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Últimas Notícias Entrevistas Relacionadas Atualizações Científicas Artigos Interessantes Dúvidas mais frequentes FIGURA 1: Grafitti. Los Angeles (EUA). FIGURA 2: A revista New York Daily News (1985) destaca o aparecimento do crack na cidade. Atualização Científica O crack origens, exclusão social & violência Marcelo Ribeiro, MSc Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (UNIAD) Universidade Federal de São Paulo Programa Álcool e Drogas (PAD) Hospital Israelita Albert Einstein Histórico O hábito de fumar a pasta de folhas de coca era praticamente desconhecido na América do Sul antes dos anos 70 (Negrete, 1992). A partir dessa época, começou a ganhar popularidade no Peru, espalhandose para os outros países produtores no decorrer da década (Maass et al, 1990). Nos Estados Unidos, o uso da pasta de coca foi descrito pela primeira vez em 1974, numa comunidade restrita da Califórnia (Wallace, 1991) e atingiu alguma popularidade no final da década (Siegel, 1987, Wallace, 1991; Morgan et al, 1997). A pasta básica de coca (sulfato de cocaína) é obtida por meio da maceração ou pulverização das folhas de coca com solvente (álcool, benzina, parafina ou querosene), ácido sulfúrico e carbonato de sódio (Maass et al, 1990; Escohotado, 1996). Desde os primeiros relatos, chamava a atenção dos pesquisadores a intensidade e a curta duração dos sintomas de euforia, seu preço muito inferior ao da cocaína refinada, as impurezas do amálgama e o 'microtráfico' feito pelo usuário para a manutenção do próprio consumo (Maass et al, 1990). A pasta básica era chamada nos países andinos de basuco, evocando a natureza da mistura (alcalina) e a potência de seus efeitos psicotrópicos (bazuca) (Negrete, 1985). Essa experiência, inicialmente restrita à América Andina, foi considerada por alguns autores como a precursora do surgimento do crack nos Estados Unidos (Hamid, 1991a; Ellenhorn et al, 1997; Reinarman, 1997). O surgimento do crack nos Estados Unidos O crack surgiu entre 1984 e 1985 nos bairros pobres de Los Angeles, Nova York e Miami, habitados principalmente por negros ou hispânicos e acometidos por altos índices de desemprego (Del Roio, 1997, Reinarman, 1997). Era obtido de um modo simples e passível de fabricação caseira (Ellenhorn et al, 1997) e utilizados em grupo, dentro de casas com graus variados de abandono e precariedade (crack houses) (Geter, 1994). Os cristais eram fumados em cachimbos e estralavam (cracking) quando expostos ao fogo, característica que lhes conferiu o nome (Ellenhorn et al, 1997). A utilização produzia uma euforia de grande magnitude e de curta duração, seguida de intensa fissura e desejo de repetir a dose (OSAP, 1991). O perfil inicial desses consumidores, eminentemente jovem, era o seguinte (Hamid, 1991b): usuários de cocaína refinada, atraídos inicialmente pelo baixo preço do crack, usuários de maconha e poliusuários, que adicionaram o crack ao seu padrão de consumo e aqueles que adotaram o crack como sua primeira substância. Juntaramse a essa população, usuários endovenosos de cocaína, geralmente mais velhos, que após o advento da AIDS, optaram pelo crack em busca de vias de administração mais seguras, sem prejuízo na intensidade dos efeitos (Dunn et al, 1999b). O baixo preço da substância também atraiu novos consumidores, de estratos sociais mais baixos, que pagavam por dose consumida e por isso faziam inúmeras transações (Blumstein et al, 2000). No entanto, sua pureza, algumas vezes inferior, a curta duração dos efeitos e a compulsão por novas doses, por vezes produziam um gasto mensal superior ao efetuado com a cocaína refinada (Caulkins et al, 1997; Ferri, 1999). A economia do crack O crack modificou profundamente a economia doméstica do tráfico drogas, bem como seu modo de atuação. Hamid (1991a, 1991b) relata que antes do aparecimento do crack em Nova Iorque, a distribuição de substâncias Quem Somos NEAD Drogas Dependência Complicações Orientações Tratamentos Página Teen

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ÚltimasNotícias

EntrevistasRelacionadas

AtualizaçõesCientíficas

ArtigosInteressantes

Dúvidas maisfrequentes

FIGURA 1: Grafitti. Los Angeles (EUA).

FIGURA 2: A revista New YorkDaily News (1985) destaca oaparecimento do crack na cidade.

Atualização Científica

O crackorigens, exclusão social & violência

Marcelo Ribeiro, MSc

Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (UNIAD) ­ Universidade Federal de São PauloPrograma Álcool e Drogas (PAD) ­ Hospital Israelita Albert Einstein

Histórico

O hábito de fumar a pasta de folhas de coca era praticamente desconhecido na América doSul antes dos anos 70 (Negrete, 1992). A partir dessa época, começou a ganhar popularidadeno Peru, espalhando­se para os outros países produtores no decorrer da década (Maass et al,1990). Nos Estados Unidos, o uso da pasta de coca foi descrito pela primeira vez em 1974,numa comunidade restrita da Califórnia (Wallace, 1991) e atingiu alguma popularidade nofinal da década (Siegel, 1987, Wallace, 1991; Morgan et al, 1997). A pasta básica de coca(sulfato de cocaína) é obtida por meio da maceração ou pulverização das folhas de coca comsolvente (álcool, benzina, parafina ou querosene), ácido sulfúrico e carbonato de sódio(Maass et al, 1990; Escohotado, 1996). Desde os primeiros relatos, chamava a atenção dospesquisadores a intensidade e a curta duração dos sintomas de euforia, seu preço muitoinferior ao da cocaína refinada, as impurezas do amálgama e o 'microtráfico' feito pelo usuáriopara a manutenção do próprio consumo (Maass et al, 1990). A pasta básica era chamada nospaíses andinos de basuco, evocando a natureza da mistura (alcalina) e a potência de seus

efeitos psicotrópicos (bazuca) (Negrete, 1985). Essa experiência, inicialmente restrita à América Andina, foi considerada por algunsautores como a precursora do surgimento do crack nos Estados Unidos (Hamid, 1991a; Ellenhorn et al, 1997; Reinarman, 1997).

O surgimento do crack nos Estados Unidos

O crack surgiu entre 1984 e 1985 nos bairros pobres de Los Angeles, Nova York e Miami, habitadosprincipalmente por negros ou hispânicos e acometidos por altos índices de desemprego (Del Roio,1997, Reinarman, 1997). Era obtido de um modo simples e passível de fabricação caseira (Ellenhorn etal, 1997) e utilizados em grupo, dentro de casas com graus variados de abandono e precariedade(crack houses) (Geter, 1994). Os cristais eram fumados em cachimbos e estralavam (cracking) quandoexpostos ao fogo, característica que lhes conferiu o nome (Ellenhorn et al, 1997). A utilização produziauma euforia de grande magnitude e de curta duração, seguida de intensa fissura e desejo de repetir adose (OSAP, 1991). O perfil inicial desses consumidores, eminentemente jovem, era o seguinte (Hamid,1991b): usuários de cocaína refinada, atraídos inicialmente pelo baixo preço do crack, usuários demaconha e poliusuários, que adicionaram o crack ao seu padrão de consumo e aqueles que adotaramo crack como sua primeira substância. Juntaram­se a essa população, usuários endovenosos decocaína, geralmente mais velhos, que após o advento da AIDS, optaram pelo crack em busca de viasde administração mais seguras, sem prejuízo na intensidade dos efeitos (Dunn et al, 1999b). O baixopreço da substância também atraiu novos consumidores, de estratos sociais mais baixos, que pagavampor dose consumida e por isso faziam inúmeras transações (Blumstein et al, 2000). No entanto, suapureza, algumas vezes inferior, a curta duração dos efeitos e a compulsão por novas doses, por vezes produziam um gasto mensalsuperior ao efetuado com a cocaína refinada (Caulkins et al, 1997; Ferri, 1999).

A economia do crack

O crack modificou profundamente a economia doméstica do tráfico drogas,bem como seu modo de atuação. Hamid (1991a, 1991b) relata que antesdo aparecimento do crack em Nova Iorque, a distribuição de substâncias

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FIGURA 3: Grafitti. New York (EUA)

FIGURA 4: O crack é por excelência umadroga das populações excluídas. A figurasuperior mostra uma apreensão de crack emum bairro suburbano. Os usuários de cracknorte­americanos tinham por hábito consumir adroga dentro de casas abandonadas, quepassaram a ser denominadas crack houses.

FIGURA 5: Absolutely crack. Anos 90 (EUA).

era feita por grupos de minorias étnicas culturalmente coesas, fazendoseus lucros circularem dentro daquela comunidade, na forma de bens eserviços. Com a chegada do crack e seu padrão compulsivo de uso, abusca por divisas voltou­se para a obtenção de mais substância, emdetrimento da comunidade onde o comércio se dava. Além disso, umimportante paradigma, a separaçãoentre vendedor e consumidor, foiabandonado: os consumidoresassumiram papeis na distribuição emuitos traficantes viram­sedependentes do crack. A partir daísurgiu um novo modo para adistribuição: atomizado e executadopor jovens e suas gangues, porémfortemente organizado ehierarquizado, onde cada umexercia um papel específico.

O ambiente de violência ecriminalidade pronunciado, pode serexplicado por alguns fatores. O novonegócio fomentou competitividadeentre os grupos (Hamid, 1991a,Blumstein et al, 2000). Eracomandado por adolescentesmarginalizados e excluídos domercado de trabalho, sem outraperspectiva econômica (Morgan etal, 1997; Blumstein et al, 2000),naturalmente mais imaturos eimpulsivos e muitas vezes dependentes da substância (Hamid, 1991b, Blumstein et al, 2000). O comércio do crack causoudeterioração e desestabilização econômica de bairros, onde as vendas se concentravam, associado à falta da presença do Estadocomo provedor de políticas sociais e de segurança, atuando exclusivamente como agente repressor e estigmatizador do tráfico e seususuários (Hatsukami, 1996). O fácil acesso a armas de fogo cada vez mais poderosas (Hatsukami, 1996), fez dessas o principal meiopara os membros das gangues garantirem autoproteção, resolverem as disputas de mercado, defenderem os produtos e ativosilegais, além de lhes conferirem status e poder na comunidade onde atuavam (Blumstein et al, 2000). O caráter abusivo e compulsivodo consumo do crack, gerador de fissura e busca desenfreada por uma nova dose (Gossop et al, 1994; Hatsukami et al, 1996). Achegada do comércio do ilegal do crack catalisou e amplificou déficits sociais latentes, que apareceram sob a forma decomportamentos violentos, tais como venda de objetos pessoais, furtos, roubos, disputa de gangues, assassinatos e prostituição(Hamid, 1991a).

O crack como fenômeno mundial

A presença do crack começou a ser relatada em outros países no final dos anos 80 (figura 6).A Espanha é tida a porta de entrada do tráfico de cocaína e haxixe na Europa (OGD, 2000). Opaís vem detectando a presença crescente da cocaína, principalmente na camada jovem dapopulação (Bosch, 2000). O crack é mais prevalente na região sul do país (Sevilha),decrescendo, gradativamente, até alcançar as cidades do Norte (Barcelona) (Barrio et al,1998). Portugal e França apresentam índices insignificantes de consumo de cocaína, emtermos de saúde pública, além de não fazerem menções sobre o crack (EMCDDA, 1999). AItália (EMCDDA, 2000) detectou a presença do crack entre minorias de imigrantes(senegaleses), envolvidos no mercado do tráfico e habitando áreas marginalizadas. Oconsumo, restrito às minorias imigrantes, apresentou algum aumento entre os italianos. NoReino Unido, o crack surgiu em bairros pobres e marginalizados, habitado por minorias deimigrantes, causando disputas de espaço pela distribuição e criminalidade (Bean, 1993;Ditton, 1993; Pearson, 1993, Shapiro, 1993). A substância era relativamente conhecida pelopúblico jovem (Denham, 1995) e passou a ser utilizada por boa parte dos antigos usuários decocaína (Strang et al, 1990), com predomínio maior entre os negros caribenhos (Gossop et al,1994). Recentemente, a imprensa (Police crack down..., 2001) noticiou um aumento do

consumo. A Alemanha (EMCDDA, 2000) observou a chegada do crack a partir da primeira metade dos anos 90. Produzidoartesanalmente e para consumo próprio, no início, o crack é hoje mais prevalente que a cocaína naquele país, com grandepenetrância entre os usuários de heroína. A Holanda parece não ter sentido a presença do crack até 1993 (Cohen, 1997),permanecendo restrito a minorias de imigrantes do Suriname (Cohen, 1995). Em 1998 o consumo de cocaína não­injetável (cocaínarefinada e crack) era considerado tão prevalente quanto de heroína (Ameijden et al, 2001). Os países escandinavos (EMCDDA,1999) têm grande predileção pelas anfetaminas, a substância mais consumida naqueles países, após a maconha (1­3%). Não hárelatos sobre o crack nesses países. Um padrão insignificante de consumo de cocaína foi observado nos países do Leste Europeu,sem referências à presença do crack (UNODCCP, 2001).

Na Austrália, o crack parece ter causado pouca ounenhuma repercussão (Mugford, 1997). O consumode cocaína, no entanto, vem aumentando desde o

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FIGURA 6: Prevalência do consumo mundial de cocaína, países produtores e principais rotas detráfico. Fonte: UNODCCP. Global Illicit Drug Trends; 2001.

FIGURA 7: Imagens da Cracolândia (região daLuz, Centro de São Paulo). Ali o crack ganhounotoriedade no início dos anos noventa. Comoem outros países do mundo, a região erafortemente marcada pelo abandono e exclusãosocial.

início dos anos 90, apesar dos baixos índices(1,4%). Já nos países asiáticos, tais como Japão,China e Filipinas o consumo de estimulantes se dápreferencialmente com as anfetaminas, nãohavendo espaço para congêneres (NIDA, 1999;NIDA, 2001). Algum sinal do crack e drogassintéticas (club drugs) tem sido detectado na Índia,em substituição ao consumo local de mandrax(OGD, 2000). A África do Sul é o maior mercadoconsumidor de cocaína do continente africano(OGD, 2000). Começou a sentir a presença do crackpor volta de 1993, com índices crescentes deconsumo, principalmente nas zonas miseráveis deJoanesburgo (Jeter, 2000). Os últimos relatos, noentanto, apontam para a estabilização ou mesmoredução do consumo nesse país (NIDA, 2001). Apresença da cocaína e do crack nas Américas serátratada adiante.

O crack no Brasil

Há poucas informações sobre a chegada do crack ao Brasil, em sua maioria provenientes da imprensa leiga ou de órgãos policiais. Aapreensão de crack, realizada pela Polícia Federal, entre 1993­1997, aumentou 166 vezes (Procópio, 1999). A apreensão de pastabásica, no mesmo período e considerada por região, apresentou níveis decrescentes,excetuando­se a região sudeste, onde aumentou 5,2 vezes (Procópio, 1999). A cidade de SãoPaulo foi a mais atingida. A primeira apreensão da substância no município registrada nosarquivos da Divisão de Investigações sobre Entorpecentes (DISE), aconteceu em 1990 (Uchôa,1996). Algumas evidências apontam para o surgimento da substância em bairros da ZonaLeste da cidade (São Mateus, Cidade Tiradentes e Itaim Paulista), para em seguida alcançar aregião da Estação da Luz (conhecida como "Cracolândia"), no centro (Uchôa, 1996). A partirdaí espalhou­se para vários pontos da cidade, estimulado pelo ambiente de exclusão social(Uchôa, 1996) e pela repressão policial no centro da cidade (Dimenstein, 1999). O preço docrack, apesar de similar ao da cocaína refinada em termos de unidade de peso, possuíaapresentações para o varejo que variavam de 1,00 a 50,00 reais, tornando­o acessível parauma faixa grande de consumidores (Dunn et al, 1998). Além disso, parece ter havido umaredução na oferta de outras drogas (Nappo et al, 1994). Procópio (1999), a partir de umarevisão em jornais de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, apresentou algumas consideraçõessobre o esquema de distribuição. Entre essas, figuram a ascensão de indivíduos cada vez maisjovens ao comando do tráfico, fragmentado e organizado em bandos (gangues), com divisãode tarefas ("dono da bocada", "chefe da distribuição", "avião", "fogueteiro") e normas rígidas dedisciplina e punição, com alta prevalência de armas de fogo, caracterizando uma condutamarcadamente violenta, em decorrência da competição por espaço na distribuição e para fazerfrente ao esquema de repressão ao tráfico. Apesar de desenhado a partir de dados parciais eem sua maioria sem sistematização científica, o panorama observado guarda semelhançascom a presença do crack em outros países.

Não há informações amplas sobre a evolução do consumo de crack no Brasil. Um importantefenômeno observado aqui (Dunn et al, 1996; Dunn et al, 1999b) e em outros países (Gossop etal, 1994; Barrio et al, 1998; Ameijden et al, 2001), durante os anos 90, foi a transição de vias deadministração entre os usuários de cocaína. Tal fenômeno caracteriza­se pela substituição davia de administração, por meio da qual um indivíduo se iniciou no consumo de algumasubstância, por uma nova via, que passa a ter sua predileção (Dunn et al, 1999b). Quanto àsdrogas injetáveis no Brasil, cocaína é praticamente a única substância utilizada (Carvalho et al,2000; Seibel et al, 2000), tendo em vista a presença irrelevante de heroína no país (Dunn et al,1999b; Carvalho et al, 2000). Até o final dos anos 80 o padrão inicial de consumo de cocaínaera feito principalmente pela via intranasal e em menor proporção, pela via injetável (Dunn et al, 1999b). Nos países europeus, oconsumo inicial de heroína dava­se principalmente pela via injetável (Gossop et al, 1994; Barrio et al, 1998; Ameijden et al, 2001).Após esse período, verificou­se um aumento daqueles que iniciavam seu consumo pela forma inalatória, em detrimento da injetável(Gossop et al, 1994; Dunn et al, 1999b, Kuebler, 2000; Ameijden et al, 2001). Uma porção dos usuários que utilizavam as viasinjetável e intranasal migraram para a via inalatória, ao passo que essa foi a que menos perdeu adeptos (Dunn et al, 1999b). Algunsfatores influenciaram essa transformação: a severidade e o tempo prolongado de consumo de cocaína, o baixo preço e adisponibilidade do crack e a percepção crescente dos riscos associados ao modo injetável (HIV) (Dunn et al, 1999b).

Nos últimos anos, instituições ligadas à infância e a imprensa vêm notando uma reduçãodo consumo em São Paulo (Dimenstein, 2000). Notícias sobre as apreensões desubstâncias psicoativas pela polícia, mostraram um aumento expressivo das apreensõesde maconha (507%) e discreto com relação à cocaína e crack (10%) (Apreensão demaconha..., 2001; Maconha, cocaína..., 20001). Os mesmos artigos também observaram aredução da procura por tratamento na rede pública municipal entre esses indivíduos. Taisinformações, apesar de sugerirem uma diminuição do consumo devem ser analisadas comcautela: a redução nas apreensões policiais pode tanto significar uma queda do consumo,

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FIGURA 8: Craqueiro [gravura].

FIGURA 9: Pôster [anos 90].

como também decorrer do surgimento de esquemas mais protegidos de tráfico, adaptadosao esquema de repressão, inclusive por meio da corrupção desse (Bean et al, 1993). Aqueda na procura por atendimento pode ser resultado de um redirecionamento dademanda para outras opções de tratamento. Dessa forma, o consumo do crack vemapresentando comportamentos de queda e ascensão em diversos países, comdesdobramentos futuros ainda incertos.

Epidemiologia

A cocaína é consumida por 0,3% da população mundial (UNODCCP, 2001). A maior partedos usuários, porém, concentra­se nas Américas (70%), seguida à distância pela Europa(13%) (UNODCCP, 2001) (figura 6). Nos Estados Unidos, a prevalência do consumo decocaína no ano anterior engloba 3,0% da população (UNODCCP, 2001). O país abriga50% dos consumidores de cocaína do planeta e possui uma média de consumo setevezes maior do que a média global (UNODCCP, 2001). A prevalência do consumo norte­americano de crack na vida, em 1990, era de 1,4% segundo o National Household Survey(NHS) (OSAP, 1994). O perfil dos consumidores era composto por adultos jovens, entre 18e 25 anos, negros e desempregados (OSAP, 1994). Dois anos depois (1992), o consumoatingia 3% para o uso na vida, 1% para o uso no último ano (Reinarman et al, 1997).Houve um comportamento oscilante nos anos consecutivos, evoluindo para 2,7%, em1999 e 2,4% em 2000 (SAMHSA, 2001). Durante o ano de 2000, o consumo na vidasuperou os 3% entre as faixas etárias de 18 ­ 34, sendo maior entre aqueles entre 26­34anos (3,8%) (SAMHSA, 2001).

No Canadá, o crack, inicialmente, gerou pouca repercussão (Cheung et al, 1997), comíndices menores aos encontrados nos Estados Unidos (Smart, 1991). A partir de 1999, noentanto, começou a apresentar, nas grandes cidades, índices mais próximos dos norte­americanos (NIDA, 2001). O consumo anual de cocaína engloba, hoje, 0,7% da população(UNODCCP, 2001). No México, o consumo de cocaína começou a aumentar a partir dosanos 80 e gradualmente espalhou­se para classes menos favorecidas e adolescentes(Unikel et al, 1998). Em 1988, o uso corrente de cocaína era de 0,3% (OPAS, 1989).Durante os anos 80 a meados dos 90, a procura por tratamentos em instituições de saúdemental aumentou 10 vezes, atingindo 1/3 dos pacientes (Unikel et al, 1998). O consumoanual de cocaína atinge, hoje, 0,5% da população (UNODCCP, 2001). O crack foidetectado no país a partir de 1991 e tendo sido consumido, em vida, por 0,65% dos

estudantes do ensino médio (Unikel, 1998). Na Costa Rica, um estudo com adolescentes infratores encontrou um consumo de crackde 66% (López et al, 1996). O consumo anual de cocaína e crack, somados, no entanto, é inexpressivo: 0,2% (UNODCCP, 2001).

As informações epidemiológicas sobre o consumo de substâncias psicoativas na América do Sul são escassas e parciais. O poucoque se tem, no entanto, sugere um consumo de cocaína nesses países bem inferior ao encontrado para o Estados Unidos (3,0%)(UNODCCP, 2001). A Argentina é o país com a maior prevalência anual: 1,9% (UNODCCP, 2001). Um estudo de prevalência(Míguez et al, 1994), com jovens que atendiam ao alistamento militar, em 1992, encontrou um uso na vida de cocaína de 9,7% e noúltimo ano de 7,1%. Dois anos depois, o índice nessa mesma população recuou para 5,8% (Serfaty et al, 2000). No Uruguai, oconsumo parecia influenciar a cultura jovem de classe alta desde o início dos anos 90 (Míguez et al, 1993). A prevalência de uso decocaína ao longo da vida (0,9%) (Míguez et al, 1995) e anual (0,4%) (UNODCCP, 2001) são as mais baixas das Américas. Chile eColômbia são os dois únicos países da América do Sul que possuem estudos nacionais sobre a prevalência do consumo desubstâncias psicoativas (Fuentealba, 2000). No primeiro, a taxa de consumo na vida de cocaína (1998) foi de 4,0% e no ano anterior,de 1,32% (Fuentealba, 2000; UNODCCP, 2001). O norte chileno, região fronteiriça com o Peru, possui a maior incidência de consumode pasta de coca do país: 1,3% no último ano, contra 0,4% na região sul (Molina et al, 1999). Os países produtores de cocaconsomem preferencialmente a pasta de coca (fumada). O consumo de substâncias ilícitas na vida na Bolívia é de 11,2%. Desses,38,7% fumam a pasta, enquanto o consumo de cloridrato de cocaína oscila entre 7,5 e 8% (0PAS, 1989). A prevalência anual para acocaína e a pasta de coca na Bolívia é de 0,4% e 0,3%, respectivamente (UNODCCP, 2001). No Peru o índice de uso na vida depasta de coca (1997) era de 4,7%, sendo especialmente elevada entre os homens (9,4%) e na faixa etária de 19 ­ 29 anos (7%) (INEI,1998). O consumo anual de pasta de coca é de 0,6% (UNODCCP, 2001). A prevalência na vida para o consumo de cloridrato decocaína é de 3,2% (INEI, 1998) e anual, de 0,4% (UNODCCP, 2001). Na Colômbia (1987), o basuco é a apresentação da cocaínamais consumida: tem um uso na vida de 0,6%, sendo mais prevalente entre os homens entre 20 ­ 24 anos (2,5%) (Torres de Galvis etal, 1989). O cloridrato de cocaína é consumido por 0,3% dos colombianos (Torres de Galvis et al, 1989). O Equador possuía, ao ladodo Uruguai, um dos mais baixos índices de consumo da América do Sul (1988): 1% para o uso em vida de cocaína e pasta de coca(Aguilar Z, 1989). No entanto, esses são os valores atualmente encontrados para o uso no ano anterior (UNODCCP, 2001). Não háinformações oficiais sobre o consumo de cocaína ou pasta de coca no Paraguai e na Venezuela. Nessa última, estima­se que oconsumo anual de ambos envolva 1,2% da população (UNODCCP, 2001).

No Brasil, a cocaína acompanhou o mesmo processo dos Estados Unidos e Europa, comalguns anos de atraso: foi utilizada como farmacoterápico, até o início do século XX, caiu emdesuso a partir dos anos 20 e recrudesceu nos anos 80, principalmente no final da década(Carlini et al, 1993). Tal recrudescimento, no entanto, parece ter sido mais pronunciado nasregiões Sul e Sudeste do país, onde houve um aumento expressivo nas apreensões dasubstância pelas autoridades polícias (Procópio, 1996), na procura por internações (Carlini,1993) e na prevalência do consumo entre meninos em situação de rua (Noto, 1997), secomparadas com as outras regiões do país. Nessa época, também, diversos serviços deatendimento observaram um aumento da proporção de usuários de cocaína atendidos, quepassaram a ocupar de 50 ­ 80% do total de vagas oferecidas para usuários de substânciasilícitas (Masur et al, 1987; Bastos et al, 1988; Silveira Filho, 1991; Castel et al, 1994; Passos,

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FIGURAS 10, 11 & 12: Três momentos dacocaína. Durante o século XIX os vinhosobtidos a partir da fermentação da uva e folhasde coca foram bastante populares na Europa eEstados Unidos. Com a obtenção do princípioativo (cloridrato de cocaína), a cocaína passoua ser utilizada como medicamento. A figura 11 superior mostra um anúncio debalas para dor­de­dente, enquanto a inferiorapresenta um anúncio brasileiro de balas parador de garganta (anos 20). Durante os anostrinta, já proibida na maioria dos países, arevista Police Magazine apresenta a cocaínacomo o "veneno branco".

1999). O consumo no ano anterior atinge atualmente cerca de 0,6% da população (UNODCCP,2001).

Publicações especializadas sobre o crack começaram a aparecer partir de 1994 (Nappo et al,1996). A primeira investigação publicada sobre o assunto (Nappo et al, 1994), um estudoetnográfico realizado no município de São Paulo, com 25 usuários de crack, detectou que aincidência de novos consumidores aumentou a partir de 1989. A insignificância do consumoanterior a essa data, pode ser corroborada por meio de outros estudos: levantamentosepidemiológicos do CEBRID (1987­1997), realizados com meninos em situação de rua nãodetectavam a presença do crack entre esses até 1989 (Nappo et al, 1996). Em 1993, noentanto, o uso em vida atingiu 36% e em 1997, 46% (Noto et al, 1998). Campos et al (1994)também não encontraram a presença do crack entre meninos em situação de rua de BeloHorizonte, entre 1989 ­ 1990. Os serviços ambulatoriais especializados começaram a sentir oimpacto do crescimento do consumo a partir do início dos anos 90, quando em alguns aproporção de usuários de crack pulou de 17% (1990) para 64% (1994), entre os dependentesde cocaína que buscavam tratamento (Dunn et al, 1996), atingindo níveis superiores a 70%(Dunn et al, 1999a; Ferri, 1999).

Nappo et al (1994) encontraram o seguinte perfil entre os usuários de crack: homens, menoresde 30 anos, desempregados, com baixa escolaridade e poder aquisitivo, provenientes defamílias desorganizadas. A principal motivação para o consumo fora curiosidade e a primeiraexperiência, satisfatória. Dunn et al (1999), após entrevistarem 294 usuários de cocaína e crackem 15 serviços localizados no município de São Paulo, encontraram um perfil semelhante:predomínio masculino, idade média de 27 anos, solteiros, com menos de 8 anos de estudo,desempregados ou afastados de suas atividades e vivendo na casa dos pais.

Ferri (1999) investigou 194 usuários de crack provenientes de 13 serviços do município de SãoPaulo. Além de encontrar um perfil demográfico compatível com os anteriormente descritos,notou outras situações: a maioria dos indivíduos entrevistados já havia consumido outrassubstâncias previamente e tinham padrão atual de poliabuso. Utilizavam cerca de 4 gramas pordia, 5 dias por semana. Tinha maior propensão a realizar seu consumo em locais próprios parafumar o crack ou em casas abandonadas, sozinhos ou com conhecidos casuais. Oitenta porcento desses haviam realizado algum tipo de contravenção e 40% andavam armados paraproteção pessoal.

Os usuários de crack, em sua maioria, iniciaram o consumo na faixa etária dos 12 a 24 anos(Nappo et al, 1996; Ferri, 1999). No entanto, em alguns estudos nacionais com usuários decrack, predominam faixas etárias mais elevadas (Focchi, 2000), à custa da migração de ex­usuários de drogas endovenosas, geralmente mais velhos. Há uma associação entre consumode crack e graus elevados de severidade e dependência (Nappo, 1994; Dunn et al, 1999a;Ferri, 1999). Entre os usuários de cocaína, a chegada ao tratamento dá­se por volta do 6o e 7o

ano de uso (Dunn et al, 1999a; Ferri, 1999) e parece ser mais precoce entre os de crack (Ferri,1999).

A prevalência do consumo de cocaína e crack entre estudantes do ensino fundamental e médiofoi levantada em alguns estudos. O CEBRID realizou quatro levantamentos epidemiológicosem estudantes de 10 capitais brasileiras, entre 1987 ­ 1997 (Galduróz et al, 1997): o uso decrack na vida não foi detectado até 1993 e em 1997, era de 0,2%. O consumo de pasta de cocafoi detectado em Belém (1,5%), zona de influência das regiões produtoras de cocaína. Houveaumento do uso em vida de cocaína, na maioria das capitais pesquisadas, evoluindo de 0,5%em 1987 para 2% em 1997. Outro levantamento (1995), em Cuiabá (MT), capital não incluídano estudo anterior, apresentou uma taxa 1,8% para o uso na vida de cocaína (Souza et al,1998). Investigações epidemiológicas sobre o consumo de cocaína entre estudantes, emcidades de médio porte do sul (Deitos et al, 1998; Tavares et al, 2001) e sudeste (Moreira,1996; Muza et al, 1997) do Brasil, obtiveram índices variando entre menos de 1% a 3%.Segundo Carlini­Cotrim (1991), a respeito do ensino médio, "o Brasil tem um padrão deconsumo entre estudantes perfeitamente dentro dos padrões internacionais, destacando­seapenas em relação ao consumo de inalantes (2o maior índice mundial)".

O Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) está realizou o ILevantamento Domiciliar Nacional sobre Uso de Drogas Psicotrópicas (Galduróz, et al, 2002).Anteriormente, o CEBRID executou um levantamento domiciliar restrito ao estado de São Paulo(Galduróz et al, 1999). Em ambos, consumo de crack ao longo da vida foi de 0,4%. Asubstância ocupa o décimo lugar, à frente apenas dos sedativos (0,3%), anticolinérgicos (0,3%)e analgésicos opiáceos (0,2%).

Crack, violência, homicídios & cia

Os elevados índices de homicídio e outras formas de violência entre osusuários de crack, em concordância com achados de outros países(Pearson et al, 1993; Blumstein et al, 2000; EMCDDA, 2000) os tornam

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FIGURA 13: Menino de rua fumando crack em um cachimboimprovisado.

FIGURA 14: Aparatos para o consumo de crack.

FIGURA 15: Adolescente fuma crack emfavela paulistana.

merecedores de alguns comentários. As causas externas de morte, dentrodas quais encontram­se os homicídios, são as mais prevalentes entreindivíduos da faixa etária de 15 a 49 anos, responsáveis por 15,5% detodas as mortes notificadas no país, em 1996 (Baptista et al, 2000). Oshomicídios dobraram entre 1970 e 1990 e hoje representam 30% de todosos óbitos relacionados a essa classe (Baptista et al, 2000). Cordeiro et al(1998) afirmaram que na Região Metropolitana de São Paulo os homicídiosaumentaram 352% nos últimos 20 anos (ao passo que a populaçãoaumentou 43% no período), mais do triplicando a incidência bruta dosmesmos. Adolescentes e adultos jovens do sexo masculino foram os maisatingidos. Entre os homicídios, houve um grande incremento daquelescausados por armas de fogo. Szwarcwald et al (1998) demonstraram queno Rio de Janeiro as mortes por arma de fogo aumentaram 10% ao ano,entre 1979 e 1992, representando 40% do total das mortes por causas externas. Os autores ainda observaram que os homicídios porarma de fogo foram 17,5 vezes maiores entre indivíduos jovens do sexo masculino, apesar do ritmo de crescimento guardarsemelhanças para ambos sexos.

Minayo et al (1998), apesar da concordância de que as drogas têm papel importante nas atividades violentas, afirmaram que seupapel específico não está claro quanto aos seguintes aspectos: o nexo causal entre essas substâncias e atos violentos; o status legaldas drogas e as complicações envolvendo tráfico e as leis que o reprimem; as influências do meio e as características individuais dosusuários; a prevalência e as correlações precisas entre violência e o uso dessas substâncias. Os mesmo autores, ao abordarem oprimeiro aspecto, colocaram como precípua a necessidade de determinar a magnitude do papel da droga na ocorrência do atoviolento, isto é, até que ponto o consumo gerou tal comportamento, ou se as pessoas sob efeito não o teriam praticado em estado deabstinência.

Exclusão social & violência: uma relação causal

Cabral (1998) afirma numa reportagem acerca da 4ª Bienal Internacional deArquitetura, que morar sem infra­estrutura aumenta o risco de assassinatos: aexclusão territorial e social torna indivíduos, famílias e comunidadesparticularmente vulneráveis, abrindo espaço para a violência e o conflito.Maria Ruth do Amaral Sampaio, diretora da Faculdade de Arquitetura eUrbanismo (FAU ­ USP) e Paulo Sérgio Pinheiro, coordenador do Núcleo deEstudos da Violência, quando entrevistados por Cabral, afirmaram que apesardo crescimento urbano na capital paulista encontrar­se estável, bairros taiscomo Guaianases e Jardim Ângela, onde o crescimento populacionalalcançou índices elevados apresentaram os maiores índices de violência dacidade. Nesses centros urbanos recém­ocupados não há oferta de emprego,tampouco opções de lazer. As pessoas desempregadas passam o dia

vagando pelas ruas e acabam bebendo ou sendo cooptadas pelo tráfico de drogas, o que fomenta o crime. Fix (2001) afirmou que a"segregação sócioespacial­ambiental" da população paulistana para bairros mais distantes, ao longo das últimas

décadas, reduziu as chances de emprego e propiciou abandono à infância, uma vez que asmães ficam mais horas do dia ausentes. Além disso, há um contato cotidiano dessa populaçãocom a falta de saneamento, enchentes, medo de despejos e violência. Dessa forma, aviolência mostra­se relacionada a outros fomentadores, e, quando ocorre na vigência doconsumo de substâncias psicoativas é contextualizada, ficando sua importância, em grandemedida, dependente de fatores individuais, sociais e culturais (Minayo et al, 1998).

A ocorrência de crimes de natureza aquisitiva, isto é, aqueles que visam a angariar fundospara o consumo de drogas parece compreender apenas parte dos crimes relacionados asubstâncias psicoativas. Por sua vez, o tráfico de drogas está mais vinculado aos homicídiosque acometem esses usuários (Minayo et al, 1998; Szwarcwald et al, 1998). A ausência de umforo formal para a resolução das questões envolvidas no funcionamento orgânico desse tipode atividade, leva ao surgimento de alternativas baseadas na autotutela, culturalmentecorroboradas pelo meio de exclusão onde se instalaram. Esse último mostra­se igualmentecarente e descrente do Estado como instituição capaz de oferecer caminhos formais para aresolução de conflitos (Minayo et al, 1998). Devido a isso, tais alternativas têm na violência oprincipal modo para a solução e o disciplinar das questões de mercado e de convívio,atribuindo aos homicídios força de lei para lidar com delatores, maus­pagadores, larápios econcorrentes do tráfico.

A presença de indivíduos extremamente jovens no cotidiano do tráfico de drogas decorreprovavelmente das desigualdades sociais do país, constatadas por meio da concentração derenda e da ausência de oportunidades, tais como nutrição, educação, assistência médica,habitação e formação profissional adequadas (Szwarcwald et al, 1998). Em contrapartida, omercado ilegal do tráfico oferece possibilidades de ascensão e de relações de reciprocidade

social, vantagens imediatas raramente encontradas nessas regiões socialmente excluídas (Minayo et al, 1998; Szwarcwald et al,1998; Baptista et al, 2000). Dunn et al (2001) encontraram maior incidência de roubo e assaltos com armas de fogo entre indivíduostratados em serviços públicos, do que entre freqüentadores de serviços privados.

O tratamento: inclusão social

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FIGURA 16: Craqueiro [gravura]. Anos 90.

Boa parte dos óbitos e das prisões observados entre os usuários de crack, parece guardar relação com a violência descritaanteriormente. Por outro lado, notou­se entre os abstinentes um melhor funcionamento quanto ao desempenho e à qualidaderelacionados ao trabalho, refletindo talvez os benefícios da abstinência proporcionados ao usuário. Desse modo, o direito àcidadania, concretizado por meio do acesso real e facilitado a padrões dignos de atendimento à saúde, à formação educacional eprofissional e ao lazer, aparecem como alternativas vitais para a prevenção primária dos óbitos observados.

Os tratamentos e programas de redução de danos para dependência de substâncias psicoativas são hoje uma proposta eficaz para adiminuição ou interrupção do uso, no incremento de modos mais seguros de consumo e na melhora do funcionamento social entre osusuários. Atualmente, aqueles que já se apresentam dependentes de substâncias psicoativas encontram a sua disposição umsistema composto por alternativas de tratamento ultrapassadas, pouco diversificadas e com profissionais pouco ou nada preparadospara lidar com essa população. Para esses, devem ser oferecidos serviços de fácil acesso (tanto do ponto de vista geográfico comode espera por vaga) e diversificado, com opções de tratamento flexíveis para a severidade de cada caso e equipes interdisciplinarespara o manejo dos casos.

Tanto a prevenção como o tratamento devem respeitar a identidade cultural das comunidadesatendidas e em especial, a identidade dos grupos de usuários recebidos para tratamento.Segundo Minayo et al (1998) "tais ações devem ser elaboradas levando­se em conta ocontexto a que se destinam e questões fundamentais, como grupo etário, gênero,características individuais, situação social, tipo de comunidade e participação em gruposespecíficos. Uma atitude de 'escuta', aberta às vivências dos grupos e apoiada numaperspectiva pedagógica [e terapêutica] centrada no respeito e atenta às peculiaridades sócio­culturais são elementos muito importantes". O Conselho Estadual de Entorpecentes do Estadode São Paulo (CONEN­SP) (2000) aponta como pressupostos éticos de qualquer intervenção,seja ela preventiva ou terapêutica, a participação da comunidade na elaboração e adaptaçãoda mesma; direcionamento das ações para a pessoa humana e não a droga; a prevençãoprioritária à repressão e estabelecida de modo a contemplar aspectos psico­afetivos,biológicos e sócio­culturais, com o objetivo da promoção da igualdade e do respeito aosdireitos humanos. Desse modo, afirma, criar­se­iam "pessoas preparadas para lidar com osfenômenos que integram sua vida, por meio de ações contextualizadas, de tal maneira que oindivíduo saiba se relacionar com eles, evitando os danos pessoais e coletivos, no presente eno futuro".

Por fim uma citação do ponto de vista do usuário. Esmeralda do Carmo Ortiz (2001), outroramenina de rua e usuária de crack, abstinente há três anos, publicou recentemente suas experiências de quando vivia em situação derua e seu trajeto de tratamento:

"O tratamento que eu recebia do pessoal do Quixote e do Travessia, era diferente da FEBEM. Eles paravam, conversavam,perguntavam sobre o que eu gostava de fazer, me incentivavam naquilo que eu gostava. Eles começaram a me levar a lugaresdiferentes, a museus, e me ensinavam a pensar sobre cidadania. Na Casa de Passagem tinha uma educadora chamada Dagmar eoutra chamada Beth. Elas sempre liam minhas poesias, gostavam e me incentivavam. Minhas poesias eram sobre sentimentos, sobreamor.

Na rua, quando eu estava fumando pedra, eu parava com o cachimbo na mão e ficava escrevendo poesia. Eu ia toda sujinha nalivraria comprar caderno. Às vezes as pessoas davam risada na minha cara: "Onde é que uma menina suja desse jeito vai comcaderno?". Mas eu comprava. Esses cadernos eu acho que perdi na rua ou devem estar com uma amiga.

A Dagmar e a Beth falavam que ia ser legal eu escrever e mostrar minha poesia. Então eu mostrei no Quixote e o pessoal gostou. Naoficina de informática, nós fizemos a publicação chamada "Expressões poéticas". As pessoas leram e gostaram. O pessoal falava queeu escrevia muito bem, me dava o maior apoio, mais isso daí ficava em vão na minha cabeça.

No Travessia e no Quixote tinha palestra sobre dependência química, sobre obsessão, sobre luto, sobre perda, porque esses são ossentimentos de quando a gente pára com a droga.

Agora eu entendo que, quando eu não tinha afeto, não tomava mais banho, não me alimentava, era por causa da baixa estima. Eunão me gostava, mas agora eu me amo. As pessoas me ajudaram a resgatar a minha auto­estima, e essa auto­estima mostra aconfiança que eu tenho em mim mesma. Essa confiança me leva a me recuperar ".

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