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Bíblia e Misticismo Comentários bíblicos com as chaves ocultas cabalísticas, gnósticas e místicas Mariano Soltys

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Bíblia e

Misticismo Comentários bíblicos com as chaves ocultas

cabalísticas, gnósticas e místicas

Mariano Soltys

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Bíblia e Misticismo

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Catalogação

SOLTYS, Mariano. Bíblia e Misticismo: comentários

bíblicos com chaves ocultas cabalísticas, gnósticas e

místicas. São Paulo: AG Book, 2012.

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Bíblia e Misticismo

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Prefácio

O presente livro trata da Bíblia de uma forma que

você nunca viu. Aqui proponho a visão mística, que seria

o quarto nível de interpretação bíblica, uma vez que os

três anteriores são o literal, o moral e o alegórico. Baseio-

me em diversas filosofias, em especial a cabala e a gnose,

de onde tirei grandes informações das interpretações das

passagens feitas pelos antigos, o que nos interessa para

compreender os textos. Muitas vezes falo com as pessoas

que trabalham com a Bíblia, seja em sua corrente

religiosa, ou por outra obra, e vejo que mesmo elas não

compreendem muitas das passagens, em especial do

Antigo Evangelho. Como esses textos são judaicos,

percebi que já muito foi estudado dos mesmos, e que

existem escritos místicos como o Zohar e o Sepher

Yetzirah, que nos dão a chave de muitos dos mistérios

ocultos em passagens como os presentes no livro do

Gênese ou mesmo de Ezequiel, que são cheios de

simbologias. O livro possui uma linguagem leve, sem

defesas teológicas ou críticas científicas, uma vez que

aqui respeitamos o livro dos livros, acima de tudo. Esse

livro contém também muita informação, que lhe será útil

e que poderá contribuir a uma visão mais ampla das

escrituras, que foram textos escritos por sábios e

inspirados pelo Espírito Santo. Outrossim, trago a

contribuição dos evangelhos apócrifos, especialmente os

descobertos por arqueólogos em Q‘unram, no Egito.

Descubra os mistérios mais profundos da Bíblia, leia e se

surpreenda. Boa leitura.

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Sumário

A ESSÊNCIA CRISTÃ E SUA MÍSTICA ......................... 6

Gênese ............................................................................ 9

Dilúvio ............................................................................ 10

Êxodo, Moisés e Patriarcas ......................................... 11

Tábuas da Lei ................................................................ 15

Deuteronômio e o divórcio .......................................... 18

Deuteronômio e o dízimo ............................................ 22

Nascimento místico de Jesus ...................................... 25

O menino Jesus na infância e seus milagres ............ 29

O batismo de Cristo ...................................................... 35

O nome místico de Jesus ............................................. 36

Pescaria de homens ...................................................... 37

Multiplicação dos pães e dos peixes........................... 37

Pegar a cruz e segui-lo ................................................. 38

Espinho na carne de Paulo .......................................... 39

A cura de todos os males ............................................. 42

Como orar ...................................................................... 43

O bom samaritano ........................................................ 44

Aquele que tem ............................................................. 45

Só o que sai pela boca pode ser impuro..................... 45

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Aspectos místicos do Natal ......................................... 46

Marias............................................................................. 51

Eucaristia, Corpus Christi e Adão Kadmon .............. 51

O mistério da cruz ........................................................ 56

Os três céus de Paulo.................................................... 57

Ressurreição .................................................................. 57

O juízo final ................................................................... 58

Os profetas falaram de Cristo ..................................... 59

O semeador espiritual .................................................. 59

Cristo não morreu......................................................... 60

O reino dos céus ............................................................ 61

De onde está Cristo....................................................... 61

Sobre os santos ............................................................. 61

A porta estreita.............................................................. 62

O amor do cristão ......................................................... 63

ESTUDO MÍSTICO SOBRE O GÊNESIS ....................... 65

SOBRE O PERSONAGEM BÍBLICO ENOC ................. 109

ESTUDO OCULTO SOBRE O APOCALIPSE ................ 124

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A Essência Cristã e Sua

Mística

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Introdução

O presente capítulo trata de uma visão particular

sobre o Cristo, baseada em fontes pouco levadas em

conta, como fontes chamadas apócrifas, gnósticas e

outras. O que me interessou foi o misticismo em torno de

Cristo e não a defesa de um ou outro ponto religioso

específico, nem de uma seita particular. Falo sobre

diversos temas, muito polêmicos, como o caso do dízimo,

do sábado, do batismo, da ressurreição, e outros tão

conhecidos pelo ponto de vista moral. O que me interessa

aqui é o que vai além dessa análise moral, o que

transcende o material. Parto do princípio de que Cristo

está em todo lugar, que não importa onde nasceu

historicamente, mas que nasça dentro do coração de cada

um. Daí que é o tão aclamado Cristo interno, Cristo

cósmico. Assim também é o Reino, que está dentro de

nós. Gosto, ademais, de trazer alguns símbolos, os quais

estão um tanto esquecidos pelas religiões cristãs atuais,

mas que no cristianismo primitivo eram bem presentes.

Acredito que cada um deve buscar por si mesmo o que

entende por divino, e aqui apenas demonstrei uma linha

cristã numa visão particular minha, apesar de que gosto

de muitas religiões, não excluindo nada que me leve à luz

na minha vida. Mas para não gerar confusão, não tracei

nenhum diálogo intra-religioso, uma vez que a presente

obra não teve esse fim. Tal diálogo já existe no meu

pensamento, mas aí é uma questão filosófica. O presente

ensaio tem o condão apenas de revelar o que já foi

revelado, mas que não foi levado em conta com o devido

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valor, como os evangelhos encontrados no Mar Morto,

em Nag Hammadi (no Egito), e outros que já existiam,

apesar de julgados de apócrifos. Defendo aqui uma visão

mais ampla, não presa a uma religião cristã ou outra, ou a

uma seita ou outra, mas a visão mística do Cristo, que é o

que para mim leva a verdade, ou seja, que ele está muito

próximo a todos, e até aos que não são cristãos.

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Gênese

Deus criou tudo do nada, pois apenas Ele é tudo.

Para tanto, aquele tudo que somos difere do tudo que Ele

é. A criação do Universo se deu pelo sopro, ou melhor,

pelo Espírito. A segunda pessoa da sagrada trindade foi o

grande agente criador, ou melhor, o Logos ou Verbo que

encarnou em Jesus Cristo (Yeoshuah), sendo a sua vida e

obra manifestação simbólica da operação desse Verbo na

existência. O Sol é uma materialização semelhante. Cristo

não morreu, ele permanece em nós através do Paráclito

ou Espírito Santo. O Cristo interno e cósmico está em nós

e em tudo (como disse Tomé, corta um pedaço de

madeira e lá estará ele, pega uma pedra e lá estará ele, ou

seja, em todo o lugar). Esse mesmo Cristo é o novo Adão,

ou aquele que retorna ao Éden (terra das delícias), ou

Reino, ou junto do Pai. O Adão é a humanidade (homem),

e já era macho e fêmea antes de Eva, o qual sucumbiu

pela concupiscência espiritual ou pela serpente (Nahash).

Eva foi e é a vida, a consciência divina, está inseparável

do Pai ou do Éden (quem pecou foi Heva, traindo Adão

com Samael, aquela serpente insinuante, e Adão, por

conseguinte, a traiu com Lilith, a rainha dos abortos, e,

ambos os amantes eram demônios). A queda foi a

encarnação em um nível inferior de consciência (na

matéria, na carne). Adão é ao mesmo tempo o reflexo de

todo o Universo, sendo homem universal, imagem e

semelhança do Senhor seu Deus. Criou os céus

(Shamain=estabilidade) e a terra (Arets) significa que fez

a natureza intelectual e a animal. Faça-se a luz (Aor) se

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refere à luz espiritual. A referência as águas se refere às

etéreas. A serpente foi também sutil, algo não material,

pois pela cabala ela é o ―fim de toda a carne‖. A queda se

deu numa forma dimensional, da esfera do abismo

(da'at) até o Reino (malkut), de um mundo espiritual

para um mundo de carne. Por isso que o Reino não pode

herdar a carne. Melhor, o que realmente o foi é o novo

Adão, Cristo, já redimido do pecado original (a traição

espiritual).

Dilúvio

―Mitra, o Deus-Luz, o Sol, a Chama Sagrada,

tinha de vigiar cuidadosamente a raça adâmica. Ahriman,

o Deus das trevas, assolou em vão a terá com o fogo e quis

matar de sede seus habitantes; mas, quando imploraram

o auxílio de seu adversário, o Arquiteto Divino, este

lançou suas flechas contra a rocha, de onde saiu uma

fonte de água viva que saciou a sede de todos... Veio

depois o Dilúvio Universal e Mitra, advertido pelos

deuses, construiu uma arca, salvando-se assim com o seu

gado, flutuando sobre a superfície das águas. Ou, em

linguagem mística: a Chispa Divina dentro do homem o

preservou das inundações da matéria e das trevas no

útero da Natureza. A lenda bíblica de Noé não é mais do

que uma cópia da lenda mitraica que foi escrita milhares

de anos antes‖ (Jorge Adoum). O mundo não acabará

para o homem, uma vez que se devesse acabar, já teria

acabado. Pode existir um outro mundo, que é após a

ressurreição. A história de Noé é mitológica e ao mesmo

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tempo verdadeira. É uma história de transformação do

ser para a vinda do Cristo ou Consciência Crística. Uma

representação onde o justo é salvo. A água sempre foi

símbolo de transformação e purificação, assim como a

água benta. É o progresso evolutivo de todas as coisas,

sendo essa evolução principalmente espiritual. Foi um

tempo de revelar que a fertilidade (da chuva) é vida e que

essa vida provém do Senhor Deus. Um Cristo no coração

de um homem chamado Noé e que procurou na vida a fé

e as boas obras, ou seja, por uma obra para Deus. A

embarcação é um mistério. Cito uma versão dita original,

da obra Gênese reconstruído: ―Texto 14.— Hazte un arca

de maderas labradas: harás apartamientos en el arca, y la

embetunarás por dentro y por fuera. Original 14: Tú

habitarás una Matriz (Thebah) por retiro grato, de una

materia elemental conservadora, con cámaras y canales

de comunicaciones, y unirás su circunferencia interior y

exterior con una materia corporizante‖. A arca era um

depositário espiritual, antes que carnal. O dilúvio tinha

outra natureza, transformando-se, de tal sorte que Noé

fez nova aliança com Deus, através da arca cujo sinal foi o

arco-íris. A arca de Noé tem uma relação com a arca da

aliança. Antes havia um gás que cobria o mundo e a

respiração sofreu alterações. Noé era o justo, e somos

descendentes dele, não de Adão, cuja descendência

culminou em Sodoma e Gomorra, em pecado e idolatria.

Pela cabala, NVch = 64 em hebreu. ―Ocho almas se

salvaron en el Arca de Noé y Noé era el 8° que salió del

arca. Su nombre NVCH significa 8 veces 8 o sea 64‖. (p.

48, W. Wynn Westcott – Los números, su oculto poder y

místico significado). 888 é um número especial de Cristo,

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ressurreição e vida . A humanidade passou pela transição

de raças, entre a Atlante, do passado, e a Ária, que estava

se fundando. A história do ego construindo os seus

corpos. Isso foi para representar ou imitar a arca celeste,

que também possui toda a semente. O mundo não precisa

acabar, apenas precisa ser renovado, passar por

regeneração. Mas o próprio Cristo através de Jesus falou

que não ocorreria mais pela água. Contudo o Reino é para

um corpo glorioso, não mais com a mesma carne, nem

mais com a reprodução no nosso atual sistema. Se formos

como Noé, não precisamos temer fim algum, pois

seremos salvos de qualquer um. Naquele tempo havia

homens do céu que tiveram filhos com as mulheres do

mundo, os quais foram gigantes. Tais homens do céu

teriam ensinado uma infinidade de ciências aos homens,

desde astronomia, até agricultura e até uma espécie de

feitiçaria. Noé possivelmente era um dos filhos de tais

homens do céu, mas não encontramos se o mesmo era

gigante ou não, apenas que era justo e construiu uma arca

que funcionava quase como submarino. Trazendo para a

realidade, a arqueologia bíblica teve progressos no

encontro de algo que entendeu ser a arca: ―No dia 27 de

setembro de 1960, Ron Wyatt leu um artigo na "Revista

Vida" sobre uma fotografia aérea de uma estranha

formação de barco moldada numa montanha a 20 milhas

ao sul do Mt. Ararat; Era uma estrutura em forma de

barco de aproximadamente 150 metros de comprimento.

Logo uma expedição com cientistas americanos partiu

para o local‖. Contudo, achar um barco mesmo ancestral

não prova ser a arca na qual esteve Noé. Devemos confiar

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mais no sentido místico e simbólico. A arca da alma é a

arca da sobrevivência.

Êxodo, Moisés e patriarcas

A fuga dos Hebreus do cativeiro egípcio foi na

verdade a fuga da humanidade da treva espiritual para a

luz espiritual (simbólica). O deserto representa a

dificuldade de tal transformação, o renascimento. Moisés,

o egípcio, foi o sábio que encaminhou tal obra, como um

capitão, sendo um sacerdote de Osíris. Sobre o cesto no

rio Nilo encontrado pela princesa egípcia, provavelmente

foi tomada emprestada a história de Asserhadum, haja

vista ninguém deixar um bebê num cesto largado em rio

lotado de crocodilos. Manetum e Estrabão nos dão

informações mais fidedignas a respeito de Moisés

(Mosheh). Mesmo o monoteísmo é de origem do faraó

Amenóphis IV (Akhenaton), talvez tendo alguma

influência em Moisés, igualmente. A Lei foi a revelação, a

qual foi a escritura da tradição oral dos sábios. Mas nem

todas as coisas foram escritas, e as que o foram, tiveram

sentido alegórico ou simbólico. Servir a Deus rende um

bom destino, ou melhor, pão do céu (que virou hóstia

entre os cristãos). Esse pão do céu é ao mesmo tempo o

braço de Deus, ou a Providência. Essa ocorre pala graça,

bênção e milagre. Jesus também teve os seus quarenta

dias no deserto. A tentação com Moisés foi o bezerro de

ouro, ou a ―riqueza" mundana (ou esquecer-se de Deus

confundindo-se pelo mundano). Não se pode servir a dois

senhores (ao Ego e a Deus). Arão foi o alquimista criador

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desse boi de ouro. Abraham é por transliteração Brama

hindu. Refere-se a um espírito coletivo, tribo ou a origem

social. Taré (Gên. 11:26) foi pai de Arão, Abraham e

Nachor, sendo Taré=Torá=Tarô=Thor, um Princípio

Regulador, o quaternário, uma referência também aos

signos zodiacais de Touro e Áries. A esposa de Abraham,

Sara-i, não é outra também que a esposa de Brahma,

Sara-vasti, a renovação da Intelectualidade científica do

cordeiro (áries). Caim=Cham=Canaam, traduzindo Chan

como o sistema solar, e Canaam como um Estado social

planetário. Israel em muitas passagens se refere ao

exército celestial de anjos. Moisés foi iniciado nos

mistérios de Ram (Ciclo de Constituição Sinárquica deste

no mundo) com Jetro, casando-se com uma de suas sete

filhas, e unindo o saber de seu Osíris ao Elohim de Jetro.

Moisés estudou com Jetro especialmente dois escritos:

―As gerações de Adão‖ e ―As guerras de Jeová‖, usando

essa informação em seu Sepher Bereshit (Gênesis

bíblico). Isso sem falar na informação que traz a Bíblia

cuja fonte foram os escritos de Hermes Trimegisto, em

linguagem secreta. Mas voltando ao êxodo, devemos fugir

da escravidão das ilusões do mundo e buscar a Deus e as

boas obras. Seremos salvos e comeremos, então, o pão do

céu. Não é a riqueza em si o que é combatida, mas o

apego a esta e a idolatria. Basta buscar a Deus e tudo será

dado em acréscimo, pois nem Salomão, nem Davi não

tiveram prosperidade. De certo modo o Êxodo foi o

caminho das trevas espirituais para a luz espiritual,

superando influências astrológicas como a de escorpião e

capricórnio, encontrando mais luz no signo de carneiro

(ou cordeiro). Por fim essa luz foi encontrada no Cristo

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(cordeiro de Deus), o messias (mashiah), que

representava o mistério revelado antes por Osíris, no

Egito. Os seis signos do inverno são a ―Terra do Egito‖ e

os do verão são a ―Terra Prometida‖. As trevas antigas são

não do Egito, mas de idolatrias e cultos primitivos, que

levavam a humanidade para mais regresso que progresso

espiritual, e, de forma que ficava a espiritualidade oculta

ao povo. Fuga também das trevas da ignorância a

caminho da luz da iluminação.

Tábuas da Lei

Um dos dois Talmudes diz que o mundo teria em

torno de 6000 anos, e, que 2000 seriam de caos, 2000 de

império da Lei e 2000 antecederiam o Messias. Também

há um comentário dos sábios judeus que as pedras da Lei

de Moisés teriam 6 palmos por 6 de tamanho. Junto às

tábuas da Lei estava a cabala, que foi passada por

tradição oral. Disse Westcott: ―Sólo hay dos leyes para los

judíos; Una, la de Moisés, y otra los dichos de la

Kabalah‖. No Zohar, livro essencial dos cabalistas, há

uma menção de que já Adão, bem como Noé teriam

recebido um livro do Eterno, o que nos faz pensar em

algumas regras. Contudo é da opinião de Jacob Böehme

sobre Adão: ―Ele não tinha lei, senão aquela da

imaginação e do desejo‖ (A Encarnação de Jesus Cristo).

Por isso se relacionou com a serpente e adveio a queda

(do mundo espiritual do paraíso). As regras dadas a

Moisés parecem ter grande sintonia com as ―42 Leis de

Ma’at” egípcias, bem como antigas leis chinesas e mesmo

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as leis de Manu. Mas as regras dos costumes regulavam o

dia-a-dia judeu, pelos 613 mandamentos. Contudo, o que

importa ao Pai é a boa obra e a fé, bem como

arrependimento dos pecados. Tanto é que Cristo apenas

falou que devemos amar a Deus sobre todas as coisas, de

todo o coração, espírito, forças e alma e ao próximo como

a nós mesmos (Mar. 12: 28-33). Não devemos nos

preocupar com o que comer ou vestir. Por isso o

Evangelho é para o mundo, não para uma cultura ou

costume.

A Lei de Deus é para o Novo Homem, para aquele

que está regenerado, ou é semelhante aos pequeninos ou

crianças. Não quer dizer que se deva ser infantil, mas que

se deve procurar a Lei na essência, o espírito da Lei. Para

tanto, deve-se ser bom pastor ou uma boa ovelha. O que é

mau não mais servirá. O Sábado foi um presente divino

para o homem, não um meio de escravizá-lo. Sábado ou

domingo, tanto faz. A Lei é o amor, o amor

desinteressado. A Lei é espiritual e o que importa é o

progresso espiritual. Disse Louis Claude de Saint Martin:

―Todas as nossas obras deveriam ser apenas o

cumprimento vivo e efetivo de um decreto divino

pronunciado em nós, como a nossa existência é o

cumprimento contínuo do nome sagrado que nos

produziu e nos produz continuamente‖ (O Novo

Homem). Somos o cumprimento desse nome, desse

tetragrama (IHVH) que É todas as coisas, a sua lei. Não

importa o que vestir ou comer, mas é ruim aquilo que sai

pela boca, quando ofende. O corpo é apenas uma

roupagem do nosso Espírito e Alma. A Alma é do Pai, é

imutável. Se um dia caímos pelo abismo, podemos

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retornar pelo solar Cristo, pelo que ilumina e vivifica. A

Lei apenas reflete o progresso da humanidade através das

eras, através dos metais. Tudo já foi perdoado e pelo guia

(Paráclito) não se pode mais pecar, se desviar da virtude.

Basta fazer o que é bom, buscar a verdade, a felicidade de

todos. A lei é para os homens, não os homens para a lei. O

Senhor veio para libertar, não escravizar, e isso

representa o povo hebreu no êxodo egípcio. O Eterno

assim alimentou com pão do céu, e, também alimentou o

espírito com a Lei, dando-a através do sábio Mosheh

(Moisés). Lembrou Pico della Miràndola: ―Todas las

letras de la ley manifiestan los secretos de las diez

numeraciones en sus formas, conjunciones, separaciones,

tamaño, coronación, clausura, apertura y orden‖. Refere-

se o cabalista cristão as dez emanações ou sefiras da

árvore da vida cabalística. Mas fizeram um ídolo, um

touro, deixaram a lei de lado (pela lei antiga do signo de

Touro), esquecendo da lei nova. Veio então ainda o

Mashiah para salvar, para dar a boa nova, ensinar

Cabala. A verdade assim se opôs a ignorância do mundo,

a teologias equivocadas. O espírito da letra estava

revelado, vivificando a mesma letra. Essa letra é a lei.

Mas sobre Moisés e as tábuas da Lei, ainda nos lembra

Saint Martin: ―Eis as tábuas famosas que Moisés portava

em suas mãos, descendo da montanha! Uma na mão

direita figurava a lei que o eterno animou no ser menor

espiritual Divino, e aquela da mão esquerda figurava a lei

que ele animou na forma, para constituí-la em força

durante o tempo de seu curso temporal‖ (Instruções aos

Homens de Desejo). A lei para ser cumprida tem de ser

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uma lei interna, que envolve o coração. Mas a maioria das

coisas opera por leis do Cósmico e que são automáticas.

Deuteronômio e o divórcio

―Quando um homem tomar uma mulher e se casar

com ela, se ela não achar graça aos seus olhos, por haver ele

encontrado nela coisa vergonhosa, far-lhe-á uma carta de divórcio e lha dará na mão, e a despedirá de sua casa.‖ Dt. 24

Deuteronômio significa uma revisão da Lei,

demonstrando que ela já não estava em originalidade,

mas vinha de segunda mão. Entre os judeus já havia a

carta de divórcio. ―Em hebraico, recebe o nome de

guerushim e se formaliza mediante um contrato

conhecido como guet ou sefer keritut. A mulher pode

então casar-se com qualquer homem, exceto aquele com

quem manteve relações antes do divórcio ou com um

sacerdote ou kohen. Quanto às causas, a escola de Hillel

(séc. I a.C.) admitia como causa qualquer coisa que

desagradasse ao esposo, como queimar a comida,

enquanto a de Shamai (séc. I a.C.) limitava-o aos casos de

adultério‖(Dicionário de Jesus e dos Evangelhos).

Geralmente era uma forma de um homem trocar a sua

esposa por uma mais jovem, devolvendo-a a família por

qualquer motivo que desse causa. Outro motivo era

alguma contaminação. Esqueceram de lembrar que o

homem também se contamina.

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Por outro lado, o mestre Jesus ensinou que até

quem deseja a mulher do próximo em pensamento

comete adultério. Igualmente quem se casa após

separação. A doutrina cristã é que ou o homem se casa

uma única vez ou não se casa. Para tanto, o casamento

tem papel importantíssimo na fé. Assim, não se deve

confundir o princípio espiritual do casamento, com

costumes antigos. O casamento é reflexo da união div ina

do céu com a terra. A separação, ou divórcio aí é um mal.

Isso se torna mau aos olhos do Senhor. Logo, não há

divórcio. Quem se separa ou divorcia, e arruma outra

consorte, está cometendo adultério. No livro cabalístico

do Zohar a história de Adão e Eva e a queda se deu por

adultério com as serpentes-demônio, Samael e Lilith. Se

o homem não consegue ser fiel a sua esposa, como pode

ser fiel a Deus? Logo o que vale é o ponto de vista

espiritual sobre as núpcias da Igreja com Deus, não do

homem como indivíduo. Há muitas analogias de

adultério de Israel para com o Senhor na Bíblia,

comprovando essa interpretação. Mas muitos reis da

Bíblia tiveram mais de uma esposa, como Salomão e

Davi. Teólogos da libertação já defendem o progresso

nesse sentido, sendo o divórcio muitas vezes necessário

para se evitar um mal maior, como violência doméstica

contra a mulher, dependência química do marido etc. Daí

se deduz que talvez o que mais importe aí é a fidelidade

espiritual e pelo menos sinceridade para terminar uma

relação. Mesmo Joseph Murphy, se demonstrou a favor

de sugerir o divórcio em certas uniões, porque essas não

são feitas por Deus. O que não pode o homem é separar o

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que Deus uniu, mas nem sempre é Ele que une em muitos

casamentos.

O casamento verdadeiro tem uma unidade

especial, como demonstram os gnósticos. Alude Boris

Mouravieff: ―El casamiento pneumático asegurará el

desarrollo directo de la gama anterior y hará alcanzar el

Amor a los felices esposos, en relación a su Segundo

Nacimiento, en la nota DO: esto será la unión por la

Eternidad, em la conciencia de su Yo real en sí bipolar

pero UNO para los dos, e indivisible (…) El casamiento

pneunático impone condicioncs especiales,

particularinente abstinencia, la cual constituye el choque

complementario necesario al franqueamiento del

intervalo entre FA y MI de la gama directa. Además, los

esposos están llamados a aportar una serie de esfuerzos

sucesivos que, considerados globalmente, representan la

promesa que se comprometen a respetar hasta el fin de

los tiempos e incluso más allá. (…) El caso del adulterio

único o repetido, con o sin divorcio, está representado en

el esquema siguiente. El adulterio, tanto como la

poligamia o la poliandria, produce unión sólo a nivel de

los cuerpos‖. O casamento gera uma relação especial, a

nível gnóstico, e o adultério apenas gera uma relação

física, a nível superficial, diferente do resultante de

sacramento. Há quem considere qualquer falta de

castidade como adultério (Wesley).

O amor entre os judeus era reservado ao Sábado,

e a mulher tinha um papel muito importante, como se

fosse a parte feminina de Deus, ou Shekinah. O

casamento é metade da religião (casamento entre a terra

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e o céu, ou, como disse Tomé, somente os solitários

entram na câmara nupcial). Se divorciar é cometer

adultério, se divorciar de Deus, quando Ele mesmo une.

O conhecimento bíblico (sexo) deve assim ser entendido

com toda veneração, com toda fidelidade. Não há espaço

para a fornicação, e, esta é o verdadeiro divórcio, crime

contra o Espírito Santo. Mas a castidade é apoiada e

mesmo a virgindade, em I Coríntios 7, devendo ser

igualmente respeitada ao lado do casamento. Já disse

Dion Fortune: ―La cuestión de la virginidad tiene también

su punto completo y curioso en el ocultismo. Los antiguos

libros sobre la materia tienen mucho que decir sobre esos

asuntos, siendo siempre la primera necesidad para

muchas operaciones ocultas una virgen purísima o un

muchacho, que no haya aún llegado a la pubertad. Desde

el punto de vista de la ciencia espiritual sólo son vírgenes

aquellos que nunca han conocido hasta entonces el deseo

sexual‖. Logo a respeito da virgindade também importa a

pureza da alma. O Papa João Paulo II falou na ascese e

controle dos instintos. O Mashiah Jesus disse que se o

olho do homem é motivo de seu pecado, que este o

lançasse ao fogo. Também isso é representado pela

serpentes que picaram Moisés, antes do Eterno lhe

ensinar um meio de vencê-las. Adulterar é então

contrariar o Eterno na finalidade sagrada que este

colocou na sexualidade, que é em si pura e casta. O maior

adultério foi o conhecimento da árvore do bem e do mau

(uso não sagrado da sexualidade) e a traição espiritual de

Deus. Por fim é a dureza de coração do homem que

permite o divórcio.

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Deuteronômio e o dízimo

―Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais

o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o

que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a

misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas‖. (Mat. 23:23)

O dízimo servia para o sustento dos pobres, das

viúvas e seus filhos, bem como sacerdotes, não para o

enriquecimento de sacerdotes ou ministros religiosos.

Era prerrogativa da tribo de Levi, dos Levitas

(sacerdotes). Assim a décima parte de colheita e animais,

e devia-se a cada três anos. Então servia para dar à viúva,

ao estrangeiro etc. Era uma contribuição com a obra de

Deus antes de Cristo vir. Com Cristo Jesus não mais

interessa a Lei para a carne, mas sim o Espírito Santo.

―Também é certo que não temos nenhuma notícia que

nos permita afirmar ter Jesus recebido o dízimo de seus

seguidores. Ao que parece, a norma do dízimo não foi

aplicada mais tarde, nem entre os judeu-cristãos, nem

entre os cristãos pagãos‖ (Dicionário de Jesus e dos

Evangelhos, p. 96) .Desse modo, alguém que dá pouco

com fé e devoção é melhor que aquele que dá muito e se

arrepende. Também as primícias eram reservadas ao

Senhor. O mestre Jesus disse para ensinar o Evangelho e

apenas aceitar o que nos oferecem. Não há aí o dever de

coletar dízimo ou dinheiro dos fiéis. Muito pelo contrário,

deve-se proclamar a Boa Nova e nada trazer consigo.

Como o Cristo disse a um dos que queriam ser seus

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discípulos, ou seja, para vender tudo o que tem e dar aos

pobres. Há aí a sabedoria do desapego. A própria Lei

defende a caridade como um serviço essencial.

Dízimo maior é o nosso progresso espiritual

frente ao Pai. São os talentos (da parábola) que

multiplicamos. É a boa árvore que devemos ser. O bom

pastor. A boa ovelha. Para o Cósmico o amor é o

verdadeiro dízimo. Não se pode servir a dois senhores (ao

César do dinheiro e a Deus de amor). O dízimo não pode

ser o bezerro de ouro (a divindade do dinheiro, da

riqueza). Mas se deve ajudar o próximo quantas vezes?

sete? Não, setenta vezes sete (infinitamente). Dev emos

acumular riquezas espirituais para dividir com a viúva

(que se separou do Pai), de forma que retorne ao Pai. O

Cristo pagou o maior dízimo, que é a remissão dos

pecados, que foi a maior dívida do homem para com o

Templo. O dízimo é uma semente que se plante, e, que

cedo ou tarde trará bons frutos. Não se trata apenas de

dinheiro para uma religião de que se é membro, mas de

amor ao próximo em atos de caridade, tanto ao amigo

como ao inimigo (pois todo ser é puro em sua origem, e,

ninguém é necessariamente inimigo).

Contudo Jesus não cobrava dízimo, haja vista

não ter sido descendente da tribo de Levi. Falou aos seus

Apóstolos para pregar e nada pedir além de abrigo e

comida: ―E chamou a si os doze, e começou a enviá-los a

dois e dois, e dava-lhes poder sobre os espíritos imundos;

ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, senão

apenas um bordão; nem pão, nem alforje, nem dinheiro

no cinto; mas que fossem calçados de sandálias, e que

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não vestissem duas túnicas. Dizia-lhes mais: Onde quer

que entrardes numa casa, ficai nela até sairdes daquele

lugar. E se qualquer lugar não vos receber, nem os

homens vos ouvirem, saindo dali, sacudi o pó que estiver

debaixo dos vossos pés, em testemunho conta eles. Então

saíram e pregaram que todos se arrependessem; e

expulsavam muitos demônios, e ungiam muitos enfermos

com óleo, e os curavam.‖ (Mat. 6:13) O que se percebe é

que se pregava o Evangelho em troca de abrigo e comida,

apenas. Verdadeiro dízimo é a caridade, o amor ao

próximo e a Deus. Antes representa a Justiça.

Mas ainda há quem tenha dado tudo pela Obra

de Cristo: ―Todos os que criam estavam unidos e tinham

tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens e

os repartiam por todos, segundo a necessidade de cada

um. E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e

partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza

de coração, louvando a Deus, e caindo na graça de todo o

povo. E cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam

sendo salvos. (Atos 2:44-47). Já segundo Macedo, ―a

árvore proibida, no paraíso, representava o dízimo, isto

é, a parte de Deus na qual o homem não podia sequer

tocar, embora pudesse regá-la e fazê-la crescer”(p.99,

100). Mas isso não falou Jesus. A Igreja passou a usar de

influências do judaísmo, mas entre os Apóstolos mesmo

não vemos essa prática. Deste modo, Jesus não condenou

o recebimento de dízimo, que em Mat 23:23 faz crítica ao

mesmo, ainda por não o obrigar. Entre presbíteros eram

selecionados os de maior virtude, então sem nenhuma

ganância ou vontade de enriquecer. E o mestre Jesus

também disse para dar tudo aos pobres, pegar a cruz e

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segui-lo, não dar a um templo ou igreja. A contribuição

com a Igreja deveria ser voluntária, e não se chamando-a

de dízimo, uma vez que não se tratam de Levitas para o

receber. Nesse sentido John Wycliffe (1324-1383),

teólogo e eclesiástico, precursor inglês da Reforma

Protestante condenou a riqueza do clero e defendeu a

abolição do dízimo: para ele, a Igreja deveria se manter

com as doações voluntárias. Mesmo meu amigo filósofo

Cléverson Israel Minikovsky faz uma crítica em sua

Summa Philosophica: ―Tese de n° 03.126: O que

efetivamente é mencionado pela Bíblia é o dízimo e até o

dia de hoje, na Igreja Católica, as intenções representam

expressiva importância econômica, fato que se afigura

não só como apropriação indevida de riqueza mas como

tese infundada que vislumbra a possibilidade de mudar o

destino de alguém mesmo após sua morte, anulando o

sacrifício de Cristo na cruz com a ideia de purgatório‖. O

dízimo é da carne, e a carne não herda o Reino dos Céus.

Não se deve agir, por conclusão, como os fariseus e

escribas a que criticou Cristo. Por fim ensinou Saint

Martin: ―O homem é o dizimo do Senhor‖.

Nascimento místico de Jesus

―E, havendo eles se retirado, eis que um anjo do

Senhor apareceu a José em sonho, dizendo: Levanta-te, toma o

menino e sua mãe, foge para o Egito, e ali fica até que eu te

fale; porque Herodes há de procurar o menino para o matar‖.

Cumpriu-se então o que fora dito pelo profeta Jeremias‖ (Mat. 2:13-17)

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O Cristo foi encarnado do Espírito Santo e da

Maria. Ele renasce como a vida renasce. Nasceu da

mulher celestial, da eterna virgem e mãe natureza.

Segundo meu amigo Minikovsky: ―Tese de n° 08.983: Os

romanos adoravam o deus Sol em 25 de dezembro, data a

que se atribui o nascimento de Jesus Cristo por ser

considerado a ―Luz do Mundo‖‖ e ―Tese de n° 04.760:

Deus encarnou-se numa figura estrondosamente

masculina, Cristo Jesus, mas prestigiou as mulheres ao

escolher ser gestado no ventre de Maria, Mãe d‘Ele e

Nossa Mãe‖. (Summa Philosophica). Assim o Paráclito

nasce no nosso coração, ou seja, quando há pureza em

nosso coração. O amor aí se torna a lei. O Filho do

Homem nasce em todo aquele que tem fé e renasce em si

mesmo, se regenera.

Outrossim, também temos de renascer, como o

Sol na aurora. O Cristo é a estrela da manhã. Uma vez

que ele nasce no coração do homem, ou seja, é Cristo

Interno, e o mistério está completo. Esse mesmo Senhor

que está em todo o lugar, em todas as coisas. É o Logos

com que foi criada a Criação, em que emanou a

existência. Nasceu em Adão e renasceu com o Novo Adão.

Nascerá assim, com o Novo Homem, o homem

cristificado. É o modelo novo da humanidade. Nasce

sobre o brilho da estrela mágica, pentagonal. Os três

magos trouxeram presentes espirituais. Cristo renasce

infinitamente. A natureza o vê renascido em cada

solstício de inverno, sacrificando-se pela natureza e vida

do mundo. Provavelmente nasceu numa capela em

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formato de hospital, em ritual específico, pois já era

anunciado. Os essênios eram místicos, vestiam-se

geralmente de branco e muitos não se casavam. Também

se deve lembrar que nasceu o filho do homem no solstício

de inverno, vencendo as trevas na origem, influenciado

pelo signo de capricórnio. ―Na noite entre 24 e 25 de

dezembro, o Sol, tendo começado a elevar-se

vagarosamente em direção ao Equador da Terra, o signo

zodiacal de Virgo, a Imaculada Virgem celestial, está no

horizonte leste em toda latitude norte (pouco antes da

meia-noite)‖ (Cristo Cósmico e Oculto). Muitos mestres

teriam nascido de virgens, como Hórus, Krishna, Buda,

Zoroastro etc. A data também é especial, mesmo se

atribuída.

E a mãe pura o acolheu no bendito ventre.

Segundo a GFB: ―Toda grande alma que veio ao mundo

para viver uma vida de sublime santidade, como a que se

exige para a Iniciação Mística Cristã, renasceu através de

pais de imaculada virgindade, que não estavam

dominados pela paixão durante o ato gerador. 'O homem

não colhe uvas dos abrolhos'. É uma verdade axiomática

que o semelhante atrai o semelhante, e antes que

qualquer um se torne um Salvador, deverá ser puro e sem

pecado‖ e ―O 'nascimento místico' de um 'construtor' é

um acontecimento cósmico de grande importância‖

(Cristo Cósmico e Oculto). Tal construtor (tekton em

grego) é o Grande Arquiteto Yeshuah, Jesus, como

atestam os Martinistas. Ainda, ensinou Irene Gomez de

Ruggiero: ―Cada um de nós é um Cristo em embrião, e

algum dia passaremos pelo nascimento místico e pela

morte mística, anunciados nos Evangelhos. Algumas

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vezes, teremos caracteres tão imaculados que seremos

credores de habitar corpos concebidos imaculadamente; e

quanto mais depressa purificarmos nossas mentes, tanto

mais cedo alcançaremos nossa realização. Para finalizar,

isto depende unicamente da honradez de propósitos e de

nossa força de Vontade‖ (Símbolos Bíblicos a Luz da

Filosofia Rosacruz). O nascimento místico do Grande

Arquiteto é a manutenção de nossa vida física e

espiritual, e deveríamos ser filhos imaculados desse

princípio.

E a cidade onde nasceu é naturalmente um

monte, lembrando o das Oliveiras e ainda onde recebeu

Moisés a Lei. Segundo teólogos, Belém era ―Cidade a 777

metros de altitude. Seu nome em hebraico significa casa

do pão. Situa-se a 10 quilômetros a sudoeste de

Jerusalém. Possui cerca de 12000 habitantes. Nos tempos

de Jesus, a cidade de Belém pertencia à região da Judéia.

A cidade fica no alto de uma colina – fortaleza natural‖.

(Introdução a Teologia – Geografia Bíblica). Também

Davi teria nascido em Belém. Miquéias profetizou que o

messias nasceria em Belém. Na ―casa de pão‖ teria

nascido o verdadeiro pão do céu.

É também o peixe, revelando a Era/Aeon dos

tempos que estava inserido. Diferentemente do festival

das fadas do verão, no inverno se busca mais a

introspecção e espiritualidade, campos propícios para

que o Cristo Cósmico e interno venha sempre a nascer

dentro de nós. Renasce na ressurreição, todo o ano. O

Cristo assim nasce em nosso coração, no seio de nossa

alma, de nosso amor espiritual. Mesmo disse João Paulo

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II: ―José, pelo que sabemos do Evangelho, é homem de

ação. E homem de trabalho. O Evangelho não conservou

palavra alguma sua. Descreveu-lhe porém as ações: ações

simples, quotidianas, que têm ao mesmo tempo

significado límpido no que respeita ao cumprimento da

Promessa divina na história do homem; obras cheias de

profundidade espiritual e de simplicidade amadurecida‖

(Catequeses de João Paulo II). Também deve o homem

em Cristo superar a serpente descendente (a sexualidade

não casta), fazendo com que a energia não mais desça as

trevas (pisando na cabeça), mas que suba através da cruz

do corpo (como havia feito Moisés para livrar-se do

veneno das serpentes e representa a mulher no

Apocalipse), a fim de renascer ressuscitando para sempre

na rosa. Como o Sol que renasce no oriente, o Cristo

também ressurge simbolicamente todos os dias a fim de

nos lembrar sobre a vida. Não a vida de um ou de outro,

mas a origem da vida, pelo Verbo que era Deus, que fez

tudo nascer.

O menino Jesus na infância e seus milagres

Já durante a infância Jesus realizava milagres,

inclusive ressuscitou um menino. Curou muitos já em sua

infância, como provam os evangelhos ditos apócrifos:

Segundo o Evangelho Apócrifo de Pedro:

―XI. A Cura do Menino Endemoninhado

O filho do sacerdote, acometido do mal que o afligia,

entrou no albergue insultando José e Maria, já que os

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outros hóspedes haviam fugido. Como Maria havia

lavado as fraldas do Senhor Jesus e as estendera

sobre umas madeiras, o menino possuído pegou uma

das fraldas e colocou-a sobre sua cabeça.

Imediatamente os demônios fugiram, saindo pela

boca, e foram vistos sob a forma de corvos e

serpentes. O menino foi curado instantaneamente

pelo poder de Jesus Cristo e se pôs a louvar o Senhor

que o havia libertado e rendeu-lhe mil ações de graça.

Quando seu pai viu que ele havia recobrado a saúde, exclamou, admirado:

— Meu filho, mas o que te aconteceu e como foste tu curado?"

O filho respondeu:

— No momento em que me atormentavam, eu entrei

na hospedaria e lá encontrei uma mulher de grande

beleza, que estava com uma criança. Ela estendia

sobre umas madeiras as fraldas que acabara de lavar.

Eu peguei uma delas e coloquei-la sobre minha

cabeça e os demônios fugiram imediatamente e me abandonaram.

O pai, cheio de alegria, exclamou:

Meu filho, é possível que essa criança seja o Filho do

Deus vivo que criou o céu e a terra e, assim que

passou por nós, o ídolo partiu-se, os simulacros de

todos os nossos deuses caíram e uma força superior à deles destruiu-os.‖

―XXVII. A Peste em Belém

Quando chegaram a Belém, havia uma proliferação de

doenças graves e difíceis de serem curadas, que

atacavam os olhos das crianças e lhes causavam a

morte. Uma mulher, que tinha um filho atacado por

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esse mal, levou-o a Maria e encontrou-a banhando o

Senhor Jesus.

A mulher disse-lhe:

— Maria, vê meu filho que sofre cruelmente.

Maria, ouvindo-a, disse-lhe:

— Pegue um pouco desta água com a qual eu lavei meu filho e espalha-a sobre o teu.

A mulher fez como lhe havia recomendado Maria e

seu filho, depois de uma forte agitação, adormeceu.

Quando acordou, estava completamente curado.

A mulher, cheia de alegria, foi até Maria, que lhe disse:

— Rende graças a Deus por ele haver curado o teu filho.‖

Assim muitos possuídos por espíritos ruins

foram curados, leprosos, endemoninhados, mudos, etc. O

poder do Salvador já se manifestava em atos simples, e

mesmo uma água que o tocasse já servia de remédio para

curas, usada por Maria em pessoas que essa podia

auxiliar de algum modo.

Noutra ocasião, ainda menino, brincando com

barro, vivificou um pássaro a partir deste, de forma que

saiu voando.

Conforme Evangelho Apócrifo de Pedro:

―XLVI. Brincando com o Barro

Um dia, o Senhor Jesus estava na beira do rio com

outras crianças. Haviam cavado pequenas valas para

fazer escorrer a água, formando assim pequenas

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poças. O Senhor Jesus havia feito doze passarinhos de

barro e os havia colocado ao redor da água, três de

cada lado. Era um dia de Sabbath e o filho de Hanon, o Judeu, veio e vendo-os assim entretidos, disse-lhes:

— Como podeis, em um dia de Sabbath, fazer figuras

com lama?

Ele se pôs, então, a destruir tudo. Quando o Senhor

Jesus estendeu as mãos sobre os pássaros que havia

moldado, eles saíram voando e cantando. Em

seguida, o filho de Hanon, o Judeu, aproximou-se da

poça cavada por Jesus para destruí-la, mas a água desapareceu e o Senhor Jesus disse-lhe:

— Vê como está água secou? Assim será a tua vida.

E a criança secou‖.

Também ressuscitou um pássaro em outro

momento. Na verdade deve-o ter ressuscitado diversas

crianças durante a sua infância, bem como amaldiçoado

as que lhe provocavam, despertando o medo das pessoas,

que o chamavam de feiticeiro, impropriamente. Até

mesmo no Egito ele se encontrou, o que é confirmado por

Mateus. ―A historicidade desse fato pode ter inspirado as

referências talmúdicas à permanência de Jesus no

Egito‖(Dicionário de Jesus e dos Evangelhos).

Conforme Pedro em um relato de ressurreição:

―XLIV. O Menino que Caiu e Morreu

Um dia, o Senhor Jesus estava brincando com outras

crianças em cima de um telhado e uma delas caiu e

morreu na hora. As outras fugiram e o Senhor Jesus

ficou sozinho em cima do telhado. Então os pais do morto chegaram e disseram ao Senhor Jesus:

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— Foste tu que empurraste nosso filho do alto

telhado.

Como ele negasse, eles repetiram mais alto:

— Nosso filho morreu e eis aqui quem o matou.

O Senhor Jesus respondeu:

— Não me acuseis de um crime do qual não tendes

nenhuma prova. Perguntemos, porém, à própria

criança o que aconteceu.

O Senhor Jesus desceu, colocou-se perto da cabeça do morto e disse-lhe em voz alta:

— Zeinon, Zeinon, quem foi que te empurrou do alto do telhado?

O morto respondeu:

— Senhor, não foste tu a causa da minha queda, mas

foi o terror que me fez cair.

O Senhor recomendou aos presentes que prestassem

atenção a essas palavras e todos eles louvaram a Deus por este milagre‖.

E ainda um relato de maldição, comparável ao da

figueira:

―XLVII. Uma Morte Repentina

Certa noite, o Senhor Jesus voltava para casa com

José, quando uma criança passou correndo na sua

frente e deu-lhe um golpe tão violente que o Senhor Jesus quase caiu. Ele disse a essa criança:

— Assim como tu me empurraste, cai e não levantes

mais.

No mesmo instante, a criança caiu no chão e morreu‖.

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Sobre os apócrifos, alguns criticam, mas meu

amigo Minikovsky é a favor de que sejam inclusos na

Bíblia, conforme Summa Philosophica: ―Tese de n°

05.427: Diria até mesmo que além desta Bíblia da Igreja

Católica Apostólica Romana com seus 73 livros, uma

editora valente e corajosa deveria publicar a Bíblia

tradicional acrescida de todos os apócrifos possíveis e

imagináveis, em 2000 anos de cristianismo quem foi que

teve coragem?!‖. Eu também vejo que a Bíblia perde sem

os apócrifos. Deste modo fica a crítica da crítica, uma vez

que os evangelhos canônicos também foram escolhidos

com um critério não tanto científico se comparado as

nossas técnicas atuais. Até os escritos de Nag Hamadi, do

Mar Morto são mais verídicos do que aqueles que foram

escolhidos pela Igreja Católica. Não podem outros assim

dogmatizar sobre o que é inspirado pelo Espírito Santo e

o que não é. Resta a fé e a inspiração para revelar a

verdade, e sobre relatos da infância, é certo que Jesus

teve infância, e que alguém deve ter testemunho de sua

vida nesse período.

Mas com treze anos Jesus estava sendo testado.

Os rabinos perguntavam a ele a respeito da Lei e ele os

respondia com propriedade. Ele estava na casa do Pai. A

nossa casa é o nosso corpo, templo vivo, do Espírito

Santo. Tornemos sagrada a nossa casa, o nosso templo.

Precisamos nos perder, para nos encontrar (como o filho

pródigo da parábola). É o aut oconhecimento que nos leva

a verdade. É o deserto que devemos enfrentar por

quarenta dias (XXXX). A infância de Cristo demonstra

que ele foi profetizado, que estava em sua missão

cósmica. Curar e ressuscitar faria parte de sua vida no

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futuro, bem como operar os exorcismos. Ele foi a Palavra

viva entre os homens, o filho do homem

(iniciado/adepto), iluminado e quem deve se fazer

criança é o homem para estar em sua presença.

O batismo de Cristo

O batismo do Cristo não é com água, mas com

fogo, o fogo do Espírito Santo. Espírito este que dá

muitos dons espirituais. É ele que faz com que se entre

nas igrejas espirituais, nas sete igrejas. Com o Espírito

Santo se desenvolve os dons, ou seja, poderes espirituais,

dos quais é citado o dom de falar línguas. Claro que os

poderes são bem mais amplos, e devem englobar forças

como a capaz de ressuscitar pessoas, andar sobre as

águas etc, como o próprio Yeshuah demonstrou ao longo

da sua vida, revelando que nós também podemos pela fé.

João é o Elias que fundamentou a sabedoria crística.

Cristo é a água viva que dá a vida eterna. Esse é o batismo

que prepara para o Espírito Santo. Ele é a serpente de

metal ou bronze que protege contra o veneno do mundo.

Pelo batismo do Espírito Santo se pode retornar ao

paraíso. O batismo se faz com fogo, ou seja, pelo amor. É

através dele que se encontram as igrejas, as sete igrejas

com portas abertas. Deve anteriormente vencer o

inimigo, a concupiscência carnal e espiritual para

desvendar esse mistério. Quem for batizado encontrará

cedo ou tarde a iluminação, sofrendo fatos que passou o

Yeshuah. Deve-se usar da serpente de bronze (kundalini)

que sobe através do caduceu sagrado de Hermes

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(espinha). O batismo assim não deixa pecar contra o

Espírito Santo, sendo possível o perdão dos outros

pecados. O sacramento se faz assim numa dimensão mais

ampla, de qual a hóstia e o vinho são apenas símbolos.

Também o mergulho no rio é apenas o mergulho que

temos através das águas da vida, que com o fogo

(formando a estrela de Salomão), nos revelam o grande

arcano. Só que o batismo com fogo é para a vida eterna,

não somente para a vida carnal, como o antigo batismo

de água do rio. O batismo de água era simbolizado por

João Batista, o filho de mulher. Enquanto o batismo com

fogo é de Cristo, o filho do homem. Mulher maior é água

e homem maior é fogo, de acordo com uma visão meio

alquímica. São os ―irreconciliáveis‖. Batiza-nos, Senhor!

O nome místico de Jesus

Provavelmente ele não tinha nascido com esse

nome. Talvez Yeoshua ou IHShVH (Yavé Salva) seja um

nome sacerdotal ou de iniciação. Está presente quando o

mestre Jesus fala Eu Sou. Assim, também falou o Senhor,

Aquele que É. Também chamado de Emanuel ou Deus

entre nós, ele possuía a Palavra. Ademais, chamado de

Galileu (que veio da Galiléia, com aparência daquele

lugar na época). Claro que o nome divino é indizível e

todos que acham que o entendem, se enganam ou

enganam. É o Pentagrammaton, o nome de cinco letras,

somando a letra Shin ou espírito ao nome usual de Deus,

o Tetragrammaton. Ele e o Pai eram um. Deus age

através dele. O nome está acrescentado com o espírito. É

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o Verbo que encarnou. Significa, ademais, peixe

(crestos). Outros atribuem seu nome como Josué, outras

como Jonas. Significa, ademais, salvador.

Pescaria de homens

Primeiro veio a pescaria misteriosa, depois o

Filho do Homem ensinou aos seus discípulos para que

fossem pescadores de homens (para atraí-los ao

evangelho). Essa pescaria espiritual é para a salvação

através da boa nova. O peixe também foi um símbolo

para o Cristo. Os doze discípulos principais são as doze

energias do Cosmo. O peixe tem fósforo e esse é fonte de

luz. O discípulo vira mestre e pesca outros discípulos. A

sabedoria é para aquele que busca, para quem busca

alimento espiritual.

Multiplicação dos pães e dos peixes

O pão é o corpo de cristo, o vinho, sangue. Ele

está crucificado no céu do dia da páscoa. Os pães

repartidos representam a caridade, lei cristã por essência.

O Pai está junto de quem pratica a caridade e para este

nada faltará. Os peixes representam os homens cheios de

Espírito Santo. O pão é também novamente pão do céu

(como no êxodo) que dá a vida eterna. Quem come este

pão não terá mais fome. O alimento aí é místico e

espiritual. É o Cristo que se doa às pessoas, que está em

todo o lugar. A multiplicação também pode ser entendida

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como prosperidade após a busca do Senhor, de forma que

nada mais faltará ao crente. Mas parece que defende por

aí a caridade, que nos está em mãos, mesmo sem que

façamos milagres, bastando a boa vontade.

Pecado é desviar do caminho da missão divina

que nos é outorgada. ―Quem não tiver pecado que atire a

primeira pedra‖: disse Jesus. Disse também que com a

mesma medida que julgarmos, seremos julgados. Melhor

é perdoar. Perdoar setenta vezes sete. Ser bom é o

caminho. Se arrepender, por outro lado, nos nossos

pecados. Quem está com o Espírito Santo está acima da

Lei e não tem mais pecado. Mas os pecados já estão

perdoados após a vinda do Cristo, uma vez que ele é o

Novo Adão. Aquilo que semeamos, colhemos. A boa

árvore dá bons frutos. Conhecerá a árvore por seus frutos.

Que Cristo nasça no coração e liberte do pecado, que é

escravidão e ignorância. É ignorar uma presença

protetora, superior, em nós mesmos. É não amar.

Pegar a cruz e segui-lo

Assim como Cristo sacrificou-se, assim nos

sacrificamos. O Sol se sacrifica pela galáxia. Dar é melhor

do que receber. Para tanto, podemos sacrificar algo de

nossa vida material por nossa alma. A alma aprende

vivendo na carne, e até mesmo sofrendo nesta. A cruz

pode representar a matéria do homem, seu corpo. No

cristianismo primitivo havia um símbolo onde estava

uma rosa no centro da cruz, representando possivelmente

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a alma (ou estrela pentagonal) que domina a carne, a

matéria representada pela cruz. Para tanto, deve-se

abandonar tudo que se tem no mundo e segui-lo. Só desse

modo a redenção é possível. O Reino não está longe, ele

está dentro de nós. O corpo também é a maravilha das

maravilhas, desde que seja aquele templo habitado pela

alma iluminada. O cordeiro celeste se sacrificou pelo

mundo. Aí levar a cruz é levar o corpo, a vestimenta, que

será abandonada no momento da ressurreição. E não se

deve preocupar com o que vestir ou comer, pois isso nada

importará no Reino. Aí é também abandonar as riquezas

materiais, pois ele disse para dar tudo aos pobres antes

de entrar no Reino. Também não se deve preocupar com

o que entra pela boca, pois não é mau, mau é o que sai

pela boca do homem. Como disse também o mestre:

―Bendito é o leão comido pelo homem, porque se torna

homem, mas maldito o homem comigo pelo leão, porque

se torna leão‖. Claro, porque a própria boca material é

apenas vestimenta da boca espiritual, a qual usa da

palavra, ou do verbo, que é o que realmente importa.

Espinho na carne de Paulo

―e para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi me dado um espinho na carne‖ (2 Co 12.7)

Paulo falava que possuía um espinho na carne. De certo modo, o espinho foi sempre uma figura de linguagem para algo desagradável, penoso e assim por diante. Também todo o cristão ou mesmo ser humano

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carrega consigo as adversidades da vida, que na sua carne são refletidas. São as vicissitudes da vida, que ao longo da evolução da alma se é compelido ao vestir o veículo corporal a que estamos manifestados nesse plano. Mas sobre o espinho, já no Antigo Testamento havia muitas referências, chegando o termo em hebraico a ter afinidade com o estrangeiro ou mesmo com monte Sinai. Vejamos alguns desses termos:

―ESPINHOS -Símbolo de punição, falsos ensinamentos, espinhos. Jz 8.7-16; Is 5.5-7; 7.23; Ez 2.6; Heb 6.8‖.(Símbolos e tipos da Bíblia)

Mas em Paulo o termo grego usado foi ―skolops‖, que serve também para estaca, algo pontudo. Há a referência a um anjo que teria trazido esse sofrimento e que o mesmo não era curado por fé ou oração, sendo algo para Deus. (Manual Bíblico Unger). Parece que o termo se referia a algo como expiação, provação ou semelhante, apesar de por Cristo já se estar perdoado dos pecados, e mesmo pelo batismo se ser uma nova pessoa.

Mas em hebraico no Antigo Testamento:

אטת ’atad procedente de uma raiz não utilizada provavelmente significando perfurar ou fazer rápido; DITAT - 71a; n m

espinheiro, sarça, espinho Atade, significando espinho, também chamada Abel-Mizraim e depois Bete-Hogla estava localizada a oeste do Jordão, entre o Jordão e Jericó חרק chedeq procedente de uma raiz não utilizada significando picar; DITAT - 611a; n m espinheiro, espinho, picada

חוח chowach procedente de uma raiz não utilizada aparentemente significando furar; DITAT - 620a,620b; n m

espinho, cardo, amoreira, espinheiro, moita gancho, argola, corrente Ciyn de derivação incerta; n pr loc Sim = ―espinho‖ ou סין―barro‖ uma cidade na parte oriental do Egito a região deserta entre Elim e Sinai Ciynay de derivação incerta, grego 4614 σινα; DITAT - 1488; n pr loc

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Sinai = ―espinhoso‖ a montanha onde Moisés recebeu a lei de Javé; localizada no extremo sul da península do Sinai, entre as pontas do mar Vermelho; localização exata desconhecida

צן tsen procedente de uma raiz não utilizada significando ser espinhento; DITAT - 1936a; n. m. espinho, farpa significado incerto

(Dicionário Bíblico Strong)

O que mais interessa talvez seja o termo Sinai, que nos leva ao monte e a Lei ou Torá, recebida por Moisés. Com a nova aliança Jesus deu nova vida a muitas regras e tornou outras desnecessárias, como as alimentares e circuncisão, cumpridas no judaísmo. Não cumpre um cristão com os 613 mandamentos, então não faz muito sentido uma seita A ou B querer defender que sua regra está na Bíblia, e que outro cristão não cumpre porque contraria o mesmo livro sagrado. Mesmo os cristãos primitivos, no exemplo do Sábado, onde era comemorado o Domingo por costume e tradição. A circuncisão e mesmo o ―kacher‖, regra alimentar judaica, também não mais foram cumpridos. Ficou mais restrito a ―amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo‖, sendo um espinho nos flancos conviver com essa diferença doutrinária ao tempo de Paulo. Suas cartas foram insistentes em evidenciar essas mudanças. E sobre um anjo de Satanás, pode ser que isso ocorresse, mas todo o ato ruim e vício parece ser influído por alguma entidade, aqui sendo mais um cascão astral ou elemental, no dizer de ocultistas, e não anjo (uma vez que anjo fica preso a regras e dogmas...). O espinho na carne de Paulo maior talvez fosse mais a divergência doutrinária dos primeiros cristãos com judeus e outros, que uma doença ou malefício em seu corpo.

Indo para a cabala, o espinho seria sempre aquelas esferas abaixo do abismo como as conchas, chamadas de ―qliphots‖, e assim relacionadas com os demônios. Assim

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entrariam os vícios e defeitos ―humanos‖, como a ira, a inveja, a vingança, a dor, a doença em geral etc. Deste modo, o espinho seria um desses ataques astrais e defeito mesmo do ser, no caso Paulo. Contudo com sua missão, não é de se duvidar que como interesses Cósmicos estavam em jogo, inimigos vários devem ter surgido, e energias negativas poderiam afetar seu corpo, ou o tentaram crucificar. Quando se refere ao plano espiritual, isso pode ser traduzido como algo que tentou com pregos ou espinhos crucificar na dor o seu corpo carnal, contrariando a evolução não só de Paulo, mas do cristianismo. Tais seriam as qliphots (cascas) que tentariam afastar as verdadeiras esferas de emanações de Deus, as esferas de luz da árvore da vida cabalística. A árvore abaixo do abismo se chama de árvore da morte, e é essa a habitação das conchas e seus demônios, na cabala. O espinho na carne seria a relação com essas entidades trevosas, que na verdade são um aspecto do homem antigo, o pecador e não sábio, aquele que ainda não encontrou Cristo para seu caminho de Novo Homem, que supera a queda. Todo homem por isso tudo tem seus espinhos na carne, e deve com sabedoria superá-los com o seu Cristo, bem como com a ajuda do seu Sagrado Anjo Guardião, para que haja sua reintegração a luz de Deus, da qual se afastou anteriormente.

A cura de todos os males

O discípulo que encontra o Cristo não teme a mal

algum. Ele cura-se da cegueira espiritual e encontra a

verdade. Não há a morte de Cristo (houve apenas da

vestimenta, do corpo de Jesus), ele apenas dorme em sua

manifestação. Para tanto, o guia interno nos leva ao

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caminho certo. Nós nos levantamos após uma doença

com o Cristo. Ele nos cura até através de sua energia,

assim como curou quem meramente tocou suas vestes.

Quem está com o Paráclito não é atacado por mal

espiritual algum, a não ser que tente abandonar tal guia.

O Espírito cura todo mal, pois tal mal e vem do maligno e

de ―espíritos imundos‖ (demônios, kliphot ou cascões?).

O Espírito é ―abandonado‖ ao Pai na cruz. E aí a fé é o

modo de acessar qualquer milagre, ou mover montanhas.

Para ele não há doença incurável.

Como orar?

O mestre Jesus disse para não orar de forma a

fazê-lo para aparecer às outras pessoas, com

exibicionismo. Deve-se, pelo contrário, aparecer a Deus.

Para tanto, bom é orar em silêncio, trancado no quarto ou

oculto, para que o Pai atenda a súplica ou a meditação do

crente. Deve-se buscar interiormente a oração, orar com

o coração. Quando se ora, atrai-se o Paráclito ou guia

interno, de tal sorte que se tem proteção do alto. Bom é

orar agradecendo e não pedindo. Mas o que for pedido

com bom propósito será atendido. Nem se deve orar

exclusivamente pelo dinheiro, pois não se pode servir a

dois Senhores. Basta buscar a Deus em primeiro lugar e

as coisas rotineiras serão dadas em acréscimo.

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O bom Samaritano

Não importa o que somos, mas como somos. Ser

bom é o que importa para o Pai. Para tanto, o amor

desinteressado é um bom caminho. Ao tempo do mestre

Jesus, os Samaritanos não eram vistos com bons olhos

pelos Judeus de diversas seitas. São os Shamerim, os

observantes da Lei, apenas aceitando a Torá, não o

inteiro antigo testamento (Tanakh). Mas ele ensinou que

não importa o costume dos homens desse mundo (pois

era julgado ser de Belém, Nazaré, Galiléia etc e destes

lugares se julgava que nada de bom podia surgir), mas

sim o que é feito pelo Pai com fé. Deste modo, a parábola

do bom Samaritano traça a moral tolerante do Cristão. O

espírito não tem raça ou pátria. Não importa como nos

comportamos, importa que amemos e que sejamos

servos. Ser pequeno aí é ser grande. Devemos amar até

quem julgamos de inimigos. Sejamos bons Samaritanos.

Aquele que tem, receberá e aquele que não tem,

perderá até o que não tem

O mestre falou na parábola dos talentos, onde os

que multiplicaram foram bons aos olhos do Senhor

(como Davi, Enoc, Elias etc). O valor maior que temos é a

vida, e essa pode ser multiplicada e justificada por boas

obras. Quem arrisca a sua vida através de más obras é um

suicida espiritual, e esse devolve somente os talentos que

recebeu, sem acrescentar nada, sendo mau servo. O

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Senhor é o Cristo cósmico que devemos buscar em nossas

vidas, e que misticamente está presente. Ele é a fonte de

vida, a fonte onde se inebria. O bom servo não se suicida

e procura a boa obra. Quem não tem a vida através do

cristo cósmico e interno perde até o que não tem. O

problema pode se resolver também no plano do ter ou

ser, sendo o primeiro apenas auxiliar do segundo. Mesmo

ao sobrar comida ou dinheiro entre os discípulos de

Jesus, este dizia para dar tudo aos pobres. Entre algumas

ordens cristãs, como beneditinos não há propriedade, e,

havendo é de todos. Parece que o ensinamento dá um

prelúdio de um socialismo cristão. A maior posse é a da

própria alma evoluindo em consciência, rumo a

Consciência Cósmica.

Só o que sai pela boca pode ser impuro

Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça: pouco

importa se o que vós comeis é impuro ou engorda – o mal

não está no que entra, mas no que sai pela boca. Palavras

maldosas são venenosas como serpentes. As ações têm de

ser pelo Pai, não pelo maligno. Aquele que É deve agir

através de nós, falar palavras santas por nós. O alimento

espiritual e mental é muito mais importante que o

alimento carnal. As palavras vêm do coração, logo, más

palavras vêm de um coração endurecido. E se

lembrarmos do Adão no Éden, este criava através de

palavras, ele dava nome as coisas, fazendo com que

existissem. Desse modo, usou da sua concupiscência para

criar demônios astrais, larvas e outras entidades, as quais

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foram seus primeiros frutos, os quais eram maus e

criados por palavras e desejo. Tais aberrações é que o

levou a queda dimensional, da esfera que antes estava lá

encima na árvore, ou seja, do abismo para algo inferior

no diagrama. Nesse momento o Adão sucumbiu na

estrela pentagonal invertida, colocando os valores carnais

acima dos espirituais, desrespeitando assim qualquer

regra do Eterno. Já o Cristo, ou novo Adão, veio para

colocar tal estrela novamente voltada para o celeste, para

respeitar a Lei do Senhor. Então, a comida é a palavra, ou

o verbo criador, que pode criar o pecado ou o que é bom.

Aspectos místicos do Natal

―Ora, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus

a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem

desposada com um varão cujo nome era José, da casa de Davi;

e o nome da virgem era Maria. E, entrando o anjo onde ela

estava disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo. Ela, porém,

ao ouvir estas palavras, turbou-se muito e pôs-se a pensar que

saudação seria essa. Disse-lhe então o anjo: Não temas, Maria;

pois achaste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás

à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. Este será grande

e será chamado filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o

trono de Davi seu pai; e reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu reino não terá fim‖ (Lucas 1: 26-33).

No dia 25 de Dezembro vemos o tempo da luz, da

vida e do amor. Do ponto de vista cósmico o Cristo-Solar

nasce no signo de virgo (de uma Virgem) e caminha na

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noite mais escura do ano no hemisfério norte, a que

antigos chamavam de solstício de inverno, sendo Ele a luz

do mundo, que supera as dificuldades do inverno e

sempre retorna com a fertilidade e boa colheita a cada

ano. Nasce assim de forma imaculada, sem nenhum

pecado. Comparando a isso, existia uma série de cultos e

que tiveram a data de 25 de Dezembro como o

nascimento de seus mestres (deuses como Krishna na

Índia, Hórus no Egito, Buda, Zoroastro no Irã, Mitra e

tantos outros), anunciando assim a salvação de cada Era,

presentemente com o maior que conhecemos, Jesus, o

Cristo, ou Yeschouá.

Sobre Jesus histórico, não sabemos da data de seu

nascimento. Mas muitos dizem que a Igreja usou a data

com base na comemoração do Deus romano ―Invicto‖, o

que é apenas suposição, tendo em vista o que vemos

sobre a antiguidade da data e aspecto comum em várias

nações e crenças. Mas Cristo é crucificado no Equador, e

assim o aspecto cósmico ganha ainda mais símbolos.

Nasceu assim Jesus quando havia uma treva espiritual,

em meio a descrenças e poderes cada vez mais

desumanizadores e para revelar o Novo Adão, o Novo

Homem que estava por surgir, o qual se pautaria nos seus

elevados preceitos morais, antes apenas compreendidos

por raros filósofos e iniciados, agora disponíveis a todos

os que ―buscam‖ a reintegração com Deus, e a encontram

pelo batismo (nas águas que purificam e transformam, na

mãe celeste, Virgem Maria, Biná da cabala). Também em

Cristo Cósmico vemos o signo estelar de Áries, o cordeiro

de Deus, mais uma vez sacrificado no mundo, para a

remissão dos pecados e da queda (da esfera cabalística do

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Reino, que antes estava próxima ao Grande Rosto, a

presença do Senhor Pai, Hockmah/Sabedoria da cabala,

que caiu de uma esfera espiritual para uma esfera

material, Assiah).

O Novo Homem assim renasce e comemora o

Natal no seu Cristo Interno, pois é um Cristo em

formação. Desta forma, está escrito: ―Mas agora, em

Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue

de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual

de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de

separação que estava no meio, na sua carne desfez a

inimizade, isto é, a lei dos mandamentos contidos em

ordenanças, para criar, em si mesmo, dos dois um Novo

Homem, assim fazendo a paz, e pela cruz reconciliar

ambos com Deus em um só corpo, tendo por ela matado a

inimizade; e, vindo, ele evangelizou paz a vós que estáveis

longe, e paz aos que estavam perto; porque por ele ambos

temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito‖ (Efésios 2:

13-18). E esse é o caminho do místico martinista, pela

oração, caridade e compreensão mística desse mistério.

Voltando aos símbolos do Natal, temos a árvore,

hoje tão adornada com enfeites, bolas e luzes. Essa árvore

pode ser entendida como a árvore da vida, descrita no

livro do Gênesis bíblico, e seus enfeites deveriam ser em

verdade, frutos. Existia no princípio, antes do

mercantilismo, as árvores naturais e onde eram colocadas

ou maçãs, ou velas, isso muito antigamente. Isso se deu

por herança de tradições alemãs, polonesas e inglesas, e

com imigrantes que continuavam a sua tradição de cortar

alguma árvore para comemorar o Natal, já no Novo

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Mundo, na América. Da tradição teutônica ou germânica,

sabemos que a comemoração da árvore é anterior, e que

leva a árvore sagrada do Deus Odin, o maior do panteão

nórdico, o Pai, de sabedoria e outras qualidades

extraordinárias, e sua árvore Yggdrasil, que faz sombra

ao Universo, sendo a ―árvore do conhecimento‖, uma

árvore assim gigante e dos tempos dos gigantes (nos

lembra os personagens do tempo de Noé...). Assim sobre

as datas comemorativas, lembra um texto martinista do

grupo Hermanubis, disponível na Internet: ―Se as pessoas

fossem um pouco mais curiosas, observariam que

absolutamente nenhuma das festas até hoje

comemoradas encontram-se nas escrituras sagradas, e

quando existe uma festa com o mesmo nome bíblico, não

obedece a prescrição de ser comemorada na data

determinada. Por mais que o leitor procure, não

encontrará em nenhuma bíblia oficial o dia 25 de

Dezembro como data natalícia de Yeschouá o Grande

Arquiteto do Universo, ou o dia 31 de Dezembro como um

dia que marca para a mudança do ano‖. E na Europa

anterior ao cristianismo se comemorava a época com

fogueiras nas árvores (comemoração do fogo), e com

relação às colheitas futuras.

A estrela que guiou os magos até o mestre era uma

marca dos magos, ou mesmo simbolizada por um

pentagrama, estrela de 5 pontas ou mesmo um

hexagrama, de 6 pontas. Seus presentes também tinham

simbologia espiritual. Sobre a data, a igreja oriental

celebra em 6 de janeiro. E Lucas que citei no início, foi

referido em um censo de Quirino, falado em papiros

egípcios. Ainda por correção de calendário, seria o

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nascimento em data de 5 ou 4 a.C. Belém é ponto comum

entre Davi e Jesus, e o nascimento assim de um messias

teria de ocorrer nessa localidade, já por profecias. A

estrela de Belém é assim o Místico Sol da Meia-Noite, a

que certos místicos se referiam, que nos traz ao mundo os

raios de luz, vida e amor. Assim Cristo é Thifaret da

cabala, a beleza divina que une todos os outros atributos

da Luz Maior do Pai, sendo representante do adepto,

centro da árvore da vida. Disse o Rosacruz Max Heindel:

―Ao mesmo tempo devemos exaltar Deus em nossas

próprias consciências, aceitando a afirmação bíblica de

que Ele é espírito e que não podemos tentar representar a

Sua imagem, nem retratá-Lo, pois Ele a nada se

assemelha, quer nos céus quer na Terra. Podemos ver os

veículos de Jeová circulando como satélites em volta de

diversos planetas. Também podemos ver o Sol, que é o

veículo visível de Cristo. Mas o Sol Invisível, que é o

veículo do Pai e fonte de tudo, este só pode ser visto pelos

maiores clarividentes e apenas como a oitava superior da

fotosfera do Sol, revelando-se como um anel de

luminosidade azul-violeta por trás do Sol. Mas nós não

precisamos vê-Lo. Podemos sentir Seu amor e essa

sensação nunca é tão grande como na época do Natal,

quando Ele nos está dando o maior de todos os presentes:

o Cristo do novo ano‖.

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Marias

Maria. Salve rainha do céu! Mãe daquele que te

gerou, contra a ordem do natural. Porta celestial.

Advogada nossa. Senhora dos anjos, dos apóstolos, dos

mártires. Mãe de Deus. Nossa Senhora de todos os

lugares, de Fátima, Aparecida, Guadalupe e outras.

Eterna mãe de todos nós, eterna virgem, mãe Natureza. O

anjo Gabriel revelou-te a missão que lhe era outorgada.

Bendita é entre as mulheres e bendito é teu fruto.

Escolhida entre muitas, três vezes santa. Outra Maria foi

a Madalena, divina Sophia, sabedoria. Esta foi discípula

do mestre, talvez a melhor. Ela era a professora dos

apóstolos, parecendo que sempre sabia algo mais sobre o

que Jesus ensinava. Muito próxima do mestre, talvez até

demais. É inegável que também tinha grande missão ao

lado de Jesus. Por isso simbolicamente foi a primeira a

vê-lo, após a ressurreição, conversando com o mesmo.

Alguns dizem que ele expulsou sete demônios dela. Mas

isso apenas representaria os pecados, os quais certamente

foram perdoados.

Eucaristia, Corpus Christi e Adão Kadmon

Comemoramos essa data com grande fé e alegria,

mas esquecemos de todo o simbolismo que envolve a data

e até onde o cristianismo celebra o corpo de Cristo. Na

Igreja Católica vemos grande alusão com a eucaristia,

cerimônia que nos leva a última ceia do mestre com os

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apóstolos, na sua aparente sociedade secreta. O pão

representando o corpo e o vinho, o sangue, que foi

repartido na Igreja (espécie de corpo místico) e assim

feita a comunhão sagrada. Essa nada mais é que a união

com o Cósmico, que temos na meditação e encontro com

Deus. O corpo representa um veículo de consciência, uma

manifestação em algum plano ou dimensão. Mas entendo

que esse corpo místico está além da igreja, além da

cerimônia, está na dimensão Universal como Cristo

Cósmico, o Reparador dos Mundos, espécie de Sol

metafísico. Sendo o mestre um Novo Adão, assim é um

novo diagrama da árvore da vida da cabala, o chamado

Adão Kadmon, protótipo do universo e do homem. O

homem é um pequeno universo, microcosmo. Mas vamos

a diversas opiniões e fatos históricos, para depois

retornarmos.

A eucaristia teve de tal modo em certa época, que

―A cerimônia que se revestiu de lendas, foi reformada no

Concílio de Trento.‖ (Teologia e liturgia dos

sacramentos). Acabou aproximando o sacrifício da cruz.

Já Santo Ambrósio disse: ―Sabes, portanto, que o que

recebes é o Corpo de Cristo. O qual na véspera da sua

paixão tomou o pão em suas santas mãos. Antes da

consagração é pão: mas logo que se acrescentam as

palavras de Cristo é o seu corpo. Antes das palavras de

Cristo o cálice contém vinho e água: mas logo que as

palavras de Cristo tenham operado se faz ali o sangue de

Cristo. Que redimiu o povo. Portanto não é em vão que tu

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dizes amém, confessando já em espírito que recebes o

corpo de Cristo‖. A cerimônia assim transformou o

profano em sagrado, ou a presença de Cristo transformou

o mundo e a carne (pão). É a palavra que opera essa

transubstanciação, é o Verbo que se aproxima da ―palavra

perdida‖, da ―palavra de poder‖ de certas sociedades

iniciáticas. Certamente, Jesus possuía a ―Palavra‖, e isso

mesmo quem foi contra a sua obra o reconheceu (basta

ver escrito Yeshua ben Pandira). Já Santo Agostinho

disse: ―Esse pão que vedes no altar, santificado pela

palavra de Deus, é o corpo de Cristo. Este cálice, ou

melhor, o que esse cálice contém, santificado pelas

palavras de Deus, é o sangue de Cristo. ―E a seguir vem,

entre as preces santas que haveis de ouvir, o fazer, por

virtude da palavra, o corpo e o sangue de Cristo. Se

prescindes da palavra, o pão é pão e o vinho é vinho.

Acrescenta a palavra e é outra coisa. Que outra coisa? O

corpo e o sangue de Cristo. Acrescenta a palavra e

teremos o sacramento (Sermão 227 e 220)‖. O mesmo a

respeito da palavra ou Verbo.

―A partir do século XI o acento recai sobre o culto à

Eucaristia de tal maneira que no século XIII

praticamente a única finalidade da eucaristia era ser vista

e adorada. Neste contexto o sacrário ganha muito mais

importância que o altar. Em lugar de dar preferência à

celebração e dela decorrer a adoração o que se vê é o

caminho inverso. O momento mais importante da missa

acaba sendo a consagração em lugar da comunhão. Foi

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deste período que herdamos a festa de Corpus Christi

com a respectiva procissão. Naturalmente isso veio em

consequência das controvérsias medievais sobre a

doutrina da presença real‖ (Teologia e liturgia dos

sacramentos). Por influências ainda de gnósticos,

acredito que o simbolismo se exacerbou em seu poder, e

que daí adveio festas e procissões. Isso surgiu talvez por

comemorações anteriores, de cunho astrológico, em

homenagem a signos de Virgem-Peixes, que estão

relacionados a essa época. É o Cristo Solar crucificado em

Virgem, e isso faz parte da dimensão mítica da tradição,

que foi ainda herdada pela Igreja Romana via Império

Romano. Mas talvez para não se entrar em choque com as

manifestações populares anteriores. A natureza, ou o

Cristo morre e ressuscita a cada Páscoa até agora, e assim

se renova, revive o que parecia morto. Isso leva nove

meses de prazo. Parece simbolizar a morte e a sua não

ocorrência, como apenas uma transição para o Reino dos

Céus, na ressurreição. O Sol isso manifesta, renascendo a

cada manhã e parecendo morrer no inverno e renascer no

verão.

Já para Santo Tomás a ―Eucaristia contém o

próprio Cristo que se entrega à morte, ela é

presencialização do sacrifício único de Cristo; é ao mesmo

tempo comemoração da paixão de Cristo, sacramento

prefigurativo da glória eterna e sinal eficaz da graça que

nos concede. Os escolásticos fazem três importantes

distinções na compreensão da Eucaristia: Sacramentum

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tantum – pão e vinho, ações e palavras são o sinal

externo; Sacramentum et res – o efeito é o corpo e o

sangue de Cristo; Res tantum – a finalidade é a graça, a

incorporação e a união com Cristo‖ (Teologia e liturgia

dos sacramentos). Confunde-se um pouco com o que nos

disse João a respeito do Verbo no início, que era Deus.

Também parece que essa palavra precisa de ar, logo de

sopro (espírito), para assim manifestar a vida nas coisas.

Essa vida é o que torna estas coisas partes do corpo de

Cristo, um corpo místico maior que a Igreja, sendo uma

parte que sustenta cosmicamente a vida da Natureza.

Sem o Cristo, o inverno viria e todas as coisas morreriam.

E o seu corpo deve assim ser ainda mais comemorado. A

eucaristia ou outro rito nos sintoniza com esse mistério

de Cristo, da comunhão com seu ―corpo‖.

Contra os padres e cristãos em geral, ―en los siglos

XII y XIII hubo diversas sectas espirituallsticas que, por

aborrecimiento a la organización visible de la Iglesia y

por reviviscencia de algunas ideas gnósticomaniqueas,

negaron el poder sacerdotal de consagrar y la presencia

real (petrobrusianos, henricianos, cataros, albigenses)‖.

(Manual de teologia dogmática- p.276, Ludwig Ott). Mas

já falamos que grande parte da simbologia vem desse

meio gnóstico, e que a Igreja combateu e destruiu o que

pode, apesar de eles possuírem chaves de interpretação

mística de muitos assuntos dos Evangelhos. Nesse passo,

a teosofia cristã e místicos como Böehme, Max Heindel e

outros, entenderiam a situação de modo cósmico ou até

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como alegoria astronômica, com o Cristo Solar

sacrificando seu corpo pelo mundo, pela manutenção da

Natureza e da vida. Sacrifício que se manifesta no

outono/inverno, nos signos negativos dos doze do

zodíaco. Também um cabalista cristão veria logo o corpo

como um diagrama de Adão Kadmon, um arquétipo de

todas as coisas, que em Cristo se manifesta também em

símbolo. O homem como imagem e semelhança, não da

queda, mas de uma regeneração em Cristo.

Sabiamente entendeu o Papa Pio XII que ―Mas o

elemento essencial do culto deve ser o interno. É

necessário, com efeito, viver sempre em Cristo, dedicar-se

todo a ele, a fim de que nele, com ele e por ele, se dê

glória ao Pai.‖ (Encíclica Mediator Dei). Assim um culto

de cristo interno, quase na linha de Angelus Silesius.

Enfim, o corpo místico de Jesus, como o relatado em

evangelho apócrifo de Tomé: ―Quem conheceu o mundo

achou o corpo. Mas quem achou o corpo, desse tal não é

digno o mundo‖. Os Cristãos não são desse mundo. E

Adão Kadmon, um Novo Adão que é Cristo, em seu

corpo, prefigura esse Reino Vindouro.

O mistério da cruz

Quem é crucificado é o Verbo de Deus. É a cruz

no céu que representa o homem celestial. Os quatro

pontos cardeais, os quatro elementos. É o equilíbrio entre

o que é horizontal (mundo, carne, ego) e o que é vertical

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(reino, céu, anjos). É a marca de Deus que distingue

aqueles que serão poupados. O sacrifício divino pela

nossa existência. Quem era crucificado em tempos de

cristianismo primitivo era o próprio cordeiro de Deus

(não um homem). Cristo foi sacrificado desde o início dos

tempos. O símbolo é bem mais antigo do que o

cristianismo.

Os três céus de São Paulo

Uma vez que Paulo relatou que chegou ao

terceiro céu, logo se deduz que há três céus. Por certo há

muito amor em tais céus. Para tanto, chegar ao terceiro

céu é chegar o mais próximo possível de Deus. É um nível

de consciência que se adquire através da santidade

espiritual. Para adentrar nesses céus temos um corpo

sutil, um corpo imortal, não mais feito de carne. O

primeiro céu se relaciona ao amor que se vive no âmbito

da família e da vida comum. O segundo céu é um local de

culto religioso, de obras de fé. Já o terceiro céu é um

―local‖ de contato direto com os anjos e o Altíssimo, com

Deus, ―face-a-face‖. Deus é espírito, porém o corpo é a

natureza e todos nós. Não importa o céu físico, importa a

transcendência em ver Deus próximo a nós.

Ressurreição

Um dia, a morte natural não mais será

necessária. Ainda não estamos justos a ponto de sermos

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salvos do Dilúvio da morte. Existirão duas ressurreições,

uma para os justos e uma para os não tão justos. Para os

primeiros, será pacífica e tranquila. Já para os segundos,

será dura, sofrida. O processo funciona de modo que

estamos encarnando várias vezes e que em determinado

momento não será mais necessário encarnar. Aí entra a

ressurreição. A ressurreição opera principalmente na

evolução espiritual e moral. O Verbo foi crucificado na

matéria e ressuscitou no espírito. Assim, aqueles que são

imagem e semelhança sofrerão a mesma sorte, só que em

um tempo muito maior. Todos ressuscitarão, desde o

santo ao criminoso (daí do ladrão ao lado de Cristo no

momento deste estar na cruz). O tempo, portanto, difere.

O juízo final de cada um traçará o tempo de ver face a

face o Filho do Homem. Naquele dia ocorrerá.

Juízo Final

Naquele dia o Filho do Homem vem com seus

anjos para julgar o Universo. Naquele dia não haverá

mais maridos ou esposas. Naquele dia os últimos serão os

primeiros, e serão unificados. Naquele dia será feita a

ceifa moral. Naquele dia os justos herdarão a terra.

Naquele dia não haverá mais fome ou pobreza. Naquele

dia os leões conviverão com outros animais sem os

atacar. Naquele dia quem tem, ganhará, e quem não tem,

perderá até o que não tem. Naquele dia virá a

recompensa. Naquele dia a boa árvore será reconhecida.

Naquele dia o pastor de ovelhas retornará. No Zohar há

uma referência de que haverá uma coluna de fogo em

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Israel, que poderá ser vista a muita distância, nesse dia.

Mas o Juízo final também é interno, ao se entrar e

descobrir as sete igrejas e abrir os sete selos. Veja a

informação no capítulo sobre o Apocalipse, nesse livro.

Os profetas falaram de Cristo

Todos os profetas falaram de Cristo. Tanto no

sacrifício pascal, como na ocasião de Abraão em relação a

Isaque, em Noé, em Sanção, Isaías etc. O que se relata

nas Escrituras se refere ao Filho do Homem. Mesmo sem

saber quem era, ou o que era, eles creram em algo. Até

Jonas, no contato com o grande peixe, na verdade sendo

um símbolo para Cristo. A relação com Cristo é cósmica e

interna, a qual opera no Espírito e mente do homem. Os

profetas falaram no mestre Jesus, seja de forma direta ou

indireta.

O semeador espiritual

O Cristo semeia a luz para todos os seres, sejam

bons ou maus. A semente é lançada as pedras, aos

espinhos, a terra boa etc, sem distinção. Somente a terra

boa proporcionará o desenvolvimento espiritual. Bendito

o leão comido pelo homem, porque se torna homem.

Assim, também um ancião perguntará a uma criança de

sete anos pelo lugar da vida. O Cristo é a fonte da vida e

quem se fizer pequeno beberá dessa fonte. Não somos

nós que somos, mas é o Pai que É através de nós. Nós é

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que abrimos ou fechamos a porta para que a luz entre ou

não, e tal porta é nossa herança divina, a mente (ou o

espírito). Desse modo, não há porque semear a treva da

ignorância, achando que a semente de Deus é má. A

semente de Deus nunca é má, mas mau pode ser o meio

onde se semeia.

Cristo não morreu

Cristo é o vivo, ele não morreu. Viveu em torno

de 77 anos, segundo alguns escritos essênios, de forma

que continuou sua vida, porém não de forma pública,

sendo apenas o homem Jesus (abandonado pelo Pai).

Isso já era esperado pelo mesmo. A sua missão foi

cumprida com o templo que desmoronou e foi reerguido

em três dias. Foi a Pedro que ele outorgou a

continuidade. Também Paulo continuou a missão de

publicar os ensinamentos. De certa forma foram muitos

os que testemunharam o Cristo, trazendo sua história por

tradição oral, a qual foi colocada no papel ou papiro

muito tempo depois. O que é vivo não morre, nem o que é

morto vive. Tinha 120 seguidores diretos e continuou

com sua sociedade secreta, mais veladamente com os

discípulos, mas como Jesus, homem comum, sem a

manifestação do Cristo em si, o qual partiu na crucifixão:

―Pai, porque me abandonastes!‖ Cristo não morreu. Ele

foi tragado ao céu, como Enoc e Elias.

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O Reino dos céus

O Reino dos céus está principalmente dentro de

nós. Não em prédios de pedra ou de madeira. Está por

todo o mundo. É a terra onde jorra leite e mel, terra

prometida. É semelhante a uma criança sendo

amamentada. Semelhante a uma mulher que carrega uma

vasilha onde uma alça arrebentou de forma que derrubou

o conteúdo sem perceber. Não está aqui ou acolá. Não se

encontra num tempo. Começa com a consciência

messiânica ou de Cristo, o Cristo cósmico e interno,

interior a cada um. Pelo Cristo vem o Todo e retorna ao

Todo. O Reino sempre esteve próximo. É a pérola mais

valiosa.

De onde está o Cristo

O mestre Jesus disse, como Cristo, que ele é o

Universo, no Evangelho de Tomé, apócrifo. Ele é o Todo e

retorna ao Todo. Ele é a luz que está a iluminar a todos,

sem distinguir. Salvo é o homem que tem ele no coração.

Mas saberia ele disto? Talvez não. Racha um pedaço de

madeira, e lá estará ele, ergue uma pedra e lá estará ele. O

vivo está onde está a vida. O cordeiro de Deus foi

sacrificado na fundação da vida. Ele existiu antes que

tudo existisse. Ele está onde dois se torna um. Ele

também está dentro de nós. Ele é a felicidade. É um Sol

espiritual que circula em volta do nosso mundo pessoal.

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Sobre os santos

Santo é aquele que vive em função do divino.

Santos foram muitos profetas e justos. No cristianismo

primitivo também a crença se aproximava da santidade,

com os padres do deserto. Ser santo é bom aos olhos de

Deus, pois Ele é santo. O santo está com o Cristo interno

e cósmico. Vigiai a mente e o espírito, pois é neles que

está a santidade. Não há mal em rezar para os santos.

Assim também como não há para os anjos. O que importa

é a crença na luz. Não há aí idolatria, pois tais santos

eram pessoas iluminadas, não estátuas divinizadas. Por

exemplo, São Francisco foi o santo da natureza e era

muito tolerante. Agostinho e Aquino foram sábios santos.

Antônio foi na defesa do casamento. Qual o mal existente

neles? Não há. Muitos foram os santos, mas poucos em

proporção ao mundo. Muitos são os santos

desconhecidos. O santo tem a luz. Disse o Eterno, bendito

seja: ―Sejas santo, porque eu sou santo‖.

A porta estreita

O caminho para Cristo não é fácil. Quem o quiser

percorrer tem de suportar as tentações e não mais pecar.

Pecar aí é se entregar a ignorância, a não amar ao

próximo e a si mesmo, como se ama a Deus. A evolução

do ser é aí imprescindível, a qual ocorre pelo Cristo

interno. Para tanto, o próprio homem tem de se tornar

um cristo em seu coração. Será escolhido um entre mil,

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dois entre dez mil. Quem não estiver preparado não pode

pegar a sua cruz para segui-lo. Precisa antes dar tudo o

que tem aos pobres (mundanos, profanos), e não ter mais

nada (não ter apego). Deve renunciar ao poder e se fazer

pequeno (renascer em si mesmo, para uma vida nova, de

progresso, amor, paz, perdão etc). É a iniciação. Por ela

se abandonam muitas coisas mundanas, em prol do

espiritual e místico. É difícil como o nascimento, por ser

um renascimento, voltar a ser como os ―pequeninos‖.

Não deixa de ser um caminho de sacrifício. Isso é a porta

estreita.

O amor do Cristão

O Cristão tem de ter um amor a vida, semelhante

ao seu Pai celestial. O Cristo através de Jesus ensinou

pela sua vida que o amor tem uma grande relevância em

todo o seu ensinamento, até mesmo o amor em relação

aos inimigos. Daí da diferença perante as outras éticas,

uma vez que ensina a perdoar e acaba com o ciclo de

débitos resultantes dos pecados. Também se assemelha

esse amor a caridade, podendo ser traduzido como tal.

Longe de interesses, egoísmos e desejos, esse amor reflete

um corpo espiritual e superior, uma consciência crística,

possivelmente da parte da alma chamada neshamá. O

Cristão é amável, senão não é Cristão, não traz a presença

do Espírito Santo. É como o pio pelicano que pica o

próprio peito alimentando os seus filhotes com seu

sangue. Deve amar setenta vezes sete.

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Estudo místico sobre o Genesis

Comentários com chaves ocultas, cabalísticas e gnósticas

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Introdução

No presente capítulo há um estudo e comentário

dos versículos do livro inicial da Bíblia, de acordo com

concepções cabalísticas, gnósticas, teosóficas e místicas.

Assim fiz uso de autores que traduziram novamente o

hebraico, para conquistar o real significado da língua

hebraica, base da Torá (Bereshit), livro original. Ademais,

livros como o Zohar e Sepher Yetzirah foram também

fundamentais, como outros da mística judaica, O Tanya,

Bahir etc e mesmo da mística cristã, como aqueles

provenientes do Martinismo e da já citada gnose. Assim

esse trabalho, como o que já vinha ocorrendo, se

desenvolve numa ótica diferente das religiões, da teologia

e mais ainda da ciência oficial, se aproximando mais da

ciência oculta. Aqui é um caminho onde o leitor ou leitora

encontrará alguma tradução dos textos que antes achava

meras histórias sem sentido. Assim personagens nunca

existiram como homens, mas sim forças cósmicas e

características psíquicas ou espirituais. O desenrolar da

evolução é assim traçado, e isso sob ponto de vista

espiritual. Um mundo mental ou potencial é antes

Criado, e as coisas surgem da relação entre o Infinito (En

Sof) e o finito, ou as esferas da árvore da vida cabalística,

cujas sete esferas abaixo do Grande Rosto representam os

sete dias da Criação. Há ademais a relação do

macrocosmo e do microcosmo, do universo e do centro

da obra divina, o homem. Descubra aqui a sabedoria de

quem escreveu a Bíblia. Boa leitura.

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GÊNESIS capítulo 1

1 No princípio criou Deus os céus e a terra.

Comentário: No início (Bereshit), as Inteligências

Celestiais, através de sons e números, bem como através

da Luz (Aor), e mesmo pelo Éter, criaram pelo

pensamento um universo potencial. A letra Beth da

palavra Bereshit significa ―casa‖, então era uma morada

para a emanação de Deus. Assim é a relação entre o

Infinito (En Sof), e o finito (as esferas da Árvore da Vida

cabalística, por onde desce a água ou a luz). A Criação é

mental, ela se faz na mente de Deus (conforme doutrina

hermética). E B’rash é Rash, cabeça. Na Sua cabeça está à

coroa (kether), que é um ―Nada‖ místico, um ponto no

centro de um círculo ou esfera. E palavra é antes som, é

um mantra que gera todas as coisas, o Nome que não

pode ser pronunciado, IHVH (Yod, He, Vau, He). Então o

universo astral não existia por si mesmo e foi assim

trabalhado por essa academia angélica, os Elohim. Adão

Kadmon é assim o tetragrama e ao mesmo tempo o

tetraktis dos pitagóricos, o triângulo dentro do quadrado,

ou uma espécie de década sagrada. E Deus fez assim a

Criação pela Torá-Lei, e através das vinte e duas letras

que as coisas existem. E céu é a estabilidade da matéria

prima e a terra é o movimento.

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2 A terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas.

Comentário: Vazia e sem forma (tohu e bohu), um

universo astral que não existia por si mesmo. Águas ou

abismo é o Caos, ou o Éter, a matéria prima homogênea.

Sem forma e vazia significa que estava apenas em

potencialidade. Sobre nomes divinos, Tohu está sobre a

égide de Schadai, Bohu de Tzebaot, e, trevas dos Elohim.

Por último resta o nome IHVH. O Verbo pairando sobre o

Éter, e ainda depois a relação do Criador Demirgo.

3 Disse Deus: haja luz. E houve luz.

Comentário: A Luz é Aor, a inteligência. Essa Luz é vital e

se relaciona as trevas, que são a vida latente (Chochekh).

Não existe luz sem treva, e aqui se percebe uma inter-

relação. Portador de luz ou Prometeu com seu fogo do céu

é aqui a chave aparente desse versículo. Há aqui a

dualidade, que parece com a ralação das duas colunas, ou

mesmo do outro lado e de sua árvore (da ciência do bem e

do mal). Mas a substância aqui de Aor parece indicar

uma unidade. Em Aor nascerão três universos: celeste,

astral e humano.

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4 Viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas.

Comentário: Relação entre a luz, inteligência e a vida

latente (treva).

5 E Deus chamou à luz dia, e às trevas noite. E foi a tarde e a

manhã, o dia primeiro.

Comentário: Dia: manifestação fenomênica positiva e

noite, manifestação fenomênica negativa. A árvore da

vida (dia) e a árvore da morte (noite). Tríplice universo,

da razão do Verbo a sua palavra e ato.

6 E disse Deus: haja um firmamento no meio das águas, e haja separação entre águas e águas.

Comentário: E Aor pronunciou o encantamento sobre o

oceano das águas vivas. No onisciente e translúcido Éter.

Um oceano de forças cósmicas. O mar é o mundo

espiritual.

7 Fez, pois, Deus o firmamento, e separou as águas que

estavam debaixo do firmamento das que estavam por cima do

firmamento. E assim foi.

Comentário: A diferenciação da matéria que antes era

homogênea.

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8 Chamou Deus ao firmamento céu. E foi a tarde e a manhã, o dia segundo.

Comentário: O céu é o universo celeste, Shema (acorda

Israel). Ciclo luminoso que une os universos astral e

divino. A segunda manifestação de fenômeno.

9 E disse Deus: Ajuntem-se num só lugar as águas que estão debaixo do céu, e apareça o elemento seco. E assim foi.

Comentário: A treva ígnea e que se condensa em um

estado químico. Surge assim desse Nada místico ou Caos,

numa operação demiúrgica. Terra ou elemento seco é o

fim do movimento.

10 Chamou Deus ao elemento seco terra, e ao ajuntamento das águas mares. E viu Deus que isso era bom.

Comentário: A relação entre a terra, esse fim do

movimento e os mares como um elemento para a

construção, este elemento passivo e passional.

11 E disse Deus: Produza a terra relva, ervas que deem

semente, e árvores frutíferas que, segundo as suas espécies,

deem fruto que tenha em si a sua semente, sobre a terra. E assim foi.

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Comentário: Criação vegetal. Erva=Israel, ou aquela que

amadurece. E a chuva que a sustentará será a Torá, a Lei

ou o que temos pela Bíblia.

12 A terra, pois, produziu relva, ervas que davam semente

segundo as suas espécies, e árvores que davam fruto que tinha

em si a sua semente, segundo as suas espécies. E viu Deus que isso era bom.

Comentário: A produção da substância frutífera. A

semente é um princípio de criação, de uma geração

mágica. A semente produz algo por si só.

13 E foi a tarde e a manhã, o dia terceiro.

Comentário: O terceiro período fenomênico, a terceira

Criação.

14 E disse Deus: haja luminares no firmamento do céu, para

fazerem separação entre o dia e a noite; sejam eles para sinais e para estações, e para dias e anos;

Comentário: signos de divisões temporais, espécies

astrais. E servirão como sinais do futuro. Luzeiros

(meorot) são diferentes de astros e estrelas. Assemelha-se

a meerot, ―defeitos‖. O Zohar assim alude as esferas

cabalísticas abaixo do grande rosto, da quarta a décima,

onde a luz não penetrou, deixando uma casca,

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membrana, que oculta a luz (qlipha). É a origem da

matéria, sendo as qliphot, as conchas onde habitam os

demônios, localizando-se na árvore da morte (ou

conhecimento do bem e mal). O calendário judaico é

lunar. Certas tradições ocultas se referem a Jeová como

um Deus lunar.

15 e sirvam de luminares no firmamento do céu, para alumiar a terra. E assim foi.

Comentário: os mesmos, em especial Sol e Lua, de

versículo seguinte. Luminares são também as letras por

onde se opera a Criação, letras descritas no Livro da

Criação, Sepher Yetzirah.

16 Deus, pois, fez os dois grandes luminares: o luminar maior

para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; fez também as estrelas.

Comentário: O Sol que é o masculino, ou Yang, e a Lua

que é feminino, ou Yin. A Lua diminuiu sua luz original e

assim teve uma influência qlifótica, atraindo homens na

noite para seus desejos inconscientes. A loucura é

provocada por ela, a Lua, e os desejos sensuais e contatos

com demônios se devem a ela, ou a sua modificação, uma

vez que de início, segundo uma certa tradição, estaria

unida ao Sol. Adão depois terá uma relação com esses

espíritos lunares (demônio feminino Lilith). Por isso que

nasceram seres espirituais negativos tanto antes de

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conhecer Eva, como depois, onde ficou Adão 130 anos

sem ela, quando da morte de Abel. O que a tradição

ocultista chama de criação de súcubos. Estrela é uma

faculdade virtual.

17 E Deus os pôs no firmamento do céu para alumiar a terra,

Comentário: A expansão etérea para que se espalhasse a

Inteligência (Nous).

18 para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que isso era bom.

Comentário: A interioridade diurna e noturna, o

Julgador, Messias, ou Metatron (O príncipe da Face,

onde ninguém chega ao Pai senão por ele), pois separação

não deixa de ser uma ceifa (separar joio de trigo). O

paralelo entre a árvore que se divide em duas, a da vida e

da morte. Quando se pensa na esfera luminosa da árvore

da vida, se trás juntamente a esfera qlipha da árvore da

morte, com sua treva.

19 E foi a tarde e a manhã, o dia quarto.

Comentário: tarde e manhã, ou seja, ocidente e oriente.

Quarto ou ciclo quaternário, carro divino. Quarta Criação.

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20 E disse Deus: Produzam as águas cardumes de seres viventes; e voem as aves acima da terra no firmamento do céu.

Comentário: Animais celestes são criados, ou seres

viventes (Jayot), que são os Arcanjos e Querubins. Pois

Querub significa boi em hebraico, logo uma esfinge, e

esses animais são os que formam a esfinge, ou seja, o boi,

a águia, o leão e o homem. O quaternário leva assim aos

quatro elementos e aos quatro pontos cardeais, onde os

rostos desses ―animais‖ celestes giram. O teurgo saberá

onde se encontram os arcanjos, e que têm relação aos

elementos. Estas são as ―Bestas‖, que são cósmicas, e não

governos de simples seres humanos. E vivente é o que

tem espírito. A chave do livro de Ezequiel com suas

rodas=ordens de anjos superiores, Ofanim, e mesmo do

Apocalipse, com suas ―Bestas‖ ou animais, está em se

compreender a cabala. Esses animais também são o

Zodíaco, ou as constelações, grupos de estrelas, suas

inteligências.

21 Criou, pois, Deus os monstros marinhos, e todos os seres

viventes que se arrastavam, os quais as águas produziram

abundantemente segundo as suas espécies; e toda ave que voa,

segundo a sua espécie. E viu Deus que isso era bom.

Comentário: Novamente referência aos ―viventes‖, que

são os anjos, representados por animais, e sintetizados na

esfinge (querub), que resta em querubins. E são 4

espécies, nova alusão ao quaternário mágico. Anjos,

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ângulos ou forças cósmicas. São o trono de Deus, bem

como Seu carro (descrito por Ezequiel).

22 Então Deus os abençoou, dizendo: Frutificai e multiplicai-

vos, e enchei as águas dos mares; e multipliquem-se as aves sobre a terra.

Comentário: É o resultado da criação da alma (nefesh),

que antes parecia estar com os anjos. Essa alma é

nadadora do mar estrelado. Aves são referências a anjos,

pois são os que ―voam‖ e têm ―asas‖. Multiplicação da

espécie volátil sobre a terra.

23 E foi a tarde e a manhã, o dia quinto.

Comentário: A quinta manifestação, a quinta Criação.

24 E disse Deus: Produza a terra seres viventes segundo as

suas espécies: animais domésticos, répteis, e animais selvagens segundo as suas espécies. E assim foi

Comentário: Os animais são os 4 seres sagrados e

poderosos que sustentam o firmamento, ou os anjos

antes citados (Jayot), que o Zohar traduz por ―seres

viventes‖. São 12 Bestas que são os filhos de Jacó, e assim

temos os 12 do Zodíaco, referidos também nas 12 letras

simples do Sepher Yetzirah, o Livro da Criação,

cabalístico. 12 tribos de Israel. Os devas.

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25 Deus, pois, fez os animais selvagens segundo as suas

espécies, e os animais domésticos segundo as suas espécies, e

todos os répteis da terra segundo as suas espécies. E viu Deus

que isso era bom.

Comentário: Os anjos servem e são bons por serem

limitados a Lei, seguirem cegamente a mesma, qualquer

que seja a sua norma.

26 E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme

a nossa semelhança; domine ele sobre os peixes do mar, sobre

as aves do céu, sobre os animais domésticos, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se arrasta sobre a terra.

Comentário: O Adão Kadmon, o Homem Universal, que

possui a Alma de onde surgem todas as almas, incluindo

todas estas na sua (conforme O Tanya), tinha domínio

sobre os anjos, os quais o temiam. O poder desse Adão o

poderia dar a referência de um filho de Deus, perfeito. É a

árvore da vida, o diagrama cabalístico onde está o

universo e seus mundos, sendo em macrocosmo o que é

representado em microcosmo no corpo do homem, ou da

humanidade (coletiva). A Criação é feita por meio da fala,

segundo Pirkê Avot, pois ―o mundo foi feito com 10

pronunciamentos‖, o que nos faz pensar nas dez sefirot,

esferas da árvore da vida.

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27 Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.

Comentário: Imagem por ser santo, pois O Senhor é

santo. E pela lei do gênero, tudo tem gênero, logo essa

obra resultou em macho e fêmea (não fala homem e

mulher). Aqui muitos místicos falam de um Adão

andrógino, possuindo os dois sexos, e é de certa forma

uma fase esotérica da evolução da humanidade, descrita

por outras vertentes religiosas. Tal raça especial teria

vivido até na Lemúria, segundo alguns esoteristas.

Também a imagem e a semelhança se devem a Alma

antes estar nos minerais, vegetais e animais, cuja forma

não é humanóide. Certas tradições falam que existia um

homem mineral e um homem vegetal (Max Heindel), e

isso pode justificar que antes não havia ―imagem e

semelhança‖. Saint Yves fala em ―corpo de anjo‖, o que

pode ser também bem provável, uma vez que os Elohim

na obra da Criação eram anjos, e tinham o Nefesh (Alma),

da qual ―sopram‖ em Adão. A imagem também é a

capacidade de pensar, a inteligência da humanidade. Em

verdade, a primeira raça foi sem sexo e a segunda

hermafrodita, a terceira, hermafrodita que se separa

(Caim-Abel), a quarta provou o fruto proibido e a quinta

que se aproxima do quinto elemento. Fato é que a

primeira raça era espiritual, então não podia ser atingida

por dilúvio ou fogo. São assim em sentido oculto 7 Adões.

28 Então Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai e

multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os

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peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra.

Comentário: Uma geração e reprodução sagrada,

espiritual e o domínio sobre seres angelicais, ou os

―animais sagrados‖, ―seres viventes‖, que estão

sintetizados na esfinge, querub ou querubim, bem como

serafins, rodas e outras ordens. O trabalho sexual com a

kundalini (serpente de fogo ou serafim). Também é uma

referência ao surgimento do gênero separado.

29 Disse-lhes mais: Eis que vos tenho dado todas as ervas que

produzem semente, as quais se acham sobre a face de toda a

terra, bem como todas as árvores em que há fruto que dê semente; ser-vos-ão para mantimento

Comentário: Erva é Israel (Aquela que luta com Deus, o

Senhor dos Exércitos celestiais), e, aquela que cresce com

as águas (éter, akasha etc). Esta dá bom fruto e semente,

pois está na presença de Deus (Shekiná), por seguir a

Torá ou a Bíblia (a Lei). Árvores que levam frutos

espirituais. De onde surge o trigo para a sagrada hóstia,

ou pão (do céu). Os ―cedros do Líbado‖ são os seis dias da

criação.

30 E a todos os animais da terra, a todas as aves do céu e a

todo ser vivente que se arrasta sobre a terra, tenho dado todas as ervas verdes como mantimento. E assim foi.

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Comentário: As ervas dos campos de éter, uma energia

cósmica que envolve os seres.

31 E viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. E foi a tarde e a manhã, o dia sexto.

Comentário: é o dia da obra hexagonal, a sexta Criação.

Todas essas coisas feitas em potência. Sexto ciclo.

GÊNESIS capítulo 2

1 Assim foram acabados os céus e a terra, com todo o seu

exército.

Comentário: Acabados na mente. Começa a noite

cósmica.

2 Ora, havendo Deus completado no dia sétimo a obra que

tinha feito, descansou nesse dia de toda a obra que fizera.

Comentário: O repouso apenas indica fim de um ciclo

para início de outro. É a trajetória dos sete mundos, nas

777 encarnações. No esoterismo hindu se fala em

pralaya. Aqui há o repouso no nirvana, esgotando o ciclo

da Criação das vidas e do cosmos. Noite de Brahma. Fim

dos 6000 anos, e o sétimo é o ―Milênio‖, que muitos se

confundem ao ler Apocalipse. Está aqui a chave oculta do

Juízo Final, ademais. A obra do Verbo se realizou.

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3 Abençoou Deus o sétimo dia, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que criara e fizera

Comentário: Entrou em pralaya, fim dos 7 ciclos de raças

e mundos.

4 Eis as origens dos céus e da terra, quando foram criados. No dia em que o Senhor Deus fez a terra e os céus

Comentário: A origem de seu noumenon.

5 não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois

nenhuma erva do campo tinha ainda brotado; porque o Senhor

Deus não tinha feito chover sobre a terra, nem havia homem para lavrar a terra.

Comentário: Feito chover a vida, pelo Éter e a

consequente Força Vital proveniente da inteligência,

Nous, que surge disso. O homem universal Adão ainda

não existia concretamente.

6 Um vapor, porém, subia da terra, e regava toda a face da terra.

Comentário: Uma semente astral. Regava toda a face de

Ademah, a esfera ou dimensão destinada a Adão. Ou uma

força virtual surgia dessa ―terra‖. Há uma tradição que

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Bíblia e Misticismo

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disse haver uma névoa até o período atlante, e o ―homem‖

dessa noite dos tempos ainda respirar por uma espécie de

guelra. Com determinada adaptação, Noé conseguirá

superar essa raça que vive no vapor, surgindo assim o

homem semelhante ao atual. O Zohar fala que todas as

letras se fixaram nas esferas por esse vapor primordial,

haja vista o trono não estar bem fixado. É de certa forma

uma antecipação da chuva, que ainda não havia ocorrido.

É similar ao vapor do sacrifício ao Senhor.

7 E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-

lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente

Comentário: A alma (Nefesh) foi colocada no homem-

anfíbio astral, surgindo assim uma vida animal. Este

homem foi assim feito semelhança dos viventes, dos

anjos (seres viventes, rodas, bestas etc). Assim dominou e

reinou sobre esses seres. Segundo cabalistas, a alma é

dividida em três partes: Nefesh, a alma de vida, inferior,

Ruach, que já exige algum esforço humano em seu

progresso, e Neshamá, que é para aqueles que se ocupam

da Torá, que são os santos (tsadik). Seria traduzido para

alma animalesca, a alma racional, e por fim uma alma

intuitiva, espiritual. Nem se precisa falar que a primeira

participa do inferno, a segunda do céu inferior (devakã) e

a terceira do céu superior, pensando na doutrina

teosófica.

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8 Então plantou o Senhor Deus um jardim, da banda do oriente, no Éden; e pôs ali o homem que tinha formado.

Comentário: Éden é eternidade do tempo. Igualmente é o

tipo imortal das culturas. Também um recinto orgânico

onde se estaria sujeito Adão ao tal tempo. Claro que aqui

ainda é o Éden celestial. O jardim é também shekiná, a

presença divina, que é para o homem que se ocupa da

Torá ou da Bíblia (da Lei de Deus). E o homem aqui

formado dos 4 elementos, que serão representados nos 4

rios.

9 E o Senhor Deus fez brotar da terra toda qualidade de

árvores agradáveis à vista e boas para comida, bem como a

árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.

Comentário: A árvore da vida e a árvore da morte. A

segunda tem o fruto proibido, e ela se relaciona ao ―outro

lado‖ referido pelos cabalistas, que nos leva a relação com

os demônios, que estão nas cascas, qliphot, que ocultam a

luz. A árvore da vida se faz presente pela shekinah, pela

presença de Deus. Já a árvore do conhecimento está mais

relacionada com a ―multidão mesclada‖, de outras raças e

que se relaciona assim mais aos povos pagãos. E fruto é

alimento. Assim o alimento do santo (tsadik) está dentro

das regras da Torá, já a do pagão não, trazendo consigo a

alma animalesca (uma das três), que está destinada ao

inferno (Gehena, purgatório, limbo, kâmâ-lóka etc).

Podemos pensar na eucaristia como um fruto de árvore

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de vida, seu pão do céu ou o corpo de Cristo. Na árvore da

vida as letras do Nome estão unidas (Yod, He, Vau, He) e

na outra não. E Lilith é a mãe dessa multidão mesclada. E

segundo hassidismo, quem está com a alma animalesca

somente é o rasha, o perverso.

10 E saía um rio do Éden para regar o jardim; e dali se dividia e se tornava em quatro braços.

Comentário: São os quatro elementos, arcanjos, tribos e

esferas. Assim: Misericórdia/Gedulah/Micael;

Força/Gueburá/Gabriel; Vitória/Netsach/Uriel;

Majestade/Hod/Rafael. Também são os 4 evangelistas,

relacionados aos 4 animais da esfinge ou querub:

João/Águia/Ar; Lucas/Touro/Terra; Marcos/Leão/Fogo

e Mateus/Homem/Água. Rios são veículos inter-astrais

de águas vivas. São correntes fluídicas, emanações

luminosas. São os braços direito, esquerdo, perna direita

e perna esquerda. É também Israel saindo do cativeiro, e

mesmo a letra Vau do Nome representa o rio. E está no

Éden porque está em Shekiná, na presença divina. O rio

também é uma energia cósmica. É o Trono.

11 O nome do primeiro é Pisom: este é o que rodeia toda a terra

de Havilá, onde há ouro;

Comentário: Pison ou Fison é a física que rodeia a energia

virtual. Aparenta-se a um oceano de ouro resplandecente.

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12 e o ouro dessa terra é bom: ali há o bdélio, e a pedra de berilo.

Comentário: Lugar de divisão onde se encontra a

sublimação universal.

13 O nome do segundo rio é Giom: este é o que rodeia toda a

terra de Cuche.

Comentário: Gion é o fogo criador. Ciclo de calor que

rodeia todo o equador.

14 O nome do terceiro rio é Tigre: este é o que corre pelo oriente da Assíria. E o quarto rio é o Eufrates.

Comentário: Tigre significa harmonia e poder (Hidekel).

Substância sutil que coloca tudo em relação. O quarto é

Phrat, fonte de fecundidade e procriação.

15 Tomou, pois, o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e guardar.

Comentário: Estava assim a humanidade em meio à

eternidade. Para de esse modo ser seu espírito celeste e

cultivar essa metrópole.

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16 Ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim podes comer livremente;

Comentário: De toda a substância vegetativa do corpo.

Pode assimilar as coisas sem medo.

17 mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não

comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.

Comentário: Pois os frutos dessa árvore secular são o

tempo. E por uma espécie de metamorfose seria

transformado de gerador por si mesmo a gerado por

outro ser, e sujeito ao gênero. Em ciclos, teria de

experimentar a morte, perderia a imortalidade. Passa a

outro estado.

18 Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora que lhe seja idônea.

Comentário: Que esteja na solidão de si mesmo, ou que se

reproduza pela sua forma ainda hermafrodita, ou

bissexual. Aqui surge de sua essência luminosa, de sua

sefira, a mulher ainda em potência, mas não existente. A

separação dos sexos. Acorda a parte feminina que antes

dormia apenas em seu coração.

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19 Da terra formou, pois, o Senhor Deus todos os animais o

campo e todas as aves do céu, e os trouxe ao homem, para ver

como lhes chamaria; e tudo o que o homem chamou a todo ser vivente, isso foi o seu nome.

Comentário: Assim o homem foi criado antes dos

animais, contrariando darwinismo e estando a Bíblia em

sintonia com a ciência oculta. Pois os outros animais

anteriores eram os do Zodíaco, ou os arcanjos e outros

anjos, os ―seres viventes‖, como já expliquei. Outrossim, a

Criação foi feita antes em plano espiritual, para apenas

depois se desenvolver na matéria, ou nas ―trevas‖. Dar

nome também é criar esses seres. Parece ser o reflexo

criador de Adão, imagem e semelhança dos Elohim. Adão

parece ter criado esses seres, pois os nomes lhes davam

existência. Estando também o homem ainda só, este criou

seres no mundo astral, pelo poder de sua mente.

20 Assim o homem deu nomes a todos os animais domésticos,

às aves do céu e a todos os animais do campo; mas para o homem não se achava ajudadora idônea.

Comentário: mesmo aqui ainda não há a mulher, sendo o

homem bissexual. Isso não era algo idôneo, pois devia

gerar alguma confusão. E existem tradições que falam de

homens ainda mesclados a animais, verdadeiros

monstros, o que também não era ―idôneo‖. Os animais

ainda podem ser uma referência a signos luminosos, os

animais do Zodíaco, estrelas e constelações em relação ao

Homem Cósmico. A Lua e o Sol em um só corpo.

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21 Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre o

homem, e este adormeceu; tomou-lhe, então, uma das costelas, e fechou a carne em seu lugar;

Comentário: A costela é uma parte de sua essência

luminosa, a esfera ou sefira, e de um anjo de corpo de

glória que aparecia em sonho de Adão, fez a mulher.

Finalmente a separação dos sexos, em homem e mulher,

cada um heterossexuado, e por isso a acompanhante,

ajudadora. No Zohar há uma interpretação que essa

ajudadora na verdade é a Torá, a Lei, o que poderíamos

interpretar como a Bíblia, a Palavra de Deus. Por alguma

semântica ou número assim se faria. Cumpre assim a lei

hermética do gênero, pois todas as coisas possuem

gênero.

22 e da costela que o senhor Deus lhe tomara, formou a mulher e a trouxe ao homem.

Comentário: Agora é Aisha, e assim a humanidade tem ao

seu dispor agora uma vontade eficiente. Pois é a vontade

a força mais poderosa a disposição da humanidade, ou de

Adão. Eva significa então Vontade. Certas linhas

esotéricas chamam esta Vontade de Thelema, que tem o

mesmo valor numérico de Agape, amor. Aisha é angélica

e espiritual.

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23 Então disse o homem: Esta é agora osso dos meus ossos, e

carne da minha carne; ela será chamada varoa, porquanto do

varão foi tomada.

Comentário: A essência da minha essência. Foi feita das

esferas da árvore da vida. Mesmo esta tem as suas duas

colunas, uma masculina e outra feminina. É a vontade

eficiente, Aisha ou Eva.

24 Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-

á à sua mulher, e serão uma só carne.

Comentário: Unido a sua vontade, Adão será um só em

sua unidade celeste de vida. Alguns autores dizem ser

esse versículo adicionado posteriormente.

25 E ambos estavam nus, o homem e sua mulher; e não se

envergonhavam.

Comentário: A alma desnuda e sem ocultar a beleza e

graça, nem sua bondade. Com a vontade encontrou o

conhecimento.

GÊNESIS Capítulo 3

1 Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais do

campo, que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?

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Comentário: Serpente é tradução errônea de

concupiscência. Assim essa serpente é o desejo, a força de

atração, a fornicação. Ela é Nahash, aquela que Moisés

fez para afastar as picadas das cobras, enroscada em um

poste (ou cruz). É a luz astral em manifestação inferior, a

kundalini que desce, diabólica. Tem o mesmo valor

numérico de messias, o que também prefigura o Cristo,

mas ele sendo o que sobe, evolui. O Zohar fala em

demônio Samael, que seria essa primeira serpente que

fala com Eva.

2 Respondeu a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim podemos comer

Comentário: Respondeu a vontade ao desejo baixo e

animalesco.

3 mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse

Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais

Comentário: Da árvore da morte, das relações com os

demônios que a habitam, nas cascas ou qliphot.

4 Disse a serpente à mulher: Certamente não morrereis.

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Comentário: O desejo ou a concupiscência fala a vontade,

seduzindo-a ao erro. A primeira e grande mentira, uma

face de Samael. Saint Yves fala que a tradução seria que a

morte é um espantalho. A alma animalesca barra o

desenvolvimento das outras duas partes da alma e assim

barra a entrada no céu, que exige outros veículos ou

faixas de consciência. Essa parte da alma animal apenas

encontra Gehena, ou o inferno/limbo/purgatório em sua

transição ou morte, e afasta a imortalidade ou

ressurreição.

5 Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto,

vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal.

Comentário: Do fruto do desejo, concupiscência etc.

Sabia assim do bem e do mal, porque esse era fruto da

ralação com a árvore da morte, suas qlifot e a alma

animalesca. A vontade querendo se sujeitar ao desejo

carnal.

6 Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se

comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar

entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu.

Comentário: Experimentou do desejo e se sujeitou a

ilusão (maya), as serpentes dos sentidos materiais e

carnais. E seu princípio intelectual, Aish também o

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Bíblia e Misticismo

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comeu, alargando o entendimento. Eva teve relação com

o daimon Samael, uma ―serpente‖, e Adão teve relação

com outra serpente, que se chama Lilith. Ambos

cometeram adultério. Mas o sentido esotérico é a

necessidade de sexo e com outra pessoa para se continuar

a espécie. A humanidade com sexos separados.

7 Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que

estavam nus; pelo que coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.

Comentário: Maçons aqui se referem a que foi o Grande

Arquiteto que havia dado o avental de cordeiro a Adão,

uma vez que este havia sido iniciado em todos os graus da

Mac.‘.. O conhecimento bíblico é sexual, pois Adão

conheceu Eva, Abraão conheceu Sarah e assim por

diante. Vestiram-se com o veículo material e ficaram nus

do espiritual. A esfera onde estava, onde hoje está o

abismo (Da’at), caiu da sua dimensão espiritual ou seu

mundo para a dimensão física, Assiah, onde se localiza

Malkut, o reino, na árvore da vida cabalística.

8 E, ouvindo a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim à

tardinha, esconderam-se o homem e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim.

Comentário: O Verbo que passeava no jardim da

eternidade. E escondeu-se a humanidade (Adão) na

esfera de sua vontade.

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Bíblia e Misticismo

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9 Mas chamou o Senhor Deus ao homem, e perguntou-lhe: Onde estás?

Comentário: Onde te levou a tua Vontade? Segundo

Lorenz.

10 Respondeu-lhe o homem: Ouvi a tua voz no jardim e tive medo, porque estava nu; e escondi-me

Comentário: Percebeu o Verbo sagrado e estava nu da

essência espiritual, bem como do poder e autoridade que

isso gerava. Antes os anjos tinham medo e obedeciam a

Adão, mas agora ele estava preso a carne, a certa

animalidade, ou ao sopro, a alma animalesca (nefesh ou

sefer hará). Estava despido de sua luz, pois um corpo

tenebroso o separava do Eterno.

11 Deus perguntou-lhe mais: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?

Comentário: Quem tem lhe sugerido o véu das trevas? :

Segundo Saint Yves.

12 Ao que respondeu o homem: A mulher que me deste por companheira deu-me a árvore, e eu comi.

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Comentário: Aisha, a vontade. A mulher é inocente,

apesar haver uma tradição que em velório seriam as

mulheres que carregam o caixão, por guardarem a culpa

do pecado original. Mesmo por causalidade, ela era

também vítima, se fôssemos entender no literal. Essa

esposa intelectual levou a se conhecer o que não devia,

que era a árvore da morte e suas conchas, as qlifot e em

certo sentido, a magia negra e ralação com demônios

(conhecimento do mal...). Também uma forma não

sacralizada de fazer amor, uma degeneração do ato

sexual, fazendo assim com que durma kundalini e os

poderes inerentes. A vontade levou a que se conhecesse o

mal e que se perdesse a verdadeira natureza espiritual,

em função da material. A falta de castidade e certa

escravidão aos impulsos também parecem ser o tal fruto,

pois afastam da presença divina. Não confundir com o ato

de amor legítimo, pois este aproxima de Shekiná (o lado

feminino de Deus), conforme afirma o Zohar, uma vez

que no sábado à meia-noite seria o momento para tal. Os

gnósticos tentam reparar esse pecado original.

13 Perguntou o Senhor Deus à mulher: Que é isto que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente enganou-me, e eu comi.

Comentário: Novamente o Verbo e a situação do desejo

subjugando a vontade e a levando a concupiscência, que

revelou uma nova forma de reprodução, material e não

espiritual.

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14 Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste

isso, maldita serás tu dentre todos os animais domésticos, e

dentre todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás,

e pó comerás todos os dias da tua vida. 15 Porei inimizade

entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua

descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.

Comentário: O desejo se apega a matéria, e nada tem a

ver com o animal serpente, que não é maligno, mas

inocente. Também era uma missão do anjo essa

transformação da reprodução de Adão-Eva, que foi assim

separado em Adão e Eva. Alimenta-se das exalações mais

ordinárias do plano físico, pois se relaciona a energia

telúrica. É a luz astral em sua porção inferior, ou o desejo

mais parecido com o que há em instinto nos animais. Isso

se torna um problema por não desenvolver-se a alma

espiritual, uma vez que prende o homem ao mundo e as

paixões. E ela produz elementares, larvas astrais, que

podem provocar as pessoas com doenças e coisas ruins.

Entre os gnósticos se fala em crescer em um Dragão de

energia sinistra, alimentado por essa energia de

fornicação. Inimizade com a vontade, pois a ―carne é

fraca‖ e para muitos a vontade perde a força frente a isso,

mas não ao iniciado e adepto. Mas se houver batalha

entre vontade e desejo, este último parece ser ferido e

vencido, pois sem a cabeça perde seu controle, e já ser

ferido em calcanhar é apenas um mal menor. A cabeça da

serpente das gerações. A mulher sobre a Lua crescente,

que nos leva a pensar em Ísis, ou Vênus/Lúcifer, estes

relacionados ao conhecimento e desejo, mas sem a

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conotação negativa. A serpente picando o calcanhar

também é a influência da árvore do conhecimento, assim

do ―outro lado‖, ou telúrica, e para tanto viria da terra,

em contato inicial com essa parte do corpo.

16 E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a dor da tua

conceição; em dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará

Comentário: A dor da encarnação, ou sua necessidade,

diferente da imortalidade (contínua). Multiplicará assim

os obstáculos a realização da sua vontade, por agora estar

presa as limitações materiais, e não mais ter poder sobre

os anjos, sua autoridade, corpo de luz e espiritual, antes

existente. O princípio intelectual a dominará, não o

marido homem.

17 E ao homem disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua

mulher, e comeste da árvore de que te ordenei dizendo: Não

comerás dela; maldita é a terra por tua causa; em fadiga comerás dela todos os dias da tua vida.

Comentário: Maldita a terra adâmica, e a humanidade

ouviu sua inteligência que de certa forma foi contra a Lei

Cósmica. A voz aqui é a voz interna, mas inferior, que

desvia do reto caminho, nenhuma cobra. A dualidade

resultado da dita árvore. A árvore do tempo e seu fruto

proibido.

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18 Ela te produzirá espinhos e abrolhos; e comerás das ervas do campo.

Comentário: Frutos materiais, ásperos. Coisas que

impedem a realização da vontade.

19 Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à

terra, porque dela foste tomado; porquanto és pó, e ao pó tornarás.

Comentário: O trabalho material substituindo o

espiritual. A obra do Corpo Denso ou material e do Corpo

Astral, agora vinculados a matéria, que é limitada e

mutável.

20 Chamou Adão à sua mulher Eva, porque era a mãe de todos os viventes.

Comentário: A vontade é a mãe de todos os seres. Aqui

viventes parecem indicar entidades espirituais, e tem

uma tradição que diz ser outra Heva a serpente, ou a

energia da luz astral (kundalini) trabalhada pelo homem.

Sempre são gerados filhos e gerações, mesmo que não

materialmente.

21 E o Senhor Deus fez túnicas de peles para Adão e sua mulher, e os vestiu

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Comentário: Os ditos aventais que ainda são usados em

algumas ordens místicas, em especial a Maçonaria. Pele

de cordeiro, para representar a inocência e a castidade,

necessárias ao iniciado.

22 Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem se tem

tornado como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Ora, não

suceda que estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente.

Comentário: Para assim ficar no lugar dos Elohim. Mas

aqui percebemos que o anjo caído na verdade é Adão, a

humanidade, e que com a permissão de certas leis

Cósmicas está com uma porção divina, que é ter mente

(manas) e conhecer, bem como aspirar à imortalidade ou

árvore da vida. Sabe também e tem controle do tempo,

mas não da imortalidade, pois sua pureza é só em

essência. A vida física impediu comer do fruto da árvore

da vida.

23 O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden para lavrar a terra, de que fora tomado.

Comentário: Há um evangelho apócrifo que fala que Adão

e Eva foram habitar na Caverna dos Tesouros. Nesse local

ainda Satã lhes incomodava, se disfarçando de anjo de luz

e tudo mais. Fato curioso é que Adão e Eva teriam se

suicidado, e o Senhor teria os ressuscitado, já naquela

ocasião de morar nessa caverna, uma vez que a adaptação

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ao corpo físico foi dura e difícil, não tendo mais poder

sobre os anjos e tudo mais, como antes. Teve assim de

aprender a se alimentar, se adaptar com o intestino e

trabalhar. Exilados do Éden celeste para habitar o Éden

terrestre. A separação do mundo interior para habitar o

mundo físico, exterior.

24 E havendo lançado fora o homem, pôs ao oriente do jardim

do Éden os querubins, e uma espada flamejante que se volvia por todos os lados, para guardar o caminho da árvore da vida.

Comentário: Os cavaleiros das esfinges, os querubins e

seu fogo não é outro do que aquele que queima no inferno

ou purgatório/limbo (kâmâ-lóka), para assim purificar a

alma (sua terça parte, a animalesca). Eles guardam o

mistério dos ritos divinos. Tal fogo se dá pela alma

animalesca e pela ―má inclinação‖, que são possíveis

quando não se estuda e pratica a Torá, ou a Bíblia, pois o

homem que a estuda é semelhante a Deus ou aos anjos.

―Há um firmamento superior que descansa sobre quatro

bestas santas superiores‖ (Zohar, Vayakhel), e há as

inferiores, onde estão gravadas as quatro letras,

guardando os portais do Jardim do Éden. São iguais aos

quatro braços dos rios, que sustentam o Trono Div ino e

tem um rio de fogo (e aqui trocado pelo símbolo das

espadas flamejantes). Comprova Daniel 7: 10: ―Um rio de

fogo manava e saía de diante dele; milhares de milhares o

serviam, e miríades de miríades assistiam diante dele.

Assentou-se para o juízo, e os livros foram abertos‖.

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GÊNESIS Capítulo 4

1 Conheceu Adão a Eva, sua mulher; ela concebeu e, tendo dado à luz a Caim, disse: Alcancei do Senhor um varão.

Comentário: Conheceu o Homem Universal a sua

vontade eficiente e formou assim o poder centralizador

(Caim), que é uma força centrípeta e que pode ser

traduzido como egoísmo, em nível psicológico. Tradições

ocultas dizem ser esse Caim um filho de Eva (Heva) com

a serpente Samael (ou anjo/demônio), e que assim não

era apenas humano. Há doutrinas da mão esquerda que

têm especial atenção com Caim, dedicando até livro para

o mesmo (exemplo é Michael W. Ford, com seu ―The

Book of Cain‖), até com ritual para sua invocação. Existe

quem diga que este Caim representa a força masculina da

natureza, seu animus ou yang, e que a dominação sobre o

irmão que virá será o machismo vigente nas sociedades.

Também o anjo Azazel (ordem de Elohim...) teria estreita

relação com esse Caim e com a reprodução de Eva, não

sendo um bode expiatório, nem demônio, mas algo mais

importante.

2 Tornou a dar à luz a um filho - a seu irmão Abel. Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra.

Comentário: Abel é a força centrífuga, de libertação e

altruísmo. Este responsável pelo desenvolvimento do

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mundo corporal. E Caim mata Abel, o egoísmo mata o

altruísmo, a força que aprisiona mata a força que liberta.

GÊNESIS Capítulo 6

1 Sucedeu que, quando os homens começaram a multiplicar-se sobre a terra, e lhes nasceram filhas,

Comentário: Gerou formas sensíveis e corpóreas.

2 viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram

formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram

Comentário: Esses Beni Elohim parecem que faziam o

serviço para gerar uma nova raça. Tais eram homens do

céu, o que é sugestivo e depois explicado em capítulo

sobre Enoc. Era a sua missão, e alguns recusaram, sendo

os Kumaras, eternamente adolescentes ou mesmo

crianças. Aqui alguns não possuíam um corpo astral

requerido para a reprodução, e isso é em período pré-

adâmico, ou localizado em tempo anterior a que está

citado neste livro bíblico. Os deuses no oriente são

chamados de Suras, e aqui parece que a missão era

evoluir o ser humano e o tornar autoconsciente. Quem

pensa aqui em uma maldade por parte dos anjos e sua

queda, se engana, uma vez que claro que era sua missão

conhecer essas filhas dos homens. Tradição novamente

emprestada de tradições de egípcios, caldeus, purânicas

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etc. Aqui não deveria ser chamado de ―mulheres‖, mas de

fêmeas, e a geração que se deu foi de formas

monstruosas, mais do que apenas gigantes. Aqui é uma

reprodução da ―queda‖, com outro ―mito‖. A união

espiritual com as faculdades físicas, queda dimensional.

Dizem certas tradições que os seres desse período eram

meio homens e meio animais, o que nos faz compreender

o porquê de pagãos terem deuses com esse formato (os

egípcios são claros nisso, Anúbis com cabeça de cão,

Hórus com cabeça de falcão etc).

3 Então disse o Senhor: O meu Espírito não permanecerá para

sempre no homem, porquanto ele é carne, mas os seus dias serão cento e vinte anos

Comentário: 120=1+2=3. A constituição ternária do

homem: corpo, alma e espírito, que são a duração de sua

existência material e espiritual, através das três partes da

alma, ainda. E 12 é o Zodíaco, nos levando a ponte para

seres viventes, animais celestes e anjos, a herança

humana.

4 Naqueles dias estavam os nefilins na terra, e também depois,

quando os filhos de Deus conheceram as filhas dos homens, as

quais lhes deram filhos. Esses nefilins eram os valentes, os homens de renome, que houve na antiguidade.

Comentário: Os gigantes, seres eleitos, segundo um autor

são Giboreus Hiperbóreos. São heróis, e Noé seria

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também um desses heróis e mesmo Gigante, bem como

Enoc. Isso estava pela quarta raça. A raça atlante e má, de

feiticeiros etc, foi destruída com o Dilúvio, exceto Noé

(Xisuthros, Vaivasvata etc). Os ―filhos de Deus‖

travaram assim guerra contra os Gigantes, e isso é

retratado em várias cosmogonias, em diversos povos e

religiões. Fato é que isso se deu por luta de magos na

antiga Atlântida, e os filhos de Deus venceram os magos

negros (isso não é racial, é pelo seu caminho, pois

feiticeiros).

5 Viu o Senhor que era grande a maldade do homem na terra, e

que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era má continuamente

Comentário: A maldade dos gigantes atlantes, os magos

negros. Dizem que existia a raça negra e a amarela

naquela terra, e que viviam em guerra. Essas constantes

batalhas revelavam a sua maldade, e não perdurou muito

esse modo de vida (modus vivendi). Assim teve que a

Alma evoluir pelos reinos inferiores, mineral, vegetal e

animal, até chegar ao homem.

8 Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor.

Comentário: O repouso da natureza estava seguindo a Lei

Cósmica. Assim pela arca estava a matriz, que serve na

terra de uma ―arca‖ para as sementes, essa fertilizada

pelo Sol. Também essa ―arca‖ é a Lua, que guarda a

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energia da fertilidade, da geração etc. O repouso foi para

nascer uma nova raça. Há uma tradição que disse ser esse

Noé uma espécie de homem anfíbio, e que havia névoa na

terra em seu tempo, tendo guelras e na subida de uma

montanha pelo seu veículo construído (arca), subiu a uma

montanha, vivendo sem esse sistema respiratório, sendo

o que sobreviveu, quando sumiu a névoa (ver Conceito

Rosa-Cruz do Cosmo, de Max Heindel). Mas não sabemos

o que é mito e alegoria, devendo nos atentar para guardar

o sentido místico da alegoria presente em mais de 150

povos, de um Dilúvio e seu sobrevivente heroico. Sobre

Noé, já falei em capítulo primeiro dessa obra, com

referências numéricas e cabalísticas, bem como citação de

um relato sobre Deus Mitra e o Dilúvio. O capítulo

seguinte trata dos gigantes e o Dilúvio.

9 Estas são as gerações de Noé. Era homem justo e perfeito em suas gerações, e andava com Deus.

Comentário: A Teosofia diz que ele era um Manu, logo

bem mais que um simples homem. Também que era em

verdade um Gigante, um Titã, e que outras vertentes

espirituais o têm em seu sistema, com nomes diferentes.

Era um Atlante, e assim precursor de uma determinada

raça, entre as 7. Olhando com olhos de carola, seria um

demônio, mas que andava com Deus, isso contrariando a

usual dualidade e maniqueísmo. Noé significa repouso da

natureza, e por isso do Dilúvio e de uma nova natureza. E

Noé ou Noah é a arca, o Espírito que habita na matéria. E

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o dilúvio verdadeiro é o do Caos, da matéria sem

diferença, um Éter primordial.

10 Gerou Noé três filhos: Sem, Cão e Jafé.

Comentário: O Corpo de Desejos, alma animal (Nefesh), o

Corpo Vital (Ruach) e o Corpo Espiritual (Neshamah), as

três partes da alma. Assim Sem é o espiritual, Cão dos

desejos e Jafé é o vital. A Cabala mais uma vez nos

oferecendo a resposta e a significação mística, já presente

nos nomes dos personagens.

GÊNESIS Capítulo 11

1 Ora, toda a terra tinha uma só língua e um só idioma.

Comentário: Era a língua dos Mistérios, comum a todos

os povos e religiões, por ser a verdade, que é única. Tal

idioma é adquirido pela iniciação. Trata-se de uma língua

viva e mágica, com poder energético. Isso ainda perdura

no hebraico, por exemplo. É a ―palavra perdida‖ da

Maçonaria. A Bíblia revela alguns desses mistérios, mas

com alegorias ou parábolas que têm de ser interpretadas.

2 E deslocando-se os homens para o oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e ali habitaram.

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Comentário: No oriente havia essa língua comum. Esta se

rompeu quando o homem parte ao ocidente, ao instinto e

as trevas materiais.

3 Disseram uns aos outros: Eia pois, façamos tijolos, e

queimemo-los bem. Os tijolos lhes serviram de pedras e o betume de argamassa.

Comentário: Babel por muitos é traduzida como

confusão, mas se trata na verdade de uma cidade de

Deus. Novamente a aproximação do céu ou paraíso, e

disso não ser permitido nesse momento evolutivo. Assim

como existe uma evolução mínima exigida pelo Cósmico,

existe uma máxima. Fato é que a torre e a única língua

significam o desenvolvimento da individualidade, do ego.

4 Disseram mais: Eia, edifiquemos para nós uma cidade e uma

torre cujo cume toque no céu, e façamo-nos um nome, para

que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.

Comentário: A unidade desse Mistério edificada em uma

forma material. Talvez fosse uma forma de criticar os

jardins suspensos da Babilônia, dando um significado

espiritual ao tema.

29 Abrão e Naor tomaram mulheres para si: o nome da mulher

de Abrão era Sarai, e o nome da mulher do Naor era Milca, filha de Harã, que foi pai de Milca e de Iscá.

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Bíblia e Misticismo

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Comentário: ABRÃO, ou BA-RAM, o iniciado solar toma

uma faixa de entendimento e inteligência para si. Sarai ou

Sarah, que significa a Lei, ou no oriente Sara-vasti.

ABRAHAM é também BRAMAH, um estágio especial

desse desenvolvimento humano. As mulheres significam

virtudes, conquistadas pelo iniciado. No mais o livro do

Gênesis, pela sua extensão, pode ser lido e interpretado

naqueles capítulos que pulei, com a tabela seguinte para

dar alguma luz ao significado dos personagens, que na

verdade é parte de uma psicologia avançada e de

igualmente, uma cosmogonia.

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QUADRO DE CHAVES PARA INTERPRETAÇÃO

Adão Homem arquetípico, universal. Adão Kadmon.

Eva Aisha. Vontade eficiente. Primeira Eva.

Cain Egoísmo. Força centrípeta. Abel Altruísmo. Força centrífuga. Serpente Narash. Força de atração, desejo

baixo, paixão inferior. Concupiscência.

Éden Tempo. Período fenomênico. Perpetuidade.

Luz Aos. Inteligência. Manifestação inteligível elemental.

Água. Matéria prima não organizada, caos. Éter.

Rios Fison= realidade física, Geon=fogo criador, Tigre=harmonia e poder e Eufrates=fecundidade

Costela Esfera, sefira da árvore da vida cabalística. Essência.

Eva Segunda Eva. Existência Elemental. Enoc Força central. Movimento contínuo.

O homem consciente. Espírito de consolidação.

Irad Movimento. Maviel Manifestação física Matusalém Morte, transformação. Lamec Princípio de geração. Laço de

nações. 2 mulheres Mulheres de Lamech:

Ada=faculdade física evidente e Sela= faculdade velada

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Tubal Ar por onde se propaga o som. Jabel Princípio aquoso e fertilidade física. Noema Fraternidade entre as nações Set Base das coisas, arquétipo do corpo Enos Nome corporal mutável Canaã Espírito de invasão Mahalael Exaltação Jared Movimento perseverante Noé Repouso da natureza Filhos de Noé

Shem=elevação brilhante, corpo espiritual; Cão=passional, paixão, curvação, corpo de desejos, e, calor e Jafé= corpo mental, extensão.

Gigantes Giboreus hiperbóreos. Arca de Noé

Matriz onde se colocou a matéria elemental conservadora

Ascenez Fogo calórico Rifat Expansão Togorna Densidade

Gomer Acúmulo elemental Magog Elasticidade Madai Divisibilidade Mosoc Perceptividade Javã Ductilidade Tiras Forma de aparência Elão Duração infinita Assur Eternidade Arfaxad Poder legal, ordem, harmonia Lud Mediador da Providência Chus Combustão Misrain Faculdades cativantes Pruth Exaltação Aradeos Desejo de usura Samareos Sede de poder

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Amateos Avarentos Tubal Caim

Ofícios com metais

Regma Emanação do raio Ludin Propagações físicas Ananim Entorpecimento material Labin Exaltação Abraão Bramam. Ba-Ram = o iniciado solar Sarah Sarai. A Lei. Saravasti. Ismael Pai-mãe-filho. Sodoma/ Gomorra

Instinto animal

Neftuim Cavernosidades Sidão Astúcia Heteu Relaxamento moral Heber Ultraterreno Heveu Vida animalizada Sineu Paixões brutais Messa Colheita de frutos espirituais Faleg Dialeto, dialetação Jactão Atenuação do mal Ebal Orbe divino Amateu Avareza irascível Elmodad Mensuração probatória e divina Lot Véu Saba Redenção Abimael Pai da plenitude Ofir Fim elemental Salef Emissão reflexa Decio Som e éter Thared Thora, Torá, Lei. Agar Princípio da feminilidade Babel Cidade de Deus

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Sobre o personagem bíblico Enoc

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Bíblia e Misticismo

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Introdução

Que herói é este? Um profeta um tanto quanto

misterioso. Dizem que foi arrebatado ao céu, que não

morreu. Provavelmente, como outros sábios hebreus, era

um cabalista, ou em bom português, mago ou curandeiro.

Provavelmente Enoc foi um grande sábio, a altura de

Moisés (Mosheh) e de Jesus (Yeshuah), ambos também

cabalistas. Há um tal evangelho de Enoch, ou livro de

Enoch encontrado no Mar Morto, que conta uma história

ou interpreta a ―queda‖ dos anjos (que tiveram mulheres

humanas por amantes etc...), como um crime (?), do qual

nasceram gigantes terríveis, sendo tal Enoc o Juiz a julgar

tal fato (sendo o castigo o Dilúvio...). Pode-se interpretar

daí que no dilúvio quem devia morrer eram os gigantes,

não seres humanos normais. Noé foi uma fábula para

contar a estória sob ponto de vista moral, como para

―lição de moral‖. Enoc viveu 365 anos! Claro que tais

fábulas foram provavelmente adaptadas de mais antigas,

de religiões como zoroastrismo e de povos árabes ou

egípcios. Ora, o possível autor do velho testamento, a

maior parte da Bíblia, foi Moisés e este era egípcio e viveu

com um sacerdote árabe, o qual era seu sogro. Lendas

sobre o dilúvio existem em muitos povos, destes

anteriores aos hebreus, que não era povo, mas condição

de ser ―errante do deserto‖, filisteu. O ―dilúvio‖ é uma

fábula para explicar a existência da primeira chuva, e, por

consequência, do manejo da agricultura, etc, sendo algo

que possivelmente seria bom ou positivo. Já Enoc deve

ter sido uma lenda adaptada, como muitas outras

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Bíblia e Misticismo

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existentes na Bíblia, inclusive no novo testamento, onde

se vê Dionísio ou Osíris apenas trocado de cultura ou

personagem, sendo Deus sacrificado, filho de uma

virgem, previsto nos astros, que fazia peripécias com a

natureza etc. Para acreditar nessa lenda atribuída a Enoc,

de ―homens do céu‖ que se apaixonam por mulheres da

terra, somente se acreditando em extraterrestres. Para

tanto, o absurdo se mistura a superstição e apenas quem

não conhece um pouco de mitos e lendas achará que há

algo de original neste herói e na profecia que lhe é

atribuída. Um arqueólogo alemão, Däniken, tentou

provar que estes povos antigos não fizeram outra coisa a

não ser acreditar nos tais extraterrestres, e que, coisas

escritas como ―carro de fogo‖ e ―cortina de fumaça‖, nada

mais são que suas naves. Há uma seita ou religião atual

que entende o Evangelho nesse sentido, o Movimento

Raeliano, onde interpreta a Bíblia como com constantes

visitas de extraterrestres e interferência de suas

experiências científicas na humanidade. Desse modo, se

Enoc foi arrebatado ou trasladado ao céu, nada mais

ocorreu que ter sido abduzido, levado pelos tais ―homens

do céu‖, aos quais só poderia julgar estando em sua

realidade, em seu meio e convivência. Alguns ocultistas,

especialmente da Rosa-Cruz, dizem que a história de

―gigantes‖, anjos do céu, dragões, etc, apenas servem para

explicar o surgimento dos astros, das estrelas, e que eram

comuns tais histórias de ―guerras de gigantes contra os

homens‖ em povos até do extremo oriente. Nada mais

seja que talvez uma forma de explicar coisas complicadas,

como a origem do universo, cosmogonia, e, por isso está

junto do livro de Gênese. Deve assim ser interpretado

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como o mito de Adão e Eva (Humanidade e Consciência

Divina), ou do espírito de Deus planando sobre as

―águas‖(do que é informe, sem forma...), ou mais

profundamente, da filosofia que hoje herdamos através

da cabala hebraica, onde o Nada(En Sof) faz surgir Deus

(Kether), que forma determinada trindade (com Hokmá e

Biná), formando na criação outras 2 trindades, tendo por

fim o mundo físico. Queda dos anjos, ou seja, do divino

que surge na dimensão espiritual e se manifesta na

natureza e por fim no homem, deus encarnado, Jesus,

Buda, Osíris, Krishna, Zoroastro, Lao Tsé etc. Talvez

Enoc seja mais um de tais ―iluminados‖.

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Enoc na Bíblia

No livro de Gênesis: (5:22-24)

―Enoque viveu sessenta e cinco anos, e gerou a Matusalém. 22

Andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém,

trezentos anos; e gerou filhos e filhas.

Comentário: 65=6+5=11, número mágico por

excelência. Matusalém, apesar da fama da vida longa, em

verdade representa a morte. O Gigante atlante ou homem

de poder acabaria por ser um juiz dos outros Gigantes ou

Nefilins, como vemos nos escritos apócrifos que trago

citações em seguida. Esses gigantes parecem ter sido

mestres de sabedoria para a humanidade, por esses

escritos, e ensinado várias ciências, o que é às vezes

acusado de feitiçaria, mas são as ciências antigas, como a

astrologia, o uso das ervas, entre outros ofícios.

23 Todos os dias de Enoque foram trezentos e sessenta e cinco

anos; 24 Enoque andou com Deus; e não apareceu mais,

porquanto Deus o tomou.‖

Comentário: Com a consciência da morte (Matusalém),

houve a limitação temporal, sendo esse o número de dias

de um ano. Mas ele foi arrebatado ao céu, abduzido, e

assim como Elias e outros, parece não ter provado da

morte e continuado seus dias por esse mundo. Os

gigantes eram na verdade seres que tinham uma natureza

um tanto quanto volátil, e por isso gigantes. Claro que as

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obras materiais dos mesmos ainda existem, como as

pedras da Ilha de Páscoa, que são um mistério até para os

mais céticos. E seus filhos com as mulheres humanas

foram raças inferiores, degeneradas, conforme outras

tradições do mundo.

No Livro de Hebreus (carta aos hebreus)(11:5)

―Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte; e não

foi achado, porque Deus o trasladara; pois antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus.‖

Comentário: Foi arrebatado, ele assim teve o mesmo

destino de Elias, Jesus etc. Isso pode ser um prato cheio a

ufologistas, bem como a religiões com esse enfoque, como

o Movimento Raeliano, que explica toda a Bíblia como

resultado de ralações com os Elohim, que são

extraterrestres. Nós aqui tomamos o caminho místico e

não vamos explicar toda a dinâmica do culto, bastando

que o leitor pesquise gratuitamente as obras de Raël pela

internet, para conhecer mais. Já antes Däniken havia

interpretado muitas passagens bíblicas como fenômenos

de contatos com extraterrestres, bem como criticado a

atitude de alguns anjos, o pão do céu e outros fenômenos

que não são explicáveis (dizem que o anjo Rafael parecia

um robô, não comia etc). Assim a estrela de Belém já

seria um OVNI e todos os eventos de cortina de fumaça,

sarças ardentes e colunas de fogo. Também J.J. Benitez

trata do tema em algumas obras. A ficção se mistura a

realidade.

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“Enoch, o apócrifo”, versão de LP Baçan

―Os homens se multiplicaram sobre a Terra e tiveram filhas elegantes e belas. Os anjos, filhos dos céus, quando as viram, ficaram enamorados. Essas mulheres geraram filhos, que receberam o nome de nefilim – Nefilim, do hebraico, significa gigantes, mas também é um derivado do verbo cair, significando "caídos"–, tornando-se pessoas de renome na antigüidade. O crime, no entanto, não passaria sem castigo. A sentença foi decretada. Samyaza e todos os anjos que se uniram com mulheres, que se tornaram impuros, deverão ser exterminados. A terra deveria ser livrada de tudo aquilo que a tornara impura. O mal deveria ser banido para sempre. O castigo teria de ser exemplar. As gerações futuras falariam dele e temeriam repetir o crime Enoque, por suas virtudes, foi enviado até os "caídos" para comunicar a terrível sentença. Todos ficaram aterrorizados, trêmulos de pavor. Pediram que Enoque suplicasse por eles, tentando obter misericórdia. Enoque atendeu-os. A mais alta autoridade falou a Enoque que não concederia piedade, porque os anjos dos céus haviam abandonado as alturas, a morada, para tornarem-se impuros com as mulheres dos homens, apaixonando-se por elas, esposando-as e gerando filhos. Não houve apelação. Os condenados foram submetidos a terríveis suplícios‖.

Comentário: Tais seres preferiam morar em nosso

planeta e não mais fazer o serviço celestial. Mas pagaram

caro pela transgressão, segundo consta. Enoc tentou os

perdoar, sendo um homem bom e sábio. Aqui fala

diretamente em anjos e em queda, o que nos explica

como se deu tal feito. Algumas experiências científicas

dos anjos deram errado, e isso pareceu ser o motivo da

interrupção, ou da condenação desses anjos.

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No Livro de Enoch (tradução de outra versão),

em e-book

―Enoch, um homem íntegro que era com Deus, recebeu a

resposta por Ele falada, e, enquanto os olhos dele estavam

abertos, e enquanto ele viu uma visão santa nos céus. Esta os

anjos mostraram para mim. Como montanhas altas serão

aborrecidas, e como deprimiram de colinas, enquanto

derretendo como um favo de mel na chama. Imergida será a

terra, todas as coisas que estão nesta perecem; enquanto o

julgamento descobrirá tudo.‖

Comentário: Parece ser uma arma atômica. Em escritos

Hindus há a referência dessa arma poderosíssima dos

―deuses‖. Basta ver Srimad Bagavatam, em seu primeiro

canto, capítulo 7, texto 19, na qual a arma é chamada de

―brahmastra‖. No oriente os ―carros de fogo‖ se chamam

vimanas, que são espécies de OVNIS. Cito alguns dos

eventos que marquei em minha Bíblia sobre essa relação

aparente com carros de fogo do céu e anjos: Gênesis cap.

18, 19; 32: 19; Êxodo 3, 19:18, 24, 40:34; Números 9:15,

11, 11:25, II Reis 1, 2; I Crônicas 20: 4, Ezequiel 1, 8,

Daniel 7: 9, 8:15, Miquéias 1, e muitas outras. Segundo

Rael os Elohim e toda a criação foi obra de

extraterrestres, pois os mesmos assim o são. Isso é uma

visão diferente tanto de teólogos, quanto de alguns

místicos, mas aqui entraria a mesma, e é um fenômeno de

nosso tempo a crença em vida alienígena. A inseminação

artificial de Maria somente poderia ser feita por alguém

que tivesse essa tecnologia. Outros fatos vários podem ser

percebidos como essa tecnologia e ciência superior, bem

como a alteração genética na evolução das espécies, feita

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por esses cientistas Elohim, aos quais segundo Raël se

deve ter gratidão pelo menos uma vez ao dia. A Besta

seria a bomba atômica. Mas voltando ao livro de Enoch:

―aumentou; multiplicou a fornicação; e eles transgrediram e corromperam todos seus modos.

3Amazarak ensinou todos os feiticeiros, e divisores de

raízes,: 4Armers ensinou para solução a feitiçaria; 5Barkayal ensinou os observadores das estrelas‖

Comentário: Eram sábios, magos. Mas aqui os

condenados foram os magos negros, que não se deve

confundir com aqueles que buscavam o progresso. Esse

foi o fim da Atlântida, seus excessos com o poder gerador

e a feitiçaria (até sacrifícios humanos), bem como as

guerras.

―o Deus disse a mim: Enoch, escriturário de retidão, vão contar

para os Guardas de céu que abandonou o céu alto e a estação

perpétua santa deles/delas que foi poluído com mulheres‖ (anjos com mulheres humanas...).

Comentário: Parece alguns designativos se referirem a

uma hierarquia, quase militar. E guardas do céu vêm de

lá, apesar de certas tradições falarem que seus

adversários, dos gigantes, os Filhos dos Deuses, morarem

na ilha (Atlântida). Tal lugar é referido por Platão, mas

ainda com algum resto da lembrança dessa tradição, que

se referia a esse continente imenso. Estaria submersa no

oceano atlântico.

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Stanislas de Guaita:

―Desde a origem do mundo os gênios do norte e do sul da terra

haviam se dividido por causa da bebida da imortalidade, cuja

posse ambos pretendiam. Essa divisão trouxe longos e

desastrosos combates, cujo resultado foi a completa derrota

dos gênios do sul, os assurs, e sua submissão aos do norte, os

devas. Essa tradição encontrada no Edda dos escandinavos,

quase nos mesmos termos, era conhecida pelos egípcios,

gregos e romanos sob o nome de guerra dos deuses contra os gigantes‖.(Templo de Satã, p. 24)

Os assurs eram os não-deuses, e os ssurs eram os

―deuses‖. Percebemos que mesmo na Bíblia se fala filhos

dos deuses ou de Deus, e isso significa o mesmo que

escritos escandinavos já relatavam. Já falamos de escritos

orientais que tratam do tema como aquele que gerou os

homens ―de grande fama‖, que eram os gigantes, que

ainda habitavam a Atlântida. Entra Enoc em meio a esses

e podemos compreender que no mundo há uma tradição

comum de mistérios que revela a mesma história

espiritual, ultrapassando as diferenças das religiões.

Däniken, autor da obra “Eram os deuses

astronautas?”, relata:

―Os sumérios começaram, 2.300 antes de nossa era, a

registrar o passado glorioso de seu povo‖ ―veio o dilúvio e

após o dilúvio a realeza tornou a descer mais uma vez do céu...‖ (p. 39-40)

Os sumérios, bem como Egito e Babilônia foram as

bases de muitos dos mitos presentes na Bíblia e muitos

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livros sagrados. Isso não quer dizer, contudo que não seja

verdade, mas que seja uma outra verdade talvez não

compreendida pelo povo e seu tempo. Existência de

gigantes, carros voadores e outras coisas, como

tecnologia, fora de seu tempo, ficam não compreendidos

e relegados ao milagre. Talvez mesmo hoje, com nossa

visão materialista, encontrar anjos nos seja ainda

extraordinário, e com uma sabedoria superior frente a

nossa, ficaríamos ainda perplexos e confusos, novamente

chamando os fenômenos de milagres, ou pela ciência, de

paranormais. Porém ao se falar em dilúvio, houve dois: o

primeiro que é o cósmico, e que são as águas de éter que

emanam do Caos, organizadas pelo Demiurgo, e o

segundo que é o histórico, mas que deve remontar a um

tempo bem anterior ao que entendemos, submergindo

continentes. Talvez se deva mais a alteração dos pólos da

Terra e a fins de anos solares, que duram 25000 anos ou

mais. Muitos esperam que 2012 seja esse tempo, mas

parece que nosso calendário tem algumas imperfeições e

o tempo seja outro, ficando certo que passaremos por

mais transformações na evolução das 7 raças, pois

estamos na quinta, ainda, e para cada existe um

cataclismo. Os 7 selos do Apocalipse sendo abertos. E Noé

também aparentava ser filho dos deuses, como cita:

―Diz a tradição que certo dia Lameque, pai de Noé, voltando

para casa, foi surpreendido pela presença de um menino (...)

Lameque levantou pesadas acusações contra sua mulher.

(falou isso a Matusalém) Matusalém ouviu, meditou e, por sua

vez, se pôs a caminho, para consultar o sábio Enoque. (...)

―descreveu a Enoque como na família de seu filho Lameque

havia aparecido um menino que não tinha aspecto de um ser

humano, mas ao contrário, o de um filho do céu (...)

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Matusalém deveria ordenar a seu filho Lameque que desse ao

menino o nome de Noé. ‖ (idem)

Voltaire:

Relata-nos por via mais racional o filósofo francês, que

apenas poucos povos não falavam em dilúvio ou filhos

dos deuses:

― nem a história grega nem a latina conhecem este grande dilúvio‖. (Dicionário Filosófico, p.255)

Também critica o fato de na Bíblia haver um pacto

de Deus com os animais. Mas criaturas são criaturas. E o

homem depende destes e de seu alimento para

sobreviver. O fato é explicado pela própria inter-relação

de seres vivos, simbiose etc. E ainda critica o fato de após

a chuva haver a esperança de que ocorra novamente. Vejo

mesmo que por um escrito sobre originais da Bíblia, o

autor também entende que o mito do dilúvio é apenas

agrícola e que se refere à primeira chuva. Nas escrituras

parece ser mesmo a primeira material. Resta que Enoc

nos ensinou muitos ofícios, bem como aqueles filhos dos

deuses, e que isso sugere uma tecnologia superior e ainda

até contatos interplanetários.

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Conclusão

Vejo que Enoc foi que espécie de empregado divino,

de delegado onde o seu papel era além de predizer o

castigo aos anjos do céu que tiveram filhos com mulheres

terrenas, mas também o de eleger um ―escolhido‖ para

sobreviver, juntamente com sua família, ou seja, Noé, que

também era filho de um ―anjo‖. Mas seria Noé também

um gigante? Se assim o era podemos assim compreender

o porquê de uma ―arca‖ de cem metros de comprimento,

lacrada como um submarino, se não era um submarino.

Chegamos assim a mais absurdos, como o de um

submarino e de gigantes e de todas as espécies de ntro

deste. Bom, como vemos no Livro de Enoch, um papel

preponderante dos anjos era o de ensinar ciências

diversas aos homens, as ciências antigas de que eu

mesmo ainda admiro, como astrologia, numerologia,

magia, fitoterapia, entre tantas outras.

Também vimos que outros povos tinham lendas de

dilúvio e de filhos dos céus, os quais não perdiam a

oportunidade de tomar as índias por amantes, como já

fizeram os portugueses que viajaram distância bem

menos considerável, tendo bem menos desejo

acumulado. Já o alemão Däniken colocou em suas obras

meio fictícias as características mais que humanas desses

deuses do céu, com seus carros de fogo, armas de raio etc.

Está escrito que certo cidadão morreu atacado por um

raio dentro da arca de Noé... Seria ainda elétrico o nosso

submarino. Claude Varilhon Raël tem a religião

(Movimento Raeliano) que fundamenta esses contatos

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planetários e que diz quem são os nossos criadores. A

questão da ciência ou superstição é enigmática, uma vez

que alguém estando incurável pelos médicos vê muitas

vezes a solução numa benzedeira ou curandeira. Até

mesmo o presente autor foi vítima de doença de pele,

psoríase que pela medicina oficial é dita incurável.

Voltando a Enoc, vemos que o problema não residia nos

filhos de adultério das mulheres desse mundo com

homens do céu, uma vez que Noé era salvador

proveniente dessa estirpe sagrada. Nem há maldade em

ensinar mil coisas como artesanato, armas, pintura,

química, astrologia e outras artes, que para um povo

ignorante, deviam ser o mistério dos mistérios. É que até

tempo de Espinosa, o filósofo judeu, 1600 e pouco, a

religião era ainda proclamada como véu que ocultava os

saberes da ciência. Quanto mais ao tempo de Enoc, onde

nem se sabia se a terra era redonda ou como percorria a

órbita ao redor do Sol.

Pensando-se numa Terra plana, fica bem mais

aceitável um dilúvio ―universal‖, com extinção de todas as

espécies, salvo as salvas num barco mágico. Como o

próprio autor (ou que fez contrafação) era egípcio e

andou com sacerdote da Etiópia, nada mais óbvio que

este ter adquirido saberes desses povos e sacerdotes, com

os quais se relacionara até intimamente, inclusive tendo

filha de um por esposa. Mesmo assim, a superstição pode

ser apenas uma forma de fé ou crença, e, sendo boa para

a pessoa, vale mesmo que seja duvidosa. O que importa é

o resultado, e, se curando de doença incurável, mesmo

por meios não científicos, o que importa é o resultado.

Talvez estejamos entre anjos e deuses astronautas, e todo

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o milagre seja possível, mesmo muito além da nossa vã

ciência. Pelo gosto que tenho por ciências antigas, vejo

sempre possibilidades e não acredito em mal incurável.

Nem por isso levo ao pé da letra histórias de errantes do

deserto sobre peixes que engolem homem e depois o

vomitam vivo (Jonas), nem de um homem e uma mulher

como primeiros habitantes há apenas milhares de anos,

quando talvez tenha sido há bilhões. Enoc foi herói meio

desconhecido, uma vez que tal livro não se encontra em

nossa Bíblia.

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Estudo sobre o Apocalipse: Interpretação do Apocalipse bíblico na visão de escolas

esotéricas e cabala

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Introdução

É um estudo sobre a visão do Apocalipse defendido por escolas místicas, esta muito mais profunda. A maioria dos símbolos é hieroglífico e alhures, cabalístico, devendo-se primeiro para interpretá-los, conhecer as ciências antigas. Eu sendo um curioso em ocultismo e sociedades secretas agora trabalho neste texto enigmático, com diversas citações de obras curiosas, como algumas da rosa-cruz. Nesse passo, trago algumas diferenças da visão religiosa e de escolas esotéricas, ―sociedades secretas‖, que se dirigem sempre ao âmbito cabalístico da interpretação, ou mesmo gnóstico. Já os religiosos em geral insistem numa interpretação meramente política ou mesmo moral, sendo por vezes a segunda literal (como no caso da Babylon montada na Besta, com cálice de suas ‗abominações‘ etc, levando a ideia de uma mulher adúltera...). Não raro há símbolos estranhos, talvez herdados de outras culturas, pois judeus nem cristãos eram especialistas em monstros ou seres fantásticos. O problema talvez resida em qual ciência devemos utilizar para interpretar o escrito que se atribui a João a autoria, o que nos leva a deduzir que seja a ciência do seu tempo, uma espécie de mistificação, ciência antiga, mais próxima do que atualmente herdamos no esoterismo e especialmente na Cabala. Não se pode compreender que algum sonho, algum símbolo onírico dos profetas poderia ser interpretado de acordo com a evolução da nossa sociedade e de acordo com a nossa visão, nossa cosmovisão.

Seria um engano a priori ver bombas atômicas e governantes contemporâneos no texto do Apocalipse, o qual talvez tinha mais uma finalidade de proteger mistérios religiosos do cristianismo, não um plano mafioso ou de ditaduras do nosso tempo. Evitei assim

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livros sobre fim do mundo e nova era, uma vez que acho que os antigos tinham em mente algo maior, não materialista, em seus relatos de bestas e cavaleiros. Talvez mais plausível é se falar em governos imperiais que segundo muitos não fez mais que perseguir cristãos, principalmente Roma, apesar de os mesmos não se lembrarem que foi graças a Constantino que o cristianismo vingou (forçosamente) e que em Roma havia certa tolerância religiosa, mesmo no tempo de imperadores, e, o que não poderia ser ameaçado era o César, não que fosse proibida qualquer religião, uma vez que tinham um politeísmo onde perfeitamente se poderia colocar Jeová ou Jesus como superior aos outros deuses, tolerando-os como se tolera as religiões diversas hoje.

João era possivelmente de uma seita judaica Apocalíptica, e, Yeshua (Jesus) fazia parte das predições desta, dando certa validade ao sistema de sua crença. Outros evangelistas tomaram o caminho de não se preocuparem tanto assim com um fim vindouro, ou com a vinda do Reino, aprendendo mais e convivendo diretamente com o mestre, ao invés de calcular data de um juízo final, como fizeram alguns incautos. Talvez o que eles queriam falar por fim não era o fim do mundo, como o vemos após Copérnico, após o homem chegar a Lua, mas a mudança de sistema do mundo, de religião ou energia, do modo de ver Deus. Os símbolos têm assim de ter certa universalidade em todos os tempos para que o autor tivesse segurança (céu, clima, astros, estrelas, números, letras, astrologia etc..?), sendo as bestas e outros hieróglifos apenas a casca do significado e ensinamento, este claro, secreto aos ‗profanos‘. Mas quem eram os iniciados? Talvez os apóstolos em número de doze ou treze, ou melhor, doze como as tribos de Israel. Já os cavaleiros poderiam ser os próprios evangelistas bíblicos (quatro), ou os elementos na visão dos antigos (água, ar, terra e fogo). Mas quem é a tal

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Besta? Veremos nesta obra o que talvez seja mais plausível do ponto de vista espiritual e de acordo com o que existia ao tempo do autor do Apocalipse.

Devemos primeiramente numa análise de pesquisa, tanto bibliográfica, quanto virtual, não nos deixarmos levar pela primeira interpretação, nem por visão religiosa A ou B, especialmente no que tange a nossas mais íntimas inclinações, sendo cientistas ou filósofos frios e metódicos. Concordo eu que grande foi meu material pesquisado na Internet, mas sempre de fontes legítimas e especialmente de sociedades secretas, ou ligados a estas. Não me levei pela paixão de procurar milagres sem motivo, nem de dizer o nome santo de Deus em vão, uma vez que sei que tais escritos têm uma profundeza bem mais real do que acreditam muitos teólogos ou mesmo exotéricos, não sendo necessário aqui enumerar ou citar quais são. Falarei ao longo da obra e compararei visões diferentes sobre o mesmo tema, concordando aqui, discordando ali com cada uma. Confesso que minha inclinação é mística, que não me importo com o aparente do texto, mas que sempre busco algo ―por trás‖, o que já o fiz no primeiro capítulo, sobre mística cristã.

Trago aqui uma obra original, sem nenhum tipo e imitação de autor x ou y, apenas citando quando necessário a interpretação cada texto, cada qual selecionei de acordo com acesso e relevância. A maior quantidade de matéria que encontrei foi rosa-cruz, que interessou pelas citações do Talmude e conhecimento de Cabala e Astrologia. É uma obra que quer acabar com algumas superstições trazidas à baila cada vez que alguma catástrofe acontece e é noticiada internacionalmente, sendo motivo de programas televisivos um possível ―fim do mundo‖, o que não precisaria nos trazer alarde, no estágio atual da nossa informação e conhecimentos. Para mim o Apocalipse esconde muitos segredos sim, mas nada do que se

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espalha no mundo, uma vez que se há algo de profético, alguém saberá, como sabiam do nascimento de Jesus, e, se haverá mudança considerável no mundo, já houve, uma vez que vivemos bem diversamente dos Apóstolos e do possível autor desse texto bíblico, pela própria época. Um capítulo interessante para quem deseja uma visão inédita, uma vez que certos textos esotéricos são de difícil leitura e pesquisa.

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Escolas místicas e os ocultistas: Rosa-Cruz,

Martinismo e Gnósticos: Uma visão particular do

Apocalipse

A sociedade Rosa-Cruz é envolta de mistérios,

desde que foi revelada ao mundo profano, através dos

manifestos e obras que tratam de um suposto Christian

Rosenkreuz. Fato é que existiram vários autores de obras

curiosas de alquimia e magia entre seus membros, e,

sobre conhecimentos bíblicos, o que nos interessa mais.

Como estudaram estes autores a cabala judaica, ou uma

ocidental, de interesse é para que os usemos para

interpretar o Apocalipse, cujas obras insistem em repetir

impropriedades como ataques a governos, impérios ou

mesmo religiões, o que nada tem a ver com o tema

descrito nesse texto sagrado. Existem várias designações

rosa-cruz pelo mundo, e mesmo no Brasil existem umas

duas ou três mais famosas, não nos interessando aqui

defender uma delas, somente relatando que a que sou

membro é a AMORC, a maior existente no mundo. Cabe o

conhecimento e elevação da consciência, o que é objetivo

comum dessa escola de misticismo. Citarei trechos de

seus autores mais antigos com algum comentário e que

foram o que de melhor encontrei a nível de interpretação

antiga, o que fará do leitor um descobridor de grandes

verdades. Eliphas Levi em sua obra Ciência dos Espíritos:

―A Iniciação promete a Reconciliação do Judaísmo com o

Cristianismo através da consideração do Schin (c), que

entra na palavra Jehovah (h w h y) formando Jehoschuah (h

w c h y), o Messias, o Cristo. É o grande mediador universal

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posto a serviço da regeneração do homem. É a ferramenta

do Grande Arquiteto do Universo que desbasta a Pedra

Bruta, colocando-a no edifício do tempo que, depois de

construído, aparecerá na Jerusalém Celeste, como nos narra São João em seu Apocalipse.” (Ciência dos Espíritos, pág.3)

Isso parece ser a pedra basilar de uma sociedade

secreta, o Martinismo. Começando como um rito

maçônico, essa sociedade quis colocar Jesus dentro das

lojas e de todos os segredos, sendo tristemente

desconhecida do público brasileiro, a não ser de rosa-

cruzes. Fundado por Martinez de Pasqualy e continuado

por Saint Martin, místicos, essa sociedade acabou e foi

depois reativada por Ralph Lewis, com estrutura

sustentável, chamada TOM, vinculada a AMORC. Para

eles, o nome de Jesus em hebraico guarda grande

semelhança com o de Deus ou Jeová, tendo o acréscimo

da letra shin, que seria o espírito ou fogo. Isso envolve

uma série de implicações cabalísticas e que provam que

ele é Nosso Senhor. Na obra ―Dogma e Ritual de Alta

Magia‖, de Eliphas Levi, onde encontrei mais referências

ao Apocalipse, mais interpretações, eis o que revela:

―Coisa singular! Existe entre os livros sagrados dos cristãos,

duas obras que a Igreja infalível não tem a pretensão de

compreender e nunca tenta explicar: a profecia de Ezequiel

e o Apocalipse; duas clavículas cabalísticas, reservadas, sem

dúvida, no céu aos comentários dos reis magos; livros

fechados com sete selos para os crentes fiéis, e

perfeitamente claros para o infiel iniciado nas ciências

ocultas‖. (pág. 3)

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Bíblia e Misticismo

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Vemos nas obras de igrejas geralmente a ligação

dos símbolos do apocalipse com governos como Roma

pagã, Grécia antiga e outros impérios, até pasme, o Papa

como a Besta! E tudo isso somado a uma criatividade e

invencionice de teólogos, talvez por não conhecerem as

ciências antigas, os mistérios ou o modo como pensavam

os antigos iniciados e místicos. Não vamos aqui criticar

igreja alguma, apenas somar a nossa fé aquilo que uma

ciência oculta e antiga (não ocultismo satânico), mas uma

doutrina mística de cabalistas judeus e cristãos, logo de fé

nos mandamentos, na Bíblia e em tudo mais, apenas

tentando compreender o sentido mais profundo desses

hieróglifos. E este autor continuou Católico até a morte,

apesar de ser Martinista também, e isso não brecou o seu

saber, nem causou algum mal maior. Sabemos aqui nesse

livro que podemos compreender a sabedoria de homens

que inspirados pelo Espírito Santo, nos delegaram esses

saberes máximos para os crentes, e isso deve nos servir

para algo, mais do que apenas ficar no canto de uma

empoeirada Bíblia. Devemos tirar o pó de nosso livro,

decifrar os enigmas e glorificar a Deus. Assim não é ruim

o estudo, bastando que antes de tudo não sejamos

tragados pelo pecado capital da preguiça. Mas vamos a

sua opinião no livro em questão:

―Dissemos que a Igreja, cujo atributo principal é ser

depositária das chaves, não pretende ter as do Apocalipse

ou das visões de Ezequiel. Para os cristãos e na sua opinião,

as clavículas científicas e mágicas de Salomão estão

perdidas. Todavia, é certo que, no domínio da inteligência

governada pelo Verbo, nada se perde do que é escrito.

Somente as coisas que os homens cessam de entender não

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existem mais para eles, ao menos como verbo; elas entram,

então, no domínio dos enigmas e do mistério‖. (Dogma e

Ritual de Alta Magia, p. 3)

Li algumas versões das ditas Clavículas de

Salomão, que apesar de no texto dizerem coisas

semelhantes, ou seja, classificação de espíritos, anjos ou

demônios e modo de usá-los ao nosso favor, as

assinaturas destes não batem de uma obra a outra. Lenda

antiga é que se sabendo o nome de um Deus você tem

controle sobre esse, talvez significando o mesmo a

assinatura. Leva-nos a crer que Salomão foi um grande

mago. As chaves do Apocalipse revelam esses segredos

mágicos e angélicos, ou mesmo demoníacos, não

passando nem perto da interpretação das igrejas cristãs

(exceto as gnósticas). Uma chave mais próxima está nos

textos de sábios judeus, cabalistas, como no Zohar, onde

tais animais ou bestas do Apocalipse são citados em

passagens como Ezequiel. O leitor encontra nesse livro

algum caminho a esses segredos.

―No Apocalipse de São João, trata-se de dois testemunhos

ou mártires, aos quais a tradição profética dá o nome de

Elias e Enoque: Elias, o homem da fé, do zelo e do milagre;

Enoque, o mesmo que os Egípcios chamaram Hermes, e que

os Fenícios honravam como Cadmo, o autor do alfabeto

sagrado e da chave universal das iniciações ao Verbo, o pai

da Cabala, aquele, dizem as santas alegorias, que não

morreu como os outros homens, mas que foi arrebatado ao

céu para voltar no fim dos tempos. Diziam, mais ou menos,

a mesma coisa do próprio São João, que achou e explicou,

no seu Apocalipse, os símbolos do verbo de Enoque. Esta

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ressurreição de São João e Enoque, esperada nos fins dos

séculos de ignorância, será o renovamento das suas

doutrinas pela inteligência das chaves cabalísticas que

abrem o templo da unidade e da filosofia universal, por

muito tempo oculta e reservada somente a eleitos que o

mundo fazia morrer‖. (Dogma e ritual de alta magia)

Pág. 22

Cita duas frases, uma em aramaico e outra em

hebraico, línguas usadas ao tempo de Nosso Senhor

Jesus, o hebraico usado até hoje. O Apocalipse é o livro

da gnose ou doutrina secreta dos primeiros cristãos,

doutrina cuja chave é indicada por um versículo secreto

do Pater, que a Vulgata não traduz, e que no rito grego

(conservador das tradições de São João) só é permitido

aos padres pronunciar. Este versículo, perfeitamente

cabalístico, se acha no texto grego do evangelho conforme

São Mateus e em vários exemplares hebraicos. Ei-lo

nestas duas línguas sagradas:

m

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Bíblia e Misticismo

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―A palavra sagrada Malkuth, substituída por Kether, que é

seu correspondente cabalístico, e a balança de Geburah e

Chesed, repetindo-se nos círculos ou céus que os gnósticos

chamavam Eones, dão, nesse versículo oculto, a chave de

arco de todo o templo cristão. Os protestantes traduziram-

no e o conservaram no seu Novo Testamento, sem achar a

sua alta e maravilhosa significação, que lhes teria

desvendado todos os mistérios do Apocalipse; mas é uma

tradição na Igreja que a revelação destes mistérios está reservada para últimos tempos‖ (idem).

Para entendimento dessa passagem do eminente

místico, basta lembrarmo-nos das lições cabalísticas que

se encontram em qualquer manual, bem como da árvore

sefirótica. Malkuth significa reino, que é a terra, a

dimensão material de existência, que tem as duas colunas

de Salomão (e maçônicas...) nas duas colunas dessa

árvore da vida, que são as esferas de julgamento e

misericórdia, gerando um triângulo e um perfeito

equilíbrio. Corresponde a Kether porque é imagem e

semelhança deste numa dimenção inferior, ou melhor, é

queda. Em relação a Assiah, Briah e Jezirah, se refere aos

mundos de criação, emanação etc, por onde os espíritos

evoluem, e por onde caminha a luz de Deus, nosso

Senhor. Aziluth seria a maior proximidade de Deus,

praticamente incompreensível a maioria de nós. É como

recita a oração cabalística de Salomão: ―livrai-me das

trevas de Assiah‖, ou seja, do que é inferior, do material e

grosseiro, dos espíritos inferiores.

―São João, depositário da doutrina secreta do Cristo,

consignou esta doutrina no livro cabalístico do Apocalipse,

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que ele representa fechado com sete selos. Acham-se aí os

sete gênios das mitologias antigas, com as copas e espadas

do Tarô. O dogma escondido sob estes emblemas é a pura

Cabala, já perdida pelos fariseus, na época da volta do

Salvador; os quadros que se sucedem nesta maravilhosa

epopéia profética são tantos pantáculos que o ternário, o

quaternário, o setenário e o duodenário são as chaves. As

suas figuras hieroglíficas são análogas às do livro de

Hermes ou da Gênese de Enoque, para nos servir de

arriscado título que exprime somente a opinião pessoal do

sábio Guilherme Postello‖. (idem, pág. 15, Livro 2)

E sobre os sete espíritos: ―Os símbolos cabalísticos dos

sete espíritos são: para o Sol, uma serpente, com cabeça

do leão; para a Lua, um globo ocupado por dois

crescentes; para Marte, um dragão mordendo o cabo de

uma espada‖ (idem, pág. 16). Já falamos que esses jayot

ou seres viventes, já descritos como animais lá na

Criação, e, são as ordens de anjos que sustentam o Trono

ou Carro Divino, e assim são forças cósmicas. Nada de

governos humanos e de tiranos desse mundo. Também

isso pode ter analogia com os quatro elementos e os

planetas. Mas esses planetas em verdade não parecem ser

aqueles sete que entendemos, mas mais dimensões ou

planos de existência, muitos deles invisíveis e

participando do mundo espiritual e astral. Daí de alguns

entenderem apenas planetas habitados como com base

em água, de forma equivocada, pois existe muita vida

espiritual sem a matéria. E em se tratando de Sol e Lua,

estes participam da vitalidade e da reprodução,

participando ativamente de nossas vidas. A Lua sempre

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foi simbolizada por crescentes, e isso é também

representado por chifres, o que não é demoníaco. Marte

antes era ligado ao signo de escorpião, e este possuía uma

semelhança com letra M com uma calda de dragão. Logo

os sete espíritos são desses planetas mágickos, que

representam os 7 ciclos e raças de toda a história da

humanidade. Representá-los por animais era mais

inteligível e sintético do que explicar em pormenores, e

nem possuíam os antigos tantos pergaminhos a fim de se

estender em explicações, e mesmo para ocultar os

mistérios. Mas ainda podemos relacionar ao nome divino,

que para alguns gnósticos possuía sete letras. Vamos

voltar ao tetragrama da cabala, para solucionar esse

enigma.

―O tetragrama sagrado, traçado deste modo:

Indica o número, a origem e as relações dos nomes divinos.

É ao nome de Iodchavad, escrito com estes vinte e quatro

sinais coroados de um tríplice florão de luz, que devem ser

referidos os vinte e quatro anciãos coroados do Apocalipse‖.

(Idem, pág. 22 Livro 2).

Ele se refere ao nome de Deus em hebraico, Yod-

he-vau-he, com quatro letras e que não era

pronunciado pelos judeus, daí tetragrama, de quatro

letras. O nome de Jesus, é Yeoshuá, igual ao de Deus,

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com a adição da letra hebraica Shin entre as quatro

letras). Ademais, aqui se vê as quatro bestas ou animais,

citados em Ezequiel, Daniel e Apocalipse, que não

concordo que tenham a ver com governos ou igrejas desse

mundo, mas com forças celestiais e naturais, mais amplas

e poderosas.

―São João, no seu Apocalipse, copiou e amplificou Ezequiel,

e todas as figuras monstruosas deste livro são tantos

pantáculos mágicos de que os cabalistas facilmente acham a

chave. Mas os cristãos, tendo rejeitado a ciência, no desejo

de amplificar a fé, quiseram esconder por mais tempo a

origem do seu dogma, e condenaram ao fogo os livros de Cabala e magia‖. (idem, pág. 21, livro 3)

A chave cabalística de que fala é através da ciência

oculta, especialmente dos números (gematria), uma vez

que as letras hebraicas representam ao mesmo tempo

números. Também a pronúncia de certos trechos das

Sagradas Escrituras, comparando ao som de outros,

mesmo que nada aparentemente tenham a ver, como nos

lembrou o filósofo Emanuel Levinás, levam a essas

descobertas de correlações entre personagens e

acontecimentos. Isso com o cristianismo foi perdido, a

não ser por gnósticos e sociedades iniciáticas, que tentam

guardar as chaves ocultas de interpretação bíblica, livro

de ciência antigas e que necessita interpretação segundo

essas ciências (astrologia, numerologia, fisionomia, etc).

Em seguida falamos sobre o espírito de que fala João:

―(...) o espírito de Orfeu, Sócrates, Jesus e todos os mártires

fica sempre vivo, no meio dos perseguidores, mortos por

sua vez; fica de pé no meio das instituições que caem e dos

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impérios que se desmoronam! É este espírito divino, o

espírito do Filho único de Deus, que São João representa,

no seu Apocalipse, de pé, no meio dos candelabros de ouro,

porque é o centro de todas as luzes, tendo sete estrelas na

sua mão, como a semente de um céu inteiramente novo, e

fazendo descer a sua palavra à terra sob a figura de uma espada de dois gumes‖. (idem, pág. 8, Livro 4)

A interpretação dos números requer a ciência

esotérica dos mesmos. Isso não pode ser inventado, como

fazem alguns em sua criatividade abundante. Mas é uma

ciência antiga, que remonta o saber da noite dos tempos,

e onde se baseiam os mistérios, e que sábios bebiam. Fica

claro que o livro do Apocalipse segue esse simbolismo, e

que as Bestas e outros adornos hieroglíficos são para

velar esses mistérios, que passam longe do olhar profano.

Requer a ciência oculta, e isso não se faz apenas por um

batismo. A confusão continua com o número 666, o

quadrado solar e a carta 18 do tarô (6+6+6), e assim

vemos toda a sorte de interpretações equivocadas,

querendo condenar a própria Igreja ou fazendo do

anticristo (se é o número do homem, é o homem então o

anticristo?) a razão principal, e o adversário dos judeus

(Satanás, Satã), que era um adjetivo e não nome próprio,

o rei de tal número. Nem o Papa escapou de ser

designado como um anticristo! Fato é que não se tendo a

chave de quem escreveu o livro, fica difícil querer ver algo

em suas sentenças. Contudo, como já vimos desde a

interpretação do livro do Gênesis, o saber é o centro e

vemos 4 níveis de interpretação, o literal, o alegórico, o

moral e o místico, interessando esse último a nós. O

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Apocalipse não pode ser interpretado literalmente. Já em

nível alegórico e moral, vemos que algumas lições podem

ser tiradas, como a de se defender as virtudes cristãs e

superar vícios pagãos. Já o místico requer ciências como

as que são compiladas pela cabala e pela tradição oral

cristã, bem como as experiências místicas de santos e

assim por diante. Como a tradição dos primeiros cristãos

era ainda judaica, e em grande parte da seita dos

essênios, que eram cabalistas (segundo Adoum), utilizei

assim da cabala como foco desse livrinho revolucionário

que agora você tem em mãos. E as chaves assim estão em

parte reveladas, pois sábios como que escreveram o

Zohar e o Sepher Yetzirah já o traduziram de forma mais

ou menos clara. Aqui proponho uma cabala cristã. E a

relação entre culturas não pode ser evitada, uma vez

Moisés sendo egípcio e Jesus judeu. Veja a citação

seguinte:

―Notemos, de passagem, que o autor do Apocalipse, esta

clavícula da Cabala cristã (refere-se ao Abracadabra doa

pagãos), compôs o número da besta, isto é, a idolatria,

acrescentando um 6 ao duplo senário do Abracadabra: o

que dá cabalisticamente 18, número assinado no Tarô como

signo hieroglífico da noite e dos profanos, a lua com as

torres, o cão, o lobo e o caranguejo; número misterioso e

obscuro, cuja chave cabalística é o 9, o número da iniciação.

O cabalista sagrado diz expressamente a este respeito: ―Que

aquele que tem a inteligência (isto é, a chave dos números

cabalísticos) calcule o número da besta, porque é o número

do homem, e este número é 666‖. É, com efeito, a década de

Pitágoras multiplicada por si mesma e ajuntada à soma do

Pantáculo triangular de Abracadabra; é, pois, o resumo de

toda a magia do mundo antigo, o programa inteiro do gênio

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humano, que o gênio divino do Evangelho queria absorver

ou suplantar‖. (idem, pág. 20. livro 4)

Abracadabra, com cinco As, com que os pagãos

atribuíam virtudes mágicas, etc. É a roda de Ezequiel. O

símbolo do pequeno universo, da natureza, do

microcosmo. Refere-se aos quatro elementos (aguar, ar,

terra e fogo), mais um, o espírito. O espírito controlando

a matéria, e, é um símbolo teúrgico, ou de magia branca.

De certa forma guarda grande semelhança com a estrela

de Salomão. Um símbolo de Adão-Eva, em oposição a da

serpente tentadora, que seria o invertido. Também é um

5, a pêntada, e representa a quintessência e o espírito no

homem, ou mesmo o Cristo, que proporciona a

regeneração e salvação. Podemos ademais relacionar com

os anjos, com os seres viventes, que já tanto falamos,

desde comentário ao Gênesis. O 5 é ademais gueburá, a

esfera de Marte, revelando o poder e a força, bem como o

ferro na ordem dos metais. Saímos dessa chave numérica

e vamos para o seis, representado pela estrela com

mesmo número de raios, agora explicada novamente pelo

célebre ocultista a que nos baseamos nesse capítulo sobre

mística em Apocalipse, e isso somado aos meus próprios

conhecimentos em comentários que se seguem:

―O duplo triângulo de Salomão é explicado por São João de

um modo notável. Há, diz ele, três testemunhos no céu: o

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Pai, o Logos e o Espírito Santo, e três testemunhos na terra:

o enxofre, a água e o sangue‖. (idem, pág. 21, livro 4)

Refere-se à estrela de Salomão, ao sanselimão, que

ainda se encontra pousada sobre a bandeira de Israel.

Interessante que aí já se nota a trindade cristã, apesar da

mudança de linguagem ou simplesmente de termos.

Guarda grande semelhança com o símbolo maçônico,

sendo equilíbrio de duas forças, de água e fogo, de Caim e

Abel etc. As três testemunhas podem também ter

correlação com os três dias em que Cristo ressuscitaria e

com relação a Jonas no grande peixe. São as três fases

evolutivas anteriores do homem, antes do dilúvio

(símbolo da Terra no dilúvio). Espíritos impuros fogem

dessa imagem, sendo uma semelhante usada na

Umbanda. Parece um equívoco, mas o símbolo é do

cristianismo primitivo, somente depois utilizado pelo

judaísmo e judeus. Continuamos falando de uma estrela

relatada no Apocalipse, que pode ser referência as duas

estrelas citadas anteriormente:

―No Apocalipse, São João vê esta mesma estrela cair do céu

na terra. Ela se chama, então, absinto ou amargura, e todas

as águas ficam amargas. É uma imagem clara da

materialização do dogma que produz fanatismo e as

amarguras das controvérsias. É ao próprio cristianismo que

podemos, então, dirigir estas palavras de Isaías: ―Como

caíste do céu, estrela brilhante, que eras tão esplêndida em tua manhã?‖(Idem, pág. 29, livro 4).

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Refere-se à estrela que os três reis magos viram ao

procurar Jesus, sendo guiados pela mesma até o

Salvador. Esses três reis ou magos são coisas maiores, ou

melhor, as três raças; negra, asiática e indígena que vêm

cultuar a Cristo Jesus. Contudo, o dogma e a substituição

de invenções por parte de pessoas dessas religiões e seitas

cristãs tornam essa evangelização algo que começa a ser

negativo, pela mentira que é disseminada com interesses

financeiros ou políticos. A estrela é interpretada como

Lúcifer, um substituto de Deus, que parece mais o

homem orgulhoso que um anjo do céu. Refere-se ao

cristianismo, não ao anjo caído. E vimos pelo motivo de

certa proibição de ler a Bíblia durante certa época

histórica, a precaução a não se matar a letra com a falta

de espírito.

O grande filósofo francês Voltaire não economiza

críticas a algumas passagens bíblicas quando

interpretadas literalmente, como o exemplo de Adão ter

vivido por mais de 900 anos, mesmo após ter comido do

fruto proibido, ou a impossibilidade do mundo ter ficado

submerso no Dilúvio, entre outras objeções. Podem

mesmo ser perigosas algumas interpretações que só

colaboram com fundamentalismos religiosos e guerras,

quando esse não é o objetivo de Nosso Senhor. A questão

foi mais de prevenção da igreja Católica, não de guardar

segredo ou querer que seus fieis não tivessem contato

com o evangelho, mesmo porque na época muitos eram

analfabetos e era escrita em latim. Voltamos a Levi e ao

resumo numérico e cabalístico do Apocalipse, em seus

setenário (7), quaternário (4) e duodenário (12), tão

estudados já na presente obra, e que são as chaves ocultas

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para todo o sistema desse livro final da Bíblia, o livro dos

livros, e assim em sintonia com nosso misticismo e com a

visão das ciências ocultas, longe da teologia e da ciência,

que ainda não aceitaram a ciência oculta. Eis que vamos

tratar de um resumo dos símbolos tão extraordinários e

às vezes assustadores do livro do Apocalipse.

Começando, no geral as figuras são hieróglifos,

semelhantes às de todas as mitologias do oriente, e

podem ser contidas em pentáculos. O iniciador vestido de

imaculado branco de pé e com sete candelabros de ouro a

sua frente e tendo na mão sete estrelas, representa o

dogma de Hermes e as analogias da luz. A mulher

revestida de Sol e coroada com doze estrelas não é outra

que análoga a Ísis, que é a gnose, cujo filho da serpente

material de vida quer devorar, mas ela vence o

materialismo. O anjo cuja cabeça é enorme e o a auréola

um arco-íris, e vestindo nuvem e com pernas como

colunas de fogo e com um pé na água e outra na terra, é

um símbolo cabalístico, sendo as pernas representadas

pelas duas colunas do templo: Jakin e Booz, isso sendo o

mundo de Assiah. Já as nuvens com o livro na mão é o

mundo de Yetzirah, ou das provas de iniciação e a cabeça

solar com setenário luminoso é o mundo de Atzilut, ou da

revelação. Com a chave cabalística derrubamos as

superstições e divagações. Vencemos o medo. A Besta de

sete cabeças é a negação do setenário luminoso pelo

mundo materialista, e, a prostituta da Babilônia

representa o mesmo da mulher revestida de Sol. Já os

quatro animais alegóricos que nos referimos como os

―seres viventes‖, ordens angélicas, um quaternário,

análogo aos quatro cavaleiros. Os sete anjos, sete

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trombetas e sete selos são uma síntese do setenário, tanto

a nível social com as sete raças que englobam toda a

história universal (em ciclos pelos sete planetas ou

esferas), assim como o desenvolvimento dos sete centros

energéticos que coroam e anunciam a monarquia do ser

humano espiritual, com os chacras despertos. Uma

relação no macrocosmo (Universo) e no microcosmo

(homem), no exterior e no interior. O iniciado passará

pelas sete trombetas e terá aberto os sete selos. Outros

argumentos apenas materiais são fantasia, como

governos, igrejas falsas, imperadores, tiranos como

bestas. O número 666 é o próprio homem, sendo marca

de um ser solar ou crístico, uma vez o quadrado do Sol,

ou da esfera do iluminado, Thifaret, que pode ser

relacionada com o Verbo ou Cristo. Voltamos a Eliphas

Levi e uma referência ainda aos arcanos do tarô para

desvendar nosso Apocalipse:

―(...) o Apocalipse de São João é um livro cabalístico, cujo

sentido é rigorosamente indicado pelas figuras e pelos

números do urim, do thumim, dos therafim e do ephod,

resumidos e completados pelo Tarô; os santuários antigos

não têm mais mistérios e entende-se pela primeira vez a

significação dos objetos do culto dos hebreus‖. (idem, pág. 23, livro 6)

Usa-se da linguagem de bestas e feras selvagens

para representar sete anjos, bem como Metatron, nosso

Senhor Jesus Cristo, o Grande Arquiteto. O tarô tem um

resumo das 22 letras hebraicas e suas chaves cabalísticas,

bem como um resumo dos mistérios. Isso indica que a

história do mundo, bem como a constituição do homem e

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145

sua relação com o Divino estão todos aí nessas lâminas

revelados. O Apocalipse pode assim ser decifrado pelos

arcanos, bastando-se relacionar numericamente e

conhecendo-se o significado oculto de cada carta. Não é

um método para a adivinhação, mas um resumo de

chaves para se encontrar a verdade sobre os mistérios da

vida e da morte. A trajetória do adepto, que é grande

parte mencionada no Livro da Revelação bíblico, sua

senda, bem como a luta contra paixões e tentações

mundanas (carta 15 do tarô), suas escolhas (carta 6), seu

sacerdócio (carta 5 do Tarô), sua obra mágicka (carta 1),

os pés no céu (carta 12), força de caráter (carta 11) e assim

por diante, bem como a principal, chamada Juízo Final

(carta 20). Então é a analogia que restou para decifrar

algumas das chaves para interpretar o que João e

Ezequiel quiseram demonstrar com suas bestas,

babilônia, mulher coroada e outros tantos símbolos .

Comparando-se com outras religiões, as questões

das idades e se faz um paralelo ao livro de Daniel, o que

podemos fazer com nossas Bíblias. Bestas são esfinges e

as idades estão nas estátuas de Daniel, onde há ouro,

ferro etc. Essas idades são aquelas ligadas as 7 raças

raízes, que duram um tempo muito maior do que o

imaginado, não estando assim à sétima próxima, como

muitos imaginam, uma vez que estamos na quinta.

Também as sete estrelas são sete luzes, os sete chacras ou

centros de energia que sobem pela coluna, e que são as

sete igrejas e selos. A experiência mística de muitos

revelou que elas se manifestam como luzes, mesmo que

por uma visão clarividente, e que cada um desperta um

poder específico, como profetizar, ler pensamentos,

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viagem no astral, levitar, telepatia e assim por diante.

Basta ver relatos como de Motoyama e Gopi Krishna,

para saber do que aqui falo. É a experiência da kundalini.

Tudo isso em alegorias e símbolos que sintonizam o saber

ocidental com o oriental em mistérios, pois esses

mistérios são os mesmos, sendo o ser humano o mesmo.

Ao fim dessas 7 raças ou mundos em macrocosmo ou as

sete portas de percepção em microcosmo, vemos que por

fim vem o Juízo Final. Em microcosmo se refere ao

adepto, pois é ele que está preparado para profetizar,

viajar no astral e assim por diante. Referindo-se aquele,

diz que a fronte era brilhante, como segue a citação:

―Tinha na sua mão direita sete estrelas, e da sua boca

saía uma espada de dois gumes bem afiados. A sua

fronte era tão brilhante como o sol na sua força‖. ―Eis

Ormuzd, Osíris, Chourien, o cordeiro, o Cristo, o

ancião dos dias, o homem do tempo e do rio cantado

por Daniel. É o primeiro e o último, aquele que foi e

que deve ser, o alfa e o ômega, o começo e o fim. Tem

na sua mão a chave dos mistérios; abre o grande

abismo do fogo central onde repousa a morte numa

tenda de trevas, onde dorme a grande serpente,

esperando o despertar dos séculos‖. (idem, pág 25,

livro 6)

E no último capítulo do citado livro se encontra

várias referências ao Apocalipse, o que estenderia por

demais esse meu estudo conciso e resumido. Numa outra

obra chamada Paradoxos da Sabedoria Oculta, do mesmo

autor, este diz: ―O Apocalipse é um livro inteiramente

ininteligível para os não-iniciados por ser um livro da

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Cabala e o autor do Apocalipse não escreve para os

crentes comuns, mas para aqueles que sabem, e amiúde

repete, mas aquele que tem conhecimento calcule e

encontre o número pitagórico ou cabalístico‖.

Interessante é ainda a opinião de Irene Gómez de

Ruggiero, sobre quem será salvo, na obra ―Os Símbolos

Bíblicos à Luz da Filosofia Rosa-Cruz‖:

―Dentro do conhecimento oculto há uma chave que

encerra a solução deste simbólico versículo, de uma

maneira muito lógica. Em hebraico, os valores

numéricos são representados por letras. Assim, como

neste idioma Adão é ADM, temos que o valor de A é 1,

o de D, 4 e o de M, 40. Eis aqui os 144.000. Se, por

outro lado, somamos estes valores, temos como

resultado 9, isto é, o número que representa a

humanidade. Em outras palavras, o homem Adão, ou seja, toda a humanidade, será salvo‖ (pág. 2)

A opinião é semelhante ao cabalista Gerson

Sholem, se não me engano, que todos serão salvos (os

humanos). O que há muitas vezes de uma raça para outra,

nas 7 da trajetória evolutiva, é que algumas se atrasam, e

ficam para trás em cataclismos, devendo encarnar em

outros mundos. Isso é que pode ser uma das chaves aos 7

selos e as 7 trombetas, bem como todo o setenário nesse

livro bíblico. A autora aqui é da Fraternidade Max

Heindel, e em muito se baseia em obra desse autor. Mas

sobre o quaternário, os 4 cavaleiros, por exemplo, ou 4

bestas e outros símbolos, se referem aos 4 anjos, os ―seres

viventes‘, que já encontramos no Zohar e nos dedicamos

tanto no comentário ao Gênesis. Aqui esses animais

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celestes retornam com seu poder cósmico e não se tratam

de governos humanos, nem de maldosos e poderosos, que

são em número maior, bem maior, e mais ―bestas‖, mas a

esses que estão abaixo do Trono de Deus, ou da sua

carruagem, também relatada no início de livro de

Ezequiel. A chave disso tudo é a cabala, pela Merkabah,

sua ―carruagem‖. Também basta abrir o livro cabalístico

Sepher Yetzirah, para ver essa síntese numérica. Autores

maçônicos também cansam de explicar a unidade dos

mistérios e sintonias de religiões pelos números, que

parecem ser a forma principal da relação do Grande

Arquiteto com sua obra, as criaturas.

Segundo Gnósticos

Os gnósticos trabalham com meditação, mantras,

tantra e muita prática que pode envolver os símbolos. Os

próprios símbolos da Bíblia são ditos por eles gnósticos.

Polêmica é a influência oriental, principalmente de

tantra, envolvendo sexualidade junto à espiritualidade e o

trabalho com a Kundalini, serpente de fogo. Do mais, se

mantêm cristãos, tanto que se chama de Movimento

Cristão Universal, de Samael Aun Weor. Também

Huiracocha com sua Igreja Gnóstica, ligada a

fraternidade iniciática Fraternitas Rosacruciana

Antiqua, e ainda outras igrejas gnósticas independentes.

Interessante é uma referência deste autor gnóstico aos

quatro animais, que podem ser tanto os de Ezequiel,

como do Apocalipse. Aqui serve de alerta que a doutrina é

gnóstica, logo engloba o tantra, ou seja, o trabalho com a

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kundalini ou sexual. A cultura ocidental separa a

dimensão íntima da religiosa, mas a oriental não fez isso.

A doutrina pode ser assim interpretada como pelo mesmo

meio que se encontrou o pecado original e a queda (sexo

não sagrado), pode-se encontrar a entrada e retorno a

esse Éden, usando a energia para fim espiritual,

diferentemente de outras pessoas. Essa seria a verdadeira

castidade, mais praticável que o celibato, e que era

praticada por vários personagens bíblicos, Salomão

parecendo ser o expoente, com seus cânticos tântricos.

Mas aqui uso obras de Samael Aun Weor, que citei, todas

disponíveis na Internet, e que servirão a se compreender

mistérios ainda mais profundos no Apocalipse. Eis o que

fala:

―A Bíblia cita estes três traidores no Apocalipse de São João.

Vejamos os versículos 13 e 14 do capítulo 16: ‗E vi sair da

boca do Dragão, da boca da Besta e da boca do falso Profeta,

três espíritos imundos, semelhantes a rãs‘. (Versículo 13).

‗Porque são espíritos de demônios que fazem sinais para ir

aos reis da terra e de todo mundo, para os congregar para a

batalha daquele grande dia, do Deus Todo-Poderoso‘.

(Versículo 14). Os três traidores são o Ego reencarnante, o

Eu Psicológico, o Satã que deve ser dissolvido para

encarnarmos o Cristo Interno, constituído por Kether,

Chocmah e Binah. O triângulo superior é o resplandecente

Dragão de Sabedoria. O triângulo inferior é o Dragão Negro.

(Curso Esotérico de Cabala)

É o trabalho que estamos falando desde o início

desse livro: desenvolver as partes superiores da alma e

superar a inferior e seu inferno. É que para se

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desenvolver as porções superiores da alma, se deve

vencer o Caim (egoísmo), superar o ego ilusório que não

deixa se manifestar o Cristo interno. Os dois dragões, que

em seguida vemos retornar. Mas esses três traidores são

análogos aqueles três que traíram o herói Maçônico,

Hiram Abiff, o construtor do templo de Salomão.

Representam a inveja, a ignorância e a superstição, que

afastam o homem de seu renascimento e de que seja uma

individualidade de pedra polida, útil ao templo que é o

universo de Deus, o templo representado por aquele de

Salomão, ou a Loja. O triângulo superior é aquele

pitagórico, o tetraktis, que ainda podemos relacionar a

década e as dez esferas da árvore da vida cabalística.

Também o superior nos revela a Lei do Triângulo, tão

falada por Rosacruzes. As esferas superiores são assim a

sabedoria Sophia (Ophis ou serpente kundalini, de

bronze, feita por Moisés), e a inteligência é Nous.

Devemos diferenciar o Dragão de Sabedoria, que é

o iniciado, já com domínio da vida, com o dragão

Satanás, que leva a tentação para animalizar e atrasar a

evolução espiritual humana. Eis o que fala Weor:

2 + 1 = 3.

―Um é Kether (o Pai), dois é Chocmah (o Filho), e três é

Binah (o Espírito Santo). Este é o resplandecente Dragão de

Sabedoria de todo o homem que vem ao mundo. Todo

aquele que consiga dissolver o seu Eu Psicológico (o louco

do Tarot), encarna o resplandecente Dragão de Sabedoria.

Quem o encarna, torna-se de fato um Espírito de Sabedoria‖. (Curso Esotérico de Cabala)

― ‗Apocalipse 20:2 − "E prendeu ao dragão, a serpente

original, que é o diabo ou satanás e o atou por mil anos‘.

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Não foi nenhuma serpente daquelas que se arrastam pela

terra a que enganou a Eva; foi satanás disfarçado de

serpente quem induziu a Eva a fornicar e Ela, depois, no ato

sexual, induziu a Adão a fazer o mesmo‖. (As Sagradas Escrituras Confirmam a Gnosis)

As referidas duas testemunhas que profetizam por

1260 dias são a ida e pingala, dois canais energéticos que

envolvem o que se chama de kundalini, que trafega pela

coluna vertebral e abre canais energéticos (os 7 selos, 7

igrejas etc) e assim liga o ser humano a sua porção

extrassensorial e por fim a Deus. Como já relatamos, essa

kundalini tem relação com a energia libidinosa, ou com a

sexualidade, e assim a mesma é transformada. Parece ser

esse o fundamento da castidade e do celibato

(bramacaria), tão constantes em espiritualidades

diversas, muitas vezes sem explicação a materialistas.

Vemos em vestais essa característica, bem como nos

padres. Mas aqui na gnose o que é defendido é não a

renúncia dessa mesma manifestação física da energia,

que geralmente é usada para prazer ou reprodução, mas

transformá-la em algo para o contato com o Divino. Eis o

que entende Weor:

―Explicamos porque as duas testemunhas do Apocalipse

têm o poder de profetizar. ‗E darei poder às minhas duas

testemunhas e elas profetizarão por 1260 dias, vestidas de

saco‘. Estes são os dois castiçais e as duas oliveiras que

estão diante do Deus da terra, como dissemos. No entanto,

a quantidade 1260 adiciona-se cabalisticamente assim: 1 +

2 + 6 + 0 = 9. Símbolo da Nona Esfera. A Nona Esfera é o

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sexo. As duas testemunhas têm sua raiz no sexo. (Curso Esotérico de Cabala)

Essa nona esfera que ele fala é Yesod, o

fundamento. Colocando-se o corpo humano sobrepondo

a árvore da vida cabalística, percebe-se que tal se

encontra no lugar dos genitais. Também os caminhos, os

22, que se ligam a mesma, têm alguma relação com essa

dimensão. Ocorre que juntamente vemos as esferas da

árvore do conhecimento ou da morte, que tão claras na

sociedade se mostram por perversões, crimes sexuais,

abortos, fornicações diversas, que parece ser a esfera de

Lilith, que já falamos quando relatamos o pecado

original, no capítulo sobre cristianismo e depois nos

comentários ao livro de Gênesis. O assunto é afastado por

religiosos e a Igreja mesma chegou a perseguir gnósticos,

por certas linhas ou seitas exagerarem nessa perspectiva

sexista. Mas as duas testemunhas mais certas são estas,

homem e mulher. Ainda se fala em mortos e seus rolos

abertos:

―Apocalipse 20:12 – ‗E vi aos mortos, os grandes e os

pequenos, de pé diante do trono, e abriram−se seus

rolos...Porém se abriu outro rolo; é o rolo da vida e os

mortos foram julgados de acordo com as coisas escritas nos

rolos segundo seus feitos‘. Os mortos, os grandes e os

pequenos são os Jerarcas religiosos e os rebanhos. Os

Jerarcas são os grandes, as ovelhas são os pequenos. No

livro da vida de cada um de nós, estão escritas nossas boas e

más ações. Por isso se diz que foram julgados seus feitos. De

tudo o que façamos teremos que render contas, não importa

que cargo tenhamos. Os rolos correspondem as Sete Igrejas,

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Chacras ou Centros Magnéticos que se encontram dentro de

nosso corpo. E o Rolo da Vida é nossa consciência. Ali fica

impresso o bom ou o mau que façamos‖. (idem)

Ser julgado já ocorre pela lei hermética da causa e

efeito. Para cada semente há a sua árvore, boa ou má. Os

religiosos têm essa missão de encaminhar, mas cada um

dos crentes é que é senhor de seu destino, e isso envolve

até sua intimidade e casamento. Não pode saindo de sua

Igreja se entregar a tentações e enganos, uma vez que

assim sua fé é falsa. Vemos cada vez mais essas pessoas

que têm uma religião ―socialmente‖, da mesma forma que

bebem socialmente, e se embriagam de igual forma, pelos

excessos e tudo isso rende carma. Cada abuso ou erro é

cobrado, e isso não fica sem resposta, uma vez que a lei

opera de forma automática. O perdão é ao encontrar

Cristo, que é essa porção interna de consciência

iluminada, e assim ocorre, mas nada tem a ver com

simples conversão a determinada religião, porém sem a

uma transformação bem mais profunda, que exige

centenas de encarnações, por vezes. Vemos assim abusos

como a pedofilia, e mesmo uma série de exageros, até por

religiosos e sacerdotes, como avareza com dízimo. Isso

claro é obra de Satanás, e pecado contra o Espírito Santo.

O próprio adultério o é. Mas voltando a Weor, este fala do

assunto como que a passagem do Apocalipse onde se

trata de pisar na cabeça da serpente:

―Pisar na cabeça: Subindo a energia sublime ao cérebro,

desfazemos o poder de Satanás em nós. Pisar o calcanhar:

Quando o sêmen desce ou é derramado por qualquer procedimento somos escravos de Satanás‖. (idem)

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A falta de castidade, a fornicação e a

concupiscência como serviços do inimigo, que levam o ser

humano a descer de sua atual escala evolutiva.

Provavelmente poderíamos pensar aqui mais em desvios

sexuais e toda a sorte de bloqueios a que é envolta nossa

sociedade. Pisar na cabeça da kundalini é deixar que essa

energia desperte as 7 igrejas ou centros psíquicos, que

por fim resultam em dons do Espírito Santo. Daí do

maior pecado ser contra o Espírito Santo, podendo aqui

ser uma analogia com o adultério, a fornicação e ainda a

inversão da serpente, tornando o que poderia ser

sabedoria em bestialidade. Por fim o iniciado supera as

dificuldades de sua senda e encontra salvo e em seu Juízo

Final, livrando-se das antigas limitações que o colocavam

no erro e afastavam de Deus e da iluminação.

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