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istoricamente no Brasil, a Fonoaudiologia esteve muito próximo da Edu-cação, até porque um dos vértices da origem da profissão nasceu danecessidade dos professores resolverem problemas de alunos que apre-sentavam alterações na comunicação oral e escrita. Com o passar dos

anos e por uma série de fatores que não cabe analisar neste momento, a maio-ria dos fonoaudiólogos foram se afastando da Educação e consolidando suaspráticas na área da Saúde.

Esta nova configuração do perfil do profissional da Fonoaudiologia, eviden-temente trouxe ganhos, pois a profissão alargou seus horizontes, mas tam-bém ocasionou perdas importantes.A Educação é um campo do conhecimento,que permite ao profissional um embasamento teórico humanístico mais sólido,permitindo reflexões relevantes a respeito da construção da cidadania, o quetorna o profissional não só um técnico competente mas também um cidadãoparticipativo, autêntico, autônomo, crítico, consciente do seu papel na socieda-de, o que sem dúvida influencia na forma como ele vai se relacionar com seuspacientes.

Reconhecer a importância da educação dentro da formação de qualquerprofissional e valorizar mais o ser humano do que as técnicas, saber juntar ciên-cia com afeto é não só formar fonoaudiólogos mais competentes, mas tambémé o caminho para o desenvolvimento do nosso país. Nesse contexto, o ConselhoFederal de Fonoaudiologia pretende resgatar ao lado dos Conselhos Regionaisum debate permanente junto aos fonoaudiólogos, enfatizando as duas dimen-sões da nossa profissão: Saúde e Educação. Não podemos esquecer que aFonoaudiologia é uma profissão hibrida, somos profissionais da Saúde sim, mastambém temos uma função essencial no campo educativo, e este papel nospossibilita fazer uma verdadeira revolução social através do nosso trabalho.Alinguagem é, como o saber, uma conquista de todos e é através dela quepodemos tornar este mundo um pouco melhor. O Conselho Federal de Fonoau-diologia, por intermédio de sua Comissão de Educação aceita o desafio derefazer esta caminhada. Compete a nós criar as condições objetivas para deba-ter todos os assuntos relacionados a Educação, criar alternativas que favoreçamo aparecimento de um novo fonoaudiólogo, mais solidário, preocupado emsuperar o individualismo e de estar ligado aos projetos sociais e políticos, poiseste é o caminho para a construção de uma sociedade mais justa, mais igualitá-ria. Este projeto só poderá ser realizado com muita união, muitas mãos e mui-tos corações!

Editorial

3Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008

Resgate de umaprofissão híbrida

99ºº CCoolleeggiiaaddoo ddoo CCFFFFaaGestão abril/2008 a abril/2009

DDIIRREETTOORRIIAA EEXXEECCUUTTIIVVAASandra Maria Vieira Tristão de Almeida - Presidente

Marlene Canarim Danesi - Vice PresidenteAna Claudia Miguel Ferigotti - Diretora Secretária

Isabela de Almeida Poli - Diretora Tesoureira

CCOONNSSEELLHHEEIIRROOSS EEFFEETTIIVVOOSSAna Claudia Miguel Ferigotti, Charleston Teixeira Palmeira, Isabelade Almeida Poli, Leila Coelho Nagib, Márcia Tiveron de Souza,

Maria Áurea Caldas Souto, Maria do Carmo Coimbra de Almeida,Marlene Canarim Danesi, Sandra Maria Vieira Tristão de Almeida,

Silvia Maria Ramos

CCOONNSSEELLHHEEIIRROOSS SSUUPPLLEENNTTEESSAna Claudia de Araújo Hein Rodrigues, Ana Luzia dos Santos Vieira,Claudia Regina Charles Taccolini, Daniele Andrade da Cunha, Denise

Terçariol, Lia Maria Brasil de Souza, Luciana Ulhôa Guedes, Maria CarlaPinto Gonçalves, Maria Teresa Pereira Cavalheiro, Marilea Fontana

CCOOMMIISSSSÕÕEESS

CCOOMMIISSSSÃÃOO DDOO MMEERRCCOOSSUULL Marlene Canarim Danesi - Presidente, Maria do Carmo Coimbra de

Almeida, Ana Luzia dos Santos Vieira, Denise Terçariol, Maria Áurea Caldas Souto, Marilea Fontana, Silvia Maria Ramos

CCOOMMIISSSSÃÃOO PPEERRMMAANNEENNTTEE DDEE ÉÉTTIICCAALeila Coelho Nagib - Presidente, Marlene Canarim Danesi,

Maria Aurea Caldas Souto

CCOOMMIISSSSÃÃOO PPEERRMMAANNEENNTTEE DDEE LLIICCIITTAAÇÇÃÃOOAna Lúcia Rodrigues Torres - Presidente, Charleston Teixeira Palmeira,Ivanir Aparecida Franco Lobato de Araújo, Joelma Donato Camilo,

Leila Coelho Nagib, Silvia Maria Ramos

CCOOMMIISSSSÃÃOO PPEERRMMAANNEENNTTEE DDEE TTOOMMAADDAA DDEE CCOONNTTAASSCharleston Teixeira Palmeira - Presidente, Leila Coelho Nagib, Maria Áurea Caldas Souto, Maria Carla Pinto Gonçalves

CCOOMMIISSSSÃÃOO DDEE DDIIVVUULLGGAAÇÇÃÃOO ee CCOOMMUUNNIICCAAÇÇÃÃOO VVIIRRTTUUAALLSilvia Maria Ramos - Presidente, Ana Claudia de Araújo Hein

Rodrigues, Ana Luzia dos Santos Vieira, Charleston Teixeira Palmeira,Daniele Andrade da Cunha, Isabela de Almeida Poli, Lia Maria Brasil deSouza, Luciana Ulhôa Guedes, Maria do Carmo Coimbra de Almeida,

Marlene Canarim Danesi, Marilea Fontana

CCOOMMIISSSSÃÃOO DDEE AANNÁÁLLIISSEE DDEE TTÍÍTTUULLOO DDEE EESSPPEECCIIAALLIISSTTAA EE CCUURRSSOOSS DDEEEESSPPEECCIIAALLIIZZAAÇÇÃÃOO -- CCAATTEECCEE

Silvia Maria Ramos - Presidente, Ana Claudia Miguel Ferigotti,Charleston Teixeira Palmeira, Daniele Andrade da Cunha, Lia Maria

Brasil de Souza, Maria Aurea Caldas Souto, Maria do Carmo Coimbrade Almeida

CCOOMMIISSSSÃÃOO DDEE OORRIIEENNTTAAÇÇÃÃOO EE FFIISSCCAALLIIZZAAÇÇÃÃOO EE LLEEIISS EE NNOORRMMAASSSandra Maria Vieira Tristão de Almeida - Presidente, Ana Claudia

Miguel Ferigotti, Claudia Regina Charles Taccolini, Isabela de AlmeidaPoli, Leila Coelho Nagib, Lia Maria Brasil de Souza, Márcia Tiveron de

Souza, Maria Áurea Caldas Souto, Maria Carla Pinto Gonçalves,Marilea Fontana

CCOOMMIISSSSÃÃOO DDEE EEDDUUCCAAÇÇÃÃOO -- CCEEDDUUCCMarlene Canarim Danesi - Presidente, Maria Aurea Caldas Souto, AnaClaudia de Araújo Hein Rodrigues, Denise Terçariol, Leila Coelho Nagib,Luciana Ulhôa Guedes, Maria do Carmo Coimbra de Almeida, Maria

Teresa Pereira Cavalheiro, Marilea Fontana, Silvia Maria Ramos

CCOOMMIISSSSÃÃOO DDEE SSAAÚÚDDEE Claudia Regina Charles Taccolini - Presidente, Márcia Tiveron de Souza,

Ana Claudia Miguel Ferigotti, Ana Luzia dos Santos Vieira, DeniseTerçariol, Isabela de Almeida Poli, Luciana Ulhôa Guedes, Maria TeresaPereira Cavalheiro, Maria Carla Pinto Gonçalves, Marilea Fontana,Marlene Canarim Danesi, Sandra Maria Vieira Tristão de Almeida

JJOORRNNAALL DDOO CCFFFFaa

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Foto: a

rquivo pessoal

Fonoaudióloga Marlene Canarim DanesiVice-presidente do CFFa

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4 Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008

grande contribuição da Fonoau-diologia para a Educação é agre-gar conhecimentos específicosdo processamento de lingua-

gem, de acordo com as diversas faixasetárias e a influência de fatores sócio-cul-turais na aprendizagem”. Na visão dafonoaudióloga Ana Luiza Gomes PintoNavas, de São Paulo (SP), que é docentedos cursos de Fonoaudiologia e de Espe-cialização em Linguagem da Faculdadede Ciências Médicas da Santa Casa deSão Paulo e diretora científica da Socie-dade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa),“tal abordagem soma esforços para pre-venir e detectar as alterações de lingua-gem oral e escrita em um processo inte-grado e complementar aos profissionaiseducadores. Sendo assim, a formação doFonoaudiólogo deve ser interdisciplinar,para que o conhecimento e competên-cias a respeito da linguagem, audição,voz e motricidade e funções orofaciaispossibilitem abordagens efetivas de pre-venção e intervenção dos Distúrbios daComunicação”.

Nos Estados Unidos, de acordo coma da diretora científica da SBFa, metade

dos fonoaudiólogos está empregada emserviços de Educação, seja no sistemaregular seja na educação especial. “Qualé a diferença substancial entre os nos-sos países? A resposta óbvia seria a dife-rença de situação sócio-econômica.Mas, além disso, e talvez mais impor-tante ainda, seja a diferença no investi-mento financeiro e político em Educa-ção. Nos últimos anos, o Departamentode Educação norte-americano lançouprogramas específicos para garantir osucesso do aprendizado da leitura eescrita desde os anos iniciais (educaçãoinfantil) até o que seria o nosso EnsinoMédio. Todos esses programas incluemo trabalho do fonoaudiólogo em todasas etapas e em todos os níveis de aten-ção, incluindo a atenção primária juntoà comunidade estimulando o hábito deleitura no ambiente familiar. ReadingFirst e No child left behind são exemplosde programas nacionais americanos queincluem fonoaudiólogos”.

“A maior parte dos problemas deaprendizagem implica em problemas delinguagem e o profissional que tem essedomínio e a possibilidade de prestar

ajuda no âmbito educacional, sem limi-te, é o fonoaudiólogo”, confirma JaimeLuiz Zorzi, também de São Paulo (SP),avalizado por seu doutorado em Educa-ção e sua especialização em linguagem.“O fonoaudiólogo não deve pensar queestá prevenindo problemas, mas queestá desenvolvendo gente. O fonoaudió-logo dentro do sistema escolar pode aju-dar não apenas no planejamento da for-mação do professor, mas trabalhar paracriar melhores condições de comunica-ção em questões voltadas ao ruído e avoz do professor e do aluno, além dastécnicas didáticas, para garantir a ade-quada compreensão”.

“O que vejo como possibilidade deuma nova relação é o foco na aprendiza-gem, de uma maneira geral: quem vaiaprender a ler e escrever tem que desen-volver certas competências, implica emhabilidades lingüísticas e psicolingüísti-cas...”, raciocina o fonoaudiólogo JaimeZorzi. “Todo programa ou instrumentode intervenção é uma ferramenta e énecessário capacitar o professor para uti-lizá-la. Esses programas, idealmente,devem ser desenvolvidos por grupos de

Fonoaudiólogo na Educação:imprescindível para a escola e para a família

A

Foto: a

rquivo de Re

nata Estrela

Em Goiânia, equipe de fonoaudiólogas realiza triagem vocal em professores

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profissionais, para que tenham boa con-sistência e requerem mãos hábeis paraserem manipulados. No Instituto Cefac,onde atendemos crianças com dificulda-des de aprendizagem, temos trazido pro-fessores para formação, com resultadosbem melhores do que quando temos aoportunidade de trabalhar só com acriança. Em função do número de ques-tões que esses professores trazem, preci-sei até organizar um ‘Guia Prático paraajudar crianças com dificuldades deaprendizagem: dislexia e outros distúr-bios’, que acaba de ser publicado”.

Um outro ponto crítico que deve serconsiderado, apontado pela fonoaudió-loga Mônica Petit Madrid, docente docurso de Fonoaudiologia do Centro Uni-versitário São Camilo, em São Paulo (SP),é a pouca compreensão da importânciado fonoaudiólogo na escola e a carênciade dados epidemiológicos relacionadosaos distúrbios da comunicação no Brasil,que poderiam ilustrar o quanto as crian-ças poderiam ser beneficiadas com aatuação fonoaudiológica.

PPrrooffiissssiioonnaall ddaa SSaaúúddee ee ddaa EEdduuccaaççããoo......

“De acordo com um dos princípios doCódigo de Ética da profissão, o fonoau-diólogo deve, em seu exercício, realizaratividade em benefício do ser humano eda coletividade”, lembra Mônica. “Alémdisso, o fonoaudiólogo é um profissionalda Saúde e também da Educação, res-ponsável pela promoção, prevenção, ava-liação e diagnóstico, orientação, terapia(habilitação e reabilitação) e aperfeiçoa-mento dos aspectos relacionados à audi-ção, linguagem oral, escrita e voz. Pode-se dizer assim, que a complexidade doprocesso social e educacional, bem comoos princípios éticos e a competência daprofissão convocam a Fonoaudiologiacomo aliada”.

Ao fazer uma breve revisão de litera-tura sobre a atuação fonoaudiológica noâmbito escolar, a fonoaudióloga MônicaPetit Madrid notou, nos trabalhos publi-cados nos anos 70, que o foco das açõesera a identificação e a recuperação doque se encontrava fora dos padrões denormalidade. “Na década de 80, com aregulamentação da profissão, a escolatornou-se um espaço de atuação legal-mente definido e a partir deste momen-to muitos trabalhos começaram a sedesenvolver. Essa década caracteriza-sepela ampliação do campo de atuação epelo distanciamento de uma praticaexclusivamente clinica, fato tambémobservado na década de 90”.

No ambiente escolar, o fonoaudiólo-go Jaime Zorzi coloca como um dospapéis do fonoaudiólogo, em contatocom os professores, efetuar o levanta-mento das crianças com problemas, efe-

tuar um primeiro processo de avaliação,encaminhar para os recursos de saúdeque a comunidade disponibiliza paraassistência extra-pedagógica fora daescola e criar para essas crianças progra-mas de intervenção dentro da escola (nãode caráter fonoaudiológica, mas educa-cional), com muitos cuidados do pontode vista de garantia das habilidades quea criança tem que desenvolver”.

MMuuddaannççaass A fonoaudióloga Patrícia Prado Calhe-

ta relata um quadro que vem sendo, feliz-mente, gradativamente alterado. “Duran-te muito tempo, a preocupação exclusivado profissional fonoaudiólogo, ao tomarcontato com uma escola, era vinculada àpossibilidade de detectar, avaliar e sanardistúrbios da comunicação que, de algummodo, comprometessem o aprendizadode crianças na sala de aula. Assim, medi-das como triagens, avaliações, oficinas egrupos de estimulação, entre outras, eramprontamente cumpridas, sob a alegaçãode se eliminar as alterações relativas aoouvir, falar, ler e escrever”.

Para esta fonoaudióloga, que estávoltada à formação de professores, emescolas regulares de educação infantile ensino fundamental e a consultoria emlinguagem e educação, “pais e professo-res passaram a ser foco da atuação dofonoaudiólogo, por intermédio da reali-zação de palestras, orientações e encon-tros destinados a esclarecimentos sobreo conjunto de características das patolo-gias detectadas ou mesmo pela apresen-tação de temáticas por nós pré-concebi-das, como relevantes para a formação einformação dos principais responsáveispelo desenvolvimento infantil”.

“Entendo que podemos ser um agen-te de reflexão, de co-análise de práticaspedagógicas e de diálogo com os educa-dores sobre o trabalho com as lingua-

gens oral e escrita, com a leitura e pro-dução de diversos gêneros discursivos,com o letramento infantil e com a apro-priação de conhecimentos sobre a alfa-betização, entre tantos outros assuntos”.

“Os determinantes do fracasso escolarsão complexos e multifatoriais e incluemaspectos biológicos, sociais, culturais, eco-nômicos, familiares e institucionais. Poreste motivo, combatê-lo pressupõe aimplementação de ações baseadas na par-ceria e que tenham como referencial oparadigma da Promoção de Saúde”, pon-dera Maria Teresa Pereira Cavalheiro,docente da PUC-Campinas e fonoaudiólo-ga da prefeitura de Mogi Mirim (SP).

Para a fonoaudióloga, “o fortaleci-mento da relação entre os profissionaisda saúde e da educação, poderá contri-buir para a conquista da qualidade devida de todos os segmentos envolvidosno espaço escolar, favorecendo o desen-volvimento humano e o processo deemancipação da nação”.

RReellaaççããoo ddiissttoorrcciiddaaSe for verdade que a história da

Fonoaudiologia teve início na Educação,no entanto esta relação nem sempre foibem cultivada. A fonoaudióloga AnaLuiza Gomes Pinto Navas, de São Paulo(SP), lamenta a imaturidade de outrorada profissão, que fez com que muitosprofissionais assumissem uma posiçãoerrônea em relação aos profissionais deeducação. Ana Luiza destaca que “a rea-lização de triagens fonoaudiológicassem critérios científicos e com o únicopropósito de angariar pacientes para osconsultórios particulares causou (e aindacausa!) muitos atritos. Qualquer queseja a atuação do fonoaudiólogo envol-vendo processos educacionais, esta deveser feita com muito cuidado e respeito.Trata-se de somar, e complementar oolhar específico ao escolar e/ou ao pro-

5Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008

Foto: a

rquivo pessoal

Fonoaudióloga Ellen Santos

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fessor e não apontar para a escola e ouprofessor como culpados das falhas noprocesso de ensino-aprendizagem”.

O fonoaudiólogo Jaime Zorzi é contun-dente. “A Fonoaudiologia foi ganhandoespaço na área da Saúde e perdendo espa-ço na Educação, porque começou a man-ter uma relação de serviço externo à esco-la, com os procedimentos de triagem. Elese aproximava da escola para buscar crian-ças que tivessem alguma dificuldade princi-palmente na fase pré-escolar para evitarproblemas futuros, particularmente osauditivos mas também da fala, da motrici-dade orofacial. Deram a isso uma conota-ção de prevenção (que na minha opinião jáera uma intervenção, um atendimento clí-nico). Isso não respondeu à demanda e àsangústias da escola. Esse vácuo foi sendoocupado pelo psicopedagogo, que se apre-sentou como o profissional do distúrbio daaprendizagem”.

“Assim como eu, um grupo defonoaudiólogos conseguiu reabrir essaporta, mudando o discurso. Levo a expe-riência clínica para o meu trabalho comos professores, mas busco fazer umaconversão dessa experiência de acordocom o modelo pedagógico. Temos queter a preocupação individual mas tam-bém temos que ter uma visita de conjun-to, de projeto, de modo que cada açãoque faça seja não para um, mas paramuitos”, sintetiza Jaime Zorzi.

Ellen Santos, fonoaudióloga com atua-ção em Fortaleza (CE) como docente daUnifor e consultora na área de Fonoaudio-logia Educacional, fornece mais argumen-tos. “O fonoaudiólogo precisa entender,como profissional da educação, que ele estálá muito mais para promover um nível deensino e aprendizagem de excelência, abor-dando aspectos de sua área para gerar essesbenefícios, para transformar a comunidadeescolar (professores, alunos, funcionáriosem geral...), para metamorfosear umasociedade e, mais, para mudar o mundo,qual seja, em um lugar melhor para se viver.

Se este fonoaudiólogo se insere nesteambiente escolar inclusivo e olha para elecom a visão clínica impregnada em suasveias, que faz da escola seu consultório etransforma alunos em pacientes, só reforçaa visão social de que a única coisa que sabe-mos lidar é com doenças”.

CCllíínniiccaa?? “O trabalho em clínica, de extrema

importância, é visto por um paciente,uma família. O trabalho em uma escolaé visto, simultaneamente, por duzentas,quinhentas, mil pessoas”, compara adocente da Unifor. Além disso, quando ofonoaudiólogo realiza um trabalho inte-ressante, ele certamente abre portas paraoutros; mas quando isso não ocorre elefecha portas para própria Fonoaudiolo-gia. Estamos nós preparados para estarealidade? O profissional fonoaudiólogoprecisa se perceber como um educadorem saúde quando adentra os murosescolares. Mas, sabe este profissional sereducador? Conhece as demandas, as téc-nicas, os métodos utilizados na Educa-ção? Compreende ele sobre Educação osuficiente para promovê-la?”

Aos questionamentos que faz, a fono-audióloga Ellen Santos dá, ela própria, asrespostas. “O que tenho percebido emminha prática como consultora e assesso-ra em Fonoaudiologia Educacional, alémde docente da área, é, inicialmente, aausência de conhecimentos necessáriospara que a atuação em educação da saúdeda comunicação humana no âmbito esco-lar se faça presente e se faça perceptívelpela própria comunidade escolar. A per-gunta é se a formação dos fonoaudiólo-gos tem propiciado a obtenção destesconhecimentos, destas habilidades efomentado este tipo de atitude para queas escolas, que receosamente têm nosacolhido, se sintam seguras com o nossodesempenho lá dentro?”

“Na área da Saúde – complementaAna Luiza – a mudança do paradigma de

ensino tem sido quase radical com asnovas diretrizes, que privilegiam a forma-ção do aluno para a atuação com ênfasena Atenção Básica da rede do SistemaÚnico de Saúde (SUS). É clara a tendên-cia do Ministério da Saúde ao incentivare apoiar estas ações por meio, inclusive,de projetos como o ProSaúde. Na área daEducação, as ações e programas gover-namentais voltados para a melhoria doprocesso ensino–aprendizagem aindanão contemplam ou reconhecem direta-mente o papel do fonoaudiólogo nesseprocesso. Apesar disso, há alguns esfor-ços isolados de programas de muitosucesso da atuação fonoaudiológica emescolas, e na determinação de políticaspúblicas na área de educação”.

NNoovvoo ppaarraaddiiggmmaa Jaime Zorzi lembra que o fonoaudió-

logo detém o campo da linguagem, queé inerente a todo o processo da aprendi-zagem, portanto é o profissional, teori-camente, do desenvolvimento dentro dosistema educacional. “E por que ofonoaudiólogo se afastou?’, questionaele. “Porque a formação pouco contem-pla a questão educacional. Só contemplaa patologia, quando contempla, em geralde uma maneira muito limitada. Nóssomos os responsáveis por esses fatos.Nós é que apresentamos uma imagemdistorcida, frente aos objetivos de nossaformação”

“Dentro da perspectiva do educador,a idéia é a de que, se a criança tem pro-blema de fala, de voz ou de articulação,o fonoaudiólogo é chamado, mas se oproblema é aprender, deve ser encami-nhado para outro profissional, porque ofonoaudiólogo não se apresentou comotendo competência para isso. Este mer-cado restrito é conseqüência de nossahistória. Ficamos do lado de fora porquea gente se pôs do lado de fora!”

“Vejo muitas portas de entrada, não tãograndes como no passado e isso vai exigir

6 Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008

Fonoaudiólogo Jaime Luiz Zorzi

Foto: a

rquivo pessoal

Foto: a

rquivo pessoal

Fonoaudióloga Ana Luiza Gomes Pinto Navas

Fonoaudióloga Márcia Azevedo de Souza Matumoto

Foto: a

rquivo pessoal

Page 7: Baixe aqui a edição do Jornal CFFa nº38 de 2008

uma nova idéia do que é a escola, do que édesenvolvimento. O profissional tem quecarregar o conhecimento que adquiriu, gra-ças a sua formação na área da Saúde e fazerajustes para o universo da Educação. A visãoclínica, de doença, de patologia não vai tra-zer resultado”. Zorzi relata que em muitoseventos que participa. têm ouvido de pro-fessores queixas em relação a palestras queouvem de fonoaudiólogos, que considerammuito técnicas, de efeito apenas local. “Nãoconseguimos levar nada para a sala de aula,para a nossa conduta, a nossa atitude. Écomo se o interlocutor fosse muito mais daárea da Saúde do que da Educação”.

Para Patrícia Prado Calheta, a lógica ésimples. “Se o fonoaudiólogo não se dis-puser a conhecer a Educação e suas ques-tões, ele não poderá contribuir efetivamen-te com os integrantes da escola. Quandoalguém me pergunta por que algumasescolas têm tanta resistência à entrada dofonoaudiólogo, eu respondo com outrapergunta: o que será que estamos fazen-do lá para colaborar com esta resistência?Será que não é o momento de olharmospara nossas tradicionais práticas e analisar-mos o quanto elas estão atreladas à reedi-ção de um fazer da clínica na escola que,em última instância, culpabiliza exclusiva-mente a criança pela ‘constituição’ de seusintoma de/na linguagem?

Para Patrícia Calheta, um avanço signi-ficativo da Fonoaudiologia em direção àEducação só vai ser efetivamente anuncia-do à medida que os profissionais ultrapas-sem o limite das ações de natureza clínico-preventiva-terapêutica e, de fato, cami-nhem ao encontro da escola, enfrentandocontradições e histórias constitutivas dosdiferentes papéis e funções sociais ali assu-midos. “Ou, dito de outro modo, é precisocompor um conjunto de ações atrelado àrealidade escolar e, portanto, pautado nainvestigação do perfil de cada instituiçãopara o desenvolvimento de projetos deassessoria, baseados nas perspectivas enecessidades reais dos educadores e não

previamente determinadas”.Há 14 anos envolvida com essas ques-

tões na Secretaria de Educação do municí-pio de São Bernardo do Campo (SP), MariaAzevedo de Sousa Matumoto acreditaque, “embora seja um território que esta-mos trabalhando há muito tempo, temosque resignificar nosso papel para que sefaça um serviço mais permanente, queajude a escola de fato. Investimos muitoem ajudar o aluno, como ele tivesse quese adequar à escola. Precisamos de umamudança de paradigma. Temos que terrespeito às diferenças e a escola tem quese adequar ao sujeito que está chegando”.

NNúúmmeerrooss ee nnoorrmmaassSegundo os dados fornecidos pelo

Inep relativos a 2004, sobre o desempe-nho dos alunos no Sistema Nacional deAvaliação da Educação Básica (Saeb2003), aproximadamente 55% das crian-ças chegam à 4ª série do ensino funda-mental com grandes dificuldades em lei-tura e escrita, ou seja, sabem codificar edecodificar, entretanto revelam umconhecimento bastante restrito acerca dalinguagem escrita. A fonoaudiólogaMônica Petit relata que são crianças que,muitas vezes, sabem copiar, grafar asletras, mas não sabem escrever ou com-preender a leitura de um pequeno texto.Há ainda aqueles incapazes de produzirou ler qualquer texto.

Outro ponto destacado por Mônica éa saúde do professor. “Estudos revelamque o problema mais freqüente que oacomete refere-se à voz. Grande partedos professores em exercício apresentaou já apresentou problemas vocais e/oununca se informou sobre os cuidados etratamentos necessários. Este fato resul-ta no afastamento desses profissionaisdas salas de aula. De acordo com pesqui-sa realizada pela Unesp, 77% dos profes-sores sofre com problemas vocais”.

A fonoaudióloga Maria Teresa PereiraCavalheiro relata que, “para normatizar a

prática do fonoaudiólogo na educação, osConselhos profissionais têm se mobilizadopara discutir o tema. Em São Paulo, o Con-selho Regional de Fonoaudiologia da 2ªRegião emitiu, em setembro de 1994, umparecer procurando definir o papel e asdiretrizes para a atuação do fonoaudiólo-go na escola. Em dezembro do mesmoano, publicou um segundo parecer com-plementar ao primeiro. Em 1999, o Con-selho Federal de Fonoaudiologia publicoua Resolução nº 232/99, de âmbito nacio-nal, sobre a atuação do fonoaudiólogo emescolas, com o objetivo de normatizar asações e conscientizar sobre o valor do tra-balho fonoaudiológico”

Para a fonoaudióloga Maria Teresa, nostrês documentos fica claro que não deveser realizado o atendimento terapêutico naescola. “Esta proibição tem como base aConstituição de 1988 e a Lei de Diretrizes eBases da Educação (LDB - lei nº 9394/96),que definem como objetivos da educação opleno desenvolvimento da pessoa; o pre-paro para o exercício da cidadania e a qua-lificação para o trabalho. Nessa perspectiva,evidencia-se a necessidade de superar aspropostas de trabalho que valorizam a figu-ra do aluno, a quem se atribui uma doençae a responsabilidade pelo seu fracasso”.

Novas bases legais têm fortalecido arelação do fonoaudiólogo com o sistemaeducacional, como a Resolução do CFFanº 309, de 01 de abril de 2005, que “dis-põe sobre a atuação do Fonoaudiólogona educação infantil, ensino fundamen-tal, médio, especial e superior, e dáoutras providências”. A fonoaudiólogaMaria Teresa destaca o avanço destedocumento quanto à perspectiva de seestabelecer a atuação fonoaudiológicaem parceria com os profissionais da esco-la, com ênfase na promoção de saúde.

A fonoaudióloga Patrícia Calheta con-corda plenamente. “Existe no texto umaclara preocupação com a realidade esco-lar, com ações processuais na escola, comencaminhamentos para diversos profis-

Fonoaudióloga Maria Teresa Pereira Cavalheiro

Foto: O

smar Busto

7Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008

Fonoaudióloga Mônica Petit MadriFonoaudióloga Patrícia Prado Calheta

Foto: E

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Foto: E

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Page 8: Baixe aqui a edição do Jornal CFFa nº38 de 2008

EEmm SSããoo BBeerrnnaarrddoo ddoo CCaammppoo......A fonoaudióloga Márcia Azevedo de Sousa Matumoto

atua há 14 anos no ensino regular, integrando uma equipetécnica multiprofissional (também formada por terapeutaocupacional, psicólogo, assistente social e orientadorespedagógicos) da secretaria de Educação do município deSão Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.

“Ao contrário da época em que me formei, em que ofonoaudiólogo era aquele profissional que triava e que tra-tava, hoje acredito firmemente que o fonoaudiólogo con-tribui para a montagem da própria proposta curricular, pen-sando em uma proposta de currículo que seja mais efetiva,no princípio do atendimento à diversidade e às necessida-des específicas. O fonoaudiólogo, ao atuar no planejamen-to pedagógico do professor e no acompanhamento daaprendizagem do aluno, acaba transversalizando sua atua-ção, tanto no educação especial como no regular”.

“Hoje trabalho como uma assessoria escolar de fato:faço a formação permanente dos professores. Eles têmencontros mensais com a nossa equipe, no qual discutimoso olhar sobre essas crianças e as propostas que ajudam nãoapenas essas crianças com necessidades educacionais espe-ciais mas também a qualidade do ensino como um todo.Faço também uma atuação junto aos professores com habi-litação específica em deficiência auditiva ou mental e quefazem o suporte no horário de aula. O professor percebeuque o aluno é dele e que o fonoaudiólogo é um parceiroimportante em se trabalho”.

NNoo RReecciiffee......O envolvimento da fonoaudióloga Teresa Didier teve iní-

cio assim que se formou, em 1989, pela Universidade Católi-ca de Pernambuco, quando foi convidada para integrar aequipe de uma escola particular na zona oeste do Recife.

“Era um projeto, acredito, bastante ousado para aépoca”, relata a fonoaudióloga. “Nossa idéia era ultra-passar a detecção e o encaminhamento dos problemasde linguagem, além de chegar às salas de aula como ins-trumento facilitador da aprendizagem dos alunos, numafase de aquisição e desenvolvimento da comunicação orale gráfica. Apesar de, no começo, ser tudo muito novo,logo foi percebida a necessidade da Fonoaudiologia atuarde forma preventiva, integrada aos demais serviços daescola. A grande aprovação dos alunos no universo denossas ações e o seu reflexo no processo ensino-aprendi-zagem foram, sem dúvida, os meios facilitadores da nossaintegração”.

A direção da escola ressaltou o pioneirismo deste traba-lho inovador, num tempo em que poucos fonoaudiólogosatuavam nessa área e a diretora pedagógica e psicóloga daEscola, Isabel Ledebour, deu seu depoimento: ”a Fonoaudio-logia veio renovar e dar maior integração aos projetos educa-cionais vivenciados em sala de aula. Com criatividade, asfonoaudiólogas, sensíveis às necessidades infantis, estimulamos alunos a gostar de ler, escrever e a expressar-se, utilizandoas mais diversas formas de expressão para ampliar o conheci-mento interno e externo do seu mundo.”

...... ee eemm GGooiiáássO Estado de Goiás conta, desde 1999, com uma equipe

multiprofissional que atua, em caráter educacional, nas esco-las de Goiânia e interior de Goiás. A equipe é composta por49 fonoaudiólogos, 59 psicólogos, 35 assistentes sociais e 22pedagogos e um instrutor de Braille, que atuam em conjuntono atendimento às necessidades das escolas.

“As atribuições da equipe variam em função da espe-cialidade – relata a fonoaudióloga Renata Tavares Estrela,gerente de Ações Multissetoriais do programa – porémtodos os profissionais trabalham em conjunto, orientan-do e acompanhando o processo ensino-aprendizagem doaluno nas suas diversas interfaces: aluno/professor, dascondições ambientais da escola, da interação aluno/alunoe do estilo preferencial de aprendizagem do aluno”.

O desenvolvimento se dá através de orientações diretase acompanhamento in loco. Renata continua seu relato.“Com a equipe é possível desenvolver programas de orien-tação para as famílias e a comunidade, para sua integra-ção no processo de inclusão educacional, sistematizandoações destinadas à comunidade escolar e as famílias, taiscomo palestras, ciclos de estudos, seminários, orientaçõesespecíficas, enfocando seu caráter preventivo”.

Desde 2007 a equipe de fonoaudiólogos desenvolvenas escolas a execução do projeto Educação Vocal, quevisa promover e proteger a voz do professor, através deaquecimentos e desaquecimentos vocais, palestras eworkshops sobre uso adequado da voz e saúde vocal. “Osprofessores reservam um tempo para a realização de exer-cícios e orientações sobre a fala e uso da voz como ins-trumento de trabalho. O trabalho não atinge somente osprofessores, pois estes uma vez informados e capacitadosdesta temática, também têm alertado seus alunos quantoaos abusos e mau uso da voz”.

A atuação dos fonoaudiólogos, assim como de toda aequipe multiprofissional, está sob a responsabilidade daCoordenação de Ensino Especial da Secretaria do Estadode Educação de Goiás.

8 Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008

Experiências exitosas

Apresentação do Projeto “Educação Vocal“ em Goiânia

Foto: a

rquivo de Re

nata Estrela

sionais fonoaudiólogos (nos casos emque há indícios favoráveis à intervençãoterapêutica) e até mesmo com uma tria-gem diferenciada, já que ela não poderáser uma ação isolada na instituição”.

A fonoaudióloga Ana Luiza Navaslembra que há uma previsão mundial deque, no futuro próximo, o mercado detrabalho crescerá comparativamentemais na área da Educação do que naSaúde, com as políticas de inclusão e asobrevida de prematuros extremos e/ou

de muito baixo peso, por exemplo. “A comunidade científica tem contri-

buído para alertar a sociedade e, espe-cialmente, os políticos para a importân-cia da identificação e intervenção preco-ce dos Distúrbios da Comunicação. Ocaminho ainda é longo e árduo, masacredito que da mesma forma em que aárea da Saúde tem favorecido oficialmen-te a inserção do fonoaudiólogo em equi-pes multidisciplinares, como no caso dosNúcleos de Apoio à Saúde da Família –

Nasf, teremos nos próximos anos a valo-rização do trabalho do fonoaudiólogojunto aos equipamentos educacionais”

Enquanto isso não ocorre, conclui AnaLuiza, “nós educadores e pesquisadores,devemos cada vez mais fortalecer os pro-gramas de investigação científica, divulgaresses achados relevantes para a educação ecuidar da formação de nossos alunos paraque se preparem para esse futuro”.

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9Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008

Ministério da Educação criou novosconceitos para avaliar a educaçãosuperior, que serão usados comoreferência para a concessão ou

renovação de licenças de funcionamento decursos de ensino superior e servirão de basepara sanções ou medidas de melhoria emcursos e instituições com desempenho ruim.Comesse novo critério haverá a redução dasavaliações de especialistas in loco – só oscursos considerados deficientes terão obri-gatoriedade de visita.

Com esta nova metodologia, além dodesempenho e da evolução dos estudan-tes no Enade (o antigo “provão”), serãoconsiderados o perfil do corpo docente(como número de professores com dedi-cação integral) e a percepção dos alunos,com base nos questionários do Enade. Até2007, o MEC adotava como padrão paraavaliar os cursos apenas os dados referen-tes à prova (conceito Enade).

Esta nova avaliação terá como basenovos indicadores. Um deles é o Indicadorde Diferença de Desempenho (IDD), quemede o conhecimento agregado pelos cur-sos aos estudantes. Ele é calculado a partirda diferença entre o desempenho dos for-mandos de 2007 e o dos ingressantes de2004.

Outro novo indicador é o Conceito Pre-liminar dos Cursos de Graduação (CPC).Ele será calculado a partir de uma médiaponderada entre a nota do Exame Nacio-nal de Desempenho de Estudantes(Enade), o IDD (Indicador de Diferença deDesempenho) e os insumos do curso –recursos pedagógicos, infra-estrutura equalificação dos docentes.

A nota de cada curso no Enade 2007teve peso de 40% no conceito preliminar.Já o IDD vale outros 30%. Os demais 30%são resultado da opinião dos estudantessobre o projeto pedagógico e da infra-estrutura dos cursos, conforme questioná-rios respondidos por quem participa doEnade e da titulação e do regime de traba-lho dos docentes

O conceito será de 1 a 5. Segundo oInep, 1 e 2 corresponderão a cursos semcondições de funcionar. O conceito seráfinal apenas após a visita da comissão doMEC (que será obrigatória nos cursos notas1 e 2 e optativa para os demais). Os cursossão avaliados a cada três anos.

A mudança de critério adotada peloMEC para avaliar as universidades fez comque 214 cursos deixassem de estar nospatamares mais baixos (notas 1 e 2). Estenível é considerado pelo governo como decursos sem condições de qualidade parafuncionar e que sofrerão fiscalização maispróxima do Ministério da Educação.

Na outra ponta, 86 deixaram de serconsiderados "referência" (nota 5). A análi-se inclui as 16 áreas de conhecimento ava-liadas pelo MEC em 2007. Enfermagem,com 540 cursos; Educação Física, com 497e Fisioterapia, com 399, foram aquelascom maior número de cursos participantesrepresentando, juntas, 44,3% do total.Foram avaliados, também, cursos de Fono-audiologia, Agronomia, Biomedicina, Far-mácia, Medicina, Veterinária, Nutrição,Odontologia, Serviço Social, Tecnologia emRadiologia, Tecnologia em Agroindústria,Terapia Ocupacional e Zootecnia.

De acordo com ministro da EducaçãoFernando Haddad, o conceito preliminar éum avanço no sistema de avaliação esomente cursos de má qualidade irãotemer a novidade. O presidente do Inep,Reynaldo Fernandes nega a intenção dediminuir o número de cursos com notasbaixas ou no topo da escala.

Do outro lado, o Fórum das EntidadesRepresentativas do Ensino Superior Parti-cular criticou a criação do CPC e sua divul-

gação pelo MEC. Segundo o Fórum, alémde revogar parcialmente a lei que criticouo Sistema Nacional de Avaliação de EnsinoSuperior (Sinaes), o novo instrumento ava-liativo prejudicará a imagem das institui-ções e, por conseqüência, os alunos.

EEnnaaddee eemm 22000077 Do total de cursos avaliados no último

ano, as instituições privadas representaram76,9%. A Região Sudeste concentrou48,6% dos cursos avaliados. Apenas 25 dos3.239 cursos superiores avaliados no ExameNacional de Desempenho de Estudantes em2007 alcançaram nota máxima no exame.

O Estado que apresentou maior númerode cursos com notas máximas nos três con-ceitos avaliados pelo MEC foi Minas Gerais(oito, todos de instituições federais), seguidopelo Paraná (com sete cursos, seis de esta-duais e um de federal). O Rio Grande do Sulteve três cursos de faculdades federais comnível de excelência. São Paulo teve somentedois cursos com notas máximas mas duasdas mais conceituadas universidades doEstado, a USP (Universidade de São Paulo) ea Unicamp (Universidade Estadual de Cam-pinas) não foram avaliadas, pois seus alunosdecidiram boicotar o exame.

AAcceessssee http://www.inep.gov.br/superior/enade/ paraconferir todos os resultados do Enade 2007.

MEC cria novos conceitos para avaliar curso superior

O

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PPiioonneeiirraa nnaa vviiddaa mmiilliittaarr......Em 1984, um ano após a conclu-

são do curso de Fonoaudiologia naUniversidade Federal de Santa Maria(RS), a hoje tenente-coronel MariaAdelaide Kuhl Reichembach, não tinhaainda noção sobre como seria a vidamilitar e nem como seria a integraçãoda Fonoaudiologia nesse ambiente.Mesmo assim decidiu ingressar noquadro da Força Aérea Brasileira(FAB).

“O que me atraiu a candidatar-meà carreira militar foi a proposta de umtrabalho em um hospital, cujo ambien-te seria multidisciplinar. Aventurei-mee realizei a inscrição sobre influência deuma prima, psicóloga, que faria o con-curso comigo”, relata ela ao Jornal doCFFa. “Quando soube que tinha sidoselecionada, fiquei muito surpresa e aomesmo tempo apreensiva. Como seriaa minha vida a partir daquele momen-to?”.

Antes de ingressar no hospital, pre-cisava realizar um curso de quatromeses em Belo Horizonte, com o objeti-vo de se adaptar à vida militar. “Demalas prontas, lá fomos nós, as trêsselecionadas daqui do sul. Tudo eramuito novo, as colegas, a rotina do dia,os uniformes, as obrigações, as aulas deregulamentos, as provas, os oficiais, osvínculos de amizade que se formavamali... Muitas informações e muita ordemunida. Durante o curso, discutíamosbastante sobre como seria a nossaentrada nos locais de trabalho. Muitasde nós seriam pioneiras na sua área. Eeu era uma delas”.

Recentemente promovida a tenente-coronel, Maria Adelaide Kuhl Reichem-bach é a pioneira e provavelmente tam-bém a única fonoaudióloga que integraa carreira militar, como oficial. Asdemais fonoaudiólogas que hoje parti-cipam da vida militar – e provavelmentesão centenas, de acordo com estimati-

município de Santa Maria, no interior do Rio Grandedo Sul concentra o segundo maior contingente militarno Brasil, atrás apenas da cidade do Rio de Janeiro. Étambém nessa cidade que está localizado um dos mais

conceituados cursos de Fonoaudiologia do país, na UniversidadeFederal de Santa Maria.

A junção destas duas características justifica a razão pelaquais as quatro profissionais entrevistadas pelo Jornal doCFFa nesta edição, que optaram pela vida militar e exercemsua atividade profissional nas Forças Armadas – uma no Exér-cito, na uma Marinha e duas na Aeronáutica – são todasegressas da mesma instituição e possuem vínculos familiarescom a caserna.

O Jornal do CFFa ouviu a fonoaudióloga Maria Adelaide KuhlReichembach, tenente-coronel da Aeronáutica em Canoas (RS), apioneira (e provavelmente também a única) que pertence efeti-vamente à carreira militar, desde 1984. A situação mais comum –como as da primeira-tenente Carla Cassandra de Souza Santos(também da Aeronáutica), da primeira-tenente Márcia Siqueira(do Exército) e Michelle Gindri Vieira (da Marinha) – é de integra-rem os quadros técnicos, com contratos ainda finitos.

Em comum, o sentimento de que essa atuação nas ForçasArmadas possibilita não apenas o crescimento na área profissio-nal, mas desenvolve, sem dúvida, liderança, poder de decisões,responsabilidade, senso de civismo e um olhar mais comprometi-do com a Pátria.

Carreira militar,um desafio fascinante

10 Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008

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Fonoaudióloga Maria Adelaide KuhlReichembach, tenente-coronel da Aeronáutica epioneira na área militar

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vas coletadas recentemente pelo Jornaldo CFFa – são dos quadros técnicos doExército, da Marinha e da Aeronáutica.

Ao retornar para Canoas (RS), após 16semanas de curso de adaptação no CIAARCentro de Instrução e Adaptação da Aero-náutica (CIAAR), a primeira ordem recebi-da foi: “montem as suas clínicas e desen-volvam o seu trabalho.” Muitos dos cole-gas do Hospital de Aeronáutica de Canoas(HACO) não sabiam qual era a área deatuação da Fonoaudiologia e foi necessá-ria a divulgação junto a esses colegas eaos usuários”, relata a fonoaudióloga. “Ademanda naquela época era de terapiafonoaudiológica em crianças. Com o pas-sar do tempo, foi crescendo a consciênciade que a Fonoaudiologia trabalha comtodas as idades”.

Maria Adelaide Kuhl Reichembachdesenvolveu a seção de Fonoaudiologiado HACO e, com o passar do tempo,foram sendo identificadas novas neces-sidades. “Com a minha entrada na vidaacadêmica e na minha pós-graduação,criei os estágios clínicos em Fonoaudio-logia, oferecendo local de estágio paraas universidades locais. Essa iniciativaabriu um espaço importante dentro dainstituição”, conta a fonoaudióloga.

“Conseguimos, com muito esforço,mais uma vaga de fonoaudiólogo parao HACO, no quadro complementar, einiciamos, na maternidade, a orientaçãoàs parturientes sobre amamentação edesenvolvimento da comunicação deseus bebês”.

Com o crescente reconhecimento dotrabalho, cresciam também as novas soli-citações por parte dos usuários. Foi cria-do um programa de preservação da audi-ção dos profissionais, em que periodica-mente eram analisados os limiares auditi-vos de militares que atuavam diretamen-te nos aviões e em sua manutenção. Esseprograma está em funcionamento atéhoje. Com o mesmo intuito, foi disponi-bilizado esse mesmo atendimento aosdentistas do hospital, que constituem umgrupo de risco à perda auditiva.

Um projeto importante destacadopela fonoaudióloga foi o conduzidojunto aos componentes da Banda deMúsica da Base Aérea de Canoas. “Iden-tificamos dificuldades auditivas e demotricidade orofacial associadas ao usodo capacete, que era parte do uniformee impossibilitava o desempenho ade-quado da função do músico ao tocar oinstrumento. Com o projeto, facilitamose melhoramos o desempenho deste pro-fissional na sua atividade”.

O atendimento fonoaudiológicohoje está incluído em vários programasde prevenção e em grupos de convi-

vência e operativos desenvolvidos noHACO. Os dois profissionais fonoaudió-logos do hospital atuam em três seto-res de atendimento: ambulatorial (comfonoterapia e aprimoramento dacomunicação), hospitalar (no atendi-mento ao leito de casos neurológicos,de disfagia e outras doenças degenera-tivas) e em Audiologia (com exames clí-nicos-audiométricos; programa de con-servação da audição e exames auditi-vos na Junta de Saúde, o local em quesão realizados os exames clínicos paracarteira de saúde de todos os aerona-vegantes civis e militares).

“Sinto-me realizada dentro destainstituição. O trabalho na FAB propor-cionou o meu crescimento profissionale sempre me permitiu desenvolver oprincípio fundamental da Fonoaudiolo-gia: o cuidado com o ser humano naestimulação, na preservação e no apri-moramento da comunicação em todosos seus níveis”, avalia Maria AdelaideKuhl Reichembach .

FFiillhhoo ddee ppeeiixxee......A 1ª tenente Carla Cassandra de

Souza Santos tinha a quem puxar. Seupai era suboficial (trabalhava com equi-pamentos de vôo) e sempre gostou dainstituição militar. No último ano dafaculdade na Universidade Federal deSanta Maria, em 2002, Carla fez estágiona Base Aérea de Santa Maria (BASM)com a fonoaudióloga da unidade,tenente Karynne.

Em 2003 a fonoaudióloga foi apro-vada no concurso que a Aeronáuticaabriu, para a BASM (esses concursos sãorealizados anualmente, para diversosprofissionais de curso superior) e iniciouimediatamente o treinamento no CIAAR,em Belo Horizonte (MG).

“Estou em Santa Maria desde janei-ro de 2004, como primeiro-tenente.Este é o último posto que poderei ocu-par. Infelizmente, a Aeronáutica nãopropicia um plano de carreira para amaioria dos profissionais com cursosuperior. O edital do concurso já men-ciona que o tempo máximo de perma-nência é de nove anos”.

Todos os militares da BASM têm aaudição avaliada anualmente. No finaldo ano, a fonoaudióloga organiza osdados obtidos nas anamneses e avalia-ções para expor aos esquadrões. “Façopalestras sobre os malefícios da exposi-ção ao ruído e a importância do uso deequipamento de proteção individual.Além da avaliação auditiva clínica demilitares, os dependentes são tambématendidos. Tive a oportunidade dedesenvolver minha pesquisa de mestra-

do (Processamento auditivo de militaresexpostos a ruído ocupacional: um estu-do longitudinal) dentro da BASM, auto-rizada pelo comandante da base e peloEsquadrão de Saúde”.

“Desde que saibamos aliar a nossaprofissão à carreira militar, que temcomo pilares a hierarquia e a disciplina,o trabalho dentro da Aeronáutica é gra-tificante”, garante a fonoaudiólogaCarla Santos. “E, na verdade, não somosminoria no Esquadrão de Saúde. Hámuitas dentistas, médicas, farmacêuti-cas, enfermeiras, psicólogas e técnicasem enfermagem. Não sou também aúnica fonoaudióloga. Seis meses depoisde ingressar na BASM, chegou a tenen-te Marta Romero e com isso dividimosas tarefas, eu com os programas de con-servação auditiva e a motricidade orofa-cial e ela mais especificamente com aterapia, tanto dos militares como deseus dependentes”.

IInntteerraaççããoo ddee dduuaass pprrooffiissssõõeess......

“Ao ingressar no exército, você temuma segunda profissão, que passa a sera primeira, porque além de exercer aFonoaudiologia, existem todas as fun-ções e posturas atribuídas a um oficialdo exército, que participa de todas asatribuições inerentes ao exercício militar.A avaliação é da fonoaudióloga MárciaSiqueira, que ingressou no Exército em2005, para atuar no Hospital da Guar-nição de Santa Maria (HGUSM).

“O retorno é excelente, tanto peloaspecto pessoal, porque você aprende ase conhecer e a testar os próprios limi-tes, quanto pelo profissional, porqueatua em uma equipe multidisciplinar, é

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Primeira-tenente Carla Cassandra de SouzaSantos, também da Aeronáutica

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estimulado ao constante aperfeiçoa-mento profissional e tem um bom retor-no financeiro”. Márcia vê apenas uminconveniente: “No Exército ainda nãoexistem fonoaudiólogos de carreira,apenas temporários, que participam deum processo seletivo por meio de testesfísicos e cognitivos, entrevistas, examesde saúde e análise de currículo. Outrasáreas da Saúde já conquistaram umavaga no QCO (Quadro Complementarde Oficiais), a escola que forma oficiaisde carreira nas áreas de administração,informática, direito, educação e no qua-dro complementar de saúde”.

Para concorrer, o candidato, alémde ser aprovado nessas etapas, deveráter idade inferior a 38 anos e se com-prometer a prestar o serviço por umperíodo mínimo de 12 meses. Aoingressar, participa do Estágio de Servi-ço Técnico (EST).

A primeira fase desse estágio, comduração de 45 dias, é de adaptação àvida militar. A fonoaudióloga contacomo ele ocorre. ‘É realizado em umquartel militar, com provas de tiro, trei-namento físico militar, testes de aptidãofísica, ordem unida, aulas teóricas e prá-ticas e uma atividade de acampamentoao final, dormindo no chão, construin-do abrigo, carregando mochila pesada,fuzil, capacete, com provas de sobrevi-vência, orientação diurna e noturna,provas de obstáculos...”

A segunda fase do estágio é desti-nada à aplicação de conhecimentostécnico-profissionais (no caso de Már-cia, como fonoaudióloga), na unidadeem que atuará “No período de estágioocupamos o posto de aspirante-a-ofi-cial. A promoção a segundo-tenente

ocorre após os seis meses de estágio etrês anos após ocorre a promoção aprimeiro-tenente, posto máximo ocu-pado por um fonoaudiólogo no Exérci-to Brasileiro, já que o contrato máximode um oficial temporário é de seteanos, renovados a cada ano. Atualmen-te, ocupo o posto de segundo-tenen-te”.

Márcia Siqueira foi a primeira fono-audióloga do Exército à atuar no inte-rior do Rio Grande do Sul. “Por isso, nãohavia outra opção senão organizar, sis-tematizar e equipar todo o serviço deatendimento fonoaudiológico no hospi-tal. Antes, o atendimento era realizadopor profissionais autônomos credencia-do em suas clínicas. Com a grandedemanda de pacientes, o atendimentono hospital é realizado por profissionaismilitares da própria instituição, comple-mentado por atendimento externo porprofissionais e organizações credencia-das de saúde”.

O atendimento fonoaudiológico,tanto para os militares da região comoseus dependentes, ocorre nas áreas devoz, motricidade orofacial e linguagem(o serviço de audiologia ainda não é ofe-recido) para pacientes externos (atendi-mento clínico no ambulatório do hospi-tal) e internos (junto ao leito, no prontoatendimento médico e enfermaria dohospital). O fonoaudiólogo tambémparticipa da realização de perícias, tria-gens e acompanhamentos de pacientesque participam de programas multidis-ciplinares. O HGUSM conta com um ser-viço de Home Care, no qual a Fonoau-diologia está inserida.

EEmm ttooddaass aass áárreeaass......Fonoaudióloga formada pela Univer-

sidade Federal de Santa Maria em 2000,Michele Gindri Vieira optou pela Mari-nha. Em 2005 passou a trabalhar noComando do 5º Distrito Naval, na cidadede Rio Grande (RS), na primeira vagaaberta pela Marinha para fonoaudiólogona região sul. Atualmente está na Escolade Aprendizes Marinheiros de SantaCatarina (EAMSC), em Florianópolis (SC),uma das quatro es-colas de formação demari-nheiros da Ma-rinha do Brasil. Nesselocal foi recentemente disponibilizadamais uma vaga de fonoaudiólogo.

Para Michele, “o ingresso na Mari-nha do Brasil, além da questão finan-ceira, foi uma conquista pessoal, derealização profissional, desafio e supe-ração constante. A admiração pelasForças Armadas vem desde minhainfância, acompanhando a vida militarde meu pai, o que sempre me desper-tou interesse”.

O fonoaudiólogo, na Marinha doBrasil, ingressa como oficial (Michele éprimeiro-tenente) e faz parte do quadrode Apoio à Saúde, onde presta apoio aopessoal militar da Marinha e seusdependentes e exerce atividades quecontribuam para a atividade-fim daMarinha. O atendimento fonoaudioló-gico é realizado em AmbulatóriosNavais, como no 5º Distrito Naval ondeMichele trabalha, e também em policlí-nicas e hospitais em outros Distritos.“Nesses ambulatórios também estãopresentes médicos, enfermeiros, dentis-tas, farmacêuticos e fisioterapeutas,possibilitando um atendimento interdis-

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Primeira-tenente Michele Gindri Vieira, da Marinha, no consultório deFonoaudiologia do Ambulatório Naval de Rio Grande (RS)

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A primeira-tenente Márcia Siqueira, do Exército

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os 82 anos, disposição nãofalta para Maria das Graças deSá Leitão Didier. Ou melhor,para Gracita Didier, como éconhecida no Recife, onde

sempre viveu e onde continua colecio-nando amizades e carinho dos colegasfonoaudiólogos e das alunas do cursode graduação da Universidade Católicade Pernambuco que, ano após ano,sem exceção, a homenageiam na sole-nidade de colação de grau. “Elas merespeitam muito e quando me encon-tram na rua fazem aquela festa toda.Não é vaidade não. Tenho a cabeçabem branca e sempre me beijam noscabelos. Esse carinho gratifica. É amor,é afeto...”

A idade não é barreira para GracitaDidier. É muito mais um desafio, comoo que agora enfrenta na obtenção dodoutorado na Universidade Federal dePernambuco, no curso de Letras. “Paraisso, agora a minha preocupação é estu-dar o som da criança antes dela apren-der a falar. Todos sabemos que a crian-ça expressa uma contração nos lábios. Ésobre essa linguagem não verbal, vindada amamentação, que estou desenvol-vendo meu trabalho. Estou sempre pes-quisando e já consegui superar trêscadeiras nessa busca pelo doutorado.Ainda faltam outras e isso me dá muitasatisfação”, entusiasma-se Gracita.

É o mesmo entusiasmo que aacompanhou por toda sua vida profis-sional e que a fez uma incentivadora e,finalmente, uma das fundadoras docurso de Fonoaudiologia da Universi-dade Católica de Pernambuco – o pri-meiro do Estado – ainda na década de80, quando a profissão nem era aindaregulamentada e onde depois foidocente até bem pouco tempo, até seaposentar.

Na distante década de 40, quandoGracita terminou o curso de magistério

e ingressou nos quadros do Estado,começou a se interessar pelas classes dealfabetização. “Fui convidada a lecionarno Instituto de Pesquisas Pedagógicasda Secretaria de Educação de Pernam-buco. Depois, passei a ser professora doCentro de Educação de Excepcionais daSecretaria da Educação”

“Desde o início minha preocupaçãoera com a linguagem e fundamos, comoutras colegas, o Serviço de EducaçãoEspecial. Mais tarde, também o curso deEducação Especial na Faculdade de Ciên-cias Humanas de Olinda. Quando fui con-vidada a participar da clínica de Psicolo-gia da Universidade Católica de Pernam-buco (Unicap), ali organizei um departa-mento voltado para linguagem”.

A lista de sua atividade profissionalé longa e inclui a docência na Faculda-de de Ciências Humanas de Olinda e nocurso de Psicologia da Unicap, além detrabalho como logopedista do ColégioSanta Maria de Boa Viagem. No cursode Fonoaudiologia que ajudou a criar,foi professora de várias disciplinas. “Jáestava formada em Psicologia e tinhafeito metade do curso de Direito, nessaépoca”, lembra-se.

Gracita fez o mestrado graças a umconvênio da Universidade Católica dePernambuco com a PUC de São Paulo.“Minha dissertação foi sobre a históriada Fonoaudiologia em Pernambuco eaté hoje muita gente pede cópias dessetrabalho para saber um pouco mais daprofissão por aqui”. É também autorado livro “Vertentes da Minha Memória”e agora está escrevendo o livro “Sucçãonão alimentícia”.

A fonoaudióloga recebeu a comendaMaurício de Nassau, concedida pelaFaculdade Maurício de Nassau em umahomenagem que até hoje relembra comemoção.

A

HOMENAGEM

Haja entusiasmo...

ciplinar privilegiado, com o apoio daspsicólogos e assistentes sociais”.

O campo de atuação do fonoaudiólo-go engloba praticamente todas as áreas decompetência da profissão. “Nossa práticaclínica inclui motricidade orofacial, lingua-gem oral e escrita e voz e conta com recur-sos terapêuticos como jogos lúdicos e clí-nicos”. Michele dá alguns exemplos deoutras ações rotineiramente realizadas:palestras aos professores, instrutores emonitores na EAMSC; audiometria ocupa-

cional para acompanhar a audição dosmilitares desde seu ingresso na Marinha eavaliações periódicas e demissionais, quan-do necessárias e orientações e conscienti-zação quanto ao uso do equipamento deproteção individual (EPI) nos dias de trei-namento de armamento.

Além da atuação fonoaudiológica pro-priamente dita, o fonoaudiólogo desem-penha funções militares como os demaisoficiais da Marinha do Brasil: no serviçomilitar, em ações cívico-sociais, nos proje-

tos sociais, em treinamentos, formaturas edesfiles militares e em representações noseventos da sociedade. Dentre várias ativi-dades realizadas de cunho militar, MicheleGindri Vieira participou do Projeto Ametis-ta (um estágio de integração social parameninas pertencentes à faixa etária de 14a 17 anos), das comemorações do bicen-tenário de Tamandaré, patrono da Mari-nha e dos 150 Anos da ESMSC, onde foiresponsável pelas atividades voltadas paraas artes e divulgação na comunidade.

13Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008

Fonoaudióloga Maria das Graças de SáLeitão Didier

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14 Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008

rês fonoaudiólogas brasileiras –Evelin Gondim (de Fortaleza,CE), Eliane Midori Hanayama (deSão Paulo, SP) e Rita Tonocchi(de Curitiba, PR) participam há

dois anos, como voluntárias, das açõesdesenvolvidas no país pela OperaçãoSorriso do Brasil. Inicialmente estabele-cida no Brasil em 1997 como FundaçãoOperation Smile Brasil, esta é uma insti-tuição privada sem fins lucrativos, reco-nhecida como OSCIP (Organização daSociedade Civil de Interesse Público) vol-tada ao tratamento cirúrgico de crian-ças e jovens brasileiros portadores de fis-sura lábio-palatina (lábio leporino efenda palatina).

Embora não exista um levantamentode dados oficial do número de pessoasportadoras de fissuras, a estimativa nor-malmente aceita e divulgada pelos cen-tros de tratamento de fissurados no Bra-sil é de uma criança com o problema emcada 650 nascidos vivos, o que resultarianuma população de 280.000 pessoasafetadas hoje em todo o país.

Nos primeiros anos do programa asfonoaudiólogas eram norte-americanas,que acompanhavam os cirurgiões plásticos,

pediatras, anestesistas, e enfermeiros esta-dunidenses nas ações internacionais pro-gramadas mas que, em razão da barreirado idioma, restringiam sua atuação a orien-tações no pós-operatório e nas questões dealimentação. “Em 2006 fomos convidadas– Rita e eu – a participar do que chamamosde ‘missões’, os mutirões cirúrgicos. Che-gamos a efetuar em cada um dessesmomentos a triagem de cerca de 400 a 450crianças, analisando condições de fala eoutras características, para que em tornode 130 fossem operadas durante a semanaem que se desenvolvia o programa interna-cional”. O relato é da fonoaudióloga ElianeMidori Nakayama. “Depois da cirurgia, ini-cialmente apenas orientávamos o pós-ope-ratório, tal como as profissionais norte-americanas faziam. Constatamos porémque poderíamos fazer muito mais e em2007 incluímos orientações sobre o desen-volvimento da linguagem, da audição equestões específicas relacionadas ao pro-blema de fala. Começamos a gravar essascondições, antes e depois das cirurgias depalato, para que pudessem ser avaliados osresultados cirúrgicos”.

Todos os pacientes operados pelaOperação Sorriso são submetidos no pri-

meiro ano a três avaliações pós-opera-tórias. A primeira delas é feita umasemana depois da cirurgia, a segundaseis meses depois e a terceira, após umano. Além da avaliação fonoaudiológi-ca, os pacientes são avaliados nosaspectos cirúrgicos, nutricionais e odon-tológicos. Caso necessário podem serainda encaminhados para outros profis-sionais.

Para este trabalho voluntário – as ade-sões são sempre bem recebidas – há obvia-mente necessidade de um embasamentoprévio, com experiência comprovada. Afonoaudióloga Midori Nakayama contaque a Operação Sorriso implementouvários programas educacionais, onde osfonoaudiólogos atuantes na área vão àscidades distantes daquelas que oferecemesses serviços especializados e fazem trei-namento teórico-prático para capacitaçãodos cirurgiões plásticos e fonoaudiólogoslocais em missões mais curtas, com menornúmero de cirurgias.

AAttuuaaççããoo mmuunnddiiaallA Operation Smile é uma organiza-

ção internacional sem fins lucrativos fun-dada por William P. Magee e sua esposaKathleen Magee em 1982, nos EstadosUnidos, dedicada ao tratamento dedeformidades faciais. Hoje atua em 27países e, em 2007, alcançou o expressivonúmero de 120 mil crianças atendidasgratuitamente desde sua fundação. Emtodos os locais, a atuação se dá com ajunção do trabalho voluntário com opatrocínio de indivíduos e empresassocialmente responsáveis.

Dois tipos de programas cirúrgicossão desenvolvidos pela Operação Sorriso:os nacionais e os internacionais.

Os nacionais são aqueles compostosna sua grande maioria por profissionaisbrasileiros. Em um programa típico sãooperadas 40 a 50 crianças. Graças aoexcelente nível dos profissionais brasilei-ros e diferentemente de vários outrospaíses onde a Operation Smile atua, nãohá necessidade de trazer um grandenúmero de profissionais estrangeirospara ajudar na realização dos programas

OPERAÇÃO SORRISO

Transformando vidas, gerando sorrisos

Fonoaudióloga Midori Hanayama acompanha criança indicada para cirurgia

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Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008

no país. Por esta razão são priorizadosos programas locais e voluntários brasi-leiros são frequentemente encaminha-dos para os programas realizados noexterior.

O programa internacional é com-posto por uma equipe de 35 a 40 pro-fissionais credenciados, brasileiros eestrangeiros que trabalham lado alado para realizar cirurgias em umperíodo de dez dias. Entre 100 a 150crianças são tratados em um progra-ma internacional típico. Até o momen-to foram realizados 18 desses progra-mas internacionais no país. Todos osestrangeiros atuam no país com per-missão de trabalho e autorizados peloMinistério das Relações Exteriores doBrasil e pelos Conselhos Regionaislocais de suas respectivas áreas, alémde autorização pelas Secretarias deSaúde do Estado para realização doprograma.

O primeiro programa desenvolvidopela organização no Brasil aconteceu em1997 na cidade de Fortaleza, com oenvolvimento da Secretaria de Saúde doEstado do Ceará. Hoje, além do Ceará(onde a ação é repetida anualmente), aOperação Sorriso atua em Goiás, MinasGerais, Rio Grande do Norte, Mato Gros-so e Pará e prepara, para o período de 14a 22 de agosto, seu programa interna-cional na cidade do Rio de Janeiro, quan-do está previsto o atendimento cirúrgicode 125 pacientes.

O número de programas realiza-dos no Brasil, até maio de 2008, foide 28, com 5.440 pacientes examina-dos e 2.539 operados. Nesse períodoforam realizados 3.292 procedimen-tos cirúrgicos (um paciente pode sesubmeter a mais de uma cirurgia namesma ocasião).

A Operação Sorriso do Brasil mantémcompleta responsabilidade na coordena-ção dos programas nacionais, levantamen-

to de fundos e esta-belecimento de acor-dos com instituiçõese empresas parceiras.Em contrapartida, aOperation Smilecompromete-se como suporte financeirorelativo aos progra-mas internacionais.Seu diretor nacionalé o médico NivaldoAlonso, coordenadordo Centro de Cirur-gias Crâniofaciais daUSP e atual presiden-te da Sociedade Bra-sileira de CirurgiaCraniomaxilofacial.

SSuuppoorrttee eedduuccaacciioonnaallO aprimoramento técnico dos profis-

sionais envolvidos nas operações realiza-das é obtido através deworkshops, convênioscom centros médicos etreinamentos especializa-dos em Pediatria, Aneste-siologia, Cirurgia Plástica,Odontologia, Fonoaudio-logia, Genética e Nutrição.

Um dos eventos maisrecentes foi a ConferênciaLatino-Americana deFonoaudiologia, patroci-nada pela OperationSmile Internacional, nosdias 20 e 21 de abril, emBogotá, Colômbia, emque foram convidadas

todas as fonoaudiólogas voluntárias daAmérica Latina, entre elas as três brasilei-ras envolvidas. O encontro teve comoprincipal objetivo o treinamento nasáreas de avaliação e tratamento dos dis-túrbios de fala que acometem os pacien-tes portadores de deformidades faciais.

Em seu site, em www.operacaosorri-so.org.br, a Operação Sorriso do Brasil des-taca as ações de voluntariado, a implemen-tação de um Padrão de Tratamento Globalpara todos os seus programas, a doação deequipamentos pela Operation Smile, o trei-namento de profissionais de Saúde de todosos países associados em programas avança-dos realizados nos Estados Unidos e os pro-gramas cirúrgicos nos hospitais públicos emconjunto com as Secretarias de Saúde esta-duais e municipais. Os programas educacio-nais (simpósios, oficinas, palestras, etc) como objetivo de ampliar a auto-suficiência notratamento do fissurado, do estímulo atroca de conhecimentos e experiências entreos profissionais dos países parceiros da Ope-ration Smile é outro ponto de destaque daorganização.

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Triagem de pacientes, em uma das missões realizadas pela Operação Sorriso

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Profissionais voluntários na 9ª missão realizada de Fortaleza, noano de 2006

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Em Bogotá, as fonoaudiólogas Evelin Gondim, Eliane MidoriHanayama e Rita Tonocchi, em companhia do dr. Luiz Bermudez,cirurgião plástico da Colômbia, e Michel VanLue, fonoaudiólogonorte-americano da Operation Smile

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m nosso país, nos últimos anos, osetor de Saúde foi totalmentereconfigurado mas o fonoaudiólo-go ficou estacionado no modeloantigo em que ele era o foco,

como prestador de serviço ao cliente. Hoje,temos de um lado as fontes pagadoras (oSistema Único de Saúde e a Saúde Suple-mentar) e do outro o fonoaudiólogo comoum dos prestadores de serviço. São outrostempos e as oportunidades são outras.Não podemos ficar no modelo antigo domercado da saúde. Se não estivermosenquadrados neste novo sistema, não hácomo planejar o percurso profissional, acomeçar pela formação e passando pelaespecialização e mestrado”.

A avaliação é da dra. Beatriz Cavalcantide Albuquerque Caiuby Novaes, professoratitular da Pontifícia Universidade Católicade São Paulo e vice-coordenadora do Pro-grama de Pós-Graduação em Fonoaudiolo-gia da mesma universidade, com mestra-dos no Brasil e no exterior, doutorado nosEstados Unidos e MBA em Gestão emSaúde pelo IBMEC de São Paulo.

“O fonoaudiólogo precisa urgentemen-te mudar essa visão”, continua a dra. Bea-triz. “As reformas curriculares estão cadavez mais centradas na saúde coletiva e épreciso considerar o quanto o fonoaudió-logo efetivamente possui essa inserção”.

Para ilustrar a necessidade destamudança de posicionamento, a dra. BeatrizNovaes cita uma reportagem recente sobre

publicitários da área de criação, em que serelatava a busca desses profissionais pelaformação em gestão e em fi-nanças.“Mesmo inserido no contexto da criação,esse profissional necessita de uma inserçãotambém nas questões fi-nanceiras e nasestratégias e me-tas da empresa. Se isso nãoocorrer, ele nunca se-rá um bom criador. ACoordenadoria de Estágios da PUC-SP estápreocupada com essa questão e está redi-mensionando sua atuação para ajudar oprofissional em formação e, sua busca”.

A diferenciação entre emprego e car-reira é essencial.

“Ao se candidatar a um emprego, o pro-fissional adota uma postura reativa. Pressu-põe que o mercado criou aquela posição e

que ele terá os predicados para estar nessaposição. Ou seja, pressupõe que aquilo quese deseja está disponível para ser escolhido.Dessa forma, o emprego atende necessida-des primárias, através da remuneração, rela-cionadas à sobrevivência”.

A dra. Beatriz continua seu raciocínio.“Na carreira o profissional é pró-ativo, é oque chamamos de empregabilidade e nãode emprego. Ele se oferece ao mercadocom aquilo que tem de melhor e, conse-qüentemente, terá vantagens sobre osoutros candidatos. Muitas vezes a posiçãopretendida nem existe mas ele analisa osetor e detecta uma competência sua quepode agregar ao setor. Com isso ele aten-de necessidades de segurança e sociais”.

A hierarquia de necessidades de Mas-low (veja a ilustração nesta página) éuma divisão hierárquica proposta porAbraham Maslow, em que as necessida-des de nível mais baixo devem ser satis-feitas antes das necessidades de nívelmais alto. “Cada profissional tem que‘escalar’ uma hierarquia de necessidadespara atingir a sua auto-realização”, expli-ca a fonoaudióloga.

Maslow fez uma divisão, que começacom as necessidades fisiológicas (defome, sede e sono...), passa pelas neces-sidades de segurança (defesa, proteção,emprego, abrigo...), necessidades sociais(relacionamento, amor, participação emum grupo), necessidade de estima (auto-estima, reconhecimento, status) e, por

16 Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008

Gerenciamento de carreira:o ajuste das expectativas

Fonoaudióloga Beatriz Cavalcanti deAlbuquerque Caiuby Novaes

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Necessidadede

auto-realização(desenvolvimento pessoal,

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Necessidades Sociais(Relacionamento, amor, fazer parte de um grupo)

Necessidade de Segurança(defesa, proteção, emprego, abrigo)

Necessidades Fisiológicas(fome, sede, sexo, sono, etc...) Emprego

Profissão

Carreira

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Missão

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Divisão hierárquica proposta por Abraham Maslow (à esquerda) e analogia proposta por Robert Wong (à direita)

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17Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008

último, necessidade de auto-realização(desenvolvimento pessoal, conquista...)

Robert Wong, um headhunter brasi-leiro voltado ao gerenciamento de carrei-ras, utilizou a pirâmide de Maslow parafazer uma analogia (veja a ilustração,também nesta página, cedida pelo autore que estará em um seu próximo livro,atualmente no prelo)

“Wong coloca que o emprego é anecessidade mais básica, tal como anecessidade fisiológica, de sobrevivência.A profissão está ligada à necessidade desegurança. Em seguida a carreira, com o‘eu’ inserido no contexto, onde o profis-sional faz parte de um grupo e, dentrodesse grupo, com as perspectivas de car-reira. O indivíduo, no seu percurso pro-fissional, está em busca de sua vocaçãoe, finalmente, de sua missão. A auto-rea-lização se dará quando a pessoa encon-trar o sentido para o percurso escolhidoe trilhado”.

Para a dra. Beatriz Novaes existemvárias maneiras de pensar o planejamen-to de carreira. “Uma delas é no estabele-cimento dos objetivos, para que seja tra-çada a formação, a especialização, oestágio... Temos que trabalhar a questãodas expectativas dos outros, o que é

esperado de cada um. Muita gente nemsabe o que é Fonoaudiologia...”

“É também necessária a identificaçãodas oportunidades (onde buscar, dentro dequestões geográficas ou de segmentos) e oauto-conhecimento, para detectar ondemelhor se enquadrar (cada um tem seu per-fil). Infelizmente notamos uma total incom-petência do fonoaudiólogo em analisar oambiente, o seu espaço de trabalho. Consi-dero um reducionismo enorme a Fonoau-diologia de consultório, resultante de umaanálise equivocada do ambiente”.

“Especialmente para o fonoaudiólogoque está em formação é imprescindívelestabelecer metas que sejam possíveis deserem atingidas, fazer um planejamentoque possa ser alterado. Dou um exemplo:com as portarias de Saúde Auditiva doMinistério da Saúde, surgiram oportunida-des até então inexistentes. É preciso saberler que nesse momento existem várias pos-sibilidades de trabalho e fazer um planeja-mento com mais flexibilidade”.

A dra. Bia Novaes reconhece que oauto conhecimento é algo muito difícil.“Só ser fonoaudiólogo não é suficiente.Só irá provavelmente ter uma carreira desucesso se se concentrar em suas habili-dades. Conhecer-se bem, portanto, é a

primeira providência. Daí surgem váriaspossibilidades para valorizar e alavancarseus pontos fortes e elevar os pontos fra-cos a níveis aceitáveis. Este é um proces-so dinâmico: as escolhas são feitas aolongo do processo, às vezes sem saberpara onde está sendo levado”.

A fonoaudióloga resume: “o ‘poderfazer’ depende de conhecimento e habili-dades, o ‘querer fazer’ depende de atitu-de. Com apenas um deles, até pode serobtido um bom desempenho, mas exce-lência só quando juntamos as duas coisas.O que falta para a Fonoaudiologia é umamais atitude pró-ativa e de se estabelecerno contexto do setor Saúde com maismaturidade. O que tem acontecido muitona Fonoaudiologia é a busca fora da ocu-pação. O profissional sai para fazer outracoisa, porque não identifica no mercadouma possibilidade. É a dificuldade de ana-lisar o ambiente. Acredito que nestemomento existem muitas oportunidades,só nos falta o que chamo de gana”.

“No gerenciamento de carreira éimprescindível disciplina, foco, atenção,conhecimento, paixão e consistência. Erespeitar ciclos – históricos, do setor, pes-soais, geográficos – para saber o tempode tomar a decisão”.

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Programa Hear the Worldapóia Triagem Auditiva

Neonatal Universal no Brasilodos os que gravitam na área desaúde auditiva discutem porquemilhões de pessoas que possuemproblemas de audição não reco-

nhecem, não são informados ou nãorecebem o devido atendimento”, lamen-ta Pedro Stern, que desde 1984 atua naárea e tem acompanhado várias iniciati-vas no Brasil e no exterior. Ele garantenunca ter visto um programa como o“Hear the World”, criado pela empresasuíça Phonak, uma dos três maiores fabri-cantes mundiais de aparelhos auditivos,que é representada no Brasil pela CASProdutos Médicos, na qual é presidente.

A Phonak resolveu criar uma Funda-ção, com atuação mundial, totalmentedesvinculada do objetivo comercial daempresa, para divulgar as questões daaudição, com base na transmissão dainformação e no investimento ou apoioa iniciativas de pesquisa, particularmenteem termos de prevenção. O tenor Pláci-do Domingo e a Orquestra Filarmônicade Viena cederam suas imagens e seusdepoimentos, como embaixadores mun-diais dessa causa.

Lançado em dezembro de 2006, oprograma conta uma representação emcada país, que identifica uma causa paraapoiar. No Brasil a selecionada foi a Tria-gem Auditiva Neonatal Universal (Tanu),com abordagem ampla, sem vínculo a

entidades ou iniciativas isoladas. A deci-são levou em conta que, enquanto nosEstados Unidos 95% das crianças já sãorecebem essa triagem e na Europa tam-bém esse índice é elevado, na AméricaLatina isso não ocorre. Mesmo noBrasil, que apresenta o melhor índi-ce do continente sul-americano, éde apenas 5%. O programa prevêa disponibilização de informaçõespara a população em geral paraevitar que se descubra muitotardiamente a perda de audi-ção e os prejuízos dele decor-rentes. Pedro Stern acredita queserá possível não só reabilitar acriança mais cedo mas tambémconseguir entender melhor quaissão as causas da perda auditiva noBrasil, para uma melhor preven-ção. Com a evolução do programa,será possível colher melhores esta-

tísticas sobre as possíveis causas da defi-ciência auditiva.

A fonoaudióloga Marilisa F. Zavagli,diretora de produto e de treinamento daCAS Produtos Médicos, coordena o progra-ma Hear the World no Brasil. Ela conta queum site está sendo criado na Internet, cominformações sobre os programas já implan-tados no país. “Vamos criar sessões de tra-tamento à distância e palestras online den-tro do próprio site e queremos apoiar acriação de um centro de treinamento. Umdos objetivos desse site, além de disponibi-lizar gratuitamente todo o treinamentoonline e, também, o de induzir as pessoasque estão utilizando o serviço para secadastrarem e colocarem os dados que vãoobtendo”. A Fundação está em nego-ciação com algumas instituições econta com o suporte dafonoaudióloga Doris R.Lewis, como consulto-ra técnica da cam-panha bra-sileira.

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Tenor Plácido Domingo, embaixador mundial da campanha

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No Brasil, Triagem Auditiva Neonatal Universial é foco da campanha

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19Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008

O CFFa, representado por sua presiden-te – fonoaudióloga Sandra Maria Vieira Tris-tão de Almeida – participou do segundoevento Pautar Brasil, organizado pelo Insti-tuto Brasileiro de Desenvolvimento Econô-mico e Social (IBDES) no Centro de Conven-ções Ulysses Guimarães, em Brasília (DF), de16 a 17 de junho. O objetivo do encontrofoi debater a organização dos Conselhos deRegulamentação Profissional e a qualidadedos serviços ofertados, tendo como públicoalvo os conselhos federais e regionais das

profissões, as entidades profissionais do Bra-sil e seus correspondentes no Mercosul e osprestadores de Serviços para Conselhos. Oprimeiro encontro foi realizado em maio de2007, também em Brasília.

A tônica deste segundo encontro foi ade propor o debate a respeito das profis-sões e dos conselhos federais e regionaiscomo fator de desenvolvimento humano ede crescimento econômico, ao mesmotempo em que se buscou alinhar posiçõesa respeito das relações profissionais pós-liberação de trabalho no Mercosul. Ofomento a organização interna das insti-tuições, a capacitação de pessoal e a qua-lidade de serviços para a sociedade (inclu-sive para a obtenção da certificação ISO9001) e o debate estratégico sobre o futu-ro das profissões representadas naqueleencontro e a empregabilidade destas nasociedade do futuro foram outros assun-

tos que permearam as discussões. A meto-dologia utilizada foi a de palestras em ple-nária, painéis de debate, apresentações decasos em palestras e também entrevistasno formato talk show.

Apesar do público menor do que o doprimeiro encontro, a avaliação dos partici-pantes, segundo os organizadores doevento, foi positiva. A avaliação de 59%dos participantes que preencheram a fichade avaliação apontou o evento como“excelente” ou “bom”.

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PAUTAR BRASIL

Segundo encontro discute papel dos Conselhos

CONCURSO DE PROVAS E TÍTULOS

Cuidados prévios para não perder pontosA concessão do título de especialis-

ta pelo Conselho Federal de Fonoaudio-logia, para as áreas de Audiologia, Lin-guagem, Motricidade Orofacial, Voz eSaúde Coletiva, realizado por intermé-dio de concurso de provas e títulos,segue as determinações contidas emcinco resoluções do CFFa, quatro delaseditadas em 2006 (as de número 320,321, 322 e 323) e uma (a de número344) editada em 2007. Todas as resolu-ções estão disponíveis no site da autar-quia, em www.fonoaudiologia.org.br.O próximo concurso – o terceiro – estáprevisto para o primeiro semestre de2009.

Para a prova de títulos, alguns cui-dados simples devem ser observadospelo fonoaudiólogo que planeja deleparticipar, em relação à documentaçãoexigida. Não há alteração em relaçãoaos documentos solicitados nos concur-sos anteriores, mas as certidões, decla-rações e certificados que devem serapresentados necessitam seguir as exi-gências contidas no edital.

São cuidados simples e que muitasvezes são esquecidos, como resultadode uma leitura apressada das instru-ções. Ao detectar problemas na docu-mentação, a entidade responsável pelaaplicação do concurso é obrigada adesconsiderar os documentos, muitas

vezes vitais para a pontuação mínimaexigida ou, até mesmo, impugnar aparticipação.

Alguns exemplos de situações quepodem comprometer o bom resultadodo concurso de títulos e provas, queforam detectados nos concursos ante-riores, foram relacionados pelo CFFa esão apresentados a seguir.

O edital é muito claro na exigênciade apresentação de cópias autenticadasou na apresentação do original, paraser cotejado. Sem isso, a documenta-ção não é aceita.

Uma das exigências do edital é aapresentação de certidões e declara-ções, para que possa ocorrer a conces-são da pontuação. O que muitas vezesfalta nesses documentos? A identifica-ção do signatário. A assinatura está nodocumento, mas sem a identificação dequem o assinou, é inviabilizada suaaceitação.

Também é exigido que, na apresen-tação de um certificado de curso deespecialização, conste o seu programa,para que possa ser verificado se preen-che as condições estabelecidas parapontuação. Se este histórico não é ane-xado, a documentação é desconsidera-da e os pontos se perdem.

Muitas vezes, a declaração de apro-vação em concurso público, que é obri-

gatoriamente publicada em Diário Ofi-cial, é documentada apenas com orecorte dessa publicação, sem a identi-ficação da edição, da página e da datada publicação. E lá se vão pontos pre-ciosos...

Em cursos de curta duração, anomenclatura utilizada muitas vezesnão deixa suficientemente claro o seuconteúdo programático. O históricoescolar é, novamente, essencial paranão se perder pontos.

É importantíssimo que o fonoaudiólo-go fique atento a todas as exigências doedital. E também as instituições que ofe-recem esses cursos, para que não sejamgeradas documentações incompletas.

Verifique o documento em seu po-der e faça contato antecipadamente coma instituição de ensino, se detectar algu-ma falha, para que possa ser regulariza-da em tempo. Esta simples providênciapode fazer com não se perca pontos pre-ciosos, que podem até inviabilizar a con-cessão do título.

É importante lembrar que os títulosexpedidos a partir de 1º de janeiro de2007 necessitam ser revalidados a cadacinco anos. Esta é uma decisão que temo objetivo de priorizar e estimular aeducação continuada, em benefício dopróprio profissional, da sociedade e daprofissão.

Page 20: Baixe aqui a edição do Jornal CFFa nº38 de 2008

O Conselho Federal de Fonoaudiologia, representado pelas con-selheiras Denise Terçariol e Maria Teresa Cavalheiro, pela assessoratécnica Talita Freitas Leite e pelas representantes dos ConselhosRegionais de Fonoaudiologia Cláudia Silva Pagotto Cassavia (da 2ª.Região), Solange Pazini e Gisele Kubrusly (da 3ª. Região) ) e Rober-ta Costa Rangel (da 6ª Região), participou ativamente da III MostraNacional de Produção em Saúde, IV Seminário Internacional deatenção Primária/Saúde da Família e III Concurso Nacional de Expe-riências em Saúde da Família, promovidos pela Secretaria de Aten-ção à Saúde – Departamento de Atenção Básica (DAB) do Ministé-rio da Saúde em Brasília, no período de 5 a 8 de agosto.

O conjunto de eventos que aconteceu simultaneamente nomesmo espaço e período, comemorou os 30 nos da Declara-ção de Alma Ata, os 20 anos do Sistema Único de Saúde (SUS)e os 15 anos de Implantação do Programa de Saúde da Famí-lia. Segundo o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, hojemais de 89 milhões de brasileiros estão sendo acompanhadospor quase 28 mil equipes Saúde da Família e 16 mil equipes deSaúde Bucal da Família inseridas nesta estratégia. O processode fortalecimento e renovação da Atenção Primária é o meca-nismo adotado pelo Ministério na busca de melhores resulta-dos de saúde, gerando eqüidade, integralidade e universalida-de, como preconizam os princípios do SUS.

O evento discutiu inúmeros temas relacionados à AtençãoPrimária, mais especificamente os que envolvem a estratégia deSaúde da Família, desde o financiamento até os desafios enfren-

tados cotidianamente pelos profissionaisde saúde que atuam diretamente com osusuários favorecidos com esta proposta.As temáticas Saúde do Idoso, da Mulher,da Pessoa com Deficiência e da Criança edo Adolescente tomaram destaque emvárias atividades do evento na perspectivada Atenção Básica.

Esteve presente no evento a fonoau-dióloga Érika Pisaneschi, da área técnicada Saúde da Pessoa com Deficiência doMinistério da Saúde, que coordenou adiscussão sobre a assistência à pessoacom deficiência na perspectiva da Aten-ção Básica e sua reabilitação na equipede Saúde da Família, preconizada pelaPolítica Nacional da Pessoa Portadora deDeficiência.

As fonoaudiólogas presentes relata-ram que o Núcleo de Apoio à Saúde daFamília (Nasf) foi assunto que perpassou

diferentes espaços, haja visto que a partir da Portaria nº 154,de 24 de janeiro de 2008, iniciou-se o debate que visa aten-der a uma das maiores reivindicações dos profissionais daSaúde da Família: a inserção de áreas correlatas às atividadesdos profissionais da Atenção Básica. Embora os espaços paradiscussão do tema tenham sido pouco contemplados, foram

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Da esquerda para a direita: fonoaudiólogas Maria TeresaCavalheiro, Cláudia Silvia Pagotto Cassavia, Solange Pazini eGiselle Kubrusly

Evento em Brasília discute Atenção Básica e estratégia

da Saúde da Família

No estande do Fentas/FCFAS, uma das reuniões com fonoaudiólogas presentes na mostra. Da esquer-da para a direita: Simone de Oliveira, de Alfenas (MG); Talita Freitas Leite (CFFa); Michele Toso, deSão Carlos (SP) e Raimunda Formiga (do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde)

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Page 21: Baixe aqui a edição do Jornal CFFa nº38 de 2008

21Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008

explorados ao máximo uma vez que ainda existem muitas dúvi-das sobre o processo de credenciamento e implantação dosmesmos nos municípios.

Durante o evento o Ministério da Saúde informou que a Por-taria 1616, de 6 de agosto de 2008, que trata do credenciamen-to dos Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) nos municí-pios acabara de ser aprovada. O texto desta portaria (e de outrosdocumentos relacionados ao tema) podem ser acessados no sitedo Ministério da Saúde, em http://portal.saude.gov.br/saudele-gis/leg_norma_pesq_consulta.cfm.

A expectativa do Ministério da Saúde é de que no próximoevento já existam vários trabalhos relatando experiências exitosasde implantação do Nasf.

O Conselho Federal de Fonoaudiologia elaborou o folder“Fonoaudiologia: um assunto de interesse de toda família” cominformações sobre a atuação do profissional no Nasf. Durante osdias do evento esse material foi distribuído aos participantes no

espaço do Fórum dasEntidades Nacionais dosTrabalhadores da Saúde(Fentas) e do Fórum dosConselhos Federais daÁrea da Saúde (FCFAS).

O Sistema dos Conse-lhos Federal e Regionaisde Fonoaudiologia vemtrabalhando para promo-ver o debate junto à cate-goria profissional nas dis-cussões sobre o Nasf, talcomo a que irá ocorrer no16º Congresso Brasileiro deFonoaudiologia, em setem-bro próximo.

De acordo com o Ministério da Saúde, a atividade física fazparte da rotina de apenas 15% da população. A expectativa doórgão é aumentar este índice para 19%, até 2010. O lança-mento, em 7 de abril, da campanha “Entre no time onde a ati-vidade física e o meio ambiente jogam juntos” foi uma das for-mas de despertar a população para essa questão e simultanea-mente comemorar o Dia Mundial da Saúde.

Entidades ligadas à saúde participaram de atividades em diver-sas cidades brasileiras. Em Brasília, o Parque da Cidade recebeumilhares de pessoas para o lançamento da campanha, que con-tou com a participação do Conselho Federal de Fonoaudiologia,Conselho Regional de Fonoaudiologia da 5ª Região e Secretariade Saúde do Distrito Federal. Em quase duas dezenas de tendasforam oferecida à população palestras, apresentações teatrais,shows de bandas, exposição de alimentos orgânicos, oficina dereaproveitamento de alimentos e reciclagem de papéis, atendi-mento em acupuntura e quiropraxia, massagens, jogos esporti-vos, aulas de ioga, tai-chi-chuan, ginástica e defesa pessoal.

Na tenda da Fonoaudiologia, o espaço foi organizado para aorientação e encaminhamento de pacientes com questões relacio-nadas à audição e voz, em sua maior parte. A distribuição dos fol-ders e a colocação de faixas e banners deram grande visibilidade a es-sas ações desenvolvidas.

Participaram dessas ações a coordenadora do setor deFonoaudiologia da Secretaria Estadual de Saúde do DistritoFederal, fonoaudióloga Christianny Maria de Lima França(que se fez acompanhar de três fonoaudiólogas da secreta-ria); a conselheira Tatiane Leonel, do Conselho Regional de

Fonoaudiologia da 5ª Região e a assessora técnica do Con-selho Federal de Fonoaudiologia, fonoaudióloga Talita Frei-tas Leite. Contatos foram realizados com representantes deConselho Regional de Odontologia do Distrito Federal erepresentantes do Ministério da Saúde e, em especial, doDepartamento de Atenção Básica.

A secretária-executiva do Ministério da Saúde, Márcia Bas-sit Lameiro da Costa Mazzoli, que representou o ministro daSaúde, José Gomes Temporão, parabenizou os profissionaispela atuação e ressaltou que a campanha será uma importantealiada das ações de saúde para a prevenção de doenças e oincentivo à prática esportiva no país.

Dia Mundial da Saúde em Brasília

Grupo de fonoaudiólogas participantes das ações desenvolvidas emBrasília

Foto: C

FFa

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Com o projeto “Panorama EstatísticoEpidemiológico de Perdas Auditivas eImplementação e Otimização do PCA emuma Unidade da Petrobrás", a fonoaudió-loga Graziella Loyola, do Estado da Bahia,foi uma das vencedoras do Prêmio Petro-brás em Segurança, Meio Ambiente eSaúde Ocupacional deste ano.

Especializada em Audiologia Ocupa-cional, a dra. Graziella Loyola, que atuano estado da Bahia, teve seu trabalhoselecionado entre os três melhores,entre quatrocentos inscritos. Os crité-rios utilizados para a escolha dos ven-cedores foram: criatividade e inovação,proatividade, benefício para o setor de

trabalho, simplicidade, potencialidadee abrangência.

Segundo a fonoaudióloga, a premiaçãotrouxe maior reconhecimento quanto àimportância da Fonoaudiologia no âmbitoempresarial e resultou na contratação de pro-fissionais em serviços de Saúde Ocupacionalem algumas unidades da estatal petrolífera.

22 Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008

O Conselho Federal de Fonoaudiolo-gia recebe freqüentes indagações sobre anova cobertura assistencial das operado-ras de Saúde, que incluiu procedimentosfonoaudiológicos. Essa cobertura está pre-vista no novo Rol de Procedimentos eEventos em Saúde, publicado pela Agên-cia Nacional de Saúde Suplementar (ANS)em 10 de janeiro de 2008, por meio daResolução Normativa 167 e passou a ser

obrigatório desde 1º de abril deste anopara todos os planos contratados após 1º.de janeiro de 1999.

As dúvidas mais freqüentes foramcompiladas e estão disponibilizadas nosite da autarquia, em www.fonoaudio-logia.org.br, com o objetivo de tornarmais ágil e rápida as consultas relacio-nadas à cobertura assistencial de Fono-audiologia nas diversas modalidades de

planos de saúde suplementar oferecidosà população.

Para acessar esse arquivo, em formato PDF,selecione a imagem no alto da tela ou, nomenu, a opção CFFa e, em seguida, DúvidasFreqüentes. Nessa mesma opção de menu ofonoaudiólogo poderá efetuar o downloaddomanual de exercício da profissão, elaboradoem conjunto pelo Conselho Federal e pelosConselhos Regionais de Fonoaudiologia.

A história da experiência de uma fono-audióloga na residência no Hospital dasClínicas de São Paulo, no atendimento apacientes disfágicos, deu a Patrícia MatosTaveira do Amaral a Menção Honrosa noConcurso Internacional de Literatura Vita-vision. O livro "DegLUTA – a história decinco brasileiros com dificuldade paraengolir num país com problemas difíceisde engolir" narra os casos de cinco pacien-tes internados com diferentes diagnósti-cos, mas com a disfagia em comum.

A Vitavision é uma empresa brasileiraque atua na área de comunicação audio-visual e que produz e distribui espetácu-los teatrais, cursos, eventos culturais eeducacionais, entre outros. Este concur-so, cujo resultado saiu em 10 de junho,foi direcionado para novos escritores,brasileiros e do exterior.

Patrícia terminou sua formação emFonoaudiologia pela PUC-SP em 1998 elogo em seguida se viu envolvida com dis-fágicos, na enfermaria e em ambulatório,no Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pesco-ço do Hospital das Clínicas, quando de suapós-graduação. Ao concluir a pós-gradua-ção, foi convidada a iniciar o atendimentofonoaudiológico sistemático no Serviço deEsôfago do Departamento de Gastroente-rologia do hospital, como voluntárias, poisnaquela época não havia um fonoaudiólo-go dedicado ao setor.

“Como o trabalho fonoaudiológicovoltado para as especificidades dospacientes com afecções esofágicas erapraticamente nulo, tivemos que começardo zero, estudar as patologias, avaliar ospacientes pré e pós-cirurgia, listar sinto-mas, avaliar os resultados, acompanharcirurgias e exames, participar de eventos,garimpar artigos nas bibliotecas...”, rela-ta Patrícia, que permaneceu dois anos noServiço de Esôfago. “Foi no Hospital dasClinicas que descobri uma fonoaudiolo-gia fascinante. O objetivo do meu traba-lho era promover ou restabelecer umadeglutição segura e eficiente através detécnicas especializadas.”.

“A forma que encontrei para processaresta minha experiência foi através de umlivro que não fosse técnico e que pudesseser interessante para o leitor que não fosseda área. Escolhi cinco casos cujas históriasse costuram e se completam. Temos adimensão do paciente, sua vida, doença etratamento, a dimensão social que tratados problemas do nosso país que são ‘difí-ceis de engolir’, e a dimensão do terapeu-ta, a construção do profissional, as dificul-dades e as reflexões...”

“Aos poucos comecei a me incomo-dar com o fato de não conseguirmosdevolver às pessoas o prazer de vivencia-rem um momento que frequentementefosse acompanhado de uma situação ali-

mentar. O prazer ao qual me refiro nãose restringe ao prazer oral ou ao paladar,mas a algo intimamente ligado ao prazerde se compartilhar uma experiência deconvivência, de aprendizado, de comuni-cação, e de relação, ou seja, situaçõesque constroem a história de cada um”,relata Patrícia na introdução de seu livro.

“O ato de engolir, presente desde oútero materno, embora pareça simplescomo um “glupt” das histórias em qua-drinhos, exige uma engenharia comple-xa, onde músculos, cartilagens, ossos,nervos, sensibilidade, prazer, desejos,reflexos, consciência, e tantos outrosfatores atuem de modo coordenado,incrivelmente rápido e preciso, para queocorra sem sequer nos darmos conta”.

“A minha atuação técnica, emboraaltamente especializada, era insuficientepara tratar a disfagia social, um sintomamuito mais complexo do que a fisiologiada deglutição. Alguns pacientes acredi-tavam que suas histórias de luta eramobras do destino, inclusive, obras de umdestino diabólico. Mas creio que o desti-no seja inocente. Qual a responsabilida-de de cada um de nós sobre as nossaspróprias vidas e sobre as vidas de todosos outros seres humanos? Se todas aspessoas tivessem seus direitos assegura-dos, o destino teria opção?”, pondera afonoaudióloga no seu livro.

Histórias difíceis de engolir dão prêmio para fonoaudióloga

Fonoaudióloga ganha prêmio da Petrobrás

COBERTURA ASSISTENCIAL DAS OPERADORAS DE SAÚDE

Tire sua dúvida sobre o novo Rol de Procedimentos

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“Os atuais presidentes e demais dire-tores da International Association of Oro-facial Myology (IAOM) nos perguntaram,em 2007, se gostaríamos de trazer seucongresso internacional para o Brasil noano de 2010 e aceitamos o desafio”,relata a fonoaudióloga Irene Marchesan.A decisão oficial da diretoria da IAOMsobre a aceitação da proposta brasileira,no entanto, só deverá ocorrer em outu-bro deste ano, durante a convençãoanual da entidade, que ocorrerá na Phi-ladelphia, nos Estados Unidos.

“Há algum tempo lutamos para que oencontro internacional seja realizado noBrasil, com argumentos irrefutáveis anosso ver, particularmente o nível de qua-lidade alcançado pelos profissionais brasi-leiros nessa área e a projeção internacio-nal dessas conquistas. Se o Brasil for efeti-vamente escolhido, realizaremos esseencontro por meio de uma associação

entre o Cefac e a IAOM”. A data e localexatos deverão ser ainda definidos.

A International Association OrofacialMyology (IAOM) ou, em português, Asso-ciação Internacional de Miologia Orofacial,com sede nos Estados Unidos e caráterinternacional, congrega pessoas que tra-

balham na área correspondente a daMotricidade Orofacial no Brasil. A entida-de existe desde os anos 60 e conta comassociados no mundo inteiro, inclusive noBrasil. Multiprofissional, congrega fonoau-diólogos, fisioterapeutas e odontólogos,entre outros profissionais de saúde.

A dra. Irene Marchesan, de SãoPaulo (SP), é filiada à entidade, comooutros fonoaudiólogos brasileiros liga-dos à área de Motricidade Orofacial efoi a primeira fonoaudióloga da Améri-ca Latina a receber, no ano de 2005,uma homenagem dessa associação,pelos trabalhos realizados na área. Aentidade publica uma revista sobremotricidade orofacial, indexada noMedline, que já apresentou vários arti-gos de fonoaudiólogos brasileiros.

Os interessados em informações adi-cionais sobre a IAOM devem acessar o sitehttp://www.iaom.com/.

23Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008

A fonoaudióloga MarianaGermano Gejão, ex-aluna do pro-grama de Mestrado em Fonoau-diologia da Faculdade de Odonto-logia de Bauru (FOB) da Universi-dade de São Paulo (USP), foi pre-miada como a autora do melhortrabalho apresentado no V Con-gresso Brasileiro de Triagem Neo-natal, I Congresso Brasileiro deErros Inatos do Metabolismo e IISeminário Nacional de TriagemNeonatal, ocorrido de 6 a 9 deagosto, em Caldas Novas (GO). A apresen-tação premiada é parte de sua dissertaçãode mestrado sobre “Habilidades do Desen-volvimento de Crianças com Hipotireoidis-mo Congênito diagnosticadas pela TriagemNeonatal”. De todos os trabalhos apresen-

tados no congresso somente dois foramescolhidos para receber o “Prêmio BenjaminSchmidt de Triagem Neonatal”.

O trabalho foi orientado pela professo-ra Dionísia Aparecida Cusin Lamônica, chefedo Departamento de Fonoaudiologia da

FOB/USP (na foto, à direita, aolado da fonoaudióloga premiada)e desenvolvido em parceria como Laboratório de Screening Neo-natal da Associação de Pais e Ami-gos dos Excepcionais (APAE) deBauru, um dos seis centros cre-denciados do Ministério da Saúdepara o acompanhamento decrianças com alterações do meta-bolismo, principalmente parahipotireoidismo congênito e fenil-cetonúria.

Como o profissional fonoaudiólogonão faz parte da equipe de profissionaisprevista pelo Ministério da Saúde, este éo primeiro trabalho desenvolvido dogênero, portanto inédito em territórionacional.

Fonoaudióloga é premiada emCongresso de Triagem Neonatal

Congresso da IAOM poderá ser no Brasil em 2010

Fonoaudióloga Irene Marchesan

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24 Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008

O evento de avaliação de 2007 e deplanejamento para 2008 do ProjetoColetivo das Oficinas Coletivas do FórumNacional de Educação das Profissões naÁrea da Saúde (Fnepas) foi realizado nosdias 13 e 14 de março de 2008, no Riode Janeiro (RJ) com a participação de 58pessoas, entre representantes e convi-dados das entidades integrantes do Fne-pas, coordenadores regionais e repre-sentantes das comissões organizadorasdas oficinas ocorridas em 2007. O Fne-

pas foi criado em julho de 2004 e con-grega entidades envolvidas com a edu-cação e desenvolvimento profissional naárea da Saúde. A Sociedade Brasileira deFonoaudiologia, por sua Comissão deEnsino, representa os profissionaisfonoaudiólogos.

O objetivo geral do encontro realizadono Rio de Janeiro foi o de organizar o pro-cesso de reflexão e sistematização dasinformações para planejamento e orienta-ção metodológica das atividades que já

estão ocorrendo em 2008; possibilitar atroca de experiências na construção dasmudanças na graduação e maximizar odiálogo entre as diretorias de entidades deensino e o Fnepas.

A mesa de abertura do encontro tra-çou um panorama das atividades do Fne-pas em 2007. Logo após, os participantesforam divididos em grupos, agrupados porregiões. No segundo dia do encontro, “Osdesafios da participação na definição eimplementação de políticas de formaçãoem saúde” foram apresentados pela Dra.Laura Feuerwerker. Em seguida, os partici-pantes foram novamente divididos, agoraem grupos mistos, para discutir estratégiasefetivas para consolidação dos mecanis-mos de participação coletiva e cooperadados atores envolvidos na formação dosprofissionais de saúde.

Na plenária final foram apresentadosos resultados das discussões dos grupos erealizada a avaliação da oficina. Serãomantidas Oficinas de Sensibilização noslocais onde ainda não foram realizadas e otrabalho será expandido e aprofundado apartir das necessidades locais.

OOffiicciinnaa CCoolleettiivvaa FFnneeppaass ddaaGGrraannddee SSããoo PPaauulloo

Com 238 participantes, a Oficina Cole-tiva Fnepas da Grande São Paulo foi reali-zada na Faculdade Santa Marcelina, nacapital paulista, em 26 de abril, com amplarepresentação dos fonoaudiólogos dediversas Instituições de Ensino Superior, deServiços e do Conselho Regional de Fono-audiologia da 2ª Região.

Duas mesas redondas foram realiza-das. Na primeira, com o tema “Integra-ção ensino-serviço nas redes municipaisde saúde", as debatedoras foram LauraFeuerwerker e Karina Calif. Na segunda –"A formação para o trabalho em equipe"– as debatedoras foram Regina Marsigliae Marina Peduzzi. Os trabalhos emgrupo, que deram seqüência à progra-mação, transcorreram de forma produti-va e colaborativa.

Participaram da organização do even-to as fonoaudiólogas Maria Cecília BoniniTrenche e Vera Lúcia Garcia, representan-tes da Comissão de Ensino da SociedadeBrasileira de Fonoaudiologia.

Fnepas avalia 2007 e planeja ações para 2008

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ra Lúcia Garcia

Trabalhos em grupo, na Oficina Coletiva da Grande São Paulo, transcorreram de forma produtiva e colaborativa

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Oficina Coletiva Fnepas da Grande São Paulo contou com 238 participantes

Para saber da programação que estáacontecendo em todo o país acesse o

site http://www.fnepas.org.br.

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25Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008

O Telelibras, uma iniciativa da ONG Vez da Voz, dirigida pelafonoaudióloga Cláudia Cotes, no ar desde fevereiro de 2007, é oprimeiro telejornal inclusivo e inédito na Internet, que transmiteinformações sobre o que acontece no Brasil e no mundo e é volta-do às pessoas com deficiência auditiva e aos interessados em apren-der a Libras. Apresentadores e um intérprete dividem o mesmo espa-ço na tela do vídeo, mostrando que todos são iguais, apesar dasdiferenças.

“É muito complicado para um deficiente auditivo se infor-mar através de um jornal, de uma revista ou de um site. Então,nós resolvemos criar um projeto que falasse a língua deles e daísurgiu o Telelibras”, diz Roberta Lage, uma das voluntárias doprograma.

Os vídeos são disponibilizados semanalmente e tem, em média,cinco minutos de duração, tempo que é considerado ideal paraassistir na Internet. O resultado são quase dez mil acessos mensaisno site da ONG, em www.vezdavoz.com.br.

O Telelibras prioriza as notícias relacionadas aos deficientes, mastambém fala de outros temas, em todas as áreas, como política,esporte, economia, cultura, emprego, atualidades e inclusão social.Além dos deficientes auditivos, a equipe do telejornal abre espaçopara outros tipos de deficiências, como a visual, física e intelectual,com o objetivo de descobrir suas reais necessidades. As gravaçõesexternas são feitas por repórteres com Down, deficientes visuais oucadeirantes, sempre com um intérprete de libras ao lado.

A fonoaudióloga Cláudia Cotes coloca entre os objetivos daONG que dirige a transmissão do programa por um canal de TV epor outros sites de responsabilidade social e sua transformação emum telejornal diário, tornando o programa mais abrangente, dire-cionado a todas as pessoas, com e sem deficiência.

A importância da iniciativa levou o programa “Ação”, exibidopela Rede Globo e reprisado pelo canal Futura, apresentado porSerginho Groisman, a elaborar um programa especial, onde foramapresentados os projetos desenvolvidos pela Vez da Voz que priori-zam a interação das pessoas com e sem deficiência e buscam ofere-cer oportunidades de comunicação e inclusão, respeitando as dife-renças humanas.

Vez da Voz criatelejornal em Libras

Foto: E

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ONG Vez da Voz também marca presença em eventos de conscientização dapopulação, como este na av. Paulista, em São Paulo (SP)

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26 Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008

Fonoaudiólogoscearenses na

campanha contrarubéola

No Centro de Saúde Turbay Barreira, em Fortaleza, a equipede trabalho formada por fonoaudiólogos, gestores, assistentessociais, médicos, professores e alunos da Universidade deFortaleza

Foto: U

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EErrrraattaa

A fonoaudióloga Marianna Scholte Carneiro, coordenadora do Cursode Fonoaudiologia da FEAD, encaminhou correspondência ao Jornal doCFFa em que agradece a menção à Campanha da Voz realizada na institu-ição e solicita duas correções. O nome correto da instituição é FEAD –Centro de Gestão Empreendedora e não Fundação Educacional AntônioDadalto, como foi incorretamente publicado. Nas informações encamin-hadas pelo FEAD ao Jornal do CFFa deixaram de ser incluídos os nomes dedois professores organizadores, Marianna Scholte e Juliana Nunes, razãopela qual não foram mencionados. A menção é agora registrada.

A campanha de vacinação contra rubéola emFortaleza (CE), iniciada em 9 de agosto de 2008,contou com a participação de fonoaudiólogos,professores e estudantes do curso de Fonoaudiologiada Universidade de Fortaleza (Unifor), para aorientação dos pais sobre os riscos da doença emgestantes e seus reflexos nos bebês. A ação contoucom o apoio do Conselho Regional de Fonoaudiologiada 8a Região.

Em seis postos de vacinação da capital cearenseforam desenvolvidas atividades lúdicas, palestrasinformativas, distribuição de folhetos eencaminhamentos para realização do teste daorelhinha, no repertório de uma intensa ação depromoção de saúde.

Este envolvimento deu continuidade às parceriasque vem sendo efetuadas pelos fonoaudiólogoscearenses com as Secretarias de Saúde estadual emunicipal para alertar a população sobre osdesdobramentos causados por uma saúde deficitária.

A meta do Ministério da Saúde, na CampanhaNacional de Vacinação para a Eliminação da Rubéola,é estender a cobertura vacinal para 70 milhões debrasileiros, principalmente os homens com idades de20 a 39 anos. Em anos anteriores, os públicos-alvosforam crianças e mulheres.

Agradeço muitíssimo a atenção de vocês em relação aoreenvio do Jornal do CFFa. Parabéns pelo excelente trabalhoque estão desenvolvendo no Conselho e a pronta solução paraas nossas necessidades.

FFoonnooaauuddiióóllooggaa MMaarriiaa EEllzzaa KK..YY..DDoorrffmmaannPPoorrttoo AAlleeggrree ((RRSS))

Agradeço imensamente a homenagem que recebi no jor-nal do Conselho do Conselho Federal de Fonoaudiologia.Fiquei muito feliz e mais motivada para continuar na inces-sante luta pela defesa dos princípios do SUS.

AAnnaa LLúúcciiaa CCaammaarrggooBBrraassíílliiaa ((DDFF))

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27Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008

Disfagias Orofaríngeas – Volume 2 FFoonnooaauuddiióóllooggaass AAnnaa MMaarriiaaFFuurrkkiimm ee CCéélliiaa RReeggiinnaa QQuueeiirroozz SSaannttiinnii ((oorrggaanniizzaaddoorraass)) PPrróó--FFoonnootteell.. (11) 4688-2220 / 2275 / 2485ee--mmaaiill:: [email protected]

Com prefácio da fonoaudióloga IreneQueiroz Marchesan e a colaboração cientí-fica de Dinah Aguiar Población, Lucia Ira-cema Zanotto de Mendonça e Suely Cecí-lia Olivan Limongi, o segundo volumedesta coleção discute temas importantespara os profissionais atuantes no setor, querealizam diagnósticos ou reabilitação e queprecisam de constante apreciação sobre ossintomas dos seus pacientes. Para comporeste volume, as organizadoras convidaram23 profissionais e professores de renomena área. Em 15 capítulos são abordadosaspectos fundamentais em trabalhos comdisfagia, como: neurologia da deglutição;efeito do uso de diferentes tipos de dro-

gas; transição da alimentação alternativapara oral; disfagia em terapia intensiva; usoda traqueostomia e da válvula de fala; decomo obter uma documentação corretados dados da avaliação; atendimento emdomicílio; disfagias infantis; demência; tra-tamento endoscópico e cirúrgico dos dis-túrbios esofágicos; estudo qualitativo pormeio de videofluoroscopia; pHmetria eso-fágica; espectrofotometria do refluxo eopções cirúrgicas nos casos de disfagiaaspirativa.

Manual Bem-Humoradodos Privilegiados Auditivos

22ªª.. EEddiiççããooGGuussttaavvoo AAmmoorriimmee--mmaaiill::[email protected]

Neste livro, o autor expõe com humor efineza como fez da sua limitação físicaalgo a superar e passa um lição paraquem se recusa a utilizar aparelhos audi-tivos. O autor afirma, na contracapa dolivro: “A formidável alquimia da deficiên-

cia em vantagem é o ponto de mutaçãoexistencial de qualquer portador denecessidades especiais. E esta verdadeiratransubstanciação mental está funda-mentada numa mudança radical deponto de vista”.

Quando a Fala FaltaIInnssttiittuuttoo ddee PPssiiccaannáálliissee ee TTrraannssddiisscciipplliinnaarriiddaaddeeee--mmaaiill:: [email protected]

Organizada pela fonoaudió-loga Carla Guterres Graña ecom a participação, entreoutras autoras, das fonoaudiólogas e con-selheiras federais Denise Terçariol e Marle-ne Canarim Danesi, a obra aborda as novastendências do trabalho do fonoaudiólogoe suas relações com a psicanálise. Os auto-res vinculam-se a diferentes instituições,concepções técnicas e linhas de pesquisadentro dos estudos da clínica da lingua-gem realizados no sul do país,tendo emcomum um único objetivo: discutir asinterfaces entre a Fonoaudiologia e a Psi-canálise.

genda

Na prateleira

BBrraassiill

55oo CCoonnggrreessssoo MMuunnddiiaall ddeeNNeeuurroorrrreeaabbiilliittaaççããooDDaattaa:: 24 a 27/09/2008LLooccaall:: Rio de Janeiro (RJ)PPrroommooççããoo:: Rede Sarah de Hospitais deReabilitação e Federação Mundial deNeurorreabilitação (WFNR)IInnffoorrmmaaççõõeess:: www.sarah.br/wfnr-rio2008/

1166oo CCoonnggrreessssoo BBrraassiilleeiirroo ddeeFFoonnooaauuddiioollooggiiaaDDaattaa:: 24 a 27/09/2008LLooccaall:: Campos do Jordão ConventionCenter, em Campos do Jordão (SP)PPrroommooççããoo:: SBFa (Sociedade Brasileirade Fonoaudiologia) IInnffoorrmmaaççõõeess,, iinnssccrriiççõõeess ee ssuubbmmiissssããooddee ttrraabbaallhhooss::www.sbfa.org.br/fono2008ee--mmaaiill:: [email protected]

CCoonnggrreessssoo BBrraassiilleeiirroo ddeeFFoonnooaauuddiioollooggiiaa HHoossppiittaallaarr eeSSiimmppóóssiioo ddee FFoonnooaauuddiioollooggiiaa ddaaEEssccoollaa SSuuppeerriioorr ddaa AAmmaazzôônniiaa((EEssaammaazz))DDaattaa:: 19 a 22/11/2008LLooccaall:: Belém (PA)

IInnffoorrmmaaççõõeess ee iinnssccrriiççõõeess::tteell..:: (0 ** 91) 3087-0309ee--mmaaiill::[email protected]

IIIIII CCoonnggrreessssoo SSuull--BBrraassii lleeiirroo ddeeFFoonnooaauuddiioollooggiiaa –– CCRRFFaa 33ªª RReeggiiããooDDaattaa:: 21 a 22/11/2008 LLooccaall:: Maringá (PR)PPaattrrooccíínniioo:: CRFa-3aa Região IInnffoorrmmaaççõõeess ee iinnssccrriiççõõeess::http://www.softeventos.com/eventos/ futuros/evento_01/evento_01.html

2244ºº.. EEnnccoonnttrroo IInntteerrnnaacciioonnaall ddeeAAuuddiioollooggiiaa ((EEIIAA))DDaattaa:: 18 a 21 de abril de 2009LLooccaall:: Universidade Sagrado Coração,em Bauru (SP)PPrroommooççããoo:: Academia Brasileira deAudiologia (ABA)IInnffoorrmmaaççõõeess::ww.audiologiabrasil.org.br, tteell.. (11) 3253-8711 ou ffaaxx (11) 3253-8473

66oo CCoonnggrreessssoo MMuunnddiiaall ddeeDDiissttúúrrbbiiooss ddaa FFlluuêênncciiaaDDaattaa:: 5 a 8/08/2009 LLooccaall:: Centro de Convenções

Rebouças, em São Paulo (SP)RReeaalliizzaaççããoo:: Laboratório deInvestigação Fonoaudiológica daFluência da Faculdade deMedicina da Universidade de SãoPaulo em conjunto com a IFA,com o apoio do Comitê deFluência da SBFaIInnffoorrmmaaççõõeess ssoobbrree aa ssuubbmmiissssããooddooss ttrraabbaallhhooss:: prof. John VanBorsel ([email protected])O website do congresso aindaestá em construção

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EExxtteerriioorr

TThhee 22000088 AASSHHAA CCoonnvveennttiioonnDDaattaa:: 20 a 22/11/2008LLooccaall:: McCormick Place West , Chicago,Illinois (Estados Unidos) IInnffoorrmmaaççõõeess::www.asha.org

2288tthh IInntteerrnnaattiioonnaall CCoonnggrreessss ooff tthhee IIAALLPPDDaattaa:: 22/08/2010 - 26/08/2010LLooccaall:: Atenas (Grécia), no "InternationalConference Centre, the Athens ConcertHall".IInnffoorrmmaaççõõeess:: www.ialpathens2010.gree--mmaaiill:: [email protected]

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