fazer o milagre de matar a sede ao mundo,então se era assim que utilidade tinha ela assim tão pequenina encostada aquelas gotas preguiçosas?Como ela queria ser bem maior para conseguir encher o mundo de água doce.Foi então que a gotinha reparou que a bolinha de sabão sobrevoava um pequeno jardim com flores secas despejadas num canto.

Ela debruçou-se apenas mais um bocadinho e viu uma pequena margarida branca com um ar can-sado e triste..já tinha pétalas a perder a cor. Então a gotinha de água gritou lá de cima se ela tinha sede e a margarida soprou com a voz ténue que à muito tempo ali já não chovia e todas as suas irmãs murchavam de sede.Então a gotinha encheu-se de coragem e deixou sair da sua boca o discurso mais profundo e convic-to que o seu coraçãozinho de água conseguiu con-ceber e pediu a todas as gotas de água que per-dessem o medo de sentir os pés no chão porque elas tinham nascido para matar a sede ao mundo e já era tempo de finalmente começar....porque não começar mesmo ali?Naquele pequeno jardim a su-plicar por um pouco de água..se não podiam matar a sede a todos os desertos,nem apagar todos os fogos nas florestas..porque não molhar um pouco de terra e ver a vida de novo a florir?Então a gotinha de água deu um beijo ao vento e pediu-lhe com carinho para a deixar sair daquela bola de sabão e o vento obedeceu levando-a de-vagarinho até à pequena margarida...e todas as gotas fizeram o mesmo..beijaram o vento na des-pedida e mergulharam felizes nas raízes da terra que feliz as abraçou.

Daniela Pereira

http://bluecinderela.blogspot.com/2010/03/era-uma-vez-uma-gota-de-agua.htmlhttp://devaneiosazuis.blogspot.com/

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Numa sessão poética, transformada num show de performances artísticas, em que várias vertentes se juntam e assim se densificam, como a poesia, a música, a imagem e a palavra dramatizada, o Sin-dicato do Credo traz-nos a poesia dura e crua, e alcançam o valor da palavra. A plateia usa os sen-tidos e deixa-se levar simples e arbitrariamente…

Sindicato do Credo

“Alba Só - contributos para uma celebração” é o nome do espectáculo apresentado pelo colectivo Sindicato do Credo, que vem comemorar os 10 anos da morte do poeta Sebastião Alba. O mote é a poesia de Alba, ou, antes, a visão do próprio autor. Conforme explica Paulo Moreira, a questão Alba “já é antiga”. Este ano faz dez anos que se celebra a morte de Alba, mas há já 5 anos foi sugerido pelo colectivo “marcar esta data”.

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No entanto “não tinha nada a ver com a ques-tão performativa”. O que estaria em causa seria “ a edição de um álbum” com desenhos de Paulo Moreira e textos de Sérgio Almeida. Esta pro-dução ficou só pelo plano de ideias, até ao mo-mento em que o grupo recebeu um convite que os fez avançar. “O Tinoco lançou o repto”, diz Paulo, quando se refere ao proprietário do bar, portuense, Labirinto. “Alba só” não é um recital

de poesia convencional. O tributo não nega uma vida à margem da socieda-de, em que o próprio poeta recusasse a coabitar com as avenças da mesma. Durante o espectáculo são referidas as suas circunstâncias de vida, “nomeada-mente a sua singular e destemida opção pela errância”.“Alba Só” traz-nos palavras e chavões, mas também o som, “componente es-truturante da performance”. A música clássica, que o próprio poeta apreciava, junta-se a outras alusões de género. Aqui entra Sérgio Costa no contrabai-xo e Nuno Colaça (DJ Nel Colaça) nas

máquinas e misturas de som. Todo este proces-so não é feito ao acaso, mesmo a projecção de imagens, a cargo de Rúben Amorim (VJ Broken Tv), são ”inspiradas no imaginário do autor” e em “fragmentos desconexos dos seus livros”, o que nos leva a uma estimação pelo poeta.Outra das características do espectáculo deste colectivo e que foi integrado num momento mais

tarde foi o vídeo. “Como implementamos no-vas disciplinas e como temos novas abordagens, a questão do vídeo era algo a trabalhar”, afirma Paulo. O vídeo é uma das projecções que desde que surgiu tem vindo a evoluir. “As próprias ima-gens são inseridas ao vivo, sendo uma composição on- line”, explica Nuno Colaça.

Segundo Paulo Moreira, “o sistema de concepção do espectáculo assemelha-se um bocado ao sistema de construção de uma ópera, que tem uma linha mu-sical, onde concebemos uma linha de tapete sonoro de 45 minutos”. “Existe um fio condutor”, interpela Piaf, lembrando que “o fio condutor é Sebastião Alba”. E tudo foi pensado. As ambiências sonoras surgiram à medida que se distinguiam os textos. De-pois o facto de existir “elementos condutores” como o poeta ser um vadio, um sem abrigo, o que levava a uma procura cuidada do som, aquele que melhor se ajustasse. “A chuva, o trovão, sons que nos lem-bravam a rua, ou as constantes badaladas dos sinos, Alba vivia em Braga”, lembra Pedro Piaf. A par disso é-nos dadas palavras oriundas de escritos simbólicos do poeta que nos permite atingir a visão do Mundo de um individualista extremo que tem com a nature-za uma forte harmonia. Sérgio Almeida é o elemento do colectivo que coordena a selecção de autores e textos. Segundo ele, em relação a Alba, foi feita uma recolha do que “foi publicado, e curiosamente não nos centramos nos poemas mas nos fragmentos que ele deixou. Ele tinha a particularidade de escrever em todo o lado, em todos os materiais, tal como areia”.

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A obra de Alba é nas palavras de Pedro Piaf, diseur do colectivo, “actual”. “Nesses fragmentos identifica-se o estado actual do país”.O tributo a Sebastião Alba deveria supostamente ter sido apre-sentada em quatro sessões no Labirinto. No entanto, o colec-tivo viu a peça a ser solicitada por casas direccionadas para o espectáculo. Por consequência, esta apresentação terá prolon-gamento até 2011. Estiveram recentemente no Festival Paredes de Coura, e vão estar a 28 de Outubro no Teatro Municipal da Guarda, e na temporada de 2010/2011 é a vez das Quintas de Leitura do Teatro Campo Alegre no Porto.

Colectivo Sindicato do CredoJá estiveram na pele do Colectivo Fumar Mata e depois como Sindicato do Crime. Este último “era também um col-ectivo de performances poéticas”, aclara Paulo Moreira. Aliás o espectáculo que apresentaram nesta fase era “uma colec-tânea de textos, prosa/poesia de vários autores”, tais como A. Da Silva O., Alberto Pimenta, Humberto Rocha, Alexandre O’Neill e Herberto Hélder. Segundo Sérgio Almeida, “a ideia existia e o conceito estava lá, embora o Sindicato do Credo, actualmente, está mais depurado”. O percurso transformou-se no sentido em que novos el-ementos entraram no colectivo, novas ideias surgiram e novas artes emergiram. Antes “a música era diferente: era uma caixa de ritmos e uma guitarra eléctrica”, diz Nuno Colaça. “Era muito mais minimalista, não tão elaborado”, acrescenta Piaf. Desde essa altura que vão apalpando o terreno e “conhecendo os limites”, como afirma Sérgio Almeida. Pelo meio ainda existiu o Fumar Mata que estava muito próximo do Sindicato do Credo apesar de se concretizar “em sítios mais pequenos, como galerias de arte, locais mais intimistas”, conta Paulo Moreira.Hoje como Sindicato do Credo, os seis elementos: Paulo Moreira e Pedro Piaf (Diseurs), Sérgio Costa (Contrabaixo), VJ Broken Tv (Vídeo/Projecção), Nuno Colaça (Máquinas/Misturas), e Sérgio Almeida (Pesquisa de Textos) pretendem contrariar as acostumadas sessões de poesia.

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As performances deste colectivo acrescentam mais: “não só a palavra, mas acima de tudo, vi-sualmente e esteticamente, não nos limitando a dizer as coisas”, aclara Pedro Piaf. Nesta

sequência é importante referir que neste e noutros espectáculos do Credo, deparamo-nos com diseurs e não declamadores. Conforme conta Paulo Moreira “o declamador vem

mais de uma tradição medieval”, enquanto que nos dias de hoje se fala em “Spoken Word”. É destes movimentos contemporâneos que o Sindicato do Credo vai

buscar influência, onde reinam nomes como William Burroughs, Gil Scott Heron ou Laurie Anderson.

Em suma, o Sindicato do Credo não deseja “fazer melhor ou pior” não quer é “fazer igual”. Segundo Sérgio Almeida “embora haja

cada vez mais colectivos”, o que se pretende é “dessacralizar a poesia”. Com isto ambicionam que “as pessoas saem de lá mais identificadas com os textos do poeta”. A verdade é que se entra mais depressa na ambiência das palavras, do sentido da poesia do poeta. Isto aplica-se ao facto, de “não sermos monocórdicos e interagirmos com o público”, conclui Piaf.A escolha de autores é pensada. Interessa haver uma certa coerência, ir buscar a vertente “underground” da poesia e da literatura. Sérgio Almeida está convicto de que no que res-peita à selecção impera “a ditadura do gosto”. E apesar de serem (os elementos que integram o colectivo) “oriundos de varias áreas de actuação/intervenção diferentes, há uma afin-idade/similitude estética entre nós e isso facilita bastante”.De futuro vão procurar delicadamente os poetas mais ob-scuros, os malditos, “os que se questionam e não se con-formam”. Nomes como Humberto Rocha ou A. da Silva O. poderão surgir.Entretanto é importante nunca ir atrás dos outros, dos que se dispersam, e continuar a jornada “em constante evolução e mutação”.

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Quando três amigos decidiram lançar um espaço onde se qualifica a ideia de arte urbana, encontra-ram na Rua Miguel Bombarda a aspiração. Pedro Marques, Joana Queiroz e Telmo Cruz juntaram-se no ano de 2005 e recuperaram um armazém de uma gráfica que se encontrava num estado degradado, transformando-o, em 2008, numa loja multifacetada. Na grande tela da Zoorb é o vestu-ário, o artesanato urbano e o design de acessórios que estão em primeiro plano. As peças são únicas, quer em relação às marcas quer em relação aos designers que as produzem.

A diferença, a originalidade aliada ao minimalismo funda-se no “conceito de selva urbana”. Zoorb é a palavra que define esta máxima. Joana Queiroz em conversa com o Azulejo conta que o facto de estar “integrado numa cidade, numa selva urbana onde se misturam muitas artes e áreas” deu ori-gem à denominação.Os três amigos que trabalham em áreas distintas, Pedro Marques na produção de eventos, Joana Queiroz na decoração, mais propriamente no de-sign de equipamento e eco-design, e Telmo Cruz na música, tinham em mente criar um espaço que servisse de oficina de artes, para poderem desen-volver os seus trabalhos. No entanto, encontraram um lugar mais amplo, que lhes deu a liberdade de acrescentar mais a esse plano, e assim apostaram numa Concept Store. “Tem tudo a ver com a de-finição, com o espaço que dá a oportunidade para progredir, e o facto de estarmos direccionados com os nossos trabalhos…houve uma fusão”, ex-plica Joana.

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Sentem que estão a crescer, e isso é visível quer na expansão do espaço quer na adesão do pú-blico. Em relação à primeira, no primeiro andar a Zoorb oferece uma galeria de arte, onde decorre regularmente exposições, “variando, consoante as inaugurações de rua”, mas que também está dis-ponível para outros tipos de eventos de pequena dimensão, tal como concertos, apresentações de livros ou sessões de projecção de vídeo. Na tra-seira do edifício encontra-se a oficina/ateliê que acolhe workshops de várias áreas, no entanto, será mais destinada ao eco – design, design de equipa-mento e às artes plásticas. Na decoração, as cores, os registos de luz, e as vitrinas singulares são o carimbo da Zoorb.No restauro, do edifício de dois andares, foi man-tido a fachada, os granitos das paredes, a madeira do chão do primeiro piso e o monta-cargas. A concepção do design interior esteve a cargo dos proprietários da Zoorb, mas também ganhou a intervenção do arquitecto Sérgio Scheineder.

Já no que toca ao interesse do público, Joana Queiroz intervêm: “sentimos que temos cada vez mais pessoas a procurar-nos”. Uma loja com clien-tes fiéis e sempre à espreita de novos amigos, Jo-ana garante que a porta está aberta a “todo o tipo de público”, muito embora quem frequenta mais a Zoorb é “uma geração dos vinte e muitos até aos 40 anos”, realçando que “o público é completa-mente distinto”.

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Talvez por ser um espaço que se enquadra per-feitamente nas grandes cidades europeias, muitos dos turistas estrangeiros mostram curiosidade na loja, como afirma Joana Queiroz “temos um fe-edback muito bom de estrangeiros que passam e dizem que a loja está muito bonita e interessante”.Digna de marcas sonantes e apreciadas por um público jovem e urbano, a Zoorb mantêm prefe-rência por vestuário e calçado único. Na lista das etiquetas, surgem nomes como Tcheka, Zergatik ou ZenSpirit, ou designers como Sisters Project ou Toscalab.

Para além de oferecer as últimas tendências de moda alternativa, que inclui vestuário, acessórios como óculos, colares, alfinetes, brinda os visitan-tes com arte, e alicia à criação com o ateliê, onde já em Setembro decorrerá “um workshop, para crianças, de brinquedos tradicionais”, com hora do conto incluída.No entanto a oficina “está aberta a qualquer pessoa que goste de fazer coisas”, conclui Joana Queiroz.Polivalente, moderna e vanguardista, a Zoorb é em si a visão inovadora de moda e de movimento artístico, integrando na perfeição um espaço pro-tegido pelos seus seguidores.

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Tudo começa quando 5 amigos se reunem e deci-dem meter alguns pertences numa autocaravana epartir em busca de travessias repletas de aventura! Marrocos avizinhava-se a passos largos! Sempre sonhei percorrer o mundo de mãos dadas com o vento, aquele que sopra no meu ouvidoelevando o pensamento. Lançámo-nos estrada e mergulhámos no fascinante universo azul de Chefchaouen ou, simplesmente, Chaouen. Uma pequena cidade tranquila coberta de varia-das tonalidades de azul que decoravam portas e janelas das mais diversas formas!

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